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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
Cap Cav MARCELO VITORINO ALVARES
A CAPACITAÇÃO DA GUARNIÇÃO DA NOVA FAMÍLIA DE BLINDADOS SOBRE RODAS (NFBSR) GUARANI:
UMA PROPOSTA PARA A ESTRUTURA DA SIBld / RC Mec
Rio de Janeiro 2015
A CAPACITAÇÃO DA GUARNIÇÃO DA NOVA FAMÍLIA DE BLINDADOS SOBRE RODAS (NFBSR) GUARANI:
UMA PROPOSTA PARA A ESTRUTURA DA SIBld / RC Mec
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares.
Orientador: Cap Endrigo Buscarons da Silva
Rio de Janeiro 2015
A473s Alvares, Marcelo Vitorino 2015 A capacitação da nova família de blindados sobre rodas
(NFBSR) Guarani – Uma proposta para a estrutura da SIBld/ RC Mec / Marcelo Vitorino Alvares. – 2015.
138 f.: il. Dissertação (Mestrado) – Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais, Rio de Janeiro, 2015.
1. Capacitação de tropa Mecanizada. 2. Nova família de blindados sobre Rodas (NFBSR) 3. Viatura Blindada Guarani. I. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais II. Título CDD: 355.5 CDD: 355.5
Cap Cav MARCELO VITORINO ALVARES
A CAPACITAÇÃO DA GUARNIÇÃO DA NOVA FAMÍLIA DE BLINDADOS SOBRE
RODAS (NFBSR) GUARANI: UMA PROPOSTA PARA A ESTRUTURA DA SIBld / RC Mec
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares.
Aprovado em de setembro de 2015.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Eraldo Francisco dos Santos Filho – Cel Inf Presidente
_____________________________
Nelson de Souza Júnior - Cel MB Membro
__________________________________
Endrigo Buscarons da Silva - Cap Cav Membro
Os anos vindouros, apesar de cortes
orçamentários e retórica sobre a paz do
mundo, verão as doutrinas militares em
todo o mundo mudar em resposta a novos
desafios e a novas tecnologias (ALVIN e
HEIDI TOFFLER)
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela graça da vida e proteção de todos os dias.
À minha mãe, pelo esforço de me ensinar a ler, ainda na cozinha de casa e ao
meu pai pelo exemplo de superação, convicção e perseverança no trabalho árduo.
Aos meus irmãos, pela grandeza da existência.
À Luiza, pelo tesouro e mansidão de seu amor sincero.
Aos meus amigos por serem os irmãos que a vida me presenteou.
Ao meu orientador pela crença neste projeto e incentivo a continuar.
Aos Generais, Coronéis, Majores, Capitães, Tenentes, Sargentos, Cabos e
Soldados do Exército Brasileiro que direta ou indiretamente apoiaram meu trabalho
dando de si o melhor que puderam.
RESUMO
Apresenta um estudo sobre a sistemática de capacitação da Nova Família de
Blindados sobre Rodas (NFBSR) Guarani e algumas contribuições para o
Regimento de Cavalaria Mecanizado (RC Mec), visando sua implementação nas
Organizações Militares (OM) do Exército Brasileiro (EB). Sua finalidade é verificar se
a sistemática de capacitação das guarnições de blindados utilizada pelos
Regimentos de Carro de Combate (RCC) atende às necessidades dos RC Mec com
a chegada desta nova Guarani família de blindados objetivando levantar subsídios
para otimizar a capacitação técnica e tática do efetivo profissional e,
consequentemente, modernizar a capacitação dos recursos humanos que operam
meios mecanizados do EB. Utiliza uma pesquisa bibliográfica e descritiva e também
de uma pesquisa de campo, onde foram consultados 83 militares, entre oficiais e
praças, operadores de blindados, instrutores do Centro de Instrução de Blindados e
das Seções de Instrução de Blindados (SIBld) das diversas OM, com comprovada
experiência e conhecimento no assunto. Estes militares estão servindo em
Regimentos de Carros de Combate e Regimentos e Esquadrões, nível Unidade, de
Cavalaria Mecanizada. Além disso, foram colhidos relatórios de Simpósios de
Blindados e Modernização da Cavalaria Mecanizada na Seção de doutrina do
Centro de Instrução de Blindados (CIBld), em sua biblioteca, e da ESAO. Aborda
aspectos teóricos, técnicos e de necessidade de modernização da sistemática de
capacitação para se buscar um modelo moderno e eficaz, baseado na utilização das
SIBld e no emprego da simulação em todas as suas modalidades (virtual/sintética,
viva e construtiva). Busca ainda, trabalhar e adestrar continuadamente todas as
competências desejadas com o intuito de centralizar, economizar meios e
desenvolver uma nova mentalidade, adaptada a tecnologia e às possibilidades do
material, direcionando a instrução para ser realizada da maneira mais fiel e realista
possível. Os resultados comprovaram que 90,39% da amostra concordam que a
sistemática dos RCC atende a demanda dos RC Mec, tendo obviamente que utilizar-
se de equipamentos específicos e adequados para a NFBSR Guarani. Conclui e
ratifica as ideias expressadas ao longo do trabalho, enfatizando o papel fundamental
do emprego das SIBld Mec na sistemática de capacitação das guarnições de carro,
crescendo de importância com a chegada da NFBSR Guarani (NFBRG).
Palavras-chave: Blindados. Guarani. Sistemática de Capacitação. Seção de
Instrução de Blindados Mec.
ABSTRACT
This essay presents a study on the systematic training of the New Armored Family on
Wheels (NFBSR) Guarani and some contributions to the Mechanized Cavalry
Regiment aimed at its implementation in Military Organizations of the Brazilian Army.
Its purpose is to verify that the systematic training of armored crews used by
Regiments Combat car meets the needs of the Mechanized Cavalry Regiments with
the arrival of this new family of armored aiming to raise subsidies to optimize the
technical and professional training, effective tactics and consequently modernize the
training of human resources operating mechanized means of the Brazilian Army.
Therefore, this work was developed from April 2014 to August 2015, through a
bibliographic and descriptive research, also using a field survey where 83 military
men were consulted, ranging from officers and enlisted, armored operators,
instructors Armored Training Center to Armored Instruction Sections of various OM,
with proven experience and knowledge on the subject, and who are serving in Armor
Regiments and Mechanized Cavalry Squadrons and Regiments. Also, symposia
reports were collected from Armored and Modernization of the Mechanized Cavalry
in CIBld doctrine section, its library and EsAO. Theoretical, technical and training
requirements are covered in a systematic modernization in order to pursue a modern
and efficient preparation model based on the use of Armored Instruction Sections of
the simulation and fundamental employment in all its forms (Virtual / synthetic, live
and constructive) to work and continuously train all the competences required in
order to centralize and save resources and develop a new mentality, adapting the
technology and the possibilities of the material, directing the instruction to be carried
out as accurately as and realistically as possible. The results showed that 90.39% of
the sample agree that the systematic of the RCC meets the demands of the RC Mec,
with obvious adaptations to the specifics of the NFCSR Guarani. In conclusion, the
ideas expressed throughout the work are ratified, emphasizing the key role of
employment of SIBld Mec in the systematic training of car crews, growing in
importance with the arrival of the New Family of Armored Guarani.
Keywords: Armored. Guarani. Systematic Training. Armored Instruction Sections.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Estrutura organizacional básica do RC MecRRRRRR.R. 53
FIGURA 2 E 3 - Simulador de procedimentos de torre – Leopard IVRR........ 61
FIGURA 4 - Simulador de procedimento de MotoristaRRR..RRRRR. 61
FIGURA 5 - Simulador de motorista da Vtr StrykerRRRR...RRRRR. 65
FIGURA 6 - Simulador M 1 A 1 AbramsRRRRRRRRR...RRRRR 65
FIGURA 7 - Estrutura de implantação de uma SIBId nas OM dotadas com a NFBR GuaraniRRRRRRRRRRR..RRRR...... 75
FIGURA 8 - Planta baixa do Pavilhão da SIBId MecRRRRRR..R....... 78
FIGURA 9 - Vista isométrica translúcida do pavilhão da SIBId MecR....... 78
FIGURA 10 - Níveis de treinamentoRRRRRRRRRRRRRRRRR 83
FIGURA 11 - Pirâmide do adestramentoRRRRRRRRRRRRRRR 83
FIGURA 12 - Vista superior em corte do pavilhão da SIBId MecRR.......... 91
FIGURA 13 - Sala da CTTEPRRRRRRRRRRRRRRRRRR...... 91
FIGURA 14 - Sala de simulação táticaRRRRRRRRRRRRRR....... 91
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Organização do Projeto da SIBId MecRRRRRRRRR..R 75
QUADRO 2 - Linha de Ação n. 01RRRRRRRRRRRRRRRRRR.. 80
QUADRO 3 - Linha de Ação n. 02RRRRRRRRRRRRRRRRRR.. 81
QUADRO 4 - Linha de Ação n. 03RRRRRRRRRRRRRRRRRR.. 81
QUADRO 5 - Definição operacional da variável independenteRRRRRR. 93
QUADRO 6 - Definição Operacional da variável dependenteRRRRRR... 94
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Existência de SIBld nas OM Bld/MecRRRRRRRR.RR. 101
GRÁFICO 2 - Estágio na SIBld da OMRRRRRRRRRRRRRRRR 102
GRÁFICO 3 - Conhecimento da SIBld do RCCRRRRRRRRRRRR. 103
GRÁFICO 4 - Operador de BlindadosRRRRRRRRRRRRRRRR.. 104
GRÁFICO 5 - Tempo operando BlindadosRRRRRRRRRRRRRR.. 104
GRÁFICO 6 - Cursos de BlindadosRRRRRRRRRRRRRRRRR.. 105
GRÁFICO 7 - Funções desempenhadasRRRRRRRRRRRRRRR. 106
GRÁFICO 8 - Local de capacitaçãoRRRRRRRRRRRRRRRRR. 107
GRÁFICO 9 - Fatores levados em consideraçãoRRRRRRRRRRR.. 108
GRÁFICO 10 - Instalações e meios da SIBld da OMRRRRRRRRRR.. 109
GRÁFICO 11 - Meios da SIBld da OMRRRRRRRRRRRRRRR...... 110
GRÁFICO 12 - Sistemática de capacitaçãoRRRRRRRRRRRRRR.. 111
GRÁFICO 13 - Outras atividades dificultam a capacitaçãoRRRRRRRR 112
GRÁFICO 14 - Composição da Equipe de InstruçãoRRRRRRRRRR.. 113
GRÁFICO 15 - Operador de GuaraniRRRRRRRRRRRRRRRRR. 115
GRÁFICO 16 - Elemento da Gu BldRRRRRRRRRRRRRRRRR... 115
GRÁFICO 17 - Capacidade de compor a SIBld da OMRRRRRRRRR.. 116
GRÁFICO 18 - Estruturação da SIBld para a NFBSR GuaraniRRRRR..... 117
GRÁFICO 19 - Motivos para a estruturação da SIBldRRRRRRRRRR. 118
GRÁFICO 20 - Sistemática do RCC atende ao RC MecRRRRRRRRR 119
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AOC Área Operacional do Continente
Art. Artigo
Bda Brigada
Bia Bateria
Bia AAAe AP Baterias de Artilharia Antiaérea Autopropulsada
Bda C Mec Brigada de Cavalaria Mecanizada
BIB Batalhão de Infantaria Blindado
CAP Consolidação e Aprimoramento de Padrões
CC Carro de Combate
CFC Curso de Formação de Cabo
CFSd Curso de Formação de Soldado
CIBld Centro de Instrução de Blindados
C Mec Cavalaria Mecanizada
CMS Comando Militar do Sul
Cmt Comandante
COTer Comando de Operações Terrestre
ConDOp Condicionantes Doutrinárias e Operacionais
CTEx Centro Tecnológico do Exército
CTTEP Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional
DCT Departamento de Ciência e Tecnologia
DE Divisão de Exército
DEI Dispositivo Explosivo Improvisado
DMT Doutrina Militar Terrestre
DSAI Dispositivo de Simulação e Apoio a Instrução
EB Exército Brasileiro
EBF Estratégia Braço Forte
ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
EME Estado-Maior do Exército
END Estratégia Nacional de Defesa
EO Eletro-Optico
Esqd Esquadrão
Esc Sup Escalão Superior
EV Efetivo Variável
FT Força-Tarefa
F Ter Força Terrestre
FA Forças Armadas
Fuz Fuzileiro
LBDN Livro Branco de Defesa Nacional
GLO Garantia da Lei e da Ordem
IIB Instrução Individual Básica
IR Infra red (Infravermelho)
MD Ministério da Defesa
NFBSR Nova Família de Blindados Sobre Rodas
MEM Material de Emprego Militar
Mec Mecanizado
NB Núcleo Base
OI Organização Internacional
ONG Organização não governamental
PAED Plano de Articulação e Equipamento de Defesa
PEE Projetos estratégicos do Exército
Pel Pelotão
PND Política Nacional de Defesa
PIM Programa de Instrução Militar
PP Programa Padrão
ProDe Produto de Defesa
QCP Quadro de Cargos Previstos
QDM Quadro de Distribuição de Material
QM Qualificação Militar
QOP Qualificação Operacional Plena
RCB Regimentos de Cavalaria Blindados
RCC Regimento de Carros de Combate
ROB Requisitos Operacionais Básicos
RC Mec Regimento de Cavalaria Mecanizado
SIDOMT Sistema de Doutrina Militar Terrestre
SIPLEx Sistema de Planejamento do Exército
SIBld Seção de Instrução de Blindados
SU Subunidade
TOT Teatro de Operações Terrestre
VBC Viatura Blindada de Combate
VBE Viatura Blindada Especial
VBR Viatura Blindada de Reconhecimento
VBTP Viatura Blindada de Transporte de Pessoal
Vtr Viatura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 19
1.1 PROBLEMA.......................................................................................... 21
1.1.1 Antecedentes do problema............................................................... 21
1.1.2 Formulação do problema................................................................... 21
1.2 HIPÓTESES DE ESTUDO................................................................... 22
1.3 OBJETIVO............................................................................................ 22
1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................... 22
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................ 22
1.4 JUSTIFICATIVA................................................................................... 23
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 25
2.1 O COMBATE MODERNO E AS DIRETRIZES PARA O EXÉRCITO BRASILEIRO....................................................................................... 25
2.1.1 A Diretriz Geral do Comandante do Exército.................................. 26
2.1.2 A evolução da Doutrina Militar Terrestre......................................... 26
2.1.3 A Doutrina Delta................................................................................. 28
2.2 O LIVRO BRANCO DA DEFESA NACIONAL..................................... 30
2.3 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA.......................................... 34
2.3.1 Os Projetos Estratégicos do Exército............................................. 39
2.3.2 O Projeto Estratégico Guarani.......................................................... 40
2.3.3 A NFBSR e Suas Condicionantes Doutrinárias e Operacionais... 42
2.4 O PROGRAMA DE INSTRUÇÃO MILITAR DO EXÉRCITO................ 46
2.5 O REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO (RC MEC) E A CAPACITAÇÃO TÉCNICA E TÁTICA.................................................. 49
2.5.1 O RC Mec e a Capacitação Tática e Técnica do Efetivo Profissional (CTTEP).......................................................................... 49
2.5.2 O combate moderno e o RC Mec...................................................... 51
2.5.3 A Constituição do RC Mec................................................................. 53
2.5.4 O Programa de Capacitação Técnica e Tática do efetivo profissional (CTTEP)......................................................................... 53
2.5.5 A Instrução Técnica de Blindados (Urutu e Cascavel) no CTTEP 55
2.5.6 A sistemática de capacitação dos Regimentos de Carros de Combate................................................................................................ 56
2.5.7 A sistemática de capacitação das Guarnições Blindadas no Chile – CECOMBAC............................................................................. 58
2.5.8 A sistemática de capacitação das Guarnições Blindadas nos Estados Unidos da América - Brigada Stryker................................. 62
2.6 A DIRETRIZ DE BLINDADOS DO COMANDO MILITAR DO SUL (CMS)..................................................................................................... 66
2.7 A IMPLEMENTAÇÃO DA SEÇÃO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS NOS RC MEC COM A ADOÇÃO DA NFBSR – GUARANI............................................................................................... 71
2.7.1 Generalidades....................................................................................... 73
2.7.2 Composição e organização do Projeto.............................................. 75
2.7.3 Objetivos do Projeto............................................................................ 77
2.7.4 Estruturação física da Seção de Instrução de Blindados Mecanizada............................................................................................ 77
2.7.5 Estruturação dos dispositivos de simulação e apoio à instrução (DSAI) das SIBld Mec........................................................................... 78
2.7.6 Estruturação do pessoal necessário para a SIBld Mec.................... 79
2.7.7 Funcionamento da SIBld Mec.............................................................. 82
2.7.8 Fatores críticos do sucesso................................................................ 86
2.7.9 Premissas.............................................................................................. 86
2.7.10 A experimentação logística da VBTP-MR Guarani........................... 87
2.8 O NÚCLEO DA SEÇÃO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS DO 6º ESQUADRÃO DE CAVALARIA MECANIZADO..................................... 89
3 METODOLOGIA.................................................................................... 92
3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO........................................................... 92
3.2 AMOSTRA.............................................................................................. 95
3.3 DELINEAMENTO DE PESQUISA.......................................................... 96
3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura....................................... 96
3.3.2 Procedimento experimental................................................................. 98
3.3.3 Instrumentos......................................................................................... 98
3.3.4 Análise dos dados................................................................................ 98
4 APRESENTAÇAO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS........................ 100
4.1 QUESTIONÁRIO..................................................................................... 100
5 CONCLUSÃO......................................................................................... 121
5.1 SÍNTESE DOS FATOS LEVANTADOS, SUGESTÕES E CONTRIBUIÇÃO PARA O RC MEC....................................................... 123
REFERÊNCIAS...................................................................................... 126
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA.................................
MODELO DE ESTRUTURA DA SIBld / RC Mec..................................
129
138
19
1 INTRODUÇÃO
Após a 1ª Guerra Mundial e principalmente durante os conflitos da Guerra do
Golfo (1991), da Guerra de Kosovo (1998), da guerra do Afeganistão (2001) e da
Guerra do Iraque (2003), o mundo conheceu novas formas de combate,
completamente diferentes daquelas que vinham sendo estudadas anteriormente.
O uso crescente de tecnologia avançada, a rapidez da concentração
estratégica, o uso da inteligência de imagens e de sinais, a necessidade de se
combater em localidades ainda habitadas e o uso de blindados para incrementar o
choque e a velocidade conformam, em linhas gerais, a citada mudança na forma de
combater. Isto ocasionou uma onda de revisões e modificações doutrinárias em
muitos exércitos do mundo.
O Exército Brasileiro também adotou, a partir da última década do século XX,
uma série de medidas a fim de procurar adaptar-se a essa nova forma de combate,
das quais destacam-se – referentes as Forças Mecanizadas Brasileiras – as
seguintes:
- a adoção da Doutrina Delta;
- experimentações doutrinárias do Esquadrão de Cavalaria Mecanizado;
- estudos para a criação da Infantaria Mecanizada;
- Seminários sobre a Cavalaria Mecanizada;
- O Projeto da Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani e
- Projeto Fênix.
No que diz respeito ao projeto da Nova Família de Blindados Sobre Rodas
(NFBSR) Guarani, após longos anos de estudo e desenvolvimento, ele foi
concretizado e o primeiro lote de 13 unidades do blindado sobre rodas Guarani foi
entregue no dia 24 de março de 2014, em Cascavel (PR), ao 33º Batalhão de
Infantaria Motorizada. O veículo tem 60% de componentes nacionais e tem previsão
de chegar a 90%.
A Viatura Blindada Guarani tem a missão de substituir as famílias de
blindados Urutu e Cascavel – em operação há quase 40 anos nas Forças Armadas.
A partir do primeiro contrato assinado entre o Exército e a Iveco, em 2009, há
a previsão de serem entregues um total de 188 veículos até o fim do ano de 2015,
nos Batalhões de Infantaria de Foz do Iguaçu (PR) e Apucarana (PR), no esquadrão
20
de Francisco Beltrão (PR) e no Centro de Instrução de Blindados em Santa Maria.
O Guarani tem capacidade de realizar deslocamentos a grandes distâncias,
com raio de ação de 600 km. Ele pode transportar um total de 11 militares, sendo
um atirador e um motorista. Atinge velocidades elevadas (chegando a 120 km/h) e
tem boa mobilidade tática através do campo, com capacidade anfíbia (9km/h) e de
pivoteamento sobre o eixo.
A Viatura (Vtr) Guarani é transportável pelo KC-390, possui assinatura térmica
radar reduzida e proteção blindada, sendo capaz de receber blindagem adicional
para calibre 50. Os veículos contam também com diversos outros sistemas e
equipamentos: Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), visão
noturna/diurna no seu sistema de armas REMAX e UT 30 BR, que permite detecção,
reconhecimento e identificação a cerca de 6 km de distância, ar condicionado,
navegação por GPS, comunicações utilizando 2 rádios VHF (dados e voz) e
integração com o programa C2 em combate do Exército Brasileiro.
Possui ainda, o sistema de gerenciamento do campo de batalha (GCB) que é
um Software desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento de Sistemas do Exército
(CDS), permitindo a consciência situacional do comandante de carro, possibilitando
verificar as posições dos carros no campo de batalha, se algum carro foi alvejado,
situação de combustível e autonomia, situação dos pneus e rodas.
O motorista conta com o moderno painel de controle, tendo diversos sistemas
em sua tela touchscreen, entre elas o sistema de enchimento automático de pneus,
Run Flat (anel toroidal de borracha sólida) que permite rodar até 100 km com os
pneus furados (1ª vez realizado na América do Sul) e por fim, a guarnição
embarcada é protegida pelo sistema de extinção de incêndio automático.
Dessa forma, com a expectativa das unidades mecanizadas serem mobiliadas
com a moderna Viatura Blindada GUARANI, tudo isso implicará numa nova maneira
de treinar e combater, resultando em novas doutrinas e organizações. A
preocupação que nos salta aos olhos, dentre tantas outras, é com relação a
sistemática de capacitação das guarnições da NFBSR, tendo em vista a gama de
alta tecnologia agregada e as necessidades para operar a referida viatura.
21
1.1 PROBLEMA
1.1.1 Antecedentes do problema
No final dos anos 70 e início dos anos 80 do século XX, o Exército Brasileiro
implementou a transformação de suas divisões de cavalaria em Brigadas de
Cavalaria Mecanizadas. As missões inerentes à arma não sofreram alterações
significativas ao contrário da disposição dos meios. Com a troca do cavalo pelo
blindado a cavalaria, efetivamente, deixou para trás o século XIX e entrou na era das
máquinas.
Pode-se constatar que com o passar dos anos os Materiais de Emprego Militar (MEM), atualmente chamados de Produtos de Defesa (ProDe), em utilização pelo Exército Brasileiro, particularmente pela cavalaria mecanizada, estão obsoletos. Esta condição afeta negativamente a doutrina de emprego desta tropa na medida em que o desempenho desses PRODE não conferem algumas capacidades que se mostram necessárias no combate moderno. [...] Assim, nos próximos anos a capacitação dos quadros deve ser vista como uma prioridade, pois, caso contrário, haverá diversos equipamentos de alta capacidade tecnológica e poucos militares capazes de operá-los (BRASIL, 2011b).
A Cavalaria Mecanizada, conforme o Manual de Campanha C 2-1, (BRASIL,
1999, p. 2-4) apresenta como características a potência de fogo, proteção blindada,
ação de choque e comunicações amplas e flexíveis; já o manual EB20-MF-10.103
(OPERAÇÕES, 2015, p. 7-2) descreve a Cavalaria Mecanizada como elemento
móvel e potente capaz de conduzir operações de reconhecimento e segurança.
Contudo, atualmente suas principais capacidades são limitadas particularmente em
virtude da obsolescência dos meios, razão pela qual torna imperativa a adoção de
uma nova plataforma mecanizada com tecnologia agregada, bem como de sua
adequação doutrinária.
Assim sendo, já é uma realidade a modernização dos meios blindados da
cavalaria mecanizada, hoje materializado com o desenvolvimento e execução do
projeto estratégico Guarani, que visa substituir os blindados que mobíliam as
unidades mecanizadas pela Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) e
consequentemente, surge a necessidade de capacitação das guarnições para
operarem essa nova plataforma de combate blindada com toda sua tecnologia
agregada.
22
1.1.2 Formulação do problema
Em que medida a adoção da sistemática de capacitação adotada pelos
Regimentos de Carros de Combate (RCC), com a chegada da Família Leopard,
atende às novas necessidades de capacitação da Guarnição da Nova Família de
Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani se for adotada pelos RC Mec ?
1.2 HIPÓTESES DE ESTUDO
Algumas hipóteses de estudo podem ser formuladas no entorno deste
questionamento:
H0: A sistemática de capacitação dos RCC não atende às novas
necessidades de capacitação da Guarnição da Nova Família de Blindados Sobre
Rodas Guarani (NFBSR) se for adotada pelos RC Mec .
H1: A sistemática de capacitação dos RCC atende às novas necessidades de
capacitação da Guarnição da Nova Família de Blindados Sobre Rodas Guarani
(NFBSR) se for adotada pelos RC Mec .
1.3 OBJETIVO
1.3.1 Objetivo Geral
Este estudo tem como objetivo geral levantar subsídios para otimizar a
CTTEP nos RC Mec a serem dotados com a plataforma da NFBSR Guarani para
aperfeiçoar e modernizar a capacitação dos Recursos Humanos necessários à
operação desta Família de Blindados e, consequentemente, de todos os outros
blindados mecanizados do EB.
1.3.2 Objetivos Específicos
A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram
formulados os objetivos específicos abaixo relacionados, que permitirão o
encadeamento lógico do raciocínio descritivo apresentado:
a) Expor a sistemática de capacitação da guarnição de blindados nos RCC;
23
b) Descrever a Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani;
c) Caracterizar a necessidade de capacitação da Guarnição da NFBSR Guarani;
e
d) Apresentar se a sistemática de capacitação empregada nos RCC atende as
necessidades de capacitação dos RC Mec com a chegada da NFBSR.
1.4 JUSTIFICATIVA
O Exército está em plena execução de seus projetos estratégicos e conta com
o Projeto Guarani como vetor de desenvolvimento da Nova Família de Blindados
Sobre Rodas (NFBSR), que possibilitará a modernização de todas as tropas
mecanizadas e a substituição do material de emprego militar obsoleto.
Desde o fim da guerra fria, o mundo vem passando por sucessivas mudanças
em todos os campos e esta instabilidade no cenário mundial está gerando o
aparecimento de diversos conflitos. Esses fatores modificaram o modo de operar
das forças militares, particularmente das forças terrestres, potencializadas pela
evolução e acesso às novas tecnologias, provocando a rápida inserção de novos
atores no contexto dos conflitos.
A imprevisibilidade dos conflitos tem requerido tropas altamente adestradas, com alto poder de fogo e proteção blindada, porém de forma seletiva. Para isso, os antigos paradigmas da Era Industrial devem ser repensados, a fim de que sejam apresentadas novas soluções no contexto da era do conhecimento, onde as estruturas devem ser baseadas em conceitos de flexibilidade, adaptabilidade, modularidade, elasticidade e sustentabilidade. Nesta linha de pensamento, buscando uma solução integradora e que possa agregar o maior número possível de capacidades, a fim de dar uma pronta resposta ao cenário delineado, surge a NFBSR. Esta foi concebida para dotar as organizações militares de meios mecanizados, considerando todas as modificações introduzidas no moderno combate e incorporando as novas tendências para o desenvolvimento de viaturas blindadas sobre rodas. (BRASIL, 2013, p. 2).
Para atuar nessa problemática, o referido projeto estratégico é considerado
um dos indutores do processo de transformação do Exército e está alinhado com a
Estratégia Nacional de Defesa MEM (END), com a hipótese de emprego “C”, e com
as Condicionantes Doutrinárias e Operacionais da NFBSR, além de também estar
amparado nas bases de modernização da doutrina e emprego da Força Terrestre.
