dízimo: obreiros da iniquidade
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1
OBREIROS DA INIQÜIDADE
O dinheiro com seu processo de escravização da mente cristã e a
transformação de muitos pregadores “cristãos” em obreiros da iniqüidade.
Francisco Adrian Márcio de Souza
Defensor do Verdadeiro Cristianismo
adrianmarcio80@gmail.com
Maio/2005
Maasser Decimu
$
$
2
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Jesus Cristo (João 8:32)
3
SUMÁRIO
Capítulo I
CRISTO AB-ROGA O ANTIGO TESTAMENTO............................................................04
Capítulo II
O DÍZIMO............................................................................................................................15
Capítulo III
A CASA DO TESOURO NÃO EXISTE MAIS..................................................................25
Capítulo IV
MALAQUIAS - O PESO DAS PALAVRAS DO SENHOR CONTRA ISRAEL..............33
Capítulo V
MUDA-SE O SACERDÓCIO - Hebreus 7........................................................................40
Capítulo VII
O DÍZIMO DOS FARISEUS - Mateus 23...........................................................................39
Capítulo VIII
QUAL VALE MAIS: O DÍZIMO OU A CIRCUNCISÃO? - Atos 7: 8, 9............................46
Capítulo I
CRISTO AB-ROGA O ANTIGO TESTAMENTO
4
AB-ROGAR
(Do lat. abrogare.) Termo Jurídico: Fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de (uma lei)
em sua totalidade.
TESTAMENTO
(Do lat. testamentu.) Termo Jurídico: Ato personalíssimo, unilateral, gratuito, solene e revogável,
pelo qual alguém, com observância da lei, dispõe de seu patrimônio, total ou parcialmente, para
depois de sua morte, podendo, ainda, nomear tutores para seus filhos menores, reconhecer
filhos naturais e fazer outras declarações de última vontade.
Termo Relgioso: Aliança de Deus com os homens, quer feita através de Moisés - o Antigo
Testamento -, quer através de Jesus Cristo - o Novo Testamento. [Os livros sagrados que se
prendem a uma ou outra dessas alianças dividem em duas grandes partes a Bíblia cristã. 1]
A Bíblia cristã, como alguns costumam denomina-la, não é totalmente cristã, os fatores
que explicam isso estão na própria Bíblia, bem como, na tradição cristã e judaica que definem a
separação e diferença entre os dois.
Inicialmente percebemos que a mesma esta dividida em duas partes, a primeira é
conhecida como Antigo Testamento ou Antigo Pacto (Antiga Aliança), a outra parte é chamado
Novo Testamento ou Novo Pacto (Nova Aliança). O primeiro (Antigo Testamento) recebido por
Moisés, dado por Deus no Monte Sinai para os hebreus. O segundo (Novo Testamento) anula o
primeiro, foi dado por Jesus – o Cristo, a todos os crêem nEle.
Temos na realidade um grande Livro Sagrado dividido em dois testamentos, destes,
subdivididos em três tempos – antes da Lei – tempo da Lei – o tempo da Graça de Cristo. A
expressão ―antes da lei‖ significa um período de pactos pessoais de Jeová com determinados
homens: Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó. Neste mesmo tempo não existia o pacto por escrito
e nem a detalhamento das leis que Deus falou a Moisés, porém, deveria o pactuante repudiar a
vida licenciosa e a imoralidade ou qualquer outro tipo de impureza humana.
Abraão progenitor da raça hebraica recebeu a promessa de ter todas as suas gerações
abençoadas por Deus, sua semente receberia a terra de Canaã por possessão perpetua. Este
pacto teria por sinal de confirmação a circuncisão de todos macho da casa de Abraão e de toda
sua descendência (Gn 17: 7-27). Isaque o filho da promessa reafirmou o pacto Divino de seu
pai Abraão, em seguida, Jacó filho de Isaque, também renovaria o pacto com Deus, eis que, de
Jacó se originou as doze tribos de Israel.
5
É importante entendermos que conteúdo continha os pactos firmados entre Deus e o
homem antes da lei de Moisés a antes mesmo da graça de Cristo.
Com Adão, disse Deus:
15 Então o Senhor Deus pôs o homem no jardim do Éden, para cuidar
dele e nele fazer plantações. 16 E o Senhor deu ao homem a seguinte
ordem: — Você pode comer as frutas de qualquer árvore do jardim, 17
menos da árvore que dá o conhecimento do bem e do mal. Não
coma a fruta dessa árvore; pois, no dia em que você a comer,
certamente morrerá (Genesis cap. 2, ver. 15-17). o grifo é nosso
Com Noé, disse Deus:
1 Deus abençoou Noé e os seus filhos, dizendo o seguinte: — Tenham
muitos filhos, e que os seus descendentes se espalhem por toda a terra.
2 Todos os animais selvagens, todas as aves, todos os animais que se
arrastam pelo chão e todos os peixes terão medo e pavor de vocês.
Todos eles serão dominados por vocês. 3 Vocês podem comer os
animais e também as verduras; eu os dou para vocês como
alimento. 4 Mas uma coisa que vocês não devem comer é carne
com sangue, pois no sangue está a vida. 5 Eu acertarei as contas
com cada ser humano e com cada animal que matar alguém. 6 O ser
humano foi criado parecido com Deus, e por isso quem matar uma
pessoa será morto por outra. 7 — Tenham muitos filhos, e que os
descendentes de vocês se espalhem por toda a terra. 8 Deus também
disse a Noé e aos seus filhos: 9 — Agora vou fazer a minha aliança
com vocês, e com os seus descendentes, 10 e com todos os
animais que saíram da barca e que estão com vocês, isto é, as aves, os
animais domésticos e os animais selvagens, sim, todos os animais do
mundo. 11 Eu faço a seguinte aliança com vocês: prometo que nunca
mais os seres vivos serão destruídos por um dilúvio. E nunca mais
haverá outro dilúvio para destruir a terra. 12 Como sinal desta aliança
1 AURÈLIO, Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o dicionário da Língua Português. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira (Versão 3.0, Séc. XXI) s/d.
6
que estou fazendo para sempre com vocês e com todos os animais,
13 vou colocar o meu arco nas nuvens. O arco-íris será o sinal da
aliança que estou fazendo com o mundo. 14 Quando eu cobrir de
nuvens o céu e aparecer o arco-íris, (Genesis cap. 9, 1-14). o grifo é
nosso
Com Abraão, disse Deus:
2 Eu farei a minha aliança com você e lhe darei muitos descendentes. 3
Então Abrão se ajoelhou, encostou o rosto no chão, e Deus lhe disse: 4
— Eu faço com você esta aliança: prometo que você será o pai de
muitas nações. 5 Daqui em diante o seu nome será Abraão e não
Abrão, pois eu vou fazer com que você seja pai de muitas nações. 6
Farei com que os seus descendentes sejam muito numerosos, e alguns
deles serão reis. 7 A aliança que estou fazendo para sempre com você e
com os seus descendentes é a seguinte: eu serei para sempre o Deus
de você e o Deus dos seus descendentes. 8 Darei a você e a eles a
terra onde você está morando como estrangeiro. Toda a terra de Canaã
será para sempre dos seus descendentes, e eu serei o Deus deles. 9
Deus continuou: — Você, Abraão, será fiel à minha aliança, você e os
seus descendentes, para sempre. 10 Pela aliança que estou fazendo
com você e com os seus descendentes, todos os homens entre
vocês deverão ser circuncidados2. 11 A circuncisão servirá como
sinal da aliança que há entre mim e vocês. 12 De hoje em diante
vocês circuncidarão todos os meninos oito dias depois de nascidos, e
também os escravos que nascerem nas casas de vocês, e os que forem
comprados de estrangeiros (Genesis cap. 17, ver. 2-12). o grifo é nosso
Perceba que há variação no objeto que representa essas alianças de Deus e o homem,
e que por decisão divina cada uma delas foi diferente e isso continuou a ser diferente no caso
de Moisés e por fim com a chegada da graça de Cristo, Nosso Salvador. O interessante é a
2 Cerimônia religiosa em que é cortada a pele, chamada prepúcio, que cobre a ponta do órgão sexual
masculino. Os meninos israelitas eram circuncidados no oitavo dia após o seu nascimento. A circuncisão era sinal da ALIANÇA que Deus fez com o povo de Israel (Gn 17.9-14). (Extraído do Dicionário da Bíblia de Almeida, SBB)
7
aliança de Deus com Moisés no Monte Sinai, diferente das anteriores, assim como o tempo da
graça que foi anunciado em todo o Antigo Testamento seria e é diferente da lei de Moisés. Na
realidade Jesus determinou o fim do Antigo Testamento para uma melhor constituição de uma
melhor aliança. (Entretanto continuemos seguindo o caminho percorrido pelos hebreus).
Estes foram morar no Egito a pedido de José, filho de Jacó e governador do Egito e
acabaram se tornando escravos, depois de centenas de anos em sofrimento, Deus convocou
Moisés para libertar os descendentes de Jacó (Ex. 2 e 3). Podemos afirmar que a saída do
Egito é o marco inicial do ―tempo da Lei‖.
Deus propôs um pacto com o povo hebreu:
E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás a casa de Jacó
e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre
asas de águas, e vos trouxe a mim; Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e
guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os
povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e um povo santo.
Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. E veio Moisés, e chamou os anciãos do
povo, e expôs diante deles todas estas palavras que o senhor lhe tinha ordenado. Então todo o
povo respondeu a uma voz, e disseram: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos. E relatou
Moisés ao Senhor as palavras do povo3 (Ex. 19:3-8). o grifo é nosso
Monte Sinai – Revista Morashá
Primeiramente Deus perguntou se o povo de Israel aceitaria o pacto proposto por Ele e
levado por Moisés, especificamente para eles (os hebreus). Perceba que há exclusão de outros
povos, seria somente com a descendência de Jacó. Em seguida ordenou os dez mandamentos
(Ex. 20: 1-21). Entretanto, estes dez mandamentos seriam a base principal da moralidade e da
8
convivência civil, mas foram também ordenados mais de seiscentos outros mandamentos
subdivididos em leis cerimoniais, trabalhista, agrícolas etc. todas compiladas no Torá
(Pentateuco).
O Torá na visão judaica só deve ser interpretada pelo Talmud ou Torá oral, e qualquer
interpretação feita das leis de Moisés sem o Talmud é proibida pelos judeus. Essas leis e o
Talmud tornam o povo judeu realmente diferentes dos demais, tanto na formação como povo,
como na observação dos mandamentos da Torá, pois eram obrigatórias somente a eles. E por
isso eles mesmos se consideram diferentes. Veja as afirmações da revista judaica Morashá:
Após a Revelação Divina no Monte Sinai, as Doze Tribos de Israel se tornam a Nação
Judaica um povo definido por um código de leis morais e espirituais ditadas por D‘us. As leis
promulgadas pelo Eterno fundamentam a responsabilidade do homem perante outros homens e
Seu Criador. São leis espirituais que uma vez trazidas à Terra, assumiram forma física e
cotidiana. Sua moral e ética transcendem o tempo e o espaço e mudam para sempre os
caminhos não apenas do povo de Israel mas de toda humanidade.
A formação do povo judeu, em conseqüência da outorga da Torá, difere totalmente de
como outros grupos de indivíduos se tornaram uma nação (...) A Torá atesta que nunca
antes e nunca mais após aquele evento D’us se revelaria a outro povo4... (grifos nosso)
Os dois principais objetos de diferenciação usados pelos judeus para provar as
diferenças em relação aos demais povos e nações, se encontram, primeiro na manifestação
Divina no Monte Sinai e em seguida a outorga da Torá, são sem dúvidas dois eventos ímpartar
e sem repetição na história humana.
O Sociólogo Judeu Rogério Rosenbaum, estudioso do Judaísmo Clássico, demonstra de
forma clara e sucinta onde se entra as diferenças entre judeus e o resto da humanidade.
Vejamos:
A Torá não é somente o livro de leis, normas de conduta, história e fé dos judeus, mas o próprio
Mapa da Criação. Diz o Talmud, que o Eterno esboçou o plano do universo escrevendo-o sob a
forma de uma Torá (Orientação), codificando dentro dela a vida de todos os seres humanos
desde o primeiro até o último homem. O total de mandamentos que incumbe o povo judeu como
um todo é 613. Aos que não são judeus cabe cuidar dos Sete Mandamentos dos Filhos de
Noé5, como explicaremos adiante. Adicionalmente a estes 613 mandamentos, que incluem
3 Revista Morashá, Edição 40 - Março de 2003. Disponível em URL: www.morasha.com.br,
4 Ibid. Disponível em URL: www.morasha.com.br.
5 Os Sete Mandamentos dos filhos de Noé são: 1. Não assassinarás. 2. Não roubarás. 3. Não adorarás
falsos deuses. 4. Não praticarás imoralidade sexual. 5. Não comerás os membros de um animal vivo. 6. Não amaldiçoarás D'us. 7. Organizarás tribunais e trarás os transgressores à justiça. Disponível em URL: www.jewishbrazil.com/itro.htm,
9
hábitos alimentares, atitudes morais e cívicas, relações patrão-empregado, comportamento na
guerra, contratos conjugais e herança, até e contatos mais diretos com a alma e com D-us,
somam-se as leis rabínicas, como estão descritas no Talmud6 ... (destaque do autor)
Para o sociólogo nos cinco livros de Moisés o Eterno (Deus), esboçou a criação do
mundo e codificou a vida dos homens, do primeiro ao ultimo. Porém, mais adiante o autor
especifica o que cabe aos judeus e o que os não judeus devem cumprir, ou seja, fica obrigatório
a raça humana respeitar os Sete Mandamentos dos Filhos de Noé, com exceção dos judeus
que teriam a obrigação de observar os 613 mandamentos dado por Deus no Monte Sinai.
Lembramos que os Sete Mandamentos dos Filhos de Noé antecedem o evento no Monte.
