características das publicações internacionais sobre folga
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Características das publicações internacionais sobre Folga Orçamentária
EDUARDO TRAMONTIN CASTANHA
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
VALDIRENE GASPARETTO
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
CARLOS EDUARDO FACIN LAVARDA
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Resumo
O objetivo do estudo consiste em verificar as características das pesquisas científicas que
abordam um fragmento da literatura internacional referente a temática Folga Orçamentária. O
estudo possui abordagem qualitativa, e para geração de conhecimento sobre a temática, fez-se
uso do instrumento de intervenção construtivista Proknow-C, reconhecido e utilizado pela
comunidade científica para seleção de um portfólio bibliográfico. Foram identificados 44
artigos que abordaram a temática Folga Orçamentária. A análise de variáveis básicas dos
estudos do Portfólio Bibliográfico permitiu identificar 88 autores, dos quais 8 desenvolveram
mais de um estudo. Os países que mais produziram sobre a temática foram EUA, Indonésia e
Austrália, respectivamente. Apenas 3 estudos foram realizados em parcerias internacionais,
sendo 2 estudos desenvolvidos entre Austrália e Nova Zelândia, e 1 estudo em parceria entre
EUA e Holanda. O ano de 2017 foi o ano mais produtivo para o tema, com 6 estudos
publicados. O periódico Accounting, Organizations and Society publicou 8 estudos sobre o
tema, sendo considerado o principal periódico em número de publicações do PB. Por meio da
análise de variáveis avançadas, foi possível identificar que o tema Folga Orçamentária
enquanto variável independente, possui um número significativamente menor de variáveis
analisadas quando comparado a Folga Orçamentária enquanto variável dependente. Em vista
disso, pode-se inferir que os pesquisadores estão interessados em entender os aspectos que
levam as organizações a criar folga, e não nos possíveis efeitos da Folga Orçamentária nas
organizações. Em vista da baixa diversificação de construtos que analisaram a folga enquanto
variável independente, é possível inferir a presença de uma lacuna de pesquisa com variáveis
dependentes ainda passíveis de serem exploradas.
Palavras-chave: Folga Orçamentária, Proknow-C, Bibliometria.
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1. INTRODUÇÃO
O orçamento empresarial possui diversos propósitos, como planejamento e
coordenação de atividades de uma organização, alocação de recursos, motivação de
funcionários bem como a expressão de conformidade com as normas sociais. Além disso o
orçamento configura-se como um dos temas mais pesquisados na área de contabilidade
gerencial, sendo estudado a partir das perspectivas da economia, psicologia, e sociologia.
Desse modo, oferece oportunidades de pesquisa combinando teorias de diferentes
perspectivas, para fornecer explicações mais completas e válidas das causas e efeitos das
práticas orçamentárias (Covaleski, Evans, Luft & Shields, 2003).
O orçamento é o instrumento de gestão mais utilizado pelas organizações (Davila &
Wouters, 2005), e deve ser considerado um direcionador de atenção nas operações e finanças
da empresa e não um instrumento controlador dos gastos, deve antecipar os problemas e
sinalizar metas e objetivos que necessitem de cuidado por parte dos gestores (Leite,
Cherobim, Silva & Bufrem, 2008). No entanto, Merchant (1981) afirma que apesar dos
benefícios decorrentes de sua utilização, diversos estudiosos verificaram a imprecisão do
orçamento e desenvolveram pesquisas relacionadas, mas até o momento com muitos
resultados contraditórios.
Nas pesquisas sobre orçamento empresarial, a folga caracteriza-se como um dos temas
mais investigados (Baerdemaeker & Bruggeman, 2015). A folga algumas vezes é reconhecida
como o excesso de recursos empregados em uma organização. Como esse termo não
apresenta uma definição específica, pesquisadores vêm, ao longo dos anos, agregando
diversos conceitos por meio de publicações científicas (Quintas & Beuren, 2011).
