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Eng Plinio Tomaz novembro 2017 CURIOSIDADES SOBRE 0 DR. ELIO DE CASTRO MESQUITA
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Elio de Castro Mesquita
Em 30 de outubro de 2017 faleceu em Guarulhos o dr. Elio de Castro
Mesquita. Nascido em Duartina do Estado de São Paulo. Tinha 90 anos e era
casado com a minha irmã Neusa Thomaz Mesquita deixando os filhos:
Helio, Claudio, Maria Eugênia e Maria Isabel.
Escola Politécnica da USP.
Vou destacar alguns fatos pitorescos de sua vida.
Formou-se em engenharia civil na Poli. Conheci um colega seu que
era professor no Mackenzie e que ele o chamava de Elio sem H. O seu
primeiro filho foi chamado de Helio com H.
Apostila de topografia
Tinha um professor na Poli muito velho cujo sobrenome era Mesquita
e nem era parente do Elio.
O Elio junto com um seu colega resolveram fazer uma apostila de
Topografia. Escolheram um local em Guarulhos na Felício Marcondes e
perderam tanto tempo na confecção da apostila com os mimeógrafos etc,
que ambos perderam o terceiro ano na Poli.
O professor Mesquita ensinava um método de cálculo bastante
complicado e dizia que devia-se aprender assim, pois, os outros métodos
seriam mais fáceis de entender. Tinha o método das deflexões, o método
dos Rumos. Será que está certo este raciocínio.
O professor Mesquita também foi meu professor e ele era um
estudioso. Todo ano apresentava uma tese de doutoramento e sempre
alguém da banca descobria um erro. Mas ele tentava novamente. Pelo que
sei nunca conseguiu defender sua tese na Poli.
O professor Mesquita foi também meu professor na Poli. Quando
alguém fazia uma boa pergunta marcava no seu livrinho uma estrelinha.
Isto era para ele o conceito. Quanto mais estrelinhas tinha o aluno, melhor
o seu conceito.
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Quando estudava teve um pendura na casa dele que geralmente era
em torno do dia 11 de agosto devido a Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco. Era um jantar muito bem feito. Em certo momento ele se
retirou com alguma desculpe e o pessoal ficou falando mal dele. Quanto
voltou ligou um gravador e todos ficaram muitos chateados.
O Elio me ensinou calcular as coordenadas e áreas em topografia.
Naquele tempo dava muito trabalho. Se você ficava uma semana no campo
fazendo um levantamento topográfico, ficava uma semana calculando e
desenhando.
O Elio tinha um colega da Poli chamado Elísio Salada. Ele foi quem
ensinou a mim e ao Elio a topografia na prática. O local foi o Mercantoni lá
no bairro do Macedo. Lembro que o Elio contratou o Mylton que
apelidamos de Mylton Cuequinha, pois, sua cueca estava cheio de bolinhas
coloridas. Com o Salada aprendemos a fazer medição correta com a trena
de aço e aprendemos a usar os passos para aferir distancias entre as
estações. Ele fazia uma pequena correção nos passos e dava muito certo e
estimávamos até precisão de 0,5m.
Foi com o topógrafo chamado Gumercindo que trabalhou com o Elio
que aprendi a usar a mira e medir distâncias. Aprendi um monte de truques
práticos bem como calcular com ângulos internos que estava no livro do
Lelis Espartel ao invés do método de deflexão do professor Mesquita da
Poli.
Várias vezes o Elio me levou visitar a Poli que ficava no Bom Retiro.
Conheci o grêmio politécnico que ficava naquele tempo no porão. Tinha até
barbeiro e era muito movimentado. Tinha também uma coleção de placas
e estatuas roubadas, que era uma tradição da Poli. Cheguei a ver placas
roubadas em várias línguas.
Conheci um colega mais novo do Elio chamado Gilberto que era da
Penha e tinha o apelido de Chulé e mais tarde ele foi meu professor no
curso cientifico no Ateneu Rui Barbosa e um ótimo professor.
Da Poli geralmente íamos para assistir peças de Teatro. Foi o Elio que
me levou para ver diversas peças e me explicava os detalhes delas. Aprendi
muito com ele sobre teatro. Lembro que o ator Carlos Zara de teatro e
televisão era colega da Poli e o Francisco Negrão de Guarulhos tinha
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estudado com ele no curso cientifico. Naquele tempo as pessoas iam ao
teatro de terno e gravata e as mulheres todas muito bem vestidas. Era chic
ir ao teatro.
O Elio era muito brincalhão. Contava-se na Poli que ele tinha um
colega muito nojento. O Elio pediu para o Francisco Negrão, cujo pai era
dentista, que lhe trouxesse um dente cariado. Convidaram o estudante
nojento para tomar um cafezinho e o distraíram e o Elio colocou o dente
cariado dentro. Imagine o que aconteceu.
Na Poli o Elio conheceu o Maluf e o Covas e contava que os dois
brigavam muito. O Elio nunca se meteu em política.
Uma vez o Elio tinha um colega muito pobre na Poli e o levaram para
jantar na casa do João Copoloni na Penha, que era muito rico. No jantar
tinha um monte de pratos, colheres, talheres e tinha uma tijelinha para
lavar as pontas dos dedos. O colega pobre do Elio tomou a água e foi uma
gozação.
Fui uma vez como Elio e o Darci Panocchia em Campos do Jordão. O
Elio ia visitar um colega seu pobre que estava tuberculoso e ia sozinho, pois,
eu e o Darcy Panochia tínhamos medo. O interessante que pedimos
feijoada e o Darcy falou para eu e o Elio nos servirmos. Foi o que fizemos.
Em seguida e pegou toda a feijoada e comeu. Fomos de ônibus para Campos
do Jordão e voltamos de trem até São José dos Campos e depois pegamos
ônibus para São Paulo. Soubemos mais tarde, que o colega do Elio morreu.
Uma vez o Elio trouxe um disco de uma peça de um só artista e
gostamos muito de ouvir. Sempre trazia ou contava novidades.
Fiz curso de admissão ao ginásio com o Elio que sempre foi um
excelente professor de matemática. Não paguei nada, pois, ele era
namorado da minha irmã Neusa. Tinha organizado o curso de admissão que
ficava no Coleginho das Freiras no centro de Guarulhos. Para dar aula, tinha
o professor Ernani Furini, João Copoloni e Ivete Zacarias. Passei facilmente
nos exames e fiz o ginásio a noite no local onde era o Grupo Escolar
Capistrano de Abreu.
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Além do Elio, seu primo Clair Teixeira Martins foi o melhor professor
de matemática que Guarulhos já teve. Dei aulas de matemática, mas sem
dúvida o Clair foi o melhor que já vi. Tinha problemas que eu não sabia
explicar direito, embora o resolvesse e pedia uma orientação do Clair. Ele
tinha saída para tudo.
