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Escola Estadual deEducação Profissional - EEEPEnsino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Técnico em Aquicultura
Extensão Pesqueira
Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Aquicultura – Extensão Pesqueira 1
EXTENSÃO PESQUEIRA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Aquicultura – Extensão Pesqueira 2
CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS DE EXTENSÃO.................................................... 4
1. Técnicas de Fichamento......................................................................................... 4
2. Conceitos Básicos de Sociologia.......................................................................... 5
2.1. Fato social................................................................................................................ 5
2.2. Grupo social............................................................................................................. 5
2.3. Interação social........................................................................................................ 5
2.4. Estratificação social................................................................................................ 6
2.5. Classe social............................................................................................................ 6
2.6. Comunidade............................................................................................................. 6
2.7. Sociedade................................................................................................................. 6
2.8. Status social............................................................................................................. 6
2.9. Papel social.............................................................................................................. 6
2.10. Isolamento social..................................................................................................... 6
2.11. Contatos e processos............................................................................................. 7
2.12. Processos sociais básicos..................................................................................... 7
2.13. Competição............................................................................................................... 7
2.14. Conflito social.......................................................................................................... 7
2.15. Acomodação............................................................................................................. 7
2.16. Assimilação.............................................................................................................. 8
3. Educação e Mudança Social................................................................................... 8
4. Globalização da Economia...................................................................................... 9
4.1. Comunicação............................................................................................................ 10
4.2. Qualidade de vida.................................................................................................... 10
4.3. Efeitos na indústria e serviços............................................................................... 11
4.4. Teoria da Globalização............................................................................................ 11
4.5. Antiglobalização....................................................................................................... 11
CAPÍTULO II – EXTENSÃO RURAL........................................................................ 12
5. Histórico da Extensão Rural no Brasil................................................................... 12
5.1. Fases da extensão rural no Brasil.......................................................................... 12
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 3
6. Transferência de Tecnologia Agropecuária.......................................................... 14
7. Metodologias Utilizadas na Extensão.................................................................... 16
CAPÍTULO III – EXTENSÃO PESQUEIRA............................................................... 18
8. História Evolutiva..................................................................................................... 18
9. Objetivos................................................................................................................... 20
CAPÍTULO IV – A EXTENSÃO PESQUEIRA NO BRASIL E NO CEARÁ............... 21
10. Origem, Objetivos e Evolução................................................................................ 21
11. Aspectos Sócio Culturais das Populações Pesqueiras no Brasil...................... 24
CAPÍTULO V – COMUNICAÇÃO, METODOLOGIA E DIFUSÃO DE
INOVAÇÕES.............................................................................................................. 28
12. As Escolas de Extensão Pesqueira no Brasil....................................................... 28
13. Fundamentos Metodológicos................................................................................. 29
CAPÍTULO VI – DIAGNÓSTICOS E ESTRATÉGIAS DA EXTENSÃO
PESQUEIRA.............................................................................................................. 30
14. O Trabalho Comunitário e o Desenvolvimento de Comunidades....................... 30
15. Interação e Processo Social na Pesca (Associativismo e Cooperativismo)..... 36
CAPÍTULO VII – PROGRAMAS E VIVÊNCIAS EM EXTENSÃO PESQUEIRA...... 38
16. Programas de Extensão Pesqueira no Brasil....................................................... 38
17. Vivências de Extensão Pesqueira.......................................................................... 44
18. Elaboração de Projetos de Gestão e Desenvolvimento Local Sustentável em
Contexto Populares................................................................................................. 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA............................................................................... 53
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 4
CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS DE EXTENSÃO
1. Técnicas de Fichamento:
O conceito de fichamento engloba o processo de elaboração de fichas de leitura
(Figura 01) com o objetivo de registrar informações sobre artigos e/ou livros.
Nome do Livro (Artigo):
Assunto:
Referência Bibliográfica:
.....................................................................................................................................................
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.....................................................................................................................................................
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Figura 01: Exemplo de ficha de leitura
Para a elaboração das fichas de leitura é importante que se faça a inclusão de uma
série de informações, como:
• Informações sobre o autor;
• Resumo do livro ou de alguns capítulos;
• As citações de trechos do livro (artigo), bem como a indicação da(s) página(s) devem ser
feita de forma clara e entre “aspas”;
• Os comentários sobre a obra devem ser inseridos entre [colchetes] para que os mesmos
não se confundam com as citações.
Em si tratando dos comentários é importante que o responsável pela elaboração das
fichas de leitura siga uma série de considerações que devem compor o comentário inserido.
Dentre essas considerações podemos citar:
• Quais são os objetos, objetivos e extensão do texto?
• Como é constituido o texto: exemplos, figuras, referência bibliográfica;
TEXTO
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• Quais são as idéiase teorias que fundamentam o texto?
• Fazer uma avaliação da obra, com enfâse em: a terminologia é coerente e precisa, quais
são os pontos forte e fracos na argumentação, a conclusão compatível com o obejtivo do
trabalho, Qual o grau de importência e relevância da obra para o trabalho.
2. Conceitos Básicos de Sociologia:
2.1. Fato social
São fatos exteriores e anteriores a existência do indivíduo e que continuam existindo
mesmo que o indivíduo não existisse ou deixasse de existir. São fatos que exercem coação ao
indivíduo, ou seja, ao deixar de praticá-los o indivíduo sofre pressão por parte da sociedade até
que se enquadre nos padrões vigentes.
2.2. Grupo social:
Podem ser definidos como conjuntos de indivíduos que interagem uns com os outros
durante certo período de tempo. Os grupos sociais podem ser divididos em:
• Grupos primários - família, amigos, amigos de infância, de escola, ou seja, pessoas com
quem o indivíduo interage mais pessoalmente.
• Grupos Secundários - Colegas em geral, vizinhos, professores, patrões, motoristas,
secretárias, ou seja, pessoas que o indivíduo trata de maneira impessoal por não ter
pouco ou nenhum contato íntimo.
2.3. Interação social:
É o processo resultante de um estímulo qualquer entre indivíduos, de forma recíproca.
Podemos tomar com exemplo de interação social a relação entre professor e aluno, onde a
partir do momento em que o professor estabelece um contato social com os alunos através do
processo de ensino, existe um aprendizado que modifica o comportamento dos alunos. Da
mesma forma o professor também passa por um processo de aprendizagem e modificação
comportamental. Todo esse processo é considerado uma interação social.
A sociologia será responsável pelo o estudo das possíveis variações entre os
processos de interação social.
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2.4. Estratificação social:
Processo no qual as pessoas de uma sociedade são distribuídas em camadas
(estratos) sociais diferentes, segundo suas condições econômicas, sob a forma de uma
pirâmide: no alto, os mais ricos (minoria); na base, os mais pobres (maioria).
2.5. Classe social:
É cada um dos estratos (camadas) da pirâmide, que constituem a sociedade. Cada
classe tem seus valores, crenças, ideais que as distinguem de outras classes.
2.6. Comunidade:
É definido como um grupo local, bastante integrado, com predominância de grupos
primários: pessoais, informais, sentimentais, tradicionais, que envolvem o indivíduo como um
todo. A cultura de uma comunidade é geralmente tradicional e homogênea, passada de pai
para filho e resistente a influências externas.
2.7. Sociedade:
É o conjunto de grupos de indivíduos e instituições cujos relacionamentos são
impessoais, formais, utilitários, especializados e geralmente baseados em contratos escritos.
2.8. Status social:
Posição que o individuo ocupa num grupo social ou na sociedade.
2.9. Papel social:
É definido com o conjunto de funções que cada indivíduo desempenha em
conseqüência do status que ocupa. É o papel dinâmico do status. Se não desempenhado
satisfatoriamente acarretará pressões.
2.10. Isolamento social:
Entende-se por sociabilidade o ato ou tendência natural do ser humano em viver em
sociedade. Essa característica é desenvolvida através do processo de socialização.
O isolamento social passa a ser um processo onde o indivíduo busca a ausência de
contatos sociais. No entanto esse comportamento pode ser tornar prejudicial ao ser humano,
haja vista que o homem tem a necessidade do convívio com seu semelhante seja
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simplesmente para a propagação da espécie, sobrevivência ou ainda para sua realização
pessoa com ser humano.
Dessa forma podemos afirmar que a vida social é uma exigência da natureza humana.
2.11. Contatos e processos sociais:
Podemos definir contatos sociais com o modo como os indivíduos participam de uma
interação. Os processos sociais seriam a forma como a interação social irá ocorrer.
Geralmente esses processos ocorrem da seguinte forma:
• Fato Básico: Interação entre os indivíduos A e B;
• Contato Social: Como os indivíduos A e B estão envolvidos;
• Processo Social: Como se realiza a interação entre os indivíduos A e B.
2.12. Processos sociais básicos:
Os processos sociais básicos podem ser divididos em:
• Comunicação: Sinônimo de interação social;
• Socialização: Processo de integração entre novas gerações e os membros dos grupos
sociais envolvidos;
• Cooperação: Aproximação dos indivíduos durante a realização de uma ação conjunta ou
na divisão de tarefas para se alcançar um objetivo proposto
2.13. Competição:
Toda competição surge da vontade do indivíduo de ocupar uma posição social mais
elevada, bem como, uma importância maior dentro da sociedade em que vive.
2.14. Conflito social:
Pode ser definido como uma luta consciente e constante pela melhoria do status social.
É um processo social básico, haja vista que através desses conflitos é que ocorrem as
mudanças sociais.
2.15. Acomodação:
Quando após o conflito um individuo passa a aceitar as condições impostas, podemos
definir como acomodação.
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2.16. Assimilação:
Processo pelo qual de ajustamento entre indivíduos ou grupos diferentes, com o
objetivo de tornarem-se mais semelhantes. O instrumento muitas vezes utilizado é o da
imitação e que pode ser muito longo e complexo exigindo, dessa forma, certo tempo para ser
efetivado.
3. Educação e Mudança Social:
Segundo Rebouças (2008) a mudança social através da educação pode ocorrer
através de uma série de processos, como:
• Descoberta: Momento em que o aluno entra em contato com conhecimentos já
existentes e que constituem o patrimônio cultural da humanidade e que representam o
sentimento de descoberta no aluno.
• A invenção: Pode ser definida como a soma do conhecimento já existente com o objetivo
de obter um novo conhecimento resultante de uma nova experiência.
• Conjunto: A escola deve estar aberta para a comunidade e aberta para a realidade que a
cerca como forma de integrar todos no conceito e elaboração de ensino.
• Espontaneidade: O comportamento em sala quando é controlado e rígido num sistema
de recompensa e punição, inibe o comportamento espontâneo, gratuito e que abre
campo para a criatividade mais segura.
• Liberdade: A liberdade desenvolve um clima de respeito entre os pontos de vista e
sentimento de livre expressão para aprender, escrever e criar. Não se ensina como
matéria escolar, se aprende como consciência e na prática diária.
• Participação: O aluno deve ser estimulado a participar das aulas, do que ocorre em sala
e fora dela, permitindo o aluno contribuir na escolha de assuntos e métodos de trabalho.
De acordo com Freire (1981), o homem tem a tendência de captar uma realidade e de
tornar a mesma como objetivo de seus conhecimentos. A partir do momento em que o homem
compreende sua realidade, o mesmo passa a levantar uma série de hipóteses sobre essa
realidade e seus desafios e traçar planos estratégicos para a sua solução. Então o homem
passa a ser o agente de suas próprias ações, tornando-se o que o autor chama de “Homem-
História”
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Nesse contexto a educação passa a ser o agente catalisador para a promoção das
mudanças sociais.
4. Globalização da Economia:
Podemos definir globalizaçãocomo um dos processos de aprofundamento da
integração econômica, social, cultural, política, que teria sido impulsionado pelo barateamento
dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do
século XXI.
É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma
aldeia global que permita maiores mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos)
cujos mercados internos já estão saturados.
O processo de globalização proporciona e expansão do capitalismo, onde é possível
realizar transações financeiras, expandir negócios até então restritos ao mercado de atuação
para mercados distantes e emergentes. Para isso,não há a necessidade de altos investimentos
capital financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão.
No entanto, obtêm-se como consequência o aumento acirrado da concorrência.
A origem da globalização pode ser traçada do período mercantilista iniciado
aproximadamente no século XVonde permaneceu até o século XVIII, com a redução dos custos
de transporte marítimo, e o aumento da complexidade das relações políticas europeias.
