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FITOSSOCIOLOGIA APLICADA À COBERTURA VEGETAL NO RIACHO DO SANTA
BÁRBARA, SÃO LUÍS-MA
Hermeneilce Wasti Aires Pereira Cunha – UNESP - wasti_uema@yahoo.com.br1
Quésia Duarte da Silva – UNESP – quesia@cecen.uema.br2 Regina Célia de Castro Pereira – UNESP - regina@cecen.uema.br3
RESUMO
O presente trabalho analisa as características fitossociológicas de dois lotes na microbacia do rio Santa Bárbara
em São Luís-MA, área de ocupação relativamente antiga, que vem passando por um processo de crescimento
populacional e expansão da ocupação de áreas com efeitos sobre a qualidade ambiental local. Considerando a
dinâmica do local, procedeu-se o levantamento fitossociológico das formações vegetais. A representação gráfica
foi feita com uso das pirâmides vegetais, a partir do programa VEGET que sintetiza as informações sobre o
ambiente e os estratos vegetativos. Os lotes analisados neste trabalho apresentam características
fitossociológicas semelhantes em virtude da proximidade entre eles, de suas similitudes geoambientais e de uso
e ocupação inadequados do solo. As pirâmides vegetais indicam que os estratos arbóreo e herbáceo são
predominantes quanto à diversidade biológica e à abundância/ dominância. O estrato arbóreo dos lotes está em
dinâmica regressiva em função das pressões ambientais da comunidade, que retira constantemente as espécies
para fins domésticos e comerciais. No estrato herbáceo, os lotes estão em dinâmica progressiva; isto ocorre em
virtude da colonização do ambiente desmatado pelas famílias Araceae, Ciperacea, Heliconia e Brachiaria.
Estas espécies são típicas de ambientes degradados onde os solos recebem maior radiação solar pela ausência ou
redução de espécies de portes superiores. Os estratos arbustivo e arborescentes têm menor representatividade
quanto à diversidade biológica e dominância/ abundância. No primeiro lote, as espécies de porte arborescente
apresentam dinâmica progressiva, enquanto no segundo, apresentam dinâmica regressiva. Associa-se à
progressão do estrato arborescente do lote 1 ao intenso corte das espécies arbóreas, possibilitando a expansão
das espécies arborescentes. No segundo caso, a dinâmica é regressiva devido ao corte constante de espécies
também neste estrato. As espécies presentes no estrato arbustivo apresentam comportamentos diferenciados nos
dois lotes que estão diretamente relacionados à dinâmica dos estratos superiores. No primeiro lote a dinâmica é
equilibrada, considerando a expansão do estrato arborescente, a altura média e cobertura da superfície pelas
espécies dos estratos. No lote 2 a dinâmica é progressiva em razão da regressão das espécies de portes
superiores.
1 Aluna do Curso de Pós-Graduação em Geografia – Doutorado da UNESP – Campus de Presidente Prudente-SP.
2 Aluna do Curso de Pós-Graduação em Geografia – Doutorado da UNESP – Campus de Presidente Prudente-SP.
3 Aluna do Curso de Pós-Graduação em Geografia – Doutorado da UNESP – Campus de Presidente Prudente-SP.
ABSTRACT
This paper analyses the phyto-sociological characteristics of two lots in the micro-basin of the Santa
Barbara stream in São Luís, MA, Brazil, a relatively ancient occupation area, that is undergoing a
population growing process and expansion of the occupation affecting the local environmental
conditions. Taking into account the local dynamics it has been done the phyto-sociological survey of
the vegetal formations. The graphical representation was the vegetal pyramid, from the VEGET
software which synthesizes information about environment and vegetative strata. The lots analyzed
presented similar phyto-sociological characteristics due to its proximity, to its geo-environmental
equalities and to inadequate soil use and occupation. Vegetal pyramids indicate that arboreal and
herbaceous strata are predominant as biological diversity and as abundance/dominance. The arboreal
strata of the lots are in a regressive dynamics as function of environmental pressures in the community,
who constantly extracts species to commercial and household uses. The lots in the herbaceous strata
are in a progressive dynamics due to the colonization of the deforested environment by families of
Araceae, Ciperacea, Heliconia and Brachiaria. This species are typical in degraded environments where
the soil gets more solar radiation due the absence or depletion of the higher species. The arboreous and
arborescent strata are less representative in terms of biologic diversity and abundance/dominance. The
arborescent species presented progressive dynamics in the first lot, and regressive in the second. The
progression of the arborescent stratus in the lot 1 is possibly due to the intensive cropping of the
arboreous species, allowing the expansion of the arborescent species. The regression dynamics in the
second case is due also to the constant cropping of the species in this stratus. In the two lots the species
of the arboreous stratus present distinct behaviors which are directly related to the dynamics of the
higher strata. Taking in account the expansion of the arborescent stratus, the average height and the
surface cover, the dynamics is equilibrated in the first lot. In the second lot, due to the regression of the
higher species the dynamics is progressive.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho analisa as características fitossociológicas de dois lotes na microbacia
do rio Santa Bárbara, área de ocupação relativamente antiga, que vem passando por intenso processo
de crescimento populacional e expansão da ocupação de áreas com efeitos sobre a qualidade ambiental
local, uma vez que avança sobre áreas de matas ciliares e de recarga de aqüíferos.