Naquele tempo não tinha curso de inglês em Guarulhos. O Elio
sempre arranjava um professor para dar o curso e que geralmente era um
sargento da Base Aérea de Guarulhos. O curso começava animado, todos
comprovam o livro base e em um mês todos abandonavam. Mas o Elio não
desistia e passava uns 6 meses e lá vinha outro curso e outra desistência.
Hoje deduzo que as pessoas não eram professores profissionais e devido a
isto que os cursos não davam certo. Lembro que o Pitida, meu primo, levou
para os Estados Unidos um destes professores de Inglês e lá chegando
saindo do avião o Pitida ficou bobo que o chamado professor não entendia
nada que os americanos estavam falando. O professor sabia bem o inglês
do ginásio somente, mas isto não bastava.
Um curso que deu certo, foi quando o Elio bolou fazer um curso de
ORATORIA. Convidou um professor do SESI especialista e o curso foi um
sucesso e aprendi muito. Dei muitas risadas neste curso, pois, havia aulas
práticas de falar com o microfone. Tinha pessoas que não paravam de falar
e o professor tinha que desligar o som.
Fazenda Bela Vista
Estive uma vez na Fazenda Bela Vista da família dos Mesquitas. Tinha
uma casa enorme com dois pavimentos e muito velha. Cheguei a ir numa
festa junina.
O Mylton Mesquita disse que veio a Guarulhos com seu avô pela
primeira vez quando tinha 12 anos de idade. Foram até a Penha e depois
chegando em Guarulhos o seu avo o levou para a Padaria Tupã do meu avô
Ettore Tamassia, dizendo que o pessoal da padaria eram muito bons e pão
excelente. Depois foram para a Fazenda Bela Vista.
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O Elio tinha uma espingarda Winchester calibre 22 e fomos atirando
para matar passarinhos. Não matamos nenhum. A fazenda não acabava e
quando paramos para voltar era o que é hoje a Vila Flórida.
Na Fazenda Bela Vista terminava em uma lagoa perto da Praça 8 de
dezembro no Taboão. Passeávamos com um pequeno barco de madeira,
Plinio (apelido Ursão) o Elio Mesquita, Moacyr Mesquita (apelido Moacir
cavalo), Newton Evans (apelido Newton ganso), Benedito Trama (apelido
Tido Picapau) e outros. Achávamos lindo aquele lago que hoje não existe
mais. Era o nosso logo como o Moacir dizia e achávamos que o mesmo iria
durar para sempre.
Quem loteou a Fazenda Bela Vista foi o dr. Antônio Noronha, que era
um engenheiro civil português e muito inteligente e primo do dr. Adolfo de
Vasconcelos Noronha. Estive uma vez com o Elio na casa do dr. Antônio e
ele estava explicando cálculo de vigas falando dos momentos fletores com
um bonito sotaque português.
O Elio antigamente usava as maquininhas Facit para cálculo. Lembro
que ele comprou uma máquina Olivetti para cálculo que era a melhor de
Guarulhos e era enorme.
O Elio gostava de teatro. Fazia peças no Club Recreativo que ficava na
rua D. Pedro II e tinha uma equipe como o Sacramento, Luiz Dantas e
outros. Gostavam de comedias.
Realizava peças nos bairros, em garagens de gente bem pobre. Eu e
a Neusa íamos em todas as apresentações e o que eu gostava mais era o
entusiasmo do Elio e de sua equipe, mas dávamos muitas risadas.
Quando entrei na Poli o Elio ficou tão contente que me levou no
Rotary que se reunião naquele tempo no almoço e a sede era dentro da
telefônica perto da Igreja do Rosário no centro de Guarulhos. Para mim
foi emocionante, pois, tinha sido o único de Guarulhos que tinha entrado
na Poli. Lembro também que estava demarcando um loteamento onde era
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a Santa Casa, e o dr. Mylton Mesquita veio a pé até onde estava para me
cumprimentar.
O Elio me ensinou tudo sobre topografia. Tinha comprado um
teodolito brasileiro chamado DF Vasconcelos e me ensinou a estacionar o
aparelho e depois fez no quintal uma poligonal e achei os ângulos e aprendi
a calcular pelo método das deflexões do professor Mesquita da Poli e que
estava na sua apostila. Na época o Elio morava na rua 7 de setembro no
Centro de Guarulhos e dormia no porão. Quando seu pai o Otavio Braga de
Mesquita faleceu e o ajudei a arrumar os seus livros e o Elio ficou
estarrecido dizendo que não sabia que seu pai lia tanto e que títulos que
nunca imaginaria que seu pai lesse.
Lembro que quando o Elio dormia no porão da casa da Rua 7 de
setembro, veio um parente seu não sei de onde e dormiu no quarto dele
alguns dias. Depois souberam que o parente tinha tuberculose e o Elio ficou
nervoso, mas graças a Deus não pegou nada. Lembro que estávamos todos
preocupados.
Houve na Rua D. Pedro II esquina com Rua Felício Marcondes uma
loja de artigos gerais da família MESQUITA E MARQUES. Cheguei a ver a loja
funcionando. Tinha até caminhão para entrega. A loja era enorme e lembro
que até vendiam fumo de corda, pregos, ferramentas, arroz, feijão, milho,
etc. Mais tarde a loja foi vendida e cada irmão foi para um lado.
O escritório do Elio era no prédio do meu tio Mario Boari Tamassia
que ficava na rua D. Pedro II que era o prédio mais alto de Guarulhos. Ficava
no primeiro andar. No começo tinha uma salinha e mais tarde 3. Trabalhos
o Elio, eu e o Adair. Eu fazia de tudo desde topografia, cálculos e
datilografia. Mais tarde foi trabalhar conosco o Edson Thomaz. Em
topografia tinha dois ajudantes, o Benedito Trieli e um alemão que não
tinha um dedo na mão e bebia muito. Eu fazia os pagamentos deles e só
voltavam a trabalhar quando acabava o dinheiro. Quando o serviço durava
mais de uma semana, só fazia o pagamento no fim, pois eles sumiam. Em
topografia usava o Jeep novo do Elio.
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No segundo andar ficava a Câmara Municipal de Guarulhos.
No mesmo andar do escritório do Elio ficava o consultório do seu
irmão Paulo Braga de Mesquita, que revolucionou a odontologia em
Guarulhos.
O Paulo era o único dentista que tinha aparelhagem de radiografias
em Guarulhos. Era o dentista mais atualizado e bom. O seu consultório
estava sempre lotado. Tive muita ajuda dele para tratar meus dentes, pois,
tinha muito pouco dinheiro. Gostava de conversar com o dr. Paulo e ele me
esclarecia um monte de dúvidas.
Lembro que uma vez o dr. Paulo falou comigo de uma cliente que
tinha saído e que não conhecia e nem lia a revista chamada Seleções.
Naquele tempo todos liam Seleções e era realmente engraçado ver alguém
que não sabia nem o que era. Todas estas coisas interessantes o Paulinho
como os formados o chamavam, me contava quando me convidava para
tomar um café na Padaria da frente do prédio.
