gentrificação e as favelas cariocas - por theresa williamson para osterio © catalytic communities
Post on 11-Jul-2015
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O que é a gentrificação?
A alteração das dinâmicas da composição de um local, através de novos comércios de estilo ou preço
incompatíveis com a média do local, entrada de moradores com maior renda, ou investimentos
públicos que valorizam a região.
Tal valorização é seguida de um aumento de custo de aluguéis, bens e serviços, dificultando a permanência de antigos moradores de renda insuficiente para sua
manutenção no local cuja realidade foi alterada.
Como diagnosticar a gentrificação?
1. Mudança econômica – Perda de moradia e comércio acessível2. Mudança cultural – Perda da especificidade e caráter3. Mudança social – Perda de valores comunitários
O Caso do Rio de Janeiro
“É uma enorme alegria para a gente, poderlibertar áreas da cidade que estavam tomadaspelo poder paralelo.”
-- Governador Sérgio Cabral
“É uma enorme alegria para a gente, poderlibertar áreas da cidade que estavam tomadaspelo poder paralelo.”
Libertar áreas? Mas para quem? E para quê?
O que está acontecendo, na prática?
E daí?
O que define todas as favelas?1. Bairros que brotam a partir
de uma necessidade não atendida por habitação
2. Sem regulamentaçãoexterna
3. Estabelecida pelosmoradores
4. Evoluindo com base na cultura e no acesso a recursos, empregos, conhecimento e a cidade
Qualidades de Desenvolvimento“Estilo-Favela"
• Moradia acessível em áreas centrais• Moradia perto do trabalho• Baixa verticalidade, alta densidade• Orientadas para pedestres• Alto uso de bicicletas e transporte público• “Uso misto” (moradia e comércio)• Arquitetura orgânica• Ação coletiva• Incubadoras culturais• Alta taxa de empreendorismo
“É um afronto àarquitetura da
favela”
bit.ly/FavelaModelo
O Que Falta?
EducaçãoSaúde
SaneamentoSegurança
Segurança FundiáriaFormalização
Material e técnicas de construçãoCapacitação para o trabalho
Educação financeiraEtc.
Segurança
Educação/ Capacitação/
Creches / Emprego / Educ.
Finan.
Saúde: Clinicaslocais
Saneamento: esgoto, água,
lixo
Habitação: acesso à
materiais de construção,
técnicos
Concessionáriasde serviços
básicos: formalização e pagamentosprogressivos
Formalização do comércio local
Titulação (Fundo de PossoColetiva)
Receita paraIntegração
Serviçospúblicos
prestados pelogoverno,
pagos atravésde impostos
Serviçospúblicosprestados ouvoltados parao mercado, pago porconsumidores
Começe aqui
Objetivos:
1. Assegurar que os moradores irão tirar proveito do desenvolvimento
2. Criar a capacidadede pagar e partilhar
3. Evitar exploração
Segurançaaumento de
aluguel
Concessionáriasde serviços
básicos: formalização e pagamentosprogressivos
Formalização do comércio local
Titulação de terras (titulação
individual definitiva)
Saneamento: esgota, água e
lixo
Educação/ Capacitação / Formação /
Empregos / Ed. Financeira
Saúde
Moradia
Receita paraGentrificação
Serviçospúblicosprestados ouvoltados parao mercado, pago porconsumidores
Serviçosprestados pelo
governo, através dos
impostospagos para os
serviçospúblicos
O que está de fato acontecendo?
Conclusão…
O poder público está ativamente financiando a gentrificação nas favelas sob o pretexto de "combate à pobreza"
Remoção e Gentrificação
IMPORTANTE!
Em qualquer grande cidade do mundo pelomenos 20-30% dos moradores não ganham o suficiente para pagarem moradia à preço de mercado. Como resultado, toda cidade bem-
sucedida do mundo desenvolve uma forma de responder à essa demanda obrigatória por
moradia.
