certificação capão freamunde - clipquick.com · freamunde"- um galo castrado cuja origem...

Post on 10-Nov-2018

220 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

Certificação do Capão de Freamunde

ainda aguarda luz verde de BruxelasA falta de uma unidade de abate de aves no norte do

país está a atrasar o lançamento da comercialização do ca-

pão de Freamunde, em carne e embalado, um projeto quedeverá fazer duplicar aprodução em poucos anos, segundoa Associação de Criadores de Capão de Freamunde (ACCF).

Atualmente, a comercialização é feita essencialmente comanimais vivos, entre criadores e restaurantes ou consumi-

dores. A solução pode passar pela construção de uma pe-quena sala de abate em Paços de Ferreira, em parceria com

a cooperativa agrícola. Bruxelas também empata a comer-

cialização da carne do galináceo. O processo de aprovaçãoda denominação de Indicação Geográfica Protegida (IGP)

entrou na Comissão Europeia em janeiro de 201 1.

O processo de certificação do capáo de Freamunde ar-

rasta-se há maisde uma década, o que éconsiderado"de-

masiado tempo" pelo presidente da associação, Ricardo

Graça."Espero duranteo próximo ano ter o processo con-cluído e na Semana Gastronónima de 2013 já podermoster a denominação "Capão de Freamunde IGP" aprovadapela União Europeia" salienta o dirigente da associaçãode um produto regional que é o orgulho de Freamunde

e que cada vez mais conquista cozinheiros de renome a

trabalhar esta iguaria.O processo de certificação, seja IGP ou DOP (Deno-

minação de Origem Protegida), decorre em duas fases.

A fase nacional, junto do Ministério da Agricultura, já foiconcluída em fevereirode 201 1 , com a publicação do des-

pacho n°4253 em Diário da República.Esta fase intercalar destina-se a concedei proteção ao

produto e à sua denominação enquanto decorre a certi-

ficação comunitária. Contudo, se existisse uma unidadede abate para a sua transformação em carne, o "Capão de

Freamunde"- um galo castrado cuja origem remonta aoséculo XV -já poderia ser comercializado e inclusivamen-

te ostentar os rótulos e o logotipo aprovado sob a deno-

minação "Capáo de Freamunde IG"

O rótulo com IGP (apresentado em baixo) só é concedi-

do com a aprovação comunitária, maso processo elabora-do peia Associação de Criadores, que teve a colaboraçãotécnica da associação ADERSOUSA, já foi remetido a Bru-

xelas há quase dois anos fdossier n° PT/PGI/0005/00846

apresentado à UEem 10dejaneirode201 1) .

Segundo Ricardo Graça, são questões de pormenorque atrasam a aprovação do IGP, mas como o interlocutor

com os serviços da UE é o Ministério da Agricultura (atra-vés do Gabinete de Planeamento e Políticas - GPP) qual-

quer informação ou esclarecimento demora muito tem-

po a chegar aos serviços comunitários.

Os técnicos da UE levantaram problemas quanto à cas-

tração dos animais, que terá de ser clinicamente assistida

em todas as fases, obrigando a ACCF a contratar um veteri-

nário em permanência.

Prioridade é o matadouro de aves

O dirigente associativo não sabe se os esclarecimen-

tos já chegaram a Bruxelas, mas define como prioritário

conseguir encontrar uma solução para o abate dos ca-

pões, a única forma de avançar com a comercializaçãoda carne em alternativa à sua venda como animal vivo.

Como o matadouro de aves mais acessível se localiza emSanta Maria da Feira - todos os que existiam no Norte fe-charam e até o da Carnagri, em Penafiel, deixou de aba-

ter aves devido às exigências comunitárias que obrigama que a morte das aves seja feita através de choque elé-trico -, Ricardo Graça está a negociar uma parceria coma cooperativa agrícola de Paços de Ferreira (A Lavoura)

para a construção de uma sala de abate no concelho.

"Queremos construir um mini-matadouro" referiu aoRM aquele dirigente.

Ricardo Graça acrescentou que a cooperativa dis-

põe de espaços onde poderá ser instalado e, sobretudo,

pode aceder a fundos comunitários do PRODER para a

construção e equipamento da unidade de abate, prer-rogativa de que a associação de criadores está excluída

por se tratar de uma instituição sem fins lucrativos

No momento, decorre a re-colha de orçamentospara a criação do pe-queno matadouro -

os equipamentos são

praticamente todos

importados, acentuou - mas o presidente da associaçãode criadores assume o compromisso de no próximo anotudo fazer para se iniciar o abate das aves.

A exigência é dos consumidores, incluindo os che-fes de cozinha, mas também dos criadores. Com 73criadores inscritos na associação (haverá cerca de 100criadores na zona) e uma produção anual estimada de

2500/2500 capões, Ricardo Graça considera que a cria-

ção da unidade de abate vai duplicar a procura."£m dois

ou três anos poderemos também duplicar a cr íação das

aves" acentuou o presidente da ACCF, ciente que nes-tes tempos de crise mais pessoas se vão dedicar à cria-

ção do capão desde que haja escoamento da produção."O nosso objetivo, a partir do momento em que te-

nhamos um matadouro, é dispor de capáo todo o ano.A grande produção será sempre entre outubro e março,mas ciemos que será possível ter um mínimo de produ-ção de aves no resto do ano", referiu.

Com o abate das aves a funcionai será possível ven-der carne de capão inteiro ou metades, uma exigên-cia do mercado, mor mente o da grande distribuição. A

fama do capão leva longe o nome de Freamunde, comoconta Ricardo: "no início de setembro, uma câmara mu-nicipal dos Açores pediu-nos para arranjar 240 capões.Procuramos por todo o lado e não conseguimos mais

de sete. Ainda estavam a crescer e perdemos o negócio".

Apesar de ser um mercado de nicho, tem impactoeconómico - entre 125 e 200 mil euros anuais apenasna comercialização de animais vivos (para uma produ-ção anual de 2500 capões ao preço médio de 50 euros)

-, mas esse montante mais do que duplica se contabili-

zarmos a sua confeção culinária na restauração.Na semana gastronómica sáo servidos cerca de meio

milhar de capões e o resto da produção anual é consu-

mida, até fevereiro, na restauração da região do Vale doSousa e em alguns dos mais galardoados restaurantesde Lisboa e do Porto. A secular Feira de Santa Luzia, a 1 3

de dezembro, correu bem aos produtores; foramcomercializados entre 200 e 300 capões

vivos. Jorge Sousa

top related