Merchant (1985) destaca que a Folga Orçamentária (doravante folga), pode ser
entendida como a incorporação deliberada de recursos excedentes no orçamento empresarial,
que facilita o alcance do orçamento. De acordo com Van der Stede (2000), a folga protege os
gestores contra contingências e possibilita que a meta do orçamento seja atingida, aumentando
a probabilidade de o gestor receber uma avaliação positiva e, por conseguinte, recompensas
decorrentes da melhoria do desempenho. Nesse sentido, Lukka (1998) salienta que quando os
gestores de unidades de negócio criam folga, buscam explorar o seu conhecimento superior
sobre as possibilidades de negócios em relação ao gerenciamento corporativo para a obtenção
de metas de desempenho que são inferiores às suas melhores estimativas de futuro.
Pesquisas recentes acerca da temática folga vêm sendo associadas a diversos
elementos da racionalidade humana e de diferentes áreas do conhecimento. Os estudos
apresentam uma diversidade de variáveis testadas, fato que pode indicar um campo com
lacunas de pesquisa inexploradas (Santos, Beuren, Nardi & Vicente, 2016). Para Aguiar e
Souza (2010), a folga é considerada um dos temas mais pesquisados e vem recebendo atenção
de diversos pesquisadores que analisam a folga sob diferentes pontos de vista.
Por essa razão, identificou-se a oportunidade de responder a seguinte questão de
pesquisa: quais as características das pesquisas científicas que abordam um fragmento da
literatura referente à temática folga no contexto internacional? O objetivo do estudo consiste
em verificar as características das pesquisas científicas que abordam um fragmento da
literatura referente à temática folga no contexto internacional.
Este estudo se justifica pois as investigações sobre folga estão em ascensão nos
últimos anos, com novos autores, universidades, periódicos e até mesmo países (Santos et al.,
2016). Portanto, uma revisão de literatura abrangente sobre a temática folga, no contexto
internacional permite conhecer características abordadas nos estudos sobre o tema. Além
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disso, este estudo pode contribuir com futuras pesquisas na medida em que identifica lacunas
de pesquisa relacionadas à temática.
Esta pesquisa se diferencia do estudo de Santos et al. (2016), tendo em vista que
utiliza-se de maior número de bases de dados, abrangendo maior número de periódicos,
culminando em uma amostra com número superior de estudos acerca da temática. Além disso,
este estudo não apresenta recorte temporal, abarcando também artigos publicados nos anos de
2017, 2018 e 2019.
2 FOLGA ORÇAMENTÁRIA
A folga organizacional pode ser entendida como o excesso de recursos alocados aos
subordinados, acima do mínimo necessário para a realização das tarefas a eles atribuídas
(Antle & Eppen, 1985). Ao ser analisada em estudos empíricos anteriores, a folga foi
interpretada como disfuncional para as organizações, visto que isola os gestores das
propriedades motivacionais do orçamento, fato que resulta em menor esforço e uso ineficiente
de recursos. Estudos anteriores objetivaram identificar e analisar as condições que resultam
em disfuncionalidade da folga (Davila & Wouters, 2005). Contudo, estudos experimentais e
de levantamento conceberam resultados discrepantes acerca das condições sob as quais é
provável que ocorra folga no orçamento (Webb, 2002).
Davila e Wouters (2005) afirmam que a folga desempenha um papel importante no
funcionamento dos orçamentos das organizações. Muitos estudos buscaram testar o impacto
da folga organizacional no desempenho, além disso, pouco se sabe sobre como os gerentes
usam a folga e em que circunstâncias é benéfica para as empresas (Wiersma, 2017). No
entanto, apesar de existir diversos debates sobre a relação entre folga e desempenho das
empresas, verifica-se que o foco não deve ser se a folga é uniformemente boa ou ruim para o
desempenho (Stan, Peng & Bruton, 2014).
A literatura anterior apresenta opiniões diferentes acerca da relação entre folga e
desempenho da inovação. Os defensores da folga argumentam que as empresas passam a
apresentar novas estratégias e projetos inovadores em um ambiente com muitos recursos. No
entanto, os opositores afirmam que a folga pode promover incentivos indisciplinados e
diminuídos ao desempenho da inovação (Yang, Wang & Cheng, 2009).