Não são os cristão que se dizem diferentes ou separados. Não é nosso objetivo querer
discriminar qualquer que seja a religião, mas são os próprios judeus que fazem questão de se
autodenominarem separados. Muitos cristãos se acham capazes de interpretarem a seu bel
prazer as leis judaica, contudo, para os judeus é ato desprezível:
O Talmud define e dá forma ao judaísmo, alicerçando todas as leis e rituais judaicos. Enquanto
o Chumash (o Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés) apenas alude aos Mandamentos, o
Talmud os explica, discute e esclarece. Não fosse este, não entenderíamos e muito menos
cumpriríamos a maioria das leis e tradições da Torá e o judaísmo não existiria. Historicamente,
os judeus que, individualmente ou em grupo, negaram sua validade, acabaram por se assimilar
ou desaparecer. E, como outras religiões adotaram o texto da Torá Escrita - Torá she-
bichtav, mesmo a tendo traduzido de forma errada, adicionando ou removendo partes da
mesma e a interpretando de forma proibida pelo judaísmo, é o Talmud o verdadeiro
divisor de águas, o texto sagrado que diferencia os judeus das outras nações do mundo7.
(grifos nosso)
Os escritos judaicos são taxativo no que diz respeito aos Livros de Moisés a Torá (que
significa Guia ou Orientação), todas interpretações advindas de outras religiões são
desconsideradas, pois somente o Talmud pode dá a verdadeira interpretação. Vale ressaltar
que o Talmud não é utilizado pelos cristãos. O Sociólogo Rogério Rosenbaum descreve como
surgiu o Talmud da seguinte maneira: ―Talmud, que foi compilado na antiga Babilônia e em
Israel, entre os séculos 2 e 6 da Era Comum‖. A Revista Morashá o define dessa forma:
6Paulo Rogério Rosenbaum – Sociólogo pela Universidade de Haifa e estudioso do Judaísmo
Clássico. Disponível em URL: www.jewishbrazil.com/itro.htm, 7Revista Morashá: judaísmo virtual - Edição 43 - Dezembro de 2003. Disponível em URL:
www.morasha.com.br.
10
Sua definição formal é a de ser a compilação da Lei Oral, que foi transmitida por D‘us a Moisés,
no Monte Sinai, tendo sido estudada e dissecada, através dos séculos, pelos sábios que viviam
em Israel e na Babilônia, até o início da Idade Média. O Talmud tem dois componentes
principais: a Mishná, um livro sobre a lei judaica, escrito em hebraico, e a Guemará, comentário
e elucidação do primeiro, escrita no jargão hebraico-aramaico8.
Sabemos agora que o cristão nada tem de comum com o povo judeu, o cristão não deve
de forma alguma se apropriar das determinações ordenadas nos livros de Moisés e muito
menos seguir os como prática de fé conselhos ou ordenanças contidas nos livros históricos,
proféticos e poéticos, haja vista, que todo o conteúdo dos escritos dos profetas possui como
base as ordenanças do Torá ou são profecias referente a chegada do Messias – o Cristo. Para
os cristãos ele é Jesus o nosso salvador. As profecias do Antigo Testamento sobre o Messias
foram cumpridas em Jesus, do maior ao menor detalhe; nasceria de uma virgem (IS. 7:14);
seria na cidade de Belém (Mq. 5:2); seria perseguido ainda criança (Jr. 31:15); seria chamado
do Egito (Os. 11:1) Jesus entraria em Jerusalém montado num jumento (Zc. 9:9). Sem dúvida,
cabe ao cristão conhecer o Antigo Testamento, mas não cabe a ele cumprir qualquer preceito
ou exemplo dado pela lei do Velho Pacto.
O Antigo Testamento não pode ser rasgado e jogado fora, por sua vez, é uma fonte
inspirada por Deus e dado como mandamento aos judeus. Consta também como caminho
inicial e anúncio da chega do grande Redentor da humanidade. Contudo Cristo nos deu um
novo mandamento, sendo sem dúvida a regra de vida e fé de todos os cristão.
As diferenças existentes entre judeus e não judeus ficam manifestas também na Nova
Aliança dada por Jesus Cristo. Diferenças essas, claras e notórias que exigem a renuncia das
práticas do Velho Testamento e a execução somente do Novo. Os apóstolos também tiveram
dúvidas e várias contendas (leia Gálatas) a respeito se poderiam ou não cumprir os
mandamentos do Antigo Testamento. No intuito de por fim as controvérsias. O Concilio em
Jerusalém, o primeiro onde se buscou consenso para tais contendas. Definiu:
Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se, dizendo que era
necessário circuncida-los, e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se os
apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão, levantou-
se Pedro, e lhes disse: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós,
para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem. Deus, que
conhece os corações, deu testemunho a favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santos, assim
8 Ibid. Disponível em URL: www.morasha.com.br.
11
como também a nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações
pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre o pescoço dos discípulos um jugo que
nem nossos pais nem nós pudemos suportar? (At. 15:5-10).
Os apóstolos e anciãos, principalmente Pedro expondo as maravilhas que Deus havia
concedido aos não judeus, prova como é desnecessário o cumprimento das leis do Antigo
Testamento. Os gentios sem Moisés receberam o Espírito Santo, isso significa que eles foram
aceitos pela fé sem necessitar do cerimônialismo e legalismo judaico, como festas, sábado,
dízimo, circuncisão ou qualquer outro preceito. O próprio Pedro admiti que a lei mosaica era um
jugo que impedia uma relação mais íntima com Deus. Na conclusão do Concílio definiu-se
como mandamentos do Antigo Testamento a serem cumpridos pelos cristão, somente estes:
Pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas
coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas ao ídolos, do sangue, da carne
sufocada e da prostituição. Fazei bem se vos guardardes destas coisas. Bem vos vá (At.
15:28,29).
A decisão do Concílio em Jerusalém é bem clara ao afirmar que os gentios convertidos
não estavam debaixo do jugo da Lei, mas deveriam seguir os ensinamentos de Jesus através
de seus apóstolos. Certamente os mesmos concluíram que existia diferenças entre Jesus e
Moisés. O legislador dos judeus teve a função de conduzir seu povo através da instrução da lei
dada por Deus, escrita e compilada no Antigo Pacto. Entretanto, o Antigo acabou sendo
instaurado o Novo Pacto baseado não mais em sangue animal, mas sim no Santo Sangue do
Cristo ressurreto. No evangelho de Mateus 26:18, Jesus manifesta quem é o detentor de todo
poder no céu e na terra – Ele, e o que todos deveriam fazer e cumprir seus mandamentos. Indo
fazer discípulos, batizando-os e ensinando a guardar os ensinamentos de Jesus.
Com base no Novo Testamento, cabe a seguinte pergunta: se disséssemos aos
defensores e cobradores do dízimo que o mesmo não pode mais ser cobrado, o que diriam de
nós? Com certeza nos chamariam de loucos, bestas feras, espíritos imundos, demônios etc.
Bem, loucos ou não, esta é a mais pura verdade. Pois o dízimo é uma ordenança da Lei de
Moisés e, que a Lei estando escrita no Antigo Testamento, no qual já há muito tempo foi abolido
por Cristo Jesus (II Co. 3:14), ou seja, se o Antigo Testamento foi abolido, retirado, anulado, o
que temos nós os Cristãos em cumprir a Lei dos dízimos citada em Lv. 27: 30 – 34? E que
medo devo ter das maldições contidas no livro do profeta Malaquias? Já que as maldições eram
dirigidas para quem tinham obrigação de cumprir a Lei escrita por Moisés, e isso Cristo e todos
12
os Apóstolos garantem, nós Cristãos não temos essa obrigação. Se não temos obrigação,
então, como somos amaldiçoados?
Você já imaginou o que diriam os grandes Imperadores do Evangelho ao lerem ou
ouvirem isso. No Brasil como exemplo de Imperadores do Evangelho temos, Edir Macedo
(Fundador da Igreja Universal do Reino de Deus), Davi Miranda (Fundador da Igreja Deus é
Amor), R. R. Soares (Fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus), José Wellington
Bezerra (Convenção Geral das Assembléias de Deus), também o que pensaria aquele que se
auto-denomina ―Apóstolo‖ Estevão (Fundador da Renascer em Cristo), ou a CNBB com a
pastoral do dízimo, e outros milhares em todo mundo. Apesar da isenção Bíblica sobre a
obrigatoriedade do dízimo. No entanto, os Imperadores do Evangelho e seus seguidores,
erroneamente continuam a pregar nos cultos e missas o que mais os interessa, que é arrecadar
dízimos, usando maldições e classificando de roubadores de Deus e até condenando os não
dizimistas.
O Apóstolo Paulo explica muito bem a diferença da Lei e da Graça, a saída do Antigo
Testamento e o início do Novo Testamento, fazendo a comparação entre Sara mulher de
Abraão na qual gerava o filho da promessa divina e Agar escrava que teve um filho Abraão.
Eu bem quisera agora estar presente convosco, e mudar o tom da minha voz, porque estou
perplexo a vosso respeito. Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?
Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que
era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se
entende por alegoria, pois estas mulheres são as duas alianças. Uma aliança é do monte Sinai,
gerando filhos para a escravidão, que é Hagar. Ora, esta Hagar é Sinai, um monte da Arábia,
que corresponde à Jerusalém atual, porque é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém
que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós. Pois está escrito: Alegra-te, estéril, que não
dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da abandonada são
mais do que os da que tem marido. Ora, vós, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
Mas, como então o que nasceu segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito,
assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora à escrava e seu filho, pois de modo
algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos,
não da escrava, mas da livre (Gl. 4: 20 – 31, grifos nosso)
Paulo escreveu a carta aos Gálatas depois de lhe chegar o conhecimento da intromissão
da doutrina Judaica entre os Gálatas, nos quais ensinava que todos Cristãos tantos Judeus
como Gentios só poderiam ser agraciados pelo poder de Jesus Cristo através do cumprimento
da Lei Mosaica, e sem essa observação não poderiam fazer parte do rebanho divino, da Igreja
Santa. Paulo sabendo dessas heresias usa ricos argumentos para combatê-los, e nos provar
13
que não é mais necessário o cumprimento da circuncisão, dízimo ou de qualquer outro preceito
do Sinai.
A alegoria feita pelo apóstolo com todo seu discernimento Espiritual, mostrando a
diferença das duas alianças causou um profundo impacto na vida do movimento judaico-cristão,
que defendia a observação da lei na convivência e exercício da fé dos gentios convertidos ao
cristianismo. Nem judeus e nem gentios precisavam cumprir qualquer ordenança. Em quanto ao
dízimo, O Novo Testamento prova a não necessidade de se paga-lo. Se observarmos
minuciosamente o verso 25 do capítulo 4 de Gálatas, veremos o autor afirmar: "Ora esta Agar é
Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém atual, porque é escrava com seus
filhos". Concluímos o seguinte: no Monte Sinai foi dada a lei ao povo de Israel, inclusive a
ordenança dos dízimos. "Todos os dízimos do campo, da semente do campo, do fruto das
árvores, são do Senhor; são santos ao Senhor. São estes os mandamentos que o Senhor deu a
Moisés, no monte Sinai, para os filhos de Israel‖ (Lv. 27:30, 34). Então se Agar é o Monte Sinai,
onde foi dada a Lei, fica claro e evidente que os cumpridores da lei dos dízimos são filhos da
escrava e não da livre. Já que a livre deu a luz há Isaque, o filho da promessa e, essa tão
grande promessa nos alcançou assim como diz o Apóstolo: "Ora, vós, irmãos, sois filhos da
promessa, como Isaque" (Gl. 4: 28). Convenhamos, o que temos haver nós os filhos da
promessa com o cumprimento do pagamento do dízimo, pois o próprio Isaque não pagou-o.
Mesmo os "grandes" pregadores do evangelho sabendo da verdade ousam em
continuar com pregações herética, escrevem livros e mais livros induzindo o rebanho de Cristo
a pagar o dízimo, achando eles que a piedade de Cristo é causa de lucro e não aceitando as
escrituras do Nova Aliança da forma que está escrita.
Os cobradores de dízimos defendem-se com argumentos supérfluos, afirmando que
Deus depois de autorizar um mandamento não poderia desautorizar-lo, onde se enganam
completamente. Servimos ao Deus do impossível. E se é impossível Ele autorizar e
desautorizar, Ele deixa de ser o Deus do impossível e passa a ser o deus anunciado por
pregadores mercenários, que O transformaram em um deus mercenário e unicamente
capitalista. Isso não acontece por acaso, mas para sustentação desse sistema sórdido e
perverso, iniciado pela Igreja Romana com as indulgências e modelado por João Calvino e sua
predestinação. Tendo sido totalmente modernizado e diabolisada pela teologia da prosperidade
da Igreja Cristã Moderna.
Deus em sua grandeza não deixa dúvida das possibilidades do impossível se transforma
possível. Quando Deus falou a Abraão para sacrificar seu único filho, Abraão não mediu
esforços, pegou Isaque e indo até o lugar indicado por Deus para oferecer seu filho. O Senhor
14
vendo tão grande fé daquele homem, envia um anjo para comunicá-lo que ele não precisava
mais sacrificar seu filho (Gn. 22:2-12).
Certamente agora, percebemos o grande, único e supremo poder, tendo Ele pedido
Isaque filho de Abraão para prová-lo e, vendo Deus a fé de Abraão, enviou seu anjo impedindo
o sacrifício. Da mesma forma Deus fez com o Antigo Testamento. Grandes homens de fé
usados por Deus escreveram o Velho Testamento ou a Antiga Aliança, durante centenas de
anos conduzindo-nos assim para o tempo da graça, com a chegada do Novo Concerto descrito
na própria Antiga Aliança.
Deus não decidiu de última hora aboli-lo, pelo contrário, centenas de anos antes de
Cristo, Deus já havia predito a vinda do Emanuel e a chegada do Novo Concerto, a Nova
Aliança, o Tempo da Graça. O livro de Jeremias é prova disso. Confira:
Eis que dias vem, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a
casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seu país, no dia em que os tomei pela
mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu
os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois
daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e
eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo (Jr. 31: 31-33).