Lembro de um loteamento que o Elio fez quando se usava
carrocinhas puxadas com burros. Os burros aprendiam sozinho o caminho
e era muito gozado de ver o trabalho. As carroças iam sozinho para
determinado lugar e voltam vazias. Tudo sem ninguém orientar. Lembro de
um trabalhador que tinha um braço só e como trabalhava.
Naquele tempo se parava o carro onde quisesse em Guarulhos. Uma
vez o Elio foi na Prefeitura de carro e sem perceber voltou a pé. Quando
desceu para ir para casa foi o desespero: roubaram o seu carro. Fomos
procurar e achamos na frente da Prefeitura na Praça Getúlio Vargas.
No escritório do Elio ele me ensinou a ampliar os mapas usando o
conceito de homotetia. Isto era muito usado nos seus laudos para comparar
diferentes plantas em diferentes escalas. O Elio foi o maior perito de
Guarulhos sem dúvida.
Contava que via no fórum o curriculum dos peritos de São Paulo e
ficava com inveja, pois, tinham diplomas de Lisboa, Paris, Cairo, Atenas,
Roma e outros. Mais tarde embarcou com minha irmã em uma excursão de
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navio, não assistiu nenhuma aula e recebeu todos os diplomas fajutos que
eles tinham.
O Elio tinha um sitio no bairro do Taboão em Guarulhos perto da
Cachoeira da Macumba. Ele adorava este sitio e tinha muitos peixes e
frutas. Todas as festas da família eram feitas lá. O Paulinho dentista
comprou pouco depois um sitio vizinho e também se apaixonou pelo
mesmo.
Junto com o Elio fundamos a ASSEAG (Associação de engenheiros,
arquitetos e agrônomos de Guarulhos)..
O Elio junto com Afonso Trielli e Clair Teixeira Martins fundaram a
reunião chamada Sobreviventes que se reúne no Guaru Center cada 2
meses e só tem velhos. Geralmente uma reunião soma mais de 3.000 anos
de experiência. Todo ano morre um ou dois e devido a isto é que se chama
Sobreviventes, isto é, os que não morreram.
Tinha uma vez que o Elio acreditava adorava discos voadores e dava
palestras no Rotary em Guarulhos e em São Paulo. Lia tudo sobre Romulo
Argentieri e e de repente desistiu de tudo e até saiu do Rotary.
O Elio era um pescador incrível e gostava da pescaria do Pantanal.
Levavamos caixas grande de isopor e comprávamos peixe para completar.
Gostava muito de viajar com grupos ou com a Neusa. Uma vez
conversando com a Neusa sobre quando se morre no caixão de defunto não
tem gavetinha para escrituras e nem dólares. Ela contou para o Elio e ele
disse: o Plinio tem razão, vamos viajar de novo. Tinham acabado de vir da
Europa.
O Elio era o maior gozador que já vi. Cito o caso do susto no Chico
Negrão e a brincadeira com o Eucário Arruda que estão detalhadas bem
mais abaixo. Mais tarde quando engatilhou na sua imobiliária Mesquita e
deixou de vez o teatro e as brincadeiras.
Apareceu no escritório do Elio um andarilho chamado sr. Caio. Ele me
ajudava em topografia, mas tinha uma cultura incrível. Era um homem
extremamente culto e parece que fugia de alguma coisa. O Elio o levava
aos domingos no melhor restaurante de Guarulhos que era o Ponto Chic.
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Conversava com todos: advogados, engenheiros e arquitetos. Lembro que
o Mylton Mesquita ficava impressionado com os conhecimentos do sr. Caio.
Um dia o sr. Caio conversou com um arquiteto e mostrou que ele não
sabia nada. Quando o sr. Caio falava, todos escutavam. Uma vez mostrei
um cartão que tinha uma correspondente em inglês na Alemanha. Era um
cartão com pintura de Picasso e não entendi nada. O sr. Caio me mostrou
fazendo um barulho de explosão com a boca e detalhou o quadro. Lembro
que ele conhecia o mundo inteiro e falava até das pirâmides do Egito e da
Italia. Então o sr. Caio sumia e 6 meses depois aparecia novamente.
O sr. Caio me ensinou um poema toscano da terra da minha mãe
Eugenia. Ele falava em italiano e traduziu para mim em português: Livros
delicias do meu espirito, nunca me deveis deixar, vos sois como as mulheres
que se pode ver sem perigo, mas que nunca se deve emprestar.
Quando tinha 72 ano o Elio foi assaltado em seu escritório na Rua
Diogo de Faria, 72 e deram 3 pauladas na sua cabeça e desde então ficou
definhando 17 anos até morrer aos 90 anos. O triste é que o Elio não
acreditava em violência. Quando alguém começava a falar de crimes,
assaltos, ele disfarçadamente saia e dizia que violência não existia.
Engenheiro Plinio Tomaz
Novembro de 2017
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22 Francisco Negrão
O Francisco Negrão era filho de um dentista prático e muito
respeitado por ser maçom. Tinha numerosos irmãos e irmãs. Morava
em uma casa térrea e grande numa esquina em frente onde hoje é o
Fórum de Guarulhos.
O Francisco era chamado pelos amigos de Chico.
O Chico era muito amigo de Élio Mesquita e eles estudavam no
científico na capital.
O Élio era o mais brincalhão de toda a mocidade que existia na época e teve uma idéia brilhante. Dar um susto no Chico, pois ele estava fazendo um curso de Arte Dramática em São Paulo no período noturno e voltava de ônibus, chegando assim tarde em casa.
Para isto se reuniram uma meia dúzia de amigos no bar
denominado Ponto Chic, ponto de encontro da juventude de
Guarulhos e que ficava na rua D. Pedro II e teve a idéia. Um dos
amigos, que lhe daremos o nome de Bugio, pois o apelido correto era
“Cú de Aranha”, iria esperar em frente, a casa do Chico onde havia
uma matagal e quando o mesmo passasse, iria chacoalhar uma
árvore para que o Chico pensasse que era uma assombração.
Sem ninguém saber o Élio contou o que iria acontecer ao Chico
e pediu ao mesmo que arranjasse um revolver com balas de festim.
Quando o Chico chegou de ônibus em Guarulhos, de longe o
grupo olhou que o Chico se dirigia para sua casa. Já estava
esperando no mato o Bugio para lheaplicar o susto.
O Bugio movimentou o mato e o Chico mostrando medo gritou:
—Quem está ai?
O Bugio uivou e o Chico gritou mais alto
—Quem está ai?
O Bugio uivou mais alto e chacoalhou mais o mato. O Chico
tirou o revólver da cintura e começou a dar tiros com as balas de
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festim. Imediatamente o Bugio saiu correndo e gritando e o Chico
continuou atirando. O Bugio chega ofegante na rua D. Pedro II, onde
estava o Élio e o grupo aguardando. Logo atrás, chegou o Chico e
todos entenderam a brincadeira. Nunca mais o Bugio falou com o Élio
Mesquita.
