formulacao de misturas minerais para bovinos
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8/6/2019 Formulacao de Misturas Minerais Para Bovinos
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Formulao de misturas minerais para bovinos
Marco Antonio Alvares Balsalobre1
Ana La Moreira Martins1
Adriano Eduardo Cruz1
Cristiane Sevilla1
1. Introduo
Diante da deficincia de alguns minerais na composio das plantas forrageiras, se
faz necessrio a suplementao dos animais que consomem, principalmente, as plantas
tropicais.
H situaes onde a suplementao mineral pode no ser necessria para
determinadas categorias animais, como o caso das pastagens temperadas, quer seja
gramneas, leguminosas ou reas consorciadas e animais em terminao.
No Brasil, estima-se que 500 empresas se dedicam fabricao de suplementos
minerais. Algumas dessas empresas so associadas Associao Brasileira das Indstrias
de Suplementos Minerais ASBRAM, que por sua vez ligada ao SINDIRAES
(Sindicato Nacional da Indstria de Alimentao Animal).
As empresas de suplementao mineral tm importncia no s na fabricao mas,
como tambm, na comercializao dos produtos. Cerca de 70% dos pecuaristas adquirem
seus produtos diretamente da fbrica, enquanto que apenas 30% compram de revendas oucooperativas. Quanto maior o tamanho do rebanho maior a proporo de pecuaristas que
compram seus produtos diretamente dos prprios fabricantes.
2. Normas para produo de suplementos mineraisO Ministrio da Agricultura e Abastecimento (MAPA) regulamenta a fabricao
dos suplementos minerais, desde sua classificao, composio, registro e fiscalizao nomercado.
Diante da Instruo Normativa No 12 (IN12) de 11 de outubro de 2002, os
suplementos so denominados:
1 Bellman Nutrio Animal Ltda.
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a) suplemento mineral: quando possuir na sua composio macro e ou micro
elemento mineral, podendo apresentar, um valor menor que quarenta e dois por cento de
equivalente protico;
b) suplemento mineral com uria: quando possuir na sua composio macro e ou
micro elemento mineral e no mnimo quarenta e dois por cento de equivalente protico;
c) suplemento mineral protico: quando possuir na sua composio macro e ou
micro elemento mineral, pelo menos vinte por cento de protena bruta e fornecer no mnimo
trinta gramas de protena bruta por cem quilos de peso corporal;
d) suplemento mineral protico energtico: quando possuir na sua composio
macro e ou micro elemento mineral, pelo menos vinte por cento de protena bruta, fornecer
no mnimo trinta gramas de protena bruta e cem gramas de NDT por cem quilos de peso
corporal.Quanto forma de uso, podem ainda ser classificados como: de pronto uso, para
fornecimento direto ao animal , ou para mistura , quando deve ser adicionado a algum outro
ingrediente antes da fornecimento.
Os suplementos minerais devem respeitar os valores mnimos de nveis de garantia
apresentados na Tabela 1 e 2.
Tabela 1. Nveis mnimos de garantia para suplemento mineral de bovinos em lactaoe de bovinos de corte.
Garantia/kg Bovinos leiteiros emLactao
Bovinos de corte e outrascategorias de bovinos
leiteirosMACROMINERAIS (g/kg)
Clcio Relao de 1:1 at 7:1 cofsforo
Relao de 1:1 at 7:1 como fsforo
Fsforo 73,0 40,0Magnsio 15,0 5,0
MICROMINERAIS (mg/kg)Cobalto 25,0 15,0Cobre 650,0 400,0
Iodo 40,0 30,0Mangans 1000,0 500,0Selnio 10,0 5,0Zinco 2500,0 2000,0
VITAMINAS (UI/kg)Vitamina A 100.000 100.000Vitamina D 10.000 10.000Vitamina E 1.000 1.000Consumo mdio estabelecido (g/dia) 70,0 70,0
1 Consumo mdio a ser considerado por unidade animal (450kg)
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A Tabela 2 apresenta os nveis mnimos de garantia para suplemento com uria,protico e protico energtico.
Tabela 2. Nveis de garantia para suplemento mineral com uria, protico e proticoenergtico para bovinos em lactao e de bovinos de corte.