Acaso alguém ainda queira continuar com o pseudo mandamento cristão referente ao
pagamento do dízimo, pelo simples fato do mesmo constar no Antigo Testamento. Cabe a ele
também guarda os outros seiscentos e treze preceitos que estão em harmonia com o dízimo no
ritualismo hebraico. Todavia, o cristão confia nas palavras de Cristo: ‖A lei e os profetas
duraram até João, desde então é anunciado o reino de Deus,...‖ (Lc. 13:16); "Mas os seus
sentidos foram endurecidos. Porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho
testamento, o qual foi por Cristo Abolido" (II Co. 3: 14); Mas agora alcançou ele ministério tanto
mais excelente quanto é mediador duma superior aliança, que está firmada em melhores
promessas (Hb. 8:6); O mistério é que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo
e co-participantes da promessa em Cristo pelo Evangelho‖ (Ef. 3:6).
Capítulo II
O DÍZIMO
DÍZIMO
(Hebraico. Maasser; Do lat. decimu.) A décima parte; Imposto equivalente à décima parte do
rendimento.
15
A controvérsia sobre a obrigatoriedade ou não do pagamento do dízimo deve se
expandi, isso no intuito de traçamos uma série de indagações profundas, com necessidade de
respostas corretas e canônicas. Certamente, devido a enxurrada de falsas interpretação,
falseadas propositalmente, todas sem comprovação bíblica ou que não tenha sofrido criterioso
debate sobre os diversos temas gerados para doutrinar a cristandade moderna, por sua vez,
nos trouxe uma nova forma de pregação e um novo modelo de igreja. Ambas firmadas em
falsos pilares. Na verdade vivemos um cristianismo submisso a ideologias políticas e metas
econômicas.
Para esclarecer melhor temos que recorrer a um destes pilares - o dízimo, um dos
componentes das metas políticas. Nos últimos séculos este assumiu forma moderna, totalmente
distinta de sua origem. O professor Jonh D. Davis discorre sobre o tema, principalmente sobre
como funcionava ou como era pago o mesmo na antiguidade. No entanto, o período exato de
quando iniciou esta prática não pode ser definido, porém, sabe-se que é muito antigo e possuía
várias características, algumas nações separavam para os deuses, uma certa quantidade da
produção, seja ela do campo, cultivo, da criação ou caça de animais, e até mesmo dos bens
conquistados na guerra, como fez Abraão. ―Os Lídios ofereciam a décima parte das presas, os
Fenícios e os cartagineses enviavam anualmente a Hercules, a décima parte de suas rendas‖9.
Ressaltamos ainda que esses povos ofereciam seus dízimos principalmente da agropecuária de
forma voluntária para honrar autoridades de seu tempo, bem como, muitas vezes possuía
caráter assistencial, eram distribuído aos pobres, mas também existiam povos que instituíam
leis para cobra determinadas quantias de suas produções. ―Os Egípcios deveriam contribuir
com a quinta parte das colheitas para Faraó‖10.
No que diz respeito ao povo judeu, sabe-se que não foi Abraão quem instituiu o costume
de dar dízimo, já que Isaque, seu filho, não pagou, enquanto Jacó precisou fazer voto, deixando
claro que o pai Abraão não deu ordens sobre tal obrigação. Para Davis ―não poucos doutores
são de opinião que a contribuição de um quinto para Faraó que os israelitas pagavam no Egito,
se perpetuou na lei mosaica. Este quinto foi elevado a dois quintos, 1° para os levitas e o 2°
para o santuário‖11. Todavia, o que os teólogos afirmam, não passa de especulação de pouco
interesse para o trabalho neste momento, pois devemos tomar os registros bíblicos sobre o
tema.
9 DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Trad. Rer. J. R. Carvalho Braga. 2° Ed. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Batista, 1960, p. 164. 10
Ibid., p. 165. 11
Ibid., p. 165.
16
Sabe-se que se trata de uma prática muito antiga, mas continuamos sem saber qual
povo iniciou este costume ou obrigação, entretanto, para o povo hebreu foi um mandamento
dado por Deus no Monte Sinai (Lv. 27:30-34), isto, de acordo com o Antigo Testamento. Surgi
outra controvérsia quando penetramos neste mandamento judaico, pois também se tornou difícil
identificar quantos dízimos existiam, e em que épocas do ano eram pagos. Sabe-se, contudo,
que a Bíblia deixa bem claro que somente os judeus proprietários de latifúndio, campos
produtivos, deveriam pagar o dízimo.
Nos livros escritos por Moisés, identificamos quatro dízimos, podendo ser classificado
como, três dízimos diretos e um indireto: 1° o dízimo do santuário (Nm.18: 21; Ne. 10:37); 2° o
dos levitas, deste, os levitas retiravam outro dízimo [era indireto o 3° dízimo, 10% de 10%] para
o santuário (Nm. 18:23; Ne.10:38); 4° para os pobres (Dt. 12:18; 14:29). Esses mandamentos
sofreram várias alterações com o passar dos séculos, os judeus deixaram de pagar os dízimos
aos sacerdotes, devido a destruição do Templo em Jerusalém no ano 70 d.C.
As igrejas cristãs se apropriaram destas ordenanças, deturparam sua essência, e
utilizam o texto de Malaquias 3:10 para justificar a cobrança, mas não existe registro da
obrigação do dízimo para cristãos no Novo Testamento, contudo o ―gazofilácio‖12 e as ―salvas‖13
continuam há ter bastante utilidade.
Na realidade, existe uma única fonte originária do dízimo, todavia, é propagada de várias
formas no cristianismo e, por diferentes seguimentos religiosos, ou seja, para os judeus antes
da destruição do Templo em Jerusalém era imperativo o cumprimento deste mandamento,
porém, depois da destruição do templo houve uma brusca mudança; os cristão tem o dízimo
como obrigação, apesar de não constar nenhum mandamento, (é uma doutrina deformada, não
possui canonicidade); os Mórmons também se apropriaram deste mandamento judaico e
alegam que Jesus mandou Néfi reescrever o livro de Malaquias para serem ensinados ao povo.
É mais ou menos essa a realidade de hoje.
Veja a concepção do dízimo para cristãos de hoje e do povo judeu na nas ordenanças
do Pentateuco.
12
GAZOFILÁCIO: (Do gr. gazophylákion, pelo lat. gazophylaciu.) Lugar no templo, onde se guardavam os vasos e recolhiam as oferendas; Cofre de jóias; escrínio;Tesouro. AURÈLIO, Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o dicionário da Língua Português. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (Versão 3.0, Séc. XXI) s/d. 13
Sacolas específicas, para circular dentro do templo no recolhimento das contribuições.
17
1. CONCEPÇÃO DE DÍZIMO NA IGREJA CRISTÃ MODERNA.
O líder da congregação tem obrigação de cobrar e recolher o dízimo dos membros, para investir na ―obra de Deus‖.
Todos os membros de uma denominação cristã tem obrigação de recolherem 10% (décima parte) de seus rendimentos; rico ou pobre, jovem, velho, viúva, aposentado, agricultor, industrial ou qualquer trabalhador remunerado, para serem pagos na igreja.
Depois de entregue o dízimo na congregação, automaticamente se abre a janela do céu – bênçãos para os dizimistas e maldição para os não dizimistas. (baseado em Malaquias 3:10)
Perceba que o atual mecanismo de arrecadação da igreja é totalmente equivocado e
sem base canônica, e o pior, os fiéis desafiam (cobram, exigem, provocam) Deus no intuito de
receber bênçãos, principalmente as desejadas ―bênçãos financeiras‖, como se Deus tivesse
obrigação para tal. Pensam eles que os não dizimistas estão amaldiçoados com um tal
―devorador‖ lhe perseguindo. O mais intrigante e digno de nota e de lembrança é que, aqueles
que cumprem algum preceito da lei de Moisés, este sim esta sob maldição: ―Todos aqueles pois
que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele
que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para faze-las‖ (Gl.
3:10), ou seja, na realidade os amaldiçoados são os pagadores de dízimo, já que se trata de um
mandamento do Monte Sinai, significando assim sua filiação a Agar, para serem escravos (Gl.
18
4:25), pois o cristão está isento da Antiga Aliança devendo permanecer na doutrina apostólica
(At. 2:42).
O gráfico acima, só se aplica na realidade para os Mormos, pois nos seus escritos - o
Livro de Mórmon, foram feitas certas modificações na ordem original do mandamento dada no
Monte Sinai, sendo estas incluídas como obrigação divina:
E aconteceu que Jesus ordenou que fosse escrito; por conseguinte foi escrito, como ele
ordenou. E então aconteceu que depois de haver explicado em uma todas as escrituras que
haviam registrado, Jesus ordenou-lhes que ensinassem as coisas que ele havia explicado (3 Ne
23:13,14). E aconteceu que ele lhes ordenou que escrevessem as palavra que o Pai
transmitira a Malaquias, as quais ele lhes diria. E aconteceu que depois que foram escritas,
ele as explicou. E estas foram as palavras que ele lhes disse: Assim disse o Pai a Malaquias
(...). Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubastes a mim, vós, toda a nação.
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento em minha casa; e
provai-me então com isto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e
não derramar sobre vós uma bênção14
... (3 Néfi 24: 1,9,10). grifos nosso
Observe que nos escritos sagrado dos Mórmons, no livro de Néfi há afirmação que Jesus
mandou que escrevesse o que o Pai havia dito a Malaquias e, por incrível que pareça, Jesus
afirmou que o livro de Malaquias, fosse reproduzido e ordenando a observação no pagamento
do dízimo. Joseph Smith (fundador do mormonismo) é esperto, de todo o livro de Malaquias
para ser novamente escrito e ensinado, ele só reescreveu o mandamento do dízimo e as
maldições para quem não obedecesse15. No entanto, não para por aí, no livro de Doutrina e
convênios deste mesmo seguimento religioso se encontram as seguintes afirmações:
Aquele que pagar o dízimo não será queimado no dia de sua vinda, D&C 64:23 (85:3). A casa
do Senhor será construída com o dízimo de seu povo, D&C 97: 11-12. O Senhor revelou a lei
do dízimo, D&C 119. A distribuição dos dízimos será feita por um conselho16
, D&C 120.
Ora, para os Mórmons, Cristo ordenou o pagamento do dízimo, deixando transparecer
que até segmentos religiosos heréticos se aproveitam de Malaquias 3:10. Mas para os cristãos,
só o Novo Testamento e a doutrina apostólica deve ser observada na verdadeira adoração
14
O LIVRO DE MÓRMON – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995. p. 529,530 15
Ver livro 3 Néfi cap. 24 In: O LIVRO DE MÓRMON – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995. p. 529,530 16
Guia Para Estudo da Escrituras. In: O LIVRO DE MÓRMON – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995. p. 61
19
cristã, e neles não consta a doutrina ou cobrança do dízimo. Se para os Mórmons cairá
maldição sobre eles, caso não paguem o dízimo. Para os cristãos que tem o Novo Testamento
(pois os Mórmons usam outros escritos), acontece o contrário, se ele pagar o dízimo aí sim
cairá em maldição (Gl. 3:10; 3:12). Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós... (Gl. 3:13). ―A saber, que os gentios são co-herdeiros e de um mesmo corpo, e
participante da promessa em Cristo pelo evangelho;‖ (Ef. 3:6).
Sabemos que sem o evangelho não teríamos entrada no céu, sendo a doutrina apostólicas
e principalmente as palavra do Cristo de conhecimento de todos, e que o livro de Malaquias não
está incluído como doutrina Cristã-Apostólica. Os comentários no capítulo anterior, tornam
desnecessário nos demorar neste assunto.
2. CONCEPÇÃO JUDAICA DO DÍZIMO: DA CONQUISTA DA TERRA PROMETIDA ATÉ A
DESTRUIÇÃO DO TEMPLO NO ANO 70 DA E.C.
20
Os pobres: órfãos, viúvas, estrangeiros e escravos se alimentavam destes dízimos (Dt. 12), bem como, das sobras da colheita, preestabelecidas em lei (Lv. 23:22; Rt.
2:2-3).
Outro dízimo, e as primícias do campo era destinado ao Sumo Sacerdote, como também para as festividades realizadas única e exclusivamente no Templo Sagrado da capital de Israel (Lv. 23; Ne. 10:37; 13: 5,12-
13).
Os judeus são sem sobra de dúvida um povo extremamente zelosos pela doutrina
Divina, pois o monoteísmo se originou através deste, onde foram responsáveis de seguir rígidas
leis, sendo estas escritas na Torá. No que diz respeito ao dízimo (heb. maasser) isso não é
diferente, através do gráfico percebemos a complexidade existente em definirmos o que
Os judeus proprietários de terras recolhiam 10% da produção anual, sendo que destas terras deveria ser retirados três dízimos, que por sua vez, teria um papel sócio-econômico-religioso.
Moisés escreveu que somente a tribo de Levi tinha obrigação de receber os dízimos de seus irmãos, e estes estavam incumbidos retirar 10% dos 10% recebidos para o Sumo sacerdote (Nm. 18:25; Ne. 10: 38).
Através deste ato legal o povo de Israel receberiam bênçãos para à agricultura, pois todos os serviço do Templo seriam feitos e o povo pobre não padeceria fome. As bênçãos deste ato tinham dois destinos: o judeu que pagou e a pessoa que recebeu.
Os judeus proprietários de terra deveriam destinar 10% de sua produção – plantio ou criação de animais, para serem entregues aos levitas das cidades, outro para os responsáveis pelo serviço no Templo em Jerusalém, e de três em três ano para os pobres.
21
realmente significa o dízimo na Lei de Moisés e vários objetivos deste mandamento legal. Bem,
esta foi deturpada na igreja cristã tomando rumo totalmente distinto de seu objetivo original.
É sabido de todos que os próprios judeus se consideram diferentes dos demais povos.