Mais tarde o Chico terminou os estudos de Arte Dramática e foi
artista de televisão e de cinema. Fez vários filmes, entre eles, a “Ilha”
que foi um sucesso na época. Fazia também telenovelas aos
domingos e ficou bastante famoso. Lembro que assisti ao
lançamento, no teatro,de uma peça famosa na época denominada-
“O moço de Pinda”, na qual trabalhou no papel principal e foi
brilhante. Mais tarde conversei com vários amigos que nasceram em
Pindamonhangaba e nunca ouviram falar desta peça.
O Chico estava quase no fim da sua carreira quando se casou
com uma mulher rica de Santo André, em cujo casamento estive
presente.
O Chico morreu e foi cremado e suas cinzas jogadas no rio
Hudson de New York nos Estados Unidos, pois gostava mais dos
Estados Unidos do que o Brasil.
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1 A macumba funcionou
Trabalhava no escritório do engenheiro civil Élio de Castro Mesquita, meu cunhado, em
Guarulhos, que ficava na rua D. Pedro II, 151, primeiro andar no prédio da Câmara Municipal de Guarulhos que pertencia ao meu tio Mario Boari Tamassia.
Um dia o dr. Élio disse: —A macumba funciona. Você viu aquele engenheiro que veio diversas vezes conversar comigo. Ele teve um problema e a macumba funcionou.
O dr. Élio me contou o que aconteceu. O engenheiro era amigo dele e tinha uma amante muito bonita que o tinha largado. Ele tentava voltar, fazia de tudo, mas ela tinha desistido. Resolveu então conversar com o dr.
Élio que imediatamente teve uma idéia brilhante. Pegou o jipe do escritório e levou o amigo a um centro de umbanda famoso que existia no
Jardim Presidente Dutra. Conversou com a dona do centro, combinaram o preço do ajuste ao “trabalho” e puseram para funcionar.
Conseguiram que uma amiga da amante fosse ao centro de macumba do Jardim Presidente Dutra. Um espírito baixou na mulher e esta conversou com a amiga e disse que tinha uma mensagem do além para a amiga, uma mensagem de vida e morte, e que a amiga deveria vir no próximo sábado a noite.
A amiga da amante a procurou e levou-a para o centro de macumba no sábado. O engenheiro foi cientificado que ela estaria lá e ficou escondido aguardando os acontecimentos.
O espírito encarnou na macumbeira e ela lhe disse que o amor da sua vida era o engenheiro fulano de tal, pois se conheciam em outras reencarnações e deveriam fazer as pazes imediatamente. Como por milagre o engenheiro, entrou na sala e encontrou a amante. Abraçaram-se, se beijaram e fizeram as pazes.
No dia seguinte o dr. Élio o levou ao centro de macumba e pagaram o preço ajustado do trabalho executado.
A macumba funcionou.
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35 Clube Recreativo de Guarulhos
Na rua D. Pedro II, esquina com rua XV de novembro, havia um clube bastante antigo
chamado Clube Recreativo. Era um local que oferecia bom divertimento em Guarulhos, além do único cinema que tínhamos, o cine República.
Como toda construção antiga, havia uma escada grande que se subia para atingir o piso do clube, pois não havia as impermeabilizações dos tijolos com vedacit impedindo a subida da umidade e a solução era deixar a umidade subir até ao ponto máximo e o piso ficava acima do local da umidade. Havia, portanto, um porão de uns dois metros de altura.
Nas casas velhas também se achavam estes porões, que eram feitos para conter a umidade e nivelar o terreno. Freqüentemente, os porões eram aproveitados para guardar coisas velhas, ou havia lugares que os mesmos se conservavam fechados, pois, mantinham a umidade, apesar de previsto a entrada de ar e de luz.
O clube Recreativo teve como fundadores os Srs: Silvio Barbosa, Mario Dabariam, Moacir Dabariam, João Dagoberto e outros. O João França Filho, embora fosse menor de idade, participou da fundação do clube.
Além do vasto salão de baile do Clube Recreativo, havia quatro salas com pé direito de 4,00m para as pessoas que gostavam de jogar cartas a dinheiro. Era comum o carteado, como se dizia e as pessoas perdiam ou ganhavam muito dinheiro no local. No salão de baile havia duas mesas de bilhar. Quem servia a comida e a bebida para as mesas de jogos era o Caetano D’Andrea.
Todos os grandes bailes e festas eram realizados no Clube Recreativo. Mais tarde ele foi transferido para a rua Nilo Peçanha, contíguo a Universidade de Guarulhos.
Lembro-me de uma palestra sobre “racismo” feita no Clube Recreativo. Um dos moradores tradicionais de Guarulhos da família Arruda, importante na época disse: -O que o sr. está falando é tudo besteira. Não existe racismo, principalmente em Guarulhos.
O palestrante, muito educadamente, olhou para ele e perguntou: -O sr. tem filha? -Tenho. Respondeu prontamente, o guarulhense. -Se sua filha dissesse ao senhor que iria se casar com um negro, o sr.deixaria?
O homem pensou e não respondeu, sentando-se novamente, dando a entender a todos que ele, não deixaria, fato comum na época. Sem querer, o guarulhense provou que havia racismo. Mais tarde lendo o livro “O Sonho da Mariposa”, do Dr. Adolfo de Vasconcelos Noronha, aprendi que tal atitude não era de racismo e sim de raciocínio denominado “in se”. Pois, o pai da moça também não gostaria de vê-la casada com uma pessoa super gorda, mesmo que fosse um loiro de olhos azuis.
Dancei, vários carnavais matutinos, no Clube Recreativo quando era garoto e minhas irmãs iam aos bailes noturnos, freqüentemente. Havia um espaço grande destinado ao jogo de pingue-pongue. Os jogadores de pingue-pongue do Clube eram muito bons. Lembro que não dava para jogar com ninguém, jogavam tão bem que a gente não pegava mais do que duas ou três vezes na bola.
Pavimentação
Guarulhos, naquele tempo, não tinha nenhuma pavimentação. A principal rua de Guarulhos, a rua D. Pedro II, era de terra, como se falava. Quando chovia, ficava uma lama. Em frente ao cinema, quando chovia, colocavam junto às portas umas grades de madeira em forma triangular para que as pessoas não sujassem o piso da entrada com a lama das ruas. Somente em 26 de agosto de 1950, é que o prefeito, Fioravanti Iervolino contratou a firma Vicente Matheus para pavimentar as ruas: Capitão Gabriel, Felício Marcondes, Sete de Setembro, João Gonçalves, Luiz Gama, Quinze de Novembro, 13 de maio, além da Avenida Cabuçu em Vila Galvão.
A rua D. Pedro II, no trecho que ia do cine República até o posto de gasolina que ficava na esquina da Rua João Gonçalves era muito estreita, só sendo alargada pelo grande prefeito Waldomiro Pompêo, em 1968. A rua era dotada de pouca iluminação, mas era a única via iluminada desde 1948. Quase ninguém tinha automóvel. Tínhamos medo de fantasmas. Quando víamos alguém chegando ficávamos contente sentindo-nos protegido.
