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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de Fevereiro de 1808
Monografia
HEPATITE B OCULTA: série de casos
Jefferson Oliveira Silva
Salvador (Bahia) Setembro, 2013
II
UFBA/SIBI/Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira
Silva, Jefferson Oliveira S586 Hepatite oculta: série de casos / Jefferson Oliveira Silva. Salvador: JO, Silva, 2013. viii; 50fls.
Orientador: Prof. Dr. José Tavares-Neto. Monografia (Conclusão de Curso) Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia, Salvador, 2013.
1. Hepatite B – Relatos casos. 2. Vírus da hepatite B. 3. Hepatite B crônica. 4. Infecção. Tavares-Neto, José. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina. III. Título.
CDU - 616.36-002
III
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de Fevereiro de 1808
Monografia
HEPATITE B OCULTA: série de casos
Jefferson Oliveira Silva
Professor orientador: José Tavares-Neto
Monografia de Conclusão do Componente Curricular MED-B60, como pré-requisito obrigatório e parcial para conclusão do curso médico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, apresentada ao Colegiado do Curso de Graduação em Medicina.
Salvador (Bahia) Setembro, 2013
IV
Monografia: Hepatite B oculta: série de casos, de Jefferson Oliveira Silva.
Professor orientador: José Tavares-Neto
TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no V Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA, com posterior homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de Formação Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em ____ de _______________de 2013.
V
“...Um ser humano revela
sua dignidade não quando está no
oásis dos aplausos, mas no deserto das vaias.
O caminho da sabedoria é não ter medo de errar”
(extraído do livro “O Futuro da Humanidade”, de Paulo Coelho).
VI
Aos Meus Pais, Carlos e Terezinha Oliveira
VII
EQUIPE
� JEFFERSON OLIVEIRA SILVA, Acadêmico de Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Correio-e: jeffersonmedufba@hotmail.com.
� JOSÉ TAVARES-NETO, Professor orientador. Professor Associado IV e
Livre Docente da FMB-UFBA; e Médico do Complexo Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Complexo HUPES) / UFBA.
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Faculdade de Medicina da Bahia
FONTES DE FINANCIAMENTO
• Recursos próprios do Graduando.
VIII
AGRADECIMENTOS
• Ao meu Professor orientador, Doutor José Tavares-Neto, pela atenção, disponibilidade e presença constante e substantivas orientações acadêmicas e à minha vida profissional de futuro médico.
• Aos demais Professores, que fazem parte da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal da Bahia, pelo ensino dos primeiros e grandes passos na área da História da Medicina.
• Às minhas Colegas Adma Barros de Oliveira e Ana Rosa Maria da Silva,
pela colaboração no levantamento de estudos relatados sobre hepatite B oculta.
-1-
ÍNDICE
Índice de Quadros e de Tabelas 2 Lista de abreviaturas 3 I. RESUMO 4 II. OBJETIVOS 5 III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 6 IV. METODOLOGIA 10
IV.1. Estratégia de busca das publicações 11 IV.2. Etapas da seleção das publicações 12 IV.3. Análise da publicação selecionada 12
V. RESULTADOS 13
V.1. Dados bibliométricos 13 V.2. Origem dos casos de hepatite B oculta encontrados 13 V.3. Características e taxa de infecção pelo vírus B oculto 15 V.4. Critérios diagnósticos de hepatite B oculta 17
VI. DISCUSSÃO 19 VII. CONCLUSÕES 25 VIII. SUMMARY 26 IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27 X. ANEXOS 31
A. Ficha de classificação de Metavir 32 B. Referências das séries de casos selecionadas 33 C. Dados gerais dos casos publicados 36
- 2 -
ÍNDICE DE TABELAS E DE QUADROS
TABELAS TABELA I. Quantidade de trabalhos encontrados e
selecionados. 13
TABELA II. Ocorrência de casos a partir do ano de publicação do artigo.
14
TABELA III. Características e taxa de infecção pelo
vírus B oculto. 15
TABELA IV. Critérios diagnósticos envolvidos nos casos
de hepatite B oculta. 18
QUADROS
QUADRO I. Estratégias de busca, a serem aplicadas ao estudo-piloto deste estudo.
11
QUADRO II. Cepas e Outras Características encontradas
por artigo. 16
QUADRO III. Consolidação dos dados das séries de
casos com relatos de hepatite B oculta, por autor. 36
- 3 -
LISTA DE ABREVIATURAS
� DNA – Ácido dexorribonucléico
� AgHBc – Antígeno Core do vírus da hepatite B
� AgHBe – Antígeno e do vírus da hepatite B
� AgHBs – Antígeno de superfície do vírus da hepatite B
� AgHBx – Antígeno x do vírus da hepatite B
� Anti-HBc – Anticorpo contra o Antígeno Core do vírus da hepatite B
� Anti-HBc total – Anticorpo totais contra o Antígeno Core do vírus da hepatite B
� Anti-HBe – Anticorpo contra o Antígeno e do vírus da hepatite B
� Anti-HBs – Anticorpo contra o Antígeno de superfície do vírus da hepatite B
� RNA – Ácido Ribonucléico
� AST – Aspartatoaminotransferase
� ALT – Alaninoaminotransferase
� GGT – Glutamil - aminotransferase
� VHB – Vírus da hepatite B
� VHC – Vírus da hepatite C
� VHD – Vírus da hepatite D
� HBO – Hepatite B oculta
� OMS – Organização Mundial de Saúde
� PCR – Reação em cadeia Polimerase
� HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
� CHC – Carcinoma hepatocelular
� HAART - Terapia antirretroviral altamente ativa
- 4 -
I. RESUMO
HEPATITE B OCULTA: série de casos. Hepatite B é grande problema de saúde pública
no mundo, especialmente na Bacia Amazônica da América Latina, China e África
Subsaariana. Dentre ampla variabilidade de manifestações clínicas da infecção pelo vírus da
hepatite B (VHB), foi descrita mais recentemente hepatite B oculta (HBO), silenciosa ou
latente, caracterizada pela presença do DNA do VHB no soro ou no tecido hepático, mas
com antígeno de superfície (AgHBs) indetectável no soro. Objetivo: descrever, a partir de
estudos transversais, características clínico-epidemiológicas, bem como verificar quais
critérios diagnósticos de HBO. Metodologia: análise secundária de dados. Resultados: de
abril de 2005 a março de 2013, foram encontrados na literatura 478 casos de portadores de
hepatite B oculta, sendo maior parte associada hepatopatia crônica (n=286; 58,7%) e algum
estado de imunossupressão, principalmente pelo HIV (n=64; 13,4%). Alguns estudos
revelaram baixa carga viral (<100 cópias/ml) no plasma, e outros, demonstraram as
variantes genômicas S e D como predominante nos casos de HBO. Teste sorológico AgHBs
negativo, associado a quantificação do DNA do HBV por reação em cadeia polimerase
(PCR) são os critérios utilizados para diagnóstico de HBO. Discussão: Resultados
demonstraram avanço do conhecimento sobre a HBO, e confirmaram principais patologias
associadas ao risco dessa apresentação clínica da infecção pelo VHB. Apesar disto, é
necessária padronização dos critérios diagnósticos da HBO, de modo possibilitar rastreio
mais efetivo dos seus portadores. Conclusões: hepatite B oculta é entidade clínica
desafiadora, com ampla distribuição mundial, porém mais estudos devem ser realizados para
esclarecer lacunas sobre essa forma clínica da infecção pelo VHB (significado clínico,
reativação, patogênese, progressão para carcinoma hepatocelular).
Palavras chaves:1. Hepatite B – Relatos casos. 2.Vírus da hepatite B. 3. Hepatite B crônica. 4. Infecção.
- 5 -
II. OBJETIVOS
GERAL
Descrever características de séries de casos com diagnóstico de hepatite
B oculta.
ESPECÍFICOS
1.Verificar quais foram critérios diagnósticos de hepatite B oculta; e
2.Descrever quais as características clínico-epidemiológicas desses
portadores de hepatite B oculta.
- 6 -
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA(1)
A hepatite B é um grande problema de saúde pública no mundo, na qual se estima
que cerca de 350 milhões de pessoas apresente infecção ativa, portadoras do antígeno de
superfície (AgHBs) do vírus da hepatite B (VHB) e aproximadamente 1/3 da população
mundial já teve o contato com o VHB (Zuckerman et al., 2003). A infecção é responsável
por 520 mil a 1,2 milhões de mortes anual, sendo no mundo considerada décima causa de
morte. A prevalência de infecção crônica por HBV varia de acordo com diferentes regiões
geográficas, destacando-se Bacia Amazônica, China e África Subsaariana como os locais
que apresentam as maiores taxas de portadores crônicos por VHB, com taxas de mais de 7%.
Prevalência intermediária é encontrada no subcontinente indiano, partes do Sul da Europa
Central e Oriental e no Japão, onde 2% a 7% da população são portadores crônicos do vírus
HBV. Regiões ou países (e.g., como o Irã, Kuwait, Bahrein e o Oriente Médio), apresentam
baixa prevalência de infecção crônica pelo VHB, sendo menor que 2% (Ramezani et al.,
2011).
(1)
NOTA - após conclusão desta Monografia, foram recebidos seguintes artigos: a) Kidd-Ljunggre K, Miyakawa Y, Kidd AH. Genetic variability in hepatitis B viruses. Journal of
General Virology 2002; 83: 1267–1280. Descreve genótipos do VHB em relação às suas diferenças genéticas, estruturais e clinicamente significativas, bem como origem e evolução dos hepadnavírus em geral. Também, relata genótipos do HBV descritos em seres humanos, mas também estirpes de VHB isolados em diferentes primatas e hepadnavírus encontrados em marmotas, esquilos, patos e garças;
b) Starkman SE, MacDonald DM, Lewis JCM et al. Geographic and species association of hepatitis B virus genotypes in non-human primates. Virology 2003; 314: 381–393. Investiga distribuição da ocorrência natural de infecção pelo VHB nas espécies e outras espécies de macacos do Velho Mundo e da África;
c) Tatematsu K, Tanaka Y, Kurbanov F et al. A Genetic Variant of Hepatitis B Virus Divergent from Known Human and Ape Genotypes Isolated from a Japanese Patient and Provisionally Assigned to New Genotype. Journal of Virology 2009; 83: 10538–10547. Caracteriza genótipo J do HBV, filogeneticamente, entre genótipos humanos e de macacos; e pode colaborar no rastreamento da origem do VHB;
d) Dickens C. Occult Hepatits B vírus (HBV) infection in the Chacma Baboon (Papio ursinus
orientalis). Thesis PhD, Faculty of Health Sciences, University of the Witaterstand (South África), 206p., 2011. Descreve infecção natural pelo VHB oculto em primatas não humanos; e
e) Lyons S, Sharp C, LeBreton M, Djoko CF et al. Species Association of Hepatitis B Virus (HBV) in Non-Human Apes; Evidence for Recombination between Gorilla and Chimpanzee Variants. PLoS ONE 2012; 7: e33430 (9p.). Investiga transmissão do VHB entre espécies simpátricas de primatas (gorilas e chimpanzés da África Central) ou entre humanos e chimpanzés ou gorilas. A circulação do VHB nas diferentes espécies e subespécies de primatas não-humanos, difere da hipótese se de estrita especificidade do hospedeiro.
