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ECOLOGIA INDUSTRIAL

CONCEITOS:FINAL-DE-TUBO (End of Pipe)PREVENÇÃO A POLUIÇÃO (P2)

Não há preocupação quanto:eficiência na produçãouso de produtosorigem das matérias primasexistência de substâncias tóxicasdisposição dos resíduos e consequências.

1. entende a geração de resíduos como inevitável e inerente ao processo produtivo e ao consumo

2. procura remediar tais problemas através de ações e tecnologias de controle da poluição

(Fim de Tubo/End of Pipe).

O tratamento dos resíduos absorve novos recursos e energia, gerando novos

resíduos (novo tratamento). FALHAS: Contaminação crônica ou aguda, resultando em desastres ambientais.

Aumento do consumo = aumento de resíduo, pressionando as tecnologias Fim-de-Tubo aos

seus limites de operação.

FINAL DE TUBO = TRATAMENTO DE RESÍDUOS E EFLUENTES

As tecnologias fim-de-tubo se caracterizam pelo baixo valor dos seus subprodutos, pelo alto custo da sua

implementação e pelo fato de não eliminar os poluentes, mas apenas transferi-los de um meio receptor para

outro.

Como você interpretaria a prioridade dada nos dias de hoje às medidas “fim-de-tubo”?

Historicamente, a regulamentação ambiental tem ocorrido em função da ocorrência de grandes acidentes, por exemplo:

o A crise do smog londrino de 1952 provocou o Ato do Ar Limpo (Clean Air Act) de 1956, no Reino Unido.

o O acidente de Seveso, na Itália, desencadeou a publicação de uma diretriz sobre Riscos de Acidentes Industriais, por parte da Comunidade Européia.

NO BRASIL NÃO É DIFERENTE!

Acidente com Contaminação por rejeitosindustriais no Rio Murucupi em Barcarena, Pará(27/4/2009).

Transbordamento da bacia de rejeitos oriundo dobeneficiamento da bauxita, da empresa ALUNORTE.• Para a realização desse processo é utilizada, principalmente,

soda cáustica. Essa substância é altamente alcalina e faz comque o resíduo (lama) seja corrosivo e tóxico.

Ao que tudo indica, a forte chuva que caiu na região no dia anterior teria sobrecarregado uma das bacias de rejeitos, fazendo com que ela transbordasse para a floresta ao seu redor e, consequentemente, para as nascentes da região.

Fonte: IBAMA, Relatório de Acidentes Ambientais, 2009.

Todo efluente oriundo das bacias de rejeitos deveria, obrigatoriamente, passar pela estação

de tratamento antes de ser lançado ao meio ambiente.

O tratamento dos efluentes não estava acontecendo devido às fortes chuvas que

ocorreram no dia anterior, fazendo com que esses fossem despejados sem tratamento no

rio Pará.

Vista superior da bacia de rejeitos.

Constatação do impacto ao meio ambiente

Local onde houve a tentativa de contençãodo transbordo da bacia de rejeito. Foramcolocados sacos de areia recoberto commanta.

CONSEQUÊNCIAS...

→ A empresa foi autuada com enquadramento no inciso V, art. 62 do Decreto Federal nº 6.514/2008, que é o de lançar líquidos em desacordo com as exigências estabelecidas na legislação ambiental.→ Multa de cinco mil reais a cinquenta milhões de reais.

→ Tendo em vista que o dano causado persistia, foi aplicada multa diária até que a empresa cessasse o lançamento indevido de efluentes oriundos da bacia de rejeitos.

→ As medidas adotadas foram emergenciais e não resultaram na solução das causas do acidente – deve ser exigido da empresa um projeto para correção definitiva do problema e a assinatura de um termo de compromisso de execução do mesmo.

Acidentes em indústrias representam 12% do total (60 acidentes).

As medidas de controle ambiental têm se fundamentado naaplicação de padrões de lançamento de emissões(concentração máxima que o corpo receptor pode suportar)• expressas na forma de concentrações de poluentes ou de cargas,

e/ou na fixação de concentrações máximas admitidas nos corpos receptores.

O princípio "poluidor-pagador" é uma norma de direitoambiental que consiste em obrigar o poluidor a arcar comos custos da reparação do dano por ele causado ao meioambiente, pessoas e propriedades.

A ótica que prevaleceu nos anos 70 (somente ???) foi aaceitação do inevitável lançamento de poluentes no meioambiente, estabelecendo-se medidas para seu controle.

