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CIÚME, O TEMPERO DO AMOR? COMPREENDENDO AS PERCEPÇÕES
DE JOVENS EM ARACAJU/SE1
Claudiene Santos2
Lynna Gabriella Silva Unger3
Resumo
Este estudo trata do ciúme, historicamente construído, no âmbito das relações afetivo-
sexuais contemporâneas desenvolvidas por jovens estudantes em Aracaju/SE.
Investigamos as percepções de 10 jovens sobre ciúme em seus relacionamentos, sob a
perspectiva qualitativa fenomenológica. Ao desvelarmos suas multifaces, destacamos
que o ciúme disfarçado de amor contribui para a construção de um imaginário machista
que o naturaliza, como próprio das relações afetivo-sexuais. Ao mesmo tempo,
invisibiliza as possíveis tensões, conflitos e situações de violência implícita nas relações
intra e interpessoais. Assinalamos que para a construção de uma sociedade mais
igualitária e sem violência faz-se necessário um processo de (re) significação do ciúme
e do referencial de amor que esses/as sujeitos/as (re) produzem.
Palavras-chave: Ciúme; Juventude; Relações de Gênero.
Introdução
O ciúme tem uma amplitude e uma profundidade que assinala que algo precisa
ser observado nos relacionamentos. Em face deste campo, seria o ciúme, um sentimento
característico de relações humanas intra e interpessoais que atravessa o tempo, as
culturas e as gerações (ALMEIDA, 2007). Bringle (1991) aborda o ciúme como um
complexo de emoções provocado pela percepção de uma ameaça a um relacionamento
correspondido e exclusivo.
Nesse panorama de possíveis ameaças, Carotenuto (2004) ressalta que no
relacionamento amoroso, cada parceiro/a sente necessidade de controlar o outro e, nesse
sentido, o ciúme pode funcionar como uma justificativa para exercer este controle e
vigilância, quando não existem outros pretextos plausíveis.
Méndez e Hernández (2001) alertam que o ciúme romântico funciona como
ferramenta de reforço da submissão de uma pessoa sobre a outra. De modo que, no caso
de sujeitos jovens, tendem a permear as relações de namoro e do ficar, atuando também
1 Este trabalho faz parte da pesquisa de minha monografia (UNGER, 2015) orientada pela professora Dr.ª
Claudiene Santos. 2 Doutora em Psicologia pela FFCLRP/USP, docente da Universidade Federal de Sergipe, Líder do Grupo
de Pesquisa Gênero, Sexualidade e Estudos Culturais/GESEC/ CNPq/UFS.Email:
profclaudiene@gmail.com 3 Mestranda em Psicologia Socialda Universidade Federal de Sergipe, membro do Grupo de Pesquisa
Gênero, Sexualidade e Estudos Culturais/GESEC/ CNPq/UFS.Email: lgabiunger@gmail.com
na forma como os/as4 jovens constroem as noções de mulheres/femininilidades e de
homens/masculinidades engendradas no âmbito de uma sociedade patriarcal,
heteronormativa, capitalista, racista e adultocêntrica.
No cenário contemporâneo os discursos parecem mostrar que os/as jovens ao
construírem sentidos sobre o ciúme, vão tecendo ideias que apontam para um contexto
atravessado pela violência silenciosa – também nomeada de violência simbólica ou
micro-machismos (KAUFMAN, 1994). De acordo com Bourdieu (2000), a violência
simbólica deve ser entendida a partir da lógica do poder e da dominação masculina, que
impõe valores, ideais e padrões patriarcais como aspectos naturais aos gêneros, que (re)
criam mecanismos que dificultam sua identificação.
Outras características associadas à dinâmica relacional, designadamente as
assimetrias de poder entre os parceiros íntimos, são igualmente reconhecidas como
fortes preditores da violência no namoro. Nas relações de namoro em que o poder e,
consequentemente, a tomada de decisão não são partilhados, os níveis de violência são
significativamente superiores (KAURA; ALLEN, 2004).
Em um estudo realizado com jovens brasileiros, observou-se que 85,3% já havia
praticado algum tipo de violência verbal contra um/a parceiro/a, caracterizados por
provocar ciúmes e raiva, depreciar, insultar, falar em tom hostil, dentre outros. Além
disso, várias manifestações de agressões verbais eram justificadas ou mesmo
consideradas aceitáveis por esses jovens (OLIVEIRA et al., 2011).
