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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES
LOCAIS EM UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA
SERRA EM IPORANGA-SP
HELIONORA DA SILVA ALVES
C U I A B Á – MT
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES
LOCAIS EM UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA
SERRA EM IPORANGA-SP
HELIONORA DA SILVA ALVES
Engenheira Agrônoma
Orientadora: Profª. Dra. MARIA CRISTINA DE FIGUEIREDO E ALBUQUERQUE
Co-orientador:
Prof. Dr. RODRIGO ALEIXO BRITO DE AZEVEDO
Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Doutora em Agricultura Tropical.
C U I A B Á - MT
2010
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte
Catalogação na fonte: Maurício S. de Oliveira - Bibliotecário CRB/1 1860
A474c Alves, Helionora da Silva.
Caracterização do manejo de roças e sementes locais em unidades de
produtivas do bairro da serra em Iporanga- SP, 2010.
280 f ; il : 30 cm (Incluem gráficos e tabelas.)
Orientadora: Maria Cristina de Figueiredo Albuquerque
Co-orientador: Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo
Tese (doutorado). Universidade Federal de Mato Grosso. Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária. Programa de Pós-Graduação em
Agricultura Tropical, 2010.
Bibliografia: 256-280
1. Etnovariedades. 2. Sistema de manejo. 3. Etnoconhecimento. 4.
Unidade de conservação. I. Título.
CDU 631.95(815.6)
CDU 004.773
AGRADECIMENTOS
Ao supremo Deus, criador do Universo, e ao meu mestre Messias
Meishu-Sama, por toda proteção e permissão concedida de trilhar mais uma
etapa do meu caminho profissional.
À minha amada mãe Honorata, pelo carinho, amor, companheirismo,
amizade, dedicação e compreensão de sempre e, principalmente, pela parceria
nos trabalhos de campo e na ajuda na elaboração teórica da tese.
À minha prima Neuma e seu esposo Edvaldo, minhas madrinhas
Celestina e Telita, meu padrinho Marcos e tios Sellos e Sérgio, por todo apoio e
carinho no período em que estive residindo no interior de São Paulo para a
elaboração desta tese.
Aos ministros Carla, Daniel, Welton, Miguel, Sílvio e Gustavo, pela
amizade de sempre e apoio religioso prestado nos momentos bons e difíceis ao
longo de mais essa etapa da minha vida.
À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em particular ao
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, pela oportunidade de
realização do doutorado.
Aos Professores Doutores Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo e Maria
Cristina de Figueiredo e Albuquerque, pelas maravilhosas orientações,
paciência e amizade.
Ao professor Dr. Lin Chau Ming, pela indicação do local para realizar a
pesquisa e pelo apoio e amizade durante o período em que residi em Botucatu
e no Bairro da Serra-SP.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), por fornecer auxílio financeiro através da bolsa de formação e meia
bolsa de Cooperação Acadêmica devido ao Programa Nacional de Cooperação
Acadêmica (Procad) entre os Programas de Pós-Graduação em Agricultura
Tropical da UFMT – Cuiabá/MT e Pós-Graduação em Horticultura da
Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Botucatu/SP.
Às famílias de agricultores do Bairro da Serra, pela calorosa recepção e
acolhida durante o trabalho de campo e pela contribuição e paciência em
participar da pesquisa através das informações prestadas.
À Coordenação e a todos os professores do Programa de Pós-
Graduação em Agricultura Tropical, em especial às secretárias Maria e Denise,
pelo auxílio empregado durante todo o curso.
Ao grupo de pesquisa da Unesp coordenado pelo Prof. Lin, pela ajuda
nos trabalhos a campo e troca de ideias em relação aos trabalhos
desenvolvidos na região do Vale do Ribeira e as proveitosas trocas de
experiências, longas conversas, e pelos momentos de descontração a campo.
A todos os colegas de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da UFMT
e da Pós-Graduação em Horticultura da Unesp, pela amizade e pelas
conversas calorosas e boas risadas.
E a todos meus familiares e amigos que fazem parte da minha vida,
sempre participando informalmente com apoio e força para concretização do
doutorado.
“Observemos a Natureza. Ela procura renovar-se e progredir
constantemente sem um minuto de interrupção”.
(Mokiti Okada)
CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES LOCAIS EM
UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA SERRA, EM IPORANGA-SP
RESUMO: Transformações vêm ocorrendo com as práticas agrícolas
desenvolvidas por agricultores camponeses acarretando adaptações no modo
de vida e trabalho desses que possuem estreita relação com o „ambiente
natural‟. Um dos fatores se caracteriza pela concepção de áreas protegidas.
Essa característica é facilmente observada em algumas comunidades do Vale
do Ribeira, as quais historicamente possuem grande interação com os recursos
florestais provenientes da Mata Atlântica. Considerando esses aspectos, o
presente estudo foi desenvolvido com agricultores camponeses do Bairro da
Serra, município de Iporanga, inserido no Vale do Ribeira-SP, com objetivo de
conhecer os princípios gerais da agricultura desenvolvida por esses
agricultores para compreender as transformações tecnológicas que ocorreram
na agricultura local devido ao estabelecimento do Parque Estadual do Alto do
Ribeira. Por meio de entrevistas semiestruturadas e abertas, diferentes
métodos de análise possibilitaram a constatação de que os agricultores têm
profundo conhecimento do ambiente em que vivem, das espécies de plantas
que utilizam no seu dia a dia, sendo assim, ainda existem elementos que os
caracterizam no sistema de campesinato. Mesmo que não possam mais
desenvolver a prática da derrubada e queima como antigamente, ainda
mantêm uma relação intrínseca com o ambiente, o que possibilita testar
alternativas de manejo que permitem continuar seu modo de vida camponês.
Existe um circuito interno de conservação in situ das etnovariedades de
amendoim, arroz, feijão e milho. Os agricultores mantêm a qualidade das
sementes de acordo com seus interesses de subsistência da família e
conservação do recurso genético. É paradoxal que os agricultores camponeses
sejam colocados como antagônicos às necessidades de proteção dos recursos
naturais em áreas de conservação, pois é esse tipo de agricultor que tem
promovido há várias gerações o manejo sustentável de áreas naturais, sendo
os verdadeiros responsáveis até o presente pela conservação dessas áreas.
Palavras-chave: etnovariedades, sistema de manejo, etnoconhecimento,
unidade de conservação.
MANAGEMENT CHARACTERIZATION OF AGRICULTURAL CROPS AND
LOCAL SEEDS IN PRODUCTIVE UNITS IN SERRA, MUNICIPALITY OF
IPORANGA – SÃO PAULO STATE - BRAZIL
ABSTRACT: Many changes are occurring with agricultural practices developed
by peasant farmers, having close relationship with the “natural environment”,
which lead to adjustments in the their life style and work. One of the factors is
characterized by the idea about the protected areas. This feature is easily
observed in some communities from Vale do Ribeira, which historically have
great interaction with the forest resources from Mata Atlântica (Atlantic Forest).
Considering these aspects, the present study was carried out with peasant
farmers from Serra, Iporanga, inserted in Vale do Ribeira, São Paulo. It aimed
to know the general principles of the developed agriculture by these farmers, to
understand the technological changes, which have occurred in local agriculture
due to the establishment of the Parque Estadual do Alto do Ribeira. Through
semi-structured and open interviews, some different analysis methods made
possible the finding that farmers have a deep understanding of their
environment, of the plant used species in their day-to-day. So there are some
elements that characterize the peasantry system. Even that they can no longer
develop the forest clearance practice and burn as before, they still maintains a
close relationship with the environment, which enables test management
alternatives that allow continuing their peasant life style. There is an internal
circuit in situ conservation of etnovarities peanuts rice, beans and corn. The
farmers maintain the seeds quality, according to their interests of the family's
subsistence and genetic resource conservation. It is a paradox that peasant
farmers are considered as antagonistic to the needs of the natural resource
protection in conservation areas. They are the people who have championed
the sustainable management of the natural areas by several generations and
those truly responsible until the present by their conservation.
Keywords: etnovarities, management system, ethnic knowledge, conservation
unit.
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO................................................................................................12
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................18
2.1 O campesinato nas regiões tropicais...........................................................18
2.1.1 Os sistemas agrícolas tropicais baseados na agricultura de corte e
queima...............................................................................................................26
2.1.2 Abrangência da agricultura de corte e queima ......................................35
2.1.3 Histórico sobre agricultura de corte e queima..........................................36
2.1.4 Sistema de conhecimento de agricultores................................................37
2.1.5 Populações humanas e áreas naturais protegidas...................................41
2.1.6 Etnociência...............................................................................................55
2.2. Transformações históricas no Vale do Ribeira: trajetórias tecnológicas da
agricultura tradicional do Bairro da Serra – Iporanga/SP..................................62
2.2.1 Vale do Ribeira no estado de São Paulo..................................................66
2.2.1.1 Aspectos históricos de ocupação..........................................................68
2.2.1.2 Aspectos socioeconômicos....................................................................75
2.2.2 Município de Iporanga..............................................................................79
2.2.2.1 Aspectos históricos................................................................................82
2.2.3 Bairro da Serra..........................................................................................91
2.2.3.1 Aspectos históricos................................................................................93
2.3 Linha do tempo............................................................................................99
3 METODOLOGIA...........................................................................................111
3.1 Local e Período do Estudo.........................................................................111
3.2 Métodos.....................................................................................................111
3.2.1 Coleta de dados......................................................................................113
3.2.1.1 Primeira etapa de coleta de dados......................................................113
3.2.1.2 Segunda etapa de coleta de dados.....................................................116
3.3 Sistematização e Análise dos Dados.........................................................117
3.3.1 Dados obtidos na primeira etapa da coleta de dados.............................117
3.3.2 Dados obtidos na segunda etapa da coleta de dados............................120
2.3.3 Teste de germinação, teor de água e massa de mil sementes..............123
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................124
4.1 Descrição das UPs....................................................................................124
4.1.1 Identificação e histórico das UPs............................................................124
4.1.1.1 Histórico dos produtores e da UP........................................................126
4.1.2 Escolaridade...........................................................................................138
4.1.3 Atividades comunitárias..........................................................................141
4.1.4 Comunicação e locomoção.....................................................................142
4.1.5 Saúde......................................................................................................142
4.1.6 Práticas de ajuda mútua.........................................................................143
4.1.7 Disponibilidade de mão de obra na UP..................................................144
4.1.8 Componentes que entram e saem da UP e fontes de renda..................150
4.1.9 Unidades territoriais de manejo..............................................................163
4.1.9.1 Quintal e terreiro..................................................................................167
4.1.9.2 Horta....................................................................................................173
4.1.9.3 Criação animal.....................................................................................175
4.1.9.4 Pastagem.............................................................................................179
4.1.9.5 Sistemas extrativistas..........................................................................179
4.1.9.6 Roças...................................................................................................184
4.2 Descrição e Manejo de Etnovariedades em Roças do Bairro da Serra.....197
4.2.1 Etnovariedades citadas pelos agricultores e origem das sementes.......198
4.2.2 Semeadura do amendoim, arroz, feijão e milho nas roças.....................208
4.2.3 Colheita e armazenamento.....................................................................223
4.2.4 Critérios de classificação das etnovariedades........................................229
4.2.5 Utilização das etnovariedades na UP.....................................................244
4.2.6 Teor de água, porcentagem de germinação e massa de 1000
sementes.........................................................................................................244
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................251
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................256
7 APÊNDICE...................................................................................................281
1 INTRODUÇÃO
Os sistemas agrícolas tradicionais representam uma das principais
fontes de subsistência para populações rurais pobres que habitam as florestas
tropicais no mundo, onde a mão de obra familiar constitui elemento chave para
manutenção desses sistemas de produção que recebem influências sociais e
dinâmicas das unidades produtivas1 que os compõem (ALI, 2005; PEDROSO-
JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Atualmente, transformações vêm ocorrendo com as práticas agrícolas de
subsistência dessas populações pela sua gradativa inclusão na economia
mercantilista, pela expansão das fronteiras urbanas em direção às fronteiras
agrícolas, pelo aumento da densidade populacional e pela limitação do uso de
recursos naturais imposta pela legislação de proteção e conservação do meio
ambiente, entre outros fatores (CARDOSO et al., 2001; BRAY et al., 2003;
MCSWEENEY, 2005; PEDROSO-JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al.,
2008).
Tais mudanças acarretam adaptações no modo de vida e trabalho
dessas populações que possuem estreita relação com o „ambiente natural‟, o
que leva a alterações nas práticas e técnicas de cultivo e consequentes
transformações na paisagem natural que eles estão habituados a manejar para
sua subsistência. As transformações na paisagem podem ocorrer, por exemplo,
por meio da diminuição dos ciclos de cultivo, da diminuição da área de roça,
1 No âmbito dessa tese, Unidades Produtivas (UPs) são núcleos produtivos onde os agricultores desenvolvem seus sistemas de produções, independentemente de a área estar situada ou não no local em que reside, ou seja, categoria socioespacial em que as relações familiares e produtivas se articulam no espaço utilizado para subsistência da família, e podem
ser compostas por mais de uma unidade familiar (AZEVEDO, 2001).
13
e/ou introdução de cultivares perenes com objetivo de comercialização (BRAY
et al., 2003; METZGER, 2003; MCSWEENEY, 2005).
Os aspectos das interações sociais e econômicas das comunidades
rurais da região tropical e o ecossistema em que estão inseridas levaram à
pressuposta necessidade de preservação do meio natural e à manutenção (ou
melhoria) da qualidade de vida do ser humano. Esse contexto se intensificou
especialmente a partir da década de 60, quando o interesse social e político em
torno dos problemas relacionados ao meio ambiente foi consolidado
mundialmente (BANERJEE, 2003).
Por outro lado, a grande diminuição da biodiversidade se deve à
exploração intensificada dos recursos naturais, a novas tecnologias agrícolas,
ao aumento populacional, a mudanças nas maneiras de desenvolver a
produção, que são elementos prováveis no colapso dos sistemas político e
socioeconômico vigentes. O desenvolvimento dessas questões ocasionou uma
ampliação de pesquisas na área de conservação ambiental e expansão da
proteção de ambientes naturais pela implantação de Unidades de Conservação
(HANAZAKI, 2001; CARVALHO, 2006). Entretanto, muitas áreas destinadas à
preservação parcial ou total já possuíam, em seus domínios, diversos grupos
humanos que dependiam do ambiente natural para sua subsistência.
Considerando esses pressupostos em relação às populações
campesinas e ao ambiente em que habitam, vários estudos foram
desenvolvidos buscando compreender as relações de produção, as práticas
culturais, a organização e a dinâmica social envolvidas nos sistemas de
subsistência camponês. Os campesinos fazem parte de um setor social
composto por agricultores com efetivo controle da terra, mas que consideram a
atividade agrícola um meio de vida e não um negócio visando a lucros
(QUEIROZ, 1973; CANCIAN, 1989; MARTINS, 1995; WANDERLEY, 1996;
OLIVEIRA, 2001).
São populações pobres tanto em sentido absoluto como em relação a
muitos não-campesinos, sendo também subjugados política e economicamente
(QUEIROZ, 1973; CANCIAN, 1989), diferenciando-se das minorias étnicas
urbanas, pois são rurais e usualmente produzem grande parte de sua
alimentação (CANCIAN, 1989).
14
Nas regiões tropicais, o sistema agrícola camponês é baseado na
itinerância das áreas destinadas ao cultivo (roças), sendo esse o elemento
chave dos sistemas produtivos das populações rurais mais antigas e o fator
mais importante em relação às alterações na dinâmica da paisagem florestal
habitada por seres humanos (METZGER, 2003).
Por essa razão, o enfoque dos estudos acadêmicos que envolvem
sistemas agrícolas tradicionais trata principalmente da dinâmica das roças
(CONKLIN, 1961; SOEWARWOTO et al., 1985; BOSERUP, 1987; ALTIERI et
al., 1987; ALTIERE, 1999; BEGOSSI et al., 2000; HAZANAKI, 2001;
METZGER, 2003; ALBUQUERQUE et al., 2005; BARRERA-BASSOLS e
TOLEDO, 2005; PEDROSO-JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
O sistema agrícola itinerante praticado pelos campesinos e indígenas
em regiões tropicais normalmente envolve o corte e a queima da vegetação na
estação de seca e a utilização das cinzas produzidas como nutrientes para o
desenvolvimento da plantação no início da estação da chuva. O declínio da
fertilidade do solo e o aumento do surgimento de ervas daninhas levam os
agricultores a abandonar a área utilizada para o plantio após poucos anos de
uso. Outros tipos de vegetação dominam, então, essa paisagem, sendo que a
mesma eventualmente se regenera em floresta secundária antes que o ciclo se
repita (CONKLIN, 1961; BOSERUP, 1987; METZGER, 2003; PEDROSO-
JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
O período de pousio (ou descanso) pode variar de cinco a 30 anos, e é
comum que esse sistema agrícola seja denominado de agricultura de corte e
queima (ou coivara), sendo uma prática desenvolvida em diversas regiões
tropicais do mundo desde o período neolítico (KLEINMAN et al., 1995; DEAN,
1996; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Esse sistema de produção vem sofrendo profundas transformações
decorrentes das diversas estratégias que os agricultores camponeses estão
desenvolvendo em busca de se adaptar às mudanças ecológicas e político-
econômicas que ocorreram ao longo dos anos.
A região do Vale do Ribeira, localizada na porção sul do estado de São
Paulo, se insere nesse cenário, no qual agricultores camponeses que sempre
tiveram sua produção agrícola voltada ao baixo impacto, com longos períodos
15
de pousio e alta diversidade de espécies intra e interespecífica, baseada em
técnicas agrícolas tradicionais, atualmente se vêm obrigados a adaptar suas
estratégias de produção e modo de vida à legislação ambiental vigente no país
e às demandas impostas pelo mercado. Denotam tendência a adotar formas
intensivas de cultivo, dependentes de insumos externos (com baixo período de
pousio e baixa diversidade de cultivos), da adoção de cultivares mais
produtivas e com aceitação no mercado em detrimento de espécies e
etnovariedades2. Alguns habitantes estão simplesmente abandonando as
atividades agrícolas em busca de outras alternativas de trabalho relacionadas
ao turismo, e ainda há pessoas migrando para centros urbanos próximos, até
mesmo cidades maiores onde possuem parentes e migrantes já estabelecidos
(ALI, 2005; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Porém, ainda existem agricultores camponeses que prevalecem na
tradição de cultivo das roças, mesmo tendo que adaptar seus conhecimentos
às novas realidades impostas. Eles se esforçam em manter as técnicas de
produção que vêm desenvolvendo ao longo dos anos, gerando certa tendência
à reorganização nos modelos do referido sistema agrícola. A estrutura e
organização familiar voltada ao trabalho agrícola camponês são
significativamente sensíveis às mudanças e pressões externas discutidas
anteriormente, de maneira que uma rede de relações, a diversidade de
espécies vegetais e animais e a estrutura das unidades produtivas atuam como
indicadores de parte importante das alterações que os sistemas produtivos dos
camponeses vêm sofrendo (CERDA e MUKUL, 2008).
A concepção de áreas protegidas foi construída sobre a dissociação do
homem com a natureza, assumindo que as populações humanas são
destruidoras do ambiente natural (BRITO, 2000). Esse modelo impede a
existência de populações humanas residentes dentro de áreas de proteção
ambiental. Essa abordagem, entretanto, entra em conflito com a realidade dos
países tropicais, os quais têm a maioria de suas unidades de conservação
habitadas por índios e outros grupos de agricultores camponeses.
2 Considera-se „etnovariedades‟ as plantas reconhecidas pelos agricultores e nomeadas pela
população local, possuindo uso característico entre as famílias. As etnovariedades distinguem-se não apenas pela denominação que lhes é atribuída, mas também por sua função e aspecto morfológico que apresentam (ALI, 2005).
16
Tem-se então a questão: unidades de conservação causam
transformações na agricultura desenvolvida por agricultores camponeses?
Considerando esse questionamento, torna-se necessário compreender
os princípios gerais da agricultura desenvolvida por eles a partir do
conhecimento da lógica desses sistemas de conhecimentos locais,
estabelecendo uma relação existente entre esses agricultores e as unidades de
conservação.
Nesta relação, qualquer atividade que busque o estabelecimento de
sistemas agrícolas ambientalmente adequados só produz resultados positivos
se houver a construção de um novo senso comum dos agricultores, fruto da
junção dos sistemas de conhecimento locais com o conhecimento científico.
A carência de pesquisas sobre mudanças pelas quais as comunidades
camponesas estão passando e gerando na região a que pertencem, é
fortalecida com as divergências nas discussões sobre a presença ou não de
agricultores tradicionais no interior de áreas protegidas. E ao mesmo tempo em
que inúmeros cientistas constroem seus conhecimentos acerca da rica
biodiversidade brasileira, outros conhecedores da fauna e flora possuem o
“saber local” sobre os recursos naturais. O “saber local” é apontado como
adaptativo e responde às mudanças de forma contínua (BERKES e FOLKE,
1998).
Essa característica é facilmente observada em algumas comunidades do
Vale do Ribeira, as quais historicamente possuem grande interação com os
recursos florestais provenientes da Mata Atlântica. Em meio a diferentes ciclos
econômicos, influências do turismo e das leis ambientais, muitas comunidades
têm encontrado diferentes formas de se adaptar, através de alterações nas
formas de manejo e uso da terra (ADAMS, 2000).
Considerando o contexto acima, este trabalho foi desenvolvido com
agricultores camponeses do Bairro da Serra, município de Iporanga, inserido
no Vale do Ribeira-SP, partindo da premissa de estarem inseridos na Unidade
de Conservação Parque Estadual do Alto do Ribeira (Petar), primeiro local
decretado como Área de Preservação Ambiental no Vale do Ribeira. Esses
agricultores foram os mais afetados com a instalação do parque e, atualmente,
o turismo nessa localidade se tornou fundamental na sustentação do município.
17
Esta pesquisa se caracteriza por seu caráter exploratório e descritivo,
com objetivo de conhecer os princípios gerais da agricultura desenvolvida por
esses agricultores, para compreender as transformações tecnológicas que
ocorreram na agricultura local, devido ao estabelecimento do Petar. Pela
compreensão de algumas questões pertinentes aos temas anteriormente
abordados, vamos procurar:
Compreender a relação entre agricultores tradicionais e unidades de
conservação, verificando na literatura aspectos sobre agricultura de
campesinato, considerando o sistema de corte e queima, em busca de
visualizar as diferentes maneiras com que o tema é abordado.
Descrever as transformações históricas no Vale do Ribeira, tendo como
foco as trajetórias tecnológicas da agricultura de campesinato praticada no
Bairro da Serra – Iporanga/SP, revisando os aspectos das mudanças que
ocorreram ao longo dos anos nesse bairro rural, em busca de construir uma
linha de tempo por meio das informações secundárias, considerando os fatos
marcantes ao longo da história da região.
Descrever e caracterizar as Unidades Produtivas do Bairro da Serra –
Iporanga/SP.
Caracterizar o manejo de sementes (variedades locais) cultivadas em
roças do Bairro da Serra – Iporanga/SP, com objetivo de identificar a trajetória
tecnológica das variedades locais presentes no Bairro da Serra, identificando e
classificando a diversidade de sementes cultivadas nas roças desses
agricultores e compreender o circuito local dessas sementes.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Sob uma perspectiva histórica, a relação entre o homem e o ambiente
natural é relatada desde o início da civilização. A apropriação humana da
natureza por meio da utilização de diversos vegetais certamente ocorreu antes
mesmo de o processo ser relatado historicamente. Em princípio, esse contato
buscava suprir as necessidades básicas, como alimentação, obtenção de
materiais para construções de habitações, ferramentas e utensílios, por meio
da extração e coleta dos vegetais. Aos poucos, com a prática da agricultura e a
descoberta de possíveis utilizações medicinais de algumas espécies de
plantas, esse relacionamento foi ampliado (RIBEIRO, 1995; DIAMOND, 2003).
Sob essa perspectiva, os aspectos teóricos que permeiam este trabalho,
parte dos aspectos de descrição da agricultura de campesinato, consideram o
sistema de itinerância e corte e queima em busca de visualizar as diferentes
maneiras com que o tema é abordado; em seguida, é feita a descrição das
transformações históricas no Vale do Ribeira, tendo como foco as trajetórias
tecnológicas da agricultura de campesinato praticada no Bairro da Serra –
Iporanga/SP, para que seja possível compreender a relação entre agricultores
camponeses e unidades de conservação.
2.1. O campesinato nas regiões tropicais
As populações humanas que habitam as florestas tropicais estão no
centro das discussões proporcionadas pelos estudos sobre sociedade (cultura)
e ambiente natural (físico). Geralmente essas sociedades, sejam elas
indígenas, campesinas, entre outras, compõem um cenário representado, de
um lado por uma paisagem natural altamente fragmentada e de outro pelas
19
comunidades pobres rurais que dependem criticamente desse mesmo
ambiente natural para sua subsistência. Essa perspectiva impulsionou um
debate no cenário acadêmico sobre a conceituação do campesinato e a
definição de uma provável identidade campesina, principalmente a partir da
década de 60 (QUEIROZ 1973; WOLF, 1976; CANCIAN, 1989, WOORTMANN
e WOORTMANN, 1997).
Dentre as principais linhas de pensamento provenientes do estudo sobre
o campesinato, tomou-se como foco a perspectiva europeia, de economicistas
europeus, que é fundamentada em uma ótica econômica baseada na unidade
familiar - um conjunto de produtores e consumidores cuja unidade de força de
trabalho e de consumo está centrada no casal e seus filhos e que pode ser
agregada a outros membros que vivem na unidade produtiva (WOLF, 1976).
A família produtiva, portanto, estaria ocupada em reproduzir seus
“fatores de produção”, como, por exemplo, a terra. Assim, o sistema econômico
criado nesse cenário seria essencialmente baseado nas relações de trabalho
do grupo doméstico. Em oposição ao trabalho assalariado, o trabalho familiar,
base da economia camponesa, bem como os demais elementos desse sistema
produtivo, estabeleceria leis com natureza distinta das que regulam a produção
capitalista. Porém, o pensamento economicista, mesmo com algumas
variações, não passou dos limites da unidade doméstica, e desenvolveu
estudos principalmente sobre o campesinato russo e francês, não explorando
as relações entre as famílias, e muito menos a relação da comunidade
campesina com a sociedade mais abrangente (WOLF, 1976; WOORTMANN e
WOORTMANN, 1997).
Considerando esse contexto, não é o objetivo deste trabalho discutir as
conceituações filosóficas sobre o campesinato, mas sim os aspectos que
possam caracterizá-lo por meio da identificação das práticas e técnicas que o
compõem. Portanto, a agricultura camponesa aqui focada relaciona-se ao grau
relativo de isolamento dos campesinos em relação aos outros setores sociais,
regionais ou sociais, ao longo do tempo, considerando nunca ter havido,
porém, um isolamento total (CANCIAN, 1989). Esses agricultores não se
inserem nos moldes da agricultura mercantilista, ou seja, baseada no uso
20
intensificado de recursos naturais e introdução de insumos externos aos
sistemas de produção (AZEVEDO, 2001).
Dessa maneira, o referido grupo de agricultores é de produtores
agrícolas com efetivo controle da terra, que consideram a atividade agrícola um
meio de vida (economia de subsistência), e não um negócio de lucro
(CANCIAN, 1989). Ou seja, possuem relativa autossuficiência, sendo esse um
dos componentes centrais da sua lógica de reprodução econômica e, de
maneira geral, possuem menor dependência dos produtos de mercado.
A família é um ponto central, pois é a unidade produtora e consumidora
do sistema no qual está inserida. E a terra não pode ser considerada apenas
um fator de produção, pois também possui vários valores simbólicos para
esses agricultores (WOORTMANN e WOORTMANN, 1997). Sob esses
aspectos, eles diferem das minorias étnicas urbanas, pois são rurais e
usualmente representam a porção significativa na produção de seus alimentos
(CANCIAN, 1989; WOORTMANN e WOORTMANN, 1997).
A caracterização de tipos de campesinatos ao redor do mundo e as
várias tentativas de definição desse segmento social são pontos essenciais
para desenvolvimento de estudos sobre o tema. Principalmente se for
considerado que essas populações, apesar de sempre terem estabelecido
alguma conexão com a economia regional, estão, nas décadas recentes, se
tornando gradativamente mais inseridas e dependentes do sistema econômico
dominante no mundo (CANCIAN, 1989). De acordo com Boserup (1987), esse
processo se iniciou como um efeito do crescimento populacional sobre os
sistemas agrícolas pré-industriais, em que a demografia ou a mudança na
densidade populacional seriam geradorres de mudanças nos métodos e na
tecnologia agrícola, ou seja, no conjunto de atividades necessárias em um
dado sistema agrícola.
Em linhas gerais, essas transformações que estão ocorrendo pelo
aumento da densidade populacional, aliada a uma impossibilidade na
expansão da área cultivada, podem levar uma dada sociedade a optar pelo
encurtamento do pousio para ter suas demandas por alimento atingidas. Dessa
maneira, aumenta-se a frequência de cultivo em uma dada área,
caracterizando o plantio sucessivo em uma mesma região, o que vem alterar
21
completamente o sistema usual, de modo que a fertilização do solo não é
suficientemente alcançada apenas com as cinzas provenientes da queima da
grande quantidade de biomassa disponível do corte de uma mata em período
avançado de regeneração, e esse encurtamento do pousio acarreta também
problemas na irrigação, além de facilitar a ocupação do solo por ervas
daninhas (QUEIROZ, 2006).
Todas essas alterações acabam por requerer um maior investimento no
que se refere a tempo de trabalho e capital, incluindo a implementação e/ou
mudança dos instrumentos agrícolas, por exemplo, a utilização de adubo
animal, de canais de irrigação e da enxada ou até arado. Sendo assim, ocorreu
a intensificação dos sistemas agrícolas pré-industriais não apenas no aspecto
tecnológico, mas também metodológico, para sociedades que passam por esse
processo (CÂNDIDO, 1977; BOSERUP, 1987; QUEIROZ, 2006).
Essa intensificação formou o cenário que permite, ou em outras
palavras, que seria o início do processo de urbanização de uma sociedade
campesina em transformação. A urbanização das fronteiras agrícolas é um
processo cada vez mais corrente no cenário nacional, e já foi descrito para
diversas comunidades de pequenos produtores na Amazônia. Os diferentes
grupos externos que atuam nas comunidades em transformação relacionam-se
de formas distintas com o capital, atribuindo a esse cenário de mudança um
caráter ainda mais dinâmico (BROWDER et al., 2004).
Portanto, dentro dessa perspectiva geral, alguns elementos específicos
podem ser elencados como fatores que interferem diretamente na mudança do
sistema produtivo dos campesinos: a urbanização, o avanço da pecuária e o
aumento da densidade populacional (BRAY et al., 2003; METZGER, 2003;
MCSWEENEY, 2005; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Outra questão importante a ser ponderada é o fato de o envolvimento
das comunidades campesinas nas relações de mercado ter atualmente uma
magnitude muito diferente daquela que predominava antes do advento das
sociedades industriais (WOLF, 1973). Cada vez mais agências do governo
controlam o que plantam e a maneira como comercializam a produção agrícola,
porque dependem do estado para conseguir sementes, fertilizantes e créditos
necessários para produção (CANCIAN, 1989). Apesar da ampliação do
22
envolvimento com o mercado, o lucro obtido com a venda é geralmente usado
para apenas comprar bens de serviços de que precisam para subsistir e manter
seu status social: raramente amplia-se a “escala de operações”3 (WOLF, 1976).
A complexa adaptação econômica da unidade familiar campesina frente
às mudanças anteriormente descritas, por sua vez, geralmente combina a
produção de subsistência com trabalho assalariado em cidades próximas ou
em fazendas com larga escala de produção (CANCIAN, 1989). A
transformação dos camponeses em uma classe de semiproletariados de
trabalhadores diaristas vem gerando mudanças no setor agrário, como o
gradativo abandono ou diminuição das áreas destinadas à agricultura de corte
e queima (coivara) e/ou intensificação, como o aumento da utilização ou da
produtividade da terra com diminuição dos ciclos de cultivo e introdução de
cultivares perenes.
Paralelamente a essas questões anteriormente apontadas, vivencia-se
atualmente um período de crescente preocupação com a preservação dos
ambientes naturais. Tornou-se, portanto, cada vez mais urgente que qualquer
sistema de exploração, seja “tradicional” ou não, responda ao paradoxo
constituído pela necessidade de preservação do meio natural, manutenção e
melhoria da qualidade de vida humana. De uma perspectiva ecológica, os
processos de intensificação agrícola e erosão dos sistemas tradicionais
resultariam na perda de diversidade de cultivares e das técnicas locais de usos
do solo, bem como dos demais elementos que constituem o repertório
etnobotânico dessas comunidades (ADAMS, 1994; PEDROSO-JÚNIOR et al.,
2008). Aliado a isso, a redução do período de descanso no sistema agrícola de
corte e queima ocasiona, ainda, uma paisagem mais homogênea, largamente
dominada por roças e capoeiras. Dessa forma, há o desaparecimento
crescente de formações maduras de vegetais, o que pode levar à extinção local
de espécies, redução do fluxo de sementes, por causa do desaparecimento
das fontes dos vetores, aumento da competição com sementes de ervas
3 Aumento do trabalho e capital por unidade de área, da produtividade da terra, do excedente
de produção para venda, seleção e cultivo de variedades com maior aceitação no mercado, utilização ampla de inovações técnicas e ferramentas agrícolas pós-industriais, diminuição dos ciclos de cultivo (WOLF, 1976).
23
daninhas e redução na velocidade do processo de regeneração (METZGER,
2003).
A gradativa simplificação e conversão de técnicas menos agressivas ao
meio natural em outras mais intensivas e impactantes tem como resultado a
simplificação e a geração de um ecossistema que requer constante intervenção
humana e altos investimentos externos (ALTIERI et al., 1987; METZGER,
2003; MCSWEENEY, 2005).
A diversificação das estratégias de subsistência desses agricultores, por
outro lado, também depende criticamente da preservação das práticas
agroecológicas e do capital social local. Esses elementos são resultados da co-
evolução de várias décadas entre o ecossistema florestal e a organização
socioeconômica local, e por isso são alternativas diversificadas e concretas a
mudanças e transformações de várias naturezas - social, econômica e
ambiental (ALTIERI et al., 1987) - que resultam em mudanças na forma de
atuação dos camponeses para classe de semiproletários de trabalhadores
diaristas.
Em áreas onde a produção agropecuária absorve de modo intenso
ciência, tecnologia e informação, a paisagem natural sofre mudanças drásticas,
o que é determinante para a ampliação da natureza social sobre a natural
(ELIAS, 1996).
A subordinação que leva a essa nova forma de classe de trabalhadores
semiproletários está ligada, além da legislação ambiental, também ao sistema
agroindustrial, caso da integração-subordinação à agroindústria: fornecer leite a
cooperativas, a pequenos e médios laticínios ou a empresas multinacionais,
como Nestlê é emblemática, no Estado de Minas Gerais; ou suínos e frangos
para empresas como Perdigão, Sadia etc. (ELIAS, 1996; CARVALHO, 2002).
Fatos semelhantes podem ser observados em vários locais no mundo e
se deve ao fato de a passagem da cidade em direção ao urbano ser marcada
pela entrada da indústria na cidade, processo longo na história ocidental, como
enfatiza Singer (1990). Na verdade, a urbanização tal como hoje a entendemos
se iniciou com a cidade industrial. Até o surgimento da indústria fabril e sua
concentração nas cidades e metrópoles europeias, o processo de urbanização
se restringia a algumas poucas cidades onde o poder e/ou o mercado se
24
concentravam. Poucas eram as aglomerações humanas que hoje poderiam ser
chamadas de cidades no período que antecedeu à revolução industrial. A
população vivendo em cidades não ultrapassava 20% em quase todos os
países (DAVIS, 1970), e a cidade significou condição fundamental para o
desenvolvimento da indústria, concentrando a população consumidora, os
trabalhadores e as condições gerais de produção para instalação das
empresas fabris, presentes (ou criadas) apenas em algumas cidades, como até
recentemente no Brasil.
A cidade industrial foi assim marcada pela entrada da produção no seio
do espaço do poder, trazendo com ela a classe trabalhadora, o proletariado. A
cidade passou a não mais apenas controlar e comercializar a produção do
campo, mas também a transformá-la e a ela agregar valor em formas e
quantidades jamais vistas anteriormente. O campo, até então
predominantemente isolado e autossuficiente, passou a depender da cidade
para sua própria produção, das ferramentas e implementos aos bens de
consumo de vários tipos, chegando hoje a depender da produção urbano-
industrial até para alimentos e bens de consumo básico. Para Lefèbvre (2004),
essa inflexão significa a subordinação total do campo à cidade.
Mas considerando a discussão dos campesinos nas unidades de
conservação, não podemos deixar de falar sobre o conceito de
sustentabilidade, como citado no relatório Nosso Futuro Comum: “O
desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p. 46).
Dessa maneira, a sustentabilidade propõe uma visão holística, dentro da
qual uma multiplicidade de estratégias, baseadas na diversidade temporal e
espacial dos sistemas produtivos, poderia originar uma relação harmônica
entre elementos sociais, econômicos, políticos e ambientais (STONE, 2003).
Na maioria das vezes, no entanto, a análise de sustentabilidade de um
sistema aborda apenas um desses elementos. A abrangência do termo
sustentabilidade e suas definições pouco claras tornam a aplicabilidade dessa
noção extremamente problemática. As generalizações na definição sobre
sustentabilidade contêm, sempre, limitações importantes, pois representam a
25
simplificação da realidade. Essas limitações referem-se, inicialmente, às
dificuldades conceituais e metodológicas de caracterização das necessidades
das pessoas, já que existe extrema complexidade das organizações sociais
(ROBINSON, 2003; STONE, 2003). Sendo assim, a sustentabilidade é um
resultado de condições especiais que devem ser identificadas caso a caso
(ROBINSON, 1993; MCSWEENEY, 2005).
As ideias sobre esse tema são tão diversas quanto as pessoas que as
utilizam, dificultando a estruturação de modelos de avaliação da
sustentabilidade da agricultura, o que exigiria maior clareza conceitual. Por
outro lado, a ideia de desenvolvimento sustentável constitui ainda a ideia-força
fundamental para a generalização de sistemas agrícolas mais adequados e
estáveis ao redor do globo (AZEVEDO,1996).
Por outro lado, a série de transformações que o campesinato, de
maneira geral, vem passando, não atinge diretamente apenas as esferas
econômica, ambiental e social, mas também a esfera política. Isso evidencia
ainda mais a relevância dessas questões para a sociedade humana de maneira
geral (MARTINS, 2005). Porém, a agricultura camponesa não é estática nem
necessariamente um sistema estável. Os agricultores podem adaptar suas
estratégias de cultivo em função de mudanças lineares e cíclicas, de âmbito
social, econômico e natural. Podem ser mudanças, por exemplo, na
composição e demandas da unidade produtiva, nos tipos de vegetação
disponíveis e mudanças climáticas (PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Por isso, esse sistema agrícola pode variar conforme a localização
geográfica, características topográficas, contexto cultural, disponibilidade de
terra, trabalho, capital econômico, padrão de assentamento, grau de interação
política e social com outros segmentos da sociedade, tipos de cultivos
disponíveis, tipos de interação e sucessão entre as espécies cultivadas,
dispersão agrícola, uso específico de técnicas e ferramentas (PEDROSO-
JÚNIOR et al., 2008). Por sua flexibilidade ecológica e cultural, acredita-se que
as comunidades que praticam os sistemas agrícolas camponeses possuem
maior capacidade de se adaptar a mudanças e distúrbios, tanto naturais quanto
sociais, e esses são uns dos fatores por se manterem até a atualidade
(HAZANAKI, 2001; BARRERA-BASSOLS e TOLEDO, 2005).
26
Os sistemas agrícolas camponeses têm como características centrais a
alta diversidade de espécies e variedades e a existência de subsistemas
agrícolas com funções distintas e interligadas dentro do todo (ALTIERI et al.,
1987; ALTIERI, 1989).
São formados por um mosaico heterogêneo, composto por áreas de
roça, áreas com cultivos de árvores e criação de animais, capoeiras, mata
virgem, jardins, quintais e terreiros. Cada mosaico representa um subsistema
do sistema inteiro, e cada um deles atende a inúmeras demandas da unidade
produtiva, como alimentos para os moradores e para as criações, material de
construção, lenha, uso medicinal e ornamental etc. A produção ocorre ao
longo de diversas estações do ano e minimiza o impacto ecológico por meio
desses subsistemas que formam micro-habitats (ALTIERI, 1989; CARDOSO et
al., 2001).
A alta diversidade desses sistemas agrícolas pode, também, ser
encarada como uma prevenção contra perdas totais de lavouras ou de
variedades, já que mantêm grande diversidade genética que permite a seleção
futura em resposta a mudanças ambientais potenciais, e isso diminui a
instabilidade do sistema agrícola e atribui uma alta resiliência das populações
humanas que praticam esse tipo de agricultura (PERONI e HANAZAKI, 2002;
PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008). Diante de todas as qualidades anteriormente
citadas, a agricultura camponesa, tomando como base as técnicas de corte e
queima e sistema de pousio, é vista como uma alternativa para a demanda
sempre crescente por comida e uma solução pragmática que associa
conhecimento científico e técnicas tradicionais para diversificar a produção
(ALBUQUERQUE et al., 2005).
2.1.1 Os sistemas agrícolas tropicais baseados na agricultura de corte e
queima
O sistema produtivo camponês é importante não apenas para o
entendimento da dinâmica ecológica em muitos remanescentes de floresta
tropical. As práticas, técnicas e conhecimentos associados a esse sistema vão
além da esfera econômica das comunidades locais, atingindo as esferas
sociais, culturais e de identidade das mesmas.
27
Os campesinos e indígenas que habitam ambientes tropicais encontram
algumas limitações biofísicas cruciais a serem sanadas para implantação de
um sistema produtivo bem sucedido, no sentido de proporcionar a subsistência
e manutenção dessas populações ao longo dos anos. Dentre eles estão: a
baixa fertilidade do solo, a ameaça de invasão do solo por ervas daninhas, os
danos causados nas lavouras por pragas e doenças, e animais vertebrados
que buscam alimentos nas roças, como veados, catetos, roedores e pássaros
em geral (CONKLIN, 1961; BOSERUP, 1987;. PEDROSO-JÚNIOR et al.,
2008).
Através de uma relação milenar e co-evolutiva, as sociedades humanas
que habitam os trópicos úmidos desenvolveram estratégias de uso e manejo do
solo que superaram satisfatoriamente essas limitações. O plantio extensivo
rotativo e a utilização da biomassa vegetal local como fonte energética,
diminuindo, dessa forma, a entrada externa de energia e nutrientes por unidade
de área, são duas das principais técnicas que permitiram a sobrevivência
dessas sociedades nesses ambientes florestados desde a pré-civilização até
os dias de hoje. Além das limitações ambientais, as famílias campesinas e
indígenas lidam ainda com restrições na disponibilidade de mão de obra
disponível para produção agrícola (CONKLIN, 1961; BOSERUP, 1987; DEAN,
1996; ADAMS, 2000; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
O sistema agrícola conhecido por agricultura de corte e queima ou
coivara reúne, tradicionalmente, esses elementos principais, sendo, portanto, a
base da subsistência de diversas populações pobres rurais em todo o mundo
(ALTIERI et al., 1987; BOSERUP, 1987; ADAMS, 2000; PEDROSO-JÚNIOR et
al., 2008).
Existem várias definições e denominações para esse tipo de agricultura.
Alguns autores a definem como um sistema agrícola contínuo que consiste em
aberturas de clareiras com corte da vegetação, a queima da vegetação, com a
intenção de limpar a área e aumentar a fertilidade do solo e, em seguida, é
implantado o ciclo de cultivo agrícola, que ocorre em poucos anos de uso da
área. A finalização ocorre pelo abandono da área, período de pousio para
descanso da terra, e então ocorre a migração para outra faixa de floresta.
Dessa forma, baseia-se no cultivo de terra em determinados ambientes por
28
períodos mais curtos de tempo do que o período em que será deixada em
pousio (CONKLIN, 1961; POSEY; 1984; KLEINMAN et al.; 1995; DEAN, 1996;
METZGER, 2003; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
McGrath (1987) definiu o sistema de cultivo de corte e queima como
uma estratégia de manejo de recursos em que os campos são rotados de
forma a explorar o capital energético e nutritivo do complexo natural solo-
vegetação da floresta, muitas vezes constituindo a única fonte de nutrientes
para as roças.
Para Fox (2000), a agricultura de corte e queima tem sido descrita como
floresta natural transformada em floresta de plantas colhíveis. Esse autor
sugeriu que vastas áreas consideradas florestas primárias ou virgens são
realmente florestas secundárias em terras anteriormente limpas para esse
sistema. Assim, pode-se dizer que agricultura de corte e queima é uma
adaptação altamente eficiente das condições em que o trabalho, e não a terra,
é o fator limitante mais significativo na produção agrícola. Este sistema
apresenta uma baixa produtividade em termos de investimentos externos por
hectare do total do espaço cultivado, incluindo as áreas em regeneração,
comparado com outros sistemas agrícolas (mercantilistas), mas possui alto
retorno em termos de trabalho (METZGER, 2003).
A eficiência desse tipo de agricultura está ligada a fatores como a
disponibilidade de terra para o pousio, o conhecimento do histórico do uso da
terra, suas condições físicas e as espécies indicadoras associadas aos
estágios de sucessão florestal, bem como o respeito ao calendário agrícola
(PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Tomando as diversas definições sobre a agricultura de corte e queima,
pode-se observar que elas priorizam algumas características distintas dessa
prática, como a periódica troca de área de cultivo (itinerância), a queima e o
pousio (MACGRATH, 1987; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).
Porém, o que realmente importa são os questionamentos como a ciência
ocidental trata a formação das florestas tropicais, já que na verdade elas são,
ou podem ter sido, altamente manejadas pelo homem (BALÉE e CAMPBELL,
1990; ADAMS, 1994; LINDBLADH e BRADSHAW, 1998; WILLIS et al., 2004;
PEDROSO- JÚNIOR et al, 2008). Assim, novos conceitos foram desenvolvidos,
29
como os de florestas culturais (BALÉE, 1994), florestas secundárias (BROWN
e LUGO, 1990) e florestas antropogênicas (PELUSO, 1996). Gómez-Pompa et
al. (1987) no México e Heckenberger et al. (2003) no Brasil argumentaram que
grandes áreas florestais, até então interpretadas como primárias, são, de fato,
florestas secundárias manejadas no passado por povos indígenas.
Grande parte dos solos de regiões tropicais geralmente não são muito
férteis ou possuem deficiências de determinados nutrientes, assim, agricultores
camponeses que vivem nessa região dependem da queima da biomassa
vegetal acumulada durante a regeneração florestal para aumentar a fertilidade
do solo e preparar a área para o cultivo mediante a incorporação de nutrientes
presentes nas cinzas. Esse processo pode, por exemplo, aumentar
enormemente a quantidade de potássio, cálcio e magnésio disponíveis nos
solos. Sendo assim, os agricultores que praticam esse tipo de agricultura
manejam a fertilidade do solo (REIJNTJES et al., 1992; ADAMS, 1994;
OLIVEIRA, 2008).
O restabelecimento das condições ideais do solo está ligado às entradas
de nutrientes e à ausência de graves processos de erosão e é influenciado pela
proximidade da origem das espécies nativas e banco de sementes presente
nos solos (OLIVEIRA, 2008). Além disso, a queima da biomassa é considerada
uma prática barata e fácil, com a vantagem de as cinzas reduzirem a acidez da
terra e fornecerem nutrientes para os plantios agrícolas (VARMA, 2003).
Outro fator importante é que a rotação de solos, ao invés das culturas,
impede a propagação de pragas, doenças e plantas invasoras, devido ao calor
do fogo (ADAMS, 2000). Como exemplo, os índios Kayapó estabeleceram, há
muitas gerações, estratégias de manejo que ajudam a controlar pragas, a
aumentar a diversidade de espécies úteis, aumentar a fertilidade do solo de
porções consideráveis de área territorial e manter o equilíbrio ambiental e da
agricultura, ao longo de anos de exploração (POSEY, 1984).
Existem variações no cultivo das espécies vegetais de acordo com o
local. Essas espécies são cultivadas diretamente sobre o solo coberto de
cinzas que, além de acarretar a riqueza de nutrientes no solo, também
contribuem na eliminação temporária da maioria das plantas invasoras e
pragas presentes no local. Em alguns lugares, os agricultores ainda aproveitam
30
os resíduos vegetais secos no solo, que acabam sendo utilizados como adubo,
com intuito de melhorar a fertilidade do solo e protegê-lo da erosão. Esses
agricultores ainda lançam mão de controles alternativos de pragas e plantas
invasoras, conduzidos de acordo com o conhecimento e a realidade de cada
região (FOX, 2000; CORNELL, 2007).
A velocidade de regeneração da Floresta Tropical da Mata Atlântica
também deve ser considerada porque depende de questões específicas que
variam de acordo com o contexto local. Os principais elementos de variação na
velocidade de regeneração são a intensidade da perturbação e alguns fatores
ambientais, como as condições edáficas, topográficas, levando-se em conta
principalmente a diferença entre terras baixas e altas nas florestas tropicais
úmidas e diferenças climáticas. Por haver essa diferença, torna-se difícil
mensurar o período exato em anos para que a floresta tropical de terra firme,
estabelecida em áreas de cultivo “abandonadas”, passe a apresentar valores
de biomassa semelhantes aos da floresta madura (BROWN e LUGO, 1990).
Segundo Saldarriaga e Uhl (1991), esse período varia entre 140 e 200
anos. Já para Brown e Lugo (1990), essa faixa estaria entre 60 e 80 anos. O
tempo de descanso (repouso ou pousio), por sua vez, não costuma ser
superior a 30 anos, podendo ser interrompido até passados apenas cinco anos
do abandono (BOSERUP, 1987; DEAN, 1996; PEDROSO-JÚNIOR et al.,
2008).
Dessa maneira, é comum que algumas variedades cultivadas
permaneçam na capoeira até o momento em que ela é novamente derrubada e
utilizada. Variedades agrícolas que permanecem na capoeira em regeneração
passam a compor sua diversidade vegetal, de maneira que capoeiras de
mesma idade provenientes de diferentes tipos de uso de solo, por exemplo
agricultura mecanizada com cultivares perenes, pastagem e agricultura de
coivara, possuem variados índices de diversidade em sua composição vegetal
(BROWN e LUGO, 1990; PEREIRA e VIEIRA, 1991; BEGOSSI et al., 2000;
HANAZAKI, 2001).
O período de pousio pode, ainda, ser um elemento central para
classificação dos sistemas de uso do solo nos trópicos. Boserup (1987), por
exemplo, classificou os sistemas de uso da terra pelas populações pobres
31
rurais que habitavam regiões de florestas na década de 60. Ele adotou o tempo
de pousio como principal fator na definição da classificação, em que o cultivo
de pousio longo ou florestal é aquele em que a plantação é cultivada por um
ano ou dois e é depois abandonada por um período longo suficiente para que
haja regeneração florestal, de 20 a 30 anos pelo menos.
O cultivo com pousio médio é aquele que alterna períodos de cultivo
variando de um a oito anos, e de pousio variando entre seis e dez anos. No
cultivo com pousio curto, o tempo de descanso da área cultivada é de um ou
dois anos apenas. No cultivo anual, o repouso duraria apenas alguns meses.
Por fim, os cultivos múltiplos são sistemas em que uma mesma área suportaria
duas ou mais lavouras ano após ano. A mata virgem é aquela que jamais foi
cultivada ou que está sem cultivo há um século ou mais (BOSERUP, 1987).
A tomada de decisão em relação ao tempo de pousio ocorre em
detrimento a diversos fatores como a disponibilidade de terra, pressão
demográfica (demanda pela produção agrícola) e a estrutura do mercado
(SALDARRIAGA e UHL, 1991).
Dessa maneira, o pousio é particularmente relevante nas regiões
tropicais úmidas, o que produz mudanças repentinas na utilização do solo,
como a melhoria da sua qualidade, controle de pragas e doenças, além de
influenciar diretamente nas condições sociais e econômicas dos agricultores
(FERGUSON et al., 2003).
Nos primeiros anos, o rendimento de produtos colhidos é normalmente
elevado, mas com o passar dos anos, utilizando a mesma área para o plantio,
a tendência é que esse rendimento caia em função do declínio da fertilidade do
solo (GLIESSMAN et. al. 1981; REIJNTJES et. al., 1992; RODER, 2001).
O balanço energético desse sistema é largamente favorável quando
comparado às técnicas que dependem dos produtos agrícolas industrializados
(ALTIERI et al., 1987; ADAMS, 2000), que normalmente são indisponíveis para
populações que praticam agricultura de corte e queima. Por isso, pode-se dizer
que esse sistema é totalmente dependente da manutenção da fertilidade dos
solos, daí a necessidade de alternar o período de cultivo com o período de
pousio (OLIVEIRA, 2008).
32
Considerando esses aspectos, Oliveira et al. (1995) explicaram que o
período de pousio não é um abandono das terras, e sim uma etapa adicional
que os agricultores desenvolviam para manejar a área e garantir a recuperação
de solos. A recuperação dos sistemas de reciclagem de nutrientes e da
vegetação são, portanto, parte integrante desse sistema agrícola (REIJNTJES
et al., 1992), muitas vezes caracterizado por uma progressão de época para
época, de plantios diferentes e que se distinguem em requisitos de nutrientes
do solo e susceptibilidade a ervas daninhas e pragas. Por exemplo, os
Hanunoos nas Filipinas plantam arroz e milho no primeiro ano e, após a
compensação, plantam raízes e tubérculos como batatas-doces, inhames e
mandioca e frutíferas (REIJNTJES et al., 1992).
O papel da matéria orgânica e da dinâmica de nutrientes na agricultura
de corte e queima tem sido estudado em regiões tropicais da África, América
do Sul e Ásia. Esses estudos focam as mudanças do status nutricional do solo
após o corte e a queima, porém, poucos relacionaram as dinâmicas do estoque
total de nutrientes na floresta primária com o de áreas de cultivo e estágios
sucessionais da capoeira subsequente (VAN REULER e JANSSEN, 1993;
FRIZANO et al., 2003; ZARIN et al., 2005; OLIVEIRA, 2008).
Frizano et al. (2003) e Johnson et al. (2001) concluíram que, na
Amazônia, os efeitos desse tipo de agricultura sobre os estoques de carbono,
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio não foram suficientes para
comprometer o crescimento da floresta secundária, apesar de a área estudada
ter sofrido vários ciclos de corte e queima com fins agrícolas.
Na Mata Atlântica, Oliveira (2008) verificou que os mecanismos de
captura de nutrientes são reconstituídos em um período relativamente rápido
(cinco anos) após o abandono das roças. Por outro lado, Zarin et al. (2005)
mostraram que queimadas sucessivas reduzem a taxa de crescimento da
floresta secundária na bacia amazônica, principalmente pela redução dos
estoques de nutrientes em ciclagem.
Alguns estudos mais detalhados ainda tentaram estimar o período de
tempo aproximado para a recuperação do solo depois de cultivado. Brown e
Lugo (1990) apontaram uma média de 40 a 50 anos para que o pool de matéria
orgânica do solo se recupere e se assemelhe ao encontrado em florestas
33
maduras adjacentes. Esse período relativamente longo de recuperação ocorre
por causa da alta produtividade da floresta em crescimento nos primeiros 20
anos após o pousio. Nesse período, a ciclagem dos nutrientes restringe-se à
biomassa viva, não alcançando efetivamente o solo. Dessa forma, esse só irá
se recuperar e acumular matéria orgânica após os 20 primeiros anos de
sucessão, quando a taxa de crescimento da capoeira diminui e os estoques de
nutrientes no solo são repostos com maior eficiência (JUO e MANU, 1996).
No entanto, o frágil equilíbrio da ciclagem de nutrientes do sistema
biomassa acima do solo fica comprometido após a queima precoce da
vegetação derrubada, pois os nutrientes que não forem absorvidos
rapidamente pela nova vegetação, serão lixiviados e irreversivelmente perdidos
(SÁNCHEZ et al., 2007).
Assim como no aspecto nutricional do solo, também foram realizadas
pesquisas quanto à dinâmica de florestas secundárias em relação à riqueza e à
similaridade de espécies nas florestas primárias (GUARIGUATA e OSTERTAG,
2001). Brearley et al. (2004) concluíram que 55 anos após o abandono de uma
roça foram suficientes para a recuperação da estrutura florestal original, mas
insuficiente para o retorno da maioria das espécies encontradas em florestas
primárias.
Diversos pesquisadores estudaram esse assunto, mas, devido às
diferenças ambientais, de intensidade e escala de cultivo, o período de
recuperação foi variável, mas apontaram que a sucessão vegetal ocorre nos
primeiros estágios e outros em estágios mais desenvolvidos (PEDROSO-
JUNIOR et al., 2008).
A forma de uso do solo influencia diretamente a composição de espécies
de florestas secundárias tropicais por muitas décadas, o que torna as previsões
sobre o processo de regeneração difícil (GUARIGUATA e OSTERTAG, 2001;
PEREIRA e VIEIRA, 2001). Em uma capoeira de 30 anos, a diversidade é
maior que na capoeira onde havia um cafezal, pois as poucas espécies que
foram usadas no cafezal para fornecer sombra acabam predominando
(PEDROSO-JUNIOR et al., 2008). Na Amazônia, as capoeiras em antigas
áreas de pasto são mais ricas que as encontradas em áreas que tiveram
agricultura mecanizada (PEREIRA e VIERA, 2001). Em relação à regeneração
34
florestal, o processo é mais rápido em áreas em pousio após o uso da
agricultura de corte e queima (FERGUSON et al., 2003).
Trabalhos sobre o papel funcional desse sistema agrícola demonstraram
que a interferência humana através das atividades agrícolas no processo de
regeneração da floresta acabou atuando como fonte de variabilidade,
mantendo, ou mesmo, promovendo a biodiversidade regional (ALTIERI, 1999;
GUPTA et. al., 2001). Tendo em vista essa biodiversidade, as áreas de
agricultura de corte e queima são importantes depositárias de espécies úteis e
servem de laboratório para estudar os processos de domesticação, dinâmica
evolutiva e sua relação com as características de manejo agrícola e formação
de variabilidade intraespecífica das espécies envolvidas (PERONI, 2004).
A diversidade de espécies e variedades de cultivares existentes nesse
sistema ocorre pela manutenção de processos evolutivos, incluindo interações
passadas e atuais entre agricultores e espécies cultivadas, conservação de
germoplasma e ambiental (BRUSH, 1995; ALTIERI, 1999; PERONI e
MARTINS, 2001; MARTINS, 2005). Variedades locais são usadas pelos
agricultores como um componente chave dos seus sistemas agrícolas,
funcionando como matéria-prima para o desenvolvimento das variedades
modernas, e, por isso, de grande importância para aqueles que as mantêm
(MARTINS, 2001).
Grande parte das variedades cultivadas, antigas ou tradicionais, está
relacionada a agricultores camponeses que plantam em ambientes com
características ambientais peculiares, como alta declividade, deficiência de
nutrientes no solo, alta ou baixa umidade etc. bem como limitado acesso a
variedades melhoradas por agentes externos à comunidade. Por isso, esses
agricultores são importantes agentes de criação e manutenção de variedades
de plantas cultivadas adaptadas a determinadas condições climáticas e
ambientais (CLEVELAND et al., 2000).
A diversidade existente em regiões onde existe a prática da agricultura
de corte e queima permite uma dieta mais diversificada às populações a ela
ligadas, além da estabilidade da produção, minimização de riscos, redução da
incidência de insetos e doenças, melhor uso da mão de obra familiar e melhoria
na produção e produtividade (ALTIERI, 1999).
35
2.1.2 Abrangência da agricultura de corte e queima
Agricultura de corte e queima é considerada um dos sistemas mais
antigos de uso do solo. Embora essa prática tenha desaparecido há muito
tempo em regiões temperadas, ainda é realizada por toda a região tropical do
planeta, estendendo-se até as florestas subtropicais (WARNER 1991;
CORNELL, 2007).
Em um estudo publicado por Lanly (1982), a agricultura de corte e
queima era responsável pela formação de cerca de dois terços do total de
florestas secundárias do mundo. Do total da área ocupada por florestas
secundárias originadas por abandono de cultivo, 47% estariam na América
Latina e o restante dividido entre África e Ásia.
Esse tipo de agricultura é considerada a principal responsável pela
subsistência de cerca de 250 a 500 milhões de pessoas no mundo, a maior
parte delas nos trópicos, que usam 240 milhões de hectares de florestas
densas e 170 milhões de hectares de florestas abertas, aproximadamente 21%
da área total coberta por floresta tropical no mundo (LANLY, 1982; ATTIWILL,
1994; BRADY, 1996; CORNELL, 2007). É praticada em grande parte na região
tropical úmida da Ásia, África e América do Sul (RAMAKRISHNAN, 2005) e
amplamente praticada por tribos na região mais alta no Norte Oriental da Índia
(RAMAKRISHNAN, 2005; KESAVAN e SWAMINATHON, 2006).
Na maioria dos países, a agricultura de corte e queima tem importância
apenas regional, mas para a República Democrática do Laos, localizada no
sudeste asiático, é de grande importância pois a utilização dessa prática
envolve mais de 150 mil famílias, ou seja, 25% da população rural, com isso,
essa prática ocupa até 80% dos solos utilizados para a agricultura. Esse fato
ocorreu devido à baixa densidade populacional, baixo rendimento e difícil
acesso às estradas no passado que fizeram da agricultura de corte e queima a
melhor opção de uso do solo para a população rural nas regiões montanhosas
desse país (RODER, 2001).
Esse sistema tradicional de cultivo da terra é amplamente utilizado por
diversas comunidades tradicionais no Brasil, como, por exemplo, caboclas,
camponeses, caiçaras e caipiras do sudeste do país que habitam
remanescentes da Mata Atlântica (ADAMS, 2000). Alguns autores estimaram
36
que na região amazônica, dependendo das atividades produtivas estabelecidas
nas áreas desmatadas, as florestas secundárias podem vir a se tornar o
ecossistema predominante. Só nessa região, o sistema tradicional de corte e
queima é responsável pela alimentação de cerca de 600 mil famílias de
pequenos produtores (HOMMA et al., 1998; PEREIRA e VIEIRA, 2001;
PEDROSO-JUNIOR et al., 2008).
2.1.3 Histórico sobre agricultura de corte e queima
Esse sistema de cultivo é essencialmente organizado tanto no espaço
quanto no tempo e vem sendo praticado há séculos, sendo, provavelmente, o
sistema de cultivo mais antigo do mundo (RAMAKRISHNAN, 2005).
Está intimamente ligada ao histórico de uso de florestas neotropicais e
tropicais, praticada desde o período Neolítico, quando as populações humanas
foram substituindo pouco a pouco os hábitos de caçadores-coletores por
atividades agropastoris (DEAN, 1996).
Antes do advento da agricultura, porém, o fogo de origem antropogênica
pode ter contribuído indiretamente para mudanças nos ecossistemas florestais
e no clima (SCHULE, 1992). Nas regiões temperadas, esse sistema de cultivo
era bastante difundido na antiguidade, mas o aumento populacional na Europa
e Ásia, principalmente a partir do século XVIII, conduziu à intensificação das
práticas agrícolas e ao abandono da prática de agricultura de corte e queima
(WORSTER, 2003; PEDROSO-JUNIOR et al., 2008).
Segundo Boserup (1987), em 1800, a área de abrangência com
agricultura de corte e queima estava restrita à Eurásia temperada e a
montanhas do Japão e da Coréia que continham espalhados remanescentes
florestais povoados. Na Suécia, entre os séculos IX e XVI, a prática desse
sistema foi incentivada pelo governo como forma de garantir a subsistência da
população mais pobre e servir como um meio econômico para converter áreas
florestadas em áreas habitáveis, que retornariam em forma de impostos para o
reino (HAMILTON, 1997; PEDROSO-JUNIOR et al., 2008).
Em relação às florestas tropicais, como as da Amazônia, por exemplo,
grande parte das espécies vegetais silvestres não é comestível ou possuem
difícil acesso para coleta, assim, a agricultura tradicional de corte e queima foi
37
uma estratégia adaptativa importante para a economia de subsistência ali
praticada (SPONSEL, 1986). Na Mata Atlântica, o manejo humano por
populações pré-colombianas também pode ser identificado por evidências de
atividades de povos caçadores-coletores na região, que datam de 11 mil anos.
Esses vestígios evidenciaram, inclusive, uma gradual passagem da coleta de
produtos vegetais para o seu plantio e cultivo por meio do desenvolvimento da
técnica de corte e queima da floresta (DEAN, 1996).
Quando se fala na agricultura de corte e queima na região amazônica,
alguns autores contestam a antiguidade desse sistema. Denevan (1991)
sugeriu que esse tipo de agricultura com longos períodos de pousio na
Amazônia foi uma prática introduzida após a chegada dos espanhóis, adotada
somente quando ferramentas de metal se tornaram disponíveis. Ele
argumentou que apenas com ferramentas de pedra seria difícil abrir clareiras
nas densas florestas amazônicas. Por isso, as roças seriam mais perenes e
teriam sofrido um processo de desintensificação, conforme se expandiam após
a colonização.
O mesmo parece ser verdade na América do Norte. A importância da
agricultura de corte e queima para a subsistência das populações pré-
cabralinas na Amazônia também vem sendo discutida sob a perspectiva dos
processos de formação da terra preta de índio (LIMA et al., 2002; GERMAN,
2003).
2.1.4 Sistema de conhecimento de agricultores
Os agricultores camponeses não estão inseridos aos moldes da
agricultura mercantilista, ou seja, agricultura baseada no uso intensivo de
recursos naturais e introdução de insumos externos aos sistemas de produção
(AZEVEDO, 2001).
Essa questão leva à necessidade de compreender a relação dos
agricultores com o ambiente, o que permite conhecer os recursos que os
agricultores utilizam. Com isso define-se sistema de conhecimento como um
corpo que evolui dinamicamente, renovando e aprimorando constantemente o
saber de determinados grupos sociais, que vivem em ambiente compartilhado,
para adaptação a condições de mudanças (TOLEDO, 1990; AZEVEDO, 2001).
38
Dessa forma, o conhecimento tradicional em relação à agricultura pode
ser definido como o conhecimento acumulado pelos agricultores, derivado da
interação das habilidades e tecnologias com o ambiente por estes agricultores,
aliado ao arsenal de culturas tradicionais, ou seja, padrões comportamentais
que auxiliam na percepção e interpretação dos modos de produção (DIEGUES,
1983; ALTIERI, 1991).
O sistema de conhecimento desses agricultores não tem embasamento
na ciência convencional, pois é adquirido durante sua experiência de vida, o
que permite conhecer bem a região de sua unidade produtiva, atendendo as
especificidades locais. Baseia-se em características que envolvem o grupo
social da região, e esse conhecimento é transmitido entre as gerações. Não é
estático, vai acumulando experiências ao longo dos anos, e pode, em certos
momentos, retomar técnicas desenvolvidas no passado, e ao mesmo tempo
introduzir inovações tecnológicas. A transmissão desses conhecimentos ocorre
de acordo com o tipo de controle que dispõe sobre os recursos, através do
próprio trabalho, pois é um saber-fazer, e envolve a transmissão de técnicas e
valores, assim vão sendo acumulados e transmitidos historicamente (TOLEDO,
1992; ROLLING e JIGGINS, 1993; RIVERA, 1995; WOORTMANN e
WOORTMANN, 1997; DIEGUES e ARRUDA, 2001).