• Transferência dos custos ambientais para os produtores, de forma que estes assumissem as medidas cabíveis para minimizar seu impacto.

A expansão da produção industrial e dos seus impactosobrigou o aprimoramento da compreensão da relaçãoprodução–meio ambiente.

O meio ambiente passou a ser visto não apenas comoum grande corpo receptor e a preservação da naturezatornou-se valorosa.

Além disso, novas funções são reconhecidas:

— a natureza como fornecedora de recursos, renováveis ou não, cuja preservação se constitui em pré-requisito para a continuidade da atividade produtiva;

— a natureza como fornecedora de informações fundamentais para o desenvolvimento tecnológico.

A sociedade, em geral, e os órgãos ambientais, em particular, passaram a

exigir da indústria a adoção das “melhores técnicas” para os tratamentos

fim-de-tubo, não bastando atender a determinados padrões ambientais, exigindo do setor produtivo a utilização das melhores

opções tecnológicas existentes.

Os fiscais passaram de meros controladores dedescargas para avaliadores das tecnologias utilizadaspara tratar as emissões.

Mesmo que inicialmente utilizada para exigir melhores tratamentos fim-de-tubo, o uso desta exigência começou a transferir a discussão ambiental para o interior das fábricas (Baas, 1996).

Dentre os instrumentos de gestão ambiental, os programas de Prevenção da Poluição (PP ou P2) e Produção Limpa são baseados no

princípio de “antecipar e prevenir” possíveis fontes geradoras de problemas ambientais.

Apresentam resultados muito interessantes para as empresas com benefícios tecnológicos,

financeiros, ambientais, entre outros como a melhoria da imagem, contribuindo para o aumento de competitividade destas no

mercado globalizado.

A prevenção da poluição representa um novoparadigma para equacionar o problema dapoluição, pois transfere o eixo da discussão doslimites da fábrica para o interior do processoprodutivo.• Torna-se necessário identificar as causas da geração

de resíduos, que estão normalmente associadas àsfalhas no processo produtivo.

Gerar resíduos implica custos adicionais com perdas de matéria-prima, custos para

tratamento e disposição final.

PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO (EUA)

Quaisquer práticas, uso de materiais, processos queeliminam ou reduzam a quantidade e/ou toxicidade depoluentes, substâncias perigosas ou contaminantes emsua fonte de geração prioritariamente à reciclagem,tratamento ou disposição final.

Dentre as principais atividades relacionadas:— melhorias de desempenho por modificações no processo— substituição de materiais— melhorias na manutenção preventiva— melhorias na limpeza e conservação— melhorias nas rotinas e procedimentos— melhoria no treinamento do pessoal

PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO (ISO 14001)

Uso de processos, práticas, materiais ou produtos queevitem, reduzam ou controlem a poluição, os quaispodem incluir reciclagem, tratamento, mudanças noprocesso, mecanismos de controle, uso eficiente derecursos e substituição de materiais.

A definição dada pela ISO 14001 é bastante similar àdada para a prevenção da poluição da legislaçãoamericana. No entanto, não deixa clara a prioridadedada à redução na fonte, aceitando tambémtecnologias de fim-de-tubo como prevenção dapoluição.

A Prevenção da Poluição tem como principal foco a não geração de poluentes, e está

relacionada com o uso de matérias-primas, insumos e resíduos nos processos produtivos.

Este conceito está ligado ao de produção limpa, que considera o uso de técnicas que

possibilitam o menor consumo de recursos naturais (água e energia) e a minimização dos resíduos, dos riscos e dos impactos ambientais

negativos em geral.

MOTIVAÇÃO: DAS PRÁTICAS DE FIM-DE-TUBO PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO

O ritmo de expansão do processo de degradaçãoambiental cresce dia a dia. Por outro lado, cresce aconsciência ambiental da população e das corporações.

• Atualmente, existe uma quase unanimidade em torno da causa ambiental, seja por razões mercadológicas, ou de efetivo compromisso social - ou ambas.• Cada vez mais, pessoas e empresas adotam atitudes

ambientalistas. Convém, no entanto, analisar se os resultadosque estão sendo atingidos efetivamente apontam para umareversão do processo de degradação ambiental, ou sequer parauma redução da velocidade com que esse se dá.

A NECESSIDADE DE MUDAR DE PARADIGMA: DO FIM-DE-TUBO PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO

Para atingir esse objetivo:melhorias tecnológicas e modos de consumo.

forma como consumimos e a tecnologiapoderiam suprir os avanços necessáriospara estancar o processo de degradaçãoambiental provocado pelo crescimentoeconômico.

