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CIÚME, O TEMPERO DO AMOR? COMPREENDENDO AS PERCEPÇÕES DE JOVENS EM ARACAJU/SE 1 Claudiene Santos 2 Lynna Gabriella Silva Unger 3 Resumo Este estudo trata do ciúme, historicamente construído, no âmbito das relações afetivo- sexuais contemporâneas desenvolvidas por jovens estudantes em Aracaju/SE. Investigamos as percepções de 10 jovens sobre ciúme em seus relacionamentos, sob a perspectiva qualitativa fenomenológica. Ao desvelarmos suas multifaces, destacamos que o ciúme disfarçado de amor contribui para a construção de um imaginário machista que o naturaliza, como próprio das relações afetivo-sexuais. Ao mesmo tempo, invisibiliza as possíveis tensões, conflitos e situações de violência implícita nas relações intra e interpessoais. Assinalamos que para a construção de uma sociedade mais igualitária e sem violência faz-se necessário um processo de (re) significação do ciúme e do referencial de amor que esses/as sujeitos/as (re) produzem. Palavras-chave: Ciúme; Juventude; Relações de Gênero. Introdução O ciúme tem uma amplitude e uma profundidade que assinala que algo precisa ser observado nos relacionamentos. Em face deste campo, seria o ciúme, um sentimento característico de relações humanas intra e interpessoais que atravessa o tempo, as culturas e as gerações (ALMEIDA, 2007). Bringle (1991) aborda o ciúme como um complexo de emoções provocado pela percepção de uma ameaça a um relacionamento correspondido e exclusivo. Nesse panorama de possíveis ameaças, Carotenuto (2004) ressalta que no relacionamento amoroso, cada parceiro/a sente necessidade de controlar o outro e, nesse sentido, o ciúme pode funcionar como uma justificativa para exercer este controle e vigilância, quando não existem outros pretextos plausíveis. Méndez e Hernández (2001) alertam que o ciúme romântico funciona como ferramenta de reforço da submissão de uma pessoa sobre a outra. De modo que, no caso de sujeitos jovens, tendem a permear as relações de namoro e do ficar, atuando também 1 Este trabalho faz parte da pesquisa de minha monografia (UNGER, 2015) orientada pela professora Dr.ª Claudiene Santos. 2 Doutora em Psicologia pela FFCLRP/USP, docente da Universidade Federal de Sergipe, Líder do Grupo de Pesquisa Gênero, Sexualidade e Estudos Culturais/GESEC/ CNPq/UFS.Email: [email protected] 3 Mestranda em Psicologia Socialda Universidade Federal de Sergipe, membro do Grupo de Pesquisa Gênero, Sexualidade e Estudos Culturais/GESEC/ CNPq/UFS.Email: [email protected]

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CIÚME, O TEMPERO DO AMOR? COMPREENDENDO AS PERCEPÇÕES

DE JOVENS EM ARACAJU/SE1

Claudiene Santos2

Lynna Gabriella Silva Unger3

Resumo

Este estudo trata do ciúme, historicamente construído, no âmbito das relações afetivo-

sexuais contemporâneas desenvolvidas por jovens estudantes em Aracaju/SE.

Investigamos as percepções de 10 jovens sobre ciúme em seus relacionamentos, sob a

perspectiva qualitativa fenomenológica. Ao desvelarmos suas multifaces, destacamos

que o ciúme disfarçado de amor contribui para a construção de um imaginário machista

que o naturaliza, como próprio das relações afetivo-sexuais. Ao mesmo tempo,

invisibiliza as possíveis tensões, conflitos e situações de violência implícita nas relações

intra e interpessoais. Assinalamos que para a construção de uma sociedade mais

igualitária e sem violência faz-se necessário um processo de (re) significação do ciúme

e do referencial de amor que esses/as sujeitos/as (re) produzem.

Palavras-chave: Ciúme; Juventude; Relações de Gênero.

Introdução

O ciúme tem uma amplitude e uma profundidade que assinala que algo precisa

ser observado nos relacionamentos. Em face deste campo, seria o ciúme, um sentimento

característico de relações humanas intra e interpessoais que atravessa o tempo, as

culturas e as gerações (ALMEIDA, 2007). Bringle (1991) aborda o ciúme como um

complexo de emoções provocado pela percepção de uma ameaça a um relacionamento

correspondido e exclusivo.

Nesse panorama de possíveis ameaças, Carotenuto (2004) ressalta que no

relacionamento amoroso, cada parceiro/a sente necessidade de controlar o outro e, nesse

sentido, o ciúme pode funcionar como uma justificativa para exercer este controle e

vigilância, quando não existem outros pretextos plausíveis.