- 7 -
As variações na prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B estão relacionadas
com a idade que o indivíduo apresenta no momento da infecção. Nas infecções horizontais,
ou seja, adquiridas precocemente na infância (antes dos 5 anos) a probabilidade da infecção
aguda tornar-se crônica é em torno de 20-50%, sendo maior na infecção perinatal (vertical),
na qual a probabilidade é em torno de 70-90%. Neste último caso, em que as mulheres
apresentam sorologia AgHBe positiva, quase 100% dos recém nascidos se tornarão
portadores crônicos, devido à imunotolerância. Nos adultos, probabilidade de se desenvolver
infecção crônica pelo VHB é de 1% a 3%, com exceção das pessoas imunossuprimidas
(Heathcote et al., 2008). Em adultos, infecção pelo VHB pode ser resolvida
espontaneamente, ao passo que nas crianças e nos lactentes têm grande risco de desenvolver
cirrose ou até mesmo carcinoma hepatocelular (Shi et al., 2009).
O vírus da hepatite B pertence à família Hepadnaviridae, apresenta tropismo pela
célula hepática e tem ser humano como hospedeiro natural. Embora os hepadnavírus tenham
preferência pelas células hepáticas, também foram observados partículas de DNA de
hepadnavírus em células mononucleares, rins e pâncreas. O genoma do VHB contém peso
molecular de 3.2kb e 3.200 nucleotídeos, caracterizado pela presença do ácido
desoxirribonucleico (VHB – DNA), e tem sua replicação pela via transcriptase reversa.
Primariamente, o vírus circula no sangue e a sua replicação ocorre nos hepatócitos, em torno
de 10¹¹copias ml x por dia. A vida média do vírus B, no plasma, varia de 1 a 3 dias; nos
hepatócitos varia de 10 a 100 dias, enquanto fora do corpo humano, sobrevive até uma
semana. Uma só partícula viral tem a capacidade de infectar o ser humano, o que indica
elevada infectividade do vírus B (Fonseca, 2007). O VHB apresenta diferentes genótipos e
subtipos, e isso indica sua complexa diversidade viral. O vírus B é dividido em oito
genótipos (A, B, C, D, E, F, G e H) e em quatro subtipos (adw, ayw, adr e ayr), esses
últimos de acordo com diferenças antigênicas presentes no antígeno de superfície do vírus B
(AgHBs) (Fonseca, 2007).
A lesão hepática causada pelo VHB está relacionada, principalmente por
mecanismos imunes, que envolve lise dos hepatócitos pelos linfócitos T citotóxicos
(Heathcote et al., 2008). A evolução da doença dependerá da resposta imune do hospedeiro,
desde que vírus da hepatite B não é diretamente citopático; sendo assim, respostas imune
humoral e celular estão envolvidas na eliminação no vírus, destacando-se ação dos linfócitos
T citotóxicos (CD8+), que agem contra os antígenos core viral (Lee, 1997). A interação
- 8 -
entre hospedeiro e vírus, é um processo mediado pela resposta imune adquirida. Se por um
lado, intensidade da resposta imune é importante para eliminar o vírus, por outro, também
causa dano hepático. Além disso, as variantes virais também podem influenciar no
desenvolvimento e desfecho da doença (Heathcote et al., 2008).
O aprofundamento do conhecimento sobre a variabilidade genética do VHB e o
avanço da Biologia molecular contribuiu para melhor análise dos padrões sorológicos da
infecção. A partir disso, foi demonstrado que pacientes que receberam transfusão sanguínea
negativas para o AgHBs e anti-Hbs, mas positivas para o anti-HBc, desenvolveram infecção
pelo VHB, o que contradiz o que era considerado anteriormente, na qual presença do AgHBs
indicaria infecção ativa e o anti-HBc apenas infecção prévia (Barros-Júnior, et al., 2008).
Isto foi crucial para induzir investigação sobre novas possibilidades de infecção pelo VHB.
Dentre ampla variabilidade de manifestações clínicas da hepatite B (Lee, 1997),
também vem sendo descrito pela literatura estado de persistência viral do vírus da hepatite B
(VHB), caracterizada pela presença do DNA viral no soro ou no tecido hepático, mas com
antígeno de superfície (AgHBs) indetectável no soro, o quê resultou na introdução do termo
hepatite B oculta, silenciosa ou latente. Raimondo et al. (2008) descreveram “ponto de
corte” como menor que 200 UL/ml do DNA do VHB no soro para a hepatite B oculta.
Embora fisiopatogenia e prevalência ainda não estejam esclarecidas, VHB apresenta ampla
variedade de manifestações clínicas, que incluem desde portador assintomático até casos
mais graves - como hepatite crônica, hepatite fulminante, carcinoma hepatocelular (CHC) e
cirrose (Lee, 1997).
Têm sido propostos vários mecanismos de infecção pelo vírus da hepatite B, e
provavelmente estão vinculados causas multifatoriais e dentre essas: a) infecção de células
sanguíneas mononucleares periféricas pelo VHB; b) inserção do DNA do vírus B nos
cromossomos do hospedeiro; c) mutações na sequência do HBV DNA; d) desenvolvimento
de VHB contendo complexos imunes; e) interferência de outros vírus no VHB; f) alteração
da resposta imune do hospedeiro (Hu, 2002). Além disso, grande parte dos casos de HBO
apresenta baixa concentração viral (Ozaslan et al., 2009).
A hepatite B oculta tem sido encontrada em pessoas saudáveis doadoras de sangue,
pacientes portadores de carcinoma hepatocelular e de doenças hepáticas crônicas. Pacientes
- 9 -
imunossuprimidos, devido à quimioterapia de tumores sólidos, transplante de medula óssea
ou malignidades hematológicas, correm o risco de reativação do VHB e, além disso, através
da HBO o VHB pode ser transmitido nos procedimentos de transplantes de órgãos,
hemodiálise e transfusão de sangue. Contudo, prevalência da hepatite B oculta ainda não
está clara, mas está relacionado com a endemicidade da infecção por VHB. Sendo assim,
pessoas de países endêmicos para VHB são mais propensas desenvolver hepatite B oculta.
A estratégia de vacinação para grupos de maior risco, lactentes e adolescentes,
envolve combinação de três aspectos relevantes: prevalência, fatores virais e vias de
transmissão (Heathcote et al., 2008).
Atualmente, ainda não há diretrizes voltadas ao rastreamento da hepatite B oculta.
Embora a biópsia hepática também seja método diagnóstico, não é plenamente acessível,
além da detecção do DNA do VHB não ter padronização e validade aceitas sem discordância
(Hollinger, 2010). As sorologias (AgHBs e anti-HBc) também são auxiliares no processo de
diagnóstico.
Em vista dessa ocorrência, Chemin et al. (2001) descreveram que 30% dos casos
com diagnóstico de hepatite crônica criptogênia ou sem etiologia previamente definida eram
portadores de DNA do VHB. Mesmo assim, ainda havia dúvidas na literatura sobre essa
nova entidade, mas Conjeevaram & Lok (2001) e Raimondo (2001), posteriormente Minuk
et al.(2005), caracterizaram essa nova entidade, a hepatite B oculta, quando paciente é
AgHBs-negativo e há no soro e ou no tecido hepático o DNA-VHB, tendo soro carga viral
>102 cópias/ml (Weinberger et al., 2000).
Não obstante, é relativamente recente, a partir do ano 2001 com maior evidência,
caracterização da hepatite B oculta e muito do conhecimento ainda é fundamentado em
casos isolados ou em pequenas séries de casos. Por essa razão, conhecimento geral sobre
hepatite B oculta ainda apresenta muitas lacunas, e pergunta sobre características de estudos
transversais, geradores de série de casos, poderá ser esclarecedora sobre critérios
diagnósticos de maior sensibilidade e especificidade, e também quais os grupos de pessoas
mais afetadas ou de maior risco.
- 10 -
IV. METODOLOGIA
Na análise de séries de casos foram utilizadas as informações bibliográficas
registradas no banco de dados - LILACS BIREME (Literatura Latino-americana e do Caribe
em Ciências da Saúde), MEDLINE (Pubmed: Cumulative Index Medicus) e fontes da BVS
(Biblioteca Virtual em Saúde).
Neste estudo, foram pesquisados artigos publicados no período de abril de 2005 a
março de 2013, sob formato de série de casos, com objetivo de pesquisar casos de hepatite B
oculta, escritos nas línguas portuguesa, espanhola ou inglesa. A referência ao ano de 2005,
como marco inicial deste estudo, tem como razão pela publicação de Minuk et al. (2005) no
prestigiado Journal of Hepatology, coincidindo com a maior aceitação dessa nova entidade
clínica, a hepatite B oculta.
� Critérios de inclusão:
1. Séries de casos publicadas em: revistas científicas, teses ou
dissertações, monografias, anais de evento científico ou “sites”
com reconhecida, que preencha os critérios definidores da
hepatite B oculta;
2. Vinculação institucional e acadêmica, ou encontrados pela busca
ativa de trabalhos citados entre as referências bibliográficas
dos selecionados;
3. Publicações escritas nas línguas portuguesa, espanhola ou inglesa; e
4. Estudos publicados a partir de abril de 2005 até março de 2013.
� Critérios de exclusão:
1. Estudos com o uso de outros métodos;
2. Objetivo do estudo não definido como de busca de casos de hepatite
B oculta;
3. Publicações escritas nas línguas: francesa, japonesa, alemã ou
qualquer outra língua não-incluída entre aquelas citadas nos
critérios de inclusão; e
4. Estudos publicados antes do ano de 2005.
- 11 -
IV. 1. Estratégias de busca das publicações
Estudo-piloto
Com objetivo de refinar quais as palavras-chaves (descritores – BIREME, 2010) mais
definidoras dos estudos publicados sob o formato de séries de casos com hepatite B oculta,
foram aplicadas as estratégias descritas no Quadro I.
