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DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA

Professora Adjunta Marcia Antunes Fernandes

marciaafernandes@terra.com.br

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA(DEP)

1- Introdução

É um problema mundial, afetando principalmente os países em desenvolvimento, especialmente em crianças com idade inferior a cinco anos.

No Brasil , a incidência varia de acordo com o desenvolvimento socioeconômico regional, havendo altas taxas no Norte e no Nordeste e em bolsões de pobreza na periferia das grandes cidades do Sudeste e do Sul.

É um problema médico, social e de saúde pública

...”você investigou todos os aspectos do meu lamento-e ainda assim, eu continuo com fome, sem casa e doente”.... Hindu Anônimo

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA

Dados Relevantes Sobre a Desnutrição Energético-Proteica:

Mais de 20 milhões de crianças nascem com baixo peso a cada ano; 150 milhões de crianças com < de cinco anos têm baixo peso para a idade e 182 mil~hoes têm baixa estatura.

A desnutrição é a segunda causa de morte em menores de cinco anos nos países em desenvolvimento.

Nas últimas décadas, estudos realizados realizados em Bangladesh e no Brasil apontam para um declínio de mortalidade após adoção de protocolos para tratamento hospitalar da criança com desnutição grave.

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA Definição

“ Uma gama de condições clínicas patológicas com deficiência simultânea de proteínas e calorias, em variadas proporções, que acomete preferencialmente crianças de pouca idade e comumente associada com infecções”

(OMS/1973)

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAClassificação Etiológica

A- Primária (Pobreza – Privação Nutricional)

Pobreza

Subemprego

Educação Precária

Más condiçõesambientais

Falta de apoio Familiar

Exclusão do sistema de saúde

Baixa Ingestão

Perdas de costumes e

crenças

FamíliaDesestruturada

Infecções Hospitalização

Aleitamento Artificial

Desmame Precoce

DESNUTRIÇÃO

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAClassificação Etiológica

B- Secundária

Determinada por patologias que acometem os processos relacionados à ingestão, digestão, absorção, metabolização e excreção do alimento.

Ex: Estenose Hipertrófica do Piloro

Doença Celíaca / Diarréia Crônica

Diabetes Mellitus tipo 1

Insuficiência Renal

AIDS etc.

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAClassificação Quanto a Intensidade / Duração

A- Intensidade (define a gravidade da desnutrição)

Leve

Moderada

Grave

B- Duração (indica o tempo de curso, identificando indivíduos emagrecidos (“wasted”) e/ou com parada de crescimento (“stunded”)

Aguda

Crônica

Crônica “Agudizada”

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAClassificação da Desnutrição Grave

Formas de Apresentação Baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais

Marasmo

Kwashiorkor

Kwashiorkor-Marasmático

Avaliação Nutricional / Classificações

Avaliação do Estado Nutricional

Medidas Antropométricas (PESO/ ALTURA)

Conhecimento dos Padrões Normais de Crescimento – Atualmente o Ministério da Saúde uniformizou o uso de tabelas de referência de crescimento , adotando o parão norte-americano NCHS

A criança quando começa a sofrer as conseqüências da privação energético-proteica, perde inicialmente peso e, posteriormente, ocorre diminuição na velocidade do seu crescimento.

Classificações Utilizadas para Avaliação Nutricional

Classificação de Gomez (1956) Utilizada como índice de gravidade da desnutrição em qualquer situação.

Baseia-se no índice peso ideal para idade e sexo (considerando o percentil 50 nas curvas de crescimento/ NCHS).

Recomendada principalmente para crianças menores de dois anos, pois o peso tem maior velocidade de aumento em função da idade que o comprimento nesse período. Isto a torna mais sensível aos agravos nutricionais (peso altera-se primeiro em relação a estatura)

Na presnça de edema comprovadamente nutricional, independente do peso/Idade, a criança será considerada desnutrida de 3º grau (modificação de Bengoa).

Classificação da Desnutrição de Gomez (1956)

Peso/Idade(%) Graus de desnutrição Deficit de Peso/Idade

91-100 Normal < ou = 10 %

76-90 Leve (ou Primeiro Grau) >10 a 24%

61-75 Moderada (ou Segundo

Grau)

>25 a 39%

Inferior ou = a 60 Grave (ou Terceiro Grau)

> ou = 40%

Classificação da Desnutrição de Gomez (1956)

Exercício:

Lactente , 11 meses, sexo masculino, pesa 6 Kg. Qual o seu estado nutricional conforme a classificação de Gomez?

Verificar o gráfico do NCHS ; verificar o peso esperado para a idade no percentil 50. O peso seria de 10 Kg (ideal)

Então: 10 Kg (ou 1000mg) ----------- 100% (ideal)

6 Kg (ou 6000mg)----------- X

X= 60% (com deficit de 40% do peso/idade)

Conclusão: Desnutrição de Terceiro Grau

Classificação da Desnutrição de Gomez (1956)

Desvantagens da Classificação de Gomez:

As crianças que caem no percentil entre 5 e 20 podem não ser normais (falso positivo).

Não permite a distinção entre aguda e crônica.