Méndez e Hernández (2001) alertam que o ciúme romântico funciona como

ferramenta de reforço da submissão de uma pessoa sobre a outra. De modo que, no caso

de sujeitos jovens, tendem a permear as relações de namoro e do ficar, atuando também

1 Este trabalho faz parte da pesquisa de minha monografia (UNGER, 2015) orientada pela professora Dr.ª

Claudiene Santos. 2 Doutora em Psicologia pela FFCLRP/USP, docente da Universidade Federal de Sergipe, Líder do Grupo

de Pesquisa Gênero, Sexualidade e Estudos Culturais/GESEC/ CNPq/UFS.Email:

[email protected] 3 Mestranda em Psicologia Socialda Universidade Federal de Sergipe, membro do Grupo de Pesquisa

Gênero, Sexualidade e Estudos Culturais/GESEC/ CNPq/UFS.Email: [email protected]

na forma como os/as4 jovens constroem as noções de mulheres/femininilidades e de

homens/masculinidades engendradas no âmbito de uma sociedade patriarcal,

heteronormativa, capitalista, racista e adultocêntrica.

No cenário contemporâneo os discursos parecem mostrar que os/as jovens ao

construírem sentidos sobre o ciúme, vão tecendo ideias que apontam para um contexto

atravessado pela violência silenciosa – também nomeada de violência simbólica ou

micro-machismos (KAUFMAN, 1994). De acordo com Bourdieu (2000), a violência

simbólica deve ser entendida a partir da lógica do poder e da dominação masculina, que

impõe valores, ideais e padrões patriarcais como aspectos naturais aos gêneros, que (re)

criam mecanismos que dificultam sua identificação.

Outras características associadas à dinâmica relacional, designadamente as

assimetrias de poder entre os parceiros íntimos, são igualmente reconhecidas como

fortes preditores da violência no namoro. Nas relações de namoro em que o poder e,

consequentemente, a tomada de decisão não são partilhados, os níveis de violência são

significativamente superiores (KAURA; ALLEN, 2004).

Em um estudo realizado com jovens brasileiros, observou-se que 85,3% já havia

praticado algum tipo de violência verbal contra um/a parceiro/a, caracterizados por

provocar ciúmes e raiva, depreciar, insultar, falar em tom hostil, dentre outros. Além

disso, várias manifestações de agressões verbais eram justificadas ou mesmo

consideradas aceitáveis por esses jovens (OLIVEIRA et al., 2011).

Na atualidade, é imprescindível que a violência no namoro passe a ser vista

como um processo interpessoal sério e potencialmente devastador, necessitando de

investigação e do dimensionamento do problema para o desenvolvimento de programas

de intervenção eficazes e de prevenção dirigidos a amenizar futuras ocorrências

(FLAKE, 2013).

Méndez e Hernández (2001) enfatizam a importância de seguirmos produzindo

conhecimentos acerca dos riscos e desafios que se apresentam quando, no âmbito das

relações afetivo-sexuais entre jovens, não se discute, reflete e visibiliza a presença das

conexões disfarçadas entre o mito do amor romântico, o ciúme e violência de gênero.

Os autores destacam que a crença de que o amor pode tudo, leva alguns jovens a

4 Ao longo do trabalho, adoto uma linguagem feminista de escrever, opondo-me a qualquer linguagem

sexista que tenha a forma masculina como regra geral. Explicito o masculino e o feminino, ora como

linguagem inclusiva (ex: os/as), ora quando possível utilizando termos neutros em gênero (ex: pessoa) ou

ainda, atribuindo a letra “x” no lugar do artigo marcador de gênero (ex: todxs).

considerar que os seus esforços conseguiriam aplacar qualquer inconveniente que surja

na relação.

A questão do ciúme perde-se em uma intrincada rede, derivada do desejo

humano pelo controle absoluto, pela inalterabilidade das circunstâncias e pela

inefabilidade do outro e de si mesmo (ALMEIDA, 2007). É nessa perspectiva de dar

visibilidade e produzir conhecimentos acerca desse fenômeno que, aqui, buscamos

compreender e identificar como a juventude vivencia o ciúme no cotidiano dos

relacionamentos afetivo-sexuais estabelecidos na contemporaneidade.

Trajetória fenomenológica da pesquisa

Esse estudo é oriundo de uma pesquisa de monografia, em que realizamos

entrevistas com dez jovens estudantes de Aracaju, na faixa etária entre 14 e 18 anos, que

tivessem vivenciado ao menos por uma experiência de relacionamento afetivo-sexual

com duração igual ou superior a um mês.