Bovinos leiteiros em lactaoGarantiaMineral protico1 Mineral protico
energtico1Mineral com
uria1
PB (%) mnimo 20,0 20,0 -Percentual da PB proveniente do NNP (%) mximo 85,0 85,0 -NNP-Equivalente protico (%) mnimo - - 42Consumo de PB (g/ 100kg de peso corporal) mnimo 30,0 30,0 -Consumo de NDT (g/100kg de peso corporal) mnimo - 100,0 -
MACROMINERAIS (g/100kg peso corporal)Clcio Relao de 1:1 at 7:1 com o fsforoFsforo (mnimo) 1,1 1,1 1,1Magnsio (mnimo) 0,2 0,2 0,2
MICROMINERAIS (mg/100kg de peso corporal)Cobalto (mnimo) 0,4 0,4 0,4
Cobre (mnimo) 10,0 10,0 10,0Iodo (mnimo) 0,6 0,6 0,6Mangans (mnimo) 16,0 16,0 16,0Selnio (mnimo) 0,2 0,2 0,2Zinco (mnimo) 39,0 39,0 39,0
VITAMINAS (UI/100kg de peso corporal)Vitamina A (mnimo) 1500 1500 1500Vitamina D (mnimo) 150 150 150Vitamina E (mnimo) 15 15 15
Bovinos de corte e outras categorias de bovinos de leiteGarantia Mineral protico1 Mineral protico
energtico1Mineral com
uria1
PB (%) mnimo 20,0 20,0 -
Percentual da PB proveniente do NNP (%) mximo 85,0 85,0 -NNP-Equivalente protico (%) mnimo - - 42Consumo de PB (g/100kg de peso corporal) mnimo 30,0 30,0 -Consumo de NDT(g/100kg de peso corporal) mnimo - 100,0 -
MACROMINERAIS (g/100kg peso corporal)Clcio Relao de 1:1 a 7:1 com o fsforoFsforo (mnimo) 0,6 0,6 0,6Magnsio (mnimo) 0,1 0,1 0,1
MICROMINERAIS (mg/100kg de peso corporal)Cobalto (mnimo) 0,2 0,2 0,2Cobre (mnimo) 6,0 6,0 6,0Iodo (mnimo) 0,5 0,5 0,5Mangans (mnimo) 7,8 7,8 7,8Selnio (mnimo) 0,1 0,1 0,1Zinco (mnimo) 31,1 31,1 31,1
VITAMINAS (UI/100kg de peso corporal)Vitamina A (mnimo) 1500 1500 1500Vitamina D (mnimo) 150 150 150Vitamina E (mnimo) 15 15 15
1O consumo do produto dever ser calculado com base no valor mnimo da faixa deconsumo recomendada.
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A IN12 ainda apresenta a Tabela de Referncia, na qual constam a exigncia diria
de uma Unidade Animal em mantena, para os minerais, vitaminas A, D e E, protena bruta
e energia (em forma de NDT), considerados Valores de Referncia. A quantidade fornecida
em 100 gramas de suplemento dos itens acima descritos. O percentual da exigncia (Valor
de Referncia) atendida por estas 100 gramas de suplementos.
Esta tabela importante para diferenciar os suplementos disponveis no mercado,
pois como a quantidade convencionada para todos (100 gramas), ao se fazer comparaes
entre produtos, possvel compreender com maior clareza qual suplemento atende melhor
uma determinada exigncia. Na prtica, compara-se quanto do percentual da exigncia do
animal cada um dos suplementos consegue atender.
Tabela 3. Quantidade fornecida de nutrientes em 100 g de produto comparado exigncia em relao ao Valor de Referncia -VR
GarantiaValor de
Referncia -VR1Quantidade
fornecida por 100gde suplemento
Quantidade em % doVR fornecida por 100g
de suplementoConsumo de PB (g/dia) 550,0Consumo de NDT (g/dia) 4000,0
MACROMINERAIS (g/dia)Clcio 14,0Fsforo 11,0
Sdio 7,0Magnsio 9,0Enxofre 13,5Potssio 54,0
MICROMINERAIS (mg/dia)Cobalto 0,9Cobre 90,0Iodo 4,5Mangans 180,0Selnio 0,9Zinco 270,0Ferro 450,0
VITAMINAS (UI/dia)Vitamina A 20.000Vitamina D 2.500Vitamina E 350
1 Valor dirio de referncia para mantena de um animal de 450 kg de peso corporal
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Atualmente a indstria de alimentos para animais, a includos os suplementos
minerais, podem ser certificadas pelo Programa de Boas Prticas de Fabricao (BPF),
desenvolvido pelo Sindiraes - Sindicato Nacional da Indstria de Alimentao Animal, e
apoiado pela Asbram - Associao Brasileira das Indstrias de Suplementos Minerais, e
Andifs - Associao Nacional para a Difuso dos Fosfatos .