Em relação ao dízimo, pasmem, pois eles também afirmam que se trata de uma obrigação
unicamente judaica: ―A idéias de dar o Dízimo não apenas existe no judaísmo, como é uma
prática genuinamente judaica‖17 , esta afirmação vinda de uma artigo judeu, confirma os
argumentos antes expostos. Ainda no mesmo artigo o autor defini três categorias funcionais
para os dízimos. Ele diz:
Na época do Templo Sagrado, os Cohanim18
e Leviim19
eram os representantes do povo de
Israel, dedicando seu tempo para o serviço Divino. Estes não receberam uma porção de terra
para o cultivo, como as outras tribos, pois moravam na região do Templo em Jerusalém ou em
cidades designadas para eles. Estas tribos, que tanto dedicavam-se em prol de Israel, eram
sustentadas pelo povo. Os dízimos mencionados acima eram consumidos pelos Cohanim e
Leviim e suas famílias. As oferendas eram retiradas da seguinte maneira:
1. Bikurim- as primeiras frutas da safra eram trazidas ao Cohen
2. Terumá Guedolá- aproximadamente dois por cento da colheita era dada ao cohen
3. Masser Rishon- o primeiro dízimo- dez por cento do restante da colheita era dado ao Levi,
que por sua vez retirava dez por cento e dava ao cohen
4. Maasser Sheni- segundo dízimo- no primeiro, segundo, quarto, quinto e sétimo ano do ciclo
sabático, o agricultor retirava dez por cento do restante da colheita e levava a Jerusalém, onde
era comido ou redimido.
5. Maasser Ani- Dízimo do pobre- no terceiro e sexto ano no ciclo sabático, ao invés de levar-
se o maasser sheni ao Templo Sagrado, este era dado aos pobres.
Uma vez que não há mais pessoas da tribo de Levi trabalhando no Templo Sagrado, todo
judeu tem a obrigação de dar um décimo de seu lucro para caridade e ajuda aos
necessitados. Isto inclui desde comida para pobres, até bolsas de estudos e projetos e a
qualquer indivíduo ou instituição beneficente de nossa escolha.
17
Beit Chabad no Brasil, muitas informações importantes sobre as festas e eventos na coletividade judaica. Disponível em URL: www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/maasser/home.html, (grifo nosso) 18
Cohanim (Plural de Cohen): Descendentes de Arão. 19
Leviim (Plural de Levi): Descendente da tribo de Levi. Os levitas tinham várias tarefas no Templo Sagrado, dentro as quais cantar e tocar os instrumentos durante o serviço das oferendas e eram parte da guarda de honra do Templo.
22
Há muitas leis relativas ao maasser (dízimo) inclusive relativas ao plantio e colheita da terra em
Israel que vigoram até hoje, beneficiando viúvas, órfãos e necessitados.20
Editora Vida, 1992
O livro apócrifo de Tobias, escrito provavelmente por volta de 200 a.C, usa principalmente
pelos Católicos, também possui registros em relação há três dízimos. Confira:
Muitas vezes, eu sozinho ia a Jerusalém, por ocasião das festas, em obediência ao preceito
eterno, imposto a todo o Israel. Acorria a Jerusalém com as primícias dos frutos e dos animais,
com os dízimos dos rebanhos e a primeira tosquia das ovelhas. Entregava tudo aos sacerdotes,
20
Idem, ibidem. (os grifos são nosso)
Aos gentios não era permitido transpor esta parede limite, ou Sereg.
(destaque nosso)
23
descendentes de Aarão, para o altar. Aos levitas, que desempenham suas funções em
Jerusalém, entregava o dízimo do trigo, do vinho, do óleo, das romãs, do figo e dos outros
frutos. Seis anos em seguida, oferecia, em dinheiro, o segundo dízimo, indo anualmente
apresentá-lo em Jerusalém. O terceiro dízimo, eu dava aos órfãos e às viúvas e distribuía aos
prosélitos que se uniram aos israelitas. Fazia-lhes esta oferta de três em três anos. Nós a
comíamos, em conformidade com a prescrição contida a respeito na Lei de Moisés, e também
conforme as recomendações feitas por Débora, a mãe de nosso pai, pois meu pai havia
morrido, deixado-me órfão (Tobias 1:6-8)21
. grifos nosso
Este relato descritivo corresponde às obrigações judaicas quando existia o Templo em
Jerusalém, sendo nesta mesma época a classe sacerdotal subdividida em duas: são duas
palavras hebraicas - os Cohanim, descendentes diretos de Arão, estes eram responsáveis pelo
santuário do Templo; os chamados Leviim, são os demais descendentes de Levi, geralmente
viviam nas cidades israelitas (I Cr. 23:32; Ne. 10;38). Os dízimos eram pagos para o sustento
dos sacerdotes (Nm. 18:8-32), o caráter social dos dízimos é enfatizado no livro de Tobias,
onde o mesmo mostra a participação dos pobres.
Ora, se as funções religiosas a serem executada no Templo tiveram seu fim, o mesmo
acontece aos sacerdotes, seus trabalhos findaram, com isso chaga-se ao fim o pagamento do
dízimo para o povo judeu. Todavia os pobres continuam a existir e, por este motivo os judeus
de hoje permanecem pagando o dízimo dos pobres. Em relação aos cristãos, os pobres, devem
ser tratados como irmãos e com uma peculiar atenção (Gl. 2:10). Mas hoje, a falsa igreja cristã,
além de nada fornecer aos pobres, proíbem a destinação dos dízimos para caridade, cobram
dos necessitados dízimos e ainda jogam maldição nos lombos dos pobres que não pagam.
É interessante constatarmos no Antigo Testamento o registro de várias profissões
Como:
Alfaiates: Ex. 28: 3; II Reis 23: 7;
Artífices: I Cr. 22: 15; Is. 40: 19;
Barbeiros: Is. 7:20; Ez. 5:1;
Carpinteiros: II Sm. 5: 11; II Rs. 12: 11; Mt. 13:55;
Caçadores: Jr. 16: 16;
Guardas: II Reis 22: 4;
Padeiros: Jr. 37: 21; Os. 7: 4;
21
Tobias é um dos sete livros apócrifos, chamado de deuterocanônicos pelos católicos, isto é, incluídos definitivamente na lista dos livros inspirados da Igreja Católica a patir do Concílio de Trento (1546). O livro é considerado apócrifo pelas Igrejas Protestantes; por isso não consta em suas Bíblias, como também nas Bíblias Hebraicas. BÍBLIA VOZES. Tobias, Judite, 1° e 2° Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc. Trad. Ney Brasil Pereira e Lincoln Ramos. Petrópolis(RJ): Vozes, 1992, p 527.
24
Ouríves: II Cr. 2: 7; Ne. 3: 8; Is. 40: 19;
Oleiros: Jr. 18: 2;
Pedreiros: II Rs. 12: 12 - 22: 6; I Cr. 14: 1; Ed. 3: 7;
Pescadores: Jr. 16: 16; Mt. 4:18
Porteiros: II Sm. 18: 26; II Cr. 16: 42;
Vendedores: Ne. 13 - 20 - I Reis 10:15;
Mas não há menção do pagamento de dízimo destes profissionais, onde confirma mais
uma vez que o dízimo se tratava dos produtos oriundos do campo.
Os judeus de hoje não pagam mais os dízimos ordenados pelo Pentateuco, no entanto,
mantém a tsedacá (ato de justiça) destinando a décima parte de suas rendas líquidas (de
qualquer trabalho) aos pobres. Veja:
Um método fácil para aqueles que recebem seu salário já deduzido de impostos é tirar 10%
do valor e depositá-lo para alguma instituição realmente merecedora (Aconselhe-se bem
antes de entregar o dinheiro. Lembre-se: Tsedacá é um 'negócio' espiritual. Da mesma forma
que você não investiria seu dinheiro numa empresa ''picareta', não dê Tsedacá antes de
assegurar-se onde irão aplicar seu dinheiro). Isto torna sua contabilidade honesta e
transparente, tornando mais fácil cumprir esta mitsvá.
Aqueles que têm empresas (onde sua conta corrente e a da empresa se confundem) ou vivem
de outros investimentos, devem fazer um balanço semestral e separar o dizimo do quanto
lucrou. Mais detalhes e dúvidas devem ser sempre esclarecidas através de consulta a um
rabino ortodoxo, bem versado nestas leis.
Se um pobre lhe pede dinheiro e você não esta apto a ajudá-lo agora, não levante a voz
ou aja desagradavelmente. Solidarize-se com ele e, calmamente, expresse que gostaria
de ajudá-lo, mas que neste instante não tem condições de fazê-lo. É louvável dar algo a
uma pessoa pobre que pede um donativo, mesmo que seja uma pequena quantia.
O judeu deve destinar no primeiro ano de seu prolabore 1/10 do valor bruto para tsedacá,
descontando apenas os impostos. Nos demais anos (ou meses, como queira se programar)
deverá dar 1/10 de seu lucro líquido, para cumprir o preceito.
A subsistência de uma pessoa deve preceder a subsistência de seu próximo. Ela só deverá
doar aquilo que excede seus ganhos após ter usado o necessário para sua casa, seu próprio
sustento. Se a pessoa desejar aprimorar esta ação, poderá destinar até 1/5 de seu ganho, se
este valor estiver dentro de sua capacidade e não significar que terá que pedir ajuda a
outras e depender de caridade, ela própria.
Deve-se doar para instituições e pessoas necessitadas, a nosso próprio critério. Procuramos
entidades idôneas que conhecemos e confiamos, ou nas quais sabemos com certeza que o
dinheiro será todo aplicado em obras assistenciais, ajuda a pobres e necessitados, custeio de
estudos a estudantes carentes, e assim por diante. A forma mais nobre de realizar uma doação
25
é aquela em que o doador desconhece a quem doa e quem recebe a doação nem imagina
quem lhe fez a doação22
. (grifos nosso)
Os judeus de hoje são mais ―cristãos‖ do que o os próprios cristãos. Jesus uma vez
censurou os fariseus da seguinte forma: ―Pois vos digo que se a vossa justiça não exceder a
dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus‖ (Mt. 5:20). A igreja
Apostólica era possuidora de uma justiça excedente se comparada a toda e qualquer crença
religiosa. Viviam numa comunhão plena, o amor era visível em suas vidas: ―Era um o coração e
a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua
própria, mas todas as coisas lhes eram comuns‖(At. 4:32).
Um povo vivendo em um tempo na qual a lei do olho por olho, dente por dente reinava,
passando por sucessivos conflitos e muitas vezes descumpriam ordens Divinas. No entanto, é
interessante notarmos que os pobres poderiam viver sem necessitar de esmolas dadas pela
hipocrisia humana, mas viviam de dádivas dadas pelo próprio Senhor e Deus de todas as
coisas. Portanto, com muita tristeza vejo e digo, quão grande distância estamos da verdade
Bíblica.
O pagamento do dízimo na forma que se encontra é a prova fiel da ganância, injustiça, e
a principal característica de um cristianismo capitalista, sem forma canônica, inspirado em
desejos financistas. A igreja cristã moderna hoje é doutrinada por um demônio poderoso, o
demônio da busca do lucro – o Capital, ou o desejo de riqueza material.
Capítulo III
A CASA DO TESOURO NÃO EXISTE MAIS
CASA DO TESOURO
22
Beit Chabad no Brasil. Disponível em URL: www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/maasser/home.html.
26
Expressão usada para designar: depósitos (celeiros, câmaras) no Templo de Salomão em
Jerusalém, onde deveriam ser guardados as ofertas e os dízimos recolhidos pelos levitas. Os
povos pagãos, também utilizavam a mesma expressão para identificar o celeiro no templo de
seu deus (confira em Dn. 1:2).
O cristianismo desde muito tempo através dos papas, padres, pastores, presbíteros e
uma infinidade de igrejas e seitas, utilizam a cobrança do dízimo numa forma de ―manter‖ a
igreja, pelos menos, é o que afirmam. Seria inútil justificar a cobrança do dízimo sem mencionar
o versículo mais citado e explica nas igrejas hoje – Malaquias 3:10. O livro de Malaquias e,
principalmente no capítulo 3 e verso 10, se encontra a sustentação e justificativa da cobrança,
pois é justamente neste texto bíblico que se localiza a famosa ―casa do tesouro‖.
Parece até bobagem querer comentar justamente o texto bíblico mais lido e comentado
em toda a cristandade. Seria possível extrair, ainda que mínima possível, alguma novidade de
Malaquias 3:10? Poderia os teólogos ter deixado de explicar algo ainda não explicaram sobre
este versículo? Será que ainda existe algo por traz dos ensinamentos e pregações em
Malaquias 3:10, que de forma intencional é mantido em oculto? Poderia existir em um versículo
tão engrandecido e nobre como este, motivo que pudéssemos questioná-lo? Deus ou sua
igreja, realmente precisam dos dízimos? A ―casa do tesouro‖ é ou não a Igreja de Cristo? Você
sabe quem construiu a ―casa do tesouro‖? Se podemos encontrá-la em muitos lugares do
mundo?
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja alimento na minha casa, depois fazei prova der
mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção
tal, que dela vos advenha a maior abastança (Ml. 3:10).
A partir de agora você pode refletir e se possível aprender, aquilo que quase ninguém
quer ensinar, e descobrir o que há de oculto por traz das pregações e ensinamentos dos
pastores, padres ... Como por exemplo, quem construiu a ―casa do tesouro‖? Por que motivo
Jesus nunca mencionou essa ―casa do tesouro‖, já que é sua igreja? Por que os apóstolos
nunca obedeceram Malaquias 3:10? Pra onde ia os dízimos dos apóstolos? Os apóstolos
pagavam ou não pagavam o dízimo?
Para entendermos melhor o significado de ―casa do tesouro‖, termo bastante conhecido
nos dias de hoje, devemos primeiramente descrever como, quando e onde surgiu essa
expressão e, o que ela na realidade significa. Para chegarmos ao objetivo desejado basta nos
orientamos pela Bíblia.
27
A ―casa do tesouro‖ localizava-se no Templo23 do Senhor em Jerusalém, construído por
Salomão24: “... Dos átrios da casa do Senhor, e de todas as câmaras em redor, para os
tesouros da casa de Deus, e para os tesouros das coisas sagradas;” (I Cr. 28: 12). Note a
distinção entre os dois termos: ―casa do tesouro‖ seria somente as câmaras separas para
depósitos e, casa do Senhor seria a totalidade do templo, mas somente com o Rei Ezequias
identificamos claramente a ―casa do tesouro‖ e sua real função: "Então disse Ezequias que se
preparassem câmaras na casa do Senhor; e as prepararam. Ali meteram fielmente as
ofertas, e os dízimos, e as coisas consagradas; e tinha cargo disto Conanias, o levita
maioral, e Simei, seu irmão, o segundo" (II Cr. 31:11-12). Como era de se esperar, nesta
passagem a ―casa do tesouro‖ recebe outro nome, o de ―câmaras‖. Se em Malaquias a ―casa do
tesouro‖ servia como centro de recolhimento dos dízimos, o mesmo acontecia antes de
Malaquias, porém, eram as câmaras.