QUADRO I. Estratégias de busca, a serem aplicadas ao estudo-piloto deste estudo.
LÍNGUA DE ORIGEM DA PUBLICAÇÃO Inglesa Espanhola Portuguesa
Cases Casos Casos
AND Infection Infección Infecção
AND Hepatitis B virus Vírus de la hepatitis B Vírus da Hepatite B
AND Occult hepatitis B Hepatitis B hidden Hepatite B oculta
Bases de dados pesquisadas
• BIREME/LILACS2, do período de 2005 a 2013;
• PubMed3, do período de 2005 a 2013;
• Banco de Teses (CAPES)4, período 2005 a 2013;
Outras fontes de busca de publicações
• Anais dos Congressos Brasileiros de Hepatologia, período 2005
a 2013;
• Anais dos Congressos Brasileiros da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical, período 2005 a 2013;
2 www.bireme.br 3 www.pubmed.com 4 www.capes.gov.br
- 12 -
• Anais dos Congressos Brasileiros da Sociedade Brasileira de
Infectologia, período 2005 a 2013.
IV. 2. Etapas da seleção das publicações
a. Seleção pela leitura do título e, se presente, do resumo, da respectiva base de
dados;
b. Arquivos da publicação selecionada, analisando os critérios de inclusão e de
exclusão;
c. Leitura do artigo completo; e
d. Seleção ou não do artigo completo.
IV.3. Análise do artigo selecionado
Para todas as séries de casos publicadas, foi preenchido quadro (ANEXO C),
contendo dados específicos sobre as variáveis pesquisadas no grupo estudado.
- 13 -
V. RESULTADOS
V.1. Dados bibliométricos
No período de 2005 a 2013, foram selecionados na literatura 81 artigos, com série de
casos de hepatite B oculta, desses 20 (24,7%) foram incluídos e 61 (75,3%) excluídos. Os
principais motivos de exclusão, foram: ausência de critérios diagnósticos definidos (AgHbs
negativo e presença de VHB DNA) e ou metodologia de estudo não aplicada neste estudo.
No ANEXO B, foram registradas referências bibliográficas das publicações, incluídas
(n=20). Na Tabela I, essas 81 publicações foram distribuídas pela base de dados pesquisada,
sendo predominante aquelas do PubMed.
TABELA I. Quantidade de publicações encontradas e selecionadas, distribuídas segundo bases de dados.
Bases de dados Artigos encontrados (n) Artigos selecionados (%)
PubMed 76 20 (26,3)
LILACS 5 1 (20)(A)
PubMed + LILACS 81 20 (24,7) (A) também encontrado no PubMed.
Entre os 20 artigos selecionados, 25% (n=5) foram do ano 2009, sendo 75% (n=15)
restantes do período de 2005 a 2013 – exceto do ano 2006, como mostra Tabela II.
Também, Tabela II mostra frequência da ocorrência de casos de hepatite B oculta (HBO)
por ano do artigo selecionado, sendo maioria (51,7%) dos 478 casos, nas 20 publicações, do
ano de 2009.
V.2. Origem dos casos de hepatite B oculta encontrados
As séries de casos descritas com casos de hepatite B oculta procedem de quase todos
continentes, exceto da Oceania. Entre 478 casos descritos maioria procede da Ásia (n=267;
- 14 -
55,8%), seguidos daqueles das Américas (n=114; 23,8%), de países da Europa (n=72;
15,1%) e por último do continente africano (n=25; 5,2%).
TABELA II. Ocorrência de casos de hepatite B oculta, por ano de publicação do artigo selecionado.
Ano Nº de casos (%)
2005 47 (9,8)
2006 0
2007 10 (2,1)
2008 47 (9,8)
2009 247 (51,7)
2010 31 (6,5)
2011 45 (9,4)
2012 40 (8,4)
2013 11 (2,3)
TOTAL 478 (100)
Entre países, da China procedia maioria dos casos (n=181; 71,2%) de infecção oculta
pelo vírus B da hepatite (HBO), seguida pela Índia (n=43; 16,9%), Irã (n=20; 7,9%) e Hong
Kong (n=10; 3,9%).
Nas Américas, com 114 casos (23,8%), Canadá teve maior número de casos de HBO
(n=47; 41,2%), seguido pela Venezuela (n=23; 20,17%), Brasil e Estados Unidos (n=22;
19,2%), respectivamente.
No continente europeu, predominaram casos de HBO da Itália (n=63; 87,5%),
seguida pela Holanda (n=9; 12,5%).
Único artigo com casos de hepatite B oculta da África foi do Egito, com 25 casos,
correspondentes 5,3% do total de casos.
- 15 -
V.3. Características e taxa de infecção pelo vírus B oculto
HBO predominou em pessoas portadoras de hepatopatias, como mostra Tabela III,
especialmente em pacientes com carcinoma hepatocelular (21,3%), mas chama atenção
frequência de HBO, entre casos descritos, em pessoas aparentemente saudáveis (8,1%), e em
candidatos à doença de sangue (6,5%).
TABELA III. Características dos portadores e taxa de infecção pelo vírus B oculto.
Principais Características dos portadores de HBO HBO (n) % (HBO\total)
VHB positivos 47 9,8 VHB negativos 39 8,1 Hepatite crônica pelo VHC 22 4,6 Carcinoma hepatocelular (CHC) 102 21,3 Cirrose hepática pelo VHC 22 4,6 Doença crônica do fígado de origem criptogênica 54 11,3 Hemodiálise 28 5,8 Linfoma (em quimioterapia) 10 2,1 Linfoma não-Hodgkin 3 0,6 HIV positivos(A) 64 13,4 Candidatos à doação de sangue (AgHBs negativos) 31 6,5 Tumores sólidos (não hepáticos) 4 0,8 Mulheres trabalhadoras do sexo 13 2,7 Pessoas saudáveis (VHB e VHC negativos) 39 8,1 TOTAL 478 100 (A) virgens de tratamento; tratamento anterior; ou em tratamento atual com antirretroviral.
Entre fatores associados à infecção pelo vírus B oculto, destacam-se presenças da
variante genômica S do VHB e do marcador sorológico anti-HBc total, como mostra
Quadro II, entre outras cepas e características dos casos de HBO.
- 16 -
QUADRO II. Cepas e outras características encontradas nos casos de hepatite B oculta, segundo publicação.
Autor(s), ano Cepas e outras características
Minuk et al., 2005 1. Variante S do HBV presente em 61,7% (29/47) dos casos de HBO; 2. Baixa carga viral (<10 cópias virais/ml).
Branco et al., 2007
1. Maior disfunção hepática entre os portadores do VHC (n=46) em relação aos VHB oculto (9/46);
2. Maior grau de fibrose (classificação Metavir: F3-F4) e de atividade (A2-A3).
Barros Júnior et al., 2008
1. Taxas sorológicas: a) AgHbs negativo e anti-HBc total:100% (52/52); b) anti-Hbe sérico: 53,8% (28/52); c) anti-HBs sérico: 59,6% (31/52); d) anti-HCV: 19,2%(10/52); e) anti-HD: 7,69%(4/52);
2. Taxa de HBV DNA reativos: 17,6(9/51); e de HIV positivo: 5,7% (3/52).
Raimondo et al., 2008
1. A taxa de VHB oculto foi de 16,3% (16/98), sendo 62,5% (10/16) anti-HBc + e 7,3% (6/16) marcador sorológico HBV negativo.
2. Nos 10 casos anti-HBc + /VHB oculto: 6 tinham as 4 regiões genômicas do VHB (S, Core, Pol e X); 2 casos tinham 3 regiões genômicas ( 1 - core, Pol, X; 1 - para Pol, S e X); e 2 casos tinham 2 regiões genômicas ( 1 - Pol e S; e 1 - Core e Pol).
3. Nos 6 casos com marcador sorológico HBV negativo: 3 tinham as 4 regiões genómicas do VHB (S, Core, Pol, X); e 2 casos com 2 regiões genômicas (1 - core, Pol, X; 1 - para S e X).
Shetty et al., 2008 1. A taxa de carcinoma hepatocelular foi maior nos casos com VHB oculto no
tecido hepático 59,1% (13/22) em relação aqueles sem VHB oculto no fígado 36,4% (8/22).
Cohen et al., 2009 1. Menor nível de HBV DNA no plasma e de células CD4 nos pacientes VHB
oculto/HIV positivos em relação aos HBV DNA negativos.
Morsica et al., 2009
1. A taxa de HBV DNA no plasma foi de 15%(27/175), sendo 20,8% (21/101) anti-VHC positivo e 8,1% (6/74) anti-VHC negativo.
2. Presença do genótipo D em 20 casos com infecção oculta pelo HBV.
Pinarbasi et al., 2009
1. Dos 13 casos HBV DNA positivos(HBO): 11 anti-HBs-positivo; 2 anti-HBs-negativo; 10 anti-HBc-positivo; e 7 anti-HBe-posivito;
2. Todos 13 casos tinham genótipo D VHB.
Presa et al., 2009 1. A prevalência de hepatite B oculta entre os anti-HBc (IgG)-positivos foi de:
a) Grupo das pessoas saudáveis, 33,3% (14/42); (b)Grupo doença crônica criptogênica fígado, 100% (45/45); e (c) Grupo CHC, 86,7% (85/98).
Shavakhi et al., 2009
1. Dos 41,7% (43/103) anti-Hbc-positivo, 30,2% (13/43) apresentaram DNA-VHB;
2. Não houve diferença estatisticamente significativa da concentração de AST (aspartato aminotransferase) e de ALT (alanina aminotransferase) entre os casos com ou sem VHB oculto
Assim et al., 2010 1. A taxa de anti-HBc positivo foi de 18,9% (413/2175). Destes, 153 anti-HBs
- e 260 anti-HBs +. 2. A taxa de HBV DNA foi de em 7,5% (31/413), entre os anti-HBc positivos
Bagaglio et al., 2011
1. A taxa de HBO entre os HIV positivos foi de 31% (9/29). 2. Não houve diferença significativa nas transaminases hepáticas nos casos
HBV DNA + e HBV DNA – e menor variação de células CD4/CD8 entre os com e sem HBO.
