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Carta discutindo as eleições e a formação de chapa para o DA FAFICH 2012

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POR UMA CHAPA UNIFICADA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE ATRAVÉS DOS PROJETOS DO GOVERNO, CONTRA A REPRESSÃO E POR UM D.A. INSTRUMENTO DE LUTA DOS ESTUDANTES Acreditamos que o Diretório Acadêmico (DA) da FAFICH deve ser um instrumento de luta dos estudantes contra a privatização da universidade e por sua real democratização; em defesa da universidade pública, pelo acesso à todos, acesso à população negra e pobre, um espaço de liberdade de expressão e organização, e qualidade no ensino. Essa é a nossa posição. Porém, acreditamos que o DA só pode fazer isso se buscar as mais amplas e democráticas formas de se organizar. O espaço amplo e democrático no DA serve para que os diferentes interesses dos estudantes (um grupo heterogêneo, policlassista, do ponto de vista amplo da sociedade) possam se expressar em suas assembléias e dentro da própria gestão. Dessa maneira a maioria dos estudantes podem ter acesso e fazer experiências com as diferentes posições sobre os rumos da universidade e da sociedade. Essas diferentes posições correspondem aos diferentes interesses dos estudantes, que são diferentes entre si e se identificam a diferentes classes e assim possuem, consequentemente, diferentes interesses políticos. Portanto, só ao possibilitar esse amplo debate de posições políticas poderemos possibilitar a construção de um DA que seja um real instrumento de luta dos estudantes, em favor dos pontos elencados acima. Por isso apostamos no mais amplo diálogo democrático para o DA. A partir do debate de idéias acreditamos ser possível a atuação consciente dos estudantes no sentido de ligar suas demandas à classe trabalhadora, e o entendimento de que somente a partir desta perspectiva será possível respondermos às demandas democráticas da educação. Sob este princípio, organizamos no último período uma série de debates públicos (“Debate em apoio à greve dos professores estaduais”, “Universidade e Polícia: conhecimento pra quê?”, “A luta na USP e os resquícios da ditadura militar no Brasil e nas universidades”, em 2011, e recentemente um debate chamado “Pela punição dos torturadores e abertura dos arquivos: ditadura nunca mais!”) e buscamos dialogar a partir das discussões, com claros posicionamentos. Também impulsionamos a discussão política, através de um boletim téorico/político, que está na sua segunda edição. Também, ao se aproximarem as eleições estudantis, lançamos uma carta direcionada aos estudantes independentes e à militância da ANEL, chamando a unificação em torno de eixos políticos, para construir uma gestão anti-burocrática, e assim também fomos consequentes ao pautar a proporcionalidade na gestão, que possibilita o debate político durante todo o período da gestão. Acreditamos também que para democratizar profundamente a universidade, a atuação dos estudantes não pode ser restrita aos marcos da universidade, pois não é possível por essa via se conquistar uma transformação profunda. Por isso temos plena confiança de que um grande setor dos estudantes pode colocar suas lutas junto à luta de todos os jovens e trabalhadores que estão fora da universidade. Nos recusamos a ficar isentos no debate das grandes questões políticas nacionais e mundiais, pois entendemos a universidade inserida no contexto de uma sociedade baseada na oposição entre classes, e na exploração de uma classe pela outra através da produção capitalista. Por isso não deixamos um só momento de colocar clara e francamente nossas idéias. Desse modo, atuamos no sentido