Este programa tem como meta recomendar empresas que adotem prticas
mundialmente reconhecidas para a melhoria da qualidade e segurana dos alimentos
destinados a animais. Objetiva facilitar e incentivar a padronizao de procedimentos e
normas para a produo, evitando contaminaes e garantindo a rastreabilidade.Os tpicos
considerados pelo Programa so:
Matrias primas Edificaes e instalaes Equipamentos e utenslios Higienizao Fabricao Identificao, armazenamento e distribuio Controle de pragas Garantia e controle de qualidade Garantia de rastreabilidadeDe todos os aspectos abordados pelo BPF talvez o mais complicado de ser
implantado a rastreabilidade. Os outros itens podem ser difceis de serem adotados,
porm, seguem uma lgica de controle de qualidade e higiene. Entretanto, deve-se ressaltar
que a conscientizao da mo-de-obra da indstria em relao hbitos de higiene e
limpeza, so entraves difceis de serem rompidos. Os principais pontos de controle para que
se tenha adequada rastreabilidade dos produtos dentro de uma fbrica (matria prima,
produtos semi-acabados e acabados) so:
Registro de controle e acompanhamento de lotes de produo Identificao do nmero do lote nas embalagens de produto acabado Registro do nmero de lote em todos os materiais e matrias primas
armazenadas
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Registro do nmero de lote na nota fiscal de compra e de venda Cadastro de fornecedor Cadastro de cliente
O Programa de BPF do Sindiraes est sendo avaliado pelo Eurepgap para
possvel harmonizao e reconhecimento. O Eurepgap o Programa de Boas Prticas do
Euro-Retailers Produce Working Group, representado pelos principais supermercadistas
europeus, que visa garantir aos seus consumidores, carnes saudveis, livres de
contaminantes e produzidas de forma socialmente correta. A fazenda que obtiver o
certificado Eurepgap ter que comprar insumos de fornecedores tambm certificados.
3. Formulaes e matria-primaPara a indicao do uso de um suplemento mineral deve-se levar em considerao
trs pontos fundamentais:
A exigncia animal A composio da forragem Consumo do suplemento
Isso parece ser bvio e, de certa forma, muito simples. Entretanto, devem ser
ressaltados alguns pontos que ainda no so muito claros. Em relao exigncia de
minerais pelos ruminantes existem dvidas, haja visto que somente em 2001 o NRC
apresenta a exigncia de minerais por ruminantes por um mtodo fatorial. Nas novas
tabelas do NRC (2001) levado em considerao a exigncia do animal para o ganho de
peso, produo de leite, mantena, prenhez e perdas endgenas, fecais e urinrias. As
exigncias calculadas (requerimento lquido) so divididas pelo coeficiente de absoro de
cada mineral, ento chega-se ao valor de exigncia de tabela. A vantagem do mtodo
fatorial que se pode estimar a exigncia dos animais para uma larga faixa de nveis de
produo e estgios fisiolgicos. O NRC (2001) adota coeficientes fixos de absoro dos
minerais (Tabela 4).
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Tabela 4- Coeficiente de absoro dos minerais segundo o NRC (2001).
Mineral Coeficiente de absoro (%)Ca 38P 64 70*Na 90
Cl 90K 90Mg 28,7S 100Co 100Cu 4I 85Fe 10Mn 0,75Se 100Zn 15
* 64% para forragem e 70% para concentrados
Informaes de biodisponibilidade de minerais nos alimentos so escassas,
principalmente em forrageiras tropicais. H que se estudar a forma que os minerais esto
presentes nas plantas e quais os fatores que interferem em suas biodisponibilidades
(Nicodemo, 2005).