Durante esse período houve umgrande aumento no fluxo da força de trabalho entre países e
continentes, particularmente nas novas colônias europeias.
Podemos considerar como o marco inicial da globalização moderna o fim da Segunda
Guerra mundial, onde as nações que participaram no conflito armado, tanto as vitoriosas
quanto as devastadas, chegaram a conclusão que era de suma importância para o futuro da
humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais
as nações uma das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o
conceito de bloco econômico.
Com a necessidade de expandir seus mercados, levou as nações a começarem a se
abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do
liberalismo.
A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principalmente comunicação,
comércio internacional e liberdade de movimentação em diferentes intensidades e que
dependem do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta.
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4.1. Comunicação:
A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, a rede mundial
de computadores. Com isso houve um aumento no fluxo de troca de ideias e informações sem
critérios na história da humanidade.
Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se
tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como fator
de limitação a barreira linguística.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento do acesso a meios
de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de
infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade
graças a inovação tecnológica.
As redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande
impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, alguma
vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro.
Além disso, o incremento no acesso à comunicação em massa ocasionado pelo
processo de globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas,
com forte conotação a democracia, onde as pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de
radiodifusão de informação passam a ter acesso a informação de todo o mundo.
Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para
determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto
enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos tem
acesso. Podemos citar como exemplo alguns países asiáticos e do oriente médio.
4.2. Qualidade de vida:
O acesso instantâneo de tecnologias, como novos medicamentos, novos equipamentos
cirúrgicos e técnicas médicas e cirúrgicas, aumento e barateamento dos custos da produção de
alimentos, tem causado nas últimas décadas um aumento generalizado da longevidade dos
países emergentes e desenvolvidos. De 1981 a 2001, o número de pessoas vivendo com
menos de US$1 por dia caiu de 1,5 bilhão de pessoas para 1,1 bilhão, sendo a maior queda da
pobreza registrada exatamente nos países mais liberais e abertos a globalização.
Embora alguns estudos sugiram que atualmente a distribuição de renda ou está estável
ou está melhorando, outros estudos mais recentes da ONU indicam que "a 'globalização' e
'liberalização', como motores do crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não
reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas".
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4.3. Efeitos na indústria e serviços:
Os efeitos no mercado de trabalho da globalização são evidentes, com a criação da
modalidade de outsourcing1 de empregos para países com mão-de-obra mais baratas para
execução de serviços que não é necessário alta qualificação, com a produção distribuída entre
vários países, seja para criação de um único produto, onde cada empresa cria uma parte, seja
para criação do mesmo produto em vários países para redução de custos e ganhar vantagem
competitivas no acesso de mercados regionais.
A globalização aumenta o ritmo das mudanças nos meios de produção, tendendo a um
aumento de tecnologias limpas e sustentáveis, com aumento da qualidade da educação.
4.4. Teorias da Globalização
A globalização, por ser um fenômeno espontâneo decorrente da evolução do mercado
capitalista, possui várias linhas teóricas que tentam explicar sua origem e seu impacto no
mundo atual.
A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da
História, acelerado pela época dos Descobrimentos.
No geral a globalização é vista como o movimento sob o qual se constrói o processo de
ampliação da hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais nações.
4.5. Antiglobalização
Apesar das contradições há um certo consenso a respeito das características da
globalização que envolve o aumento dos riscos globais de transações financeiras, perda de
parte da soberania dos Estados com a ênfase das organizações supra-governamentais,
aumento do volume e velocidade como os recursos vêm sendo transacionados pelo mundo,
através do desenvolvimento tecnológico etc.
Além das discussões que envolvem a definição do conceito, há controvérsias em relação aos
resultados da globalização.Tanto podemos encontrar pessoas que se posicionam a favor como
contra (movimentos antiglobalização).
Um dos aspectos negativos da globalização é a grande instabilidade econômica que se
cria no mundo, pois qualquer fenômeno que acontece num determinado país atinge
rapidamente outros países
________________________________________
1.Designa a ação que existe por parte de uma organização em obter mão-de-obra de fora da empresa, ou seja, mão-de-obra
terceirizada. Está fortemente ligada a idéia de sub-contratação de serviços.
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Os países cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade
de se isolarem,pois ninguém é imune a estes contágios positivos ou negativos.
Como aspectos positivos, temos a facilidade com que as inovações se propagam entre
países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens.
CAPÍTULO II – EXTENSÃO RURAL
5. Histórico da Extensão Rural no Brasil:
A partir da década de 60, foi adotado um modelo decorrente de uma ação conjunta e
organizada pelo tripé: ensino, pesquisa e extensão. Ou seja, que universidades, órgãos de
pesquisa e de extensão rural foram os agentes responsáveis pela introdução dos pacotes
tecnológicos voltados para a utilização intensiva de insumos e máquinas, com o objetivo de
aumentar a produtividade.
A extensão rural no Brasil nasceu sob o uma forte influência norte-americana e visava
superar o atraso na agricultura. No entanto para que se pudesse atingir os objetivos
planejados, havia a necessidade de que a comunidade rural fosse educada, para que ela
tivesse a capacidade de adquirir equipamentos e insumos industrializados necessários à
modernização de sua atividade agropecuária, passando dessa forma de uma situação de
atraso em relação às técnicas e manejo de produção para uma tecnificação mais moderna.
O modelo de produção adotado serviria para que o homem rural pudesse ser inserido
na dinâmica de uma sociedade de mercado, com o aumento de produção, com melhor
qualidade e maior rendimento.
5.1. Fases da extensão rural no Brasil
A primeira fase, chamada “humanismo assistencialista”, prevaleceu desde 1948 até o
início da década de 1960, nela os objetivos do extencionista eram o de aumentar a
produtividade agrícola e, conseqüentemente, melhorar o bem estar das famílias rurais com
aumento da renda e diminuição da mão-de-obra necessária para produzir.
Apesar de levar em conta os aspectos humanos, os métodos dos extensionistas nessa
época também eram marcados por ações paternalistas. Isto é, não incentivavam a discussão
das problemáticas junto com os agricultores e apenas procuravam induzir mudanças de
comportamento por meio de metodologias preestabelecidas, as quais não favoreciam o
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florescimento da consciência crítica nos indivíduos, atendendo apenas as suas necessidades
imediatas.
A segunda fase era chamada de “difusionismo produtivista”, entre 1964 e 1980 e teve
como base aquisição por parte dos produtores, de um pacote tecnológico modernizante, com
uso intensivo de máquinas e insumos industrializados.
Nesse período a extensão rural servia como instrumento para a introdução do homem
do campo na dinâmica da economia de mercado. A criação do sistema de Assistência Técnica
e Extensão Rural (ATER) surgiu com o objetivo de promover o aumento da produtividade e à
mudança da mentalidade dos produtores, do “tradicional” para o “moderno”.
Naquela época a extensão rural era considerada como um instrumento que tinha como
objetivo persuadir os produtores, para a adoção de novas tecnologias. Para os extensionistas
da época o conhecimento empírico dos produtores não era levado em consideração e
interesse, bem como suas reais necessidades. Dessa forma, a extensão rural assumiu um
caráter tutorial e paternalista.
Durante esse mesmo período foi criada Empresa Brasileira de Assistência Técnica e
Extensão Rural (EMBRATER), onde passou a haver uma grande expansão do serviço de
extensão rural no país. Com o surgimento da EMBRATER a extensão rural chegou a atingir
quase 78% dos municípios brasileiros em 1980, em comparação a apenas 10% dos municípios
em 1960. Porém, como o papel dos extensionistas era condicionado pela existência do crédito
agrícola, os pequenos agricultores familiares que não tinham acesso ao crédito passavam a
ficar à margem do serviço de extensão rural.
Do início dos anos 1980 até os dias atuais, teve incício uma nova proposta de extensão
rural, que preconizava a construção de uma “consciência crítica” nos extensionistas. O
“planejamento participativo” era um instrumento de ligação entre os assessores e os
produtores. Essa fase ficou conhecida como “humanismo crítico”.
Essas metodologias de intervenção rural tinham como diretrizes os princípios
participativos, que considerem os aspectos culturais do público alvo.
O diferencial entre as metodologias de extensão na era do “difusionismo produtivista” e
da era do “humanismo crítico” se refere à questão da participação ativa dos agricultores.
Apesar de haver uma orientação em favor da aplicação dos princípios participativos, a
maioria das empresas de ATER continuam com a mesma orientação básica que é a inclusão
do pequeno agricultor familiar na lógica do mercado, para torná-lo cada vez mais dependente
dos insumos industrializados e subordinando-o ao capital industrial.
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O maior desafio para os institutos de pesquisa e universidades é a formatação de
modelos estratégicos que viabilizem as metodologias participativas de ATER, onde os
agricultores familiares sejam inseridos em todo o processo, ou seja, desde a sua concepção
até a aplicação das tecnologias. Dessa forma esses agricultores passam a ser agentes diretos
no processo, e tendo como consequência a valorização dos conhecimentos tradicionais.
6. Transferência de Tecnologia Agropecuária
Podemos definir a transferência de tecnologia como sendo um conjunto de atividades,
habilidades, conhecimentos, processos e experiências que podem ser incorporados a um
produto ou serviço (Mendes e Sales, 2009).
A transferência de tecnologia pode ser considerada como ferramenta essencial para
uma metodologia que tem como princípio atender as demandas da agroindústria.
Por fim podemos afirmar que o processo de transferência tecnológica em como
finalidade um desenvolvimento rural sustentável, através da utilização de processos inovadores
pelos produtores rurais (Mendes e Sales, 2009).
Segundo os autores, dentre os diversos processos de transferência de tecnologia,
podemos citar a Incubação de empresas como sendo uma estratégia que estimula a criação, o
desenvolvimento e a consolidação de empresas competitivas, através da adoção de práticas
administrativas modernas e de tecnologias inovadoras.
Batalha et al. (2009) consideram que o Brasil tem adotado políticas para a definição,
tratamento, organização e divulgação de informações e indicadores voltados às atividades de
Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T e I) e de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Segundo os autores, no Brasil as atividades de C&T e I vêm encontrando obstáculos e
dificuldades nos critérios de avaliação. Alguns dos principais obstáculos são:
• Pouca tradição do Brasil nesta área,
• Ausência de periodicidade definida para as pesquisas e
• Heterogeneidade das metodologias utilizadas para levantamento e tratamento dos
dados.
Com isso há um impedimento para a construção e catalogação de dados estatísticos
mais consistentes e com possibilidade de serem utilizados para a elaboração de estudos e
metodologias de análises que possam ser efetivamente empregadas no planejamento de
políticas públicas e privadas de C&T e I.
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Como foi descrito anteriormente, a agricultura ainda é considerada como uma atividade
ou processo dominado pelas ações dos diversos fornecedores de materiais e insumos. No
entanto a agricultura apresenta um amplo leque de inovações as quais são diferentes tanto na
questão disciplinar quanto estrategicamente.
Dentre as diversas fontes de inovação para a agricultura podemos citar:
• Fontes privadas de organizações industriais de mercado, para produzir e vender
produtos intermediários e máquinas para os mercados agrícolas; entre elas estão às
indústrias de máquinas e equipamentos, fertilizantes, defensivos, etc.
• Fontes públicas institucionais, para a ampliação do conhecimento científico por meio de
atividades de pesquisa básica, desenvolvimento e melhoramento de tecnologias e
produtos agrícolas e o estabelecimento e transferência de práticas agrícolas mais
eficientes.
• Fontes privadas vinculadas à agroindústria, formadas pelas indústrias à jusante e que
geram e difundem novas tecnologias, interferindo direta ou indiretamente na produção
dos produtos primários, com o principal intuito de beneficiar os estágios subseqüentes
de processamento industrial.
• Fontes privadas, organizadas coletivamente e sem fins lucrativos, para o
desenvolvimento e transferência (remunerada ou não) de insumos e práticas agrícolas.
Em alguns mercados específicos possuem uma ampla capacidade de influenciar os
padrões competitivos.
• Fontes privadas relacionadas a serviços de suporte para a atividade agrícola, que tem
um importante papel de disseminadores de tecnologia, baseando-se em habilidades
específicas e na quantidade e qualidade das informações que conseguem processar.
• Unidades de produção agrícola que incorporam o novo conhecimento por meio de um
processo de aprendizado, que pode culminar em inovações. O conhecimento tácito
desenvolvido pelos agricultores afeta, de forma marcante, o grau de cumulatividade e a
capacidade tecnológica dos mesmos.