Esse conhecimento é manifestado por meio de impressões, taxonomias
e normas práticas, que se relacionam com a ideologia agrícola de
representação da percepção de cada indivíduo que pode perceber as
diferenças existentes dentro da comunidade. Dessa maneira, a ideologia
agrícola está voltada para compreensão de como a agricultura é operada,
sendo possível definir as diferenças entre o conhecimento dos agricultores, que
é baseado apenas na experiência do grupo social, e o conhecimento
agronômico, que é produzido pela pesquisa científica com estudos dos
processos naturais que rodeiam os agricultores (TOLEDO, 1990; AZEVEDO,
1999).
O conhecimento agronômico restringe-se aos processos da natureza e
exige pesquisas para adquirir o saber, através de investigações sobre assuntos
específicos e experimentos sistemáticos e não acompanha as necessidades
dos agricultores tradicionais, por não tratar das questões sociais, limitando-se
39
às técnicas da agricultura, mantendo distância do empirismo dos agricultores
(AZEVEDO, 2001).
Geralmente, as pesquisas, sob o enfoque de sistemas de produção,
têm sido conduzidas sem perceber o ambiente sociológico, ou seja, a
comunidade, a unidade de produção familiar, as organizações sociais, as
quais, junto com o agricultor e sua família, devem ser as maiores
beneficiários das tecnologias resultantes dessas pesquisas (TOURINHO,
1994).
Por isso, a importância de compreender as relações entre os aspectos
naturais e sociais, pois o conjunto de atividades conduzidas pelo agricultor
estão inteiramente ligadas com os sistemas de produção, englobando
componentes biofísicos e socioeconômicos distribuídos no ambiente em que
vivem (REIJNTJES et al., 1994).
Para que a agronomia passe a compreender essa categoria de
agricultores, torna-se necessária a construção de um novo senso comum
entre técnicos e agricultores. Porém, é indispensável que a ciência
compreenda as lógicas de concepção e operacionalização dos sistemas
agrícolas desses agricultores. Uma das maneiras privilegiadas de se
aproximar dessa compreensão é o entendimento das lógicas classificatórias
(BERLIN, 1992).
Para entender as classificações feitas pelos agricultores, é importante
entender suas teorias sobre o mundo e as consequentes classificações das
coisas do mundo, o que nos remete aos conceitos de kosmos, corpus e
praxis de Toledo (1995, 2000) e os de ideologia agrícola (agricultural
ideology) e roteiro tecnológico (tchnological script) de Alcorn (ALCORN,
1989). As normas práticas adotadas pelos agricultores podem ser o ponto de
partida para a compreensão das classificações, já que o procedimento da
classificação vem sendo considerado essencial para explicar a lógica dos
sistemas de “manejo”, pela ordenação de objetos, fatos e ambientes
(AZEVEDO, 2001).
Dessa forma, o grau de importância que se deve atribuir ao
conhecimento do agricultor sobre o ambiente em que vive é bastante alto, pois
40
seu poder de observação é parte fundamental do processo de produção
(BORGES, 2000).
Segundo Torchelli (1983), o contato diário do agricultor com o meio
torna-o capaz de entender a complexidade existente no ambiente para
produzir. Montecinos e Altieri (1992) ressaltaram que esses agricultores são
capazes de manejar, no seu ambiente de trabalho, refúgios de diversidade
genética com variadas espécies vegetais.
Para que isso ocorra, o agricultor realiza observações, desenvolve
técnicas de produção que se adaptem às condições do local e assimila seus
conhecimentos à realidade que encontra, passando pelas práxis, esse
conhecimento é transmitido de geração a geração. Assim, pode-se afirmar que
o agricultor é o ator principal do sistema agrícola, acumulando conhecimentos e
informações. Sua percepção, em relação ao meio ambiente, está ligada a
processos de aprendizado empírico, nos quais seu entendimento e possíveis
ações podem mudar com o passar do tempo (TORCHELLI, 1983;
MONTECINOS e ALTIERI, 1992).
Dessa forma, a capacidade dos agricultores em assimilar modelos
implantados está relacionada com processos e observações de suas práticas
cotidianas e nas possibilidades financeiras de que dispõem para redirecionar
ações pré-estabelecidas (CARDOSO e RESENDE, 1996).
Pesquisas científicas realizadas em conjunto com o agricultor se
enriquecem com profundidade, pois por mais análises que sejam feitas no
campo, o pesquisador não convive cotidianamente com a natureza, e encontra
maiores dificuldades para compreendê-la. Portanto, a pesquisa científica que
considera essas questões deve refletir o grau de compatibilidade entre os
valores e cognições dos agricultores, estudando os verdadeiros vínculos
existentes com o ambiente (BORGES, 2000).
Dessa forma, é importante ressaltar a relevância do conhecimento
ecológico que os agricultores camponeses possuem no entendimento, manejo
e interação com a diversidade de recursos naturais e itens cultivados, bem
como das práticas agrícolas desenvolvidas e formas de organização do
trabalho familiar (BARBOSA, 2007), principalmente porque as técnicas
adotadas na agricultura camponesa, em sua complexidade, refletem a
41
dimensão do conhecimento necessário para realizar os manejos, bem como as
relações sociais estabelecidas. Além da grande riqueza de espécies cultivadas
em consórcio, a maioria das espécies possui alta diversidade intraespecífica,
diferentes períodos para o plantio e usos diversos para cada variedade
(MARTINS, 2005).
Os conhecimentos que agricultores tradicionais possuem acerca das
propriedades e qualidades do solo que manejam, possuem similaridades e
superposições com o conhecimento científico (WINKLERPRINS, 1999;
BARRERA-BASSOLS e ZINCK, 2003). De acordo com Neves (1995), os
conhecimentos dos agricultores camponeses são a chave para entender,
utilizar e proteger a diversidade das plantas.
A documentação do saber tradicional sobre a utilização dos recursos
naturais é promissora para que a humanidade possa ampliar a gama de
possibilidades de exploração, e por isso, pode-se dizer que a diversidade
cultural altera e produz a diversidade biológica. Os métodos tradicionais de
manejo dos recursos naturais e o conhecimento tradicional são referências
fundamentais para as novas investigações que visem a formular modelos de
manejo sustentável adaptados a ecossistemas tropicais e para programas de
desenvolvimento social e ambiental das regiões onde existe agricultura
camponesa (BARBOSA, 2007).
2.1.5 Populações humanas e áreas naturais protegidas
A necessidade das sociedades modernas de preservar espaços naturais
lúdicos, aprazíveis, está ligada às crenças do homem como destruidor, que,
devido à forma de vida provinda do capitalismo, foi impiedosamente
degradando o meio natural (NUNES, 2003).
O surgimento do Capitalismo, da Revolução Industrial e, portanto, da
necessidade cada vez maior de matérias-primas para alimentar as indústrias
que proliferavam em rápida velocidade reafirmou não só a separação entre o
homem e a natureza, mas também a posição dominadora do homem diante
dos recursos naturais. Em função da acelerada expansão humana e da
progressão da degradação de recursos nos EUA, nascem no final do século
42
XIX as primeiras propostas de áreas naturais protegidas, que, segundo
Diegues e Arruda, persistiram ao longo do tempo porque:
“O modelo de área natural desabitada interessa aos governos por duas razões: constituem reservas naturais de grande beleza cênica, de destino turístico, e do chamado ecoturismo, e por que é mais fácil negociar contratos de uso da biodiversidade num espaço controlado pelo governo que num espaço ocupado por comunidades tradicionais, pois, pelo art. 8º j da CDB, essas precisariam ser ressarcidas no momento em que seu conhecimento tradicional sobre espécies da flora fosse usado para obtenção de medicamentos e outros produtos.” (DIEGUES e ARRUDA, 2001, p. 17).
Pode-se verificar que a criação dos primeiros parques se dá na Europa,
em países como a Inglaterra, e nos Estados Unidos. O mesmo homem que
destruiu e dominou a natureza confina porções dela para protegê-la de seus
próprios atos. A consciência ecológica vai surgir no rastro de desastres
ecológicos e do histórico de devastação (ARRUDA, 1997). Nos Estados
Unidos, a criação do primeiro Parque Nacional (Yellowstone, 1872) objetivava
oferecer atrativos para uso público, principalmente de caráter recreativo e
turístico com exaltação da beleza cênica, mas vetava a presença fixa do
homem. Ratificam-se então os propósitos da corrente preservacionista para a
qual a natureza é concebida longe da presença humana, ou seja, a natureza
intocada (wilderness - áreas selvagens não habitadas permanentemente)
(ARRUDA, 2000; LITTLE, 2002).
Yellowstone teve também sua história de conflito e derramamento de
sangue. O parque foi criado na área dos índios shoshones e a proteção tanto
da natureza quanto dos índios constava do plano original de criação do parque.
No entanto, quando de sua efetiva criação, os nativos eram vistos como
“demônios vermelhos rastejantes”. Muitos foram expulsos de forma velada e
centenas de outros foram mortos em conflitos com as autoridades locais. Anos
depois, a administração do parque foi transferida para o exército americano
(DIEGUES, 2004).
Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), restam aproximadamente apenas 7,3% do que foram
43
originalmente as florestas atlânticas do Brasil. Essa é realmente uma
porcentagem alarmante e não há dúvida quanto à importância de conservar os
remanescentes florestais da Mata Atlântica (IBAMA, 2010)
A estratégia utilizada no Brasil para a proteção dos remanescentes
desse domínio, bem como dos demais ambientes naturais do país, foi a mesma
adotada pela maioria dos países de terceiro mundo. Ou seja, a criação de
áreas protegidas de uso indireto, como parques, reservas biológicas etc.,
inspiradas no modelo norte-americano, em que o homem deve figurar apenas
como visitante. Arruda citou a respeito desse modelo de proteção da natureza:
“Essas áreas são sujeitas a um regime de proteção externo, com território definido pelo Estado, cujas autoridades decidem as áreas a serem colocadas sob proteção e sob que modalidade e, independentemente, formulam e executam os respectivos planos de manejo. As pessoas que vivem no interior ou no entorno das áreas não participam em nada destas decisões.” (ARRUDA, 2000, p. 279).
Assim, no Brasil, uma parte considerável de Unidades de Conservação
de proteção integral, como Parques, Estações Ecológicas e Reservas
Biológicas, foram criadas sem que se resolvesse a situação de populações que
historicamente vivem no interior ou no entorno destas áreas. Estas populações
não só não participaram do processo de criação e implantação destas áreas,
como sequer foram informadas adequadamente de sua criação. Dentre estas
populações locais, existem diversos tipos de moradores, diferenciados segundo
sua forma de ocupação: populações tradicionais, como pescadores artesanais,
camponeses, extrativistas, e não tradicionais, como comerciantes, madeireiros,
palmiteiros, veranistas etc. (VIANNA, 1995).
Dessa forma, a proteção da natureza, idealizada como selvagem e
desabitada, assentou-se, portanto, sobre o princípio da dicotomia homem e
natureza. Entretanto, em um país cujas características ambientais e socio-
culturais são tão diversificadas e, principalmente, cuja história de distribuição
de terras se deu privilegiando a grande propriedade monocultora, deixando à
margem a maior parte da população, esse modelo tem inadequações, pois os
cenários julgados de natureza intocada são ou eram habitados por diversas
populações rurais (SILVA et al., 2008).
44
Quando uma área protegida é criada quase nunca há questionamento
sobre a razão de tal trecho da natureza ter sido preservado. Em geral, se
resiste à ideia de que a alta biodiversidade ou o bom estado de conservação de
muitas áreas está relacionado à presença de populações tradicionais, sendo
essas, em geral, expulsas ou marginalizadas dentro da nova territorialidade
que lhes é imposta. Vários são os autores que têm se dedicado a fazer crítica a
esse modelo (ARRUDA, 2000; GHIMIRE e PIMBERT, 2000; DIEGUES, 2004).
Entre os mais recentes, está Nurit Bensusan, que critica especialmente a
expulsão dessas comunidades:
“A exclusão das populações humanas é essencialmente injusta, pois dela deriva a distribuição desigual dos sacrifícios: algumas populações são direta ou indiretamente beneficiadas com a melhoria da qualidade ambiental derivada da proteção de determinadas áreas, enquanto outras são privadas das terras que ocupavam tradicionalmente, sendo, em geral, realocadas em locais e condições indefensáveis.” (BENSUSAN, 2006, p. 27).
O Estado tem criado estas áreas, mas não realiza as desapropriações
necessárias, pois quase sempre não são alocadas verbas para tal fim. Como
resultado, estas populações se tornam ilegais e suas atividades clandestinas.
No que se refere às populações tradicionais, elas muitas vezes permanecem
no interior destas Unidades de Conservação (UCs), mas sem o direito ao
exercício de suas atividades tradicionais, como a pesca, coleta, lavoura etc.,
causando uma pauperização ainda maior dessas populações rurais (VIANNA,
1995).
Parece que essas populações são invisíveis, além de indesejáveis, para
o poder público que, preso às concepções ambientais tecnicistas e
inadequadas, não vê outra saída fora do padrão vigente (ARRUDA, 2000).
Um caso exemplar, citado por Diegues (1996), é o plano de manejo da
Ilha do Cardoso, de 1976, em que sequer se menciona a presença de centenas
de famílias de moradores tradicionais caiçaras e onde são proibidas suas
atividades de subsistência, sendo obrigadas assim a migrar para a cidade de
Cananeia-SP, engrossando o número de moradores pobres dos bairros
periféricos.
45
Outra situação ilustrativa da invisibilidade destas populações, mas de
resultado oposto ao anterior, é o caso da Estação Ecológica do Iquê, em Mato
Grosso, criada em 1981, totalmente dentro do território do povo indígena
Enauenê-Nauê (SANTOS, 2006).
As tentativas de solucionar esse problema dentro do padrão de atuação
dos órgãos públicos esbarra na ineficácia da ação repressiva, nas dificuldades
de fiscalização, nos problemas sociais decorrentes da expulsão das
populações e consequente formação ou ampliação das favelas nos municípios
próximos, nos conflitos crescentes e, consequentemente, na disseminação do
significado das políticas ambientais como políticas repressivas contra os
interesses e necessidades das populações locais (ARRUDA, 1997).
Historicamente, no Brasil, a maioria das populações rurais desassistidas
e/ou etnicamente diferenciadas, como indígenas, negros e mestiços,
construíram suas formas de vida em áreas de fronteira florestal, constituindo
assim segmentos sociais culturalmente diferenciados frente ao grande
processo de desenvolvimento do país, o que tornou as áreas rurais brasileiras
lugares de muitas posses e poucas propriedades, um verdadeiro mosaico de
culturas. Portanto, uma eficaz estratégia de conservação da natureza deve ter
em conta que tão importante quanto a biodiversidade é a sociodiversidade,
assim, segundo Diegues e Arruda, não há a natureza intocada:
“A diversidade biológica [...] não se restringe a um conceito pertencente ao mundo natural; é também uma construção cultural e social. As espécies são objeto de conhecimento, de domesticação e uso, fonte de inspiração para mitos e rituais das sociedades tradicionais, e finalmente, mercadoria nas sociedades modernas.” (DIEGUES e ARRUDA, 2001, p. 11).
De acordo com Bensusan (2006), a biodiversidade de uma área é o
produto da história da interação entre o uso humano e o ambiente. Uma
combinação não apenas de alterações de fatores biofísicos, mas também de
mudanças nas atividades humanas. Frequentemente o que é chamado de
padrão natural não é senão o resultado de padrões de uso da terra e dos
recursos associados, fruto de determinados estilos de vida ao longo do tempo.
46
Atualmente muito se discute sobre a importância da biodiversidade. O
Art. 2º (1994), da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), define
biodiversidade como:
“a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.”
Contudo, essa definição entende a biodiversidade como produto
exclusivamente natural, e não inclui a importância da ação humana na natureza
ou muito menos que haja sociedades que não se vejam apartadas dela. O
entendimento, até agora predominante, de que toda relação entre homem e
natureza seja destrutiva é simplificador e injusto com inúmeras culturas que
desenvolveram outras formas de relação com a natureza. O modelo de área
protegida que não permite moradores em seu interior não faz distinções entre
as várias formas de sociedade, a urbano-industrial, a tradicional, a indígena,
etc., e mesmo quando se trata de comunidades tradicionais presentes por
gerações nessas áreas, elas passam à ilegalidade, dando início assim a
numerosos conflitos de territorialidades (SILVA, 2008).
Para Diegues e Arruda (2001), esse modelo de proteção da natureza
está em crise, pois parte de preceitos inadequados à nossa realidade.
“As áreas protegidas brasileiras, em particular as de uso indireto, encontram-se em crise; muitas são invadidas e degradadas. Para os defensores do modelo norte-americano de parques sem moradores, as razões de tal crise, em geral, estão relacionadas à falta de dinheiro para a desapropriação, de investimento público, de fiscalização e de informação aos visitantes. Para os que defendem outras alternativas de conservação, essas dificuldades são inerentes ao modelo atual predominante nas áreas protegidas, uma vez que, tendo sido criado no contexto ecológico e cultural norte-americano, não se aplica ao contexto dos países tropicais do Sul.” (DIEGUES e ARRUDA, 2001, p. 15).
47
Tendo em vista esses aspectos, as situações de implantação das
Unidades de Conservação geraram um conjunto de conflitos entre estas
populações locais, moradoras no interior ou no entorno destas áreas, e os
órgãos públicos estaduais e federais, responsáveis pelas Unidades, face ao
caráter proibitivo, estabelecido pela legislação, de que se revestem tais
Unidades em referência à utilização dos recursos naturais. A realidade das
Unidades de Conservação, relativa à ocupação humana, tem gerado diversas
controvérsias e discussões. Na busca de uma melhor compreensão dos
elementos que envolvem essas questões, que passam pela relação homem-
natureza, eficiência destas Unidades, questões culturais, direitos de cidadãos,
concepção de conservação, há um objetivo implícito, que é a resolução dos
impasses, injustiças sociais e comprometimento destas áreas naturais
protegidas (VIANNA, 1995).
Assim, diversos autores se dedicaram a estudar o processo histórico da
criação das áreas naturais protegidas no Brasil. Um dos motivos que
despertaram o interesse e preocupação dos pesquisadores foi o fato de grande
parte das áreas que passaram a ser legalmente protegidas pelas leis
ambientais de caráter restritivo quanto ao seu uso, serem espaços ocupados
por comunidades rurais de pescadores, de caboclos, de ribeirinhos, de
caiçaras, de quilombolas etc. (CUNHA e ROUGEULLE, 1989; ANGELO-
FURLAN, 1990 e 2000; VIANNA, 1995; DIEGUES, 1996 e 2004; MORAES,
1997; SÁNCHES, 1997; BRITO, 2000).
Tratar o problema da perda de biodiversidade vegetal, das espécies
animais em extinção isoladamente da desestruturação cultural, familiar e
econômica de comunidades diferenciadas é não visualizar que a natureza
intocada não existe mais e aquilo que não existe não pode ser deixado de
herança para as gerações futuras. Há muito que aprender com as populações
locais sobre manejo do ambiente, como também a comunidade científica tem
muito a lhes ensinar. Aliar conhecimento tradicional com ciência e com
educação parece ser um dos caminhos mais prováveis de sucesso e de
melhoria da qualidade de vida para as populações locais sem nenhuma perda
da qualidade de vida para as populações urbanas e para o ambiente natural
(GÓMEZ-POMPA e KAUS, 1992). Esses autores contestam as políticas
48
ambientais de preservação dos ecossistemas. Para eles, esta política está
baseada mais em crenças ocidentais sobre a natureza do que na realidade,
uma vez que selecionamos o que deve ser preservado e de que maneira deve
ser manejado, fundamentado na nossa visão parcial de natureza e de
conservação.
Pode-se então dizer que existe uma incompatibilidade entre as
cosmovisões dos técnicos e dos moradores das áreas visadas para proteção
ambiental, de unir duas visões antagônicas do que seja a natureza quando se
estabelecem áreas para ou de reserva, dentro das quais há populações
tradicionais, ou seja, populações cujo universo cultural é diferenciado da matriz
mediterrânea de conhecimento. Santos (2007) considera o pensamento
moderno ocidental um pensamento abissal4, tendo defendido os seguintes
aspectos:
“(...) tenho vindo a caracterizar a modernidade ocidental como um paradigma fundado na tensão entre a regulação e a emancipação social. Esta distinção fundamenta todos os conflitos modernos, tanto a fatos substantivos como no plano dos procedimentos (...). O pensamento abissal moderno salienta-se pela sua capacidade de produzir e radicalizar distinções (...). O conhecimento e o direito modernos representam as manifestações mais bem conseguidas do pensamento abissal (...). No campo do conhecimento, o pensamento abissal consiste na concessão à ciência moderna do monopólio da distinção universal entre o verdadeiro e o falso, em detrimento de dois conhecimentos alternativos: a filosofia e a teologia. O caráter exclusivo deste monopólio está no cerne da disputa epistemológica moderna entre as formas científicas e não-científicas de verdade. Sendo certo que a validade universal da verdade científica (...) poder ser estabelecida apenas em relação a certos tipos de objetos em determinadas circunstâncias e segundo determinados métodos” (SANTOS, 2007, p.3-5).
4 O pensamento moderno ocidental não é a única forma de pensamento abissal, pelo contrário,
é muito provável que existam, ou tenham existido, formas de pensamento abissal fora do Ocidente. Abissais ou não, as formas de pensamento não-ocidental têm sido tratadas de um modo abissal pelo pensamento moderno ocidental. As versões do pensamento moderno ocidental marginalizadas ou suprimidas se opõem às versões hegemônicas (SANTOS, 2007).
49
Entretanto, o problema da inadequação desse modelo é apenas uma
parte da questão maior que é visão de natureza separada do homem,
estabelecida pela sociedade abrangente, e que está no âmago das relações
por ela desenvolvida. Ou seja, da apropriação da natureza como matéria-prima
para suas atividades produtivas do mercado capitalista (NUNES, 2003).
O conceito de natureza é importante chave de compreensão das
diferentes visões das sociedades, pois cada povo se relaciona com a natureza
por ele interpretada. Em outras palavras, a forma como uma sociedade
conceitua a natureza determina de qual maneira ela vai se relacionar com ela.
A relação dos povos com a natureza se estabelece no interior das sociedades,
tanto quanto as relações sociais. Segundo Gonçalves:
“O conceito de natureza não é natural, sendo na verdade criado e instituído pelos homens. Constitui um dos pilares através do qual os homens erguem as suas relações sociais, sua produção material e espiritual, enfim, a sua cultura.” (GONÇALVES, 2000, p. 23).
A forma como a sociedade pensa a natureza legitima suas ações.
Portanto, faz-se necessário conhecer o conceito de natureza nas diferentes
culturas que se vai estudar, bem como o conceito de natureza de nossa própria
sociedade, visto que ela se tornou dominante nos últimos dois séculos,
ignorando outras formas de pensar o mundo e especificamente a natureza
(SILVA, 2008).
Contudo, é a partir dos conflitos estabelecidos entre populações
tradicionais e áreas protegidas devido à sobreposição de territórios,
principalmente após a década de 1970, que surge a reivindicação de alguns
pesquisadores acerca de outra forma de pensar a relação entre homens e
natureza. Embora a maioria dos autores tenha centrado suas análises no
conflito entre populações tradicionais e áreas protegidas (ANGELO-FURLAN,
2000; ARRUDA, 2000; GHIMIRE, 2000; PIMBERT e PRETTY, 2000;
DIEGUES, 2004; REZENDE-SILVA, 2004), esta não é a única ameaça que tais
populações enfrentam. Da mesma forma que áreas são escolhidas como
patrimônios de natureza, outras o são como locais para a expansão de
50
atividades de desenvolvimento econômico, altamente consumidoras de
recursos naturais.
Muitos pesquisadores (POSEY, 1987, 1998 e 2000; BALÉE, 1994 e
1998; LARRÈRE e LARRÈRE, 1997; DIEGUES, 2000; GÓMEZ-POMPA e
KAUS, 2000) afirmaram que muitas das áreas habitadas por populações
tradicionais se conservaram com cobertura florestal e com alta biodiversidade
em virtude do manejo ligado ao modo de vida dessas comunidades. Esta forma
de enxergar as relações entre homens e natureza pode ser chamada de
ecologia social, que, em geral, se apoia na etnociência ou etnobiologia, isto é,
nos conhecimentos empíricos e cosmológicos das populações tradicionais
acerca da natureza como fonte de informação. Segundo Posey (1987, p. 15), a
etnobiologia é:
“O estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia [...] é o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes.”
Para Gómez-Pompa (1971, p. 124):
“As florestas tropicais têm atrativos e problemas dificilmente igualados por outras floras no mundo, que vão desde o conhecimento das espécies que as compõem, até o entendimento da origem da diversidade e riqueza florística que as caracterizam.”
Isto quer dizer que se conhece ainda pouco dessas florestas,
principalmente no que diz respeito à origem de sua diversidade. Gómez-Pompa
(1971) postulam, a partir de seus estudos nas florestas mexicanas, a ideia de
que a riqueza de espécies nos trópicos está fortemente vinculada à vegetação
secundária e que a evolução de muitos taxons tropicais não pode ser entendida
sem se levar em conta seu comportamento na sucessão secundária, ou seja,
ligada ao manejo exercido historicamente por muitas populações tradicionais,
mas principalmente à agricultura itinerante. Embora a sucessão ecológica
ocorra também sem manejo humano, o que esse autor quer enfatizar é que o
manejo realizado no México, por populações tradicionais, estava adaptado ao
contexto das florestas tropicais, e por isso as enriquecia.
51
O homem desde a pré-história interfere consciente ou
inconscientemente na distribuição da vegetação, seja pela dispersão de
sementes, pela proteção de espécies consideradas úteis ou sagradas, pela
seleção de espécies para domesticação, pela caça ou domesticação de
animais necessários à polinização de espécies da floresta etc. Gómez-Pompa
(1971) afirmaram, por exemplo, que várias espécies da floresta tropical
mexicana haviam sido manejadas pelo homem e sua distribuição se relaciona
com este fato.
Os pesquisadores Catherine Larrère e Raphael Larrère também
afirmaram que o homem em determinadas condições desempenha papel
crucial para a origem e manutenção da diversidade de espécies:
“(...) frequentes e variáveis, as perturbações intervêm não somente para iniciar a sucessão, mas também em todos os momentos de seu desenvolvimento: desempenham papel determinante na variabilidade espacial e temporal da vegetação [...] Em realidade, toda fragmentação da biosfera, como se pode observar hoje, é o produto local de uma história singular e definitivamente única.” (LARRÈRE e LARRÈRE, 1997, p. 140).
Diante de estudos que comprovam tipos de manejo, que vão desde a
proteção de espécies até sua dispersão em determinados ambientes, Diegues
e Arruda (2001), bem como Gómez-Pompa e Kaus (2000), afirmaram ser
necessário repensar o conceito de florestas virgens:
“À medida que aumenta o nosso conhecimento e entendimento sobre as influências antropogênicas na composição da vegetação madura, é necessário redefinir e qualificar o que se quer dizer por hábitat não modificado. A questão não se refere simplesmente à densidade dos humanos, mas aos instrumentos, tecnologias, técnicas, conhecimento e experiência que acompanham o sistema de produção de uma determinada sociedade.” (GÓMEZ-POMPA e KAUS, 2000, p. 133).
As populações tradicionais, indígenas ou não, têm formas próprias de
nomear, classificar e atribuir valor à natureza com a qual estão, muitas vezes,
intrinsecamente interligadas, por isso ela, em geral, não é entendida como
recurso natural, e sim como parte constituinte da vida cujos saberes são
52
transmitidos de geração a geração. Para Gómez-Pompa e Kaus (2000), as
práticas cotidianas dessas populações, tais como a agricultura itinerante, são
responsáveis pela manutenção e por vezes também pelo aumento da
biodiversidade local. E ainda alertaram para a importância de atuais e futuros
cientistas entenderem as consequências ecológicas benéficas e destrutivas
das perturbações antropogênicas e de incorporarem visões alternativas no trato
com o meio ambiente, avaliando-o em seu contexto histórico, social e cultural.
As populações tradicionais possuem técnicas próprias de uso e manejo
dos recursos naturais, através das quais interferem no processo de sucessão
ecológica, promovem a regeneração de áreas degradadas, a ciclagem de
nutrientes e o aumento da riqueza de espécies nos ecossistemas manejados
Afinal, de acordo com Diegues (2000, p. 30), o conhecimento tradicional pode
ser definido como o saber e o saber-fazer, a respeito do mundo natural e
sobrenatural, gerados no âmbito da sociedade não urbana/industrial e
transmitidos de geração em geração.
Poucos são os pesquisadores que realmente enfrentam o desafio de
transpor os limites de sua própria cultura e tentam conhecer e entender as
formas de cognição e representação do mundo em culturas alheias à sua:
“Grande parte das pesquisas sobre conhecimento tradicional limitam-se a inventários de nomes de plantas e animais nativos e seus usos. Tentativas para correlacionar inventários básicos com sistemas taxonômicos tradicionais e com padrões de comportamento utilitários relacionados inevitavelmente levam para estudos de conceitos simbólicos e metafísicos que expressem a lógica de outras realidades.” (POSEY, 1998, p. 104).
Para reduzir as distâncias existentes entre as duas concepções de
mundo, antes de pedir aos técnicos que compreendam a cosmovisão dos
agricultores tradicionais, seria mais adequando solicitar que esses técnicos (ou
os agentes) indicados para a implantação de áreas preservadas se
apropriassem das concepções de natureza que o próprio ocidente produziu,
para que possibilite um diálogo mais profícuo entre os técnicos ou entre os
detentores do saber ou das técnicas acadêmicas e os agricultores ditos
53
tradicionais, que também são portadores de conhecimento, de técnicas de um
saber-fazer que é distante do nosso.
Isso pelo fato de que a espera ou a expectativa de que eles adotem a
perspectiva de uma cultura da qual não participam - e mesmo desqualificam -
pode ser frustrada. Assim, um caminho sugerido para encurtar a distância
causada por cosmovisões diferentes é o da superação da ignorância sobre o
modo como nossa própria cultura se constituiu: pela adoção de diferentes
concepções de natureza. Ora, se mesmo nós não partilhamos de uma mesma
concepção de natureza - tanto ontem quanto hoje5, por que deveríamos
esperar que o outro, que não partilha dos mesmos códigos (ou da mesma
racionalidade) que nós, tenha uma concepção similar à nossa? Nossa
concepção de natureza continua sendo reconstruída.
Como destaca Thomas Kesselring (2000), é importante reconhecer que
as nossas atuais compreensões de natureza ou de natural não são nem foram
as únicas, sendo que, na evolução da sociedade humana e sua interação com
o meio ambiente, predominam paradigmas que combinam questões
econômicas, sociais, tecnológicas e ambientais.
Considerando as contradições do mundo contemporâneo, poderíamos
dizer que as profundas inovações e transformações provocadas pelo
conhecimento cientifico e tecnológico acabam por instaurar uma verdadeira
crise paradigmática (KESSELRING, 1992). O moderno paradigma científico
dominante entrou em crise. Entende-se por paradigma um consenso sobre um
modelo ou padrão que envolve um conjunto de princípios e teorias que são
aceitas por toda a comunidade científica sem discussão e que provêm do
desenvolvimento do conhecimento (SANTOS, 2005).
E assim, hoje duvidamos suficientemente do passado para imaginarmos
o futuro, mas vivemos demasiadamente o presente para podermos realizar o
5 Os participantes atuais de nossa cultura vêm a paisagem natural de modo diferenciado.
Coloque um madeireiro, um agricultor dito tradicional e um ecologista diante de uma paisagem natural – uma floresta, por exemplo - e peça a eles que descrevam o que consta aos seus olhos. Certamente o primeiro veria uma forma de fazer dinheiro rápido com a madeira, o segundo antevê uma roça (pelo sistema de coivara ou derrubada, corte, queima) e o terceiro como uma rica possibilidade de sequestro de carbono ou uma oportunidade de ecoturismo mantendo a mata de pé.
54
futuro, estamos divididos, fragmentados, sabemos o caminho, mas não
exatamente onde estamos na jornada (KESSELRING, 1992).
O conhecimento e o domínio da natureza constituem tarefa fundamental
do homem, através da filosofia, da ciência e, mais recentemente, pela técnica
(PIRES, 1989). Complementando e reforçando a compreensão de que a
terminologia, bem como o significado de natureza, vem sofrendo grandes e
profundas transformações ao longo da historia, ressalta-se que:
A busca do conhecimento e do entendimento acerca da Terra e do
Universo são premissas que norteiam e que acompanham a humanidade
desde os antigos filósofos gregos ate a ciência moderna. A sociedade
contemporânea tem vivenciado uma série de problemas que envolvem o seu
modo de se relacionar com a natureza no processo de produção e reprodução
do espaço geográfico, colocando em questão o conceito de natureza em vigor,
o qual perpassa pelo modo de vida dessa sociedade, as sensações, o
pensamento e as ações. Portanto, pensar a natureza hoje, e a forma como o
homem se relaciona com ela no contexto do modo de produção capitalista, nos
remete ao passado, na ânsia de compreender as mudanças que se
processaram no modo de a sociedade pensar, interagir e produzir a natureza
(SOAREZ DE OLIVEIRA, 2002).
Considerando esta importante relação entre a sociedade e a natureza,
com base em autores como Kesselring (1992), Galimberti (1999; 2005) e
Assmann (2007), é possível pensar, também, que há um descompasso entre
seres humanos e natureza e que talvez seja necessário ressignificar nossa
compreensão sobre natureza e esse seja, possivelmente, nosso maior desafio
frente aos dilemas ambientais com os quais, atualmente, nos deparamos.
O progressivo desligamento dos seres humanos da totalidade, de uma
visão cosmológica, já vinha sendo identificado desde a Idade Média, com
práticas de isolamento e preocupação por si, não comuns em períodos
anteriores. Não há, porém, indícios de uma separação entre os seres humanos
e deles com a natureza que apontassem para uma perspectiva de
independência, tal como se verá surgir na Modernidade e que se alargará
nessa fase contemporânea. A esse processo de desligamento entre ser
humano e natureza corresponderá um tipo muito específico de interesse pelo
55
corpo, que caminha muito mais próximo da dominação e da sujeição, tal como
se busca realizar com toda a natureza, do que percebendo-o como um dos
fundamentos para uma nova perspectiva ecológica, como se faz necessário
nos tempos atuais (SILVA, 1999).
Existem trabalhos que se preocupam em estudar o conhecimento
tradicional dos povos em relação ao meio ambiente e ressaltam a capacidade
de as comunidades se valerem de estratégias de conservação dos recursos
naturais como forma de assegurar sua reprodução material e imaterial. Ou
seja, essas comunidades atribuem valor aos recursos naturais: valor de uso e
valor simbólico. Os trabalhos de Posey (1987 e 2000), Ribeiro (1987 e 1995),
Morán (1990), Gómez Pompa e Kaus (1992), Ballé (1994) e Begossi (2000),
entre muitos outros, incluem-se nessa categoria de pesquisas e suas
abordagens seguem o método de investigação da Etnociência.
2.1.6 Etnociência
Diegues e Arruda (2001) consideraram a etnociência um dos enfoques
que mais têm contribuído para o conhecimento das populações tradicionais,
partindo “da linguística para estudar os saberes das populações humanas
sobre os processos naturais, tentando descobrir a lógica subjacente ao
conhecimento humano do mundo natural, as taxonomias e classificações
totalizadoras”.
Ribeiro, no prefácio da “Suma Etnológica Brasileira”, de 1987, definiu o
que deve ser o método de trabalho do etnocientista:
“Nesse tipo de estudo, combina-se a visão do observador estranho à cultura, refletindo a realidade percebida pelos membros de uma comunidade. Os elementos de análise são as categorias e as relações lógicas que se estabelecem entre o todo e as suas partes, que configuram o sistema taxonômico. Em outras palavras, o observador procura inferir as categorias êmicas dos povos em estudo. Seu objetivo é aprender os conhecimentos relativos à natureza mantidos por povos iletrados (principalmente populações camponesas) ou sem escrita (grupos tribais). Esse saber é transmitido informalmente de pessoa a pessoa.” (RIBEIRO, 1987, p. 11).
56
O etnólogo Lévi-Strauss estudou os sistemas indígenas de classificação
e se contrapôs aos funcionalistas, Malinowski e outros, argumentando que o
conhecimento dos selvagens não está ligado unicamente às suas
necessidades. Ele discutiu que o homem primitivo é mais do que funcionalista;
ele por observação é conhecedor do que está no seu ambiente, mesmo que
não lhe seja útil:
“De tais exemplos, que se poderiam retirar de todas as regiões do mundo, concluir-se-ia, de bom grado que as espécies animais e vegetais não são conhecidas porque são úteis; elas são consideradas úteis ou interessantes porque são primeiro conhecidas.” (LÉVI-STRAUSS, 1989, p.24).
Cunha propôs pensarmos em um novo projeto societário que incorpore o
saber dos diversos povos tradicionais em sua relação com a natureza:
“O conhecimento que possuem sobre os ecossistemas dos quais fazem parte e sobre a diversidade de espécies que ali habitam se constitui em um verdadeiro patrimônio de que a modernidade não pode prescindir para a continuidade da vida no planeta.” (CUNHA, 2001, p.8).
De acordo com Castro (2000), a produção de tais conhecimentos possui
múltiplas dimensões, visíveis e invisíveis, referentes à própria organização do
trabalho dos povos tradicionais, reunindo elementos técnicos com o mágico, o
ritual, enfim, com o simbólico. Existe uma correlação entre a vida econômica e
a vida social do grupo na qual a produção faz parte da cadeia de sociabilidade
e a ela é indissociavelmente ligada. Esse sistema de saberes redunda em um
inventário de utilidades dos recursos naturais, que se organiza a partir da
proximidade e compreensão do ambiente circundante, que, no entanto, se
assenta em uma compreensão não utilitarista desse conhecimento. Nesse
sentido, os estudos de Castro (2000) alinharam-se com os de Alfredo Wagner
Berno de Almeida, que afirmou serem os conhecimentos das populações
tradicionais mais do que utilitários, seriam sofisticados e inseridos em uma
lógica de funcionamento do mundo:
“Eles não se restringem a um mero repertório de ervas medicinais. Tampouco consistem numa listagem de espécies vegetais. Em verdade, eles
57
compreendem as fórmulas sofisticadas, o receituário e os respectivos procedimentos para realizar a transformação. Eles respondem a indagações de como uma determinada erva é coletada, tratada e transformada num processo de fusão.” (ALMEIDA, 2004, p. 39).
Segundo Balée (1998), diferentes sociedades relacionam-se de distintas
formas com seus ambientes, Não existindo natureza intocada, toda a natureza
que se vê passou ou passa na atualidade por algum tipo de intervenção
humana, por isso as paisagens, ou seja, a natureza em somatória de tempos é
o resultado dessa inter-relação histórica:
“Evidências sugerem que a criação de certas paisagens pelo homem não resulta em dano irreversível para a biodiversidade regional [....]. A evidência está associada principalmente com as origens de plantas e animais domesticados e semi-domesticados. Em algumas regiões do mundo neolítico, a domesticação de plantas e espécies animais pode ter acarretado um aumento líquido do número total de espécies presentes [...]. O Novo Mundo contribuiu com mais de uma centena de espécies de plantas para o inventário mundial de plantas domesticadas.” (BALÉE, 1998, p. 19).
Diegues (2000), por exemplo, sugeriu que um novo critério para seleção
de novas áreas para conservação, seja o da existência de áreas de alta
biodiversidade decorrente do conhecimento e do manejo tradicional ou etno-
manejo realizado pelas populações tradicionais indígenas ou não indígenas.
Dessa forma, essas populações, ao invés de serem expulsas de suas
terras/territórios, seriam valorizadas e incluídas em novas estratégias de
conservação, quebrando, assim, barreiras e preconceitos que a ciência
convencional criou ao longo dos anos. Um exemplo claro de avanços
conseguidos nesse sentido veio a partir dos movimentos sociais rurais,
principalmente na figura do movimento dos seringueiros amazônicos6, que, a
partir da década de 1970, iniciaram organizações sindicais para garantir seu
acesso a terra e aos recursos da floresta. Em 1985, eles unificaram a luta no
6 Para maiores informações a respeito dos seringueiros amazônicos e a criação de Reservas
Extrativistas na região ver: GONÇALVES (2003).
58
Conselho Nacional dos Seringueiros, e, apenas fazendo uso do que lhes era
apropriado dentro do discurso e das práticas do movimento ambiental,
conseguiram criar uma modalidade de área protegida, incorporada pelo SNUC7
a Reserva Extrativista (DIEGUES e MOREIRA, 2001).
Embora as reservas extrativistas também apresentem problemas,
principalmente no que diz respeito à viabilidade econômica, elas continuam a
ser importantes modelos a serem aperfeiçoados para uma nova forma de
conservação da natureza e desenvolvimento local. De acordo com Aubertin
(2000), as reservas constituem locais de experimentação para uma exploração
sustentável da floresta, baseada no uso coletivo, em que as populações seriam
as protetoras efetivas do meio ambiente. Além disso, as reservas extrativistas
possibilitam a resolução de problemas fundiários para segmentos culturalmente
diferenciados, o que não é pouco quando se avalia a história fundiária do país.
Diegues (2000) chamou essa nova e incipiente forma de conservação da
natureza, talvez inaugurada com o movimento dos seringueiros, de
etnoconservação, que viria a ser a constatação das ambiguidades e
incongruências das teorias conservacionistas elaboradas nos países do norte e
transplantadas ao sul. A etnoconservação buscaria maior adaptação às
necessidades ambientais e culturais locais, partindo do pressuposto de que
tanto o conhecimento científico quanto o tradicional são importantes para a
conservação. O primeiro pela possibilidade de diálogo global e acesso à
tecnologia de ponta em suas investigações, e o segundo por ter acumulado por
gerações conhecimentos locais. Por isso, pesquisadores têm se dedicado aos
estudos da origem e evolução temporal de ambientes e sociedades (PIMBERT
e PRETTY, 2000).
Cada vez mais os conservacionistas se dão conta de que a estratégia de
criação de áreas protegidas descontextualizadas do panorama político, social e
cultural local, acaba resultando em perda de biodiversidade ou em uma
7 Sistema Nacional de Unidades de Conservação, criado pela Lei no. 9.985 de 18 de julho de 2000. Ele divide as áreas protegidas no Brasil em dois grupos: Proteção integral (Parques nacionais/estaduais, Reservas biológicas, Estações ecológicas, Monumentos naturais, Refúgios da vida silvestre) e Uso sustentável (Áreas de proteção ambiental, Áreas de relevante interesse ecológico, Floresta nacional, Reservas extrativistas, Reservas de desenvolvimento sustentável, Reservas de fauna, Reservas particulares do patrimônio natural). Para maiores informações acerca do SNUC ver: BENSUSAN (2006) e ANGELO-FULAN (2000).
59
conservação ineficaz. Para Bensusan (2006), enquanto o mau uso da terra e
dos recursos naturais fora das áreas protegidas persistir, o futuro das unidades
de conservação e de sua biodiversidade estará ameaçado. Desta forma, mais
que pensar a conservação dentro de áreas protegidas, é necessário pensar
formas de conservação da natureza em qualquer parte.
Bahri (2000) afirmou que a consolidação e a viabilidade dos sistemas de
produção se baseiam na associação de diversas atividades: agrícola,
agroflorestal, extrativista, pesca e caça. É a diversificação dos modos de
utilização do ambiente que pode garantir a viabilidade do sistema e
potencializar a conservação.
Novas formas de proteção da natureza pressupõem uma nova
racionalidade socioambiental na qual a diversidade cultural é uma necessária
aliada. Há que se estar dispostos a novos princípios de gestão ambiental e de
democracia participativa, pois os problemas ambientais estão, em grande
medida, vinculados aos problemas sociais. Uma nova racionalidade ambiental
pressupõe uma nova racionalidade produtiva, que inclua as camadas
marginalizadas de nossas sociedades (PIMBERT e PRETTY, 2000):
“O manejo [...] de áreas protegidas exige a mudança de atitudes „normais‟ em prol de maior diversidade, democracia e descentralização. A visão de conservação aqui apresentada estabeleceria e desenvolveria parques e áreas protegidas com o objetivo de aumentar as oportunidades de melhoria de vida local e então integrar essas medidas com objetivos de conservação. Esse novo paradigma assevera que as múltiplas atividades de subsistência das comunidades rurais não são necessariamente incompatíveis com a conservação da diversidade biológica. Na verdade, sob certas condições a participação comunitária no manejo dos recursos naturais pode ajudar a manter o mesmo, aumentar a diversidade biológica dentro e ao redor das áreas protegidas.” (PIMBERT e PRETTY, 2000, p. 216).
Segundo Brito (2006), o Ibama vem trabalhando novas alternativas para
promover a conservação dos ecossistemas nos diversos biomas brasileiros.
Neste sentido, os corredores ecológicos vêm constituindo uma ideia inovadora,
como instrumento de planejamento e gestão biorregional, tendo como enfoque
buscar conciliar a conservação da biodiversidade com as demandas da
60
sociedade e das atividades produtivas sobre os recursos naturais dos
ecossistemas inseridos no espaçamento territorial de sua abrangência.
Embora a finalidade principal dos corredores seja avançar na
consolidação das áreas protegidas de diferentes categorias, promover o
planejamento ambiental e propiciar a integração de ações entre os órgãos
ambientais e identificação de novas áreas para a conservação, eles poderiam
também ser pensados como eixos de desenvolvimento socioambiental, pois em
qualquer parte do país em que se deseje interligar fragmentos, biologicamente
identificados como relevantes para a conservação, eles são, via de regra,
habitados por populações tradicionais, sobretudo na região dos fragmentos das
florestas atlânticas (PIMBERT e PRETTY, 2000).
Novos desenhos e objetivos para a proteção da natureza são
necessários e possíveis. Muitas iniciativas nas últimas décadas têm tentado
abordar a conservação e o desenvolvimento em um contexto integrado, que
beneficiaria as populações locais e os sistemas naturais dos quais elas
dependem (SILVA, 2008).
Entretanto, segundo Schmink (2005), para ter as comunidades
habitantes das florestas como aliadas da conservação, é preciso mais que os
atrativos fornecidos por algumas demandas do mercado, que são temporárias.
Para essa autora, devido aos benefícios não-comerciais que o manejo florestal
tradicional oferece para toda a sociedade, os mecanismos que podem resultar
no pagamento de serviços ambientais ou no apoio legal aos pequenos
produtores em troca do manejo e da proteção da floresta são apropriados,
contudo, por ora essa não é uma solução vislumbrada pelos órgãos públicos
ambientais e sociais.
A forma mencionada de implantação e administração das áreas
protegidas no Brasil é, sem dúvida, marcada por um grande autoritarismo, pois
os moradores não são previamente informados dos objetivos da chamada
conservação e das mudanças drásticas sobre seu modo de vida. Está sendo
imposto um modelo de conservação fadado ao fracasso, pois, na maioria dos
casos, não conta com o apoio das populações locais e regionais. Nesse
sentido, as áreas protegidas são concebidas como “ilhas naturais”, defendidas
contra todo tipo de seres humanos, principalmente dos moradores tradicionais
61
que passam a ser considerados os vilões e são reprimidos com rigor
(DIEGUES, 1996).
O poder público, na figura do Ministério do Meio Ambiente, vem
divulgando iniciativas de integração entre Unidades de Conservação e
promoção da valorização do saber local para a conservação da natureza, que
abrange uma série de programas com objetivos e metas. Porém, pouco ou
quase nada foi feito para a implementação desses objetivos e diretrizes. Faltam
recursos e principalmente integração entre os órgãos do poder público. Pois,
em realidade, atenta contra os objetivos predominantes dessa gestão, que
estão ligados à expansão do agronegócio exportador e em outras atividades
fortemente consumidoras de recursos naturais. Sendo assim, como é possível
promover por meio de um único programa o desenvolvimento sustentável para
comunidades tradicionais, se todo o restante das decisões governamentais
caminha no sentido de eliminá-las das áreas que historicamente ocupam?
(SILVA, 2008).
Para um êxito real da conservação da biodiversidade e dos
remanescentes florestais, é necessário um outro pacto social em que as
populações locais e regionais, principalmente os moradores tradicionais do
interior das unidades de conservação e de seu entorno, possam desempenhar
um papel fundamental baseado no conhecimento tradicional dos ecossistemas,
das técnicas de manejo, ainda tão pouco conhecidas dos órgãos públicos e
frequentemente até das pesquisas acadêmicas baseadas unicamente na
contribuição das Ciências Naturais. Esse novo pacto implica respeito à
cidadania das populações locais, a descentralização da implantação e do
manejo das áreas de conservação, a concepção democrática dos planos de
manejo e a proteção da diversidade sociocultural existente no país (DIEGUES,
1996).
Como afirma Diegues (2004, p. 97):
“Mais do que repressão, o mundo moderno necessita de exemplos de relações mais adequadas entre homem e natureza”.
Sendo assim, é possível conceber uma relação mútua entre sociedade e
natureza: a sociedade reage às mudanças da natureza, da qual ela é um dos
62
polos, assim como a natureza, englobando-a, responde ao que acontece nas
sociedades escalonadas nos ramos do mundo vivo, e ao invés de criar um
vínculo unilateral, deve-se buscar um vínculo recíproco, no qual a função das
sociedades é ressocializar a natureza, aprender a habitá-la, em vez de
abandoná-la (LARRÈRE e LARRÈRE, 1997).
2.2. Transformações históricas no Vale do Ribeira: trajetórias
tecnológicas da agricultura tradicional do Bairro da Serra – Iporanga/SP
O Vale do Ribeira está localizado no norte do estado do Paraná, na
nascente do Rio Ribeira, e ao sul do estado de São Paulo, onde esse rio
desagua no mar na cidade de Iguape (LINO, 1976). Recebe esse nome em
função da bacia hidrográfica do rio Ribeira do Iguape, complexo Estuarino
Lagunar de Iguape, Cananeia e Paranaguá, abrangendo área total de
aproximadamente 25.000 km2. As nascentes do rio estão localizadas no Estado
do Paraná, no município de Cerro Azul, e a maior parte dos seus 520
quilômetros de comprimento está situada em território paulista, abrangendo
17.000 km2 de extensão (dois terços) nesse estado (SMA, 1995; ANDRADE et
al., 2000).
Ocupa uma área de 2.830.666 hectares e se localiza entre os paralelos
23° e 25° ao sul do Equador e entre os meridianos 47° e 50° de longitude
Oeste. Inclui integralmente 30 municípios (7 paranaenses e 23 paulistas) e
existem ainda outros 21 municípios no estado do Paraná e outros 18
municípios no estado de São Paulo, que estão parcialmente inseridos na bacia
do rio Ribeira (LINO, 1976).
Abriga 61% da Mata Atlântica remanescente no Brasil, 150 mil hectares
de restinga e 17 mil de manguezais. Seus mais de 2,1 milhões de hectares de
florestas equivalem a aproximadamente 21% dos remanescentes de Mata
Atlântica existentes no país, transformando-o na maior área contínua desse
importante ecossistema. Em 1999, a Unesco (Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou a região Patrimônio Natural
da Humanidade por conter uma das maiores biodiversidades do mundo. Essa
região é produtora de água de qualidade, contendo ecossistemas aquáticos
63
(rio, estuário e mar) e terrestres (duna, mangue, restinga e floresta ombrófila
densa) (FOGAÇA, 2006).
O clima predominante é o subtropical úmido, com temperaturas médias
anuais de 21 ºC na parte central e de 15 a 17 °C na parte mais rebaixada da
região e nas encostas das serras. A umidade relativa do ar em geral é de 85%
e há ocorrência de chuvas abundantes, excedendo a 2.000 mm na faixa
litorânea, atingindo em alguns vales internos 4.000 mm por ano. Os declives
são acentuados e, associados à grande precipitação, promovem a lavagem do
solo, tornando-o ácido. O relevo possui altitude média de 800 a 900 m,
associado à Serra do Mar (BORN, 2000).
Possui uma população de aproximadamente 531.933 habitantes, cuja
maior parte vive na zona urbana (IBGE, 2007). Essa região não é só
reconhecida por sua riqueza ambiental que a torna singular, mas também por
sua riqueza cultural, sua população formada por indígenas, caiçaras,
quilombolas, agricultores caboclos e imigrantes portugueses, franceses,
poloneses, húngaros, judeus, eslovacos, italianos, ingleses, russos, alemães,
japoneses e chineses, que formam uma diversidade cultural raramente
encontrada, um patrimônio cultural preservado (FOGAÇA, 2006).
A economia da região baseia-se em uma agricultura diversificada, em
sua faixa litorânea, contudo, a pesca exerce papel fundamental para as
comunidades locais. As espécies vegetais mais presentes nas lavouras do vale
são a banana e o chá-da-índia, com maior relevância do ponto de vista
comercial. A atividade de pecuária é incipiente. Existe ainda um setor
secundário, com destaque para a exploração de fosfato e calcário,
predominante nos municípios de Cajati e Apiaí-SP. Porém, grande parte dos
agricultores familiares, caiçaras, indígenas e caboclos possui uma economia
bastante dependente da floresta, mangues, restinga e desenvolvem agricultura
de subsistência (FERREIRA, 2004; QUEIROZ, 2006).
O Vale do Ribeira possui diversas categorias de Unidades de
Conservação, que englobam cerca de 70% das terras da região. Destas terras,
cerca de 400 mil hectares são áreas protegidas em Parques e Estações
Ecológicas e outros 600 mil são propriedades particulares dentro de APAs –
Áreas de Proteção Ambiental. Essas áreas estão submetidas à legislação
64
específica, o que muitas vezes impede seus proprietários de trabalhar com a
questão econômica/agrícola em suas propriedades (SMA, 1995).
Sendo assim, as Unidades de Conservação (parques estaduais, APA ou
área de restrição ambiental) implantadas ao longo da região do Vale do Ribeira
vêm moldando a economia da região, diminuindo a produção rural,
transformando e restringindo a economia da região em turismo e atividades
correlatas (FERREIRA, 2004).
Por abrigar uma das maiores concentrações de remanescentes de Mata
Atlântica do país, essa região despertou a atenção nacional e internacional,
sendo definida como um dos “hotspots” encontrados no mundo, e com uma
biodiversidade tão rica quanto a da Floresta Amazônica (ISA, 1998). Assim, o
Código Florestal passou a ser aplicado com maior rigor, e a Mata Atlântica foi
declarada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988. Em 1992, o
Vale do Ribeira passou a integrar a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,
reconhecida pela Unesco, sendo, portanto, um patrimônio da humanidade
(ALVES, 2004).
A indústria no Vale do Ribeira é cada vez mais apoiada pelo governo do
estado de São Paulo e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae). As cidades estratégicas em transporte, como Juquiá,
Registro, Miracatu e Sete Barras, atraem empresas de diversas regiões
possibilitando melhores condições de escoamento de produtos para o Paraná,
sudeste e nordeste de São Paulo, eliminando custos e gerando benefícios para
a indústria e habitantes locais. A energia na região é produzida por usinas
hidrelétricas no rio Juquiá: duas em Tapiraí, duas em Juquiá (FOGAÇA, 2006).
A ocupação humana na região é anterior aos indígenas, que foram
encontrados por portugueses e outros europeus em sua chegada. A
arqueologia indica presença humana no Vale do Ribeira há mais ou menos
10.000 anos. Nos sítios arqueológicos onde esses povos habitavam,
encontram-se restos das coisas que usavam em seu dia a dia, seja para
alimentação ou outros hábitos. É provável que nesse mesmo período tenha
ocorrido a chegada de grupos nômades de caçadores-coletores vindos do
planalto ao sul-sudeste. Esses grupos são reconhecidos pelos arqueólogos
porque deixaram nos lugares em que moravam restos dos instrumentos líticos
65
que fabricavam. Logo depois dos caçadores-coletores, vieram os povos que
deixaram como herança técnicas tradicionais de pesca e plantio, e vários
alimentos plantados como milho, feijão e mandioca, tanto que até hoje a
população atual da região é, na maioria, descendente desses indígenas
(FOGAÇA, 2006).
Aos poucos, esses povos foram se fixando e inúmeras tribos indígenas
se formaram nas áreas onde, atualmente, se localizam os bairros rurais. As
tribos de língua Tupi foram os últimos grupos que habitaram o Vale do Ribeira
antes dos europeus. Esses grupos viviam do cultivo de vegetais, caça e pesca,
plantavam milho, mandioca, feijão, etc. Sendo assim, as atuais técnicas de
manejo, roça, ou roçado, são semelhantes às utilizadas pelos antigos
habitantes da região (QUEIROZ, 2006).
Há registros de que no século XVI os colonos europeus já ocupavam a
região da Baixada do Ribeira e, devido à escravidão indígena, o Alto Vale
tornou-se uma zona de refúgio dos que escapavam. Esse fato levou os
europeus a buscar as comunidades negras que depois se estabeleceram no
local e com este convívio tiveram sua cultura e hábitos influenciados pelos
povos indígenas (CPISP, 2009).
Nos séculos XVI e XVII, intensificaram-se as buscas por ouro e prata e,
no final desse século, foi descoberto ouro de aluvião no Alto Ribeira, o que
impulsionou a ocupação do interior e as primeiras instalações de mineradores
em algumas localidades. Com isso, a mão de obra negra escrava foi logo
introduzida no local para utilização na mineração, praticada quase sem o
controle metropolitano durante muitos anos (JUSTINIANO, 2009).
Com a fiscalização metropolitana e a decadência do ouro no Vale do
Ribeira e o advento das minas de ouro e diamantes em Goiás, Mato Grosso e
principalmente em Minas Gerais, houve no Alto do Ribeira um grande
movimento da população no sentido inverso da ocupação do território. Após a
abolição da escravatura, os antigos escravos ocuparam terras desvalorizadas
com o fim da mineração ou doadas pelos antigos senhores, permanecendo na
região e formando as comunidades quilombolas. Portanto, as atuais
comunidades de remanescentes de quilombo no Vale do Ribeira têm sua
origem nos negros que de diversas formas resistiram e alcançaram a condição
66
de camponeses autônomos, constituindo grupos com cultura singular
(FOGAÇA, 2006; CPISP, 2009).
2.2.1 Vale do Ribeira no estado de São Paulo
A região do Vale do Ribeira em São Paulo situa-se na porção sul desse
estado, sendo formada por 23 municípios (Figura 1).
FIGURA 1. Localização e distribuição dos municípios que ocupam o Vale do Ribeira no Estado de São Paulo.
Essa região no estado de São Paulo possui municípios mais extensos
que no Paraná. Os municípios de Iguape, Eldorado, Cananeia e Iporanga são
os que possuem maior extensão territorial, e São Lourenço da Serra e Ilha
Comprida são os menores municípios desta região. A cidade de Registro,
conhecida popularmente como Capital do Vale do Ribeira, é a mais populosa, e
Iatoca, a que possui a menor população. A população dessa região é
desigualmente distribuída, com áreas mais habitadas como Registro (74,87%)
e áreas pouco habitadas como o município de Iporanga (3,92%) (SMA, 1995;
BORN, 2000; FOGAÇA, 2006).
Possui paisagem montanhosa e florestada, por onde passa o Rio
Ribeira, em cujas margens se situam municípios como Iporanga, Apiaí, Ribeira
67
e Itaoca. Esse rio recebe vários afluentes como o Juquiá e o Jacupiranga, onde
se situam cidades de Eldorado, Sete Barras, Juquiá, Jacupiranga e Registro. O
rio desemboca na região litorânea próxima a Iguape, sendo assim, treze sub-
bacias formam a bacia do Rio Ribeira em São Paulo (DIEGUES, 2007;
HOGAN, 2009).
Em 1500, os domínios da Mata Atlântica cobriam 1.085.544 km², ou
seja, 12% do território nacional. Atualmente, os remanescentes dessa floresta
atingem pouco mais de 90.000 km² e no território paulista restam apenas 7%,
representados por 17.314 km² dessa cobertura vegetal original (SMA, 1995).
Dados referentes à área ocupada com florestas nativas nessa região mostram
que ainda existe mais de um milhão de hectares de vegetação nativa,
ocupando 64% do território da região, variando entre 13% em Ribeira a 90%
em Pedro de Toledo (SMA, 2000).
Desde 1958, e de forma mais intensa nas décadas de 70 e 80, os
esforços preservacionistas levaram à criação de sete parques estaduais, duas
estações ecológicas e três áreas de preservação ambiental, sendo elas (SMA,
1995):
- Parque Estadual (PE) Carlos Botelho, localizado nos municípios de Tapiraí,
Capão Bonito e Sete Barras, ocupando uma área aproximada de 37.644 ha;
- PE Ilha do Cardoso, em Cananeia, com 13.600 ha;
- PE Intervales, localizado nos municípios de Eldorado, Iporanga e Sete Barras,
com 46.086 ha;
- PE Jacupiranga, distribuído nos municípios de Barra do Turvo, Cananeia,
Jacupiranga, Eldorado, Cajati e Iporanga, com uma extensão de 150.000 ha;
- PE Pariquera Abaixo, em Pariquera Açu, com 2.360 ha;
- PE Serra do Mar, que engloba três núcleos, sendo que apenas um deles se
encontra no Vale do Ribeira, em Juquitiba, com uma área de 9.058 ha;
- PE Turístico do Alto do Ribeira (PETAR), localizado em Iporanga e Apiaí,
ocupando uma área de 35.884 ha;
- Estação Ecológica Chauás, em Iguape e Estação Ecológica Jureia-Itatins, em
Iguape, Itarari e Miracatu; as duas ocupam uma área de 79.270 ha;
- Área de Proteção Ambiental (APA) Cananeia-Iguape-Peruíbe, localizada em
Iguape, Ilha Comprida, Itarari e Miracatu;
68
- APA Serra do Mar, em Barra do Turvo, Capão Bonito, Eldorado, Iporanga,
Juquiá, Juquitiba, Sete Barras e Tapiraí; e
- APA Ilha Comprida, no município de Ilha Comprida.
Assim, mais de meio milhão de hectares da região do Vale do Ribeira se
encontram sob área de proteção, restringindo o uso econômico a atividades
delimitadas (HOGAN, 2009).
2.2.1.1 Aspectos históricos de ocupação
Embora haja indícios que sinalizem para uma suposta ocupação na
região do Baixo Vale do Ribeira por volta de 1498, os primeiros registros de
colonização nessa região apontam o ano de 1502, com a presença de
portugueses e espanhóis na região de Cananéia. Tratava-se de degredados,
entre os quais se destacou o Bacharel Cosme Fernandes, trazidos pela
esquadra de André Gonçalves e Américo Vespúcio, que iniciaram a ocupação
e a colonização do litoral do Vale do Rio Ribeira de Iguape (FORTES, 2000).
Porém, o primeiro documento fidedigno que registra a presença de europeus
nessa região é o diário de navegação da Primeira Expedição Colonizadora de
Martim Afonso de Souza, que ancorou seus navios na Ilha do Bom Abrigo, em
frente à Ilha do Cardoso, onde deixou um marco em 1531. Martim reportou-se
à presença anterior de portugueses e espanhóis na região de Cananéia, e
somente a partir desse mesmo ano o processo de ocupação se intensificaria
(SCATAMACCHIA et al., 2003; DIEGUES, 2007). Sendo assim, os dois
núcleos urbanos mais tradicionais da região, Iguape e Cananéia, datam do
início da colonização do País, no século XVI (BORN, 2000).
Imbuídos pelo sonho do Eldorado, a busca do ouro se iniciou em 1531,
quando Martim Afonso organizou uma expedição de 80 homens que subiu o
Rio Ribeira, infiltrou-se até as cabeceiras da malha hidrográfica ao pé da Serra
de Paranapiacaba, denominação regional para a Serra do Mar. O ouro
encontrado, embora pouco, foi suficiente para alimentar a imaginação da Coroa
Portuguesa, resultando na criação da Casa de Officina Real da Fundição de
Ouro em Iguape e definindo aquela que seria considerada, mais tarde, a
primeira fase econômica do Vale do Ribeira (FORTES, 2000).
69
O ciclo do ouro começou, no entanto, por volta de 1550 quando foi
encontrado ouro de aluvião no interior do Vale do Ribeira, na região de Apiaí-
Iporanga, no Alto Ribeira, Eldorado, no Médio Ribeira, mas também em
Cananéia e no litoral paranaense. O resultado desse curto ciclo minerador foi o
início do povoamento da área que seguia o curso do rio Ribeira até Apiaí e
Iporanga. Parte desse ouro era fundida em Iguape, na casa da moeda ainda
hoje existente e transformada em museu (DIEGUES, 2007).
Assim, o Vale do Ribeira viveu um ímpeto de desenvolvimento pela
mineração do ouro, que interiorizou sua ocupação, sendo que, durante essa
fase, a região esteve ocupada com agricultura voltada para a produção de
alimentos destinados ao contingente da mineração. Nesse processo, pela rica
rede hidrográfica, drenada pelo Ribeira de Iguape, que estabelecia a
comunicação do interior com o mar, ganhou destaque e se desenvolveu a
cidade de Iguape, devido à sua estratégica posição, na confluência do mais
importante canal de comunicação com o mar, assumindo a hegemonia
econômica da região (BORN, 2000; DIEGUES, 2007; MENDES-JUNIOR,
2007).
Porém, o rápido esgotamento das reservas auríferas da região, somado
ao descobrimento de grandes jazidas de ouro nas Minas Gerais em 1693,
afrouxou os ânimos e acirrou a instabilidade econômica regional. A divulgação
da descoberta causou grande agitação tanto na colônia como na metrópole,
desencadeando a Corrida às Minas Gerais. Este evento provocou a evasão
acentuada dos habitantes do Vale do Ribeira, resultando em um estado de
abandono generalizado na região (BRAGA, 1999). Assim, o ciclo da mineração
no Vale entrou em decadência, e a baixa rentabilidade motivou o deslocamento
da mão de obra para outras regiões (BORN, 2000; BARBOSA, 2007). O final
desse ciclo causou a primeira migração dos moradores do litoral sul, que não
ocorreu com igual intensidade no Alto Ribeira, onde a mineração do ouro
continuou até por volta de 1800 (DIEGUES, 2007).
Com a decadência do ciclo do ouro, a construção naval começou a
ganhar destaque no cenário econômico regional, impulsionada pela
acumulação de capital da fase aurífera. A nova fase econômica, embora
restrita ao litoral, ocorreu principalmente em Cananéia e Iguape, quando
70
mestres-carpinteiros, alguns vindos do Rio de Janeiro, construíram, a partir de
1711, as primeiras embarcações usadas na navegação de cabotagem, levando
os produtos da lavoura para vários portos da costa e mesmo para Portugal.
Esse fato garantiu a reprodução do capital que serviria de base para a futura
expansão da rizicultura na região (BRAGA, 1999; FORTES, 2000; MENDES-
JUNIOR, 2007).