Fsforo
O fsforo por ser o elemento mineral de maior custo nos programas de
suplementaes no Brasil, o mais controverso e o que se tem mais foco de discusso.
A absoro real do fsforo de diferentes fontes foi estudada por Vitti et al. (1992),
onde observou que, para ovinos, o fosfato biclcico apresentou coeficiente de absoro de
62%, enquanto o super triplo, o monofosfato amnio e a farinha de ossos apresentaram,
respectivamente, 70%, 59% e 67%. Nesse mesmo trabalho, fontes de fosfato de rocha
apresentaram, 42%, 43% e 44%, respectivamente, para fosfato acidulado, fosfato de Patos e
fosfato de Tapira.Alm de fontes de fsforo, o nvel de fsforo na dieta interfere na absoro do
elemento. Dietas deficientes em P apresentam maiores coeficientes de absoro (Nicodemo,
2005). As interaes entre elementos tambm provocam alteraes nos coeficientes de
absores dos minerais.
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O fosfato biclcico a fonte de fsforo mais utilizada. Existem pequenas variaes
entre os fosfatos biclcicos que valem ser comentadas. O fosfato biclcico obtido atravs
do cido ortofosfrico (cido fosfrico), que por sua vez tem origem nas rochas fosfricas.
Assim, quanto mais pura for a rocha, maior a qualidade do cido dela originado, uma vez
que possui menor teor de contaminantes. sabido que as rochas gneas so mais puras que
as metamrficas, que so mais puras que as Sedimentares.
O cido ortofosfrico por sua vez, depois de desfluorizado, reage com calcrio ou
cal e d origem ao fosfato biclcico (ortofosfato biclcico).
A reao qumica entre o cido fosfrico e a fonte de clcio ocorre em duas etapas
quase que instantaneamente, neutraliza inicialmente o primeiro hidrognio e, se tiver mais
fonte de base (Ca++) o segundo hidrognio. Esta neutralizao dos dois primeiros
hidrognios ocorre em pH cido, j o terceiro ocorre em pH bsico, sendo mais difcil deacontecer.
O fosfato biclcico produzido via cal virgem um produto, com pH variando do
neutro para bsico, apresentando acidez residual prximo de zero conforme resfriamento e
cura do produto. Pode-se encontrar fosfatos biclcicos assim produzido, com excesso de cal
no reagida, ocasionando srios transtornos de manuseio e podendo causar reaes na
mucosa da boca do animal.
Os produzidos via cal hidratada so produtos composto de 90% de fosfato biclcico
e 10% de fosfato monoclcico, com pH prximo ao neutro. Dependendo do teor de fsforo
desejado no produto final as propores iniciais podem ser alteradas para maior com o pH
do produto final cido. Alguns produtos com excesso de cal hidratada no reagida so
encontrados com o pH bastante bsico. Tambm apresenta dificuldade de manuseio, se
tiver cal livre em excesso.
Os produzido via calcrio so produtos compostos de 85% de fosfato biclcico e
15% de fosfato monoclcico, com pH cido (prximo a 6), que tambm, dependendo do
teor de fsforo no produto final poder alterar consideravelmente as propores iniciais e o
pH final sempre cido. Todos os produtos obtidos desta maneira possuem calcrio no
reagido, que pode ser facilmente identificado pela adio de um cido qualquer sobre o
material decompondo o calcrio gerando gs carbnico. Neste caso o excesso de calcrio
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no reagido no trs nenhum transtorno e ainda mantm o equilbrio Mono/Biclcico por
muito mais tempo.
No h trabalhos que comprovem maior ou menor biodisponibilidade do fsforo
para os diferentes fosfatos biclcicos produzidos no Brasil.
O monoamnio fosfato pode ser utilizado como fonte de fsforo, porm, devido
sua higroscopicidade, pode provocar problemas de manuseio no campo (mela e
empedramento).
Os fosfatos de rocha no so possveis de serem usados devido a imposio do nvel
mnimo de flor nos suplementos, onde deve se manter uma relao menor que 90:1 para
fsforo: flor e, alm disso no se permite mais que 2000 ppm de flor no suplemento
Enxofre
O enxofre um componente essencial das protenas em vegetais e animais e seu
teor est diretamente relacionado com o teor de protena dos alimentos. componente de
aminocidos como a metionina, cistina e cistena, e tambm ocorre nos tecidos animais em
vrias formas de sulfato. Alm disso, o enxofre faz parte das vitaminas biotina e tiamina.