O governo federal participa do sistema de pesquisa agropecuária brasileiro,
diretamente, por meio de três agências: a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), a Ceplac (Cepec - Centro de Pesquisa de Cacau) e o Ibama (Instituto Nacional
de Recursos Naturais e Meio Ambiente). Além dessas, há agências federais de fomento não
voltadas exclusivamente para a produção agropecuária, destacando-se o CNPq e a FINEP
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7. Metodologias Utilizadas na Extensão
Existe uma série de ferramentas que foram desenvolvidas para o desenvolvimento da
extensão rural. Dentre essas ferramentas ou metodologias podemos citar o Diagnóstico Rural
Rápido (DRP), o Planejamento Estratégico Situacional (PES), a Política Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER)
Podemos definir o Diagnóstico Rural Rápido (DRP), como sendo “uma família crescente de
enfoques e métodos dirigidos a permitir que a população local compartilhe, aumente e analise
seus conhecimentos sobre a realidade, com o objetivo de planejar ações e atuar nesta
realidade” (Chambers, 1994).
Dentre as ferramentas utilizadas no DRP às principais são diagramas visuais e
interativos que representam aspectos de uma determinada realidade e vão sendo construídos
por um grupo de pessoas em discussão. Para cada ferramenta existem procedimentos
específicos e que se transformam em instrumentos abstratos onde são enfocadas a realidade
dentro de um ciclo de passado, presente e futuro (Cunha, 2006).
O Planejamento Estratégico Situacional (PES) apresenta três características principais.
A primeira tem por objetivo identificar e analisar uma situação problemática entre os
indivíduos envolvidos, levando em consideração suas percepções e pontos de vista. Esse
princípio é denominado de subjetivismo, e pressupõe que cada indivíduo terá uma
interpretação de diversas situações e que são influenciadas diretamente de seus
conhecimentos, experiências, crenças, posição dentro da organização social em que vive,
dentre outros (Rieg & Araújo Filho, 2002).
Segundo os autores, o PES também preconiza que não se pode planejar como se o
coordenador e responsável pela elaboração do plano fosse o único agente participante, haja
vista que as ações dependerão de cada situação, e estas variam entre os indivíduos
envolvidos.
A segunda característica do PES é que a partir de problemas e/ou obstáculos em
consequência da real diferença entre a realidade de uma estrutura social e os anseios de um
indivíduo isolado, sejam elaborados planos-proposta.
Em sua terceira característica, o PES assume a incerteza do futuro, e que não há como
prevê-lo. Dessa forma o PES buscará se abster de uma visão determinista do mundo, no
sentido de adivinhar o futuro, e buscará possibilidades para que os atores possam interagir
como as dificuldades criadas.
Através das visões expostas, o PES pode ser subdividido em quatro momentos: o
explicativo, que busca justificar os porquês da situação atual; o normativo, no qual se
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 17
estabelece o que se deseja fazer; o estratégico, que analisa a viabilidade das operações
planejadas; e o tático operacional, que cuida da implementação das operações no dia-a-dia.
Figura 02: Momentos do PES (Rieg & Araújo Filho, 2002).
A nova Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) vem
buscando a descoberta de novas metodologias que possam atender a realidade e as
necessidades os indivíduos no meio rural (Brosler et al., 2010).
Segundo os autores, para que se possa viabilizar o cumprimento desta política, há a
necessidade de readequação das metodologias e métodos de ação para a assistência técnica
e extensão rural. Dentre esses métodos, podemos citar: metodologias participativas, pesquisa-
ação, investigação-ação participante, orientação pedagógica construtivista e humanista, visão
holística e sistêmica.
Nas metodologias participativas o pesquisador passa a desempenhar um papel de
agente participativo de forma efetiva, deixando de ser apenas a fonte de informações. além
disso, esse profissional deve visualizar a própria comunidade como um agente transformador e
promotor do desenvolvimento local.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 18
A pesquisa ação é uma ferramenta de compreensão e de interação entre
pesquisadores e membros das comunidades pesquisadas. Com isso há uma possibilidade de
resolução dos problemas através de diretrizes específicas
Na investigação ação participante (IAP), o agente que atua na comunidade coloca-se
como orientador dos processos, no levantamento dos problemas locais, que devem passar por
um processo de construção e reconstrução contínuo e sob a responsabilidade da própria
comunidade. A IAP deverá ter um desenho flexível que deve ser construído ao longo do projeto
de forma progressiva.
Na visão holística2 os processos de aquisição do conhecimento são desenvolvidos pelo
homem através da interação entre as múltiplas disciplinas envolvidas associada com a própria
relação de convivência entre os membros das comunidades.
A abordagem sistêmica requerida pela PNATER consiste na análise não só dos
insumos físicos dos sistemas de produção, mas também nos seres vivos, principalmente o fator
humano. Além disso, devem ser levadas em consideração as relações entre estes sistemas e
suas interações com o ambiente. A importância fundamental dessa abordagem está na
capacidade do profissional de extensão rural entender e interagir as relações humanas.
Na orientação pedagógica construtivista e humanista o caráter educacional rege toda a
ação da PNATER, principalmente no reconhecimento do agricultor como principal agente de
transformação em suas relações sociais no meio ao qual pertence.
CAPÍTULO III – EXTENSÃO PESQUEIRA
8. História Evolutiva.
Podemos definir como Extensão Pesqueira e Aqüícola, os serviços de
acompanhamento, organização e discussão com as comunidades pesqueiras e aqüícolas,
visando o seu desenvolvimento integral e a melhoria de sua qualidade de vida, através da
organização, articulação e geração de trabalho e renda.
Na década de 60, se iniciaram os serviços de extensão oficial, onde parecia haver condições
para o aumento de produção. Atualmente muitas das capturas artesanais estão perigosamente
em declínio.
_______________________________
2. É a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser
explicadas apenas pela soma de seus componentes.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 19
Por essa razão há uma necessidade urgente de no manejo dos recursos para que
sejam mais bem aproveitados sem que a sustentabilidade de todo o ecossistema seja
ameaçada.
Dessa forma o aumento da eficiência econômica das comunidades pesqueiras
artesanais dificilmente ocorrerá somente através do aumento de produção, sem que sejam
levados em conta questões como a agregação de valor ao pescado capturado ou a inserção
dessas comunidades em outras atividades.
Durante muito tempo os pescadores artesanais foram considerados ineficientes e
improdutivos e, dessa forma, passaram a ser inseridos apenas em programas sociais. No
entanto se observarmos as estatísticas de pesca da época, podemos comprovar que essa
situação não reflete a realidade, haja vista que a produção da pesca artesanal mostrou-se
superior à pesca industrial, tanto em termos de volume de produção quanto na captura de
recursos pesqueiros de alto valor de mercado.
Do ponto de vista da importância social o setor torna-se ainda mais relevante, quando
levamos em consideração as milhares de famílias que têm nessa atividade seu modo de
subsistência.
Essas conclusões foram expostas durante a Conferência Mundial sobre o
desenvolvimento Pesqueiro ocorrida em 1984 que demonstrou que a atividade da pesca
artesanal praticada em países ditos do Terceiro Mundo é altamente viável do ponto de vista
econômico e mais eficiente a partir da perspectiva social. Outra conclusão é que a pesca
artesanal deve ser objeto de políticas econômicas e ambientais e não somente alvo de
programas de assistência social.
No entanto, podemos considerar como problemáticas atuais do setor, as interferências
de diversos ministérios, a quantidade de leis, portarias e normatizações que têm por objetivo
ordenar a atividade e que na verdade dificultam a compreensão e assimilação por parte dos
pescadores artesanais e aquicultores familiares das suas responsabilidades e de seus direitos.
Apesar dos avanços e progressos de várias atividades produtivas, em termos globais, s
comunidades pesqueiras ainda vivem uma forte realidade de exclusão social, com altos índices
de analfabetismo e dificuldades de acesso aos direitos sociais básicos, além de ser agravado
por um sistema representativo de classe muito frágil e ineficiente.
Outro ponto a ser levado em consideração e que as comunidades pesqueiras e
aquícolas estão expostas a uma série de conflitos com outras atividades como a própria pesca
industrial, a pesca amadora, a especulação imobiliária, que muitas vezes os expulsa de seus
espaços.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 20
Por outro lado, a capacidade de organização para a gestão dos recursos pesqueiros,
além grande biodiversidade e o acúmulo de conhecimentos, técnicas e tradições inerentes à
atividade são elementos importantes e fundamentais que demandam um serviço bem
estruturado de assistência técnica e extensão pesqueira e aqüícola qualificado.
9. Objetivos.
O principal objetivo da Extensão Pesqueira é a promoção e apoio as iniciativas de
desenvolvimento local sustentável visando à inclusão social e a melhoria da qualidade de vida
das comunidades pesqueiras e aqüícolas, adotando os princípios ecológicos como base
orientador das ações.
De forma específica a Extensão Pesqueira tem por objetivo:
• Adotar, gradativamente, sistemas de produção técnicos e economicamente
viáveis, que possibilitem a transição para modelos ecológicos, na medida em que
forem gerados pela pesquisa;
• Contribuir para a melhoria da renda, da segurança alimentar, da geração e
manutenção do trabalho em equilíbrio com o ambiente e com os valores culturais
das comunidades;
• Estimular a participação em representação política para o fortalecimento da
cidadania e a participação dos pescadores(as) artesanais e aquícultores(as)
familiares através de organizações representativas de classe;
• Promover ações integradas de inclusão social que garantam o acesso as políticas
públicas;
• Facilitar o acesso a projetos de crédito, através da articulação entre organizações
dos(as) pescadores(ras) e aqüicultores(rãs) e agentes financeiros
• Estimular formas de beneficiamento, agregação de valores e comercialização do
pescado gerando renda para as famílias envolvidas e reduzindo a intermediação
na comercialização de seus produtos;
• Desenvolver ações que promovam a melhoria da qualidade do pescado,
estimulando as boas práticas de manipulação e elaboração ao longo de toda
cadeia produtiva visando à segurança alimentar, a valorização do produto;
• Contribuir na construção e valorização de mercados locais e a inserção dos
pescadores artesanais e aqüicultores familiares para a geração de novas fontes
de renda;
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 21
• Fortalecer as relações de gênero e o empoderamento de jovens, mulheres e
populações tradicionais;
• Articular parcerias institucionais para a geração de tecnologias sustentáveis,
educação e capacitação de aquicultores familiares e pescadores artesanais;
• Estimular a criação, consolidação e fortalecimento de organizações
associativistas e cooperativistas de autogestão, para o fortalecimento das
comunidades fortalecendo assim as interrelações dos pescadores artesanais e
aquicultores familiares para a melhoria da competitividade, de forma solidária,
contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento homogêneo e sustentável das
comunidades;
• Valorizar as questões culturais das comunidades atendidas para a melhoria dos
processos de desenvolvimento local sustentável;
• Promover a troca de experiências de assistência técnica e extensão pesqueira e
aquicola;
• Desenvolver parcerias para os atendimentos básicos de saúde;
• Desenvolver programas de capacitação de forma contínua dos agentes de
desenvolvimento;
• Desenvolver processos educativos e participativos nas comunidades atendidas;
• Desenvolver processos de diversificação e agregação de valor (artesanato,
turismo, culinária, etc) às atividades ligadas direta ou indiretamente à pesca
artesanal e aqüicultura familiar, resgatando e valorizando as tradições culturais.
CAPÍTULO IV – A EXTENSÃO PESQUEIRA NO BRASIL E NO CEARÁ.
10. Origem, Objetivo e Evolução:
A lógica do desenvolvimento do setor pesqueiro nacional mediante a implantação de
novas tecnologias de pesca já estava contemplada desde o início do século XX, quando a
Marinha de Guerra criou as colônias de pescadores por meio da Missão do Cruzador “José
Bonifácio” (1919-1924). A estratégia principal dessa Missão foi a de viabilizar a proteção militar
da costa nacional e o desenvolvimento das indústrias da pesca no Brasil (CALLOU, 1994).
A literatura nos informa que a forma vertical e autoritária como as colônias de pesca
foram institucionalizadas ao longo do litoral brasileiro trouxe repercussões histórias negativas
na vida das comunidades pesqueiras.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 22
Os pescadores enfrentaram, e ainda enfrentam, no âmbito da participação social e
política, problemas não apenas dentro das colônias, com representações alheias à categoria
dos pescadores, mas, sobretudo, nos processos decisórios das políticas públicas para o
desenvolvimento da pesca artesanal (CALLOU, 1994).