Após a migração para as Minas Gerais, o pequeno contingente que
decidiu permanecer no Vale seguiu com alguma atividade de garimpo, cuja
produção deve ter sido suficiente para justificar o funcionamento da Casa de
Fundição em Iguape até 1763, quando, em vista da produção inexpressiva e
diante das novas possibilidades econômicas sinalizadas pela rizicultura em
franca expansão na região, suas atividades se encerraram definitivamente
(MENDES-JUNIOR, 2007).
Porém, antes do advento da rizicultura, grande parte dos moradores da
região se especializou na produção agrícola, com a exportação de farinha de
mandioca, arroz, cana-de-açúcar e também de peixe seco para os portos de
Rio de Janeiro, Santos, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (ANDRADE et al.,
1997). Tanto que, em 1827, iniciou-se a construção de um canal de três
quilômetros de comprimento e cerca de três metros de largura, ligando o Porto
da Ribeira ao Mar Pequeno, para facilitar o desembarque direto das
mercadorias transportadas nas embarcações, que desciam o rio no porto de
Iguape, local onde eram exportadas. O volume de água desse canal foi
derrocando as margens arenosas, construindo o chamado Valo Grande
(DIEGUES, 2007).
Gradativamente, a partir do final do século XVIII, o Vale foi se firmando
na produção de arroz para o abastecimento interno. A produção, escoada por
meio da rede hidrográfica para o porto de Iguape, seguia para os portos de
Santos e Rio de Janeiro, e após 1830, o arroz do Vale já havia expandido seu
mercado e se destinava, principalmente, à exportação. Em meados do século
XIX, a região experimentou o apogeu do ciclo do arroz. Essa economia definiu-
se como a mais importante na História do Vale do Ribeira, consolidando a
monocultura do arroz, sobretudo nos municípios de Eldorado e Iguape. Em
1836, a produção de arroz foi de cerca de 35.000 sacos, tendo Iguape e
71
Cananéia respondido por quase 80% dos engenhos de arroz em toda a
província de São Paulo, e cerca de 30.000 sacos foram exportados para o Rio
de Janeiro e Santos. Entre 1850 e 1880, a quantidade média de arroz
exportada tinha aumentado para 50.000 sacos (VALENTIN, 1993; ANDRADE
et al., 2000; ALVES, 2004; DIEGUES, 2007; MENDES-JUNIOR, 2007).
Entretanto, é neste mesmo período que se iniciaram algumas
importantes mudanças de caráter político e ambiental, motivadas pelos
interesses econômicos da época, que resultariam, mais tarde, no colapso total
da economia do arroz na região (MENDES-JUNIOR, 2007).
A produção agrícola no Brasil fundamentava-se essencialmente na
exploração da mão de obra escrava. Pressionado pelos interesses econômicos
da Inglaterra, o Governo brasileiro, após um longo período de relutância,
instituiu a Lei Eusébio de Queirós de 1850, que ordenava a extinção total do
tráfico transatlântico de escravos africanos (CERVO, 1981). A medida,
obviamente, teve repercussão negativa nos diferentes segmentos da
agricultura escravista e se converteu num dos fatores que determinaram a crise
no abastecimento de gêneros alimentícios. Por essa época, o preço do arroz
subiu significativamente e acelerou o crescimento econômico que se
concentrava principalmente em Iguape e Cananéia, onde os proprietários de
engenhos de beneficiamento, bem como os comerciantes, controlavam o
mercado regional do arroz (BRAGA, 1999).
O escoamento da produção de arroz proveniente do interior do Vale
contava por aquela época com uma nova facilidade: a disponibilidade de um
estreito canal artificial construído ao longo de 25 anos, e que seria, mais tarde,
conhecido por Valo Grande. Esse canal permitia a redução de,
aproximadamente, 20 km no percurso entre o Rio Ribeira e o porto de Iguape,
conferindo maior dinamismo e menores custos no transporte do arroz. Sendo
assim, o quadro mercadológico, extremamente oportuno, associado aos meios
prontamente disponíveis, tais como o amplo aparato naval e a nova rota de
escoamento da produção para o porto de Iguape, resultaram na fase de maior
prosperidade econômica para a região (MENDES-JUNIOR, 2007).
Contudo, por volta de 1860, o arroz produzido no Brasil deixou a pauta
dos dez produtos mais exportados e voltou a abastecer, quase que
72
exclusivamente, o mercado interno em decorrência do aumento populacional e
o consequente aumento da demanda de alimentos na Baixada e no Rio de
Janeiro (VALENTIN, 2003). Enquanto isso, o café, cuja expansão avançava a
passos largos, já havia se configurado, há algum tempo, no principal item da
pauta brasileira de exportação, promovendo forte atração nos investidores que,
historicamente, sempre buscaram maiores rendimentos financeiros
(FURTADO, 1987). Aos poucos, a cafeicultura absorveu não só os capitais que
antes se destinavam ao complexo canavieiro e rizicultor, mas, sobretudo, a
disputada mão de obra escrava que, gradualmente, se transferia para as zonas
produtoras do café (MÜLLER, 1980).
Em 1889, um ano após o fim da escravidão, a produção do arroz no Vale
do Ribeira decaiu para 21.000 sacos, devido às dificuldades impostas pela
escassez de mão de obra, descapitalização da produção e concorrência com o
arroz produzido no planalto em antigas zonas cafeeiras, bem como com o arroz
que vinha sendo importado em quantidades crescentes a partir de 1890
(VALENTIN, 2003).
Entre o final do século XIX e início do século XX, o Vale do Ribeira
sofreu um dos maiores golpes na sua economia, ocasionado pelos efeitos
produzidos pela abertura do canal artificial (Valo Grande) anteriormente citado.
Esse estreito canal que, no passado, permitia a passagem de uma única canoa
por vez, ganhou dimensões assustadoras e aterrorizava os iguapenses com a
possibilidade de destruir a cidade. A situação ficou ainda mais grave, pois o
material que fora solapado dos barrancos se acumulou em grandes
quantidades no leito do Mar Pequeno. Esse, em 1903, estava assoreado a
ponto de inviabilizar a aproximação de embarcações de maior calado. Daí por
diante, o porto de Iguape, que havia sido a pedra estrutural da economia
regional, foi perdendo a razão de existir até desaparecer completamente
(LEPSCH, 1990).
Mesmo assim, o Vale prosseguiu com alguma produção de arroz, cuja
qualidade foi amplamente reconhecida na mostra Exposizione Internacionale
Delle Industrie e Del Lavoro realizada em Turim na Itália em 1911, recebendo o
título de “Melhor Arroz do Mundo. Entretanto, essa premiação não mudou, em
quase nada, o processo de decadência da produção mercantil do arroz no Vale
73
e, o estado de estagnação econômica que se apossava da região, tanto que
em 1925 o número de engenhos de arroz se reduziu consideravelmente em
Iguape, para desaparecer em Cananéia (DIEGUES, 2007).
Durante essa fase de estagnação, a região esteve ocupada com
agricultura de subsistência, e se fortaleceram as relações de aliança e troca,
que já ocorriam desde o início da colonização, entre a população indígena local
e os europeus presentes nessa região (BORN, 2000). Dessa forma, a abolição
da escravatura está relacionada com a decadência do ciclo do arroz, pois não
havia mão de obra disponível para trabalhar nos arrozais e isso diminuiu a sua
competitividade em face da economia do café (LEPSCH, 1990).
É em meio a esse conturbado final de século que a região do Alto Vale
do Ribeira começou a ser conhecida nos meios científicos pela grande
concentração de grutas e cavernas. As primeiras pesquisas na região
apontavam a importância da preservação do patrimônio espeleológico local e
sugeriam a criação de um parque (BONDUKI, 2002).
Em 1929, por ocasião da primeira excursão botânica ao Vale do Ribeira,
Hoehne (1940), citado por Mendes-Junior (2007), reforçou as recomendações
de proteger o patrimônio arqueológico, pospostas pelo Major Ricardo Krone
(pesquisador naturalista) que, em expedição científica pelo Alto do Ribeira,
descobriu a Gruta da Tapagem, conhecida como Caverna do Diabo, que
atualmente tem grande importância para o turismo do estado, e assim foi se
definindo a implantação das unidades de conservação na região.
Porém, o foco estava voltado à exclusão das populações locais de seu
ambiente. Assim, surgiu a legislação regulamentadora das unidades de
conservação no Vale do Ribeira, baseada na visão dos cientistas que definiam
o modo de implantação das áreas a serem protegidas, em que o elemento
humano, representado pelas populações locais, era percebido como não
necessário ao ambiente. A vida na mata, na visão desses cientistas, parecia
imprópria às populações locais, e assim, elas são separadas ou separáveis do
ambiente em que vivem (MENDES-JUNIOR, 2007).
Por volta de 1950, surgiram os primeiros resultados do aquecimento
econômico induzido pela imigração japonesa de 1912, embora ainda
insuficientes para retirar a região do quadro de pobreza. Porém, deu início à
74
expansão da bananicultura e teicultura, bem como à demanda por lenha,
carvão vegetal e madeira de caixeta (Tabebuia cassinoides (Lam.) D.C.).
Assim, encontraram na população local a mão de obra necessária e
concorreram para a diversificação do modo de produção tradicional, ao qual
foram adicionados a atividade extrativista vegetal, o carvoejamento e a pesca
com fins estritamente comerciais (MÜLLER, 1980).
A retomada da mercantilização da agricultura regional, que ocorreu
principalmente a partir dessa época, venceu o modo tradicional de produção
nas porções central e norte da região por volta de 1975 (MÜLLER, 1980;
BRAGA, 1999).
Em 1958, foi criado o primeiro Parque Estadual do Vale do Ribeira, o
Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar), nas imediações dos municípios de
Apiaí e Iporanga. Esse fato em nada interferiu, pelo menos nas três décadas
seguintes, no cotidiano das populações locais, as quais obtinham, por meio do
extrativismo, a complementação para suas necessidades básicas. Entretanto, à
medida que a mercantilização capitalista avançava, intensificou-se também o
extrativismo de caráter comercial resultante da readaptação da organização
caipira da produção. Assim, recursos florestais como a caixeta (Tabebuia
cassinoides (Lam.) D.C.) e o palmito se tornaram cada vez mais escassos na
Baixada, enquanto grupos de palmiteiros adentravam o Vale em busca da
Jussara (Euterpe edulis Mart.) que, rapidamente, desaparecia da paisagem
(MENDES-JUNIOR, 2007).
Em 1983, o Petar saiu do papel e foi implantado definitivamente,
trazendo consigo o aparelho de fiscalização e repressão. Com isso, a presença
do Parque foi imediatamente percebida pelas populações locais, principalmente
no Bairro da Serra, que havia sido parcialmente englobado no processo de
demarcação da referida unidade de conservação (FOGAÇA, 2006).
Pode ser verdade que, se não fosse a criação e implantação das
unidades de conservação, boa parte da área florestal do Vale já teria
desaparecido sob a voracidade da economia capitalista, ou simplesmente pelas
questões culturais e necessidades relacionadas à sobrevivência. Entretanto,
não se pode deixar de considerar o outro aspecto desse paradoxo: o êxito na
conservação ambiental de áreas protegidas que só é possível quando há
75
cooperação dos habitantes locais. Porém, a implantação das unidades de
conservação no Vale do Ribeira adotou uma estratégia que falha, não somente
pela insuficiência de planejamento, mas, sobretudo, pela falta de respeito à
cultura e à história dos habitantes tradicionais. Esses, de um momento a outro,
foram destituídos de quaisquer direitos de uso do ambiente, o que se traduz em
ausência total de alternativas econômicas e em ruína social e cultural
(MENDES-JUNIOR, 2007).
A criação do Petar foi apenas o início de um processo muito mais amplo
de implantação de outras unidades de conservação por meio da imposição das
leis de preservação ambiental que hoje ocupam 64% da área total do Vale do
Ribeira na porção paulista (HOGAN et al., 2009).
A restrição de atividades tradicionais vitais à subsistência das
comunidades atingidas, associada à falta de alternativas econômicas, criou, por
parte da população local, uma relação extremamente negativa com o parque. E
aqueles que poderiam ter sido os grandes e melhores parceiros para a
implantação e monitoramento das unidades de conservação se converteram
em seus mais poderosos inimigos. Viver a vida como sempre havia sido vivida
passou, de um momento a outro, a ser crime, assim, a população afetada pela
presença do parque ficou refugiada entre a marginalização e a fome
(MENDES-JUNIOR, 2007).
Mais recentemente, no início dos anos 90, a indústria do turismo
começou a dar sinais de uma nova alternativa econômica para a região,
prometendo o estabelecimento de uma nova fase na economia regional
(BONDUKI, 2002; SANTOS, 2005). Essa alternativa surgiu como solução às
restrições de uso impostas pela legislação ambiental, bem como ao grande
potencial turístico da região e à sua privilegiada situação geográfica
estabelecida entre os municípios de São Paulo e Curitiba, dois importantes
polos emissores de turistas (VITAE CIVILIS e WWF-BRASIL, 2003).
2.2.1.2 Aspectos socioeconômicos
Juntamente ao seu rico patrimônio ambiental, o Vale do Ribeira,
comparado às demais regiões do estado de São Paulo, possui baixos níveis de
renda e escolaridade, altos índices de mortalidade infantil e analfabetismo,
76
condições precárias de infraestrutura e saneamento básico (FUNDAÇÃO
SEADE, 2000).
É a região menos urbanizada do Estado de São Paulo. Segundo dados
do Censo Demográfico de 2000/Malha digital do Brasil, 1997, a população total
do Vale do Ribeira era de 181.153 pessoas em 1970, sendo que desse total,
69% viviam em áreas rurais (124.926 pessoas) e apenas 31% em áreas
urbanas (56.227 pessoas). Porém, a partir desse ano a região passou por um
processo de êxodo rural e assim ocorreu grande aumento no grau de
urbanização dessa região, que passou de 31% em 1970 para 64,8% em 1996.
Mesmo assim, o aumento populacional e o grau de urbanização foram baixos,
comparados a todo o estado de São Paulo (IBGE, 1970 e 1996).
Historicamente, o Vale do Ribeira é também uma das regiões que
apresentaram as menores taxas de crescimento populacional do Estado de
São Paulo, sendo que, entre 1970 e 1996, enquanto a taxa anual de
crescimento do estado foi de 3,5%, o Vale do Ribeira apresentou taxa média
anual de 2,9% (HOGAN et al., 2009).
A densidade demográfica passou de 10,6 hab/km2 em 1970 para 18,7
hab/km2 em 1996. Para efeito de comparação, o Estado de São Paulo, com
área de 248.600 km2, tinha densidade demográfica de 101 hab/km2 em 1980.
Assim, o Vale do Ribeira é uma região de baixa densidade populacional no
contexto estadual (IBGE, 1970 e 1996).
O número absoluto de imigrantes aumentou entre a década de setenta e
oitenta, sendo que a grande maioria desses imigrantes se originou dos estados
de São Paulo e Paraná (76,2% em 1970 e 85,3 em 1991), entretanto o saldo
migratório dessa região se tornou negativo na década de oitenta. Quase todo o
aumento entre as décadas ocorreu devido à migração de São Paulo, muito
provavelmente de outros municípios do próprio Vale e de municípios vizinhos à
região. As regiões limítrofes enviaram mais migrantes para o Vale, destacando-
se São Paulo e as regiões de Santos e Sorocaba com 54,6%, 19,3% e 16,3%,
respectivamente, na década de oitenta. Os migrantes oriundos de São Paulo
eram predominantemente de origem urbana (IBGE, 1991).
Os não-migrantes apresentavam maior desvantagem educacional: 26%
deles não completaram nenhum ano da escola, enquanto esse valor caía para
77
21,6% para os imigrantes, e para cerca de 10% entre aqueles que saíram do
Vale para outras regiões do Estado de São Paulo. Os números são altos, sob
qualquer critério, mas parece claro que há uma tendência para os "sem
instrução" permanecerem em seus lugares de origem, enquanto quem sai do
Vale é quem tem mais escolaridade. Somente em Registro as diferenças entre
os não-migrantes e os migrantes são menores: 11,8% dos não-migrantes, 7,2%
dos imigrantes e 10,8% dos emigrantes não completaram nenhuma série
escolar com aprovação. Como esse município é considerado a capital do Vale
do Ribeira, reunindo melhores condições socioeconômicas e de emprego, o
seu tamanho acaba puxando a média regional para cima (IBGE, 1991).
Assim, além de retratar a pobreza e abandono que caracterizam o Vale
do Ribeira, esses dados evidenciam claramente que aqueles que permanecem
nos seus lugares de origem são os menos qualificados e qualquer esforço de
desenvolvimento sustentável que vise à criação de emprego no ecoturismo ou
em serviços relacionados à preservação ambiental terá de se fundamentar em
programas de capacitação das populações locais. Caso contrário, esses postos
tenderão a ser ocupados por imigrantes com maior qualificação (HOGAN et al.,
2009).
A escolaridade na região está entre as mais baixas do Estado. Em 1991,
os chefes de domicílio sem nenhum ano de instrução completo representavam
43,9% do total, contra 23,9% no Estado de São Paulo. Somente 5,9% dos
chefes completaram algum curso superior, versus 17,0% no Estado. A renda
média das famílias, em 1991, era menor do que três salários mínimos para
71,6% dos chefes dos domicílios do Vale do Ribeira, em comparação com
46,1% no total do Estado de São Paulo. O município do Ribeira era apontado
como o mais mal colocado pelo Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – no
Estado de São Paulo (IBGE, 1991).
A acentuada pobreza, junto à urbanização e à precária infraestrutura
sanitária, aumentaram os problemas relacionados à saúde, característicos na
região. No ambiente urbano, essas condições pioraram ainda mais a situação
secular de precariedade da saúde, prioritariamente os serviços de água e
esgoto. Esse é o mais importante indicador ambiental disponível para
caracterizar os municípios, e a questão dos recursos hídricos é um dos fatores
78
principais da problemática ambiental (FOGAÇA, 2006). Segundo dados do
Censo de 1991, dos 69.595 domicílios do Vale do Ribeira, 54,3% ligavam-se à
rede geral de água com canalização interna e 35,9% abasteciam-se por poço
ou nascente: 19,9% com e 16% sem canalização interna (IBGE, 1991).
A expansão da cobertura de abastecimento de água ocorreu entre 1980
e 1991, o que trouxe um aumento da porcentagem de domicílios atendidos pela
rede de água, que ocorreu no contexto de um forte crescimento populacional,
particularmente nas áreas urbanas. O número de domicílios passou de 50.742
em 1980 para 69.595 em 1991, um aumento de mais de 27%. Já a
porcentagem de domicílios atendidos pela rede com canalização interna
aumentou de 36,6% em 1980 para 54,3% em 1991. Nas áreas rurais, a
situação dos domicílios em relação ao abastecimento de água ainda era
bastante precária em 1991; 35,4% eram por poço ou nascente sem
canalização interna. Domicílios ligados à rede com canalização interna
passaram de 3,9% em 1980 para 10,8% em 1991 (IBGE, 1991).
Houve um aumento, porém modesto, no número de domicílios rurais na
região, que passaram de 24.117 para 26.646 de 1980 a 1991. Em 1991, 32,7%
dos domicílios do Vale do Ribeira eram atendidos pela rede de esgoto, 15,4%
possuíam fossa séptica, 28,7% possuíam fossa rudimentar, 10,5% eram
ligados à vala negra e 9,3% não possuíam instalação sanitária (IBGE, 1991).
Pelos dados do Censo de 1991, verificou-se que a porcentagem de
domicílios atendidos pela rede de esgoto na região aumentou, quase
triplicando entre 1980 e 1991. Contudo, as diferenças entre as condições de
instalação sanitária dos domicílios do Vale em relação ao Estado de São Paulo
ainda eram muito grandes, confirmando o Vale do Ribeira como uma das
regiões mais carentes em infraestrutura de saneamento básico do Estado de
São Paulo.
Outro problema associado ao crescimento urbano da região são as
enchentes e a possibilidade de epidemias de doenças graves, como a
leptospirose, que se difunde pela água a partir da urina dos ratos
contaminados. A incidência de leptospirose na Região Administrativa de
Registro é praticamente três vezes maior do que na média do Estado de São
Paulo: 7,67/100.000 contra 2,85/100.000 habitantes, em 1995. Outra doença
79
que ocorre muito e está associada aos recursos hídricos, é a esquistossomose,
que tem incidência muito maior na Região de Registro do que no total do
estado: 57,12 contra 2,13 por 100.000 habitantes, em 1995 (FUNDAÇÃO
SEADE, 2000).
Vários estudos, realizados a partir da década de 1980, comprovaram
inequivocamente que a bacia do Ribeira foi muito afetada pelas atividades
econômicas levadas a efeito na região, em especial, pela atividade de
mineração e metalúrgica do Alto Vale. Esses efeitos se tornaram visíveis na
contaminação dos sedimentos fluviais por chumbo, zinco, cobre e arsênio,
havendo registros de elevadas concentrações de metais nas águas. Entre
esses diagnósticos de qualidade ambiental, podem ser citados os de Tessler et
al. (1987), Eysink et al. (1988), Moraes (1997), Silva (1997) e Cetesb (1991,
2000).
A industrialização nunca foi muito importante no Vale do Ribeira, sendo
que no período entre 1985 e 1996, a participação do Vale na produção
industrial da indústria de transformação no Estado de São Paulo nunca passou
de 0,3%. De um total de investimentos no Estado no valor de US$52 bilhões, o
Vale do Ribeira contabilizou somente US$23 milhões, em dois municípios
(IPEA, 1998).
Razões históricas, dificuldades de acesso e condições naturais adversas
às atividades econômicas garantiram até hoje um relativo isolamento do Vale e
a preservação dos seus recursos naturais, mesmo com a capital regional, o
município de Registro, estando localizada a menos de 200 quilômetros da
Região Metropolitana de São Paulo (HOGAN et al., 2009).
Segundo Fogaça (2006), os fatores que podem ter levado essa região a
tamanha desigualdade social tanto a nível estadual como nacional, seriam o
relevo acidentado e a dificuldade de acesso entre os povoados e os centros
urbanizados, já desenvolvidos. Assim, essa região ficou caracterizada como
carente economicamente, porém, dentre todos os aspectos que a caracterizam,
ficou preservado um riquíssimo patrimônio natural e cultural.
2.2.2 Município de Iporanga
80
O município de Iporanga está localizado na maior área de
remanescentes da Mata Atlântica (no Alto do Ribeira), na transição entre a
planície formada pelo Rio Ribeira de Iguape e o Planalto Central, o que torna o
relevo bastante acidentado. A região possui uma das maiores concentrações
de cavernas do Brasil e se situa a 360 quilômetros da capital do Estado, na
latitude 24° S e longitude 48° W (SODRZEIESKI, 1998).
Os principais grupos de solos presentes nesse município são os
litossolos, podzolizados e hidromorfos. A precipitação média anual está entre
1400 e 1700 mm (1100-1400 mm em anos secos), e no mês mais seco entre
30-60 mm de chuva. A temperatura média do mês mais frio é de 18 ºC com
verões quentes em que a temperatura média é de 22 ºC, configurando,
segundo Köppen, um clima do tipo Cfa (quente, com inverno menos seco)
(TOREZAN, 1995).
A área total do município é de 121.000 hectares, composta por diversas
unidades de conservação, sendo que 85% do Petar - aproximadamente 50%
de PEI (Parque Estadual Intervales) e 9.215 hectares do PEJ (Parque Estadual
de Jacupiranga implantado em 1969) - faz parte do município, ou seja, cerca de
85% do município se encontra dentro de áreas com maior ou menor restrição
ambiental. Os 15% restantes constam de Área de Proteção Ambiental, pois sua
vegetação é composta em 90% pela Mata Atlântica (FUNDAÇÃO SEADE,
2000).
O município é composto por 25 bairros rurais, nos quais 14 comunidades
tradicionais de quilombolas estão distribuídas, e é um dos municípios que têm
a maior quantidade dessas Comunidades já identificadas (SODRZEIESKI,
1998).
O município de Iporanga (Figura 2), também conhecido como capital
das grutas, tem 4.562 habitantes. A região é historicamente habitada
principalmente por descendentes de escravos, indígenas e colonizadores que
chegaram à região no século XVI, quando Iporanga viveu um curto ciclo
econômico de garimpo de ouro (FIGUEIREDO, 2000).
Uma análise das condições de vida dos habitantes de Iporanga mostra
que os responsáveis pelos domicílios ganham, em média, R$330,00, sendo
que 81,1% ganham no máximo três salários mínimos. Esses responsáveis
81
possuem, em média, 4,1 anos de estudo: 20,2% deles completaram o ensino
fundamental e 26,3% são analfabetos. Em relação aos indicadores
demográficos, a idade média dos chefes de domicílios é de 47 anos e aqueles
com menos de 30 anos representam 14,4% do total. As mulheres responsáveis
pelo domicílio correspondem a 20,4%, e a parcela de crianças com menos de
cinco anos equivale a 12,0% do total da população (FUNDAÇÃO SEADE,
2000).
Segundo a Fundação Seade (2000), o município possui grande parcela
da população na classe de alta vulnerabilidade, em que as condições de vida e
dos riscos sociais atingem os vários segmentos populacionais. Nessa
perspectiva, é no confronto entre as características individuais e familiares –
ciclo de vida, tipo de arranjo familiar, escolaridade, renda corrente, formas de
inserção no mercado de trabalho e condições de saúde – e suas possibilidades
de desfrute dos bens e serviços ofertados pelo Estado, sociedade e mercado
que se definem suas efetivas condições de vida e possibilidades de mobilidade
social. Assim, a população local possui padrões sociais diferenciados do
restante do estado de São Paulo (FOGAÇA, 2006).
FIGURA 2. Vista aérea do Município de Iporanga. Fonte: Prefeitura Municipal de Iporanga - <http://www.iporanga.sp.gov.br>.
A atividade agropecuária dos agricultores tradicionais ocorre pela
utilização da várzea e encosta, e é geralmente destinada à subsistência, com o
uso do sistema tradicional de coivara. Como principal atividade econômica do
82
município, destacam-se a produção de banana e em menor escala a de feijão,
arroz e milho (SILVEIRA, 2001).
Porém, atualmente, a maior parte de sua economia se baseia
praticamente no turismo e atividades relacionadas a ele, além de verbas
transferidas pelos Governos Federal e Estadual que auxiliam na manutenção
da cidade, isso vem ocorrendo devido às restrições que o município sofre no
uso e ocupação do solo (FOGAÇA, 2006).
2.2.2.1 Aspectos históricos
O município de Iporanga, desde a sua fundação, tem participado das
principais fases econômicas que caracterizaram a História econômica regional
do Vale do Ribeira. A própria fundação do município está diretamente ligada ao
primeiro ciclo econômico regional. Foi durante as campanhas paulistas que
incursionaram pelo interior do Vale prospectando minerais valiosos que, a 12
de junho de 1576, um primeiro grupo de garimpeiros, juntamente com suas
famílias, navegando no Rio Ribeira acima, se estabeleceu nas proximidades da
foz do Rio Pilões, dando origem ao Garimpo Santo Antonio, localizado a oito
quilômetros da foz do ribeirão Iporanga. Nesse local hoje se localiza o Bairro
Ribeirão (SANTOS, 2005).
Essa expedição, segundo registros do Departamento de Cultura deste
município, trouxe os primeiros cultivos econômicos da época, como a cana-de-
açúcar, e de subsistência, os cereais, e lançou a pedra fundamental para a
formação do município de Iporanga (SANTOS, 2005). Por volta de 1625, o
então Garimpo Santo Antonio foi elevado à condição de Arraial, conservando o
nome de Arraial de Santo Antonio. Em 1830, foi elevado à Freguesia de
Sant‟Anna de Iporanga e, com os seus limites oficialmente demarcados pela
Lei Provinciana nº 39, de 3 de abril de 1873, tornou-se Vila. No dia 12 de
janeiro de 1874, finalmente elevou-se a município com o nome de Iporanga.
Por volta de 1757, foi iniciada a construção da antiga capela e do cemitério em
Iporanga, capela essa que, entre 1814 e 1821, foi substituída pela Igreja de
Sant‟Anna, construída por escravos com paredes de taipa de pilão. Seu sino
instalado em 1832 foi confeccionado na Bélgica, contendo dois quilos de ouro
misturados ao bronze para aguçar sua sonoridade. Ao redor da matriz, foi
83
construído o casario antigo que traz toda uma atratividade para o turismo
cultural da cidade (FOGAÇA, 2006).
O ciclo do ouro na região do Alto Ribeira perdurou até meados do século
XVIII, um pouco mais duradouro que na baixada, e embora a produção fosse
pouco expressiva na economia da colônia, permitiu, mesmo assim, algum
enriquecimento local. Assim, a história de Iporanga está ligada ao ciclo do ouro
paulista (FORTES, 2000).
Com a decadência da economia local baseada no garimpo do ouro, a
partir da segunda metade do século XVIII, o pequeno povoado reestruturou o
modo de produção tendo por base a agricultura e pecuária de subsistência,
cujos excedentes eram comercializados por meio do escambo com tropeiros
que iam e vinham do planalto (FIGUEIREDO, 2000). Aos poucos, Iporanga foi
se convertendo num importante entreposto comercial, pois era passagem e
parada obrigatória para aqueles que subiam o Ribeira rumo ao planalto, bem
como para aqueles que desciam para a zona da Baixada, levando e trazendo
mercadorias e notícias do mundo de fora (FIGUEIREDO, 2000; FORTES,
2000).
De acordo com Valentim (2003), Iporanga apresentou uma
especialização crescente no cultivo do arroz a partir de 1816, quando apenas
18% dos moradores envolvidos com atividades agrícolas se dedicavam à
rizicultura; já em 1824, esta proporção subiu para 33,3%, o que concorreu para
o fortalecimento da economia local e para o dinamismo populacional verificado
a partir de 1830. Nessa época, conforme consta no Termo da Assembleia
Geral de novembro de 1830, havia na localidade uma população de 1.200
moradores envolvidos com a suinocultura e com a agricultura, notadamente o
arroz e a cana-de-açúcar, bem como uma grande variedade de produtos e
serviços expressos pela presença de 52 engenhos de cana-de-açúcar, vários
monjolos para o beneficiamento de cereais e diversas indústrias de
aguardente, farinha, fumo e rapadura (SODRZEIESKI, 1998; SANTOS, 2005).
Aos poucos, o arroz ganhou maior importância na economia local, e um
maior número de famílias praticava a rizicultura. Conforme Valentim (2003), em
1835, havia 140 domicílios em Iporanga, dos quais 111 se dedicavam ao
cultivo do arroz, cuja produção era escoada em canoas até o porto de Iguape,
84
com participação cada vez mais efetiva para o estabelecimento do mais
importante ciclo econômico do Vale do Ribeira.
Na segunda metade do século XIX, Iporanga, que prosperava sob o
auge da rizicultura, foi também o palco da descoberta de importantes reservas
de galena argentífera8, motivo para a instalação da companhia Mineração
Iporanga S/A no Morro do Chumbo em 1878. Entretanto, as atividades de
exploração mineral funcionariam apenas por um breve período, e a
continuidade desse empreendimento precisou esperar pela virada do século
(FIGUEIREDO, 2000; SANTOS, 2005).
No início do século XX, a rizicultura deixava de ser um item importante
na economia regional. Enquanto Iguape assistia ao naufrágio de sua economia
especializada no arroz, diante do porto assoreado pelo Valo Grande, no outro
extremo do Vale, Iporanga já estabelecia novo formato comercial na rota dos
tropeiros. Eles seguiam serra acima e rio abaixo, reorganizando e
diversificando a economia local em função do constante movimento de tropas e
canoas, para propiciar os meios necessários na operacionalização do trânsito
de mercadorias e das atividades mercantis locais, fato detalhado no relatório
Exploração do Rio Ribeira de Iguape realizado pela Comissão Geográfica e
Geológica do Estado de São Paulo em 1906, como disposto em Mendes-Junior
(2007, p. 64):
“Este município tem uma renda diminuta, a menor das do vale
do Ribeira; no entanto sua edilidade bem dirigida e
intencionada tem feito diversos melhoramentos e comodidades
para o público; possui boa e abundante água potável que é
distribuída grátis para o abastecimento da população; as ruas
são conservadas limpas, os portos consertados sempre que é
necessário, e a municipalidade conserva limpa e bem tratada
área gramada para o descanso dos animais de carga de tropas
que do alto da Serra aqui vêm comerciar.”
Assim, Iporanga permitia as bases para a formação de um importante
centro comercial para onde fluía toda a produção excedente do Alto Vale do
Ribeira conforme atesta o depoimento do famoso cronista alemão Edmundo
Krug (FIGUEIREDO, 2000, p. 108):
8 Trata-se de minério de chumbo associado a altos teores de prata.
85
“A igreja é o ponto central de todo o lugar; dali saem as ruas que vão aos diversos pontos da povoação, e neste mesmo lugar, no pátio da igreja, acham-se os armazéns mais importantes que suprem os moradores da vila e os proprietários dos sítios, distantes dois ou três dias de canoa, no Rio Pardo, Rio Turvo e Ribeira acima etc. Há entre estes armazéns alguns de considerável importância atendendo-se as necessidades da povoação, e é, principalmente aos domingos e dias santificados, dentro deles que se manifesta a parte mais interessante da vida do povoado (...). Roceiros de longe oferecem suas mercadorias em troca deste ou daquele indispensável instrumento para a lavoura, ou propõem a barganha de sua colheita de arroz ou de milho ao proprietário, com vantagem recíproca. É natural que o proprietário do armazém saia lucrando (...).”
Nessa mesma época, a suinocultura configurava o principal item na
economia local e Iporanga já era referência na produção e processamento da
carne suína que, juntamente com seus derivados, tanto abasteciam o mercado
regional, como era exportada para outras cidades fora do Vale (FIGUEIREDO,
2000; SANTOS, 2005). A diversidade da economia local foi, certamente, um
dos fatores que garantiram a tranquilidade econômica do município,
considerando o conturbado início de século que, regionalmente, ficou marcado
pela fuga dos investidores que redirecionavam a aplicação de seus
empreendimentos mais rentáveis, tal como a cafeicultura e, mais tarde, a
indústria emergente nos grandes centros urbanos (MÜLLER, 1980).
Em 1920, a exploração mineral baseada principalmente no chumbo, mas
também em outros minerais como prata, zinco, ouro e calcário, teve um novo
impulso no município, levando à instalação de mineradoras nas jazidas de
Furnas e Lageado e contribuindo para geração de empregos (FIGUEIREDO,
2000; SANTOS, 2005). O escoamento do minério de chumbo produzido era
feito com muita dificuldade ao longo de vários trechos do Vale do Ribeira, por
meio de baldeação da carga pesada até o porto de Santos para que fosse,
finalmente, embarcada para Cartagena na Espanha (SANTOS, 2005). Em seu
destino, esse minério iria certamente servir de artilharia na guerra civil que
acontecia naquele país ou para outros conflitos bélicos que estavam ocorrendo
na Europa àquela época (MENDES-JUNIOR, 2004).
86
O difícil escoamento do minério de chumbo na primeira etapa do
transporte era realizado sobre o lombo de mulas (Figura 3), cujo primeiro
destino era o porto de Iporanga, conforme depoimentos colhidos por Figueiredo
(2000, p. 108):
“De acordo com alguns antigos trabalhadores da mineração, a exploração era muito primitiva, com o carregamento efetuado manualmente em cestas colocadas nas costas dos operários, o minério era quebrado e ensacado em sacos de 55 kg, daí ia em lombo de burro, 30 a 40 burros todo dia, até a cidade de Iporanga na qual era embarcado em grandes canoas.”
A segunda etapa do transporte do minério era feita por canoa pelo Rio
Ribeira abaixo até a cidade de Xiririca (atual cidade de Eldorado), onde a carga
era transferida para barcos maiores movidos a vapor, os quais circulavam
regularmente pelos trechos da bacia do Ribeira de Iguape. A mercadoria
chegava a Juquiá e era transferida para vagões de carga da linha ferroviária
Santos – Juquiá, e assim seguia rumo à Europa (SANTOS, 2005).
FIGURA 3. Transporte do minério de chumbo de propriedade da Sociedade de Mineração Furnas em 1934, ao longo da trilha dos tropeiros, no percurso Apiaí – Iporanga, atual SP- 250. Extraído de Santos (2005).
Em 1940, o palmito já era considerado um produto de relevante valor
comercial, e muito abundante no Alto Ribeira, ao passo que foi escasseando
pela região da Baixada, onde a exploração da palmeira Jussara (Euterpe
87
edulis) havia se iniciado alguns anos antes. Tendo em vista a possibilidade de
explorar uma nova alternativa econômica, instalou-se, naquele mesmo ano, a
primeira fábrica de palmito na Fazenda Santana, localizada no Bairro Pilões, no
município de Iporanga (FIGUEIREDO, 2000).
Enquanto isso, a exploração mineral seguia por altos e baixos até a
década de 50, quando se iniciou um processo acentuado de declínio dessa
atividade econômica. Esse foi um período difícil para Iporanga, pois o avanço
do progresso trazia a abertura de novas estradas que criavam rotas
alternativas de acesso ao planalto e, aos poucos, o caminho dos tropeiros e
toda a economia que se organizou em torno do fluxo dos tropeiros foram se
restringindo às narrativas históricas de hoje em dia. Também ocorreu a
intensificação dos problemas relacionados à degradação ambiental pela
exploração da madeira, produção de carvão, pecuária extensiva e extração de
palmito (SODRZEIESKI, 1998; ALVES, 2004; MENDES-JUNIOR, 2007).
Iporanga tornava-se cada vez mais isolada e esquecida, mas não por
muito tempo. Em 1956, o arquiteto Carlos Lemos, que excursionava pelo Vale
do Ribeira, pesquisando os remanescentes da arquitetura colonial paulista,
deparou-se com Iporanga e, encantado com a beleza e o estado de
conservação do local, publicou os resultados de sua descoberta que ecoaram
na mídia da época. Naquele mesmo ano, teve início a produção de uma série
de reportagens, focadas no discurso preservacionista do Engenheiro de Minas
José Epitácio Passos Guimarães, do Instituto Geográfico e Geológico, que, em
13 de novembro de 1956, encaminhou o pedido oficial para a criação do
Parque Estadual do Alto Ribeira (MENDES-JUNIOR, 2007, p. 68), cujo objetivo
era:
“(...) promover a preservação das belezas naturais existentes na região abrangida pelos municípios de Apiaí e Iporanga bem como possibilitar a formação de um refúgio para a defesa do remanescente de fauna e flora que aí se encontravam”.
Dois anos depois, o pedido de criação do parque retornou na forma do
Decreto 32.283, de 19 de maio de 1958, fato que não mudou a rotina da
população local, que continuou com suas atividades econômicas basicamente
baseadas no extrativismo vegetal e mineral, bem como em outras formas de
uso da floresta para manter sua subsistência (FIGUEIREDO, 2000).
88
Na década seguinte, devido à construção da Rodovia Regis Bittencourt,
ocorreram vários conflitos no Vale do Ribeira, com invasão de grileiros e
especuladores fundiários, pela posse da terra, que se estendeu até a década
de 70 (ROCHA e COSTA, 1998). Outros conflitos foram devidos ao regime
militar que investia pesadamente na repressão, não poupando esforços para
abrir estradas Vale adentro em busca de guerrilheiros, que buscavam refúgio
na região (FIGUEIREDO, 2000; SANTOS, 2005). Se por um lado, as estradas
tiravam Iporanga do isolamento, por outro lado, traziam o crescimento de
atividades predatórias como a mineração irregular, a extração de madeira, a
exploração do palmito e a agropecuária sem planejamento (ROCHA e COSTA,
1998; BONDUKI, 2002).
No início da década de 70, foram veiculadas inúmeras matérias nos
jornais de grande circulação da época, sugerindo o turismo como solução para
a pobreza assustadora relatada por viajantes que passavam pela região.
Enquanto isso, a devastação seguia sem intervenção do Governo, cuja postura
desenvolvimentista agressiva não considerava a conservação ambiental como
uma necessidade para o desenvolvimento nacional (ROCHA e COSTA, 1998;
BONDUKI, 2002).
No final da década de 70, o modelo extrativista de desenvolvimento
econômico já havia se consolidado em Iporanga, com reativação da mineração
de chumbo e prata, e inauguração de fábricas baseadas no extrativismo
vegetal, serrarias e fábricas de palmito (FIGUEIREDO, 2000; SANTOS, 2005).
Em 1979, o centro histórico de Iporanga foi tombado pelo Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado,
devido à mineração proporcionar para esse município uma paisagem com
características peculiares, bastante similar às das cidades mineiras (FOGAÇA,
2006).
Porém, a década de 80 foi, certamente, o período mais traumático na
história recente de Iporanga, quando aconteceu uma reviravolta total na vida do
município, bem como em todo o Vale do Ribeira. O Estado, que até o momento
se mantivera distante das questões ambientais relacionadas à preservação das
unidades de conservação, reagiu e promoveu um movimento radical (ROCHA e
COSTA, 1998), com o embargo de desmatamentos, madeireiras, fábricas de
89
palmito e minerações, mas, consequentemente, produziu muitos desempregos
e levou à intensificação do processo emigratório local (SILVEIRA, 2001;
BONDUKI, 2002).
Em poucos anos fecharam-se todos os principais empreendimentos
extrativistas que eram a base da economia local. Também, a aplicação das leis
ambientais, extremamente restritivas em alguns casos, oprimiam ainda mais a
população local, impedindo as práticas tradicionais de uso dos recursos
naturais por meio da fiscalização e aplicação de multas, sem oferecer
alternativas para a sobrevivência dessas comunidades que foram afetadas pela
implantação das unidades de conservação (ROCHA e COSTA, 1998;
FIGUEIREDO, 2000; SILVEIRA, 2001).
O modelo das unidades de conservação adotado no Brasil teve por base
o conceito de área natural protegida, implantado nos Estados Unidos, que
procurava garantir a preservação dos ecossistemas naturais frente ao rápido
avanço da civilização urbano-industrial verificada naquele país na segunda
metade do século XIX, cujo marco foi a criação do Parque Nacional de
Yellowstone em 1872 (ARRUDA, 2000; LITTLE, 2002). Nesse tipo de modelo,
as comunidades tradicionais não são incluídas como possíveis parceiras no
processo de proteção às áreas naturais, mas são sistematicamente excluídas
sob a acusação de serem os agentes promotores da degradação ambiental, o
que produz, via de regra, consequências negativas de ordem tanto social,
como ambiental (BENATTI, 1998; ARRUDA, 2000).
Assim, o processo de implantação do Petar pôs a população local diante
de um terrível dilema, cuja solução foi prontamente encontrada pelo instinto
natural de sobrevivência, próprio de todo ser humano. Tratava-se de um
período de grande pobreza, pois, diferentemente dos outros períodos de
estagnação econômica que marcaram a história da região, dessa vez, não
eram permitidos, nem mesmo, as práticas tradicionais de uso do ambiente,
historicamente vitais à sobrevivência dos grupos humanos que ocuparam e
desenvolveram a cultura típica do Vale do Ribeira (MENDES-JUNIOR, 2007).
Inevitavelmente, a população local passou a extrair o sustento para suas
famílias clandestinamente, por meio de abertura de novas áreas para a
formação de roças, para a sua sobrevivência, já que o trabalho agrícola sempre
90
fez parte do modo de vida das famílias rurais. Em determinadas épocas, era
necessário o plantio de quase todos os tipos de mantimentos, além da
exploração do palmito, que, embora já constituísse crime ambiental,
representava uma das únicas alternativas para a obtenção de algum dinheiro
mesmo que pouco, mas fundamental para compra de gêneros de primeira
necessidade, como sal, querosene e tecidos, que não poderiam ser produzidos
localmente (ROCHA e COSTA, 1998; FIGUEIREDO, 2000; SILVEIRA, 2001;
COSTA, 2002).
No final da década de 80, iniciou-se um pequeno fluxo turístico na região
que, aos poucos, ganhou mais força nos anos 90, quando passou a ser
denominado de ecoturismo (BONDUKI, 2002; SANTOS, 2005). Em meados da
década de 90, o turismo e o ecoturismo já despontavam no discurso das
agências e órgãos governamentais, bem como por inúmeras organizações não-
governamentais (ONG), como a solução para os problemas do Vale do Ribeira
(FIGUEIREDO, 2000). Nessa mesma época, foi lançada a Agenda de
Ecoturismo do Vale do Ribeira pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de
São Paulo (Sema), em conjunto com outras seis secretarias de Estado e com o
Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira (Codivar). A
estreia dessa Agenda ocorreu por ocasião do Seminário Desenvolvimento
Sustentável e Ecoturismo para o Vale do Ribeira realizado em Iporanga em
1995. Iniciou-se a elaboração dos projetos para a formação de agentes
municipais e a criação de cursos para a formação de guias locais ou monitores
ambientais, sob o argumento da oportunidade de trabalho (ROCHA e COSTA,
1998).
A cidade de Iporanga é um valioso marco na História do Brasil com
importantes remanescentes do período colonial na arquitetura local, além de
um importante centro religioso, cujas celebrações, juntamente com o acervo
histórico, atraíam um considerável número de turistas e peregrinos, porém, são
as cavernas o principal atrativo turístico no município. Esse fato, hoje em dia,
promove a concentração de um grande número de turistas no pequeno Bairro
da Serra, o que se deve à proximidade dos núcleos mais importantes e mais
bem estruturados do Petar na recepção de turistas, bem como à presença da
91
caverna Santana, uma das mais visitadas do Alto Vale pela diversidade, beleza
e o mais estruturado para a visitação dos turistas (FOGAÇA, 2006).
2.2.3 Bairro da Serra
Um dos principais bairros no município de Iporanga é o Bairro da Serra
(Figura 4), localizado às margens da rodovia SP-165 (que liga Apiaí a
Iporanga), a 23 km da cidade de Apiaí e a 17 km da cidade de Iporanga. Tem
grande parte de sua área localizada formalmente dentro do Petar, fazendo
limite com a região sul do Parque, constituindo a comunidade mais próxima ao
Núcleo Santana.
Um afluente do Rio Ribeira de Iguape, denominado Rio Betari, corta
esse bairro nas proximidades de dois núcleos da referida unidade de
conservação. Silveira (2001) destacou que, em 2001, havia aproximadamente
110 casas espalhadas pelo bairro da Serra. A maioria das casas eram mal
acabadas pela não-estabilidade das rendas advindas do turismo e consequente
falta de recursos para terminá-las ou, ainda, porque as construções estavam
embargadas por se localizarem em área pertencente ao parque.
Posteriormente, Fogaça (2006) verificou que o número de casas aumentou
para aproximadamente 200, mas elas se concentraram no mesmo espaço das
casas preexistentes. Os filhos fixaram-se no terreno dos pais. A exceção
ocorreu por algumas residências de turistas que permanecem fechadas, sendo
utilizadas somente em feriados e períodos de férias, e por alguns pontos de
comércio de empreendedores que visualizaram oportunidades no bairro.
Cerca de 600 moradores se estabeleceram dentro de uma pequena área
urbana, com luz elétrica, telefones públicos e residenciais, escola e um
pequeno comércio, e rural do bairro. Na época da implantação do Parque, os
limites da comunidade foram definidos, porém não na sua totalidade, estando
hoje muitas das propriedades dentro dessa área. A maior concentração de
casas está localizada ao longo de estrada que dá acesso à sede do município
de Iporanga (SP-165). O local é composto por pequenas comunidades que
vivem na sua área rural. Para algumas dessas comunidades, o acesso é feito
apenas por trilhas que são percorridas somente por animais ou a pé.
92
FIGURA 4. Localização do PETAR e do Bairro da Serra no município de Iporanga.
Essa área é influenciada pela visitação turística, uma vez que o rico
patrimônio natural local compreende cavernas, rios de água cristalina e
cachoeiras. Nessa localidade, há diversas pousadas e campings, além de
outros serviços associados ao turismo, por isso, ocupa papel fundamental no
município de Iporanga, e é a que mais se beneficia e/ou sofre os impactos que
essa atividade proporciona.
O Bairro da Serra tem a história da sua economia baseada na
agricultura, que na atualidade está em declínio, na extração do palmito e na
mineração, atividades hoje proibidas por lei, por isso o turismo passou a ser a
atividade econômica mais importante.
A carência do Vale do Ribeira também se expressa nas questões
referentes ao saneamento básico, principalmente no meio rural. No Bairro da
Serra, as valas para drenagem pluvial apresentam resíduos e odores
característicos de esgotos domésticos, indicando a precariedade do
esgotamento sanitário. Parte dos esgotos ali gerados segue sem tratamento
93
algum por córregos ou diretamente ao Rio Betari, que representa atrativo
turístico local, além de opção de lazer, sobretudo para as crianças da região.
2.2.3.1 Aspectos históricos
A origem do Bairro da Serra está intimamente relacionada aos
deslocamentos das tropas de animais cargueiros que traziam o ouro produzido
em Apiaí, com destino à Casa de Fundição em Iguape. Está situado às
margens da rota dos tropeiros, que se utilizavam de um trecho dos peabirus9
regionais, junto às margens da Serra do Paranapiacaba. O Bairro da Serra foi
se estabelecendo como parada obrigatória para os tropeiros que se
preparavam para a longa subida (BONDUKI, 2002).
Embora não se disponha de datas precisas, acredita-se que as primeiras
populações vieram antes dos primeiros núcleos familiares que se
estabeleceram na região e que fundaram, mais tarde, o município de Iporanga
(SANTOS, 2005).
Segundo os antigos moradores do bairro, a estruturação local iniciou-se
como aglomeração humana a partir da chegada de um casal (senhora
Prudência Maria Rodrigues casada com Antonio Mota), que veio de terras
próximas ao antigo Faxinal (atual Itapeva). Esse casal encontrou a região por
meio de trilhas no interior da floresta. Depois, familiares desse casal, sabendo
da abundância de terras para o cultivo, foram também se estabelecendo na
região, porém de forma dispersa. Essas famílias, Rodrigues e Mota, foram se
reproduzindo e seus filhos também formaram famílias entre si. Assim deram
origem ao Bairro da Serra dos Mota que, juntando-se à área que se
denominava Serra do Macaco, fundada pela família Andrade (que chegou
pouco tempo após esse casal), originou a área que atualmente é conhecida
como Bairro da Serra. Dessas famílias descende quase toda totalidade dos
moradores desse local. Há depoimentos que afirmam ter acontecido uma
miscigenação entre esses familiares e povos indígenas que habitavam nas
proximidades da região (FOGAÇA, 2006).
9 Trilhas utilizadas por povos indígenas em seus deslocamentos periódicos. Alguns trechos
desses peabirus tiveram grande importância no traçado de estradas, como foi o caso da rodovia Apiaí – Iporanga e da Trilha do Telégrafo, no Baixo Vale, também conhecida por Caminho do Imperador ou Caminho Del Rey, que data de meados do século XIX.
94
Gradualmente, a localidade constituiu um bairro rural com importante
participação na produção econômica do município e nas diferentes fases
econômicas que se desenrolaram ao longo da história de Iporanga. Muito
embora a documentação histórica para o Bairro da Serra seja bastante
escassa, há ainda o rico acervo da história vivenciada como experiência
pessoal ou transmitida oralmente através das gerações que, por enquanto, é
preservada na memória dos mais velhos (SILVEIRA, 2001; BONDUKI, 2002;
VALENTIM, 2003).
Conta-se que por lá havia uma Casa Grande, comércio de farinha,
curtume e senzala, cujos artigos produzidos - cachaça, rapadura e farinha -
eram comercializados com os tropeiros que traziam mantimentos
indispensáveis, como o sal e o querosene, e aos poucos, o local foi
constituindo um ponto de descanso para as tropas que vinham exaustas do
planalto, ou para aquelas que faziam os últimos preparativos para alcançá-lo
(BONDUKI, 2002).
Havia predominância de casas de pau-a-pique, umas cobertas com sapé
e outras com telhas confeccionadas artesanalmente em olarias próximas ao
bairro, que foram se estabelecendo de forma espontânea. Diferentemente dos
bairros originados em função da mineração, que possuíam um padrão, o Bairro
da Serra se classificava como um bairro com aglomeração central, mas com
predominância da dispersão construtiva no entorno dessa aglomeração. Ou
seja, junto a uma casa grande havia um aglomerado de outras moradias,
geralmente pertencentes à mesma família, mas havia também casas dispersas
pelo bairro que eram ligadas por caminhos (trilhas) que, mais tarde, deram
origem às ruas e projetos de ruas (VALENTIM, 2003).
Não há ruas estabelecidas na margem esquerda do rio Betari, que divide
o bairro, e, mesmo, na margem direita não há uma definição de critério de
arruamento. A disposição das casas no terreno tinha uma organização rural
muito marcada, na “casa grande”, por exemplo, além da moradia, havia
também farinheira, curtume e senzala para os escravos. As outras casas, que
depois foram surgindo no bairro, também possuíam o quintal como algo
bastante importante, ou seja, a casa rural se caracterizava pela distribuição de
95
funções (especialmente as de serviços) em várias construções independentes,
dentro de um mesmo espaço (LINO, 1976).
No início do século XVII, esse bairro teve um papel fundamental para
Iporanga. Além da funcionalidade do comércio, também servia como área de
abastecimento de alimentos aos garimpos próximos ao Rio Ribeira de Iguape,
na região onde hoje está localizado o município de Iporanga e seu entorno. Na
época das mineradoras de chumbo, o caminho que corta o Bairro da Serra era
utilizado para transportar o chumbo, além de grande parte de sua população
trabalhar nessas mineradoras, com exceção de moradores, que continuavam
com suas roças, dos palmiteiros ou mateiros, que extraíam vegetais e madeira
diretamente da floresta, e dos poucos garimpeiros que buscavam seus
minérios em pequena escala no Rio Betari, rio que cruza o bairro (SILVEIRA,
2001).
Sendo assim, o Bairro da Serra sofreu grandes influências da exploração
de minérios, pois próximo, e até mesmo em seus limites, se instalaram
mineradoras como Lageado e Furnas. Essas mineradoras, por sua vez,
também originaram aglomerações humanas, fundaram bairros que serviram de
moradias para seus funcionários, mas que, no entanto, com a falência, devido
à exaustão dos recursos, aproximadamente na década de 60, e proibições de
funcionamento das mesmas após transformação de partes de suas áreas em
Unidade de Conservação (UC), foram também se desestruturando e sua
população migrando para outras regiões, principalmente para o bairro da Serra
e para outros municípios em busca de oportunidades de trabalho. Os
trabalhadores que migraram para o bairro da Serra também exerceram grande
participação e influências na configuração atual do bairro. Diante do quadro de
uma região quase que totalmente constituída de área de proteção, a solução
encontrada pelos migrantes que no Bairro da Serra se fixaram foi se dedicar
direta ou indiretamente, em um primeiro momento, à agricultura e, depois da
demarcação do parque, ao turismo, como monitores ambientais ou prestadores
de serviços, que vão desde serviços de manutenção, como pedreiros, limpeza
de terrenos, etc. ou cozinheiras, arrumadeiras e faxineiras. Alguns moradores
continuaram com suas roças, mas em terrenos um pouco mais distantes do
Bairro da Serra (FOGAÇA, 2008).
96
Os moradores do Bairro da Serra contam que a agricultura praticada era
a coivara10, herdada das populações indígenas que habitavam a região
(SILVEIRA, 2001). Baseia-se na derrubada de pequenas áreas de mata,
queima e, posteriormente, o plantio de suas roças, cujo caráter itinerante se
ajustava perfeitamente às características ambientais da região, marcada pela
pobreza nutricional dos solos e pelos altos índices pluviométricos.
Apesar da baixa produtividade, quando comparada aos métodos da
agricultura mecanizada, a produção era suficiente para a subsistência dos
grupos familiares e, além de gerar algum excedente para a comercialização,
tinha um papel ainda mais importante que, por meio do mutirão, reforçava
ainda mais a coesão comunitária, fortalecendo a cultura local. A criação de
porcos e galinhas de forma extensiva, bem como a caça e o extrativismo
vegetal, complementavam a dieta e garantiam alguma entrada financeira
adicional. Outros produtos, como fibras, tinturas, essências, medicamentos e
madeira para construção local, eram retirados da mata, que supria a quase
totalidade das necessidades locais (SILVEIRA, 2001; FOGAÇA, 2006).
Todo o material de que a população local necessitava para sobreviver
era retirado da natureza. Suas casas eram construídas com materiais da
floresta e da terra, seus móveis, também, eram transformação da natureza, a
alimentação dependia da água, do solo, da vegetação e da fauna que ali
existia, até os instrumentos de trabalho eram também fornecidos pela fauna ali
presente. A limpeza e o lazer eram diretamente ligados à água entre outras
necessidades que eram supridas pelos elementos da natureza. No local existia
a relação de troca que era baseada na troca de mercadorias sem
necessariamente o uso de moeda. O uso da moeda e o trabalho assalariado
começaram a se manifestar na região somente com a instalação das
mineradoras (FOGAÇA, 2006).
Os primeiros impactos socioculturais registrados no Bairro da Serra, na
primeira metade do século XX, devem-se à instalação das empresas de
10 A coivara consiste na derrubada e queima da mata, conforme relatado anteriormente na
descrição da agricultura de corte e queima, seguindo-se um período de abandono ou pousio para restauração da fertilidade do solo. Constitui uma técnica de manejo de baixo impacto ambiental, mas somente quando a densidade populacional humana é pequena e direcionada ao nomadismo.
97
mineração naquele período e à construção da estrada Apiaí – Iporanga
(BONDUKI, 2002, p. 80):
“A abertura da estrada Apiaí – Iporanga, em 1937, e a implantação de duas mineradoras na região contribuíram para empregar muitos moradores do Bairro, mas trouxeram também, transformações culturais e econômicas. Os jovens já não se interessavam em aprender os conhecimentos e as técnicas de trabalhos que os pais tradicionalmente ensinavam, e começaram a buscar oportunidades fora dali. Estes são os primeiros sinais de desestabilização local”.
A abertura dessa estrada trouxe também grandes impactos com
aumento da migração acarretando em um período de grande decadência
econômica ao bairro. A agricultura de subsistência que existia diminuiu ainda
mais, já que muitos dos agricultores migraram para outros locais, além de
muitas mudanças que ocorreram no local como a instalação de igrejas
evangélicas, que vieram com objetivo de evangelizar e organizar a
comunidade, o que gerou mudança da crença católica para evangélica em
grande parte dos moradores locais (TOREZAN, 1995).
O impacto sobre a cultura tradicional local foi ganhando dimensões
críticas até alcançar o ápice com a implantação definitiva do Petar no início dos
anos 80, cuja área demarcada oficialmente englobava parte do Bairro da Serra,
além de outras populações mais isoladas no interior do parque (SANTOS,
2005).
Foi o início do período com mais conflitos na história do bairro, cuja
população se viu, de um momento a outro, destituída dos últimos recursos que
lhes garantiam a sobrevivência. A intervenção promovida pelo Estado na região
não trazia qualquer preocupação com os aspectos de ordem socioeconômica,
e sim estava centrada, exclusivamente, na preservação do ambiente natural, e
para isso, adotou medidas que reprimiram as atividades tradicionais
importantes para sobrevivência da comunidade afetada pela implantação do
parque, perseguindo os infratores e aplicando multas a uma das populações
mais pobre do Estado de São Paulo (FIGUEIREDO, 2000).
A comunidade do Bairro da Serra, uma das mais afetadas pela
instalação do parque, refere-se ao período compreendido entre a implantação
do Petar e o início da fase turística como a “época de grande pobreza”
98
(BONDUKI, 2002, p. 79), e dos tempos de fartura, quando “nada faltava e não
havia pobreza”. Há inúmeros relatos locais que reportam a essa época de
fartura, devidamente registrados na literatura especializada (FIGUEIREDO,
2000; SILVEIRA, 2001; BONDUKI, 2002; SANTOS, 2005).
A equipe que então demarcava o parque elaborou, junto à comunidade
local, um processo coletivo de usucapião e fez um acordo informal, pelo qual
uma parte das terras do bairro, onde havia casas de moradia e uma pequena
parte de área de plantação, que pertencia ao parque, fosse desocupada para
que todos colaborassem com o processo e assim fosse resolvida parte da
questão fundiária do parque. Esse processo foi se estendendo até o segundo
semestre de 2005, ou seja, aproximadamente, 20 anos, quando então o Bairro
da Serra deixou de fazer parte do parque (FOGAÇA, 2008).
A mudança de terras coletivas para lotes titulados foi fundamental na
nova estrutura organizacional do espaço. Entretanto, nessa estrutura, com
terras tituladas, área protegida e entorno, a comunidade não tinha o direito de
utilizá-las como bem entendesse. A opção foi o turismo, com estímulo da
equipe de implantação e da administração do parque, por meio da divulgação
da atividade, uma saída na geração de renda e sustento daquela população. A
atividade do turismo, como não fazia parte do cotidiano da maioria, gerou
incertezas sobre o que iria acontecer e levou muitos moradores a vender suas
terras a pessoas de fora da região, principalmente as posses (FOGAÇA, 2006).
Esse processo de venda foi mais evidente na margem direita do rio
Betari. Na margem esquerda do rio, os terrenos permaneceram em maiores
tamanhos e se podem encontrar diversos moradores nativos com glebas
superiores a 50.000,00 m² (SILVEIRA, 2001).
O abastecimento de mercadorias no Bairro da Serra é realizado,
atualmente, por meio de comerciantes ambulantes que vêm de Apiaí, Curitiba e
Registro, trazendo seus produtos em furgões e caminhões, herdeiros modernos
dos antigos tropeiros, que comercializam localmente artigos de vestimenta,
alimentos e utensílios (BONDUKI, 2002).
Diante dessa situação, muitos moradores do Bairro continuam cultivando
seus roçados por meio da coivara, alguns escondidos na mata, mas sob o risco
constante da aplicação de multa, outros sobre o mesmo terreno, provocando o
99
desgaste excessivo do solo. Embora não tenham o apoio dos mais jovens,
resistem e seguem praticando seus costumes tradicionais, agora
transformados em crime, na busca de sustento imediato para suas famílias
(SILVEIRA, 2001).
Com a implementação da atividade turística, houve necessidade de
serem criados objetos novos e adaptados a alguns já existentes, assim
modificando quase que totalmente a paisagem desse bairro. Ou seja, o espaço
natural, apesar de já possuir algumas adaptações, mas ainda com
predominância do natural sobre o cultural, sofreu maiores alterações para
apresentar condições vitais à sobrevivência da comunidade, dentro da nova
realidade (FOGAÇA, 2006).
O homem, já não é mais o “mateiro”, agricultor ou minerador, agora sua
atividade é o turismo que lhe oferece a função de monitor (a) ambiental,
cozinheiro (a), quituteiro (a), funcionário (a) do parque, caseiro (a), entre outras.
Atualmente, o bairro da Serra pode ser considerado a área que mais concentra
serviços turísticos próximo ao Petar e, por isso, atende ao maior número de
visitantes. É importante destacar que esse processo de mudança, da
exploração dos recursos naturais para sua preservação e uso turístico, não
alterou somente a paisagem, e essa mudança de paisagem não se
desenvolveu isoladamente; o homem social também se modificou,
influenciando assim as mudanças na paisagem local (SILVEIRA, 2001;
FOGAÇA, 2006, 2008).
2.3 Linha do tempo
As deficiências nos transportes e nas comunicações deixaram e ainda
têm deixado isoladas muitas pequenas comunidades, aparentemente não ou
pouco afetadas pela passagem do tempo. Também, muitos estudiosos
percebem dois tipos de Brasil, que possuem atividades relacionadas à
agricultura de subsistência, entre outros modos de vida, inseridas em
comunidades que mantêm características e culturas antigas localizadas
próximas às cidades modernas. Essa disparidade é perceptível no estado de
São Paulo (SHIRLEY, 1977; LAMBERT, 1978), por exemplo, ao comparar a
região do Vale do Ribeira com a capital paulista e região ao seu redor.
100
A geografia e o clima do Vale do Ribeira afetaram a história desse local,
sendo fatores também importantes para compreender o passado, futuro e o
desenvolvimento dessa região, que ainda possui florestas não tocadas pelo
homem desde a colonização portuguesa. Essa região atualmente é
considerada um potencial turístico, e a paisagem e o clima são os principais
atrativos para isso. Shirley (1977, p. 33; 35) enfocou o impacto das cidades
modernas em uma comunidade do Vale do Paraíba, localizada no estado de
São Paulo:
“Aqui, o novo e o velho existem lado a lado. Mas o velho está sentindo o impacto do novo e está mudando [...] à história do transporte [...], das estrada, da migração dos povos e do embarque de muitas espécies de produtos [...] faz com que seja sempre uma região periférica [...] sempre secundária e dependente dos grandes movimentos sociais e econômicos, que ocorreram na região vizinha [...] e no imenso interior de São Paulo ...”
A região é historicamente habitada principalmente por descendentes de
escravos, indígenas e colonizadores que chegaram à região no século XVI,
quando Iporanga viveu um curto ciclo econômico de garimpo de ouro
(FIGUEIREDO, 2000). Os moradores da região organizaram-se em núcleos
frouxos de povoamento fortemente ligados por laços de parentesco, chamados
posteriormente de bairros. O modo de vida dos moradores pode ser definido
como agroextrativista, extremamente dependente da floresta. Era praticada a
agricultura itinerante ou roça de coivara, com plantio de rotação de culturas que
incluem principalmente o arroz, o feijão e o milho. Criavam-se de forma
extensiva porcos, galinhas e outros animais domésticos, alimentados pela roça
e pela floresta (PETRONE, 1961; ADAMS, 2000).
Outras formas de relação material com a floresta circundante eram a
retirada de madeira para uso doméstico (lenha, construções), caça, coleta de
frutos (muitas vezes plantados pelos antigos moradores) e de plantas úteis,
como aquelas de uso medicinal. A paisagem da região era constituída,
portanto, por um mosaico de áreas em uso, áreas de floresta em regeneração
e áreas de floresta pouco alteradas (PAOLIELLO, 1999).
101
Mesmo que o Vale do Ribeira (principalmente o Alto Vale) tenha
participado de forma apenas marginal do processo de urbanização e
industrialização do estado de São Paulo e que o modo de vida dos moradores
tenha sido historicamente compatível com a permanência de uma paisagem
florestal, ainda assim não se pode analisar a realidade social da região sem
levar em conta a interação dos moradores com o restante do país. A economia
dos moradores da região sempre dependeu, por um lado, da relação agro-
extrativista com a floresta, e, por outro, de aquisição de dinheiro para obtenção
de itens não produzidos localmente. É certo que a autossuficiência dos
moradores era muito maior décadas atrás do que atualmente, tendo sido
aumentada, hoje, a necessidade de dinheiro (VIEIRA e MIRABELLI, 1989).
No século XX, alguns empreendimentos capitalistas chegaram à região,
como companhias mineradoras de chumbo e calcário e fazendas de gado. Por
um lado, estes empreendimentos criaram conflitos fundiários com habitantes
locais, já que a forma de apropriação e herança da floresta era baseada no uso
e não na propriedade da terra. Por outro lado, geraram empregos para alguns
membros das famílias agroextrativistas (PAOLIELLO, 1999).
