geração y x infelicidade
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22/11/13 Porque os jovens profissionais da geração Y estão infelizes | Demografia Unicamp
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Esta é a Ana.
Ana é parte da Geração Y, a geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da
década de 1990. Ela também faz parte da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da geração Y.
“Yuppie” é uma derivação da sigla “YUP”, expressão inglesa que significa “Young Urban
Professional”, ou seja, Jovem Profissional Urbano. É usado para referir-se a jovens profissionais
entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe
média e a classe alta. Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham em suas
profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. - Wikipedia
Eu dou um nome para yuppies da geração Y — costumo chamá-los de “Yuppies Especiais e Protagonistas
da Geração Y”, ou “GYPSY” (Gen Y Protagonists & Special Yuppies). Um GYPSY é um tipo especial de
yuppie, um tipo que se acha o personagem principal de uma história muito importante.
Então Ana está lá, curtindo sua vida de GYPSY, e ela gosta muito de ser a Ana. Só tem uma pequena
coisinha atrapalhando:
Ana está meio infeliz.
Para entender a fundo o porquê de tal infelicidade, antes precisamos definir o que faz uma pessoa feliz, ou
infeliz. É uma formula simples:
É muito simples — quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando,
ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.
Para contextualizar melhor, vamos falar um pouco dos pais da Ana:
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Os pais da Ana nasceram na década de 1950 — eles são “Baby Boomers “. Foram criados pelos avós da
Ana, nascidos entre 1901 e 1924, e definitivamente não são GYPSYs.
Na época dos avós da Ana, eles eram obcecados com estabilidade econômica e criaram os pais dela para
construir carreiras seguras e estáveis. Eles queriam que a grama dos pais dela crescesse mais verde e
bonita do que eles as deles próprios. Algo assim:
Eles foram ensinados que nada podia os impedir de conseguir um gramado verde e exuberante em suas
carreiras, mas que eles teriam que dedicar anos de trabalho duro para fazer isso acontecer.
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Depois da fase de hippies insofríveis, os pais da Ana embarcaram em suas carreiras. Então nos anos 1970,
1980 e 1990, o mundo entrou numa era sem precedentes de prosperidade econômica. Os pais da Ana se
saíram melhores do que esperavam, isso os deixou satisfeitos e otimistas.
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Tendo uma vida mais suave e positiva do que seus próprios pais, os pais da Ana a criaram com um senso
de otimismo e possibilidades infinitas. E eles não estavam sozinhos. Baby Boomers em todo o país e no
mundo inteiro ensinaram seus filhos da geração Y que eles poderiam ser o que quisessem ser, induzindo
assim a uma identidade de protagonista especial lá em seus sub-conscientes.
Isso deixou os GYPSYs se sentindo tremendamente esperançosos em relação à suas carreiras, ao ponto de
aquele gramado verde de estabilidade e prosperidade, tão sonhado por seus pais, não ser mais suficiente.
O gramado digno de um GYPSY também devia ter flores.
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Isso nos leva ao primeiro fato sobre GYPSYs:
GYPSYs são ferozmente ambiciosos
O GYPSY precisa de muito mais de sua carreira do que somente um gramado verde de prosperidade e
estabilidade. O fato é, só um gramado verde não é lá tão único e extraordinário para um GYPSY. Enquanto
seus pais queriam viver o sonho da prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu próprio sonho.
Cal Newport aponta que “seguir seu sonho” é uma frase que só apareceu nos últimos 20 anos, de acordo
com o Ngram Viewer, uma ferramenta do Google que mostra quanto uma determinada frase aparece em
textos impressos num certo período de tempo. Essa mesma ferramenta mostra que a frase “carreira
estável” saiu de moda, e também que a frase “realização profissional” está muito popular.
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Para resumir, GYPSYs também querem prosperidade econômica assim como seus pais – eles só querem
também se sentir realizados em suas carreiras, uma coisa que seus pais não pensavam muito.
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Mas outra coisa está acontecendo. Enquanto os objetivos de carreira da geração Y se tornaram muito mais
específicos e ambiciosos, uma segunda ideia foi ensinada à Ana durante toda sua infância:
Este é provavelmente uma boa hora para falar do nosso segundo fato sobre os GYPSYs:
GYPSYs vivem uma ilusão
Na cabeça de Ana passa o seguinte pensamento: “mas é claro… todo mundo vai ter uma boa carreira, mas
como eu sou prodigiosamente magnífica, de um jeito fora do comum, minha vida profissional vai se
destacar na multidão”. Então se uma geração inteira tem como objetivo um gramado verde e com flores,
cada indivíduo GYPSY acaba pensando que está predestinado a ter algo ainda melhor:
Um unicórnio reluzente pairando sobre um gramado florido.