A política de extensão pesqueira no Brasil surgiu com a finalidade de apoiar o
desenvolvimento do setor pesqueiro, levando em conta a extensa costa brasileira que é rica em
pescados e o contraste com as comunidades pesqueiras artesanais que se encontravam em
total desamparo socioeconômico. Em virtude desse cenário, havia uma proposta de difusão de
tecnologias de pesca modernas, nos mesmos moldes da difusão de tecnologias agropecuárias
no meio rural. Dessa forma o serviço oficial de extensão pesqueira começou a desenvolver
programas a partir do final dos anos 60, com a fundamentação de que a modernização do setor
pesqueiro seria a ferramenta mais adequada para viabilizar o desenvolvimento social e
econômico das comunidades pesqueiras. No entanto o resultado dessas políticas implantadas
naquela época foram negativas, pois as comunidades pesqueiras continuaram em situação de
pobreza extrema e a exclusão social das famílias. Além disso, houve uma diminuição drástica
da produção aliada a degradação ambiental.
Quando foi implantada a política de industrialização nacional nas décadas de 60/70 no
meio rural, onde os produtores eram apenas fornecedores de matéria prima, os pescadores
passaram a agir da mesma forma.
Com metas estabelecidas para a modernização da pesca, a extensão pesqueira atingiu
o seu auge nas décadas de 70/80, a partir do momento em que os estados brasileiros
passaram a criar estruturas próprias para atender as comunidades pesqueiras. Durante esse
período houve uma concentação estratégica dos segmentos das cadeias produtivas, como
infra-estrutura, onde sua administração ficou sob domínio de uma pequena parcela de
empresários ou foram sucateadas.
A partir da criação da Superintendência de Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), em
1962, houve uma expectativa na melhoria das condições de vida das comunidades pesqueiras
através da difusão de informações e tecnologias e a institucionalização da Extensão Pesqueira,
em 1968. Essa nova política de extensionismo na pesca permaneceu até a extinção da
SUDEPE. Por conseqüência, comunidades pesqueiras ficaram praticamente sem serviços
públicos de apoio ao desenvolvimento da pesca.
Em 1967 o Governo Federal publica o Decreto nº 221,o qual determina que seja
realizada a reorganização e a regulamentação das Colônias, Federações e Confederação
Geral dos Pescadores do Brasil. Através de incentivos fiscais o governo brasileiro priorizou e
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 23
beneficiou o setor pesqueiro industrial, o que teve como consequência a implantação de uma
grande quantidade de entrepostos e a ampliação da frota pesqueira. Esses investimentos logo
se tornaram improdutivos e altamente prejudiciais devido a falta de planejamento, que não
priorizou a sustentabilidade da produção.
A política que se desenvolveu durante esse período causou forte impacto nas
comunidades pesqueiras, causando sérios conflitos e problemas, devido a especulação
imobiliária, o turismo desordenado, a poluição, a falta de saneamento,e outros.
Em face desse cenário, a SUDEPE, lançou um programa denominado de Programa de
Apoio à Pesca Artesanal, o PESCART cujo o principal foco era a assistência as comunidades
pesqueiras para solucionar as questões inerentes as suas relações sociais e econômicas com
a intensificação assistência técnica a essas comunidades.
Entretanto, a SUDEPE e o PESCART não levaram em consideração durante seu
planejamento e execução as tradições e os conhecimentos das comunidades assistidas com
relação à pesca propriamente dita, bem como os recursos naturais e a diversidade dos
ecossistemas onde as comunidades estavam inseridas. Como conseqüência, os resultados
alcançados não se mostraram eficientes e sólidos.
Em 1989, com a extinção do PESCART e da SUDEPE, houve um agravamento da
assistência as comunidades pesqueiras, haja vista que não havia mais nenhuma instituição de
caráter assistencialista e extencionista que pudessem atender essas comunidades e suas
demandas.
No ano de 2003 foi criada a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência
da República – SEAP/PR, hoje o Ministério da Pesca e Aquicultura, que iniciou uma série de
políticas públicas específicas de fomento e desenvolvimento, voltadas para a sustentabilidade e
a inclusão social. Para que essas políticas se tornarem eficientes era de suma importância a
participação da extensão pesqueira e aqüícola como estratégia, para que os investimentos
públicos possam ser viáveis, não apenas na implantação e execução eficientes dos projetos,
mas principalmente para que pudessem se tornar duradouros.
Assim, a partir da criação SEAP/PR, as políticas de desenvolvimento da pesca voltam
ter destaque e atenção e, com elas, o serviço de Extensão Pesqueira.
O serviço de extensão pesqueira no Brasil era praticado pro profissionais de áreas
como agronomia, sociologia, veterinária.
A partir da implantação do curso de Engenharia de Pesca, a extensão pesqueira torna-
se uma atividade praticada quase de forma exclusiva por esses profissionais
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 24
Apesar dos cursos de Engenharia de Pesca no Ceará e Pernambuco, ter sido criados
na década de 70, foi somente a partir dos anos 90 que a de extensão pesqueira passou a ser
ministrada. Com a criação dessa disciplina o processo de extensão pesqueira passou a ser
abordada, porém ainda de forma tímida e restrita.
O principal desafio para a extensão pesqueira no Ceará é a formação de profissionais
que sejam capazes de atender as demandas das comunidades pesqueiras para a sua inclusão
social, além de sua formação em sistemas organizacionais, produtivos e econômicos que
passem a incluir essas comunidades dentro dos contextos modernos de produção, sem
esquecer suas raízes e tradições.
11. Aspectos Sócio Culturais das Populações Pesqueiras no Brasil.
Podemos considerar como as principais características do conhecimento tradicional na
pesca:
• O conhecimento tradicional não é distribuído de forma igualitária entre todos os
pescadores, mas sim em função do tempo de experiência na pesca;
• A qualidade desse conhecimento se deve basicamente da posição do pescador no
sistema de pesca;
• O conhecimento do pescador depende das tecnologias utilizadas na pesca. Os
diferentes tipos de aparelhos de pesca são sensíveis ao tipo de meio-ambiente marinho.
O conhecimento do pescador que trabalha com arrasto, por exemplo, é diferente do que
trabalha com linha de fundo.
As comunidades pesqueiras, representam, no Brasil, aproximadamente 800 mil
pescadores e pescadoras e que produzem cerca de 55% da produção pesqueira nacional.
Tradicionalmente os habitantes das áreas costeiras, também são chamados de praieiros,
jangadeiros, caiçaras e açorianos, e dependem da região onde habitam e de seus artefatos
socioculturais e técnicos.
Essas os membros dessas comunidades são reconhecidos pela dedicação na captura
de pescado e que exercem as funções de membros de tripulações dos barcos pesqueiros,
executando diversas tarefas, no caso dos pescadores marítimos, ou tarefas específicas, como
no caso da pesca de água doce e águas costeiras.
Estudos acadêmicos brasileiros que abordam os aspectos socioculturais dessas
comunidades são reduzidos. Apenas a partir dos anos 60/70 é que se observou as primeiro as
produções científicas a respeito do assunto. No entanto não existem ainda hoje estudos
consistentes sobre, a história cultural da pesca no país.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 25
Foram identificadas algumas contribuições nas décadas de 40/50. Porém esses
trabalhos se dedicaram apenas a exposição das peculiaridades culturais e sociais das
comunidades pesqueiras da costa nacional, tais como aspectos geográficos, climáticos, ou
relacionados aos processos de colonização.
Podemos observar que toda a cultura desenvolvida na costa brasileira possui fortes
vínculos da época da colonização, da influência indígena e africana.
Com relação à influência indígena no segmento da pesca, podemos citar o uso do
timbó (cipó que provoca efeitos entorpecentes nos peixes, quando jogadas na água, o que
facilita a sua captura, até mesmo com as mãos). Atualmente essa foram de pesca está proibida
(Figura 01).
Figura 1: Timbó utilizado para pesca por povos indígenas
Outra forma de pesca de influência indígena e a metodologia das tapagens (barreiras
de madeira construídas nos rios e estuários para facilitar a captura dos peixes); e dos
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 26
currais‑de‑pesca (estruturas de madeira em forma de cercados construídas próximo a costa),
e que atualmente ainda é bastante utilizado litoral brasileiro (Figura 02).
Figura 02: Curral de Pesca tradicional na Região de Acaraú/CE.
A utilização do moquém, que é uma espécie de grelha para assar o pescado e que
serve para a sua conservação é outro aspecto da cultura indígena que permanece na
atualidade, especialmente na região Norte do Brasil (Figura 03).
Com relação à influência indígenas nas embarcações, a canoa feita de um único tronco
escavado ainda é encontrada praticamente em toda a costa brasileira. A jangada, embora mais
restrita ao Nordeste, é outro exemplo da influência indígena nas tradições pesqueiras.
Em si tratando da influência da colonização portuguesa na pesca podemos citar a
incorporação do anzol de ferro, em substituição ao espinho torto de origem indígena. Temos
ainda a utilização do espinhel, desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul e as redes de
emalhar ou tresmalho, bastante utilizadas na pesca da tainha, atividade ainda comum no litoral
brasileiro.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 27
Com referência aos processo de conservação, a preparação do pescado salgado e
seco é outra influência da colonização e que é ainda bastante difundida ao longo da costa
brasileira.
Figura 03: Móquem utilizado para assar pescados pelas populações indígenas
Porém não é apenas nos aspectos técnicos da pesca que se encontraria o relevo da
herança indígena e portuguesa nas comunidades do nosso litoral.
A atividade pesqueira na maioria das comunidades é uma atividade cooperativa. O
simples ato de consertar uma rede faz com que haja uma interação entre os membros da
comunidade, tornando-se de fato um grupo social.
Outros aspectos da cultura das comunidades pesqueiras são as tradições orais e
folclóricas, sobretudo a da colonização portuguesa como as lendas de tesouros que foram
enterrados da época da pirataria na costa brasileira; as crenças nas ‘mães d’água’ ou ‘mães de
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 28
ouro’, aparecendo repentinamente a pentear‑se nos rios litorâneos com pentes de ouro, mas
desaparecendo logo em seguida, dentre outras.
A ciranda também é uma dança muito comum nas comunidades pesqueiras do
Nordeste.
As festas religiosas são encontradas praticamente em todas as comunidades
pesqueiras do litoral brasileiro. Além das festas específicas do santo padroeiro de cada região,
em geral são comuns em todas elas a de São João, a de Santo Antônio, a dos Navegantes, a
de São Pedro, a do Espírito Santo, entre outras.
Sob a influência portuguesa, a produção musical manteve‑se sem grandes
modificações até a década de 1950.
Quanto às habitações têm sido em geral, ao longo do tempo, feitas de taipa ou de folha
de coqueiro, construções com tábuas de madeira superpostas, cobertas de palha, as palafitas,
do Nordeste e da Amazônia.
Diversos problemas de saúde nessas comunidades pesqueiras então relacionados às
condições sanitárias e de habitação, agravados pela alimentação deficiente e pelo pouco hábito
de higiene. Sem falar das doenças relativas à própria atividade profissional do pescador e da
pescadora, como a cegueira e os problemas de pele, devido à constante exposição ao sol
durante a atividade.
A falta de uma educação básica nas comunidades de pesca, no passado e no
presente, a despeito dos problemas dê decorrentes, reforça a idéia de uma cultura oral
fortemente desenvolvida entre os pescadores brasileiros.
CAPÍTULO V - COMUNICAÇÃO, METODOLOGIA E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES.
12. As Escolas de Extensão Pesqueira no Brasil.
Com relação às instituições brasileiras onde são desenvolvidos os ensinos da extensão
pesqueira, podemos apontar principalmente os curso de Engenharia de Pesca e Engenharia
para Aquicultura.
Abaixo segue uma relação dos principais cursos de Engenharia de Pesca no Brasil e
que tem a disciplina de extensão pesqueira em sua grade curricular:
• Alagoas: Universidade Federal de Alagoas
• Amapá: Universidade do Estado do Amapá
• Amazonas: Universidade Federal do Amazonas
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 29
• Bahia: Universidade do Estado da Bahia, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
• Ceará: Universidade Federal do Ceará
• Maranhão: Universidade Estadual do Maranhão
• Pará: Universidade Federal do Pará Universidade Federal Rural da Amazônia
• Paraná: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
• Pernambuco: Universidade Federal Rural de Pernambuco
• Piauí: Universidade Federal do Piauí
• Rio Grande do Norte: Universidade Federal Rural do Semi-Árido
• Rondônia: Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR
• Sergipe: Universidade Federal de Sergipe
• Santa Catarina: Universidade do Estado de Santa Catarina
No caso específico do estado do Ceará, além da Universidade Federal do Ceará, o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), através de seus campi
avançados das cidades de Aracati, Acaraú e Sobral, onde são desenvolvidos os cursos de
Pesca e Aquicultura, também tem a extensão pesqueira em seu currículo.
