importância da temperatura e umidade e os efeitos da ... · importância da temperatura e umidade...

Post on 01-Dec-2018

216 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

1

REDVET - Revista electrónica de Veterinaria - ISSN 1695-7504

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas (Importanceoftemperatureandhumidityandtheeffectsof light duringincubationoffertileeggsofchickens)

Groff, Priscila Michelin*1 | Takahashi, Sabrina Endo2 | Padilha, Joselaine Bortolanza¹| Bochio, Vivielle¹ | Schadeck, Marli Marcondes¹ | Maier, Glauber Sartori ³ | Gorges, Mateus Henrique4 | Santos, Isabela Lopes dos4| Emilyn, Midori Maeda².

1 Estudiante, Programa de Postgradoen Zootecnia (PPGZO-UTFPR), Dois Vizinhos, PR, Brasil. 2 Profesor de laUniversidad Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dois Vizinhos, PR, Brasil. 3 Estudiante, Programa de Postgradoen Zootecnia (UFPR) Palotina, PR, Brasil. 4 Estudiante, graduado en Zootecnia (UTFPR), Dois Vizinhos, PR, Brasil.

Contacto: priscilagroff@hotmail.com

RESUMO A produção de frangos, no Brasil, é um importante ramo do agronegócio, sendo que está ocupando atualmente, o primeiro lugar no mundo em exportações de carne e o segundo lugar em produção. Para obter toda essa produtividade, todas as etapas do setor devem estar em constante desenvolvimento, a exemplo disso, a incubação de ovos é uma etapa da avicultura de corte, responsável pela produção de pintinhos de qualidade. Esses ovos irãopermanecer durante 21 dias nas incubadoras, até eclodirem e gerarem os pintinhos. Esse tempo, representa grande parte da vida dos frangos de corte.Por isso, é necessário oferecer boas condições na incubadora, para que o desenvolvimento embrionário seja eficiente e assim, esses animais consigam expressar todo o seu potencial produtivo.Dessa forma, objetivou-se nessa revisão bibliográfica relatar a importância da temperatura e umidade durante a incubação de ovos férteis de galinha. Além disso, salientar sobre um novo parâmetro que vem sendo abordado nos incubatórios, que é a iluminação artificial para os ovos, durante a incubação. Palavras-chave:desenvolvimento embrionário; frangos de corte; aquecimento; iluminação artificial; incubatórios.

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

2

ABSTRACT The broilerproduction in Brazilisanimportantbranchof agribusiness, ndistaking currently the first in the world in beefex portsand second in production. For allthis productivity, allindustry stepsshouldbe in constant development, example, incubation ofeggsis a cuttingpoul trystep, responsible for the production ofquality chicks. The seeggs willstay for 21 days in incubators, tohatchand the chicks generate. This time represents mucho fthelifeo fbroilerchickens, andonaveragethey live 42 days. So it isnecessary toprovidegood conditions in the incubatorso thatembry onic developmen tisefficientandso thes eanimals are ableto expressall the ir productive potential. Thus, it isaimed in this literaturere view reportthe importance of temperature and humidit y during incubation ofchicken fertil eeggs. Furthermore, stress on a new parameter that hasbeenap proached in hatcheries whichis artificial lighting for eggs during incubation. Key words:fetal develop; broiler; heating; artificial lighting; hatcheries. INTRODUÇÃO

A avicultura no Brasil é um ramo do agronegócio que a anos vem demonstrando seu potencial de expansão. Desde 2004 o Brasil ocupa o ranking de maior exportador de carne de frango do mundo. Além de que, desde o ano passado, chegamos ao segundo lugar em produção mundial, ficando atrás dos Estados Unidos, sendo um grande avanço no nosso cenário. Essa produção em larga escala é importante, principalmente para a economia do país, na qual, gera empregos para milhares de pessoas envolvidas na área, além de fornecer alimento para o mundo.

Com esse rápido desenvolvimento do setor avícola, são necessárias

pesquisas para poder acompanhar esse crescimento,ou seja, determinar melhores condições aos animais, desde o período embrionário, para poder otimizar todo o processo e conseguir cada vez mais bons índices produtivos.