Outro empreendimento importante na região que teve a mesma função
foi o corte de palmito da palmeira juçara (Euterpe edulis), tornado ilegal e
agenciado principalmente por atores sociais externos. Esse cenário apontava
para o desalojamento definitivo da floresta e também para uma gradual
expropriação das terras historicamente ocupadas pelos habitantes locais,
sujeitando-os à condição de mão de obra assalariada ou à migração.
Entretanto, entram aí novos atores sociais para modificar a história do local
(VIEIRA e MIRABELLI, 1989).
A região do Alto Ribeira contém a maior concentração de cavernas
calcárias do estado e faz parte da maior área contínua de mata atlântica
remanescente. Além de alguns empreendimentos minerários, existia na região,
na década de 1950, uma sede do Instituto Geológico e Geográfico, órgão do
Governo do Estado encarregado de pesquisas sobre minerais. Existia então,
em 1958, uma arena de conflitos constituída pelos seguintes atores sociais
(SILVEIRA, 2008):
102
a) Grandes empreendedores com interesses capitalistas que tentavam com
pouco sucesso explorar a região;
b) Pesquisadores da área geológica que militavam pela proteção das inúmeras
cavernas da região, com o apoio de atores da imprensa; e
c) Atores do governo estadual, ligados ao então governador Jânio Quadros,
com projetos de desenvolvimento turístico em um paraíso ecológico e/ou com
interesse de resguardar recursos florestais no modelo americano de Parques
Nacionais.
Esse embate transformou pouco mais de 37.000 hectares de uma região
de florestas, repleta de moradores sem o título da terra, e comprada ou grilada
por empreendedores externos, no Petar. A questão era transformar o local em
área protegida voltada ao turismo de habitantes da cidade, a princípio com uma
base estatal de infraestrutura. O turismo incluiria caça e pesca, ou seja, uso
direto da floresta. Os moradores da região e o poder municipal parecem ter tido
pouco poder de participação nesta arena. A criação do Petar, na realidade,
trouxe poucas modificações ao cotidiano dos moradores, pois o parque
permaneceu sem implantação por mais de 20 anos (FIGUEIREDO, 2000;
SILVEIRA, 2001).
No início dos anos de 1980, uma nova arena de conflitos se configurou
no Alto Ribeira. Ela incluía novos atores sociais que se relacionavam com a
região (SILVEIRA, 2008):
a) Espeleólogos (exploradores de cavernas), organizados em torno de grupos
espeleológicos e da Sociedade Brasileira de Espeleologia, SBE. Partiu destes
atores sociais a reivindicação de que o Petar fosse de fato implantado e que as
matas e as cavernas fossem resguardadas;
b) Funcionários da Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista
(Sudelpa), ligados ao então governador Franco Montoro, que tinham como
objetivo a implantação das diversas unidades de conservação ambiental do
Vale do Ribeira criadas ao longo do tempo, sendo o Petar uma área-piloto;
c) Novos empreendedores (madeireiras, mineradoras e outros) instalados ou
com objetivos de se instalarem na região;
d) O poder municipal, alinhado com os empreendedores e com atores
envolvidos com o corte de palmito; e
103
e) Moradores sentindo-se ameaçados ao mesmo tempo pelos
empreendimentos e pelo parque, mas de forma geral se alinhando contra a
implantação do Parque.
Neste período, um personagem fundamental no desfecho dos
acontecimentos foi Clayton Lino, arquiteto, espeleólogo e hoje personalidade
importante no cenário do ambientalismo brasileiro. Lino conseguiu articular a
implantação do Petar liderando a equipe da Sudelpa, tendo forte influência
entre os espeleólogos e proximidade com os moradores do local que se tornou
o centro do turismo na região, o Bairro da Serra (FIGUEIREDO, 2000).
O desfecho destes conflitos foi a implantação do Petar, a paralisação de
todos os grandes empreendimentos e o estabelecimento do ecoturismo como
projeto de desenvolvimento para a região. Os moradores almejavam a
continuidade de sua economia agroextrativista e demandavam atividades que
gerassem salário a uma parte da família, em uma relação de assistencialismo e
clientelismo com o poder público municipal. Com a implantação do Petar, os
moradores da região não foram retirados, mas tiveram que readaptar seus
projetos e organização social à nova realidade que se apresentava (SILVEIRA,
2001).
No período da criação do Petar, o centro das atenções foi a região de
Caboclos, no norte do parque. No período da implantação, o Bairro da Serra
tornou-se o palco principal da arena de conflitos e do projeto de
desenvolvimento do turismo. Foi no Bairro da Serra que começaram a aportar
os primeiros espeleólogos, na década de 1960. A caverna Santana, hoje a
principal atração turística da região, fica a aproximadamente 10 km do bairro.
Foi lá também que os primeiros moradores do local passaram a receber
turistas em suas casas e guiá-los na mata. A área do bairro que ficou fora do
parque não permite a perpetuação de um modo de vida agroextrativista
(FOGAÇA, 2008).
As mineradoras e outros empreendimentos fecharam as portas. A
fiscalização passou a ser intensiva no local e os turistas começaram a chegar
cada vez com mais frequência. Alguns dos moradores que tinham mais
proximidade com os agentes externos foram contratados como funcionários da
caverna Santana. Os moradores viram-se, portanto, obrigados a assumir o
104
turismo como projeto de futuro, viver na economia clandestina do palmito ou
migrar. Como consequência de tudo isso, o projeto do desenvolvimento do
turismo se impôs de forma inexorável aos moradores do Bairro da Serra
(FIGUEIREDO, 2000).
Os anos de 1990 viram a transformação de alguns turistas em
moradores do Bairro da Serra. Estes novos moradores juntamente com turistas
que tinham proximidade com os moradores antigos fundaram a Associação
Serrana Ambientalista (ASA), que incorporou com o tempo membros das
famílias antigas do bairro, principalmente jovens. A ASA transformou-se em
importante instrumento de reivindicação do Bairro da Serra, sendo a
responsável pela articulação do primeiro curso de monitores ambientais, que
tinha como objetivo a capacitação dos jovens da região para o trabalho com os
turistas. A ASA tornou-se representante oficial do bairro da Serra em diversas
instâncias de decisão municipal, regional e estadual (COSTA-PINTO et al.,
2001).
Vê-se então que a pauta das negociações entre Estado e moradores,
permeada pela participação de espeleólogos, operadores de ecoturismo e
ONGs, deu-se em torno de como o turismo pôde resolver os conflitos criados
pela implantação do Petar. Há, entretanto, no Bairro da Serra, um grande
descontentamento dos moradores com as mudanças sociais ocorridas. Este
descontentamento passa por duas vertentes: a primeira é relacionada a uma
interrupção nas formas costumeiras de sociabilidade, baseadas na agricultura,
caça e outras atividades agroextrativistas. A sociabilidade criada pelo turismo
cria outros parâmetros de status social e conecta os moradores ao universo
urbano-industrial dos turistas, fato que pode ser percebido de forma evidente
na crescente urbanização do local. Gerou-se na fala dos moradores uma
nostalgia pelo tempo dos antigos, que era tomado como referência para criação
de uma identidade de morador tradicional na reivindicação de direitos
(SILVEIRA, 2007).
Como grande parte dos moradores é fiel, há algumas décadas, da igreja
evangélica Congregação Cristã do Brasil, muitas vezes a situação de
mudanças de valores em que os moradores estão colocados é relacionada ao
105
Apocalipse, e a adesão à doutrina da Igreja aparece como forma de salvação
(FOGAÇA, 2006).
A segunda vertente de descontentamento tem ares mais concretos:
refere-se ao fato de o projeto turístico se apresentar como solução inacabada
no Bairro da Serra. Primeiro, porque é um consenso entre moradores e atores
externos que o turismo já chegou ao seu limite de intensidade suportável no
Bairro da Serra, e mesmo assim não é capaz de oferecer emprego a todos os
moradores (BARBOSA, 2007).
Desta forma, ainda é grande o movimento de saída e retorno dos
moradores, rumo a centros urbanos como Sorocaba, São Paulo, Campinas ou
Itu. Em segundo lugar, porque a economia do turismo como única opção gerou
a estratificação social no Bairro da Serra, sendo que os mais pobres não têm
mais a roça como supridora da alimentação familiar. Em terceiro lugar, porque
os impactos relativos à rápida urbanização do bairro têm trazido conflitos com a
administração do Petar, a cargo do Instituto Florestal, um órgão da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, que tem tentado controlar a todo custo as
construções no bairro.
Assim, verifica-se que as alterações dos processos produtivos na região
do Vale do Ribeira não trouxeram à população melhoras financeiras nas
condições de vida, pelo contrário, pode-se dizer que foram efetivados às suas
expensas (VIEIRA e MIRABELLI, 1989). Sendo assim, tomando por base uma
linha de tempo (SILVA, 2007), observa-se que as abordagens sobre os
problemas regionais que envolvem o Vale do Ribeira estão em sua maioria
centrados no pensamento econômico baseado no crescimento como
pressuposto ao desenvolvimento. Porém, verifica-se que o agente responsável
não só pela pobreza material regional, mas também pelos conflitos instalados
na região, sempre surgiu quando havia busca de medidas emergenciais para o
crescimento econômico.
106
1511-1520 1531-1540 1541-1550 1571-1580 1621-1630 1691-1700 1711-1720 1751-1760
* Criação da casa de
fundição de ouro em
Iguape.
* Início da busca ao
ouro
* Intensificação da
ocupação humana
no Vale do Ribeira
* Primeiros cultivos
econômicos no
garimpo Santo
Antônio
* Exportação
de produtos
das lavouras
do Vale do
Ribeira para
RJ, Santos,
SC, RS e
Portugal
* Colonização por
portugueses e
espanhóis do Vale
do Ribeira
(iniciado em
Cananeia e
Iguape) –
Destaque para o
Bacharel Cosme
Fernandes
* 1º Documento
fidedigno que
registra a presença
de europeus no Vale
do Ribeira – Diário
da Navegação da 1ª
Expedição
Colonizadora de
Martim Afonso de
Souza
* Auge da 1ª
fase
econômica
do Vale do
Ribeira –
ciclo do ouro
* 1º Grupo de
garimpeiros
estabeleceu-se
próximo à foz do Rio
Pilões (local onde é o
atual Bairro Ribeirão)
– originando o
garimpo Santo
Antônio (Princípio
para a futura
formação do
Município de
Iporanga)
* O garimpo
Santo
Antônio foi
elevado à
condição de
Arraial
(Arraial de
Santo
Antônio)
* Corrida às
minas gerais –
Início da
decadência do
ciclo do ouro
no Vale do
Ribeira
* Auge da 2ª
fase
econômica do
Vale do Ribeira
– Construção
Naval
(Cananeia e
Iguape)
* Início das
construções
da capela e
cemitério no
Arraial de
Santo Antônio
107
1511-1520 1531-1540 1541-1550 1571-1580 1621-1630 1691-1700 1711-1720 1751-1760
* Criação da casa de
fundição de ouro em
Iguape.
* Início da busca ao
ouro
* Intensificação da
ocupação humana
no Vale do Ribeira
* Primeiros cultivos
econômicos no
garimpo Santo
Antônio
* Exportação
de produtos
das lavouras
do Vale do
Ribeira para
RJ, Santos,
SC, RS e
Portugal
* Colonização por
portugueses e
espanhóis do Vale
do Ribeira
(iniciado em
Cananeia e
Iguape) –
Destaque para o
Bacharel Cosme
Fernandes
* 1º Documento
fidedigno que
registra a presença
de europeus no Vale
do Ribeira – Diário
da Navegação da 1ª
Expedição
Colonizadora de
Martim Afonso de
Souza
* Auge da 1ª
fase
econômica
do Vale do
Ribeira –
ciclo do ouro
* 1º Grupo de
garimpeiros
estabeleceu-se
próximos a foz do Rio
Pilões (local onde é o
atual Bairro Ribeirão)
– originando o
garimpo Santo
Antônio (Princípio
para a futura
formação do
Município de
Iporanga)
* O garimpo
Santo
Antônio foi
elevado à
condição de
Arraial
(Arraial de
Santo
Antônio)
* Corrida às
minas gerais –
Início da
decadência do
ciclo do ouro
no Vale do
Ribeira
* Auge da 2ª
fase
econômica do
Vale do Ribeira
– Construção
Naval
(Cananeia e
Iguape)
* Início das
construções
da capela e
cemitério no
Arraial de
Santo Antônio
108
1761-1770 1781-1790 1811-1820 1821-1830 1841-1850 1851-1860 1871-1880
* Substituição da
capela do Arraial de
Santo Antônio pela
Igreja de Sant‟ Anna
de Iporanga
* Início da construção
do Valo Grande
(canal artificial entre o
Rio Ribeira e o porto
de Iguape)
* O Arraial de Santo
Antônio foi elevado à
Freguesia Sant‟ Anna
de Iporanga
* Término da
construção do
Valo Grande
* Diversificação da
agricultura em
Iporanga
* Expansão da
cafeicultura no
Brasil
* Encerramento do
funcionamento da
casa de fundição do
ouro em Iguape
* Início das
primeiras
lavouras de
monocultivo de
arroz no Vale do
Ribeira
* Especialização
crescente no
cultivo de arroz em
Iporanga
* Auge da 3ª fase
econômica do Vale
do Ribeira – ciclo do
monocultivo de arroz
* Lei Eusébio de
Queiroz (extinção
do tráfico
transatlântico de
escravos africanos)
* Arroz produzido
no Brasil deixa de
ser um dos 10
produtos mais
exportados
* Instalação da
Companhia de
Mineração
Iporanga S/A
109
1881-1890 1901-1910 1911-1920 1921-1930 1931-1940
* Fim da
escravidão no
Brasil
* Assoreamento do Valo
Grande – um dos maiores
golpes na economia do Vale do
Ribeira, já que era importante
trecho por onde as navegações
levavam produtos de
exportação
* O Vale do Ribeira prosseguiu com alguma produção de arroz, cuja qualidade foi amplamente reconhecida na mostra Exposizione Internacionale Delle Industrie e Del Lavoro realizada em Turim na Itália, recebendo o título de “Melhor Arroz do Mundo”.
* Declínio da
economia do
arroz no Vale
do Ribeira
inteiro
* Suinocultura foi configurada
como um dos principais itens na
economia de Iporanga
* Imigração japonesa para o Vale do Ribeira.
* 1ª Fábrica de palmito na Fazenda Santana – localizada no Bairro Pilões em Iporanga (palmito produto de relevante valor comercial e abundante na época no Alto Ribeira).
* Iporanga começou a se
estabelecer como centro
comercial por onde fluía toda a
produção excedente das
lavouras do Alto do Ribeira
* Instalação de mineradoras de chumbo, prata, zinco, ouro e calcário nas jazidas de FURNAS e Lageado, próximas a Iporanga, que gerou muitos empregos para população local
* 1ª Excursão Botânica ao Vale do Ribeira – princípio da definição de implantação das Unidades de Conservação
* Abertura da estrada que liga Apiaí a Iporanga.
110
1941-1950 1951-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1990
* Encaminhamento do pedido oficial para criação do Parque Estadual do Alto do Ribeira (Petar).
* Intensificação do extrativismo do palmito no Vale do Ribeira.
* População local no entorno do Petar continuou com atividades que envolviam o uso da floresta para subsistência da família.
* O pedido de criação do Petar retornou na forma do Decreto 32.283 de 19 de maio de 1958.
* Instalação de energia elétrica no Bairro da Serra.
* Abertura de novas estradas como rotas para o planalto, o que gerou um período difícil para Iporanga, de estagnação econômica.
* Auge do regime militar no Brasil.
* Centro Histórico de Iporanga foi tombado como patrimônio histórico, arqueológico, artístico e turísco do estado.
* Declínio da exploração de minérios.
* Aumento das atividades predatórias no Vale do Ribeira (mineração irregular, extração de madeira e agropecuária sem planejamento).
* Inauguração de fábricas de extrativismo vegetal, serraria, palmito e agropecuária em Iporanga.
* Início de um pequeno fluxo de turismo.
* Implantação definitiva do Petar.
* Início da expansão da bananicultura e teicultura no Vale do Ribeira.
* Construção da Rodovia Régis Bittencourt que facilitou o acesso com a invasão de grileiros e especuladores fundiários na região de Iporanga, levando a conflitos com muitos feridos e mortes.
* A exploração de chumbo e prata foi reativada no Vale do Ribeira.
* Reviravolta na vida em Iporanga e no Vale do Ribeira todo – Intervenção do Estado – embargo dos desmatamentos, madeireiras, fábricas de palmito e minerações, causou desempregos e emigração local.
* Início da indústria do turismo e ecoturismo em Iporanga, um novo ciclo econômico se iniciou no município e continua até os dias de hoje.
3 METODOLOGIA
3.1 Local e período do estudo
A pesquisa foi desenvolvida com agricultores que residem no Bairro da
Serra, um dos principais bairros rurais ligado ao município de Iporanga-SP,
localizado às margens da rodovia SP-165. A coleta de dados foi realizada no
período de fevereiro de 2008 a março de 2009.
3.2 Métodos
A base da metodologia adotada foi o conhecimento do agricultor sobre
Unidade Produtiva (UP), que é toda área utilizada pelo agricultor para
desenvolver seu sistema de produção, independentemente de a área estar
situada ou não na propriedade em que reside (AZEVEDO, 2001). Assim, os
dados do trabalho se basearam em informações fornecidas pelos próprios
agricultores.
Antes do início das atividades a campo, foram realizadas reuniões com a
comunidade, com o intuito de esclarecer os objetivos da pesquisa e pedir
autorização dos agricultores para sua realização no local.
O trabalho de campo foi realizado em períodos sucessivos de
convivência local. A pesquisadora residiu na comunidade no período de março
de 2008 a março de 2009. Foram utilizados os princípios da técnica da
observação participante, processo que consiste na integração do pesquisador
com os moradores, objeto de sua investigação. O que implica em dupla
necessidade: participar da vida comunitária e observar o que se produz ao seu
redor (BECKER, 1999; CORREIA, 2005).
Segundo Cunningham (2001), é melhor trabalhar com um pequeno
112
grupo de bons informantes, informantes-chave, do que com um grande grupo
de informantes que tenham pouco conhecimento do assunto. Informante-chave
é aquele que, dentro de sua comunidade, tem conhecimentos mais detalhados
acerca do assunto pesquisado. É importante ter cuidado nas entrevistas
individuais para que não se tornem estudos de caso, cabendo ao pesquisador
transpor as informações coletadas para uma visão global.
Dessa forma, o critério de escolha desses informantes, indicados pelos
próprios membros da comunidade, por intermédio de reuniões e visitas
individuais, baseou-se na escolha de agricultores nascidos e criados na região
e que reuniam maior gama de informações sobre a roça de subsistência
praticada em suas UPs e que possuíam disponibilidade de tempo e desejo de
participar das entrevistas. Também foi considerada a capacidade tanto do
informante quanto da pesquisadora de estabelecer diálogos.
Após a escolha desses informantes, foi realizada a identificação e
descrição geral de um conjunto de onze UPs, que se inseriram nas
características determinantes. Essa descrição foi obtida por meio de entrevistas
semiestruturadas, em que não são feitas perguntas pré-determinadas,
fechadas, mas sim, que permitam estabelecer um diálogo com o entrevistado.
Foi utilizado um roteiro básico para aplicar a entrevista, segundo Thompson
(1998).
Com os dados obtidos nessas entrevistas, foi construído um banco de
dados, que permitiu a análise e interpretação das informações obtidas e a
escolha dos informantes para participar da coleta de dados da segunda etapa
do trabalho, em busca de maior detalhamento sobre o manejo de sementes
nas UPs. Participaram dessa segunda etapa sete UPs, pois quatro UPs não
continuaram por falta de tempo e por não estarem se dedicando
exclusivamente a atividades ligadas à roça.
A estrutura metodológica para desenvolver o detalhamento do manejo
de sementes constituiu em descrever as percepções dos agricultores sobre
esse tema. Foi desenvolvida por meio de entrevistas abertas e visou a
sistematizar o saber local e relacioná-lo com o conhecimento científico no
sentido de se compreenderem as lógicas utilizadas pelos agricultores nos
manejos das sementes. Esse critério foi o adotado por Descola (1986).
113
3.2.1 Coleta de dados
A coleta de dados foi dividida em duas etapas. Na primeira, buscou-se
caracterizar as estratégias de manejo dos agricultores da região em relação
aos seus sistemas de produção. Na segunda etapa, o foco central foi identificar
as espécies de plantas com propagação por sementes utilizadas na roça e os
processos de obtenção, seleção e armazenamento dessas sementes.
3.2.1.1 Primeira etapa de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em onze UPs (Tabela 1) e teve por
objetivo obter a descrição qualitativa e quantitativa das UPs para que fosse
possível caracterizar as estratégias de manejo dos agricultores desse local em
relação aos seus sistemas de produção.
O trabalho de campo foi dividido nas seguintes ações (Figura 5):
1) Visita inicial para a pesquisadora se apresentar aos moradores locais e
conhecer a área a ser pesquisada.
2) Elaboração de um roteiro-guia em forma de questionário com perguntas
dirigidas, sendo utilizado como um guia dinâmico, e de um manual explicativo
para o uso do questionário, visando a orientar o entrevistador sobre o conteúdo
e a forma das questões adotadas. As questões abordadas nas entrevistas
basearam-se na realidade da região, dentre outras situações, e nas indicações
da literatura.
3) Reuniões com a comunidade, em que foi explicado o trabalho e recebido
informalmente o aceite dos agricultores que desejaram participar da
investigação.
4) Identificação dos informantes-chave que participaram das entrevistas.
5) No trabalho de campo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas,
visando a proporcionar liberdade de expressão do entrevistado. As entrevistas
objetivaram a caracterização das UPs e das comunidades por meio da história
oral sobre elas. O roteiro-guia serviu como orientação para a coleta de dados e
foi feito de modo o mais adequado possível.
6) Sistematização das informações obtidas. As entrevistas gravadas foram
transcritas.
114
TABELA 1. Código e nomes das UPs, nome dos informantes e utilização da área.
Código UP Nome da UP Nome dos Informantes Utilização da Área
BS001
Casa- lote Sinézio Rodrigues; Dionízia Rodrigues
Residência
Chacrinha do macaquinho Cultivos e diversão nos finais de semana
Sítio Serra Roça
BS002 Casa- lote Benedito Celestino
Ivone Mota Celestino
Residência
Sítio Serra dos Motas Cultivos, roça e diversão nos finais de semana
BS003 Sítio do final do Bairro da Serra Augusto de Godoy; Izabel Maciel Godoy
Roça e residência
BS004
Casa- lote
Luzia Dias dos Santos
Residência
Sítio Juvevá Roça
Sítio Ribeirão Cultivos e diversão nos finais de semana
BS005 Sítio Novo Alcina Rosa de Moura Roça e residência
BS006 Sítio Novo José de Moura; Zilda de Moura
Roça e residência
BS007 Casa- lote Pedro Rodrigues Mota
Lindalva de Andrade Mota
Residência
Sítio Coutinho Cultivos, roça e diversão nos finais de semana
BS008 Sítio Passagem do meio Adir Rodrigues;
Pedrina de França Rodrigues
Residência
Sítio Casa Velha Roça
BS009 Casa- lote
Juracy Fernandes de Andrade Residência
Sítio Tio Grande Roça
BS010
Casa- lote
Jair Fernandes de Andrade
Residência
Casa- lote Residência dos filhos e ex-esposa
Sítio Lagoa Grande Cultivos, roça e diversão nos finais de semana
BS011 Sítio Berta Fundo Josué Rodrigues Bastos Roça e residência
115
7) Armazenamento de todos os dados coletados das entrevistas, além das
observações de campo feitas pela pesquisadora em banco de dados
construído no programa Excel.
8) Análise e interpretação dos dados por meio de estatística descritiva e para
os componentes que entram na UP. Além da análise descritiva, foi realizada
também estatística multivariada por componentes principais.
Visita inicial para conhecer a área da pesquisa
Elaboração do roteiro guia e manual
Reunião para receber o aceite dos agricultores para realização da pesquisa
Identificação dos informantes-chave
Realização da entrevistas
Sistematização dos dados
Banco de dados
Análise e interpretação dos dados
FIGURA 5. Síntese da estrutura metodológica da coleta de dados.
Os aspectos abordados no guia e manual de entrevistas foram os
seguintes:
1) Informações Gerais: identificação com o código da UP, com os nomes da
equipe que coletou os dados, nomes dos informantes e a data da coleta dos
dados, Identificação da UP com o histórico do agricultor e de sua família,
história da comunidade, história da UP e composição da família.
2) Saúde e Educação Familiar: doenças mais comuns dos membros da família,
assistência médico-hospitalar, pessoa da comunidade que orienta nos
momentos de doença, educação da família e padrão de alimentação da família.
3) Caracterização da UP: área total e utilização do solo, caracterização da(s)
mata(s), caracterização das aguadas, benfeitoria, cercamento, máquinas e
116
implementos disponíveis, animais de tração e de serviço, aspectos
conservacionistas da UP e sistema extrativista.
4) Calendário agrícola.
5) Economia da UP: componentes que entram e saem da UP e quantidade,
financiamentos, mão de obra contratada e o tempo gasto na UP, fontes de
renda (outras que não a auferida na UP), meios de transporte utilizados para
escoamento da produção, produção e necessidade de compra.
6) Perguntas dirigidas sobre a legislação ambiental e turismo que interferiram
no cotidiano da comunidade.
Os cuidados tomados pela pesquisadora durante as entrevistas foram
baseados nas informações de Azevedo (2001). As respostas obtidas durante a
entrevista foram registradas por intermédio de anotações em caderno, sempre
utilizando as mesmas palavras que o entrevistado enfocava evitando resumir
as respostas, e quando o agricultor permitiu, foram gravadas.
3.2.1.2 Segunda etapa de coleta de dados
Essa etapa foi realizada com sete UPs (BS001, BS003, BS005, BS006,
BS008, BS009 e BS011). Consistiu em visitas iniciais explicando a
continuidade do trabalho, sendo realizada após o aceite dos agricultores em
continuar participando, quando então as entrevistas foram agendadas.
O objetivo foi aprofundar sobre o conhecimento dos agricultores em
relação ao manejo de sementes cultivadas nas roças e ocorreu por meio de
entrevistas abertas, em busca da compreensão das lógicas utilizadas por eles
em relação às questões abordadas. Foram identificadas e descritras as
percepções dos agricultores sobre suas relações produtivas no manejo de
sementes cultivadas nas roças, focando os processos de coleta, seleção,
classificação e uso de sementes cultivadas nas roças.
Dessa forma, foi elaborado um roteiro-guia, utilizado na abordagem
sobre as sementes, porém como as entrevistas foram abertas, cada questão foi
aprofundada conforme cada informante, o qual forneceu as informações
livremente, mas a pesquisadora conduziu a entrevista de modo que não fosse
perdido o foco do questionamento.
117
Perguntas feitas aos agricultores: Qual a frequência do plantio?
Tamanho da roça? Como foi a última colheita? Tempo que deixa a terra
descansar para plantar no mesmo lugar? Quais as espécies cultivadas na
roça? Origem das sementes que usa? Guarda semente da época dos pais, tios
ou avós? Vende ou troca a produção da roça? Faz alguma coisa para fornecer
nutrientes para as plantas ou para controlar pragas e doenças? Compra algum
produto para tratar das plantas? Faz alguma coisa para dar nutrientes para as
plantas ou para controlar pragas e doenças que é da própria roça?
Para descrição do manejo de sementes, foi elaborado um roteiro-guia
simples com as seguintes perguntas: os tipos de sementes utilizadas no plantio
das roças, considerando a experiência dentro e fora da UP; os critérios para
identificação desses tipos de sementes: nome da semente, produtividade,
como cultivar, como armazenar, origem da semente, etc.; como são realizados
o uso e o manejo das sementes identificadas pelo agricultor na entrevista;
quais os tipos de áreas e solos em que a semente pode ser plantada; identificar
o tipo de semente considerada ideal: qualidade da semente / desvantagem e
vantagem da semente; onde e como obtiveram tais conhecimentos sobre
sementes e como é realizado o processo de transmissão desses
conhecimentos; procedimentos de obtenção, coleta, seleção, classificação e
uso de sementes por agricultores; quanto tempo demora a germinação de cada
tipo de semente; quanto tempo demora para colheita; qual a época de plantio
de cada semente; qual a origem das sementes identificadas pelos agricultores;
e qual a quantidade que planta de sementes por cova e por área (litro,
tonelada).
3.3 Sistematização e Análise dos Dados
3.3.1 Dados obtidos na primeira etapa da coleta de dados
A partir das entrevistas foram feitas identificações, caracterizações e
descrições das onze UPs estudadas. Foi feita decomposição de todas as
informações obtidas nas entrevistas e redigidos relatórios descritivos sobre
cada UP. Em seguida, foram desenvolvidas descrições em forma de texto do
histórico de cada UP, aspectos relacionados com as atividades comunitárias,
118
comunicação e locomoção, saúde, assistência técnica, práticas de ajuda
mútua, leis e turismo.
Por meio de estatística descritiva, foram determinados o nível escolar da
população do Bairro da Serra, componentes que saem da UP e unidades de
manejo. Para realizar as análises descritivas, foram elaboradas matrizes
binárias, constituídas por variáveis que quantificam dados qualitativos
(variáveis binárias), atribuindo-se o valor 1 (um) para presença de
determinadas características e 0 (zero) para ausência das características que
explicam cada tópico analisado (REIS, 2001). As variáveis com variância de
valor zero foram excluídas da matriz.
Para calcular a disponibilidade de mão de obra foi utilizada uma planilha
elaborada com objetivo de calcular a disponibilidade de força de trabalho por
UP. Essa planilha foi desenvolvida pelo Programa de Estudo de Sistemas
Agrícolas vinculado à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
A força de trabalho total disponível para a UP foi calculada pela fórmula:
FTT = FTF + FTA + FTTS + FTC
em que:
FTT é a força de trabalho disponível total;
FTF é a força de trabalho de membros da família;
FTA é a força de trabalho dos agregados à família (avós, parentes etc) que
vivem com a mesma;
FTTS é força de trabalho fruto da troca de serviços de qualquer natureza
(mutirões, troca de dias etc.); e
FTC é a força de trabalho contratada na forma de diárias.
A FTT é calculada considerando a natureza distinta do trabalho feminino
e do trabalho masculino.
Para a descrição dos componentes (insumos, alimentos, espécies,
dinheiro, etc.) que entram nas UPs, foram estabelecidos critérios supra-
ordenados de agrupamento dos itens informados pelos agricultores. Esses
critérios foram necessários para a organização do conjunto extremamente
amplo e variado de informações representadas na primeira matriz. Entretanto,
a definição e nominação desses critérios foram feitas com a colaboração dos
agricultores, respeitando a nomenclatura por eles indicada.
119
Com esses critérios, foram construídas novas matrizes binárias nas
quais as linhas representavam os itens que entram e saem das UPs e as
colunas os critérios supraordenados. Atribuiu-se o valor 1 (um) ao item que
tinha relação ao critério e o valor 0 (zero) ao que não tinha. Esses critérios não
foram excludentes no sentido de que um item poderia estar presente em mais
de um critério. A partir dessa categorização, foram realizadas as análises
estatísticas.
Essa matriz binária representa a organização do conhecimento dos
agricultores, sem intervenção dos pesquisadores. Os critérios utilizados para
descrever os componentes que entram e saem, foram:
- Alimentação humana: todo tipo de alimento que é necessário comprar, devido
à não produção pela UP (sal, café, açúcar, óleo e carne);
- Limpeza de casa: materiais de limpeza (sabão, detergente, esponja de aço,
etc.);
- Alimentação animal: ração, vitaminas, entre outros tipos de alimentos para as
criações;
- Remédio para animal: vacinas, carrapaticida etc.;
- Despesas da casa: água, luz, gás e telefone;
- Higiene pessoal: sabonete, creme dental, papel higiênico etc.;
- Despesas para agricultura: sementes, sacos para armazenamento etc.;
- Uso pessoal: roupa, calçado etc.; e
- Remédios: em caso de doença em algum membro na UP.
As análises estatísticas foram realizadas de forma sequencial (análise
descritiva, análise fatorial e análise fatorial com cálculo de peso das
variáveis) com objetivos diferenciados. Com a análise descritiva buscou-se
identificar os grupos de itens que entram e saem das UPs dando peso
percentual a cada um deles. A análise fatorial pelo método dos componentes
principais foi utilizada para a identificação dos itens mais importantes no
universo dos que foram apontados. Finalmente, a análise fatorial com cálculo
de peso indicou a importância relativa de cada um dos itens. Essas análises
foram feitas de acordo com Ying e Liu (1995) e Pestana e Gageiro (2000).
120
Foi desenvolvida estimativa anual de fonte de renda e despesas para as
onze UPs estudadas, baseada nas informações relatadas pelos membros
dessas UPs.
Em relação aos sistemas de manejo, foi realizada uma descrição textual
de cada unidade de manejo, fazendo-se uma descrição do uso da terra em
cada UP, detalhando a área de ocupação de cada sistema de manejo e a
porcentagem de ocupação total. Foram construídas listas das espécies
vegetais cultivadas em cada unidade de manejo, com seus respectivos nomes
vulgares e científicos, além dos usos atribuídos pelos agricultores. Também foi
desenvolvido um calendário agrícola das atividades desenvolvidas na roça.
3.3.2 Dados obtidos na segunda etapa da coleta de dados
A partir da decomposição das informações obtidas na entrevistas, foram
identificadas as variedades de quatro principais espécies vegetais que se
propagam por sementes: amendoim, arroz, feijão e milho, cultivadas ou não
nas roças dessas UPs.
Para essas quatro espécies foram descritas: a quantidade de sementes
cultivadas, como foi realizado o plantio, a colheita, armazenamento e a
utilização da espécie vegetal pelos membros das UPs.
Com relação às características de origem e classificação das sementes
dessas quatro espécies vegetais, foram construídas matrizes constituídas por
variáveis qualitativas (variáveis binárias), atribuindo-se valor 1 (um) para
presença da característica em determinada variedade e o valor 0 (zero) para
ausência da característica (REIS, 2001). Foram excluídas da matriz as
variáveis com variância de valor zero.
A partir da matriz anteriormente descrita, foram estabelecidos critérios
supraordenados de agrupamento dos itens informados pelos agricultores
relacionados às características de classificação das sementes (Tabela 2).
A definição e nominação desses critérios foram feitas com a
colaboração dos agricultores, respeitando a nomenclatura por eles indicada.
Com esses critérios, foram construídas novas matrizes binárias para as
quatro espécies vegetais, nas quais as linhas representavam as
características e as colunas os critérios supraordenados. Atribuiu-se o valor 1
121
(um) ao item que tinha relação ao critério e o valor 0 (zero) ao que não tinha.
Esses critérios não são excludentes no sentido de que um item pode estar
presente em mais de um critério. A partir dessa categorização, foram
realizadas as análises estatísticas.
As análises estatísticas foram realizadas de forma sequencial (análise
descritiva, análise fatorial e análise fatorial com cálculo de peso das
variáveis) com objetivos diferenciados.
- Análise descritiva: buscou-se identificar as características de origem e
classificação, atribuindo-se importância percentual para a origem das
sementes, variedades citadas e critérios de classificação das sementes.
TABELA 2. Critérios supraordenados para classificar as sementes e suas respectivas definições, conforme visão dos agricultores.
Critérios Definição
Armazenamento
Características relacionadas com a maneira como a semente é guardada, fatores de armazenamento que afetam a qualidade da semente, características da semente afetadas devido ao armazenamento, se a semente pode ou não ser armazenada, tempo de armazenamento.
Característica Características da semente e variedade: cor, tamanho, beleza, sabor, consistência, odor.
Comercialização Características que envolvem a venda da variedade.
Função Características que envolvem a finalidade da variedade, seu uso.
Melhoramento
Características que indicam se a semente passou por algum melhoramento ou seleção não desenvolvida pelos próprios agricultores, exemplo: as sementes híbridas que são compradas para a semeadura nas UPs.
Semeadura/colheita Características que indicam alguma relação da semente e variedade com processo de semeadura e/ou colheita.
Processamento Características relacionadas à manipulação dos produtos, exemplo: produção de pamonha, canjica, doces, sopa...
Produtividade Características relacionadas à boa ou má produção das variedades.
Qualidade Características relacionadas à qualificação da variedade, exemplo: “é boa”, “ruim”, “fraca”, “forte”.
Rendimento Características relacionadas ao rendimento do produto final para o consumo, exemplo: “o arroz rende na panela”.
Resistência Características relacionadas com a capacidade de a variedade resistir ou não às intempéries, pragas, doenças.
122
- Análise fatorial - método dos componentes principais: foi utilizada para a
identificação dos itens mais importantes no universo dos que foram
apontados. Utilizou-se como ferramenta o programa de estatística SPSS-15
(PESTANA e GAGEIRO, 2000). Uma condição para que a análise de
componentes principais fosse possível de ser realizada é que a variância de
cada variável tenha sido diferente de zero. Assim foram construídas três
matrizes binárias para análises das características de origem das sementes
de arroz, feijão e milho. Também foram construídas quatro matrizes binárias
para análises dos critérios de classificação das sementes das quatro
espécies vegetais pesquisadas com esses agricultores. Com as matrizes
resultantes, foi feita a análise que forneceu os fatores com suas explicações
de variação dos dados. Esses fatores foram utilizados, sendo estabelecida
classificação das variedades e dos critérios. Foram consideradas variáveis
importantes no processo de categorização dos fatores, aquelas cujos valores
absolutos da correlação com os fatores fossem maiores ou iguais a 0,50.
Adotou-se que só seriam considerados os fatores que em conjunto
explicassem 80% ou mais da variação dos dados originais.
- Análise por peso ponderado: indicou a importância relativa de cada um dos
itens. Foi feita com os resultados obtidos na análise de componentes
principais, baseando-se em metodologia proposta para a definição de pesos
para as variáveis em análise de impacto ambiental realizada por Ying e Liu
(1995). Esta análise é muito usada em diversas áreas do conhecimento e
tem a função de reduzir o grande número de variáveis intercorrelacionadas
em um número menor de fatores não correlacionados entre si. Cada fator é
constituído de combinações lineares das variáveis originais explicando em
determinada porcentagem a variância total dos dados, em que o primeiro
fator responde pelo maior percentual, o segundo, pelo segundo maior
percentual, e assim sucessivamente (MANLY, 1986; LURY e RIEDWYL,
1988). Com base nos resultados obtidos da porcentagem da variância
explicada por cada fator e nos coeficientes das variáveis na combinação
linear dos mesmos, exibidos nos resultados da análise de componentes
principais, calculou-se o peso para cada uma das variáveis. Para ponderar as
variáveis, além das percentagens de explicação da variância dos dados, foi
123
necessário utilizar o valor dos coeficientes das variáveis utilizados para o
cálculo dos escores. Ambos retornaram como resultado da análise de
componentes principais no programa estatístico (SPSS). Para realizar a
ponderação dos pesos de cada variável, utilizou-se dos valores absolutos
dos coeficientes utilizados para o cálculo do escore dos fatores
considerados, de cada uma das variáveis, e multiplicou-se pelo percentual de
explicação da variância de cada um dos fatores. A soma dos resultados
obtidos para cada variável foi o peso ponderado de cada uma delas.
2.3.3 Teste de germinação, teor de água e massa de mil sementes
Para determinar a qualidade das sementes coletadas nas UPs, foram
realizados testes de germinação, teor de água e massa de mil sementes. Neste
teste, as sementes de amendoim, arroz, feijão e milho foram colocadas para
germinar em substrato de papel na forma de rolo, acondicionadas em câmaras
de germinação reguladas na temperatura de 30 ºC e fotoperíodo de 12 horas.
Os papéis foram previamente umedecidos com água destilada numa
quantidade equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco (BRASIL, 1992). Os
rolos foram embalados em sacos de plástico e mantidos em câmara de
germinação por dez dias.
As sementes foram submetidas à determinação do teor de água, pelo
método de estufa a 105 ºC 3 ºC por 24 horas. A massa de mil sementes foi
determinada utilizando oito subamostras de 100 sementes (BRASIL, 1992).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Descrição das Unidades Produtivas (UPs)
O Bairro da Serra, localizado a 17 e 26 km de distância dos municípios de
Iporanga e Apiaí, respectivamente, tem cerca de 110 residências e 600
moradores. São nesses municípios que os moradores do Bairro buscam
assistência médica, farmácia, serviços bancários, supermercados, entre outras
necessidades.
O nome do bairro, de acordo com os agricultores entrevistados, é devido à
região apresentar muitos morros, e por isso os antigos assim o nomearam.
Porém, antigamente o rio Betary dividia a região, o lado esquerdo, vindo de
Apiaí, era chamado de Macaco e o lado direito, de Serra. Depois, passaram a
chamar todo o local de Bairro da Serra.
4.1.1 Identificação e histórico das UPs
Foram entrevistados os responsáveis das UPs, em algumas o casal
participou da entrevista e em outras não. Todos são nascidos na região, no
Bairro da Serra ou localidades próximas. Os filhos na maioria não seguem os
passos dos pais com as atividades da roça de subsistência, estão se
envolvendo em atividades com turismo, por exemplo, como monitores
ambientais ou procuram outros serviços no mercado local, nas pousadas,
alguns se mudam do local em busca de emprego em Iporanga, cidades
vizinhas ou cidades maiores.
A implantação do Petar e do turismo levou os agricultores a abandonar
e/ou modificar a maneira de desempenhar as antigas e costumeiras atividades,
levando a diversas transformações no local. Deixaram de fazer a roça como
125
antigamente para não infringir as leis e não sofrer repressões, assim, foram
obrigados a procurar outras maneiras de sobrevivência. Antigamente, os
animais eram criados soltos e cada um sabia qual era o seu, não havia brigas.
Hoje existe uma lei proibindo deixar os animais soltos. Também se os animais
se misturarem, hoje em dia pode ser problemático, sempre ocorre alguma
confusão entre os vizinhos quando isso acontece.
Juracy fez o seguinte comentário sobre a legislação do PETAR: “Tá
certo porque conserva as árvores, conserva os lugares nas serras, mas para
quem mexe com lavoura de roça todo dia foi ruim, tem que respeitar a lei, fazer
o quê? Tem que respeitar o que o governo manda”.
Em relação ao manejo e local para fazer as roças, a legislação provocou
mudanças drásticas na forma de vida desses agricultores. Muitos lugares, por
eles considerados bons para o cultivo de suas roças, não podem mais ser
utilizados. Antigamente manejavam grandes roças comunitárias, hoje essa
realidade já não existe, levando muitos moradores a optar por outra atividade, o
que levou à desistência do manejo de roças por muitos moradores locais. Os
que ainda insistem em desenvolver esse tipo de atividade, adaptaram-se às
novas maneiras de manejo, porém essas modificações se limitam às
possibilidades de conhecimento dos agricultores e recurso financeiro
disponível.
A maioria dos informantes elogiou a atividade do turismo na região,
dizendo que essa atividade trouxe renda e serviço para o local. Três
agricultores fizeram o seguinte comentário: “se acabar o turismo, acaba o
Bairro da Serra, pois existem muitas pousadas, e se o turista não visitar a
região, acaba o dinheiro, e as pessoas não têm outra maneira de ganhar a
vida”. Assim, hoje a vida do local gira em torno do turismo. Eles enfatizaram
que o turismo não influencia e nem altera a vida de quem trabalha com a roça.
Como o Sr. Sinézio frisou: “uma coisa não tem nada a ver com a outra”.
Para os agricultores, a legislação é que trouxe transformações no modo
de vida do local e não o turismo. Mas foi por meio das leis ambientais que essa
área passou a ser considerada atrativo turístico, assim estão amplamente
relacionadas, além de que os turistas trazem consigo novos conhecimentos e
126
costumes que certamente vêm influenciando a comunidade, gerando
transformações no local.
4.1.1.1 Histórico dos produtores e da UP
UP BS001
Nome dos proprietários: Sinézio Rodrigues e Dionízia Rodrigues
Nome e utilização da UP: A família reside em um lote no Bairro da Serra. São
proprietários do sítio denominado Chacrinha do Macaquinho, utilizado para
lazer nos finais de semana, cultivo de algumas espécies frutíferas e uma
pequena roça.
Sinézio nasceu em 1946, no Bairro da Serra. Em 1971, com os filhos
ainda pequenos, mudou-se para Iporanga, pois estava desempregado e não
possuía recursos para culivar a roça na UP. Em Iporanga, permaneceu por seis
meses trabalhando por contrato na prefeitura.
Em 1990, o casal morou cinco meses em Apiaí para trabalhar em uma
chácara, por falta de recursos para cultivar a roça na UP. Os filhos continuaram
no Bairro da Serra, porém o casal retornava ao Bairro da Serra praticamente
todos os finais de semana para levar alimentos e outros recursos de
sobrevivência para os filhos. Passado esse período, saíram da chácara e foram
trabalhar por dois meses em uma granja na mesma cidade, onde tratavam dos
frangos e limpavam o pasto.
Sinézio também trabalhou na Mineradora FURNAS por três anos e meio,
localizada a oito quilômetros do Bairro da Serra. Após a saída desse emprego,
realizou alguns serviços temporários nessa mesma mineradora. Ele diz que era
um trabalho árduo, onde fazia pesquisa de terra em procura de chumbo, mas
era vantajoso por receber salário e assinarem sua carteira de trabalho. A
mineradora localizava-se próxima a UP, dessa maneira ele se deslocava todos
os dias para o trabalho, e os cuidados da roça ficavam com sua esposa. Só
saiu desse serviço devido ao embargo da mineradora realizado pelo governo.
Atualmente recebe aposentadoria por tempo de serviço pela prefeitura
de Iporanga. A renda da família baseia-se nesse salário, na venda dos
excedentes provindos das colheitas da roça e horta, venda de doces,
pamonhas, salgados e artesanatos produzidos por sua esposa, recebem a
renda cidadã fornecida pelo governo federal.
127
Sinézio diz: “Hoje tá tudo bom, melhor que antes, tô aposentado,
trabalho a hora que quero, não sou mandado de ninguém, tendo condução vou
para onde quero sem me preocupar com serviço. Empregado é difícil porque
patrão não quer nem saber, manda embora”.
Dionízia, sua esposa, nasceu em 1954 na região do Poço Grande, um
bairro hoje denominado Bento João, ligado ao município de Iporanga. No ano
de 1957, foi morar no Bairro da Serra com os pais. Nesse mesmo ano, a mãe
faleceu e ela passou a residir com parentes. Em 1959, o pai casou-se e a
buscou para morar no Poço Grande, onde ficou até 1966. Nesse mesmo ano,
retornou ao Bairro da Serra para morar com a tia, pois não se entendia com a
madrasta. Em 1971, casou-se com Sinézio e o acompanha até hoje.
O casal reside no lote desde 1986, tiveram nove filhos e apenas um
solteiro reside com eles, os demais constituíram suas famílias, a maioria reside
próximo à UP, e duas filhas moram em outra cidade. Três dos filhos ajudam
nas atividades de roça, e todos apreciam a atividade de artesanato, assim
como Sinézio e esposa. O lote foi comprado, mas não possuem documentação
da área; eles dizem que há necessidade de ir ao cartório registrar a posse do
local.
A Chacrinha Macaquinho foi adquirida por herança da avó paterna de
Sinézio. Ela a obteve por usucapião onde trabalhava, quando faleceu deixou a
área para os netos, que dividiram por combinação com o restante dos
familiares. Ele assumiu a responsabilidade do sítio em 1995 e, até hoje, eles
não possuem a documentação do local.
Sinézio também atua como caseiro de um sítio desde 2003. Nessa
propriedade, o que colhe é utilizado para consumo da família como forma de
pagamento. Não recebe pela função de caseiro, porém os proprietários pagam
quando ele realiza trabalho de “roçada” (limpeza) ao redor da casa.
UP BS002
Nome dos proprietários: Benedito Celestino (“Nhô Mano”) e Ivone Mota
Celestino
Nome e utilização da UP: A família reside em um lote no Bairro da Serra; são
proprietários do Sítio Paiol Velho, porém no documento do Incra consta com o
nome Sítio Serra dos Mota (distância de 1.300 metros da caixa de água do
128
Bairro da Serra ao sítio). Essa área faz divisa com o sítio Morro Bandeira.
Benedito está adoentado há dois anos, e não se dedicou mais ao cultivo da
roça, porém no quintal do lote e no sítio sua esposa e o filho, cultivam frutas e
verduras para alimentação da família.
Benedito nasceu em 1945, no Bairro da Serra. Trabalhou na mineradora
FURNAS, próxima ao Bairro da Serra, de 1963 a 1965, com as funções de
pesquisar chumbo, lavar e queimar minério no forno de fundição. Em 1970,
mudou-se para Apiaí para trabalhar na fábrica de cimento Camargo Correia.
Nesse município residiu por quatro anos no alojamento da empresa. Sua
função era construir pisos de concreto. O objetivo de trabalhar em outra cidade
foi em busca de acumular recursos financeiros para se casar. Após os quatro
anos de contrato, a empresa fez uma proposta para que continuasse no
emprego, porém, decidiu voltar para se casar e continuar trabalhando com
lavoura.
Em 1974, voltou ao Bairro da Serra, casou-se e nunca mais se mudou.
Nesse mesmo ano, construiu uma casa um pouco abaixo da casa dos pais. Há
aproximadamente seis anos construiu a atual casa em que reside com sua
esposa, no mesmo local onde era a casa de seus pais.
Em 1983, trabalhou na Mineração Vale do Cedro, firma de Curitiba que
veio para o Bairro da Serra em busca de pesquisar chumbo e ouro. Pouco
tempo depois, aproximadamente dois anos, essa empresa foi embargada, mas
ele continuou prestando serviços como caseiro da chácara que pertencia aos
donos da empresa, tendo ficado vinculado a essa empresa até 1988.
Nesse mesmo ano, passou a prestar serviço como caseiro de uma
chácara no bairro, na qual trabalha até hoje. O proprietário reside em São
Paulo. Nesse local, ele cuida da limpeza, faz roçada, porém não assinam sua
carteira de trabalho. Além das prestações de serviço, Benedito sempre cultivou
roças de subsistência, porém devido aos problemas de saúde, não desenvolve
trabalhos pesados e abandonou o cultivo da roça. Seu filho auxilia nos afazeres
do sítio com alguns cultivos de frutíferas e verduras, mas por ser funcionário
em um dos mercados do Bairro da Serra, não tem tempo para manejar uma
roça. Quando o Sr. Benedito se sente melhor, colhe lenha para comercializar
aos vizinhos.
129
Ivone, sua esposa, nasceu em 1956, no Bairro da Serra e nunca se
mudou. Antes de se casar, morava com os pais. O casal teve três filhos,
atualmente casados e que continuam morando no Bairro da Serra. Ivone cuida
de todos os afazeres da casa, faz pintura, artesanato de bolsas, costura e
revende meias, cultiva plantas na horta e flores, cuida do quintal, dos netos e
do marido. Em 2003, foi contratada pela escola da localidade onde atuou como
cozinheira e na limpeza. O contrato durou quatro meses.
A renda da família baseia-se no salário que Benedito recebe como
caseiro, na comercialização dos artesanatos e meias pela esposa e na ajuda
financeira recebida dos filhos.
Benedito comprou a posse do lote em que residem quando tinha 17
anos. O pagamento foi realizado por meio da troca de um porco de 20 kg. Na
época não havia documento da área, mas em 1976 conseguiu registrar o
direito de posse pelo Incra. O sítio é herança dos pais.
UP BS003
Nome dos entrevistados: Augusto de Godoy e Izabel Maciel Godoy
Nome e utilização da UP: Residem em um sítio (não há nome na propriedade),
localizado no final do Bairro da Serra, próximo ao rio das Areias. Nessa área
cultivam roça e horta. Cuidam da chácara do Sr. Duca e em troca ocupam um
espaço para produzir outra roça.
Augusto nasceu em 1937, na área rural de Barra do Turvo, município
vizinho a Iporanga. Desde criança trabalhava na roça ajudando a mãe e
irmãos, pois seu pai faleceu quando ainda tinha doze anos de idade. Em 1955,
após a morte de sua mãe, mudou-se para Apiaí. Ele conta que era muito difícil
a vida sozinho para cuidar da roça e casa, pois os irmãos já haviam
constituídos suas famílias. Nos cinco primeiros anos trabalhou com cultivo de
tomate e o pagamento era recebido a cada mil pés de tomates cultivados.
Em 1957, foi contratado por uma serraria, onde permaneceu por um ano
e sete meses. Em 1962, nos últimos meses em Apiaí, trabalhou prestando
serviços como servente de pedreiro. Em 1965, mudou-se para o Bairro da
Serra para residir na atual UP, onde trabalha cultivando sua própria roça. A
cunhada e o esposo moravam nesse lugar, mas como se mudaram para Santa
130
Catarina, fizeram a proposta para Augusto assumir essa área, então, o
apresentaram ao Sr. José Ramos, na época o proprietário do local.
Izabel nasceu em 1958, na Barra do Turvo. Ficou órfã quando era
criança e, em 1962, o irmão mais velho a levou para morar com ele na
Andorinha, um bairro próximo a Barra do Turvo. Residiu nessa localidade até
1970, ano em que o irmão se mudou para Água Limpa, um bairro de Apiaí. Em
1971, casou-se com Augusto.
O casal tem nove filhos, com eles residem três solteiros, os demais
estão em outros municípios, onde constituíram suas famílias.
Quando mudaram para esse sítio, o contrato de um ano foi de
arrendamento, e pagavam com 25% da lavoura colhida. O contrato não foi
renovado, porém ele continuou fazendo o pagamento com parte da lavoura.
Entretanto, o Sr. José Ramos faleceu e os filhos tentaram tomar a terra deles.
Hoje Augusto está lutando pelo direito de usucapião dessa propriedade, mas
não possui documento de registro de posse. Ele supõe que os parentes do
falecido proprietário não possuem documento dessa área.
Augusto, além de trabalhar na roça, cuida da propriedade do Sr. Duco
que mora em São Paulo. Nesse local, ele fez uma roça e os mantimentos
colhidos são para subsistência da UP. Quando há excedente da colheita,
vendem para os vizinhos. Izabel cuida dos serviços domésticos e da horta.
Um dos filhos trabalha em uma pousada, sem carteira de trabalho
assinada, porém é assalariado e recebe uma cesta básica todo mês, que ajuda
na alimentação da família. Nesse local ele ajuda no trabalho da roça. Os outros
dois filhos são estudantes, ajudam pouco com as atividades desenvolvidas na
UP.
A renda da família baseia-se na venda do excedente da roça e horta e
de ovos. Recebem pelo governo federal bolsa família e aposentadoria por
idade e os filhos que residem fora enviam auxílio financeiro mensalmente.
UP BS004
Nome do entrevistado: Luzia Dias dos Santos
Nome e utilização da UP: A residência da família é em um lote no Bairro da
Serra. Na aquisição dessa área, parte foi herdada e a outra ela comprou do
irmão em 1989. Também é proprietária de dois sítios, Sítio Juvevá, que
131
adquiriu por usucapião. Sobre esse sítio, ela diz: “o governo deu, Franco
Monteiro era o governador de São Paulo da época, foi feito Incra, tem
documento”. Há ainda o Sítio Ribeirão Sem Fim, que foi herança da mãe, do
qual possui documento de direito de posse.
Luzia é bem idosa, viúva e ainda residem com ela dois filhos solteiros.
Ela passou o direito de posse dos dois sítios para esses filhos, porém enquanto
ela estiver viva toma todas as decisões na UP.
Nasceu em 1937 no Bairro da Serra, onde cresceu e trabalhava na roça.
Em 1964 mudou-se para Sorocaba, por falta de recursos. Ela diz: “nessa
época, teve o ataque de praga de rato na Serra, que acabou com tudo, teve
muita pobreza por aqui.”
Mudou para Sorocaba com as melhores expectativas, devido à grande
dificuldade financeira. Ela estava gestante de sete meses do terceiro filho. Logo
que chegou a esse município, começou a trabalhar em uma olaria e fez um
curso de parteira após o período do resguardo.
Em 1969, mudou-se para Salto do Pirapora, pois era um local mais
próximo do Bairro da Serra. Nesse município continuou trabalhando em olaria.
Em 1974, voltou a morar no Bairro da Serra, onde ficou trabalhando na
roça e ainda passou para sua mãe os conhecimentos adquiridos no curso de
parteira. Assim, quando ela não podia fazer parto, a sua mãe o fazia. O retorno
ao Bairro foi devido à sua mãe ter ficado sozinha com o seu padrasto. Ela
continuou residindo com eles até o fim da vida deles.
Em 2001, mudou-se para Ponte Alta, localidade do município Barra do
Chapéu, onde trabalhava com horta. Sua mudança foi por não aguentar mais
os barulhos e as festas dos turistas. Luzia diz: “os turistas faziam muito
foguete”. Como estava com problemas cardíacos, a solução foi procurar um
local mais calmo para residir.
Em 2007, retornou ao Bairro da Serra, pois um de seus filhos, que
cuidava da UP, suicidou-se, e o outro filho entrou em depressão após a morte
do irmão. Voltou às pressas para auxiliar o filho a cuidar dos sítios. Ela diz que
foi bom voltar, pois a localidade está mais calma em relação aos barulhos dos
turistas. Atualmente cuida dos afazeres domésticos junto com uma filha
solteira, mas diz que já trabalhou muito com roça, fazia esteira de taboa para
132
comercializar, atuou muitos anos como parteira (o último parto foi há sete
anos), e gostava muito de desenhar (como hobby).
Jedeão, um dos filhos que mora com ela, nasceu em 1975 no Bairro da
Serra. Mudou-se para Ponte Alta por um tempo, mas retornou para ajudar o
irmão. Foi ele que caiu em depressão logo após o incidente com o irmão.
Tatiana, a filha caçula, nasceu em 1979 em Apiaí, e acompanha a mãe.
UP BS005
Nome do entrevistado: Alcina Rosa de Moura
Nome e utilização da UP: Reside no Sítio Novo, localizado a cinco quilômetros
da região central do Bairro da Serra. O acesso é por uma estrada de chão, em
que não transita carro e fica ao lado da Pousada Idati.
Alcina nasceu em 1953 em Bombas (bairro de quilombolas ligado a
Iporanga). Em 1971, casou-se e foi morar no Sítio Novo. Sempre trabalhou
com roça, ajudava o esposo. Ao se casar, já sabia que a vida seria difícil e teria
que continuar a trabalhar na roça. Após o falecimento de seu esposo, assumiu
todas as atividades da UP.
Residem com ela um filho, a nora, um sobrinho e um neto. Com exceção
do neto, que é muito pequeno, os demais membros da UP a ajudam em todas
as atividades da UP. A área, o esposo herdou dos pais.
O filho Wilson nasceu em 1980 na UP. Em 2006, foi morar em Curitiba
para trabalhar com plantio de Pinus. Alguns colegas é que o indicaram, porém
ele foi demitido em 2008, e voltou para morar com a mãe na UP.
A nora Edileia nasceu em 1992, na Praia Grande, bairro ligado a
Iporanga, na margem do rio Ribeira. Em dezembro de 2007, casou-se e foi
morar em Curitiba, em maio de 2008, veio morar na UP.
O sobrinho Oneli nasceu em 1980 no município de Iporanga e já morou
em vários lugares: Apiaí, Eldorado, Itapeúna, Cajati, Bairro da Serra. Desde
2005, reside na UP com a tia.
O neto Willians nasceu em 2008, no município de Pariquera-Açu, foi
para Curitiba com os pais e em maio de 2008 para UP.
UP BS006
Nome dos entrevistados: José de Moura e Zilda de Moura
133
Nome e utilização da UP: A família reside no Sítio Novo. José Moura é irmão
do falecido esposo de Alcina (UP BS005). Nesse local existem três UPs. Além
do Sr. José Moura, há ainda a família de seu filho e sua cunhada. O filho do
José optou por não ser entrevistado.
José Moura nasceu em 1942 no Sítio Novo e nunca se mudou. Apenas
quando era jovem foi trabalhar por um período de seis meses em Apiaí, em
uma construtora, por não se adaptar, logo retornou.
Zilda nasceu em 1951 na Cutia Grande, próximo a Bombas, bairros
ligados a Iporanga. Residiu nessa localidade até 1968, ano em que se casou e
foi morar na UP. Quando se casou pensava que não iria trabalhar com roça,
mas ela diz que se enganou, pois o esposo trabalhava fora, na Mineradora
FURNAS para exploração de minérios. Dessa forma, ela assumiu os manejos
da roça, além de cuidar da casa e dos filhos.
José Moura trabalhou quase quinze anos com a carteira assinada. Hoje
recebe benefício do idoso pelo governo federal e trabalha na própria roça. Zilda
entrou com pedido de aposentadoria, que está para ser aprovado, trabalha em
casa e ajuda na roça e na horta. Além do beneficio, recebem a bolsa família e
os filhos que moram fora ajudam mensalmente com recursos.
Residem com eles um filho solteiro, que é estudante e pouco ajuda nas
atividades da UP. Outro filho se casou em 2001 e construiu uma casa próxima
à deles, onde reside com a esposa e uma filha. Porém, eles têm as atividades
separadas, cada um tem seus cultivos e criações, formando assim UPs
distintas.
Eles têm cinco filhos que moram em outros municípios, que foram em
busca de emprego e onde constituíram suas famílias. Um dos filhos reside na
região central do Bairro da Serra, é solteiro e mora na pousada em que
trabalha.
Esse sítio foi adquirido por herança dos pais de José Moura. Os pais
herdaram dos avôs dele. Ele diz que naquele lugar já viveram índios, por
encontrar algumas vezes panelas de barro enterradas. Ele acha que é devido à
existência de uma caverna no local, que deveria servir de abrigo para esses
indígenas. Essa caverna foi explorada alguns anos pelo turismo, porém desde
o final de 2007 o Ibama embargou a visitação de turistas.
134
UP BS007
Nome dos entrevistados: Pedro Rodrigues Mota e Lindalva de Andrade Mota
Nome e utilização da UP: Residem em um lote no Bairro da Serra e o Sr. Pedro
divide a posse de um sítio com dois irmãos, o Sítio Coutinho.
Pedro nasceu em 1957 no Bairro da Serra. Em 1976, mudou-se para
Salto-SP, para trabalhar com material para forro na fábrica da EUCATEX,
permanecendo até 1981. Em 1982, voltou para o Bairro da Serra, pois seu pai
ficou doente e veio a falecer. Dessa forma, precisou ajudar a mãe e nunca mais
se mudou.
Lindalva nasceu em 1965 no Bairro da Serra, saiu da casa dos pais em
1986 porque se casou. A filha Camila nasceu em 1991 e o filho Maurício
nasceu em 1996, os dois em Apiaí, e nunca se mudaram.
O pai de Pedro comprou o sítio em 1973, e não deixou a área dividida
para os filhos, ele e mais quatro irmãos. Pedro, um irmão e um tio cultivam no
Sítio. Porém trabalha como contratado da prefeitura de Iporanga e tem pouco
tempo para cuidar dos cultivos no sítio. A renda da família baseia-se no salário
mínimo de Pedro, no de Lindalva, que trabalha como babá, e da filha, que
recebe uma bolsa por participar do projeto ação jovem.
UP BS008
Nome dos entrevistados: Adir Rodrigues e Pedrina de França Rodrigues.
Nome e utilização da UP: A residência da família é no Sítio Passagem do Meio,
localizado a sete quilômetros de Iporanga. Adir é caseiro desse sítio, que
pertence a um advogado que reside em São Paulo. Adir é proprietário de um
lote na região central do Bairro da Serra, que está alugado ao vereador
Vandinho. Também recebeu de herança dos pais o Sítio Casa Velha,
localizado a 15 quilômetros de Iporanga e nove quilômetros do Sítio Passagem
do Meio. Esse sítio, onde ninguém reside, é dividido com mais oito irmãos e é
onde ele cultiva a roça. O cunhado cria algumas cabeças de gado nesse local.
Adir nasceu em 1963, na mesma região onde está localizada a atual
residência. Em 1968, mudou-se com os pais para a região central do Bairro da
Serra, onde residiu até 1976, quando se mudou para o município de Itararé.
Neste local foi trabalhar em um depósito de alimentos a convite de alguns
amigos que já estavam trabalhando na empresa que o contratou, porém não se
135
adaptou à região. Em férias no Bairro da Serra, seu irmão, que trabalhava na
empresa de ônibus, convidou-o a trabalhar como cobrador. Assim, em 1982,
retornou ao Bairro da Serra, tornando-se o cobrador da linha de ônibus de
Apiaí a Barra do Turvo. Porém, em 1994, a empresa veio à falência e ele ficou
desempregado. Mudou-se para o Betary e foi trabalhar como caseiro no sítio
do advogado João Gama. Nesse mesmo ano, casou-se. Em 1999, esse
advogado lhe fez uma proposta para cuidar do atual sítio.
Pedrina nasceu em 1959, no município de Iporanga. Em 1980, mudou-
se para uma fazenda localizada a cinco quilômetros dessa mesma cidade, para
trabalhar de doméstica. Ficou até 1984, quando se mudou para a cidade de
Capão Bonito-SP, para residir junto a sua irmã. Também trabalhou como
doméstica nesse município, mas sua patroa se mudou para Sorocaba, e ela
retornou a Iporanga. Em 1986, foi trabalhar na mesma fazenda em que havia
trabalhado em 1980, ficando até 1994, ano em que se casou.
Tiveram dois filhos, solteiros, que residem com eles, são estudantes, e
pouco ajudam nos serviços da UP. Adir trabalha todos os dias na roça, muitas
vezes até em finais de semana e feriados, esporadicamente realiza prestações
de serviços para prefeitura, como roçar a vegetação que fica na beira da
estrada. Pedrina cuida dos afazeres domésticos, da alimentação da família e
faz artesanato para ser comercializado. Além do salário que recebe como
caseiro e do aluguel do lote, recebem bolsa família do governo federal.
UP BS009
Nome dos entrevistados: Juraci Fernandes de Andrade e Olinda Ursulino de
Andrade.
Nome e utilização da UP: Residem em um lote no Bairro da Serra e o cultivo da
roça é realizado no Sítio Tio Grande, que fica a menos de um quilômetro do
lote. As duas áreas são registradas no nome do casal, a distância é pequena,
porém não estão localizados no mesmo espaço geográfico. Para chegar ao
sítio, passa-se por outras residências que não fazem parte do contexto da UP.
Juraci nasceu em 1938, no mesmo local em que reside. Sempre
trabalhou como agricultor e na época da mineradora FURNAS trabalhou como
pesquisador de minerais. Após o embargo dessa empresa, trabalhou muitos
anos na prefeitura de Iporanga como ajudante geral. Possuía atividades
136
diversificadas. Muitas vezes os serviços que desenvolvia eram no próprio
bairro, e quando era em Iporanga, deslocava-se diariamente para esse
município.
Olinda nasceu em 1942, no bairro Bombas, ligado a Iporanga. No ano de
1956, mudou-se para São Paulo para trabalhar como doméstica em uma casa
de família, onde residiu até 1960. Quando a família para qual trabalhava se
mudou para Itapetininga, ela os acompanhou. Em 1961, a família mudou-se
para Itapeva e ela continuou acompanhando. Em 1963, mudou-se para o Bairro
da Serra para morar com a sua mãe, pois já estava com casamento marcado e,
no ano seguinte, casou-se com o Sr. Juracy.