As entrevistas com os/as colaboradores/as foram guiadas por uma questão

norteadora: “Com base na sua experiência, conte-me sobre o (s) relacionamento (s) que

você tem/teve”. De posse das narrativas apresentadas, optamos pelo enfoque qualitativo

e pela abordagem fenomenológica para o desenvolvimento deste trabalho. A análise

fenomenológica dispõe-se a compreender o/a sujeito/a, seu objeto de estudo, em sua

complexidade (BRUNS, 2007).

Para realizar a análise fenomenológica adotamos a proposta de Giorgi (1985)

que lida com as descrições de depoimentos, relatos ou entrevistas sobre experiências

vividas em relação a um determinado fenômeno segundo quatro passos. O primeiro

passo sugerido por Giorgi (1985) é a leitura, releitura e transcrição dos relatos, o que

corresponde à leitura de toda a descrição a fim de alcançar o sentido geral do fenômeno

investigado, para em seguida, buscar os significados a ele atribuídos pelos/as

colaboradores/as.

O segundo passo é a discriminação das unidades de significado centrada no

fenômeno que é pesquisado. Para tanto, retoma-se a releitura dos relatos, após ter sido

apreendido o sentido do todo, tantas vezes quanto necessárias. Uma vez definidas as

unidades de significado, o terceiro passo é caracterizado pelo agrupamento das

vivências cotidianas do sujeito em categorias que expressam o sentido psicológico nela

contido, com ênfase no fenômeno que está sendo investigado.

Enfim, o último passo do método fenomenológico consiste na síntese das

unidades significativas buscando identificar suas convergências e divergências e sua

compreensão do fenômeno investigado em relação à experiência do sujeito elaborando

uma declaração consistente.

Perfil dos/as colaboradores/as e escolha das categorias

Dos/as dez colaboradores/as entrevistados/as, seis são do gênero masculino e

quatro do gênero feminino. Seis declararam ter uma religião, três alegaram serem ateus

e apenas um se declarou agnóstico. Quanto ao grau de escolaridade, metade dos/as

colaboradores/as cursam o ensino médio e a outra metade se encontra no ensino

fundamental. A maioria dos/as colaboradores/as moram com os/as pais e mães. Quatro

tem os pais separados, em que, todxs nessa situação relataram morar com a mãe.

Somente um mencionou que mora com a avó e a tia.

Quanto ao estado de relacionamento, seis dos/as colaboradores afirmaram estar

em uma situação de namoro e, quatro deles/as declararam-se solteiros/as. Vale ressaltar

que todxs os/as colaboradores/as deste estudo estão ou estiveram numa experiência de

relacionamento com duração mínima de um mês.

Para preservar as identidades dos/as colaboradores/as e das pessoas por eles/as

citadas no decorrer das entrevistas, asseguramos que todos os nomes citados neste

trabalho são codinomes escolhidos aleatoriamente.

Ao todo, foram construídas cinco categorias a partir dos relatos dos/as

colaboradores/as. Estas categorias abordam como os/as colaboradores/as vivenciam o

ciúme em seus relacionamentos afetivo-sexuais. Expõem como eles/as manifestam esse

sentimento e também, como eles/as enxergam o ciúme por parte dos/as parceiros/as,

suas dificuldades e conflitos.

Análise Compreensiva Fenomenológica

Categoria 1 – Ciúmes: o tempero do relacionamento?

O ciúme é reconhecido de diferentes maneiras sendo um componente recorrente

nos discursos sobre os relacionamentos humanos. Para Belo (2003) o ciúme é

considerado um fenômeno comum e atemporal presente nas relações interpessoais.

Quando ele se (re) produz no contexto dos relacionamentos amorosos é caracterizado

como ciúme romântico.

Em síntese, o ciúme pode ser entendido como um complexo de sentimentos,

pensamentos, ações, percepções e atitudes, entre outras múltiplas definições (BELO,

2003). Almeida, Rodrigues e Silva (2008) afirmam que as definições de ciúme são

muitas, mas todas têm em comumtrês elementos: (1) é uma reação frente a uma ameaça

percebida; (2) manifesta-se por existir um rival real ou imaginário; e (3) a reação visa

eliminar os riscos da perda da pessoa amada.

Nesse contexto, julgamos necessário abordar o ciúme considerando suas

multifaces presentes no âmbito relações afetivo-sexuais, uma vez que, este elemento é

considerado pelos/as colaboradores/as como inerente ao desenvolvimento dos

relacionamentos. Vemos nas narrativas abaixo:

Rick (C4): (...)eu entendo, eu sei que todo relacionamento vai ter

ciúme, briga, vai ter aquela coisinha. Mas, evito o possível, tento não

contrariar ela, aí a gente se entende.Um namoro sem ciúmes também

não leva a nada, é como todo mundo fala assim, se não tem ciúmes é

porque não liga, aí a pessoa pode chegar a um ponto que pode

trocar. (grifos nossos)

Frank (C9): (...) digo que ela pode continuar fazendo o que quiser. Tipo os meninos vão olhar se alguém estiver sentada de mau jeito.