Cardona et al., 2011
1. Dos 23 casos HBO: 13 eram HBV DNA +, em 25 antiHBc + (52%); e 10 HBV DNA positivos entre 43 antiHBc negativos (23%).
CONTINUA
- 17 -
QUADRO II. [continuação].
Cheung et al., 2011 1. 21% (10/47) dos pacientes com linfoma eram portadores de hepatite B
oculta. 2. Valor médio de HBV DNA: 89 Ul / ML (intervalo < 34-807 Ul/ Ml).
Liu et al., 2011 1. A taxa de HBV DNA foi de 23% (93/405), sendo 50% em 38 casos de LNH
HBsAg-positivos e 5,5% em 55 casos de LNH HBsAg negativos, mas com HBcAb positivo.
Albuquerque et al., 2012
1. A taxa de anti-Hbc total foi de 26,7% (201/752); sendo destes 67,2%(135/201) anti-HBs positivos.
2. A taxa de HBO foi de 1,5%( 3/201), sendo 2 destes anti-HBc e anti-HBs positivos, e 1 anti-HBc + positivo isolado. O genótipo A foi envolvido em 33,3%, (1/3) e o D em 66,7%(2/3).
Elgohry et al., 2012
1. Dos 26,8% (25/93) HBV DNA positivos: 72%(18/25) foram anti-HCV positivos, 12%( 3/25) foram anti-HBc e anti-HBs positivos e apenas 4%(1/25) foi negativo para ambos anticorpos; 60% (15/25) foram positivos apenas para anti-HBc e 24% (6/25) foram positivos apenas para anti-HBs.
Panigrah et al., 2012
1. A taxa de HBV oculto foi 10,7% (12/112). 2. A taxa de anti-HBc positivo foi de 33,9%(38/112), nestes a taxa HBV DNA
foi de 12/38 (31,5%) e 50% tinham contagens de células T CD4 < 200 células / mm.
Cassini et al., 2013
1. HBV-DNA + na amostra do tecido do fígado (LT) em 29% (7/24), sendo prevalente no genótipo D (57%).
2. A taxa de HBV-DNA foi de 6/7 (86%) nas células mononucleares e em nenhuma das amostras de tecido do fígado.
3. Maior replicação de HBV no tecido do fígado (LT) do que nas células mononucleares no sangue periférico (PBMC).
4. Menor carga HBV-DNA (nas LT e PBMC) nos casos de hepatite B oculta em relação ao grupo de HBV positivo.
5. A permutação do gene S em PBMC e uma mutação no nucleótido C695 posição na LT, produz um codão de terminação da tradução no aminoácido 181 do gene HBs característico da HBO.
Saitta et al., 2013 1. A taxa de hepatite B oculta(HBO) foi de 9,09% (4/44). 2. A taxa de anti-HBc positivo foi de 27,3% (12/44).
V.4. Critérios diagnósticos do vírus da hepatite B oculto
Em todos os artigos selecionados (n=20), na investigação de HBO prevaleceu
pesquisa sorológica, principalmente nos casos com marcador AgHBs negativo pela
quantificação de VHB DNA pelo método PCR – considerado por esses autores como padrão
ouro ao diagnóstico de hepatite B oculta.
Também, foram utilizados outros critérios diagnósticos (solorogias, genotipagem,
exame histopatológico e bioquímico do tecido hepático, testes de função hepática,
concentração plasmática de RNA-HIV, estadiamento, manifestações clínicas) para
investigação de outras características clínicas associadas à HBO. Na Tabela IV, foram
- 18 -
descritos principais critérios diagnósticos do vírus da hepatite B oculto utilizados nos 20
artigos incluídos neste estudo.
Tabela IV. Critérios diagnósticos de hepatite B oculta descritos nas 20 publicações selecionadas neste estudo.
Critérios diagnósticos Nº %
Pesquisa ou quantificação do VHB DNA (PCR) 20 100 Sorologia: AgHBs negativo 20 100 Histopatologia ou bioquímica de tecido hepático 4 20 Genotipagem do VHC 1 5 Estadiamento HCC (Classificação de Metavir) 1 5 Clínica de hepatite C crônica 4 20 Clínica de linfoma 3 15 Clínica de infecção por HIV 3 15 Concentração plasmática de RNA HIV 1 5 Outras sorologias(*) 17 85 Testes de função hepática (AST, ALG, δGT) 3 15 (*) anti-HBc total, anti-HBs, AgHBs, Anti-HBe, AgHBe, anti-HD total, anti-HVC.
- 19 -
VI. DISCUSSÃO
A hepatite B oculta, na atualidade, ainda é pouco compreendida. Por ser
fundamentado em pequenas séries de casos ou em casos isolados, o seu conhecimento geral
ainda tem muitas lacunas, o que torna revisão sistemática como um dos métodos de
esclarecimento. No presente estudo, foi utilizada esta metodologia para descrever as
características clínico-epidemiológicas, bem como verificar critérios diagnósticos da
hepatite B oculta e assim, apresentar os grupos de maior exposição ou de pessoas mais
afetadas pela doença.
Neste estudo, devido à raridade de relatos de casos de hepatite B oculta, todos os
trabalhos selecionados tiveram como metodologia séries de casos. Embora esta metodologia
não seja mais indicada, é mais esclarecedora e adequada quando casos descritos são
infrequentes ou escassos, na qual serve como parâmetro para investigações futuras, novas
descobertas e manejo da doença estudada. Parente et al. (2010), afirmaram como indicações
de relato ou séries de casos: a) descrição de novas características de doenças, b) detecção de
epidemias, c) formulação de hipóteses sobre causas de doenças, d) descrição de resultados
de terapias para doenças raras, e) descrição de efeitos adversos incomuns para doenças.
Número de artigos (n=20) selecionados, também decorreu dos critérios de inclusão
utilizados, bem como pela caracterização da hepatite B oculta relativamente recente, a partir
do ano 2001. Esses 20 artigos selecionados, em recorte cronológico de 8 anos, com maior
quantidade de casos publicados no ano de 2009 (51,7%), demonstram lenta evolução dos
estudos dessa nova entidade clínica e ainda reduzida associação da mesma com fatores
predisponentes e dos seus métodos diagnósticos.
Algumas limitações foram encontradas na análise clínico-epidemiológico da doença.
Na maioria (n=18) dos artigos incluídos (n=20), essas limitações foram marcadas pela falta
de padronização na amostragem estudada e pela ausência de utilização grupo de comparação
ou de estudos caso-controle. Por certo, raridade de casos publicados dificulta ou retarda
maior conhecimento da hepatite B oculta.
- 20 -
Por sua vez, distribuição da hepatite B oculta é heterogênea, e isto é reforçado pela
distribuição mundial do vírus da hepatite B. Mesmo com o advento da vacina para hepatite
B, este patógeno ainda apresenta elevada taxa de transmissão em todo o mundo. Neste
estudo, maior número de casos de HBO encontrados na Ásia (53,1%) está de acordo com
descrito em outros estudos, os quais consideram extensas regiões tropicais, bem como os
locais de baixo desenvolvimento socioeconômico, como locais de maior prevalência da
infecção pelo VHB (Barros-Júnior et al.,2008). Entretanto, no continente africano, também
considerado como região de elevada prevalência de infecção pelo VHB, houve menor
número de casos de HBO provavelmente em razão da maioria dos seus países terem baixo
acesso aos serviços diagnósticos e, por isso, isso explique neste estudo só um estudo foi
encontrado, procedente do Egito.
As taxas intermediárias de casos de HBO, encontradas nos continentes americano
(32,9%) e europeu (17,8%), em relação aos demais continentes, talvez estejam relacionadas,
dentre outros fatores, com medidas preventivas para a hepatite B adotadas nessas regiões.
Na América do Norte e na Europa, foi implantada vacinação dos recém-nascidos de mães
com sorologia para o antígeno de superfície da hepatite B (AgHbs) ou a vacinação rotineira
dos lactentes. Além disso, em alguns países é recomendada a vacinação rotineira nos
adolescentes 10 anos de idade, e a atualização da vacinação dos adultos em risco (Heatcote
et al., 2008).
Segundo Ferreira (2000), várias condições podem modificar história natural da
infecção pelo VHB, como associação com alcoolismo abusivo, uso concomitante de drogas
hepatotóxicas, imunossupressão e contato com outros vírus. Coinfecção com o vírus da
hepatite C (VHC), vírus da hepatite delta (VHD), e o vírus de imunodeficiência (HIV) são
fatores que podem alterar curso clínico da doença e/ou exacerbar replicação do vírus da
hepatite B.
Cada vez mais, evidências sugerem elevada prevalência de HBO em pacientes
infectados pelo VHC com CHC (Berasain et al., 2000). Neste estudo, hepatite B oculta foi
predominante em pessoas com clínica de CHC (21,33%), hepatites (14,4%), VHC (4,6%),
doença crônica do fígado de origem criptogênica (11,3%) e cirrose hepática (4,6%), o que
corrobora com as afirmações supracitadas, e sugere associação existente entre a HBO e as
hepatopatias, principalmente como fator de risco para o CHC.
- 21 -
Além disso, pacientes com HBO em estado de imunossupressão apresentam risco de
reativação do VHB. Essa reativação pode ocorrer espontaneamente ou após o uso de drogas
imunossupressoras, (quimioterápicos antineoplásicos, corticóides, entre outros), podendo ser
fulminante em determinadas situações (Davis et al., 1985). A intensidade e a duração da
imunossupressão desempenham relevante papel na reativação da infecção pelo vírus B
(Allain, 2009). Neste estudo, foram encontrados casos de hepatite B oculta associados a
condições de imunossupressão, como: HIV positivos, portadores de linfoma em
quimioterapia, portadores de Linfoma não-Hodgkin, e de tumores sólidos não hepáticos em
tratamento quimioterápico.