Moram com eles quatro filhos e uma nora. A renda da família baseia-se
na aposentadoria que Juracy recebe da prefeitura de Iporanga, das diárias que
dois dos filhos recebem como monitores ambientais, das vendas do palmito,
frango, ovos, excedentes da colheita na roça e da produção de mel feita pela
nora. Apenas um filho ajuda no manejo da roça. Um dos filhos, que é monitor,
está fazendo faculdade em educação física no município de Registro. Mais
cinco filhos residem em outros municípios e uma filha no Bairro da Serra, com
suas respectivas famílias. Apesar de aposentado, Juracy trabalha todos os dias
na roça e Olina cuida dos afazeres domésticos.
O sítio foi adquirido por herança dos pais do Sr. Juracy. Ele não tem
escritura, mas tem um documento de esclarecimento da posse feito pelo Incra.
UP BS0010
Nome do entrevistado: Jair Fernandes de Andrade
Nome e utilização da UP: A UP de Jair, herança dos pais da esposa, consiste
em um lote no Bairro da Serra, onde reside com a atual esposa e o enteado, de
outro lote no mesmo bairro, onde residem a ex-esposa e dois filhos solteiros e
do Sítio Lagoa Grande. Nesse sítio, ele cultiva algumas espécies frutíferas e
hortícolas, atividade desenvolvida nos intervalos de tempo do serviço, pois é
funcionário de um dos mercados do Bairro da Serra.
Jair nasceu em 1956 no Bairro da Serra. Em 1974 se mudou para São
Paulo para trabalhar como eletricista. Quando foi para São Paulo, já estava
empregado, pela mesma empresa na qual trabalhava no Bairro da Serra.
Nessa época, tinha perspectiva de se fixar nessa cidade, com o nível do
137
trabalho subindo de braçal para eletricista. Em 1980, voltou para o Bairro da
Serra, pois passou por um desentendimento com um dos encarregados da
empresa, assim solicitou sua demissão. Em 1983, mudou-se novamente para
São Paulo para trabalhar em uma transportadora, com contrato por um ano.
Em 1984, retornou ao Bairro da Serra, arrumou emprego, trabalhando com
eletricidade. A empresa na qual estava trabalhando lhe fez a proposta para
trabalhar novamente em São Paulo, porém nessa época ele sofreu um
acidente e optou por não se mudar. Desde então não saiu mais do Bairro da
Serra, e atualmente trabalha em um dos mercados do local.
Zenilda, sua atual esposa, nasceu em 1969 no Bairro da Serra. Em 1977
se mudou para Pimenteira, uma fazenda perto do Bairro da Serra, onde os pais
dela foram trabalhar. Em 1979, voltaram ao Bairro da Serra. Em 1980, ela se
mudou para São Paulo, para trabalhar como babá. Em 1985, retornou para o
Bairro da Serra para casar. Em 1991, o marido da época foi morar em Apiaí e
ela o acompanhou. Em 1995, voltou para o Bairro da Serra e em 1998 foi
novamente para Apiaí, já separada e com os filhos pequenos. Foi trabalhar
com cultivo de tomate, permaneceu apenas alguns meses, retornando no
mesmo ano para o Bairro da Serra, em seguida se casou com Jair.
Aramis, seu enteado, nasceu em 1995 em Apiaí, e sempre acompanhou
a mãe. Seus filhos, Janilson, nascido em 1982, e Jailson em 1997, em Apiaí,
sempre moraram no Bairro da Serra com a mãe.
O lote onde residem os filhos e o sítio foi adquirido por meio de herança
de seu pai. A renda da família baseia-se nos salários que o casal recebe por
trabalhar no mercado.
UP BS0011
Nome dos entrevistados: Josué Rodrigues Bastos e Vani Ribas Santos Bastos.
Nome e utilização da UP: Residem no Sítio Berta Fundo, localizado a 15
quilômetros do município de Iporanga e três da região central do Bairro da
Serra. O acesso ao local é pela Pousada Idati. Josué e mais 12 irmãos
possuem uma propriedade no Bairro da Serra, porém está abandonada.
Tentaram investir na construção de uma pousada, mas por falta de recurso
financeiro abandonaram o investimento.
Josué nasceu em 1954, no Bairro da Serra. Em 1958, foi morar com os
138
pais em Iporanga, onde ficou até 1968, quando os pais se mudaram para Apiaí,
para trabalhar em uma olaria. Em 1971, voltaram para o Bairro da Serra e em
1980 se casou e veio morar na atual UP.
Vani nasceu em 1957, em Adrianópolis-PR. Em 1962, os pais dela se
mudaram para o Bairro da Serra e ela os acompanhou. Aí ficaram até 1967,
quando se mudaram para Itapeva-SP e ela continuou acompanhando-os. Em
1975, mudou-se para Sorocaba para trabalhar como doméstica, mas quando
os patrões se mudaram de cidade, em 1979, ela retornou ao Bairro da Serra, e
se casou em 1980 indo residir na UP.
Quando se mudaram para a atual residência, ela pertencia ao Sr. Alfredo
Ivo Fushida, já falecido, e hoje pertence aos filhos dele, como herança. Na
época, esse senhor não tinha tempo para cuidar da propriedade, e convidou
Josué para lá morar, quando fizeram contrato de comodatário. Nesse contrato,
os donos não cobram aluguel e nem Josué recebe por residir na área, estando
tudo está esclarecido na carta de comodato.
Moram com o casal dois filhos solteiros que ainda estão em fase escolar,
porém ajudam nos afazeres da UP em horários que não atrapalham os
estudos.
Josué já trabalhou como segurança e monitor ambiental, mas hoje atua
apenas como agricultor, cultivando sua roça. Sua esposa trabalha na escola do
Bairro da Serra como cozinheira e auxiliar de serviços, além de cuidar dos
serviços domésticos da UP. Eles têm mais cinco filhas morando em outros
locais em busca de emprego e duas delas já constituíram suas famílias.
A renda da família baseia-se no salário que Vani recebe na escola, no
recurso recebido pelo governo federal do programa ação jovem e renda família,
na venda do excedente das produções na roça e na horta e na venda de ovos
e frango.
4.1.2 Escolaridade
Dezenove pessoas de 11 UPs participaram das entrevistas e a maioria
foi realizada com o casal. Dessas pessoas entrevistadas, 12 tinham idade entre
41 e 60 anos e sete com idade acima de 60 anos. Porém, foram obtidas
informações da idade dos demais membros da família. A maioria (46,6%)
139
encontra-se entre 19 a 40 anos, 23,3% entre 41 e 60 anos, 19,2% têm idade
inferior a 18 anos e 11% mais de 60 anos.
A partir das informações obtidas na coleta de dados com moradores do
Bairro da Serra, e de dados coletados pelos pesquisadores da Unesp Campus
Botucatu, foi feita a análise descritiva do nível de escolaridade da comunidade.
De 73 pessoas que atualmente residem no local, 15 são estudantes e, desses,
um está fazendo curso superior. São 5,6% de analfabetos, 33,3% que
cursaram entre a 1ª e 4ª série do ensino fundamental, 30,6% entre a 5ª e 8ª
série do ensino fundamental, 18% com ensino médio incompleto e 12,5% com
ensino médio completo.
Na composição familiar, grande parte cursou apenas o ensino
fundamental, nem chegando a terminar, e atualmente, os filhos mais jovens
estão buscando cursar o ensino médio, por haver mais incentivo e
preocupação com os estudos que antigamente.
Os informantes dizem que antigamente não existiam incentivos e o ato
de frequentar escola era muitas vezes difícil pela distância e também os pais
geralmente precisavam das crianças como mão de obra nos afazeres da UP.
Assim, muitos abandonavam os estudos ou nem chegavam a conhecer uma
sala de aula.
Entretanto, atualmente, há facilidades e maiores incentivos para as
crianças e jovens do local continuar seus estudos. Por exemplo, os programas
de auxílio do governo federal como: 1) O Bolsa Família, que é um programa de
transferência direta de renda, que beneficia famílias em situação de pobreza e
de extrema pobreza. O valor do benefício recebido pela família pode variar
entre R$ 22,00 a R$ 200,00 por mês. 2) O programa Ação Jovem, que tem por
objetivo promover a inclusão social de jovens, mediante a transferência de
renda, com apoio financeiro temporário para estimular a conclusão da
escolaridade básica. O valor do benefício por pessoa é de R$ 80,00 por mês.
3) O programa Renda Cidadã, que tem por objetivo promover ações
complementares e conceder apoio financeiro temporário direto à família,
visando à autossustentação e à melhoria na qualidade de vida da família
beneficiária do programa. O valor do benefício por pessoa é de R$ 80,00 por
mês (MDS, 2010).
140
Existe ainda no local uma escola que funciona da pré-escola à 8ª série
do ensino fundamental, tanto no período matutino quanto no vespertino. Para
cursar o ensino médio, os alunos deslocam-se para Iporanga, nos turnos
matutino e noturno. A prefeitura de Iporanga disponibiliza um ônibus que
transporta os alunos no Bairro da Serra e redondezas. Alguns moradores
cursaram ou cursam universidade em Registro. Todos os dias há um ônibus
que sai de Iporanga para Registro. E tanto a faculdade como o ônibus são
privados.
A escola do Bairro da Serra está em bom estado de conservação e os
professores têm se esforçado para melhorar a educação no local. Porém,
referiram-se a dificuldades devido à presença de muitas crianças com
necessidade especiais: deficientes mentais, autistas e hiperativos. Alguns
desses professores estão se especializando em cursos de finais de semana,
para melhorar a educação dos alunos especiais.
Foi possível perceber que todo incentivo dado ao estudo vem
ocasionando o afastamento dos jovens das atividades relacionadas à roça de
subsistência. Os interesses dos mais jovens é a busca de emprego assalariado
no Bairro da Serra ou em outras localidades, não havendo busca por uma
atividade que traga autonomia, passando a profissionais empregados.
Terminar o ensino médio é considerado importante pelos pais e filhos
que residem nesse local, como forma de conseguir um serviço que consideram
melhor do que atuar na roça, porém essa não era uma preocupação de
antigamente. Sendo assim, a escolaridade passou a ser uma imposição no
local pelas transformações sofridas por este próprio local, devido à introdução
do parque e novos conhecimento que surgiram no local pela chegada de
forasteiros e turistas.
O maior afastamento da população do ambiente escolar pode ser
associado à necessidade de trabalho na roça da família ou em outros tipos de
trabalho braçal (DINIZ et al., 2006). Isso se refletiu na antiga organização
comunitária local.
Os entrevistados alegaram que os que levou a desenvolver a atividade
na roça foram os conhecimentos que obtiveram com seus pais, sendo essa a
oportunidade que tiveram. Porém, todos os entrevistados que praticam a roça
141
demonstraram o desejo de continuar com sua atividade tradicional, apesar dos
diversos fatores de influência externa, pois possuem autonomia no que fazem.
Os agricultores que possuem empregos externos à UP, o fazem porque não há
alternativa, pois dizem que há necessidade em garantir a renda para o sustento
da família.
Os entrevistados que afirmam querer continuar no local praticando as
mesmas atividades justificam a opinião apontando a falta de estudos e de
qualificação da mão de obra, fatores que para eles impossibilitariam o êxito em
qualquer área urbana.
Apesar dos problemas e dificuldades enfrentados pelos moradores, vários
deles têm consciência de que a vida na cidade grande apresenta situações
adversas das comumente enfrentadas no campo, como, por exemplo, a
violência, o grande número de taxas e impostos, a impossibilidade de cultivo e
outros. Sendo assim, há uma visível consciência de suas oportunidades em um
local fora do seu berço de origem, principalmente devido à falta de
escolaridade. A imagem violenta das grandes cidades também é um fator que
influencia a resposta dos entrevistados. É importante lembrar que, apesar
desse cenário, existe o fenômeno do êxodo rural no que diz respeito aos jovens
desse local, que se aventuram em busca de empregos em outras localidades.
As transformações sofridas no local pela implantação do Petar e
legislação ambiental é que trouxeram mudanças na forma de relacionar a
escolaridade com oportunidade de trabalho e melhoria nas condições de vida,
levando o afastamento dos jovens das atividades relacionadas à roça.
4.1.3 Atividades comunitárias
Existem três tipos de igrejas no local: uma católica e duas evangélicas. A
que mantém mais adeptos é a Congregação Cristã da vertente Pentecostal. É
uma igreja do movimento de renovação carismática de dentro do cristianismo,
que coloca ênfase especial em uma experiência direta e pessoal de Deus
através do Batismo no Espírito Santo. As outras são a Batista, vertente
Neopentecostal, caracterizada pela rejeição ao batismo infantil, optando em
seu lugar pelo batismo de fé, e a Católica.
Há uma relação muito forte entre grupos devido à igreja que frequentam,
porém há bom convívio entre pessoas que frequentam igrejas distintas. Em
142
todas elas é possível observar uma fé fervorosa, e em momentos de
dificuldades são orientadas pelo pastor (batista), cooperador (cristã) ou padre
(católica), em busca de oração para superar os momentos difíceis. Das onze
UPs entrevistadas, seis participam da Igreja Congregação Cristã, três da
Católica e duas da Batista.
No Bairro da Serra, há uma associação (ASA - Associação Serrana
Ambientalista), onde são discutidas e desenvolvidas atividades relacionadas
com a preservação do meio ambiente, entre elas, as influências do turismo e
do Petar na região. Das pessoas entrevistadas, duas participam dessas
reuniões.
Ainda no Bairro da Serra existe um centro comunitário, onde diversas
atividades são desenvolvidas, como festas, reuniões, sempre enfocando os
interesses do local. Das UPs que participaram da pesquisa, quatro estão
inseridas nessas atividades e reuniões.
4.1.4 Comunicação e locomoção
O Bairro da Serra possui sistema de telefonia pública e muitos
moradores têm telefone fixo em suas residências. Porém o sinal para telefonia
móvel somente existe em Iporanga. Há dois pequenos estabelecimentos
comerciais que servem para venda de utensílios e alimentos aos moradores da
região e turistas. Grande parte das pousadas da região do Vale do Ribeira está
localizada no Bairro da Serra, desde as de estrutura mais simples até algumas
um pouco mais sofisticadas.
A locomoção dos moradores aos principais municípios é por meio de
ônibus. A passagem é de R$ 2,60 para Apiaí e R$ 1,95 para Iporanga. O
ônibus escolar que diariamente leva os alunos a Iporanga, muitas vezes
fornece carona aos moradores. Aos domingos e feriados não há ônibus no
local.
4.1.5 Saúde
Há um posto de saúde com enfermeiras que atendem quase todos os
dias e uma a duas vezes por semana um médico de Iporanga atende a
população. Qualquer que seja o problema de saúde é necessário primeiro
passar no posto de saúde e, em situações mais graves, a equipe encaminha
143
para local onde exista melhor assistência médico-hospitalar, como Pariquera-
Açu, Eldorado, Registro, Sorocaba e algumas vezes até São Paulo e Curitiba.
Tratamento odontológico é feito em Iporanga, porém como demora muito
o atendimento, com muita gente para atender, tem que marcar e esperar até
meses para ser atendido. Em caso de emergência, é necessário ir a Apiaí e
procurar um consultório odontológico particular.
No Bairro da Serra e em Iporanga, não existia farmácia, porém no mês
de março do ano de 2009 foi inaugurada a primeira na cidade. Quando o posto
de saúde tem remédio disponível, fornece aos moradores do local, caso não
tenha, a pessoa tem que comprar.
Nos diálogos com os agricultores, foi possível observar que é costume,
em qualquer momento de doença, procurar diretamente o posto de saúde. Não
existe mais o costume de procurar benzedeiras na região, mas citam que ainda
existe uma na região do Betari, porém poucas pessoas a procuram. Como a
grande maioria frequenta a Igreja Congregação Cristã e Batista, esse costume
vem se perdendo.
A utilização de plantas medicinais presentes na região é para fazer chá,
compressas, porém não existe uma pessoa específica que ensine o uso.
Entretanto, praticamente todos os antigos conhecem essas plantas e sua
utilização.
4.1.6 Práticas de ajuda mútua
Antigamente no local era comum a realização de práticas de ajuda
mútua, como trocas de dia no serviço ou mutirão no manejo da roça.
Atualmente poucos mantêm essa tradição. Das UPs entrevistadas, apenas
duas afirmaram ainda realizar troca de dia e, pelo que foi observado, isso
ocorre entre esses mesmos agricultores. A maioria diz que não existe mais
porque antigamente havia mais união: um ajudava o outro, para roçar, carpir,
plantar e colher. Ainda ressaltam que um dos motivos de hoje não ocorrer mais
esse tipo de atividade foi a introdução do Petar na região, o que levou ao
embargo das roças que praticavam antigamente. Algumas vezes acontecem
mutirões para construção de casas.
144
4.1.7 Disponibilidade de mão de obra na UP
Verificou-se, pelos dados de disponibilidade de mão de obra por UP
(Tabelas 3, 4 e 5), que não é utilizado o total do potencial máximo de força de
trabalho familiar nas 11 UPs pesquisadas. Parte das pessoas que compõem
essas UPs trabalham ou possuem outras atividades externas, o que reduz a
disponibilidade de mão de obra. Outra razão é que crianças e jovens em idade
escolar pouco ou nada ajudam nas atividades desenvolvidas na UP. O total de
potencial máximo de mão de obra masculina para as 11 UPs entrevistadas é
de 40.532 (horas/ano) e feminina é de 37.580 (horas/ano).
Foi possível observar que as relações de ajuda mútua como mutirão e
troca de serviço é pouco realizada no local, como já explanado anteriormente.
Das 11 UPs estudadas, apenas quatro ainda mantêm esse tipo de atividade,
mas em pequena escala, tanto no número de pessoas quanto em horas/ano.
Pode-se dizer que existe pouca disponibilidade de mão de obra para
atividades relacionadas com agricultura. Peroni (2004) relatou a tendência de
diminuição de mão de obra para agricultura de subsistência na região do Vale
do Ribeira. Esse autor ressaltou que esse fato está ligado a diversas causas,
mas principalmente pelas transformações históricas por que a região passou
que ocasionaram restrições da estrutura fundiária, o condicionamento das
exigências da legislação ambiental, os fatores migratórios para áreas urbanas,
a mudança de atividades econômicas, entre outras. Conclusões semelhantes
foram apresentadas por Adams (2000) sobre o manejo de roças de
comunidades caiçaras entre a década de 50 e 90.
Barbosa (2007), também no Bairro da Serra, obteve relatos a partir da
história de vida dos agricultores que indicaram que, nas duas últimas décadas,
a agricultura desse local declinou consideravelmente. Ocorreu grande
diminuição das áreas plantadas e do número de pessoas envolvidas nessa
atividade, e as pessoas entrevistadas por esse autor apontaram como
influências para essa tendência a implantação do Petar, o relevo, o difícil
acesso às roças, a falta de acesso a recursos financeiros e insumos e também
a falta de assistência técnica.
145
TABELA 3. Potencial máximo de força de trabalho familiar por UP (horas/ano),
dados de 2008.
Código da UP Família Agregados Total
Masculino Feminino Masculino
BS001 7.884 3.066 0 10.950 BS002 7.008 3.066 0 10.074 BS003 10.512 6.570 0 17.082 BS004 4.380 6.570 0 10.950
BS005 4.380 6.570 4.380 15.330 BS006 7.884 3.066 0 10.950 BS007 5.694 7.008 0 12.702 BS008 12.264 3.504 0 15.768 BS009 21.024 6.570 0 27.594 BS010 14.016 3.504 0 17.520 BS011 10.074 3.066 0 13.140
TOTAL 105.120 52.560 4380 162.060
TABELA 4. Força de trabalho familiar por UP (horas/ano), dados de 2008.
Código da UP Família Agregados Total
Masculino Feminino Masculino
BS001 4.526 2.555 0 7.081 BS002 1.460 2.555 0 4.015 BS003 4.088 3.431 0 7.519 BS004 2.920 3.942 0 6.862 BS005 2.920 3.942 2.920 14.052 BS006 3.066 3.832 0 6.898
BS007 584 4.672 0 5.256 BS008 4.234 4.380 0 8.614 BS009 5.256 6.497 0 11.753 BS010 3.869 584 0 4.453 BS011 4.161 1.022 0 5.183
TOTAL 37.084 37.412 2.920 81.686
146
TABELA 5. Força de trabalho atual por UP (horas/ano), dados de 2008.
Código da UP Família Agregados Troca de serviço Compra de serviço Total
Masculino Feminino Masculino Masculino Feminino Masculino Feminino
BS001 4.526 2.555 0 0 0 0 0 7.081 BS002 1.460 2.555 0 0 0 0 0 4.015 BS003 4.088 3.431 0 112 0 48 0 7.679 BS004 2.920 3.942 0 0 0 24 0 6.886
BS005 2.920 3.942 2.920 64 32 0 0 14.148 BS006 3.066 3.832 0 72 32 0 0 7.002 BS007 584 4.672 0 0 0 0 0 5.256 BS008 4.234 4.380 0 72 0 40 0 8.726 BS009 5.256 6.497 0 0 0 80 0 11.833 BS010 3.869 584 0 0 0 16 104 4.573 BS011 4.161 1.022 0 0 0 0 0 5.183
TOTAL 37.084 37.412 2.920 320 64 208 104 82.382
147
Dois entrevistados atuam como caseiros de outras propriedades, porém
não recebem pagamento formal pelo trabalho. Por meio de um acordo verbal,
utilizam a terra para cultivar suas roças. Via de regra, é o tamanho pequeno da
terra que leva o camponês a trabalhar noutra unidade produtiva.
Dos 11 agricultores entrevistados, sete dedicam a maior parte de seu
tempo às atividades da roça. A agricultora da UP BS004 auxilia o filho nas
decisões a serem tomadas para o cultivo da roça, os agricultores restantes
trabalham como assalariados fora da UP. Apenas a BS005 possui um
agregado. Verificou-se que seis UPs garantem o cultivo apenas com a
utilização da força de trabalho familiar. As outras cinco contratam
esporadicamente serviços de terceiro durante o ano em algumas das etapas do
processo produtivo, como a limpa, o plantio e a colheita, como ajuda
complementar à mão de obra familiar. Desta maneira, a família é o núcleo
fundamental da produção camponesa, verificando-se a cooperação de seus
membros nas tarefas agrícolas.
É importante analisar a utilização do trabalho assalariado pelo produtor
familiar a partir da condição social entre as partes envolvidas, como lembra
Tavares dos Santos:
“Da parte do camponês que utiliza trabalho assalariado, a finalidade de sua produção é vender um produto para comprar outros que satisfaçam as necessidades de sua família. Em consequência, a soma de dinheiro que obtém com a venda de seu produto não se capitaliza, pois o produto excedente não é consumido produtivamente, mas se destina ao consumo individual da família camponesa. Resulta desse processo que a unidade produtiva camponesa não se constitui o capital que depende da mais-valia gerada pela força de trabalho assalariada para se reproduzir em escala ampliada. Em outros termos, não se verifica o desenvolvimento do capital enquanto relação social entre as pessoas envolvidas no processo de trabalho camponês. Ao contrário, a forma salário ocorre no interior da produção camponesa em função do ciclo de existência da família” (SANTOS, 1984, p. 43).
Sendo assim, pode-se afirmar que o emprego de mão de obra
assalariada encontrado entre os agricultores camponeses do Bairro da Serra
não se enquadra na lógica da agricultura capitalista, quando contratam uma
pessoa para realizar serviço na UP. Cabe salientar que não existe uma relação
148
de oposição entre empregado e empregador, uma vez que “o camponês não
desenvolve uma relação de oposição ao trabalhador na medida em que este
outro, na realidade, é ele mesmo” (SANTOS, 1984). Ou seja, não se trata de
relações opostas, porque no momento em que todos os sujeitos - o produtor-
patrão, os demais membros da família e o trabalhador contratado - estão
juntos desenvolvendo as mesmas tarefas agrícolas na UP, eles participam de
um processo produtivo que não tem o lucro como objetivo principal, mas sim a
garantia da subsistência familiar, seja a do camponês-patrão, seja a do
camponês-contratado. O agricultor contrata por diária, cujo valor varia segundo
o tipo de atividade. Em 2008, a diária variava de R$15,00 a R$ 25,00. As
contratações baseiam-se em acordos verbais não sendo comum o trabalho
com carteira assinada. Elas se dão na época de abertura e/ou limpeza da área
para o plantio, na época de semeadura e colheita.
São poucos os trabalhadores temporários contratados por UP, dois a
três em média segundo os entrevistados, sobretudo em razão da pequena
dimensão da área cultivada, o que dá condições quase que suficientes para
manter somente o trabalho familiar.
Observou-se ainda no interior das UPs estudadas, a combinação do
trabalho na terra com outras atividades não agrícolas, ou seja, a presença do
que Schneider (2003) denominou de pluriatividade. Este conceito vem sendo
utilizado por diversos autores para descrever o processo de diversificação que
ocorre dentro e fora da propriedade e para apontar a emergência de um
conjunto de novas atividades não agrícolas que estão ocupando um lugar no
espaço rural. Para o mesmo autor, a pluriatividade é definida como:
“Um fenômeno através do qual membros das famílias que habitam no meio rural optam pelo exercício de diferentes atividades, ou, mais rigorosamente, pelo exercício de atividades não-agrícolas, mantendo a moradia no campo e uma ligação, inclusive produtiva com a agricultura e a vida no espaço rural” (SCHNEIDER, 2003, p. 112).
Nos estudos de Kautsky (1986) e Chayanov (1981), já apareceram
referências ao trabalho rural acessório e a outras atividades não-agrícolas,
entendidas por eles como formas complementares de obtenção de renda e de
inserção econômica de pequenos proprietários. Foi justamente nesse contexto
que Schneider (2003) situou suas análises sobre a pluriatividade e ainda
149
afirmou que o trabalho acessório e as atividades não-agrícolas
complementares foram as formas pioneiras da pluriatividade na agricultura. As
ocupações acessórias que, segundo Kautsky (1986), podem existir
simultaneamente ao alcance dos camponeses, são: o trabalho assalariado
temporário, a ocupação em indústria a domicílio e sua ocupação em indústrias
no campo como na abertura de canais, de estradas de ferro, de telégrafos e
outros.
Chayanov (1981) afirmou que, mesmo sendo desenvolvidas fora da
propriedade camponesa, as atividades não-agrícolas não comprometem o
caráter indivisível dos rendimentos familiares, porque se trata de um sistema
único de equilíbrio básico, havendo uma interdependência entre os ganhos
totais da família. A procura pelas atividades não-agrícolas é uma estratégia que
a família camponesa encontra para manter o equilíbrio entre trabalho e
consumo a fim de garantir a sua reprodução.
A pluriatividade foi identificada mais fortemente em quatro UPs, onde se
praticam a agricultura e outras atividades, tanto dentro como fora da
propriedade, pelas quais se recebe diferentes tipos de remuneração. Em três
dessas, os agricultores têm como ocupação principal o trabalho agrícola e
como ocupação secundária a atividade de caseiro, que complementa a renda
monetária da família. Três UPs trabalham como assalariados, e as atividades
da roça tornaram-se secundárias no que tange à subsistência da família.
Outros três agricultores desempenham ocupações secundárias como
produção de artefatos de artesanato, sendo cestos o principal. Em duas das
quatro UPs pluriativas, o chefe da família continuava a trabalhar na terra, mas
já estava aposentado. Conforme a leitura pertinente ao assunto e os
depoimentos dos agricultores, constatou-se que a aposentadoria se tornou um
importante subsídio à renda familiar, graças à Constituição de 1988,
complementada pelas Leis 8.212 sobre plano de custeio e 8.213 sobre planos
de benefícios, de 1991. Essas leis passaram a prever o acesso universal de
idosos e inválidos de ambos os sexos do setor rural à previdência social, em
regime especial, desde que comprovem a situação “de produtor, parceiro,
meeiro e o arrendatário rural, o garimpeiro e o pescador artesanal, bem como
respectivos cônjuges que exerçam suas atividades em regime de economia
150
familiar, sem empregados permanentes”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1998.
art. 195. ss 8º).
Em suma, foram observadas no interior da agricultura camponesa
desenvolvida no Bairro da Serra uma pluralidade e uma combinação de várias
formas de trabalho que vão desde o trabalho familiar, ao trabalho assalariado e
ainda a combinação do trabalho na terra com outras atividades não-agrícolas.
No que se refere à divisão das tarefas no âmbito da família, constatou-se
que cabe aos homens as tarefas mais pesadas realizadas no roçado, como o
corte do mato, o encoivaramento, a destoca. Porém, no plantio e colheita, três
UPs citaram a participação efetiva das mulheres, mas em geral as mulheres e
crianças cuidam das tarefas domésticas na casa, dos animais de pequeno
porte, limpeza do quintal etc. Essas tarefas desempenhadas pelos membros
da família sofrem variações em função do calendário agrícola. Porém, é a
figura masculina o chefe da UP, concentrando assim, toda a responsabilidade
de comando sobre esta, com exceção da UP BS005, no qual a responsável é
uma mulher, viúva.
4.1.8 Componentes que entram e saem da UP e fontes de renda
Todos os itens de entrada na UP citados pelos agricultores foram
adquiridos através de compra em mercado, sendo assim, foram avaliados os
seguintes critérios que agrupam os itens de entrada: Alimentação, Limpeza de
casa, Alimentação animal, Remédio para animal, Despesas da casa, Higiene
pessoal, Despesas para agricultura e Uso pessoal e Remédios.
A partir das matrizes binárias, compostas pelos critérios (na coluna) e os
itens de entrada (nas linhas), foi realizada a análise descritiva para atribuir a
importância percentual de cada critério em relação à quantidade de itens
citados pelos agricultores.
Sendo assim, o critério alimentação foi o de maior importância (28,26%
dos itens citados) como componente de entrada e, em segundo lugar, o critério
limpeza da casa (19,57% dos itens citados), os critérios alimentação animal e
higiene pessoal ocuparam o terceiro lugar em importância na quantidade de
itens citados (10,87%), os critérios remédio para animal e despesas da casa
ficaram em quarto lugar de importância (8,70 % de itens citados), e com menos
151
relevância como componentes de entrada nas UPs estão os critérios uso
pessoal (4,35%) e saúde (2,17%) (Figura 6).
0
5
10
15
20
25
30
%
FIGURA 6. Importância dos critérios que estabelecem os itens que entram nas UPs, pelo
método de análise descritiva (% de itens presentes nos critérios).
Os critérios que explicam os itens de entrada nas UPs foram submetidos
à análise fatorial de componentes principais. Foram identificados cinco fatores
com autovalores maiores que um e que responderam a 82,3% da variação dos
dados originais (Tabela 6).
TABELA 6. Autovalores e porcentagem de explicação da variabilidade dos
dados dos cinco fatores dos critérios de componentes que entram
na UP, obtidos no cálculo de componentes principais.
Fator Autovalor % Total de variância explicada individual
% de explicação acumulada 1 12,3 29,9 29,9
2 8,3 20,2 50,1
3 4,9 11,9 62,0
4 4,5 10,9 72,9
5 3,8 9,3 82,3
Na identificação das variáveis mais explicativas dos critérios de
componentes de entrada na UP, utilizaram-se os valores dos módulos das
correlações dos fatores com as variáveis, considerando 0,7 o ponto de corte. A
opção em trabalhar com o valor de 0,7 foi em função de agregar informações
significativas em todos os fatores. Utilizar valores abaixo de 0,7 aumenta o
152
número de variáveis descrevendo cada um dos fatores, dificultando sua
interpretação, o que é uma das etapas mais críticas da análise de
componentes principais (AZEVEDO, 2001; BERNARDI et al., 2001; REIS,
2001, ALVES, 2004; COSTA, 2004; TAKAHASHI, 2005).
No fator 1, foram verificados 12 itens de entrada nas UPs com
autovalores maiores que 0,7; oito itens no fator 2; quatro itens no fator 3; e os
itens dos fatores 4 e 5 apresentaram correlação negativa, indicando que não
são fatores representativos (Tabela 7). A análise de componentes principais
separou os itens dos critérios de entradas de componentes nas UPs,
selecionando os mais importantes que estabelecem os critérios.
Por meio dos itens separados por fator, foi possível identificar a
importância dos critérios. Corroborando o resultado obtido na análise
descritiva, o critério alimentação ficou em primeiro lugar com 46,15%, sendo
o mais importante na entrada de componentes nas 11 UPs estudadas. O
critério de segunda ordem de importância foi alimentação animal (19, 23%),
em terceiro lugar estão os critérios despesas da casa, higiene pessoal e uso
pessoal (7,69%) e com menos relevância estão os critérios remédio para
animal, despesas para agricultura e limpeza da casa (3,85%) (Figura 7).
A análise dos componentes principais identificou os critérios de
entrada de componentes nas UPs que são mais importantes em termos da
variabilidade dos dados, reduziu o número de variáveis e validou os
resultados da análise descritiva. Foram considerados mais importantes como
componentes de entrada nas UPs, os itens relacionados com alimentação
dos membros da família e alimentação dos animais domésticos.
Com os resultados obtidos na análise de componentes principais, foi
realizada a análise de peso ponderado, em que os valores de β (Tabela 8)
são o peso individual das variáveis que explicam as características, resultado
da multiplicação do módulo do valor dos coeficientes dos escores das
variáveis, pelos percentuais de explicação individual da variância. Enquanto
os valores de w se referem ao peso relativo de cada variável que explica os
itens de entrada nas UPs, resultante da divisão dos pesos absolutos de cada
uma dessas variáveis, pelo somatório dos pesos absolutos. O resultado
obtido foi multiplicado por 100, apenas para facilitar a leitura.
153
TABELA 7. Correlação das variáveis descritoras dos fatores 1 a 5 que
estabelecem os critérios de entrada na UP.
Item de entrada Fator 1
Item de entrada Fator 2
Farinha de mandioca 0,95 Farinha de mandioca 0,92
Fermento 0,95 Farinha de milho 0,92
Açúcar 0,95 Fermento 0,92
Óleo 0,95 Gás 0,92
Pão 0,95 Leite 0,92
Trigo 0,95 Luz 0,92
Café 0,95 Óleo 0,92
Carne 0,95 Pão 0,92
Leite 0,95
Bolacha 0,95 Item de entrada Fator 4
Sal 0,75 Remédio para os animais -0,83
Farinha de milho 0,75 Roupa -0,83
Sabão em barra -0,83
Item de entrada Fator 3
Papel higiênico 0,83 Item de entrada Fator 5
Quirela para pintinho 0,83 Shampoo -0,73
Ração para cachorro 0,83 Semente de milho -0,73
Ração para galinha 0,83 Sapato -0,73
05
101520253035404550
%
FIGURA 7. Importância dos critérios que estabelecem os itens que entram nas UPs, pelo método da análise fatorial de componentes principais (% de variáveis presentes por critério).
154
TABELA 8. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados das
variáveis que explicam os componentes de entrada nas UPs.
Item de entrada β w Acumulado w x 100
Açúcar 1,51 0,02 0,02 2,02
Água 2,30 0,03 0,05 5,09
Água sanitária 1,48 0,02 0,07 7,08
Amaciante 1,48 0,02 0,09 9,06
Arroz 2,20 0,03 0,12 12,00
Bolacha 1,51 0,02 0,14 14,01
Café 1,51 0,02 0,16 16,03
Carne 1,51 0,02 0,18 18,05
Creme dental 1,83 0,02 0,20 20,49
Desinfetante 1,48 0,02 0,22 22,47
Detergente 1,48 0,02 0,24 24,46
Esponja 1,48 0,02 0,26 26,44
Esponja de aço 1,48 0,02 0,28 28,42
Farinha de mandioca 1,51 0,02 0,30 30,44
Farinha de milho 2,13 0,03 0,33 33,28
Fermento 1,51 0,02 0,35 35,30
Gás 2,04 0,03 0,38 38,03
Leite 1,51 0,02 0,40 40,04
Luz 2,04 0,03 0,43 42,77
Óleo 1,51 0,02 0,45 44,78
Pão 1,51 0,02 0,47 46,80
Papel higiênico 1,83 0,02 0,49 49,24
Quirela para pintinho 2,12 0,03 0,52 52,07
Ração para cachorro 2,12 0,03 0,55 54,90
Ração para galinha 2,12 0,03 0,58 57,73
Remédio 1,63 0,02 0,60 59,90
Remédio para os animais 2,40 0,03 0,63 63,10
Roupa 2,00 0,03 0,66 65,78
Sabão em barra 1,48 0,02 0,68 67,77
Sabão em pó 1,48 0,02 0,70 69,75
Sabonete 1,83 0,02 0,72 72,19
Sacos 2,06 0,03 0,75 74,94
Sal 2,13 0,03 0,78 77,79
Sapato 2,00 0,03 0,80 80,46
Semente de milho 2,06 0,03 0,83 83,22
Shampoo 1,83 0,02 0,86 85,66
Telefone 2,04 0,03 0,88 88,38
Farinha de trigo 1,51 0,02 0,90 90,40
Vacina 2,40 0,03 0,94 93,60
Vitamina para galinha 2,40 0,03 0,97 96,80
Vitamina para o cavalo 2,40 0,03 1 100
SOMA 74,84 1 - -
155
Os itens de entrada mais importantes são aqueles com peso igual ou
maior que o peso de cada uma das variáveis, como se todas fossem
igualmente importantes. Assim, os critérios de primeira ordem de importância
que estabelecem os itens de entrada nas UPs são alimentos para animal e
higiene pessoal (18,56% de itens explicando esses critérios). Em segundo
lugar de importância, estão os critérios remédio para animal e despesas da
casa (14,81%). Em terceiro lugar, encontram-se os critérios alimentação e
despesas para agricultura (11,11%). Com menor relevância de importância,
estão os critérios uso pessoal (7,41%) e limpeza da casa (3,70%) (Figura 8).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
%
FIGURA 8. Importância dos critérios que estabelecem os itens que entram nas UPs, pelo método da análise de peso ponderado (% de variáveis presentes por critério).
Com o resultado dessa análise, foi possível hierarquizar os critérios que
explicam os componentes que entram nas UPs e identificar os itens de entrada
mais importantes na visão dos agricultores. Com relação aos critérios, a
ponderação dos pesos obteve o critério alimentação animal em primeiro lugar,
sendo que na análise descritiva esse critério se estabeleceu em terceira ordem
de importância e na de componentes principais em segundo lugar. O critério
alimentação estabeleceu-se em primeira ordem de importância nas duas
primeiras análises e em terceiro lugar na de peso ponderado. Dessa forma,
156
pode-se considerar que os itens relacionados a esses dois critérios são os mais
relevantes em relação aos componentes que entram nas 11 UPs entrevistadas.
Portanto, a análise de peso ponderado validou a identificação realizada pela
análise descritiva e de componentes principais. Os componentes de entrada
nas UPs não apresentaram correlação elevada em nenhum dos fatores, mas
somada suas influências menores, em cada um dos fatores, tornaram-se
importantes.
Para os componentes de saída das UPs, utilizou-se dos mesmos
métodos aplicados para componentes que entram nas UPs. Os critérios
estabelecidos para descrição dos itens que saem das UPs foram: Roça,
Animal, Artesanatos, Processados, Horta, Derivados de animal, Recicláveis e
Mata.
Na análise descritiva, os componentes de saída das UPs que
estabelecem ordem de importância em primeiro lugar, são os oriundos da roça
(31,25% de itens de saída nesse critério). Em segundo lugar, os itens de saída
estão relacionados com o critério criação (21,88%).
Em terceira ordem de importância, os critérios horta e artesanatos
(12,50%) e em quarto lugar os critérios processados e mata (9,38%). O critério
recicláveis é o de menor relevância em relação aos componentes que saem da
UP (3,13%) (Figura 9).
0
5
10
15
20
25
30
35
%
FIGURA 9. Importância dos critérios que estabelecem os itens que saem das UPs, pelo método da análise descritiva (% de itens presentes nos critérios).
157
Os critérios que explicam os itens de saída das UPs foram submetidos à
análise fatorial de componentes principais, conforme realizado para os
componentes que entram nas UPs. Foram identificados quatro fatores com
autovalores maiores que um e que responderam a 87,6% da variação dos
dados originais (Tabela 9).
Na identificação das variáveis mais explicativas dos critérios de
componentes de saída da UP, foram utilizados os valores dos módulos
conforme foi feito para os componentes que entram nas UPs.
TABELA 9. Autovalores e porcentagem de explicação da variabilidade dos
dados dos cinco fatores dos critérios de componentes que saem
da UP, obtidos no cálculo de componentes principais.
Fator Autovalor % Total de variância explicada individual
% de explicação acumulada 1 9,0 33,2 33,2
2 7,1 26,1 59,3
3 4,3 15,9 75,2
4 3,4 12,5 87,6
No fator 1, foram verificados nove itens de saída das UPs; sete itens no
fator 2; e os itens dos fatores 3 e 4 apresentaram correlação negativa,
indicando que não são fatores representativos (Tabela 10). A análise de
componentes principais separou os itens dos critérios de saídas de
componentes das UPs, selecionando os mais importantes que estabelecem os
critérios.
Por meio dos itens separados por fator, foi possível identificar a
importância dos critérios. Os resultados da análise de componentes principais
corroboraram os obtidos na análise descritiva, em que o critério roça ficou em
primeiro lugar com 41,7%, sendo os itens de saída oriundos desse subsistema
os mais importantes. O critério de segunda ordem de importância foi criação
(29,2%), em terceiro lugar o critério horta (16,7%) e com menos relevância o
critério processados (12,5%) (Figura 10). A análise dos componentes principais
identificou os critérios de entrada de componentes nas UPs, que são mais
importantes em termos da variabilidade dos dados, reduziu o número de
variáveis e validou os resultados da análise descritiva. Foram considerados
mais importantes como componentes de entrada nas UPs, os itens
158
relacionados com alimentação dos membros da família e alimentação dos
animais domésticos.
TABELA 10. Correlação das variáveis descritoras dos fatores 1 a 4 que
estabelecem os critérios de saída da UP.
Item de entrada Fator 1
Item de entrada Fator 2
Arroz 0,98 Pato 0,96
Cana 0,98 Frango 0,96
Feijão 0,98 Gado 0,96
Mandioca 0,98 Leite 0,96
Palmito 0,98 Ovos 0,96
Banana 0,98 Porco 0,96
Milho 0,98 Mel 0,81
Pamonha 0,72 Item de entrada Fator 4
Maracujá 0,71 Doce -0,91
Item de entrada Fator 3 Salgados -0,91
Alface -0,88
Couve -0,88
Cheiro-verde -0,88
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Roça Criação Horta Processados
%
FIGURA 10. Importância dos critérios que estabelecem os itens que saem das UPs, pelo método da análise fatorial de componentes principais (% de variáveis presentes por critério).
Com os resultados obtidos na análise de componentes principais, foi
realizada a análise de peso ponderado, conforme realizado para componentes
que entram nas UPS (Tabela 11).
159
Os itens de saída mais importantes são aqueles com peso igual ou
maior que o peso de cada uma das variáveis, como se todas fossem
igualmente importantes.
TABELA 11. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados
das variáveis que explicam os componentes de saída nas UPs.
Item de saída β w Acumulado w x 100
Alface 1,80 0,04 0,04 3,99
Arroz 1,31 0,03 0,07 6,89
Artesanatos 2,35 0,05 0,12 12,10
Banana 1,31 0,03 0,15 15,00
Cana 1,31 0,03 0,18 17,89
Cestos 2,22 0,05 0,23 22,80
Cheiro-verde 1,80 0,04 0,27 26,79
Couve 1,80 0,04 0,31 30,78
Doce 1,69 0,04 0,35 34,52
Feijão 1,31 0,03 0,37 37,42
Frango 1,43 0,03 0,41 40,57
Gado 1,43 0,03 0,44 43,72
Leite 1,43 0,03 0,47 46,88
Lenha 2,17 0,05 0,52 51,67
Mandioca 1,31 0,03 0,55 54,57
Maracujá 1,97 0,04 0,59 58,92
Mel 1,71 0,04 0,63 62,71
Milho 1,31 0,03 0,66 65,61
Ovos 1,43 0,03 0,69 68,76
Palmito 1,31 0,03 0,72 71,66
Pamonha 1,86 0,04 0,76 75,77
Pano de prato 2,35 0,05 0,81 80,98
Pato 1,43 0,03 0,84 84,13
Porco 1,43 0,03 0,87 87,29
Reciclagem 1,84 0,04 0,91 91,36
Salgados 1,69 0,04 0,95 95,10
Vassoura 2,22 0,05 1 100
SOMA 45,18 1 - -
Assim, os critérios de primeira ordem de importância que estabelecem
os itens de saída das UPs foram horta e artesanato com 21,1% de itens
explicando esses critérios. Em segundo lugar de importância, estão os critérios
roça, mata e processados (15,8%). Com menor relevância de importância,
estão os critérios criação e recicláveis (5,3%) (Figura 11).
Com o resultado dessa análise, foi possível hierarquizar os critérios que
160
explicam os componentes que saem das UPs e identificar os itens de saída
mais importantes na visão dos agricultores. Com relação aos critérios, a
ponderação dos pesos obteve o critério horta em primeiro lugar, sendo que nas
análises descritiva e de componentes principais esse critério se estabeleceu
em terceira ordem de importância.
0
5
10
15
20
25
%
FIGURA 11. Importância dos critérios que estabelecem os itens que saem das UPs, pelo método da análise de peso ponderado (% de variáveis presentes por critério).
O critério roça estabeleceu-se em primeira ordem de importância nas
duas primeiras análises e em segundo lugar na de peso ponderado. Dessa
forma, pode-se considerar que os itens relacionados a esses dois critérios são
os mais relevantes em relação aos componentes que saem das UPs. Portanto,
pode-se considerar que a análise de peso ponderado validou a identificação
realizada pela análise descritiva e de componentes principais. Os componentes
de saída das UPs não apresentaram correlação elevada em nenhum dos
fatores, mas somadas suas influências menores, em cada um dos fatores,
tornaram-se importantes.
As unidades produtivas estão no limite da autonomia, em que os
agricultores produzem tudo que necessitam; e na substituição, os agricultores
compram tudo o que precisam. As transformações que os sistemas agrícolas
vêm sofrendo levam os agricultores a ser substituídos no seu protagonismo,
passando a comprar adubos para o solo, a controlar organismos indesejados, a
se preocupar com a energia, conhecimentos, insumos agrícolas, alimentos,
161
entre outros. Dentro dessas definições, é possível estabelecer que não existem
agricultores em nenhum dos extremos: inteiramente autônomos ou
substituídos, mas, uma tendência para um destes dois pontos (AZEVEDO,
2007).
Neste contexto, existe uma tendência à autonomia em relação aos
agricultores do Bairro da Serra, no que diz respeito aos componentes de saída
oriundos das roças, hortas, criações e mata. Porém, transformações vêm
ocorrendo no local, que denotam tendência à substituição por esses
agricultores, os quais estão se tornando dependentes do mercado externo, em
busca de adquirir produtos não produzidos nas UPs.
Foi realizada uma estimativa anual com relação à renda e despesas das
11 UPs, baseada nas informações fornecidas pelos agricultores (Tabela 12). As
rendas desses agricultores, em sua maioria, são provenientes de
aposentadoria, pensão, incentivos do governo e salário por serviços prestados.
Duas UPs recebem auxílio de filhos que migraram para cidade. Conforme as
informações prestadas pelos agricultores, o valor de entrada de renda
financeira anual é mais elevado que o valor anual de despesas básicas. A
renda que esses agricultores obtiveram da UP foi muito volúvel. Eles
forneceram informações de uma média mensal de vendas, porém em alguns
meses não vendem nada e em outros vendem pouco e há meses em que
vendem muito bem, principalmente quando aumenta a frequência de turistas no
local. A variação de renda anual das 11 UPs foi de R$ 3.101,00.
Segundo Barbosa (2007), grande parte dos moradores do Bairro da
Serra possuem alguma fonte de renda além da agricultura: aposentadoria,
construção civil, diarista, turismo, comerciante e outros, como alternativa
financeira e monetária para essas famílias. Historicamente atuaram em
empresas de mineração, hoje praticamente extintas na região do estudo, em
atividades de demarcação de terra e no extrativismo do palmiteiro juçara. No
entanto, essas atividades vêm sofrendo modificações, e os jovens e mesmo os
adultos têm se direcionado a atuar no turismo.
162
TABELA 12. Estimativa da renda financeira de onze UPs do Bairro da Serra (anual).
UP Aposentadoria
(R$)
Renda cidadã
(R$) Vendas
(R$) Salário
(R$)
Cesta básica
(unidade) Ajuda dos filhos (R$)
Pensão (R$)
Bolsa escola
(R$) Entrada
(R$)
Despesas (R$)
BS001 4980 720 840 6540 4.200
BS002 1800 4980 6780 3.000
BS003 4980 1800 24 2400 2640 11844 3.720
BS004 2400 4980 7380 3.600
BS005 720 240 4980 5940 3.120
BS006 4980 720 12 1440 7152 1.200
BS007 720 4980 5700 3.600
BS008 720 1800 4980 7500 4.800
BS009 4980 2160 4980 12120 6.000
BS010 500 9960 2640 13100 6.240
BS011 720 1800 9960 2640 15120 3.600
TOTAL 19.920 4.320 13.340 39.840 36 3.840 9.960 7.920 99.176 43.080,00
163
4.1.9 Unidades territoriais de manejo
As denominações das unidades de manejo identificadas nesse trabalho
foram percebidas na convivência diária da pesquisadora com os moradores
locais e confirmadas nas entrevistas. Conforme Nabuco et al. (2009):
“O arranjo espacial de uma comunidade rural camponesa é compreendido pelo pesquisador quando esse tem clareza do modelo de vida idealizado por esse grupo social. Para isso, há a necessidade de conhecer a cultura e pormenores do grupo social, porque nem sempre o pesquisador e o grupo pesquisado percebem e nomeiam os espaços da mesma forma e essa diferença de compreensão pode levar a um distanciamento entre o investigador e o alvo pesquisado”. (NABUCO et al., 2009, p.219).
As onze UPs estudadas no Bairro da Serra fazem parte do sistema de
produção camponês identificado a partir de algumas características, conforme
vasta literatura (QUEIROZ, 1973; WOLF, 1976; CANDIDO, 1977; TOLEDO,
1992; WOORTMANN e WOORTMANN, 1997; SCHNEIDER, 2003; AGUIAR,
2006), em que os espaços sociais e agrícolas ocupados por uma comunidade
camponesa são manejados e organizados conforme a lógica local, para isso,
se utiliza o conhecimento que possuem.
É o corpus ou sistema de conhecimento que explica como cada
camponês percebe, concebe e materializa os ambientes dos quais depende
para viver. Porém, a cultura é também responsável pela visão de mundo do
grupo social, determinando o sistema de conhecimento desses camponeses
(TOLEDO, 1992).
Na caracterização das UPs estudadas, identificou-se como os
agricultores organizam em escala espacial suas unidades de manejo, sendo a
unidade de manejo roça citada nas onze UPs. Destas unidades, sete possuem
o trabalho da roça como dedicação exclusiva e essencial na subsistência da
família. Agricultores de duas UPs cultivam pouco na roça por possuírem outras
atividades e os das demais não estão cultivando diretamente na roça por
motivo de doença ou idade avançada, porém ainda mantêm relação com esse
tipo de atividade pelas orientações dadas aos filhos em todas as etapas do
sistema de produção. Além de acompanharem todo o processo, também
participam das tomadas de decisões do que deve ser ou não realizado.
164
Além da roça, foram identificadas outras unidades de manejo que
compõem os sistemas de produção (Tabela 13), sendo capoeira, mata, quintal,
terreiro, horta, galinheiro e paiol os mais citados pelos agricultores.
TABELA 13. Unidades de manejos presentes na UPs do Bairro da Serra e
quantidade de UPs que possuem esses manejos.
Unidades de manejo Quantidade de UP %
Roça 11 12,0
Capoeira 10 10,7
Mata 10 9,8
Quintal 9 8,7
Horta 8 8,7
Terreiro 8 8,7
Galinheiro 8 8,7
Paiol 7 7,6
Pasto 5 5,5
Chiqueiro 5 5,5
Tanque de peixe 4 4,4
Curral 2 2,2
Bananal 2 2,2
Pomar 1 1,1
Mandiocal 1 1,1
Laranjal 1 1,1
Canavial 1 1,1
Cafezal 1 1,1
Dentre as unidades de manejo, mata nativa e capoeira são as que
ocupam maior espaço nas UPs (Tabela 14). As roças ficam em terceiro lugar
em espaço ocupado nas UPs, porém aquelas que possuem unidade de manejo
de pasto têm essa unidade ocupando maior espaço que as roças. Os quintais,
terreiros e hortas não ocupam espaços extensos nessas UPs, porém
representam determinada importância no contexto econômico e social.
Para manutenção das unidades de manejo, os recursos hídricos são
indispensáveis. Nessa localidade, água não é problema, já que existe em
abundância e com qualidade, existindo até lugares com fonte de água potável.
165
TABELA 14. Uso da terra nas onze UPs estudas no Bairro da Serra.
BS001 BS002 BS003 BS004
Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de
manejo Área (ha) %
Área total UP
4,68 100 Área total UP
15,22 100 Área total UP
10,88 100 Área total UP 31,00 100 Roça 2,00 43 Roça 4,00 26,3 Roça 1,72 15,8 Roça 4,00 12,9
Terreiro 0,08 1,7 Terreiro 0,08 0,5 Horta 0,10 0,9 Terreiro 0,30 0,1 Horta 0,96 20,5 Horta 0,10 0,7 Capoeira 6,00 55,1 Horta 0,80 2,6 Pomar 0,08 1,7 Mata
Nativa 10,00 65,7 Mata
Nativa 3,00 27,6 Capoeira 2,00 6,5
Mandiocal 0,01 0,2 Quintal 0,03 0,2 Quintal 0,06 0,6 Mata Nativa 22,15 71,5 Capoeira 0,96 20,5 Bananal 1,00 6,6
Mata Nativa
0,59 12,6 Laranjal 0,01 0,1
BS005 BS006 BS007 BS008
Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de
manejo Área (ha) %
Área total UP
20,19 100 Área total UP
55,00 100 Área total UP
4,00 100 Área total UP 73,44 100
Roça 2,00 9,9 Roça 2,90 5,3 Roça 0,10 2,5 Roça 1,00 1,4
Capoeira 6,00 29,7 Terreiro 4,00 7,3 Capoeira 0,90 22,5 Terreiro 0,44 0,6 Mata
Nativa 10,00 49,5 Horta 0,10 0,2 Mata
Nativa 2,97 74,3 Capoeira 20,00 27,2
Quintal 0,19 1,0 Capoeira 16,00 29,1 Quintal 0,03 0,8 Mata Nativa 36,00 49
Mata Nativa
22,00 40 Pasto 16,00 21,8
166
Continuação TABELA 14. Uso da terra nas onze UPs estudadas no Bairro da Serra. BS009 BS010 BS011
Unidades de manejo
Área (ha) % Unidades de
manejo Área (ha) %
Unidades de manejo
Área (ha) %
Área total UP 7,00 100 Área total UP 8,30 100 Área total UP 72,13 100
Roça 2,00 28,6 Roça 0,10 1,21 Roça 1,00 1,4
Terreiro 0,10 1,4 Terreiro 2,00 24,1 Terreiro 0,03 0,1
Horta 0,10 1,4 Horta 0,03 0,4 Horta 0,10 0,2
Capoeira 1,00 14,3 Capoeira 1,00 12,1 Capoeira 20,00 27,7
Mata Nativa 3,60 51,4 Mata Nativa 4,09 49,3 Mata Nativa 50,00 69,3
Quintal 0,20 2,9 Quintal 0,08 1,0 Quintal 1,00 1,4
Pasto 1,00 12,1
167
Os lotes localizados na parte central do Bairro da Serra possuem água
encanada e tratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp).
Também, todos os sítios possuem rios ou córregos, que são utilizados
pelos agricultores. Em alguns casos, eles realizam o encanamento de maneira
artesanal, como no caso da UP BS006 e UP BS005, que estão distantes da
região central do bairro, e por não possuírem água encanada e tratada, os
próprios moradores desenvolveram o mecanismo de encanamento da água,
aproveitando um córrego que passa próximo a casa.
O conjunto dessas unidades de manejo reproduz o sistema de produção
das UPs, considerando que sistemas de produção são conjuntos de atividades
agrícolas operadas em escalas espaciais menores que aquelas da unidade de
produção, sendo o resultado de combinações de sistemas de cultivo/criação,
compreendendo o espaço físico, o ambiente local, os organismos, as espécies
manejadas, os insumos naturais e sociais e o conhecimento (AZEVEDO,
2001). Dessa forma, a identificação das unidades de manejo permitiu a
caracterização dos sistemas de cultivo e criação existentes nas UPs.
O sistema de cultivo pode ser diferencido de acordo com a localidade,
pois consiste na combinação da força de trabalho e técnicas adotadas para
obter as produções vegetais ou animais ao longo de determinado período de
tempo, considerando as áreas disponíveis (SEBILLOTTE e SCAPIN, 1994;
KHATOUNIAN, 2001) e estando a diversidade de produção interligada com as
condições ambientais e estratégias de manejo que os agricultores adotam
(WÜNSCH, 1995).
Em busca de conhecer os aspectos sobre sistemas de cultivo e criação
das UPs estudadas, foram descritas as seguintes unidades de manejo: quintal,
horta, criações, pastagem, sistemas extrativistas e roça. A determinação
dessas unidades de manejo foi pelo motivo de serem consideradas as mais
importantes no contexto de composição dos sistemas de produção na visão
dos agricultores pesquisados.
4.1.9.1 Quintal e terreiro
168
A unidade de manejo quintal nas UPs estudadas corresponde a espaços
domésticos que se localizam ao redor das residências, normalmente com
grande diversificação de espécies vegetais plantadas e/ou manejadas
aparentemente de forma desordenada, construindo uma espécie de sistema
agroflorestal. Essas espécies em geral apresentam funcionalidades medicinais,
alimentares e ornamentais.
Alguns autores definiram quintais conforme o que foi observado nas UPs
estudadas. Para Saragoussi et al. (1990), quintal corresponde a uma área de
manejo e uso da terra, utilizada como fonte de experimentação e depósito de
germoplasma por agricultores que possuem tais sistemas em suas UPs.
Complementando essa definição, Godoy (2004) afirmou que quintal é uma
unidade de manejo, correspondente à parte do espaço funcional da unidade
produtiva utilizada pela família, onde em geral, encontram-se o local de
moradia e o cultivo de espécies agrícolas associadas ao cultivo e manejo de
árvores, arbustos e ervas de usos múltiplos, bem como a criação de aves,
suínos e outros animais domésticos de pequeno porte (cachorros, gatos). Para
Cardoso (2008), quintais são espaços domésticos que normalmente se
localizam ao redor das residências, onde se cultivam plantas medicinais,
ornamentais, condimentares e frutíferas, cuja responsabilidade de cuidados é
normalmente da mulher.
Observou-se uma grande presença de vegetais cultivados. Ainda que
em menor quantidade, também há presença de espécies nativas, que, segundo
a etnoclassificação desses agricultores, correspondem às espécies
semidomesticadas (principalmente as transplantadas das matas), às
remanescentes da vegetação nativa e às espontâneas.
Nos quintais também é feita a criação de pequenos animais domésticos,
uma característica importante, pois proporcionam produtos que complementam
a dieta com proteínas, protegem a casa e são usados no transporte.
Os quintais podem variar em tamanho, diversidade de espécies, zonas
de manejo, interações entre espécies, funções ecológicas e forma. São
importantes para a complementação da dieta familiar, sendo comum o cultivo
em pequena escala. São espaços com grande importância na manutenção de
variedades cultivadas e, além disso, vinculam-se aos momentos de convívio
169
social.
Nesses quintais, podem ser encontrados microespaços de cultivos: a
horta, espaço protegido por tábuas ou cerca de varas finas para evitar invasão
das galinhas e outros animais; o pomar, que é pluriestratificado e é composto
apenas por árvores frutíferas; e o terreiro, com plantas condimentares,
ornamentais, medicinais e frutíferas.
Terreiro é o termo pelo qual se designa uma área contígua a casa, onde
também se criam os animais de pequeno porte, galinhas, porcos, perus, que
servem para a despesa da casa e também para trocas mercantis.Também se
plantam as ervas medicinais e são comuns árvores frutíferas como
mangueiras, laranjeiras, abacateiros, mamoeiros e limoeiros. Assim, é um dos
espaços culturalmente construídos, articulado com os outros espaços, de
elevada importância na reprodução social de agricultores tradicionais (MAIA,
2004). Segundo Suárez e Libardoni (1992), o terreiro constitui espaço
altamente produtivo e gerador de renda, sendo que, na maioria das vezes,
nesse local, as mulheres desenvolvem suas atividades produtivas.
Em apenas um caso o quintal também foi definido como terreiro.
Vasconcellos (2004), em estudo realizado em Iporanga na comunidade
quilombola de Praia Grande, retratou que esses termos podem ser citados
como sinônimos ou como termos diferentes. A autora apontou para a
multifuncionalidade desses espaços para os núcleos familiares.
Aguiar (2009), em estudo nos quintais da Morraria, região localizada no
município de Cáceres/MT, enfocou que:
“As plantas de quintal diferem das “plantas de roça” como o arroz, milho ou feijão, que são priorizados quando se trata da alimentação da família, tanto por seu valor nutritivo, como pela quantidade e a disponibilidade durante o ano (possibilidade de armazenamento). O quintal tem inúmeras funções socialmente reconhecidas e tem sua importância como espaço produtivo e reprodutivo. Um quintal pode proporcionar para a dieta familiar uma provisão significativa de carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas. Também oferece produtos não encontrados na roça ou nas outras áreas da mata ou capoeira. As frutas e outros produtos asseguram fonte de alimentos durante todo o ano. O embelezamento e a regulação do ambiente ao redor
170
da casa são elementos importantes para a família, o que justifica a existência de um grande número de espécies dedicadas à ornamentação e a serviços ambientais (sombra, suporte para outras vegetais, proteção contra ventanias e proteção do solo)”. (AGUIAR, 2009, p.3).
Os agricultores entrevistados citaram 105 etnoespécies11 vegetais
presentes nos quintais e nos terreiros de suas UPs (Tabela 15). Destas
etnoespécies, 65 foram citadas para uso medicinal (45%), 51 para uso
alimentar (35%) e 29 para uso ornamental (20%). As etnoespécies mais citadas
foram: laranja, goiaba, palmito, limão, jaca, ata e abacate, todas de uso
alimentar.
A UP BS003 foi a que mais citou etnoespécies presentes nos quintais,
sendo que do total de 105 etnoespécies, a UP BS003 citou 48 (32%), a UP
BS004 citou 35 (23%), a UP BS001 citou 33 (22%) e a UP BS006 28 (18%). As
demais UPs citaram abaixo de 5% de estnoespécies presentes nos quintais.
Considerando toda amplitude e importância dos quintais e terreiros
agroflorestais, percebe-se que eles oferecem princípios orientadores para
outros sistemas, pois promovem a biodiversidade, prosperam sem o uso
intensivo de produtos externos não renováveis e mantêm a produtividade dos
cultivos.
Tomando como base esse contexto, populações tradicionais que já
habitam uma área há muitas gerações acumulam muitas experiências e
conhecimentos sobre o ambiente que manejam. Diegues e Arruda (2001)
afirmaram que essas experiências proporcionam a geração de um
conhecimento ecológico tradicional.
Sendo assim, o conhecimento acumulado pelos agricultores
camponeses para produção e manejo dos quintais e terreiros deve ser
conhecido pela pesquisa e pela assistência técnica e extensão rural para o
entendimento dos princípios ecológicos e socioeconômicos que regem esses
sistemas agroflorestais (AGUIAR, 2009).
11 Neste trabalho são consideradas etnoespécies as plantas reconhecidas pelos agricultores e
nomeadas pela população local, possuindo uso característico entre as famílias. As etnoespécies se distinguem entre si pelas diferentes espécies de planta, nominação e função que lhes é atribuída na visão do agricultor.
171
TABELA 15. Etnoespécies vegetais presentes na unidade de manejo quintal, citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da
Serra
Etnoespécie Família
botânica No de UPs
Etnoespécie Família
botânica No de UPs
Etnoespécie Família
botânica No de UPs
Laranja Rutaceae 8 Melissa Verbenaceae 3 Asa de morcego - 1
Goiaba Myrtaceae 7 Pêssego Rosaceae 3 Assuinã - 1
Abacate Lauraceae 6 Pitanga Myrtaceae 3 Atroveran - 1
Ata Annonaceae 6 Abacaxi Bromeliaceae 2 Avenca Polipodiaceae 1
Jaca Moraceae 6 Abóbora Cucurbitaceae 2 Azaléia Ericaceae 1
Limão Rutaceae 6 Amora Moraceae 2 Banana cinza Musaceae 1
Palmito Arecaceae 6 Antúrio Araceae 2 Banana da terra Musaceae 1
Acerola Malpighiaceae 5 Babosa Lamiaceae 2 Banana flor Musaceae 1
Hortelã Lamiaceae 5 Banana Musaceae 2 Banana ouro Musaceae 1
Jabuticaba Myrtaceae 5 Banana maranhão Musaceae 2 Banana pêra Musaceae 1
Mamão Caricaceae 5 Banana prata Musaceae 2 Banana salta veiaca Musaceae 1
Mexirica Rutaceae 5 Cabelo de anjo - 2 Bordão de São Jorge Agavaceae 1
Orquídea Orchidaceae 5 Caju Bombacaceae 2 Bromélia Bromeliaceae 1
Rosa Rosaceae 5 Cidra Rutaceae 2 Cacau Sterculiaceae 1
Ameixa Rosaceae 4 Figueira Moraceae 2 Cactus Cactaceae 1
Colorau/urucum Zingiberaceae 4 Hortelã-pimeta Lamiaceae 2 Camarinha Myrtaceae 1
Lima Rutaceae 4 Jambo Myrtaceae 2 Cana Poaceae 1
Manga Anacardiaceae 4 Laranja cidra Rutaceae 2 Capirivu - 1
Banana nanica Musaceae 3 Lírio Apocynaceae 2 Caqui Ebenaceae 1
Boldo Lamiaceae 3 Maracujá Passifloraceae
2 Cará Dioscoreaceae 1
Café Rubiaceae 3 Pinheiro Araucariaceae 2 Cebolinha Liliaceae 1
Chuchu Cucurbitaceae 3 Alecrim Lamiaceae 1 Colônia Zingiberaceae 1
Coqueiro de enfeite Arecaceae 3 Alfavaca Lamiaceae 1 Copo-de-leite Amarylliadaceae 1
Erva-cidreira Verbenaceae 3 Aroeira Anacardiaceae
1 Espada de São Jorge Agavaceae 1
172
Continuação TABELA 15. Etnoespécies vegetais presentes na unidade de manejo quintal, citadas por agricultores de onze
UPs do Bairro da Serra
Etnoespécie Família botânica No de UPs Etnoespécie Família botânica No de UPs
Estomazil Asteraceae 1 Rubim Lamiaceae 1
Feijão guandu Leguminaceae 1 Sangue-de-adão Lamiaceae 1
Flôr da amazônia - 1 Tansagem Plantaginaceae 1
Gengibre Zingiberaceae 1 Uva Vitaceae 1
Guapari Myrtaceae 1 Uva Vitaceae 1
Guaricica Vochysiaceae 1 Uva japonesa Rhamnaceae 1
Guiné Phytolaccaceae 1 Uva japonesa Rhamnaceae 1
Ingá Fabaceae 1 Veludinha - 1
Ipê amarelo Bignoniaceae 1 Violeta Gesneriaceae 1
Ipê roxo Bignoniaceae 1
Lágrima de cristo Verbenaceae 1
Laranja azeda Rutaceae 1
Laranja pêra Rutaceae 1
Limão rosa Rutaceae 1
Mandioca Euphorbiaceae 1
Maria-sem-vergonha Balsaminaceae 1
Nataeiro Melastomataceae 1
Onze horas Portulacaceae 1
Palmeira Arecaceae 1
Pêra Rosaceae 1
Poejo Lamiaceae 1
Primavera Nyctaginaceae 1
Quina branca Rubiaceae 1
Romã Punicaceae 1
173
4.1.9.2 Horta
As espécies cultivadas na unidade de manejo horta são para uso
alimentar e/ou medicinal. Normalmente a responsabilidade de cuidados é da
mulher. A produção da horta é para subsistência das famílias que compõem as
UPs, porém quando há excedentes, vendem para vizinhos e turistas.