O período embrionário das aves é uma fase de grande impacto sobre

esses animais, sendo que representa grande parte da vida deles. Por exemplo, um frango de corte irá viver em média 42 dias de idade, o tempo de incubação dos ovos até a eclosão é de 21 dias, então, o período embrionário representa cerca de 30% da vida dos frangos. (GONÇALVES et al., 2013). Por esse motivo, essa fase merece atenção e cuidados, tanto quanto as demais fases.

Nesse sentido, tanto a temperatura como a umidade do ar, durante o

período de incubação, são fatores extremamente importantes para um bom desenvolvimento embrionário. Essas duas variáveis serão responsáveis para impulsionar o desenvolvimento e o crescimento do embrião (CHRISTENSEN et al., 1999). Por isso, é necessário saber exatamente qual a exigência dos

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

3

animais para essas variáveis e, assim, conseguir aperfeiçoar ainda mais a produção.

Na avicultura moderna, uma nova variável que vem sendo estudada e

mostrando resultados promissores é o estímulo luminoso nos ovos, durante a incubação, com a iluminação artificial. A luminosidade nessa fase vem demonstrando como uma boa opção para melhorar a produção, principalmente pelo aumento da taxa de eclosão (ZHAN et al. 2012).

Dessa forma, objetiva-se nessa revisão bibliográfica, abordar os efeitos

que a temperatura, umidade do ar e luminosidade exercem aos embriões de frangos de corte, durante a fase de incubação. Dessa forma, salientando a importância desses parâmetros e valores recomendados pela literatura.

Importância da temperatura durante a incubação

A temperatura na incubação é fundamental para o desenvolvimento dos embriões. É ela que engatilha o desenvolvimento embrionário e, ao contrário disso, o frio cessa esse processo.

As incubadoras modernasatualmente trabalham com temperatura entre

37,5 e 37,8°C. Essa é a temperatura que a maioria das linhagens atuais, estão demonstrando boas taxas de eclosão. Contudo, após os 17 dias de incubação, quando esses ovos forem transferidos para os nascedouros é indicado baixar a temperatura para menos de 37ºC, pois os embriões já estão grandes e produzem calor. Dessa forma, essas faixas ideais de temperatura na incubadora são escolhidas de acordo com as melhores respostas no valor da eclodibilidade.

Alguns problemas podem ocorrer quando as incubadoras não estão com

a temperatura adequada e isso irá afetar todo lote, gerando prejuízos e perda na produtividade. A exemplo disso, emtemperaturas baixas, o nascimento será atrasado, podendo em alguns casos, aparecer pintinhoscom edema, umbigos que não cicatrizaram corretamente, além dos ovos bicados e,consequentemente, não nascidos (MURAROLI e MENDES, 2003).Eles relatam também que nas temperaturas elevadas, o desenvolvimento embrionário é acelerado, isso gera uma quantidade de pintos menores, os refugos, podendo até aparecer pintos mortos no nascedouro e aumento da mortalidade entre os dias 19 e 21 dias de incubação.

No trabalho de Nakage et al. (2003) eles avaliaram cinco diferentes

temperaturas de incubação, para determinar qual seria a mais eficaz. As temperaturas testadas foram 34,5; 35,5; 36,5; 37,5 e 38,5 ° C sendo que a incubadora é de estágio múltiplo. Os resultados obtidos por esses autores mostram que nas temperaturas de 35,5 ºC e 36,5 ºC a eclodibilidade foi melhor, quando comparada com as outras faixas de temperatura. Foi observado também, que conforme aumentava-se a temperatura, o tempo em

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

4

dias para o nascimento era menor, ou seja, em temperaturas mais baixas, demandava mais horas para os animais iniciarem o nascimento.

Esses autores citados anteriormente, no mesmo trabalho,

avaliaramtambém a perda de água do ovo durante a incubação. Nesse sentido, eles verificaramque quanto menor a temperatura da incubadora, menor a perda de água pelos ovos. Na questão da mortalidade, relatam que nas temperaturas menores que 35,5 ºC, ocorreu maior taxa de mortalidade embrionária precoce, enquanto que em temperaturas acima de 36,5°C aumentou-se a taxa de mortalidade intermediária e tardia. Dessa forma, eles concluem que a melhor temperatura é a de 36,5 ºC para ser utilizada durante a incubação, diferentemente do que é utilizado na maioria das empresas, que em gira torno de 37,5ºC, ou seja, maior do que eles recomendam.