Embora os gerentes possam reduzir a folga em seus orçamentos para aumentar a
possibilidade de receber uma recompensa ou aumentar sua remuneração, a literatura propõe
que pode haver casos em que a folga pode ser usadas pelas unidades para fornecer
flexibilidade na resposta eficaz às mudanças e problemas que podem surgir das condições
operacionais das empresas. Portanto, sugere-se que o uso que se dá a folga busca contrastar
com qualquer motivo disfuncional para sua criação, ocasionando em implicações no
desempenho das subunidades (Dunk, 1995).
De acordo com Stan, Peng e Bruton (2014), a folga pode ser usada para alimentar a
inovação ou, alternativamente, o excesso de recursos pode culminar em desperdício. Para
Wiersma (2017), os gerentes de empresas que apresentam níveis mais elevados de folga
tendem a investir em excesso, ocasionando em um impacto negativo no desempenho, mas ao
mesmo tempo pode apresentar melhorias em inovação, o que posteriormente terá um impacto
positivo.
Diversos estudos analisaram a folga sob a perspectiva da participação orçamentária
(Dunk & Perera, 1997; Siallagan, Rohman & Januarti, 2017; Christina & Akbar, 2019). A
literatura focada na associação entre folga e orçamento participativo pode ser dividida em dois
grupos, que possuem conclusões inconsistentes entre si. Um grupo argumenta que os gerentes
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usam a participação para criar folga de forma intencional, enquanto o outro grupo argumenta
que os gerentes, por antecipação, reduzem a folga em seus orçamentos (Dunk & Perera,
1997).
Um problema que pode ocorrer em um modelo de orçamento participativo ocorre
quando um colaborador possui informações privadas acerca de fatores que influenciam em
seu desempenho e a estrutura de pagamento da empresa é baseado em orçamento ou padrão.
Se essas informações são adequadamente comunicadas pelo colaborador, poderão ser
utilizadas pelo gerente para fins de planejamento e controle. No entanto, quando o
colaborador possui incentivos que podem influenciar em sua comunicação, metas fáceis serão
estabelecidas, culminando na criação de folga (Waller, 1988).
Alguns estudos buscaram verificar possíveis relações entre a criação de folga e a
assimetria de informações ou precisão das informações (Waller, 1988; Chow, Cooper &
Waller, 1988; Dunk, 1993; Fisher, Maines, Peffer & Sprinkle, 2002; Chong & Strauss, 2017).
De acordo com os achados de Dunk (1993), a relação entre a participação orçamentária e a
folga depende da assimetria de informações. Embora a participação orçamentária possa
instigar os funcionários a incorporar folga, a participação por si só não é suficiente para criar
folga. Os resultados de Chong e Strauss (2017) são consistentes com os achados de Dunk
(1993) ao verificar relação entre folga, participação dos subordinados e assimetria de
informações.
A maioria das pesquisas sobre folga estão constituídas em estudos de empresas
privadas em economias desenvolvidas, especialmente nos Estados Unidos, não sendo uma
temática estudada no contexto de empresas estatais (Stan; Peng & Bruton, 2014). Alguns
estudos verificaram a folga no contexto público, como exemplo pode-se citar (Rose & Smith,
2011; Majumdar, 1998; Stan, Peng & Bruton, 2014; Yilmaz, Özer & Günlük, 2014). A folga
no contexto público serve a muitos propósitos: pode contribuir para que os governos
aprendam a lidar com clima de incerteza econômica, cobrir problemas de fluxo de caixa,
absorver choques temporários, atender às necessidades de contingência e aproveitar
oportunidades de investimento (Rose & Smith, 2011).
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 Instrumento de Intervenção
O ProKnow-C é um instrumento de intervenção construtivista sendo constituído sobre
a base filosófica do construtivismo, dessa forma, objetiva desenvolver o conhecimento
inicialmente nos pesquisadores e posteriormente por meio da transmissão dos conhecimentos
adquiridos por meio das análises críticas e contribuições (Dutra, Ripoll-Feliu, Fillol, Ensslin
& Ensslin, 2015). Por meio da Figura 1, é possível verificar as etapas de operacionalização do
ProKnow – C. O processo é constituído por 4 etapas: i) seleção do portfólio bibliográfico
(PB); ii) bibliometria; iii) análises sistêmicas; e iv) pergunta de pesquisa. Deve-se ressaltar
que para a consecução deste estudo, foram executadas apenas as duas primeiras etapas do
instrumento.