A NFBSR é um assunto altamente relevante para a instituição por ter sido
contemplada com o repasse do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
24
para equipamentos de defesa oriundos do Governo Federal. Durante anúncio no
Palácio do Planalto, foi destacado que recursos destinados ao Ministério da Defesa
vão estimular a economia e reequipar as Forças Armadas, bem como fomentar a
indústria de defesa nacional, o que ratifica a relevância do tema.
Além disso, a abordagem da proposta traz outras vantagens e benefícios,
como a adequação doutrinária, especificamente no que tange a formação das
guarnições. Assim, como temos uma grande defasagem dos Materiais de Emprego
Militar/Produto de Defesa (MEM/ProDe) atuais, a capacitação dos operadores de
blindados e a formação técnica destes também se encontram ultrapassadas e com a
chegada da NFBSR devem ser readequadas.
Desta forma, o Exército Brasileiro, o Comando de Operações Terrestres
(COTer), o Centro de Instrução de Blindados, as escolas de formação, e
principalmente, as Unidades Mecanizadas que estão recebendo as Viaturas Guarani
serão as mais beneficiadas com os resultados alcançados, pois poderão contar com
este estudo como proposta/direção para a capacitação de pessoal e o conhecimento
produzido será altamente relevante para as ciências militares.
25
2 REVISÃO DE LITERATURA
Durante a realização do presente estudo será procedida uma revisão da
literatura existente sobre o tema, a fim de embasar e qualificar a pesquisa. Por meio
dela será possível identificar a lacuna que originou o problema de pesquisa proposto
e vislumbrar os pressupostos teóricos que sustentarão as questões de estudo
apresentadas.
A ordenação progressiva dos assuntos componentes obedece a uma lógica
coerente com os objetivos específicos formulados, colaborando com o intuito de
atingir o objetivo geral definido. Assim, esta parte do estudo apresentará as
definições atuais existentes e os principais trabalhos produzidos recentemente
acerca dos assuntos abordados. Ao ser complementada por uma análise posterior,
que abrangerá também outros dados a serem obtidos, contribuirá na elaboração de
conclusões que estejam de acordo com os resultados esperados.
Em linhas gerais, a sequência dos capítulos se inicia com a apresentação do
Combate Moderno e a Doutrina Delta, da Estratégia Nacional de Defesa, do Livro
Branco de Defesa e dos Projetos Estratégicos do Exército, descrevendo-os sob o
enfoque da transformação e modernização refletidas no Exército Brasileiro
atualmente. Ainda neste escopo, serão apresentados estudos da modernização da
Cavalaria Mecanizada e das Condicionantes Doutrinárias e Operacionais da
NFBSR-Guarani.
Finalizando o estudo, será abordada a capacitação da guarnição da NFBSR
Guarani e as contribuições para a tropa mecanizada.
2.1 O COMBATE MODERNO E AS DIRETRIZES PARA O EXÉRCITO BRASILEIRO
Atento ao novo cenário que se tem apresentado nos conflitos mundiais, o
Exército Brasileiro vem buscando adequar a doutrina militar de emprego da Força
Terrestre (F Ter) e os Materiais de Emprego Militar (MEM) às novas exigências do
combate moderno. É o caso da implementação da Doutrina Delta na Força Terrestre
que, entre outros aspectos, prioriza manobras de flanco de maior envergadura, o
combate continuado, a iniciativa, a rapidez, a flexibilidade e a sincronização das
ações no campo de batalha.
26
2.1.1 A Diretriz Geral do Comandante do Exército
O Comandante do Exército emitiu a sua percepção sobre o Exército Brasileiro
(EB). A Diretriz apresenta uma visualização de 3 (três) horizontes para a Instituição:
o EB hoje; o EB amanhã, ou a médio prazo; e o EB do futuro, ou a longo prazo. Tais
horizontes devem orientar as políticas, estratégias e diretrizes para a Força.
Estabelecendo-se uma ligação entre as Bda C Mec e a modernização do EB,
destacam-se as seguintes diretrizes:
O EB hoje: - proporcionar um nível dissuasório mínimo; - manter-se como instrumento de seletiva presença nacional, privilegiando áreas pioneiras ou onde a presença do Estado se faz intermitente; [...] - manter-se em condições de atender às solicitações para participar em missões internacionais de paz. O EB amanhã: - diminuição do hiato tecnológico; - início da recomposição de uma base mínima de material de defesa; - progressivo incremento da expressão internacional do País, trazendo, em contrapartida, o aumento de contenciosos, de pressões internacionais, inclusive para participação em forças conjuntas multinacionais e o início da capacitação para operações autônomas, com efetivos limitados, em outras partes do mundo; [...] - aumento da capacidade dissuasória; [...]. O EB do futuro: - preponderância absoluta da Estratégia da Dissuasão, com incremento da participação na Projeção do Poder; - estrutura e capacitação para ampla participação internacional, em correspondência à posição de destaque do País; - capacidade para manter a lei e a ordem em situações de excepcional nível de gravidade; - equipamento da Força desenvolvido pela indústria, dentro e/ou fora do País, em atendimento a requisitos estabelecidos antecipadamente pelo EB; [...]. (BRASIL, 2011a).
Segundo o Comandante do EB, o equipamento da F Ter pode ser
desenvolvido dentro ou fora do país, em atendimento aos requisitos estabelecidos
pelo Exército Brasileiro. Essa premissa vai ao encontro das principais características
da NFBSR e a evolução da Doutrina Militar Terrestre.
2.1.2 A evolução da Doutrina Militar Terrestre
Basicamente, a Doutrina Militar Terrestre trata de assuntos relacionados à
estratégia operacional e à tática, até o nível TOT – Teatro de operações Terrestre,
sendo definida como "o conjunto de valores, princípios gerais, conceitos básicos,
27
concepções, normas, métodos e processos que visam definir a estrutura
organizacional, o equipamento e a forma de combater da Força Terrestre (FT)". Os
produtos finais nesse nível são os manuais de campanha, manuais técnicos,
Quadros de Organização (QO) e, por fim, Condicionantes Doutrinárias e
Operacionais (ConDOp)1, que é a base doutrinária para a elaboração dos Requisitos
Operacionais Básicos (ROB)2. Para a obtenção desses produtos, o SIDOMT
(Sistema de Doutrina Militar Terrestre) utiliza-se das atividades de pesquisas
doutrinárias, experimentações doutrinárias e seminários de doutrina.
A organização, o armamento, o equipamento e a forma de emprego do EB
são definidos por esse sistema. São objetivos do SIDOMT, no nível operacional, os
seguintes:
I - consolidar e desenvolver a doutrina segundo características próprias e autóctones; II - proporcionar, por intermédio do emprego intensivo de técnicas de investigação e estudos prospectivos, o desenvolvimento da doutrina; III - contribuir para a definição e obtenção de padrões de eficiência compatíveis com um exército moderno; IV - obter unidade de doutrina no âmbito da Força Terrestre, buscando integrar-se com os sistemas de doutrina das demais Forças Singulares; (IG 20-13) – Instruções Gerais para a Organização e Funcionamento do Sistema de Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2012b, p. 4).
Nesse contexto, está inserido o processo de modernização das Unidades
Mecanizadas e atualmente estão publicadas as ConDOp e os ROB referentes à
nova geração de Vtr Mec do EB, e diversos estudos estão sendo realizados de
forma que nasça uma nova linha de Vtr que atenda às necessidades do EB. Este
projeto de uma NFBSR já apresentou a plataforma básica, conhecida como Guarani,
atualmente em testes em diversas Unidades Militares.
Esta plataforma esta alinhada com as novas necessidades do combate
moderno que concebeu a Doutrina Delta empregada pelo Exército Brasileiro.
1 Parâmetros que definem o emprego doutrinário do material e o desempenho esperado do mesmo, considerada a doutrina de emprego da Força Terrestre.
2 Características de um material (armamento/equipamento) restritas aos aspectos operacionais.
28
2.1.3 A Doutrina Delta
Guerras multidimensionais, com ênfase na iniciativa, agilidade e
sincronização das ações, além da capacidade de gerenciamento das informações,
praticamente obrigarão as nações a abandonarem antigos padrões e se lançarem à
modernização de suas doutrinas.
Ainda segundo Ribeiro (2007), ”o surgimento de armamentos de grande
letalidade e a utilização intensiva do espectro eletromagnético elevam a
complexidade dos conflitos atuais”. Nesse contexto, a conquista e a manutenção da
iniciativa e a rapidez das operações, visando à exploração das vulnerabilidades do
inimigo, tendem a constituir-se em princípios básicos na condução das operações. A
iniciativa possibilita a manutenção do espírito ofensivo e a preservação da liberdade
de ação.
Coerente com as novas necessidades impostas pelo combate moderno, o
EME vem atualizando os conceitos doutrinários que orientam o preparo e o emprego
da F Ter. Esses fundamentos orientarão a atuação do EB no cumprimento de suas
missões constitucionais, particularmente o combate convencional no âmbito da
defesa externa, em Área Operacional do Continente (AOC), com exceção da
Amazônia.
A concepção geral da Doutrina Delta é a seguinte:
- combate ofensivo, com grande ímpeto, e valorização da manobra; - ação simultânea em toda a profundidade do campo de batalha e combate não linear; - busca do isolamento do campo de batalha com ênfase na destruição da força inimiga; - priorização das manobras de flanco; - máximo poder relativo de combate no momento e local decisivos; - combate continuado com a máxima utilização das operações noturnas e do ataque de oportunidade; - valorização da infiltração como forma de manobra; - busca da iniciativa, da rapidez, da flexibilidade e da sincronização das operações; - valorização dos princípios do objetivo, ofensiva, manobra, massa, surpresa e unidade de comando; - mínimo de perdas para as nossas forças e populações civis envolvidas; - decisão da campanha no mais curto prazo (BRASIL,1996, p. 1-5).
Além da própria inserção da Doutrina Delta na DMT, alguns trechos extraídos
das IP 100-1 corroboram a importância da modernização dos meios mecanizados do
Exército:
29
[...] f. O aspecto dinâmico da doutrina não pode permitir sua subordinação a dogmas que impeçam a sua atualização, devendo ela refletir a natureza dos conflitos do presente e estar de acordo com as possibilidades tecnológicas, presentes e futuras. Além disso, serve para orientar a aquisição e desenvolvimento de novos materiais de emprego militar e a criação e transformação de organizações militares. [...] h. A aquisição de novos e modernos equipamentos, a adoção de novas estruturas organizacionais, mais leves e flexíveis, [...] exigem a atualização dos conceitos doutrinários vigentes, adequando-os às novas capacidades da F Ter e aperfeiçoando-os em consonância com as necessidades impostas pelo combate hodierno. i. A despeito das características peculiares do que se convencionou chamar Área Operacional do Continente (AOC), não há como fugir às realidades a que chegaram os pensadores militares dos países mais desenvolvidos. j. Portanto, a lógica aponta para que, também sob esse prisma, a tendência seja de uma evolução doutrinária no sentido de acompanhar as experiências externas, adaptando-as, quando aplicáveis, às nossas realidades. (BRASIL,1996, p. 1-2)
Esta doutrina enfatiza o combate ofensivo, prioriza as manobras de flanco,
busca conduzir ações em toda a profundidade do campo de batalha e o combate
não linear continuado, com a máxima utilização de operações noturnas, ataques de
oportunidade, infiltrações e incursões, valorizando a destruição do inimigo e a
decisão da batalha no mais curto prazo possível. Reflete a natureza dos combates
atuais e concorre para influenciar de forma decisiva a organização e a concepção de
emprego das unidades mecanizadas, valorizando as missões de movimento e
provocando evoluções na doutrina e nas características do seu material de dotação.
O combate não linear continuado, conduzido em toda a profundidade do
campo de batalha e em larga frente, no qual as operações em áreas urbanas serão
enfatizadas, exigirá que as viaturas das unidades mecanizadas possuam uma
mobilidade compatível através do campo e adequada proteção blindada. É desejável
que tenham baixa dependência logística, sejam dotadas de armamento que propicie
uma maior possibilidade de engajamento de alvos e alcance de emprego eficaz.
Além disso, devem ser equipadas com meios de comunicações modernos e
compatíveis com as frentes onde atuarão.
A fim de adaptar-se sistematicamente aos dinâmicos cenários emergentes, a
maioria dos exércitos implementa programas de modernização que visam adaptar
suas estruturas operacionais e, de modo particular, seus sistemas de armas às
contingências do difuso combate moderno.
Nesse sentido, a homogeneidade dos meios mecanizados leves e médios das
Unidades Mecanizadas está perfeitamente alinhada com os parâmetros atuais do
EB em sua visão de futuro.
30
Contudo, a preocupação do Exército Brasileiro em sua visão de futuro
também deve estar alinhada com os interesses e objetivos nacionais, nesse ínterim
surge o Livro Branco da Defesa.
2.2 O LIVRO BRANCO DA DEFESA NACIONAL
O Livro Branco da Defesa (2012) é um documento público, que expõe a visão
do Governo sobre o tema da defesa a ser apresentado à comunidade nacional e
internacional que passa pela aprovação do Congresso Nacional e a cada quatro
anos serão enviadas atualizações não apenas do livro, mas da própria Política de
Defesa Nacional e da Estratégia Nacional de Defesa.
Utilizado em muitas outras nações, o objetivo do livro é estimular a confiança
mútua entre o Brasil e os demais países, ao fazer apresentação transparente de
temas sensíveis de segurança e defesa. Ali estarão dados estratégicos,
orçamentários, institucionais e materiais detalhados sobre as Forças Armadas e a
defesa, da política e da estratégia de defesa, além de descrever os tipos de armas,
os veículos, os navios, os aviões e as tecnologias empregadas.
Segundo o Ministério da Defesa, que coordenou a elaboração do Livro
Branco, a publicação é “uma poderosa ferramenta de ampliação da participação civil
nos assuntos de defesa” ( ) e servirá para ampliar, de modo significativo o
conhecimento dos próprios militares sobre o setor. Para a confecção da obra,
seminários e encontros foram realizados, recolhendo informações e opiniões de
especialistas, organizações não governamentais, do setor industrial e do público em
geral.
Diversos entendimentos acerca de assuntos ligados a defesa nacional
constam da referida obra e serão expostos a seguir.
A manutenção da estabilidade regional e a construção de um ambiente
internacional mais cooperativo, de grande interesse para o Brasil, serão favorecidos
pela ação conjunta dos Ministérios da Defesa (MD) e das Relações Exteriores
(MRE).
A Política Nacional de Defesa (PND), a Estratégia Nacional de Defesa (END)
e o Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN) representam marcos históricos no
sentido da afirmação e divulgação dos fundamentos e parâmetros da defesa. A
Política e a Estratégia assinalam responsabilidades na promoção do interesse
31
nacional, em particular nos temas afetos a desenvolvimento e segurança do País,
evidenciam a necessidade de fortalecimento dos mecanismos de diálogo entre o MD
e o Itamaraty no sentido de aproximação de suas inteligências e no planejamento
conjunto.
No plano global, a participação articulada de militares e diplomatas em fóruns
multilaterais (Conselho de Defesa Sul-Americano e diálogos político-militares)
incrementa a capacidade de as políticas externa e de defesa do País se
anteciparem, de maneira coerente e estratégica, às transformações do sistema
internacional e de suas estruturas de governança, facilita, assim, a tarefa de
defender os interesses brasileiros no exterior.
Essa atuação conjugada deve visar à diversificação de parcerias, de maneira
a fortalecer as relações entre países em desenvolvimento, sem prejuízo das
relações tradicionais com parceiros do mundo desenvolvido. Ao mesmo tempo em
que o Brasil busca otimizar as condições de obtenção de tecnologia dos países mais
desenvolvidos, o perfil das nações que compõem o grupo BRICS e o Fórum IBAS
(Índia, Brasil e América do Sul) demonstra que há grandes possibilidades de
cooperação entre países em desenvolvimento, mesmo em áreas de tecnologias
avançadas.
“Dotado de uma capacidade adequada de defesa, o Brasil terá condições de
dissuadir agressões a seu território, a sua população e a seus interesses,
contribuindo para a manutenção de um ambiente pacífico em seu entorno. Ao
mesmo tempo, e de modo coerente com a política cooperativa do País, a crescente
coordenação dos Estados sul-americanos em temas de defesa concorrerá para
evitar possíveis ações hostis contra o patrimônio de cada uma das nações da região.
Pela dissuasão e pela cooperação, o Brasil fortalecerá, assim, a estreita
vinculação entre sua política de defesa e sua política externa, historicamente
voltadas para a causa da paz, da integração e do desenvolvimento.”
A Estratégia Nacional de Defesa (END), lançada em 2008 e revista em 2012,
traçou metas para assegurar que os objetivos da Defesa Nacional pudessem ser
atingidos. As diretrizes estabelecidas na END estão voltadas para a preparação das
Forças Armadas com capacidades adequadas para garantir a segurança do País,
tanto em tempo de paz, quanto em situações de crise. O objetivo da Estratégia é
atender as necessidades de equipamento das Forças Armadas, privilegiando o
domínio nacional de tecnologias avançadas e maior independência tecnológica.
32
“Uma estrutura de defesa adequada garante maior estabilidade para o País e,
assim, um ambiente propício para que o Estado brasileiro alcance os objetivos
nacionais.
Em sintonia com as lições aprendidas das guerras contemporâneas e as
tendências dos conflitos do futuro, o Exército desenvolve o seu preparo com base
em capacidades, pois estas fornecem à Instituição ferramentas para responder, com
estratégia e efetividade, aos desafios difusos que o porvir apresentará.
As novas capacidades consideradas prioritárias para consolidação do
Exército são:
1. dissuasão terrestre compatível com o status do País;
2. projeção internacional do Exército em apoio à política exterior do Brasil;
3. atuação no espaço cibernético com liberdade de ação;
4. prontidão logística da Força Terrestre;
5. interoperabilidade (com as demais Forças Singulares) e
complementaridade (com outros órgãos e agências);
6. gestão integrada em todos os níveis;
7. efetividade da doutrina militar;
8. maior ênfase na dimensão humana;
9. fluxo orçamentário adequado;
10. produtos de defesa vinculados às capacidades operacionais; e
11. gestão sistêmica da informação operacional.”
O Exército tem buscado modernizar seus equipamentos e armamentos, bem
como a proficiência de seus integrantes. Para atender às demandas estratégicas,
constatou-se a necessidade de que o Exército não apenas se adapte e modernize,
mas adote o conceito de transformação. Transformação significa desenvolver
capacidades diferenciadas para cumprir novas funções, sejam elas decorrentes do
atual ambiente operacional, ou funções ainda não identificadas.
Coerentemente com a dinâmica evolução da conjuntura, o Exército iniciou um
Processo de Transformação, que será contínuo e orientado por um Projeto de Força.
O Processo e o Projeto estão inseridos no Sistema de Planejamento do Exército.
A partir da Estratégia Nacional de Defesa, o Estado-Maior do Exército realizou
um diagnóstico da Força Terrestre e propôs ações para sua adequação às novas
33
demandas do Estado e da sociedade brasileira, que resultaram na Estratégia Braço
Forte (EBF).
“Na elaboração da EBF, foram consideradas as seguintes premissas
estabelecidas na Estratégia Nacional de Defesa:
1. o Exército será organizado sob a égide do trinômio
monitoramento/controle, mobilidade e presença;
2. deverá possuir mobilidade estratégica para responder prontamente a
qualquer ameaça ou agressão;
3. deverá articular suas reservas estratégicas para permitir a rápida
concentração e emprego de Forças;
4. adensará a presença de suas unidades nas fronteiras;
5. a Amazônia representa um dos focos de maior interesse para a defesa
e deverá ser mantida em elevada prioridade para a articulação e o
equipamento das tropas;
6. deverá desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramento/
controle, mobilidade e presença, o conceito de flexibilidade em
combate; e
7. deverá desenvolver o imperativo da elasticidade, que é a capacidade
de aumentar rapidamente o dimensionamento de suas tropas.
Em decorrência da estratégia e programas anteriormente citados, foram
selecionados projetos prioritários com a finalidade de transformar a Força Terrestre,
dotando suas brigadas com os meios de transporte, equipamentos, armamentos e
suprimentos, de modo a adequar as capacidades operativas à demanda e ao nível
de modernização desejados. São eles:
Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre (RECOP),
Sistema de Proteção Cibernética – Defesa Cibernética, Sistema Integrado de
Monitoramento das Fronteiras Terrestres (SISFRON), Sistema Integrado de
Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres Críticas (PROTEGER), Nova Família
de Veículos Blindados de Rodas de Fabricação Nacional – Guarani, Sistema de
Defesa Antiaérea e Sistema de Mísseis e Foguetes ASTROS 2020.
Os projetos estratégicos prioritários têm por objetivo dotar as Brigadas do
Exército Brasileiro com equipamentos, armamentos, meios de transporte e
suprimentos em quantidade compatível com a demanda e o nível de modernização
34
desejados. Devem proporcionar à Força Terrestre capacidade para ser empregada,
de forma eficaz, nas operações de defesa externa, nas operações de Garantia da
Lei e da Ordem (GLO), nas ações subsidiárias em apoio à Defesa Civil e à proteção
ambiental e em ações de segurança em grandes eventos.”
Especificamente, o Projeto Guarani, como consta no Livro Branco da Defesa,
consiste na implantação da Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) do
Exército Brasileiro, concebida para dotar as unidades mecanizadas de novos
blindados que incorporam as mais recentes tendências e evoluções tecnológicas.
No contexto da Estratégia Nacional de Defesa, o projeto contribui para a
aquisição de novas capacitações, fortalecendo a indústria brasileira com a obtenção
de tecnologia dual. É prevista a aquisição, ao longo de 20 (vinte) anos, de 2.044
(dois mil e quarenta e quatro) Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal Guarani
(VBTP) de concepção brasileira. A nova VBTP já passou pelos testes de avaliação e
o Exército Brasileiro recebeu sua primeira unidade em junho de 2012.
O Projeto Guarani inclui também diversos subprojetos, dentre os quais se
destacam: Pesquisa e Desenvolvimento, Suporte Logístico Integrado (SLI),
Nacionalização da Munição, Capacitação Profissional, Infraestrutura, Comando e
Controle, Simulação, Doutrina e Gestão.
A NFBR inclui uma subfamília média — reconhecimento, transporte de
pessoal, morteiro, socorro, posto de comando, posto rádio, central diretora de tiro,
oficina e ambulância — e uma subfamília leve — reconhecimento, anticarro, morteiro
leve, radar, posto de comando e observação avançada. A Previsão de conclusão do
Projeto Guarani é no ano de 2034 e o valor global estimado é de 21 (vinte e um)
bilhões de reais.
2.3 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA
O Brasil desfruta, a partir de sua estabilidade política e econômica, uma
posição de destaque no contexto internacional, o que exige nova postura no campo
da Defesa, a ser consolidada através do envolvimento do povo brasileiro. À
sociedade caberá, por intermédio de seus representantes do sistema democrático e
por meio da participação direta no debate, aperfeiçoar as propostas apresentadas.
Com vistas a essa posição e em cumprimento à determinação do Decreto
Presidencial de 6 de setembro de 2007, que criou o Comitê Ministerial para a sua
35
formulação, presidido pelo Ministro de Estado da Defesa, coordenado pelo Ministro
de Estado Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos e integrado pelos Ministros
do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Fazenda e da Ciência e Tecnologia,
assistidos pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica foi
elaborada a Estratégia Nacional de Defesa do Brasil.
Com o intuito de debater o assunto e em função da natureza do seu
conteúdo ser dirigido à concretização de interesses do Estado e de toda a
sociedade, o Comitê consultou especialistas, representantes de diversos órgãos
públicos e privados, bem como cidadãos de reconhecido saber no campo da Defesa,
além dos próprios Comandantes das três Forças Armadas e seus principais
assessores.
O Plano é focado em ações estratégicas de médio e longo prazo e objetiva
modernizar a estrutura nacional de defesa, atuando em três eixos estruturantes:
reorganização das Forças Armadas, reestruturação da indústria brasileira de
material de defesa e política de composição dos efetivos das Forças Armadas.
A reorganização das Forças Armadas passa pela redefinição do papel do
Ministério da Defesa e a enumeração de diretrizes estratégicas relativas a cada uma
das Forças, com a especificação da relação que deve prevalecer entre elas. Ao lado
dessas diretrizes aborda-se o papel de três setores decisivos para a defesa
nacional: o cibernético, o espacial e o nuclear.
A reestruturação da indústria brasileira de material de defesa tem como
propósito assegurar que o atendimento das necessidades de equipamento das
Forças Armadas apoie-se em tecnologias sob domínio nacional.
Finalmente, orienta-se a relação da sociedade com suas Forças Armadas e
discute-se a composição dos efetivos militares, com sua consequência sobre o
futuro do Serviço Militar Obrigatório. O propósito é zelar para que as Forças
Armadas reproduzam, em sua composição, a própria Nação. O Serviço Militar
Obrigatório deve, pois, funcionar como espaço republicano, no qual possa a Nação
encontrar-se acima das classes sociais.
Nessas condições, a Estratégia Nacional de Defesa visa colocar as questões
de defesa na agenda nacional e de formular um planejamento de longo prazo para a
defesa do País é fato inédito no Estado brasileiro. Marca uma nova etapa no
tratamento de tema tão relevante, intrinsecamente associado ao desenvolvimento
nacional. Reafirma o compromisso de todos nós, cidadãos brasileiros, civis e
36
militares, com os valores maiores da soberania, da integridade do patrimônio e do
território e da unidade nacionais, dentro de um amplo contexto de plenitude
democrática e de absoluto respeito aos nossos vizinhos, com os quais mantemos e
manteremos uma relação cada vez mais sólida de amizade e cooperação.
A Estratégia Nacional de Defesa é o vínculo entre o conceito e a política de
independência nacional, de um lado, e as Forças Armadas para resguardar essa
independência, de outro. Trata de questões políticas e institucionais decisivas para a
defesa do País, como os objetivos da sua “grande estratégia” e os meios para
fazerem com que a Nação participe da defesa. Aborda, também, problemas
propriamente militares, derivados da influência dessa “grande estratégia” na
orientação e nas práticas operacionais das três Forças.
“A Estratégia Nacional de Defesa organiza-se em torno de três eixos
estruturantes:
O primeiro eixo estruturante diz respeito a como as Forças Armadas devem
se organizar e se orientar para melhor desempenharem sua destinação
constitucional e suas atribuições na paz e na guerra. Enumeram-se diretrizes
estratégicas relativas a cada uma das Forças e especifica-se a relação que deve
prevalecer entre elas. Descreve-se a maneira de transformar tais diretrizes em
práticas e capacitações operacionais e propõe-se a linha de evolução tecnológica
necessária para assegurar que se concretizem.
A análise das hipóteses de emprego das Forças Armadas – para resguardar o
espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras – permite dar foco
mais preciso às diretrizes estratégicas. Nenhuma análise de hipóteses de emprego
pode, porém, desconsiderar as ameaças do futuro. Por isso mesmo, as diretrizes
estratégicas e as capacitações operacionais precisam transcender o horizonte
imediato que a experiência e o entendimento de hoje permitem descortinar.
Ao lado da destinação constitucional, das atribuições, da cultura, dos
costumes e das competências próprias de cada Força e da maneira de sistematizá-
las em estratégia de defesa integrada, aborda-se o papel de três setores decisivos
para a defesa nacional: o espacial, o cibernético e o nuclear. Descreve-se como as
três Forças devem operar em rede – entre si e em ligação com o monitoramento do
território, do espaço aéreo e das águas jurisdicionais brasileiras.
37
O segundo eixo estruturante refere-se à reorganização da indústria nacional
de material de defesa, para assegurar que o atendimento das necessidades de
equipamento das Forças Armadas apoie-se em tecnologias sob domínio nacional.
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição dos efetivos das
Forças Armadas e, consequentemente, sobre o futuro do Serviço Militar Obrigatório.
Seu propósito é zelar para que as Forças Armadas reproduzam, em sua
composição, a própria Nação – para que elas não sejam uma parte da Nação paga
para lutar por conta e em benefício das outras partes. O Serviço Militar Obrigatório
deve funcionar como espaço republicano, no qual possa a Nação encontrar-se
acima das classes sociais.