Isso às vezes me incomoda, me dá ciúmes, quando alguém passa e faz

alguma gracinha. Sempre há ciúmes na relação sadia, namoro sem

ciúme não existe.(grifos nossos)

É evidente nos discursos desses jovens a naturalização do ciúme como elemento

indissociável à relação afetivo-sexual. De forma semelhante ao exposto nos relatos,

Ferreira-Santos (2003) propõe que o ciúme pode ser considerado como uma

manifestação normal das pessoas, umas em relação às outras, assim como é normal

sentir medo, inveja, luto, alegria, raiva e saudade, dentre outras emoções humanas.

Portanto, para ele, o ciúme poderia ser considerado um sentimento comum e

constitutivo das relações estabelecidas. Essa ideia, que naturaliza a expressão do ciúme,

é questionável, em face do caráter histórico-cultural, que o faz ter diferentes expressões

em culturas distintas.

Nossos/as colaboradores/as explicam o surgimento desse sentimento em algum

momento do relacionamento, despertado por situações exemplificadas a seguir: o ciúme

é oriundo da suposta falta de correspondência do/a parceiro/a quando este/anão

demonstra atenção. Ou ainda, quando há sinais de ameaça à manutenção do

relacionamento por meio de pessoas externas que demonstrem aparente interesse pelo/a

companheiro/a. Corroborando essa ideia, Rosset (2004) assinala que o ciúme é um

conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de ameaça à estabilidade ou

qualidade de um relacionamento íntimo valorizado.

Além da naturalização do ciúme nos relacionamentos, encontramos nos

discursos dos/as colaboradores/as a associação desse fenômeno como indicador do grau

de interesseda outra pessoa vinculada à relação, isto é, como prova de amor. Isso pode

ser visto nos trechos destacados nas falas de Rick (C4), Frank (C9) e Donie (C1) e,

exemplificada:

Donie (C1): Ah, sempre tem umas implicâncias assim, se não

responde a mensagem ou se fica conversando mais com os amigos do que com você, aí tenho ciúme, não tem como não ter. O ciúme tem em

todo namoro por parte de todo mundo, porque assim, quando um

namorado tinha ciúme de mim, eu pensava, nossa, ele tá atento,

quer ficar comigo, é tipo, aquela sensação de que a pessoa se

importa com você e você com ele.(grifos nossos)

Na fala de Donie (C1), percebemos que por vezes o ciúme é considerado

positivo, citado como promovedor de benefícios numa relação, pois indica o amor

pelo/a parceiro/a, torna o relacionamento mais excitante, possibilita a avaliação do

próprio relacionamento, faz o parceiro sentir-se mais desejável. Tais aspectos fazem da

presença do ciúme ser percebida como algo útil para eliminar a ameaça de perda

(BUSS, 2000).

Em vista dos relatos apresentados, é evidente a compreensão da manifestação do

ciúme não só como elemento corriqueiro na relação, mas também, como forma de

representação da reciprocidade, bem como, de sentimento que exprime o cuidado e o

desejo em preservar o relacionamento afetivo-sexual.

Categoria 2 - Isso é o que o amor faz: o ciúme legitimado como bem querer

Uma relação saudável seria aquela em que cada indivíduo tem a sua própria

identidade e deseja fazer o bem à pessoa amada, sem esperar recompensa, destaca

Rosset (2004). No entanto, ao passo que caminhamos para compreensão das vivências

dos jovens nas relações atuais, notamos um sinal amarelo emitindo alerta. Nos

deparamos com a falsa associação de estar bem em relação à pessoa amada, diante de

situações em que o ciúme é interpretado como querer bem.

Emerge nos discursos dos/as jovens a aceitação da conduta ciumenta como algo

compreensível e representativo do sentimento bom que o/a parceiro possui.

