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Germinação de berinjela (Solanum melongena L.) em função da aplicação
de cera de carnaúba hidrolisada - CCH.
Francisco José Carvalho Moreira1; Giovannia Barros Parente1; Maria Lita Côrrea
Padinha1; Renato Innecco1; Sérgio Horta Mattos¹. 1UFC-CCA, Departamento de Fitotecnia, Caixa Postal: 60356-001. Fortaleza-CE. e-mail: franzecm@ig.com.br RESUMO
Métodos físicos e químicos são utilizados para promover a germinação de algumas espécies
de plantas. A aplicação de substâncias sintéticas, como auxinas, tem um custo muito
elevado. Assim, objetivou-se com este estudo verificar o efeito da cera de carnaúba
hidrolisada (CCH), substância natural e abundante no nordeste, na germinação de sementes
de berinjela. O ensaio constou de 5 concentrações de CCH (0; 10; 20; 40 e 80ml.L-1), em
delineamento inteiramente casualizado com 4 repetições de 25 sementes cada. As
sementes foram postas para germinar em potes de polietileno contendo como substrato areia
de rio lavada e esterilizada. As variáveis analisadas foram: percentagem (%), índice de
velocidade (IVE) e tempo médio de germinação (TME) e peso seco das plântulas (PSP). Os
resultados mostraram que a aplicação de CCH não favoreceu as variáveis estudadas.
Palavras-chave: Copernicia prunifera; germinação; hortaliça; sementes; triacantanol.
ABSTRACT – Gerrmination of Solanum melongena L. in function of application of
hydrolyzed carnauba wax - HCW. Physical and chemical methods are utilized for
promoting the germination of some vegetables species. The application of synthetics
substances, as auxinas, has a very high cost. Thus, this study had the objective of verifying
the effect of hydrolyzed carnauba wax (CCH), natural substance and abundant in the
northeast, on the eggplant seeds germination. The test consisted of 5 concentrations of CCH
(0; 10; 20; 40 and 80ml.L-1), in entirely randomized experimental design with four repetitions
of 25 seeds each one. The seeds were sowed in polyethylene pots containing as substract
river sand washed and sterilized. The analyzed variables were: percentage (%), speed rate
(IVE) and mean time of germination (TME) and seedlings dry weight (PSP). The results
shown that the CCH application was not favorable to the studied variables.
Keywords: Copernicia prunifera; germination, seeds, vegetables, triacontanol.
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INTRODUÇÃO
A berinjela (Solanum melongena L.), pertencente à família Solonaceae, é originária das
zonas tropicais da Índia e da China. Apresenta-se em três tipos: brancas, amareladas e as
roxas, que são as mais comuns (Antonini et al, 2002). É uma hortaliça muito apreciada na
culinária, podendo ser preparada à milanesa, massa para patês e pastas, assada no
forno/brasa e até como suco.
A germinação rápida e uniforme é uma caracterista que todo produtor de mudas deseja,
contudo, isto não acontece freqüentemente. Alguns tratamentos foram desenvolvidos como
mecanismos que podem sobrepor este problema, quais sejam, imersão das sementes em
água por um determinado período, água corrente, água quente (60, 70, 80, 90ºC, etc), além
de métodos que envolvem a aplicação de substâncias sintéticas, como ácido giberélico
(Ferri, 1986). Contudo, as auxinas sintéticas têm um custo muito elevado, não sendo
acessível ao pequeno produtor de mudas. Neste sentido a pesquisa tem buscado encontrar
na natureza substâncias que posam substituí-las, sem prejuízo no resultado final. Assim, o
triacontanol (C30H62O), álcool encontrado em alguns vegetais (cana-de-açúcar, arroz), tem
demonstrado eficácia como substituto das auxinas sintéticas (CHEMEXPER, 2005). Outras
espécies também apresentam este composto, entre elas à carnaúba (Copernicia prunifera
(Miller)) (SEAGRI, 2005).
Em vista do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da cera de carnaúba
hidrolisada na germinação de sementes de berinjela.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Análises de Sementes, do Departamento de
Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, no período de
fevereiro a março de 2005.