Pode não estar necessariamente próxima a casa. Neste caso, a
produção de hortaliças integra a roça e está espacialmente ligada à produção
de milho, mandioca, feijão etc. Pode ser cercada ou não e tem a finalidade de
cultivo de espécies hortícolas. A horta é cercada quando se localiza próximo às
casas para proteger de animais domésticos.
A horta é uma unidade de manejo que pode estar integrada ou ser
independente de outras unidades de manejo como os quintais e roças,
formando um mosaico de vegetação com estruturas e composição
heterogêneas (OLIVEIRA, 2006).
No preparo do solo para começar uma horta, os camponeses utilizam
como adubo as folhas secas e/ou caídas no chão de outras espécies vegetais.
A UP BS006 utiliza esterco de gado como complementação de adubo. Não
utilizam nenhum método para combater o ataque de pragas, e o controle de
plantas invasoras é feito manualmente por meio de capinas na área ocupada
pela horta.
Foram citadas pelos agricultores 39 etnoespécies de vegetais cultivadas
na unidade de manejo horta, que é desenvolvida em oito UPs das
entrevistadas (Tabela 16). As etnoespécies vegetais mais cultivadas pelos
camponeses na horta são: couve em oito UPs (10,5%)¸ alface e cebolinha em
sete UPs (9,2% respectivamente) e salsinha em cinco UPs (6,6%). A
quantidade citada por UP, cultivada na horta, variou de 14 etnoespécies
(18,4%) na UP BS006 a quatro estnoespécies (5,3%) na UP BS010. Foram
identificadas duas formas de uso da produção obtida na Horta: alimentação
humana, a mais predominante, e uso medicinal.
174
TABELA 16. Etnoespécies vegetais presentes na unidade de manejo horta,
citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da Serra
Etnoespécie Família Botânica No de UPs %
Couve Brassicaceae 8 10,5
Alface Asteraceae 7 9,2
Cebolinha Liliaceae 7 9,2
Salsinha Apiaceae 5 6,6
Manjerona Lamiaceae 4 5,3
Almeirão roxo Asteraceae 3 3,9
Cebola Liliaceae 3 3,9
Coentro Apiaceae 3 3,9
Alho Liliaceae 2 2,6
Almeirão Asteraceae 2 2,6
Beterraba Chenopodiae 2 2,6
Manjericão Lamiaceae 2 2,6
Taiá/Taioba Araceae 2 2,6
Alfavaca de cheiro Lamiaceae 1 1,3
Batata-doce Convolvulaceae 1 1,3
Batata-salsa Apiaceae 1 1,3
Caqui Ebenaceae 1 1,3
Cará Dioscoreaceae 1 1,3
Chicória Asteraceae 1 1,3
Chuchu Cucurbitaceae 1 1,3
Erva-cidreira Verbenaceae 1 1,3
Erva-doce Apiaceae 1 1,3
Espinafre Aizoaceae 1 1,3
Hortelã Lamiaceae 1 1,3
Hortelã-pimenta Lamiaceae 1 1,3
Jabuticaba Myrtaceae 1 1,3
Jiló Solanaceae 1 1,3
Laranja Rutaceae 1 1,3
Limão Rutaceae 1 1,3
Mamão Caricaceae 1 1,3
Mandioca Euphorbiaceae 1 1,3
Mexerica Rutaceae 1 1,3
Pêra Rosaceae 1 1,3
Pimenta Solanaceae 1 1,3
Pimenta de cheiro Solanaceae 1 1,3
Pocã Rutaceae 1 1,3
Rúcula Brassicaceae 1 1,3
Serralha Asteraceae 1 1,3
Tomate Solanaceae 1 1,3
175
As UPs BS003 e BS011 comentaram o desejo de ampliar a área da
horta para produzir em escala de comercialização, implantando também outras
variedades, porém citaram fatores que impedem que isso aconteça: falta de
espaço; custos elevados; solo desgastado pela ausência de pousio; não há
para quem vender se aumentar a produtividade; não há maquinário agrícola
para auxiliar na elaboração de canteiros maiores; terrenos com muito declive
na UP; fiscalização ambiental; muita chuva no local; e dificuldade no controle
de pragas e doenças.
Os agricultores dessas duas UPs colocaram que o princípio para
conseguir realizar esse desejo, ou apenas melhorar a produtividade do que já
estão acostumados a plantar, é melhorar a qualidade dos solos, utilizando
defensivos mais naturais, porém dizem possuir pouco conhecimento sobre
esses defensivos. As demais UPs não demonstraram desejo em ampliar suas
hortas e disseram que “do jeito que vêm fazendo está bom”.
4.1.9.3 Criação animal
O sistema de criação é um conjunto de elementos em interação
dinâmica organizados pelo homem com a finalidade de transformar, por
intermédio dos animais domésticos, determinados recursos em produtos, como
leite, ovos etc. ou para responder a determinadas necessidades, como tração,
lazer etc. (LANDAIS et al., 1987).
Foram citadas etnoespécies de animais que abrangem 27 categorias
funcionais e se distribuem em seis gêneros: aves, peixes, bovinos, bubalinos,
equinos e suínos. Os critérios de nominação das estnoespécies variaram de
acordo com a espécie do animal, idade, sexo e função. Três UPs não possuem
criações (Tabela 17). A função que as criações ocupam nas UPs variou de
acordo com a espécie animal (Tabelas 18 e 19).
O uso de bovinos e bubalinos está voltado para produção de leite e
carne em pequena escala e sua exploração é principalmente vinculada ao
consumo da família. São poucos os moradores locais que possuem gado. Os
equinos são usados no transporte e têm tido grande importância histórica na
região. O escoamento da produção das roças distantes pode ser feito por meio
destes animais, mas não necessariamente, porque também é comum o
176
transporte em cestos carregados pelos agricultores. Atualmente, pouco se usa
essa classe animal para essa atividade, sendo que das onze UPs apenas três
ainda assim o fazem. A UP BS004 é a que possui maior quantidade de equinos
com a função voltada ao lazer e turismo. Algumas vezes fornecem serviços de
cavalgadas pelo Bairro da Serra aos turistas que visitam o local, alugando os
animais. Alimentação é a finalidade mais fornecida pelas criações das onze
UPs estudadas no bairro da Serra, sendo que cinco gêneros (29,4%) são
responsáveis por essa função.
As aves compõem o gênero que mais fornece alimento para as famílias
dessas UPs, fato condicionado à facilidade do manejo e segurança alimentar.
TABELA 17. Etnoespécies animais presentes na unidade de manejo criação,
citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da Serra
Etnoespécie animal Nº de UP %
Galinha 9 13,41
Galo 9 13,41
Pata 4 5,97
Pato 4 5,97
Cavalo 3 4,48
Égua 3 4,48
Galinha de angola 3 4,48
Peixe 3 4,48
Bezerro 2 2,99
Boi 2 2,99
Gansa 2 2,99
Leitão 2 2,99
Peru 2 2,99
Perua 2 2,99
Pintinho 2 2,99
Porca 2 2,99
Porco 2 2,99
Vaca 2 2,99
Búfalo 1 1,49
Burro 1 1,49
Frango 1 1,49
Ganso 1 1,49
Jegue 1 1,49
Leitoa 1 1,49
Mula 1 1,49
Potro 1 1,49
Touro 1 1,49
177
A escolha por aves como mais predominante no sistema de manejo
criação está na facilidade do manejo. Isso ocorre porque uma parte da
alimentação fornecida às criações sai da própria unidade de produção e
somente aquilo que não pode ser beneficiado é comprado.
TABELA 18. Funções das etnoespécies animais que compõem a unidade de
manejo criação, por gênero animal e quantidade de etnoespécies
citadas.
Função Nº de
animais % Função Nº de
gêneros %
Alimentação 17 34,7 Alimentação 5 29,4
Procriação 6 12,2 Procriação 4 23,5
Transporte 6 12,2 Crescimento 3 17,6
Lazer 6 12,2 Lazer 2 11,8
Ornamental 5 10,2 Ornamental 1 5,9
Crescimento 5 10,2 Proteção 1 5,9
Proteção 4 8,2 Transporte 1 5,9
Gênero Nº de
animais % Genero Nº de
funções %
Aves 11 40,7 Aves 5 29,4
Equino 6 22,2 Equino 2 11,8
Bovino 4 14,8 Bovino 3 17,6
Suíno 4 14,8 Suíno 3 17,6
Peixes 1 3,7 Peixes 3 17,6
Bubalino 1 3,7 Bubalino 1 5,9
O destino da produção animal por UP é para subsistência da família,
porém cinco delas têm o hábito de comercializar informalmente aves e ovos,
em pouca quantidade, para os vizinhos.
A unidade de manejo criação proporciona produtos que complementam
a dieta alimentar com proteínas, oferecem entretenimento, protegem a casa,
são usados no transporte e na tração e embelezam o local.
178
TABELA 19. Definição das funções atribuídas à unidade de manejo criação
Funções
Alimentação Procriação Crescimento Lazer Ornamental Proteção Transporte
Animal Produtos Função Animal Função Animal Função Animal Função Animal Função Animal Função Animal Função
Aves
Galinha Ovos e carne
Proteína na dieta alimentar
Galo Macho
reprodutor Pinto e frango
Engorda: fornecer alimento
- -
Ganso galinha
de angola e
peru
Embeleza a UP
Ganso
Proteger a UP:
ladrões/ animais
- -
Bovinos Vaca
Leite e carne
Proteína na dieta alimentar
Touro Macho
reprodutor Bezerr
o
Engorda: fornecer alimento
- - - - - - - -
Bubalinos Búfala
Leite e carne
Proteína na dieta alimentar
- - - - - - - - - - - -
Equinos
- - - - - Potro Crescer
para transporte
Cavalo egua burro jegue mula
Transporte passeios
cavalgada - - - -
Cavalo egua burro jegue mula
Locomoçãotração e cargueiro
Suínos Porco
Gordura e carne
Proteína na dieta alimentar
- - Leitoa e leitão
Engorda: fornecer alimento
- - - - - - - -
Peixes Carne
Proteína na dieta alimentar
- - - - Pesca - - - - - -
179
4.1.9.4 Pastagem
Relacionada com o sistema de criação, existe a unidade de manejo
pasto, suporte nutricional da criação bovina, bubalina e equina. O uso da
pastagem nas UPs é fundamental para garantir a produtividade desses
sistemas de criação.
Geralmente, as pastagens são estabelecidas com o plantio de capim
gordura (Melinis minutiflora) e braquiária (Brachiaria sp.), após o uso de uma
área como roça. É comum que estes animais usem pastos próximos às
capoeiras, fazendo com que eles entrem na mata para consumir espécies
nativas.
Dos onze agricultores entrevistados, cinco possuem áreas de pastagem
em suas UPs. Barbosa (2007), em pesquisa realizada no Bairro da Serra com
42 agricultores, observou que dez deles possuíam áreas de pastagens. Sendo
assim, essa unidade de manejo ocupa pouco espaço nos solos desse local.
4.1.9.5 Sistemas extrativistas
Existe na região grande diversidade de espécies vegetais exploradas por
meio do extrativismo, manejadas pelos agricultores camponeses, fundamentais
na coleta de espécies medicinais quando o camponês ou um ente da sua
família está enfermo, para alimentação, construção de benfeitorias,
manufatura, lenha, entre outros produtos. Essa diversidade garante a
estabilidade de vários sistemas de produção (AZEVEDO, 2001).
Assim, os territórios naturais (Mata e Capoeira) são utilizados extraindo-
se apenas o necessário para sua sobrevivência e são conscientes de que é dali
que retiram parte do que precisam, por isso reconhecem a importância dos
recursos existentes. A dependência dos agricultores quanto aos recursos
florestais estreita sua relação com a vegetação nativa e isso gera
conhecimento sobre os critérios de seleção e uso da flora. O agricultor busca
esses recursos em diferentes locais, dentro ou fora da sua UP.
A atividade de extrativismo nas unidades de paisagem que representam
os sistemas extrativistas contribui e muito para diminuição de introdução de
recursos externos à UP e, consequentemente, traz economia financeira, mas é
preciso enfatizar que se o manejo não for adequado, ele pode acarretar
180
extinção local de determinadas espécies. Os dados obtidos neste trabalho não
permitem aprofundar nessa questão, o que precisa ser feito em trabalhos
futuros.
As áreas de matas e capoeiras são as que ocupam maior espaço
territorial nas UPs (Tabela 14). Antigamente, esses camponeses optavam em
formar suas roças em áreas de mata ou capoeiras mais antigas, pois o solo
coberto com vegetação mais intensa tem maior fertilidade e proporciona maior
produtividade. Porém, com a implantação do Petar, e a legislação ambiental
impondo regras na forma de uso dos solos nesse local, esses agricultores se
viram obrigados a entrar nas regras da legislação e passaram a cultivar suas
roças em áreas de capoeiras mais jovens, por meio de plantios subsequentes,
o que levou a um grande declínio na produtividade.
Embora o desmatamento diminua a diversidade de espécies de fauna e
flora no local, os camponeses que vivem em unidades de produção pequenas
não encontraram outra forma mais adequada de se manterem produtivos, que
não seja o manejo dessas áreas em sistema de derrubada e queima. No
entanto, esse impacto não é tão avassalador em curto prazo, porque as
ferramentas que esses camponeses utilizam na derrubada são rústicas,
machado, facão, foice, o que faz a derrubada ocorrer em áreas menores de
quatro hectares. No caso dos camponeses que possuem unidades de
produção maiores e condições de alugar algumas horas de trator, mesmo
esses chegam a derrubar dez hectares no máximo, devido ao alto custo do
serviço e à pouca mão de obra para o plantio e colheita dos cultivos.
Os agricultores diferenciam as unidades de manejo onde desenvolvem
seus sistemas extrativistas. Nas entrevistas, foi possível observar que existem
capoeira, capoeira fina, capoeira grossa ou capoeirão e mata virgem.
Capoeira é composta por vegetação em estágio intermediário de
regeneração. Pode haver áreas com vegetação de maior ou menor porte. Sua
formação ocorre entre seis e 15 anos. Os agricultores consideram essa área
boa para o plantio. Barbosa (2007), em estudo no Bairro da Serra, observou
que nesse tipo de unidade de paisagem existe boa qualidade de solo, onde a
quantidade de biomassa é maior, favorecendo a fertilização do solo após a
queimada.
181
Capoeira fina é o estágio inicial de recomposição da vegetação que se
estabelece. As espécies arbóreas estão em maior quantidade e com pequeno
porte. A idade desta unidade da paisagem pode variar de dois a oito anos
devido às diferenças de intensidade de manejo, fertilidade, declividade etc. É
muito comum nessa unidade a presença de nataleiro (Tibouchina mutabilis),
planta normalmente utilizada para lenha.
Capoeira grossa ou capoeirão inclui vegetação em estágio avançado de
regeneração, em torno de 20 a 40 anos, composta por árvores de grande porte.
Esta unidade da paisagem normalmente não é utilizada para os sistemas de
manejo roça, devido à legislação ambiental. Apesar da maior dificuldade de
retirar a vegetação, ela também é citada pelos entrevistados como uma ótima
unidade para obtenção de melhores roças. De acordo com Barbosa (2007), é
pelo fato da boa qualidade do solo que promove redução de manejo das
espécies competidoras.
Matas virgens são locais em que a vegetação nativa não foi retirada ou
foi pouco retirada. A área onde se encontra essas matas não é utilizada na
produção da roça. A vegetação nativa é mais utilizada na coleta de frutos,
aproveitamento de madeira já caída ao chão, e raras vezes há o corte de
espécies, a não ser quando existe necessidade para construção de
benfeitorias, embora muitas vezes procurem antes em áreas de capoeirão.
Nessas matas, as árvores possuem grande porte ou em alguns casos de
menor porte, mas é raro. É comum observar mata virgem nos morros e
encostas.
Esses ambientes florestais citados acima também são chamados de
sertão por esses agricultores. Barbosa (2007) observou que o sertão nessa
região é todo tipo de formação florestal com vegetação nativa que esteja no
mínimo com 15 anos sem que sua vegetação tenha sido suprimida. Para
outros, o sertão é um tipo de formação florestal em estágio avançado de
desenvolvimento e que também se localiza a distâncias de uma ou duas horas
de caminhada de sua casa e que também não esteja muito próximo de
residências.
Neste estudo, verificou-se que as áreas de várzea também são
ocupadas pelos camponeses para a prática de agricultura de subsistência e
182
pastagem, fato também observado por Noda et al. (2001) nas regiões
ocupadas por comunidades tradicionais na Amazônia.
Isso ocorre porque são áreas que apresentam uma fertilidade do solo
interessante e abundância de recursos naturais. O uso dessas áreas úmidas
serve como estratégia de apropriação desses espaços, pois os espaços que
podem ser utilizados para o plantio são pequenos e a subsistência dessas
famílias depende do que produzem na terra e da forma como interagem com o
ambiente.
Foram citadas pelos agricultores 55 etnoespécies utilizadas através de
sistemas extrativistas (Tabela 20). Eles coletam de capoeiras e matas que
podem estar localizadas dentro ou fora da UP, porém exploram mais as
unidades de paisagem presentes na UP. E apenas quando necessário buscam
em outro local.
Jacaré (Piptadenia gonoacantha.), utilizada como lenha, e quina
(Solanum pseudo-quina), como remédio para problemas gastrointestinais,
foram as mais citadas. As UPs BS001 e BS002 foram as que mais citaram
etnoespécies e suas formas de utilização. Dentre as formas de utilização, a
medicinal é a mais citada, com 28 etnoespécies (41,8%) para esse uso.
As utilizadas na alimentação, como frutos, são compostas por 15
etnoespécies (22,4%). Para produção de lenha, 13 (19,4%) espécies foram
citadas. Para construção de benfeitorias como cercas, casas, currais,
chiqueiros, entre outras, foram citadas oito (11,9%) etnoespécies. Para
confecção de artesanato, em geral cestos, foram citadas três (4,5%)
etnoespécies.
A pesca também é desenvolvida na região como sistema extrativista,
porém apenas quatro unidades produtivas afirmaram desenvolver essa
atividade. Mas em observações no local, percebeu-se que no período do verão
essa é uma atividade muito intensa na região, principalmente entre as
mulheres, que se reúnem para pescar nos rios da região como uma forma de
lazer e obter o peixe para complementar a dieta alimentar da família.
183
TABELA 20. Etnoespécies vegetais utilizadas nos sistemas extrativista, citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da Serra.
Etnoespécie Família
Botânica Nº UPs citaram % Etnoespécie Família Botânica
Nº UPs citaram % Etnoespécie
Família Botânica
Nº UPs citaram %
Jacaré Mimosaceae 8 6,0 Pau de fumo Asteraceae 2 1,5 Taporoca – 1 0,8
Quina Solanaceae 8 6,0 Unha de gato – 2 1,5
Caeté Cannaceae 6 4,5 Jambo Myrtaceae 2 1,5
Goiaba Myrtaceae 6 4,5 Jaracatiá Cecropiaceae 2 1,5
Pacová Zingiberaceae 6 4,5 Assa peixe Asteraceae 1 0,8
Jatobá Fabaceae 5 3,8 Camarinha Myrtaceae 1 0,8
Tabacuvera/bocuvera – 5 3,8 Capava – 1 0,8
Cana do brejo Costaceae 4 3,0 Capibaroba – 1 0,8
Cipó milhomen Aristolochiaceae 4 3,0 Caviuna – 1 0,8
Laranja Rutaceae 4 3,0 Copaíba Caesalpinioideae 1 0,8
Nataleiro Solanaceae 4 3,0 Corvinha – 1 0,8
Taquara – 4 3,0 Espinheira santa Celastraceae 1 0,8
Timbopeba/Timpubeva – 4 3,0 Fé da terra – 1 0,8
Brejaúva/Embaúva Cecropiaceae 3 2,3 Folha santa Crassulaceae 1 0,8
Cipó cruz Rubiaceae 3 2,3 Gervão/ Gerbão Verbenaceae 1 0,8
Covatã – 3 2,3 Guacá Sapotaceae 1 0,8
Curcumeiro – 3 2,3 Guaparai – 1 0,8
Gambaeiro – 3 2,3 Guapeva Sapotaceae 1 0,8
Ingá Fabaceae 3 2,3 Hortelã Lamiaceae 1 0,8
Rubim Lamiaceae 3 2,3 Jabuticaba Myrtaceae 1 0,8
Taiuva Moraceae 3 2,3 Sobragieiro – 1 0,8
Guarandizinho Piperaceae 2 1,5 Sordinha Cactaceae 1 0,8
Iutinga Lauraceae 2 1,5 Taboa Cyperaceae 1 0,8
Limão Rutaceae 2 1,5 Tansagem Piperaceae 1 0,8
184
4.1.9.6 Roças
A roça desenvolvida por agricultores camponeses é um sistema de
manejo que se caracteriza pelo cultivo de espécies, em sua maioria,
alimentares, em áreas abertas no interior da vegetação nativa, sendo os
procedimentos técnicos mais adotados o corte e a queima com pousio da terra,
pois é por meio deste que os agricultores conseguem trabalhar a manutenção
da fertilidade natural dos solos, além de ser uma técnica pouco ou nada
mecanizada.
Seu estabelecimento ocorre em áreas bem definidas, onde se faz o
plantio de diversas culturas como arroz, feijão, milho, mandioca, cana etc. Os
critérios de escolha para a implantação das áreas de roças recebem influências
políticas, socioculturais, ambientais e se relacionam com o histórico de
ocupação da terra (BARBOSA, 2007).
A escolha do local de estabelecimento da roça está ligada ao tipo de
paisagem presente no local. Os critérios de decisão partem dos próprios
agricultores que irão desenvolver esse sistema de produção, porém existem
influências externas, que também podem ser um fator determinante.
Compreender os fatores que influenciam e direcionam a tomada de decisão
sobre os manejos adotados nas Unidades Produtivas é importante para o
conhecimento das mudanças ambientais e sociais que vêm ocorrendo ao longo
dos anos (BROWDER et al., 2004; VIVAN, 2006).
No Bairro da Serra, como em outros lugares com áreas de preservação
ambiental, vem ocorrendo uma forte tendência de modificação nesse sistema
de manejo, que passou de agricultura de corte e queima (agricultura itinerante)
para um sistema de plantio de forma subsequente, ou seja, cultivo consecutivo
na mesma área (ausência de pousio).
Barbosa (2007), em estudo realizado no Bairro da Serra, citou que as
tomadas de decisões dos agricultores para abertura de roças nesse local
apresentaram dois rumos: as extrínsecas e as intrínsecas à comunidade, pois a
localidade está mergulhada em um contexto ambiental peculiar. Os fatores
extrínsecos não dependem diretamente da comunidade, mas influenciam nas
decisões sobre o uso da terra e, por conseguinte, na escolha das áreas para
cultivo, como a legislação ambiental, o pouco incentivo do governo na
185
agricultura do Bairro da Serra e o turismo, a partir da fuga de força de trabalho
da agricultura. As decisões intrínsecas envolvem um conjunto de necessidades
no suprimento econômico, comércio ou subsistência, e também informações
transmitidas culturalmente de geração em geração. Os aspectos ambientais
também foram incluídos nas decisões intrínsecas, pois dependem do
conhecimento elaborado pela própria comunidade, que é produzido em
décadas de observação da floresta, por todos os agricultores, resultando em
um conjunto de observações empíricas, testadas ano após ano de cultivo na
mesma região e em diferentes condições.
Um critério importante é o tipo de solo onde a roça será estabelecida:
dessa forma os agricultores se baseiam-se em terra boa e terra ruim (Tabela
21).
Para identificar a qualidade do solo, são considerados aspectos
fisionômicos da vegetação, características estruturais e funcionais dos solos,
além da identificação das espécies vegetais nativas presentes no local (SILVA-
ALVES, 2004). Locais com menor declividade da área são considerados
melhores para estabelecimento da roça. No entanto, esse pode ser um critério
secundário, pois é comum a instalação de roça em terrenos com alta
inclinação, principalmente em áreas que possuem solo fértil. Na região também
grande parte da área é declivosa, não sendo esta uma característica
determinante a ponto de restringir a instalação de uma roça, mesmo porque em
muitos casos os agricultores não têm outra opção a não ser implantar suas
roças em um morro, caso da UP BSS006 (Figura 12).
Geralmente essa unidade de manejo possui grande diversidade de
espécies e variedades cultivadas ao mesmo tempo. É comum o consórcio entre
espécies de planta.
Foram citadas pelos agricultores 27 etnoespécies cultivadas em suas
roças, sendo o milho citado em dez UPs (10,4%), feijão e mandioca em nove
UPs (9,4%). Assim, essas etnoespécies são as mais citadas, além de serem
altamente produzidas entre os agricultores em todo Bairro da Serra (Tabela
22). Abóbora, arroz, palmito e cana são outras citadas pela maioria desses
agricultores como espécies cultivadas nas roças. Também foi verificada a
presença de frutíferas em algumas roças. Em geral, os alimentos obtidos na
186
roça são para subsistência da família, e em alguns casos, é vendido o
excedente das colheitas na região circunvizinha.
TABELA 21. Critérios de definição para terra boa e terra ruim para as onze UPs.
Local com terra boa Local com terra ruim
Etnoespécies vegetais nativas presentes na área
jaguarandi preto, nhupindá, capiruvu, pau de fumo, jaguarandi, juveva, jangada, jacaré, embaúva vermelha, figueira.
Nataleiro, samambaia, caeté mirim, sapé, tapiroroca e embaúva branca, cana de brejo, guaricica, vassorinha branca, canela.
Aspectos da paisagem local
“É um terreno fresco, molhado, mato mole, meio, lugar mais baixo (baixada) mato verde escuro.” “É um mato forte com madeira grossa.”
“As plantas desse tipo de terra têm folhas fracas então não aduba a terra e fica terra ruim”.
Nomeação Terra de calcário, Terra calcária preta, Terra preta-roxa.
Terra massapé vermelho, Terra massapé branco, Terra vermelha, Terra amarela, Terra branca.
Estrutura do solo Terra mole, Terra estercada, Terra misturada com areia, Terra fofa, Tem mais argila que areia.
Terra pisoada (compactada), Terra seca.
Outras observações
“Quanto mais tempo a gente deixa a terra descansar melhor porque ela fica terra boa”. Calcário, calcário preto, calcário roxo. “É bom para plantar milho (a espiga dá maior), feijão e vários outros tipos de planta”.
“Terra amarela. Em uma capoeira de 10 anos com terra fraca, as árvores não crescem muito”. “Pedra de moledo (terra ruim e amarelada), só que dá bem mandioca, arroz e abacaxi”.
Produtividade Alta e média Baixa, média ou alta dependendo da espécie cultivada
Manejo Pouco trabalho Muito trabalho
Outro aspecto comum é a presença de grande diversidade de espécies
vegetais espontâneas que não possuem utilidade imediata e que podem
competir com as espécies cultivadas pelos nutrientes do solo (plantas
invasoras). No entanto, em muitos casos, a necessidade produtiva para a
187
subsistência de uma família não chega a ser afetada pela presença dessas
plantas. Sendo assim, é comum observar nas roças uma grande diversidade de
espécies não cultivadas (RERKASEM et al., 2002).
FIGURA 12. Local da roça onde foi colhido feijão, UP BS003.
Quando as roças são localizadas a longas distâncias da residência, o
escoamento da produção é feito por meio de cestos artesanais carregados por
animais ou mesmo pelos agricultores quando não possuem animais para
efetuar esse escoamento.
Por meio das entrevistas, foi levantada a época de preparo do solo,
plantio e colheita das principais espécies cultivadas. Esse sistema de cultivo
está diretamente relacionado ao conhecimento sobre a espécie ou variedade e
também às condições ambientais na região.
Durante o ano, são alternadas épocas de trabalho mais intenso e menos
intenso. As épocas de trabalho mais intenso e de difícil realização estão
principalmente relacionadas com a abertura de roça, atividade de preparo do
solo para receber o plantio, que é mais eficiente no período das secas. Dessa
forma, no Bairro da Serra o preparo do solo ocorre nos meses de julho, agosto
e setembro. No entanto, dependendo das condições ambientais de estiagem e
da necessidade do agricultor, podem ser abertas roças em outros meses do
188
ano. Neste caso, os cuidados devem ser reforçados para que o trabalho de
preparo do solo para o plantio não fique prejudicado em decorrência de chuvas.
TABELA 22. Espécies vegetais cultivadas nas roças e formas de propagação
nas onze UPs estudadas no Bairro da Serra.
Etnoespécie Família Botânica Nº de UPs %
Milho Poaceae 10 10,4
Feijão Fabaceae 9 9,4
Mandioca Euphorbiaceae 9 9,4
Abóbora Cucurbitaceae 7 7,3
Arroz Poaceae 7 7,3
Cana Poaceae 7 7,3
Palmito Arecaceae 7 7,3
Batata-doce Convolvulaceae 5 5,2
Banana Musaceae 4 4,2
Pepino Cucurbitaceae 4 4,2
Inhame Dioscoreaceae 3 3,1
Abacate Lauraceae 2 2,1
Amendoim Fabaceae 2 2,1
Café Rubiaceae 2 2,1
Chuchu Cucurbitaceae 2 2,1
Laranja Rutaceae 2 2,1
Limão Rutaceae 2 2,1
Mamão Caricaceae 2 2,1
Maracujá Passifloraceae 2 2,1
Ata Annonaceae 1 1,0
Cidra Rutaceae 1 1,0
Feijão preto Fabaceae 1 1,0
Jaca Moraceae 1 1,0
Jaracatiá Cecropiaceae 1 1,0
Mandioquinha/batata salsa Apiaceae 1 1,0
Melancia Cucurbitaceae 1 1,0
Moranga Cucurbitaceae 1 1,0
A abertura de áreas para implantação da roça pode ser feita de forma
individualizada ou em grupo. Neste último caso, geralmente é feita a “reunida”,
que é um sistema de organização dos agricultores, correlacionado às
atividades que necessitam ser realizadas em um curto período de tempo, como
a colheita e a abertura de roça. Neste caso, pode ser pago de forma monetária
(R$10,00 a R$15,00) ou é feita por troca de trabalho, ou seja, em determinado
dia se reúnem para trabalhar na roça de um determinado agricultor e outro dia,
189
trabalham na roça do que colaborou, porém poucos grupos ainda realizam
esse tipo de atividade.
Dentre as atividades relacionadas à roça existe a “carpida”, limpeza da
área com o uso da enxada, que pode ser feita durante todo o ano, dependendo
principalmente do período de plantio da espécie. Normalmente é feita nos
períodos iniciais de desenvolvimento do plantio e outras vezes quando o
agricultor acha necessário. Dessa forma, os termos roçar e carpir estão
relacionados à limpeza da área com uso de enxada, e o termo roçada
relaciona-se à abertura de novas áreas para implementação da roça.
Antigamente, para preparar o solo antes da implantação da roça, fazia-
se a roçada e depois se queimavam os tocos (que chamam de coivara). A
técnica era adotada no cultivo de qualquer espécie, mas hoje estão evitando
queimar, pois sofrem imposições da legislação ambiental. Dessa forma,
adaptaram nova rotina de preparo das roças, que se inicia com a roçada para
retirar a vegetação presente no local que já vem sendo utilizado, ou seja uma
capoeira que não está em pousio por mais de cinco anos. Antigamente o
repouso do solo era de 8 a 10 anos ou mais. Após a roçada, cultivam na roça
sem realizar a queimada. Como são obrigados a fazer o plantio subsequente
utilizando a mesma área diversas vezes, diminui-se o tempo de pousio do solo,
pois as capoeiras mais antigas dessa região não podem ser desmatadas. Essa
é imposição das leis ambientais que consideram que essas áreas estão com a
vegetação regenerada e devem ser preservadas. Sendo assim, o tempo
máximo de pousio utilizado atualmente por esses agricultores não pode passar
de quatro a cinco anos, mas, na maioria das vezes, é menos que isso, por não
haver muitos espaços permitidos para o cultivo das roças.
Considerando os aspectos de manejo da roças estudadas, pode-se citar
a abordagem de Adams (2000) sobre os pousios das roças, de que a rotação
dos solos, ao invés das culturas, reduz a propagação de praga, doenças e
planta invasoras. Também Posey (1984), em trabalho desenvolvido com índios
Kayapó, observou que essa etnia vem desenvolvendo, há muitas gerações,
estratégias de manejo que ajudam a controlar a propagação de pragas, por
meio de diversificação do cultivo de espécies úteis, que proporcionam o
aumento da fertilidade do solo e a manutenção do equilíbrio ambiental das
190
áreas cultivadas durante muitos anos.
Para determinar o tamanho das roças, os agricultores dispõem de um
sistema de medição de área que é importante no cotidiano, pois a partir dele,
muitos fatores são determinados, como, por exemplo, a área de roça a ser
plantada, a produtividade do cultivo e o cálculo do quanto se ganha ou se paga
para carpir ou roçar. Barbosa (2007) descreveu junto com agricultores do
Bairro da Serra os sistemas de medida de área (Tabela 23).
Os agricultores definem seu planejamento de uso do solo com base
nesse sistema de medição, definindo o tamanho da roça e os tamanhos dos
espaços que os sistemas de cultivos ocuparão na área.
TABELA 23. Sistemas de medida de área utilizados por agricultores do Bairro
da Serra.
MEDIDA DEFINIÇÃO COMPRIMENTO/ÁREA
1 braça Medida feita com caule de um arbusto ou corda da altura do braço esticado para cima da cabeça até os pés.
+ou- 2 metros
1 tarefa 12,5x12,5 braças ou 15x10 braças.
600 a 625 m2
1 quarta 8 tarefas 4.800 a 5.000 m2
1 alqueire 32 tarefas ou 4 quartas 19.200 a 20.000 m2
Fonte: Barbosa (2007).
Varia muito de um agricultor para outro a nomeação e a medida
utilizada, dependendo do tamanho da área a que estão se referindo. Além do
cálculo de área, também possuem o sistema de medida para volume (Tabela
24). Apesar da semelhança dos nomes entre o sistema de medida de área e de
volume, cada um possui suas definições.
TABELA 24. Sistema de medidas em volume.
MEDIDA DEFINIÇÃO PESO
1 litro Lata de óleo de cozinha que comporta 900 ml de líquido.
0,8 a 0,9 kg
1 quarta 10 litros 8 a 9 kg 1 alqueire 40 litros 32 a 36 kg
Fonte: Barbosa (2007).
Essas são as medidas tradicionalmente utilizadas pelos agricultores.
Para indicar a quantidade de sementes que será plantada, a unidade litro é
191
mais utilizada, para amendoim, arroz, milho e feijão. Essas formas de medida
podem ser mais uma ferramenta de diálogo entre técnico e agricultor, com
relação à assistência técnica. Além disso, são informações importantes para
aprimorar o diálogo entre técnicos agrícolas e a população local.
Em relação à época de cultivo das roças, os agricultores comentaram
que o plantio de feijão, milho, cana, amendoim, batata doce e abóbora pode ser
feito em mais de uma época do ano. Os agricultores citaram muito o plantio do
feijão das águas e do feijão das secas. Esse plantio fora do período principal,
para os grãos na época da seca e para hortaliças em épocas de chuva,
depende da necessidade de subsistência para família do agricultor. Ou seja,
quando não possuem outras fontes de renda, torna-se necessário ampliar os
períodos de cultivos.
A escolha dos meses de plantio relaciona-se com o período de chuvas e
secas, frio e calor, velocidade da produção, problemas com pragas. Em alguns
casos, dependendo da necessidade, desconsideram esses fatores e plantam
fora de época. Assim, foi desenvolvido um calendário agrícola pelos
agricultores, detalhando a época de plantio e colheita das principais espécies
cultivadas na roça, época de preparo do solo para o plantio e atividades de
manutenção da roça (Figura 13). Nos meses de maio a setembro, há maior
intensificação de atividades relacionadas à roça, pois concentram atividades
como preparo do solo para o cultivo, plantio e colheita, além das outras
atividades agrícolas e/ou não agrícolas que as UPs desempenham.
Cardoso (2008), em estudo da etnoecologia, construção da diversidade
agrícola e manejo da dinâmica espaço-temporal nas roças indígenas no rio
Cuieiras no Baixo Rio Negro (AM) e Costa (2004) que pesquisou os
condicionantes de procedimentos técnicos de agricultores tradicionais de três
comunidades da região da Morraria em Cáceres (MT), também identificaram a
relação do período de chuvas e secas influenciando os períodos de plantio nas
roças.
Diante de um contexto fundiário e social favorável e munido de
conhecimento etnoecológico sobre a paisagem, o agricultor tem maior
facilidade em encontrar um bom lugar para desenvolver a roça, podendo
tomar as decisões consideradas adequadas para obter a produtividade
192
almejada (COSTA, 2004; CARDOSO, 2008). Por isso, os saberes
específicos sobre o ambiente são essenciais para que consigam manejar
suas roças.
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
PREPARO DO SOLO PARA PLANTIO
CARPIR E ROÇAR
MILHO PLANTIO
MILHO COLHEITA
FEIJÃO PLANTIO
FEIJÃO COLHEITA
ARROZ PLANTIO
ARROZ COLHEITA
AMENDOIM PLANTIO
AMENDOIM COLHEITA
MANDIOCA PLANTIO
MANDIOCA COLHEITA
HORTALIÇAS PLANTIO
HORTALIÇAS COLHEITA
PLANTIO DIVERSOS
COLHEITA DIVERSOS
INTENSIFICAÇÃO DE TRABALHO
PERÍODO DAS CHUVAS
INICIO DAS CHUVAS
PERÍODO DAS SECAS
FIGURA 13. Calendário agrícola de atividades desenvolvidas nas roças de onze UPs no Bairro da Serra.
Mesmo que não possam mais desenvolver a prática da derrubada e
queima como antigamente, ainda mantêm uma relação intrínseca com o
ambiente, o que possibilita testar alternativas de manejo que permitam
continuar seu modo de vida camponês.
Os agricultores entrevistados também utilizam orientação por sistemas
lunares para definir datas de plantio (Tabela 25).
Pilla e Amorozo (2009) enfocaram que a observação direta e atenta do
ambiente permite aos agricultores estabelecer relações entre as fases da lua e
193
o cultivo. As principais referências foram dadas à lua crescente, período
anterior à lua cheia, e à minguante, período posterior à lua cheia. Para os
agricultores, a lua minguante relaciona-se a uma menor incidência de pragas e
a lua crescente, a um crescimento mais rápido e intenso da planta.
Barbosa (2007) também verificou que agricultores de maior idade do
mesmo bairro utilizam orientação por sistemas lunares para definir época de
plantio e colheita.
Outros autores também observaram agricultores que utilizam as fases
da lua nas tomadas de decisões para o preparo do solo, época de plantio das
espécies vegetais nas roças e corte de madeira. Entre esses autores estão
Souza (2009), com a Comunidade Kalunga no nordeste do estado de Goiás, e
Ferreira (2009), com Comunidades Quilombolas no norte do Espírito Santo.
A fase da lua em que a espécie vegetal foi cultivada também influencia
nos processos e tempo de armazenagem do produto colhido, além da
prevenção de ataque de pragas na roça cultivada. Por exemplo, se o agricultor
plantar arroz na lua minguante, pode aumentar o período de armazenamento
após a colheita.
O plantio de feijão e milho, além do arroz, nessa mesma fase lunar,
interfere na menor incidência ou não ocorrência de caruncho na cultura colhida.
No entanto, existem agricultores que indicam o plantio do arroz na lua
crescente, visando a uma maior produtividade. Sendo assim, as correlações
feitas não impedem que o agricultor faça adaptações de acordo com objetivos
individuais. Por exemplo, o domínio das influências da lua sobre seu plantio
pode fazê-lo plantar milho na lua crescente, mesmo contrariando a maioria das
citações, quando ele tiver o objetivo de aumentar a produção, sem que haja
preocupação com a incidência de pragas.
As fases da lua também orientam no processo de abertura de roça.
Alguns agricultores consideram que abrir a roça na lua minguante dificultará a
rebrota das árvores cortadas e também reduzirá a velocidade de crescimento
das plantas daninhas. A aplicação dos conhecimentos sobre a influência da lua
na agricultura não é feita de forma padronizada. Pode variar quanto aos
objetivos e quanto aos cultivos.
Outro aspecto importante no manejo das roças é o conjunto de técnicas
194
e tecnologias adotadas pelos agricultores em busca de melhorar a qualidade
do solo e combater o ataque de pragas e plantas invasoras. Devido às
mudanças na maneira de desenvolver a agricultura tradicional no local,
modificações estão sendo feitas no sistema tradicional agrícola.
Na literatura, observou-se que um dos objetivos do sistema de coivara é
recuperar a qualidade do solo por meio da sucessão ecológica do ambiente
florestal (ALCORN, 1989; PERONI, 2004; SORRENSEN, 2004). Porém a
região estudada vem sofrendo crescente pressão da legislação na manutenção
dos espaços florestais e isso causou alterações na maneira de ocupação da
terra e forma de manejo das roças, levando esses agricultores a buscar
adaptações à nova realidade.
Barbosa (2007) observou no Bairro da Serra uma crescente diminuição
do tempo de pousio das áreas de roça, o que resultou em maiores problemas
com plantas competidoras, pragas, diminuição da qualidade do solo e da
produtividade. Peroni (2004) também relatou a tendência de diminuição no
tempo de pousio, o que intensificou a utilização da terra pelos agricultores do
Vale do Ribeira. Esse autor citou que esta mudança está ligada a diversas
causas, como escassez de mão de obra, restrições da estrutura fundiária,
titularização legal, condicionamento das exigências da legislação ambiental,
fatores migratórios para áreas urbanas, mudança de atividades econômicas,
entre outras.
Além disso, existe o uso de insumos para o combate de pragas e
doenças. Algumas variedades agrícolas antigas, podendo ser elas mais
adaptadas a determinadas pragas, têm sido substituídas por sementes híbridas
comercializadas. No entanto, em muitos casos, estas sementes dependem de
um combate mais intensivo ao ataque de pragas. Com isso, o agricultor
começa a lidar com um pacote tecnológico diferente das tecnologias
tradicionalmente utilizadas.
Pilla (2006) observou que agricultores de comunidades do Vale do
Paraíba, consideradas tradicionais, utilizavam o sistema de coivara e hoje não
estão utilizando mais. Consequentemente, tem sido cada vez mais frequente a
introdução de insumos agrícolas industrializados no cultivo.
195
TABELA 25. Relação entre lua e espécies cultivadas na roça, conforme a visão de agricultores das onze UPs estudadas.
Cheia Crescente Minguante Nova
Arroz “Não é boa para plantar, pois cria caruncho”.
“Não é boa para plantar, pois cria caruncho e a planta cresce demais”.
- “É a melhor para plantar, pois não cria caruncho. Os pés das plantas ficam mais firmes. Quando plantado nessa lua o arroz colhido pode ficar guardado mais tempo”. - “Não é boa para plantar arroz, pois não produz bem”.
“É a melhor para plantar arroz, porque as plantas nascem todas do mesmo tamanho”.
Amendoim “Produz mais”.
- “É a melhor para plantar porque não cria caruncho”.
-
Cana - -
“É a melhor lua para plantar para não ter ataque das pragas, e a planta não fica muito espelhada”.
-
Chuchu - “Lua ideal para plantar chuchu, a planta produz mais”.
- -
Feijão “Cria muito caruncho e as folhas não caem”.
“Cresce rápido só que cria muito caruncho e a lagarta ataca. Não é bom para plantar o feijão porque alguns pés começam a florescer embaixo e em cima não; Seca embaixo na planta e em cima não”.
“A única lua boa para plantar, se não plantar nela a folha amarela e não cai. Não cria caruncho e a lagarta não ataca. A planta seca toda por igual”.
“Não é bom para plantar o feijão porque cria muito caruncho e alguns pés começam a florescer embaixo e em cima não; Seca embaixo na planta e em cima não”.
Fritíferas - “Essa é lua ideal para o plantio, a planta produzir mais”.
- -
Mandioca - -
“Se plantar nessa lua a mandioca fica mais enxuta e é
melhor pra cozinhar”. -
196
Continuação TABELA 25. Relação entre lua e espécies cultivadas na roça, conforme a visão de agricultores das onze UPs
estudadas.
Cheia Crescente Minguante Nova
Milho
“Dá para plantar, mas não produz bem, dá muito ataque de lagarta”.
“Se plantar nessa lua, a espiga apodrece, cria caruncho e forma sujeira na casca. É boa para crescer, mas estraga muito na colheita. Dá muito ataque de lagarta”.
“É bom plantar apenas nessa lua, pois não cria caruncho. A planta não cresce muito, a palha fica bonita, produz bem. A lagarta ataca menos e às vezes nem ataca se plantar nessa lua”.
“Dá para plantar, mas não produz bem, dá muito ataque de lagarta”.
Verduras - “Essa é lua ideal para o plantio, para produzir mais”.
- -
197
Essa tendência também foi observada no Bairro da Serra. O aumento da
fiscalização sobre o uso de áreas florestadas e do fogo tem incentivado o uso
mais constante de produtos industrializados utilizados na agricultura.
4.2 Descrição e Manejo de Etnovariedades12 em Roças do Bairro da Serra
Com as informações obtidas na segunda etapa de coleta de dados, foi
possível identificar as espécies vegetais que se propagam por sementes e são
cultivadas na unidade de manejo roça. Os agricultores consideraram arroz,
feijão, milho e amendoim como as mais importantes na dieta alimentar, por isso
plantam frequentemente, sendo assim será descrito o manejo das sementes
dessas espécies, que também foram escolhidas como objeto de estudo por
haver disponibilidade de material para visualização e possibilidade de
acompanhamento do manejo nas roças.
A descrição foi realizada em sete UPs, considerando aspectos como:
área ocupada, variedades conhecidas e utilizadas, origem e qualidade das
sementes, descrição de plantio, colheita, armazenamento, coleta, classificação,
seleção, armazenamento e utilização. As UPs prestaram informações apenas
sobre espécies que cultivam, sendo elas:
- BS001 = cultiva arroz, feijão e milho;
- BS003 = cultiva as quatro espécies;
- BS005 = cultiva as quatro espécies;
- B006 = cultiva as quatro espécies;
- BS008 = cultiva arroz, feijão e milho;
- BS009 = cultiva feijão e milho; e
- BS011 = cultiva arroz, feijão e milho.
4.2.1 Etnovariedades citadas pelos agricultores e origem das sementes
Sob o ponto de vista agrícola, as etnovariedades, variedades locais, ou
"folk varieties", representam recursos genéticos agrícolas que vêm sendo
coletados e utilizados pelos bancos de germoplasma e conservados de forma
12 Neste trabalho, são consideradas “etnovariedades” as plantas reconhecidas pelos
agricultores e nomeadas pela população local, possuindo uso característico entre as famílias. As etnovariedades se distinguem entre si pela nominação, função que lhes é atribuída e aspectos morfológicos na visão do agricultor.
198
ex situ. As consequências, objetivos e interesses da conservação ex situ se
diferenciam dos da conservação in situ efetuada por agricultores tradicionais.
Os melhoristas formais se preocupam em manter a máxima diversidade
genética armazenada nos bancos de germoplasma enquanto os agricultores
estão preocupados com a diversidade e a estrutura populacional que garantam
maior adaptação local (SOLERI e SMITH, 1995).
As etnovariedades de amendoim, arroz, feijão e milho citadas por
agricultores de sete UPs do Bairro da Serra foram:
Amendoim
Agricultores de duas UPs citaram quatro etnovariedades de amendoim:
amendoim preto, amendoim vermelho, amendoim branco e amendoim rasteiro,
sendo que o branco é conhecido apenas na UP BS006, que já cultivou, porém
há mais de três anos perdeu a semente (“muda”13) para continuar propagando.
Também perderam as sementes do rasteiro em 2007. A UP BS003 cultiva
apenas o amendoim rasteiro, porém demonstraram o desejo em obter
sementes do preto e vermelho para o cultivo. Percebe-se que existe
compartilhamento de conhecimento no que diz respeito aos tipos de
etnovariedades de amendoim conhecidas pelas UPs BS003 e BS006, porém
deve haver pouco diálogo e/ou contato entre essas UPs, por não estar
existindo troca de sementes.
As sementes de amendoim produzidas na UP BS006 (preto e vermelho)
são da época dos avôs de Zilda, e seu cultivo vem sendo mantido há
aproximadamente 40 anos. Eles dizem que a origem dessas etnovariedades e
do amendoim branco é a própria região. Já o amendoim rasteiro produzido pela
UP BS003 e que a UP BS006 também já produziu, dizem ser originado do
município de Sorocaba-SP. Ambas as UPs ganharam a muda de parentes que
residem nesse município. As variedades antigas de amendoim são plantadas
regularmente com a finalidade de consumo e manutenção da sua viabilidade,
mesmo não tendo o objetivo de grande produção.
Arroz
13 Os agricultores entrevistados denominam por muda a semente utilizada para propagação da
espécie vegetal.
199
Foram citadas um total de onze etnovariedades de arroz (Tabela 26),
sendo as etnovariedades tirivinha, pratão e viralomba as mais conhecidas entre
eles. A tirivinha foi cultivada no passado, e ainda citaram a dificuldade existente
em encontrar a “muda” do arroz cabo roxo. Viralomba é a mais cultivada nas
UPs BS001, BS003, BS005, BS006 e BS008); pratão é cultivada na UP BS001;
e agulhinha, na UP BS011. O arroz vermelho costuma surgir misturado às
demais variedades cultivadas.
TABELA 26. Quantidade de UPs que conhecem e/ou cultivam as
etnovariedades de arroz.
Etnovariedades Nº de UPs
% UP
nº de etnovariedades %
Arroz tirivinha 6 17,1 UP BS005 8 22,9
Arroz pratão 5 14,3 UP BS006 8 22,9
Arroz viralomba 5 14,3 UP BS001 5 14,3
Arroz cabo/talo roxo 4 11,4 UP BS011 5 14,3
Arroz china 4 11,4 UP BS009 4 11,4
Arroz agulhinha 3 8,6 UP BS003 3 8,6
Arroz matão casca vermelha 2 5,7 UP BS008 2 5,7
Arroz amarelo 2 5,7
Arroz vermelho 2 5,7
Arroz preto 1 2,9
Arroz de 3 meses 1 2,9
Os agricultores informaram que os pássaros trazem a semente, sendo
assim, mesmo que não cultivem, sempre há uma pequena quantidade dessa
variedade misturada às outras, durante a fase produtiva e colheita. Verifica-se
que os agricultores conhecem mais etnovariedades do que cultivam, sendo que
quase todas cultivam apenas uma etnovariedade, com exceção da UP BS001,
que citou o cultivo de duas.
Foi feita análise descritiva com as matrizes binárias, tendo sido obtida a
caracterização da origem das sementes de arroz (Tabela 27). Das onze
etnovariedades de arroz citadas por esses agricultores, em 21,1% a semente é
originária da própria região. Dizem também que eram cultivadas no Bairro da
Serra desde a época em que os pais deles trabalhavam na roça, ou seja, a
maioria das etnovariedades de arroz conhecidas por esses agricultores eram
cultivadas pelos antigos agricultores camponeses da região, que transmitiram
seus conhecimentos a respeito dessas etnovariedades aos atuais agricultores.
200
TABELA 27. Características descritoras da origem das sementes de arroz.
Etnovariedade Nº características origem % Característica de origem Nº de etnovariedades %
Arroz viralomba 5 13,2 Da região 8 21,1
Arroz matão casca vermelha 5 13,2 Da época dos pais 8 21,1
Arroz cabo/talo roxo 4 10,5 Os antigos plantavam 6 15,8
Arroz tirivinha 4 10,5 Comprou de vizinho 4 10,5
Arroz agulhinha 4 10,5 Comprou em Bombas 2 5,3
Arroz amarelo 4 10,5 Compra na casa da lavoura em Apiaí 2 5,3
Arroz china 3 7,9 Não é da região 2 5,3
Arroz vermelho 3 7,9 Não acha mais 2 5,3
Arroz de 3 meses 3 7,9 Está há anos na região 2 5,3
Arroz pratão 2 5,3 Tem no Poço Grande 1 2,6
Arroz preto 1 2,6 Em Iporanga ainda acha 1 2,6
201
Das etnovariedades de arroz citadas, viralomba foi identificada como a
mais cultivada e é considerada da própria região e, juntamente, com o arroz
matão casca vermelha representam as etnovariedades que apresentaram
13,2% de características descrevendo a origem das sementes.
Feijão
Foram citadas pelos agricultores um total de 21 etnovariedades de feijão
(Tabela 28). As etnovariedades carioquinha e mulatinho são as mais
conhecidas e cultivadas entre eles. Em segundo lugar, a mais conhecida é a
etnovariedade preto e em terceiro mãezinha, roxo e rosinha. O carioquinha é
cultivado em quatro das UPs e o mulatinho em três. O preto é bem conhecido,
mas apenas a UP BS001 cultiva, pois a aceitabilidade dessa etnovariedade
não é boa pela maioria desses agricultores.
TABELA 28. Quantidade de UPs que conhecem e/ou cultivam as
etnovariedades de feijão
Etnovariedades Nº de UPs % UP
Nº de etnovariedades %
Feijão carioquinha 7 12,7 UP BS001 14 25,5
Feijão mulatinho 7 12,7 UP BS009 10 18,2
Feijão ouro 5 9,1 UP BS005 7 12,7
Feijão preto 5 9,1 UP BS006 7 12,7
Feijão roxo 4 7,3 UP BS011 7 12,7
Feijão rosinha 4 7,3 UP BS008 6 10,9
Feijão mãezinha 4 7,3 UP BS003 4 7,3
Feijão zebrinha 2 3,6
Feijão rim de porco 2 3,6
Feijão jaula 2 3,6
Feijão batuva 2 3,6
Feijão mouro 2 3,6
Feijão arroz 1 1,8
Feijão monge 1 1,8
Feijão caqui 1 1,8
Feijão mamona 1 1,8
Feijão cariocão 1 1,8
Feijão caldeado 1 1,8
Feijão de corda 1 1,8
Feijão sangue de boi 1 1,8
Feijão iopa 1 1,8
Das 21 etnovariedades citadas, apenas sete são cultivadas por esses
agricultores, sendo elas: carioquinha, cultivada nas UPs BS001,BS003, BS006
202
e BS008; preto, na UP BS001; mulatinho, nas UPs BS003, BS008 e BS009;
rosinha, nas UPs BS006 e BS009; mãezinha, nas UPs BS009 e BS011); jaula,
na UP BS001; e sangue de boi, na UPBS011.
Esses agricultores cultivam de duas a três etnovariedades de feijão em
suas roças, e como ocorrido para o arroz, conhecem mais etnovariedades do
que cultivam.
Por meio de análise descritiva, obteve-se a caracterização da origem
das sementes de feijão (Tabela 29). Das 21 etnovariedades de feijão citadas
por esses agricultores, em 24,2% a origem da semente é da própria região e
11,3% são consideradas da localidade Bombas. Quando acontece de algum
agricultor perder a “muda” da etnovariedade, de costumeiro cultivo, é comum
procurar moradores desse local para adquirir a semente.
Os agricultores consideraram que 11,3% das etnovariedades de feijão
(feijão rim de porco, feijão arroz, feijão batuva, feijão caqui, feijão mamona,
feijão mouro e feijão caldeado) tiveram o recurso genético perdido, ou seja,
desconhecem a existência do cultivo dessas etnovariedades tanto no Bairro da
Serra como em outros lugares.
Das etnovariedades de feijão citadas, feijão mulatinho = 11,3%, feijão
carioquinha = 9,7% e feijão mãezinha = 8,1% são as que apresentam mais
características descritoras de origem das sementes, sendo essas as mais
cultivadas nas UPs que participaram deste trabalho. Essas etnovariedades
também são consideradas da região, não necessariamente a origem é do
Bairro da Serra, pode ser da região circunvizinha.
Milho
Os agricultores que participaram deste estudo citaram um total de nove
etnovariedades de milho (Tabela 30). Na agricultura camponesa ainda é
possível encontrar variedades crioulas de milho, que são capazes de tolerar
melhor as variações ambientais bem como resistir ao ataque de organismos
prejudiciais. São também mais adaptadas às condições locais, atendendo
assim aos princípios da Agroecologia e garantindo autonomia ao pequeno
produtor (CATÃO, 2007).
203
TABELA 29. Características descritoras da origem das sementes de feijão.
Etnovariedades Nº características origem % Característica de origem Nº de etnovariedades %
Feijão mulatinho 7 11,3 Da região 15 24,2
Feijão carioquinha 6 9,7 Bombas 7 11,3
Feijão mãezinha 5 8,1 Não existe mais 7 11,3
Feijão ouro 4 6,5 Comprou de um vizinho 6 9,7
Feijão rosinha 4 6,5 Bairro da Serra 5 8,1
Feijão preto 3 4,8 Tem que comprar de alguém que planta 5 8,1
Feijão jaula 3 4,8 Não é da região 4 6,5
Feijão batuva 3 4,8 Da época dos pais 4 6,5
Feijão monge 3 4,8 Compra no mercado 2 3,2
Feijão cariocão 3 4,8 Apiaí 2 3,2
Feijão sangue de boi 3 4,8 Compra na feira 2 3,2
Feijão roxo 2 3,2 Ganhou a muda 1 1,6
Feijão zebrinha 2 3,2 Sítio Novo 1 1,6
Feijão rim de porco 2 3,2 Comprar na casa da lavoura 1 1,6
Feijão arroz 2 3,2
Feijão caqui 2 3,2
Feijão mamona 2 3,2
Feijão mouro 2 3,2
Feijão caldeado 2 3,2
Feijão de corda 1 1,6
Feijão iopa 1 1,6
204
TABELA 30. Quantidade de UPs que conhecem e/ou cultivam as
etnovariedades de milho
Etnovariedades de milho
Nº de UPs % UP
Nº de etnovariedades %
Milho palha roxa 6 28,6 BS006 6 28,6
Milho híbrido amarelinho 5 23,8 BS001 5 23,8
Milho branco 3 14,3 BS003 3 14,3
Milho pipoca 2 9,5 BS009 3 14,3
Milho híbrido mole 1 4,8 BS008 2 9,5
Milho híbrido duro 1 4,8 BS011 2 9,5
Milho cunha 1 4,8
Milho palha branca 1 4,8
Milho elastec 1 4,8
A etnovariedade palha roxa é a mais conhecida entre os agricultores, o
híbrido amarelinho é o segundo mais conhecido e o milho branco é o terceiro.
Antigamente esse último era o mais cultivado no Bairro da Serra, porém,
atualmente, não se cultiva mais por não encontrarem “muda” dessa
etnovariedade. Também informaram que o milho pipoca era muito cultivado na
região, mas hoje quase não se encontra mais.
Das nove etnovariedades citadas, cinco são cultivadas por esses
agricultores, sendo elas: palha roxa, nas UPs BS001, BS003, BS006 e BS009;
híbrido amarelinho, nas UPs BS001, BS003, BS008, BS009 e BS011; palha
branca, na UP BS003; híbrido mole, nas UPBS006; e pipoca, na UP BS006. A
maioria cultiva palha roxa e híbrido amarelinho. Nas roças cultivam de uma a
três etnovariedades de milho.
Abreu et al. (2007), em estudo realizado para avaliar a produtividade de
milho crioulo produzido por agricultores familiares de Chapecó-SC, afirmaram
que as variedades crioulas roxo, branco e palha roxa são tão produtivas quanto
os híbridos de alta tecnologia, e têm a vantagem de os próprios agricultores
poderem produzir suas próprias sementes, não sendo dependentes de
empresas que detenham a tecnologia de produção de sementes.
Por meio da análise descritiva, obteve-se a caracterização da origem
das sementes de milho (Tabela 31).
205
TABELA 31. Características descritoras da origem das sementes de milho.
Etnovariedades Nº características origem % Característica de origem Nº de etnovariedades %
Milho palha roxa 5 20,8 Da região 5 20,8
Milho pipoca 3 12,5 Compra na casa da lavoura 3 12,5
Milho branco 3 12,5 Difícil achar 3 12,5
Milho elastec 3 12,5 Ribeirão Grande 3 12,5
Milho híbrido mole 2 8,3 Não é da região 3 12,5
Milho cunha 2 8,3 Não acha na casa da lavoura 2 8,3
Milho palha branca 2 8,3 Da época dos pais 2 8,3
Milho híbrido amarelinho 2 8,3 Comprou do vizinho 1 4,2
Milho híbrido duro 2 8,3 Da época dos avós 1 4,2
Comprou de um agricultor em Apiaí 1 4,2
206
Das sete etnoraviedades de milho citadas por esses agricultores, 20,8%
delas têm origem da semente na própria região, 12,5% precisam ser adquiridas
em estabelecimento comercial de produtos agropecuários, normalmente no
município de Apiaí.
Abordaram a dificuldade em encontrar material genético para o cultivo
das etnovariedades milho pipoca, milho branco e milho elastec, que
consideram da região do Vale do Ribeira.
Das etnovariedades de milho citadas, milho palha roxa foi identificada
como a mais cultivada. É considerada da própria região e apresenta 20,8% de
características descrevendo a origem das sementes.
Foram citadas pelos agricultores ao todo 45 etnovariedades das quatro
espécies aqui descritas, sendo observado maior número de variedades totais
do que de espécies, fato já amplamente discutido na literatura (BOSTER,
1983).
Uma característica importante a ressaltar é que populações humanas
fora do contexto amazônico, como os camponeses de São Paulo, por exemplo,
podem cultivar um número tão grande ou até maior de espécies e variedades
que populações humanas indígenas amazônicas (PERONI, 2004).
Existe a presença de espécies semelhantes entre si sob a forma de
propagação (semente), e da parte utilizada para consumo (grãos), fato
observado por Martins (1994).
Em relação à nominação das etnovariedades, Peroni e Martins (1996)
observaram que no detalhamento para diferenciação dos nomes de
etnovariedades, o agricultor pode chegar a um nível subvarietal, caracterizando
a variedade com um nome e também um "sobrenome"14, podendo haver mais
de uma variedade com um mesmo nome mas com um "sobrenome" diferente.
Esse detalhamento, com nomeação utilizando um binômio, se assemelha ao
binômio gênero-espécie empregado na sistemática biológica (Berlin, 1992).
Esse fato ocorreu na nominação de algumas das etnovariedades citadas pelos
agricultores.
Foi possível perceber evidências da existência de ampla diversidade de
etnovariedades em outros locais que abrangem a região do Vale do Ribeira.
14 Na linguagem do agricultor.
207
Também se mantém através dos agricultores estudados, e possíveis outros na
região do Vale do Ribeira, um circuito interno de manutenção das
etnovariedades locais, por meio de troca de sementes e compra com vizinhos
ou moradores de outros locais da própria Região. Sendo assim, existe no
Bairro da Serra a conservação in situ das etnovariedades locais de amendoim,
arroz, feijão e milho, conforme citou Dominguez (2000), que abordou essa
conservação como a realizada pelos próprios agricultores, por meio do sistema
informal de sementes ou sistema de sementes crioulas.
Os agricultores estudados citaram etnovariedades que foram cultivadas
por seus ancestrais, e continuam sendo cultivadas por eles. Mesmo que haja
conservação in situ, muitas das etnovariedades citadas já não são mais
cultivadas por novas opções ou extinção do material genético de propagação.
Dessa forma, há uma demanda reprimida de etnovariedades que já não são
mais encontradas, o que demonstra indício de erosão genética.
Tomando como base a realidade do Vale do Ribeira, que vem sofrendo
um impacto social negativo pela diminuição do número de pessoas envolvidas
com o sistema da agricultura camponesa, pode-se dizer que os agricultores
desse sistema, nessa região, estão em extinção e com eles todos os
conhecimentos tradicionais, etnoespécies, etnovariedades, manejos etc., que
tendem a se extinguir.
Considerando esses aspectos, é muito importante a realização de
futuros estudos que possam “medir” essas demandas reprimidas ou a ausência
de sementes para que seja possível avaliar a diversidade genética que já foi
perdida e que ainda é mantida por agricultores camponeses e como essa
diversidade se encontra estruturada, além de detectar o nível da erosão cultural
do campesinato como protetor da agrobiodiversidade.
Outro aspecto, é que a rápida erosão genética desses materiais leva à
necessidade de resgate e preservação do conhecimento tradicional, e
paralelamente, à orientação de programas de conservação de germoplasmas
in situ/on farm (JARVIS et al, 2000; ALTIERI, 2002). Isso leva-nos a crer que as
culturas difundidas em roças tradicionais merecem uma maior atenção do
domínio público.
208
4.2.2 Semeadura do amendoim, arroz, feijão e milho nas roças
Quantidade plantada e semeadura do amendoim
Duas das UPs entrevistadas cultivam amendoim em uma tarefa de chão,
que equivale a aproximadamente 625 m². A quantidade de sementes variou de
um a três litros, aproximadamente de 0,8 a 2,7 kg. Como exemplo, alguns
comentários dos agricultores:
“Em 2007, plantei 1,5 litro de amendoim preto e colhi um saco de 60 kg,
plantei 2,5 litros de amendoim vermelho e colhi 1,5 saco de 60 kg e plantei um
litro de amendoim rasteiro e não colhi nada, os rataiada comeram tudo, colhi
pouco por causa dos ratos que atacaram tudo.”
“Em setembro de 2009, tô baseando plantar três litros de amendoim
preto e três litros de amendoim vermelho, e se arranjar a muda do rasteiro tô
querendo plantar também, mas dá muito trabalho tratar dele, é difícil de colher
ele por isso planto pouco.”
O Bairro da Serra apresenta elevados índices pluviométricos, assim, os
agricultores procuram plantar o amendoim nos períodos de agosto a setembro,
época com menor concentração de chuvas. Segundo Santos e Suassana
(2006), apesar da ampla adaptabilidade do amendoim ao clima das regiões
tropicais, a produtividade é fortemente influenciada por fatores ambientais,
especialmente temperatura, disponibilidade de água e radiação, como qualquer
outra cultura. Sendo assim, condições ambientais adversas reduzem o
crescimento da planta, de maneira diferenciada, dependendo do estágio em
que ela se encontra – vegetativo ou reprodutivo. A temperatura é o fator
ambiental com maior efeito no desenvolvimento e crescimento do amendoim.