Com a criação dos cursos de Aquicultura nas Escolas Estaduais de Educação
Profissional (EEEP) do Governo do Estado do Ceará, abre-se uma nova oportunidade de
formação de técnicos em extensão pesqueira que possam atuar tanto em comunidades
litorâneas quanto em comunidades que atuam na pesca e aquicultura em águas interiores
13. Fundamentos Metodológicos.
Como foi relatado anteriormente, os principais fundamentos metodológicos em que se
apóiam os programas de extensão pesqueira podem ser definidos como:
• Estimular à participação em espaços de representação política dos próprios pescadores,
por intermédio de suas organizações;
• Promover parcerias institucionais para geração de tecnologias, para a educação e para a
capacitação técnica, em processos de discussão dialógica com as comunidades;
• Facilitar o acesso ao crédito, por meio da articulação com organizações dos pescadores
artesanais, divulgando e auxiliando no processo de elaboração e execução dos projetos;
• Visar às relações de gênero e o empoderamento de jovens e mulheres;
• Estabelecer formas de gestão compartilhada do uso dos recursos e ser um catalisador do
processo;
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 30
• Desenvolver programas de capacitação continuada dos agentes de desenvolvimento;
• Estimular a busca de parcerias com os poderes públicos nacional, estaduais e municipais;
• Desenvolver processos de diversificação e agregação de valor (artesanato, turismo,
culinária, etc) às atividades ligadas direta ou indiretamente à pesca artesanal.
A rede nacional integrada de assistência técnica e extensão aqüícola e pesqueira é
orientada para a capacitação e a integração de técnicos, agentes multiplicadores e conselhos
regionalizados. A apropriação participativa de experiências e a sistematização e difusão de
tecnologias eficientes e sustentáveis e de metodologias baseadas em protocolos de boas
práticas de manejo e manuseio são relacionadas à otimização e ao fortalecimento das cadeias
produtivas da aqüicultura e pesca.
CAPÍTULO VI – DIAGNÓSTICOS E ESTRATÉGIAS DA EXTENSÃO PESQUEIRA.
14. O trabalho Comunitário e o Desenvolvimento de Comunidades.
Sistemas de gestão compartilhada da pesca, também denominados de co-manejo, co-
gestão ou co-gerenciamento, podem ser considerados como alternativas para a consolidação
da participação de todos os atores que fazem parte do processo de extensão pesqueira e para
a descentralização do gerenciamento pesqueiro no país.
No entanto para que esses sistemas se tornem eficientes é necessário que haja uma
boa relação entre as comunidades pesqueiras e as instituições participantes,
Essas relações se mostram importantes a partir do momento em que a capacidade de
acelerar os processos de aprendizagem e comunicação, e a capacidade da sociedade de
suportar, adaptar-se e aprender com as mudanças são assimiladas pelas comunidades
pesqueiras.
No Brasil os sistemas de gestão compartilhada têm a função de intermediar a proteção
das sociedades tradicionais, tais como pescadores artesanais e coletores de caranguejos,
contra a pressão de práticas insustentáveis de uso dos recursos naturais. A legislação
brasileira apresentou recentes avanços quanto à inclusão das comunidades pesqueiras, na
gestão dos recursos ambientais. Dentre as políticas públicas voltadas para o setor pesqueiro,
podemos citar o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (Lei n° 7.661, de 1988) e o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei n° 9985, de 2000), o quais estabelecem a
necessidade da participação das comunidades locais nas tomadas de decisão, assim como da
legitimação das práticas tradicionais de manejo dos recursos naturais.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 31
Esses princípios têm impacto direto sobre o reordenamento e na criação de novas
políticas públicas nacionais que reconhecem a importância de mecanismos participativos de
gestão da pesca. Além disso, essas ações incorporam novos instrumentos para que todas as
partes interessadas participem na formulação e tomada de decisões.
Na prática, inúmeros sistemas de gestão compartilhada são estabelecidos como uma
forma mais efetiva para o gerenciamento sustentável dos recursos pesqueiros, sendo
implementados ao longo das bacias hidrográficas e da zona costeira brasileira. Eles podem ser
exemplificados pelas reservas extrativistas (Resex), reservas de desenvolvimento sustentável
(RDS), fóruns de pesca, dentre outros.
A metodologia para a implementação de um sistema de gestão compartilhada para o
setor da pesca terá diferenças dependendo da participação individual de cada comunidade
envolvida e da interação entre o Estado.
No Brasil podemos identificar uma série de processos de gestão participativa no setor
da pesca. Estes processos podem ser identificados em unidades de conservação de proteção
integral, como parque nacional, parque estadual, e reservas biológicas, em unidades de uso
sustentável, como reserva extrativista, reserva extrativista marinha, reserva de
desenvolvimento sustentável, área de proteção ambiental, e floresta nacional, e fora de
unidades de conservação, como os acordos de pesca e manejo comunitário de lagos na
Amazônia, os fóruns de co-gestão na região Sul, e demais processos de co-gestão da pesca
em águas interiores e costeiras no Brasil.
Em uma análise dos processos de gestão nas cinco regiões brasileiras, podemos
observar que:
• Existem mais iniciativas na região norte do que em qualquer outra região do Brasil;
• Existem muito pouco as iniciativas nas regiões centro-oeste, sul e sudeste;
• Na região nordeste, os processos estão ocorrendo quase que exclusivamente na área
costeira; e
• As iniciativas nas regiões costeiras nas regiões sul e sudeste são principalmente fora de
unidades de conservação (por exemplo, em fóruns), enquanto na região nordeste é
predominantemente em unidades de conservação.
Algumas hipóteses podem ser levantadas a partir de tais diferenças regionais visando
novos estudos para a equalização entre os problemas e os avanços identificados.
A primeira hipótese levantada é a de que na região norte as comunidades se
apresentam mais organizadas, e, como consequência, mais capacitadas para a participação
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 32
em processos de gestão participativa do que nas demais regiões do Brasil. Esse
amadurecimento pode ser explicado por alguns fatos, como:
• A influência direta da igreja nos processos de mobilização comunitária a partir da década
de 60, e;
• A maior parte das comunidades na Amazônia não sofreu os impactos sócio-econômicos
e culturais resultantes do crescimento desordenado do turismo no litoral brasileiro, o que
pode ser considerado como principal instrumento de desestabilização e/ou
desorganização em muitas comunidades litorâneas.
A segunda hipótese é que o governo brasileiro tem uma meta política, de criar mais
unidades de conservação de uso sustentável na região nordeste do que nas demais regiões
costeiras, devido a essas comunidades serem historicamente menos favorecidas em termos
econômicos e que carecem, dessa forma, de mais proteção.
A terceira hipótese diz respeito ao fato de que na região centro-oeste há um forte apoio
a prática da pesca esportiva, que tem se apresentado mais rentável para o desenvolvimento
daquela região do que a pesca de subsistência ou comercial. Devido a esse fato parece que as
comunidades de pescadores locais se sentem menos favorecidas politicamente para buscar
acordos para a implementação da gestão compartilhada ou comunitária frente aos interesses e
do poder econômico da indústria da pesca esportiva.
Uma das principais estratégias usada na implementação de arranjos que incluem a
participação das comunidades que usufruem e fazem o manejo dos recursos tem sido o
fortalecimento das instituições locais, formais ou informais, através do apoio de instituições,
como ONGs e agências governamentais.
Dentre os diversos mecanismos que podem ser utilizados, visando o fortalecimento das
estruturas organizacionais e da capacidade de manejar os recursos naturais de maneira
sustentável, temos:
• Instrumentos de disseminação de conhecimento e informações para as comunidades
envolvidas;
• Busca de novas fontes de renda alternativas através da diversificação das atividades;
• Elaboração de planos para a agregação de valor aos produtos gerados;
• Busca de novos mercados para os produtos gerados pelas comunidades, e;
• Desenvolvimento de projetos para a melhoria na qualidade de vida da população.
Embora várias instituições tenham atuado junto às comunidades para o apoio em
questões como organização, logística, apoio financeiro e capacitação, visando o
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 33
desenvolvimento da organização comunitária e de projetos de manejo integrado dos recursos
naturais locais, em muitas oportunidades a própria comunidade é a responsável por sua própria
estrutura organizacional.
Têm-se observado que os arranjos de manejo compartilhado e comunitário têm
apresentado um bom desenvolvimento com relação ao aumento de produtividade dos recursos
naturais e que na maioria dos casos tem um papel importante no sucesso dos projetos
desenvolvidos para essas comunidades.
A criação de fontes alternativas de renda pode ser considerada como uma importante
estratégia de manejo.
Podemos apontar como outro ponto positivo, a participação das comunidades na
elaboração de novos projetos de gestão participativa na região, indicando que os arranjos
comunitários e participativos tem tido bons resultados e que são reconhecidos pela população
local.
Outro pontos que devem ser considerados com relação à limitação da exploração dos
recursos naturais, diz respeito ao controle de acesso a pontos de pesca, pois na comunidades
organizadas socialmente e onde há o controle de acesso aos recursos e da maneira como as
pescarias são realizadas, foram observadas que foram criadas medidas para que não
houvessem o colapso dos recursos naturais.
Esse controle de pontos de pesca permite que um número limitado de pescadores
tenham acesso aos recursos naturais, passando a ser um incentivo para um usufruto
sustentável, uma vez que essas ações proporcionam a manutenção dos estoques.
Outros fatores de sucesso nas questões da conservação de recursos naturais foram a
constatação de sub-exploração dos recursos, do aumento nos estoques pesqueiros, e a
ocorrência de iniciativas das comunidades para o enfrentamento das práticas de exploração
inadequada ou de degradação dos recursos.
Podemos citar ainda alguns fatores que demonstram avanços do ponto de vista
ecológico em processos de gestão compartilhada, como a implantação de empreendimentos
ecologicamente corretos, o aumento de estudos científicos como base para a gestão ambiental
e a educação ambiental realizada junto às comunidades que utilizam diretamente os recursos
naturais em suas atividades diária.
Entre os desafios na implementação de arranjos de manejo comunitário e
compartilhado da pesca, a existência de conflitos quanto ao uso, à extração e à gestão dos
recursos podem ser observados.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 34
A baixa qualidade de vida da população em decorrência da limitação das fontes de
renda tem sido apontada como casos de fracasso nos sistemas de gestão compartilhada.
Diversos fatores de deficiência econômica indicam que os projetos de gestão
compartilhada podem obter resultados negativos. Dentre esses fatores podemos citar as
restrições de mercado aos produtos resultantes dos recursos co-manejados, as restrições de
financiamentos a projetos que visam o desenvolvimento de manejo participativo e os preços
indevidos pagos aos pescadores em virtude da ação dos atravessadores.
As restrições de mercado se mostram mais danosos quando há a dependência dos
pescadores dos atravessadores para a comercialização de seus produtos, bem como pela falta
de instrumentos e planos de agregação de valor aos produtos gerados.
Apesar de ser pouco divulgado, existe outro fator importante a ser combatido que é a
falta de rentabilidade na comercialização dos produtos e a ausência de políticas públicas para o
setor da pesca para suprir as demandas das comunidades a partir do momento que haja
variações ambientais que resultem no déficit dos recursos ambientais comumente explorados.
Dentre os fatores que podem ter influência direta no rendimento e falhas nos sistemas de
gestão compartilhada, estão:
• A sobre-exploração dos recursos pesqueiros naturais;
• A poluição e a degradação de habitats e ecossistemas, em decorrência do turismo
desordenado, das exploração de petróleo e do desenvolvimento portuário, e;
• A exploração desordenada decorrente de pressões do mercado consumidor.
Em decorrência das situações expostas acima, haverá uma grande dificuldade durante
a implantação dos sistemas de gestão compartilhada, como a realização de uma fiscalização
eficiente, a instalação de uma exploração industrial e comercial indevidas e a não restrição de
uso e acesso aos recursos, assim como o excesso de usuários dos recursos, e que dificultam
os seus manejos.