Considerando a dinâmica do local, procedeu-se o levantamento fitossociológico das
formações vegetais situadas no núcleo da referida microbacia, que, por estarem sujeitas a impactos,
necessitam de estudos para fins de manejo de uso e conservação das mesmas. Neste aspecto,
considera-se que a vegetação é um “sensor” que adverte sobre as mudanças que experimenta
determinado ecossistema (PASSOS, 2003).
O estudo do ecossistema, entendido numa perspectiva mais horizontalizada, possibilita a
caracterização de fenômenos presentes na dinâmica das paisagens, uma vez que a análise não se
restringe às relações entre os elementos bióticos e abióticos, mas, alcance a relação sociedade-natureza
entre os compartimentos do ecossistema.
É neste sentido que os estudos das comunidades vegetais através de parâmetros como
sociabilidade, dominância, número de indivíduos em cada estrato possibilita avaliar o estado atual e a
tendências das espécies. Para tanto as fichas fitossociológicas elaboradas por Bertrand e Kuchler
facilitam a análise (PAULA e FERREIRA, 2005).
A representação gráfica da análise fitossociológia foi feita com uso das pirâmides vegetais,
a partir do programa Veget (UGIDOS e PASSOS, 1996) que sintetiza as informações sobre o ambiente
o qual foi feita a análise, e os estratos vegetativos com indicativos dos estados de progressão, regressão
ou equilíbrio.
Os lotes analisados neste trabalho apresentam características fitossociológicas semelhantes
em virtude da proximidade entre eles, de suas similitudes geoambientais e de uso e ocupação
inadequados do solo. Verificou-se que as pressões ambientais que ocorrem nos ambientes são
refletidas na dinâmica fitossociológica que, por sua vez, está relacionada à redução da biodiversidade
causando desequilíbrios nos ciclos de produção de energia e matéria e nas possibilidades de recursos
para a comunidade. Entende-se que os resultados aqui apresentados são importantes para compreensão
da dinâmica das paisagens na área de estudo.
2. MATERIAL E MÉTODO
Para o alcance do objetivo proposto a pesquisa foi realizada seguindo as etapas:
a) Revisão bibliográfica e documental
A fundamentação teórica desta pesquisa deu-se a partir das obras de Silva (2001), Passos
(2000 e 2003), Paula e Ferreira (2005), Bertrand e Bertrand (2007), relacionadas à caracterização da
área e aos temas Análise da Paisagem e Fitossociologia. Tais leituras foram de grande valia para a
análise das formações vegetais de dois lotes selecionados da sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara.
b) Escolha da área de estudo
A área-objeto de estudo - sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara, está localizada na
porção sudeste do município de São Luís-MA. A escolha desta área se deu em função de sua ocupação
inadequada, deflagrada a partir de meados de 1960, resultando num processo de degradação da
cobertura vegetal.
Além disto, esta área tem sido objeto de estudo de projetos de pesquisa diversos
desenvolvidos por Silva (2001) e Cunha e Silva (2007), os quais geraram informações relacionadas à
caracterização geoambiental com mapas diversos. Destaca-se ainda que até o presente momento não
existem trabalhos de fitossociologia da área.
c) Trabalho de campo
A coleta de dados foi realizada, em uma atividade de campo, no dia 8 de julho de 2008.
Para a análise dos parâmetros estabelecidos, foram escolhidas duas áreas denominadas de P1 e P2, de
tamanho 20m x 30m, demarcadas com o uso de trena e fita de demarcação, para realizar um recorte
significativo do meio com a finalidade de verificar os estratos vegetativos e as espécies presentes
nestes dois pontos, bem como, sua densidade, freqüência, dominância relativa e o grau de degradação.