A maior parte do enxofre absorvido no intestino delgado e representa o enxofre
que fora incorporada protena microbiana, sendo armazenado principalmente na forma de
aminocidos sulfurados.
As dietas deficientes em enxofre conduzem reduo da sntese de protena
microbiana, provocando subnutrio protica, afetando o consumo de alimentos e,
consequentemente, o ganho de peso. Os principais sinais de deficincia de enxofre so a
anorexia, apatia, perda de peso, fraqueza e lacrimejao. Ocorre acmulo de cido ltico no
rmen, sangue e urina.
As forrageiras tropicais, geralmente apresentam baixas concentraes de enxofre.
Isso se deve dois fatos: forragens com estdio avanado de maturidade e, conseqente
baixo teor de protena e, onde os solos so pobres em enxofre. Um agravante, so as reas
de pastagens fertilizadas. A utilizao de adubos mais concentrados, visando a reduo de
custos, tem contribudo para uma menor utilizao de enxofre nas pastagens adubadas,
proporcionando maiores deficincias na forragem e consequentemente nos bovinos.
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Uma boa relao N/S seria de 14/1, portanto plantas com 10% de protena teriam
por volta de 0,12% de S. No entanto, mesmo plantas com mais de 10% de protena os
teores de S em pastagens de cerrado so menores que 0,10%. Desse modo, verifica-se que
um animal adulto ingerindo 10 kg de matria seca, consome menos de 10 gramas de S via
forragem. Sua exigncia de 15 g, desse modo, teria que consumir por volta de 5 g de S
atravs do sal mineral, isso significa consumo de 300 g de um produto com 1,5% de S
(valor mdio encontrado nos suplementos minerais). Esse consumo praticamente
impossvel de ser atingido. Nesses caso a concentrao ideal no suplemento mineral, seria
entre 4 e 5% de enxofre.
Ateno especial deve ser dada suplementao com enxofre em pastagens
tropicais, pois poucos produtos comerciais contm concentrao de enxofre maiores que
1%, alguns suplementos no possuem enxofre.H uma corrente tcnica que d ateno especial ao clcio devido formao de
oxalatos. Compostos que fixam o clcio e reduzem sua absoro pelos animais. Isso no
muito significativo. A formao de oxalatos importante em poucas regies e com plantas
especficas, geralmente as do gnero setria e que esto em ambientes com fertilidade de
solo desequilibrada. O clcio do fosfato biclcico (fonte de fsforo), j supriria as
necessidade de clcio. Alm disso, no rmen existem bactrias que degradam oxalatos,
Oxalobacter formigenes. Essas bactrias so muito eficientes na degradao desses
compostos, pois, devido o fato da degradao dos oxalatos em cido frmico e CO2
gerarem pouca energia, elas necessitam degradar grandes quantidade de oxalatos para
suprir suas exigncias (Nicodemo, 2005).
xidos e sulfatos
No Brasil h uma restrio pelo uso de xidos dando preferncia para os sulfatos.
Para alguns minerais os sulfatos apresentam maior biodisponibilidade que os xidos,
entretanto, para outros, como o caso do zinco, os sulfatos e xidos apresentam a mesma
eficincia (Tabela 5).
O uso de xido facilita o manuseio do suplemento mineral, pois os sulfatos so mais
higroscpicos que os xidos, isso pode causar o empedramento dos suplementos.
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A restrio de fontes de minerais via xidos pode ser devido o fato de, em anos
anteriores, haver altas contaminaes de fontes metlicas nessas matrias-primas, as quais
apresentam baixa biodisponibilidade. Atualmente tem-se disponvel no mercado nacional
boas fontes de xido de zinco, principalmente.
Tabela 5 Biodisponibilidade de diferentes fontes de minerais.