Yildirim e Yetisir (2004) avaliaram os efeitos da temperatura durante os

últimos cinco dias de incubação. A temperatura até os 17 dias de incubação foi de 37,6°C e umidade de 56%. A partir desse dia, os ovos foram redistribuídos para locais com temperatura controlada, sendo que elas foram de 36,1, 37,2, 38,3 e 39,4 ° C até eclodir, ou seja, cada uma dessas temperaturas consistiu em um tratamento. Os resultados obtidos por esses autores mostram que nas temperaturas de 37,2 ° C e 38,3 ° C a taxa de eclosão era significativamente maior do que nos outros grupos. Enquanto que nas temperaturas acima de 38,3 ou abaixo de 37,2 º C, foi visto que afetava negativamente o desenvolvimento dos embriões. Dessa forma, de acordo com esse trabalho, quando os ovos vão para os nascedouros, a temperatura acima de 37ºC e abaixo de 38ºC, foi a melhor para a taxa de eclosão.

Os autores, Maatjens et al. (2016) sem seu trabalho encontraram que a

partir do 15º dia de incubação, a temperatura da casca do ovo deve estar abaixo de 37,8ºC. Sendo que nessa condição, eles observaram que ocorre um melhor desenvolvimento embrionário, com melhor crescimento relativo dos órgãos e melhor massa corporal livre da gema. Eles testaram nesse estudo 4 temperaturas (35,6, 36,7, 37,8, e 38.9 ºC) aplicadas em diferentes dias de incubação (a partir do 15º, 17º e 19º). Dessa forma, nesse estudo, foi possível observar que em diferentes temperaturas, o desenvolvimento dos órgãos, ou seja, os desenvolvimentos do embrião são distintos. Para o coração, as temperaturas mais altas, mostraram um desenvolvimento menor do órgão. O mesmo aconteceu com o fígado e o baço.

Já Lourens et al. (2005), observaram que ao incubar ovos em

temperaturas baixas (menores que 36,7ºC), durante as duas primeiras semanas, os animais têm dificuldade de manter sua temperatura retal durante as primeiras semanas à campo. Enquanto que os animais incubados em temperaturas maiores, cerca de 37,8 º C, não ocorria esse problema. Além disso, eles viram que o desenvolvimento embrionário foi atrasado nessa mesma temperatura (36,7ºC), em relação as temperaturas maiores(37,8 º C). E as mais altas taxas de eclosão foram sempre observadas nos grupos que receberam a temperatura de 37,8 º C.

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

5

Com esses trabalhos citados, podemos observar que ainda há certa divergência entre a temperatura ideal durante a incubação. Isso ocorre tanto para a fase do nascedouro ou não. Por isso, são necessários mais estudos para pode aferir a temperatura precisa para esses embriões durante a incubação e assim, conseguir otimizar a produção bem como manter o bem-estar dos animais.

Outro fator importante, relacionado com a temperatura do ar na

incubadora são as variações de temperatura que podem ocorrer durante a incubação de ovos. Para os autores Shim e Pesti(2011) essas oscilações na temperatura podem afetar tanto o tempo de eclosão, ou seja, retardar o adiantar o nascimento, como também o ganho de peso dos pintinhos quando estão à campo. Dessa forma, afirmam que é importante manter a temperatura constante.

Importância da umidade do ar durante a incubação

Alguns estudos apontam que a umidade do ar na incubadora tem principal função de regular a quantidade de água que será perdida pelo embrião. Dessa forma, quando se encontra fora da normalidade, pode ser a causa de mortalidade embrionária. Essa mortalidade será causada pois os embriões poderão perder água em excesso para o ambiente, quando a umidade externa é muito baixa, ou seja, quando o ar se encontra muito seco.