Os pacientes HIV positivos, descritos em estudos selecionados neste estudo,
apresentaram segunda maior taxa de HBO, sendo superados apenas pelos portadores de
hepatopatias (n=286; 58,7%). A elevada taxa de VHB oculto em casos HIV positivos está de
acordo com exposto por outros trabalhos, devido risco de reativação em pacientes com
AIDS pela interrupção da supressão da expressão gênica e da replicação viral causado pelo
estado de imunossupressão (Raimondo et al., 2010; Leung et al.,2010), principalmente
devido a terapia antirretroviral.
Já a reativação do vírus B oculto em casos portadores de malignidades
hematológicas, ocorre em menores taxas (<5%), mas apresenta destacado risco de
morbidade e mortalidade (Hamabe et al., 1991). Neste estudo, foi observada taxa de 2,7%
(n=13) de HBO em portadores de linfoma. Entre os casos de HBO com linfoma, houve
flutuação da concentração de HBV DNA, mas sem reativação bioquímica, durante a
quimioterapia (Cheung et al., 2011).
Neste estudo, também foram encontrados 4 casos (0,8%) de HBO entre pessoas
submetidas à quimioterapia com tumores sólidos. A baixa taxa de VHB oculto em relação às
demais características clínicas pesquisadas, sugere menor potencial de reativação viral em
indivíduos submetidos ao tratamento quimioterápico para os tumores sólidos. De acordo
com Allain (2009), leve e curta imunossupressão causada pela quimioterapia em tumores
sólidos reflete menor frequência de reativação, diferente do que ocorre em procedimentos
mais graves como em transplantes de medula e de órgãos. Entretanto, reativação após
- 22 -
quimioterapia em tumores sólidos não deve ser subestimada, e medidas preventivas contra a
reativação do VHB devem ser adotadas.
Su et al. (2011) afirmaram ocorrência de transmissão do VHB pós-transfusional, mas
sua incidência tem sido reduzida em virtude da introdução da triagem para o AgHBs para
candidatos à doação de sangue. Por outro lado, neste estudo, taxa de VHB oculto em
candidatos à doação de sangue (6,5%; n=31) indica potencial poder de transmissão por esta
via, como também segure necessidade de maior rigor na triagem e na seleção desses
candidatos. O VHB oculto em candidatos à doação de sangue reflete possibilidade de baixa
replicação viral e/ou mutantes, levando não demonstração do AgHBs, e sim do anti-HBc.
Com o tempo, marcadores desses anticorpos podem tornar-se indetectáveis, restando HBV
DNA como único marcador da infecção (Allain, 2004). Um estudo realizado na Índia,
mostrou que podem passar despercebidos grande número de doadores infectados, ao se
utilizar apenas o AgHBs na triagem dos mesmos; e, portanto, pesquisa de anti-HBc no
processo de triagem vai reduzir potenciais doações infectadas pelo vírus da hepatite B e
consequentemente reduzir a transmissão do VHB, especialmente nas pessoas
imunocompremetidas (Panigrahi et al., 2010).
Além disso, encontro de 8,1% de infecção pelo vírus da hepatite B oculto em pessoas
VHB e VHC soronegativos revela que pode passar despercebidas e, assim, contribuírem na
transmissão do VHB não só através da via sanguínea (doação de sangue, compartilhamento
de produtos perfuro-cortantes, entre outros), como também pela via sexual. Sendo assim, é
necessária triagem efetiva e utilização de métodos diagnósticos mais precisos, com a
finalidade de rastrear possível caso de VHB oculto.
Embora a transmissão da infecção VHB oculta também ocorra através de
transplantes de órgãos, nos transplantes de rim e coração, é baixa taxa de transmissão por ser
doador anti-HBc reativo (Pinney et al., 2005). Nos casos de infecção pelo vírus B oculto,
baixa carga viral e falta de replicação viral extra-hepática podem ser explicados pela
interação entre o vírus e o hospedeiro, o que justifica baixo risco de reativação da hepatite B,
na ausência de profilaxia específica (Ghisetti et al., 2004). Em contrapartida, presença de
infecção VHB oculto em 50% (n=22/44) dos pacientes submetidos a transplantes hepáticos
sugere provável maior taxa de infecção VHB oculto nesses casos do que naqueles de
transplantes de rim ou coração. Receptores de transplante hepático com histórico de infecção
- 23 -
pelo vírus da hepatite B, anti-HBc positivo pode ter reativação da HBO no pós-transplante,
no momento em que o paciente se encontra no estado de imunossupressão (Hollinger, 2010).
Já pessoas com atividade sexual promíscua têm elevado risco de adquirir infecção
pelo vírus B oculto. No presente estudo, 2,7% dos VHB oculto foram em mulheres
trabalhadoras do sexo, o que fundamenta vulnerabilidade dessas pessoas frente à infecção
pelo vírus B. De acordo com Szmuness et al. (1975), presença do VHB nas secreções
vaginais e no sêmen viabiliza passagem de partículas infectantes através das mucosas, no
momento do ato sexual, e reforça conhecimento de ser hepatite B considerada uma das mais
importantes infecções sexualmente transmissíveis.
A presença da variante S e D do VHB nos casos de infecção oculta, mais frequente
nos grupos etários de maior idade, e nas mulheres trabalhadoras do sexo, respectivamente,
revela a importância da investigação de outras características genotípicas associadas ao
VHB. Segundo Barros-Júnior et al. (2008), predominância de determinadas variantes, pode
ser justificada pelo método PCR empregado, o qual pode ter sido direcionado apenas para
essas regiões genômicas em uns estudos, e outros estudos para outras regiões virais (core, X,
polimerase), aliado ao fato do pequeno número de estudos sobre essas características.
As cargas de DNA do VHB no plasma foram baixas nos casos de HBO, sendo <10
cópias virais/ml no trabalho de Minuk et al. (2005) e de >50 cópias no estudo de Cohen et
al. (2009). A menor carga viral no primeiro trabalho pode ser explicada pelo melhor
desempenho imunológico neste grupo (VHB soronegativos e soropositivos) em relação ao
segundo grupo estudado (HIV positivos), o que pode ter impedido maior replicação viral no
primeiro grupo. De todo modo, Weinberger (2000) relata que a carga viral em portadores do
VHB oculto no soro é em torno de 102-3 cópias/ml.
Em relação aos métodos diagnósticos, quase a totalidade dos trabalhos selecionados
utilizaram a quantificação e/ou qualificação VHB associado ao teste sorológico para o
diagnóstico de hepatite B oculta. Isso é justificado porque determinação do número de
cópias do DNA do VHB e da sorologia são indicadores do diagnóstico da infecção pelo
VHB oculto, como também para acompanhamento da infecção (Mahoney, 1999). Coser et
al. (2008) afirmaram que além dos marcadores sorológicos, o método PCR e a hibridização
constituem principais mecanismos de identificação do VHB. Entretanto, a PCR é técnica
- 24 -
considerada mais sensível e pode detectar 10 genomas virais/ml, indicando infecção pelo
VHB, ao passo que a hibridização indica replicação viral e possibilidade do VHB estar ativo
(Mahoney, 1999). Nos casos de hepatite B oculta, é frequente presença do DNA do vírus B
intra-hepático, sobretudo no tecido hepático de pacientes com carcinoma hepatocelular
(Cacciola et al., 2000; Branco et al., 2007). Portanto, método PCR, associado sorologia
AgHBs negativo, demonstra ter elevada sensibilidade e especificidade no diagnóstico de
hepatite B oculta.
- 25 -
VII. CONCLUSÕES
1) São muitos raros relatos de casos sobre a hepatite B oculta, e sua
prevalência ainda não está clara. É pressuposto que pessoas de países
endêmicos para HBV são mais propensas desenvolver hepatite B oculta.
2) A baixa taxa de casos de infecção VHB oculto oriundos da África neste
estudo, revela necessidade de mais estudos nessa região do mundo.
3) De acordo com os casos estudados, HBO parecer ser mais frequente em
pessoas com vida sexual promíscua, hemodialisados, trabalhoras do sexo,
hemofílicos, hepatopatas crônicos e imunossuprimidos.
4) Há muitas evidências que persistência do vírus da hepatite B oculto é fator
de risco ao desenvolvimento cirrose e carcinoma hepatocelular.
5) Os poucos estudos que avaliaram as variantes genômicas S e D não
permitem ter certeza se essas variantes realmente são as mais frequentes
entre os casos HBO.
6) A presença de casos HBO em pessoas aparentemente saudáveis,
candidatos à doação de sangue e em VHB e VHC soronegativos sinaliza a
necessidade de um rastreio mais efetivo do vírus B oculto.
7) A associação da sorologia AgHBs negativo e quantificação do DNA do
HBV (PCR), tem aparente elevada sensibilidade para diagnóstico de HBO.
8) A hepatite B oculta é entidade clínica desafiadora e mais estudos devem
ser realizados para esclarecer suas lacunas (significado clínico, reativação,
patogênese, análise genômica, progressão para carcinoma hepatocelular,
entre outros).
- 26 -
VIII. SUMMARY
OCCULT HEPATITIS B: case series. Hepatitis B is major public health problem
worldwide, especially in the Amazon basin in Latin America, China and sub-Saharan Africa.
Among a wide variability in clinical manifestations of infection with hepatitis B virus
(HBV) has been described recently hepatitis B hidden (HBO), silent or quiescent,
characterized by the presence of HBV DNA in serum or liver tissue, but with antigen surface
(HBsAg) detectable in serum. Objective: To describe, from cross-sectional studies, clinical
and epidemiological features, as well as determine which diagnostic criteria for HBO.
Methods: Secondary analysis of data. Results: April 2005 to March 2013, were found in the
literature 478 cases of patients with occult hepatitis B, being mostly associated with chronic
liver disease (n = 286, 58.7%) and a state of immunosuppression, especially HIV (n = 64,
13.4%). Some studies have revealed low viral load (<100 copies / ml) in plasma and other
genomic variants demonstrated S and D predominant in cases such as HBO. Serological
HBsAg negative, associated with quantification of HBV DNA by polymerase chain reaction
(PCR) are the criteria used for diagnosis of HBO. Discussion: Results showed advancement
of knowledge on HBO, and confirmed major pathologies associated with the risk that
clinical presentation of HBV infection. Despite this, it is necessary standardization of
diagnostic criteria for HBO, so enabling more effective screening of its carriers.