As sementes utilizadas para este ensaio foram da empresa Top Seed®. Utilizou-se como
tratamentos cinco concentrações de cera de carnaúba hidrolisada - CCH (0, 10, 20, 40 e
80ml.L-1). As sementes foram divididas em cinco lotes, os quais receberam as respectivas
concentrações de CCH e permaneceram imersas nestas soluções por 10 minutos, sendo em
seguida semeadas em potes de polietileno de 15cm de diâmetro e 5cm de altura, contendo
como substrato areia de rio peneirada, lavada e esterilizada. As variáveis analisadas foram:
a. emergência: observou-se e anotou-se diariamente o número de sementes que emergiam;
b. índice de velocidade de emergência: determinou-se a partir dos dados do teste de
germinação, c. tempo médio de emergência: determinou-se também a partir dos dados
3
observados no teste de germinação; d. peso seco das plântulas: realizou-se ao final do teste
de germinação. Foram retiradas todas as plântulas normais e agrupadas em parcelas e
postas em estufa de circulação de ar forçada a 105±3ºC por 24 horas e em seguida foram
pesadas em balança de 0,001g de precisão.
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC) com 4 repetições de 25 sementes
cada. As médias obtidas foram submetidas à análise de variância (Banzato e Kronka,1988) e
os resultados expressos em gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados da análise de variância, observou-se que as variáveis
percentagem de emergência (%E), índice de velocidade de emergência (IVE) e peso seco
das plantas (PSP) foram significativos, sendo mais bem representadas pelas regressões
cúbica e quadrática, respectivamente. A variável tempo médio de emergência (TME) não
apresentou significância.
É possível verificar nas Figuras 1A e 1B o comportamento da germinação e do IVE, os quais
apresentaram comportamento semelhantes. Com o aumento da concentração de cera de
carnaúba hidrolisada – CCH, nota-se que houve um decréscimo nestas variáveis para as
concentrações de 10 e 20ml.L-1 de CCH, porém quando estas foram de 40 e 80 ml.L-1 a
germinação permaneceu praticamente constante. Para a variável TME os valores foram de
8,8 a 9,7, portanto a aplicação de CCH não interferiu nesta variável. Para a variável peso
seco das plantas, percebe-se pela Figura 2, que ela se comportou de forma decrescente
com o aumento da concentração de CCH, permanecendo praticamente constante para as
últimas concentrações testadas, 40 e 80ml.L-1. Estes resultados contrastam com os
observados por Castro et al. (1987) estudando este efeito no milho e no tomate.
Percebeu-se que as plântulas provenientes das maiores concentrações de cera de carnaúba
hidrolisada – CCH apresentavam-se necrosadas. De acordo com os resultados observados é
possível afirmar que a CCH não melhorou o desempenho germinativo das sementes de
berinjela.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTONINI, A C. C; ROBLES, W. G. R.; TESSARIOLI NETO, J.; KLUGE, R.A. Capacidade
produtiva de cultivares de berinjela. Hortic. Bras. vol.20, n.4, Brasília. Dec. 2002.
BANZATO D. A. e KRONKA, S. N. Experimentação agrícola. Jaboticabal. FUNEP, 1989.
247p.
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CASTRO, P.R.C.; HENRIQUE, A.A.; FUMIS, T.F.; BABONI JR., A.C.; MINARELLI, A.M.; DI
STASI, L.C.; RODRIGUES, J.D. Efeitos do triacontanol na germinação de milho e
tomateiro. Anais da ESALQ, 44:891-99, 1987.
CHEMEXPER. 1-Triacontanol. http://www.chemexper.com/chemicals/supplier/cas/593-50-
0.html. Acesso em 30 de março de 2005.
FERRI, M.G. Fisiologia Vegetal. (textos de vários autores). São Paulo. 2º edição. Volume 2.
EPU,1986. 401p.
PROGRAMAS E PROJETOS: Carnaúba. Disponível em: http://www.seagri.ce.gov.br/ .
Acesso em: 18 de março de 2005
Figura1. Percentagem (A) e índice de velocidade de emergência (B) de sementes de berinjela
em função da aplicação de cera de carnaúba hidrolisada – CCH. Fortaleza-CE. UFC, 2005.
Figura 2. Peso seco das plântulas de berinjela em função da aplicação de CCH. Fortaleza-
CE. UFC, 2005.
P e s o S e co d a s P la n ta s (g /p a rce la )
y = 3E-05x 2 - 0 ,0029x + 0,1084R2 = 0 ,9396
0
0 ,0 5
0 ,1
0 ,1 5
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0C o n ce tra çõ e s (m l.L -1)
PS
P (
g/pa
rcel
a)
Percentagem de germinação
y = -0,0013x3 + 0,1638x2 - 4,957x + 77,08R2 = 0,7876
0
25
50
75
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80Concentrações (ml.L-1)
% d
e ge
rmin
ação
Índice de Velocidade de Emergência
y = -4E-05x3 + 0,0052x2 - 0,1551x + 2,2506R2 = 0,8562
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 10 20 30 40 50 60 70 80Concentrações (ml.L-1)
IVE
A B
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