Entre as diversas diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa as seguintes se
relacionam intimamente com o trabalho em estudo:
1. Dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres, nos
limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do
espaço aéreo nacional. Para dissuadir, é preciso estar preparado para
combater. A tecnologia, por mais avançada que seja, jamais será
alternativa ao combate. Será sempre instrumento do combate;
2. Organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio
monitoramento/controle, mobilidade e presença. Esse triplo imperativo
vale, com as adaptações cabíveis, para cada Força. Do trinômio resulta
a definição das capacitações operacionais de cada uma das Forças;
3. Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espaço aéreo,
o território e as águas jurisdicionais brasileiras. Tal desenvolvimento
dar-se-á a partir da utilização de tecnologias de monitoramento
terrestre, marítimo, aéreo e espacial que estejam sob inteiro e
incondicional domínio nacional;
4. Desenvolver, lastreado na capacidade de monitorar/controlar, a
capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça ou
agressão: a mobilidade estratégica. A mobilidade estratégica é
entendida como a aptidão para se chegar rapidamente ao teatro de
operações, reforçada pela mobilidade tática, entendida como a aptidão
para se mover dentro daquele teatro – é o complemento prioritário do
monitoramento/controle e uma das bases do poder de combate,
exigindo das Forças Armadas ação que, mais do que conjunta, seja
38
unificada. O imperativo de mobilidade ganha importância decisiva,
dada a vastidão do espaço a defender e a escassez dos meios para
defendê-lo. O esforço de presença, sobretudo ao longo das fronteiras
terrestres e nas partes mais estratégicas do litoral, tem limitações
intrínsecas. É a mobilidade que permitirá superar o efeito prejudicial de
tais limitações;
5. Aprofundar o vínculo entre os aspectos tecnológicos e os operacionais
da mobilidade, sob a disciplina de objetivos bem definidos;
6. Capacitar a indústria nacional de material de defesa para que conquiste
autonomia em tecnologias indispensáveis à defesa; e
7. Desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramento/controle,
mobilidade e presença, o conceito de flexibilidade no combate.
Sobre estas três últimas diretrizes, cabe ressaltar que a indústria nacional de
material de defesa será incentivada a competir em mercados externos para
aumentar a sua escala de produção. A consolidação da União de Nações Sul-
Americanas poderá atenuar a tensão entre o requisito da independência em
produção de defesa e a necessidade de compensar custo com escala, possibilitando
o desenvolvimento da produção de defesa em conjunto com outros países da região.
Serão buscadas parcerias com outros países, com o propósito de desenvolver
a capacitação tecnológica e a fabricação de produtos de defesa nacionais, de modo
a eliminar, progressivamente, a compra de serviços e produtos importados. Sempre
que possível, as parcerias serão construídas como expressões de associação
estratégica mais abrangente entre o Brasil e o país parceiro. A associação será
manifestada em colaborações de defesa e de desenvolvimento e será pautada por
duas ordens de motivações básicas: a internacional e a nacional.
Isso exigirá, sobretudo na Força Terrestre, que as forças convencionais
cultivem alguns predicados atribuídos à forças não-convencionais. Somente Forças
Armadas com tais predicados estarão aptas para operar no amplíssimo espectro de
circunstâncias que o futuro poderá trazer.
O Exército, embora seja empregado de forma progressiva nas crises e
conflitos armados, deve ser constituído por meios modernos e por efetivos muito
bem adestrados.”
39
O Exército não terá dentro de si uma vanguarda. O Exército será todo ele
uma vanguarda. A concepção do Exército como vanguarda tem, como expressão
prática principal, a sua reconstrução em módulo brigada, que vem a ser o módulo
básico de combate da Força Terrestre. Na composição atual do Exército, as
brigadas das Forças de Ação Rápida Estratégicas são as que melhor exprimem o
ideal de flexibilidade e mobilidade.
A qualificação do módulo brigada como vanguarda exige amplo espectro de
meios tecnológicos, desde os menos sofisticados, tais como radar portátil e
instrumental de visão noturna, até as formas mais avançadas de comunicação entre
as operações terrestres e o monitoramento espacial.
O entendimento da mobilidade tem implicações para a evolução dos blindados, dos meios mecanizados e da artilharia. Uma implicação desse entendimento é harmonizar, no desenho dos blindados e dos meios mecanizados, características técnicas de proteção e movimento. Outra implicação, nos blindados, nos meios mecanizados e na artilharia, é priorizar o desenvolvimento de tecnologias capazes de assegurar precisão na execução do tiro (BRASIL. 2008).
Com foco no desenvolvimento da Estratégia Nacional de Defesa e alicerçado
nos eixos estruturantes mencionados, o Exército Brasileiro estabeleceu seus
projetos Estratégicos.
2.3.1 Os Projetos Estratégicos do Exército
A Estratégia Nacional de Defesa (END) consolidou a necessidade de
transformação das Forças Armadas em desenvolver novas capacidades adequadas
à dimensão político-estratégica de um Brasil forte e soberano.
A Estratégia está focada em ações estratégicas de médio e longo prazos e
objetiva modernizar a estrutura nacional de defesa, atuando em três eixos:
reorganização e rearticulação das Forças Armadas; fortalecimento da indústria de
material de defesa; e política de composição dos efetivos das Forças Armadas.
O que a Estratégia Nacional de Defesa estabelece para as Forças Armadas
ultrapassa a simples modernização dos meios ou adaptação de suas estruturas.
Prevê a transformação das Forças no sentido de lhes habilitar a defender o Brasil.
Transformar, neste caso, significa dotar as Forças Armadas de novas estruturas e
40
capacidades para cumprir suas missões e desempenhar as funções do combate
moderno na era do conhecimento.
Nesse contexto, o Exército Brasileiro desenvolveu vários projetos. Destes,
sete são estratégicos pela importância, abrangência e impacto que produzirão em
todos os sistemas da Força, cujos fatores críticos concentram-se em quatro
principais áreas: doutrina, recursos (humanos e financeiros), inovação tecnológica e
gestão. Os projetos buscam atender a premissas estabelecidas na Estratégia, como
a criação de mentalidade de defesa na sociedade brasileira e o emprego dos
produtos de defesa. São eles: Defesa Cibernética; SISFRON (Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras); PROTEGER (Sistema de Proteção de Estruturas
Estratégicas); Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani; Foguetes
ASTROS 2020; Defesa Antiaérea e RECOP (Recuperação da Capacidade
Operacional).
O Guarani - A Nova Família de Blindados Sobre Rodas - permitirá a
substituição das viaturas ENGESA, com mais de 30 anos de utilização, com a
incorporação de modernas tecnologias. O Projeto contribui para a pesquisa e a
inovação e constitui-se num vetor de transformação da Indústria Nacional de Defesa,
gerando empregos diretos e indiretos em inúmeras áreas da cadeia produtiva.
O Guarani é fabricado pela Iveco (Sete Lagoas – MG) que até este ano,
disponibilizará 188 Vtr Guarani.
2.3.2 O Projeto Estratégico Guarani
O Projeto Estratégico Guarani é um dos 7 projetos estratégicos da Força e é o
nome dado ao projeto de desenvolvimento da Nova Família de Blindados Sobre
Rodas (NFBSR) do Exército Brasileiro, sendo concebido na década de 1990 para
servir como plataforma base dos sistemas operacionais das Brigadas de Infantaria e
Cavalaria Mecanizada. Enquanto estas já têm experiência com meios mecanizados,
aquelas ainda resultarão da transformação de algumas Brigadas de Infantaria
Motorizada.
Prevê-se que dentro de 20 anos possam ser adotadas algo em torno de 2000
(duas mil) plataformas da NFBR, de várias versões, cada qual com particularidades
e, sobretudo, tecnologias significativamente mais avançadas que as encontradas
nos meios mecanizados que o Exército Brasileiro dispõe atualmente.
41
Como já mencionado, a Viatura Blindada Guarani tem a missão de substituir
as famílias de blindados Urutu e Cascavel, em operação há quase 40 anos nas
Forças Armadas. A partir do primeiro contrato assinado entre o Exército e a Iveco,
em 2012, serão entregues 188 veículos até o fim do ano de 2015 nos batalhões de
infantaria de Foz do Iguaçu (PR), Apucarana (PR), Francisco Beltrão (PR) e no
Centro de Instrução de Blindados em Santa Maria (RS).
Segundo as ConDOp(2012), a Nova Família de Blindados Sobre Rodas pode
contemplar até dezessete versões, a saber:
1- Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP);
2- Viatura Blindada de Combate de Fuzileiro (VBC Fuz);
3- Viatura Blindada de Reconhecimento (VBR);
4- Viatura Blindada de Combate Morteiro Médio (VBC Mrt Me);
5- Viatura Blindada de Combate Morteiro Pesado (VBC Mrt P);
6- Viatura Blindada Especial de Central de Direção de Tiro (VBECDT);
7- Viatura Blindada Especial Posto de Comando (VBEPC);
8- Viatura Blindada Especial de Comunicações (VBE Com);
9- Viatura Blindada Especial Socorro (VBE Soc);
10- Viatura Blindada Especial Oficina (VBE Ofn);
11- Viatura Blindada de Transporte Especializado Ambulância (VBTE Amb);
12- Viatura Blindada de Reconhecimento Leve (VBR L);
13- Viatura Blindada de Combate Anticarro - Leve de Rodas (VBC AC LR);
14- Viatura Blindada Especial Observador Avançado - Leve de Rodas (VBE
OA LR);
15- Viatura Blindada de Combate Morteiro - Leve de Rodas (VBC Mrt LR);
16- Viatura Blindada Especial Radar - Leve de Rodas (VBE Rdr LR); e
17- Viatura Blindada Especial Posto de Comando - Leve de Rodas (VBEPC
LR).
Dentre essas versões, pode-se dizer que as VBR, VBC Fuz e VBTP deverão
ser as mais numerosas, uma vez que serão a espinha dorsal das brigadas
mecanizadas. Dessa forma, estarão distribuídos por cerca de 18 (dezoito) batalhões
de infantaria mecanizada, 12 (doze) regimentos de cavalaria mecanizada e 09
(nove) esquadrões de cavalaria mecanizada.
42
As diferentes versões devem possuir considerável similaridade em função de
estarem concebidas sobre a mesma plataforma básica, que incorporará tecnologias
mais avançadas que as existentes nos atuais meios mecanizados.
As grandes diferenças entre as versões estarão nos sistemas de atuação
incorporados que definirão cada uma. Dessa forma e a título de ênfase quanto à
discrepância entre os níveis tecnológicos da NFBR e dos meios mecanizados atuais,
destacam-se que os sistemas de atuação predominantes deverão ser:
a) nas VBR – sistemas de armas tripulados com canhão de calibre 90mm
ou 105mm e tecnologias tais como: instrumentos de observação e
busca de alvos tipo eletro-óptico e infravermelho (EO/IR), com
transporte automatizado de alvos do comandante para o atirador
(Hunter-killer), estabilização de armas e de instrumentos EO/IR e
capacidade de engajar alvos tanto pelo atirador quanto pelo
comandante;
b) nas VBC Fuz – sistemas de armas remotamente controlados, com
canhão de calibre 30mm e tecnologias tais como: instrumentos de
observação e busca de alvos tipo EO/IR, com rastreamento de alvos e
transporte automatizados destes do comandante para o atirador
(Hunter-killer), estabilização de armas e de instrumentos EO/IR e
capacidade de engajar alvos, tanto pelo atirador quanto pelo
comandante; e
c) nas VBTP – ou metralhadoras montadas sobre reparos não
automatizados ou sistemas de armas remotamente controlados, com
metralhadoras calibre .50 ou 7,62mm e tecnologias tais como:
instrumentos de observação e busca de alvos tipo EO/IR e
estabilização de armas e de instrumentos EO/IR.
2.3.3 A NFBSR e Suas Condicionantes Doutrinárias e Operacionais
Segundo as ConDOp(2012), a NFBR irá ampliar a Capacidade Operacional
da Força Terrestre, através da mecanização e da implantação da Bda Inf Mec, bem
como substituindo as viaturas EE- 9 Cascavel e EE-11 Urutu. Além disso, versões
da NFBR completarão as lacunas existentes nos Quadros de Distribuição de
Material (QDM) de diversas OM do Exército Brasileiro.
43
“A NFBR será baseada em dois modelos básicos, um médio e um leve,
origem de duas subfamílias de blindados:
1) MÉDIA: Vtr 6x6 e 8x8, com boa mobilidade através do campo, baixa
silhueta, a partir do qual serão desenvolvidos os diversos tipos de viaturas
médias integrantes da subfamília; e
2) LEVE: Vtr do tipo 4x4, de elevada mobilidade em estradas e boa
mobilidade através do campo, baixa silhueta, a partir do qual serão
desenvolvidos os diversos tipos de viaturas leves integrantes da
subfamília.
As viaturas da NFBR deverão possuir as seguintes características gerais:
1) Absolutas:
a) ter capacidade de realizar deslocamentos a grandes distâncias;
b) desenvolver velocidades compatíveis em estrada e em terreno
variado;
c) ter condições de ser transportada por aeronave tipo C-130,
respeitadas as especificidades de cada versão;
d) autonomia superior a 600 km para as viaturas médias e a 400 km
para as viaturas leves;
e) possuir suporte logístico integrado, com elevado índice de
nacionalização e simplicidade de consecução;
f) possuir baixa assinatura visual (noturna e diurna), térmica e radar,
respeitadas as especificidades de cada versão;
g) possuir proteção contra minas terrestres anticarro, diminuindo os
danos físicos sobre a guarnição;
h) possuir boa mobilidade tática através do campo;
i) possuir capacidade para receber proteção adicional (passiva ou
reativa);
j) possuir meios de comunicações necessários a integrar os Sistemas
de Comando e Controle das estruturas dotadas de material Mec;
k) possuir capacidade de transposição de vaus, de acordo com as
especificidades de cada versão; e
l) ser capaz de integrar-se ao Sistema de Comando e Controle da F
Ter.
44
2) Desejáveis:
a) possuir blindagem básica que ofereça proteção para o
compartimento habitado contra a penetração de projéteis de 7,62mm
Pf;
b) possuir proteção contra Dispositivos Explosivos Improvisados (DEI),
diminuindo os danos físicos sobre a guarnição;
c) possuir capacidade anfíbia, respeitadas as especificidades de cada
versão;
d) possuir sistema de DQBRN, diminuindo os danos físicos sobre a
guarnição;
e) possuir sistema de alerta para detecção ou designação de alvo via
laser.”
No dia 28 de agosto de 2013, através da portaria nº 43 do Estado-Maior do
Exército foram aprovadas as condicionantes doutrinárias e operacionais da NFBSR
com base, sobretudo, na Estratégia Nacional de Defesa e que estabelecem os
seguintes entendimentos nos campos doutrinário e operacional:
a. Doutrinário
Desde o fim da Guerra Fria, o mundo vem passando por sucessivas
mudanças em todos os campos do poder. Esta instabilidade no cenário mundial está
gerando o aparecimento de conflitos locais e regionais envolvendo, inclusive, atores
não estatais. Com isto, houve uma significativa transformação no modo de operar
das forças militares, particularmente, das Forças Terrestres, potencializadas pela
evolução e facilidade de aceso às novas tecnologias, pela socialização da internet,
pelo aparecimento das redes sociais e pela atuação da mídia, provocando a rápida
inserção de novos atores no contexto dos conflitos.
Esses conflitos permanecem marcados pela violência, porém, com
ingredientes que os tornam muito mais complexos, por ocorrerem em ambientes
com a presença da população civil (muitas vezes em áreas urbanas), onde a
dificuldade em identificar o oponente é ampliada, acarretando a necessidade de se
reduzir, ao máximo possível, os efeitos colaterais sobre a sociedade.
As Forças empregadas neste ambiente devem estar aptas a conduzir
operações no amplo espectro, marcadas pela realização simultânea de operações
ofensivas, defensivas, especiais, de assistência humanitária, de estabilização,
45
dentre outras, e de complementar suas ações com as atividades conduzidas por
outros agentes presentes neste contexto, tais como: organizações não
governamentais (ONG), organizações internacionais (OI) e agências supranacionais,
que normalmente atuam no denominado "espaço humanitário".
A imprevisibilidade dos conflitos, outra característica marcante deste novo
cenário, tem requerido tropas altamente motivadas e adestradas com mobilidade
tática e estratégica, relativa proteção blindada e com poder de fogo capaz de fazer
face a um amplo espectro de ameaças, porém de forma seletiva. Para isso, os
antigos paradigmas da Era Industrial devem ser repensados, a fim de que sejam
apresentadas novas soluções no contexto da Era do Conhecimento, onde as
estruturas devem ser baseadas em conceitos de flexibilidade, adaptabilidade,
modularidade, elasticidade e sustentabilidade.
No bojo desse pensamento, buscando-se uma solução integradora e que
possa agregar o maior número possível de capacidades, a fim de dar uma pronta
resposta ao cenário delineado, surge a Nova Família de Blindados sobre Rodas
(NFBSR) do Exército Brasileiro, concebida para dotar as organizações militares de
meios mecanizados, considerando todas as modificações introduzidas no moderno
combate e incorporando as novas tendências para o desenvolvimento de viaturas
blindadas de rodas.
Essa NFBSR será dotada de sistema de armas capaz de atender às
necessidades supracitadas, aumentando a eficácia no emprego do armamento
coletivo, reduzindo os efeitos colaterais, aumentando o grau de proteção do
combatente e das guarnições, e evitando a exposição ao risco de seu operador (ou
de sua guarnição), podendo operar de dia ou à noite em um amplo espectro de
missões (guerra e não guerra).
b. Operacional
A fim de que as unidades mecanizadas possam estar preparadas para serem
empregadas em Operações no Amplo Espectro, com as características acima
apresentadas, a NFBR do Exército Brasileiro deve ser dotada de um sistema de
armas com as seguintes capacidades: poder de fogo capaz de atingir distâncias
superiores a 2.000m (com alta letalidade, porém de forma seletiva, a fim de se
reduzir os efeitos colaterais); que possa se contrapor a tropas de mesma natureza; e
que permita ao atirador operar o armamento em segurança de dentro da viatura,
46
sem se expor, e com a possibilidade de realizar a observação diuturna do campo de
batalha, a longas distâncias (acima de 4.000m).
Desta forma, as viaturas pertencentes à NFBR deverão ser equipadas com
armamento que possibilite o engajamento antecipado do inimigo, sob condições
operacionais e de terreno adversas, bem como, ter condições de incorporar os
sistemas de armas e outros sistemas de tecnologia modernos, a serem adotados
pela Força. Além disso, devem ser aptas ao lançamento de granadas, possuir
relativa proteção blindada e meios de comando e controle que permitam o seu
emprego, com segurança, em qualquer lugar das amplas frentes que poderão ser
atribuídas às unidades mecanizadas.
Cabe ressaltar que a rede viária nacional é relativamente restrita,
caracterizando-se por poucas rodovias asfaltadas e pelo predomínio de estradas
vicinais que possuem muitos pontilhões de madeira e que, normalmente, suportam o
tráfego de viaturas entre 20 e 30 t, exigindo que estas viaturas apresentem boa
mobilidade através do campo, porém, com significativa velocidade em estradas
(alcançando a velocidade de 80km/h, quando isolada, e de 60km/h, quando em
comboio).
Além disso, na Área Operacional do Continente (AOC), em intervalos médios
de 30 km, existem cursos de água com características variadas, exigindo a
capacidade anfíbia ou de transposição de vaus por essas viaturas, assim como,
normalmente, o terreno apresenta a vegetação do tipo pastagens e plantações de
cereais, oferecendo poucas cobertas, o que exige baixa silhueta, pela restrita
possibilidade de ocultação.
2.4 O PROGRAMA DE INSTRUÇÃO MILITAR DO EXÉRCITO
O Programa de Instrução Militar (PIM/2014) do Exército estabeleceu em seu
capítulo X diversas diretrizes para a instrução das tropas blindadas, entre elas os
BIB, RCC, Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB), entretanto, não estabeleceu
diretrizes para a instrução das tropas mecanizadas, como os Regimentos e
Esquadrões de Cavalaria Mecanizados que estão a mais de 40 anos com a família
de blindados Cascavel e Urutu e estagnadas no que se refere à instrução e
capacitação técnica e tática do seu efetivo.
47
Como consta no PIM, o Exército Brasileiro adquiriu, recentemente, as
modernas Viaturas Blindadas de Combate Carro de Combate (VBC CC) Leopard
1A5 BR para mobiliar os Regimentos de Carros de Combate, em substituição às
VBC CC M60 e VBC CC Leopard 1 A1, que passaram a fazer parte dos Regimentos
de Cavalaria Blindados (RCB), e a VBC Antiaérea (AAe) Gepard 1A2 para mobiliar
as Baterias de Artilharia Antiaérea Autopropulsada (Bia AAAe AP).
Esses novos blindados (CC e AAe), além de agregarem capacidade
operacional às Bda, também demandam uma reestruturação da sistemática da
instrução militar, a fim de bem qualificar as tropas blindadas para uso desse MEM.
Portanto, é fundamental que seja dada a devida importância ao processo de
qualificação, em função da sua especificidade, continuidade e progressividade da
instrução e do adestramento.
A instrução das Forças-Tarefas Blindadas, segundo o PIM, continuará
funcionando em caráter experimental em 2014, com o objetivo de aprimorar a
formação dos militares, a fim de capacitá-los ao uso adequado dos novos MEM.
As Bia AAAe AP, dotadas com o Gepard 1A2, deverão estabelecer as bases
para a instrução com o objetivo de adequar a formação dos militares aos cargos
previstos na guarnição do carro, tendo em vista a carga tecnológica embarcada e a
necessidade de capacitação de cabos no mesmo nível dos sargentos (Cmt VBC
AAe).
O preparo das tropas blindadas tem por objetivo a constituição de Forças -
Tarefas Carros de Combate – Fuzileiro Blindado (FT CC - Fuz Bld) e a integração
com os demais sistemas operacionais. Portanto, deve-se buscar sempre a sinergia
entre todos os elementos blindados.
O Comando de Operações Terrestres (COTer) está estudando uma proposta
para equiparar o adestramento dos BIB ao adestramento dos RCC, visando manter
2 Subunidades (SU) de Efetivo Profissional (EP) prontas para constituição de FT.
Os Regimentos de Carro de Combate contam atualmente com as modernas
VBC Leopard 1 A5 BR. Essa plataforma de combate, além de tecnologias como o
canhão 105 mm estabilizado em 2 planos, possibilitando o tiro e movimento, possui
também a capacidade de operação noturna, em ambientes de pouca ou nenhuma
visibilidade, com o emprego de meios passivos de visão termal, um periscópio de
busca mais avançado, equipamento rádio de comunicação e computador de tiro com
recursos equivalentes aos mais modernos CC em utilização no mundo.
48
Todos estes implementos além de agregarem uma notável capacidade
operacional aos RCC, também demandam uma reestruturação da sistemática de
instrução militar, em todos os seus aspectos, dos quais se ressalta a necessidade de
tornar a capacitação da tropa para o emprego na VBC CC Leopard 1 A 5 BR a
prioridade Nr 1 dos RCC.
Ficou estabelecido no PIM que para cumprir essas missões institucionais e
ainda capacitar a tropa com qualidade, a instrução militar dos RCC deve ser
organizada de maneira a atender 5 vertentes principais da instrução:
1) Vertente: Capacitação e aprimoramento de padrões (CAP);
2) Vertente: Qualificação operacional plena;
3) Vertente: CTTEP;
4) Vertente: GLO; e
5) Vertente: Instruções do CFC e CFSd.
Para efetivar as 3 (três) primeiras vertentes, surge a Seção de Instrução de
Blindados (SIBld) como encarregada por planejar e conduzir cada módulo de
instrução em instalações próprias e utilizando ao máximo os meios de instrução e
simulação disponíveis.
Em síntese, a organização para a instrução no RCC está designada a um
Esquadrão que, por sua vez, é o responsável pela SIBld onde deve estar
concentrada a maioria dos militares possuidores do curso de Operação da VBC
Leopard 1 A 5 BR, tendo como atribuições:
1) Conduzir as instruções de qualificação operacional plena (QOP) do NB;
2) Conduzir as instruções de consolidação e aprimoramento de padrões
(CAP) dos militares já qualificados; e
3) Gerenciar os diversos meios de simulação da OM, relativos à VBC.
Outro esquadrão será responsável pelo planejamento e condução da
Instrução Individual Básica (IIB), outro pelo curso de formação de Sd de auxiliar do
atirador, outro pelas operações de Garantia da Lei e da Ordem e o Esqd de C Ap
ministrará a instrução para o EV das demais QM.
A SIBld, para planejar e conduzir as referidas instruções, utiliza o PPQ 02/2A
experimental, do Centro de Instrução de Blindados (CIBld) que prevê uma carga
horária de aproximadamente 180 horas de instrução para a formação de um
49
membro da guarnição da VBC. Ressaltando que as instruções serão ministradas em
19 tempos de instrução semanal em meia jornada diária.
O Comando Militar do Sul (CMS) realiza a certificação das Gu CC, elaborando
a documentação que deverá ser encaminhada ao COTer e aos interessados e
também padroniza as missões, as funções, a constituição e a subordinação das
SIBld.
O CMS propõe o Programa do Estágio dos Of e Sgt Egressos de Escolas ou
transferidos para os RCC e RCB, com os assuntos, a carga horária e o melhor
período para a realização.
As Bda Bld e Bda C Mec, através da cadeia de comando, encaminha ao
COTer, relatórios de instrução com a finalidade de servirem de base para a
confecção do capítulo sobre Instrução das Tropas Blindadas do PIM 2015.
Após um estudo criterioso, pode-se verificar que o PIM não estabeleceu
diretrizes para a instrução dos Regimentos de Cavalaria Mecanizados (RC Mec)
que, além de terem as viaturas mais antigas do Exército, não possuem um programa
padrão detalhado para a Capacitação Técnica e Tática do seu Efetivo Profissional
(CTTEP) o que dificulta enormemente a manutenção dos padrões de capacitação,
apresentando uma grande lacuna na instrução e impossibilitando que as tropas
mecanizadas se mantenham aptas ao cumprimento de suas missões características.
2.5 O REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO ( RC MEC) E A CAPACITAÇÃO
TÉCNICA E TÁTICA
2.5.1 O RC Mec e a Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional
(CTTEP)
O RC Mec é organizado, equipado e instruído para cumprir, principalmente,
missões de reconhecimento e segurança. Realiza, também, operações ofensivas e
defensivas no cumprimento de suas missões de reconhecimento e segurança ou
como elemento de economia de forças. Dentre as operações ofensivas, o RC Mec é
mais apto para realizar missões de aproveitamento do êxito e de perseguição, tendo
em vista as características do material de que é dotado. Possui, dentre seus meios,
as Viaturas Blindadas Cascavel e Urutu.
50
O RC Mec, para efeito de planejamento e emprego operacional, deve ser
considerado como uma unidade blindada leve e possui as seguintes características:
a. Mobilidade - Resultante da grande velocidade em estrada, da
possibilidade de deslocamento através campo, da capacidade de
transposição de obstáculos e do raio de ação de suas viaturas, parte
das quais são anfíbias;
b. Potência de fogo - Assegurada pelo seu armamento orgânico,
notadamente os canhões, os morteiros, as armas automáticas
(metralhadoras e lança-granadas) e os mísseis anticarro;
c. Proteção blindada - Proporcionada, em grau relativo, pela
blindagem de parte de suas viaturas, que resguardam as suas
guarnições contra os fogos de armas portáteis, fragmentos de
granadas de morteiros e de artilharia, e contra o efeito de armas
nucleares;
d. Ação de choque - Resultante do aproveitamento simultâneo de
suas características de mobilidade, potência de fogo e proteção
blindada;
e. Sistema de comunicações amplo e flexível - Proporcionado,
particularmente, pelos meios de comunicações de que é dotado, que
asseguram ligações rápidas e flexíveis com o Escalão Superior (Esc
Sup) e os elementos subordinados; e
f. Flexibilidade - Decorre da sua instrução peculiar, da sua estrutura
organizacional e das características de seu material que lhe permitem
uma composição de meios adequada a cada tipo de operação. É
resultante ainda de sua mobilidade, potência de fogo, proteção
blindada e sistema de comunicações, que lhe conferem a capacidade
de mudar rapidamente de frente e formação, como também um rápido
desengajamento em combate.(Brasil,2002 a.)