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33 Neusa e o cocô
A minha irmã Neusa estava casada apenas há alguns anos. Morava em Guarulhos na rua Luiz Facini pegado ao antigo Pronto Socorro Municipal e atrás da Padaria Barão.
A Neusa tinha uma cunhada chamada Marlene, mulher do Clovis Mesquita, que era
bastante amiga dela. Andavam sempre juntas. A Marlene é a mãe do jornalista Otávio Mesquita,
muito conhecido na televisão.
Uma vez as duas foram visitar uma amiga que morava perto. Elas me contaram que
quando chegaram na casa da mesma, sentiram um cheiro horrível de cocô e uma comentou com
a outra:
—-Que casa fétida, vamos tomar o café rapidamente e depois vamos embora.
Tomado o café as duas voltaram o mais rápido possível para a casa da Neusa e
chegando lá sentaram na cozinha e começaram a comentar o sucedido e a Neusa disse:
—-Marlene, que cheiro horrível tinha aquela casa, fedia cocô o tempo todo. O cheiro de coco
era tão grande que parece que continuo sentido o mesmo cheiro.
—-Eu também, respondeu a Marlene.
Desconfiada a Neusa foi verificar o seu sapato e viu que ela tinha pisado em cocô de
cachorro. A gente imagina o que a amiga da Neusa e da Marlene pensaram das duas quando
sentiu o cheiro de cocô.
Nunca mais as convidaram para ir à sua casa.
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Eucário Arruda
No antigo clube Recreativo da rua D. Pedro II acontecia sempre
brincadeiras dos jovens que lá freqüentavam. Esta quem me contou foram
os próprios protagonistas, entre eles: José Afonso Trielli, Haroldo Novak
(Doda), Élio de Castro Mesquita, Milton Laurel de Lima, Ronaldo Sarraceni,
Alberto Zacarias e outros.
Havia um grupo de jovens que sempre ia ao clube Recreativo jogar o
tradicional pingue-pongue. Pela primeira vez apareceu o Eucário Arruda
com uns 15anos, que estava querendo se infiltrar no meio do grupo um
pouco mais velho do que ele.
Estavam jogando pingue-pongue quando o Afonso Trielli resolveu
fazer uma brincadeira, contando com o apoio de todos.
O Afonso se fingiu que era uma bicha e ficou olhando o Eucário jogar
e piscava para ele.
O Eucário perguntou a um membro do grupo:
-Aquele cara está piscando para mim, eu acho que ele é bicha, o que
eu faço.
-Olha, ele é bicha mesmo, só que muito rico. Vê se tira dinheiro dele
como todos nós fazemos.
De vez em quando jogava pingue-pongue, o Afonso e pegava a
raquete como se fosse uma bicha e aproveitava para piscar e passar a mão
no corpo do Eucário.
O Eucário foi se entusiasmando e sempre contando com os conselhos
dos mais velhos de que deveria tirar todo o dinheiro daquele veado
milionário.
A conversa entre os dois foi ficando cada vez mais adiantada até que
resolveram sair e procurar na rua Sete de Setembro uma casa vazia do pai
do Eucário em frente onde morava o sr. Otavio Braga Mesquita, pai do Élio
Mesquita, para fazerem sexo e depois o Afonso daria o dinheiro.
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Suicídio de Getúlio Vargas
No dia 24 de agosto de 1954 estávamos eu, a minha irmã Neusa e o seu namorado Elio de Castro Mesquita a beira de uma piscina no sitio do seu pai Otavio Braga de Mesquita localizado no bairro do Taboão. O rádio estava ligado e deu a noticia do suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.
A piscina era de concreto rustico e tinha cerca de 3,00m de largura por 15m de comprimento. Havia uma parte funda onde dávamos os mergulhos e uma parte mais rasa.
Havia buracos no piso da piscina e por várias vezes jogávamos concreto no fundo para tapá-los e aprendi que o concreto endurece e não seca como os pedreiros dizem.
A uns 100m da piscina tinha início o lago do Taboão que também estava na propriedade dos Mesquitas. Havia um barco a remo e por uma passagem por meio das taboas a gente chegava remando ao lago onde íamos costumeiramente pescar.
Era um lago artificial sendo que havia um dique de terra e nele plantada pés de bambu que era para proteger o barramento. Hoje esta lagoa não existe mais.
Depois de nossa ida ao sitio, caminhávamos até o ponto do ônibus que ficava na atual av. Otavio Braga de Mesquita e voltávamos para Guarulhos.
Getúlio Vargas perdeu a eleição presidencial em 1930 e iniciou uma revolução a qual tomou o poder. Prometeu novas eleições e depois esqueceu. Daí nasceu a revolução constitucionalista paulista de 1932.
Getúlio ficou no poder de 1930 a 1945 quando do término da guerra foi deposto. Foram feitas eleições e foi eleito o Marechal Dutra.
Cinco anos depois houve eleições e em 1950 foi eleito Getúlio novamente. O governo tinha uma inflação muito alta, muita corrupção e ele cometeu o suicídio para salvar a sua família dos inúmeros processos.
Após nova adaptação foram feitas eleições e foi eleito Juscelino Kubitscheck de Oliveira como presidente da República do Brasil.
Em novas eleições foi eleito Jânio Quadros e seu vice Jango Goulart. Jânio renunciou e Jango assumiu o poder. Jango associou-se ao PCB querendo dar um golpe de estado, mas os militares deram um golpe de estado antes e teve início a revolução de 31 de março de 1964.
Juscelino apoiou a revolução de 1964, juntamente com Adhemar de Barros, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda. Os militares tinham prometido eleições em 1965 e Juscelino seria o vencedor.
Em pouco tempo foram cassados por ato institucional Adhemar. Juscelino e Lacerda.
A revolução de 1964 só terminou com a eleição de Tancredo Neves para presidente da República do Brasil e a partir dele não houve mais problemas.
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236 29– Mylton Mesquita
Hoje, dia 4 de setembro de 2016, o dr. Mylton Mesquita tem 90 anos. Nasceu em
1926, em Duartina, no Estado de São Paulo.
Em 1937, quando tinha 11 anos, veio com seu avô Martins Junior visitar a cidade
de Guarulhos. Pegaram dois ônibus para chegar a Guarulhos e, lá chegando, o seu avô o
levou à única padaria que existia, a Padaria Tupã, que era do meu avô Etore Thomaz
Tamassia. Lá, apresentou o Mylton para as minhas tias que trabalhavam no balcão e
comprou alguns pães e foram para a Fazenda Bela Vista.
A Fazenda Bela Vista tinha sido recém adquirida por Martins Junior, em 1937,
que mudou o nome original que era Fazenda São Joaquim.
Tinha uma casa grande em dois pavimentos e cheguei a ir a uma festa junina no
local.
O Mylton se formou em Direito, casou com uma mineira chamada Vissi que anos
mais tarde faleceu e casou-se novamente com a Ivone.