Moradia à Preços Acessíveis
Cada Um do Seu Jeito
• Nova Iorque: 10% em moradia pública + política de controle de alugúeis + novos prédios construídos com 20% das unidades para baixa-renda
• Santiago: 20% moradores recebem subsídios para casa própria
• Zurich: 30% da população mora em cooperativas• Londres: 24% recebe aluguel social, além da habitação
pública (17% p/ Inglaterra)• Hong Kong: 49% da população mora em habitação
pública• Singapura: 90% da população mora em habitação
pública
“De certa perspectiva, favelas como a Providência, incubadoras históricas do samba e do funk brasileiro, são verdadeiros modelos do que Paes defende: são diversas, densas, organicamente desenvolvidas com habitações acessíveis -o oposto do Minha Casa Minha Vida.” – Michael Kimmelman
O Potencial de se Criar umaCidade Singular
O Rio como exemplo de um urbanismo…
Criativo
Inclusivo
Sustentável
Como seriam as favelas do Rio com investimento, justiça e criatividade?
“Aqui (temos) a oportunidade de criar umaexperiência de vida para a humanidade muito boa.”
Possíveis AçõesInformação
• Conscientização sobre processo de gentrificação e como tirar proveito/conduzir
• Educação financeira – preparando moradores para investirem, venderem, outirarem empréstimos com responsabilidade
Exploração
• Rede comunitária “Cama e Café”
• Qualificação de mão de obra local – e.g. Guias locais, cursos de línguas
• Proporcionar apoio para investimentos pelos próprios moradores – e.g. investimento em quartos para aluguel
• Comércio local à preços acessíveis
Proteção
• Zoneamento mixto – comércio para várias faixas de renda
• Estratégias de titulação coletiva – políticas que mantêm “favelas como moradia àpreço acessível”
• Promoção da cultura local – empregar ações afirmativas que caracterizam a população
“Temos que fazer com que o morador não precise sair
daqui. Que ele possa ganharem cima deste movimentode forma que não perca a
identidade.”
Vozes de Moradores do Vidigal
“Vai melhorar isso aqui. Mas quem vai estar aqui
para aproveitar?”
“Porque embargaram as obrasdos moradores, mas obras de
hotéis continuam?”
“O que será da identidadedeste lugar? Todo o sangue
que nós derramamos. Literalmente.”
“A cultura é bem-vinda. (Mas) até que ponto essa
troca está sendo positiva?”
“Era quase uma vila. Tinhaprivacidade no local. Agora pessoas entram filmando e
fotografando.”
“Minha esperança: Todo mundovai estar falando inglês ou
espanhol. Meu medo: Quem éque vai estar aqui falando o inglês
ou espanhol?”
“Nunca me imaginei saindo do Vidigal. Eu amo o Vidigal.”
Não quero perder…
Contato humano. Localidade. Geografia. Minha casa. Cosmopolita. Atividades para os
meus filhos. Os trabalhos sociais. Convíviocom vizinhos. Cultura popular e local –
pagode, funk, a cervejinha. A identidade da favela. As relações sociais. A espacialidade. Relação forte de vizinhança. A localização. Minha história, minha identidade. Culturade acolher “quem vem.” A paisagem. Sua
essência. Amizade entre moradores. Podervisitar a orla, conviver com pessoas do
mundo inteiro.
Como é que seria o Rio se nós realmente
reconhecéssemos a contribuição das
favelas—e seusmoradores—à cidade,
e apoiássemos seufuturo
desenvolvimento de forma que honrasse o
conhecimento e história de seus
moradores? Fotos: Maria Buzanovsky
O Rio pode servir de exemplo para o
mundo. Um novo padrão de integração
participativa.
Exatamente o legadonecessário com a
ONU prevendo 1/3 da humanidade emassentos informais
até 2050.
Theresa WilliamsonComunidades Catalisadoras
theresa@comcat.org
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