O RC Mec é uma unidade dotada de meios suficientes para períodos
limitados de combate. Quando reforçado com elementos de combate, Apoio ao
Combate (Ap Cmb) e Apoio Logístico (Ap Lg), sua atuação é mais duradoura.
Suas possibilidades são:
51
(1) realizar qualquer tipo de reconhecimento em largas frentes e grandes
profundidades;
(2) cumprir missões de segurança;
(3) realizar operações de contrarreconhecimento;
(4) realizar operações ofensivas e defensivas;
(5) realizar ligações de combate;
(6) ser empregado na Segurança da Área de Retaguarda - SEGAR;
(7) realizar operações de junção;
(8) realizar incursões;
(9) realizar a transposição imediata de cursos de água com as viaturas
anfíbias;
(10) executar ações contra forças irregulares; e
(11) cumprir missões num quadro de Garantia da Lei e da Ordem.
As principais limitações do RC Mec são:
a. vulnerabilidade aos ataques aéreos;
b. sensibilidade ao largo emprego de minas AC e aos obstáculos naturais;
c. mobilidade limitada fora de estrada, principalmente em terrenos
montanhosos, arenosos, edregosos, cobertos e pantanosos;
d. reduzida capacidade de transposição de cursos de água, pois parte de
suas viaturas não são anfíbias;
e. sensibilidade às condições meteorológicas adversas, que reduzem a sua
mobilidade;
f. necessidade de volumoso apoio logístico, particularmente dos suprimentos
de classe III, V e IX;
g. dificuldade em manter, por longo prazo, o terreno conquistado, em razão
do limitado efetivo de fuzileiros (Fuz); e
h. redução da potência de fogo quando desembarcado, em razão de parte
de seu armamento ser fixo às viaturas. (BRASIL, 2002a).
2.5.2 O combate moderno e o RC Mec
No final do século XX surgiu nos campos de batalha um novo tipo de
combate, em função do grande desenvolvimento tecnológico aplicado à arte da
52
guerra. Esse novo combate, que se convencionou chamar de “combate moderno“, é
caracterizado pelo(a):
(1) combate ofensivo, com grande ímpeto e valorização da manobra;
(2) ação simultânea em toda a profundidade do campo de batalha e combate
não linear;
(3) busca do isolamento do campo de batalha com ênfase na destruição do
inimigo;
(4) priorização das manobras de flanco;
(5) máximo poder relativo de combate no momento e local decisivo;
(6) combate continuado com a máxima utilização das operações noturnas e
de ataque de oportunidade;
(7) valorização da infiltração como forma de manobra;
(8) busca da iniciativa, da rapidez, da flexibilidade, agressividade e da
sincronização das operações;
(9) valorização dos princípios do objetivo, ofensiva, manobra, massa,
surpresa e unidade de comando;
(10) mínimo de perdas para as nossas forças e para a população civil
envolvida;
(11) decisão da campanha no mais curto prazo; e
(12) ênfase no contrarreconhecimento e operações de inteligência de
combate.
As seguintes características do combate moderno deverão ter influência
significativa no emprego operacional dos RC Mec:
(1) não linearidade do combate e a ação simultânea em toda a profundidade
do campo de batalha: essas características criarão, com maior frequência,
defesa em todas as direções, situações nas quais o RC Mec poderá ter de
atuar isoladamente;
(2) ênfase ao combate continuado: essa característica exigirá um maior
adestramento do RC Mec no combate noturno; e
(3) grande importância atribuída às ações de contrarreconhecimento nas
operações de segurança: exigirá a adoção de uma série de medidas e ações
destinadas a destruir ou neutralizar os elementos de reconhecimento do
inimigo por meio de ações ofensivas ou defensivas.
53
2.5.3 A Constituição do RC Mec
Os RC Mec de Bda C Mec e de Divisão de Exército (DE) possuem a seguinte
estrutura organizacional básica (Figura 1):
.
FIGURA 1 - Estrutura organizacional básica do RC Mec.
Fonte: BRASIL (2002, p. 1-5).
2.5.4 O Programa de Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional
(CTTEP)
No final da década de 80, foi criada a FT 90, um programa de modernização
do Exército, que tinha como um de seus objetivos a reformulação de seus quadros,
tornando-os em quadros profissionais.
Ao final da década de 90, foi criado, um programa que visava à Capacitação
Técnica e Tática do Efetivo Profissional (CTTEP), separando a instrução do efetivo
variável (EV) do Efetivo Profissional (EP). Antes da criação deste programa, havia
uma lacuna no programa de instrução anual, pois o EV tinha instrução no início do
ano, porém os militares do antigo Núcleo Base (NB) ficavam sem previsão de
instrução no período de Instrução Individual Básica (IIB), somente retomando
54
alguma atividade de instrução, no Período de Adestramento Básico (PAB), ou seja,
não havia uma profissionalização dos quadros das Organizações Militares (OM).
Com a criação da CTTEP foram incluídos no Programa Padrão (PP) objetivos,
de modo que, ao mesmo tempo, deveria acontecer a instrução para o Efetivo
Variável e para o Efetivo Profissional, sendo que a instrução do Efetivo Profissional
deveria visar a sua profissionalização, com instruções mais elaboradas e voltadas
para a proposta de emprego do Exército.
Segundo o Comando de Operações Terrestres (COTer), a CTTEP é um
programa de instrução, a cargo da OM e sob a direção de seu comandante, que tem
por objetivo o desempenho eficaz dos diferentes agrupamentos quanto ao emprego
de seu material orgânico (com a execução adequada de suas atividades técnicas) e
os seus procedimentos em combate (com efeito tático) e, ainda, o desempenho
individual de manutenção dos padrões.
A CTTEP tem os seguintes objetivos:
a) Aperfeiçoar e manter elevados os padrões individuais dos efetivos
profissionais;
b) Manter a instrução do efetivo profissional da OM durante todo o ano de
instrução;
c) Sanar deficiências na instrução individual e no adestramento do efetivo
profissional em qualquer época do ano de instrução;
d) Participar do desenvolvimento e consolidação do valor profissional dos
comandantes em todos os níveis; e
e) Manter a tropa em condições de ser empregada em qualquer época do
ano.
A capacitação técnica e tática do Efetivo Profissional, regulada pelo COTer
em documentos específicos, estende-se ao longo de todo o ano de instrução e deve
ser adequada às variações da proporção entre os Efetivos Profissional e Variável
das OM.
O programa desenvolvido é, em última análise, um instrumento nas mãos dos
comandantes de OM de diferentes escalões para manter os efetivos profissionais
em permanente adestramento.
Cabe aos comandantes de OM planejar, organizar, coordenar e fazer
executar o programa de instrução julgado necessário. Logicamente, esse
55
planejamento deve ser feito com muito critério e com bastante flexibilidade, visando
atingir os seus objetivos, de acordo com o ambiente conjuntural em que estiver
envolvida a OM.
Cumpre enfatizar que o comando da OM poderá se valer desse programa de
instrução para antecipar a preparação de seu efetivo profissional para o
cumprimento das missões de GLO. Os atributos da área afetiva também serão
abordados, a todo instante, na preparação do combatente.
As instruções do período poderão se desenvolver individual ou coletivamente,
seja por subsistemas ou dentro dos próprios agrupamentos.
O profissional militar deve ser um perfeito executante de tarefas, em termos
pessoais e coletivos. Os objetivos da instrução individual devem, assim, definir
habilidades e destrezas dos homens para a execução de tarefas.
Dessa forma, com a chegada da NFBSR um Programa Padrão de instrução
deve ser editado de maneira que a capacitação da Guarnição do Guarani comece de
imediato, tendo em vista que algumas unidades já começaram a receber as
Viaturas.
2.5.5 A Instrução Técnica de Blindados (Urutu e Cascavel) no CTTEP
Com a mecanização das tropas de Cavalaria, terminada no final da
década de 80, surgiu a necessidade de um maior conhecimento por parte da
guarnição. Devido a isto, foram incluídos nos PP da qualificação(2001) e de
formação de motoristas, a parte técnica das viaturas blindadas.
Para uma melhor aprendizagem e entendimento dos instruendos, os objetivos
foram divididos em partes. Tanto o URUTU, quanto o CASCAVEL foram separados,
para fins didáticos, em quatro partes a saber:
a. Suspensão e trens de rolamento;
b. Compartimento do motor;
c. Compartimento do motorista; e
d. Compartimento de combate.
Esta divisão faz com que a guarnição compreenda melhor o material sob sua
responsabilidade.
56
Nos RC Mec, esta instrução somente é ministrada no período de qualificação
e nos cursos de motoristas de blindados para os soldados (Sd) do Efetivo Variável
(EV), porém para os cabos e soldados do Efetivo Profissional (EP) não está previsto
nenhum objetivo de instrução para o CTTEP. Esta falta leva ao esquecimento e
torna difícil a profissionalização do EP, objetivo este, previsto no plano de
modernização da força terrestre, conhecido como “FT – 90”. O militar do Efetivo
Profissional (EP) somente voltará a ter contato com o material, em alguns casos,
próximo ao final do ano no período de adestramento.
Tendo em vista o acima exposto, vimos que, apesar da determinação da
inclusão de um programa de capacitação técnica e tática do Efetivo Profissional,
verificamos que não existe um programa padrão de instrução previsto, como existe
na instrução individual básica e na qualificação, fato este que dificulta o
planejamento, a execução e a padronização no Exército Brasileiro, de modo que, em
qualquer Organização Militar, esteja sendo ministrada a mesma instrução.
Para suprir essa lacuna de documentação que norteia o trabalho a ser
desenvolvido na CTTEP, o CIBld adotou um PP experimental que vem sendo
seguido pelos RCC para a capacitação da sua guarnição de Blindados, sendo
desenvolvido na SIBld dos Regimentos de Carros De Combate.
2.5.6 A sistemática de capacitação dos Regimentos de Carros de Combate
A sistemática de capacitação das guarnições de carros de combate segue em
cada um dos cinco Regimentos de Carro de Combate espalhados pelo Brasil um
planejamento próprio, entretanto, baseiam-se nos mesmos documentos de
referência, tendo como base principal o PP Experimental do Centro de Instrução de
Blindados (CIBld).
Dessa forma, a sistemática a seguir é baseada na diretriz de blindados da
SIBld do 1º RCC em Santa Maria, sendo uma das CTTEP mais completas em
realização.
A concepção da SIBld se baseia em 2 (duas) finalidades principais, formar a
guarnição do Carro de Combate e dar prosseguimento a CTTEP dessa guarnição.
As instruções são separadas durante o ano, de acordo com a necessidade do
Regimento, completamento de atiradores, motoristas, Cmt carro e para cumprir a
missão imposta pelo PIM que prevê no mínimo 2 (duas) SU adestradas.
57
Para a formação da guarnição é utilizado o PP experimental do CIBld e para a
CTTEP não existe um Programa Padrão (PP), dessa forma, se utiliza a certificação
individual, de guarnição e de Pelotão determinada pelo CMS, que padroniza os
conhecimentos necessários para se ter uma tropa adestrada.
A SIBld funciona com duas atividades ocorrendo concomitantemente, que são
a formação e a CTTEP, realizada por uma equipe de instrução de 6 militares, em
média e possuidores de cursos de operador de leopardo 1 A 5 BR.
A Constituição da SIBld não está prevista em nenhum documento oficial e o
próprio PIM 2014 solicita das unidades sugestões neste sentido. Dessa forma, para
que a missão imposta pelo PIM seja cumprida, militares das próprias SU do
regimento desempenham além de suas funções no Quadro de Cargos Previstos
(QCP), as funções de instrutor da SIBld, o que não se constitui na situação ideal.
A SIBld é estruturada com:
1) uma sala de simuladores: que conta com um simulador de motorista ,
um conjunto de table top (simulador sintético portátil) que nada mais é
que um simulador de guarnição de Leopard composta por 4
computadores (instrutor , atirador, cmt e motorista) , adestra uma
guarnição de CC, treina todos os procedimentos de engajamento de
tiro e procedimento do carro e o programa Steal Beasts , que simula
um Pelotão CC constituído ou até mesmo uma Subunidade CC;
2) uma sala de instrução: com capacidade de uma subunidade para
ministrar instrucões eminentemente teóricas e realizar briefings, uma
sala de instrução prática com um Carro de Combate com seu motor
sacado para a guarnição entender o funcionamento e ter instruções
teóricas/práticas do motor e seus sistemas anexos;
3) uma sala da torre de procedimentos: onde a guarnição do Carro de
Combate, sem motorista, opera uma torre que simula todas as
características do carro em funcionamento, onde o instrutor pode
inserir 36 panes no computador de panes, permite fazer engajamento
de alvos com laser simulado, lançar alvos à frente e verifica os
procedimentos da guarnição do CC; e
4) uma sala de caixão de areia: onde o pelotão emite uma ordem e
possibilita verificar a parte tática do adestramento, indo logo após para
a realização no terreno do que foi planejado, podendo ser empregado o
58
BT 41 (EMISSOR/RECEPTOR), que é um DSET (Dispositivo de
Simulação e engajamento Tático), que permite verificar em simulação
viva no terreno se a guarnição acertou seu alvo.
Em aproximadamente 1 mês de instruções na SIBld, e tendo um
aproveitamento superior a 85% nas provas teóricas e práticas, uma Guarnição de
Carros de Combate está adestrada.
2.5.7 A sistemática de capacitação das Guarnições Blindadas no Chile -
CECOMBAC
O Centro de Treinamento de Combate Blindado Chileno (Centro de
Entrenamiento de Combate Acorazado del Ejército del Chile –CECOMBAC) está
situado na cidade de Iquique, região norte, e tem como principais atribuições:
capacitar oficiais e praças das armas de infantaria, engenharia, artilharia na
operação de seus meios blindados. Também é responsável pela capacitação de
militares da arma de cavalaria blindada na operação de VBC CC Leopard 1A5 e
VBC CC Leopard 2A4, certificar as guarnições de carro de combate das unidades
blindadas e ministrar o curso de Instrutor Avançado de Tiro (IAT).
Atualmente, o comandante acumula também o comando da Escola de
Cavalaria Blindada, que encontra-se no mesmo aquartelamento.
Nos anos 90, o Exército Chileno adquiriu a VBC CC Leopard 1V (Verbeterd) do
Exército Holandês. Por motivos de falta de um bom planejamento com uma boa
preparação de estrutura, instrução e de manutenção, a frota apresentou altos
índices de indisponibilidade.
Por motivos de serem militares de carreira e para homogeneização, os cursos
de formação de comandante, atirador e motorista, somente são realizados no
referido Centro e têm, em média, a duração de 02 (dois) meses. O curso de
formação de auxiliar do atirador é de responsabilidade da Organização Militar a qual
pertence, com duração de 01 (um) mês. O militar que não tiver uma média de
aprovação de 60% não é habilitado e nem é autorizado a operar o carro de combate.
O Centro também tem responsabilidade de avaliação e certificação das
unidades blindadas. Para isso pode realizar visitas ou até mesmo ter um
deslocamento da tropa até ao Centro.
59
Os membros da guarnição de um carro de combate são mantidos o tempo
máximo possível para não perder a capacidade tática de combate e também para
não perder a certificação de competência individual e coletiva da mesma. Caso
ocorra alguma mudança de pessoal, tem que obter novamente a certificação de
competência individual e coletiva, passando pelos simuladores construtivos, virtuais
e vivo, para depois estarem aptos para realizar o tiro de combate.
O alto custo do material, segurança do conhecimento militar e o grau de
comprometimento são as justificativas para profissionalização da tropa.
O que traz uma grande capacidade de operacionalidade da tropa blindada
chilena é que o militar que realiza o curso ministrado pelo Centro, tanto como
motorista, atirador ou comandante de carro permanece por, no mínimo, três anos na
função para a qual foi habilitado, e o militar que realiza curso de Instrutor Avançado
de Tiro tem o período mínimo de permanência de cinco anos.
As fases de instrução militar do Exército Chileno estão divididas em: fase de
especialização técnica e fase de treinamento de combate.
A fase de especialização técnica é dividida em formação do combatente
individual e formação do combatente por ocupação militar especializada.
A fase de treinamento de combate é dividida em capacitação e especialização
de comandantes, treinamento de armas, serviços e especialidades, treinamento
entre armas e exercícios finais e manobras.
A flexibilidade para o planejamento do ano de instrução de uma Unidade
Blindada cabe ao seu Comandante, baseada em que fase terminou no ano anterior
e se houve mudanças significativas de pessoal, caso contrário não há a necessidade
do ano instrução voltar ao inicio e sim prosseguir o planejamento da fase ao qual
terminou o ano anterior, buscando a melhor utilização do tempo e um desempenho
satisfatório da Unidade.
A certificação de competências individuais e coletivas é o método de avaliação
para que a tropa blindada, em nível pelotão ou esquadrão, esteja apta para a
realização do tiro de combate.
Para este tiro de combate é respeitado à integridade tática de cada pelotão,
sendo está a fração mínima a realizar o tiro, para que o comandante de pelotão
possa exercer a função de comando perante a avaliação do tiro de combate.
Esse registro do controle de competências técnicas individuais é efetuado na
“caderneta del tanquista”, onde consta o tipo de instrução e o resultado da avaliação.
60
Serve para que o Instrutor Avançado de Tiro possa verificar as habilidades positivas
ou deficitárias individuais de cada membro da guarnição e, sendo assim, realizar o
direcionamento da instrução a ser priorizada e o acompanhamento da evolução
individual e coletiva.
É obrigatório para um militar membro de uma guarnição de carro de combate
que realize o tiro de combate pelo menos uma vez ao ano, caso contrário esse
militar deverá realizar uma reciclagem e avaliação de instrução começando pelos
simuladores construtivos (simulador de torre), virtual (cabines de simulação) e vivo
(DSET BT-41), para depois estar apto para realizar o tiro de combate.
Todos os cursos ministrados pelo Centro são divididos em módulos de
instrução. Para que um militar prossiga no curso deve ser aprovado no módulo atual,
caso reprove é dado apenas mais uma chance de repetição da prova do módulo e
caso volte a reprovar é desligado do curso. Esse método de avaliação é positivo,
pois exige do aluno uma constante preocupação em estudar e manter uma média de
aprovação constante e não somente uma média final de curso.
Este sistema é para que o militar possa ter em mente o alto custo que é para o
Exército a realização de um curso e, também para chegar ao tiro de combate, saber
valorizar cada tiro de 120 (cento e vinte) milímetros a ser disparado.
Compete à unidade blindada manter seu pessoal adestrado e preparado para
o cumprimento de suas tarefas essencialmente específicas. Para tal, conta com uma
cabine de simulação KMW, uma torre de simulação de procedimentos de guarnição,
DSET BT-41 e um polígono de tiro.
O Centro possui o SENTEO, é um sistema de respostas interativas, uma
ferramenta que permite operacionalizar a avaliação e correção de grandes efetivos
em um curto espaço de tempo. É um aparelho codificado com o número do aluno e
pré-programado, pelo instrutor, com as questões que serão posteriormente
apresentadas via PowerPoint aos alunos, entregando para o instrutor o resultado da
avaliação imediata e conclusão do desempenho coletivo por questão.
Dentre seus meios de Simulação, o CECOMBAC possui as Cabines de
Simulação KMW que permitem a simulação real pelo operador, através de cenários
criados, e também o Simulador de Procedimentos de Torre que permite a
operação simulada da torre por toda a guarnição, inclusive com a inserção de falhas
para reação da guarnição, polígono reduzido para treinamento do trabalho da
guarnição e alvo de motricidade (para atirador e guarnição).
61
O CECOMBAC também possui o DSET BT-41 que é o dispositivo de
engajamento tático utilizado na simulação Viva para o engajamento entre os Carros
de Combate, sendo atribuição da guarnição a montagem e configuração do mesmo.
FIGURAS 2 e 3 - Simulador de procedimentos de torre – Leopard 1V.
Fonte: CECOMBAC/Chile.
FIGURA 4 - Simulador de procedimentos de Motorista.
Fonte: CECOMBAC/Chile.
O Exército Brasileiro está investindo grandes recursos na modernização de
nossa frota blindada e a busca constante de novos conhecimentos para aplicação na
capacitação das guarnições blindadas, bem como a interação com outros Exércitos.
É uma excelente oportunidade para essa aquisição de conhecimento, sendo
também o Exército Chileno referência sulamericana em emprego de blindados e por
possuir um material de emprego militar mais moderno, sendo este da mesma família
da VBCCC Leopard 1A5. É interessante o estudo da Sistemática de capacitação das
guarnições blindadas na América do Sul.
62
2.5.8 A sistemática de capacitação das Guarnições Blindadas nos Estados
Unidos da América - Brigada Stryker
As Brigadas do Exército dos Estados Unidos da América são estruturadas
basicamente em 03 (três): Pesada; Infantaria; e Stryker, sendo respectivamente a
Bda Bld; Bda de Infantaria Leve e Bda Stryker. Essas estruturas estão contempladas
com um Rgt de Reconhecimento. Esses regimentos não são estruturados e
equipados com a intenção de serem usados como unidades de combate direto,
embora possuam armamento suficiente para esse fim. O Exército Americano chegou
à conclusão que não se pode dar duas missões distintas a essas unidades ou
reconhecem ou combatem. A unidade que combate deixa de reconhecer.
A Brigada Blindada é ternária. A Bda “Armor” possui 2 (duas) unidades de
CC 1 (uma) unidade de infantaria blindada. A Bda “Mech” possui 2 (duas) unidades
blindadas de infantaria e 1 (uma) unidade de “Armor”.
Para atender a capacitação dessas guarnições blindadas o Exército Americano
tem diversos centros de Blindados, dependendo da natureza da tropa. Hoje em dia,
a sua Brigada “Armor” (sob lagarta) possui o centro de Blindados (Armor Center) e
está localizado em Fort Knox – Geórgia, onde a maioria dos seus meios é da Família
do Abrams.
Outra brigada dos EUA é a Bda Stryker, que foi concebida para o combate de
baixa intensidade, as operações de não guerra. É uma grande unidade com veículos
de blindagem média sobre rodas. Apesar de não intitular-se de infantaria, é uma
evolução natural das brigadas de infantaria leve, agora sobre rodas. Em Fort Hood,
Texas, existe o Close Combat Tatctical Center (CCTT) - Centro de Treinamento de
Combate Aproximado- que realiza o treinamento virtual, tanto para tropas dotadas
de um tipo de blindado ou outro.
Para a criação desta Bda havia condicionantes tecnológicos e explícitos
relacionados à necessidade de rapidez de emprego. Entretanto, a dimensão que foi
alcançada ao inserir a Equipe de Combate Brigada Stryker (Stryker Brigade Combat
Team – SBCT) no combate centrado em redes, buscando atender às funções
tecnológicas de combate – sensoriamento, processamento e atuação. É um ponto
sem retorno em matéria de doutrina de emprego.
A estrutura organizacional da Stryker Brigade Combat Team (SBCT) é
inovadora. Ela tem incorporado um Esquadrão de reconhecimento, vigilância e
63
aquisição de alvos, uma companhia de inteligência militar orgânica e outros recursos
para gerar sua própria consciência situacional e rapidamente fundir dados do sensor
e relatórios para gerar consciência situacional de alta qualidade do inimigo.
O pacote de capacidades de missões da Brigada Stryker foi projetado para
fornecer uma combinação sinérgica de efeitos para aumentar as capacidades de
combate da unidade. A estrutura organizacional, comando de batalha, recursos de
rede e conceitos operacionais evoluídos da Brigada Stryker melhoram a qualidade
da informação, que por sua vez, melhoram a colaboração e as interações, melhoram
a consciência compartilhada e entendimento, fornece ao comandante melhores
opções de decisão, permite melhor controle da velocidade do comando, e juntos,
fazem a força mais ágil e mais capaz de explorar outros recursos para aumentar a
eficácia em combate.
Resumindo, a SBCT alcança efetividade da força por explorar as habilidades
dos seus soldados qualificados e líderes capazes. Em adição às dimensões
humanas, a maior mobilidade tática proporcionada pelo veículo de transporte de
infantaria e a fidelidade do quadro operacional comum fornecida pelos avanços
tecnológicos no comando, controle, comunicações, computadores, inteligência,
vigilância e reconhecimento, permitem ao comandante do SBCT ver as forças
amigas, ver o inimigo, ver o terreno, conduzir tomada de decisão rápida e efetiva e
trazer efeitos e/ou forças para suportar momentos decisivos identificados.
Para capacitar as guarnições a operarem estes modernos meios é que o
Exército Americano dispõe de diversos centros de simulação dentre os quais
podemos citar:
a) Centro de Simulação para Motoristas de Tank:
Esta instalação proporciona treinamento individual aos motoristas de
carros de combate M1 Abrams. Neste local existem simuladores que oferecem uma
situação real de pilotagem do blindado nos mais variados ambientes, através de
uma simulação virtual do terreno e incidentes. O motorista ocupa uma cabine no
simulador idêntica ao blindado, a qual é articulada por mecanismos eletromecânicos
que proporcionam ao motorista os mais diversos tipos de movimentos e sensações
que poderá encontrar na condução do blindado.
Esta instalação proporciona treinamento individual para os motoristas de
CC Abrams. A cabine tem capacidade de simular todas as imperfeições do terreno
64
virtual pelo qual o motorista transita, sendo composta por uma série de
amortecedores hidráulicos que cumprem essa tarefa.
Dentro da cabine, o motorista está em permanente contato com rádio e a
sala de controle, a qual determina o tipo de ambiente que o blindado irá transitar,
bem como avalia todas as ações que são tomadas pelo motorista durante o trajeto.
Existe ainda a possibilidade de gravar todo o treinamento para posterior debriefing.
A cabine é de fabricação da General Dynamics.
b) Centro de Simulação de Combate de Tiro Individual e Coletivo
Esta instalação proporciona treinamento individual e coletivo de tiro para o
grupo de combate. Todas as armas que integram o grupo de combate ou o pelotão
podem ser operadas da linha de tiro e os atiradores têm a possibilidade de engajar
os alvos em um ambiente virtual. Os alvos podem variar de simples silhuetas até
situações esperadas de serem vivificadas em situações do conflito urbano.
Cabe ressaltar que o programa que controla esse ambiente virtual de
treinamento permite um completo review de todas as ações realizadas. As armas na
linha de tiro simulam, inclusive, a ação de carregar e o recuo, este na proporção de
80% da força de uma arma em tiro real.
O programa simula situações diversas em ambientes virtuais por meio de
gráficos tridimensionais ou filmes reais perfeitamente interativos.
c) Centro de Combate e Treinamento Tático (CCTT):
Instalação capaz de proporcionar o treinamento para tripulações de CC.
Proporciona treinamento até o nível FT, integrando todas as tripulações em
exercícios simulados em ambiente virtual, nos quais os operadores realizam as
tarefas dentro de suas guarnições como se estivessem integrando grupamentos
táticos de combate. Os cenários são eletivos e podem variar de ambiente
operacional, incluindo situações de campanha e de combate urbano. Também
nestes simuladores se realizam a integração do sistema manobra com os demais
sistemas operacionais. Qualquer cenário pode ser reproduzido pelo programa,
apesar desse desenvolvimento necessitar de um tempo considerável.
Este Centro possui 22 (vinte e duas) cabines para treinamento de Cmt e At do
Abrams, 7 (sete) cabines para o motorista do Bradley e 1 (uma) cabine para o
Humvee.
d) SIMNET – Simulador Network:
65
Neste local realizam-se simulações avaliadas pelo “Observer Controller
Team”, algo semelhante ao CAADEx só que em ambiente virtual, onde é possível
treinar diversas situações táticas como: treinamento de frações mecanizadas em um
ambiente virtual de engajamento; operações virtuais de escolta de comboio; tiro com
os diversos armamentos em área edificada inclusive blindados; operações
desembarcadas de combate em localidade, PBCE, patrulhas, estouro de aparelho
etc. Possui sob sua responsabilidade uma área edificada de modo a permitir a
avaliação do desempenho e o treinamento de operações em ambiente urbano ao
vivo, utilizando-se de Dispositivos de Simulação e Engajamento Tático (DSET).