A casca dos ovos possui inúmeros micro poros e esses permitem tanto a

entrada de oxigênio, com a saída de dióxido de carbono (CO2). Dessa maneira, é possível que o embrião realize trocas gasosas e consiga respirar. Além disso, por esse micro poros, é por onde sairá água do ovo, através do mecanismo da evaporação. A quantidade certa de água perdida pelos poros do ovo é calculada através de pesagem do mesmo, durante os primeiros 18 dias de incubação. O ideal é que esse ovo não perca mais que 12% do seu peso quando o ovo for pesado ao 18º dia de incubação, pois corre o risco do embrião desidratar (ROBINSON et al., 2013).

Além disso, a umidade relativa é responsável pela perda de calor dos

ovos, ou seja, em baixa umidade do ar, pode-se aumentar a perda de calor pelos ovos (VAN DER POL et al., 2013). Segundo esses autores, isso implica que, ovos incubados com uma baixa umidade, pode necessitar de uma maior temperatura da incubadora, para suportar essa maior perda de calor. Ou seja, conforme a presente umidade do ar, a temperatura da incubadora também será diferente devido as maiores trocas de calor. Além disso, em umidades baixas, os embriões perderão muito mais umidade e isso pode gerar, posteriormente, um pintinho pequeno e desidratado, sendo ruim para a produção (MEIR e AR, 2008).

Bruzual, et al. (2000), conduziram um experimento para determinar o

efeito da umidade relativa do ar, durante a incubação, sobre as características dos pintinhos. Para isso, foram testados três valores de umidade (43, 53 e

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

6

63%) e duas idades de matriz (26 e 31 semanas) sendo que a temperatura do ar foi constante de 37,5°C. Foi observado em que o peso corporal ao nascimento foi maior em umidade elevada (63%), entretanto na questão da mortalidade, foi maior nessegrupo. Dessa forma, esses autores demonstram que, possivelmente, a alta umidade pode interferir no desenvolvimento embrionário dos animais, pelo aumento da mortalidade durante os estágios finais da incubação. Apesar disso, a taxa de eclosão não gerou diferença estatística significativa entre os tratamentos. Porém, quando à campo, o ganho de peso, a conversão alimentar e a taxa de mortalidade, forammelhores para os grupos que receberam 53% de umidade na incubadora. Dessa forma, 53% é a umidade recomendada nesse trabalho.

Em trabalho semelhante, Barbosa et al. (2015), avaliaram o efeito da

umidade relativa do ar durante a incubação de ovos sob diferentes idades da matriz. Os valores de umidade relativa do ar testados foram de 48, 56 e 64% e a idade da matriz foi de 26, 41 e 56 semanas. Nesse contexto, observaram que a 56% de umidade relativa do ar, a taxa de eclosão apresentou-se maior, independentemente da idade da matriz. Entretanto, esses autores não encontraram efeito significativo (P<0,05) na idade da matriz e nem da umidade relativa do ar, sob a presença de animais refugos. Também não observaram diferença estatística (P<0,05) no desempenho produtivo à campo entre os tratamentos com diferentes umidades e idades da matriz.

Para saber os valores ideais de umidade do ar, durante a incubação,

Van der Pol et al. (2013) realizaram um experimento com duas diferentes faixas de umidade, utilizando ovos de matrizes pesadas. Uma dessas faixas foi considerada de alta umidade (56-60%) e a outra de baixa umidade (30-35%). A temperatura foi a mesma, sempre constante em 37,8ºC em todas as fases da incubação. Os resultados obtidos por esses autores mostraram que incubar os ovos em uma baixa umidade, quando comparados coma alta umidade, diminui a taxa de eclosão. Contudo, a umidade mostrou pouco efeito sob a qualidade do pintinho ou desempenho desses animais pós-nascimento. Dessa forma, sugerem que esses animais podem, de certa forma, se adaptar às diferentes condições de umidade.

Peebles et al. (2001), estudaram a incubação de ovos com três idades

de matriz distintas (26, 28 e 30 semanas) e 3 diferentes umidades relativas do ar (43, 53 e 63%) dos 16 aos 21 dias de incubação. Eles viram que em umidade de 43%, ocorre uma redução de desempenho produtivo à campo e também os embriões demonstraram uma depressão na durante a embriogênese. Dessa forma, esses autoresconcluem que na umidade de 43% irá gerar pintinhos inferiores quando comparados com as demais umidades testadas(53 e 63%).