Os fatores negativos ligados aos aspectos institucionais podem ser classificados em
três níveis distintos:
• O local ou a comunidade;
• O das instituições exógenas ao processo como as agências de fomento e organizações
não governamentais, responsáveis pela criação de projetos de gestão compartilhada, e;
• O governo.
Podemos citar ainda como os fatores negativos a ausência de coesão e organização
social entre as comunidades e a inexistência de instituições e regras locais que sejam
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 35
duradouras e legitimadas; a falha na atuação de instituições exógenas em fortalecer as
comunidades para engajar em processos de gestão participativa; e a delegação de pouco
poder à população local na tomada de decisão sobre o uso e a gestão dos recursos naturais.
Uma atuação deficiente das instituições que atuam junto às populações tradicionais,
como a falta de suporte técnico e científico no manejo e na conservação dos recursos e a não
inclusão das populações e de seu conhecimento local/tradicional nas pesquisas científicas,
também são considerados fatores negativos nos processos de gestão compartilhada.
O conhecimento dos ecossistemas no entorno das comunidades pesqueiras por parte
dos próprios integrantes dessas comunidades são em muitos casos deixados de lado frente ao
conhecimento científico.
Dentre os principais desafios do governo para o avanço dos planos de gestão
participativa, são a falta de políticas públicas adequadas as demandas dessas comunidades, a
inexistência de um programa nacional de gestão compartilhada da pesca e a descentralização
políticas para os setores da zona costeira.
Com relação à população local, foram identificados problemas que se refere a pouca
participação dessas comunidades em processos de compartilhamento de responsabilidades na
gestão dos recursos locais.
Falhas nos processo de manejo, tanto por parte dos usuários dos recursos quanto das
instituições que com eles trabalham, como a desobediência às regras de uso dos recursos
pelos usuários, a falta de confiança da população nessas instituições e a falta de
estabelecimento de regras claras e apropriadas para a exploração comedida dos recursos com
a devida participação dos pescadores no desenho de tais regras, são outros exemplo de
fatores negativos nos processos de gestão participativa.
.As comunidades pesqueiras ao longo da costa brasileira, bem como as comunidades
de pescadores de águas interiores não são homogêneas. Dessa forma há que se ter o cuidado
em apresentar planos de gestão participativa diferenciados.
Tradicionalmente as comunidades de pescadores no Brasil têm sido constantemente
enfraquecidas politicamente e marginalizadas nos processos de tomada de decisão da gestão
de recursos pesqueiros.
Na maioria dos casos as comunidades pesqueiras necessitam passar por um processo
de aprendizado na criação e na manutenção da gestão compartilhada. Dessa forma, um
entendimento adequado desses aspectos é chave para que a gestão compartilhada promova
um sistema de decisão mais participativo e legítimo. Dessa forma podemos considerar de
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 36
crucial importância a capacitação de agentes de governo para o auxílio institucional na
implantação de sistemas de gestão compartilhada na pesca no Brasil.
15. Interação e Processo Social na Pesca (Associativismo e Cooperativismo)
A pesca artesanal e a aquicultura familiar são instrumentos que atuam como uma
alavanca de desenvolvimento social e econômico, possibilitando o aproveitamento efetivo dos
recursos naturais de uma região e a criação de postos de trabalhos assalariados. No entanto
podemos apontar inúmeras variáveis afetam diretamente o sucesso da pesca artesanal.
O cooperativismo e o associativismo são encontrados desde a Antiguidade, quando os
homens já demonstravam tendência a viver em grupos para defenderem os interesses comuns
na caça, pesca, agricultura, entre outros
Através da Assistência Técnica e Extensão Pesqueira e Aquícola, os pescadores
artesanais e aquicultores familiares em todo o Brasil recebem orientação e capacitação para o
acesso ao crédito, a organização da cadeia produtiva e o incentivo ao associativismo e
cooperativismo por programas e projetos desenvolvidos pelo Governo Federal.
Os pescadores artesanais podem ser definidos como profissionais que, na captura e
desembarque de toda classe de espécies aquáticas, trabalham sozinhos e/ou utilizam mão-de-
obra familiar ou não assalariada. A captura é feita através de técnicas de reduzido rendimento
relativo e sua produção é total ou parcialmente destinada ao mercado local.
O baixo desempenho de algumas comunidades pesqueiras muitas vezes está
associada à falta de organização seja de uma forma associativista ou cooperativista para a
melhoria do processo produtivo. Neste contexto, uma variável que pode significar diferenciação
entre os resultados econômicos obtidos por membros de um grupo de produtores rurais é a
capacitação administrativa das comunidades, que contribui positivamente para o sucesso deste
e que na maioria dos casos se deve a adoção de formas de associação ou cooperação.
A administração possui uma ampla definição, e pode ser dividida em quatro funções
distintas de interdependência e interação de quatro funções distintas: planejamento,
organização, direção e controle. Todas essas funções a partir do momento que se apresentam
de forma organizada dentro de uma associação ou cooperativa, sem mostram muito mais
eficientes quando feito de forma individual.
O planejamento proporciona as comunidades pesqueiras um conhecimento maior da
sua atividade, que contribui para a redução de riscos, proporcionando o crescimento das
atividades de forma segura.
Na organização uma grande parte dos esforços é direcionada para a área de produção,
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 37
Por meio da direção o pescador artesanal procura delegar responsabilidades,
possibilitando o desenvolvimento dentro da comunidade.
Por fim o controle deve ser bastante flexível, de modo a atender à necessidade de
informações para a tomada de decisões da comunidade.
O planejamento estratégico trabalhado dentro de uma visão associativista ou
cooperativista se apresenta como uma ferramenta de competência gerencial do processo
produtivo. Essas formas de organização do processo produtivo são instrumentos que fazem a
diferença entre o sucesso de uma cadeia produtiva, mesmo que seja com baixos níveis
tecnológicos, como é o caso da pesca artesanal e a aqüicultura familiar.
A compreensão e assimilação dos principais descritos acima podem conduzir as
comunidades pesqueiras organizadas em associações ou cooperativas a criar condições para
o planejamento das suas atividades futuras.
A gradual, mais constante, descaracterização do estilo e modo de vida das
comunidades pesqueiras em decorrência dos novos valores e práticas da modernidade pode
ser identificadas através de inúmeras variáveis socioambientais e econômico-culturais, como:
a) a forma de produção e de propriedade dos meios de produção;
b) as relações sociais de trabalho;
c) o objeto de trabalho, e;
d) o processo de trabalho.
A solidariedade familiar e extra familiar está presente nas comunidades de pescadores
artesanais, seja na interação no desenvolvimento dos meios de produção, como a fabricação
e/ou conserto de redes de pescas e embarcações, seja para a execução da atividade de
trabalho, como o beneficiamento do pescado e a pesca propriamente dita. Todos esses fatores
podem ser considerados formas de associativismo ou cooperativismo, mesmo que de maneira
informal.
A fabricação de uma embarcação, ainda que seja apenas de propriedade de um único
membro da comunidade, é um processo no qual, os demais pescadores envolvem-se para
ajudar ou observar valorizando o trabalho realizado. Nos espaços públicos da comunidade,
como os barracões da colônia dos pescadores, as associações ou até mesmo a praia, se
estabelece uma relação de cooperação em torno dos pescadores que dominam a arte da
fabricação de embarcações, onde os demais membros participam de forma indireta com suas
opiniões e experiências de como a embarcação, que está sendo confeccionada, pode melhorar
o seu desempenho e eficiência.
Outra forma clara de cooperação é o próprio ato da pesca, onde a presença de um
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 38
parceiro ou ajudante de pesca é de fundamental importância para que a produção seja
alcançada.
No geral, o trabalho da pesca artesanal apresenta processos de associativismo e
cooperação, desde os aprendizes até os mais experientes, passando pelas mulheres e jovens
da comunidade. Essa forma de organização social colabora para a coesão de toda a
comunidade uma vez que os mais experientes ou as lideranças são legitimados quando forjam
a continuidade e renovação do grupo, procurando resolver disputas e conflitos.
CAPÍTULO VII – PROGRAMAS E VIVÊNCIAS EM EXTENSÃO PESQUEIRA.
16. Programas de Extensão Pesqueira no Brasil.
Com relação aos programas governamentais, que foram desenvolvidos e que estão em
desenvolvimento, para a extensão pesqueira no Brasil, podemos citar:
• O Programa de Assistência Técnica e Extensão Pesqueira para Pescadores
Profissionais Artesanais e Agentes de Desenvolvimento - Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) e Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SPA/PR) (hoje Ministério
da Pesca e Aquicultura), 2005;
• O Plano Nacional de Extensão Pesqueira e Aquícola – Ministério da Pesca e Aquicultura
(MPA), 2009;
• O programa Mais Pesca e Aquicultura - Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), 2010.
O Programa de Assistência Técnica e Extensão Pesqueira para Pescadores
Profissionais Artesanais e Agentes de Desenvolvimento foi criado no ano de 2005, numa ação
conjunta do MDA e SPA/PR e teve como princípios o estabelecimento de condições
necessárias ao apoio financeiro a projetos de assistência técnica e extensão pesqueira e/ou
capacitação de pescadores profissionais artesanais e agentes de desenvolvimento.
O programa procurou apoiar uma série de ações, como:
• Promover ações específicas direcionadas para a inclusão social dos pescadores com
ênfase a valorização da cidadania, aumento da qualidade de vida, através da
alfabetização e capacitação, programas de saúde, habitação, melhoria da organização
dos pescadores, aumento da renda e incentivo à diversificação de suas atividades.
• Assegurar que as ações de capacitação e Ater-pesqueira, direcionadas para as
especificidades de cada territórios e região, fossem construídas a partir do
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 39
reconhecimento das diversidades e especificidades étnicas, de raça, de gênero e
geração, e das condições sócio-econômicas e culturais nas atividades de pesca,
considerando os princípios do etnodesenvolvimento.
• A promoção de ambientes e parcerias inclusivas para o trabalho em rede entre
instituições federais, estaduais, territoriais, municipais, organizações governamentais,
não governamentais e prestadoras de serviços de Ater-pesqueira, estimulando a
elaboração, execução e monitorias participativas de planos de desenvolvimento
sustentável.
• Promoção de uma relação de participação e gestão compartilhada, pautada na co-
responsabilidade entre todos os agentes do processo de desenvolvimento,
estabelecendo interações e agendas efetivas e permanentes com as comunidades
pesqueiras, privilegiando os Conselhos e outros fóruns ativos no âmbito municipal,
territorial, estadual e federal, de modo a fortalecer a participação dos beneficiários e de
outros representantes da sociedade civil, no controle social e na qualificação das
atividades de Ater-pesqueira.
• Implementação de ações buscando a geração de ocupação e de renda, por meio de
processos sustentáveis, tendo como referência o paradigma de desenvolvimento
compreendendo o apoio à sustentabilidade, à viabilidade da atividade de produção
pesqueira, ao beneficiamento, à comercialização de pescado e aos arranjos produtivos
locais.
Durante a realização do programa as abordagens metodológicas foram pautadas nas
atividades de Ater-pesqueira para a pesca artesanal a partir das ações de assistência técnica
organizacional e gerencial, associada à capacitação processual. Metodologias e ferramentas
foram utilizadas para a capacitação dos agentes produtivos, apoiado pelas técnicas atuais de
moderação e visualização dos princípios dinâmicos de ecossistemas aquáticos, pesca
sustentável e economia popular e solidária.
Essa abordagem metodológica utilizou sistemas de gestão participativa, como:
diagnóstico pesqueiro-participativo, planejamento participativo, desenvolvimento
organizacional, criação de empreendimentos e formação de empreendedores, verticalização,
beneficiamento da produção e criação de novos negócios (plano de negócio).
A capacitação e a assistência técnica pesqueira buscaram promover a igualdade de
oportunidades e equidade social, através de técnicas vivenciais e de relação entre a teoria e a
prática.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 40
Os métodos de capturas eficientes, práticas ambientais e legalmente corretas de pesca
para a pesca artesanal, deveriam ser incentivada e disseminadas.
O planejamento participativo das ações teve como base o território rural e as
especificidades dos ecossistemas aquáticos, contribuindo para potencializar ou redesenhar os
sistemas de produção adequados à realidade local.
O Plano Nacional de Extensão Pesqueira e Aquícola foi lançado em 2099 pelo MPA e
teve como objetivo a Promover e apoiar iniciativas de desenvolvimento local sustentável e
solidário visando à inclusão social e à melhoria da qualidade de vida das comunidades
pesqueiras e aqüícolas, adotando os princípios da agroecologia, como eixo orientador das
ações.