Esse Centro é mobiliado por equipamento comercial comum, como por
exemplo: joystick do tipo volante com acelerador e freio, óculos de visão 3D para o
atirador da Mtr .50 e computadores interligados em rede, funcionando sob um
programa desenvolvido por uma empresa civil a pedido do Exército Americano. Há
também réplicas em plástico da Mtr .50 montada sobre um pedestal e interligadas ao
programa. Qualquer movimento na Mtr implicará em movimento na mira visualizada
na tela do computador.
Simulador vocacionado ao treinamento de motoristas e auxiliares do atirador.
A instrução para os motoristas e auxiliares de atirador é a mesma. O militar é
formado para exercer a função de motorista ou de auxiliar de atirador, favorecendo a
possibilidade de rodízio dentro da guarnição e ampliando a possibilidade de
realização de operações com esforço continuado.
FIGURA 5 - Simulador de mot da Vtr Stryker FIGURA 6 - CCTT – Simulador M1A1 Abrams.
Fonte: Fort Knox (Armor Center) Fonte: Fort Knox (Armor Center)
66
2.6 A DIRETRIZ DE BLINDADOS DO COMANDO MILITAR DO SUL (CMS)
a) Concepção Geral:
O Comando Militar do Sul é, em função dos G Cmdo e das OM que o
integram, um Grande Comando Operacional “Blindado” e as suas viaturas blindadas
têm decisiva importância para a implementação da estratégia da Dissuasão e para o
cumprimento das demais missões operacionais deste C Mil A.
A Dissuasão, entretanto, será obtida somente no momento em que a tropa
blindada e a mecanizada forem capazes de manutenir adequadamente suas viaturas
blindadas e de mantê-las em elevados percentuais de disponibilidade; quando as
guarnições de blindados estiverem adestradas e possuírem o conhecimento e as
habilidades necessárias para operar seus blindados em combate; e quando nossas
OM e GU estiverem aptas a executarem com rapidez, eficiência e eficácia o
planejamento operacional, a concentração de meios e o apoio logístico necessário
às operações de blindados.
A chegada de viaturas blindadas mais modernas, a adoção de técnicas de
instrução e adestramento com ampla utilização de simuladores e de um polígono de
tiro para blindados, a implantação de uma nova sistemática de gerenciamento
logístico da frota blindada e a disseminação de uma nova cultura de emprego de
blindados fez com que o CMS, a partir de 2012, passasse a dar especial atenção à
suas tropas blindadas e mecanizadas, exigindo das mesmas elevados padrões de
operacionalidade e elevados índices de disponibilidade das suas viaturas blindadas,
mantendo parcela considerável em permanente condição de combate, a fim de
atingir a desejada Dissuasão.
Para que estes objetivos possam ser atingidos e mantidos, continuarão a ser
exigidos de todos os escalões de comando do CMS, um planejamento detalhado e
efetivo das atividades de instrução, adestramento, logística e administração. Durante
todo o processo, haverá necessidade de uma fiscalização contínua e persistente dos
comandantes, em todos os níveis, a fim de assegurar que todas as metas
estabelecidas para as tropas blindadas e mecanizadas sejam atingidas na íntegra.
Essa transformação iniciada em 2012 exige de todo o CMS um grande
esforço para a consolidação dos novos procedimentos e conceitos logísticos e da
nova cultura de emprego das viaturas blindadas.
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b) Emprego de Viaturas Blindadas no CMS:
Em função da sofisticação técnica das Viaturas Blindadas da Família Leopard
1, do custo de sua manutenção, da necessidade de se manter um elevado
percentual da frota em permanente estado de prontidão operacional, da exigência de
guarnições altamente adestradas para operá-las e da necessidade de preservá-las
para os fins a que se destinam, foi adotada pelo CMS, em 2012, uma nova postura
em relação ao emprego de viaturas blindadas.
Esta nova postura foi estendida para toda a frota de blindados do CMS a fim
de se criar neste C Mil A uma “cultura” única relativa ao emprego de blindados. Para
a consolidação dessa “cultura” no CMS, os comandantes em todos os níveis e a
tropa blindada como um todo DEVEM CONTINUAR a adotar as medidas restritivas
ao emprego de todas as VB, implantadas em 2012.
Esta Diretriz mantém a determinação em vigor: “todas as viaturas blindadas
do CMS serão empregadas exclusivamente em atividades operacionais, de
instrução, de manutenção e de adestramento da tropa. As restrições de emprego
nessas atividades ocorrerão apenas em função da disponibilidade de combustível,
munição, recursos para a manutenção, para as viaturas Leopard 1 restrições do
Regime de Utilização Máximo (RUM) e do Sistema Logístico Integrado (SLI). O
emprego nas demais situações somente ocorrerá mediante ordem dos Cmt G Cmdo
enquadrantes.
Os comandantes dos G Cmdo e das OM dotadas de blindados estão, desde
já, autorizados a empregá-los nas atividades de instrução e adestramento, bem
como na manutenção das mesmas. O emprego de viaturas blindadas em formaturas
deverá ocorrerá em situações que exijam reunião de tropa antecedendo o emprego
operacional, aprestamento para a execução de exercício operacional, situação de
ordem de marcha e nas instruções das guarnições previstas em programas padrão
de instrução ou outras ordens expedidas pelo CMS.
Em princípio, fica vedado o emprego de viaturas blindadas em quaisquer
outras atividades, como em formaturas diversas, formaturas de passagens de
comando, desfiles militares, formaturas por ocasião de visitas e inspeções, etc. Está
autorizado o uso de VBR e VBTP em Escoltas de Honra e das VBC OAP nas Salvas
de Gala previstas na legislação em vigor (VBC e VBE não poderão ser empregadas
nessas atividades).”
c. Disponibilidade de Vtr para emprego operacional:
68
A adoção do “conceito de viatura blindada disponível para emprego
operacional” no CMS, a partir de 2013, tem por finalidade permitir a realização de
planejamentos operacionais em bases reais, considerando a situação de emprego
imediato de suas VB.
Todas as VB, para fins de planejamento do CMS, serão classificadas em:
a) VB disponíveis para emprego operacional; e
b) VB disponível para emprego na instrução.
Serão consideradas disponíveis para Planejamento Operacional:
a) as VB que estiverem com todos os seus conjuntos, sistemas, armamento e
equipamentos do chassi e da torre completos e em perfeitas condições de
funcionamento. Seu Eqp Com deve ser Eqp de modelo moderno e estar com
o intercomunicador (Intercom) e todos os seus componentes funcionando;
b) as VBE que estiverem com os seus equipamentos especializados em
condições de emprego operacional (guincho, munck, ponte, ferramentas
especiais etc);
c) as VBTP que estiverem em condições de navegar;
d) todas as VB que possuam guarnição completa, adestrada e certificada em
BI da OM (segundo modelo adotado pelo CMS). O conceito deve ser
entendido como a Gu completa certificada (equipe) e não as funções
individuais da Gu certificadas (isoladamente).
Portanto, as VB para estarem enquadradas neste conceito deverão: “andar”,
“falar”, “atirar” (CC, VBR, OAP, VBTP), “operar seus equipamentos especializados”,
“navegar” (VBTP) e “possuir Gu certificada”.
A classificação das VB neste conceito deverá ser dinâmica, considerando as
alterações que ocorreram em função da movimentação dos militares, da situação
logística e da fase do ano de instrução considerada. Em função dessa peculiaridade,
será fundamental que as OM Bld e Mec e seus G Cmdo mantenham as relações
com a classificação de suas VB atualizadas, a fim de permitir que sejam prestadas
as informações necessárias ao planejamento operacional em qualquer época do
ano.
Os G Cmdo devem auditar os dados referentes à disponibilidade de VB
Constantes no SISCOFIS WEB, tendo em vista que o CMS utilizará as informações
existentes nesse sistema corporativo para embasar seus planejamentos.
69
Os Cmt OM Bld e Mec deverão empenhar-se na disseminação desses
conceitos e na cultura da “tolerância zero” para a classificação de suas VB, fazendo
constar essa informação no SISCOFIS OM.
Somente com base em informações precisas poderemos realizar
planejamentos operacionais calcados em bases reais.
As demais VB que não se enquadrarem em todos os quesitos que compõem
este conceito de VB disponível para emprego operacional deverão ser consideradas
“VB disponíveis para a instrução”, se:
a) estiverem em condições de se deslocar, com restrições, em função do
desgaste de seus trens de rolamento e o seu tempo de uso as tornar “não
confiáveis” para grandes deslocamentos ou emprego operacional;
b) seu Armt Pcp (VBC CC e OAP, VBR) estiver indisponível ou atirar com
restrições (luneta inexistente, folgas, etc.), ou não possuir armamento (VBTP);
c) não possuir Eqp Com moderno ou seu Eqp Com estiver indisponível;
d) não tiver condições de navegar (VBTP);
e) todos os integrantes da guarnição da VB não estiverem certificados:
As VB enquadradas como “Disponível para a Instrução” deverão ser
consideradas como MAI (meio auxiliar de instrução), podendo ser
empregadas em instruções e exercícios com restrições e realizar
deslocamentos em área militar.
Se esta classificação for motivada pelas condições de seu trem de
rolamento ou idade avançada de utilização, seus deslocamentos em
via pública só poderão ser realizados sob rigoroso controle (Itn
balizado, escolta, velocidade reduzida etc).
As “VB Disponíveis para Instrução” só poderão ser empregadas na
instrução da tropa.
e) Instrução e adestramento:
O CMS dispõe da maior parte dos meios Bld e Mec do Exército
Brasileiro. Diante desse fato, é o principal interessado na instrução,
emprego e destramento das tropas Bld e Mec.
Dessa forma, mesmo ante ao apelo sistemático que a conjuntura
apresenta de Op de GLO, de manutenção da paz e de intensificação
de presença na faixa de fronteira, as técnicas, táticas e procedimentos
(TTP) das Gu, Pel, SU e OM Bld e Mec devem figurar como prioridade
70
para essas OM e suas GU enquadrantes, durante todo o ano de
instrução.
Como tal, a instrução e o adestramento das OM Bld e Mec devem ser
alvo de constante cuidado dos Cmt, em todos os Esc, a fim de que a
operação, a manutenção e a doutrina de emprego desses meios sejam
massificadas, difundidas e evoluam.
A Portaria nº 213-EME, de 27 de dezembro de 2012, estabeleceu a
alteração do efetivo de Cb e Sd NB dos RCC. Essa alteração deverá
facilitar a organização daquelas OM para a instrução, nos moldes
propostos no PIM 2014, ainda que seja necessário um período de
tempo para o preenchimento dos novos claros de NB criados e o ajuste
dos Rgt.
É importante para o desenvolvimento de uma nova mentalidade,
adaptada à tecnologia e às novas possibilidades do material, e que
essa experimentação seja realizada da maneira mais fiel possível ao
previsto no PIM, bem como, que os relatórios de instrução reflitam
detalhadamente os acertos, erros e propostas de melhoria para os
próximos anos.
Para tanto, o CMS recomenda atenção redobrada ao emprego das
SIBld das OM e ao emprego constante e exaustivo dos meios de
simulação existentes, no caso da Família Leopard.
No intuito de promover o correto preparo das Gu dos meios Bld e Mec,
todos os militares deverão estar conscientes da importância do estudo
detalhado e continuado dos manuais de operação e manutenção
daqueles meios.
A instrução das demais tropas Bld e Mec deverá seguir o prescrito para
o ano de instrução normal, conforme seu Gpt de incorporação. A fim de
incrementar a difusão dos conhecimentos de TTP aprendidos nos
diversos cursos e estágios do CI Bld, todas as OM Bld e Mec deverão
organizar um núcleo de SIBld, a exemplo do que já ocorre nos RCC.
Esse núcleo, composto por militares possuidores de cursos do CI Bld,
deverá ocupar instalações já existentes nas OM, uma vez que não
disporá de simuladores e outros meios disponíveis para a Família
71
Leopard e poderá, por exemplo, ser atribuição de uma SU ou Pel da
OM.
Não serão acrescidas vagas no QCP das OM para essas funções,
devendo ser exercidas cumulativamente com as já previstas. Suas
instruções terão como público-alvo os quadros e deverão ser reguladas
no Programa de Instrução da OM.
f) Certificação Operacional e Logística:
O CMS emitiu uma OI versando sobre a Certificação Operacional e
Logística, a qual garante a perícia dos operadores e mecânicos das Vtr
Bld e Mec do CMS.
A OI em tela será distribuída Mdt O do Comandante Militar do Sul. A
seriedade na aplicação dessa Certificação será a garantia da real
capacidade de operar e manutenir a frota Bld e Mec do CMS,
aumentando sua operacionalidade, disponibilidade e contribuindo para
incrementar o fator dissuasório que ela representa, além de reduzir
custos de manutenção com panes causadas por problemas de
operação e/ou manutenção em desacordo com o preconizado nos
manuais do material.
O CMS e seus Esc subordinados deverão verificar a publicação em BI
das certificações executadas, de acordo com o que será determinado
na documentação pertinente, por ocasião das inspeções logísticas e de
instrução, de forma a manter um controle efetivo da execução dessas
medidas.
Todas as Bda Bld e Mec, tão logo certifiquem seus militares, deverão
enviar ao CMS, via cadeia de comando, as propostas colhidas junto às
suas OM Subrd, no intuito de aperfeiçoar a Certificação que será
aplicada nos anos subsequentes.
O CI Bld deverá propor ao CMS, via cadeia de comando, o
aperfeiçoamento da Certificação Operacional e Logística do CMS
(sistemática de aplicação dos testes, alteração dos quesitos, etc.).
2.7 A IMPLEMENTAÇÃO DA SEÇÃO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS NOS RC
MEC COM A ADOÇÃO DA NFBSR – GUARANI
72
Acompanhando as evoluções causadas pela era do conhecimento, o Exército
Brasileiro vivencia um processo de transformação, com foco no estímulo à inovação,
ao desenvolvimento, na produção nacional de meios tecnologicamente avançados e
de emprego dual, bem como a introdução de novas concepções e conceitos
doutrinários, com vistas à incorporação das capacidades e competências
necessárias a atuar no amplo espectro do Campo de Batalha.
Dentro deste contexto, a força terrestre tem se mobilizado em torno dos
Projetos Estratégicos do Exército (PEE), que atualmente são os maiores indutores
do Processo de Transformação da Força: “Recuperação da Capacidade Operacional
da Força Terrestre – RECOP”, “Defesa Cibernética”, “Nova Família de Veículos
Blindados de Rodas de Fabricação Nacional – Guarani”, “Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras Terrestres – SISFRON”, “Sistema Integrado de
Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres – PROTEGER”, “Sistema de Defesa
Antiaérea” e “Sistema de Mísseis e Foguetes ASTROS 2020”.
Destaco dois projetos: “Recuperação da Capacidade Operacional da Força
Terrestre – RECOP” e o “Nova Família de Veículos Blindados Sobre Rodas de
Fabricação Nacional – Guarani”.
Ao se abordar o PEE da NFBR “Guarani” o Centro de Instrução de Blindados
tem desempenhando um constante assessoramento auxiliando, de sobremaneira, o
desenvolvimento de projeto da VBTP MR 6x6 “Guarani”, prestando um
assessoramento técnico e oportuno.
O CIBLD por ser um Estabelecimento de Ensino (EE) de especialização, de
graus superior e médio, da Linha do Ensino Militar Bélico, com vinculação à Diretoria
de Educação Técnica Militar (DETMil), para fins de orientação técnico-pedagógica, e
ao Comando de Operações Terrestres (COTer), para fins de planejamento,
coordenação, avaliação e execução das atividades de instrução e adestramento de
frações blindadas (Bld) e mecanizadas (Mec), e ainda ao atuar como órgão técnico-
normativo, nos assuntos inerentes à instrução e ao adestramento das guarnições
das viaturas Bld e Mec e do emprego técnico e tático do material bélico Bld e Mec,
tem feito a ligação entre a especialização e formação do recurso humano e a gestão
do conhecimento técnico-tático do emprego de blindados.
Ao analisar um dos principais motivos de sucesso desta ligação entre a
formação do combatente blindado e a rápida difusão do conhecimento é necessário
entender que esta expertise foi adquirida e constantemente aperfeiçoada desde a
73
chegada em 1996 dos primeiros blindados da família Leopard e dos M60,
repercutindo, de maneira abrangente, na preparação de recursos humanos, sejam
estes vocacionados tanto para o emprego quanto para a logística de manutenção.
Esta realidade impulsionou ao desenvolvimento de uma nova mentalidade,
adaptada à tecnologia e às novas possibilidades do material, direcionando a
instrução para que seja realizada da maneira mais fiel e realista possível.
Destacando ainda o aspecto relevante nesse novo quadro que ora
vivenciamos, é o fato desse material não fazer mais parte do currículo das escolas
de formação. Com isso, os profissionais que outrora eram os responsáveis pelas
instruções técnicas de Bld nos Pel e nas SU (Ten, Asp, Sgt), não mais estarão
habilitados para tal. Cresce, então de importância, os especialistas em Bld, fato que
já ocorre em outros países.
Ao observamos o que foi abordado acima e ao associarmos ao Projeto
“Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre – RECOP”, Projeto
esse que visa a dotar as unidades operacionais de produtos de defesa
imprescindíveis ao seu emprego operacional em seu nível mínimo, com a finalidade
de atender às exigências de defesa da Pátria, das operações de garantia da lei e da
ordem, das missões subsidiárias e fazer frente à calamidade pública, permitindo o
fomento da indústria civil e de defesa em diversas áreas, bem como a geração de
emprego e renda. Tem em seu escopo a aquisição de veículos sobre rodas,
blindados, armamentos diversos, inclusive de Artilharia, helicópteros, munições,
rádios para comunicação etc., e sente a necessidade de garantir a formação de um
recurso humano capacitado nos diversos meios tecnológicos e apto a atuar em
operações de amplo espectro.
2.7.1 Generalidades
O Projeto Guarani, alinhado ao Projeto RECOP, pretende implantar, até 2031,
estruturas e organizações capacitadas a operar com a Nova Família de Viaturas
Blindados de sobre Rodas (NFBR) e plataformas de combate preparadas para as
exigências do combate moderno. Para que este objetivo se torne possível, é
necessário que se pense na capacitação dos recursos humanos feita com qualidade,
pois será a base do sucesso do projeto.
74
Desta forma, o Exército preocupado diretamente na preparação de recursos
humanos para a tropa blindada, vale-se de ferramentas como as Seções de
Instrução de Blindados (SIBld), que são dotadas de uma estrutura flexível para se
adequar rapidamente aos desafios da formação da tropa dotada com produtos de
defesa com grande inovação tecnologia, adaptando o recurso humano rapidamente
apto a empregar as viaturas blindadas frente às mudanças nas condicionantes que
determinam a seleção e a forma como os meios blindados serão empregados, em
qualquer faixa do espectro do conflito. Constituição uma estrutura básica mínima
com condições de potencializar o poder de combate ao gerir e difundir o
conhecimento técnico-doutrinário e das TTP no local oportuno e na medida certa.
No mesmo sentido, o CMS através da diretriz de blindados, recomenda
atenção redobrada ao emprego das SIBld das OM e a utilização constante e
exaustiva dos meios de simulação existentes, no caso da Família Leopard e, em um
futuro breve, da família Guarani.
Além disso, a fim de incrementar a difusão dos conhecimentos de TTP
aprendidos nos diversos cursos e estágios do CIBld, o CMS recomenda que todas
as OM Bld e Mec deverão organizar um núcleo de SIBld, a exemplo do que já ocorre
com sucesso nos RCC.
As Seções de Instrução de Blindados (SIBld) são idealizadas para atender as
novas demandas técnicas/operacionais nas Tropas Blindadas e Mecanizadas
Brasileiras e que têm, dentre outras, as seguintes finalidades:
1) Multiplicar o conhecimento técnico adquirido durante os estágios do Centro
de Instrução de Blindados, auxiliando na qualificação técnica das guarnições
de viaturas blindadas das OM;
2) Manter atualizado o conhecimento sobre equipamentos e viaturas –
blindados ou não, nacionais ou internacionais – e que tenha relevância para o
cenário do combate blindado;
3) Divulgar novas técnicas e meios auxiliares de instrução, tanto os propostos
pelo Centro de Instrução de Blindados quanto os desenvolvidos pela própria
OM;
4) Ser a ligação técnica entre a tropa blindada e o CIBld;
5) Centralizar, pessoal, MAI, e técnicas de instrução visando aumentar a
qualidade das instruções que exijam maior especificidade, e que as SU teriam
75
dificuldades de realizar isoladamente (princípio da centralização e da
economia dos meios); e
6) Padronizar procedimentos técnicos e táticos sobre blindados.
2.7.2 Composição e organização do Projeto
a) O Projeto da SIBld Mec é composto por 3 (três) subprojetos, a saber:
1. Estruturação física da SIBld Mec;
2. Estruturação dos DSAI das SIBld Mec;
3. Estruturação do pessoal necessário para a SIBld Mec.
FIGURA 7 – Estrutura da implantação de uma seção de instrução de blindados nas OM
dotadas com a NFBR “Guarani”.
Fonte: BRASIL (2011b).
b) A Organização do projeto será desenvolvida pela própria OM, devendo
atentar para o quadro abaixo:
Função na Equipe Função
Gerente do Projeto A cargo da OM
Supervisor A cargo da OM
Subgerente de Estruturação Física
da SIBld Mec
A cargo da OM, com prioridade para ser
o futuro chefe da SI Bld
Subgerente de DSAI da SIBld Mec A cargo da OM, com prioridade para ser
76
o futuro instrutor da SI Bld
Subgerente de Pessoal da SIBld
Mec
A cargo da OM, com prioridade para ser
o futuro instrutor da SI Bld
QUADRO 1 – Organização do Projeto.
Fonte: BRASIL (2011b).
c) Responsabilidades dos integrantes das equipes:
1) Gerente do Projeto:
a) controlar e motivar o supervisor do Projeto, se for o caso;
b) gerir os riscos do Projeto;
c) gerir os recursos necessários à execução do Projeto;
d) zelar pela qualidade dos produtos do Projeto;
e) assegurar que os objetivos do Projeto sejam atingidos dentro
do prazo, custo, escopo e qualidade;
f) reportar-se à autoridade que determinou a implantação do
projeto sobre o andamento do mesmo;
g) gerenciar as partes diretamente envolvidas no Projeto; e
h) outras decorrentes de necessidades específicas.
2) Supervisor do Projeto:
a) promover a integração dos membros da equipe do Projeto;
b) controlar e motivar os integrantes da equipe;
c) desenvolver canais de comunicação efetivos;
d) zelar pela qualidade dos produtos do Projeto;
e) assegurar que os objetivos do projeto sejam atingidos dentro
do prazo,
f) reportar ao Gerente do Projeto, informando-o sobre o
andamento do projeto;
g) encaminhar, ao Gerente do Projeto, as propostas de
mudanças nos produtos do projeto;
h) gerenciar as partes diretamente envolvidas no Projeto, dentro
de sua esfera de atribuições; e
i) outras decorrentes de necessidades específicas.
3) Subgerentes:
77
Gerenciar suas áreas de atuação, conforme orientação da
Gerência do Projeto.
2.7.3 Objetivos do Projeto
a. Geral
Estruturar as Seções de Instrução de Blindados nas OM a serem
dotadas da NFBR “Guarani” para realizar sua tarefa de capacitação
dos Recursos Humanos necessários à operação e manutenção dos
blindados da NFBR e, consequentemente, de todos os outros
blindados do EB, de acordo com as solicitações que serão necessárias
para a implementação do Programa Guarani.
b. Específicos
1) Criar a estrutura física necessária a instalação das SIBld Mec nas
OM a fim de garantir a formação dos operadores das NFBR “Guarani”,
por meio do sistema de instrução militar para suprir as demandas do
EB, tanto na área de operação como na de manutenção dos blindados;
2) Apresentar proposta de pessoal das OM dotadas da NFBR para
serem integrantes das SIBld Mec, permitindo a introdução de novas
técnicas, táticas e procedimentos que os novos meios vão aportar, com
o necessário aprimoramento das doutrinas de emprego; e
3) Apresentar propostas dos meios auxiliares que dotarão as SI Bld a
fim de aperfeiçoar metodologias de instrução e certificação dos
quadros nas diversas unidades militares, por meio do funcionamento
integrado das SIB Mec com o CI Bld.
2.7.4 Estruturação Física da Seção de Instrução de Blindados Mecanizada
Para essa estruturação é necessário a construção de um Pavilhão da Seção
de Instrução de Blindados, dotado de estrutura física com no mínimo: uma Sala para
os Treinadores Sintéticos Portáteis (TSP), uma sala para os Simuladores de
Procedimentos de Motorista e Guarnição (SPMG), uma Sala para o ensino apoiado
em computador ou em plataforma e-learning (CBT), uma Sala de Instrução Teórica,
uma Sala de Instrução/Emissão de Ordens com Terreno Reduzido, uma Sala de
78
Instrutores, uma Sala de Meios Auxiliares, um banheiro masculino, um banheiro
feminino e um Pátio para Instrução.
Esta estrutura física foi imaginada conforme as seguintes figuras:
FIGURA 8 - Planta baixa do pavilhão da SIBld Mec.
Fonte: BRASIL (2011b).
FIGURA 9 - Vista isométrica translucida do pavilhão da SIBld Mec.
Fonte: BRASIL (2011b).
2.7.5 Estruturação dos dispositivos de simulação e apoio à instrução (DSAI)
das SIBld Mec
A estruturação dos Dispositivos de Simulação e Apoio à Instrução das SIBld
Mec contempla os seguintes produtos:
1 – Dispositivos de Simulação e Apoio à Instrução (DSAI):
79
Destinam-se a atender aos objetivos de instrução individual e coletivos,
desde o conhecimento e compreensão do funcionamento dos diversos
sistemas componentes das viaturas da NFBR até a Táticas, Técnicas e
Procedimentos das frações básicas, até o escalão subunidade. Estes
dispositivos são:
a) Painéis de Instrução dos seguintes sistemas da viatura:
elétrico; de freios; Central de Enchimento de Pneus (CTIS);
alimentação de combustível; alimentação de ar; arrefecimento;
lubrificação; navegação; extinção de incêndios; proteção química
biológica e nuclear; hidráulico de acionamento da porta traseira;
e do GCB e intercomunicações;
b) Conjuntos e peças seccionados, como: Monitor Primário com
cabo extensor de 5 m; Monitor Secundário com cabo extensor
de 5 m; um comando auxiliar do monitor secundário e freio
retardador; comando com manetes de navegação, simulacro do
conjunto motor; e pneu com anel toroidal seccionado;
c) Dispositivos de Simulação de Engajamento Tático para a
VBTP dotada de: com o canhão 30 mm (UT-30 ou TORC 30),
Torreta Platt Mout (Mtr.50 e Mtr 7,62mm), REMAXX e os
fuzileiros desembarcados;
d) Simuladores de Procedimentos para o motorista e Simulador
para procedimento da guarnição;
e) Computadores para ensino apoiado em computador ou com
uso de plataforma e-learning;
f) Treinador Sintético Portátil (TSP): permite simular uma
guarnição de VBTP, e treinar os operadores em cada uma de
suas funções de forma integrada; e
g) Ferramental destinado a manutenção e lubrificação a cargo
da OM.
2.7.6 Estruturação do pessoal necessário para a SIBld Mec
Esta estruturação, em linhas gerais, resulta na interpretação de diversos
documentos que a SIBld Mec tem como referência, entre eles: PPQ 02/2ª
80
Guarnição CC Leopard 1A5 BR Edição Experimental – 2011, Memo CIBld – EME de
2012 e a Diretriz de Blindados do CMS de 2014.