O Proknow-C é um instrumento reconhecido e utilizado pela comunidade científica,
como pode ser observado por meio dos estudos de Stefano & Casarotto Filho (2013), Bonatto,
Resende, Betim, Pereira & Von Agner (2015) e Albán (2018).
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Figura 1. Etapas de operacionalização do ProKnow – C.
Fonte: Valmorbida, Ensslin, Ensslin & Ripoll-Feliu (2016).
3.2 Procedimento de coleta e análise de dados
A coleta de dados foi realizada por meio das bases de dados Science Direct, Web of
Science e Scopus para captação de estudos internacionais. A captação dos estudos foi
realizada no dia 12 de janeiro de 2020, utilizando como limitadores os seguintes fatores; i)
buscas realizadas por meio de palavras-chave nos títulos, resumos e palavras-chave; e ii)
buscas por artigos sem delimitação temporal, publicados somente em periódicos científicos.
Portanto, não foram considerados estudos publicados em eventos científicos e artigos em
forma de capítulos de livros.
Para seleção dos estudos que compõem o PB (etapa 1), foram realizadas duas
subetapas, a saber; i) seleção do banco de artigos, e ii) filtragem do banco de artigos. A figura
2 apresenta a operacionalização para obtenção do PB, que resultou na seleção de 44 artigos
científicos que representam um fragmento da literatura acerca da temática folga.
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Figura 2. Operacionalização para obtenção do PB.
Fonte: elaborado pelos autores.
Após a operacionalização da etapa 1 do Proknow – c, realizou-se a etapa 2 que refere-
se a análise bibliométrica dos 44 artigos que compõem o PB. Os resultados do estudo foram
divididos em análise de variáveis básicas e análise de variáveis avançadas. A variáveis básicas
foram: i) autores mais prolíficos; ii) países dos autores dos estudos que compõem o PB; iii)
análise temporal das publicações; e iv) análise dos periódicos que mais publicaram sobre o
tema. Como variáveis avançadas, optou-se por: v) analisar os construtos, variáveis e
características que investigaram a folga enquanto uma variável dependente; e vi) construtos,
variáveis e características que analisaram a folga enquanto varivável independente, mediadora
ou moderadora.
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As características i, ii, iii e iv foram identificadas por meio de simples contagem de
ocorrências, sendo apresentadas as interpretações das informações na sequência de cada
análise. As variáveis avançadas (v e vi) vão além da simples contagem de ocorrências, e são
analisadas com base em abordagens teóricas constantes nos artigos do PB. Destaca-se que o
referencial teórico deste estudo é construído exclusivamente com os estudos captados por
meio da busca sistematizada pelo Proknow-c.
O PB é composto por 44 estudos, em que foram identificadas e analisadas
características impostas pelos autores dos estudos. A pesquisa é descritiva, pois de acordo
com Andrade (2002), se preocupa em observar, registrar, classificar e analisar fatos sem a
interferência dos pesquisadores. Em vista disso, este estudo descreve aspectos relacionados ao
orçamento, principalmente sob a lente da folga.
Ressalta-se que os números dos artigos constantes nas figuras 4 e 5, estão identificados
por uma sequência numérica de 1 a 44 entre colchetes (artigos selecionados para compor o
PB), nas referências do estudo, ao final de cada obra relacionada. Na figura 4, são
apresentados os principais construtos dos estudos que analisaram a folga enquanto variável
dependente. Na figura 5, estão os construtos dos estudos do PB que analisaram a folga
enquanto variável independente. Além disso, foram identificadas outras obras que analisaram
a folga em diferentes perspectivas que também estarão identificados por seu respectivo
número de identificação.