Contou-se ainda com equipamento digital para: registro fotográfico, observação visual e
levantamento de dados fitossociologicos. A partir de então foi feito o preenchimento das fichas de
levantamento fitossociológico relacionadas às espécies de cada estrato vegetativo das áreas e às
características geoambientais do espaço recortado.
d) Análise e interpretação dos dados
Os dados levantados em campo foram organizados e analisados com o uso do programa
VEGET, adaptado para a caracterização da vegetação, bem como a sucessão e o grau de sociabilidade
das espécies (método do inventário fitossociológico) aplicado à Biogeografia. Através do
preenchimento de dados de campo, foram elaboradas pirâmides de vegetação, com ilustração do
comportamento evolutivo das formações vegetais investigadas.
Nesta fase de execução do trabalho foram utilizados os materiais: GPS Garmim Etrex 12
canais, câmera digital Sony 3.2 Mega Pixel, fita de demarcação, trena e os programas VEGET
(UGIDOS e PASSOS, 1996) e Paint.
Para uma melhor visualização da estrutura do conjunto da vegetação das áreas selecionadas
no presente trabalho, foram construídas duas pirâmides (VEGET), as quais facilitaram a análise do
grau de recobrimento, a sociabilidade das espécies, a dinâmica dos estratos. Estas pirâmides também
mostram os dados levantados e relacionados à rocha matriz, a altitude, a temperatura média anual, a
precipitação total anual e a inclinação do terreno. O grau de porcentagem de recobrimento da
vegetação é analisado a partir da classificação de Braun-Blanquet (1979) citado por Passos (2003).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Caracterização da Área de Estudo
A área em estudo está localizada ao norte da bacia hidrográfica do Tibiri (Figura 01). Esta
bacia encontra-se totalmente inserida no município de São Luís-MA, na parte sudeste da ilha do
Maranhão. Limita-se a leste com bacia do rio Tijupá e a bacia do rio Jeniparana, a oeste com o distrito
industrial de São Luís, ao norte com o aeroporto Marechal Cunha Machado e o Parque de exposição
agropecuária, e ao sul com a bacia de São José onde deságua e apresenta uma área total de 98.057 km²
(SILVA, 2001).
Na sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara têm ocorrido alterações significativas quanto
ao uso e cobertura da terra com crescente degradação ambiental. Estas alterações geraram conflitos de
uso, os quais têm se avolumado como área rural x disposição inadequada de resíduos sólidos, área de
proteção ambiental x ocupações urbanas inadequadas e outros.
Além destes usos diferenciados, outros fatores favoreceram a escolha desta bacia como área
de estudo, como o fato de estar inserida totalmente num único município e ter uma área que não
ultrapassa 10 km2, ou seja, 8,28 Km² (CUNHA e SILVA, 2007). Acrescenta-se ainda, o fato de existir
material cartográfico disponível e de não haver estudos de fitossociologia. Tais condições facilitam a
extrapolação deste estudo para outras áreas similares, e também o gerenciamento da bacia, do ponto de
vista ambiental, político e administrativo.
A sub-bacia hidrográfica do rio Santa Bárbara é ocupada por populações de baixa renda,
que, se deslocaram para a área em virtude de não poderem arcar com os altos custos de moradia nas
áreas centrais da cidade de São Luís-MA. Muitas residências ocupam áreas de proteção ambiental e
completamente impróprias para moradia, como nos fundos de vale.
Figura 01 – Localização da sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara
Fonte: Silva, 2001.
As nascentes do rio Santa Bárbara afloram no bairro homônimo (Figura 2), o qual tem uma
população de 1231 habitantes (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2000).
Quanto às características hierárquicas a sub-bacia hidrográfica em questão apresenta uma
drenagem de quarta ordem, com 62 canais de primeira ordem, 17 de segunda ordem, 9 de terceira
ordem e um canal de quarta ordem, conforme a proposta de hierarquização fluvial de Strahler de 1952
(SILVA, 2001). Sobre o escoamento global, a área apresenta uma drenagem exorréica (Figura 3).
Figura 02 - Foto aérea da sub - bacia hidrográfica do Santa Bárbara
Fonte: Abitec, 2002.
