comunicando mÁs notÍcias implicaÇÕes Éticas na comunicaÇÃo com o paciente oncolÓgico
Post on 17-Apr-2015
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COMUNICANDO MÁS NOTÍCIAS
IMPLICAÇÕES ÉTICAS NA COMUNICAÇÃO COM O
PACIENTE ONCOLÓGICO
Comunicando Más Notícias
Tarefa complexa no exercício da prática médica
Acompanha as mudanças ocorridas no campo biomédico e social
Não se trata de uma simples informação de diagnóstico
Relação médico-paciente comunicação
Comunicação
Comunicação e comunhão são palavras que compartilham da mesma origem etimológica: idéia de união, ligação e compartilhamento.
Comunicação – a capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, com vista ao bom entendimento entre pessoas.
Comunicar – pôr em contato ou relação; ligar; unir.
Comunicação
Dimensão Simbólica: lingüística
Dimensão Existencial: as emoções, os
sentimentos e os valores adquiridos. Referente à experiência singular de cada um em sua existência.
Tudo é linguagem
Más Notícias
Qualquer informação que envolva uma mudança drástica na perspectiva de futuro em um sentido negativo.
Afeta o domínio cognitivo, emocional, espiritual e comportamental.
Altera a dinâmica familiar.
Comunicando Más Notícias
Pode Interferir:
Nível de compreensão da informação pelo paciente
Satisfação pelos cuidados médicos
Nível de esperança
Ajustamento psicológico
Comunicando Más Notícias
Ausência nos currículos da faculdade médica
Falta de preparo Difícil prever a reação do paciente Angústia e temor da morte, inerentes à
condição humana Morte = Fracasso Terapêutico
O Médico - Samuel Luke Fildes (1891)
O Câncer
Avanços no Tratamento X Sentença de Morte:
Inimigo satânico
Doença vergonhosa
Caroço
Massa
“Aquela doença”
O Câncer
Doença revestida simbolicamente por conteúdos negativos
Punição e culpa
Teorias Psicológicas: responsabilidade do sujeito na produção e remissão da doença
O Câncer
Tratamento como linguagem militar:
“ O câncer é um inimigo a ser combatido.”
“O tratamento é uma luta a ser travada.”
“ A quimioterapia é uma guerra química.”
Comunicando Más NotíciasMedos
De causar dor Desesperança Fracasso terapêutico Justiça Reações emocionais do paciente Expressar suas próprias emoções Medo pessoal da doença e da morte
Comunicando Más Notícias
A crença generalizada de que a revelação de um diagnóstico sombrio afetará negativamente a evolução do paciente ou sua colaboração com o plano terapêutico.
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
Desde Hipócrates encontramos orientações a seus discípulos para esconder a maioria das informações ao paciente, não devendo revelar nada sobre sua condição futura ou presente.
No juramento Hipocrático, o dever ético de não produzir ou evitar todo tipo de dor, física ou moral, pode ser uma das justificativas para a tentativa de reduzir, ou mesmo alterar, as informações dolorosas dadas ao paciente.
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
Nos fins do séc. XIX, o código de ética médica Americano incentivava a ocultação da verdade ao paciente:
“É, portanto, um dever sagrado guardar-se com cuidado a esse respeito, evitar todas as coisas que têm tendência a desencorajar o paciente, e a deprimir seu espírito.”
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
MODELO MODERNO
X
MODELO CONTEMPORÂNEO
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
Um século depois observamos mudanças na orientação:
“O médico deve lidar honestamente com o paciente e seus colegas. O paciente tem o direito de saber seu estado clínico, passado e presente, e de ficar livre de quaisquer crenças errôneas relativas à sua condição.”
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
É vetado ao médico:
Art.59: “Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal.”
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
Art.70: “Negar ao paciente acesso a seu prontuário médico, ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias a sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente e para terceiros.”
Comunicando Más NotíciasPor que Comunicar?
Fortalece a relação médico-paciente Reduz a incerteza da situação vivida
pelo paciente Oferece uma direção ao doente e sua
família Minimiza sentimentos de isolamento,
solidão e medo Grande maioria das pessoas quer saber
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
A mentira pode ocorrer na tentativa de minimizar o sofrimento do paciente e, provavelmente dos profissionais e familiares, mas há conseqüências que interferirão na qualidade da relação médico-paciente e, especialmente, na forma como o paciente conduzirá seu tratamento e os momentos finais de sua vida.
Entre Verdades e Mentiras: o Silêncio
“A questão não consiste, efetivamente, em saber se convém ou não dizer-lhe a verdade, mas na maneira como compartilhar com ele tal conhecimento, como permitir-lhe que nos diga o que sabe, que compartilhe conosco o que sente.”
Hennezel
Entre verdades e mentiras: o Silêncio
Conspiração do Silêncio
Se estabelece quando todos sabem que o outro sabe, mas ninguém se encontra em condições de conversar abertamente com o principal envolvido- o doente- impondo a este a única saída possível: o isolamento.