Conclusions: Occult hepatitis B is challenging clinical entity, with worldwide distribution,
but more studies are needed to clarify gaps about this clinical form of VHB infection
(clinical significance, reactivation, pathogenesis, progression to hepatocellular carcinoma).
Key words: 1. Hepatitis B - Reports cases. 2. Hepatitis B virus 3. Chronic hepatitis B
4. Infection.
- 27 -
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Journal of Hepatology 42: 480-485, 2005.
24. Ozaslan E, Purnak T. Controvérsias sobre a infecção pelo vírus da hepatite B
oculta. Mundo J Gastroenterol.2.009; 15 :4986-4987.
25. Panigrahi R, Biswas A, Datta S, Banerjee A, Chandra PK, Mahapatra PK, Patnaik B,
S Chakrabarti, R. Chakravarty teste antigénio núcleo anti-hepatite B, com a detecção
e caracterização de vírus da hepatite B oculto por um ácido nucleico em casa testes
em doadores de sangue em Behrampur, Ganjam, Orissa, no sudeste da Índia:
implicações para a transfusão. Virol J. 2010; 7 :. 204.
26. Parente RCM, Oliveira de MAP, Celeste RK. Relatos e Série de Casos na Era da
Medicina Baseada em Evidência. J Bras Video-Sur. 2010; 3(2): 67-70.
27. Pinney SP, Cheema FH, Hammond K, Chen JM, Edwards NM, Mancini D.
resultados destinatário aceitável com o uso de corações de doadores com anticorpos
da hepatite-B do núcleo. J coração transplante de pulmão. 2.005;24 . : 34-37.
28. Raimondo G, Allain JP, Brunetto MR, Buendia MA, Chen DS, Colombo M, Craxi
A, Donato F, Ferrari C, Gaeta GB. . Declarações da reunião de peritos em Taormina
infecção pelo vírus da hepatite B oculta .J Hepatol. 2.008,49 . :652-657.
29. Raimondo G, Pollicino T, L Romano, Zanetti AR. A actualização de 2010 em
infecção da hepatite B oculto.Pathol Biol (Paris). 2.010; 58 :254-257.
30. Raimondo G. Occult hepatitis B virus infection and liver disease: fact or fiction.
Journal of Hepatology 34: 471-473, 2001.
31. Ramezani A, Banifazl M, Mohraz M, Rasoolinejad M, Aghakhani A. Occult
hepatitis B virus infection: A major concern in HIV-infected patients. International
Monthly Journal of Hepatology. 11(1): 7–10, 2011.
32. Shi YH, Shi CH. Características moleculares e estágios da infecção pelo vírus da
hepatite B crônica. Mundo J Gastroenterol. 2.009, 15 . :3099-3105.
33. Su TH, Chen PJ, TC Chen, Cheng HR, Li L, Lin KS, Kao JH, Chen DS, Liu CJ. O
significado clínico da hepatite B oculta transfusão em Taiwan - um estudo de olhar
para trás. Transfus Med. 2.011; 21:33-41.
34. Szmuness W, Nuch MI, Prince AM. On the role of sexual behavior in the spread of
hepatitis B infection. Annals of Internal Medicine 83:489-495, 1975.
- 30 -
35. Weinberger KM, Bauer T, Bohm S, Jilg W. High genetic variability of the group
specific a-determinant of hepatitis B virus surface antigen (HBsAg) and the
corresponding fragment of the viral polymerase in chronic virus carriers lacking
detectable HBsAg in serum. The Journal of General Virology. 81:1165-1174, 2000.
36. Zuckerman JN, Zuckerman AJ 2003. Mutations of the surface protein of hepatitis B
virus. Antiviral Res 60:75-78.
- 31 -
ANEXOS
- 32 -
ANEXO A
Sistema de Classificação Metavir Fibrose:
0 – Sem fibrose 1 – Aumento do espaço porta, mas sem formação de septos 2 – Alargamento dos espaços porta com raras formações de septos 3 – Numerosos septos sem cirrose 4 – Cirrose
Fibrose centrolobular: 0 – Ausente 1 – Moderada 2 – Acentuada
Infiltrado portal. Agregados linfocitários e folículos: 0 – Nenhum 1 – Presença em menos do que 1/3 dos espaços porta na biópsia 2 – Presença em 1/3 a 2/3 dos espaços porta 3 – Em mais de 2/3 dos espaços porta
Infiltrado portal de polimorfonucleares e plasmócitos: 0 – Ausente 1 – Presente
Lesão de ducto biliar Presença de linfócitos dentro do ductos:
0 – Nenhum ou raros 1 – Alterações degenertivas 2 – Perda dos ductos biliares
Proliferação ductular: 0 – Ausente 1 – Leve 2 – Moderado 3 – Acentuado
Alterações degenerativas dos ductos biliares – vacuolização, balonização, necrose eosinofilica: Necrose lobular focal:
0 – Ausente ou leve 1 – Moderado 2 – Acentuado
Necrose em ponte: 0 – Ausente 1 – Presente
Alterações degenerativas – Tunefação, necrose hialina: 0 – Ausente 1 – Leve 2 – Moderado ou acentuado
Hepatócitos multinucleados, colestasse intracanalicular, hiperplasia de células de Kupffer e agragados linfocitários intra-sinusoidal:
0 – Ausente 1 – Presente
Índice conclusivo da atividade global da Hepatite crônica: 0 – Sem atividade histológica 1 – Atividade leve 2 – Atividade moderada 3 – Atividade acentuada 4 – Hepatite crônica lobular
- 33 -
ANEXO B
Referências das séries de casos selecionadas
1. Albuquerque, ACCD, Coelho, MRCD, Lemos, MF, & Moreira, RC. Occult hepatitis
B virus infection in hemodialysis patients in Recife, State of Pernambuco, Brazil.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2012.45(5), 558-562.
2. Asim, M, Ali, R, Khan, LA, Husain, SA, Singla, R, & Kar, P. Significance of anti-
HBc screening of blood donors & its association with occult hepatitis B virus
infection: Implications for blood transfusion. Indian J Med Res. 2010.
3. Bagaglio, S, Bianchi, G, Danise, A, Porrino, L, Uberti-Foppa, C, Lazzarin, A, et al.
Longitudinal evaluation of occult Hepatitis B infection in HIV-1 infected individuals
during highly active antiretroviral treatment interruption and after HAART
resumption. Infection, 2011. 39(2), 121-126.
4. Branco, F, Mattos, AA D, Coral, GP, Vanderborght, B, Santos, DE, França, P, &
Alexander, C. Occult hepatitis B virus infection in patients with chronic liver disease
due to hepatitis C virus and hepatocellular carcinoma in Brazil. Arquivos de
Gastroenterologia, 2007.44(1), 58-63.
5. Cardona, N. E., Loureiro, C. L., Garzaro, D. J., Duarte, M. C., García, D. M.,
Pacheco, M. C., ... & Pujol, F. H. (2011). Unusual presentation of hepatitis B
serological markers in an Amerindian community of Venezuela with a majority of
occult cases. Virology journal, 2011, 8(1), 1-7.
6. Cassini, R, De Mitri, MS, Gibellini, D, Urbinati, L, Bagaglio, S, Morsica, G et al. A
novel stop codon mutation within the hepatitis B surface gene is detected in the liver
but not in the peripheral blood mononuclear cells of HIV‐infected individuals with
occult HBV infection. Journal of viral hepatitis,2013.20(1), 42-49.
7. Cheung, WI, Lin, SY, Leung, VK, Fung, KS, Lam, YK, Lo, FH et al. Prospective
evaluation of seropositive occult hepatitis B viral infection in lymphoma patients
receiving chemotherapy. Hong Kong medical journal= Xianggang yi xue za
zhi/Hong Kong Academy of Medicine, 2011.17(5), 376-380.
8. Elgohry, I, Elbanna, A, Hashad, D. Occult hepatitis B virus infection in a cohort of
Egyptian chronic hemodialysis patients. Clinical laboratory, 2011.58(9-10), 1057-
1061.
- 34 -
9. Fang, Y, Shang, QL, Liu, JY, Li, D, Xu, WZ, Teng, X et al. Prevalence of occult
hepatitis B virus infection among hepatopathy patients and healthy people in
China. Journal of Infection, 2009. 58(5), 383-388.
10. Júnior, GMB, Braga, WSM, Oliveira, CMC. Hepatite crônica B oculta: prevalência e
aspectos clínicos em população de elevada endemicidade de infecção pelo vírus da
hepatite B na Amazônia ocidental brasileira. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical, 2008.41, 596-601.
11. Liu, WP, Zheng, W, Wang, X P, Song, YQ, Xie, Y, Tu, MF, et al.An analysis of
hepatitis B virus infection rate in 405 cases of non-Hodgkin lymphoma]. Zhonghua
xue ye xue za zhi= Zhonghua xueyexue zazhi, 2011.32(8), 521.
12. Minuk, GY, Sun, DF, Uhanova, J, Zhang, M, Caouette, S, Nicolle, LE, et al.Occult
hepatitis B virus infection in a North American community-based
population. Journal of hepatology, 2005. 42(4), 480-485.
13. Morsica, G, Ancarani, F, Bagaglio, S, Maracci, M, Cicconi, P, Lepri, A C, et
al.Occult hepatitis B virus infection in a cohort of HIV-positive patients: correlation
with hepatitis C virus coinfection, virological and immunological
features. Infection, 2009. 37(5), 445-449.
14. Panigrahi, R, Majumder, S, Gooptu, M, Biswas, A, Datta, S, Chandra, P K, et al.
Occult HBV infection among anti-HBc positive HIV-infected patients in apex
referral centre, Eastern India. Annals of hepatology, 2012. 11(6), 870-875.
15. Pinarbasi, B, Onel, D, Cosan, F, Akyuz, F, Dirlik, N, Cakaloglu, Y, et al. Prevalence
and virological features of occult hepatitis B virus infection in female sex workers
who work uncontrolled in Turkey. Liver International, 2009. 29(2), 227-230.
16. Raimondo, G, Navarra, G, Mondello, S, Costantino, L, Colloredo, G, Cucinotta, E, et
al.Occult hepatitis B virus in liver tissue of individuals without hepatic
disease. Journal of hepatology, 2008. 48(5), 743-746.