A Seção de Instrução de Blindados Mecanizados (SIBld Mec) é um órgão
interno da OM, constituída por uma parcela dos quadros de pessoal, especializada
em assuntos relativos ao preparo, emprego e manutenção de blindados.
Cabe à SIBld Mec assessorar o S3 e o Cmt OM quanto aos assuntos
diretamente ligados a blindados, como: instrução, emprego e manutenção.
Para a distribuição de pessoal da SIBld Mec, como não existe previsão de
cargos específicos para ela, o que se observa são soluções internas, as quais
diferem entre si, de acordo com a realidade particular de cada OM, sendo
levantadas 03 (três) alternativas até o presente momento:
L Aç Especialistas distribuídos nas SU
Distribuição de
Pessoal e Material
- 01 (uma) SU como detentora do material carga;
- Cmt desta SU (Instr Ch SIBld Mec) fica responsável por planejar a
atuação da SIBld Mec (documentação de instrução); e
- A execução dos programas de instrução tem participação de
especialistas de todas SU.
Pontos Fortes
- Privilegia o fato de que todo instrutor no corpo de tropa é
operador de seu meio e está integrado em uma fração;
- Distribui o compromisso de capacitar o recurso humano por mais
setores da OM; e
- Desonera uma SU EP, a fim de viabilizar o seu próprio preparo
concomitantemente com a capacitação.
Oportunidades de
melhoria
- Exige maior cooperação entre as SU que possuem instrutores
especialistas;
- Acarreta na operação dos equipamentos de simulação por
instrutores que podem não exercer o devido controle do material; e
- A execução descentralizada pode dificultar a manutenção do
controle de desempenho e situação das frações.
QUADRO 2 – Linha de Ação 01.
Fonte: BRASIL (2011b).
81
L Aç Especialistas agrupados em uma SU
Distribuição de
Pessoal e Material
- 01 (uma) SU como detentora do material carga;
- Cmt desta SU (Instr Ch SIBld Mec) fica responsável por planejar a
atuação da SIBld Mec (documentação de instrução); e
- A prioridade é alocar especialistas nas frações desta mesma SU.
Pontos Fortes
- Foco quase exclusivo na qualidade da instrução;
- Melhores condições de manter o controle do nível de instrução; e
- Libera as outras SU para buscar melhor preparo para o combate
e/ou atender às demandas administrativas.
Oportunidades de
melhoria
- A preocupação principal desta SU passa a ser a instrução e não o
preparo para o combate;
- Queda na qualidade de manutenção das VB; e
- Não envolvimento das demais SU no processo de capacitação.
QUADRO 3 - Linha de Ação 02.
Fonte: BRASIL (2011b).
L Aç Especialistas no Pel Cmdo/SU C Ap
Distribuição de
Pessoal e Material
- Instr Ch SIB Mec atua como Cmt Pel Cmdo e Adj S3 e emprega
completamente as VBTO do EM.
- Reforçado por militares de outras turmas deste mesmo pelotão.
- Material carga designado à SU C Ap, cautelado para uma praça
antiga, desejável um S Ten extra-QCP, trabalhando
exclusivamente para a SIB Mec.
Pontos Fortes
- É uma solução intermediária.
- Não onera nenhuma SU CC.
- Dinamiza as Vtr do Pel Cmdo.
- Maximiza o cuidado com material carga e controle de
desempenho das frações.
Oportunidades de - Depende em alto grau da intenção do Cmt OM.
- Suscetível a mudanças no extra-QCP da OM.
82
melhoria - Praticamente obriga que o Instr Ch SIB Mec seja um Of
subalterno
QUADRO 4 – Linha de Ação 03.
Fonte: BRASIL (2011b).
2.7.7 Funcionamento da SIBld Mec
O funcionamento da SIBld Mec deve seguir o ano de instrução sendo balizado
pela SIMEB, e as documentações relacionadas como: PIM, PPB/1, PPB/2, PPQ/1 e
PPQ específicos, PP CTTEP, PT 17/1, PPA e Programas de Instrução.
Dentro desta ótica, o CI Bld o salienta, principalmente, durante os cursos e
estágios, como o aluno deve atuar para formar e compor a guarnição da VBTP,
através de um programa de instruções específico e com o uso de meios de
simulação em cada fase do processo, sendo também lhe ensinado as incumbências
inerentes aos instrutores das SIBld e do CIBld.
Este processo pode ser compreendido conforme a pirâmide, empregada
principalmente na VBC Leopard por possuir todos os meios auxiliares a instrução e o
Dispositivo de Simulação de Apoio a Instrução, onde na base da pirâmide é
apresentado e ensinado os procedimentos básicos de operação, e onde o
instruendo acaba interagindo somente com a viatura. No nível acima ocorre um
acréscimo de conhecimento, sendo inserido o ensino de técnicas empregadas em
nível seção, e o pelotão e a interação já passam ocorrer com o terreno, inimigo e
tudo mais envolvo no ambiente da zona de ação da pequena fração, sendo virtual ou
não. No ápice da pirâmide é finalizada a formação da pequena fração apta a atuar
em Força-Tarefa.
.
83
FIGURA 10 – Níveis de Treinamento
Fonte: BRASIL (2011b).
Ao analisarmos esta pirâmide com mais profundidade observamos que este
processo busca atingir determinados níveis de instrução, relacionando o processo
de ensino com a instrução militar, o nível de interação e as TTP, conforme a figura
abaixo:
FIGURA 11 – Pirâmide do adestramento.
Fonte: BRASIL (2011b).
84
Em ambas as pirâmides, observa-se a evolução da instrução da tropa
blindada. Cada degrau na pirâmide corresponde aos diferentes níveis de dificuldade
e complexidade do equipamento a ser utilizado. Essa sistemática torna mais eficaz o
treinamento dos atiradores e das guarnições dos diversos blindados ao submeter os
instruendos a níveis crescentes de conhecimentos técnicos e táticos, além de
propiciar racionalização de meios e economia de recursos.
A base da pirâmide, em tons de azul, é destinada a formação individual e da
guarnição onde o instruendo passa a aprender os procedimentos e a interagir com a
Viatura, com a exceção da NFBSR MR “Guarani”, tendo em vista a maioria dos
simuladores se encontrar em processo de desenvolvimento ou aquisição.
O primeiro degrau azul é realizado, por meio das instruções preconizadas no
PPQ, para qualificação do atirador no próprio CC (no caso do Leopard), no SPT
(Torre Didática) e no SPM. É o contato inicial com o equipamento, com foco no
conhecimento geral do meio real através do aprendizado via Computer-Based
Trainning (CBT) e por meio de instruções de identificação de componentes e
funcionalidades, utilizando-se os simuladores de procedimento como meio auxiliar
de instrução.
O 2º degrau destina-se a criação de reflexos na operação dos componentes
internos da VBC ou VBTP, composto por atividades que possam ser desenvolvidas
tanto em ambiente virtual como na torre didática. Essa etapa será realizada apoiada
nos SPT, SPM e TSP, caracterizando o início do processo de interação do homem
com a máquina, onde o foco é desenvolver no operador os reflexos, atitudes e
procedimentos inerentes à operação do meio, desenvolvendo a memória muscular
do combatente, tornando-o apto a correta utilização e emprego da VBC.
O 3º degrau ocorre basicamente no SPT, TSP e TSB (Treinado Sintético de
Blindados), onde o objetivo é o aprendizado da atuação em conjunto como
guarnição, treinando: comandos de tiro, designação e transferência de alvos,
monitoramento de tiro, colimação de campo, entre outros, resumindo as ações de
instrução no campo técnico e de procedimentos, com cenário tático contextualizado
as ações da guarnição.
A parte intermediária da pirâmide, em tons de verde, é voltada ao ensino das
técnicas de tiro voltadas ao combate, forçando o instruendo a interagir com o
ambiente.
85
O primeiro degrau em verde, o aluno continua empregando o TSP e o TSB,
na plenitude de seus sistemas para aprimoramento da técnica de tiro, mas também
passa a operar a viatura VBC no terreno, sem entretanto, utilizar munição real para o
tiro com o canhão. A instrução será realizada por meio do DSET acoplado ao
canhão do CC. Numa primeira fase, com o CC parado e o alvo parado, utilizando o
DSET com auxílio de alvos padronizados ou viatura com prisma do DSET,
aumentando o nível de dificuldade com a VBC parada e o alvo em movimento
(podendo ser um alvo de arrasto ou um qualquer meio com prisma para o DSET) e,
na última fase, com o CC e o alvo em movimento. A utilização dos alvos-móveis leva
em conta um aspecto fundamental do nosso “modelo” de instrução militar, qual seja,
desenvolvido com base no emprego do MEM, em busca do “executante perfeito”, de
forma que a instrução não seja totalmente apoiada em meio virtual.
O coroamento da fase verde é caracterizado pelo tiro da guarnição.
Para o ápice da pirâmide, em tons de vermelho, ocorre o ensino em paralelo
do emprego tático do pelotão, juntamente com a técnica de tiro do pelotão,
passando pela realização do tiro de fração inicialmente apoiado no DSET, seguido
do tiro real e podendo ser realizado o duelo de blindados apoiado no DSET
novamente.
Nos níveis mais altos da pirâmide são utilizados os TSB e o software de
Simulação Virtual Tática (Steel Beasts e o VBS), para que haja um emprego virtual
das frações (SU e Pel) em nível FTSU, possibilitando o ensaio da manobra em uma
carta digitalizada da área de operações, com as viaturas e militares virtuais do QCP
e QDM da OM. O uso do simulador virtual tático (SVT) nesta fase possibilita a
atuação dos oficiais, sargentos, atiradores e motoristas das seções e pelotões da
SU, bem como do Cmt SU em uma manobra tática, integrando as funções de
combate a serem desempenhadas pela tropa.
O término do ensino em nível FTSU está ligado ao exercício de adestramento
virtual realizado no SVT e a certificação do adestramento das frações até o nível
Pelotão, com o uso dos DSET e do TSB.
Observa-se parcialmente, que na pirâmide de adestramento a principal
vantagem é o escalonamento do grau de dificuldade da instrução com o emprego de
simuladores adequados para aquisição de reflexos na operação da VBC. Ressalta-
se, ainda, o fato de que esse processo não está apoiado somente em simuladores.
86
Ao contrário, considera muito importante o uso do carro, evitando um erro de
concepção que ocorre em exércitos modernos, onde o uso do MEM é limitado.
Destaca-se a carência desses meios para formação dos operadores da
NFBSR MR “Guarani’, bem como aumentando o risco de acidentes decorrentes das
atividades com blindados e militares com pouco experiência durante a formação, o
aumento do custo da formação da guarnição do carro com um gasto maior de
combustível, munição, óleos e a manutenção.
2.7.8 Fatores críticos do sucesso
a) Apoio dos escalões envolvidos na aprovação dos projetos apresentados;
b) Apoio dos escalões envolvidos na disponibilização do total de recursos
solicitados;
c) Cumprimento dos prazos na elaboração e execução dos projetos;
d) Construção e/ou adequação de instalações;
e) Disponibilização do pessoal e materiais necessários, por meio da
implementação das funções da SIBld Mec em QCP e do material no QDM das
OMs;
f) Eficácia da comunicação com os demais integrantes do Programa; e
g) Acompanhamento, supervisão e avaliação dos resultados por todos os
escalões envolvidos, em todas as fases do programa.
2.7.9 Premissas
a. O Projeto de implementação da SIBld Mec visa atender a demanda mais
essencial e sensível do Programa Guarani: a capacitação dos seus
recursos humanos. Esta, se realizada com qualidade, garantirá o êxito do
Programa e causará um impacto imediato na operacionalidade da Força
Terrestre, contribuindo para alcançar os objetivos colimados pelo Projeto
de Força (PROFORÇA);
b. É necessário o entendimento e o consenso, por parte dos gestores do
Programa, que as OM carecem de meios e instalações para cumprir suas
missões;
87
c. O fator crítico para a reorganização é a implementação da SIBld Mec, em
curto prazo, com a criação de funções em QCP das OM.
2.7.10 A experimentação logística da VBTP-MR Guarani
No ano de 2014 o 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado recebeu 02 (duas)
Viaturas VBTP-MR Guarani LED (Lote Experimental Doutrinário), com a missão de
apoiar a experimentação logística dessas viaturas, em apoio ao CIBld, com as
seguintes finalidades:
a. Colher dados e sugestões que permitam o desenvolvimento da
manutenção orgânica (1º escalão), de campanha (2º escalão e de
diagnose (3º escalão);
b. Avaliar o desempenho da VBTP-MR Guarani em condições próximas
as de seu emprego operacional, sendo manutenida e operada pela
tropa;
c. Colher dados e sugestões que permitam a sistematização do “om job
training” a ser contratado para as OM que vierem a receber as VBTP-
MR Guarani;
d. Colher dados e sugestões sobre ferramental e equipamentos a
serem adquiridos para os escalões de manutenção e sobre a
organização das oficinas de manutenção;
e. Confirmar os parâmetros e dados estabelecidos para o SLI
contratado pelo DCT para as VB Guarani;
f. Avaliar o desempenho da VB em operação pela tropa a fim de obter
o conhecimento dos parâmetros técnicos de suprimento,
manutenção, transporte e recursos humanos;
g. Coletar dados iniciais e subsídios para a elaboração / revisão de
manuais de emprego e manutenção da VB;
h. Identificar possíveis deficiências referentes ao projeto da VB, com
base na operação e manutenção da mesma pela tropa; e
i. Colher dados médios iniciais de planejamento referentes a VBTP-MR
Guarani.
88
A experimentação logística se desenvolveu do dia 9 ao dia 11 de julho de
2014, onde os 2 (dois) Guaranis do Esquadrão e mais o comboio de apoio
deslocaram-se para o Campo de Instrução Barão de São Borja, na cidade de
Rosário do Sul.
Os Guaranis rodaram, aproximadamente, 300 km em estrada pavimentada e
200 km em estradas não pavimentadas, com 17,1 horas de motor ligado em
deslocamento e 8,5 horas de motor ligado com viatura parada.
Foram realizados diversos tipos de deslocamentos, laços sucessivos e
alternados, embarque e desembarque de tropa, deslocamento através de campo e
em terreno lodoso. As principais situações levantadas foram os seguintes:
- Foi realizado a inspeção automática de verificação da pressão de ar dos
pneus com duração de 5 min com a Vtr parada;
- Durante o deslocamento na estrada não pavimentada, a luz do sensor do
sistema pneumático que estava acendendo anteriormente, apagou não mais
acusando que o pneu estava vazio.
- Para que fosse retirado o periscópio diurno e instalado o periscópio de visão
noturna precisou cortar, com um estilete, a borracha de silicone de vedação.
(os técnicos presenciaram a instalação e afirmaram que sempre que tiver que
realizar este procedimento terá que ser cortado o silicone. Pediram que
quando retornasse para a OM fosse aberta uma ordem de serviço para que
eles façam a vedação novamente).
- O motorista pode constatar a dificuldade de dirigir com o equipamento e
afirma que existia certa diminuição da percepção de distância e limitação da
visualização das laterais.
- Durante a inspeção do motor foi verificado que o nível do fluído do sistema
de direção hidráulica estava baixo. (Os técnicos da Iveco realizaram o
recompletamento de 800 ml).
- A viatura permaneceu com o motor ligado, após o retorno do abastecimento,
das 17:00h até às 22:00h, com todo o sistema de iluminação e sistema de
climatização ligados para fins de verificação e funcionamento dos mesmos.
Não foram constatadas alterações;
- Foi verificado que quando acionado para fechar a rampa traseira, se estiver
alguma pessoa sobre a rampa, ela não sobe por motivo de segurança,
mesmo após ter iniciado o fechamento;
89
- Logo no início do deslocamento para Rosário, a Luz Espia acendeu
indicando baixo nível do fluído da Direção Hidráulica. (os técnicos da Iveco
foram informados, inspecionaram e disseram que iriam recompletar o
reservatório posteriormente);
- A luz do sistema pneumático também acendeu, acusando que o pneu do
meio, no lado direito da Vtr estava vazio, porém o pneu estava cheio (os
técnicos foram informados, inspecionaram e disseram que na chegada em
SAICÃ – Campo de Instrução na região de Rosário do Sul – teriam que
averiguar o computador de diagnóstico na central da Vtr para verificar a
ocorrência do fato).
- Ao chegar ao destino, Barro vermelho, a viatura apresentou falha no sistema
de abertura da rampa traseira (os técnicos da Iveco levaram 1 hora e meia
para conseguirem realizar a abertura da rampa. Solucionaram o problema
provisoriamente para a realização do exercício. Disseram que a válvula
responsável pela abertura da rampa estava com problema e deveria ser
substituída. Não fizeram porque no momento não tinham nenhuma outra, mas
quando a viatura retornasse para Santa Maria, deveria ser aberto uma Ordem
de Serviço para que seja substituída a válvula).
Após os técnicos Iveco sanarem o problema, provisoriamente, ficou fazendo
um ruído toda vez que a rampa de traseira era acionada para descer;
- A viatura não apresentou problemas no motor, sistema de transmissão e
sistema de direção;
- Possui uma suspensão muito resistente e estável;
- Excelente sistema de Controle de Pressão dos Pneus (CTIS). Os pneus
possuem ótima aderência ao solo, tanto em estrada pavimentada como em
estrada não pavimentada;
- Ótimos pneus para utilização em terrenos com lamaçais;
- O excelente sistema de freios ABS proporciona ótima estabilidade da Vtr nas
frenagens;
- Ótimo sistema de climatização (ar condicionado, ventilação, ar quente, e
pressurização) proporciona conforto a tropa embarcada; e
- Ótima iluminação interna e externa.
90
2.8 O NÚCLEO DA SEÇÃO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS MECANIZADO (SIBLD MEC) DO 6º ESQUADRÃO DE CAVALARIA MECANIZADO
O 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, imerso na experimentação
logística da VBTP MR-Guarani, preocupado com a CTTEP da tropa mecanizada,
que possui grande lacuna na sua instrução de blindados, e alinhado com a
Estratégia Nacional de Defesa, com o projeto estratégico do Exército, Projeto
Guarani, com o Programa de Instrução Militar do Exército (PIM 2014) e com a
Diretriz de Blindados do CMS, iniciou em 2014 o desenvolvimento do núcleo da
Seção de Instrução de Blindados Mecanizado (SIBld Mec), do 6º Esquadrão de
Cavalaria Mecanizado nas suas atuais instalações.
O projeto desse núcleo encontra-se em pleno desenvolvimento e pretende ser
o embrião da Seção de Instrução de Blindados Mecanizada (SIBld Mec) a ser
implementado, inicialmente, no 6º Esqd C Mec em Santa Maria, como modelo para
as demais Unidades mecanizadas, com vistas a adoção da NFBSR – Guarani, tendo
por ideia força inicial, sendo um vetor de modernização da CTTEP nos RC Mec e
servindo como base para toda a Família de Blindados Guarani.
Dentre os vários objetivos elencados nesse estudo e determinados pelas
diretrizes do escalão superior, a SIBld Mec do 6º Esqd C Mec pretende propiciar a
metodologia de ensino de blindados que o Exército preconiza e adequar a
capacitação técnico e tática das futuras guarnições de blindados da NFBSR –
Guarani, tendo em vista a tecnologia agregada à essa plataforma, dentro das atuais
Condicionantes Doutrinárias e Operacionais.
A SIBld Mec do 6º Esqd C Mec pretende alinhar um ambiente de ensino que
favoreça a aprendizagem, colocando no mesmo local as instruções teóricas e a
prática imediata, para aumentar a absorção do conhecimento.
Foi levado em consideração, por ocasião do projeto arquitetônico
desenvolvido pelo comando do 6º Esqd C Mec, o dimensionamento das salas na
sequência lógica da instrução teórica no auditório, aplicação prática na sala da torre
didática e do motor e exercício virtual na sala de simuladores.
A seguir apresento o projeto concebido pelo 6º Esqd C Mec na fase atual de
desenvolvimento:
91
FIGURA 12 - Vista superior em corte do pavilhão da SIBld Mec.
Fonte: 6º Esqd C Mec.
.
FIGURA 13 - Sala da CTTEP. FIGURA 14 - Sala de simulação tática.
Fonte: 6º Esqd C Mec. Fonte: 6º Esqd C Mec.
92
3 METODOLOGIA
Essa seção tem por finalidade apresentar detalhadamente o caminho que se
pretende percorrer para solucionar o problema de pesquisa, especificando os
procedimentos necessários para se chegar aos participantes da mesma, obter as
informações de interesse e analisá-las, e contemplando não só a fase de exploração
de campo, como a escolha do espaço e a seleção do grupo de pesquisa, o
estabelecimento dos critérios de amostragem e a construção de estratégias para
entrada em campo, como também a definição de instrumentos e procedimentos para
análise dos dados. Dessa forma, para um melhor encadeamento de ideias, esta
seção foi dividida nos seguintes tópicos: Objeto Formal de Estudo, Amostra e
Delineamento de Pesquisa.
3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO
Para confecção do presente trabalho, pretende-se realizar uma pesquisa
quantitativa e qualitativa com os oficiais e praças do 1º RCC, 4º RCC, 17º RC Mec e
6º Esqd C Mec (Possuidores de SIBld) que desempenham função em SU de carros
de Combate ou C Mec, onde se pretende verificar em que medida a adoção da
sistemática de capacitação adotada pelos RCC, com a chegada da Família Leopard,
atende às novas necessidades de capacitação da Guarnição da Nova Família de
Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani, se for adotada pelos RC Mec.
Antes do envio do questionário, será realizado um pré-teste com dois Capitães
Alunos da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) que já exerceram a função
de Instrutor-Chefe da SIBld do 1º RCC e Instrutor de Leopard do CIBld, com o
objetivo de levantar dúvidas durante a execução do questionário, verificar a
objetividade e clareza dos itens melhorando, assim, a confiabilidade do documento e
diminuindo o risco de erros na avaliação.
A pesquisa será realizada por meio de um questionário que deverá ser
respondido no período de um mês. No início do questionário será apresentado o
objetivo do estudo, bem como sua importância, com a finalidade de sensibilizar os
oficiais que responderão as questões em relação a importância da veracidade das
respostas, visando à realização de uma análise baseada em dados fidedignos.
93
As perguntas serão respondidas através de um questionário enviado por e-mail
ou contato pessoal, visando à manutenção da segurança das informações. Na
análise das respostas, não serão divulgadas as OM que responderem o
questionário, primeiramente por se tratar de uma informação irrelevante para a
conclusão da pesquisa, uma vez que a verificação quantitativa e qualitativa dos
dados colhidos será suficiente para contemplar o objetivo do projeto e, também, para
evitar um desgaste ou exaltação desnecessária da imagem da OM, garantindo a
validade das respostas apresentadas.
Por fim, será realizada uma entrevista exploratória com o engenheiro mecânico
e de automóveis do Exército Brasileiro, chefe da equipe de absorção de
conhecimento e transferência de tecnologia do projeto Guarani, com um Ex- Instrutor
chefe da SIBld do 1º RCC e com um Ex- Instrutor de Leopard do CIBld.
Da análise das variáveis envolvidas no presente estudo, “Exigências da Nova
Família de Blindados Guarani”, apresenta-se como variável independente, tendo em
vista que se espera que a suas necessidades exerçam efeito significativo sobre a
variável dependente “Capacitação da Guarnição da NFBSR”. A seguir, serão
apresentadas as definições conceituais e operacionais das variáveis de estudo.
Devido as características qualitativas das variáveis de estudo, fez-se
necessário defini-las, conceitualmente e operacionalmente, a fim de torná-las
passíveis de observação e de mensuração.
No presente estudo as “Exigências da Nova Família de Blindados Sobre
Rodas Guarani” (VI) refere-se, principalmente, a tecnologia dos equipamentos
utilizados e os dispositivos de simulação e adestramento necessários para o militar
operar o meio blindado.
O quadro 5 apresenta a definição operacional da variável independente.
QUADRO DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VARIÁVEL “ I ”
VARIÁVEL INDEPENDENTE
DIMENSÕES DA VARIÁVEL
INDICADOR(ES) MEDIÇÃO
- Dispositivos de Simulação e Adestramento (DSA).
- Aproveitamento na realização de simulações de engajamento de alvos e depanagens.
- Revisão de Literatura; - Questionário: Itens 18 e 19;
94
Exigências da Nova Família de Blindados sobre Rodas Guarani (NFBSR)
-Entrevista / perguntas.
- Tecnologia dos equipamentos utilizados.
- Torre didática informatizada; - Bancadas eletrônicas com painéis de simulação; - Panes controladas pelo instrutor.
- Revisão de Literatura; - Questionário; Itens 32 e 33; - Entrevista / perguntas.
QUADRO 5 – Definição operacional da variável operação adequada de blindados.
Fonte: O autor.
Da mesma forma, “A Capacitação da Guarnição da NFBSR no RC Mec” está
intimamente ligado aos meios para instrução, efetivo e constituição da equipe de
instrução, método de ensino, especialização dos instrutores e qualificação dos
instruendos, possuindo a seguinte definição operacional:
QUADRO DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VARIÁVEL “ D ”
VARIÁVEL
DEPENDENTE
DIMENSÕES DA
VARIÁVEL
INDICADORES MEDIÇÃO
A Capacitação da Guarnição da NFBSR no RC Mec
- Meios para a instrução.
- quantidade de meios, material, equipamentos e recursos para a instrução; - estrutura Física.
- Questionário; Itens 7, 17, 18, 19, 25, 32, 33; - Entrevista/ perguntas.
- Efetivo e constituição da equipe de instrução.
- Composição permanente e função dos seus integrantes.
- Questionário; Itens 26, 27, 30 e 31; - Entrevista/ perguntas.
- Método de ensino.
- Palestra, demonstração, prática simulada e controlada.
- Questionário; itens 17, 20, 23 e 25; - Entrevista/ perguntas.
- Especialização - Com treinamento específico para
95
dos instrutores. utilização dos meios; - Com estágio técnico e tático de blindados; - Leigo.
- Questionário; Itens 2, 5, 6, 9, 13, 16, 28 e 29; - Entrevista / perguntas.
- Qualificação dos instruendos
- Com estágio técnico e/ou tático de blindados; - Leigo do EP; -Leigo do EV; -Com Ensino médio; -Com ensino Fundamental.
- Questionário: Itens 2, 5, 6, 9, 13, 16; - Entrevista / perguntas.
QUADRO 6 – Definição operacional da variável capacitação da guarnição na NFBSR.
Fonte: O autor. 3.2 AMOSTRA
O questionário será encaminhado as 3ª Seções do 1º RCC, 4º RCC, 17º RC
Mec e 6º Esqd C Mec e a 3 (três) Capitães Alunos da Escola de Aperfeiçoamento
de Oficiais (EsAO), do 2° ano do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), que
desempenharam a função de instrutores da SIBld no 1º e 4º RCC.
A escolha da amostra se deve aos seguintes fatores:
a) os Chefes da 3ª Seção das OM foram os militares escolhidos para
responderem e também coordenarem a resposta ao questionário por serem
os responsáveis, supervisionados pelos Cmt OM, pela coordenação da SIBld
e da Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional (CTTEP), objeto
da presente pesquisa. Além desse fator, soma-se a familiaridade que estes
militares possuem com o assunto em questão, facilitando seu entendimento
e dando credibilidade às repostas avaliadas;
b) por terem Seção de Instrução de Blindados, estas OM têm experiência na
capacitação das guarnições de blindados;
c) as OM/SU valor unidade foram escolhidas por apresentarem uma boa
infraestrutura de meios e pessoal, possibilitando a CTTEP com qualidade.