4 RESULTADOS
4.1 Análise bibliométrica: estudo das variáveis básicas
Após a seleção dos estudos alinhados à temática folga que compuseram o PB,
realizou-se análise bibliométrica dos artigos. Foram identificadas 88 autorias e coautorias nos
44 estudos que compõem o PB, perfazendo uma média de dois autores por estudo. Verificou-
se que os autores mais prolíficos foram Alan S. Dunk, com quatro estudos, Abdul Rohman,
Anis Chariri, Chee W. Chow, Femilia Zahra, Jean C. Cooper, William S. Waller e Wim
A Van der Stede, com dois estudos cada. Os demais 80 autores do PB produziram apenas um
estudo cada.
Dentre os autores que mais produziram sobre o tema, está Alan S. Dunk, que possui
doutorado pela Macquarie University. Seu trabalho de tese é intitulado, The impact of budget
emphasis and information asymmetry on the relationship between budgetary participation
and budgetary slack: the case for a three-way interaction”, em sua tradução literal, O impacto
da ênfase orçamentária e da assimetria de informação na relação entre participação
orçamentária e folga: o caso de uma interação tripartida. Outro autor de destaque é Wim A
Van der Sted, que apesar de não ter desenvolvido sua tese na área orçamentária, caracteriza-se
como um importante pesquisador da área gerencial, com interesse de pesquisa em temas como
sistemas de controle gerencial, medição de desempenho, sistemas de incentivo e orçamento.
Os demais autores, com dois estudos cada, apesar de possuírem pesquisas na área gerencial,
possuem apenas estudos pontuais sobre a temática folga.
Foram identificados diversos países dos pesquisadores constantes no PB, contudo,
foram identificadas poucas parcerias internacionais. Os países que desenvolveram estudos
sobre a temática folga e as parcerias internacionais estabelecidas podem ser analisadas por
meio da figura 3.
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Figura 3. Países e redes de países dos autores que publicaram sobre a temática.
Fonte: elaborado pelos autores.
Com auxílio do software Vosviwer foi elaborada a rede de autores constantes nos 44
artigos que compõem o PB. Na figura 3 observa-se que foram constituídas apenas três
parcerias de estudos entre autores de diferentes países. Verificou-se que pesquisadores da
Austrália e Nova Zelândia constituíram a principal rede de pesquisa, tendo em vista que foram
desenvolvidos dois estudos por meio dessa conexão. A terceira e última parceria foi
estabelecida por pesquisadores dos Estados Unidos e Holanda, resultando na elaboração de
apenas um estudo.
A primeira parceria internacional é estabelecida pelos autores Alan S. Dunk e Hector
Perera da Austrália e Nova Zelândia, respectivamente, autores do estudo “The incidence of
budgetary slack: A field study exploration”. O estudo de Dunk e Perera (1997) propõe que a
associação entre participação orçamentária e folga decorra de um complexo processo de
interações entre as partes envolvidas. Os autores verificaram que, embora os gerentes
estivessem cientes de que a participação orçamentária poderia resultar em folga, não tentaram
necessariamente fazê-lo por razões que incluem considerações morais, éticas e de progressão
na carreira.
A segunda parceria foi estabelecida por Chong M. Lau e Ian R.C. Eggleton, também
da Austrália e Nova Zelândia, que desenvolveram o estudo intitulado “Cultural differences in
managers’ propensity to create slack”. Lau e Eggleton (2004) objetivaram analisar o impacto
da cultura nacional na folga. Verificaram interação significativa de três vias entre cultura
nacional, estilo de avaliação de desempenho e assimetria de informação que afetam a folga.
A terceira conexão internacional foi estabelecida entre Tony Davila e Marc Wouters,
dos Estados Unidos e Holanda, respectivamente. O estudo intitulado “Managing budget
emphasis through the explicit design of conditional budgetary slack” objetivou apresentar
evidências de como uma empresa planejou propositalmente recursos financeiros adicionais
com uma intenção de motivação para facilitar a tarefa dos gerentes em atingir os objetivos da
empresa. Davila e Wouters (2005) observaram evidências empíricas positivas da folga e sobre
o papel dos modelos de contabilidade de custos usados no sistema orçamentário para facilitar
o trabalho gerencial.