Com a primeira mulher teve 4 filhos: Myltinho, Isaura, Hugo e Lucio.
O dr. Mylton tinha vários irmãos e a partir do mais velho temos: Carlito, Alvaro,
Clovis, Mylton, Elio e Paulinho.
O dr. Mylton foi eleito duas vezes vereador e chegou a ser presidente da Câmara
Municipal de Guarulhos. O interessante é que naquele tempo os vereadores não recebiam
salário.
Li, em um livro da família Mesquita de uma outra cidade, que os mesmos eram
judeus que se converteram ao catolicismo em Portugal e, como eram perseguidos, vieram
para o Brasil.
A minha irmã Neusa Thomaz se casou o dr. Elio de Castro Mesquita.
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O dr. Mylton era muito amigo do meu pai Egisto Thomaz que pertencia ao mesmo
partido político, o PRP- Partido de Representação Popular. O dr. Noronha também fazia
parte do mesmo partido.
O meu pai gostava tanto do Plinio Salgado que eu recebi o seu nome Plinio Tomaz.
Lembro que, quando prestei o vestibular na Escola Politécnica e passei nos
exames, estavam demarcando o loteamento chamado Jardim Gumercindo, no centro de
Guarulhos. O dr. Mylton parou o carro bem longe e veio no meio mato me cumprimentar
e eu fiquei muito contente pelo respeito que tinha por ele.
A Fazenda Bela Vista mais tarde foi loteada e vinha desde o Taboão até a Vila
Fátima. Era realmente enorme e foi dividida em vários loteamentos pelo Engenheiro
português dr. Antonio, que cheguei a conhecer.
A Fazenda Bela Vista era tão grande que o pai do dr. Mylton, o sr. Otavio Braga
de Mesquita, teve em sua homenagem a estrada que vai para o Taboão.
O dr. Mylton segue a boa tradição dos Mesquitas, que são pessoas cultas, honestas
e de bom carácter.
Alexandria
Desde jovem ficava muito impressionado com a cidade de Alexandria.
Alexandre, o Grande procurava um lugar para fazer um porto para suprimentos
aâ sua terra natal, a Macedônia .
Em 332 a.C., Alexandre escolheu o local que não tinha sedimentos no porto e deu
o nome de Alexandria, e o arquiteto grego Dinacrates fez o projeto usando ângulos
retos nos cruzamentos das avenidas e pensando na direção do vento, na água
potável e na alimentação. Foram feitos prédios públicos, universidades e
bibliotecas.
A biblioteca de Alexandria se tornou-se o centro do mundo oriental e ocidental,
nodo ano 300 a.C. até 642 d.C.
Em Alexandria, viviam sem problemas os gregos, judeus e egípcios.
A geometria, sem dúvida, nasceu no Egito, e o grego Euclides escreveu Elementos
em 300 a.C., cujos textos modernos foram preparados por Théon, pai de Hipátia.
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Os habitantes de Alexandria gostavam de dar apelidos e chegaram a terté muitos
problemas por causa disto.
Quando Alexandrea, o Grande morreu, o seu império foi dividido entre seus
generais e Ptolomeu ficou com o Egito e foi morar em Alexandria, levando o corpo
de Alexandre.
Cleópatra era da família de Ptolomeu e, portanto, era grega.
Lá em Alexandria estiveram Cleópatra, Marco Antonio, Júlio Cesar, Otavio Cesar
Augusto.
Arquimedes estudou em Alexandria e foi para Siracusa com grandes ideias.
Hipátia, que era matemática e pensadora, foi assassinada em 415 d.cC. pelos
cristãos, acabando o mundo grego. No ano 641 d.C., o general muçulmano Amru
acabou de vez com Alexandria. Mandou queimar todos os livros que tinham
sobrado desde Cirilo e obrigou todos a professar a religião muçulmana e quem não
aderisse seria morto, com exceção dos judeus, que tinham que pagar um imposto
especial.
É interessante pensar que, quando havia muitos deuses a adorar, nunca houve
uma guerra por causa deles, mas quando os judeus disseram que havia só um
Deus, daí é que começaram as guerras religiosas.
Após a chegada dos muçulmanos, em 641 d.C., Alexandria começou a decair e, em
1 de julho de 1798, quando Napoleão esteve lá, só havia 4.000 habitantes.
Terremotos em várias datas também prejudicaram Alexandria, pois, 20% da sua
área foi afundada por terremotos e liquefação o solo. Hoje, tais locais são pontos
turísticos de mergulhos submarinos para ver os palácios afundados.
Em Alexandria estava a sétima maravilha do mundo que era o Farol de
Alexandria. Foi construído em 280 a.C. por Ptlomeu II e ficava na ilha de Faros.
Tinha 150m de altura e, através das chamas e espelhos, podia ser visto até 50 Km
de distância.
Hoje, Alexandria é uma cidade egípcia com 5 milhões de habitantes, mas não tem
mais a influência cultural que teve até a morte de Hipátia, em 415 d.C.
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Guarulhos, 426 de setembrojunho de 2016.
Engenheiro Plinio Tomaz
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O homem misterioso
Trabalhávamos no escritório do dr. Elio de Castro Mesquita, que ficava no
primeiro andar do prédio da Câmara Municipal na Rua D. Pedro II n.º 161. Fazia um
pouco de tudo, desde datilografia, desenhos, cálculos e levantamentos
topográficos.
Apareceu então de repente no escritório, um homem de
certa idade mas com bastante saúde, bem vermelho, cabelos
esbranquiçados, estatura média e mal vestido. Era o sr. Caio.
Queria trabalho e o dr. Elio mandou-o trabalhar comigo em
topografia. Ia ajudar no campo, fazer medições juntamente com o
Adair e o Trielli.
O sr. Caio falava um português correto e nos ensinava tudo.
O homem era tão inteligente, que resolvi testá-lo, usando um
postal que tinha recebido da Alemanha de uma correspondente em
língua inglesa. Era um quadro de Picasso que eu não entendera nada
e tinha achado uma besteira. Não sabia interpretá-lo.
Mostrei ao sr. Caio e teatralmente fez:
-Boom! - era uma explosão, um som e descreveu todo o
quadro.
Fiquei maravilhado. Não sabia se realmente estava certo,
mas o que ele falara era coerente com que eu via também. Mostrei
o postal para várias pessoas e ninguém sabia interpretar. Contava
o que o sr. Caio tinha falado e todos ficavam impressionados.
Uma vez no campo, ofereci-lhe um guaraná, pois estava muito
calor e ele não quis tomar dizendo que queria aproveitar a sede
para tomar uma cervejinha gelada e gostosa como um sibarita. Fui
depois ao dicionário ver o que é sibarita.