Donie (C1): Bom, tive um namorado que eu me sentia importante, eu

achava engraçado aquilo porque era muito ciúme. Chegavam os

meninos pra falar e ele expulsava os meninos praticamente, não deixava nenhuma brecha para eles esticar a conversa. Então eu me

achava importante, eu: Nossa, ele gosta de mim! Me achava a última

coca-cola do deserto.(grifos nossos)

Linda (C3): É bonitinho quando ele vem reclamar dos meninos que

ficam falando comigo (risos). Aí às vezes ele fica com raiva porque eu

tou no meio deles ou de brincadeira, essas coisas. Só por isso ele sente ciúme, mas é fofo.(grifos nossos)

Rose (C6): Se eu falar com um amigo, porque ele tem a senha do meu

facebook e vê minhas mensagens. Se eu mandar um coraçãozinho pra algum amigo, ele já fica morrendo de ciúmes. Já briga comigo, já

acha que é o fim do mundo e que eu tou de papo com outro menino,

essas coisas. Essas coisas que todo namorado fala. Aí depois ele pede desculpa e a gente fica bem, porque ele me ama muito.(grifos

nossos)

Fica claronos relatos de Donie (C1), Linda (C3) e Rose (C6) a interpretação

atribuída a tal fenômeno como garantia do sentimento de zelo e amor que os parceiros

demonstram através do ciúme manifestado. Almeida (2007) sinaliza que para muitos, o

ciúme representa uma manifestação de amor. Algumas pessoas se sentem lisonjeadas

com as manifestações mais efusivas de ciúme. Entretanto, é preciso estar atento ao

modo distorcido de vivenciar o amor, pois, geralmente para essas pessoas o ciúme

manifestado é uma contingência obrigatória do sentimento amoroso e, portanto, não

passível de crítica.

Almeida, Rodrigues e Silva (2008) descrevem que numa relação afetada pelo

ciúme, as pessoas, geralmente, são reificadas, ou seja, tratadas como objetos pelos

próprios parceiros. Muitas se anulam, e assim, perdem grande parte de sua identidade

para serem o que o/a ciumento/a quer que sejam, tentando corresponder a todas as suas

expectativas. Em tais casos, podemos dizer que não há uma aceitação mútua. O que

mascara esta constatação é a percepção distorcida de que isso é feito “altruisticamente”

pela pessoa ciumenta, pelo bem do outro, como observamos nas falas de Donie (C1),

Linda (C3) e Rose (C6).

Nesse sentido, é importante estarmos atentos a essas situações em que o ciúme é

mascarado como forma de bem querer e, desta maneira, mantém invisível situações

alarmantes que acontecem no cotidiano dessas relações.

Categoria 3 -Quem ama, pode dar a vida por mim!

A aceitação da conduta ciumenta como sinal de amor invisibiliza o

reconhecimento da gravidade que tal situação possui. Por vezes, observamos,

principalmente na narrativa de Rose (C6), o ciúme sendo justificado,de tal forma, sendo

mascarado pela ilusão do sentimento que este representaria.

Rose (C6): (...) Uma vez ele ameaçou se matar. É, porque eu tava brigando com ele, porque defendi um amigo meu que tava falando

muita coisa sobre ele e não defendi ele. Daí ele ficou ameaçando se

jogar da janela do meu prédio. Aí graças a Deus ele não se matou.

(...)E agora tá tudo bem, a gente tá bem e tou feliz com ele. (...) Porque eu amo ele demais. Ele é o melhor amigo pra mim, eu não

quero estragar isso tudo. Eu acho que ele é a pessoa certa pra

mim.(grifos nossos)

Por esta perspectiva, o ciúme pode ser considerado fundamentalmente egoísta à

medida que leva o seu possuidor a agir visando com isso inibir os direitos da pessoa a

ela vinculada. Isto é, quando o ciúme se manifesta, não visa proteger o outro, como

erroneamente costuma se pensar, e sim preservar a si mesmo de futuras preocupações

que lhe sejam custosas em relação ao investimento amoroso realizado (ALMEIDA,

2007).

A fala de Rose (C6) evidencia o alto grau de gravidade de atos motivados pelo

ciúme. Segundo Ferreira-Santos (2003) uma relação como esta pode ser caracterizada

como doentia e destrutiva, na qual as pessoas se beneficiam umas das outras, ou ainda,

servem-se do outro como uma forma de obter garantia de que não serão abandonadas,

de que não serão desrespeitadas e menosprezadas.

Não obstante, os jogos discursivos presentes na relação vivenciada por Rose

(C6) também revelam outros significados para o ciúme. Nesse sentido, observamos que

os/as jovens o relacionam e/ou o vivenciam, ainda que silenciosamente, como um dos

aspectos significativos presentes no processo de construção da violência (TEIXEIRA,

2009), significados como amor e zelo.

Os comportamentos ciumentos relatados por Rose (C6) demonstram a tentativa

de controle praticada pelo namorado, que se apoia ao argumento do amor para justificá-

la, como ressaltam Almeida e Lourenço (2011), o que mascara a violência e a prendem

no relacionamento, de maneira submissa, desvelando a assimetria de gênero entre esse

par. Um aspecto importante, é que Rose tem 14 anos e, esse não é seu primeiro namoro.