Dessa forma, o ar seco é um fator limitante para os animais

conseguirem um ótimo desenvolvimento embrionário. Enquanto que umidades elevadas (acima de 63%) demonstra, em alguns trabalhos, aumento de

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

7

mortalidade embrionária intermediária e tardia. Dessa forma, umidade do ar intermediária (cerca de 55%) a literatura mostra melhores resultados.

Efeito da luminosidade durante a incubação

Na avicultura moderna, a iluminação artificial vem sendo estudada como uma nova alternativa para aumentar os índices produtivos, principalmente no aumento da eclodibilidade. Tanto a fonte de luz, espectro luminoso e a intensidade estão sendo estudadas para o aperfeiçoamento da técnica (ZHAN et al., 2012). Já é conhecido que frangos criados na luz azul ou verde, demandam um maior potencial de produção do que quando criadas em luzes vermelhas ou brancas (ROZENBOIM et al., 1999; CAO et al., 2008).

Alguns trabalhos envolvendo o fornecimento de luz durante a incubação

mostraram efeitos positivos no aumento da taxa de eclosão dos animais e também melhoraa embriogênese. O uso de lâmpadas LED para esse procedimento foi avaliado por Huth e Archer (2015) e eles verificaram efeito significativo (P<0,03) na taxa de eclosão quando comparada com o grupo controle, ou seja, que não recebeu iluminação.Esses autores observaram que ovos de frangos de corte (ovos marrons) recebendo luz tiveram as maiores taxas de eclosão (90,12%) quando comparados com ovos brancos.Eles também verificaram melhor qualidade dos pintinhos recebendo luz, sendo a quantidade de pintinhos sem defeito foi maior no grupo recebendo a iluminação (86,12%, P = 0,04).Porém, quando esse mesmo estudo foi realizado com ovos brancos, não houve efeito (P>0,05) na taxa de eclosão com o uso ou não do LED.

A possível causa, citada na literatura, para essa melhora da taxa de

eclosão bem como da qualidade dos pintinhos em decorrência da exposição à luz nos ovos marrons, pode estar relacionada como um estimulante pigmentante. Nos ovos brancos o espectro de luz que passa é diferente e isso pode ser a causa de não melhorar a taxa de eclosão, sendo que nesses ovos é bem parecido com a luz incidida. Já nos ovos marrons, o espectro de luz verificado é bem vermelho (HUTH e ARCHER, 2015). Além disso, esses autores também encontraram uma baixa razão de heterofilos/linfócitos no grupo que foi submetido a Luz de LED. A importância disso, é que esses animais eram menos susceptíveis ao estresse, ou seja, a luz propiciava um ambiente em que esses embriões não sentiam tanto medo, tanto para ovos brancos como para os ovos marrons. O benefício disso, vale tanto para o bem-estar animal, como também para a produção, pois animais com menos medo, ficam menos susceptíveis a doenças, além da redução de danos às aves por conseguir fazer uma manipulação e transporte facilitado.

Zhan et al. (2012) também avaliaram o efeito da iluminação durante a

fase de incubação. Os tratamentos que eles utilizaram foi grupo controle, ou seja, sem incidência luminosa, o grupo recebendo luz verde monocromática e o último grupo recebendo luz azul monocromática. Os resultados obtidos por esses autores mostraram que a luz verde gerou nos animais com uma melhor

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

8

conversão alimentar e rendimento do musculo do peito, quando esses animais foram levados a campo. Entretanto, não houve diferença na qualidade da carne e na composição química da mesma. Segundo Rozenboim et al. (2013), não se sabe ao certo se a luz verde possui capacidade de penetrar pela casca do ovo e realizar efeitosdiretamente na musculatura do embrião. Eles afirmam que, como o verde é onda curta, é bem provável que chegue apenas a nível cutâneo nos animais. Por isso, esses autores concluem queo efeito mais provável da luz verde, na melhora no rendimento da carne e da sua qualidade é devido uma ação indireta no sistema endócrino dos embriões, que irá influenciar a proliferação de mioblastos. Sendo que os embriões recebem esse estímulo luminoso através da retina ou de fotorreceptores pineais, após ativação do sistema endócrino.