Na atualidade, é imprescindível que a violência no namoro passe a ser vista
como um processo interpessoal sério e potencialmente devastador, necessitando de
investigação e do dimensionamento do problema para o desenvolvimento de programas
de intervenção eficazes e de prevenção dirigidos a amenizar futuras ocorrências
(FLAKE, 2013).
Méndez e Hernández (2001) enfatizam a importância de seguirmos produzindo
conhecimentos acerca dos riscos e desafios que se apresentam quando, no âmbito das
relações afetivo-sexuais entre jovens, não se discute, reflete e visibiliza a presença das
conexões disfarçadas entre o mito do amor romântico, o ciúme e violência de gênero.
Os autores destacam que a crença de que o amor pode tudo, leva alguns jovens a
4 Ao longo do trabalho, adoto uma linguagem feminista de escrever, opondo-me a qualquer linguagem
sexista que tenha a forma masculina como regra geral. Explicito o masculino e o feminino, ora como
linguagem inclusiva (ex: os/as), ora quando possível utilizando termos neutros em gênero (ex: pessoa) ou
ainda, atribuindo a letra “x” no lugar do artigo marcador de gênero (ex: todxs).
considerar que os seus esforços conseguiriam aplacar qualquer inconveniente que surja
na relação.
A questão do ciúme perde-se em uma intrincada rede, derivada do desejo
humano pelo controle absoluto, pela inalterabilidade das circunstâncias e pela
inefabilidade do outro e de si mesmo (ALMEIDA, 2007). É nessa perspectiva de dar
visibilidade e produzir conhecimentos acerca desse fenômeno que, aqui, buscamos
compreender e identificar como a juventude vivencia o ciúme no cotidiano dos
relacionamentos afetivo-sexuais estabelecidos na contemporaneidade.
Trajetória fenomenológica da pesquisa
Esse estudo é oriundo de uma pesquisa de monografia, em que realizamos
entrevistas com dez jovens estudantes de Aracaju, na faixa etária entre 14 e 18 anos, que
tivessem vivenciado ao menos por uma experiência de relacionamento afetivo-sexual
com duração igual ou superior a um mês.
As entrevistas com os/as colaboradores/as foram guiadas por uma questão
norteadora: “Com base na sua experiência, conte-me sobre o (s) relacionamento (s) que
você tem/teve”. De posse das narrativas apresentadas, optamos pelo enfoque qualitativo
e pela abordagem fenomenológica para o desenvolvimento deste trabalho. A análise
fenomenológica dispõe-se a compreender o/a sujeito/a, seu objeto de estudo, em sua
complexidade (BRUNS, 2007).
Para realizar a análise fenomenológica adotamos a proposta de Giorgi (1985)
que lida com as descrições de depoimentos, relatos ou entrevistas sobre experiências
vividas em relação a um determinado fenômeno segundo quatro passos. O primeiro
passo sugerido por Giorgi (1985) é a leitura, releitura e transcrição dos relatos, o que
corresponde à leitura de toda a descrição a fim de alcançar o sentido geral do fenômeno
investigado, para em seguida, buscar os significados a ele atribuídos pelos/as
colaboradores/as.
O segundo passo é a discriminação das unidades de significado centrada no
fenômeno que é pesquisado. Para tanto, retoma-se a releitura dos relatos, após ter sido
apreendido o sentido do todo, tantas vezes quanto necessárias. Uma vez definidas as
unidades de significado, o terceiro passo é caracterizado pelo agrupamento das
vivências cotidianas do sujeito em categorias que expressam o sentido psicológico nela
contido, com ênfase no fenômeno que está sendo investigado.
Enfim, o último passo do método fenomenológico consiste na síntese das
unidades significativas buscando identificar suas convergências e divergências e sua
compreensão do fenômeno investigado em relação à experiência do sujeito elaborando
uma declaração consistente.
Perfil dos/as colaboradores/as e escolha das categorias
Dos/as dez colaboradores/as entrevistados/as, seis são do gênero masculino e
quatro do gênero feminino. Seis declararam ter uma religião, três alegaram serem ateus
e apenas um se declarou agnóstico. Quanto ao grau de escolaridade, metade dos/as
colaboradores/as cursam o ensino médio e a outra metade se encontra no ensino
fundamental. A maioria dos/as colaboradores/as moram com os/as pais e mães. Quatro
tem os pais separados, em que, todxs nessa situação relataram morar com a mãe.