As principais diretrizes do programa foram:
• Apoiar ações múltiplas e articuladas de assistência técnica e extensão pesqueira e
aqüícola, que viabilizem o desenvolvimento econômico eqüitativo, solidário e sustentável
no nível local.
• Garantir a oferta permanente e contínua de serviços de Assistência Técnica e Extensão
Pesqueira e Aquicola (ATEPA), que sejam presentes e atuantes em todas as regiões
pesqueiras e aqüícolas, de modo a atender a demanda de todos os trabalhadores do
segmento artesanal da pesca e da aqüicultura familiar.
• Incorporar aos Conselhos ou Câmaras Técnicas de desenvolvimento rural a discussão
da pesca e aqüicultura, inclusive propondo a criação de câmaras e outras instâncias de
discussão específica, nos âmbitos municipal, estadual e federal, de modo a fortalecer a
participação paritária dos beneficiários e de representantes da sociedade civil nos
processos de tomadas decisões e na qualificação das atividades de assistência técnica
e extensão pesqueira e aquícola.
• Desenvolver ações de capacitação de membros de Conselhos ou Câmaras Técnicas,
apoiando e incentivando a formação e qualificação dos seus conselheiros e
conselheiras.
• Promover uma relação de participação e gestão compartilhada, pautada na co-
responsabilidade entre todos os atores do processo de desenvolvimento, estabelecendo
interações efetivas e permanentes com as comunidades pesqueiras e aqüícolas.
• Desenvolver ações que propiciem a conservação e recuperação dos recursos
pesqueiros e a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 41
• Viabilizar serviços de ATEPA que promovam parcerias entre instituições federais,
estaduais, municipais, organizações não-governamentais e organizações dos
trabalhadores do setor, estimulando a elaboração de planos de desenvolvimento
municipal e regional, assim como a formação de redes solidárias de cooperação
interinstitucional.
• Estimular a participação da ATEPA nos processos de geração de tecnologias e
inovações organizacionais, em relação sistêmica com instituições de ensino e pesquisa,
de modo a proporcionar um processo permanente e sustentável de aperfeiçoamento da
pesca artesanal e aqüicultura familiar.
• Orientar estratégias que permitam a construção e valorização de mercados locais e a
aproximação dos pescadores e aqüicultores ao mercado consumidor, visando gerar
novas fontes de renda.
• Garantir que os planos e programas de ATEPA, adaptados aos diferentes territórios e
realidades regionais, sejam construídos a partir do reconhecimento das diversidades e
especificidades étnicas, de gênero, de geração e das condições socioeconômicas,
culturais e ambientais presentes nos agroecossistemas.
• Assegurar que as ações de ATEPA contemplem todas as fases das atividades
econômicas, da produção à comercialização e abastecimento, observando as
peculiaridades das diferentes cadeias produtivas.
• Viabilizar ações de ATEPA dirigidas especificamente para a capacitação e orientação da
juventude, visando estimular a permanência na pesca artesanal.
• Apoiar ações específicas voltadas à construção de eqüidade social e valorização da
cidadania, visando à superação da situação de exclusão social e discriminação em que
se encontra parte da categoria.
• Promover a discussão e a articulação junto ao governo federal, governos estaduais e
municipais visando à aplicação de um currículo específico nas escolas das comunidades
pesqueiras.
• Fomentar e apoiar a organização de redes e arranjos institucionais, com o objetivo de
ampliar e qualificar a oferta de serviços de ATEPA
O programa Mais Pesca e Aquicultura, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), foi
lançado no ano de 2010 e tem como diretrizes básicas os seguintes pontos:
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 42
• Consolidar uma política de Estado: “O reconhecimento da importância deste setor
para o desenvolvimento econômico do Brasil em bases sustentáveis requer uma política
de Estado. Isso se expressa no fortalecimento das políticas públicas definidas, criando
uma estabilidade institucional e garantindo a continuidade das políticas. A definição de
programas estruturantes da cadeia produtiva, a ampliação de investimentos, a criação
de um quadro de pessoal próprio e, principalmente, a concepção de gestão que articula
toda a atividade, desde a produção, passando pela transformação até a
comercialização, são passos significativos para consolidar a política de pesca e
aqüicultura no Brasil. Os acordos de cooperação técnica com governos estaduais e
outros órgãos do Governo Federal promovem parcerias e integram as instituições no
desenvolvimento sustentável da pesca e da aqüicultura”.
• Inclusão social: “A cidadania e a melhoria de renda e qualidade de vida de pescadores
e pescadoras são o foco dessa política. A elevação da escolaridade, a capacitação e
qualificação do pescador se revestem em ação afirmativa, promotora de inclusão social
de cerca de 600 mil famílias que sobrevivem da pesca artesanal. É preciso aprofundar o
processo de valorização da pesca e da cultura das populações tradicionais,
assegurando os direitos dessas populações e considerando o reconhecimento de suas
diversidades culturais. A aqüicultura familiar se coloca também como uma alternativa e
uma oportunidade de emancipação e promoção da autonomia de milhares de
trabalhadores, gerando emprego, aumentando a renda e promovendo a qualidade de
vida”.
• Estruturação da cadeia produtiva: “A articulação de todas as etapas da cadeia
produtiva (produção, transformação e comercialização) requer além de um forte
envolvimento do setor no processo de produção, a implantação de políticas de fomento
e de desenvolvimento da atividade. A pesquisa, o crédito, o ordenamento e a
fiscalização são algumas das necessidades para essa estruturação. A busca da
qualidade do pescado e de um preço competitivo requer o incremento contínuo da oferta
de produtos pesqueiros e a regularização da oferta em períodos de entressafra.
Condições essas inerentes à implantação de programas estruturantes”.
• Fortalecimento do mercado interno: “Com todo o potencial brasileiro para a produção
de pescado, o seu consumo ainda é baixo. É preciso aproximar o produtor do
consumidor. O incentivo ao consumo do pescado deve ser uma ação permanente e ter
foco na educação e na qualidade de vida”.
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• Sustentabilidade ambiental: “O Brasil pode ser referência mundial na aliança do
desenvolvimento com a sustentabilidade ambiental. O contínuo aprimoramento
tecnológico e a garantia de recuperação dos estoques pesqueiros, além do investimento
na aqüicultura familiar são alguns dos pilares dessa nova referência. O aumento
significativo da produção é possível com o desenvolvimento sustentável da aqüicultura.
A cessão de uso das águas da União já é uma realidade de incentivo ao cultivo de
pescados junto aos pequenos e médios produtores rurais e comunidades tradicionais,
garantindo o princípio da precaução e a aplicação de tecnologias e espécies adequadas
ao nosso país”.
• Territórios: “A partir de uma abordagem estruturada na dimensão territorial, são obtidas
informações, considerando estatísticas, base de dados regionais e informações locais
que facilitam o processo de tomada de decisões de forma participativa, de
monitoramento e de orientações gerais para o setor. Assim, é possível planejar,
dinamizar e implementar mecanismos de fomento e desenvolvimento de regiões
potenciais para a inclusão das atividades da pesca e da aqüicultura. Na organização
territorial são levadas em conta as potencialidades, vocações e características
socioculturais”.
• Organização do setor: “A participação social é um método de atuação do Governo
Federal e deve ser desenvolvida com o objetivo de transformá-la em parte integrante da
política de Estado para a pesca e aqüicultura. O fortalecimento do Conselho Nacional de
Aqüicultura e Pesca (CONAPE) amplia e qualifica todas as instâncias colegiadas e
participativas e assegura a participação social no processo de gestão dos espaços e
recursos pesqueiros e dos empreendimentos, por meio do estímulo e fortalecimento das
organizações”.
No referido programa são estabelecidas algumas metas gerais. No entanto
apresentaremos apenas a ações voltadas para as questões da extensão pesqueira.
Essas ações têm como meta:
• Assistência técnica e extensão pesqueira e aqüícola: “A rede nacional integrada de
assistência técnica e extensão aqüícola e pesqueira é orientada para a capacitação e a
integração de técnicos, agentes multiplicadores e conselhos regionalizados. A
apropriação participativa de experiências e a sistematização e difusão de tecnologias
eficientes e sustentáveis e de metodologias baseadas em protocolos de boas práticas de
manejo e manuseio são relacionadas à otimização e ao fortalecimento das cadeias
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 44
produtivas da aqüicultura e pesca. Meta para 2011: 400 mil pescadores e aqüicultores
atendidos”.
• Formação profissional: “A dificuldade de acesso à alfabetização e à qualificação
profissional é um dos grandes impeditivos para o desenvolvimento do setor. A educação
básica deve ser vista como um requisito mínimo e direito de todos os trabalhadores. A
formação profissional de nível médio também é uma demanda urgente para o
desenvolvimento das atividades da pesca e aqüicultura. Nesta perspectiva está o
Pescando Letras, projeto de alfabetização dos pescadores, e a ampliação dos cursos de
aqüicultura e pesca nas escolas técnicas. Metas para 2011: 50 mil matrículas no Proeja
Pesca; 2 mil matrículas em Cursos Técnicos; 100 mil pescadores alfabetizados pelo
projeto Pescando Letras”.
• Incentivo ao associativismo e cooperativismo: “Para organizar a cadeia produtiva é
preciso que o pescador e o aquicultor estejam organizados. A produção em pequena
escala hoje já é responsável pela maior parcela da produção de pescado no Brasil. A
organização do setor por meio do associativismo e do cooperativismo tem a condição de
estruturar a cadeia produtiva, reduzir os custos da produção, aumentar a qualidade do
pescado, agregar valor e melhorar a renda. Meta para 2011: 200 organizações
apoiadas”.
17. Vivências em Extensão Pesqueira.
A Extensão pode ser compreendida como uma série de procedimentos técnicos e
organizacionais de responsabilidade dos extensionistas dos serviços oficiais e apresentam
como função a educação do produtor rural e da população rural do campo, no qual
compreende o agricultor ou criador, a dona de casa e o jovem do campo.
A Extensão também deve ser considerada como uma prática de educação dinâmica,
atuante, permanente e democrática, bem como uma estrutura de organização social no campo,
que visa permitir condições para a liderança das famílias rurais e dos trabalhadores eventuais
do campo.
Por outro lado a Assistência Técnica pode ser definida como um conjunto de ações
integradas que têm por objetivo viabilizar condições as comunidades para que possam por em
prática as técnicas necessárias e indicadas para o dom desenvolvimento da atividade produtiva
praticada por essa mesma comunidade.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 45
A função básica de um assistente técnico diz respeito principalmente a elaboração de
estudos, planejamentos e projetos assim como a direção, execução e fiscalização de obras e
serviços técnicos.
Para que o profissional possa desenvolver um trabalho de extensão e assistência
técnica, o mesmo deve ter como foco principal as peculiaridades das regiões onde vai atuar e
as comunidades que a integram em aspectos como seu modo de vida, de organização do
trabalho e do espaço geográfico e de sua organização política e de suas identidades culturais,
suas festas e seus conflitos.
Programas, como os trabalhados por Oliveira et al.( 2010), tem como objetivo
proporcionar aos futuros profissionais em extensão e assistência técnica uma formação que
além de técnica, também pedagógica, política e social e que devem ser direcionadas para a
comunidades rurais e que possam transformar a forma de organização social dessas
comunidades.
Um novo conceito de prevê uma abordagem metodológica cuja participação efetiva
dos agentes nas práticas educacionais, para que as comunidades possam obter um
desenvolvimento sustentável de suas atividades.
Oliveira et al.( 2010), em seus estudos realizados no Ceará, sugerem que haja uma
organização baseada no Tempo Universidade, o qual se refere ao estudo das questões ligados
ao trabalho a ser desenvolvido, e no Tempo Comunidade, que se refere a vivência
propriamente dita dos profissionais junto as comunidades a serem assistidas. Durante o Tempo
Universidade são realizadas capacitações, oficinas pedagógicas e grupos de estudo cujo
objetivo é preparar os estudantes para a vivência nas comunidades rurais. Outras atividades
desenvolvidas são a construção de forma coletiva de um roteiro prático para a vivências nessa
comunidades dentro de diretrizes como:
• A Questão Agrária Brasileira, Acampamentos e Assentamentos Rurais, Agricultura
Familiar e Camponesa e Agroecologia.