Em relação ao padrão de drenagem a área é classificada como dendrítica, caracterizada por
ramificações irregulares de cursos de água em todas as direções, assemelhando-se à configuração de
uma arvore. Entretanto, considerando toda a ilha do Maranhão, afirma-se que o padrão predominante é
radial centrífuga, em virtude de que praticamente todas as principais bacias hidrográficas da ilha têm
suas nascentes na porção central e os canais escoam as águas de forma divergente e radial, em todas as
direções para a costa.
Figura 03 – Mapa de drenagem da sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara
Fonte: Cunha e Silva, 2007.
A análise das faixas hipsométricas leva-nos a concluir que 80,34% da área apresenta cotas
altimétricas abaixo dos 50 (cinqüenta) metros; logo, tem-se um relevo com altitudes baixas. As áreas
mais elevadas estão na porção noroeste da bacia. Nesta área e na porção leste, tem-se o predomínio dos
tabuleiros com topos planos e vertentes côncavas e convexas. Nas áreas mais próximas do canal
principal da sub-bacia tem-se o predomínio de altitudes que variam de 6 a 20 metros, às quais estão
ocupadas pela floresta paludosa marítima de mangue e floresta ombrófila.
Os processos morfogenéticos atuantes na área da sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara
são aqueles comandados pela dinâmica da atmosfera e pela ação humana. No primeiro caso, tem-se o
intemperismo químico agindo fortemente na área no período chuvoso que se estende no primeiro
semestre de cada ano. O intemperismo físico é mais acentuado no segundo semestre, considerando a
redução significativa das precipitações e a manutenção das altas temperaturas.
A retirada da cobertura vegetal inicia os processos morfogenéticos deflagrados pela ação
humana. Isto ocorre nos diversos compartimentos morfológicos da área, ou seja, no topo dos
tabuleiros, nas vertentes e nos fundos de vale.
Apesar de não se ter observado a presença de grandes voçorocas na área, os processos
erosivos estão presentes na sub-bacia com destaque na porção noroeste da área com a erosão laminar.
A seguir, tem-se os dados relacionados ao levantamento e análise fitossociológica de dois
lotes na área objeto de estudo.
3.2 Análise Fitossociológica
As características geoambientais dos lotes selecionados explicam, de forma sistêmica, a
presença e dominância de espécies de ambientes ombrófilos na distribuição da cobertura vegetal.
No lote 1, foram verificados in loco 4 estratos, a saber, arbóreo, arborescente, arbustivo e o
herbáceo. No estrato arbóreo tem-se a ocorrência de três espécies, sendo duas predominantes: juçara
(Euterpe oleracea Mart.) e buriti (Mauritia vinifera Mart.).
A juçara apresenta o maior número de indivíduos, com altura média de 14m, em estágio 5
de abundância/dominância (BRAUN-BLANQUET, 1979 citado por PASSOS, 2003) revelando
cobertura vegetal entre 75 e 100% (Tabela 1) e sociabilidade 4; isto indica crescimento em pequenas
colônias ou manchas. Quanto à dinâmica, este estrato encontra-se no estágio regressivo.
No estrato arborescente, a espécie predominante é juçara (Euterpe oleracea Mart.) com 7
indivíduos de altura média de 9,5 m; em estágio 3 de abundância/ dominância, ou seja, cobrindo entre
25 a 50% da área, sociabilidade 3, com crescimento dos indivíduos em grupos e estágio progressivo.
Com 7 indivíduos, a juçara é a única espécie presente no estrato arbustivo. A altura média é
2 m; a abundância/ dominância é classificada como 2, cobrindo entre 10 e 25%, sociabilidade 2, com
agrupamentos com 2 ou 3 indivíduos e dinâmica do estrato em equilíbrio.
O estrato herbáceo apresentou maior diversidade, com 9 espécies e 3 famílias, a saber:
manga (Mangifera indica L.), guanandi (Calophyllum brasiliense), taquari (Tiarella triffoliata), cana
da Índia (Canna indica L.), samambaia (Pteridium aquilinum), ciperáceas (Cyperaceae),
melastomatácea (Melastomataceae), buriti (Mauritia vinifera Mart.) e leguminosas (Leguminosae).
A altura média dessas espécies é 80 cm; a abundância/ dominância é de 4, cobrindo entre
50 e 75% da área. A sociabilidade é 4 indicando crescimento em pequenas colônias ou manchas e a
dinâmica do estrato é progressiva (Tabela 1).