Somente um mencionou que mora com a avó e a tia.
Quanto ao estado de relacionamento, seis dos/as colaboradores afirmaram estar
em uma situação de namoro e, quatro deles/as declararam-se solteiros/as. Vale ressaltar
que todxs os/as colaboradores/as deste estudo estão ou estiveram numa experiência de
relacionamento com duração mínima de um mês.
Para preservar as identidades dos/as colaboradores/as e das pessoas por eles/as
citadas no decorrer das entrevistas, asseguramos que todos os nomes citados neste
trabalho são codinomes escolhidos aleatoriamente.
Ao todo, foram construídas cinco categorias a partir dos relatos dos/as
colaboradores/as. Estas categorias abordam como os/as colaboradores/as vivenciam o
ciúme em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Expõem como eles/as manifestam esse
sentimento e também, como eles/as enxergam o ciúme por parte dos/as parceiros/as,
suas dificuldades e conflitos.
Análise Compreensiva Fenomenológica
Categoria 1 – Ciúmes: o tempero do relacionamento?
O ciúme é reconhecido de diferentes maneiras sendo um componente recorrente
nos discursos sobre os relacionamentos humanos. Para Belo (2003) o ciúme é
considerado um fenômeno comum e atemporal presente nas relações interpessoais.
Quando ele se (re) produz no contexto dos relacionamentos amorosos é caracterizado
como ciúme romântico.
Em síntese, o ciúme pode ser entendido como um complexo de sentimentos,
pensamentos, ações, percepções e atitudes, entre outras múltiplas definições (BELO,
2003). Almeida, Rodrigues e Silva (2008) afirmam que as definições de ciúme são
muitas, mas todas têm em comumtrês elementos: (1) é uma reação frente a uma ameaça
percebida; (2) manifesta-se por existir um rival real ou imaginário; e (3) a reação visa
eliminar os riscos da perda da pessoa amada.
Nesse contexto, julgamos necessário abordar o ciúme considerando suas
multifaces presentes no âmbito relações afetivo-sexuais, uma vez que, este elemento é
considerado pelos/as colaboradores/as como inerente ao desenvolvimento dos
relacionamentos. Vemos nas narrativas abaixo:
Rick (C4): (...)eu entendo, eu sei que todo relacionamento vai ter
ciúme, briga, vai ter aquela coisinha. Mas, evito o possível, tento não
contrariar ela, aí a gente se entende.Um namoro sem ciúmes também
não leva a nada, é como todo mundo fala assim, se não tem ciúmes é
porque não liga, aí a pessoa pode chegar a um ponto que pode
trocar. (grifos nossos)
Frank (C9): (...) digo que ela pode continuar fazendo o que quiser. Tipo os meninos vão olhar se alguém estiver sentada de mau jeito.
Isso às vezes me incomoda, me dá ciúmes, quando alguém passa e faz
alguma gracinha. Sempre há ciúmes na relação sadia, namoro sem
ciúme não existe.(grifos nossos)
É evidente nos discursos desses jovens a naturalização do ciúme como elemento
indissociável à relação afetivo-sexual. De forma semelhante ao exposto nos relatos,
Ferreira-Santos (2003) propõe que o ciúme pode ser considerado como uma
manifestação normal das pessoas, umas em relação às outras, assim como é normal
sentir medo, inveja, luto, alegria, raiva e saudade, dentre outras emoções humanas.
Portanto, para ele, o ciúme poderia ser considerado um sentimento comum e
constitutivo das relações estabelecidas. Essa ideia, que naturaliza a expressão do ciúme,
é questionável, em face do caráter histórico-cultural, que o faz ter diferentes expressões
em culturas distintas.
Nossos/as colaboradores/as explicam o surgimento desse sentimento em algum
momento do relacionamento, despertado por situações exemplificadas a seguir: o ciúme
é oriundo da suposta falta de correspondência do/a parceiro/a quando este/anão
demonstra atenção. Ou ainda, quando há sinais de ameaça à manutenção do
relacionamento por meio de pessoas externas que demonstrem aparente interesse pelo/a
companheiro/a. Corroborando essa ideia, Rosset (2004) assinala que o ciúme é um
conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de ameaça à estabilidade ou
qualidade de um relacionamento íntimo valorizado.