Mineral SuplementoConcentraomineral (%)
BiodisponibilidadeRelativa (RV)
Mineraldisponvel (%)
Carbonato de Clcio 38 100.00 38.00Farinha de ossos 24 110.00 26.40Cloreto Clcio(dihidratado)
31 125.00 38.75
Fosfato biclcico 20 110.00 22.00Calcrio 36 90.00 32.40
Clcio
Fosfato monoclcio 17 130.00 22.10Sulfato de cobalto 21 100.00 21.00xido cobltico 73 20.00 14.60Carbonato de cobalto 47 110.00 51.70
Cobalto
xido de cobalto 70 55.00 38.50Sulfato cprico 25 100.00 25.00Cobre EDTA varivel 95.00 varivelCobre lisina varivel 100.00 varivelCloreto cprico 58 115.00 66.70xido cprico 75 15.00 11.25Sulfito cprico 66 25.00 16.50
Cobre
Acetato cuproso 51 100.00 51.00Iodeto de potssio 69 100.00 69.00Iodato de sdio 84 100.00 84.00IodoIodato de clcio 64 95.00 60.80Sulfato ferrosoheptahidratado
20 100.00 20.00
Citrato frrico varivel 110.00 varivelEDTA frrico varivel 95.00 varivelFitato frrico varivel 45.00 varivel
Ferro
Carbonate ferroso 38 10.00 3.80Sulfate de magnsio 20 100.00 20.00
Acetato de magnsio 29 110.00 31.90Carbonato de magnsio 31 100.00 31.00
Magnsio
xido de magnsio 55 100.00 55.00Sulfato de mangans 30 100.00 30.00Carbonato de mangans 46 30.00 13.80Dixido de mangans 63 35.00 22.05Mangans metionina varivel 125.00 varivel
Mangans
Monxido de mangans 60 60.00 36.00
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Fosfato de sdio varivelFarinha de ossos 21 100.00 21.00FsforoFosfato biclcico 18 85.00 15.30Selenito de sdio 45 100.00 45.00Selenito de cobalto varivel 105.00 0.00
Selnio metionina varivel 245.00 0.00
Selnio
Selnio levedura varivel 290.00 0.00Cloreto sdio 40 100.00 40.00
SdioBicarbonato de sdio 27 95.00 25.65Sulfato de zinco 36 100.00 36.00Carbonato de zinco 56 60.00 33.60Zinco
xido de zinco 72 100.00 72.00
Hale et al. (2001).
Novos minerais
Na formulao de minerais deve-se levar em considerao os novos minerais:
cromo e molibdnio. Alm desses; alumnio, nquel, arsnio, slica, estanho e vandio, so
minerais que tm suas exigncias provadas para animais de laboratrio, porm no para
ruminantes.
Embora, tambm o cromo e molibdnio no tenham suas exigncias estabelecidas,
vrios programas tm incorporado esses em suas formulaes, principalmente o cromo. O
molibdnio apresenta alta concentraes nas forragens no Brasil (.....RSBZ) e,aparentemente no necessita ser suprido. Alm disso, deve se tomar cuidado em reas de
solos arenosos onde calagens recentes foram feitas, pois a calagem aumenta a
disponibilidade de Mo e reduz a disponibilidade de cobre. Esse desequilbrio pode causar
problemas de intoxicao por Mo e deficincia severa de Cu pelos ruminantes, podendo
provocar a morte de animais.
O cromo existe em boas quantidades nas dietas, pois est presente como
contaminante em matrias-primas. O fosfato biclcico uma dessas matrias-primas que
possui cromo.
A forma orgnica do cromo apresenta uma absoro de 10 a 15% do total ingerido
contra 1 a 3% da forma inorgnica (Chang et al.,1992). A razo disso pode estar
relacionada com a formao de xidos de cromo insolveis, interferncia de outros
elementos (zinco, ferro e vandio) e baixa ou nenhuma converso da forma inorgnica para
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orgnica pela falta do cido nicotnico. Durante o estresse, o metabolismo da glicose
diminui devido ao aumento do cortisol no sangue. O cortisol preveni a entrada da glicose
nos tecidos perifricos, resultando na elevao da glicose sangnea e conseqente
mobilizao de cromo, sendo este eliminado via urina.
A sugesto de exigncia pelos animais de 1 mg de cromo por 100 kg de PV, e
presente na dieta na concentrao de 0,5 mg de cromo por Kg de MS. O NRC (1989)
recomenda ingesto mxima na dieta de 3000 mg/Kg para xido de cromo e de 1000mg/Kg
para cloreto de cromo.