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Uma vez no campo, falando sobre livros declamou poesia rimada em italiano
toscana bem falado de autor desconhecido. Pedi a ele que traduzisse e tomei nota:
Livros delicias do meu espírito,
nunca me deveis deixar
Vos sois como as mulheres que se pode ver sem perigo
Mas que nunca se pode emprestar
O sr. Caio impressionava a todos. O dr. Élio queria mostrar a todos a sua
inteligência e o levava ao bar favorito de Guarulhos na época na Rua d. Pedro II
esquina com Rua Cerqueira César, que era o Ponto Chic.
O dr. Mylton Mesquita, irmão dr. Élio sempre foi um
advogado brilhante e inteligente e admirava bastante o sr. Caio.
Ninguém ganhava do sr. Caio em nada. Em nenhuma discussão.
Um dia apareceu um arquiteto no Ponto Chic e começou a
discutir a filosofia dos projetos de arquitetura com o sr. Caio.
Levou uma lição do sr. Caio que lhe ensinou o que é arquitetura. O
arquiteto no final da discussão despediu-se e saiu envergonhado.
Nunca mais o vi no Ponto Chic.
De repente sem falar nada e sem despedir-se o sr. Caio foi
embora. Anos mais tarde apareceu, ficou algum tempo e foi
embora novamente para nunca mais chegar a Guarulhos.
Até hoje ninguém sabe quem realmente era o sr. Caio e nem
o seu verdadeiro nome.
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255 – Casa estranha
Uma vez, estava fazendo um levantamento planialtimétrico, numa área de Guarulhos
que era praticamente sem habitações. Estava acompanhado de dois ajudantes. A área era o
chamado Sitio dos Moraes, que ficava no lado direito da atual Av. Brigadeiro Faria Lima, antes
da igrejinha. A região era toda cheia de mato e floresta.
Vínhamos de ônibus que passava pela av. Monteiro Lobato, Rua Claudino Barbosa, e
parava perto de onde é o McDonalds. Lá, era o ponto final do ônibus e tinha uma vendinha onde
comprava pão e mortadela fatiada e uma guaraná para cada um. Depois, seguíamos a pé até
perto da igrejinha, carregando as balizas, foices, trena e o teodolito para medição.
Atravessávamos o pequeno rio, subindo em um enorme ingazeiro que ficava no outro
lado do rio, visto que não existia ponte e nem pinguela. O ingazeiro servia como uma pinguela
e não havia problemas.
Fiquei sabendo que ali tinham morado escravos que trabalharam em Guarulhos e que
seus descendentes ainda estavam por lá. Tinha visto alguns negros bastantes velhos quando
cheguei ao local.
Uma vez, durante nossos trabalhos, começou a chover intensamente. Geralmente, a
gente espera um pouco embaixo de uma árvore para ver se a chuva passa, mas, como não
parava de chover e estava começando a anoitecer, deslocamo-nos pelo meio do mato,
procurando um abrigo seguro, devido aos raios que caiam na região.
Encontramos uma casa de alvenaria de tijolos e rebocada, muito velha, abandonada no
meio do mato e que não sabíamos que existia.
Abri a porta, com o maior medo, e entrei na casa.
Tinha na sala uma mesa sem cadeira do lado, com um belo cálice verde, enorme, e, na
parede, uma fotografia do Presidente Getúlio Vargas. Até hoje penso: por que os donos não
levaram aquele belo cálice verde? Deveria ter algum mistério ou alguma estória sobre o mesmo
que ninguém se atreveu a levá-lo.
Da sala dava para avistar a cozinha, que tinha uma espécie de sepultura do tamanho de
um corpo, da mesma maneira que a gente via naquela época quando se enterrava um caixão no
cemitério do Centro de Guarulhos.
Dava para meter medo em qualquer pessoa com aqueles relâmpagos e trovoadas.
Ficamos os três dentro da sala sem saber se íamos embora ou não. Resolvemos esperar passar
a chuva e fomos embora imediatamente.
Nunca mais tocamos no assunto.
Engenheiro Plinio Tomaz
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219-Guarulhos aos domingos nos anos 40
Ao domingos levantava as 8h, tomava café e punha o meu terno e
sapatos de missa. O terno era de calça curta e tinha gravata. Não tinha
relógio. Era bonito ver a alegria da minha mãe me vendo bem vestido para
ir à missa, pois, ela era uma católica fervorosa, como se dizia antigamente.
Saia de casa da rua João Gonçalves, 12 anexa à Padaria Barão que
era do meu pai. Descia uns 100 metros na rua e virava a direita e lá estava
a rua D. Pedro II. A mais ou menos uns 100m começa a feira de domingo.
A rua D. Pedro II era de terra. Era muito bonito ver a feira, pois, lá
estavam as novidades para serem vendidas: brinquedos, aves novas etc.
Ia subindo até chegar a Praça Tereza Cristina onde ficava o cine República.
Na frente do único cinema de Guarulhos, colocavam nos dias de chuva
uma grade inclinada de madeira, para as pessoas não sujarem o piso
quando iam ver as propagandas dos filmes que ficavam expostas do lado
de dentro do cinema.
Chegava assim até o coreto em frente a igreja e depois entrava para
assistir a missa das 9h.
Sentava nas primeiras cadeiras do lado esquerdo, pois, as meninas
se sentavam no lado direito. Todos os meninos levavam o livro de
catecismo onde estavam os 10 mandamentos, o pai nosso, credo, salve
rainha, ave maria e outros cânticos que tínhamos que decorar.
A bíblia era para ter em casa e não ler, pois, o intermediário entre
nós e Deus era os padres.
Dentro da igreja éramos proibidos de pôr a mão no bolso e dobrar
as pernas. Era pecado nos diziam.
No lado direito junto ao corredor sempre estava um freira que tinha
na mão uma espécie de caixa de óculos. Ela comandava a ora de levantar,
sentar e ajoelhar fazendo um barulho. Também nunca entendi porque
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tinha que levantar, sentar e ajoelhar, pois, preferia ficar sentado
tranquilamente.
O padre rezava a missa em latim e ninguém entendia nada.
Geralmente o sermão que o padre fazia era de um espanhol misturado ao
português em que entendia muito pouco. O coroinha era sempre um
menino filho de família rica e todos ficávamos com muita inveja e
dávamos apelido ao mesmo. Lembro que um deles nós chamávamos de
Bugio e até hoje não sei o nome dele.
A gente não via a hora de terminar a missa que durava uma hora.
As minhas irmãs nunca foram à missa comigo e diziam que
gostavam de ir na missa das 10h. Só que elas desciam uma rua bem
íngreme até chegar ao córrego dos Cavalos e lá ficavam uma hora
molhando os pés nas águas límpidas. Conta a história de Guarulhos que o
córrego dos Cavalos também tinha outro nome, córrego dos Lava-pés,
pois, as pessoas vinham descalças para não estragar os sapatos e quando
chegavam ao córrego de águas limpas, lavavam os pés, punham o sapato
e subiam a rampa para ir a igreja. Minha mãe morreu e nunca soube que
suas filhinhas queridas nunca foram à missa de domingo.
Ao término da missa íamos correndo ao coreto para brincar e depois
voltávamos a feira, que era sem dúvida o nosso maior divertimento.