Ela afirma ainda que “se ele é capaz de morrer por mim, ele é o cara certo para mim”.

Cória (2007) e Herrera (2011) reforçam que por certo, o ciúme disfarçado de

amor contribui para a construção de um imaginário machista que o naturaliza, como

próprio das relações afetivo-sexuais. E, ao mesmo tempo, invisibiliza as possíveis

tensões e conflitos, intra e interpessoais, geradas em face do ideal de amor romântico,

modelo de amor propagado e (re) produzido no cotidiano de muitos casais.

Assim, de maneira implícita, o relato de Rose (C6) apresenta uma conduta

ciumenta que funciona como ferramenta de reforço da submissão de uma pessoa sobre a

outra e, conforme Bourdieu (2000), deve ser entendida a partir da lógica da assimetria

de poder e da dominação masculina hegemônica, caracterizando a (re) produção da

violência simbólica no contexto do relacionamento.

Nessa linha de pensamento, ao discorrer acerca dessa face do ciúme presente,

porém ainda mascarada nas relações, advogamos que para a construção de uma

sociedade sem violências, principalmente no âmbito das relações afetivo-sexuais entre

jovens, é necessário um processo de (re) significação do ciúme e do referencial de amor

que esses sujeitos (re) produzem. De modo que o desafio está em desmitificar o ciúme

como expressão de amor e visibilizá-lo a partir de sua possível conexão com a violência

de gênero (SILVA; MEDRADO; MELO, 2013).

Categoria 4 - Essa sua insegurança não faz bem ao meu coração: os acordos e

limites estabelecidos nas relações

A constituição desta categoria surge dos relatos que expõem a contestação do

ciúme manifesto em seus relacionamentos, uma vez que, mesmo naturalizando a

presença do ciúme na relação, esses jovens demonstram-se atentos às manifestações

desse fenômeno, dialogam acerca deles e estabelecem limites para as ações provocadas

por esse sentimento.

Sol (C5): Ah, o ciúme é diferente de cada pessoa, meu namorado de agora, o Romeu, com ele já é bem diferente, é bem mais tranquilo do

que meu último namoro. Porque também eu aprendi que a gente

precisa ter muita conversa, aí a gente botou: "ói, o que vai fazer e o que não vai fazer". (...)Temos confiança um no outro e pra isso,

sempre que alguma coisa não tiver legal vai e fala.(grifos nossos)

Frank (C9): (...) ela viu que a menina estava dando em cima de mim,

mesmo sem eu dar bola, mas ela ficou super triste, ela confia, mas

tem ciúmes em relação às outras meninas sabe? Mas aí eu converso

com ela, explico que não tem nada demais, que eu não tou dando bola pra a menina, que ela não precisa se preocupar com isso, só ela

me interessa. (grifos nossos)

Tendo por base as narrativas apresentadas, observamos que o ciúme vivenciado

é retratado como o fator que desencadeia as brigas que ocorrem nas relações desses /as

jovens. Almeida (2012) afirma que um dos motivos mais frequentes de

desentendimento entre os casais é o ciúme, em seus diversos graus e formas de

expressão.

Conforme notamos nas falas de Sol (C5) e Frank (C9), o ciúme expresso pelo/a

respectivo/a parceiro/a é ocasionado pela insegurança. Isso é traduzido nas ações que

tentam assegurar o controle da situação e garantir a durabilidade da relação, que,

aparentemente, estaria ameaçada pelos/as amigos/as do/a parceiro/a. Nessa perspectiva,

Branden (1988) caracteriza o ciúme como uma emoção experimentada por um

indivíduo que percebe que o amor, a afeição e a atenção do/a parceiro/a estão sendo

encaminhados a uma terceira parte, quando julga que estas oportunidades deveriam

estar sendo-lhes oferecidas.

É válido destacar que nem sempre o ciúme manifestado condiz a uma ameaça

real ao relacionamento. No discurso de Sol (C5), por exemplo, revela-se o fantasma da

insegurança vinculado à possível ameaça que os/as amigos/as do cotidiano

representariam. A respeito dessa situação, Baroncelli (2011) menciona que os reflexos

do ciúme tendem a polarizar a relação, de modo que, deixa de haver individualidade,

liberdade e diferença na relação, ou, pelo menos, tenta-se ignorar que haja, na medida

em que se tenta fazer de si uma sombra do outro buscando o controle de todas as

ameaças que surjam na relação.

Todavia, Almeida (2012) relata que, por vezes, o ciúme poderia servir para

fortalecer, aliado a outros fatores, a estabilidade de um relacionamento amoroso. Nesse

sentido, o caso relatado por Frank (C9) corrobora essa ideia, quando, ao surgir o ciúme,

há o estímulo do diálogo, buscando acalmar o/a parceiro/a, com declarações de

fidelidade e de elo, contribuindo para a durabilidade do relacionamento e a satisfação de

ambos.