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Mas por que isso é uma ilusão? Por que isso é o que cada GYPSY pensa, o que põe em xeque a definição de
especial:
es-pe-ci-al | adjetivo
melhor, maior, ou de algum modo
diferente do que é comum
De acordo com esta definição, a maioria das pessoas não são especiais, ou então “especial” não significaria
nada.
Mesmo depois disso, os GYPSYs lendo isto estão pensando, “bom argumento… mas eu realmente sou um
desses poucos especiais” – e aí está o problema.
Uma outra ilusão é montada pelos GYPSYs quando eles adentram o mercado de trabalho. Enquanto os
pais da Ana acreditavam que muitos anos de trabalho duro eventualmente os renderiam uma grande
carreira, Ana acredita que uma grande carreira é um destino óbvio e natural para alguém tão excepcional
como ela, e para ela é só questão de tempo e escolher qual caminho seguir. Suas expectativas pré-trabalho
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são mais ou menos assim:
Infelizmente, o mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser muito
difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas
sem flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar fazendo algo
grande e importante nos seus vinte e poucos anos.
Mas os GYPSYs não vão apenas aceitar isso tão facilmente.
Paul Harvey, um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, e expert em
GYPSYs, fez uma pesquisa onde conclui que a geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande
resistência em aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”. Ele diz que “uma grande
fonte de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas
geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de
habilidade e esforço, e talvez não obtenham o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.
Para aqueles contratando membros da geração Y, Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma
entrevista de emprego: “Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se
sim, por quê?”. Ele diz que “se o candidato responde sim para a primeira parte mas se enrola com o
porquê, talvez haja um senso inflado de grandeza. Isso é por que a percepção da grandeza é geralmente
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baseada num senso infundado de superioridade e merecimento. Eles são levados a acreditar, talvez por
causa dos constantes e ávidos exercícios de construção de auto-estima durante a infância, que eles são de
alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais para essa convicção”.
E como o mundo real considera o merecimento um fator importante, depois de alguns anos de formada,
Ana se econtra aqui:
A extrema ambição de Ana, combinada com a arrogância, fruto da ilusão sobre quem ela realmente é, faz
ela ter expectativas extremamente altas, mesmo sobre os primeiros anos após a saída da faculdade. Mas a
realidade não condiz com suas expectativas, deixando o resultado da equação “realidade – expectativas =
felicidade” no negativo.
E a coisa só piora. Além disso tudo, os GYPSYs tem um outro problema, que se aplica a toda sua geração:
GYPSYs estão sendo atormentados
Obviamente, alguns colegas de classe dos pais da Ana, da época do ensino médio ou da faculdade,
acabaram sendo mais bem-sucedidos do que eles. E embora eles tenham ouvido falar algo sobre seus
colegas de tempos em tempos, através de esporádicas conversas, na maior parte do tempo eles não sabiam
realmente o que estava se passando na carreira das outras pessoas.
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A Ana, por outro lado, se vê constantemente atormentada por um fenômeno moderno: Compartilhamento
de Fotos no Facebook.
As redes sociais criam um mundo para a Ana onde: A) tudo o que as outras pessoas estão fazendo é público
e visível à todos, B) a maioria das pessoas expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos e de suas
realidades, e C) as pessoas que expôe mais suas carreiras (ou relacionamentos) são as pessoas que estão
indo melhor, enquanto as pessoas que estão tendo dificuldades tendem a não expor sua situação. Isso faz
Ana achar, erroneamente, que todas as outras pessoas estão indo super bem em suas vidas, só piorando
seu tormento.
Então é por isso que Ana está infeliz, ou pelo menos, se sentindo um pouco frustrada e insatisfeita. Na
verdade, seu início de carreira provavelmente está indo muito bem, mas mesmo assim, ela se sente
desapontada.
Aqui vão meus conselhos para Ana:
1) Continue ferozmente ambiciosa. O mundo atual está borbulhando de oportunidades para pessoas
ambiciosas conseguirem sucesso e realização profissional. O caminho específico ainda pode estar incerto,
mas ele vai se acertar com o tempo, apenas entre de cabeça em algo que você goste.
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2) Pare de pensar que você é especial. O fato é que, neste momento, você não é especial. Você é
outro jovem profissional inexperiente que não tem muito para oferecer ainda. Você pode se tornar
especial trabalhando duro por bastante tempo.
3) Ignore todas as outras pessoas. Essa impressão de que o gramado do vizinho sempre é mais verde
não é de hoje, mas no mundo da auto-afirmação via redes sociais em que vivemos, o gramado do vizinho
parece um campo florido maravilhoso. A verdade é que todas as outras pessoas estão igualmente
indecisas, duvidando de si mesmas, e frustradas, assim como você, e se você apenas se dedicar às suas
coisas, você nunca terá razão pra invejar os outros.
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