Segundo Arthington et al. (1997), a suplementao com 3 mg de cromo/animal/dia
no influenciou as taxas de ACTH (hormnio adrenocorticotrfico), cortisol e resposta
imune de 12 bezerros inoculados comHerpesvirus Bovino tipo I. Kegley et al., (1997), no
observaram efeitos positivos com a suplementao de cromo na influncia da respostaimune nos animais inoculados com IBR, e no foram observadas diminuies do estresse
nos animais que foram transportados a distncia de 343 Km.
Em outro trabalho, Kegley et al., (1997) avaliaram o desempenho animal e o
metabolismo da glicose na alimentao de bezerros holandeses com cromo nicotnico e
cloreto de cromo com menos de 1 semana de idade. Foram observados diminuio da
concentrao de glicose sangnea e um maior ganho de peso na suplementao com cromo
nicotnico em alguns perodos do experimento, mas no tiveram efeito no experimento
todo.
Para Mowat et al. (1993) a adio de cromo quelatado na suplementao de
bezerros mostrou-se benfica, diminuindo o estresse dos animais, em conseqncia da
diminuio da glicose e cortisol sangneo.
Subiytno et al. (1996), tambm observaram diminuio de glicose e insulina no
perodo pr-parto com suplementao de cromo. Assim como, Depew et al., (1998)
avaliaram que a suplementao com tripicolinato de cromo diminuram os nveis de glicose
em novilhos e novilhas.
Peruca (20003), suplementou bezerros com cromo orgnico. Foi avaliado o efeito
da suplementao de 1 mg de cromo orgnico/animal/dia via oral durante 132 dias, em 24
bezerros, divididos em 4 perodos submetidos ao estresse de insolao (sob exposio
direta ao sol) e/ou estresse por transporte (100 km a cada 14 dias). Obteve resultados
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satisfatrios de ganho de peso e diminuio de estresse no terceiro perodo do experimento.
No quarto perodo os resultados foram dependentes das fontes de estresse as quais eram
submetidos os animais. No experimento todo os resultados no foram satisfatrios.
Tabela 6 Desempenho animal de bezerros suplementados ou no com cromo
orgnico e submetidos diferentes tipos de tratamentos.
Ganho de peso (kg/cabea.dia)TRATAMENTOS
Com cromo Sem cromo
Animais expostos ao sol 0,49 0,47
Animais c/ acesso sombra 0,64 0,55
Animais c/ acesso sombra e transportados 0,62 0,56
Animais expostos ao sol e transportados 0,50 0,52
Adaptado de Peruca (2003).
Orgnicos
Minerais quelatados tm o apelo de uso de apresentarem uma eficincia de absoro
maior, com isso poder-se-ia usar menores quantidades de determinados minerais. O menor
uso de minerais com maior absoro reduziria a poluio ambiental e melhoraria odesempenho dos animais. Entretanto, os minerais quelatados ainda no tiveram suas
eficcias comprovadas. Na maioria das vezes oneram demasiadamente o custo com
suplementao sem retorno em desempenho animal.
So denominados quelatos os compostos formados por ons metlicos seqestrados
por aminocidos, peptdeos ou complexos polissacardeos que proporcionam a esses ons
alta disponibilidade biolgica, alta estabilidade e solubilidade.
Minerais sob a forma de sais inorgnicos so geralmente ionizados no estmago e
absorvidos no duodeno, onde o pH cido determina a sua solubilidade. Para a absoro so
ligados protenas e incorporados pela membrana das clulas da mucosa intestinal
(Ashmed, 1993). Por outro lado, os minerais quelatados so absorvidos no jejuno,
atravessam as clulas da mucosa e passam diretamente para o plasma. A separao do
aminocido quelante d-se no local onde o mineral metlico utilizado (Ashmed, 1993).
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De forma geral h vantagens em se usar minerais orgnicos, entretanto, fica uma
dvida que a pesquisa deve esclarecer. O uso de maiores quantidade de minerais
inorgnicos, com menor biodisponibilidade, no seria suficiente para se atender as
exigncias dos animais?