de ampliar e massificar o debate e não deixá-lo restrito a poucas pessoas, que para alguns seriam pretensamente as únicas capazes de entendê-lo. Para construir um DA que possibilite a organização da grande maioria dos estudantes, que a maioria decida e não poucos. Acreditamos também que esse debate é fundamental entre os estudantes porque não pensamos a nossa atuação limitada à luta por “espaços”, mas também ao questionamento da burocracia acadêmia, dos mecanismos institucionais, e do próprio conhecimento produzido na universidade, do seu conteúdo ideológico claramente burguês, justificando e reproduzindo a exploração e a opressão presentes na sociedade. Hoje o DA da FAFICH não faz isso. A atual gestão foi dirigida por estudantes ligados ao partido do governo, o PT. Como a privatização da universidade vem sido implementada pelo governo Dilma, do mesmo PT, a gestão do DA não tem interesse de ser instrumento de luta contra esse projeto e não possibilita a discussão e intervenção democrática dos estudantes. Ou seja, a gestão do atual DA caiu sob o controle de setores que freiam a atuação consciente da maioria dos estudantes, para preserver o partido do qual fazem parte e que está no governo. Por isso o DA fez pouquissimas assembléias, não possui um jornal aberto, organiza reuniões e comissões para “dialogar” com a diretoria, porém não com a maioria dos estudantes. Pois quer impedir a atuação independente do movimento estudantil e assim impede de se desenvolver a única força real dos estudantes frente uma estrutura de poder universitária completamente autoritária, a mobilização política. Acreditamos que contra a mordaça que é hoje a gestão do DA, é possível se construir uma frente única na gestão do DA que organize um DA ativo, militante, anti-burocrático, que se construa em torno de uma discussão profunda sobre quais eixos políticos devemos articular para massificar o debate político, e através da mobilização, lutarmos ao lado de todos os setores da universidade pelas demandas democráticas da educação. Para nós, os eixos principais que devem ser levantados constam na nossa carta-chamado, com ênfase na luta contra a privatização da universidade, expressa nos projetos do governo para o ensino superior, como no REUNI; contra a falsa democratização da universidade, a demagogia do governo em torno do PROUNI e do REUNI; pela real democratização da universidade, pelo fim do vestibular e estatização das universidades privadas, e como medida imediata para ampliar o acesso da população em geral à universidade pública, cotas para negros e estudantes de escolas públicas. Para isso é necessário ser independente do governo que impõe esse projeto de universidade, à serviço dos interesses da burguesia, elitista e da reitoria e diretorias, que são quem implementam esse projeto do governo dentro da universidade. Por isso fizemos o a carta chamado a independentes e aos militantes da ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes-Livre) e do PSTU. Compreendendo a complexidade do projeto de universidade colocado em jogo pelo governo federal (vide boletim “juventude às ruas” nº1), quem são os seus agentes na UFMG, e porque estes não vão abrir mão dessa condição, tentamos realizar nossa prática política de acordo com as concepções expostas acima, atuando nos mecanismos institucionais com o intuito de denunciar estes mesmos, antidemocráticos, perante setores mais amplos de membros da universidade, e militando para construir organismos realmente democráticos, como assembléias, através da discussão das questões políticas fundamentais, que possam realmente impulsionar uma possível luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos.