Além da naturalização do ciúme nos relacionamentos, encontramos nos
discursos dos/as colaboradores/as a associação desse fenômeno como indicador do grau
de interesseda outra pessoa vinculada à relação, isto é, como prova de amor. Isso pode
ser visto nos trechos destacados nas falas de Rick (C4), Frank (C9) e Donie (C1) e,
exemplificada:
Donie (C1): Ah, sempre tem umas implicâncias assim, se não
responde a mensagem ou se fica conversando mais com os amigos do que com você, aí tenho ciúme, não tem como não ter. O ciúme tem em
todo namoro por parte de todo mundo, porque assim, quando um
namorado tinha ciúme de mim, eu pensava, nossa, ele tá atento,
quer ficar comigo, é tipo, aquela sensação de que a pessoa se
importa com você e você com ele.(grifos nossos)
Na fala de Donie (C1), percebemos que por vezes o ciúme é considerado
positivo, citado como promovedor de benefícios numa relação, pois indica o amor
pelo/a parceiro/a, torna o relacionamento mais excitante, possibilita a avaliação do
próprio relacionamento, faz o parceiro sentir-se mais desejável. Tais aspectos fazem da
presença do ciúme ser percebida como algo útil para eliminar a ameaça de perda
(BUSS, 2000).
Em vista dos relatos apresentados, é evidente a compreensão da manifestação do
ciúme não só como elemento corriqueiro na relação, mas também, como forma de
representação da reciprocidade, bem como, de sentimento que exprime o cuidado e o
desejo em preservar o relacionamento afetivo-sexual.
Categoria 2 - Isso é o que o amor faz: o ciúme legitimado como bem querer
Uma relação saudável seria aquela em que cada indivíduo tem a sua própria
identidade e deseja fazer o bem à pessoa amada, sem esperar recompensa, destaca
Rosset (2004). No entanto, ao passo que caminhamos para compreensão das vivências
dos jovens nas relações atuais, notamos um sinal amarelo emitindo alerta. Nos
deparamos com a falsa associação de estar bem em relação à pessoa amada, diante de
situações em que o ciúme é interpretado como querer bem.
Emerge nos discursos dos/as jovens a aceitação da conduta ciumenta como algo
compreensível e representativo do sentimento bom que o/a parceiro possui.
Donie (C1): Bom, tive um namorado que eu me sentia importante, eu
achava engraçado aquilo porque era muito ciúme. Chegavam os
meninos pra falar e ele expulsava os meninos praticamente, não deixava nenhuma brecha para eles esticar a conversa. Então eu me
achava importante, eu: Nossa, ele gosta de mim! Me achava a última
coca-cola do deserto.(grifos nossos)
Linda (C3): É bonitinho quando ele vem reclamar dos meninos que
ficam falando comigo (risos). Aí às vezes ele fica com raiva porque eu
tou no meio deles ou de brincadeira, essas coisas. Só por isso ele sente ciúme, mas é fofo.(grifos nossos)
Rose (C6): Se eu falar com um amigo, porque ele tem a senha do meu
facebook e vê minhas mensagens. Se eu mandar um coraçãozinho pra algum amigo, ele já fica morrendo de ciúmes. Já briga comigo, já
acha que é o fim do mundo e que eu tou de papo com outro menino,
essas coisas. Essas coisas que todo namorado fala. Aí depois ele pede desculpa e a gente fica bem, porque ele me ama muito.(grifos
nossos)
Fica claronos relatos de Donie (C1), Linda (C3) e Rose (C6) a interpretação
atribuída a tal fenômeno como garantia do sentimento de zelo e amor que os parceiros
demonstram através do ciúme manifestado. Almeida (2007) sinaliza que para muitos, o
ciúme representa uma manifestação de amor. Algumas pessoas se sentem lisonjeadas
com as manifestações mais efusivas de ciúme. Entretanto, é preciso estar atento ao
modo distorcido de vivenciar o amor, pois, geralmente para essas pessoas o ciúme
manifestado é uma contingência obrigatória do sentimento amoroso e, portanto, não
passível de crítica.