Unidade, segundo BRASIL, 2003, p. U-1, é uma “organização militar da força
terrestre, de uma arma, serviço, quadro ou especialidade, que grupa
96
elementos de combate, apoio ao combate ou apoio logístico, segundo uma
estrutura prevista, e com possibilidades definidas para viver e operar”;
d) O 1º RCC e 4º RCC são dotados de Leopard 1 A 5 BR, possuidores de SIBld
e pessoal capacitado e estão em constante adestramento e emprego. O 17º
RC Mec e 6º Esqd C Mec estão construindo suas SIBld com vistas ao
recebimento da NFBSR Guarani, aumentando a importância da capacitação
de suas guarnições;
e) é importante salientar que, inicialmente, não estava planejado estender o
questionário aos Capitães Alunos da EsAO. Porém, durante a pesquisa foi
verificado o alto grau de comprometimento, conhecimento e experiências por
parte de no mínimo 3 (três) Capitães Alunos com o tema do trabalho, fator
que provocou a extensão do questionário aos Cap Al da EsAO,
proporcionando uma diversificação na localização das OM, fato esse que só
tem a acrescentar a pesquisa. Sendo assim, tem-se na amostra um total de
4 OM, sendo 03 do CMS e 01 do CMO.
3.3 DELINEAMENTO DE PESQUISA
Para confecção do presente trabalho será desenvolvida uma pesquisa
quantitativa e qualitativa, onde se pretende verificar em que medida a adoção da
sistemática de capacitação adotada pelos RCC, com a chegada da Família Leopard
atende às novas necessidades de capacitação da Guarnição da Nova Família de
Blindados Sobre Rodas sobre Guarani (NFBSR) se for adotada pelos RC Mec, que
fazem parte da amostra, através da qual levantar-se-ão as dificuldades e sugestões
para a capacitação das guarnições.
3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura
Para a definição de termos, redação do referencial teórico e estruturação de
um modelo teórico de análise que viabilizasse a solução do problema de pesquisa,
foi realizada uma revisão de literatura nos seguintes moldes:
a. Fontes de busca:
- Manuais e regulamentos do Ministério da Defesa e do Exército
Brasileiro atinentes as frações mecanizadas de Cavalaria, Livro Branco
97
da Defesa Nacional, Estratégia Nacional de Defesa, Projetos
Estratégicos do Exército;
- Arquivos, relatórios e documentos do Comando de Operações
Terrestres (COTer), Comando Militar do Sul (CMS), Centro de
Instrução de Blindados e 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado;
- Trabalhos acadêmicos da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
(EsAO) e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME)
acerca do tema;
- Artigos e textos referentes ao tema em publicações de assuntos
militares;
- Monografias do Sistema de Monografias e Teses do Exército
Brasileiro; e
- Projetos interdisciplinares do Centro de Instrução de Blindados.
b. Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas
Foram utilizados os seguintes termos descritores: "Nova Família de
Blindados Sobre Rodas (NFBSR)”, Projeto Estratégico Guarani",
“Seção de Instrução de Blindados” respeitando as peculiaridades de
cada base de dado.
Após a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas dos estudos
considerados relevantes foram revisadas, no sentido de encontrar
artigos não localizados na referida pesquisa.
c. Critérios de inclusão:
- Estudos publicados em português, inglês, ou espanhol;
- Estudos publicados de 2004 a 2014;
- Estudos quantitativos e qualitativos que descrevem a Nova Família de
Blindados e a Seção de Instrução de Blindados;
- Estudos Lato Sensu ou Stricto Sensu publicados por
Estabelecimentos de Ensino Civis ou Militares de nível superior;
- Estudos e artigos em publicações nacionais ou estrangeiras;
- Artigos publicados em enciclopédias virtuais; e
- Reportagens jornalísticas em publicações nacionais ou estrangeiras.
d. Critérios de exclusão:
- Estudos e artigos publicados antes de 2004;
- Estudos cujo foco central não seja relacionado com Blindados; e
98
- Estudos que reutilizam dados obtidos em trabalhos anteriores.
3.3.2 Procedimento experimental
Todas as atividades operacionais e de avaliação serão realizadas com base
nos questionários distribuídos para os Chefes da 3ª Seção. O questionário será
distribuído por email, conforme os seguintes passos:
a) contato prévio com o Chefe da 3ª Seção;
b) envio do questionário por email ou contato pessoal;
c) resposta dos questionários no prazo de um mês, realizada/coordenada pelos
Chefes da 3ª Seção ou individualmente pelo email; e
d) recebimentos dos questionários e avaliação dos dados.
3.3.3 Instrumentos
Esta pesquisa terá como alicerce um questionário, que servirá como a base de
uma análise quantitativa e qualitativa, utilizando-se perguntas abertas e fechadas,
com a finalidade de verificar em que medida a adoção da sistemática de capacitação
adotada pelos RCC com a chegada da Família Leopard atende às novas
necessidades de capacitação da Guarnição da Nova Família de Blindados Sobre
Rodas (NFBSR) Guarani se for adotada pelos RC Mec (OM Blindadas).
3.3.4 Análise de dados
Para realizar a análise da variável independente, ou seja, as Exigências da
Nova Família de Blindados sobre Rodas (NFBSR) Guarani será feita uma revisão da
literatura, com base principalmente nas Condicionantes Doutrinárias e Operacionais
da NFBSR 2012, onde serão levantadas as demandas que surgirão com a chegada
da nova Viatura Blindada, bem como, a avaliação do item no questionário atinente a
esta variável, a fim de se obter uma base do que é necessário nas OM componentes
da amostra.
Para realizar a análise da variável dependente, será tomado como base o
questionário, onde as respostas dos itens serão categorizadas em conjuntos, de
acordo com as dimensões e os indicadores a que se referirem, conforme os quadros
99
de definição das variáveis (objeto formal de estudo) e, assim, terão seus dados
reunidos e tabulados em gráficos e quadros. A intenção é tirar conclusões a respeito
da Capacitação da Guarnição da NFBSR no RC Mec, bem como, contribuir para a
capacitação da tropa mecanizada, por meio da comparação direta dos resultados.
100
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A presente seção tem por finalidade apresentar e analisar os resultados
obtidos nas atividades de pesquisa realizadas (revisão de literatura e questionário),
visando verificar “Em que medida a adoção da sistemática de capacitação adotada
pelos Regimentos de Carros de Combate (RCC), com a chegada da Família
Leopard, atende às novas necessidades de capacitação da guarnição da Nova
Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) GUARANI, se for adotada pelos RC
Mec”
Os resultados foram apresentados, em sua maioria, item a item, conforme o
questionário aplicado, porém itens que se complementam foram discutidos no
mesmo tópico, com o objetivo de facilitar a exposição dos dados. Assim, as
informações obtidas puderam ser interpretadas e analisadas individualmente, sejam
agrupadas por semelhança, sejam procurando evidências sobre a existência de
diferenças.
Quando julgado pertinente, as informações obtidas com a realização da
revisão de literatura foram destacadas junto aos itens dos questionários que
abordaram o assunto em destaque, no intuito de agregar informações para a
apresentação das conclusões parciais.
Dos 80 questionários distribuídos, foram respondidos 52 (cinquenta e dois),
entre oficiais e sargentos do 1º RCC e 4º RCC, 17º RC Mec e 6º Esqd C Mec.
Estes militares foram submetidos a um questionário com 24 perguntas
objetivas e subjetivas, de onde foi extraído o conteúdo para a discussão dos
resultados. Todos os pesquisados têm experiência e atuam na área do estudo.
4.1 QUESTIONÁRIO
Segue-se a apresentação dos resultados obtidos, de acordo com a aplicação
do questionário.
As questões de 1 à 7 estão voltadas a evidenciar a possibilidade de
capacitação técnica e tática das guarnições de blindados (sobre rodas e lagartas)
com a utilização da SIBld e também demonstrar o nível de experiência e
conhecimento da amostra sobre o assunto em estudo.
101
QUESTÃO nº 1
A pergunta nº 1 foi encaminhada aos oficias e sargentos das OM Bld e Mec
com o intuito de dimensionar e confirmar a existência ou estruturação das SIBld
nestas OM para basear estatisticamente este estudo.
A OM do Sr. possui uma seção de instrução de Blindados?
Dessa questão obteve-se os seguintes resultados:
GRÁFICO 1 – Existência de SIBld nas OM Bld/Mec.
Fonte: O autor.
Verifica-se que 98,03% (1) dos militares, responderam que sim, somente
1,97% (2) responderam que sua OM não possui a SIBld no momento, mas que esta
em construção.
Tanto o 1º quanto o 4º RCC que já possuem, estão operando e capacitando
suas guarnições utilizando-se da SIBld.
O 6º. Esqd C Mec está finalizando a construção de sua SIBld com vistas a
capacitar as suas guarnições na própria OM e o que no momento ocorre é que se
utiliza de estágios emergenciais realizados no CIBld, unidade vizinha.
O 17º RC Mec está com a sua SIBld em estágio avançado de construção e já
capacita em sua própria OM comandantes de carro e motoristas, entretanto, sem a
maioria dos meios necessários.
Nesta questão verifica-se que o 17º RC Mec e o 6º Esqd C Mec estão
procurando adotar a mesma sistemática de capacitação adotada pelos RCC, que
seguem a determinação constante do PIM, uma vez que as OM mecanizadas não
são contempladas com diretrizes de instrução de blindados pelo PIM 2015.
102
QUESTÃO nº 2
O Sr. já realizou algum estágio na SIBld da sua OM?
Obteve-se o seguinte resultado:
GRÁFICO 2 – Estágio na SIBld da OM.
Fonte: O autor.
Com base nos resultados obtidos, percebe-se que 57,69% dos militares
realizaram estágios na SIBld da sua própria OM em comparação à 42,31% que não
realizaram.
O percentual de 42,31% deve-se, principalmente, pelo fato das OM
mecanizadas (17º RC Mec e 6º Esqd C Mec) estarem com suas SIBld em
construção. Entretanto, dentro desse universo há militares que foram capacitados
pelas SIBld de outras Unidades e no próprio Centro de Instrução de Blindados.
Dessa forma, conclui-se que a ativação das SIBld nas OM mecanizadas é de
fundamental importância, uma vez que elevará o número de militares capacitados na
operação dos meios blindados nas suas próprias Unidades e, consequentemente,
manterá um maior número de guarnições de blindados adestradas.
QUESTÃO nº 3
O Sr. conhece a Seção de Instrução de Blindados existente nos RCC?
Obteve-se o seguinte resultado:
103
GRÁFICO 3 – Conhecimento da SIBld do RCC.
Fonte: O autor.
Obviamente que os militares que servem nos RCC conhecem sua SIBld,
entretanto, buscava-se com esse questionamento avaliar realisticamente sobre o
conhecimento das OM mecanizadas, diante da sistemática de capacitação adotada
nas OM de carros de combate, uma vez que a intenção desse estudo é verificar se
esta sistemática atende às necessidades daquelas OM.
Vislumbra-se pelas respostas dos questionários que o fato de se ter 23,08% de
militares que não conhecem a SIBld dos RCC pode-se dar, principalmente, pelo
representativo número de militares com menos de 2 anos de serviço, partindo-se da
premissa que a pouca experiência e vivência profissional influenciou neste resultado.
QUESTÃO nº 4 e 5
O Sr. é operador de blindados?
Quanto tempo o Sr. é ou foi operador desse meio blindado?
Obtiveram-se os seguintes resultados:
104
GRÁFICO 4 – Operador de Blindados. GRÁFICO 5 – Tempo Operando Blindados.
Fonte: O autor. Fonte: O autor.
Com a observação destes resultados, percebe-se que algo está ocorrendo
muito nas OM blindadas, que é o significativo número de militares que estão
servindo em OM dotadas de blindados mas que não são operadores deste meio,
tanto oficiais como sargentos. Ressalta-se como evidência levantada nos
questionários, que o crescente encargo administrativo que as OM possuem gera
esse efeito, associado ao fato de militares recém chegados às referidas OM e que
ainda não foram certificados como operadores, conforme preconiza a diretriz de
blindados do CMS.
Observa-se no gráfico 5, que 39,28% tem menos de 1 ano operando
blindados, o que torna relevante o fato de se buscar um constante adestramento
pela pouca experiência destes militares. Ainda assim, temos um considerável
número de militares com grande experiência no assunto, 21,05% entre 1 e 2 anos,
19,16% entre 2 e 4 anos, 13,23% entre 4 e 6 anos e 7,29% com mais de 6 anos
operando blindados.
Levando em consideração as características da vida e atividade militar, como a
constante transferência de militares, unidades de diversas naturezas e as missões
não afetas à operação de blindados, estes números crescem de importância, pois
permitem dimensionar a capacidade operativa das unidades, refletindo a
necessidade de se manter militares experientes neste tipo de tropa, tendo em vista o
alto custo e elevado tempo necessários para capacitar e adestrar uma guarnição de
blindados.
105
QUESTÃO nº 6
Quais os cursos relacionados a blindados que o Sr. possui?
Obteve-se o seguinte resultado:
GRÁFICO 6 – Cursos de Blindados.
Fonte: O autor.
Pode-se observar que 57,69% dos militares possuem curso de Cascavel e
Urutu (tropa mecanizada), justamente as tropas que estão em processo de
construção de suas SIBld, com vistas a receber a NFBSR Guarani, inclusive nestas
mesmas unidades temos 9,61% de militares que já são operadores da plataforma
básica do Guarani.
Os outros 32,69% são especializados nas Viaturas Blindadas de Combate
Leopard 1 A 5, especificamente nos RCC.
A constatação evidenciada do gráfico 6 é que quase 10% dos militares já
possuem curso da Viatura Blindada Guarani o que denota a preocupação da Força
em capacitar seus recursos humanos para a chegada desta família de blindados.
QUESTÃO nº 7
Quais as funções que o Sr. desempenhou até hoje?
Obteve-se o seguinte resultado:
106
GRÁFICO 7 – Funções desempenhadas.
Fonte: O autor.
Observa-se que a pesquisa foi realizada entre militares que possuem
qualificação e experiência na operação de Blindados, tanto sobre lagartas quanto
sobre rodas.
Temos 29 militares capacitados em serem comandantes de carro de
combate, 16 comandantes de pelotão, 4 comandantes de esquadrão , 2 diretores de
Seção de Instrução de Blindados e 01 comandante de Unidade Mecanizada(que
também foi chefe da seção de doutrina do CIBld), dentre estes militares, alguns
foram instrutores e monitores do Centro de instrução de Blindados e das SIBld de
suas OM.
Tendo por objetivo geral otimizar a CTTEP nos RC Mec para aperfeiçoar e
modernizar a capacitação dos recursos humanos, a experiência funcional e
capacitação destes militares da pesquisa crescem de relevância para o estudo, uma
vez que operam diretamente com blindados orgânicos de suas OM e trabalham com
a sistemática de capacitação atual, podendo assim caracterizar, com propriedade,
as necessidades de capacitação da NFBSR.
As questões de nº 8 a 20 pretendem verificar a sistemática de capacitação da
tropa blindada e mecanizada em execução atualmente.
107
QUESTÃO nº 8
O Sr.concorda que as instruções de capacitação da tropa blindada devam ser:
(Dentro do universo de 57,69% que realizaram estágio na SIBld)
GRÁFICO 8 – Local da capacitação.
Fonte: O autor.
Pode-se constatar que 80,76% dos militares que já realizaram estágio na SIBld
acreditam que a melhor maneira de se conduzir a capacitação técnica e tática do
efetivo profissional seja realmente de forma centralizada em uma Seção de
Instrução de Blindados.
Esta sistemática já é utilizada de forma eficiente nos Regimentos de Carro de
Combate e constitui a Certificação Operacional Individual e da Guarnição,
determinada pelo PIM 2015, e preconizada pela Diretriz de Blindados do CMS.
Os motivos levados em consideração para mais de 80% dos entrevistados
acreditarem nesta sistemática, os 13,46 % optarem pela forma descentralizada nas
subunidades dos Regimentos e 5,76% de instrução no CIBld serão expostos na
questão a seguir.
QUESTÃO nº 9
Com relação ao item anterior, quais os fatores levados em consideração.
a) Todos os mencionados abaixo
b) Nivelamento de conhecimento
108
c) Concentração de pessoal e meios
d) Padronização de procedimentos
e) Facilidade de planejamento e controle das instruções
f) Facilidade de adaptar o período de instrução com a rotina da OM
GRÁFICO 9 – Fatores levados em consideração.
Fonte: O autor.
Observa-se que 61,53% dos entrevistados levam em consideração todos os
motivos elencados na questão nº 9, de maneira conjunta, o que evidencia
sobremaneira a necessidade dessa capacitação ser realizada de forma centralizada.
A revisão de literatura corrobora para este entendimento uma vez que ao
analisar a sistemática do CTTEP dos RCC e RC Mec pode-se asseverar que existe
uma lacuna na parte de instrução de OM desta natureza, pois o programa padrão
seguido ainda é experimental, mesmo estando a Família Leopard em atividade a
cerca de 10 anos no Exército Brasileiro.
O Programa de Instrução Militar (PIM 2015) vem tentando completar esta
lacuna em seu Capítulo X – Instrução das Tropas Blindadas, entretanto, omite
orientações para as tropas mecanizadas.
109
QUESTÃO nº 10
Quais as instalações e meios que o Sr. acha importante que a SIBld da sua
OM deva possuir, para capacitar suas guarnições de forma eficiente mesmo se a
SIBId estiver em construção:
a) todos os itens mencionados abaixo
b) sala de simuladores
c) simulador de procedimentos de motorista
d) simulador de procedimentos do atirador
e) simulador de procedimentos do Cmt Carro
f) simulador de procedimentos do Aux Atirador
g) simulador virtual para TTP e técnica de Tiro
h) Simulador Virtual Tático (steal beasts)
i) sala de instrução (Briefings e instruções teóricas)
j) sala de instrução prática (prática de chassi e sistemas anexos)
l) Sala da Torre de Procedimentos (simulador de panes)
m) Caixão de areia (Ordem à fração)
n) Dispositivo de simulação e engajamento tático (DSET) para plataforma
blindada
GRÁFICO 10 – Instalações e meios da SIBld da OM.
Fonte: O autor.
110
Os resultados apresentados no GRÁFICO 10 indicam que, a maioria da
amostra (94,23%) apontam como importante que suas seções de instrução de
blindados devam possuir os 12 itens elencados, o que evidencia o alto grau de
relevância desta seção, com seus meios tecnológicos para a eficiente capacitação
da tropa blindada.
QUESTÃO nº 11
Os meios/instalações existentes hoje na sua OM são suficientes para
capacitar a guarnição de blindados?
GRÁFICO 11 – Meios da SIBld da OM.
Fonte: O autor.
O Resultado apresentado no GRÁFICO 11, com 69,23% dos militares
apontando que os meios existentes na sua OM são suficientes para capacitar a
guarnição de blindados, traduz especificamente a realidade vivida pelos RCC. Os
questionários respondidos pelas OM mecanizadas é traduzido pelos 30,77% dos
militares que responderam negativamente, uma vez que as OM ainda não possuem
todos os meios.
Na análise deste resultado pode-se verificar a importância da OM possuir todos
os meios para a efetiva capacitação da tropa, sejam instalações, bancadas de
sistemas, cabines de simulação, torre didática e de panes entre outras. Os militares
das OM Mec, que empregam e ministram diariamente instruções, demonstram
através das suas respostas que os meios disponíveis nas suas OM não são
suficientes, principalmente quando se trata da NFBSR, sendo necessário envidar
esforços no desenvolvimento e na implementação efetiva e a curto prazo dos
referidos meios.
111
QUESTÃO nº 12
Com relação a sistemática de capacitação da Tropa Blindada da sua OM:
a) Se desenvolve nas salas de instrução da SIBld
b) É dividida em instrução teórica (salas), prática (garagens e Atv no terreno)
e simulação (meios de simulação dos elementos da guarnição, torre didática e
cenários)
c) É dividida em 3 fases
- 1ª Fase – Habilitação individual (Cmt Carro, Mot, Atdr e Aux Atdr)
- 2ª Fase – Habilitação da guarnição (exercícios de simulação nível Gu)
- 3ª Fase – Certificação (Exercícios de simulação nível Pelotão culminando
com tiro real no terreno)
d) Outra forma
Obteve-se o seguinte resultado:
GRÁFICO 12 – Sistemática de capacitação .
Fonte: O autor.
Conforme o GRÁFICO 12 revela, com cerca de 90% da amostra, a sistemática
de capacitação da tropa blindada se desenvolve nas salas de instrução com parte
teórica, prática e diversos meios de simulação e é dividida em 3 fases, com
habilitação individual, da guarnição culminando com a certificação nível pelotão e,
em alguns casos, atingindo nível esquadrão.
As outras formas, com 10% de participação no resultado, dizem respeito a uma
sistemática incompleta, onde ocorre apenas algumas instruções ou fases, seja pela
falta de recursos, meios, estrutura ou pessoal.
112
QUESTÃO nº 13
Alguma atividade rotineira dificulta a realização da capacitação das
guarnições?
Obteve-se o seguinte resultado:
GRÁFICO 13 – Outras atividades dificultam a capacitação.
Fonte: O autor.
No gráfico percebe-se que 73,46% da amostra cita que existem diversas
atividades da sua OM que dificultam a realização ininterrupta da capacitação, o que
de certa forma impacta diretamente na eficiência da instrução e na qualidade da
aprendizagem.
Foram citadas atividades como Operações na Faixa de Fronteira, operações de
GLO, diversas formaturas, escala de serviço, manutenção de áreas do
aquartelamento, recepção de comitivas, visita de autoridades e outras atividades
administrativas, como escala de exame de contracheque, sindicância e inquérito
policial militar.
QUESTÕES nº 14, 15 E 16
As questões nº 14, 15 e 16 tratam acerca da previsão da OM para receber a
Viatura Guarani, se está Construindo uma SIBld e como está se preparando para
receber essa Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR).
Na análise destes dados foi confirmado que as OM mecanizadas estão
preparando sua infraestrutura com a construção de salas para instruções teóricas,
113
auditório para briefing, salas para os diversos simuladores, garagem para viaturas,
bancada de sistemas, torres didáticas, cabines de simulação da guarnição e também
estão começando a capacitar especificamente comandantes de carro e motoristas,
entretanto, sem o uso de nenhuma simulação, haja vista que os simuladores estão
em processo de desenvolvimento, segundo o Estado-Maior do Exército (EME).
Dessa forma a capacitação está sendo realizada com instruções teóricas e
práticas, contando com o próprio carro de combate como meio de instrução.
QUESTÃO 17
Com relação a equipe de instrução da SIBld o Sr. Concorda com a seguinte
estrutura:
- 01 Capitão (Diretor da SIBld);
- 04 Ten (Instrutores) / 01 por SU;
- 08 Sgt (Instrutores/monitores) / 02 por SU; e
- Ao menos um Of/Sgt da Equipe com curso de Instrutor Avançado de Tiro
(IAT) e outro com Curso de Operador.
a) concordo totalmente
b) concordo parcialmente
c) não concordo, nem discordo
d) discordo parcialmente
e) discordo totalmente
Obteve-se o seguinte resultado:
GRÁFICO 14 – Composição da Equipe de instrução.
Fonte: O autor.
114
Na análise dos dados verificou-se que 50% concorda totalmente, 40,40%
concorda parcialmente, 5,76% discorda totalmente e 3,84 não concorda e nem
discorda.
Realizando um estudo das respostas apresentadas e do GRÁFICO 14, item 1,
percebe-se que metade da amostra concorda com o efetivo da equipe de instrução
sugerido, entretanto, ressaltam a importância de que esse efetivo seja incluído no
QCP das OM, pois só assim se conseguiria constituir a equipe, caso contrário, estes
militares seriam retirados das suas Subunidades e acumulariam mais essas funções,
o que na prática atual acaba ocorrendo.
Dentro dessa realidade que se apresenta, surge, conforme o item 2 representa,
uma parcela de 40,40% da amostra concordando parcialmente por acreditarem que
este efetivo é superior a capacidade de um OM. Esta parcela, baseada na falta de
efetivo, sugere outras composições, com o valor de um pelotão de uma Subunidade.
Assim, a equipe da SIBld teria seu Diretor sendo seu próprio Cmt de
Subunidade, um Tenente Comandante de um pelotão e seus 4 Sargentos, todos
instrutores.
Apesar de reduzida, a amostra revela nas suas respostas que essa prática já é
executada de maneira eficaz, como forma de superar a falta de pessoal previsto em
QCP.
No item 3, dentro do universo de 5,76% estão aqueles militares que acreditam
que a capacitação deva ser descentralizada ou até mesmo unicamente no Centro de
Instrução de Blindados.
Os 3,84% restantes da amostra não concordaram nem discordaram, por
diversos motivos, como desconhecimento.
QUESTÕES nº 18 e 19
Estas questões perguntavam se existem militares na OM capacitados em
operar a NFBSR Guarani e em quais funções são habilitados.
Obteve-se o seguinte resultado:
115
GRÁFICO 15 – Operador de Guarani. GRÁFICO 16- Elemento da Gu Bld.
Fonte: O autor. Fonte: O autor.
Como pode-se constatar no Gráfico 15, item 2, somente 32,69% da amostra é
habilitada em operar a Vtr Guarani, e estão, obviamente, centralizados nas OM
mecanizadas. Ainda não constituem um efetivo maior por diversos motivos, entre
eles, por se tratar de uma Vtr em teste, em pequena quantidade distribuída e,
principalmente, pelas seções de instrução de blindados estarem em construção,
bem como, seus diversos meios de simulação em desenvolvimento.
Dentro desse pequeno universo de operadores de Guarani verificamos que a
maioria dos militares, cerca de 47%, é habilitada em ser Cmt de Carro, 39%
motoristas e em menor número com apenas 14%, estão os atiradores.
Esta quantidade reduzida de atiradores se deve ao fato principal de que o
sistema de armas das diversas versões da Vtr Guarani ainda não foi definido e
também se encontra em desenvolvimento.
QUESTÃO nº 20
O Sr. acredita que esses militares podem compor a SIBld para conduzir a
CTTEP da OM?
Obteve-se o seguinte resultado:
116
GRÁFICO 17 – Capacidade de compor a SIBld da OM.
Fonte: O autor.
Através da análise dos dados pode-se concluir que 65,38% dos militares que
responderam a pesquisa acreditam que os militares já capacitados podem compor a
Seção de Instrução de Blindados da OM o que representa um grande percentual
comparado aos 19,23% que não acreditam, por diversos fatores, entre eles pelo fato
da capacitação ter sido feita numa plataforma básica, sem o sistema de armas, nem
sistema de navegação e comunicações.
Os ensinamentos colhidos com esta questão é que tão logo se definam esses
sistemas e tecnologias agregadas ao carro, estes mesmo militares devam passar
por reciclagem e atualização de capacitação.
As questões de 21 à 24 objetivam realizar uma analogia com a sistemática de
Capacitação das Guarnições Blindadas Sobre Lagartas (RCC) e verificar em que
medida esta sistemática atende as novas necessidades de capacitação das tropas
mecanizadas, com a chegada da NFBSR Guarani.
QUESTÃO nº 21
Tendo em vista a sua experiência em blindados, com a chegada da NFBSR –
Guarani, o Sr. acredita que seja necessário estruturar uma SIBld para conduzir a
CTTEP das OM mecanizadas de Cavalaria?
Obteve-se o seguinte resultado:
117
GRÁFICO 18 – Estruturação da SIBld para a NFBSR Guarani.
Fonte: O autor.
Os resultados apresentados no gráfico 18 indicam que 86,54% da amostra
acreditam que seja necessário estruturar uma Seção de Instrução de Blindados, o
que demonstra o alinhamento de pensamento da grande maioria dos militares, que
inegavelmente possue conhecimento e experiência no assunto.
Conforme apresentado, o resultado da Questão nº 21 mostra que há o
consenso da amostra de que a SIBld influenciaria positivamente na CTTEP das
tropas mecanizadas em proveito da capacitação das guarnições blindadas,
aumentando a eficiência desta com aquela.
Havendo esse consenso, concluiu-se parcialmente que, é de fundamental
importância estruturar e capacitar as Seções de Instrução de Blindados nas OM
mecanizadas para receber a NFBSR.