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Além das parcerias estabelecidas internacionalmente, por meio da figura 3 é possível
observar os países dos autores que abordaram a temática folga em seus estudos. Os Estados
Unidos foi o país mais prolífico no desenvolvimento do tema, com participação em 21
estudos. A Indonésia foi o segundo país que mais contribuiu para a temática, com participação
em 7 estudos. O terceiro país que mais produziu sobre a temática foi a Austrália, com 6
estudos, seguido da Holanda com participação em 3 estudos. Taiwan e Nova Zelândia
apresentaram dois estudos cada. China, Turquia, Alemanha, Bélgica, Hong Kong e Canadá
produziram apenas um estudo cada.
Foi analisado o período de publicação dos artigos com o objetivo de identificar os anos
mais prolíficos para a temática folga. Verifica-se que os anos mais prolíficos sobre o tema
foram 1985 e 2017. As primeiras publicações sobre o tema ocorreram em 1985, que
apresentou 4 estudos publicados, 2017 foi o mais produtivo para o tema, com seis estudos
publicados. No ano de 2018 ocorreram 4 publicações, contudo, houve queda no ano
subsequente.
Por fim, realizou-se a análise dos periódicos que publicaram os estudos constantes no
PB. Foram identificados 31 periódicos que publicaram os 44 estudos do PB, com destaque
para o Accounting, Organizations and Society, com oito estudos publicados, seguido da The
Accounting Review, com três estudos publicados. Os periódicos Accounting, Auditing &
Accountability Journal; Behavioral Research in Accounting; International Journal of Civil
Engineering and Technology; e Management Accounting Research, publicaram dois estudos
cada. Os demais 25 periódicos publicaram apenas um estudo cada.
4.2 Análise bibliométrica: estudo das variáveis avançadas
Para análise e estudo de variáveis avançadas, optou-se por verificar as temáticas mais
abordadas sob o ponto de vista da folga. Em vista disso, buscou-se verificar construtos,
características ou variáveis dos estudos do PB. Observou-se que os estudos que compõem o
PB analisaram a folga enquanto variável dependente e independente, contudo, verifica-se
maior predominância de estudos que analisaram a temática enquanto variável dependente.
Pontanto, como primeira variável avançada, buscou-se analisar os estudos que analisaram a
folga enquanto variável dependete, ou seja, estudos que buscaram verificar possíveis fatores
que resultam ou impactam na folga.
Dos 44 estudos do PB, verificou-se que 35 estudos analisaram a folga enquanto
variável dependente, 5 estudos analisaram a folga enquanto variável independente, 2 estudos
verificaram a folga enquanto variável mediadora ou moderadora, 1 estudo apresentou
hipóteses de pesquisa que incluem a folga nas duas perspectivas (dependente e independente),
e 1 revisão de literatura.
Nos 35 estudos do PB que analisaram a folga enquanto variável dependente, foram
abordados 80 construtos ou variáveis distintas. Os principais construtos analisados foram;
participação orçamentária (15 estudos), assimetria de informações (9 estudos), propensão em
criar folga (6 estudos), ênfase no orçamento (5 estudos), comprometimento organizacional (4
estudos). Os construtos controle orçamentário, desempenho da unidade de negócios, estratégia
da unidade de negócios, importância de cumprir o orçamento, pressão social, relativismo e
tecnologia, foram analisados por dois estudos cada. Os demais 68 construtos foram estudados
por apenas um estudo cada. Por meio da figura 4, é possível verificar os principais construtos
que analisaram a folga enquanto variável dependente, bem como os estudos que analisaram
estes construtos.
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Figura 4. Principais construtos dos estudos que analisaram a folga enquanto variável dependente.
Fonte: dados da pesquisa.
Ao verificar a participação orçamentária como um dos principais elementos
relacionados a folga, os resultados deste estudo vão ao encontro dos achados de Daumoser,
Hirsch e Sohn (2018) [35], que ao realizar uma revisão de literatura sobre aspectos de
moralidade e controle na folga, verificaram que o comportamento relacionado ao orçamento
(disfuncional) e o orçamento participativo configuram-se como um dos temas mais
pesquisados.