Almeida, Rodrigues e Silva (2008) descrevem que numa relação afetada pelo
ciúme, as pessoas, geralmente, são reificadas, ou seja, tratadas como objetos pelos
próprios parceiros. Muitas se anulam, e assim, perdem grande parte de sua identidade
para serem o que o/a ciumento/a quer que sejam, tentando corresponder a todas as suas
expectativas. Em tais casos, podemos dizer que não há uma aceitação mútua. O que
mascara esta constatação é a percepção distorcida de que isso é feito “altruisticamente”
pela pessoa ciumenta, pelo bem do outro, como observamos nas falas de Donie (C1),
Linda (C3) e Rose (C6).
Nesse sentido, é importante estarmos atentos a essas situações em que o ciúme é
mascarado como forma de bem querer e, desta maneira, mantém invisível situações
alarmantes que acontecem no cotidiano dessas relações.
Categoria 3 -Quem ama, pode dar a vida por mim!
A aceitação da conduta ciumenta como sinal de amor invisibiliza o
reconhecimento da gravidade que tal situação possui. Por vezes, observamos,
principalmente na narrativa de Rose (C6), o ciúme sendo justificado,de tal forma, sendo
mascarado pela ilusão do sentimento que este representaria.
Rose (C6): (...) Uma vez ele ameaçou se matar. É, porque eu tava brigando com ele, porque defendi um amigo meu que tava falando
muita coisa sobre ele e não defendi ele. Daí ele ficou ameaçando se
jogar da janela do meu prédio. Aí graças a Deus ele não se matou.
(...)E agora tá tudo bem, a gente tá bem e tou feliz com ele. (...) Porque eu amo ele demais. Ele é o melhor amigo pra mim, eu não
quero estragar isso tudo. Eu acho que ele é a pessoa certa pra
mim.(grifos nossos)
Por esta perspectiva, o ciúme pode ser considerado fundamentalmente egoísta à
medida que leva o seu possuidor a agir visando com isso inibir os direitos da pessoa a
ela vinculada. Isto é, quando o ciúme se manifesta, não visa proteger o outro, como
erroneamente costuma se pensar, e sim preservar a si mesmo de futuras preocupações
que lhe sejam custosas em relação ao investimento amoroso realizado (ALMEIDA,
2007).
A fala de Rose (C6) evidencia o alto grau de gravidade de atos motivados pelo
ciúme. Segundo Ferreira-Santos (2003) uma relação como esta pode ser caracterizada
como doentia e destrutiva, na qual as pessoas se beneficiam umas das outras, ou ainda,
servem-se do outro como uma forma de obter garantia de que não serão abandonadas,
de que não serão desrespeitadas e menosprezadas.
Não obstante, os jogos discursivos presentes na relação vivenciada por Rose
(C6) também revelam outros significados para o ciúme. Nesse sentido, observamos que
os/as jovens o relacionam e/ou o vivenciam, ainda que silenciosamente, como um dos
aspectos significativos presentes no processo de construção da violência (TEIXEIRA,
2009), significados como amor e zelo.
Os comportamentos ciumentos relatados por Rose (C6) demonstram a tentativa
de controle praticada pelo namorado, que se apoia ao argumento do amor para justificá-
la, como ressaltam Almeida e Lourenço (2011), o que mascara a violência e a prendem
no relacionamento, de maneira submissa, desvelando a assimetria de gênero entre esse
par. Um aspecto importante, é que Rose tem 14 anos e, esse não é seu primeiro namoro.
Ela afirma ainda que “se ele é capaz de morrer por mim, ele é o cara certo para mim”.
Cória (2007) e Herrera (2011) reforçam que por certo, o ciúme disfarçado de
amor contribui para a construção de um imaginário machista que o naturaliza, como
próprio das relações afetivo-sexuais. E, ao mesmo tempo, invisibiliza as possíveis
tensões e conflitos, intra e interpessoais, geradas em face do ideal de amor romântico,
modelo de amor propagado e (re) produzido no cotidiano de muitos casais.
Assim, de maneira implícita, o relato de Rose (C6) apresenta uma conduta
ciumenta que funciona como ferramenta de reforço da submissão de uma pessoa sobre a
outra e, conforme Bourdieu (2000), deve ser entendida a partir da lógica da assimetria
de poder e da dominação masculina hegemônica, caracterizando a (re) produção da
violência simbólica no contexto do relacionamento.