QUESTÃO nº 22
Quais os principais motivos que o Sr. acredita que motivem a estruturação de
uma SIBld pra conduzir a CTTEP com a chegada da NFBSR Guarani:
a) Padronização e uniformidade de procedimentos
b) Centralização e economia de meios
c) Centralização e economia de pessoal especializado
d) Diversos sistemas de alta tecnologia (armas, comunicações, navegação,
gerenciamento do campo de batalha, DQBRN, anti-incêndio etc.. )
118
e) Emprego de Simulação Virtual (Steal Beasts)
f) Emprego de dispositivo de simulação de engajamento tático
Obteve-se o seguinte resultado:
GRÁFICO 19 – Motivos para a estruturação da SIBld.
Fonte: O autor.
Os resultados apresentados no gráfico 19 indicam que 93,07% da amostra
concordam que todos os motivos elencados na questão motivam a estruturação de
uma SIBld para conduzir a CTTEP com a chegada da NFBSR Guarani.
Percebe-se ainda que, a minoria de 6,93% concorda com alguns itens
somente, mas nenhum questionado elencou outros meios.
QUESTÃO nº 23
O Sr. concorda que o Sistema de Capacitação das Guarnições dos RCC,
utilizando-se da SIBld, atende às necessidades da Nova Família de Blindados sobre
Rodas (NFBSR) Guarani com toda a sua tecnologia agregada?
Obteve-se o seguinte resultado:
119
GRÁFICO 20 – Sistemática do RCC atende ao RC Mec.
Fonte: O autor.
Percebe-se que 90,39% dos militares concordam, seja parcialmente ou
totalmente, que o Sistema de Capacitação das Guarnições dos RCC, utilizando-se
da SIBld, atende as necessidades da Nova Família de Blindados sobre Rodas
(NFBSR) Guarani com toda a sua tecnologia agregada.
A maioria da amostra, com 67,32% concorda totalmente, e 23,07% concorda
parcialmente, expondo em suas respostas no questionário que a sistemática teria
que sofrer adaptações técnicas, no que tange a adequação dos meios de instrução e
estrutura para a plataforma Guarani, por se tratarem de viaturas com sistemas
diferentes.
O cerne da questão já trazia este entendimento, entretanto não ficou de
maneira tão explicita, o que acabou por levar alguns militares a esse aparente
equívoco.
Porém esse entendimento por alguns não afetou o resultado esperado e
demonstrado no gráfico, tornando evidente que a maioria dos pesquisados concorda
que a sistemática utilizada pela tropa CC e que também se aplica a tropa C Mec.
QUESTÃO nº 24
Este espaço é seu. Sinta-se à vontade para registrar suas opiniões e
contribuições para a pesquisa.
120
Na resposta deste item, em que os questionados poderiam emitir suas
opiniões, houve colaborações que já foram descritas durante as questões e
ressaltadas novamente por ocasião desta resposta.
Foram abordados e veementemente comentados por um número considerado
de militares basicamente 2 (dois) fatos:
- O primeiro diz respeito a constituição da equipe de instrução, que não está
prevista em documento nenhum, tampouco consta do QCP das OM, o que,
conforme asseveram, prejudica e muito o desenvolvimento da capacitação; e
- O segundo fato, refere-se às diversas outras missões, encargos
administrativos e atividades paralelas que influenciam negativamente o
desenrolar das instruções, tanto por parte da equipe de instrução como por
parte dos instruendos.
121
5 CONCLUSÃO
Para o desenvolvimento deste estudo foi estabelecido um problema a ser
solucionado, objetivo geral, objetivos específicos e hipóteses, os quais direcionam
todo o processo de estudo realizado.
Esta dissertação de mestrado assumiu como objetivo geral otimizar a CTTEP
nos RC Mec e, para isso, buscou reunir informações acerca da sistemática utilizada
pelos RCC, dotados da família Leopard, verificando se atenderia as necessidades
do RC Mec com a chegada da Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR)
Guarani, que ao final do estudo foi atingido, permitindo delinear que o caminho da
Sistemática de Capacitação dos RC Mec pode se aproveitar, e muito, da
capacitação desenvolvida pelos RCC, há mais de 10 anos.
O referido estudo consta de uma análise baseada, sobretudo, na experiência
de militares operadores de blindados sobre rodas e também sobre lagartas com a
finalidade de concluir a respeito da melhor forma de conduzir a capacitação da
guarnição de blindados no RC Mec, frente às exigências da NFBSR Guarani.
Os Objetivos presentes no subitem 1.3, tanto o geral quanto os específicos,
foram atingidos. Foi possível levantar subsídios para otimizar a CTTEP nos RC Mec
no que tange à necessidade de se editar, publicar e aplicar, em tempo reduzido, um
programa padrão de capacitação técnica e tática, com a utilização de modernos
meios de instrução, concebidos dentro da utilização das Seções de Instrução de
Blindados. Subsídios esses advindos através da análise dos ensinamentos e
experiências dos militares que integram o 6º Esqd C Mec e 17º RC Mec, que
empregam blindados sobre rodas e 1º e 4º RCC, unidades que empregam meios
blindados sobre lagartas.
Ainda foi possível identificar a sistemática de capacitação da guarnição de
blindados utilizada pelos 1º e 4º Regimentos de Carros de Combate, que seguem
um Programa Padrão experimental, surgido em 2011, e atuam tanto na IIQ quanto
CTTEP, enfatizando os aspectos técnicos sobre os táticos, proposto pelo Centro de
Instrução de Blindados, para a formação das Guarnições destes Carros.
Entretanto, para a capacitação técnica e tática do efetivo profissional, não
existe um programa padrão, dessa forma, as unidades se utilizam da certificação
individual e da guarnição determinada pelo Comando Militar do Sul que padronizou e
emitiu uma diretriz de instrução a ser cumprida pelas OM Blindadas, determinando a
122
estas, a implantação das Seções de instrução de Blindados.
O presente estudo descreve também, a Nova Família de Blindados Sobre
Rodas (NFBSR), que é um dos 7 projetos estratégicos do Exército e um dos
indutores de modernização da Força Terrestre, podendo contemplar até 17 versões
de viaturas sobre a mesma plataforma Guarani.
É um grandioso projeto de modernização, de projeção internacional e de
fomento à indústria de defesa brasileira, cujo sucesso depende de um profundo e
amplo processo de transformação. Deve-se construir seu escopo de forma a
abranger as áreas de pesquisa e desenvolvimento com novos meios e materiais que
comporão a NFBSR, do suporte logístico integrado e, principalmente, da capacitação
das guarnições que será empregada e da infraestrutura de apoio necessária para
receber essa moderna plataforma blindada.
No que tange especificamente à sistemática de capacitação da guarnição da
NFBSR Guarani nos RC Mec, o presente estudo apresenta resultados cujos
domínios podem conduzir a diversas implicações para as OM. Nesta análise
constatou-se, primordialmente, a necessidade de mobiliar, a curto prazo, as OM com
meios e estrutura de tecnologia que possibilitem uma fiel simulação
(Virtual/Construtiva/Viva) de todas as capacidades do Guarani. Em segundo ponto e
não menos importante, a designação de uma equipe qualificada, prevista em QCP, e
na proporção de, no mínimo, 01 (um) Pel C Mec constituindo a equipe de instrução
da SIBld dos RC Mec.
Este Pel C Mec seria, exclusivamente, constituído por militares capacitados e
experientes que atuariam como instrutores, monitores e auxiliares. Todo seu efetivo
mobiliaria a Seção de Instrução de Blindados do RC Mec e ficaria responsável pela
capacitação da tropa mecanizada no tocante a instrução técnica e tática da Vtr
Guarani.
Com relação a revisão de literatura, constatou-se a atenção da Força
Terrestre ao novo cenário de conflitos mundiais, onde os ProDe devem atender às
novas exigências do combate moderno. Neste ínterim, a Estratégia Nacional de
Defesa, no quesito mobilidade estratégica, entende como implicação necessária a
evolução dos blindado e, o desenvolvimento de tecnologias capazes de assegurar
precisão na execução do Tiro, o que não se alcança somente com materiais de alta
tecnologia, mas principalmente, com militares muito bem capacitados e adestrados.
123
Neste escopo o PIM/2015 estabelece, em seu Capítulo X, diversas diretrizes
para as instruções de tropas blindadas. Entretanto, não contempla as tropas
mecanizadas, o que dificulta a manutenção e padronização da capacitação destes
elementos.
Para preencher essa lacuna, o CMS, que dispõe da maior parte dos meios
blindados e mecanizados do Exército, recomendou, na sua diretriz de blindados,
atenção ao emprego das SIBld nas OM Bld dotadas da Família Leopard, e nas OM
mecanizadas, somente manteve a execução do Programa de Instrução, uma vez
que não contempla meios de simulação adequados, capazes de mobiliar uma SIBld.
Assim, os RCC utilizam-se de modernas SIBld que contam com estrutura
adequada, pessoal capacitado e meios de simulação altamente tecnológicos para
realizarem a capacitação das guarnições dos seus blindados, diferentemente dos
RC Mec, que ainda não possuem SIBld estruturada nem meios de simulação.
Esta dificuldade dos RC Mec está sendo superada com a preparação de
algumas OM mecanizadas, tendo em vista a chegada da NFBSR.
Para finalizar, a consolidação dos resultados da pesquisa de campo, realizada
sob o olhar crítico de experientes e capacitados militares especialistas da Família
Leopard, permite concluir que, de fato, a H1 pode ser confirmada. Assim “A
sistemática de capacitação dos RCC atende às novas necessidades de capacitação
da Guarnição da Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani se for
adotada pelos RC Mec”, na medida em que alcança, com eficiência operacional a
missão de capacitar as guarnições de seus blindados, deixando-as aptas ao
combate embarcado, conforme a certificação operacional determinada pelo CMS.
5.1 SÍNTESE DOS FATOS LEVANTADOS, SUGESTÕES E CONTRIBUIÇÃO PARA
O RC MEC
Com a chegada da NFBSR Guarani a algumas OM mecanizadas para
experimentação logística e doutrinária, alguns comandantes sentiram a necessidade
de adequar a forma de capacitar suas guarnições e, por iniciativa, começaram a
estruturar as suas próprias SIBld Mec, de maneira análoga aos RCC.
O estudo revela que 86,54% da amostra acredita que seja necessário
estruturar uma SIBld para conduzir a CTTEP das OM mecanizadas de Cavalaria. E
93,07% desta amostra concorda que a padronização de procedimento, centralização
124
e economia de meios, pessoal especializado, diversos sistemas de alta tecnologia
(armas, comunicações, navegação, gerenciamento do campo de batalha, DQBRN,
anti-incêndio etc.), emprego de Simulação Virtual (Steel Beasts) e emprego de
dispositivo de simulação de engajamento tático motivam a estruturação de uma
SIBld para conduzir a CTTEP com a chegada da NFBSR Guarani.
Esses motivos levaram a 90,39% dos militares concordarem, que o sistema de
capacitação das Guarnições dos RCC, utilizando-se da Seção de Instrução de
Blindados com sala de simuladores, Simulador de Procedimentos de Torre (SPT),
Simulador de Procedimentos de Motorista (SPM), Treinador Sintético Portátil (TSP),
sala de instrução prática com bancada de chassi e sistemas anexos, sala de
procedimentos de torre e dispositivo de simulação e engajamento tático atende às
necessidades da Nova Família de Blindados sobre Rodas (NFBSR) GUARANI com
toda a sua tecnologia agregada.
Assim, após o estudo em tela, sugere-se, como contribuição para os RC Mec,
quanto a sistemática de capacitação da guarnição de blindados com a chegada da
NFBSR:
1) Estruturar e utilizar as Seções de Instrução de Blindados em suas OM, de
maneira análoga as SIBld dos RCC, resguardadas suas diferenças técnicas,
táticas e operacionais;
2) Sugerir ao Escalão Superior:
a) a promoção de estudos, seminários, parcerias e a necessidade de
todas as modalidades de simulação (Virtual/Sintética, Viva e
Construtiva) frente às exigências tecnológicas da NFBSR Guarani,
fazendo-se valer, principalmente, de empresas e instituições de ensino
locais, como ocorre na Guarnição Militar de Santa Maria – RS;
b) Estudos para atualizar a doutrina de emprego da Vtr Bld Guarani e
propor um PP para a CTTEP das unidades Mecanizadas do CMS,
CMN, CMA,CML,CMO,CMP e CMSE, tendo em vista a tecnologia
embarcada, como detecção por laser, proteção anti-minas, sistema de
armas automatizado, sistema optrônico que permite o combate noturno
e o reconhecimento de maior alcance, software de gerenciamento do
campo de batalha e proteção química, biológica, radiológica e nuclear.
3) Fomentar, junto ao escalão superior, a necessidade das SIBld Mec
possuírem cargos específicos no QCP;
125
4) Trabalhar com a hipótese de, em caso de impossibilidade em QCP de cargos
específicos, mobiliar a SIBld Mec com um Pel C Mec de uma de suas SU,
sendo o Cmt desta seu Diretor.
Por fim, espera-se que o presente estudo contribua como fonte de consulta e
subsídio para a sistemática de capacitação da Nova Família de Blindados Sobre
Rodas Guarani, em especial aos Regimentos de Cavalaria Mecanizados,
estimulando as guarnições de blindados a buscarem e elevarem seu nível de
capacitação e adestramento no emprego de modernas e tecnológicas máquinas de
guerra.
126
REFERÊNCIAS
AYRES, Fernando Arduini; LAROSA, Marco Antonio. Como produzir uma monografia passo a passo: siga o mapa da mina. 6 ed. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2005. BASTOS JR, Paulo Roberto. Os Blindados de Rodas Brasileiros. Verde-Oliva, Rio de Janeiro, ano XLII, n. 227, p. 10, abr. 2015. BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Centro de Instrução de Blindados. Memória n. 053 - Modernização da Cavalaria Mecanizada. Santa Maria, RS, 2011a. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Centro de Instrução de Blindados. Seção de Instrução de Blindados para os batalhões de Infantaria Mecanizados, Regimentos de Cavalaria Mecanizados e Esquadrões de Cavalaria Mecanizados (Projeto Interdisciplinar). Santa Maria, RS, 2014a. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Centro de Instrução de Blindados. Implantação de uma Seção de Blindados nas OM dotadas com a NFBSR – Guarani (Projeto). Santa Maria, RS, 2014b. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Comando de Operações Terrestres. PPQ 02/2: Qualificação do Cabo e do Soldado de Cavalaria. 3 ed. Brasília, DF, 2001. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Comando de Operações Terrestres. Programa de Instrução Militar. 1 ed. Brasília, DF, 2014c. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Comando Militar do Sul. Diretriz de Blindados. Porto Alegre, RS, 2014d. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Manual de Campanha C 2-1: Emprego da Cavalaria. 2. ed. Brasília: EGGCF, 1999. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Manual de Campanha C 2-20: Regimento de Cavalaria Mecanizado. 2 ed. Brasília: EGGCF, 2002a.
127
______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Manual de Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Dissertações. 2. ed. Rio de Janeiro: EsAO, 2005 ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. C 100-5: operações. 3. ed. Brasília, DF, 1997. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. C 21-30: Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas. 3. ed. Brasília: EGGCF, 2002. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Condicionantes Doutrinárias e Operacionais da NFBSR- Guarani. Brasília, DF, 2012a. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Condicionantes Doutrinárias e Operacionais n. 03 da NFBSR. Brasília, DF, 2013. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. IP 100-1: bases para a modernização da doutrina de emprego da Força Terrestre (Doutrina Delta). 1. Ed. Brasília, DF, 1996. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Sistema de Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF, 2012b. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estratégia Nacional de Defesa. 2. ed. Brasília, DF, 2008. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Livro Branco da Defesa Nacional. Brasília, DF, 2012c. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Centro de Instrução de Blindados. Seção de Doutrina. Análise da EsAO sobre as Unidades de Cavalaria Mecanizados. Santa Maria, RS, 2011b. JUNIOR, Ilki Amaro. A viabilidade operacional de homogeneidade dos meios mecanizados sobre rodas da Brigada de Cavalaria Mecanizada. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola de Comando e Estado-Maior, Rio de Janeiro, 2007.
128
MORGADO, Flávio Roberto Bezerra. As Forças Mecanizadas do Exército Brasileiro – uma proposta de modificação, atualização e modernização. Dissertação de Mestrado. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2007. RIBEIRO, André Luiz Aguiar. A Brigada de Infantaria Mecanizada nas Operações Ofensivas: uma proposta de emprego. 2007. Dissertação de Mestrado. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2007. SOUZA JÚNIOR, Jorge Francisco de. As Forças Blindadas do Exército Brasileiro – atualização, modificação e modernização: uma proposta. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2010.
129
APÊNDICE A
Questionário de Pesquisa
(Não necessita identificação nominal)
Posto/Graduação: ______________________________OM:___________________
O presente questionário tem por finalidade servir de base para um Projeto de
Pesquisa apresentado a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Militares.
O tema do referido projeto é “O sistema de capacitação da guarnição
da Nova Família de Blindados Sobre Rodas (NFBSR) Guarani: Contribuições
para a Tropa Mecanizada.”
A pesquisa terá como foco a resposta ao seguinte problema: “Em que medida
a adoção da sistemática de capacitação adotada pelos Regimentos de Carros
de Combate (RCC), com a chegada da Família Leopard, atende às novas
necessidades de capacitação da Guarnição da Nova Família de Blindados
Sobre Rodas (NFBSR) Guarani, se for adotada pelos RC Mec”?
O questionário deve ser, preferencialmente, respondido pelo Chefe da 3ª
Seção, Diretor da SIBld, oficiais e praças que desempenham função em SU de
Carros de Combate ou Cavalaria Mecanizada, sendo fundamental que todas as
questões sejam expostas de maneira completa e verdadeira com o objetivo de
embasar a pesquisa com informações fidedignas.
Na análise das respostas não serão divulgadas as OM que responderam o
questionário, primeiramente por se tratar de uma informação irrelevante para a
conclusão da pesquisa, uma vez que a verificação quantitativa e qualitativa dos
dados colhidos contemplará, de maneira eficiente, o objetivo da pesquisa e,
também, para evitar um desgaste ou exaltação desnecessária da imagem da OM,
garantindo a validade das respostas apresentadas.
Desde já, agradeço pela colaboração das respostas que irão contribuir,
sobremaneira, com a pesquisa.
130
1. A OM do Sr. possui Seção de Instrução de Blindados?
[ ] Não
[ ] Sim
[ ] SIM, em construção
Se SIM, para operar qual meio Blindado:
___________________________________________________________________.
2. O Sr. já realizou algum estágio na SIBld da sua OM?
[ ] Não
[ ] Sim
Se SIM, qual(is) estágio(s) foi(ram) realizado(s):
___________________________________________________________________.
3. O Sr. conhece a Seção de Instrução de Blindados existente nos
Regimentos de Carros de Combate do Exército Brasileiro?
[ ] Não
[ ] Sim
4. O Sr. é ou foi operador de Blindados (Leopard/Cascavel/Urutu/Guarani)?
Pode ser marcada mais de uma resposta.
[ ] Não
[ ] Sim - Leopard 1 A 5 BR
[ ] Sim - Leopard 1 A 1 BR
[ ] Sim- Cascavel e Urutu
[ ] Sim – Guarani
[ ] Sim – outros :__________________________________________________.
131
5. Quanto tempo o Sr. É ou foi operador deste(s) meio(s) blindado(s)?
[ ] Menos de 1 ano
[ ] entre 1 e 2 anos
[ ] entre 2 e 4 anos
[ ] entre 4 e 6 anos
[ ] mais de 6 anos
6. Qual(is) curso(s) relacionado(s) a blindados o Sr. possui, dentre os
relacionados abaixo? (pode ser marcada mais de uma resposta)
[ ] Curso/estágio técnico ou tático de Leopard 1 A 1 BR no CIBld
[ ] Curso/ estágio de Operador de Leopard 1 A 5 BR no CIBld
[ ] Instrutor Avançado de Tiro Leopard no CIBld
[ ] Curso/ estágio de Operação de VBTP/ VBR no CIBld
[ ] Curso/ estágio de Operador de Viatura Blindada Guarani no CIBld
[ ] Não possui Curso/ estágio no CIBld
[ ] Realizou estágio de capacitação na SIBld da Própria OM
[ ] Capacitação realizada durante curso de formação (EsSA/AMAN)
[ ] Outros:__________________________________________________________.
7. Qual (is) a(s) função(ões) o Sr. desempenhou até hoje?
[ ] Cmt U
[ ] S3
[ ] Diretor da SIBld
[ ] Cmt SU CC/ C Mec
[ ] Cmt Pel CC/ C Mec
[ ] Adj Pel CC/ C Mec
132
[ ] Cmt Carro (CC /VBR /VBTP/Guarani)
[ ] Instrutor da SIB da OM
[ ] Outras:_________________________.
8. O Sr. concorda que as instruções de capacitação de tropa blindada devam
ser:
[ ] centralizadas numa SIBld na própria OM
[ ] descentralizadas nas diversas SU da OM
[ ] Realizadas unicamente no Centro de Instrução de Blindados
[ ] Outros__________________________________________________________.
9. Com relação ao item anterior, assinale abaixo o(s) fatore(s) levado(s) em
consideração:
[ ] Todos os mencionados abaixo
[ ] Nivelamento de conhecimento
[ ] Concentração de pessoal e meios
[ ] Padronização de procedimentos
[ ] Facilidade de planejamento e controle das instruções
[ ] Facilidade de adaptar o período de instrução com a rotina da OM
[ ] Outros:__________________________________________________________.
10. Marque abaixo quais as instalações e meios que o Sr. acha importante
que a SIBld da sua OM deva possuir, para capacitar suas guarnições de forma
eficiente (mesmo se a SIBld estiver em construção):
[ ] Todos os itens mencionados abaixo
[ ] sala de simuladores
[ ] simulador de procedimentos de motorista
133
[ ] simulador de procedimentos do atirador
[ ] simulador de procedimentos do Cmt Carro
[ ] simulador de procedimentos do Aux Atirador
[ ] simulador virtual para TTP e técnica de Tiro
[ ] Simulador Virtual Tático (steal beasts)
[ ] sala de instrução (Briefings e instruções teóricas)
[ ] sala de instrução prática (prática de chassi e sistemas anexos)
[ ] Sala da Torre de Procedimentos (simulador de panes)
[ ] Caixão de areia (Ordem à fração)
[ ] Dispositivo de simulação de engajamento tático (DSET) para a plataforma
Blindada
- Enumere outros que não foram enunciados ou faça comentários a respeito da
necessidade de outros simuladores e meios ou até mesmo da dificuldade de
trabalhar com alguns destes:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
11. Os meios/instalações existentes hoje na sua OM são suficientes para
capacitar a guarnição de blindados?
[ ] Não
[ ] Sim
Se Não, quais meios/instalações o Sr. julga que ajudariam na capacitação da tropa
blindada:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
134
12. Com relação à sistemática de capacitação da Tropa Blindada da sua OM:
[ ] Se desenvolve nas salas de instrução da SIBld
[ ] É dividida em instrução teórica (salas), prática (garagens e Atv no terreno) e
simulação (meios de simulação dos elementos da guarnição, torre didática e
cenários)
[ ] É dividida em 3 fases
- 1ª Fase – Habilitação individual (Cmt Carro, Mot, Atdr e Aux Atdr)
- 2ª Fase – Habilitação da guarnição (exercícios de simulação nível Gu)
- 3ª Fase – Certificação (Exercícios de simulação nível Pelotão, culminando com tiro
real no terreno)
[ ] Outra forma:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
13. Alguma atividade rotineira dificulta a realização da capacitação das
guarnições?
[ ] Não
[ ] Sim
Se sim, quai(s) atividades?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
135
14. A OM do Sr. já recebeu ou está prevista para receber a Viatura Blindada
Guarani?
[ ] Não
[ ] Sim
15. O Sr. pode comentar como sua OM esta se preparando para receber/
Operar a Viatura Guarani, em termos de infraestrutura e capacitação da tropa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
16. A OM do Sr. possui ou está construindo uma Seção de Instrução de
Blindados destinada a capacitar as guarnições com a chegada da Viatura
Blindada Guarani?
[ ] Não
[ ] Sim
17. Com relação a equipe de instrução da SIBld o Sr. concorda com a seguinte
estrutura:
- 01 Capitão (Diretor da SIBld);
- 04 Ten (Intrutores) / 01 por SU;
- 08 Sgt (Instrutores/monitores) / 02 por SU; e
- Ao menos um Of/Sgt da Equipe com curso de Instrutor Avançado de Tiro
(IAT) e outro com Curso de Operador.
[ ] concordo totalmente
[ ] concordo parcialmente
[ ] não concordo, nem discordo
136
[ ] discordo parcialmente
[ ] discordo totalmente
Por favor comente a respeito:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
18. Existem na OM do Sr. militares capacitados pelo CIBld para operarem a
Viatura Blindada Guarani?
[ ] Não
[ ] Sim
19. Esses militares estão habilitados em qual função?
[ ] Cmt Carro
[ ] Motorista
[ ] Atiradores
[ ] Auxiliar do Atirador
[ ] Operador do GCB
[ ] Operador do sistema de armas (PLATT/REMAX/UT 30)
[ ] Não tenho conhecimento
20. O Sr. acredita que estes militares podem compor a SIBld para conduzir a
Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional da OM?
[ ] Não
[ ] Sim
[ ] Não tenho conhecimento
137
Se não, por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
21. Tendo em vista a sua experiência em blindados, com a chegada da NFBSR
- Guarani, o Sr. acredita que seja necessário estruturar uma SIBld para
conduzir a Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional das OM
mecanizadas de Cavalaria?
[ ] Não
[ ] Sim
22. Marque os principais motivos que o Sr. acredita que motivem a
estruturação de uma SIBld pra conduzir a CTTEP com a chegada da NFBSR
Guarani:
[ ] Padronização e uniformidade de procedimentos
[ ] Centralização e economia de meios
[ ] Centralização e economia de pessoal especializado
[ ] Diversos sistemas de alta tecnologia(armas, comunicações, navegação,
gerenciamento do campo de batalha, DQBRN, anti-incêndio etc.)
[ ] Emprego de Simulação Virtual (Steal Beasts)
[ ] Emprego de dispositivo de simulação de engajamento tático
[ ] Outros:__________________________________________________________.
23. O Sr. concorda que o Sistema de Capacitação das Guarnições dos RCC,
utilizando-se da SIBld, atende às necessidades da Nova Família de Blindados
sobre Rodas (NFBSR) Guarani com toda a sua tecnologia agregada?
138
[ ] concordo totalmente
[ ] concordo parcialmente
[ ] não concordo, nem discordo
[ ] discordo parcialmente
[ ] discordo totalmente
Por favor comente a respeito:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
24. Este espaço é seu. Sinta-se à vontade para registrar suas opiniões e
contribuições para a pesquisa.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
FIM DO QUESTIONÁRIO
MUITO OBRIGADO PELA COLABORAÇÃO.
139
MODELO DE ESTRUTURA DA SIBld / RC Mec.
1. Estrutura da Seção de Instrução de Blindados
a. Pavilhão da SI Bld
- Sala dos Treinadores Sintéticos Portatéis
- Sala dos Simuladores de Procedimentos de motorista e de guarnição
- Salas de ensino apoiado em compudator ou em plataforma e-learning
- Sala de Instrução
- Sala de Instrução/Emissão de ordens com terreno reduzido
- Salas de Instrutores
- Sala dos Meios Auxiliares
- Banheiros
- Pátio para instrução
- Painéis de instrução dos sistemas da viatura
- Conjuntos e peças seccionados
- Sistema de simulação virtual
- Dispositivos de simulação de engajamento tático
- Auditório para Briefing
FIGURA 9 - Vista isométrica translucida do pavilhão da SIBld Mec.
Fonte: BRASIL (2014b).
140
b. Pessoal da SIBld
Coord Chefe (Cmt Subunidade) 01 – Ten Instrutor (Of Subalterno)
-Armto,Mun,Tiro; -Adm Mil; -Cmb Sv em Cmp;
-Simulação.
03 - Sgt Instrutor Cav -Tec mat; -Tec Bld;
-Armto, Mun, Tiro.
01 - Sgt Instrutor M Bel/Com -Tec Mat; -Tec Bld;
-Simulação.
16 - Grupo de Apoio -Cb e Sd (Mot; At);
- Militares da seção de informatica da OM; -Subtenência.
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