É verdade que temos diferenças com a militância do PSTU e achamos que se mostram muito adaptados à um tipo de movimento estudantil muito restrito, desligado da discussão política nacional, por afirmarem que os estudantes não a “entendem”. Não atuam como aqueles, para impedir o movimento, mas falta a confiança na capacidade de organização consciente dos estudantes junto dos trabalhadores contra o governo e suas políticas de privatização da universidade. Por isso, chegam até mesmo a esperar a abertura de um espaço “democrático” internamente à estrutura de poder extremamente autoritária que existe na universidade. Como exemplo concreto, hoje na FAFICH-UFMG, chamam os estudantes a confiar em um relatório proposto por uma comissão constituida por seis pessoas, duas de cada corpo da universidade, que diz, segundo o e-mail enviado para os membros da congregação (o relatório em si não foi amplamente divulgado), “(...)Para se evitarem conflitos contornáveis e assegurar o bom andamento das atividades da Faculdade, as confraternizações deverão ser comunicadas com antecedência de, pelo menos, 15 dias letivos à diretoria da Fafich, que se reservará o direito de negar autorização, ou condicioná-la à modificação de data ou horário, conforme

as necessidades da Faculdade...”. Ou seja, a repressão às festas e organização independente dos estudantes continua, já que com isso dependemos da autorização da diretoria, da burocracia acadêmica, agentes da inserção do capital privado na universidade pública, que ainda se reserva o poder de mudar a data, horario, local. Só a mobilização poderia reverter o cerceamento dos espaços públicos, frente a este projeto nacional de um governo, e não se pode alterá-lo ou desviá-lo com nenhum acordo assinado, ainda mais se tratando de um papel subordinado a uma estrutura de poder tão antidemocrática, como no acordo com a diretoria, onde nenhum avanço se teve em relação ao regimento autoritário vigente (“A discussão e a proposta da Comissão balizaram-se pelos parâmetros normativos vigentes na UFMG”, vide e-mail), além de legimitarem a repressão por parte da diretoria, já que o relatório reforça punições para quaisquer envolvidos em atos “não-autorizados” na faculdade. Isso tudo isso elaborado por uma comissão que foi amplamente divulgada como democrática. Enfim, essa mesma desconfiança com relação à organização independente dos estudantes e a capacidade de consolidação de organismos democráticos fez com que no recente conflito na Universidade de São Paulo (USP), gerado pela repressão policial dentro da universidade, o PSTU fosse contra a ocupação da diretoria da faculdade, em uma assembléia com aproximadamente 1000 pessoas, argumentando que os estudantes não estavam preparados para avançar na luta contra a PM, e não priorizaram, durante a greve, o comando geral de delegados eleitos nas assembléias de curso, proposta nossa que foi aprovada em assembléia e que possibilitava a construção de um organismo democratico capaz de representar a maioria dos estudantes dos diferentes cursos e que poderia unificar a luta não só internamente, mas também com os setores de fora da universidade e de trabalhadores. (vide balanço e direcionamentos para luta em artigo no blog da juventude ás ruas).

Hoje o movimento na UFMG decide tudo sem a participação dos estudantes, com poucas assembléias, apenas com Conselhos de DA's que nunca realizam assembléias e levam posições que pretensamente “representam o curso”, em um organismo que nada tem de democrático nem acessível aos estudantes em geral. Se acharmos que a melhor maneira de dialogar e construir politicamente na universidade não é falar as coisas como elas são e sim falar apenas o necessário para se consolidar nas entidades, sob o pretexto de que “os estudantes em geral” não entenderão, inevitavelmente o movimento será esvaziado e antidemocrático, cabendo a poucos à decisão e organização política estudantil.

Como colocamos acima, achamos que a ANEL, tendo o PSTU como tendência majoritária, representa setores de estudantes independentes do governo, e não se constituem como uma burocracia representante do governo no movimento dos estudantes, como é o caso do PT, por exemplo. Por outro lado, temos diferenças que não serão saudadas em uma mera discussão de chapa. Portanto, achamos que essa independência do governo e oposição aos setores que o representam no movimento estudantil deve ser a base fundamental que nos permita fazer uma chapa comum na gestão do DA, que organize um DA ativo, militante, anti-burocrático, com uma discussão massificar o debate político, e através da mobilização, para lutarmos ao lado de todos os setores da universidade pelas demandas democráticas da educação. Reiteramos o chamado que fizemos e achamos essa hoje uma das maiores contribuições que o movimento estudantil independente dos governos pode realizar. O último debate realizado dia 08/05 na Arena da FAFICH, pela punição dos torturadores, contra a ditadura de ontem e hoje, é uma mostra disso. O debate foi organizado por uma ampla frente contra a falsa “comissão de verdade” implementada por Dilma. Obviamente os setores ligados ao governo do PT não concordaram em participar do debate. Coube a essa ampla frente única anti-governista realizar o debate, que foi bem sucedido. Esse é um exemplo de que podemos organizar uma chapa em torno dessas idéias e isso seria buscar ampliar o diálogo e massificar o movimento estudantil.

JUVENTUDE ÁS RUAS

Belo Horizonte, 21 de maio de 2012

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