No mesmo período Ezequias deu ordens aos levitas sobre como se daria o
funcionamento destas câmaras, compartimentos similar a um celeiro, tendo como objetivo,
23
TEMPLO: “Em hebreu, casa grande, palácio, como em 1 Rs 1. 21; 2 Rs 20. 18; Dn 1. 4; 4. 14. (...) em geral, refere-se aos templos sucessivamente consagrados a Jeová em Jerusalém‖. DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Trad. do Rer. J. R. Carvalho Braga. 2° Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960, p. 584. 24
O TEMPLO DE SALOMÃO: “A construção de uma casa permanente para substituir o tabernáculo ocupou sempre o pensamento de Davi, e, por isso, tratou logo no princípio de seu reinado, de armazenar os materiais necessários à realização de seu plano, 2 Sm cap. 7; 1 Rs 5. 3-5; 8. 17; 1 Cr. caps. 22; 28. 11, até cap. 29. 9. (...) Todo o material amontoado foi posto à disposição do rei Salomão para a construção do templo e ainda sobejou, 1 Rs 7. 51; 2 Cr 5. 1. Salomão deu princípio à obra no quarto ano de seu reinado e complementou-a dentro de sete anos e meio, 1 Rs 6. 1, 38.(...) O templo foi levantado sobre o Monte Moriá, no lugar que tinha sido mostrado a Davi seu pai, na eira de Ornã, jebuseu, 2 Cr 3. 1. O plano geral obedecia ao mesmo plano do tabernáculo; as dimensões eram em dobro e as ornamentações mais ricas. (...) Todo o interior era coberto de ouro purissím, 1 Rs 6. 20, 22, 30; e 2 Cr.3:7, et passim, e os muros, ornamentados com figuras de querubins, de palmas e de flôres. O santo dos santos media 20 cúbitos de cada lado com igual altura, 1 Rs 6. 16, 20. O espaço de quase 10 cúbitos de alto, compreendido entre o teto e a cobertura, servia provavelmente para as câmaras superiores, revestidas de ouro, 1 Cr 28. 11; 2 Cr 3. 9. A arca repousava no santo dos santos, 1 Sm.8:6, sob as asas de dois querubins colossais, feitos de pau de oliveira e cobertos de ouro. (...) O templo tinha dois átrios, o átrio dos sacerdotes e o grande átrio, 2 Rs 23.12; 2 Cr 4. 9; Jr 36. 10, separados entre si, tanto por diferença de nível, como por um pequeno muro, formado de três ordens de pedras cortadas e de uma ordem de cedro, 1 Rs 6. 36; 7. 12. No átrio dos sacerdotes, havia um altar de bronze para os sacrifícios, 8. 64; 2 Rs16. 14; 2 Cr 15. 8, quatro vezes maior do que o que havia no tabernáculo, 4. 1, e um mar de bronze e dez bacias também de bronze, 1 Rs 7. 23-39. O mar destinava-se à purificação dos sacerdotes; as bacias serviam para se lavar nelas tudo o que se houvesse de oferecer em holocausto, 2 Cr 4. 6. (...) O átrio exterior, ou grande átrio, destinava-se ao povo de Israel cp.1 Rs 8. 14, cujo pavimento era lajeado de pedra, cercado por um muro com porta ao lado, 4:9; Ez.40:5. Os babilônios saquearam e reduziram a cinzas este templo, quando tomaram Jerusalém no ano 587 A.C., 2 Rs 25. 8-17‖. Idem, ibidem, p. 584, 585.
28
guardar os dízimos e ofertas, mas somente os levitas poderiam receber os dízimos e o cuidado
das câmaras (II Cr. 31:11 seg).
Os babilônicos destruíram este templo em 587 a.C, sendo postos em cativeiro o povo de
Israel. No final do cativeiro, já sob o domínio de Ciro, rei dos Persas, foi autorizado uma leva de
judeus exilados retornar a Jerusalém e começa a reconstrução do segundo templo25, edificado
sobre as ruínas do primeiro e finalizando a reconstrução em 516 a.C., já no segundo ano do
reinado de Dario. E por fim, o suntuoso templo construído por Herodes26, terminado por volta de
62-64 a.C, que substituiu o segundo templo.
25
O TEMPLO DE ZOROBABEL: “Ciro, rei dos persas, autorizou a reedificação do templo com 60 cúbitos de alto e 60 de largura, Ed. 6:3; Antig. 11. 4, 6. (...) Deram-lhe começo no ano 537 A.C. no segundo ano depois da volta do cativeiro. Depois de muitas e tenazes oposições por parte dos habitantes de Samaria, foi concluído no ano 315 A.C. no sexto ano de Dario, Ed 3. 8; 6. 15; cont. Apiom, 1. 21. Ignora-se tudo quanto às dimensões das outras partes. Contudo, acompanharam o plano do antigo templo de Salomão, mas sem tanta magnificência. (...) Grande parte dos primitivos vasos do templo foram restaurados. Adotaram a mesma divisão do santo dos santos o santuário, separados por um véu, 1 Mac 1. 21, 22; 4. 48, 51. O santo dos santos estava vazio: a arca havia desaparecido (Cícero pro Flaco, 28; Tácito, Hist. 5. 9). O santuário tinha o altar dos incensos, um só candeeiro e a mesa dos pães da proposição, 1 Mac 1. 21; 4. 49. Os quartos externos estavam unidos à casa do Senhor, Ne 10. 37-39; 12. 44; 13. 4; 1 Mac 4. 38, que era cercada de átrios, Ne 8. 16; 13. 7; Antig. 14. 16, 2. Tinha um mar de bronze, Ecclus.1. 3, e um altar para os sacrifícios, Ed 7. 17, construído de pedras, 1 Mac 4. 44-47. O átrio dos sacerdotes era eventualmente separado por uma balaustrada, Antig. 13. 13, 5. O templo e suas dependências eram defendidos por meio de portas, Ne 6, 10; Mac 4. 38‖. Idem, ibidem, p. 585 26
O TEMPLO DE HERODES: Excedeu muito o de Zorobabel. Josefo o descreve-o minuciosamente por haver assistido à sua construção, Antig. 15. 11; Guerras 5. 5. Muitos dos materiais foram tirados das ruínas do antigo templo. A construção começo no décimo oitavo ano do reinado de Herodes, 19 A.C. O edifício principal foi construído pelos sacerdotes em um ano e meio e os átrios, em oito anos, 11 ou 9 A.C.; mas resto da obra só terminou no tempo do procurador Albino, 62-64 A. D. (...) O santo dos santos estava vazio, separado por um véu, Guerras 5. 5, 5. A ruptura deste véu por ocasião da morte de Cristo, quando houve o terremoto, significava que o caminho para o trono das misericórdias estava franqueado pela mediação do sumo sacerdote Jesus, a todo sincero adorador, Mt 27. 51; Hb 6. 19; 10. 20. (...) Todo o edifício media 100 cúbitos de cumprimento e 54 de largura, e incluindo as duas alas da frente, 70 cúbitos de largura. (...) Havia doze degraus por onde se passava do vestíbulo para o átrio dos sacerdotes. Este átrio cercava todo o edifício. Nele estava o altar dos sacrifícios, cuja altura era de 15 cúbitos, com base de 50 cúbitos. Segundo Mishna era construído de pedras tôscas, diminuindo de 32 para 24 cúbitos da base para o cimo. Chegava-se a ele por um plano inclinado. Estava em uso o mar de bronze (Mishna). A parte ocidental que cercava o átrio dos sacerdotes destinava-se ao povo de Israel, e só entrava homens nele. O átrio das mulheres ficava para o lado do nascente. Chegava-se a ele, saindo do átrio dos homens por uma porta espaçosa que se abria no centro do muro divisório, descendo por uma escada de quinze degraus. Somente os israelitas poderiam entrar. As mulheres não deveriam passar além. Os três átrios, juntamente com o templo, estavam dentro do chel, ou recinto sagrado. Havia três ordens de muros divisórios: o muro que separava o átrio de Israel e das mulheres, já mencionado, muito parecido a uma fortaleza por ser de grande espessura, cp. Guerras 6. 4, 1, o terraço cuja superfície plana tinha 10 cúbitos de largura, no topo, e na base, mais um muro de 3 cúbitos de altura com pilares contendo inscrições, proibindo a entrada a pessoas estranhas ao povo de Israel. Dizia uma delas em grego: "É vedada aos gentios a passagem para dentro deste muro e bem assim do fecho que cerca o santuário, sob pena de morte". Estas divisões davam entrada por nove portas, Ef 2. 14, forradas de ouro e prata, quatro ao norte e quanto ao sul. (...) No ângulo noroeste estava a torre de Antônia. Excerto em um ponto era cercado de magníficas colunas cobertas, ou claustros, (...) A que ficava ao oriente do átrio representava as relíquias do primitivo templo e denominava-se alpendre de Salomão, Jo 10. 23; At 3. 11; Antig. 20. 9, 7; Guerras 5. 5, 1. Era
29
nesta parte que os cambiadores tinham as suas mesas e que os comerciantes vendiam o gado destinado aos sacrifícios, Mt. 21. 12; Jo 2. 14. Finalmente todo o recinto sagrado era fechado de grossas muralhas (...) Durante o sítio de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 da era cristã, os judeus converteram o templo em fortaleza de guerra e lançaram fogo aos claustros externos. Um soldado romano, contra as ordens do general Tito, incendiou o templo reduzindo a cinzas todas as construções de madeira, Guerras 6. 3, 1; 4. 5; cp. 5. 1; 9. 2. Depois disto os conquistadores deitaram abaixo os muros, 7. 1, 1. No lugar do antigo templo, o imperador Adriano edificar um templo a Júpiter Capitolino, ano 136. O imperador Juliano, cognominado apóstata, no ano 363, mandou reconstruir o templo, com o fim de desmentir a profecia de Cristo, Mt 24. 1, 2, plano que fracassou por causa da irrupção de labaredas que saíam dos alicerces. A mesquita de Omar ali construída ocupa o local do antigo templo. O explorador Warren esteve lá, entre fevereiro de 1867 e abril de 1870; fez sondagens nos entulhos espalhados pelo monte Moriá, chegando a 100 e 125 pés de profundidades. Ainda se vêem as pedras angulares do templo, que tem 14 a 15 pés de cumprimento e 3 ¹/² a 4 ¹/² de espessura. Algumas das pedras existentes no ângulo meridional contêm inscrições fenícias que parecem datar dos tempos de Herodes ou de Salomão. Os muros que cercavam a área do templo tinham 1000 pés de cumprimento, e a plataforma onde estava o lugar santo, era amparada por um contra-forte de 200 pés de altura acima do vale que lhe ficava por baixo. Finalmente uma das inscrições existentes, tendo sido restaurada, diz que era vedado o ingresso no segundo átrio, aos estrangeiros‖. Idem, ibidem, p. 585,586, 587. os grifos são nosso
30
Esse templo era único e de uso exclusivo dos judeus, não se permitia à entrada de
estrangeiros (gentios), sendo sentenciado a morte o gentio (estrangeiro, que não fosse judeu)
caso adentrasse templo. Baseado-se nas Escrituras, percebemos que o processo doutrinário da
igreja ―cristã‖ moderna foi deturpado. Agora sabemos que essa gloriosa ―casa do tesouro‖, não
passa de um depósito. Bem como, os gentios não poderiam adorar a Deus neste templo, muito
menos levar o dízimo a ―casa do tesouro‖ ou as câmaras. A professora Jane Bichmacher
especialista em Cultura Hebraica, afirma que o ― Elul era o Ano Novo do Gado: no primeiro dia
deste mês, retirava-se o dízimo (1/10 dos animais nascidos nos últimos 12 meses) e doava-se
ao Beit HaMikdash, Templo de Jerusalém‖, como também no ―Ano Novo das Árvores os
31
dízimos dos frutos, que devia ser entregues aos levitas na época do Templo, numa jornada
festiva‖27. Você crer que Deus habita em um depósito (câmaras, casa do tesouro)? A Bíblia diz:
Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, para os tesouros, para as ofertas
alçadas, para as primícias, e para os dízimos, para ajuntarem nelas, das terras das cidades, as
porções designadas pela lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por
causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali, (Ne. 12:44).
E fizeram lhe uma câmara grande, onde dantes se metiam as ofertas de manjares, o incenso, e os
vasos, e os dízimos do grão do mosto, e do azeite, que se ordenaram para os levitas, e cantores, e
porteiros, como também a oferta alçada para os sacerdotes (Ne. 13:5). (o grifo é nosso)
Os levitas às utilizava somente para fins de armazenamento de cereais e às vezes
objetos valiosos utilizados no templo. Na Bíblia não encontramos relatos afirmando que os
levitas faziam oração na ―casa do tesouro‖, cultuavam a Deus na ―casa do tesouro‖. Os únicos
textos das Escrituras que faz menção ao termo ―casa do tesouro‖, são os profetas Daniel (1:2,
em alusão a templo pagão) e Malaquias (3:10). Isso nas versões modernas da tradução João
Ferreira de Almeida, mas em outras versões não há menção do termo ―casa do tesouro‖ –
Malaquias 3:10. Veja a diferença entre as traduções:
Trazei os dízimos integral para o tesouro a fim de que haja alimento em minha
casa...‖ (Bíblia Vozes. Malaquias. Tradução de Emamuel Bouzon. Editora Vozes28)
Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha
casa...(Bíblia Sagrada. Versão Revista e Atualizada. Tradução de João Ferreira de
Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil29)
Eu, o SENHOR Todo-Poderoso, ordeno que tragam todos os seus dízimos aos
depósitos do Templo, para que haja bastante comida na minha casa ... (Bíblia
Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Sociedade Bíblica do Brasil30)
27
Jane Bichmacher de Glassman e Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica – USP; Professora Adjunta, Fundadora e ex-Diretora do Programa de Estudos Judaicos – UERJ, escritora. Disponível em URL: www.riototal.com.br/comunidade-judaica/juda1g0.ham, 28
BÍBLIA VOZES. Isaías 1-39, Jeremias, Profetas Menores. Trad. Emanuel Bouzon. Petrópolis(RJ): Vozes, 1992. 29
BÍBLIA SAGRADA. Versão Revista e Atualizada. Trad. João Ferreira de Almeida. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. 30
BÍBLIA SAGRADA. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
32
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa...(Bíblia Sagrada. Versão Revista e Corrigida. Tradução de João Ferreira de
Almeida. Imprensa Bíblica do Brasileira31)
Trazei integralmente o dízimo para a sala do tesouro. Que haja alimento na minha
Casa... (A Bíblia Teb. Tradução Ecumênica. Edição Loyola – Co-edição Paulinas32)
Tragam o dízimo completo para o cofre do Templo, para que haja alimento em
meu Templo... (Bíblia Sagrada. Edição Pastoral. Tradução de José Luiz Gonzaga
do Prado33)
Levai todos os vossos dízimos ao meu celeiro, e haja mantimento na minha casa...