Que tipo de tecnologia ou evolução tecnológica seria capaz de tanto?

A nossa velha tecnologia fim-de-tubo?

→Mais e mais eficientes estações de tratamentode efluentes?

→Mais e mais eficientes filtros para retenção demateriais particulados das nossas chaminés?

→Maiores aterros sanitários e industriais?→Mais incineradores?

Para ilustrar o caminho que estaríamos trilhandose seguíssemos esta linha de raciocínio,imaginemos um nordestino retirante que seguerigorosamente toda a legislação ambiental e desegurança do trabalho a partir do uso detecnologia fim-de-tubo...

Como ele conseguiria fazer isto?

Ao tentar representar graficamente nossoherói...

Uma empresa “engessada” por inúmeras exigências pontuaisde controle de emissões dificilmente teria como operarsatisfatoriamente.

Mais ainda, imaginemos o esforço que o jegue do nossonordestino teria que fazer apenas para deslocar osequipamentos de segurança e proteção ambiental.

De forma similar, uma indústria que persistisse ou fosseobrigada a agir desta forma teria sérios encargos e custosadicionais.

Por outro lado, nada estaria sendo feito para reduzir aextração de recursos naturais. Pelo contrário, mais matériaprima e energia seriam demandadas para mover toda aparafernália de controle de poluição.

Se quisermos, de fato, dar uma opção mais segura para onosso nordestino retirante, teremos que pensar em uma outrarota para ele percorrer, que implique menos riscos e,consequentemente, menos equipamentos de proteção, sem queisto represente, é claro, menor proteção efetiva.

Para termos sucesso na busca da rota mais segura épreciso rever conceitos...• O que são resíduos, senão matéria-prima mal aproveitada?• O que são esgotos, senão um líquido composto de 99,95% de

água (mal utilizada) e 0,05% de material sólido arrastado poresta?

• Pelo menos 50% das nossas emissões decorrentes de queimade combustível são provenientes de perdas energéticas edesperdícios provocados pelas tecnologias utilizadas ouinadequação de práticas operacionais.

POLUIÇÃO = produto de uma baixa eficiência no aproveitamento dos recursos naturais

Enfrentar o desafio de reduzir o impactoambiental do processo produtivo, apenascorrendo atrás de corrigir os problemas que nóspróprios criamos, não parece ser muito racional.• Claro que temos que corrigir todos os problemas que

criamos e para tanto deveremos também usartecnologias de fim-de-tubo. Mas esta não é a soluçãoque estamos buscando.

Precisamos nos conscientizar que o desafioagora não é criar problemas ambientais paradepois resolvê-los.

O desafio é não gerar poluição! Não gerar resíduos!

RELEMBRANDO… ações que resultam naPrevenção da Poluição (P2):

• Repensar as matérias primas;• Rever os processos de fabricação, discutindo

por que estes geram perdas de material eenergia;

• Considerar as perdas como insumos paraoutros processos;

• Estudar o transporte de insumos e produtos, asembalagens e a vida útil de produtos e odestino desses pós-consumo.

Definição de Tecnologia de Baixo ou Nenhum Resíduo(LNWT – Low or No Waste Technology), proposta pelaComissão Econômica das Nações Unidas para a Europaem 1984 (Baas, 1996):

“(...) um método de manufatura (processo, planta industrial,complexo industrial) onde a totalidade de matérias-primase energia é utilizada da forma mais racional e integrada nociclo produtivo: matérias-primas-produção-consumo-recursosmateriais secundários, de forma a prevenir qualquer impactonegativo no ambiente que possa afetar seu funcionamentonormal. Num sentido mais amplo, a tecnologia de baixapoluição e sem resíduos se preocupa não apenas comprocessos produtivos, mas também com o destino dosprodutos num tempo de vida mais longo, seu fácil consertoe o seu reciclo e transformação após uso, de forma aprevenir danos ecológicos. O objetivo é atingir um ciclotecnológico completo para o uso dos recursos naturais,compatível ou similar aos ecossistemas naturais.”

Tendo a discussão das medidas de controleambiental atingido o interior das fábricas,trazendo, inclusive, critérios econômicos para adecisão das técnicas a serem adotadas, nãotardaria para o conceito de prevenção vir a serconsiderado.

