diário de leitura: missa do galo

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Diário de leitura: Missa do galo – Machado de Assis.Matheus Lima da SilvaGraduando em Letras com língua Inglesa, UNEB – Campus IV.

WHO AM I?

Matheus Lima da Silva, graduando em: Letras - Língua Inglesa e Respectivas Literaturas, na instituição de ensino: Universidade Estadual da Bahia - UNEB. Iniciação como bolsista no projeto de extensão Pibid - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, em Abril de 2016.

What I thought about the story?

About the narrator:

Logo durante o início da leitura do conto, me identifiquei muito com o narrador. O fato dos verbos estarem sempre empregados em primeira pessoa do singular, me fez “vestir a carapuça” de tudo o que o mesmo fazia.

O narrador me lembrou também Bentinho, outro famoso personagem de Machado de Assis.

About the plot:

O roteiro é simples. Toda a história é narrada em primeira pessoa, e todo o desfecho acontece de uma só vez, em uma única cena. Houve novamente uma hipertextualização da minha parte. Durante toda a leitura, o livro DOM CASMURRO vinha à minha mente.

Como todo o conto é narrado em primeira pessoa, durante toda a leitura eu me perguntava: “ok, mas onde estão os outros pontos de vista?”, já que apenas o ponto de vista do narrador era expresso de maneira clara.

About the female character:

Eis que comecei a conhecer Conceição. Quantas mulheres eu reconheci nela? Conceição, mulher submissa, vivia para o marido, dependente do mesmo para tudo.

Eis que Machado me retorna para Dom Casmurro: Conceição, a versão submissa de Capitu.

About the male character:

Quando eu lia sobre Nogueira, o “protagonista” da história, a primeira impressão que eu tive era que o mesmo era um rapaz inocente. “Um garoto do interior”.

O mesmo, durante todo o enredo, se sentia ora assustado, ora encantado com o comportamento de Conceição.

Bringing to the present day:

Impossível ler sobre Conceição e não contextualiza-la com Marcela Temer. Conceição possui as mesmas características que a mesma: BELA, RECATADA E DO LAR. Vivia apenas para o marido, para a casa e para a família. Não tinha voz própria.

Critical review:

ASSIS, Machado de. Missa do Galo.

O conto Missa do Galo, foi escrito por Machado de Assis, um renomado escritor

de nacionalidade brasileira, e por muitos escritores, considerado um dos mais

importantes nomes da literatura mundial. Sendo publicado pela primeira vez em

1893, e incluso no livro Páginas Recolhidas (uma coletânea que reunia vários

contos de autoria machadiana) em 1899, Missa do galo, assim como a maioria

das obras de Machado, nos apresenta o comportamento humano, na sua forma

mais real e natural.

Todo o conto é narrado em primeira pessoa, por um narrador personagem que nos

apresenta o fato anos após o mesmo ter acontecido. É um narrador maduro e

experiente que vai comentar sobre sua versão imatura, e consequentemente

inexperiente. Outro ponto a ser observado em todo o texto, é que apenas um

ponto de vista é apresentado ao leitor. Só com esses dados, já é possível que haja

uma hipertextualização com diversas outras obras de Machado, como por

exemplo, Dom Casmurro, que acaba trazendo as mesmas características entre os

narradores.

Nogueira era um jovem de dezessete anos, vindo de uma cidade pequena, que

estava hospedado na casa de um parente distante, que outrora fora casado com

uma prima sua, e que recentemente se encontrava casado com Conceição (uma

mulher de comportamento passivo, quieta, frágil e insegura, que vivia submissa

às vontades do marido). Relacionando esse contexto com os dias atuais,

Conceição seria certamente intitulada como uma mulher: bela, recatada e do lar.

Nada em Conceição era atenuado. Uma mulher sem cor, que se acostumara a

conviver e a aceitar os inúmeros deslizes do marido, inclusive o adultério.

Um vez por semana, Meneses deixava a sua casa, e ia de encontro a uma mulher,

com quem o mesmo mantinha relações extraconjugais. E é exatamente em uma

dessas noites que todo o ápice da história se desenvolve. É véspera de Natal, e

Nogueira se mantém acordado, lendo, aguardando dar o horário para que o

mesmo possa ir assistir a MISSA DO GALO. Eis que então surge Conceição:

uma visão literária, a qual parecia recém ter saído de uma das histórias que o

nosso narrador devorava. Nogueira, que nunca a havia visto tão bela como

naquela noite, se sentia aprisionado e enfeitiçado pelos encantos daquela nova

mulher.

Enquanto todo o restante da casa adormecia, uma conversa se iniciava entre os

dois personagens, e durante toda essa conversa, Conceição despertara em

Nogueira um sentimento, que outrora, nunca havia sido citado no conto. O

desfecho é totalmente ambíguo, quando tentamos identificar indícios de que

Conceição queria, ou não, seduzir o jovem rapaz. Quando fazemos uma primeira

leitura do conto, é claro observar que Conceição estava apenas sem sono, e para

se manter distraída, passa a noite conversando com o jovem. Em uma analise

mais profunda da obra, observamos que o texto nos traz indícios de que a

mesma, durante toda a madrugada usa de artifícios (linguagem corporal) para

chamar a atenção do “inocente” narrador.

No fim, nada acontece: não há uma ardente noite de paixão, não há beijos, troca

de carícias, nem de palavras amorosas. A única coisa que nos faz acreditar que

houve de fato algo de conotação sexual no conto, são as memórias e os

pensamentos do narrador-personagem (porém, nem o mesmo sabe dizer se isso

aconteceu de fato, ou não). Há aí uma hipertextualidade com uma outra história

de Machado de Assis: DOM CASMURRO. Ao terminar a leitura deste, o leitor

também se encontra confuso ao tentar compreender o que realmente aconteceu.

Há a dúvida, há a falta de indícios de provas. Porém, há uma única coisa que

realmente existe, tanto em Dom Casmurro, quanto em Missa do Galo: o

pensamento e as memórias do narrador. É sempre de demasiada importância

ressaltar que todos os fatos da história, são apresentados acerca de apenas um

ponto de vista. Conceição está para Capitu, da mesma maneira que Nogueira

está para Bentinho.

Um conto excelente, que recria o comportamento humano em sua mais natural

forma, da mesma maneira que Machado de Assis faz em suas tantas outras

histórias. O autor consegue tratar de temas que atravessam gerações, como por

exemplo o adultério e a submissão feminina, que até os dias atuais são

considerados tabus para a sociedade, de maneira irônica, porém, com uma leve

pitada de comédia e sarcasmo.

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