(Bíblia Paumape. Tradução de Antonio Pereira de Figueiredo. Editora PAUMAPE34)
Levai todos os vossos dízimos ao (meu) celeiro, haja alimento na minha casa...
(Bíblia Sagrada. Tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares. Edições Paulinas35).
Os grifos são nosso
Note as diferenças gritantes nas traduções e versão da Bíblia. Além da falta de consenso
nas traduções e versões da tradução João Ferreira de Almeida (mais usada pelos evangélicos),
ainda temos nos deparado com pregadores mercenários, que sem escrúpulos utilizam
erroneamente este texto de Malaquias para legitimar a extorsão financeira através de um
suposto mandamento ―cristão‖. Não é nosso interesse demonstrar qual tradução é mais exata
ou fiel, mas o mérito em questão, consiste em demonstrar que a expressão ―casa do tesouro‖ é
uma adaptação para melhor se adequar as pregações e cobranças do dízimo nas diversas
igrejas cristãs de hoje. Haja vistas, sempre compararmos a palavra ―casa‖ com ―igreja‖, e nesse
caso não se trata de uma casa, mas de um depósitos, câmara, celeiro ou sala, existente no
grande Templo de Jerusalém para fins de armazenamento dos dízimos e utensílios de uso
exclusivo do templo. Vale lembrar que somente os levitas em conformidade com lei de Moisés
poderia recolher e manusear os dízimos e utensílios nas câmaras, ―casa do tesouro‖ ou celeiro.
E claro, dessa forma, ninguém mais diria que a suposta ―casa tesouro‖ (celeiro, câmaras,
depósito, sala ou cofre) corresponderia a ―Igreja de Cristo‖.
31
BÍBLICA SAGRADA. Versão Revista e Corrigida. Trad. João Ferreira de Almeida. 4° ed. Rio de Janeiro: Co-edição (JUERP) Imprensa Bíblica Brasileira, 2001. 32
A BÍBLIA TEB. Trad. Ecumênica. São Paulo: Edições Loyola-Co-edição Paulinas, 1995. p. 697 33
BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. Trad. José Luiz Gonzaga do Prado. Edições Loyola-Co-edição Paulinas, 1995. 34
BÍBLIA PAUMAPE. Trad. Antonio Pereira de Figueredo. São Paulo:Editora PAUMAPE, 1979. 35
BÍBLIA SAGRADA. Trad. da Vulgata pelo Pe. Matos Soares. São Paulo: Edições Paulinas, 1980.
33
O próprio João Ferreira de Almeida, primeiro tradutor da Bíblia para o português, evitou
usar a expressão ―casa do tesouro‖. Ele traduz assim:
Esta cópia corresponde a impressão da Bíblia em português feita em ―Trangambar
(Índia), datada de 1732‖36. Note que o tradutor usou a palavra correspondente a sua função –
celeiro. O tradutor indica na página acima citada a referencia similar em Neemias cap. 13 v. 5,
12, 13, observe: ―Todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do vinho e do azeite aos celeiros. Por
tesoureiros dos depósitos pus a Selemias, o sacerdote ...‖(Ne. 13:12-13). João Ferreira de
Almeida afirma que esse versículo em Neemias é igualmente correspondente em Malaquias
3:10.
Nossas dúvida em relação a tal ―casa do tesouro‖ findam aqui. Jesus não habita em
celeiros, Ele próprio afirmou que sua casa, seria casa de oração, no entanto, a igreja moderna a
transformou numa casa de comercialização. As palavras de Jesus ilustram a realidade da
36
Sociedade Bíblica do Brasil. Museu da Bíblia: Acervo Virtual. Disponível em URL: www.sbb.org.br . destaque nosso
10. Trazei todos os dízimos ao celleiro, e aja alimento em minha cafa; e então provai-me nifto, diffe o Senhor dos exercitos: fe eu não vos abrirei as janellas dos ceos, e vazarei fobre vosoutros bendição, até que não cayba mais.
10. Trazei todos os dízimos ao celeiro, e haja alimento em minha casa; e então provai-me nisto, disse o Senhor dos exércitos: se eu não vos abrirei as janelas dos céus, e derramarei sobre vós outros bênção, até que não caiba mais.
34
igreja: ―E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração – mas vós a
tendes convertido em covil de ladrões‖ (Mt. 21:13). Esta é a prova cabal, desde que mudaram a
―casa de oração‖ para ―casa do tesouro‖, realmente transformaram-na em ―covil de ladrões‖.
O problema que envolve um cristã no ato de dízimas não para por aqui. As famosas
―casa do tesouro‖ eram localizadas no Templo do Senhor em Jerusalém, eis que na descrição
do templo supra citada havia o decreto de proibição se um gentio adentrasse nas dependências
do templo. Perceber como as diferenças de judeus e estrangeiros eram enormes. Então, como
os gentios podem pagar dízimo? Pois se entrassem no templo seriam condenados à morte.
Outro problema no meio cristão são os teólogos que insistem em ensinar errado
deturpando de forma criminosa a verdadeira mensagem do nosso Salvador. Reconhecemos
que não são todos os teólogos, entretanto, os que exercem a função de pastor,
irresponsavelmente perpetuam e fortalecem o covil de ladrões. Fazem questão de afirmar que
essas câmaras, a ―casa do tesouro‖ de Malaquias 3:10, é a mesma "Igreja de Cristo", observe o
parágrafo abaixo:
Usaremos agora como ponto de partida para prova nossa argumentação, um trecho do
estudo Bíblico - ―Mordomia do Dízimo‖, de autoria do teólogo pr. Fernando Fernandes, onde o
mesmo diz:
O texto de Malaquias é muito claro. O dízimo deve ser entregue na casa do Tesouro, isto é, na
Igreja de Jesus Cristo em ato de adoração e culto solene.
Fala-se em cristãos que dão o seu dízimo parte em casas filantrópicas e parte na Igreja. Este
não é o método Bíblico que manda trazer todo dízimo a casa do Tesouro e conseqüentemente
o dízimo todo para a administração da Igreja. O crente não deve fazer as coisas conforme sua
conveniência somente, mas de acordo com a consciência de Deus, refletindo nos ensinos da
Bíblia, a sua Palavra Santa e Infalível37
.
Esse comentário é biblicamente insustentável, ou seja, não existe referência Bíblica que
legitime tal comentário. O tema central do comentário do Pastor Fernando Fernandes é o
dízimo que deve ser entregue na ―casa do tesouro‖, sendo por ele considerada a Igreja de
Jesus Cristo. Além de não existir base Bíblica que sustente esse comentário, é um comentário
mentiroso. Vários fatores nos levam a provar isso:
37
Pastor Fernando Fernandes. Pr. da 1ª Igreja Batista de Penápolis - ISP e Prof. No Seminário Teológico Batista de São Paulo.O texto foi extraído da Declaração Doutrinária – Lição 9: MORDOMIA. HERMENÊUTICA BÍBLICA Apostila de estudos e métodos para interpretação bíblica (PIB em Penápolis – 11/01/2001).
35
1º- ―Quando ele afirma 'o dízimo deve ser entregue na casa do Tesouro, isto é, na Igreja de
Jesus Cristo...‖ Podemos perceber que não usa nenhuma referência Bíblica para prova.
2º- ―Fala-se em cristãos que dão o seu dízimo parte em casas filantrópicas e parte na Igreja.
Este não é o método Bíblico‖.
Na época de Moisés (Antigo Testamento) não existiam instituições filantrópicas, mas se
existissem, provavelmente parte dos dízimos seriam destinados a elas. O livro de Deuteronômio
registra o verdadeiro método de pagamento do dízimo: parte era distribuída entre os pobres:
órfãos, viúvas, escravos e estrangeiros, até mesmo comido próprio dizimista. Também acho
que a ―casa do tesouro ( a suposta Igreja de Cristo)‖ ficava em lugar secreto e misterioso, pois
desconhecemos qualquer referencia da ida dos apóstolos a essa casa do tesouro. No entanto,
se a casa do tesouro era para os dízimos, a casa de oração, seria para oração, certo? E os
dízimos dos apóstolos pra onde iam?
Nas igreja tem-se desenvolvido um sistema herético em relação a doutrina que inclui o
dízimo como mandamento cristão. Mas percebe-se que na verdade na igreja segue uma
racionalidade econômica, inclusive traçando metas econômicas a serem atingidas. O resultado
é o mais desastroso possível, são criados na imaginação dos lideres de igrejas fatos anti-
bíblicos, como maldições, tentam comprovar que está em pecado quem não paga o dízimo,
tudo com o objetivo mesquinho de atingir as metas econômicas. Confira:
Como agência do Reino de Deus a igreja está credenciada para gerenciar os seus negócios do
Rei quer sejam especificamente espirituais ou materiais. Se houver falha na mordomia da
administração do dízimo por parte da igreja, o membro tem direito de questionar e até de
orientar a correção, mas nunca de tomar atitudes pessoais para as quais não foi credenciado
por Deus. É pecado, conforme o preceito bíblico, o cristão arrogar-se o direito de aplicação e
administração do seu próprio dízimo38
. (grifos nosso)
O conteúdo destes argumentos é totalmente ridículo. Esse teólogo considera a igreja
uma ―agência do Reino de Deus‖ credenciada para gerenciar os ―negócios do Rei‖ (Jesus),
sejam ―espirituais ou materiais‖. Observe que o pr. Fernando Fernandes utiliza palavras muito
conhecidas no campo da economia moderna, deixando transparecer que a igreja estar inserida
no atual sistema de organização social e financeira – o Sistema Capitalista. Não sabe ele que
Jesus nunca nos deu ordens referente a preocupação material e, que o próprio Jesus sendo
Rei, não possuía bens. Ora, até o jumento que Jesus montou quando entrou triunfante em
Jerusalém, era emprestado.
38
Ibid.
36
O teólogo, ainda é categórico em julgar, considerando pecado o cristão que administra o
seu próprio dízimo. As doutrinas cristãs da atualidade possuem um ponto de partida e um
objetivo bem definidos – o dinheiro, oriundos das vendas de curas, milagres, e uma vida
prospera. Se a igreja é a agência, o cofre seria a ―casa do tesouro‖ ou o bolso do pastor. É
notória a selvageria do nosso modelo sócio-financeiro-religioso, gerador de profunda miséria,
transformando o homem num ser irreconhecível e soberbo. Mas fomos avisados sobre isso:
Sabe-se, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão
amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais
e mães, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio de
si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos
prazeres do que amigos de Deus ( II Tm. 3:1-4).
A doutrina dos dízimos da forma como é ensinada hoje, pode e deve ser classificada
como doutrina de demônios e, considerar a Igreja de Cristo a mesma ―casa do tesouro‖ é uma
blasfêmia. É inaceitável heresias desse tipo, afirmar que a Igreja de Cristo é simplesmente um
compartimento que serve para guardar 10% da produção do campo ou de riquezas materiais de
um determinado seguimento religioso.
Se aceitarmos a obrigatoriedade do pagamento do dízimo, mesmo assim teríamos uma
série de agravantes. Primeiramente, o mesmo é ordenança da lei Antigo Testamento, outra, só
os levitas podem receber; muitos de nós, não trabalha na área rural e mesmo se trabalhasse, a
produção seria do dono da terra e não nossa, a não ser que terra fosse nossa, então, assim
poderíamos separar o dízimo. E caso dedicássemos 10% de nosso salário oriundo de qualquer
fonte, também não poderia assumir a forma de dízimo de hoje, em virtude dos pobres não
recebem nada desse contribuição obrigatória.
O mais intrigante, a casa do tesouro não existe mais, somente na imaginação de
pregadores mercenários, dos lobos malditos sedentos por riqueza material. Pois as câmaras no
Templo de Deus em Jerusalém deixou de existir, no qual foi destruído pelos Romanos no ano
70 depois de Cristo, restando apenas uma parte do muro em ruínas ( o Muro das
Lamentações).
37
Muro das Lamentações foto: www.paises-asia.com
E caso existisse esse templo, nós como estrangeiros não poderíamos entrar,
automaticamente ficaria impossível pagar. A não ser que distribuíssemos o dízimo para os
órfãos, viúvas, estrangeiro e, nós mesmos pudéssemos participar (comer) dos dízimos, no
entanto, o pastor Fernando e nenhuma igreja hoje aceitam que se faça caridade com os
dízimos e nem que seja entres a instituições filantrópicas, mas somente na casa do tesouro.
Concluímos que os dízimos na verdade vão para o bolso dos padres, pastores, bispos e demais
dirigentes de igrejas, esses bolsos são chamados hoje de ―casa do tesouro‖.