Lote n. 1. Formação: Floresta Ombrófila Densa/ Lugar Sítio Santa Bárbara 1 / Série de Vegetação/
Município: São Luís-MA/ Região Geográfica: Margem direita do rio Santa Bárbara / Unidade
Morfoestrutural: Bacia Costeira de São Luís / Domínio Bioclimático Tropical úmido/ Data:
08.07.2008/ Localização: 0236’09” S e 4412’08” W / Orientação: noroeste - sudeste.
Espécies por Estratos Nº de
Indiv.
Alt (m)
aprox.
Espécies Estrato
A/D S S/ Dinâmica
Arbóreo
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Buriti (Mauritia vinifera Mart.)
Buriti (Mauritia vinifera Mart.)
Buriti (Mauritia vinifera Mart.)
Guanandi (Calophyllum brasiliense)
5
4
5
5
3
4
1
1
1
2
1
1
10
11
12
13
14
15
16
18
15
18
18
16
5
4
Regressão
Arborescente
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
1
1
5
10
8
7
3
3
Progressão
Arbustivo
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
2
2
4
3
2
2
Equilíbrio
Continua
Continuação
Espécies por Estratos Nº de
Indiv.
Alt (m)
aprox.
Espécies Estrato
A/D S S/ Dinâmica
Herbáceo\Rasteiro
Manga (Mangifera indica L.)
Guanandi (Calophyllum brasiliense)
Guanandi (Calophyllum brasiliense)
Guanandi (Calophyllum brasiliense)
Taquari (Tiarella triffoliata)
Cana da Índia (Canna indica L.)
Cana da Índia (Canna indica L.)
Samambaia (Pteridium aquilinum)
Ciperáceas (Cyperaceae)
Melastomatácea (Melastomataceae)
Buriti (Mauritia vinifera Mart.)
Leguminosas (Leguminosae)
3
1
3
1
3
2
2
5
3
3
6
11
0,80
0,40
0,50
1,0
1,0
0.80
1,50
0,30
0,40
0,80
0,30
1,20
4
4
Progressão
ALTITUDE: 11 m / CLIMA: Úmido do Tipo B2 (mesotérmico com evapotranspiração potencial anual de
885 a 712 mm e moderado déficit de água no inverno) com dois períodos definidos: chuvoso (janeiro a
julho) e seco (agosto a dezembro); verão chuvoso e quente / PRECIPITAÇÃO: 1.947,6 mm (média
pluviométrica entre 1970 e 1998), sendo que 87,8% das chuvas ocorrem no primeiro semestre e apenas
12,38% no período seco / TEMPERATURA: 26,7º / MICROCLIMA: úmido / UMIDADE: 79% /
ROCHA-MÃE: Sedimentos arenosos inconsolidados e argilosos não adensados de idade pleistocênica
tardia e holocênica da Formação Açuí / SOLO: Aluvião hidromórfico, solos areno-argilosos com colúvios
Esses depósitos encontram-se discordantemente sobre todas as unidades estratigráficas que afloram na parte
emersa da bacia de São Luís / HUMUS: camada fina de serrapilheira com folhas de buriti e Jussara em
decomposição lenta com presença de lignina na folha. Camada subsuperficial de húmus decomposto de
5cm / EROSÃO: laminar / RELEVO: Planície fluvial / DECLIVIDADE: 2 graus / AÇÃO
ANTRÓPICA: solos impróprios a qualquer atividade agrícola; retirada indiscriminada da vegetação;
extrativismo: babaçu, buriti e Jussara / DINÂMICA DE CONJUNTO: Área de mata ciliar, altamente
degradada; a área foi cercada por uma propriedade particular. Uma estrada cortou a planície fluvial e os
canais de drenagem, provocando assoreamento e coluvionamento. Tem-se na área o predomínio de
propriedades particulares rurais.
Tabela 1 – Ficha fitossociológica do lote 1 da sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara
No lote 2, os estratos arbóreo, arborescente, arbustivo e o herbáceo foram também
quantificados e analisados. No arbóreo tem-se a ocorrência de duas espécies: juçara (Euterpe oleracea
Mart.) e manga (Mangifera indica L.). Na primeira espécie, com altura média de 12m, tem-se 16
indivíduos. As mangueiras ocorrem isoladas em número de 2 e altura média de 9,5 m. O estrato
apresenta abundância /dominância 3 (BRAUN-BLANQUET, 1979 citado por PASSOS, 2003)
revelando cobertura vegetal entre 25 e 50% (Tabela 2) e sociabilidade 3, indicando crescimento em
grupos. Quanto à dinâmica, este estrato encontra-se no estágio regressivo.