A assimetria de informações foi o segundo construto mais analisado pelos trabalhos
que abordaram a temática folga. Isso pode ser explicado pelo fato de que a assimetria de
informações é um tema constantemente debatido no contexto da participação orçamentária.
Diversos estudos discutiram a influência da assimetria de informações na relação entre a
participação orçamentária e folga (Young, 1985; Dunk, 1993; Dunk & Perera, 1997; Douglas
& Wier, 2000; Lau & Eggleton, 2004; Chong & Strauss, 2017). Daumoser, Hirsch e Sohn
(2018), verificaram que a assimetria de informações aumenta a folga, mas esse efeito é
influenciado por diversos fatores, incluindo a participação orçamentária.
A propensão a criar folga é apresentada na literatura enquanto variável dependente,
buscando verificar diferentes elementos que resultam na propensão dos gerentes ou
subordinados a criar folga. Merchant (1985) buscou fornecer evidências empíricas sobre
como o design e implementação do sistema orçamentário de uma organização podem afetar a
propensão dos gerentes de criar folga. Lau e Eggleton (2004) verificaram que o efeito da
participação orçamentária na propensão dos subordinados em criar folga depende da ênfase
do orçamento.
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A ênfase no orçamento também foi um dos temas mais analisados na perspectiva da
folga e até mesmo da participação. Dunk (1993) verificou que a relação entre a participação
orçamentária e a folga depende da ênfase no orçamento e da assimetria da informação. Chong
e Strauss (2017) indicam que a propensão dos subordinados a criar folga é baixa quando a
participação orçamentária, a assimetria de informação e a ênfase orçamentária são altas. Dunk
e Perera (1997), por meio de um estudo de campo, verificaram que a associação entre
participação e folga depende dos níveis de ênfase no orçamento e assimetria de informações,
no entanto, fatores pessoais estão envolvidos na influência de comportamentos gerenciais.
Alguns estudos buscaram fornecer evidências de que o comprometimento
organizacional pode ser um importante fator para explicar a propensão dos gerentes em criar
folga. O estudo de Nouri (1994) verificou que para gerentes altamente comprometidos o
envolvimento no trabalho está associado a menor propensão a criar folga. Para os gerentes
que possuem baixo nível de comprometimento com as metas e valores organizacionais, o
envolvimento no trabalho está associado a maior propensão em criar folga. Christina e Akbar
(2019) verificaram que a participação orçamentária tem efeito positivo e significativo na
folga, e também perceberam uma relação positiva significativa com a folga.
A segunda variável avançada buscou verificar as principais características das
pesquisas que abordaram a folga enquanto variável independente. Os estudos com essa
característica buscam verificar possíveis efeitos (funcionais ou disfuncionais) que a folga
causa em diferentes contextos. Foram identificados 18 construtos relacionados a folga
enquanto variável independente. Desempenho econômico foi a única variável analisada por 2
estudos, os demais 17 construtos foram analisados por apenas um estudo cada. A figura 5
apresenta os construdos, características e variáveis que foram relacionadas à folga enquando
variável independente.
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Figura 5. Principais construtos dos estudos que analisaram a folga enquanto variável independente.
Fonte: dados da pesquisa.
Dois estudos verificaram os efeitos da folga no desempenho econômico. Majumdar
(1998) buscou analisar a eficiência e a folga no uso de recursos para uma amostra de 67
empresas estatais, 63 empresas privadas e 27 estrangeiras. O autor verificou uma folga
significativa na utilização de recursos de empresas estatais indianas, que são resultados de
restrição de baixo orçamento. Stan, Peng e Bruton (2014) verificaram diferentes efeitos que a
folga tem no desempenho de empresas estatais. De acordo com os autores, a disponibilidade
de folga permite às empresas estatais absorver mudanças imprevisíveis nos mercados em que
operam. De acordo com os autores, em vista das ações dos concorrentes, torna-se necessário e
vital que as empresas estatais matenham um buffer de folga não absorvida que possa permitir
responder de forma eficiente sua posição de mercado em casos de ação agressiva.