Embora possa ser um fator contribuinte para manutenção do relacionamento, os

relatos de Sol (C5) e Frank (C9) apontam para a tentativa de controle do ciúme

manifestado na relação, visto que, buscam no diálogo maneiras de contornar as

situações vivenciadas devido a esse fenômeno. Percebemos nas falas deles/a o

reconhecimento de que há limites para o ciúme expresso nas relações afetivo-sexuais.

O reconhecimento de que há limites para as condutas motivadas pelo ciúme é

um grande passo para a desconstrução da ideia de que esse sentimento, naturalizado

como componente da relação, e, por vezes, ser representado como sinais de zelo, afeto e

durabilidade, permita o controle e o cerceamento do/a outro/a.

Categoria 5–“Mas, eu me mordo de ciúmes”: manifestações, conflitos e soluções

No que tange às múltiplas possibilidades das manifestações dos ciúmes, e, de

igual modo, as múltiplas interpretações da presença desse fenômeno no relacionamento,

os discursos dos/as jovens colaboradores/as desta pesquisa expõem as diversas reações,

por vezes, convergentes, que o ciúme exprime no cotidiano de suas relações.

Donie (C1): (...) Eles estavam se pegando lá, no maior amasso lá. Eu

vi aquilo e fiquei: nossa, cara de pau! Aí eu passei por ele, eu sou

educada, eu dei boa tarde. (...) Aí eu fui pra casa, morrendo de

ciúmes. (...) Mas eu fiquei remoendo, tenho tanta raiva daquela menina e dele também, aquele idiota. Mesmo assim, eu sinto, é, tipo,

foi estranho, porque ter visto eles dois ali, daquele jeito. Eu imaginei:

ele não é mais minha propriedade, aquela menina conseguiu tirar ele de mim. Hum, é estranho. (grifos nossos)

Rick (C4): É mais quando eu vejo ela muito animada conversando com os “amiguinhos” assim. (...) Às vezes, eles ficam também com

aqueles comportamentos assim, só pra provocar mesmo porque sabe

que eu tou perto e ela meio que não percebe. Aí, eu fecho a cara, fico

emburrado, calado, aí ela nota.E aí a gente conversa, às vezes briga,aquelas briguinhas assim, mas se entende. (grifos nossos)

Jim (C10): Eu no começo implicava mais, era mais ciumento, mas

depois a gente se entendeu através do diálogo. Era porque eu saia

muito de casa com meus amigos e ela saia muito de casa com os

amigos dela. Aí eu ficava com medo dela encontrar outro menino, começar a dialogar com ele, se interessar por ele, coisa assim.

Porque não saímos muito junto. Mas isso é coisa do passado!(grifos

nossos)

É evidente nos relatos apresentados a manifestação do ciúme diante de situações

em que algo se apresenta como uma possibilidade para romper o equilíbrio do

relacionamento existente, conforme expressam Donie (C1), Rick (C4) e Jim (C10).

Especialmente na fala de Donie (C1), percebemos a possessividade em relação

ao parceiro, que é mencionado como se fosse uma propriedade. Nesse sentido, Almeida,

Rodrigues e Silva (2008) sinalizam que o ciúme, por vezes, está relacionado à

percepção de vinculação e de pertencimento do outro que, devido à presença de um

rival (real ou imaginado), podem parecer ameaçados.

Outrossim, os discursos de Donie (C1), Rick (C4) e Jim (C10) apontam,

conforme descreve Ferreira-Santos (2003), para o fato de que o ciúme é o sentimento de

apreensão que cultivamos, relacionado à possibilidade de sermos abandonados,

rejeitados, menosprezados, ou ainda, de haver uma infidelidade em andamento.

Costa (2005) destaca que o ciúme provoca sensações de medo, ansiedade,

irritação, o que afeta diretamente o bem-estar daqueles que o vivenciam. Esse misto de

sensações motivadas pelo ciúmeé identificado nos relatos dos/as colaboradores/as ao

descreverem como reagem ao experimentar esse sentimento, e é, especialmente,

percebido e assumido na narrativa que a colaboradora Sol (C5) apresenta.