Para ilustrar melhor nossa denúncia contra a falsa igreja cristã, que vê no dízimo
(dinheiro) uma fonte de bênção e até um princípio de salvação, observe o que diz o Rabino
Alberto Cohen quando indagado: ―Como funciona o pagamento do dízimo para o povo Judeu de
hoje‖. Ele respondeu assim:
CARO ADRIAN,
HOJE EM DIA O DIZIMO DENTRO DO JUDAISMO NÃO É OBRIGATORIO.
POREM MUITOS OS FAZEM, E É DEDICADO PARA INSTITUIÇÕES E
ENTIDADES DE CARIDADE.39
No início de meus estudos, desde o ano de 2002, no intuito de identificar claramente na
Bíblia a observância do dízimo como mandamento cristão, pude ler o estudo do pastor
Fernando Fernandes naquele mesmo ano. Entrei em contato com ele, onde tive a oportunidade
de por em prática um pouco do que havia ―descoberto‖ ou simplesmente divulgado o que a
própria Bíblia denuncia. Nessa ocasião enviei-lhe um pequeno trabalho Bíblico indagando
38
principalmente qual apóstolo havia pagado ou cobrado o dízimo e, se Cristo manda cobrar
dízimo? A resposta que recebi foi:
Muito obrigado por ter lido o meu estudo e por ter emitido a sua opinião. Pena que a
sua hermenêutica seja distorcida e dissociada do contexto geral da Bíblia. Te
aconselho estudar um pouco de Hermenêutica Bíblica e também sobre a Doutrina
da Mordomia.40
Cabe a você fazer suas considerações sobre o rabino e o pastor.
39
O Rabino Alberto Cohen, é o Rabino responsável pelas consultas ao site da Revista Morashá – Pergunte ao Rabino (é uma revista judaica). A resposta veio através de correio eletrônico no dia 10/06/2005, 19:41h. 40
A resposta veio através de correio eletrônico no dia 28/06/2002, 08:01hs. "Pr. Fernando Fernandes"
<prfcf@terra.com.br>
39
Capítulo IV
MALAQUIAS - O PESO DAS PALAVRAS
DO SENHOR CONTRA ISRAEL
MALAQUIAS
Nome de um profeta, escritor do ultimo livro do Antigo Testamento, Ml 1. 1. Nada se conhece a
seu respeito além do que se lê no seu livro. De acordo com o significado do nome, 3. 1, alguns
supõe que este nome Malaquias, não é o próprio nome do escritor, e sim a designação de um
profeta, que talvez seja Esdras. Porém, como todos os onze profetas menores que o
precederam, tenham os seus nomes prefixados às suas traduções, é de supor que assim seja
com a profecia de Malaquias. (...) No tempo desta profecia, o povo judeu não tinha rei, era
regido por um governador, Ml 1. 8, talvez um persa, nomeado pelo imperador, Ne 5. 14. O
templo que Zorobabel havia levantado estava em pé, e também o altar; ofereciam-se sacrifícios
como dantes, 2. 7-10, concluindo, pois que Malaquias foi posterior a Ageu e Zacarias. Porém,
as manifestações de nova vida religiosa, que irrompeu logo depois da volta do cativeiro de
Babilônia, de que tinha resultado a reconstrução do templo e das fortificações da cidade,
tiveram tempo suficiente, para se expandir. Sacerdotes e levitas haviam-se corrompido. A data
deste livro, segundo Vitringa, é 420 e segundo Davidson, 460-450, A. C41
.
O Eterno se manifestou contra Israel através das profecias descritas no livro de
Malaquias para adverti-los sobre as maldições que poderiam vir sobre Israel caso continuassem
a descumprir a Lei de Moisés (Ml. 4:4). O profeta esta anunciando a vontade de Deus para os
judeus e não para os cristãos como muitos pensam. É também interessante a similaridade
existente entre o livro de Esdras e de Malaquias, pois os dois mencionam a corrupção do povo
judeu. No comentário de rodapé da Bíblia na Edição Bíblia de Jerusalém o comentador afirma
ser Esdras o autor do deste livro: ―‘Malaquias‘ significa ‗meu mensageiro‘ e foi assim que o
grego traduziu, acrescentando ‗ponde, pois, (isto) em vosso coração‘. Targ. ‘meu mensageiro,
cujo nome é Esdras, o escriba‘‖42.
A pesar de não haver comprovação da autoria de Esdras. Todavia, existe um certo
consensos entre os estudiosos sobre o assunto. Então, mais uma vez temos provas suficientes
para discorda da expressão ―casa do tesouro‖ usada nas traduções modernas, com o objetivo
falacioso de compararem a ―casa do tesouro‖ com a ―Igreja de Cristo‖, com o nefasto desejo de
falsear a verdade para legitimar a cobrança dos dízimos. No livro de Esdras ele faz referencia
as câmaras do templo (Es. 8:29). Observe o formato do Templo construído pelo rei Salomão:
41
DAVIS, John D. Op. Cit., p. 373. 42
A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Jeremias, Profetas menores. Trad. Emanuel Bouzon. São Paulo: Edições Paulinas, 1999. P. 1267
40
As maldições proferidas pelo profeta correspondem única e exclusivamente ao povo
hebreu, não só aos dízimos, mas a qualquer ato de desobediência escritos no Torá, como o
sacrifícios de animais doentes, casamento com mulheres estrangeiras. Veja o comentário,
capitulo por capitulo:
Malaquias - Cap. 1
O Senhor fala contra Israel; o Senhor diz que os ama; eles duvidam; Deus prova (mostra) ao
povo de Israel; eles verão o Amor de Deus e O engrandecerão; os sacerdotes desprezam o
nome de Deus; desrespeitam o Altar de Deus oferecendo pão imundo; desagradam Deus
sacrificando animais cegos, coxos e enfermos; o profeta repreende o povo para suplicarem o
favor de Deus, mas continuam com más ofertas; o Senhor não tem prazer no povo e não
aceitará as ofertas visto não cuidarem das coisas do Senhor; Deus será engrandecido em todo
o mundo; profanam o nome do Senhor; o Senhor dos Exércitos adverte novamente sobre
ofertas de animais defeituosos.
41
No primeiro capítulo de Malaquias, percebemos o povo de Israel desonrando o nome do
Senhor, em virtude de oferecerem ofertas impuras e imundas no Templo de Deus,
descumprindo assim várias Leis e estatutos ordenados pelo Senhor a Moisés para o povo de
Israel no que tange a proibição em ofertar animais defeituosos, como coxo, cego, enfermo. (Lv
22: 19, 20, 21, 22, 23), como também pães imundos. (Nm. 25: 30; Lv. 24: 7; Ne. 10: 33; I Cr. 9:
32), o povo estava rebelde e corrompido para com Deus.
Malaquias - Cap. 2
Deus adverte diretamente os sacerdotes corruptos, caso continuem a desonrar o nome
do Senhor. Esses sacerdotes seriam continuamente amaldiçoados; eles reconhecerão a aliança
de vida e de paz feita por Deus com Levi; os Sacerdotes deviam ser verdadeiros, e honestos,
pois detinham o conhecimento e para isso deveriam instruir os homens a retidão; no entanto os
sacerdotes levitas eram corruptos e se desviavam da lei, fazem com que outros tropeçassem na
lei, corrompendo a aliança com Levi, em virtude disso, Deus os torna desprezíveis e indignos
diante do povo; o povo de Israel se torna desleal aos mandamentos de Deus, comete
abominações e Judá feriu a Santidade do Senhor casando-se com filhos de Deuses estranhos;
eles ainda agiam de forma falsa, chorando no Altar do Senhor; os homens estavam sendo
desleais às companheiras; Deus repudia o divórcio e a violência, com o povo corrompido
estava-se gerando muitos divórcios e atos violentos no meio dos judeus; aborreciam a Deus ao
afirmarem que Deus era injusto e se agradava de pessoas más, então Deus finaliza dizendo
―onde está o Deus do juízo?‖.
Assim como o profeta já havia afirmado sobre a corrupção dos sacerdotes (1: 6), em
seguida profetiza com mais veemência o corrompido sacerdócio daquela época (2: 1, 2, 3),
desprezavam o nome de Deus; eram desleais à aliança de Deus com Levi, descumpriam a Lei
levando-os a cometerem abominação.
O capítulo dois, também nos revela o descaso para com o nome do Senhor, já que os
levitas deveriam ensinar o povo a andar nos mandamentos divino - "sendo eles honestos e
justos" - onde na realidade isso não acontecia. Imagine o restante do povo!
Como conseqüência dos desvios da lei, veremos os homens de Judá (2:11) se casarem
com filhas de deuses estranhos, que introduziram idolatria e destruição em Israel, mesmo
sabendo das maldições que poderiam recair sobre o povo. O descaso é tremendo, eles se
divorciando (2: 6). Traiam suas mulheres gerando violência. Contudo ainda acusavam Deus de
se agrada dos seus malfeitos (2: 17).
42
Malaquias - Cap. 3
Precursor de Cristo - o anjo que prepararia o caminho do Senhor; o Senhor virá como
fogo e purificaria os filhos de Levi, responsáveis pelo trabalho no templo, mas estavam
corrompidos; As ofertas de Judá e Jerusalém voltaram a ser puras e justas como nos primeiros
anos, depois de terem entrado na Terra prometida; o Senhor será a favor de todos os retos nos
seus caminhos e condenarás todos os que praticam iniqüidade; Deus afirma não destruir os
Judeus, pois manteria a aliança com Jacó e por causa dessa promessa poderiam ainda viver; o
povo israelita por várias vezes se desviou dos mandamentos do Senhor. No entanto, Deus os
repreendiam, eles se convertiam dos maus caminhos, mas no tempo do profeta Malaquias era
diferente, apesar de todas as abominações eles rejeitavam as advertências e ainda se
perguntavam em que erravam? O profeta continua indagando o povo de seus erros, da mesma
forma o povo retomava perguntando: que roubamos a Deus? O profeta continuava a repreendê-
los dizendo: nos dízimos e nas ofertas alçadas (dízimo dos dízimos ou 10% de 10%). A
corrupção dos Judeus era tanta que ousavam descumprir mais uma lei dada por Deus a
Moisés, na qual ordenava o pagamento de 10% do fruto da terra (Lv. 27: 30 - 34) e a oferta
alçada 10% de 10% (dízimo dos dízimos, Nm. 18: 26). Em virtude de não cumprirem essa
ordenança todo o povo Israelense seria amaldiçoado, visto que, de acordo com a Lei, o
pagamento traria bênção e o não pagamento maldição; os Israelitas tinham a obrigação de
levar os dízimos para a casa do tesouro, para poder haver mantimentos para todos os Levitas
que faziam a manutenção no templo do Senhor. Caso isso fosse feito, Deus prometia bênção,
nada iria lhes faltar; com o cumprimento das ordenanças, Deus não deixaria o devorador
consumir a produção da terra, o campo não seria estéril e todas as nações veriam a
prosperidade do povo de Israel e o chamariam bem aventurada; chegaram momentos em que
os Judeus não observavam as Leis de Deus, e ainda ensinavam contra, não querendo servi a
Deus; os judeus duvidavam da justiça do Senhor dos Exércitos; judeus fiéis ao Senhor tinham
fé e esperança, permanecendo sempre a serviço do Senhor. Eles serão um tesouro particular
para Deus, pois sempre percebemos a diferença do verdadeiro servo de Deus e dos falsos
servos de Deus.
A pesar desse capítulo ser o mais utilizado para ensinar os fiéis cristãos a pagarem o
dízimo, proferindo essas mesmas maldições de forma assustadora, causando um falso
entendimento do capítulo e com isso, gerando grandes lucros para os donos de igrejas. Na
realidade você não estar pagando, mas sim, sendo extorquido. As profecias descritas em
Malaquias, corresponde as pragas nas plantações e nas criações de animais (produção do
campo), os períodos de secas, e um solo pobre, as pragas de gafanhotos etc., este sim seria o
43
tal ―devorador‖ mencionado em Malaquias, mas a igreja ―cristã‖ moderna insiste em adotar o tal
devorador para aterrorizar seus ineptos fieis.
Malaquias Cap. 4
Deus fala dos acontecimentos e juízo para os servos da impiedade; a esperança
salvadora para os justos; a recompensa dos ímpios; o profeta mais uma vez lembra o povo
Judeu para cumprirem a lei de Moisés dada Horebe para todo o Israel; Deus em sua grande
Misericórdia da mais uma chance ao povo, enviava o profeta Elias para convertê-los antes de
sua grande vinda.
Considerando tudo o que diz o profeta, concluímos a existência de vários fatos
convergentes e comprobatórios da depravação que ocorria naquele tempo. A iniqüidade se
alastrava, Deus teve que recorre às maldições antes firmadas na Lei de Moisés e somente
através da obediência as mesmas, o povo de Israel seria abençoado.
No capítulo três, o mais interessante é o fato do profeta fazer registro da vinda do anjo
do concerto, ou seja, o anunciador pré-cristão, incumbido de preparar o caminho do Senhor
Jesus. O anjo do concerto é o próprio João Batista, visto que com ele se encerra a lei de
Moisés, "A lei e os profetas duraram até João, desde então é anunciado o reino de Deus, e todo
o homem emprega força para entrar nele". (Lc. 16: 16). Isso prova que o Antigo Testamento
terminar com a vinda de João. Ele era descendente de Levi, no entanto, levava uma vida
totalmente diferente do povo Judeu. Confira:
João nasceu sacerdote (Lc 1:5, 13). De acordo com os preceitos da lei,ele deveria usar a veste
sacerdotal, feita principalmente de linho fino (Êx 28:4, 40-41; Lv 6:10; Ez 44: 17-18), e deveria
alimentar-se da comida sacerdotal, composta basicamente da flor da farinha e da carne dos
sacrifícios oferecidos a Deus pelo povo (Lv 2:1-3; 6:16-18;2-26; 7:31-34). Entretanto, João agiu
de modo totalmente diferente. Usava veste de pêlos de camelo e cinto de couro, e comia
gafanhotos e mel silvestre. Todas essas coisas eram incivilizadas e rudes, e não estava de
acordo com os preceitos religiosos. O fato de ele, como sacerdote, usar veste de pêlos de
camelo foi um golpe extremamente duro para a mente religiosa, pois o camelo era considerado
imundo segundo os preceitos levíticos (Lv 11:4). Além disso, João não vivia num lugar
civilizado, e, sim, no deserto (Lc 3:2). Tudo isso indica que ele havia abandonado totalmente a
dispensação do Antigo Testamento, a qual se havia degradado, transformando-se numa religião
misturada com a cultura humana. Sua intenção era apresentar a economia neotestamentária de
Deus, que se constitui somente de Cristo e do Espírito da Vida43
.