No estrato arborescente, tem-se duas espécies: juçara (Euterpe oleracea Mart.) e embaúba
(Cecropia peltata L.). Neste estrato ocorrem apenas 2 indivíduos de juçara com altura média de 10m.
Com apenas 1 indivíduo, a embaúba apresenta 9 m de altura. O estrato apresenta abundância
/dominância 2 revelando cobertura vegetal entre 10 e 25% e sociabilidade 3, indicando crescimento
em grupos também. Quanto à dinâmica, este estrato encontra-se no estágio regressivo (Tabela 2).
Com 5 espécies diferentes, tem-se no estrato arbustivo a presença de banana (Musa
paradisíaca L.), mamuí (Carica microcarpa), ingá (Inga edulis Mart.), jeniparana (Gustavia augusta
L.) e Juçara (Euterpe oleracea Mart.). A altura média deste estrato é de 3 m, com abundância/
dominância 2 e sociabilidade 2, com indivíduos agrupados em 2 ou 3. A dinâmica do estrato está em
progressão.
No estrato herbáceo tem-se o maior número de indivíduos, 168 e a maior diversidade
vegetal no lote. Com altura média de 0,35m, com exceção da embaúba (1,5 m de altura), as espécies
que ocorrem são jeniparana (Gustavia augusta L.), aninga (Araceae), cana da India (Canna indica L.),
ciperáceas (Cyperaceae), gramíneas (Brachiaria brizanth cv.), guanandi (Calophyllum brasiliense),
manga (Mangifera indica L.), língua de vaca (Chaptalia nutans L.), helicônia (Heliconia rostrata),
embaúba (Cecropia peltata L.), melastomatácea (Melastomataceae). A abundância/ dominância do
estrato é 3 e sociabilidade 4, com crescimento em pequenas colônias, manchas densas e pouco
extensas. A dinâmica do estrato está em progressão.
Lote n. 2. Formação: Floresta Ombrófila Densa/ Lugar Sítio Santa Bárbara 2 / Série de Vegetação/
Município: São Luís-MA/ Região Geográfica: Margem direita do rio Santa Bárbara / Unidade
Morfoestrutural: Bacia Costeira de São Luís / Domínio Bioclimático Tropical Úmido/ Data: 08.07.08/
Localização: 0236’07” S e 4412’08” W / Orientação: sudeste-noroeste.
Espécies por Estratos Nº de
Indiv.
Alt (m)
aprox.
Espécies Estrato
A/D S S/ Dinâmica
Arbóreo
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara ( Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Manga (Mangifera indica L.)
Manga (Mangifera indica L.)
1
1
5
3
4
2
1
1
15
14
13
12
11
10
10
09
3
3
Regressão
Arborescente
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Embaúba (Cecropia peltata L.)
2
1
10
9
2
3
Regressão
Arbustivo
Banana (Musa paradisíaca L.)
Banana (Musa paradisíaca L.)
Mamuí (Carica microcarpa)
Ingá (Inga edulis Mart.)
Jeniparana (Gustavia augusta L.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
Juçara (Euterpe oleracea Mart.)
1
1
1
1
2
2
2
2
1
1
5
4
5
2
2
1,5
1,2
2,5
2
3
2
2
Progressão
Continua
Continuação
Herbáceo
Jeniparana (Gustavia augusta L.)
Aninga (Araceae)
Cana-da-India (Canna indica L.)
Gramíneas (Brachiaria brizanth cv.)
Gramíneas (Brachiaria brizantha.cv.)
Guanandi (Calophyllum brasiliense)
Manga (Mangifera indica)
Língua de Vaca (Chaptalia nutans L.)
Heliconia (Heliconia rostrata)
Embaúba (Cecropia peltata L.)