Sol (C5): No meu namoro passado teve uma vez que eu peguei ele

numa festa com uma menina. Pronto, fechei a cara, fiz barraco, a

gente brigava muito, muito mesmo. Aí foi assim que a gente foi

vivendo, um dia a gente brigava, outro dia a gente tava bem, um dia

a gente brigava, outro dia tava bem. Todo dia se matando, ai acabou dando em nada. A gente chegava até o ponto de entrar na porrada

mesmo. A gente trocava murro.(grifos nossos)

Diante dessa narrativa,são diversos os pontos que destacam as multifaces que o

ciúme pode manifestar-se. É claramente percebida quão danosa pode ser uma relação

em que há dificuldades para lidar com esse sentimento, e assim, se (re) produzem

comportamentos motivados pelo ciúme, entre outros fatores associados, como a raiva,

promovendo ações de alta gravidade, em vários aspectos.

Há uma convergência na ocorrência de todas essas ações descritas por Sol (C5)

que tendem à explicitação da presença da violência no âmbito das relações afetivo-

sexuais. Corroborando essa ideia, Centeville e Almeida (2007), relatam que as

violências física e verbal, frequentemente, estão presentes em relacionamentos

marcados pelo ciúme.

Sol (C5): Começava numa brincadeira,terminava numa briga, briga

mesmo, a gente começava a brigar, aí vinha o meu irmão e separava. Aí ele ia embora, daqui a meia hora ele voltava pra me pedir

desculpa. Era um namoro que era cão e gato se matando.Eu me

descontrolava bastante por causa dele, tinha bastante raiva. Cheguei a machucar minha mão porque como eu discutia bastante com ele, aí

ficava morrendo de raiva e fui me machucando por isso. (grifos

nossos)

Nessa perspectiva, Almeida (2007) alerta que o ciúme tem uma amplitude e uma

profundidade que assinala que algo precisa ser observado nos relacionamentos. Não

admiti-lo é perder uma grande oportunidade para a reflexão e, provavelmente, para a

possível recuperação de um relacionamento que possa estar se esgotando, por conta de

uma série de motivos e, causando sérios danos aos envolvidos.

Sol (C5): Aí eu fui pensando, pensando, pensando e chegou um dia,

entrei lá na minha casa e disse: ói, por hoje eu não quero mais,

acabou aqui. Porque daqui a um dia eu vou tá num manicômio. Ou eu

vou te matar ou eu vou ficar louca. Então acabou. Aí pronto, ele me pediu desculpa, pediu desculpas a minha mãe. (...) Foi bom, a gente

viveu momentos felizes, não só momentos ruins. Mas, não é nada legal

tá num relacionamento assim. Porque eu acho que num relacionamento a gente tem que viver em paz. (grifos nossos)

Conforme a relação avançava e os atos de violência permaneciam, tornando-se

constantes no cotidiano desse relacionamento, foi imprescindível a reflexão de Sol (C5)

para entender que algo de errado ocorria. O reconhecimento foi substancial para que ela

pudesse buscar a solução necessária para esse conflito que vivenciara, e, portanto,

compreender que um fim precisava ser dado a essa situação, para o bem estar de ambos

os envolvidos.

Algumas considerações sobre o ciúme

Ao longo do caminho, vários foram os sinais de alerta emitidos através dos

relatos das experiências vivenciadas por esses/as jovens. Há que se ressaltar a existência

de uma pluralidade de entendimentos, pelas diferentes perspectivas, no que se refere ao

ciúme, que são (re) produzidas no âmbito dos relacionamentos afetivo-sexuais, como foi

observado ao longo desse estudo.

Os relatos demonstram que as manifestações de ciúme mais intensas sinalizam

que esse elemento surge como preditor de condutas abusivas, que exprimem a violência

implícita no âmbito dessas relações. Além do mais, evidenciamos que, geralmente, tais

atos são mascarados e legitimados como sinônimo de querer bem, aos olhos dos/das

parceiros/as que vivenciam essa situação.

É importante mencionar a ampla divulgação do ciúme retratado como “tempero

do relacionamento”, por meio dos diversos artefatos culturais existentes, como as

novelas, os filmes, as revistas, entre outros, promovem intensamente essas pedagogias

culturais acerca desse sentimento e contribuem para a sua naturalização.

Como reforçam Almeida, Rodrigues e Silva (2008), é necessário identificar as

várias formas de entender o ciúme, esse fenômeno tão complexo, tão repleto de

interpretações. Para tanto, devemos seguir trabalhando rumo a desconstrução da visão

do ciúme apenas como um sentimento. O ciúme é uma construção social que abrange

vários outros sentimentos como amor, ódio, medo, raiva, orgulho, inveja e que

desencadeia reações diferentes, reais ou imaginárias, com alto grau de gravidade.

Salientamos a necessidade de estarmos atentos as manifestações do ciúme que

mascaram a ocorrência de fenômenos alarmantes no âmbito da relação, como a

violência, e, enfatizam a necessidade de trabalharmos rumo as ressignificações e

desnaturalização desse elemento nos relacionamentos contemporâneos.

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