43
LEE, Witness. Os Evangelhos: Versão Restauração. Trad. Corpo Editorial da Árvore da Vida.1° ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1999. p. 19.
44
O modo como viveu esse personagem, é a prova fiel e incontestável do fim das
ordenanças do mosaísmo. Repudiou o seu próprio sacerdócio, contrario todo o sistema
religioso de sua época, corrompido e de longa data adaptado ao Império Romano. Presenciou
um governo estrangeiro opressor e a religião de seus pais corrompida pela hipocrisia, ganância
e mundanismo. Desafiou o rei Herodes, e os fariseus. Era um judeu que não observava mais as
práticas sacrificais e cerimoniais da lei.
Desenvolveu novo modo de vida, uma vida purificada, desafortunado materialmente,
contudo, era temido pela veracidade e rigor de suas palavras: ―... Raça de víboras, quem vos
ensinou a fugir da ira futura? (Mt. 3: 7). Produzi pois frutos dignos de arrependimento;‖ (Mt. 3:
8). A classe sacerdotal era vista por João como animais peçonhentos.
A Bíblia não menciona qualquer característica de semelhança desse personagem com
seus irmãos judeus. Como, pois, João era o Anjo do Senhor que havia de vir? As escrituras
afirmam: ―Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo
vereda a nosso Deus‖ (Is. 40:3). A única característica dada pelo profeta, é que seria a voz que
clama no deserto, mas não descreve se o mesmo abandonaria sua religião e, muito menos seu
modo de se vestir ou se alimentar, tão controverso para seu tempo e sua religião. João Batista
é de forma explícita o modelo humano de como seria a graça dispensada por Jesus, no Novo
Pacto (Novo Testamento).
João simplesmente anunciava o fim do sacrifício cerimonial e material, que a muito
tempo havia absorvido caráter diabólico: comercialização de animais no templo, filhos
desonrando pais e usando o nome de Deus para justificar o desamparo, casamentos sem
solidez etc. O formato de pregação dele era verdadeiras profecias, que também no intuito de
fazer o povo judeu se adequar as pregações futuras que seriam do próprio Jesus. João em
suas pregações manifestava o desejo de ver frutos verdadeiramente espirituais, que pudessem
se arrepender.
Certamente o livro mais usado para cobrar dízimos e lançar maldições sobre os não
dizimistas é o do profeta Malaquias, tendo como capítulo principal o cap. 3 e Versículo 10. No
entanto Malaquias é um dos principais livros esclarecedores do fim da Lei Mosaica e do início
da Nova Aliança. Malaquias relata claramente três versículos referentes à vinda de João
Batista, findando assim, a Antiga Aliança e iniciando uma nova, pois Jesus Cristo seria batizado
por João Batista, dando início não só a redenção dos judeus, mas também dos gentios.
Malaquias revela a nossa redenção:
45
MALAQUIAS OS EVANGELHOS
Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o
caminho diante de mim, e de repente virá ao seu
templo o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do
concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o
Senhor dos Exércitos (Ml. 3: 1).
Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da
tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o
teu caminho (Mt. 11: 10; Lc. 7: 27).
Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha
o dia grande e terrível do Senhor (Ml. 4: 5).
"E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de
vir" (Mt. 11: 14).
E converterá o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais; para que eu não
venha, e fira a terra em maldição (Ml. 4: 6).
E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes
à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor
um povo bem disposto (Lc. 1: 17).
Deus em toda sua grandeza usou o profeta Malaquias para reafirmar o fim da Antiga
Aliança e o início de uma nova, na qual teria como elo de ligação do fim da antiga e início da
nova - o profeta João Batista – mensageiro divino, sendo caracterizado como abnegado,
obediente, profeta, santo, humilde, pregador poderoso, zeloso pelo nome do Senhor, o Elias
que havia de vir, anjo do Senhor. Além de Malaquias, Isaías já tinha profetizado há seu respeito
(Is. 40: 3). João Batista honrado por Cristo, o Mártir foi sem dúvida o fim da Lei que nos
condenava, na qual os gentios não haviam de se salvar, para o início da Nova Aliança, sendo
nós aceitos pela graça de Cristo Jesus. "E aconteceu que em Icônio entraram juntos na
sinagoga dos judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus,
mas de gregos" (At.14: 1). Porque não me envergonha do Evangelho de Cristo, pois é o poder
de Deus para Salvação de todo aquele que crê: primeiro do Judeu, e também do Grego (Rm. 1:
16) "Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo
viverá da fé". (Rm. 1: 17).
46
Capítulo V
MUDA-SE O SACERDÓCIO - Hebreus 7
SACERDOTE
Um ministro devidamente autorizado, para oficiar perante uma divindade, em favor de um povo
e tomar parte em outros ritos, chama-se sacerdote. A função essencial a seu cargo era a de
mediador entre Deus e o homem. E geral formam os sacerdotes uma classe de funcionários
muito distintas entre as nações da antiguidade, como no Egito, em Mídia na Filístia, na Grécia,
em Roma, etc. Gn 47. 22; Ex 2. 16; 1 Sm 6.2; At 14. 13. Na falta de uma corporação
regularmente organizada, o ofício de sacerdote era exercido desde tempos imemoriais, por
indivíduos particulares, tais como, Caim e Abel; pelos patriarcas em favor de suas famílias, ou
da tribo, como Noé, Abraão, Isaque, Jacó, bem assim os chefes de uma corporação, ou de um
povo44
....‖
SUMO SACERDOTE
Era o regente espiritual da nação. O chefe da casa de Arão ocupava esse cargo. O Sumo
sacerdote era sujeito a leis específicas (Lev. 21) Superintender o santuário, seu culto e seus
tesouros; presidir os serviços do dia da expiação (q.v) quando se exigiu que ele entrasse no
santíssimo lugar45
...‖
O autor da epístola aos Hebreus é incansável em argumentar e demonstrar provas
concretas do sobre o fim da primeira aliança e o início de outra melhor – o Novo Testamento, no
qual é Cristo Jesus. Agora vamos tratar de alguns versículos do capítulo 7 desta carta aos
44
DAVIS, John D. Op. Cit., p. 522. 45
WATSON, S. L. ANA, D. Conciso Dicionário Bíblico. In: BÍBLIA SAGRAGA: Edição Revista e Corrigida. Trad. João Ferreira de Almeida. 4° ed. Rio de Janeiro: Co-edição (JUERP) Imprensa Bíblica Brasileira, 2001. p. 158
47
Hebreus muito usados pelos pregadores e cobradores de dízimos, mas pouco explicado. A
pouca explicação consiste no fato de que se forem bem explicados, a estratégia para cobrar
dízimos não daria certo, pois a única intenção do escritor é acabar com qualquer preceito do
Antigo Testamento contrário a graça:
Vejam como Melquisedeque era grande: Abraão, o patriarca lhe deu a décima parte de tudo o
que havia tomado dos inimigos na batalha. Conforme a Lei de Moisés, os sacerdotes, que são
descendentes de Levi, têm a obrigação de receber do povo a décima parte de tudo. Eles
recebem dos seus próprios patrícios, embora estes também sejam descentes de Abraão.
Melquisedeque não era descente de Levi, mas recebeu a décima parte daquilo que Abraão
havia tomado na batalha e o abençoou. Sim, abençoou o próprio Abraão, que havia recebido as
promessas de Deus46
(Hb. 7:4-6).
A sabedoria e inspiração espiritual dada ao autor desta carta são extraordinárias,
veremos que o autor prova que Cristo é Sumo Sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque. Antes, o escritor Bíblico usou a única referência onde Melquisedeque se
encontra com o patriarca Abraão, sendo que neste momento ele recebe o dízimo de bens
conquistados na guerra por Abraão. Apesar de se tratar de costume na época, o caso de
Abraão é especial, pois ―o sacerdócio do Cristo segundo a ordem de Melquisedeque é maior do
que o de Arão; pois Arão pagou o dízimo a Melquisedeque através de seu antepassado Abraão
em cujos lombos ele se achava‖47 (Hb. 7:9), ou seja, Melquisedeque é superior a Abraão,
enquanto Abraão é superior a seus filhos, pois Levi ainda nasceria, seria filhos de Jacó, que por
sua vez saio dos lombos de Abraão (Hb 7:10), então, isso prova a submissão do sacerdócio
levítico em relação ao Cristo Sumo-sacerdote que é da ordem de Melquisedeque.
O dízimo era o símbolo de existência do sacerdócio carnal da tribo de Levi, sem os
dízimos esse sacerdócio não podia existir, pois não haveria como se sustentar. No entanto, o
Sacerdote e Rei Melquisedeque não precisava de dízimos para sobreviver, Abraão deu seu
dízimo como prova de inferioridade, já que ―o dízimo é pago ao superior pelo inferior48‖, O
próprio escritor bíblico afirma que o sacerdócio levítico é mortal e por isso necessitava dos
dízimos, porém, o outro é eterno, sendo esse pagamento uma demonstração de inferioridade
de Levi para com Melquisedeque, pois este vivi para sempre, então, qual utilidade tem o dízimo
para o sacerdócio imortal?
46
BÍBLIA SAGRADA: Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. 47
MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. Trad. Álvaro Cunha et al. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983. p. 243
48
Observe que a grandeza é do Sacerdote Melquisedeque e não do dízimo,
"Melquisedeque era grande" (Hb 7:4), note que o pai Abraão já havia recebido as promessas (v.
6), Deus havia exigido a circuncisão como prova pactual entre Ele e Abraão, nesse encontro o
pagamento do dízimo não lhe concedeu bênçãos. As benções já eram provenientes das
promessas, bem como, simbolizava as coisas futuras, a vinda do Sacerdote Eterno – Jesus
Cristo. Todavia, hoje os pregadores falseiam a Palavra Santa e colocam a grandeza no dízimo,
supondo que as bênçãos oriundas do pagamento do mesmo.
E no presente momento existe outro Sumo Sacerdote e que este é eterno, entretanto, o
sacerdócio levítico não seria eterno. Veja que no versículo 5, somente os filhos de Levi
poderiam receber o dízimo, por mais que todo o povo tivesse saído de Abraão, somente a tribo
de Levi, segundo a lei, poderia tomar os dízimos do povo Judeu. Entenda que, quando Abraão
deu o dízimo, não se tinha lei e, já a tribo de Levi era segunda a ordem de Arão no qual havia
recebido a lei (Hb. 7: 11). O autor insiste demonstrar que a lei do dízimo não pode permanecer,
pois somente a tribo de Levi tinha ordem para receber os dízimos, mas agora surgiu outro
Sacerdócio, não mais da tribo de Levi, mas sim da tribo de Judá, sendo este eterno. Ele é que
nos sustenta (At. 17: 25).
Em Hebreus 7: 12, diz: "Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz
também mudanças da lei". Concluímos que o sacerdócio levítico é da ordem de Arão, mortal e
carnal, recebido através da lei. E o de Cristo é segundo a ordem de Melquisedeque, imortal, foi
prometido antes da lei e, assim como Melquisedeque, Cristo também era Rei e Sacerdote, pois
descendia de Davi. Então, o sacerdócio de Melquisedeque não pode ser invalidado, mesmo
tendo surgido o sacerdócio levítico.
Mas digo isto: Que tendo sido o testamento anteriormente confirmado por Deus, a lei, que veio
quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. Porque, se a
herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus pela promessa a deu
gratuitamente a Abraão (Gl. 3: 17-18).
Prezados, até o momento analisamos dois itens da lei: o sacerdócio levítico, e a
ordenança de tomar os dízimos dos seus irmãos israelitas. O objetivo do autor é demonstrar a
inutilidade de cumprir as ordenanças da lei, haja vistas, que mudou o principal, que é o
sacerdócio. A epístola no verso 11 faz uma interessante reflexão a respeito do sacerdócio
perfeito, ou seja, se o sacerdócio segundo Arão é perfeito, então, porque surgiu um sacerdócio
superior? Então, é inconcebível que o sacerdócio superior e eterno viva também recebendo
48
Idem, ibidem, p. 243
49
dízimos, da mesma forma que vivia o sacerdócio carnal e inferior de Levi, cujo, escritor
apostólico o considera fraco e inútil: ―Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. Porque o precedente mandamento é ab-
rogado por causa as sua fraqueza e inutilidade (Hb 7:17-18).
Ora, se sacerdócio levítico se sustentava com o recolhimento e utilização do dízimo,
torna-se imprescindível o fim do dízimo, para que assim, acabe este sacerdócio. Como a
circuncisão, o sábado, os sacrifícios de animais, o templo como local sagrado, o véu no templo,
todos definidos pela lei mosaica teve fim. Então por que iríamos aceitar o sacerdócio carnal
levítico, ou se quer pressupor que o sacerdócio de Cristo, superior em todos os aspectos
vivesse da mesma forma?
Outro ponto não explicado está no fato de Cristo ter escolhido doze homens para o
apostolado. Deles somente Mateus era da tribo de Levi. Ora, se a lei da o direito a Mateus
cobrar o dízimo, então, por que não o fez? E por que Judas era seu tesoureiro e não cobrava os
dízimos? Cristo o Sumo-sacerdote; Mateus seu discípulo e descendente de Levi. Percebe-se
que Jesus não ensinava em momento aos seus discípulos cobrarem dízimos pelo trabalho
realizado em prol das almas: ―Curai os enfermos, limpai os leproso, ressuscitai os mortos,
expulsai os demônios: de graça recebestes, de graça daí‖ (Mt. 10:8). O Nazareno pôs derrubou
a muralha separadora dos povos, as diferenças tribais e legais não existem mais.
Outro fator não ensinado na maioria das igrejas ditas cristãs hoje é o seguinte: se Cristo
é Sumo-sacerdote, então, quem são seus sacerdotes?
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