17. Saitta, C, Musolino, C, Marabello, G, Martino, D, Leonardi, MS, Pollicino, T, et al.
Risk of occult hepatitis B virus infection reactivation in patients with solid tumours
undergoing chemotherapy. Digestive and Liver Disease.2013.
18. Shavakhi, A, Norinayer, B, Esteghamat, FS, Seghatoleslami, M. Khodadustan, M,
Somi, M, et al. Occult hepatitis B among Iranian hepatitis C patients. Journal of
research in medical sciences: the official journal of Isfahan University of Medical
Sciences, 2009. 14(1), 13.
- 35 -
19. Shetty, K, Hussain, M, Nei, L, Reddy, KR, Lok, AS. Prevalence and significance of
occult hepatitis B in a liver transplant population with chronic hepatitis C. Liver
transplantation, 2008. 14(4), 534-540.
20. Stuart, C, James, WT, Velema, M, Schuurman, R, Boucher, CA, Hoepelman, A I.
Occult hepatitis B in persons infected with HIV is associated with low CD4 counts
and resolves during antiretroviral therapy.Journal of medical virology, 2009. 81(3),
441-445.
- 36 -
ANEXO C
QUADRO III. Consolidação dos dados das séries de casos com relatos de hepatite B oculta, por autor.
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Minuk et al., 2005
Canadá 487 (61%, da comunidade)
Grupo 1 (n=80): sorologia positiva para infecção pelo VHB
17,5 (14/80)
Pesquisa de DNA-VHB (PCR)
1. Variante S do VHB encontrada em 85,7% (12/14) do Grupo 1; e em 51,5% (17/33) do Grupo 2. Essa variante S foi mais frequente nos grupos etários de maior idade;
2. Pessoas dos Grupo 1 e 2 não apresentaram diferenças clínicas e bioquímicas, incluídos aqueles DNA-VHB positivos e negativos;
3. As cargas virais foram baixas (<10 cópias virais/ml)
Grupo 2 (n=407): VHB soronegativos
8,1 (33/407)
Branco et al., 2007
Brasil 66
n=26 portadores de hepatite crônica pelo vírus da hepatite C (VHC)
7,7 (2/26) 1. Sorologias (AgHBs; anti-HBc total; e anti-HBs);
2. Quantificação DNA-VHB (PCR); 3. Análise quantitativa e qualitativa
do VHC (PCR); 4. Genotipagem do VHC; 5. Exame histopatológico de tecido
hepático (classificação de Mtavir); e
6. Estadiamento HCC (classificação japonesa, classificação Metavir)
1. DNA-VHB não foi detectado em nenhum soro da amostra (n=66);
2. Infecção oculta pelo VHB foi detectada pela imuno-histoquímica (por meio da pesquisa de AgHBs e/ou AgHBc) em 19,5% (9/46) dos portadores de VHC e 5% do grupo de comparação;
3. Nos 46 portadores do VHC houve maior disfunção hepática, relação aos parâmetros bioquímicos dos pacientes co-infectados com VHB oculto (n=9);
4. Nos 9 casos com VHC + VHB oculto, oito (88,9%) maior grau de atividade (A2-A3), mas sem diferença significativa com aqueles sem infecção co-infecção;
5. Esses mesmos 9 casos apresentavam grau de fibrose entre F3-F4, estatisticamente significativa em comparação ao grupo sem infecção.
n=20 portadores de carcinoma hepatocelular (CHC) + VHC
35 (7/20)
n=20 grupo comparação (sorologia negativa para VHB e VHC)
5 (1/20)
Barros Júnior et al., 2008
Brasil 52
n=28 (seleção prospectiva)
1. Clínica de hepatite crônica; 2. Anti-HBc (total) positivo; e
AgHBs negativo; 3. Pesquisa de AgHBe e anti-HBe; 4. DNA-VHB
1. Nenhum com AgHBe sérico; 2. As taxas de AgHbs negativo e de anti-HBc total foram
100% (52/52); 3. A taxa de anti-Hbe sérico foi de 53,8% (28/52); 4. A taxa de anti-HBs sérico 59,6% (31/52); 5. A taxa de HBV DNA reativos foi de 17,6(9/51); 6. A taxa de anti-HCV foi de 19,2%(10/52); 7. A taxa de anti- HD total de 7,69%(4/52); 8. A taxa de HIV positivo foi de 5,7% (3/52).
n=24 (seleção retrospectiva) Todos apresentando hepatite crônica de etiologia desconhecida e anti-HBc positivos e AgHBs negativos
17,3(9/52)
CONTINUA
- 37 -
QUADRO III. [continuação].
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Raimondo et
al., 2008 Itália 98
16 pacientes AgHBs e anti-HVC negativos; e anti-HBc-positivo (total);
62,5 (10/16) 1. Análise de DNA-VHB (PCR); 2. Exame histopatológico do tecido
hepático (espécime obtido por ocasião da ressecção hepática ou por biópsia durante cirurgia abdominal)
1. Outras características da amostra: (a) Sexo, 39 masculinos; e 59 femininos; (b) Média da idade de 54 anos; e (c) nenhum caso com evidência clínica ou bioquímica de doença hepática;
2. No total (n=98), frequência de VHB oculto foi de 16,3% (16/98);
3. Nos 10 casos com anti-HBc + VHB oculto: 6 tinham as 4 regiões genómicas do VHB (S, Core, Pol e X ).; 2 casos para 3 regiões genômicas ( 1 - core, Pol, X; 1 - para Pol, S e X); e 2 casos + para ambas regiões genômicas ( 1 - Pol e S; e 1 - Core e Pol);
4. Enquanto nos 6 casos com marcador sorológico HBV negativo: 3 tinham as 4 regiões genómicas do VHB (S, Core, Pol, X); e 2 casos com 2 regiões genômicas (1 - core, Pol, X; 1 - para S e X)
5. Todos foram anti-VHC negativos.
82 pacientes eram HBV – no soro (AgHBs e anti-HVC negativos; e anti-HBc negativo)
7,3 (6/82)
Shetty et al., 2008
USA 56
Portadores de cirrose hepática pelo VHC, sendo 44 (78,6%) desses submetidos transplante hepático
28,6 (16/56): pela pesquisa de
DNA-VHB sérico 1. Clínica hepatite C crônica; 2. Pesquisa de DNA-VHB (PCR),
sérico e no tecido fígado; 3. Sorologia pós transplante de
AgHbs e pesquisa de DNA-VHB sérico
1. Carcinoma hepatocelular (CHC) foi observado em 59,1% (13/22) dos casos com VHB oculto no tecido fígado versus 36,4% (8/22) naqueles sem VHB oculto no fígado;
2. Presença de anti-HBc e história de uso de drogas injetáveis foram associadas com hepatite B oculta com carcinoma hepatocecular
50 (22/44): pela pesquisa de DNA-VHB no tecido hepático
Fang et al., 2009
China 653
n=159 (portadores de doença crônica do fígado criptogênica)
28,3 (45/159)
1.Critérios clínicos e exames complementares;
2. AgHBs-negativo; 3. DNA-VHB (PCR).
1. Todos casos eram portadores de AgHBs-negativo; 2. Os 45 casos com DNA-VHB do grupo doença crônica do
fígado criptogênica tinham anti-HBc (IgG)-positivo; 3.Frequências de anti-HBc (IgG)-positivo e anti-HBs
positivo, respectivamente: (a) Grupo das pessoas saudáveis, 11,7%(42/359) e 13,1% (47/359); (b)Grupo doença crônica criptogênica fígado 47,2%(75/159) e 22% (35/159); (c) Grupo CHC 72,6% (98/135) e 34,1%(46/135);
4. A prevalência de hepatite B oculta entre os anti-HBc (IgG)-positivos foi de: a) Grupo das pessoas saudáveis, 33,3% (14/42); (b)Grupo doença crônica criptogênica fígado, 100% (45/45); e (c) Grupo CHC,
86,7% (85/98).
n=135 (portadores de carcinoma hepatocelular, CHC)
70,4 (95/135)
n=359(pessoas saudáveis) 10,6 (38/359)
CONTINUA
- 38 -
QUADRO III. [continuação].
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Morsica et al., 2009
Itália 175
Portadores de HIV n=53 (virgens de tratamento
anti-retroviral); n=46 (tratamento anterior, sem
lamivudina ou tenofovir); n=70 (tratamento anterior com
lamivudina ou tenofovir)
15,4 (27/175)
1. Evidências clínicas de infecção pelo HIV; 2. Sorologias: AgHBs-negativo; anti-HBc-positivo; e anti-VHC; 3. Análise DNA-VHB (PCR).
1. DNA-VHB sérico: 20,8% (21/101) nos portadores de anti-VHC positivo; e 8,1% (6/74) naqueles anti-VHC negativo;
2. Presença do genótipo D em 20 casos com infecção oculta pelo HBV.
3. Hepatite B oculta foi maior nos co-infectados VHC.
Pinarbasi et
al., 2009 Turquia 286
Mulheres trabalhadoras do sexo.
4,5 (13/286)
1. Pesquisa de AgHBs; anti-HBs; e DNA-VHB;
2. Se DNA-VHB-positivo: pesquisa de AgHBe; AgHBc; anti-HBe; genótipo de VHB; e os genes S e precore (PC)/promotor mutações do núcleo básico (BCP)
1. 32,5% (n=93) anti-HBs-positivo; sendo nos 13 casos DNA-VHB: 11 anti-HBs-positivo; e 2 anti-HBs-negativo;
2. Nesses 13 casos DNA-VHB: 10 anti-HBc-positivo; e 7 anti-HBe-posivito;
3. Todos 13 casos tinham genótipo D VHB; 4. A mutação do gene S não foi detectada em nenhuma
amostra sérica.
Shavakhi et
al., 2009 Irã 103
1. Portadores de hepatite C crônica;
2. Média da idade: 42,5 anos;
3. 82 (79,6%) homens; (20,4%) mulheres.