Em seu experimento, Archer et al. (2009), incubou ovos da linhagem

COBB, sob os seguintes tratamentos: 1-luz contínua; 2- nenhuma luz; 3-12h ao dia de luz. Nesse estudo não houve diferença na taxa de eclosão entre os tratamentos, nem da mortalidade, ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar entre os tratamentos. Contudo, observaram que os frangos nascidos do tratamento 1 e 3 tiveram maior atividade alimentar que o tratamento 2, quando alojados. Além disso, o tratamento 2 obteve uma maior assimetria física composta (1,87 +/- 0,11 mm), sendo que isso é considerado como um indicador de estresse. Dessa forma, esse estudo mostra que não há efeitos negativos de fornecer luz durante a incubação, em relação a sanidade ou a produção, mas em termos de bem-estar animal, a luz gera nesses animais um efeito de redução do estresse após o nascimento.

Há algumas hipóteses relacionadas a essa redução do estresse por

causa do estímulo luminoso durante a incubação. Uma delas é relatada por Johnston e Rogers, (1999) que investigaram o estímulo luminoso durante os últimos dias de incubação e verificaram que isso está associado com lateralizarão visual, ao estímulo luminoso. Ou seja, uma maneira dos animais entrarem em contato visual com a iluminação logo cedo e por isso, conseguem se adaptar e não terem medo ou estresse posteriormente.

Contudo, há outras hipóteses para isso, dessa forma,Hill et al. (2004)

relatam em sua pesquisa, que estímulo luminoso durante ao 21º dia de incubação acarreta em aparecimento dos ritmos circadianos. Dessa forma, com o fornecimento de luminosidade durante a incubação é possível que ocorra um amadurecimento precoce das ondas cerebrais responsáveis pelos ciclos circadianos. Assim, os autores afirmam que isso faz com que os animais fiquem mais preparados à mudança que ocorre da fase embrionária (dentro do ovo) para a fase de pintinhos, no meio externo, diminuindo o nível de estresse e também de medo. Tudo isso por entrarem em contato com a iluminação desde a fase de embrião

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

9

CONCLUSÃO

Tanto para a temperatura como para a umidade relativa do ar, durante a incubação de ovos de galinha, ainda há certas divergências no valor ideal.

Entretanto, através dessa revisão, foi possível observar que emtemperaturas de aproximadamente 37,8 º C até os 18º dias de incubação e após isso, de 37,6 º C, mostraram pontos positivos para otimizar a produção. Para a umidade relativa, valores 53% demonstrarammelhores condições aos animais.

Além disso, para otimizar a produção, o fornecimento de luz aos ovos,

através da iluminação artificial, vem apresentando melhores desenvolvimento embrionário, além de melhores taxas de eclosão, podendo ser utilizado para aumentar os índices produtivos, além de ser um parâmetro no bem-estar animal, através da redução do nível de estresse aos animais, ao nascerem.

REFERÊNCIAS

• Archer, G. S. et al. Effectofproviding light duringincubationonthehealth, productivity, andbehaviorofbroilerchickens. Poultry Science, 2009, vol.42, p.29–37.

• Barbosa, V.M., et al. Efeitos da umidade relativa do ar na incubação e da idade da matriz leve sobre a eclodibilidade, qualidade dos pintos recém-eclodidos e desempenho da progênie. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 2015, vol.67, nº 3, p.882-890.

• Brazual, J.J. et al. EffectsofRelativeHumidityDuringIncubationonHatchabilityandBodyWeightofBroilerChicksfrom Young BreederFlocks. Poultry Science, 2000, vol.79, nº 6, p.827-830.

• Cao, J. et al . Green and blue monochromaticlightspromotegrowthanddevelopmentofbroilers via stimulatingtestosteronesecretionandmyofibergrowth. J. Appl. Poult. Res., 2008, vol.17, p.211–218.

• Christensen, V. L. et al. Lengthoftheplateauandpippingstagesofincubationaffectsthephysiologyandsurvivalofturkeys. Poultry Science, 1999, nº 40, p.297–303.

• Golçalves, F. M., et al. Nutrição in ovo: Estratégia para nutrição de precisão em sistemas de produção avícola. Arch. Zootec, Córdoba, 2013, vol. 62, nº 1, p. 45-55.