Hennezel
Protocolo SPIKES
Setting Perception Invitation Knowledge Explore Emotions Strategy and Sumary
Buckman & Baile
Protocolo SPIKES
1º - Reunir toda a informação disponível do enfermo e de sua doença. O médico deve se inteirar do nível de conhecimento do doente a respeito de sua doença, suas expectativas, bem como sua disposição para ouvir más notícias.
2º - Fornecer informação clara de acordo com as necessidades e desejos do paciente.
Protocolo SPIKES
3º - Dar suporte ao paciente, empregando habilidades para reduzir o impacto emocional e o isolamento.
4º - Desenvolver como estratégia, um plano de tratamento, com a contribuição e cooperação do paciente.
Protocolo SPIKES
1º - Preparar a entrevista2º - Descobrir o que o paciente sabe3º - Identificar o que o paciente quer
saber4º - Oferecer a informação ao paciente5º- Responder às reações do paciente6º- Estratégia e resumo plano de
tratamento
Protocolo de Comunicação de Más Notícias Avaliar o estado emocional e psicológico do
paciente Dar informação de forma gradual Descobrir o que o paciente sabe sobre sua
doença Descobrir o quanto o paciente quer saber Dividir, compartilhar a informação Ser realista, evitando a tentação de minimizar
o problema
Protocolo de Comunicação de Más Notícias
Não discutir com a negação, aceitar as ambivalências
Não estabelecer limites nem prazos Ajudar a manter a esperança Avaliar como o paciente se sente após receber as
notícias Assegurar que o paciente tenha suporte emocional
de outras pessoas Planejar e assegurar o acompanhamento do paciente Programar outro encontro com o paciente
Comunicando Más Notícias:Habilidades
Escuta ativa processo de duas vias Atitude empática e suportiva
percepção da perspectiva a partir da qual o paciente está se expressando.
Atenção ao canal não-verbal: postura, gestos, tom de voz, proximidade e contato físico.
Comunicando Más Notícias: A Família
Diagnóstico grave:
O que contar?
Como contar?
Padrão de comunicação familiar
Comunicando Más Notícias: A Família
Tentando evitar a dor substima-se a capacidade de enfrentamento e resiliência do paciente.
Lembrete: a tristeza, a raiva, o medo, a angústia e a dor são inerentes à condição.
Comunicando Más Notícias: A Família
“ A decisão de calar o diagnóstico não faz desaparecer a verdade. É esta e não a experiência desagradável de ser informado, o que vai consternar o doente.”
Marcos G. Sancho
Responsabilidade Ética
Ética Principialista : Beneficência, Não-Maleficência, Autonomia e Justiça
Princípios válidos prima-facie
AUTONOMIA
Responsabilidade Ética
O paciente autônomo é o que pode seguir um plano de tratamento, de acordo com suas próprias escolhas, a partir das elucidações desenvolvidas na relação com seu médico.
Comunicação com o Paciente Relação Médico-Paciente
Responsabilidade Ética
Princípio de Respeito à Autonomia.
Ser autônomo não é o mesmo que ser respeitado como um sujeito autônomo.
Maior responsabilidade e investimento na relação médico-paciente.
Responsabilidade Ética
Não se trata apenas de um reconhecimento de que o outro tem o direito de ser autônomo, mas sim de criar condições, a partir da relação estabelecida, para que o outro tenha os recursos necessários e desenvolva a capacidade de exercê-lo.
ComunicaçãoRecursosTomada de Decisões.
Responsabilidade Ética
O estilo, bem como os instrumentos e recursos utilizados na comunicação com o doente, serão fortes aliados e determinantes no estímulo e no respeito ao exercício de sua autonomia.
Modelo de Relação Médico-Paciente: paternalista informativo compartilhado
Responsabilidade Ética
O respeito à autonomia do doente, se traduz em habilitá-lo a exercer sua autonomia, suportando suas escolhas pessoais e acompanhando-o durante o tratamento, ainda que este esteja embasado em valores e crenças diversos aos do médico.
Responsabilidade Ética
Câncer Evolução rápida Foco na comunicação do diagnóstico e
prognóstico Fase inicial da doença Paciente com funções preservadas, de
forma a não impedir, ou não deixar dúvidas quanto a sua capacidade de tomar decisões autonomamente.
Escolhas Autônomas
Como quer viver o tempo que lhe resta: Relacionamentos
Com quem compartilhar e reparar suas relações
Organização de assuntos afetivos e econômicos
Sonhos e desejos que quer e pode realizar
FREUD
“ A arte de enganar um paciente não é certamente muito desejável...Espero que quando chegar a minha hora encontrarei alguém que me tratará com maior respeito e me diga quando devo estar preparado.” (1899)
FREUD
“ Tem-se tentado me colocar numa atmosfera de otimismo: o câncer está retrocedendo, as manifestações reativas são temporárias. Não acredito em nada disso e não gosto de ser enganado.” (1939)
Comunicando Más Notícias
Fátima Geovanini fgeovanini@oi.com.br
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