Portanto, o requerimento de calor deve ser determinado conforme as diferentes
regiões.
A alta umidade local também propicia ocorrência de doenças foliares, e
os agricultores não utilizam fungicidas para controle de doenças. Mesmo que
houvesse aplicação de fungicidas, nem sempre seria possível o completo
controle das doenças foliares em decorrência das chuvas constantes, comuns
no Bairro da Serra (PEDRO JÚNIOR et al., 1994). Dessa forma, os agricultores
relataram a dificuldade de manejo para essa espécie, e não utilizam recurso
algum quando existe ocorrência de pragas e doenças, sendo que muitas das
209
vezes perdem boa quantidade do que foi plantado, prejudicando a
produtividade final.
Os agricultores informaram que o ideal é plantar amendoim em meses
mais secos e quentes, para que não ocorram tantos problemas com pragas e
doenças. Abaixo, comentário de um agricultor em relação à época de cultivo:
“A época de plantar amendoim é de julho até setembro. É bom plantar
na época mais seca e quente, porque é uma planta difícil de lidar com ela, e se
plantar nessa época fica mais fácil”.
Quando o agricultor se refere ao tratamento da planta, ele quer dizer
sobre o manejo e tratos culturais para manutenção da espécie na roça. Nos
seus comentários, foi possível perceber que consideram o amendoim uma
espécie muito sensível, que requer maiores cuidados para que obtenham a
produção almejada. Porém, afirmaram que na maioria das vezes não se obtém
grande produtividade com amendoim. O que colhem é utilizado apenas para o
consumo e por isso continuam plantando, pois é compensatório por não
precisarem comprar e ter mais uma opção de alimento.
Para o cultivo do amendoim, fazem a roçada e deixam os restos do que
foi roçado na área de plantio como adubo (adubação verde). A UP BS006
costuma usar, além dos restos das roçadas, esterco de gado colhido na própria
UP, como complementação de adubo. Foi o filho deles que ensinou a
aproveitar o esterco como adubo e gostaram do resultado, dizem: “a planta
cresce mais bonita e produz mais”.
O amendoim pode ser cultivado no máximo dois anos no mesmo local. A
cova deve ser de cinco a oito centímetros de profundidade, dispostas uma ao
lado da outra e plantam de três a quatro sementes por cova. Dizem que
também se pode plantar a vagem, utilizando uma vagem por cova, porém as
duas UPs costumam plantar a semente, mas dizem que tanto a germinação da
semente quanto da vagem é igual. A distância entre covas para o amendoim
rasteiro deve ser 80 cm; para o amendoim preto, vermelho e branco, de 60 cm
entre uma cova e outra (Figura 14). Para o rasteiro, deve ser maior porque a
planta se espalha mais.
A germinação do amendoim ocorre oito dias após o plantio. As
variedades de amendoim preto, vermelho e branco ficam no ponto de colheita
210
cinco meses após o plantio e o rasteiro em nove meses. Os agricultores sabem
que está no ponto de colheita quando percebem que as folhas da planta estão
amareladas com pintas pretas e murchas.
Segundo Suassana et al. (2006), a variedade de amendoim com cultivo
predominante no estado de São Paulo é a tatu vermelho, que possui um ciclo
de cultivo de 100 a 110 dias. É uma semente melhorada em termos de
produtividade e precocidade, não é a mais recomendada, e sim a mais
cultivada. Porém, ao considerar suas características de resistência, não se
adaptaria às condições climáticas do Bairro da Serra. As etnovariedades de
amendoim cultivadas por esses agricultores possuem suas características de
rusticidade que permitem continuar se propagando no local e fornecer mais
uma opção de alimento para as famílias que as produzem.
Amendoim rasteiro
Amendoim preto, vermelho e branco
FIGURA 14. Posicionamento e distância das covas para o plantio de amendoim nas roças no Bairro da Serra.
Quantidade plantada e semeadura do arroz
A quantidade de arroz cultivada por esses agricultores variou de 9 a 27
kg e o tamanho da área de 1.250 a 9.600 m², dependendo da necessidade de
consumo da UP (Tabela 32).
Todos citaram problemas de produtividade na colheita de 2008, que foi
afetada por ataque de ratos, isso para todas as espécies cultivadas na roça.
211
TABELA 32. Quantidade semeada e colhida, tamanho da área ocupada, época de semeadura e colheita para as
etnovariedades de arroz cultivadas em UPs do Bairro da Serra.
UP Etnovariedades Quantidade na semeadura
(kg)
Tamanho da área (m²)
Quantidade colhida
(kg)
Época de semeadura (mês/ano)
Época de colheita
(mês/ano)
BS001
Pratão 18 2.500 9 Novembro/2007 Maio/2008
Viralomba 9 1.250 9 Novembro/2007 Maio/2008
Pratão 18 2.500 600 Novembro/2008 Maio/2009
Viralomba 9 1.250 1.800 Novembro/2009 Maio/2009
BS003 Viralomba 13,5 1.875 480 Outubro/2006 Abril/2007
Viralomba 18 2.500 900 Outubro/2009 Abril/2010
BS006 Matão 9 2.400 4,5 Outubro/2007 Abril/2008
Viralomba 18 2.500 1.200 Outubro/2008 Abril/2009
Viralomba 15 2.500 1.000 Outubro/2009 Abril/2010
BS008 Matão 27 9.600 240 Novembro/2007 Maio/2008
Matão 24,3 9.600 1.500 Novembro/2008 Maio/2009
Matão 27 9.600 1.600 Novembro/2009 Maio/2010
BS011 Agulhinha 22,5 2.500 22 Novembro/2007 Maio/2008
Agulhinha 13,5 1.875 900 Dezembro/2008 Junho/2009
212
Eles contaram que de sete em sete anos acontece “a praga dos ratos
que ocorre no ano que a taquara e a laranjeira estão florescendo, acabando
com toda lavoura”. Devido esse fato, muitas vezes não conseguem colher
nada. Existem histórias que há muitos anos foi necessário muitas pessoas
saírem do Bairro da Serra para buscar alimentos em outros locais, pois tudo o
que foi cultivado na roça foi perdido devido ao ataque dos ratos. Um agricultor
citou: “o rato atacou só esse ano, ano que vem não ataca, porque eles só
aparecem em ano bissexto”. Porém, no local, ninguém sabe explicar a causa
desse acontecimento.
Não foram encontradas na literatura consultada explicações para o
fenômeno do ataque dos ratos. Segundo Sinara (2009), ratos dos gêneros
Ctenomys (tuco-tuco) e Echimys (rato silvestre) têm o hábito de colonizar roças
recém-criadas, porém não foi citado que sua ocorrência se intensifica de sete
em sete anos ou em ano bissexto. Portanto, seria necessário desenvolver
pesquisas mais detalhadas sobre esse aspecto, em busca de maiores
explicações e até soluções para controlar a infestação desses animais nas
roças e paióis.
O arroz sempre é semeado de outubro a dezembro, período de chuva
abundante, e a colheita ocorre de abril a junho, de acordo com a época em que
foi cultivado. A expectativa para colheita de 2009 e 2010 variou de 600 a 1.800
kg de acordo com a quantidade plantada (Tabela 32), e eles estavam otimistas,
devido à certeza de que não haveria mais o ataque de ratos.
A UP BS003 não semeou arroz em 2007, pois ainda tinha arroz para o
consumo, mas em 2008 foi necessário. A UP BS009 não cultiva arroz há mais
de dez anos, prefere comprar, pois considera difícil cuidar da roça de arroz.
Os agricultores comentaram que os melhores locais para o cultivo de
arroz são os mais baixos, que acumulam água. Afirmaram que o arroz produz
bem em solo com umidade elevada, por isso sempre escolhem áreas que têm
brejo e plantam em época de chuva intensa. Sendo assim, assemelha-se ao
sistema do arroz irrigado, cujos solos cultivados com arroz irrigado na região
subtropical do Brasil, especificamente nos estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina, são encontrados, principalmente, nos ecossistemas de várzeas
(solos de várzea) formados por planícies de rios, lagoas e lagunas,
213
apresentando uma característica comum: a formação em condições variadas
de deficiência de drenagem (hidromorfismo) (ALONÇO et al., 2005).
Os agricultores disseram que o arroz só produz em terra (solo) forte e
boa. Citaram algumas características de terra ideal: terra roxa-preta, terra boa
de brejo, terra mole e terra forte de calcário.
Para o cultivo do arroz, fazem a roçada e deixam os restos do que foi
roçado na área de plantio como adubo (adubação verde). O preparo do solo é
iniciado uma semana antes da semeadura.
O arroz pode ser semeado com cavadeira ou máquina plantadeira,
porém todos os agricultores entrevistados utilizam a máquina para o plantio,
devido à rapidez.
A UP BS006 costuma usar esterco como complementação de adubo no
cultivo de todas as espécies da roça. Segundo os agricultores dessa UP, esse
insumo vem colaborando com a fertilidade do solo, já que não podem mais
queimar após a roçada.
Antigamente era comum fazer a roçada e depois queimar, e essa
técnica, segundo o agricultor, controlava a fertilidade do solo, porém devido à
legislação tiveram que abandonar a prática da queimada.
A profundidade da cova é de 5 a 8 cm, semeiam de 15 a 30 sementes
por cova. A maioria costuma usar 20 sementes, assim regulam a máquina para
a quantidade de sementes. Essa mesma máquina faz a cova e
simultaneamente as sementes caem na cova, e o agricultor utiliza seu pé para
arrastar a terra e cobrir a cova.
A distância entre uma planta e outra varia entre 20 a 50 cm, e em geral
utilizam 30 cm de distância. A maioria dos agricultores semeia as plantas
conforme feito para o amendoim (Figura 15). Apenas o agricultor da UP BS011
semeia em triângulo (Figura 15), como aprendeu com seu pai que lhe ensinou
que essa é a maneira ideal para aumentar a produtividade.
Os agricultores dizem que não têm problema com pragas e doenças no
arroz. Informaram que o arroz germina oito dias após o plantio, com três meses
aparecem os grãos, no quarto mês floresce e com seis meses está no ponto de
colheita. Com exceção para o arroz de três meses, cujos grãos aparecem com
214
um mês e meio, ele floresce aos dois meses e no terceiro mês está no ponto
de colheita.
PLANTIO EM QUADRADO 30 cm
30 cm
30 cm
30 cm
PLANTIO EM TRIANGULO 30 cm
30 c
m
30 cm
30 c
m
30 cm
30 c
m
FIGURA 15. Disposição das covas para o plantio do arroz no Bairro da Serra.
Alonço et al. (2005) citaram que o ciclo de desenvolvimento das
cultivares de arroz irrigado, do clima subtropical do Sul do Brasil, variam no Rio
Grande do Sul, entre superprecoce (<100 dias), precoce (110-120 dias), médio
(121-130 dias) e semitardio (>130dias). Em Santa Catarina e no Mato Grosso
do Sul e nos demais estados produtores, o ciclo é definido como precoce (<
120 dias), médio (121-135 dias), semitardio (136-150 dias) e tardio (> 150
dias). Sendo assim, pode-se considerar que a etnovariedade arroz de três
meses é considerada superprecoce e as demais, tardias. Dessa forma, esses
agricultores dispõem da possibilidade de escolher qual ciclo produtivo atende
suas necessidades.
Quantidade plantada e semeadura do feijão
A quantidade de feijão semeada por esses agricultores variou de 0,5 a
13,5 kg e o tamanho da área de 175 a 2.500 m², dependendo da necessidade
de consumo da UP e do tipo de etnovariedade plantada (Tabela 33). Todos
citaram problemas na produtividade na colheita em 2008, além do ataque de
ratos, tiveram problemas com excesso de chuva.
O período de plantio também foi diversificado. Eles comentaram que o
feijão cultivado em janeiro e fevereiro é o feijão das águas, que produz em três
meses, independentemente da etnovariedade.
215
TABELA 33. Quantidade semeada e colhida, tamanho da área ocupada, época de semeadura e colheita para as
etnovariedades de feijão cultivadas em UPs do Bairro da Serra.
UP Etnoariedades Quantidade na
semeadura (kg)
Tamanho da área (m²)
Quantidade colhida (kg)
Época de semeadura (mês/ano)
Época de colheita
(mês/ano)
BS001
Mulatinho 3 600 72 Setembro/2006 Janeiro/2007 Carioquinha 5 625 1 Fevereiro/2007 Maio/2008 Carioquinha 4 625 15 Julho/2008 Novembro/2009 Preto 1 300 40 Julho/2008 Novembro/2009 Jaula 0,5 200 10 Janeiro/2009 Maio/2009
BS003 Mulatinho 3,6 625 150 Fevereiro/2009 Maio/2009
BS006 Carioquinha 13,5 1.200 300 Setembro/2007 Janeiro/2008 Rosinha 4,5 625 480 Fevereiro/2008 Maio/2008
BS009 Mulatinho 9 2.500 120 Setembro/2007 Janeiro/2008 Mulatinho 2,7 500 100 Junho/2008 Outubro/2008 Mulatinho 5,4 625 120 Julho/2008 Novembro/2008 Mulatinho 4,5 625 25 Agosto/2008 Dezembro/2008 Roxinho 0,5 175 2,5 Agosto/2008 Dezembro/2008 Mãezinha 0,5 175 2,5 Agosto/2008 Dezembro/2008 Mulatinho 1,8 400 20 Setembro/2008 Janeiro/2009
BS008 Carioquinha 9 940 15 Agosto/2007 Dezembro/2007 Mulatinho 9 940 15 Agosto/2007 Dezembro/2007 Carioquinha 9 940 150 Agosto/2008 Dezembro/2008 Mulatinho 9 940 150 Agosto/2008 Dezembro/2008 Carioquinha 9 940 300 Agosto/2009 Dezembro/2009 Mulatinho 9 940 300 Agosto/2009 Dezembro/2009
BS011 Mãezinha 6,3 1.250 180 Março/2008 Junho/2008 Sangue de boi 5,4 1.250 13,5 Agosto/2008 Dezembro/2009
216
Já o feijão cultivado de julho a setembro é o feijão das secas, que
produz em quatro meses. Esses nomes são de acordo com a época de plantio,
efetuado com qualquer tipo de etnovariedade cultivada.
Na região sul de Minas Gerais, o feijão de sequeiro é cultivado em duas
épocas, nas águas e na seca; o plantio das águas é feito nos meses de outubro
e novembro. O objetivo é semear no início do período chuvoso para aproveitar
a disponibilidade de água durante todo o ciclo cultural, o que, quase sempre,
resulta em excesso de chuvas e grande umidade no solo (ALMEIDA, 2005).
O plantio da seca concentra-se nos meses de fevereiro e março. O
objetivo é semear no final do período chuvoso para aproveitar a boa
disponibilidade de água nas fases mais críticas para o feijoeiro, ou seja, na
germinação e emergência, na floração e no de enchimento do grão (ALMEIDA,
2005). A separação do plantio de feijão para os agricultores do Bairro da Serra
é semelhante ao adotado em Minas, porém a denominação é oposta à utilizada
em Minas Gerais.
Entre os agricultores havia a expectativa de as colheitas de 2009 e 2010
para as quatro espécies serem mais produtivas, por não ocorrer ataque de
ratos. Porém, o que realmente preocupa esses agricultores em relação ao
feijão é a quantidade de chuvas, que pode atrapalhar e ocasionar perda de
grande parte do que foi cultivado. Esse é um fator determinante nessa região,
já que sempre ocorrem extensos períodos de chuva abundante.
A UP BS003 ficou dois anos sem semear feijão, e em fevereiro de 2009
havia a pretensão de iniciar uma roça de feijão mulatinho consorciada com o
milho. Quando ocorre o período de colheita do milho, as plantas de feijão estão
começando a crescer.
Os agricultores indicaram que os melhores locais para o cultivo de feijão
são os lugares mais altos, onde ocorre maior incidência de raios solares e não
há acúmulo de água, pois afirmaram que essa espécie não é produtiva se
cultivada em local sombrio e muito úmido. Em uma mesma área pode-se
cultivar feijão no máximo duas vezes. Mais que isso o solo enfraquece e a
produtividade não será ideal. Segundo Abreu et al. (2005), solos argilosos e
mal drenados devem ser evitados no cultivo do feijão, assim como as baixadas
úmidas ou sujeitas à inundação ou encharcamento. Para evitar os problemas
217
de excesso de água no solo, os terrenos mais altos e com bom arejamento
devem ser preferidos para semeadura.
Ainda informaram que feijão só produz em terra (solo) forte e boa, e
citaram algumas características de terra ideal: terra preta, terra estercada, terra
fofa e terra forte de calcário.
Para a semeadura do feijão, fazem a roçada e deixam os restos do que
foi roçado na área de plantio como adubo (adubação verde). A UP BS006
costuma usar esterco como complementação de adubo.
O preparo do solo é iniciado uma semana antes da semeadura, que é
feita manualmente com auxílio de uma cavadeira. A profundidade da cova varia
de 5 a 8 cm e semeiam de 3 a 5 sementes por cova. A distância entre uma
planta e outra varia entre 15 a 50 cm, utilizando em geral espaçamento de 40
cm. A disposição das plantas é a mesma do amendoim. A UP BS011 planta em
triângulo, como para o arroz (Figura 16).
Os agricultores citaram alguns problemas fitossanitários que ocorrem no
cultivo do feijão:
“Sempre dá uma murchadeira quando começa a se formar a planta.
Parece que jogou água quente na planta. Chega a perder a roça toda. Mas não
faço nada para evitar isso, o único recurso é perder a roça, porque eu não sei o
que dá isso e nem por quê”.
“Tem que plantar feijão em um ano e no outro ano plantar outro tipo de
planta ou outro tipo de feijão, senão não produz. Porque o feijão deixa um
micróbio na terra que pragueja o mesmo tipo de feijão que planta no outro ano,
por isso tem que trocar de chão. Depois que planto, espero nascer a planta, aí
sempre fico cuidando da roça, tiro os matos que nascem para não enfraquecer
a planta. Qualquer feijão pega praga, mas só pega se repetir o chão e quem
trabalha com veneno tem como livrar, mas nós não trabalhamos com veneno”.
“O caruncho vem de dentro da semente, é uma vida fora da germinação
da semente, vem de dentro aí fura a semente, tem que engraxar a semente
bem quente para matar essa vida dentro da semente”.
“Esse ano deu a ferrugem na folha quando tava madurando e passou
para o feijão mais novo. Também deu lesma no feijão e chegou a matar alguns
pés de feijão, foi porque lesma não gosta de sol e nessa época ficou muito
218
tempo sem sol, aí não tem remédio, tem que tapar as covas em que ela mora e
esperar o sol sair para elas sumirem. Mas não deu nada que prejudica toda a
roça”.
Sendo assim, esses agricultores não dispõem de técnicas para controle
de problemas fitossanitários e muitas vezes acabam perdendo o que foi
plantado por falta de recurso e/ou técnica para controlar tais problemas.
Os agricultores informaram que o feijão germina oito dias após o plantio,
com um mês e meio inicia a floração, aos dois meses começam aparecer as
vagens e chega ao ponto de colheita aos quatro meses, se o plantio foi
realizado nos meses de julho, agosto ou setembro. Para o plantio efetuado nos
meses de janeiro a março, o ponto ideal de colheita do feijão é aos três meses
após o plantio. Não souberam explicar o motivo desse fato.
O ciclo produtivo das etnovariedades de feijão citadas por esses
agricultores quando cultivadas nos meses de janeiro a março é igual para
algumas cultivares melhoradas geneticamente, como exemplo: três variedades
do tipo carioca: a IAC-Votuporanga, IAC-Ybaté e IAC-Apuã, e para de feijão
preto é a IAC-Tunã, todas com ciclo produtivo de 90 dias (IAC, 2010).
Quantidade plantada e semeadura do milho
A quantidade de milho semeada por esses agricultores variou de 2 a 18
kg e o tamanho da área de 900 a 3.800 m², dependendo da necessidade de
consumo da UP (Tabela 34).
Citaram vários períodos de semeadura para o milho, mas consideraram
os meses de julho, agosto, setembro e dezembro os melhores para o cultivo, e
alguns desses agricultores fazem dois plantios em um ano.
Os agricultores informaram não ser interessante o cultivo de milho em
lugares de baixada, pois normalmente essas áreas possuem solos mais
úmidos, sendo assim, recomendaram que o melhor local para cultivar milho
seja em lugares mais altos, porém, não em serras. Explicaram que isso se
deve ao fato de a planta do milho não ser muito adaptável à umidade elevada.
A Embrapa em relação ao sistema de produção do milho recomenda o
cultivo dessa espécie em área com topografia plana e suave, com declividade
até 12%, tendo em vista o controle da erosão e as facilidades de mecanização
(MELHORANÇA et al., 2009).
219
TABELA 34. Quantidade semeada e colhida, tamanho da área ocupada, época de semeadura e colheita para as
etnovariedades de milho cultivadas em UPs do Bairro da Serra.
UP Etnoariedades Quantidade na semeadura (kg)
Tamanho da área (m²)
Quantidade colhida (kg)
Época de semeadura (mês/ano)
Época de colheita
(mês/ano)
BS001
Híbrido 3 975 40 Julho/2007 Janeiro/2008 Híbrido 2 900 30 Agosto/2007 Fevereiro/2008 Palha roxa 10 3750 60 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 3 975 130 Julho/2008 Janeiro/2009 Híbrido 2 900 90 Agosto/2008 Fevereiro/2009
Palha roxa 10 3750 400 Dezembro/2008 Junho/2009
BS003 Híbrido 11 3.800 300 Dezembro/2007 Junho/2008 Palha roxa 4,5 1.250 220 Setembro/2008 Março/2009
Palha branca 4,5 1.250 220 Setembro/2008 Março/2009 Híbrido 5 1.270 250 Dezembro/2008 Junho/2009
BS006 Híbrido mole 9 1.875 250 Agosto/2007 Fevereiro/2008 Palha roxa 9 1.875 250 Agosto/2007 Fevereiro/2008 Híbrido mole 9 1.875 450 Agosto/2008 Fevereiro/2009
Palha roxa 9 1.875 450 Agosto/2008 Fevereiro/2009
BS008 Híbrido 18 9.600 600 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 13,5 3.125 500 Dezembro/2008 Junho/2009 Híbrido 18 9.600 800 Dezembro/2009 Junho/2010
BS009 Palha roxa 4,5 1.250 200 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 4,5 1.250 100 Dezembro/2007 Junho/2008 Palha roxa 3 930 90 Dezembro/2008 Junho/2009 Híbrido 3 930 90 Dezembro/2008 Junho/2009
BS011 Híbrido 9 1.875 50 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 9 1.875 450 Dezembro/2008 Junho/2009 Híbrido 13,5 2.500 675 Dezembro/2009 Junho/2010
220
Para os agricultores do Bairro da Serra, essa recomendação é inviável,
pois, pelo fato de a localidade possuir muitas serras, as áreas de cultivo
normalmente são declivosas, sendo assim, eles utilizam seu conhecimento
sobre o ambiente cultivando o milho em áreas mais altas para evitar acúmulo
de umidade nas plantas. Azevedo (2007) citou um exemplo emblemático de
cultivo em área montanhosa:
“[..] agricultores das montanhas da Papua Nova Guiné, [..] habitam essa ilha ao norte da Austrália [...] As terras baixas da ilhas foram colonizadas por europeus, mas o interior, com relevo de altas montanhas, ficou praticamente isolado do contato com esses colonizadores. Nessa região de montanhas, de difícil manejo sob o ponto de vista agrícola, continuam a cultivar suas bananas e taros até hoje” (AZEVEDO, 2007; p.2).
Grande parte das variedades cultivadas, antigas ou tradicionais, está
relacionada a pequenos agricultores que cultivam em ambientes com
características ambientais peculiares como alta declividade, deficiência de
nutrientes, alta ou baixa umidade, etc., e limitado acesso a variedades
melhoradas por agentes externos à comunidade. Por isso, estas comunidades
são importantes agentes de criação e manutenção de variedades de plantas
cultivadas adaptadas a determinadas condições climáticas e ambientais
(CLEVELAND et al., 2000).
Com relação ao solo, dizem que a “terra tem que ser forte e boa”. Eles
citaram algumas características de solo que consideram ideal: terra roxa-preta,
terra forte de calcário e terra de mata e estercada. Abaixo seguem algumas das
falas dos agricultores em relação aos locais e tipos de solos para o plantio do
milho:
“Terra de calcário que é terra boa para plantar milho. A terra tem que
estar estercada, terra de mata é boa. Terra seca não dá nada, não tem força, a
terra amarela não tem esterco e é fraca. A terra de brejo também não é boa
para plantar milho, porque o milho não gosta de muita água, por isso é bom
plantar milho em lugar mais alto ”.
Para a semeadura de milho, a UP BS003 inicia o preparo do solo um
mês antes, quando faz a roçada e convoca o tratorista da prefeitura de
221
Iporanga para gradear o solo. Segundo ele, uma vez por ano a prefeitura libera
esse serviço gratuitamente para UPs do Bairro da Serra, porém apenas esse
agricultor disse utilizar esse serviço, e somente para roça de milho. As demais
UPs não utilizam desse serviço, pois não há disponibilidade de espaço para o
acesso do trator no local. Caso contrário alguns dos agricultores aceitariam que
a terra fosse gradeada, pois ajudaria no trabalho.
As demais UPs começam a preparar o solo uma semana antes da
semeadura, fazendo roçada na área onde será implantada a roça, preparando-
a para o plantio.
A seleção das sementes que serão semeadas é feita uma semana
antes do plantio, quando escolhem as melhores espigas que sobraram do
consumo, então as descascam e debulham, em seguida peneiram as sementes
para retirada de resíduos e verificam se não há alguma estragada.
Se nos dias em que for semear as sementes das etnovariedades palha
roxa e palha branca estiver um clima quente e seco, o agricultor da UP BS003
dispõe de uma técnica que é realizada apenas nessa UP: um dia antes da
semeadura as sementes são acondicionadas em uma vasilha de água e ficam
assim imersas durante a noite. No dia seguinte, retiram as sementes da água e
as enxugam, e estão prontas para serem semeadas. Segundo esse agricultor,
essa técnica ajuda a semente a germinar se o solo estiver muito seco.
Os agricultores informaram que não é recomendado cultivar o milho, por
mais de um ano, na mesma área. Dizem que a produção decai, porém acabam
sendo obrigados a cultivar dois anos seguidos no mesmo lugar por falta de
espaço possível de ser manejado, devido à legislação ambiental. Porém
constataram que, sempre no segundo ano, a produção é um pouco menor.
A UP BS003 planta o milho palha roxa e o milho palha branca
intercalados no mesmo espaço, dizendo assim fazer pelo fato de o palha roxa,
quando cultivado sozinho, costumar produzir “espigas falhadas”, com pouca
semente. Explica que o milho palha branca controla o palha roxa, por isso
devem ser cultivados intercalados, assim as duas etnovariedades terão uma
boa produção. Esse agricultor vem observando esse fato há alguns anos,
fazendo testes que já comprovaram esse resultado. Já o milho palha branca
pode ser cultivado sozinho, pois não tem problemas de produtividade. Em
222
nenhuma das outras UPs foi verificada essa forma de plantio. A semeadura das
etnoveriedades normalmente ocorre em meses diferentes ou se separa a área
de cultivo de cada uma delas.
O milho é plantado com auxílio de uma cavadeira. A profundidade da
cova é de 5 a 8 cm e são plantadas 3 a 5 sementes por cova, com
espaçamento entre plantas de 1,0 m. A maioria dos agricultores utiliza um
esquema de plantio em forma de quadrado, com as plantas equidistantes,
exceto a UP BS011, que usa a forma de triângulo (Figura 15).
Os agricultores dizem que não ocorrem problemas de pragas e doenças
com essa espécie. O único problema além dos ratos são os ventos fortes, de
difícil controle e que já causaram muitos prejuízos.
A emergência do milho ocorre em oito dias após o plantio. A floração se
inicia após três meses da semeadura, as primeiras espigas aparecem com
quatro meses e meio, com cinco meses as espigas estão no ponto de colheita
para milho verde e aos seis meses para colheita de milho seco.
Considerando todo o contexto abordado acima, percebe-se que as
tecnologias adotadas por esses agricultores camponeses parecem óbvias para
quem já tem uma visão agronômica consolidada em tecnologias de produção.
Sendo assim, pode-se dizer que esses agricultores praticam sim o óbvio, e vêm
mantendo seu sistema vivo há muitas gerações, preservando o ambiente em
que vivem. A despeito disso, Azevedo (2007) citou:
“[...] esses sistemas camponeses vêm garantindo a reprodução de parcela significativa da população humana, ao longo dos 10 mil anos da história da agricultura, sem os inconvenientes ambientais e sociais da agricultura moderna. Se hoje, a partir dos problemas da modernidade, busca-se fazer a “boa agricultura” a partir do respeito aos limites ambientais e sociais, pelo seu lado os agricultores “primitivos” e “atrasados” já o fazem de há muito. É o non sense absoluto: atrasados estarem no futuro” (AZEVEDO, 2007; p.2)
O não óbvio quem faz é a agricultura mercantilista, que é altamente
dependente de um pacote tecnológico, baseada no monocultivo, produção em
larga escala e utilização intensa de insumos sintéticos. Esse sistema de
223
agricultura é totalmente insustentável e destrutivo para os ecossistemas
naturais. Azevedo (op cit.) enfoca:
“Os agricultores deixam, por exemplo, de construir a fertilidade de seus solos pelo uso da matéria orgânica produzida localmente ou pelas combinações diferenciais do uso da terra e passam a comprar a fertilidade embalada em sacos de fertilizantes industriais; deixam de utilizar as sementes próprias para comprá-las das empresas do circuito comercial; deixam de controlar, pelo manejo dos cultivos e criações, os organismos indesejados e passam a controlá-los comprando agrotóxicos; deixam de utilizar os conhecimentos produzidos por eles mesmos para comprar tecnologia produzida por instituições especializadas, públicas ou privadas. Assim, os agricultores perdem seu protagonismo com a substituição dos processos internos pelos externos” (AZEVEDO, 2007; p.8).
Assim, a política ambiental vigente, ao ignorar o potencial
conservacionista dos agricultores camponeses, tem desprezado possivelmente
uma das únicas vias adequadas para alcançar a inclusão dessas populações
rurais, por meio do reconhecimento de sua identidade, da valorização de seu
saber, da melhoria de suas condições de vida e da garantia de sua participação
numa política de conservação pela qual também sejam beneficiadas.
4.2.3 Colheita e armazenamento
Amendoim
A colheita do amendoim é feita manualmente. Arrancam a planta toda,
depois tiram as vagens e colocam em uma lona normalmente estendida no
terreiro da casa, onde são lavadas, em seguida deixam secar ao sol por
aproximadamente dois a três dias. Caso ocorra chuva, recolhem, e assim que
tiver sol colocam para secar novamente. Os agricultores dizem que é
necessário secar para não estragar e nem carunchar.
Após secas, as vagens são acondicionadas em sacos de 60 kg (de nylon
ou algodão), que ficam dispostos em local aproximadamente a um metro de
altura do chão (no paiol ou dentro de casa). Nas duas UPs, o amendoim estava
armazenado dentro de casa em uma mesa de madeira construída pelos
próprios agricultores.
224
Não é feita uma seleção para separar o que será utilizado no plantio da
próxima safra e o que será utilizado para consumo da família. Quando chega o
período do plantio, escolhem uma quantidade de bainhas das que restaram,
selecionando dessas as maiores para realizar o plantio.
Os agricultores dizem que o amendoim rasteiro é o mais produtivo.
Abaixo está a descrição feita por esses sobre a produtividade das
etnovariedades de amendoim:
amendoim rasteiro: um litro plantado = uma tarefa de chão (625 m²) = três
sacos de 60 kg de amendoim colhidos. Produz aproximadamente três a quatro
sementes por vagem, e uma planta sadia produz aproximadamente 100
vagens.
amendoim preto e amendoim branco: um litro plantado = 0,5 tarefa de chão
(312,50 m²) = um saco de 60 kg de amendoim colhido. Produz
aproximadamente três a quatro sementes por vagem, e uma planta sadia
produz aproximadamente 25 a 30 vagens.
amendoim vermelho: um litro plantado = 0,5 tarefa de chão (312,50 m²) = 1
saco de 60 kg de amendoim colhido. Produz no máximo três sementes por
vagem, e uma planta sadia produz aproximadamente 25 a 30 vagens.
Arroz
Os agricultores identificam o ponto de colheita de arroz quando a planta
fica toda amarela. A colheita é de forma manual, utilizando uma foice para
cortar a planta. Depois de colhida, fica estendida no “enceradão”, que é uma
lona plástica estendida no chão, na roça. A planta fica exposta ao sol por três
dias, após isso, batem a planta seca na “cancha”, que é uma estrutura de
madeira semelhante a uma mesa (Figura 16). Embaixo da “cancha”, colocam
uma lona estendida onde as sementes vão caindo. Após retiradas todas as
sementes, deixam secar por mais dois a três dias ao sol.
Passados esses dias, as sementes são acondicionadas em sacos e
armazenadas no paiol ou dentro de casa (em cima de uma mesa ou tábua),
sempre em algum local um metro acima do chão. Não há seleção de sementes
de consumo das que serão utilizadas no próximo plantio. Quando chega a
época de plantio, retira-se uma quantidade do que sobrou para que ele seja
efetuado.
225
LONA
LONA
ONDE BATE
ARROZ/FEIJÃO
CANCHA
FIGURA 16. Representação esquemática da cancha.
Os agricultores dizem que o trabalho de colheita do arroz é difícil,
cansativo e algumas vezes a produtividade não é boa, mas continuam
cultivando essa espécie porque gostam e precisam dela. O período máximo
que costumam deixar armazenado para utilização no plantio é dois anos, mas
dizem que o ideal é não passar de um ano para outro, para a germinação ser
boa.
Antigamente era costume guardar o arroz colhido no jirau, estrutura de
madeira em cima da casa ou do fogão a lenha onde a planta colhida era
amarrada e ficava pendurada para secar. Quando existia o jirau, não era
necessário colocar a planta para secar ao sol, a planta secava com o passar do
tempo e somente era beneficiada antes do consumo.
Feijão
Os agricultores identificam o ponto de colheita do feijão quando a planta
fica toda amarela e as vagens bem secas. Se a semeadura foi na lua
minguante, as folhas caem; caso contrário, ficam apenas murchas. A colheita é
feita manualmente e deve ser realizada em dia de sol, pois o feijão é sensível
à umidade. A planta é arrancada da terra e estendida no “enceradão” por um
dia. No dia seguinte, as plantas são acondicionadas no andaime ou estaleiro,
estrutura de madeira semelhante a uma escada, composta por seis varas de
madeira (Figura 17). As plantas são colocadas uma em cima da outra e de
226
maneira invertida, cada uma para um lado. Essa estrutura fica localizada na
roça, onde o feijão pode ficar guardado por até seis meses. Não é
recomendado mais tempo, pois pode ter ataque de caruncho. Essa é uma
forma de deixar o feijão colhido na roça para ficar secando. À noite ou em caso
de chuva, o andaime ou estaleiro é coberto com uma lona plástica para não
ocorrerem danos ao feijão colhido.
Quando for necessário utilizar o feijão, ele é retirado do andaime ou
estaleiro, e passa pelo processo de malhar o feijão, processo manual de
separar a semente de feijão seco da vagem. Isto é feito em um pequeno
estaleiro, onde a planta é colocada pendurada e o agricultor utiliza uma vara
grande para bater. Com isso, as sementes vão caindo em uma lona que está
estendida ao chão, em seguida retira-se a sujeira, deixando apenas as
sementes. As sementes são peneiradas para retirada do restante de resíduos.
Em seguida, estendem as sementes em uma lona limpa no chão e deixam
secar ao sol por um dia.
FIGURA 17. Agricultor explicando o funcionamento do andaime ou estaleiro.
Para armazenar as sementes, a UP BS009 utilizou o método de
engraxar a semente, ou seja, colocou gordura de porco quente em uma bacia e
passou na semente. Quando elas estavam secas, eram acondicionadas em
227
sacos. As outras UPs também citaram essa técnica, porém disseram que isso
era feito antigamente. As UPs BS001 e BS003 apenas acondicionam as
sementes secas em sacos. As UPs BS006, BS008 e BS011 acondicionam as
sementes em garrafas pet. Quem primeiro aprendeu essa última técnica foi o
agricultor da UP BS008, com alguns amigos agricultores de Capão Bonito,
explicando ser uma maneira de diminuir o ataque de carunchos. Em seguida,
ele ensinou aos agricultores das outras duas UPs que também modificaram a
técnica de armazenamento do feijão.
Tanto as sementes acondicionadas em sacos como em garrafas pet
ficam guardadas no paiol ou dentro de casa, conforme descrito para espécies
anteriores. Não há um critério de seleção para separar o que será utilizado
para o consumo da casa e o que será utilizado para o próximo plantio. O
consumo vai ocorrendo usualmente e quando chega a época do plantio são
selecionadas as maiores sementes dentre as que sobraram. O período máximo
que deixam as sementes armazenadas para serem utilizadas para o plantio é
um ano; mais que isso, eles dizem que a semente não germina.
Pilla (2006), em estudo sobre o conhecimento dos recursos vegetais em
bairros rurais no Vale do Paraíba, também observou que o armazenamento das
sementes é feito em garrafas pet ou em sacos de estopa.
Na chamada sociedade caipira tradicional estudada por Candido (1977),
o cultivo era baseado no trabalho familiar. Existem outras relações sociais
vinculadas ao processo manual de separar a semente de feijão seco da vagem.
O trabalho neste tipo de agricultura comporta também a contratação de mão de
obra temporária, especialmente nas épocas de maior trabalho como abertura
de uma roça, limpa do terreno, ou uma grande colheita. Outras estratégias
também podem ser encontradas, como a troca de dias de serviços. Hoje em
dia isso não é tão comum, mas vale ressaltar que estas já foram, num passado
recente, as práticas de trabalho mais comuns da roça (CANDIDO, 1977;
BRANDÃO, 1999).
Milho
Os processos de colheita para o milho verde e para o milho seco foram
descritos pelos agricultores da seguinte forma:
228
“Milho verde: O milho verde seca a ponta aí já pode colher, quebra a
espiga com a mão para colher. Coloca em um saco, não tira a casca, só tira na
hora de utilizar. O milho verde tem que ser utilizado em no máximo uma
semana senão fica duro e perde o sabor, se descascar tem que guardar na
geladeira, mas normalmente assim que colhe já é utilizado para o consumo da
casa. As espigas que não forem colhidas para utilizar como milho verde ficam
na planta para secar.”
“Milho seco: Quando fica no ponto de colheita a planta fica seca e a
espiga vira para baixo. Para colher, eles quebram a planta e tiram as espigas.
Deixa uma planta sem quebrar e vão jogando as espigas colhidas no chão
próximo à planta que está em pé, esse local onde amontoam várias espigas é
chamado de bandeira. Dependendo da quantidade a ser colhida, formam várias
bandeiras, ou seja, vários amontoados de espigas.”
Depois de colhidas as espigas do milho seco, elas são colocadas no
cargueiro, que são cestos produzidos pelos próprios agricultores. As UPs que
têm animal de tração acondicionam os cargueiros nos animais para levar o
milho colhido para o paiol, que fica próximo a casa. Os agricultores que não
possuem animal carregam o cesto manualmente. Esse é um serviço que
normalmente não é feito em apenas um dia, por isso, cobrem com lona plástica
os locais (bandeiras) onde estão amontoadas as espigas de milho, para evitar
umidade decorrente do sereno ou eventual ocorrência de chuva.
As espigas de milho são armazenadas no paiol, a um metro de altura
do solo. Normalmente separam por variedade e não há seleção da que será
utilizada no consumo da que será utilizada para o próximo plantio. Somente
deixam como sementes para o próximo plantio o milho palha roxa e palha
branca, pois o híbrido é comprado anualmente por não produzir mais que uma
vez. Conforme a necessidade, vão retirando as espigas do paiol, debulhando e
utilizando. O milho para o próximo plantio pode ficar armazenado de oito meses
a um ano; após esse período, ele não germina. Normalmente há ocorrência de
caruncho nesses paióis, porém os agricultores dizem que não tem como evitar
e nem controlar, mas dizem que não chega a interferir na produtividade da
semente.
229
4.2.4 Critérios de classificação das etnovariedades
Nos cálculos de análise descritiva para classificação das etnovariedades
do amendoim, o critério características foi o mais representativo com a
presença de 59,1% das características estabelecidas pelos agricultores para
classificação das etnovariedades; em segundo lugar de importância, o critério
qualidade com 18,2%; em terceiro, o critério produtividade, com 13,6%; e com
menor relevância, estão os critérios processamento e resistência com 4,6%
(Figura 18).
0
10
20
30
40
50
60
70
DESCRITIVA
COMPONENTES PRINCIPAIS
PESO PONDERADO
FIGURA 18. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de amendoim de duas UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).
Para o arroz, o critério características foi o mais representativo com a
presença de 25,3% das características estabelecidas pelos agricultores para
classificação das etnovariedades; em segundo lugar de importância, o critério
qualidade, com 17,3%; em terceiro o critério origem, com 13,3%; em quarto
lugar, os critérios plantio e colheita e período, com 10,67%. O critério
processamento ficou em quinto lugar, com (8%) de características de
classificação; o critério resistência em sexto lugar, com 6,67%; em sétimo lugar
ficou o critério existência, com 4%; o critério produtividade em oitavo lugar, com
2,67%; e com a menor relevância, ficou o critério rendimento, com 1,3% (Figura
19).
230
0
5
10
15
20
25
30
DESCRITIVA
COMPONENTES PRINCIPAIS
PESO PONDERADO
FIGURA 19. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de arroz de UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).
Para feijão, o critério características foi o mais representativo com a
presença de 24% das características estabelecidas pelos agricultores para
classificação das etnovariedades. Em segundo lugar de importância, o critério
qualidade com 20%; em terceiro os critérios processamento, plantio/colheita e
resistência, com 12%; em quarto lugar os critérios produtividade e
armazenamento, com 8%; e com a menor relevância, ficou o critério
comercialização, com 4% (Figura 20).
FIGURA 20. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de feijão de UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).
231
Para milho, o critério características foi o mais representativo com a
presença de 31,9% das características estabelecidas pelos agricultores para
classificação das etnovariedades; em segundo lugar de importância, o critério
qualidade, com 19,4%; em terceiro o critério resistência, com 11,1%; em quarto
lugar o critério plantio/colheita, com 9,7%; o critério produtividade ocupou o
quinto lugar, com 6,9%; em sexto lugar ficaram os critérios processamento,
rendimento e função, com 5,6%; e com a menor relevância, o critério
melhoramento, com 4,2% (Figura 21).
FIGURA 20. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de milho de UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).
Esses critérios foram submetidos à análise fatorial de componentes
principais para identificar os critérios explicativos.
Para classificação das etnovariedades de amendoim, foram identificados
dois fatores com autovalores maiores que um e que responderam a 80,39% da
variação dos dados originais (Tabela 35).
TABELA 35. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes
principais, para explicação da variabilidade dos dados de três
fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de
amendoim, citadas por agricultores de duas UPs do Bairro da
Serra.
Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual
% de explicação acumulada 1 11,3 56,5 56,5
2 4,8 23,9 80,4
232
Na identificação das variáveis mais explicativas, utilizou-se como ponto
de corte dos valores dos módulos das correlações o mesmo adotado para
componentes que entram e saem das UPs. Os fatores foram descritos
considerando os aspectos que cada variável representa (Tabela 36).
TABELA 36. Correlação das variáveis descritoras dos dois fatores que
estabelecem a classificação da etnovariedades de amendoim.
Características Fator 1
Produz mais 0,9
Semente é branquicenta 0,9
Semente grossa 0,9
Semente pintada de preto 0,9
Bainha graúda 0,9
Dá galhos alastrados 0,9
É doce 0,9
Semente graúda 0,9
É áspero 0,8
CARACTERÍSTICAS Fator 2
Produz bem 0,9
Casca da semente é preta 0,8
Gosto forte 0,8
É forte 0,8
No fator 1, foram verificadas nove características de classificação e no
fator 2, quatro características de classificação. Nos dois fatores, foi possível
observar a relação das características com os critérios característica e
qualidade.
A análise de componentes principais separou as características de
classificação, selecionando as mais importantes que estabelecem os critérios.
Os resultados dessa análise corroboram os obtidos na análise descritiva, tendo
ficado em primeiro lugar o critério característica, com a presença de 61,1% das
características de classificação; em segunda ordem de importância, o critério
qualidade, com 16,7%; em terceira ordem, o critério produtividade, com 11,1%;
e com menor relevância, ficaram os critérios processamento e resistência, com
5,6% (Figura 18).
Para o arroz, foram identificados dois fatores com autovalores maiores
que um que responderam 72,3% da variação dos dados originais (Tabela 37).
233
TABELA 37. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes
principais, para explicação da variabilidade dos dados de três
fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de arroz.
Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual
% de explicação acumulada 1 14,8 29,0 29,0
2 8,6 16,8 45,8
3 7,0 13,8 59,6
4 6,5 12,7 72,3
Os fatores foram descritos considerando os aspectos que cada variável
representa (Tabela 38). Nos fatores 1 e 3, foram verificadas quatro
características de classificação; nos fatores 4 e 5, uma característica; e no fator
7, duas características. Os fatores 2 e 6 não apresentaram valor de módulo
maior que 0,7, indicando que esses fatores não são representativos.
TABELA 38. Correlação das variáveis descritoras dos fatores que estabelecem
a classificação das etnovariedades de arroz.
Características Fator 1 Características Fator 3
Grão graúdo 0,7 Muito bom 0,7
Não é quebrador 0,7 Rende na panela 0,7
Bom para cozinhar 0,7 Duro de limpar 0,7
Macio 0,7 Foi o melhor arroz que já existiu
0,7
Características Fator 4 Características Fator 5
O pai plantava 0,8 Espeta tudo 0,7
Características Fator 7
É amarelo 0,7
Tem que comprar na casa da lavoura
0,7
Na identificação da hierarquia dos critérios, o critério característica ficou
em primeira ordem de importância, com a presença de 23,6% das
características de classificação; em segunda ordem de importância, os critérios
qualidade e origem, com 18,2%; em terceira ordem, os critérios plantio e
colheita e período, com 9,1%; os critérios processamento, existência e
resistência ficaram em quarta ordem de importância, com 5,5%; em quinta
ordem de importância, ficou o critério produtividade, com 3,6%; e com menor
relevância na classificação das etnovariedades, ficou o critério rendimento, com
1,8% (Figura 19).
234
Para o feijão, foram identificados três fatores com autovalores maiores
que um e que responderam 73,5% da variação dos dados originais (Tabela 39).
TABELA 39. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes
principais, para explicação da variabilidade dos dados de três
fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de feijão.
Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual
% de explicação acumulada 1 6,6 34,7 34,7
2 4,9 25, 8 60,5
3 2,5 13,0 73,5
Os fatores foram descritos considerando os aspectos que cada variável
representa (Tabela 40). No fator 1, foram verificadas seis características de
classificação; no fator 2, quatro características; e as características do fator 3
não apresentaram valor de módulo maior que 0,7, indicando que esse fator não
é representativo.
TABELA 40. Correlação das variáveis descritoras dos três fatores que
estabelecem a classificação das etnovariedades de feijão.
Características Fator 1
Fácil de vender 0,9
Dá muita praga 0,9
Fica fedido 0,9
Não é bom para guardar 0,9
Ruim de plantar 0,9
Bonito 0,8
Caracteríticas Fator 2
Pode ficar mais tempo guardado 0,9
Não dá cheiro ruim 0,9
Bom para secar 0,9
Duro 0,8
Na identificação da hierarquia dos critérios, o critério característica ficou
em primeira ordem de importância, com a presença de 25% das características
de classificação; em segunda ordem de importância, o critério qualidade, com
20,8%; em terceira ordem, os critérios plantio e colheita e resistência, com
12,5%; os critérios processamento, produtividade e armazenamento ficaram
em quarta ordem de importância, com 8,3%; e com menor relevância na
235
classificação das etnovariedades, ficou o critério comercialização, com 4,2%
(Figura 20).
Para o milho, foram identificados três fatores com autovalores maiores
que um que corresponderam a 71,5% da variação dos dados originais (Tabela
41).
TABELA 41. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes
principais para explicação da variabilidade dos dados de três
fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de milho.
Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual
% de explicação acumulada 1 18,8 31, 9 31, 9
2 15,6 26,4 58,3
3 7,8 13,2 71,5
Os fatores foram descritos considerando os aspectos que cada variável
representa (Tabela 42). No fator 1, foram verificadas 15 características de
classificação, 17 características no fator 2 e quatro características no fator 3.
Na identificação da hierarquia dos critérios, o critério característica ficou
em primeira ordem de importância, com a presença de 29,5% das
características de classificação; em segunda ordem de importância, o critério
qualidade, com 19,7%; em terceira ordem, o critério resistência, com 13,1%; os
critérios produtividade e plantio/colheita ficaram em quarta ordem de
importância, com 8,2%; os critérios processamento e rendimento, em quinta
ordem, com 6,6%; o critério melhoramento, em sexta ordem, com 4,9%; e com
menor relevância na classificação das etnovariedades, ficou o critério função
com 3,3% (Figura 21).
A análise de componentes principais identificou os critérios mais
importantes em termos da variabilidade dos dados, reduziu o número de
variáveis e validou os resultados da análise descritiva.
No ponto de vista dos agricultores, as características da semente, como
cor, tamanho, beleza, sabor, consistência, odor, são informações mais
importantes para classificação das etnovariedades. Em segundo lugar
consideraram os aspectos de qualidade da etnovariedade, exemplo: é boa,
ruim, fraca ou forte.
236
TABELA 42. Correlação das variáveis descritoras dos três fatores que
estabelecem a classificação das etnovariedades de milho.
Características Fator 1 Características Fator 2
Muito bom 0,8 É gostoso 0,927
Palha dura 0,8 Produz bem 0,927
Não é semente tratada 0,8 Bom para espigar 0,907
Planta alta 0,8 Tem pouca palha 0,746
Semente graúda 0,8 Dá para quebrar o galho 0,746
Palhudo 0,8 Tem que colher rápido 0,746
Falha semente na espiga 0,8 Amarelo 0,746
A palha é remédio 0,7 Bom para milho verde 0,746
Difícil o vento derrubar 0,7 Carrega mais de semente 0,746
Palha grossa 0,7 É macio 0,746
Atura mais tempo 0,7 Não falha semente 0,746
É o melhor 0,7 Palha fina 0,746
Palha roxa 0,7 Palha fraca 0,746
É natural 0,7 Planta baixa 0,746
Sabugo roxo 0,7 Semente miúda 0,746
Aguenta a chuva 0,7 Semente tratada 0,746
Características Fator 3 Não é bom 0,708
É tardio de 6 meses 0,875 Características Fator 3
Palha branca 0,875 O vento derruba 0,841
Nasce no meio de outros tipos de milho 0,875
Com os resultados obtidos na análise de componentes principais, foi
feita a análise de peso ponderado, conforme o capítulo 4.1.8 para
componentes que entram e saem das UPs.
Os valores β são o peso individual das variáveis que explicam as
características classificatórias das sementes. Os valores de w referem-se ao
peso relativo de cada variável que explica as características classificatórias das
sementes (Tabela 43).
As características de classificação mais importantes são as com pesos
iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se todas
fossem igualmente importantes. Assim, o critério características foi o mais
importante para os agricultores na classificação, com 54,6% das características
de classificação de amendoim. Em segundo lugar de importância, o critério
qualidade, com 18,2%. Os critérios de menor importância foram:
237
processamento, produtividade e resistência, (9,1%) (Figura 18). Com o
resultado dessa análise foi possível hierarquizar os critérios que explicam as
características em que os agricultores se baseiam para classificar as
etnovariedades.
TABELA 43. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados
das variáveis que explicam os critérios de classificação das
etnovariedades de amendoim.
Características β w Acumulado wx100
Bainha graúda 0,083 0,05 0,05 4,7
Dá galhos alastrados 0,08 0,05 0,3 4,7
É doce 0,08 0,05 0,4 4,7
Produz mais 0,08 0,05 0,7 4,7
Semente é branquicenta 0,08 0,05 0,8 4,7
Semente graúda 0,08 0,05 0,8 4,7
Semente grossa 0,08 0,05 0,9 4,7
Semente pintada de preto 0,08 0,05 1,0 4,7
É áspero 0,07 0,05 0,3 5,4
Produz bem 0,04 0,05 0,6 4,7
Ruim de comer 0,001 0,05 0,8 4,7
Casca da semente é preta 0,04 0,05 0,1 5,1
É forte 0,04 0,05 0,4 5,1
Gosto forte 0,04 0,05 0,6 5,1
Bom para colocar na pamonha 0,05 0,06 0,1 5,6
Casca da semente é vermelha 0,05 0,06 0,2 5,6
Produz pouco 0,05 0,06 0,7 5,6
É gostoso 0,07 0,06 0,5 5,4
É macio 0,07 0,06 0,5 5,4
Semente miúda 0,07 0,06 0,9 5,4
SOMA 0,3 1 100
As características de classificação de arroz mais importantes são as com
pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se todas
fossem igualmente importantes (Tabela 44).
238
TABELA 44. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados
das variáveis que explicam os critérios de classificação das
etnovariedades de arroz.
Características β w Acumulado wx100
Ainda existe em outros lugares 4,9 0,02 0,02 2,1
Bom para colher 5,0 0,02 0,04 2,2
Bom para comer 4,7 0,02 0,06 2,0
Bom para cozinhar 4,0 0,02 0,08 1,7
Bom para plantar 5,0 0,02 0,1 2,2
Branco 4,2 0,02 0,1 1,8
Cacho curto 4,0 0,02 0,1 1,7
Cacho ralo 4,0 0,02 0,1 1,7
Casca áspera 4,0 0,02 0, 2 1,7
Casca dura 4,0 0,02 0,2 1,7
Casca grossa 4,2 0,02 0,2 1,8
Comprou de um agricultor de Bombas 4,5 0,02 0,2 1,9
Comprou de um vizinho 4,7 0,02 0,2 2,0
Dá um cacho grandão 4,2 0,02 0,3 1,8
Difícil perder a muda 4,8 0,02 0,3 2,0
Duro de limpar 4,7 0,02 0,3 2,0
Duro para cozinhar 4,7 0,02 0,3 2,0
Duro para socar 4,7 0,02 0,3 2,0
É amarelo 4,5 0,02 0,4 1,9
É bom 5,1 0,02 0,4 2,2
É bom para socar 4,8 0,02 0,4 2,2
É da região 4,7 0,02 0,4 2,0
Espeta tudo 4,5 0,02 0,5 1,9
Está plantando 4,3 0,02 0,5 1,8
Foi o melhor arroz que já existiu 4,7 0,02 0, 5 2,0
Gostoso 4,5 0,02 0,5 1,9
Grão comprido 4,9 0,02 0,5 2,1
Grão graúdo 4,7 0,02 0,6 2,0
Grão miúdo 4,8 0,02 0,6 2,1
Macio 4,0 0,02 0,6 1,7
Muda da época dos avós 4,8 0,02 0,6 2,1
Muda da época dos pais 4,792 0,02 0,6 2,1
Muito bom 4,744 0,02 0,7 2,0
Não é áspero 5,254 0,02 0,7 2,3
Não é da região 4,698 0,02 0,7 2,0
Não é gostoso 5,319 0,02 0,7 2,3
Não é quebrador 3,967 0,02 0,7 1,7
Não existe mais 4,741 0,02 0,8 2,0
Não produz bem 4,015 0,02 0,8 1,7
Nasce misturado no arroz que planta 4,015 0,02 0,8 1,7
239
Continuação TABELA 44. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e
acumulados das variáveis que explicam os
critérios de classificação das etnovariedades de
arroz.
Características β w Acumulado wx100
Nunca plantou 4,726 0,02 0,8 2,0
O pai plantava 4,369 0,02 0,8 1,9
O pai que deu a muda 4,792 0,02 0,8 2,1
Os antigos plantavam 4,662 0,02 0,9 2,0
Plantava antigamente 4,924 0,02 0,9 2,1
Produz bem 4,507 0,02 0,9 1,9
Rende na panela 4,672 0,02 0,9 2,0
Ruim para comer 5,312 0,02 0,9 2,3
Tem bastante vitamina 4,015 0,02 0,9 1,7
Tem que comprar na casa da lavoura 4,510 0,02 0,9 1,9
Vermelho 4,015 0,02 1 1,7
SOMA 232,642 1 100
Assim, o critério qualidade foi o mais importante para classificação, com
19,6% das características de classificação. Em segundo em importância, ficou
o critério origem, com 15,2%. Os critérios características e período foram os
terceiros em importância, com 13,0%; os critérios processamento e plantio e
colheita ficaram em quarto lugar em importantância, com 10,9%; o quinto mais
importante foi o critério resistência, com 8,7%; e o critério de menor importância
foi existência, com 6,5% (Figura 19). Com o resultado dessa análise, foi
possível hierarquizar os critérios que explicam as características em que os
agricultores se baseiam para classificar as etnovariedades de arroz.
As características de classificação mais importantes de feijão foram as
com pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se
todas fossem igualmente importantes (Tabela 45). Assim, os critérios
processamento e característica foram os mais importantes para classificação,
com 30% das características de classificação de feijão. Em segundo em
importância ficou o critério produtividade, com 20%; e os critérios de menor
importância foram qualidade e plantio/colheita, com 10% (Figura 20). Com o
resultado dessa análise, foi possível hierarquizar os critérios que explicam as
características em que os agricultores se baseiam para classificar as
etnovariedades de feijão.
240
TABELA 45. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados
das variáveis que explicam os critérios de classificação das
etnovariedades de feijão.
Característica β w Acumulado wx100
Água escura 12,3 0,06 0,06 5,8
Bom para plantar 10,9 0,05 0,1 5,2
Bom para secar 11,4 0,05 0,2 5,4
Bonito 10,8 0,05 0,2 5,1
Dá muita praga 9,6 0,05 0,3 4,5
Duro 11,4 0,05 0,3 5,4
É mole 11,1 0,05 0,4 5,3
Fácil de vender 9,5 0,04 0,4 4,5
Faz sopa 14, 0 0,07 0,5 6,6
Fica fedido 9,6 0,04 0,5 4,5
Gostoso 11,0 0,05 0,6 5,2
Não dá cheiro ruim 10,7 0,05 0,6 5,1
Não é bom para guardar 9,6 0,04 0,7 4,5
Não é gostoso 10,8 0,05 0,7 5,1
Não é produtivo 12,4 0,06 0,9 5,9
Não faz sopa 12,8 0,06 0,8 6,1
Pode ficar mais tempo guardado 10,7 0,05 0,9 5,0
Produtivo 12,9 0,06 0,9 6,1
Ruim de plantar 9,6 0,04 1 4,5
SOMA 210,9 1 100
As características de classificação de milho mais importantes foram as
com pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se
todas fossem igualmente importantes (Tabela 46).
As características de classificação de milho mais importantes foram as
com pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se
todas fossem igualmente importantes (Tabela 46). Assim, o critério
características‟ foi o mais importante para classificação, com 31,4% das
características de classificação de milho. Em segundo em importância, foi o
critério qualidade, com 20%; o terceiro em importância foi o critério resistência,
com 17,1%; o quarto critério mais importante foi o plantio/colheita, com 11,4%;
os critérios processamento e melhoramento foram o quinto mais importante
com 8,6%; e com menor importância, o critério melhoramento, com 2,9%
(Figura 21).
241
TABELA 46. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados
das variáveis que explicam os critérios de classificação das
etnovariedades de milho.
CARACTERÍSTICA β w Acumulado wx100
A palha é remédio 3,5 0,02 0,02 1,8
Aguenta a chuva 3,8 0,02 0,04 1,9
Amarelo 2,7 0,01 0,05 1,4
Atura mais tempo 3,5 0,02 0,1 1,8
Bom para criação 4,1 0,02 0,1 2,1
Bom para espigar 2,8 0,01 0,1 1,4
Bom para fazer canjica 4,1 0,02 0,1 2,1
Bom para fazer pamonha 4,0 0,02 0,1 2,1
Bom para milho verde 2,7 0,01 0,2 1, 4
Carrega mais de semente 2,7 0,01 0,2 1,4
Caruncha muito 3,6 0,02 0,2 1,8
Chocho 3,4 0,02 0,2 1,7
Cresce muito 3,8 0,02 0,2 1,9
Dá para quebrar o galho 2,7 0,01 0,2 1,4
Dente grosso 3,8 0,02 0,3 1,9
Difícil o vento derrubar 3,5 0,02 0,3 1,8
Duro 4,1 0,02 0,3 2,1
É fraco 3,6 0,02 0,3 1,8
É gostoso 2,8 0,01 0,3 1,4
É macio 2,7 0,01 0,3 1,4
É mole 3,7 0,02 0,4 1,8
É natural 3,5 0,02 0,4 1,8
É o melhor 3,5 0,02 0,4 1,8
É tardio de 6 meses 3,2 0,02 0,4 1,6
Espiga comprida 3,8 0,02 0,4 1,9
Espiga graúda 3,9 0,02 0,4 2,0
Espiga miúda 4,3 0,02 0,5 2,3
Estou plantando 3,9 0,02 0,5 2,0
Falha semente na espiga 3,1 0,02 0,5 1,6
Muito bom 3,1 0,02 0,5 1,6
Não aguenta na chuva 3,4 0,02 0,5 1,7
Não é bom 3,3 0,02 0,6 1,7
Não é bom para pamonha 3,4 0,02 0,6 1,7
Não é carunchador 4,3 0,02 0,6 2,2
Não é semente tratada 3,1 0,02 0,6 1,6
Não falha semente 2,7 0,01 0,6 1,3
Não planto 4,1 0,02 0,6 2,1
Não planto mais 3,52 0,02 0,7 1,8
Nasce no meio de outros tipos de milho 3,1 0,02 0,7 1,6
Nunca plantei 4,5 0,02 0,7 2,3
242
Continuação TABELA 46. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e
acumulados das variáveis que explicam os
critérios de classificação das etnovariedades de
milho.
CARACTERÍSTICA β w Acumulado wx100
O vento derruba 3,1 0,02 0,7 1,6
Palha branca 3,1 0,02 0,7 1,6
Palha dura 3,1 0,02 0,7 1,6
Palha fina 2,7 0,01 0,8 1, 4
Palha fraca 2,7 0,01 0,8 1, 4
Palha grossa 3,5 0,02 0,8 1,8
Palha roxa 3,5 0,02 0,8 1,8
Palhudo 3,1 0,02 0,8 1,6
Planta alta 3,1 0,02 0,8 1,6
Planta baixa 2,7 0,02 0,9 1,4
Produz bem 2,8 0,02 0,9 1,4
Ruim de comer 3,4 0,02 0,9 1, 8
Sabugo roxo 3,5 0,02 0,9 1,8
Semente graúda 3,1 0,02 0,9 1,6
Semente miúda 2,7 0,01 0,9 1,4
Semente tratada 2,7 0,01 0,9 1,4
Só serve para fazer pipoca 3,7 0,02 0,9 1,9
Tem pouca palha 2,7 0,01 0,9 1, 4
Tem que colher rápido 2,7 0,01 1
SOMA 197,1 1 100
Com o resultado desta análise, foi possível hierarquizar os critérios de
classificação das etnovariedades de amendoim, arroz, feijão e milho, que foram
citadas por UPs do Bairro da Serra, que consideram como mais importante
para classificar as etnovariedades as características da semente como cor,
tamanho, beleza, sabor, consistência, odor e características relacionadas à
qualidade da etnovariedade, se é boa, ruim, fraca ou forte. Portanto, a análise
de peso ponderado validou a identificação realizada pela análise descritiva e de
componentes principais. As características de classificação das sementes que
não apresentaram correlação elevada em nenhum dos fatores, quando
somadas suas influências menores em cada um dos fatores, se tornaram
importantes.
Na visão agronômica, os critérios de classificação das variedades de
espécies vegetais baseiam-se em caracteres morfológicos, bioquímicos,
243
moleculares e reações ao ambiente (SMITH e SMITH, 1989).
As bases do conhecimento dos agricultores camponeses e do
conhecimento agronômico formal foram explicadas por Azevedo (2002):
“Os conhecimentos dos agricultores baseiam-se numa prolongada vivência empírica e são gerados de experiências distintas. Em primeiro lugar, da experiência acumulada das sucessivas gerações, compartilhada no âmbito da formação pessoal de cada um dos agricultores, realizada na participação das crianças e dos jovens na prática concreta do manejo dos sistemas de produção. Outro espaço é a experiência coletiva de cada geração de agricultores, também compartilhada no âmbito de seus mecanismos de socialização. Finalmente, acrescenta-se a experiência individual de cada um dos agricultores” (AZEVEDO, 2002; p.11).
“O conhecimento agronômico formal, por outro lado, é construído a partir do acúmulo dos resultados de vários experimentos e da contribuição de muitos outros campos de conhecimento. Para a compreensão desse processo, devemos nos reportar ao fato de que a palavra agronomia origina-se da associação do termo agro, que se refere ao espaço agrícola, com o termo nomos, que significa um conjunto de normas de conduta, ou regras para a administração. Assim, o termo agronomia, no seu sentido mais lato, extrapola a ideia de um campo de conhecimento científico específico, pois a administração científica do agro necessita da confluência de vários campos de conhecimento, tais como a parte da agronomia que se dedica à experimentação (que talvez pudesse ser chamada de agrologia), parte da economia, parte da ecologia, da sociologia, da geografia e assim por diante”
(AZEVEDO, 2002; p.11).
Dessa forma, os sistemas de conhecimento dos agricultores
camponeses baseiam-se em lógicas e modo de operação distintos do
conhecimento agronômico formal. O conhecimento agronômico é baseado em
um modelo prévio e único para julgamento e compreensão dos sistemas de
produção, o que limita o diálogo entre profissionais dessa área e agricultores,
mostrando a fragilidade que a agronomia tem no tratamento dos problemas
vividos pelos agricultores camponeses (AZEVEDO, 2002; 2007).
244
4.2.5 Utilização das etnovariedades nas UPs
Para as quatro espécies, a utilização é para dieta alimentar,
basicamente para subsistência da família, porém, quando há excedente,
vendem aos vizinhos, turistas e, às vezes, em Iporanga, e como semente para
futuro plantio.
Amendoim: fazem paçoca, doce, leite e semente torrada. Os agricultores
dizem ser um alimento muito bom, pois “é forte”, ou seja, nutritivo, além disso,
é muito saboroso. Atualmente um litro de amendoim pode ser vendido a três
reais.
Arroz: o consumo mensal de arroz nas UPs entrevistadas variou de 15 a
25 kg. Duas das UPs entrevistadas levam o arroz colhido para beneficiar em
Iporanga, o restante beneficia na própria UP, utilizando um pilão.
Feijão: o consumo mensal nas UPs entrevistadas varia de 3 a 15 kg.
Milho: consomem o milho verde, do qual fazem pamonha, bolo, mingau
doce e salgado, pão, curau e espiga cozida ou assada. O milho seco é utilizado
para fazer canjica e alimentar a criação (aves e suínos).