Além dos estudos constantes nas figuras 4 e 5, que verificaram a folga enquanto
variável dependente e independente, foram identificados 2 estudos que apresentaram a folga
enquanto variável mediadora. O estudo de Huang e Li (2012) [26], buscou verificar o efeito
da folga na relação entre aprendizado em equipe e desempenho de projeto. Os autores
concluíram que o aprendizado exploratório está positivamente relacionado ao desempenho do
projeto na medida em que os recursos de folga absorvida e não absorvida aumentam. Dunk
(1995) [29] buscou avaliar se a folga modera a relação entre incerteza da tarefa e desempenho
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da subunidade. Os resultados sugerem que a folga possui um papel positivo na relação entre a
dificuldade da tarefa e desempenho da subunidade.
Além disso, o PB apresentou 1 estudo que analisou a folga nas duas perspectivas
(dependente e independente). Trata-se do estudo de Siallagan, Rohman e Januarti (2017), que
examinou empiricamente o comprometimento organizacional na relação entre participação
orçamentária e folga, a influência da participação na folga, e a folga no desempenho. Os
autores observram que a folga é negativamente influenciada pela participação.
Posteriormente, verificaram que a folga afeta negativamente o desempenho. O estudo falha na
tentativa de provar o efeito moderador das dimensões do comprometimento organizacional na
relação entre participação orçamentária e folga.
Por fim, verificou-se que o PB apresentou uma única revisão relacionada ao tema. O
estudo de Daumoser, Hirsch e Sohn (2018) [35], buscou apresentar uma revisão de literatura
sobre folga na perspectiva da moralidade e do controle. Para atender o objetivo do estudo,
realizaram a busca dos estudos sobre o tema nos principais periódicos contábeis e de ética nos
negócios.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A folga orçamentária tem sido um tema constantemente debatido no campo da
contabilidade gerencial, contudo a natureza heterogênea das pesquisas realizadas confunde a
compreensão dos pesquisadores sobre o tema (Daumoser, Hirsch & Sohn, 2018). Diversas
pesquisas produziram resultados distintos acerca das condições sob as quais pode ocorrer a
folga (WEBB, 2002). Em vista disso, este estudo objetivou verificar as características das
pesquisas científicas que abordaram um fragmento da literatura referente à temática folga no
contexto internacional.
As análises de variáveis básicas permitiu verificar que o autor Alan Dunk, foi o autor
que mais produziu estudos sobre a temática. Pesquisadores dos EUA foram os autores mais
prolíficos sobre a temática, seguido por pesquisadores da Indonésia e Austrália. Houve apenas
3 estudos realizados em parcerias internacionais, sendo 2 entre Austrália e Nova Zelândia, e 1
entre EUA e Holanda. O ano de 2017 foi o ano mais produtivo para o tema, com 6 estudos
publicados. O periódico “Accounting, Organizations and Society” publicou 8 estudos sobre o
tema, sendo o principal periódico em número de publicações do PB. Verifica-se que a
temática tem sido pouco explorada por parcerias de pesquisas internacionais, no entanto,
percebe-se que a folga orçamentária está novamente emergindo nas discussões orçamentárias,
sendo uma temática analisada por pesquisadores de diferentes países.
Por meio da análise de variáveis avançadas, foi possível identificar que a folga
enquanto variável independente, possui um número significamente menor de variáveis
analisadas quando comparada a folga enquanto variável dependente. Em vista disso, pode-se
inferir que os pesquisadores estão interessados em entender os aspectos que levam as
organizações a criar folga, e não nos possíveis efeitos da folga nas organizações. Em vista da
baixa diversificação de construtos que analisaram a folga enquanto variável independente, é
possível inferir que há uma lacuna de pesquisa com variáveis ainda passíveis de serem
exploradas.
Como limitação de pesquisa, pode-se citar a seleção restrita de estudos publicados em
língua inglesa. Além disso, as interpretações e conclusões dos autores do presente trabalho
podem não refletir os achados dos estudos constantes no PB. Como sugestão para futuras
pesquisas, verifica-se a possibilidade de realizar a busca de artigos em outras bases de dados
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internacionais, bem como, ampliar a busca para bases de dados nacionais com o objetivo de
analisar as discussões sobre a temática folga no contexto brasileiro.
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