A resposta para essa indagao seria que: O uso de maiores quantidades de
determinado mineral poder reduzir a absoro de outro. E no se poderia aumentar a
concentrao desse outro?
Parece que o nico argumento de uso relacionado menores concentraes de
minerais nas dietas dos animais com o objetivo de reduo de contaminao ambiental.
Ser que isso importante para pases tropicais como o Brasil?
As dvidas de uso de minerais orgnicos so devido o alto custo desses. A Tabela 7
apresenta a faixa de custo de algumas fontes de minerais orgnicos e inorgnicos.
Tabela 7- Custos unitrios do elemento para diferentes fontes.
Custo/kg do elementoElemento
Orgnico Inorgnico
Clcio 107,00 226,00
Magnsio 117,00 303,00
Cobre 283,00 451,00Zinco 137,00 1096,00
Mangans 183,00 3570,00
Cromo 571,00 3169,00
4. Uso de aditivosEm muitos caso o suplemento mineral a nica forma de viabilizar o uso de
aditivos via oral. cada vez mais evidente o suplementos minerais ser usado como veculo
desses aditivos, so eles:
- ionforos- probiticos
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- inseticidas fisiolgicos- vermfugos- hormnios- homeopatias- fitoterapias- enzimas fibrolticas
Os ionforos, quando utilizados em dietas com alto teor de fibra, como as
pastagens, aumentam o desempenho animal. Os trabalhos com monensina, o ionforo mais
estudado com ruminantes, indicam aumento de ganho de peso entre 50 e 100 g/cabea/dia.
Ocorre que a monensina apresenta problemas de falta de consumo adequado quando usada
em altas concentraes (acima de 200 ppm), como o caso de suplementos minerais. Osoutros ionforos (lasalocida, salinomicina etc.) precisam ser melhores testados em
suplementos minerais.
Os probiticos, especificamente algumas estirpes de leveduras (Saccharomyces
cerevisae) podem trazer benefcios quando ingeridos por animais em pastagens tropicais. O
motivo de seu uso o aumento de desempenho animal, na ordem de 50 g/cabea/dia. O
aumento do desempenho animal pode ser explicada pela promoo de um melhor ambiente
ruminal, o que faz melhorar a digesto da fibra.
O diflubenzuron, inseticida fisiolgico, o princpio ativo de um produto comercial
que vem sendo adicionado ao sal mineral para o controle da mosca-do-chifre. A sua
eficcia alta, pois o modo de ao (inibe a formao de quitina da larva da mosca-do-
chifre) comprovado. O diflubenzuron adicionado ao suplemento mineral, aps ingerido
pelo animal passa pelo trato digestivo e acumulado nas fezes onde ir atuar. As
experincias de no resultado com o uso do produto, na maioria das vezes, se explica pelo
no consumo adequado do suplemento mineral.
Alguns vermfugos esto sendo usados adicionados ao sal mineral com bons
resultados. Porm, trabalhos com dosagem e tempo de fornecimento devem ser feitos. O
maior problema que poder ocorrer com o uso de vermfugos no suplemento mineral
quanto ao consumo irregular entre animais e ao longo dos dias. A recomendao desse
produtos de pouco tempo (alguns dias).
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Progesterona tem sido testada para uso em suplemento mineral para auxlio em
protocolos de inseminao artificial em tempo fixo. Os resultados so promissores,
entretanto, como j discutido para o caso de vermfugos, a possvel falta de resultado,
certamente estar associado ao consumo errtico de suplemento.
Homeopticos e fitoterpicos tem sido largamente usados em nossa pecuria nos
ltimos anos, entretanto, o uso desses aditivos, com raras excees no encontra respaldo
cientfico.
Enzimas fibrolticas adicionadas ao suplemento mineral tem um grande apelo de
uso, pois, todas nossas pastagens possuem altos teores de fibra e, praticamente, todos
nossos animais tm acesso ao suplemento mineral. Entretanto, ainda no podemos contar
com um produto com resultados comprovados.
5. Referncias bibliogrficas NRC. Nutrient Requirements of dairy cattle. 7 ed. National Academy Press,
Washington, DC: USA, 2001.
NRC. Nutrient Requirements of dairy cattle. 6 ed. National Academy Press,Washington, DC: USA, 1989.
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Depew 1998 (ana la)
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