No Tempo Comunidade são praticadas as vivências nas comunidades rurais. Segundo
os autores, essa vivência tem por base a educação na construção do saber e a partir de uma
relação entre teoria e prática, baseada na realidade dessas comunidades. A vivência, como
estágio educacional, possibilita a construção de um conhecimento através das interrelações
entre os diversos atores sociais envolvidos, como os estudantes de graduação, os jovens
assentados, os agentes rurais e os professores universitários.
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Aquicultura – Extensão Pesqueira 46
Essa metodologia de trabalho consiste na articulação entre o estudante o técnico e os
jovens da comunidade, para a elaboração de um trabalho de pesquisa que será supervisionado
pelo professor orientador.
Com isso é possível construir um modelo educacional onde o envolvimento dos atores
sociais será o de ensinar-aprender/aprender-ensinar de maneira alternada.
Oliveira et al.( 2010), fazem ainda alusão a Metodologia Análise Diagnóstico de
Sistemas Agrários, que é aplicada também no Tempo Universidade e no Tempo Comunidade.
Segundo os autores, essa metodologia tem como objetivo principal “... identificar e classificar
de forma hierárquica os diversos elementos de toda a natureza (agroecológicos, técnicos e
sócio-econômicos) que são condicionantes na evolução dos sistemas de produção buscando
compreender como eles interferem nas transformações da comunidade alvo do projeto. Além
da construção de diagnósticos participativos buscando junto com as comunidades, identificar
as principais dificuldades encontradas no sentido de viabilizar seus processos produtivos e sua
organização social...”
Essa metodologia tem como princípio o funcionamento da ação educativa com uma
ferramenta participativa, que possa abranger integralmente toda a realidade das comunidades
a serem estudadas. Durante esse processo os estudantes, agentes e agricultores são capazes
de construírem juntos, um diagnóstico da própria comunidade.
Uma forma de garantir e assegurar o respeito aos valores culturais locais é a inserção
do próprio pescador na construção desse diagnóstico. Outro fator positivo da participação do
pescador artesanal nesse processo de construção é que o mesmo passa a praticar novas
formas do conhecimento de sua realidade, podendo dessa forma buscar soluções para seus
problemas, e repassar o conhecimento adquirido através de relações sociais com outras
pessoas e principalmente aumentar sua confiança e auto-estima.
O processo de vivência do estudante é capaz de transformar o futuro profissional em
um educador do campo e como consequencia um extensionista que tem como prerrogativas a
educação através do respeito à diversidade cultural e social.
Segundo Callou et al. (2008), existem uma série preceitos que podem ser adotados
pelos profissionais de extensão e que podem ser aplicados durante o processo de construção
dos planos de assistência técnica. Os princípios são:
Metodologia, interdisciplinaridade e modelos tecnológicos:
• Abordagem de conteúdos para além das questões de produção pesqueira;
• Avaliação do impacto de projetos no contexto rural;
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• Capacitação dos profissionais para os processos de intervenção no meio rural;
•Consideração da metodologia de extensão como estratégia de ação política e de
conhecimento;
• Desenvolvimento e adaptação de novas tecnologias
• Favorecimento para a aquisição de competências para: planejar, supervisionar, elaborar e
coordenar projetos;
• Favorecimento de práticas interdisciplinares;
• Formação dos estudantes numa perspectiva para uma ação crítica no meio rural;
• Fornecimento de noções sobre metodologia e formas de abordagens das realidades da pesca
e aquicultura;
• Transmitir ao pescador artesanal, novas inovações tecnológicas;
• Construção do elo entre ensino, pesquisa e extensão;
• Realização de assistência técnica, prestação de serviços de consultorias e assessorias;
• Valorização do saber dos pescadores artesanais e aquicultores familiares.
Gestão e política:
• Aproximação da universidade com a sociedade rural.
• Articulação junto ao poder público para a criação de políticas que atendam as necessidades
reais das comunidades rurais;
• Favorecimento de discussões de temáticas de caráter social, político, econômico, de
organização e de políticas públicas voltadas para as comunidades rurais;
• Construção e participação em processos decisórios das instituições e na gestão das políticas
setoriais.
Desenvolvimento e sustentabilidade:
• Compreensão da realidade da pesca e aquicultura com ênfase na pesca artesanal e
aquicultura familiar;
• Discussão nas questões socioambientais, de exclusão social, de relações de gênero, das
atividades não-agrícolas e organização popular;
• Estabelecimento das linhas de ação a partir da realidade local;
• Promoção de um compromisso com a sustentabilidade ambiental;
• Promoção do desenvolvimento rural a partir de uma perspectiva crítica, transformadora.
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Ética, cultura e subjetividade:
• Consideração dos valores culturais e locais.
• Discussão sobre a dimensão humana das Ciências Agrárias
• Favorecimento do relacionamento ético e humano.
Da mesma forma os autores identificam uma série de dificuldades e entraves dentro de
várias linhas de ação para a extensão rural e que podem se enquadrar perfeitamente dentro
das problemáticas vividas na extensão pesqueira.
Algumas dessas problemáticas identificadas pelos autores, e que se enquadram dentro
da extensão pesqueira, são descritas abaixo:
Projeto político-pedagógico:
• Os futuros profissionais ainda são formados num padrão predominantemente tecnicista;
• Pouca colaboração dos docentes das demais disciplinas do curso para a promoção da
interdisciplinaridade voltada para uma proposta de extensão;
• Desconexão da disciplina de extensão com o restante do currículo dos cursos de
agrárias que trabalham dentro da concepção da revolução verde e com o pressuposto
de que as tecnologias independem do contexto de aplicação;
• Dificuldade de interdisciplinaridade com as disciplinas das áreas técnicas e até mesmo
com aquelas da área humana e social;
• Excesso de disciplinas em outras áreas;
• Devido à disciplina ser oferecida já no último período, os estudantes na maioria das
vezes já estão envolvidos na elaboração de sua monografia de graduação e não dão
atenção devida a disciplina;
• As atividades de extensão são consideradas secundárias;
• Incentivar e incrementar o hábito de leitura como fundamento para a aquisição de
conhecimentos de forma autônoma e crítica;
• Exercitar a pedagogia problematizadora, liberdade ou crítica;
• Necessidade de readequação das universidades para a formação destes profissionais,
que ao invés de uma formação fragmentada e tecnicista, tenha uma visão mais holística
dos problemas do campo;
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• Romper o individualismo metodológico da universidade e o paradigma hegemônico
modelo de desenvolvimento do campo que está predominando na organização curricular
das ciências agrárias;
• A resistência existente nas ciências naturais que se prendem a execução de
determinada técnica sem fazer reflexão sobre a realidade na qual está inserida;
• Promover maior diálogo com estas disciplinas e tentar construir esse novo olhar sobre a
formação do profissional de ciências agrárias, com maior ênfase às relações sociais,
econômicas e ambientais;
• Impedimento da realização de projetos de pesquisa e extensão;
Recursos humanos e materiais:
• Meios de locomoção para conduzir os alunos nos trabalhos de extensão.
• Pouca disponibilidade de verbas para a área.
• As constantes trocas de professores, visto que, além de ser prejudiciais, impossibilitam a
construção de uma proposta pedagógica contínua.
• Priorização de contratação de professores de disciplinas ligadas diretamente ao curso
de responsabilidade de cada departamento.
Valorização da extensão rural:
• Novos padrões de avaliação e fontes de recursos para quem queira trabalhar com
extensão.
• Inexistência de programa de bolsas de extensão com mesma importância destinada às
atividades de pesquisa.
Aproximação entre universidade e sociedade:
• Impossibilidade da construção de relações mais duradouras com os atores sociais, com
as federações e sindicatos ligados ao setor;
• A integração regional dos profissionais que atuam em extensão;
• Descrédito das famílias rurais devido a muita promessa e pouca execução;
• A pouca inserção dos alunos nos movimentos populares;
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Visão de mundo dos estudantes:
• Estudantes são de origem urbana e querem trabalhar em serviços urbanos;
• Os estudantes têm pouca ou nenhuma experiência de trabalho com comunidades rurais;
18. Elaboração de Projetos de Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável em
Contextos Populares.
Com relação ao desenvolvimento de projetos de gestão para o setor da pesca e
aquicultura e que possam compor um programa de extensão pesqueira, podemos afirmar que
não existem modelos próprios e sim diversos projetos direcionados para uma região e para
situações específicas.
Com o intuito de facilitar a compreensão do estudante e dos professores indicaremos
nesse item as bases gerais para a elaboração de projetos e poderão servir de referências para
a elaboração de um modelo próprio e que possa ser utilizado de acordo com a realidade de
cada região onde as Escolas Estaduais de Ensino Profissionalizante (EEEP´s) estão inseridas.
Ao longo do tempo, o desenvolvimento local tem sido reduzido apenas ao seu aspecto
econômico, como progresso ou crescimento da produção de riquezas. Porém nas últimas
décadas, o aspecto social e humano foi acrescentado à concepção de desenvolvimento local,
porém, ainda se considera como preceito que sem o crescimento econômico é impossível o
bem estar social.
O Desenvolvimento Local é um processo que tem deve ser desenvolvido de forma
gradual através do envolvimento de todos os atores que de forma direta e indireta participam
do processo em uma visão educadora, emancipadora, geradora de auto-estima e
autoconfiança. Esse plano deve possuir forma própria e fundamentos que não se resumem
apenas a volume, ilustrações, com dados estatísticos, tabelas e gráficos. Se ele não for vivido,
entendido, assumido e aperfeiçoado pelos atores sujeitos desse processo, não será
sustentável.
Para a elaboração e execução de planos, projetos, visando à assistência
técnico/gerencial e a capacitação de comunidades rurais, deve-se ser levadas em
consideração alguns fatores como:
• Deve-se priorizar a atenção aos problemas básicos da comunidade com o objetivo de
melhorar as suas condições de vida e de sua produção;
• Valorizar a cultura e tradições locais, além de estimular a participação da comunidade na
elaboração e gestão dos programas para sua auto-sustentação;
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• Estabelecimento de estratégias para o aproveitamento total das potencialidades locais,
de suas vantagens competitivas, recursos naturais, conhecimentos e experiências
populares acumuladas, enfatizando a preservação do meio ambiente;
• Priorizar os segmentos menos organizados para o exercício da cidadania e, em
especial, para aumento da consciência democrática e incentivo ao movimento
associativista e cooperativistas;
• Priorizar as tecnologias simples, formatando alternativas para a ocupação da mão-de-
obra disponível.
Tanto a assistência técnica, como a gerencial devem está associadas a um processo
de capacitação permanente, para que se possam alcançar algumas metas, como:
• O fortalecimento e a atualização constante dos processos de organização e participação
das comunidades, com a priorização de ações que favoreçam mudanças de atitudes e
valores diante de um desenvolvimento local, através de uma maior noção de direitos,
deveres e compromissos assumidos;
• Concepção e elaboração de planos de desenvolvimento local, ou de ações as quais
serão utilizadas como arcabouço para a seleção, elaboração e execução de projetos. A
construção desses planos deve ser de maneira gradual, de forma que haja uma maior
compreensão, internalização, legitimação e cumprimento pela população local;
• Os projetos devem ser elaborados de maneira adequada e que deve também incluir
formas e alternativas para identificar as formas de financiamento que podem ser
utilizadas, caso sejam necessários. Assim como os demais, os projetos de
investimentos, principalmente os produtivos, também devem ser planejados de forma
gradual, iniciando com projetos menores até chegar a projetos maiores apoiados por
créditos regulares.
O apoio técnico a essas comunidades devem observar alguns preceitos básicos, como:
• Capacitação permanente e integral, baseada na própria prática de desenvolvimento local
e englobando os seguintes aspectos:
1. Habilitação Básica: formação ética, fortalecimento da cidadania e capacitação para a
organização e participação popular;
2. Habilitação Específica, que se refere à capacitação em processos e técnicas para a
produção de bens e serviços, utilizando tecnologias adequadas às características específicas
de cada projeto;
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3. Habilitação Gerencial, que se refere à aplicação dos elementos de gestão: planejamento,
organização, direção e controle dos seguintes casos: Desenvolvimento local; Organizações
comunitárias; Projetos Comunitários; Operação e manutenção de equipamentos e serviços
comunitários.
• Assistência Técnica e Gerencial, voltada ao funcionamento das organizações
comunitárias (associações, cooperativas, conselhos, etc.), dos projetos comunitários e
investimentos na produção das unidades familiares.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
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Hino do Estado do Ceará
Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!
Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Hino Nacional
Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."
Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."
Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!
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