Nessa linha de pensamento, ao discorrer acerca dessa face do ciúme presente,
porém ainda mascarada nas relações, advogamos que para a construção de uma
sociedade sem violências, principalmente no âmbito das relações afetivo-sexuais entre
jovens, é necessário um processo de (re) significação do ciúme e do referencial de amor
que esses sujeitos (re) produzem. De modo que o desafio está em desmitificar o ciúme
como expressão de amor e visibilizá-lo a partir de sua possível conexão com a violência
de gênero (SILVA; MEDRADO; MELO, 2013).
Categoria 4 - Essa sua insegurança não faz bem ao meu coração: os acordos e
limites estabelecidos nas relações
A constituição desta categoria surge dos relatos que expõem a contestação do
ciúme manifesto em seus relacionamentos, uma vez que, mesmo naturalizando a
presença do ciúme na relação, esses jovens demonstram-se atentos às manifestações
desse fenômeno, dialogam acerca deles e estabelecem limites para as ações provocadas
por esse sentimento.
Sol (C5): Ah, o ciúme é diferente de cada pessoa, meu namorado de agora, o Romeu, com ele já é bem diferente, é bem mais tranquilo do
que meu último namoro. Porque também eu aprendi que a gente
precisa ter muita conversa, aí a gente botou: "ói, o que vai fazer e o que não vai fazer". (...)Temos confiança um no outro e pra isso,
sempre que alguma coisa não tiver legal vai e fala.(grifos nossos)
Frank (C9): (...) ela viu que a menina estava dando em cima de mim,
mesmo sem eu dar bola, mas ela ficou super triste, ela confia, mas
tem ciúmes em relação às outras meninas sabe? Mas aí eu converso
com ela, explico que não tem nada demais, que eu não tou dando bola pra a menina, que ela não precisa se preocupar com isso, só ela
me interessa. (grifos nossos)
Tendo por base as narrativas apresentadas, observamos que o ciúme vivenciado
é retratado como o fator que desencadeia as brigas que ocorrem nas relações desses /as
jovens. Almeida (2012) afirma que um dos motivos mais frequentes de
desentendimento entre os casais é o ciúme, em seus diversos graus e formas de
expressão.
Conforme notamos nas falas de Sol (C5) e Frank (C9), o ciúme expresso pelo/a
respectivo/a parceiro/a é ocasionado pela insegurança. Isso é traduzido nas ações que
tentam assegurar o controle da situação e garantir a durabilidade da relação, que,
aparentemente, estaria ameaçada pelos/as amigos/as do/a parceiro/a. Nessa perspectiva,
Branden (1988) caracteriza o ciúme como uma emoção experimentada por um
indivíduo que percebe que o amor, a afeição e a atenção do/a parceiro/a estão sendo
encaminhados a uma terceira parte, quando julga que estas oportunidades deveriam
estar sendo-lhes oferecidas.
É válido destacar que nem sempre o ciúme manifestado condiz a uma ameaça
real ao relacionamento. No discurso de Sol (C5), por exemplo, revela-se o fantasma da
insegurança vinculado à possível ameaça que os/as amigos/as do cotidiano
representariam. A respeito dessa situação, Baroncelli (2011) menciona que os reflexos
do ciúme tendem a polarizar a relação, de modo que, deixa de haver individualidade,
liberdade e diferença na relação, ou, pelo menos, tenta-se ignorar que haja, na medida
em que se tenta fazer de si uma sombra do outro buscando o controle de todas as
ameaças que surjam na relação.
Todavia, Almeida (2012) relata que, por vezes, o ciúme poderia servir para
fortalecer, aliado a outros fatores, a estabilidade de um relacionamento amoroso. Nesse
sentido, o caso relatado por Frank (C9) corrobora essa ideia, quando, ao surgir o ciúme,
há o estímulo do diálogo, buscando acalmar o/a parceiro/a, com declarações de
fidelidade e de elo, contribuindo para a durabilidade do relacionamento e a satisfação de
ambos.
Embora possa ser um fator contribuinte para manutenção do relacionamento, os
relatos de Sol (C5) e Frank (C9) apontam para a tentativa de controle do ciúme
manifestado na relação, visto que, buscam no diálogo maneiras de contornar as
situações vivenciadas devido a esse fenômeno. Percebemos nas falas deles/a o
reconhecimento de que há limites para o ciúme expresso nas relações afetivo-sexuais.