– Princípio da Precaução: considerar apossibilidade de um impacto ser causado pordeterminados processos ou produtos comoum fato, mesmo não existindo informaçõessuficientes que o comprovem.

As idéias mais recentes de Prevenção da Poluição (P2) ampliam as opções a

serem consideradas para o equacionamento da relação produção e

meio ambiente.

Segundo Joseph Ling, ex-vice-presidente daempresa 3M, em 1975 esta empresa lançou seuprograma P3, Prevenção da Poluição se Paga(Shen, 1995).• sustentava que a redução ou eliminação da poluição na

fonte permitiria eliminar ou reduzir os custos de tratamentoe limpeza e, ao mesmo tempo, a conservação de matériasprimas, tornando o processo produtivo mais eficiente emenos custoso.

• A Comissão Econômica das Nações Unidas para aEuropa convidou a empresa a apresentar esta propostaem Paris, no ano de 1976, no seminário Princípios eCriação de Tecnologia sem Resíduos, propondo suadivulgação.

• Apesar de a Agência de Proteção Ambiental Americana(EPA) promover no fim da década de 70 discussõessobre prevenção da poluição, o Congresso Americanosó deu o devido valor ao enfoque preventivo quando oassunto dos resíduos perigosos tornou-se público.

• Em 1989 a EPA montou seu Escritório de Prevençãoda Poluição, e um ano depois o Congresso do EstadosUnidos aprovou o Ato de Prevenção da Poluição (Ling,em Shen, 1995).

Em 1990 o parlamento Britânico aprovou o Ato deProteção Ambiental (EPA, 1990), estabelecendo a políticado Controle da Poluição Integrado (IPC).

Este documento aponta para dois instrumentos, quedevem ser utilizados pelas empresas potencialmentepoluidoras:

1. a melhor tecnologia disponível que não implique custos excessivos, BATNEEC (Best Available Technique Not Entailing Excessive Cost)

2. a melhor opção ambiental praticável, BPEO (Best Practicable Environmental Option), (DOE, HMIP, 1991).

O documento define BATNEEC (melhor tecnologiadisponível que não implique custos excessivos)como técnicas que permitem prevenir a emissão desubstâncias .

Exige que, caso a prevenção não seja possível, asemissões devem ser minimizadas e tornadasinofensivas.

Introduz uma gradação de prioridades com ênfase para aprevenção.

Instrumentos econômicos também têm sidointensamente utilizados para controlar a poluição,permitindo grande flexibilidade na aplicação, podendopromover também a adoção de medidas inovadoras nosprocessos produtivos.

• Entre estes:– Inserção de custos na produção a partir da cobrança de

multas pela emissão de poluentes ou cobrança de taxaspelo uso de equipamentos para o descarte final deresíduos;

– Oferta de subsídios e/ou incentivos fiscais na adoção deformas mais limpas de produção;

– Autorizações de emissão (TEPs – Tradeable EmissionPermits).

• As TEPs são consideradas a forma mais nova de encararos problemas ambientais.

– A idéia baseia-se na criação de um mercado dequotas ambientais sujeito a normas predefinidas.

– Isso oferece aos empreendedores maior liberdadepara achar soluções de menor custo e menorimpacto ambiental.

– Empresas poluidoras podem se articular paradefinir o elenco de medidas que cada uma deverátomar para atender aos padrões ambientais fixadospelos organismos reguladores.

– De outro lado, nenhum impacto adicional é geradoporque os níveis gerais de emissões serãocontrolados (Turner, 1995).

ATENÇÃO para a necessidade de um ritmomais acelerado à redução do impactoambiental das atividades produtivas e dosprodutos em si.

Os avanços tecnológicos não se mostramsuficientes para garantir um desenvolvimentosustentável, se for mantida a postura hojepredominante, de tentar controlar a poluição combase em medidas do tipo Fim-de-tubo.

AMPLIAR a visão conciliando interesseseconômicos e ambientais com base nacompreensão de que poluição é um indicadorde ineficiência no uso dos recursos naturaise financeiros.

ENTENDER que para as corporações setornarem mais competitivas, elas devemenfrentar o desafio ambiental como umaoportunidade para inovar.

A prática de Prevenção da Poluição vem crescendo cada vez mais no mundo e hoje muitas empresas já apresentam

excelentes resultados.

REFERÊNCIAS

KIPERSTOK, Asher et al. Prevenção da poluição.Brasília: SENAI/DN, 2002. 290 p.Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis – IBAMA, Relatório de AcidentesAmbientais, 2009.

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