• Hill, W. L. et al. Prehatchentrainmentofcircadianrhythms in thedomesticchickusingdifferent light regimes. Dev. Psychobiol, 2004, vol.45, nº 3, p.174–186.

• Huth, J.C.y Archer, G.S. Effectsof LED lightingduringincubationonlayerandbroilerhatchabilitychickquality, stress susceptibilityand post-hatchgrowth. PoultryScience., 2015,vol. 94,nº.12, p.3052-3058.

• Johnston, A.y Rogers, L. Light exposureofchickembryoinfluenceslateralized recall ofimprintingmemory. Behav. Neurosci., 1999, vol.113, nº 6, p.1267-1273.

REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2017 Volumen 18 Nº 02 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

Importância da temperatura e umidade e os efeitos da luminosidade durante a incubação de ovos férteis de galinhas http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

10

• Lourens, A. et al. EffectofEggshellTemperatureDuringIncubationonEmbryoDevelopment, Hatchability, andPosthatchDevelopment. Poultry Science, 2005, vol. 84, nº 6, p.914-920.

• Maatjens, C.M. et al. Temperatureduringthelastweekofincubation. I. Effectsonhatchingpatternandbroilerchickenembryonicorgandevelopment. Poultry Science, 2016, vol. 95, nº 4, p.956-965.

• Meir, M.y Ar, A. Changes in eggshellconductance, waterlossandhatchabilityoflayerhenswithflock age andmoulting. British Poultry. Science, 2008, vol.49, p.677-684.

• Muraroli, A. y Mendes, A.A. Inovação nos procedimentos de incubação, transferência e nascimento do pinto. In: MACARI, M. E GONZALES, E. Manejo da incubação. Jaboticabal: FACTA, 2003. cap. 3.

• Nakage, E.S. et al. Effectoftemperatureonincubationperiod, embryonicmortality, hatch rate, eggwaterlossandpartridgechickweight (Rhynchotusrufescens). Rev. Bras. Cienc. Avic, Campinas, 2003, vol.5, nº 2, p.131-135.

• Peebles, E.D. et al. EffectsofIncubationalHumidityandHen Age onEmbryoComposition inBroilerHatchingEggsfrom Young Breeders. PoultryScience, 2001, vol.80, nº 9, p.1299-1304.

• Robinson, F.E. et al. Optimizingchickproduction in broilerbreeders, Alberta PoultryResearchCentre, Canada, 2003. vol. 1, p91.

• Rozenboim, I., et al. The effectofmonochromatic light onbroilergrowthanddevelopment. Poultry Science. 1999,vol.78, p.135–138.

• Rozenboim, I. et al. The effectofmonochromaticphotostimulationongrowthanddevelopmentofbroilerbirds. General andComparativeEndocrinology, 2013, vol.190, p.214-219.

• Shim, M. Y. yPesti, G. M. Effectsofincubationtemperatureonthebonedevelopmentofbroilers. Poultry Science, 2011, vol. 90, p. 1867–1877.

• Van DerPol, C. W. et al. Effectofrelativehumidityduringincubationat a set eggshelltemperatureandbroodingtemperatureposthatchonembryonicmortalityandchickquality. Poultry Science,2013, vol.92, p.2145–2155.

• Zhang, L. et al. Effectofmonochromatic light stimuliduringembryogenesison muscular growth, chemicalcomposition, andmeatqualityofbreastmuscle in male broilers. Poultry Science,2012, vol. 91, p. 1026-1031.

• Yildirim, I. y Yetisir, R. Effectsofdifferenthatchertemperaturesonhatchingtraitsofbroilerembryosduringthelastfivedaysofincubation. South AfricanJournalof Animal cience, 2004,vol.34, nº 4, p.211-216, 2004.

REDVET: 2017, Vol. 18 Nº 02

Este artículo Ref. 021707 está disponible en http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217.html

concretamente en http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n020217/021707.pdf

REDVET® Revista Electrónica de Veterinaria está editada por Veterinaria Organización®.

Se autoriza la difusión y reenvío siempre que enlace con Veterinaria.org® http://www.veterinaria.org y con REDVET®- http://www.veterinaria.org/revistas/redvet

top related