O reconhecimento de que há limites para as condutas motivadas pelo ciúme é
um grande passo para a desconstrução da ideia de que esse sentimento, naturalizado
como componente da relação, e, por vezes, ser representado como sinais de zelo, afeto e
durabilidade, permita o controle e o cerceamento do/a outro/a.
Categoria 5–“Mas, eu me mordo de ciúmes”: manifestações, conflitos e soluções
No que tange às múltiplas possibilidades das manifestações dos ciúmes, e, de
igual modo, as múltiplas interpretações da presença desse fenômeno no relacionamento,
os discursos dos/as jovens colaboradores/as desta pesquisa expõem as diversas reações,
por vezes, convergentes, que o ciúme exprime no cotidiano de suas relações.
Donie (C1): (...) Eles estavam se pegando lá, no maior amasso lá. Eu
vi aquilo e fiquei: nossa, cara de pau! Aí eu passei por ele, eu sou
educada, eu dei boa tarde. (...) Aí eu fui pra casa, morrendo de
ciúmes. (...) Mas eu fiquei remoendo, tenho tanta raiva daquela menina e dele também, aquele idiota. Mesmo assim, eu sinto, é, tipo,
foi estranho, porque ter visto eles dois ali, daquele jeito. Eu imaginei:
ele não é mais minha propriedade, aquela menina conseguiu tirar ele de mim. Hum, é estranho. (grifos nossos)
Rick (C4): É mais quando eu vejo ela muito animada conversando com os “amiguinhos” assim. (...) Às vezes, eles ficam também com
aqueles comportamentos assim, só pra provocar mesmo porque sabe
que eu tou perto e ela meio que não percebe. Aí, eu fecho a cara, fico
emburrado, calado, aí ela nota.E aí a gente conversa, às vezes briga,aquelas briguinhas assim, mas se entende. (grifos nossos)
Jim (C10): Eu no começo implicava mais, era mais ciumento, mas
depois a gente se entendeu através do diálogo. Era porque eu saia
muito de casa com meus amigos e ela saia muito de casa com os
amigos dela. Aí eu ficava com medo dela encontrar outro menino, começar a dialogar com ele, se interessar por ele, coisa assim.
Porque não saímos muito junto. Mas isso é coisa do passado!(grifos
nossos)
É evidente nos relatos apresentados a manifestação do ciúme diante de situações
em que algo se apresenta como uma possibilidade para romper o equilíbrio do
relacionamento existente, conforme expressam Donie (C1), Rick (C4) e Jim (C10).
Especialmente na fala de Donie (C1), percebemos a possessividade em relação
ao parceiro, que é mencionado como se fosse uma propriedade. Nesse sentido, Almeida,
Rodrigues e Silva (2008) sinalizam que o ciúme, por vezes, está relacionado à
percepção de vinculação e de pertencimento do outro que, devido à presença de um
rival (real ou imaginado), podem parecer ameaçados.
Outrossim, os discursos de Donie (C1), Rick (C4) e Jim (C10) apontam,
conforme descreve Ferreira-Santos (2003), para o fato de que o ciúme é o sentimento de
apreensão que cultivamos, relacionado à possibilidade de sermos abandonados,
rejeitados, menosprezados, ou ainda, de haver uma infidelidade em andamento.
Costa (2005) destaca que o ciúme provoca sensações de medo, ansiedade,
irritação, o que afeta diretamente o bem-estar daqueles que o vivenciam. Esse misto de
sensações motivadas pelo ciúmeé identificado nos relatos dos/as colaboradores/as ao
descreverem como reagem ao experimentar esse sentimento, e é, especialmente,
percebido e assumido na narrativa que a colaboradora Sol (C5) apresenta.
Sol (C5): No meu namoro passado teve uma vez que eu peguei ele
numa festa com uma menina. Pronto, fechei a cara, fiz barraco, a
gente brigava muito, muito mesmo. Aí foi assim que a gente foi
vivendo, um dia a gente brigava, outro dia a gente tava bem, um dia
a gente brigava, outro dia tava bem. Todo dia se matando, ai acabou dando em nada. A gente chegava até o ponto de entrar na porrada
mesmo. A gente trocava murro.(grifos nossos)
Diante dessa narrativa,são diversos os pontos que destacam as multifaces que o
ciúme pode manifestar-se. É claramente percebida quão danosa pode ser uma relação
em que há dificuldades para lidar com esse sentimento, e assim, se (re) produzem
comportamentos motivados pelo ciúme, entre outros fatores associados, como a raiva,
promovendo ações de alta gravidade, em vários aspectos.