Brincava também no coreto quando ia visitar minha avô que morava em
uma ruazinha ao lado direito da igreja.
Na hora do almoço aos domingos era o melhor da semana, De
modo geral comíamos uma macarronada e frango. Quando comia frango
o meu pai escolhia a parte que ele queria e depois minha mãe distribuía o
resto para ela, para mim e minha duas irmãs. O nosso fogão era a lenha e
não tínhamos geladeira que logo apareceram nas casas.
Na parte da tarde a partir das 14h até as 18h era o dia do cinema.
Passavam dois filmes, um desenho, uma reportagem cinematográfica
chata e um seriado bom. Quase todos os filmes eram branco e preto.
Quando você saia do lugar onde estava sentado e ia ao banheiro no
intervalo, tinha que deixar o lenço na cadeira para ninguém tomar o seu
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lugar. As cadeiras do cinema não eram confortáveis e sempre havia pulgas
no cinema.
Voltamos para casa para jantar e depois dormir tirando as roupas e
meias deixando bem longe da cama devido as pulgas.
Algumas vezes antes de dormir ia com minhas irmãs passear na rua
D. Pedro para ver o footing. A feira já estava limpa e as pessoas se dirigiam
para baixo e para cima. As moças iam em grupo, assim como os moços e
ficavam “tirando linha”, isto é, olhando um para outro. Daí é que nasciam
os namoros e eu as vezes era “convocado” pela minha mãe para “segurar
vela”, isto é, não deixar minhas irmãs sozinhas.
Engenheiro Plinio Tomaz
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Lucas Nogueira Garcez
Antes de entrar na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o meu
cunhado Elio de Castro Mesquita, sempre comentava alguma coisa do seu professor
Lucas Nogueira Garcez. Ele tinha sido governador do Estado de São Paulo e levou o
pessoal da Poli para vários cargos importantes no governo do Estado, iniciando uma
tradição de um ajudar o outro na subida aos cargos importantes.
Quando entrei na Poli o Lucas Garcez não foi meu professor. Era chefe da cadeira
e só comparecia em solenidades e uma vez o vi lado a lado na subida de um elevador.
O Lucas Nogueira Garcez escreveu um livro com a colaboração de vários
professores e o livro era muito famoso quando comecei a estudar na Poli.
Após me formar fez vários cursos de pós-graduação na própria Poli e na Faculdade
de Higiene e Saúde Pública, sempre com a orientação do professor Kokei Uehara.
Depois de estudar muito a hidráulica e hidrologia e lendo muitos livros
internacionais achei que o livro do Lucas Garcez não trazia nenhuma novidade e comentei
isto com o prof. Kokei que disse: O professor Lucas Garcez introduziu novos conceitos
no Brasil através do seu livro pondo em risco sua carreira como professor, pois, naquele
tempo tais assuntos eram novos e todos tinham até medo de ensinar. Ele foi corajoso em
mostrar o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos e outras ideias novas.
Acabei concordando, pois, quando avaliar uma pessoa nos devemos reportar à
época em que ele viveu e não nos tempos atuais.
Outra curiosidade do Lucas Garcez foi me contada pelo professor Luiz Augusto
Martins.
Na construção do aeroporto militar em Cumbica em Guarulhos era responsável o
engenheiro civil do Mackenzie Olavo Fachini, que era primo do meu pai Egisto Thomaz.
O dr. Olavo Fachini contratou o engenheiro José Augusto Martins para fazer a
pista e como tinha muito problema de drenagem ele acabou ficando um especialista no
assunto sendo convidado após a conclusão da pista a ser professor na Poli, com a condição
que fizesse um estudo de aperfeiçoamento na Harvard nos Estados Unidos que era o
padrão da Poli naquele tempo. Outros professores como Azevedo Neto também fizeram
o curso na Harvard à custa da Poli.
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A cobra do Trielli
Eu e o Trielli trabalhávamos no escritório do dr. Élio de
Castro Mesquita. Geralmente quando o serviço era pequeno, eu
mesmo fazia os trabalhos com o teodolito Vasconcelos que o dr.
Élio tinha. Mas quando o trabalha era muito grande, o trabalho
precisa de ajuda e o dr. Elio contratava alguém.
No caso foi o Gumercindo, excelente topógrafo, sabia ler a
mira muito bem e que durante o serviço me ensinava os truques de
ler a mira, sendo que conferíamos com a trena. O Gumercindo foi
o maior topógrafo que conheci em minha vida. Mais tarde mudou-
se para o Canadá, onde trabalha lá.
Estávamos fazendo um grande levantamento perto do rio
Baquirivu de um terreno que pertencia a Moisés Lupion do Paraná.
O local ia da Rodovia Monteiro Lobato até o Jardim Novo Portugal
na região do Jardim São João em Guarulhos.
Tínhamos equipes de pessoal que trabalhavam nas picadas,
pois, era tudo mato fechado e no local tinha bastante cobras.
Sabíamos que o nosso amigo Trielli que nos estava ajudando a
segurar a mira tinha bastante medo de cobras.
Os foiceiros tinham matado uma cobra coral verdadeira
muito bonita me mostraram e pedi que a escondessem pois ia dar
um susto no Trielli. Falei para todos da cobra e escondi a cobra
dentro de uma caixa de couro usada para guardar o aparelho.
Tudo mundo começou a contar estórias de cobras, de mortes
por picadas, principalmente de cascavéis e cobras coral e que lá
estava cheio de cobras coral.
Após preparar o espirito de medo no Trielli, quando íamos
retornar ao Guarulhos, pedi ao mesmo que abrisse a caixa de couro,
para guardar o teodolito.
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Ficamos todos olhando para o Trielli. Quando abriu. Levou um
susto, perdeu a respiração e quase desmaiou de medo. Todos
riamos e ele de raiva nos ofendia com os piores palavrões.
Tinha razão a brincadeira foi um pouco exagerado. Não sabia
que ele tinha tanto medo assim.
Acabou-se a brincadeira e fomos indo a pé até que no
cruzamento do rio Baquirivu, vi uma ventosa vazando na adutora
do Tanque Grande, perto de uma ponte de madeira pintada de
preto, que os pescadores chamavam de Ponte Preta. O Trielli falou
do desperdício de água.
Chegando no escritório pediu para eu fazer um oficio ao
governador pedindo para consertar o vazamento de água na
adutora.
Datilografei, coloquei no envelope e como já era noite
colocaria no correio no dia seguinte.
No dia seguinte pedi na frente do Trielli a um funcionário do
escritório que colocasse a carta no correio o mais rápido possível,
sem antes alertá-lo de que deveria jogar a carta no lixo.
O Trielli ficou satisfeito e fomos novamente trabalhar no
campo.
A carta nunca chegou ao governador. Hoje pensando melhor,
o Trielli estava certo, deveria mandar a carta, mas o dr. Elio que
era engenheiro civil, tinha dito que os vazamentos nas ventosas
eram normais.
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