19,4 (20/103)
1. Clínica de hepatite C crônica, anti-HCV-positivo; e RNA-VHC (6 meses);
2. Pesquisa de DNA-VHB (PCR para análise das regiões S, C e X). Aqueles com 2 reações PCR-positiva para as três regiões mencionadas, foram considerados portadores de VHB oculto;
3. Exclusão: (a) detecção de anti-HBs no soro; (b) tratamento anterior para VHC; (c) RNA-VHC indetectável; (d) alcoolismo (>40g de álcool/semana); (e) portadores de outras doenças crônicas do fígado; (f) uso de imunossupressores; (g) portador de HIV
1. Hepatite B oculta em 18,3% (15/82) dos homens; e em 23,8% (5/21) das mulheres;
2. 41,7% (43/103) eram anti-Hbc-positivo, e entre esses 30,2% (13/43) apresentaram DNA-VHB;
3. Nos 60 casos anti-HBc-negativo, foi de 11,7% (7/60) detecção de DNA-VHB;
4. Foi estatisticamente semelhante média de idade (anos) dos portadores de VHB oculto (39,9 ± 10,49) versus daqueles sem VHB oculto (42,39 ± 12,26). Nesses 2 grupos, não houve diferença estatisticamente significativa da concentração de AST (aspartato aminotransferase) e de ALT (alanina aminotransferase);
CONTINUA
- 39 -
QUADRO III. [continuação].
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Stuart et al., 2009
Holanda 191
Portadores de HIV, sem prévio tratamento anti-
retroviral.
4,7 (9/191)
1. HIV-positivo; concentração plasmática de RNA-HIV e de linfócitos CD4;
2. Quantificação DNA-VHB (PCR, >50 cópias/ml);
3. Pesquisa de anti-VHC; ALT; AST; e gama-glutamil transferase (δ-GT).
1. Prevalência foi de 11,1% entre os 45 anti-HBs-negativos (anti-HBc isolado positivo).
2. O nível de HBV DNA no plasma dos casos com VHB oculto foi > 50 cópias/ml.
3. Casos com VHB oculto tinham concentração CD4, significativamente, mais baixa versus grupo DNA-VHB-negativo.
Asim et al., 2010
Índia 2.175 Doadores de sangue AgHBs-negativo
7,5 (31/413)
1. Sorologias: AgHBs; anti-HBc; anti-HBs; e AgHBe;
2. Quantificação do DNA-VHB (PCR).
1. A taxa de anti-HBc positivo foi de 18,9% (413/2175). Destes, 153 anti-HBs - e 260 anti-HBs +.
2. A taxa de HBV DNA foi de em 7,5% (31/413), entre os anti-HBc positivos.
Bagaglio et
al., 2011 Itália 29
Portadores de HIV; e anti HBc-positivo; e AgHBs-negativo
31 (9/29) 1. HIV soropositivos 2. Testes sorológicos: Anti HBc +, AgHBs -, HBV e HBV DNA
1. 9(31%) apresentaram sinais de Hepatite B Oculta durante o período de estudo (100 semanas - 48 semanas de interrupação da HAART e 52 semanas de seguimento à HAART). HAART - terapia antiretroviral altamente ativa. 2. 3 pacientes apresentaram HBV DNA + intermitente; 6 pacientes apresentaram após retomada HAART. 3. Não houve diferença significativa nas transaminases hepáticas entre paciente com HBV DNA + e HBV DNA -
CONTINUA
- 40 -
QUADRO III. [continuação].
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Cardona et al., 2011
Venezuela 150
17% (26/150):Anti HBc + 31% (25/80): Anti HBc+, maiores de 15 anos 1,3% (2/150): HBsAg +
32,8(23/70) Análise de sorologias: Anti HBc, HBsAg,HBV DNA
1. Dos 70 soros testados para HBV DNA: 25 (36%): HBV DNA +, sendo 2 destes HBsAg+ 2. Dos 68 soros restantes que foram testados: 23 soros (Hep. B oculta). Destes, 13 eram HBV DNA +, em 25 antiHBc + (52%); e 10 HBV DNA + entre 43 antiHBc -(23%).
Cheung et al., 2011
Hong kong 47 47 pacientes portadores
de linfoma em quimioterapia
21,2(10/47)
1.Clínica de linfoma 2. Anti-HBsAb e / ou anti-HBcAb positivos, 3.AgHBs negativo 4. Sorologias (AgHBs, anti-HBsAb, anti-HBcAb, HBV DNA) e resultado bioquimico do fígado obtidos antes e depois da quimioterapia (entre 4 ou 12 semanas após quimioterapia ou morte) 5. Exclusão de pacientes com histórico de vacinação contra o VHB ou infecção por hepatite C concomitante
1. 21% (10/47) dos pacientes com linfoma eram portadores de hepatite B oculta. 2. Valor médio de HBV DNA: 89 Ul / ML (intervalo < 34-807 Ul/ Ml). 3. 10 pacientes apresentaram aumento em 10 vezes no valor de HBV DNA persistente por 4 semanas e com reativação bioquímica. 4. Demais pacientes com sorologias positivas para hepatite B oculta, apresentaram flutuação no nível de HBV DNA, mas sem reativação associado à bioquímica.
Liu et al., 2011
China 405 Pacientes com linfoma não-Hodgkin
5,45(3/55) Sorologias: Anti HBc, HBsAg, anti-Hbs e análise da presença de HBV DNA.
1.As taxas positivas foram: HBsAg (11,6%), anti-HBs (39,8%)eanti-HBc(47,9%). 2.As taxas positivas de células B foram: HBsAg(13,3%), anti-HBs (40,6%) e anti-HBc (53,2%). 3.As taxas positivas de células T foram: HBsAg (7,1%), anti-HBs (37,5%) e anti-HBc (33,9 %). 4.A taxa de HBV DNA foi de 23% (93/405). 5.Entre estes 93, 50% em 38 casos de LNH foram HBsAg-positivos 6. 5,5% em 55 casos de LNH foram HBsAg negativos, mas com HBcAb positivo.
CONTINUA
- 41 -
QUADRO III. [continuação].
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Albuquerque et al., 2012
Brasil 752
752 pacientes em hemodiálise (idade média entre 15,1 e 50 anos, ambos os sexos - sendo 58,1% homens)
1,5(3/201)
Foram feitas os seguintes testes sorológicos: 1. HBs Ag, anti-HBc e anti-HBs . 2. Amostras HBsAg - foram testadas para anti-HBc total e os que foram + para anti-HBc total foram testados para anti-HBs. 3. Em amostras anti-HBc +, foram investigadas HBV DNA(PCR). 4. Em HBV DNA, foram investigados mutações e genótipos envolvivos.
1. Todos os soros analisados foram HbsAg negativos. 2. Soroprevalência de anti-Hbc total foi de 26,7% (201/752); 3. Dos anti-HBc total positivos (n=201), foram encontrados 67,2%(135/201) anti-HBs positivos; 4. A prevalência de infecção oculta foi de 1,5%( 3/201), 2 destes apresentaram anti-HBc e anti-HBs positivos, e 1 apresentou anti-HBc + positivo isolado. 5. A infecção oculta envolveu os genótipos A - 33,3%, (1/3) e D - 66,7%(2/3); 6. Anti-HBc total isolado foi encontrado em 5,7% dos pacientes.
Elgohry et al., 2012
Egito 93 93 pacientes AgHBs
negativos em hemodiálise 26,8(25/93)
1.Sorologias: HBV, HCV. 2. Quantificação HBV DNA (PCR) 3. Testes de função hepática
1. 26,8% (25/93) foram HBV DNA positivos; 2. Dos HBV DNA positivos: 72%(18/25) foram anti-HCV positivos, 12%( 3/25) foram anti-HBc e anti-HBs positivos e apenas 4%(1/25) foi negativo para ambos anticorpos; 3. 60% (15/25) foram positivos apenas para anti-HBc e 24% (6/25) foram positivos apenas para anti-HBs.
Panigrah et
al., 2012 Índia 112
HIV positivos virgens de tratamento.
10,7 (12/112)
1.Sorologias: AgHBs, anti-HBs, anti-HBc, anti-HCV e anti-HIV 2.Quantificação HBV DNA (PCR) 3.Quantificação HIV RNA
1. 33,9%(38/112) dos pacientes eram anti-HBc positivos, indicando infecção por HBV. 2.HBV DNA detectado em 12/38 (31,5%) entre os antiHBc e 50% tinham contagens de células T CD4 <200 células / mm. 3. A prevalência de HBV oculto foi 10,7% (12/112) com HBsAg-ve/antiHBc + ve pacientes infectados pelo HCV (2,7%).
CONTINUA
- 42 -
QUADRO III. [Continuação]
Autor(s), ano País n amostral Características % (Hp B
oculta/total) Critério(s) diagnóstico(s) Cepas VHB e Outras características
Cassini et al., 2013
Itália 38 38 pacientes HIV positivos (24 AgHBs - e 14 HBsAg+)
29(7/24)
1.. Sorologia: AgHBs 2. Avaliação HBO: amostras do soro, tecido do fígado e células mononucleares pela amplificação do genoma nas regiões S, X, pre core/core. 3. Quantificação HBV DNA (PCR)
1. HBV-DNA + na amostra do tecido do fígado (LT) em 29% (7/24), sendo prevalente no genótipo D (57%); 2. A taxa de HBV-DNA foi de 6/7 (86%) nas células mononucleares e em nenhuma das amostras de tecido do fígado; 3.Nos casos oculto-positivos, a replicação de HBV foi significativamente mais elevadas no tecido do fígado (LT) do que nas células mononucleares no sangue periférico (PBMC); 4.. Menor carga HBV-DNA (nas LT e PBMC) nos casos de hepatite B oculta em relação ao grupo de HBV positivo; 5.A permutação do gene S em PBMC e uma mutação no nucleótido C695 posição na LT, que produz um codão de terminação da tradução no aminoácido 181 do gene HBs característico da HBO.
Saitta et al., 2013
Itália 44
44 pacientes com tumores solidos (sem doença no fígado), submetidos à quimioterapia
9,09(4/44)
1. Teste bioquímico para doença no fígado 2. Sorologias para hepatite B e hepatite B oculta 3. Amostras coletadas nos pontos de tempo 1,2 e 3(antes de iniciar, entre os ciclios e 6 meses após quimioterapia, respectivamente).
1. A taxa de anti-HBc positivo foi de 27,3% (12/44). 2. A taxa de hepatite B oculta(HBO) foi de 9,09% (4/44). 3. HBV DNA foi positivo nos pontos 1 e 2 (um caso), no ponto de tempo 1(um caso) e nos pontos de tempo 2 e 3 (dois casos), entre casos de HBO.
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