Há uma convergência na ocorrência de todas essas ações descritas por Sol (C5)
que tendem à explicitação da presença da violência no âmbito das relações afetivo-
sexuais. Corroborando essa ideia, Centeville e Almeida (2007), relatam que as
violências física e verbal, frequentemente, estão presentes em relacionamentos
marcados pelo ciúme.
Sol (C5): Começava numa brincadeira,terminava numa briga, briga
mesmo, a gente começava a brigar, aí vinha o meu irmão e separava. Aí ele ia embora, daqui a meia hora ele voltava pra me pedir
desculpa. Era um namoro que era cão e gato se matando.Eu me
descontrolava bastante por causa dele, tinha bastante raiva. Cheguei a machucar minha mão porque como eu discutia bastante com ele, aí
ficava morrendo de raiva e fui me machucando por isso. (grifos
nossos)
Nessa perspectiva, Almeida (2007) alerta que o ciúme tem uma amplitude e uma
profundidade que assinala que algo precisa ser observado nos relacionamentos. Não
admiti-lo é perder uma grande oportunidade para a reflexão e, provavelmente, para a
possível recuperação de um relacionamento que possa estar se esgotando, por conta de
uma série de motivos e, causando sérios danos aos envolvidos.
Sol (C5): Aí eu fui pensando, pensando, pensando e chegou um dia,
entrei lá na minha casa e disse: ói, por hoje eu não quero mais,
acabou aqui. Porque daqui a um dia eu vou tá num manicômio. Ou eu
vou te matar ou eu vou ficar louca. Então acabou. Aí pronto, ele me pediu desculpa, pediu desculpas a minha mãe. (...) Foi bom, a gente
viveu momentos felizes, não só momentos ruins. Mas, não é nada legal
tá num relacionamento assim. Porque eu acho que num relacionamento a gente tem que viver em paz. (grifos nossos)
Conforme a relação avançava e os atos de violência permaneciam, tornando-se
constantes no cotidiano desse relacionamento, foi imprescindível a reflexão de Sol (C5)
para entender que algo de errado ocorria. O reconhecimento foi substancial para que ela
pudesse buscar a solução necessária para esse conflito que vivenciara, e, portanto,
compreender que um fim precisava ser dado a essa situação, para o bem estar de ambos
os envolvidos.
Algumas considerações sobre o ciúme
Ao longo do caminho, vários foram os sinais de alerta emitidos através dos
relatos das experiências vivenciadas por esses/as jovens. Há que se ressaltar a existência
de uma pluralidade de entendimentos, pelas diferentes perspectivas, no que se refere ao
ciúme, que são (re) produzidas no âmbito dos relacionamentos afetivo-sexuais, como foi
observado ao longo desse estudo.
Os relatos demonstram que as manifestações de ciúme mais intensas sinalizam
que esse elemento surge como preditor de condutas abusivas, que exprimem a violência
implícita no âmbito dessas relações. Além do mais, evidenciamos que, geralmente, tais
atos são mascarados e legitimados como sinônimo de querer bem, aos olhos dos/das
parceiros/as que vivenciam essa situação.
É importante mencionar a ampla divulgação do ciúme retratado como “tempero
do relacionamento”, por meio dos diversos artefatos culturais existentes, como as
novelas, os filmes, as revistas, entre outros, promovem intensamente essas pedagogias
culturais acerca desse sentimento e contribuem para a sua naturalização.
Como reforçam Almeida, Rodrigues e Silva (2008), é necessário identificar as
várias formas de entender o ciúme, esse fenômeno tão complexo, tão repleto de
interpretações. Para tanto, devemos seguir trabalhando rumo a desconstrução da visão
do ciúme apenas como um sentimento. O ciúme é uma construção social que abrange
vários outros sentimentos como amor, ódio, medo, raiva, orgulho, inveja e que
desencadeia reações diferentes, reais ou imaginárias, com alto grau de gravidade.
Salientamos a necessidade de estarmos atentos as manifestações do ciúme que
mascaram a ocorrência de fenômenos alarmantes no âmbito da relação, como a
violência, e, enfatizam a necessidade de trabalharmos rumo as ressignificações e
desnaturalização desse elemento nos relacionamentos contemporâneos.
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