Não permite diferenciar as crianças cujas deficiiências de peso são devidas a problemas de crescimento e não nuticionais (ex: síndromes genéticas)

Classificação de Waterlow (1976)

Baseia-se nos índices estatura/idade (E/I) e peso/estatura Utilizada para crianças de 2 a 10 anos. Nessa fase o crescimento é mais

lento e constante predominando o estatural. O peso varia mais em função da estatura que da idade.

Os agravos nutricionais serão melhor avaliados pela E/I ou P/E

E/I= estatura observada X 100 estatura esperada para idade e sexo (50)

P/E= peso observado X100peso esperado para a estatura observada (idade estatural)

Classificação de Waterlow (1976)

Relação

Estatura / Idade

Relação

Peso/Estatura

Eutrofia E/I > 95% P/E > 90%

Desnutrição Atual

(aguda/”wasting”)

E/I > 95% P/E <90% (do p50)

Desnutrição Crônica (“wasting” e

“stunting)

E/I <95% P/E <90% (do p50)

Desnutrição Pregressa

(“stunting”)

E/I <95% P/E >90%(do p 50)

Classificação de Waterlow (1976)

Exercício: Pré-escolar , três anos, sexo masculino, com peso=10Kg e estatura=90

cm. Qual a classificação nutricional de acordo com Waterlow?E/I = 90 cm X 100 E/I= 97,2% (>95%) 92,5cm (estatura esperada para idade e sexo/p5)

P/I = 10Kg X 100 P/I= 66,6% (< 90%)

15Kg (peso esperado para estatura observada/p50)

Conclusão: Desnutrição Atual (não apresenta deficit do crescimento)

Classificação da Organização das Nações Unidas (OMS)

Empregada para crianças de qualquer faixa etária.

Essa classificação tem como finalidade identificar as formas moderadas e graves de DEP.

A presença de edema comprovadamente nutricional , classifica a desnutrição como grave.

A comparação é realizada por escore “z”.

No primeiro trimestre de vida é recomendável considerar, para avaliação do estado nutricional, o ganho de peso médio de aproximadamente 20-30g/dia. Caso haja um ganho menor ou igual a 20 g/dia, considerar a

situação como risco nutricional.

Classificação da Organização das Nações Unidas (OMS)

Classificação do Estado Nutricional Segundo os Critérios da OMS

Desnutrição E/I Escore Z P/E Escore Z

Moderada -2 ------ -3 -2 ------ -3

Grave Abaixo de -3

(nanismo grave)

Abaixo de -3

(emagrecimento grave)

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAFisiopatologia

Privação Energético-Proteica

Repercussão em todos os órgãos e sistemas

Mecanismos Adaptativos:

Diminuição do Metabolismo Basal Hipoatividade Ganho Ponderal Insuficiente Diminuição da Velocidade de Crescimento (fases mais

tardias)

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAFisiopatologia

DEP

Utilização de reservas energéticas:LipídeosProteínas

Aumento dos hormônios catabólicos(GH, cortisol, glucagon,epinefrina etc)

Diminuição dos hormônios anabólicos(insulina)

Aumento da Gliconeogenese“Equilíbrio Metabólico Compensatório”

Repercussõesem tecidos

e órgãos

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAFisiopatologia DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA

Fisiopatologia

Diminuiçãoda ingestão

calórica

Alterações psicossociais

Infecções

Estresse

Diminuição daglicemia

Diminuição da acidemia

Diminuição de insulina

Aumento daEpinefrinae do GH

Aumento do cortisol

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICAFisiopatologia

Emagrecimento

AtrofiaMuscular

Gasto de gordurasubcutânea

GlicoseAminoácidos

Essenciais

Epinefrina

Ácidos Graxos

Principais Características Clínicas no Diagnóstico Diferencial

Achados clínicos

e laboratoriais

Marasmo Kwashiorkor

Alteração crescimento

(peso, altura)

+ + + +

Atrofia muscular + + + + + +

Gordura subcutânea Ausente Presente

Edema Ausente Presente

Dermatoses Raras Comuns

Alteração de cabelos + + + +

Hepatomegalia Rara Freqüente

Atraso Desenvolvimento

+ + + +

Principais Características Clínicas no Diagnóstico Diferencial

Achados clínicos

e laboratoriais

Marasmo Kwashiorkor

Atividade física Diminuída Muito diminuída

Diarréia + + + + + +

Albumina Sérica Normal Baixa

Água Corporal Aumentada Muito Aumentada

Potássio corpóreo Baixo Muito baixo

Anemia Comum Muito comum

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICATratamento Hospitalar

Fases: Fase de Urgência (três a cinco dias):

Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos

Corrigir os distúrbios Metabólicos (hipoglicemia)

Tratar as Infecções

Fase Dietoterápica (uma a duas semanas)

Diminuir as perdas diarreicas

Fase de Manutenção ( duas a quatro semanas)

Fornecer dietas hipercalóricas para recuperação do peso

Referências Bibliográficas Recomendadas:

1- Pediatria Básica (Eduardo Marcondes), Tomo II

Capítulo Desnutrição 9ª edição.

2- Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave Hospitalar ; Ministério da Saúde, 2005.

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