Melastomatácea (Melastomataceae)
4
60
4
40
40
2
6
6
2
1
4
0,40
0,50
0,30
0,30
0,40
0,30
0,40
0,30
0,30
1,5
0,30
3
4
Progressão
ALTITUDE: 9 m / CLIMA: Úmido do Tipo B2 (mesotérmico com evapotranspiração potencial anual
de 885 a 712 mm e moderado déficit de água no inverno) com dois períodos definidos: chuvoso
(janeiro a julho) e seco (agosto a dezembro); verão chuvoso e quente / PRECIPITAÇÃO: 1.947,6 mm
(média pluviométrica entre 1970 e 1998), sendo que 87,8% das chuvas ocorrem no primeiro semestre e
apenas 12,38% no período seco / TEMPERATURA: 26,7º / MICROCLIMA: úmido / UMIDADE:
75% / ROCHA-MÃE: Sedimentos arenosos inconsolidados e argilosos não adensados de idade
pleistocênica tardia e holocênica da Formação Açuí / SOLO: Aluvião hidromórfico, solos areno-
argilosos com colúvios Esses depósitos encontram-se discordantemente sobre todas as unidades
estratigráficas que afloram na parte emersa da bacia de São Luís / HUMUS: camada fina de
serrapilheira com folhas de buriti e Jussara (predominantemente) em decomposição lenta com
presença de lignina na folha. Camada subsuperficial de húmus decomposto de 5cm / EROSÃO:
laminar / RELEVO: Planície fluvial / DECLIVIDADE: 8 graus / AÇÃO ANTRÓPICA: solos
impróprios a qualquer atividade agrícola; retirada indiscriminada da vegetação; extrativismo: babaçu,
buriti e Jussara / DINÂMICA DE CONJUNTO: Área de mata ciliar com presença de muitas espécies
exóticas; altamente degradada; muitas residências particulares e comércio varejista (bebidas). Tem-se o
pisoteio de gado bovino. Presença de sentinas com forte odor fétido.
Tabela 2 – Ficha fitossociológica do lote 2 da sub-bacia hidrográfica do Santa Bárbara
3.3 Pirâmides fitossociológicas de dois lotes em Santa Bárbara
Com base nos dados levantados no trabalho de campo realizado e nas fichas apresentadas
anteriormente, foram elaboradoras 2 pirâmides fitossociológicas através do Programa Veget,
desenvolvido por Ugidos e Passos (1996).
A pirâmide do lote 1 representa a dominância dos estratos arbóreo e herbáceo, em relação
aos estratos arborescente e arbustivo. No estrato arbóreo, observa-se o processo regressivo em função
de que, a espécie predominante, juçara, é largamente aproveitada pela população local (Figura 4).
Figura 4 – Pirâmide fitossociológica da localidade de Santa Bárbara – Ponto 1
O estrato arborescente, embora com menor número de indivíduos, é dominado também por
juçara; encontra-se em progressão em função da possibilidade de substituição na copa, considerando o
constante corte de indivíduos do estrato arbóreo.
Com predomínio de juçaras e em estado de equilíbrio, o estrato arbustivo assim se encontra
em função da expansão do estrato arborescente e da dominância do arbóreo, sufocando o crescimento
do primeiro; alia-se a isto, o fato de que, como este estrato ainda não encontra-se no estágio de
aproveitamento econômico pela população local, o mesmo não vem passando por cortes ou retiradas
de indivíduos, favorecendo tal situação. Destaca-se que, nos dois lotes, não foram encontradas espécies
no estrato subarbustivo (Figura 4 e 5).
No estrato herbáceo, tem-se o estágio de progressão e a maior diversidade de espécies, com
destaque para a presença de espécies exóticas como a manga (Mangifera indica L.). Em virtude da
ausência do estrato subarbustivo, da situação de regressão do arbóreo e de equilíbrio do arbustivo,
além de um ambiente úmido, o estrato em questão encontra-se em progressão. As espécies de porte
arbóreo, encontradas neste estrato, como o guanandi (Calophyllum brasiliense), taquari (Tiarella
triffoliata), buriti (Mauritia vinifera Mart.) e mangueira (Mangifera indica L.), evidenciam uma
situação de degradação do ambiente em função do corte e estão no processo de recuperação (Foto 1).
Foto 1 – Vegetação no lote 1 indicando presença de porte herbáceo e arborescente
Na foto a seguir (Foto 2) tem-se a ocorrência de manchas de gramíneas cobrindo áreas
úmidas onde foram retiradas espécies de estratos superiores, às quais, apesar de presentes no ambiente,
não foram contabilizadas na ficha fitossociológica, em função da abundância. Observa-se ainda
troncos de espécies arbóreas, como o guanandi (Calophyllum brasiliense).
Foto 2 – Vegetação no lote 1 indicando ambiente higrófilo e presença de gramíneas
No estrato herbáceo, tem-se o estágio de progressão e também maior diversidade de
espécies, com destaque para a aninga, as ciperáceas e gramíneas, que ocorrem em grande quantidade
(Foto 3). A presença destas espécies e também da embaúba (Cecropia peltata L.) indicam um
ambiente degradado, uma vez que o mesmo não apresenta as características originais, perdendo a
capacidade de regeneração das espécies nativas e favorecendo a colonização de espécies pioneiras e
exóticas (Figura 5).
Figura 5 – Pirâmide fitossociológica da localidade de Santa Bárbara - Ponto 2
Foto 3 – Vegetação no lote 2 indicando expansão progressiva do estrato herbáceo
4. CONCLUSÕES
Os 2 (dois) lotes analisados neste trabalho apresentam características fitossociológicas
semelhantes em virtude da proximidade entre eles, de suas similitudes geoambientais e de uso e
ocupação inadequados do solo, com intensa antropização.
A representação gráfica da análise fitossociológica (pirâmides vegetais) indica que os
estratos arbóreo e herbáceo são predominantes quanto à diversidade biológica e à abundância/
dominância. O estrato arbóreo dos dois lotes está em dinâmica regressiva em função das pressões
ambientais da comunidade que retira constantemente as espécies deste estrato para fins domésticos e
comerciais.
No estrato herbáceo, os dois lotes estão em dinâmica progressiva. Isto ocorre em virtude da
colonização do ambiente desmatado pelas famílias Araceae, Ciperacea, Heliconia e Brachiaria.
Estas espécies são típicas de ambientes degradados onde os solos recebem maior radiação solar pela
ausência ou redução de espécies de portes superiores.
Os estratos arbustivo e arborescente dos lotes em questão têm menor representatividade
quanto à diversidade biológica e dominância/ abundância. No primeiro lote, as espécies de porte
arborescente apresentam dinâmica progressiva, enquanto no segundo, apresentam dinâmica regressiva.
Associa-se à progressão do estrato arborescente do lote 1 ao intenso corte das espécies arbóreas,
possibilitando a expansão das espécies arborescentes. No segundo caso, a dinâmica é regressiva devido
ao corte constante de espécies também neste estrato.
As espécies presentes no estrato arbustivo apresentam comportamentos diferenciados nos
dois lotes. Percebe-se que o comportamento dinâmico deste estrato está diretamente relacionado à
dinâmica dos estratos superiores. Está equilibrada no primeiro lote, considerando a expansão do estrato
arborescente, a altura média e cobertura da superfície pelas espécies dos estratos. No lote 2 a dinâmica
é progressiva em razão da regressão dos portes superiores.
As pressões ambientais que ocorrem nos ambientes são refletidas na dinâmica
fitossociológica que, por sua vez, está relacionada à redução da biodiversidade causando desequilíbrios
nos ciclos de produção de energia e matéria e nas possibilidades de recursos para a comunidade. Tem-
se neste sentido a urgência de elaboração e execução de projetos relacionados ao uso e apropriação dos
recursos naturais.
REFERÊNCIAS
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BERTRAND, G.; BERTRAND, C. Uma geografia transversal e de travessias: o meio ambiente
através dos territórios e das temporalidades. Tradução de Messias Modesto dos Passos. Maringá:
Massoni, 2007.
CUNHA, J. M. C.; SILVA, Q. D. Mapeamento e análise geomorfológica da sub-bacia hidrográfica
do rio Santa Bárbara, São Luís – MA. Relatório Final de Projeto de Iniciação Científica.
UEMA/PIBIC, 2007.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Número de Habitantes, Localidades e Categorias por
Município. São Luís. [s.n], 2000.
PASSOS, M. M. A conceituação da paisagem. Formação. Universidade Estadual Paulista FCT-
UNESP, n. 7 p. 1-254, 2000.
PASSOS, M. M. Biogeografia e paisagem. 2 ed. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2003.
PAULA, P. F. e FERREIRA, M. E. M. C. Levantamento fitogeográfico preliminar no parque do
cinqüentenário em Maringá-PR. Revista Geografia. v.14, n.1, jan/jun, 2005.
SILVA, Q. D. Proposta de zoneamento geoambiental da bacia hidrográfica do Tibiri, São Luís –
MA. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2001.
UGIDOS, M. L.; PASSOS, M. M. Veget - Programa para elaborar pirâmides de vegetação.
Salamanca: Universidade de Salamanca, Presidente Prudente: Unesp, 1996.
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