4.2.6 Teor de água, porcentagem de germinação e massa de 1000
sementes
Amendoim
O hábito indeterminado de frutificação do amendoim, aliado às
características de desenvolvimento dos frutos sob o solo, torna difícil a
determinação do momento adequado para colheita. O teor de água das
sementes nessa ocasião é alto (acima de 40%), havendo necessidade de
secagem. Normalmente, essa secagem é feita no próprio campo, com os frutos
presos às plantas e, somente em algumas situações, em pesquisa, por
exemplo, é que os frutos são destacados das plantas e postos a secar
(CARVALHO, 2008), como fazem os agricultores do Bairro da Serra. Adams e
Rine (1981) afirmaram que a secagem mais lenta no interior dos frutos seria a
condição para que as sementes completassem a maturação e se tornassem
viáveis.
Com as sementes coletadas, foram realizados testes para verificar o
potencial de germinação e teor de água da semente, para as etnovariedades
245
de amendoim preto, vermelho e rasteiro: as duas primeiras foram fornecidas
pela UP BS006 e o rasteiro, pela UP BS003.
As etnovariedades amendoim preto e vermelho foram colhidas em
janeiro de 2008, e estavam acondicionadas em sacos de nylon sob uma mesa
na despensa da UP. O amendoim rasteiro foi colhido em junho de 2006 e
estava acondicionado da mesma maneira das anteriormente citadas. Os
agricultores da UP BS003 afirmaram que a semente ainda estava viável para o
plantio, e que não semearam em 2007 e 2008, por falta de tempo, mas que
estão planejando plantar essa semente em agosto ou setembro de 2009, e até
reservaram um saco para o plantio.
O teor de água é o principal fator que afeta a longevidade das
sementes: quanto mais alto o teor de água, mais rápida é a deterioração. Isso é
válido para a maioria das espécies, inclusive o amendoim.
Bass (1968), citado por Tella (1976), observou que sementes de
amendoim descascadas a mão e com teor de água entre 4,5 e 5,5% podiam
ser conservadas sem variação do poder germinativo por dois anos, em
temperaturas alternadas de 20° a 30°C. A 32ºC, com sementes entre 4,4 e
5,2% de umidade, a queda de germinação no mesmo período foi de 98% para
86%.
Dessa forma, deve-se levar em consideração nos resultados obtidos
para as etnovariedades de amendoim do Bairro da Serra (Tabela 47) a maneira
como secam e armazenam o produto.
TABELA 47. Médias do teor de água, germinação das sementes, plântulas
anormais e sementes deterioradas de amendoim de duas UPs
do Bairro da Serra.
Porcentagem (%)
Etnovariedade Germinação Anormais Deterioradas Teor de
água Amendoim rasteiro 0 0 100 6,5 Amendoim preto 64 20 16 7,6 Amendoim vermelho 60 26 14 8,6
As sementes de amendoim rasteiro não estavam viáveis,
provavelmente devido a patógenos, o que pode ser constatado pela
porcentagem de sementes deterioradas. Um dos fatores que devem ter
246
influenciado foi o período em que ficaram armazenadas, aproximadamente três
anos. O amendoim ficou armazenado todo esse período porque o agricultor
informou não haver encontrado tempo para o cultivo dessas sementes, porém
ele afirmou que germinaria, mas nos testes foi comprovada a perda do
potencial germinativo do produto. Nas condições em que as sementes foram
armazenadas, elas não poderiam ter passado de um ano para o plantio, como
os próprios agricultores citaram em relação às outras espécies. Esse fato nos
remete a um início de erosão cultural em relação ao tempo de armazenamento
do amendoim.
Mesmo que as sementes de amendoim não sejam usadas para
comercialização, pode-se comparar o resultado do teste de germinação com o
padrão mínimo, que é de 60% de germinação (BRASIL-MAPA, 2005). Para as
duas etnovariedades, as condições de armazenamento propiciaram um padrão
de germinação ainda adequado para semeadura. Porém, esses agricultores
não irão comercializar, apenas usarão para subsistência da família, e
continuarão cultivando, pois além da subsistência o objetivo é a conservação
do recurso genético dessas etnovariedades. Para melhorar o potencial de
conservação, seria interessante que eles recebessem orientações sobre
melhores condições de armazenamento das etnovariedades de amendoim,
considerando as técnicas já adotadas.
Arroz
Foram realizados testes para verificar o potencial de germinação, teor de
água da semente e massa de 1.000 sementes para as etnovariedades de arroz
pratão e viralomba, fornecidas pela UP BS001 e UP BS006 (Tabela 48). As
sementes foram colhidas em abril e maio de 2008, e estavam da mesma forma
que o amendoim.
Os dados não foram analisados estatisticamente, servindo apenas para
caracterizar as etnovariedades de sementes de arroz do Bairro da Serra.
Considerando que o padrão de germinação para comercialização é de
80% (BRASIL-MAPA, 2005), os valores para a etnovariedade pratão
encontram-se dentro do padrão mínimo e para a viralomba, abaixo. Mesmo não
estando em condições consideradas adequadas de conservação, tendo em
vista o teor de água superior a 13%, conforme citado por Menezes e Silveira
247
(2005), as sementes de arroz apresentam porcentagem de germinação
superior ao padrão mínimo de comercialização, sendo assim, a produtividade
esperada pelos agricultores não fica inviabilizada.
TABELA 48. Porcentagens de germinação, plântulas anormais, sementes
deterioradas, teor de água e massa de mil sementes de duas
etnovariedades de arroz do Bairro da Serra.
Etnovariedade
Porcentagem (%)
Germinação Anormais Deterioradas Teor de
água
Massa de 1000
sementes Arroz pratão 89 6 3 16,4 16,4 Arroz viralomba 72 7 6 14,4 35,2
Em relação ao peso de mil sementes, a etnvariedade viralomba foi
superior à pratão. Isso também foi relatado pelos agricultores. Porém, o pratão
apresentou maior potencial germinativo que o viralomba. Essa última é uma
das variedades preferidas pela maioria dos agricultores que participaram da
pesquisa.
Dessa forma, os métodos empregados pelos agricultores para colheita,
secagem das sementes ao sol e armazenamento em sacos, não interferiram no
potencial germinativo das sementes de arroz.
Feijão
Foram realizados testes para verificar o potencial de germinação, teor de
água da semente e peso de 1.000 sementes para as etnovariedades de feijão
carioquinha, mulatinho e preto, fornecidas pelas UP BS001 e UP BS009
(Tabela 49). Foram colhidas em julho e novembro de 2008 e novembro de
2009, respectivamente, e estavam acondicionadas da mesma forma que o
amendoim e o arroz.
Os teores de água das três etnovariedades analisadas encontravam-se
abaixo de 12%, como recomendado por Menten et al. (2006). O feijão
mulatinho está acima do padrão mínimo de germinação para comercialização
da semente de feijão, que é de 80% (BRASIL-MAPA 2005), o que pode ser
considerado de qualidade.
Para a variedade feijão preto, a porcentagem de germinação foi zero.
Essa variedade não é da região, o agricultor comprou um pacote de feijão preto
no mercado e plantou para experimentar, e os resultados dessa análise foram
248
com a semente colhida pelo agricultor, que disse utilizar parte do feijão colhido
para alimentação e outra parte estaria guardando para fazer plantio na próxima
safra. Por esses resultados, foi possível observar que as variedades locais
foram mais resistentes que o feijão preto. Os agricultores disseram que durante
o armazenamento do feijão o controle de insetos (carunchos, gorgulhos) deve
ser constante, para não perder as sementes colhidas, por isso é importante
secar por muito tempo ao sol e cuidar para que as sementes não recebam
muita umidade.
TABELA 49. Porcentagens de germinação, plântulas anormais, sementes
deterioradas, teor de água e massa de mil sementes de duas
etnovariedades de feijão do Bairro da Serra.
Etnovariedade
Porcentagem (%)
Germinação Anormais Deterioradas Teor de
água
Massa de 1000
sementes
Feijão carioquinha
70 19 5 10,3 19,5
Feijão mulatinho
86 8 6 9 23,7
Feijão preto 0 15 85 7,5 15,1
Os métodos empregados pelos agricultores para colheita, secagem das
sementes ao sol e armazenamento em sacos ou garrafas de plásticos não
interferiram no potencial germinativo das sementes de feijão, sendo assim
podemos considerar que as técnicas adotadas conservaram a qualidade das
sementes e o material genético das etnovariedades.
Milho
Foram realizados testes para verificar o potencial de germinação, teor de
água da semente e peso de 1.000 sementes para as variedades de milho palha
roxa e palha branca, fornecidas pela UP BS003 (Tabela 50). Foram colhidas
em junho de 2008, e estavam acondicionadas em espigas no paiol.
As duas etnovariedades avaliadas apresentaram o potencial germinativo
muito baixo, ao comparar com o padrão mínimo exigido para o comércio de
sementes de milho, que é de 85%, segundo BRASIL-MAPA (2005).
Um dos fatores que afetaram a germinação dessas etnovariedades foi a
umidade crítica das sementes, que estava acima de 13,5% (DHINGRA, 1985).
249
Essa umidade crítica favorece o ataque de Aspergillus restrictus, que infecta as
sementes cujo teor de água não está em equilíbrio. Provavelmente, esse foi um
dos motivos que favoreceram o ataque de patógenos e grande deterioração
das sementes. Outro fator foi a ocorrência de carunchos nas espigas
armazenadas no paiol.
TABELA 50. Porcentagens de germinação, plântulas anormais, sementes
deterioradas, teor de água e massa de mil sementes de duas
etnovariedades de milho do Bairro da Serra.
Etnovariedade
Porcentagem (%)
Germinação Anormais Deterioradas Teor de
água
Massa de 1000
sementes Milho palha branca
17 68 15 14,7 35,3
Milho palha roxa 12 58 30 14,1 35,1
Os fatores mais importantes na determinação de uma infecção por
fungos de armazenamento nas sementes são teor de água das sementes,
umidade relativa do ambiente, temperatura e tempo. O teor de água é um fator
relevante, uma vez que a água contida nas sementes estabelece uma umidade
relativa tal ao seu redor que pode favorecer o crescimento de fungos. A
umidade do ambiente por sua vez determina o teor de água das sementes
quando em equilíbrio (DHINGRA, 1985).
De acordo com levantamento feito com milho armazenado em espigaem
Minas Gerais, foi verificado que entre a colheita (maio/junho) e os meses de
agosto, novembro e março do ano seguinte, o índice de danos (grãos
carunchados) causados pelos insetos ao milho estocado em paiol atingiu
44,5%. Esse índice de carunchamento corresponde à redução no peso da
semente em 14,3%. No Espírito Santo, observou-se um dano de 36% e, no
Paraná, de 36,5%, em São Paulo, de 36,2%, em Santa Catarina, de 29,8% e
no Rio Grande do Sul, de 36,2% (SANTOS, 1992).
Para cada unidade percentual de dano, isto é, grãos danificados pelo
caruncho ou pela traça, há uma correspondente perda de peso, que varia um
pouco, dependendo das características da variedade (SANTOS et al. 1994).
Da produção nacional de milho, cerca de 40% permanece armazenada
em espigas, em paióis, para alimentação dos animais domésticos ou
250
comercialização posterior. Esse milho, durante o armazenamento, sofre ataque
de insetos e roedores, que causam grandes prejuízos. Somente insetos como o
Sitophilus zeamais, Sitophilus oryzae e a Sitotroga cerealella provocam perdas
que atingem até 15% do peso. Essas pragas comprometem, ainda, a qualidade
nutritiva do milho (SANTOS et al., 1994).
Santos (2008) citou vantagens e desvantagens do armazenamento de
milho em espigas, já que esse é um processo rústico que sempre foi adotado
no Brasil. Vantagens: a) é uma forma de armazenamento que permite ao
agricultor colher o milho com teor de água mais elevado (18%), pois ele acaba
de secar no paiol, desde que esse seja bem arejado; b) os produtores rurais,
em sua grande maioria, além de criarem suínos e aves, também criam bovinos,
que, além dos grãos, se alimentam da palha e do sabugo triturados; c) no
armazenamento em espigas, normalmente não ocorrem problemas de fungos,
salvo nos casos em que o paiol é extremamente abafado, e o milho tenha sido
colhido com teores de água acima de 16%; d) o bom empalhamento da espiga
atua como uma proteção natural dos grãos contra as pragas enquanto o mal
empalhamento favorece o ataque de pragas. Desvantagens: a) maior
dificuldade de controle dos insetos; b) maior espaço requerido para
armazenamento, devido ao maior volume estocado, c) aumento da mão de
obra para manuseio no momento da utilização.
Considerando esse contexto, as condições de armazenamento
empregadas para as etnovariedades de milho do Bairro da Serra afetaram a
qualidade das sementes. Porém, os agricultores continuarão armazenando as
sementes nos paóis, como fazem há gerações, por ser sua cultura, e mesmo
que venha interferindo na qualidade das sementes, eles ainda conseguem
manter material genético de algumas etnovariedades antigas, sendo que
algumas que não cultivam mais dizem ser por opção. Entretanto, a hipótese de
que talvez possa ter ocorrido perda de material genético de outras
etnovariedades de milho devido ao ataque de pragas e doenças, ocasionados
pelo tipo de armazenamento adotado por esses agricultores, não pode ser
descartada. Sendo assim, é relevante que futuros estudos sejam realizados
para avaliar a erosão genética das etnovariedades de milho.
251
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A agricultura praticada pelos agricultores camponeses, em determinados
contextos sociais e ambientais, representa um exemplo de uma prática
ambientalmente adequada. Esse fato não exclui a necessidade de aprimorar os
conhecimentos referentes a seu efeito na interação socioeconômica e
ambiental onde está inserida.
Normalmente, há uma coincidência de esse tipo de agricultura ser
praticado em área expressivas de remanescentes florestais, o que leva as
instituições de controle ambiental, representadas pela legislação ambiental,
órgão de fiscalização e de licenciamento e pelas Unidades de Conservação, a
considerar apenas uma parte da realidade desses agricultores.
Como ocorre com a regulamentação existente, para corte da vegetação
de Floresta Atlântica, prevê-se somente o corte de vegetação em estágio inicial
de regeneração, denominada pelos agricultores de capoeirinha, para fins
agrícolas. Frequentemente, as áreas em pousio necessitam de um período
nessa situação para atingir um estágio de regeneração tido como médio ou até
avançado, não passível de corte, conforme o Decreto 750/93.
A legislação vigente, com o Código Florestal e a lei Estadual de Uso e
Conservação do Solo, não permite o uso do fogo para limpeza de áreas onde
estão inseridos agricultores camponeses.
Outro aspecto a ser considerado é a relação existente entre as questões
fundiárias e ambientais, às quais o acesso a terra e aos recursos naturais está
inter-relacionado com as questões de licenciamento e fiscalização ambiental.
A agricultura camponesa praticada no Bairro da Serra sofre risco de
extinção, sendo um dos fatores o caráter politico-institucional. Dessa forma,
252
são necessárias soluções dos problemas relacionados com a legislação
ambiental, que pode ser aplicada com caráter não autoritário, introduzindo,
além do conhecimento científico, o conhecimento do agricultor considerando
suas visões sobre o ambiente natural do qual faz parte.
Este trabalho evidenciou que os agricultores estudados no Bairro da
Serra têm um profundo conhecimento do ambiente em que vivem, das
espécies de plantas que utilizam no seu dia a dia, assim ainda existem
elementos que os caracterizam no sistema de campesinato. Porém foi
observada uma tendência à redução das atividades agrícolas, do mutirão e de
outras atividades tradicionais socializadoras no local.
O cultivo é baseado no trabalho familiar, e existe pouca disponibilidade
de mão de obra para atividades relacionadas com a agricultura. Também foi
constatada a pluriatividade por meio da combinação de várias formas de
trabalho, que vão desde o trabalho familiar ao trabalho assalariado e ainda à
combinação do trabalho na terra com outras atividades não agrícolas.
Há uma tendência à autonomia desses agricultores no que diz respeito
aos componentes de saída oriundos das roças, hortas, criações e mata.
Porém, transformações vêm ocorrendo no local, o que denota uma tendência à
substituição, com os agricultores se tornando dependentes do mercado
externo, em busca de adquirir produtos não produzidos nas unidades
produtivas.
As unidades de manejo consideradas mais importantes nas UPs
estudadas são: quintal, horta, criações, sistemas extrativistos e roça, onde
cultivam uma alta diversidade de etnoespécies
A unidade de manejo criação proporciona produtos que complementam
a dieta alimentar com proteínas para as famílias estudadas, oferecem
entretenimento, protegem a casa, são usados no transporte e na tração e
embelezam o local
A unidade de manejo quintal referente às UPs estudadas corresponde a
espaços domésticos que se localizam ao redor das residências, normalmente
com grande diversificação de espécies vegetais plantadas e/ou manejadas
aparentemente de forma desordenada, assemelhando-se a uma espécie de
253
sistema agroflorestal. Essas espécies em geral apresentam funcionalidades
medicinais, alimentares e ornamentais.
A unidade de manejo horta pode não estar necessariamente próxima à
casa. Neste caso, a produção de hortaliças integra a roça e está espacialmente
ligada à produção de milho, mandioca, feijão etc. Nessa unidade de manejo, as
espécies plantadas são para uso alimentar e/ou medicinal.
Os agricultores conhecem e utilizam uma grande diversidade de
etnoespécies presentes nas unidades de paisagem onde desenvolvem seus
sistemas extrativistas.
No Bairro da Serra, como em outros lugares com áreas de preservação
ambiental, vem ocorrendo uma forte tendência de modificação no sistema de
manejo roça, que passa de agricultura de corte e queima para um sistema de
plantio de forma subsequente, ou seja, cultivo consecutivo na mesma área
(ausência de pousio).
Nas roças, existe grande diversidade de etnoespécies e etnovariedades
cultivadas ao mesmo tempo. As épocas de trabalho mais intensas e de difícil
realização estão principalmente relacionadas com a abertura de roça e
atividades de preparo do solo para receber o plantio. Para determinar o
tamanho das roças, os agricultores dispõem de um sistema de medição de
área importante no seu cotidiano, que determina muitos fatores, como, por
exemplo, a área de roça a ser plantada, a produtividade do cultivo e o cálculo
do quanto se ganha ou se paga para carpir ou roçar. A escolha dos meses de
plantio relaciona-se com o período de chuvas e secas, frio e calor, velocidade
da produção, problemas com pragas, e em alguns casos, dependendo da
necessidade, desconsideram esses fatores e plantam fora de época. Utilizam
também orientação por sistemas lunares para definir datas de plantio.
Mesmo que não possam mais desenvolver a prática da derrubada e
queima como antigamente, ainda mantêm uma relação intimista com o
ambiente, o que possibilita testar alternativas de manejo que permitam
continuar seu modo de vida camponês.
Dentre as espécies que se propagam por sementes e são cultivadas nas
roças, os agricultores consideraram arroz, feijão, milho e amendoim as mais
importantes na dieta alimentar. Existe maior número de citações de
254
etnovariedades totais do que de espécies, tendo sido o conhecimento sobre as
etnovariedades disponibilizado de geração em geração.
A despeito da origem das sementes, é possível perceber evidências da
existência de ampla diversidade de etnovariedades em outros locais que
abrangem a região do Vale do Ribeira. Ainda se mantém um circuito interno de
manutenção das etnovariedades locais pela troca de sementes e compra com
vizinhos ou moradores de outros locais da própria Região, assim, no Bairro da
Serra, existe conservação in situ das etnovariedades locais de amendoim,
arroz, feijão e milho.
As tecnologias adotadas por esses agricultores camponeses parecem
óbvias para quem já tem uma visão agronômica consolidada em tecnologias
de produção. Pode-se dizer que esses agricultores praticam o óbvio,
mantendo seu sistema vivo há muitas gerações, preservando o ambiente em
que vivem. Porém, a política ambiental vigente ignora o potencial
conservacionista dos agricultores camponeses, desprezando possivelmente
uma das únicas vias prováveis para alcançar a inclusão dessas populações
rurais por meio do reconhecimento de sua identidade, da valorização de seu
saber, da melhoria de suas condições de vida e da garantia de sua
participação numa política de conservação pela qual também sejam
beneficiadas.
Para classificação das etnovariedades de amendoim, arroz, feijão e
milho, esses agricultores consideram como aspectos mais importante as
características da semente como cor, tamanho, beleza, sabor, consistência,
odor e características relacionadas à qualidade da etnovariedade, se é boa,
ruim, fraca ou forte. Portanto, os sistemas de conhecimento dos agricultores
camponês baseiam-se em lógicas e modo de operação distintos do
conhecimento agronômico formal.
A utilização das etnovariedades é basicamente para subsistência da
família, porém quando há excedente, vendem aos vizinhos, turistas e, às
vezes, em Iporanga, e utilizam como semente para futuro plantio.
A manutenção das sementes pelos agricultores é baseada nas
necessidades de subsistência da família e na conservação do recurso genético
das etnovariedades.
255
Considerando todo o contexto desse trabalho, percebe-se que é um
paradoxo a questão de os agricultores camponeses serem colocados como
antagônicos às necessidades de proteção dos recursos naturais em áreas de
conservação. Via de regra, é esse tipo de agricultor que tem há décadas, às
vezes, séculos e até milênios, promovido o manejo sustentável de áreas
naturais, o responsável pela conservação das áreas que agora são colocadas
sob proteção legal. Pela sua presença permanente é que têm sido preservadas
tais áreas do modelo de exploração econômica capitalista industrial,
responsável pela destruição crescente do meio ambiente.
Nesse sentido, as leis de proteção ambiental estão impactando
negativamente o ambiente social (erosão cultural do etnoconhecimento etc.), o
ambiente natural (erosão genética de etnoespécies, etnovariedades etc.) e o
ambiente econômico (empoderamento dos forasteiros e marginalização da
população local que vem perdendo sua autonomia).
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281
7 APÊNDICE
APÊNDICE - A
MANUAL PARA TRABALHO DE CAMPO
I. INFORMAÇÕES GERAIS
IDENTIFICAÇÃO Código da Unidade Produtiva (UP): o código da UP será atribuído pela equipe de trabalho e servirá para a identificação da UP em todos os bancos de dados que serão estruturados e para a identificação das amostras coletadas. Cada grupo de entrevistadores receberá este código no momento em que se dirigir à UP; Equipe de coleta de dados: deverão ser anotados os nomes das pessoas que fizeram a coleta dos dados na UP; Nomes dos informantes: deverão ser anotados os nomes das pessoas que fornecerem as informações; Data da coleta de dados: deverão ser anotados a data e o período, se manhã ou tarde, em que foram coletados os dados.
IDENTIFICAÇÃO DA UP Nome da UP: deve ser anotado o nome da unidade produtiva; Desde quando a residência é naquele lugar: especificar desde quando a família tem a casa naquele lugar da UP; Nome da localidade: especificar a localidade onde se situa a UP; Nome da comunidade: deve ser anotado o nome da comunidade onde a UP se localiza (existe comunidade para se referir a um grupo no local?); Nome e ano de criação da comunidade (se existir comunidade): deve ser anotado o nome da comunidade na época de sua criação e seu respectivo ano; Nome da associação (é ligado à alguma associação?): deve ser anotado o nome da associação da qual a UP faz parte; Nome do município: deve ser anotado o nome do município do qual a UP faz parte; Nomes dos proprietários: deve ser anotado o nome do marido e da mulher; no caso de ser UP de pais e de filhos, ou de parentes etc., anotar o nome dos proprietários; Tipo de posse: quando ele não for o dono, especificar que tipo de relação tem com a UP (meeiro, agregado, arrendatário etc.); Distância da UP ao município: deve ser anotada a distância da UP ao município referência; Conceito do nome do Bairro: levantar o significado do conceito “Bairro da Serra” na visão do agricultor, comentários livres.
COMPOSIÇÃO DA FAMÍLIA Membro: Indicar o nome de cada membro da família (incluir avô, cunhado, agregados etc.), o seu grau de parentesco, sexo, idade e ano de nascimento; Local de residência: indicar onde a pessoa mora. Caso more na UP, escrever UP. Do contrário, indicar a localidade; Parentesco e compadrio: indicar a relação de parentesco e compadrio com os proprietários (sogro, irmão, afilhado (de casamento, de batismo, de crisma), sobrinho, etc); Sexo: indicar o sexo de cada membro; Estado civil: solteiro ou casado (independentemente se forem amigados); Ano de nascimento/idade: perguntar o ano de nascimento, caso não saiba perguntar a idade; Escolaridade: seguir a legenda abaixo da tabela; Profissão/ocupação: indicar a profissão e a ocupação que exerce; Especialidade: especificar qual a especialidade (o que faz) de cada membro na UP.
FORÇA DE TRABALHO DOS MEMBROS DA UP Membro: Indicar o nome de cada membro da família (incluir avô, cunhado, agregados etc.), o seu grau de parentesco, sexo, idade e ano de nascimento; Mão de obra e o tempo gasto: identificar o tipo de atividade e o tempo gasto (valores em dias/horas (dh) = 1dh equivale a uma jornada de 8 horas por dia de trabalho); Importância da atividade: descrever a importância de cada atividade na UP e fora da UP para cada membro.
ROTA MIGRATÓRIA Nome: deve ser anotado o nome do agricultor e de cada membro de sua família; Local de nascimento: deve ser anotado o local de nascimento de cada membro da família; Localidade: registrar os locais e épocas por onde passou desde a saída do local de nascimento até a chegada à região. Caso a pessoa não saiba o nome da cidade, anotar pelo menos o nome do Estado; Ano de chegada: anotar o ano de chegada a cada localidade onde morou; Última ocupação exercida: deve ser anotado a última ocupação que exerceu em cada localidade; Razões da mudança: devem ser anotados quais acontecimentos levaram a família do agricultor a migrar e quais expectativas ao chegar, por cada localidade. Informação de algum parente, propaganda, conhecimento da região etc; Expectativas ao chegar: levantar as expectativas ao iniciar as atividades em cada localidade em que viveu; Expectativas atuais: levantar as expectativas atuais. A vida e as perspectivas de futuro estão melhores ou piores.
282
ATIVIDADES COMUNITÁRIAS Nome: especificar o nome da pessoa da família que exerceu alguma atividade comunitária; Atividades: levantar as atividades comunitárias realizadas pela pessoa (benzedeira, professor, marceneiro, presidente da associação etc.). A atividade é independente de ser profissão ou não e refere-se à atividade que a pessoa faz fora da UP; Local: deve ser anotado o local de realização de cada atividade; Época de ingresso: deve ser anotada a época de ingresso em cada atividade; Tempo gasto: deve ser anotado o tempo que o agricultor gasta em cada atividade.
PRÁTICAS DE AJUDA MÚTUAS (MUTIRÃO, TROCA DE SERVIÇOS ETC.) Nome: anotar o nome de cada membro da família que pratica ajuda mútua; Tipo: anotar o tipo de prática de ajuda mútua realizado por cada membro; Onde: anotar onde é realizada cada prática de ajuda mutua; Tempo: anotar o tempo gasto por membro em cada atividade; Motivos (importância): anotar o porque da realização dessas atividades e sua respectiva importância, de cada membro.
FORÇA DE TRABALHO CONTRATADA Nome: anotar o nome de cada trabalhador contratado na UP; Sexo: indicar o sexo de cada trabalhador; Ano de nascimento/idade: perguntar o ano de nascimento, caso não saiba perguntar a idade; Local de nascimento: deve ser anotado o local de nascimento de cada trabalhador; Local de moradia: citar onde a pessoa mora; Escolaridade: seguir a legenda da tabela de composição da família; Encargos (valor): especificar os valores pagos por encargos trabalhistas; Atividades desempenhadas: especificar quais as atividades realizadas na UP; Tipo de contrato: marcar um X, de acordo com a legenda abaixo da tabela; Remuneração: especificar a forma de pagamento ($/mês, G ou CP, conforme legenda) e os valores pagos; Jornada de trabalho durante o ano: se a mão de obra for temporária, marcar o número de horas trabalhados (considerar a quantidade de horas determinadas pelos proprietários ou as horas ou dias gastos para realizar determinada tarefa) conforme o mês trabalhado; se a mão de obra for permanente, marcar um X nos meses trabalhados.
HISTÓRIA DA UP Forma de aquisição da UP: apontar se a área foi adquirida por compra, por posse, através do Incra, herança ou outra maneira qualquer. Se for por herança, especificar de quem herdou e quanto herdou; História da UP: especificar a época (ano) e a área de aquisição ou venda da UP ou partes da UP. Especificar também em que ano começou a cultivar a terra; Ressaltar as dificuldades na sua instalação, mudanças no seu tamanho e estrutura, mudanças nas áreas cultivadas e nas criações. Períodos de fartura e de carência (vejam que as dificuldades podem ser diferentes para os homens e para as mulheres).
II. SAÚDE E EDUCAÇÃO FAMILIAR
DOENÇAS MAIS COMUNS DOS MEMBROS DA FAMÍLIA Descrever as doenças que ocorrem e de modo autoexplicativo como tratam cada uma delas.
ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR Descrever onde a família obtém assistência para resolver os problemas de saúde: se no sistema público, médicos particulares, raizeiros e/ou benzedores. Descrever, principalmente, em que proporção isto ocorre. Obs: Na ideia de assistência, são incluídos também os remédios.
ORIENTAÇÕES NOS MOMENTOS DE DOENÇA Descrever como é feita a orientação indicando as pessoas.
EDUCAÇÃO DA FAMÍLIA Descrever onde é feita a educação da família, se na comunidade ou na cidade. Que grau de escolaridade tem acesso nos diferentes locais e qual a situação das escolas.
III. CARACTERIZAÇÃO DA UP
ÁREA TOTAL E UTILIZAÇÃO DA TERRA – CULTIVOS ANUAIS E PERMANENTES Subsistemas: identificar os subsistemas presentes na UP; Área: indicar a área de cada subsistema identificado em hectares; Espécies: indicar as espécies vegetais presentes em cada um dos subsistemas; Produção: indicar uma estimativa da produção de cada espécie relacionada em toneladas por ha (ou outras unidades utilizadas pelos agricultores); Destinos da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).
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ÁREA TOTAL E UTILIZAÇÃO DA TERRA – ANIMAL Subsistemas: identificar os subsistemas presentes na UP; Área: indicar a área de cada subsistema identificado em hectares; Tipo: indicar os tipos de animais presentes em cada um dos subsistemas; Número de cabeças: indicar o número de cabeças de cada espécie animal; Produção: indicar uma estimativa da produção de subprodutos da atividade pecuária; Destinos da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).
ÁREA TOTAL E UTILIZAÇÃO DA TERRA – QUINTAIS Área: indicar a área do quintal em hectares; Espécies vegetais e animais: indicar as espécies vegetais e animais presentes em cada um dos subsistemas; Produção: indicar uma estimativa da produção de cada espécie relacionada em toneladas por ha (ou outras unidades utilizadas pelos agricultores); Destinos da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).
SISTEMA EXTRATIVISTA (MATAS E CAPOEIRAS)
COLETA DE PRODUTOS NA PRÓPRIA UP Produto: Identificar o produto que é extraído (madeira, caça, óleo, raiz de plantas medicinais, mel, peixes, frutos silvestres etc.); Local: especificar a unidade de paisagem (fitofisionomias) em que se encontra a mata ou capoeira; Área: especificar a área em hectares; Época: especificar a época de coleta (quinzena e mês); Quem coleta: especificar quem faz a coleta (nome da pessoa); Técnicas de coleta: especificar as técnicas utilizadas para a coleta; Uso: especificar o uso dado para o produto coletado; Quantidade: quantificar estes produtos; Destino da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).
COLETA DE PRODUTOS FORA DA UP Produto: Identificar o produto que é extraído (madeira, caça, óleo, raiz de plantas medicinais, mel, peixes, frutos silvestres etc.); Local: especificar a unidade de paisagem (fitofisionomias) em que se encontra a mata ou capoeira; Época: especificar a época de coleta (quinzena e mês); Quem coleta: especificar quem faz a coleta (nome da pessoa); Técnicas de coleta: especificar as técnicas utilizadas para a coleta; Uso: especificar o uso dado para o produto coletado; Quantidade: quantificar estes produtos; Destino da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).
CARACTERIZAÇÃO DAS AGUADAS Indicar as fontes de água da UP, em termos de volume, qualidade da água e persistência. Identificar se há represamento, desvio de curso, córregos, poços etc. Obs: Qual o problema com a água? Qual a principal fonte de água?
ASPECTOS CONSERVACIONISTAS DA UP Indicar se estão ocorrendo na UP problemas de erosão, desmatamento, garimpagem, contaminação da água (categorias de contaminação: assoreamento, agrotóxico, distância da fossa, erosão, garimpo etc), Compactação do solo se é duro, macio, leve ou pesado, e fazer uma breve descrição dos mesmos. Esta avaliação deve ser feita pelo entrevistador, mas sem desprezar as dicas do agricultor.
BENFEITORIA Indicar as benfeitorias (casa, curral, pocilga, galinheiro, moinho, casa de farinha, paiol etc.) existentes na UP, suas características (material utilizado na construção, tamanho etc.) e estado de conservação.
CERCAMENTO Indicar as informações do agricultor sobre o tipo (mourão, fio etc.), a extensão e localização (divisões) e o estado de conservação das cercas externas e internas da UP. Obs: voltar no croqui e pedir para marcar onde estão as cercas, caso não tenha sido marcado.
MÁQUINAS E IMPLEMENTOS DISPONÍVEIS Indicar todas as ferramentas, máquinas e implementos, de tração mecânica ou animal, que existem na UP. Para cada tipo, indicar a quantidade (antes e a atual), se próprio ou não, idade, forma de acesso (alugado, emprestado, arrendado ou outras), estado de conservação (observação feita pelo pesquisador com a ajuda do entrevistado) e quando deixou de ter o implemento. Lista de Equipamentos:
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Enxada Plantadeira Moto
Foice Matraca Bicicleta
Facão Grade Galão de leite
Picareta Carro de boi Paiol
Pá Charrete Balança
Machado Sela Máquina de costura
Carro de mão Arreios Corda
Serrote Trator Sacos
Pulverizador costal Adubadeira Bomba d'água
Martelo Rastelo Arado
Esticador de cerca Espalhador de esterco Sulcador
Carroça Roçadeira Esmeril
Alicate Tanque Catavento
Furadeira Debulhadeira Automóvel
Motor a diesel Moinho
CALENDÁRIO AGRÍCOLA (Identificar, para cada mês do ano, e respectivas semanas, as principais atividades agrícolas executadas na UP, como plantio, coleta de mel, colheita, queima, derrubada etc.), separar o calendário do homem, da mulher, das crianças, ou outros.
V. ECONOMIA DA UP
COMPONENTES QUE ENTRAM E SAEM DA UP E QUANTIDADE Descrever todos os componentes (insumos, alimentos, espécies, dinheiro etc.). Para cada componente serão descritas as quantidades, a forma de aquisição/saída das entradas e saídas.
FINANCIAMENTOS Indicar se já fez financiamento?, O tipo, a finalidade, o valor solicitado, o valor pago, o agente financiador, a data de concessão, a taxa(s) de juros, prazo(s) do(s) financiamento(s) e prazo de carência.
FONTES DE RENDA OUTRAS QUE NÃO A AUFERIDA NA UP Origem da fonte de renda: Pode ser aluguéis, venda de artesanato, seguro social, De membros da família que não residem no estabelecimento, outros programas de governo etc. Valor: especificar o valor das receitas recebidas; Observações: especificar de onde vem à receita, qual membro tem acesso à receita, e outras informações;
MEIOS DE TRANSPORTE UTILIZADOS Explicitar os meios de transporte utilizados e os motivos.
AUTOSSUFICIÊNCIA Pedir ao agricultor que faça uma “análise” do que ele produz e do que ele necessita comprar / adquirir. É importante que o agricultor aborde esta questão livremente.
LEIS As leis ambientais influenciaram na agricultura? As leis ambientais influenciaram no uso da mata? O que acha das leis ambientais?
TURISMO O que é o turismo para a região? Atualmente a família ganha dinheiro com o Turismo? O Turismo influenciou na agricultura? O que acha do turismo na região?
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APÊNDICE - B Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis – C0MPONENTES QUE ENTRAM NA UP
Variância 12,27001 8,281191 4,861479 4,485322 3,833293 3,328138 2,504048 1,436518 4,41E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9
açúcar 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 -281646,3176
água -0,036803842 0,049124749 0,131119474 0,002764077 -0,0283997 0,126493712 0,053657931 0,090668332 -8093609,907
água sanitária -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3270010,328
amaciante -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3264884,162
arroz 0,056749555 0,010435393 0,002892017 0,027417907 -0,051570256 -0,148878462 0,170949432 0,109016666 -8989561,558
bolacha 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 401404,3555
café 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 410003,6729
carne 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 408193,1613
creme dental -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 4196013,01
desifetante -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3478645,138
detergente -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3489464,611
esponja -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3482951,284
esponja de aço -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3485603,425
farinha de mandioca 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 963367,8701
farinha de milho 0,061264272 0,008089444 -0,0435968 -0,119021975 0,059742045 0,059063307 0,026090825 0,050041132 4527090,62
fermento 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 -898197,1489
gás -0,011347619 -0,016273954 0,041379761 -5,53636E-05 -0,190260331 0,181006683 0,051251326 0,07199458 4888492,305
leite 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 725079,741
luz -0,011347619 -0,016273954 0,041379761 -5,53636E-05 -0,190260331 0,181006683 0,051251326 0,07199458 4941390,801
óleo 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 845729,819
pão 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 846522,3736
papel higiênico -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 4304910,076
quirela para pintinho 0,00347008 -0,020979175 -0,074660051 -0,18424562 0,077933791 0,061785658 0,046506091 0,063167718 4190005,493
ração para cachorro 0,00347008 -0,020979175 -0,074660051 -0,18424562 0,077933791 0,061785658 0,046506091 0,063167718 4193595,928
ração para galinha 0,00347008 -0,020979175 -0,074660051 -0,18424562 0,077933791 0,061785658 0,046506091 0,063167718 4189378,258
remédio -0,006580013 -0,016305698 -0,009856723 -0,000635216 -0,024330888 -0,04691157 -0,061550375 -0,666290958 20106401,01
remédio para os animais -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 2443356,683
roupa -0,007318786 -0,019347205 -0,014102904 -0,000954909 -0,041619067 -0,095862192 -0,334113977 0,255151807 8731317,595
286
sabão em barra -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 2510104,512
sabão em pó -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 2520477,492
sabonete -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 2394815,894
sacos -0,002502329 -0,017875777 -0,013161127 0,009476135 -0,069318542 -0,213295446 0,238136016 0,141185016 9660774,177
sal 0,061264272 0,008089444 -0,0435968 -0,119021975 0,059742045 0,059063307 0,026090825 0,050041132 5438689,067
sapato -0,007318786 -0,019347205 -0,014102904 -0,000954909 -0,041619067 -0,095862192 -0,334113977 0,255151807 11375083,42
semente de milho -0,002502329 -0,017875777 -0,013161127 0,009476135 -0,069318542 -0,213295446 0,238136016 0,141185016 17241096,63
shampoo -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 14606401,97
telefone -0,011347619 -0,016273954 0,041379761 -5,53636E-05 -0,190260331 0,181006683 0,051251326 0,07199458 15672257,85
trigo 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 15947991,95
vacina -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 2695519,849
vitamina para galinha -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 8043680,273
vitamina para o cavalo -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 6923844,208
Variância 3,79058E-16 2,6744E-16 1,73356E-16 7,66075E-17 4,21223E-17 1,28402E-17 1,16016E-17 8,36066E-18 5,09515E-18
CARACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18
açúcar 1447776,872 850910,6674 -2306940,612 17560207,09 -22073970,39 47109298,5 -4945162,408 -29594262,47 66414862,5
água 2469639,279 -27242318,38 21183549,48 -34373361,46 11440641,12 -17424453,68 32636426,24 20343474,08 22011008,16
água sanitária -114477,7734 2615853,512 -1506537,848 5238442,546 5587675,873 -10942282,17 76478775,14 63771441,31 -166804456,8
amaciante -114481,163 2404723,504 -1588709,268 6695030,513 5612095,553 -10396520,52 76472016,43 63729783,33 -166942153,6
arroz -13616456,99 14773167,84 36848934,62 53131336,4 17985266,8 13961734,4 15868269,17 7510170,955 -21258998,2
bolacha 2199806,106 -991723,6866 -7284825,307 -966104,8629 -25580731,64 -54108778,5 36222115,31 42565803,4 -59351900,55
café 2199811,792 -637545,89 -7146979,944 -3409580,91 -25621696,49 -55024312,31 36233453,26 42635686,08 -59120909,33
carne 2199810,595 -712114,9507 -7176002,089 -2895128,238 -25613071,7 -54831554,61 36231066,15 42620972,89 -59169542,53
creme dental -4698026,13 6175770,348 -8522920,908 15040541,03 27366362,93 -67018738,84 -34577482,06 -12708404,14 -10583224,74
desifetante -67341,41845 2455568,348 -1967182,097 2363056,962 12208490,55 46624909,28 9733747,515 -29920006,69 55664314,35
detergente -67334,26427 2901187,083 -1793748,086 -711271,0039 12156949,48 45473004,72 9748012,681 -29832081,84 55954942,44
esponja -67338,57109 2632924,447 -1898155,422 1139475,519 12187977,22 46166451,67 9739425,046 -29885012,63 55779984,23
esponja de aço -67336,81741 2742157,473 -1855642,124 385875,8136 12175343,13 45884089,17 9742921,818 -29863459,91 55851224,92
farinha de mandioca 1787962,444 -412465,321 -6744763,009 -6683349,93 -20154218,67 21462518,07 35059983,01 -48097963,43 146709461,2
farinha de milho 3327338,877 7771834,333 5951530,262 4553855,752 -70362170,16 29844350,92 24196745,88 9859742,486 16779815,57
fermento 1574637,521 -4535865,151 -1432198,994 5389891,622 26673789,21 64021694,76 99229747,83 -12720438,28 70487575,33
gás 17592569,22 7022512,509 7239003,254 15785234,91 6611832,105 51418942,52 -54703800,17 150708195,2 29001256,28
287
leite 877831,8188 -2559054,817 -5619240,77 -329692,5669 40975666,63 59310533,13 -87040306,47 172494380,3 28183353,1
luz 17516180,62 6937430,332 8158104,395 16265596,9 -8597088,168 -13830863,56 48226941,51 -152559875,1 -53417798,6
óleo 1988197,511 -1941125,189 -3967101,999 1388877,231 46187738,5 -27219847,72 -31938697,46 -85831488,42 -32495764,13
pão 1988198,035 -1908482,456 -3954397,506 1163674,705 46183962,98 -27304227,73 -31937652,5 -85825047,7 -32474474,86
papel higiênico -4201971,033 6903396,374 -6890746,264 14658446,17 -23426584,95 -13478740,41 70688116,21 52635699,42 172338429,4
quirela para pintinho -2282884,755 -4173509,353 6686992,38 3588308,588 13375999,84 -2169624,056 16774149,05 8037785,191 7406929,157
ração para cachorro -2282882,38 -4025631,077 6744546,34 2568094,931 13358895,97 -2551882,804 16778882,93 8066962,994 7503373,894
ração para galinha -2282885,169 -4199343,092 6676937,936 3766535,803 13378987,82 -2102844,993 16773322,06 8032687,946 7390080,651
remédio 2529616,607 971515,0998 9212709,289 12348291,43 9795241,835 6339312,957 25526900,71 12984123,84 1870467,887
remédio para os animais 1192621,569 21435368,22 3852378,585 -41922495,18 38097243,84 -32041821,37 74168856,46 35459259,69 58557247,27
roupa 392968,6983 2261351,858 735229,8299 1904548,342 -11187024,48 59220622,84 21743815,76 -3264919,346 -39284264,15
sabão em barra 690746,7849 1476708,591 2767020,502 11550356,67 -28855484,98 -71874834,24 -94079645,95 -4331576,098 48706986,17
sabão em pó 690753,6439 1903937,729 2933297,315 8602898,717 -28904899,08 -72979202,51 -94065969,47 -4247279,688 48985620,75
sabonete -814183,3683 2393681,152 3366459,067 12135566,28 3916697,964 62037065,9 -14911774 -26082075,93 -134070337,3
sacos -673948,9653 -3193485,987 -21795177,19 -30252416,23 -22864447,67 85337624,07 -29734127,8 -19374029,78 -72601439,71
sal 9078944,757 9915011,358 -20365275,66 -1345416,49 30254377,01 -12430459,2 -57003338,97 -24614187,79 -43806053,85
sapato 2136647,909 -1289836,758 8477479,459 10443743,09 20982266,31 -52881309,89 3783084,949 16249043,19 41154732,04
semente de milho 13496639,55 -7002464,11 3152710,17 2437192,536 19064105,73 -89552390,28 43265744,52 26680998,01 90542199,7
shampoo 10597370,95 3660212,813 7137551,077 -6570687,741 -5688328,2 36416028,77 -17429576,93 -14423411,56 -40488404,91
telefone -34225559,42 5173117,846 -20306764,68 3213033,929 4153403,814 -19632463,55 10246141,88 1273487,68 11613004,76
trigo -12819611,02 -10718481,93 37885750,58 -41459369,94 -14459168,56 9206245,4 -48783476,66 -19787361,84 -30811984,94
vacina 2170346,2 15059233,6 10630074,76 -7499862,777 -11493810,94 7258577,233 -29070381,48 -9652908,07 -18611794,77
vitamina para galinha -946446,5048 1680299,966 5649120,093 14809171,29 -14737014,86 12810396,09 -29969058,47 -11715013,93 -31180050,86
vitamina para o cavalo 113095,3434 -37203386,68 -10918864,15 46961478,11 -2071176,206 18312161 10397484,2 -1107213,846 -6894933,755
Variância 2,33224E-18 4,34038E-34 3,91851E-34 1,51436E-35 6,48956E-50 3,14499E-51 3,46193E-50 1,97358E-34 8,46893E-34
CARACTERÍSTICAS FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24 FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27
açúcar 2,33224E-18 4,34038E-34 3,91851E-34 1,51436E-35 6,48956E-50 3,14499E-51 3,46193E-50 1,97358E-34 8,46893E-34
Água 11079190,28 -2,79923E+13 -4,97489E+12 -1,11528E+15 -6,36716E+21 -4,07822E+22 -1,45787E+22 -3,37989E+13 -1,50242E+13
água sanitária -40388314,69 4,73495E+12 8,41511E+11 1,88652E+14 -1,64235E+23 1,25376E+25 -3,56098E+23 6,83581E+12 3,03863E+12
amaciante -40284463 6,58792E+12 1,17083E+12 2,62479E+14 1,66811E+23 -1,25211E+25 3,61995E+23 6,83581E+12 3,03863E+12
arroz -22037324,62 4,86085E+13 8,63885E+12 1,93668E+15 1,10565E+22 7,0818E+22 2,53157E+22 5,86915E+13 2,60893E+13
bolacha 6299482,594 -3,39323E+12 -6,03057E+11 -1,35195E+14 -1,0581E+24 -1,5914E+24 -4,11735E+24 -6,33585E+12 -2,81639E+12
288
café 6125267,839 -6,50166E+12 -1,1555E+12 -2,59042E+14 3,14241E+24 1,096E+24 7,84227E+23 -6,33585E+12 -2,81639E+12
carne 6161947,244 -5,84721E+12 -1,03918E+12 -2,32967E+14 -2,08789E+24 4,7247E+23 3,32492E+24 -6,33585E+12 -2,81639E+12
creme dental 188115463,7 1,09363E+13 1,94363E+12 4,35727E+14 2,48757E+21 1,59331E+22 5,6957E+21 1,32048E+13 5,86975E+12
desifetante -32358132,92 -8,04268E+15 1,25853E+16 -1,82544E+17 5,58923E+20 3,57995E+21 1,27975E+21 2,70607E+16 3,4077E+15
detergente -32577326,1 -1,57953E+16 1,23479E+16 1,76454E+17 5,96388E+20 3,81991E+21 1,36553E+21 2,31829E+16 -3,94105E+14
esponja -32445371,72 -2,53866E+15 7,26783E+15 -1,00155E+16 6,66194E+20 4,26703E+21 1,52536E+21 -6,05731E+16 3,47608E+14
esponja de aço -32499101,82 2,63872E+16 -3,21992E+16 1,65227E+16 5,60438E+20 3,58965E+21 1,28321E+21 1,03421E+16 -3,35558E+15
farinha de mandioca -337191970,7 -6,90648E+12 -1,22744E+12 -2,75171E+14 -1,57096E+21 -1,00621E+22 -3,59696E+21 -8,33912E+12 -3,70687E+12
farinha de milho -6346139,961 9,53269E+11 1,69418E+11 3,79806E+13 2,16832E+20 1,38882E+21 4,96471E+20 1,15101E+12 5,11642E+11
fermento 398054388,2 1,44388E+13 2,5661E+12 5,75276E+14 3,28426E+21 2,10359E+22 7,51984E+21 1,74339E+13 7,74963E+12
gás -27952116,25 1,59121E+13 2,82794E+12 6,33976E+14 3,61937E+21 2,31824E+22 8,28714E+21 1,92128E+13 8,54038E+12
leite -12871648,44 5,85677E+12 1,04088E+12 2,33348E+14 1,33219E+21 8,53277E+21 3,05026E+21 7,07167E+12 3,14347E+12
luz 67735632,87 1,33419E+13 2,37117E+12 5,31574E+14 3,03476E+21 1,94379E+22 6,94858E+21 1,61095E+13 7,16092E+12
óleo -82295470,93 6,06125E+15 1,05143E+16 -9,59177E+15 4,84813E+20 3,10526E+21 1,11006E+21 1,57378E+15 -2,26516E+16
pão -82311527,4 -6,05718E+15 -1,05136E+16 9,75397E+15 4,41182E+20 2,82581E+21 1,01016E+21 -1,56886E+15 2,26538E+16
papel higiênico -39921800,1 1,09481E+13 1,94573E+12 4,36199E+14 2,49026E+21 1,59503E+22 5,70186E+21 1,32191E+13 5,8761E+12
quirela para pintinho 10184443,62 2,40347E+16 1,76269E+16 1,32638E+16 1,31215E+21 8,40446E+21 3,00439E+21 3,04277E+15 7,62557E+15
ração para cachorro 10111704,51 6,47901E+14 5,90676E+15 1,18247E+16 9,65649E+20 6,18506E+21 2,21101E+21 -4,72264E+14 -3,84558E+14
ração para galinha 10197150,85 -2,46675E+16 -2,35309E+16 -2,44863E+16 1,1604E+21 7,43243E+21 2,65691E+21 -2,55225E+15 -7,2329E+15
remédio 22095775,9 1,23617E+13 2,19696E+12 4,9252E+14 2,8118E+21 1,80098E+22 6,43807E+21 1,49259E+13 6,63481E+12
remédio para os animais 51470192,4 -6,37603E+13 -1,13317E+13 -2,54037E+15 -1,4503E+22 -9,28928E+22 -3,32069E+22 -7,69864E+13 -3,42217E+13
roupa 18155690,6 5,04949E+12 8,97412E+11 2,01184E+14 1,14856E+21 7,35663E+21 2,62982E+21 6,09693E+12 2,71018E+12
sabão em barra 112736253,5 -3,67139E+15 -3,94461E+15 -5,74563E+15 1,45213E+21 9,30098E+21 3,32488E+21 -3,0725E+14 -3,21675E+15
sabão em pó 112526105,8 3,68062E+15 3,94625E+15 6,11331E+15 6,46998E+20 4,14408E+21 1,48141E+21 3,18393E+14 3,2217E+15
sabonete -147185060,9 1,72589E+13 3,06732E+12 6,87639E+14 3,92574E+21 2,51447E+22 8,98861E+21 2,0839E+13 9,26329E+12
sacos 127158417 -2,31227E+13 -4,10945E+12 -9,21267E+14 -5,25952E+21 -3,36877E+22 -1,20425E+22 -2,79192E+13 -1,24105E+13
sal -4762738,895 -4,59629E+12 -8,16868E+11 -1,83128E+14 -1,04548E+21 -6,69637E+21 -2,39379E+21 -5,54972E+12 -2,46694E+12
sapato 3940085,296 7,3122E+12 1,29955E+12 2,91336E+14 1,66324E+21 1,06532E+22 3,80826E+21 8,82899E+12 3,92463E+12
semente de milho -88403989,49 -1,26012E+12 -2,23952E+11 -5,02062E+13 -2,86628E+20 -1,83587E+21 -6,56281E+20 -1,52151E+12 -6,76335E+11
shampoo 13701046,41 -8,12004E+12 -1,44312E+12 -3,23522E+14 -1,84699E+21 -1,18301E+22 -4,22899E+21 -9,80441E+12 -4,35822E+12
telefone -25073867,57 1,76928E+12 3,14442E+11 7,04924E+13 4,02442E+20 2,57767E+21 9,21456E+20 2,13629E+12 9,49614E+11
trigo 20043139,79 -4,6524E+13 -8,2684E+12 -1,85363E+15 -1,05824E+22 -6,77811E+22 -2,42301E+22 -5,61747E+13 -2,49705E+13
289
vacina 2855016,803 -1,8427E+13 -3,2749E+12 -7,34176E+14 -4,19142E+21 -2,68464E+22 -9,59694E+21 -2,22494E+13 -9,8902E+12
vitamina para galinha -22729318,4 1,60551E+13 2,85336E+12 6,39675E+14 3,65191E+21 2,33908E+22 8,36164E+21 1,93855E+13 8,61716E+12
Variância 1,41083E-33 1,48469E-32 1,20272E-19 3,16981E-18 6,92664E-18 9,22982E-18 9,58609E-18 3,75512E-17 5,47317E-17
CARACTERÍSTICAS FATOR 28 FATOR 29 FATOR 30 FATOR 31 FATOR 32 FATOR 33 FATOR 34 FATOR 35 FATOR 36
açúcar 1,41083E-33 1,48469E-32 1,20272E-19 3,16981E-18 6,92664E-18 9,22982E-18 9,58609E-18 3,75512E-17 5,47317E-17
água -5,90035E+13 -2,72121E+13 90674877,25 61595242,1 41321907,63 -122545,0023 21613587,11 29546476,51 19949925,12
água sanitária 1,19334E+13 5,50364E+12 79587214,25 -1364275,143 97641905,55 3190729,102 -64620832,93 -17117021,17 -4971111,77
amaciante 1,19334E+13 5,50364E+12 79587214,25 -1364275,143 97641905,55 3190729,102 -64620832,93 -17117021,17 -4971111,77
arroz 1,02459E+14 4,72536E+13 69793984,86 -20295285,22 23763714,9 4016623,943 35740545,54 26524221,58 25019033,91
bolacha -1,10606E+13 -5,10111E+12 -18838151,57 9953524,474 -69048102,15 -8787694,024 68471211,83 15119934 15411287,24
café -1,10606E+13 -5,10111E+12 -18838151,57 9953524,474 -69048102,15 -8787694,024 68471211,83 15119934 15411287,24
carne -1,10606E+13 -5,10111E+12 -18838151,57 9953524,474 -69048102,15 -8787694,024 68471211,83 15119934 15411287,24
creme dental 2,30519E+13 1,06314E+13 1491412406 5294751,961 96350999,95 -29403525,95 108606166,7 4422218,965 -25426202,38
desifetante 2,9004E+14 -2,69612E+13 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183
detergente -1,80271E+15 -9,52105E+12 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183
esponja -6,67348E+14 2,70712E+12 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183
esponja de aço 2,20209E+15 4,39551E+13 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183
farinha de mandioca -1,45578E+13 -6,71398E+12 1409378002 -159884093,5 87507363,77 7985898,228 -70145699,37 22859103,23 12399899,27
farinha de milho 2,00934E+12 9,26699E+11 -16345283,52 -5157237,691 7624892,491 -16776012,15 34322237,56 -2992960,174 -66476058,54
fermento 3,04347E+13 1,40363E+13 105843098,3 -234052583 -66399785,87 -31844735,86 -81711512,84 -21587426,24 -1509327,158
gás 3,35402E+13 1,54686E+13 41293377,52 -38020035,19 16526932,83 -161625012,4 6315172,394 14436126,91 3449283,304
leite 1,23452E+13 5,69353E+12 -13952989,21 2204403,515 7852336,312 205723079,4 14571794,6 817700,7526 -28499222,77
luz 2,81227E+13 1,297E+13 -88617492,68 -9751701,95 27777575,05 163499054,1 25211352,36 17051114,04 -3596105,209
óleo -7,15125E+14 4,89755E+14 -809535307,2 -4959793,085 50867602,88 -65860368,95 -1532362,232 11106784,36 -31620238,41
pão 7,23706E+14 -4,85798E+14 -809535307,2 -4959793,085 50867602,88 -65860368,95 -1532362,232 11106784,36 -31620238,41
papel higiênico 2,30769E+13 1,06429E+13 -1598050003 -38362864,86 101322924,6 27565655,99 6648154,228 6540158,757 19507907,86
quirela para pintinho -1,30248E+16 -2,48379E+14 23510640,07 10321260,5 2528506,557 1407690,592 779468,1667 18190706,24 1533187,11
ração para cachorro 2,09819E+16 -1,41852E+15 23510640,07 10321260,5 2528506,557 1407690,592 779468,1667 18190706,24 1533187,11
ração para galinha -7,92525E+15 1,6816E+15 23510640,07 10321260,5 2528506,557 1407690,592 779468,1667 18190706,24 1533187,11
remédio 2,60565E+13 1,20171E+13 46138725,62 11688980,31 22273678,97 331250,4848 16328617,96 39777066,31 9139336,603
remédio para os animais -1,34397E+14 -6,19832E+13 99271365,58 96514704,66 -19134659,21 1044376,557 -37703466,24 65523338,81 -13440892,75
roupa 1,06435E+13 4,90875E+12 -38211359,39 -5023198,969 31063703,63 -10118076,05 33814617,73 29432799,34 -17312368,4
290
sabão em barra -3,62083E+15 -5,56131E+15 -98439983,11 -66190363,8 -11744430,29 10084538,09 -72423639,3 33185666,56 -3637693,335
sabão em pó 3,64029E+15 5,57028E+15 -98439983,11 -66190363,8 -11744430,29 10084538,09 -72423639,3 33185666,56 -3637693,335
sabonete 3,63792E+13 1,67779E+13 81103023,73 2009004,119 -199504140,1 3393626,626 -98593637,71 49281876,74 -7053280,104
sacos -4,87392E+13 -2,24783E+13 -164534550,3 -27853238,41 89749791,33 -7558196,372 17624407,68 58872345,66 14555230,54
sal -9,68827E+12 -4,46818E+12 -15923879,78 -20340927,56 11805715,87 11627616,51 -15814924,76 -16579054,47 72481616,73
sapato 1,5413E+13 7,10839E+12 84350085,01 16712179,28 -8790024,669 10449326,54 -17485999,78 10344266,97 26451705
semente de milho -2,65613E+12 -1,225E+12 157913982,5 54884012,29 -85439792,32 4853164,553 -28313102,64 -39145706,21 -24328505,86
shampoo -1,71158E+13 -7,89371E+12 11223380,22 1684594,354 -3444043,919 -1142809,511 -14741123,29 -40164839,15 8810961,148
Telefone 3,72937E+12 1,71996E+12 33012922,6 18397222,72 -49578767,33 -1461094,539 -29606964,87 -11407825,64 -4013791,572
trigo -9,80655E+13 -4,52273E+13 -89054394,22 -25586840,94 23290968,52 -2520978,001 4039318,3 -26105803,37 8685449,741
vacina -3,88412E+13 -1,79134E+13 -46909001,62 -40203995,77 17498343,39 1504791,778 19234458,97 -23196296,48 8136955,456
vitamina para galinha 3,38417E+13 1,56076E+13 -16066760,74 -46829962 10834025,72 131700,1949 19751768,47 -25206464,7 15119387,42
Variância 1,17741E-16 1,63704E-16 1,90098E-16 3,688E-16 8,69307E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 37 FATOR 38 FATOR 39 FATOR 40 FATOR 41
açúcar 1,17741E-16 1,63704E-16 1,90098E-16 3,688E-16 8,69307E-16
água 8708611,625 16762964,02 33081774,23 -9094707,238 1078243,663
água sanitária 4222692,382 432394,3776 -3220921,028 486257,8581 220884,7321
amaciante 4222692,382 432394,3776 -3220921,028 486257,8581 220884,7321
arroz -15736758,46 578967,4337 6342001,58 -8558748,284 394227,4183
bolacha -5574811,817 -783049,8345 546872,1446 6300011,814 653228,6967
café -5574811,817 -783049,8345 546872,1446 6300011,814 653228,6967
carne -5574811,817 -783049,8345 546872,1446 6300011,814 653228,6967
creme dental 18795590,35 -4343775,844 -5224326,709 1001100,781 -571202,5439
desifetante 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594
detergente 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594
esponja 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594
esponja de aço 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594
farinha de mandioca -5377799,599 -551114,5815 1078277,134 6271438,669 808488,7247
farinha de milho 8285637,994 24698039,67 3894696,139 -24170554,04 -1019161,968
fermento 5754674,737 3810263,726 5044038,812 2188246,673 384793,0531
gás 4683303,652 -5530692,689 -10535126,65 3497544,298 -740777,6586
leite -861409,9486 4169612,47 4229820,492 2946042,258 291080,9129
291
luz 4280758,877 -5014562,802 -10098124,24 3518849,105 -872876,8326
óleo -2863653,082 6319494,482 4618178,938 3446074,698 407864,6958
pão -2863653,082 6319494,482 4618178,938 3446074,698 407864,6958
papel higiênico 17731623,02 -8067674,727 -5906883,785 2470324,513 -370334,4761
quirela para pintinho -4230861,443 -1411831,42 823155,6823 11829070,73 1073555,27
ração para cachorro -4230861,443 -1411831,42 823155,6823 11829070,73 1073555,27
ração para galinha -4230861,443 -1411831,42 823155,6823 11829070,73 1073555,27
remédio 5042360,911 6764968,613 12960017,96 -2339688,332 1758636,338
remédio para os animais -15605041,34 -7250802,058 -9181145,107 -10677818,14 -5039092,888
roupa -685544,6344 -37435907,94 31397368,82 -890608,7178 325604,946
sabão em barra -6844126,679 -4618950,599 5060342,105 645272,1821 205943,071
sabão em pó -6844126,679 -4618950,599 5060342,105 645272,1821 205943,071
sabonete 29027608,98 1462786,734 -2918866,911 858581,9922 522405,9923
sacos 2511621,611 16656573,69 -4475088,298 4781024,001 612546,3217
sal 15175489,32 -10145795,14 9982998,275 -25869731,77 -914921,2282
sapato 5727905,545 44200876,55 -18437350,86 -1449079,614 1433031,392
semente de milho 14426610,54 -10329263,32 12641003,69 -650906,7635 848082,0999
shampoo -66318202,52 6538323,101 4955579,212 -606557,4596 1458938,257
telefone -9727442,701 6134914,756 11538752,7 -3292943,576 2653461,721
Trigo 16029189,45 -21714020,81 -26083387 -2604669,211 -2005748,163
vacina 18656621,29 8514498,613 14597532,32 8894659,989 24117536,55
vitamina para galinha 13366444,56 15557220,07 22220521,69 13048729,94 -22112244,35
APÊNDICE - C
Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis - C0MPONENTES QUE SAEM DA UP
VARIÂNCIA 8,957331867 7,053866192 4,28293654 3,368436426 1,795746673 1,541682302 3,74462E-16 2,39126E-16 1,4476E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9
alface -0,007706735 -0,030778338 -0,205431741 0,108575339 0,097705781 0,062952732 5933378,604 10775632,69 5301104,878
arroz 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 4333856,033 5210445,733 -3528752,373
artesanatos -0,028114872 -0,04370367 0,11998885 0,109037137 0,317634578 -0,222060129 8655489,356 -20693505,52 6562347,511
292
banana 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 4195546,218 5729114,059 -3933679,522
cana 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 4194309,252 5729065,692 -3841695,724
cestos -0,040294123 -0,060996839 0,151090013 0,124166318 0,035783847 0,191096618 15498289,34 346231,8638 6046466,312
cheiro-verde -0,007706735 -0,030778338 -0,205431741 0,108575339 0,097705781 0,062952732 11260494 9487894,076 2509449,216
couve -0,007706735 -0,030778338 -0,205431741 0,108575339 0,097705781 0,062952732 11261884,2 9487948,436 2406070,162
doce -0,006188978 -0,021847168 -0,013634566 -0,269431405 0,189812525 0,112190022 18013364,49 7341204,527 8794773,972
feijão 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 3958881,232 452460,1746 -10357029,38
frango -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -123337,784 7244331,998 -9017762,51
gado -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -121437,7719 7244406,292 -9159052,045
leite -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -123289,0579 7244333,904 -9021385,901
lenha -0,023904617 -0,035042911 0,075067518 0,05126089 -0,271437831 0,468764802 6510093,609 -1038634,354 28855108,48
mandioca 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 3755794,935 3406527,923 -9259832,147
maracujá 0,078950629 -0,014742454 -0,134660032 0,107633528 0,076260321 0,051246167 -15933253,48 -38875310,09 12668321,75
mel 0,062333188 0,114399207 0,028328922 0,039677158 0,031396223 0,023532362 -598237,5433 2478401,516 10795654,88
milho 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 1802301,581 8890895,651 22299010,07
ovos -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -2411448,942 7781862,96 -10350783,91
palmito 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 1662823,248 9682974,666 20284542,94
pamonha 0,080126279 -0,0078244 0,013905421 -0,185169237 0,147605899 0,089385208 6475159,675 -14549210,84 -12662354,89
pano de prato -0,028114872 -0,04370367 0,11998885 0,109037137 0,317634578 -0,222060129 -2145395,747 19654871,17 22292760,97
Pato -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -10307463,93 -4215316,237 47915265,33
porco -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 29664282,03 -27580590,99 1300904,809
reciclagem -0,014556599 -0,016316654 -0,012562541 -0,050664953 -0,374247403 -0,452227575 16113911,73 -361210,5117 20029464,09
salgados -0,006188978 -0,021847168 -0,013634566 -0,269431405 0,189812525 0,112190022 -6915089,878 3567355,22 21042908,03
vassoura -0,040294123 -0,060996839 0,151090013 0,124166318 0,035783847 0,191096618 -3099813,451 528318,5555 -17440324,24
VARIÂNCIA 9,53701E-17 6,78939E-17 4,12756E-17 1,81854E-17 7,45281E-18 2,22167E-18 1,05226E-33 3,49876E-35 9,49018E-34
CARACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18
alface -11947109,13 -12531999,74 67937399,48 -68868738,04 -12160306,1 -42278354,68 -2,02951E+12 -8,24121E+12 -5,24825E+11
293
arroz 17044705,73 27836127,86 -22192926,58 45819723,26 -118618584,6 -95640641,72 -4,23185E+13 -1,71842E+14 -1,09434E+13
artesanatos -3136401,583 27093567,12 48464005,33 42410991,39 -104145053,4 -13401986,46 -4,88129E+13 -1,98214E+14 -1,26229E+13
banana 14742422,12 25840895,06 -33345281,15 21390361,78 23282681,06 12507956,36 -4,39334E+14 1,19461E+17 -1,17244E+14
cana 14800679,14 25419328,77 -33461079,92 21414762,17 24222523,8 12381076,29 4,1722E+14 -1,19551E+17 1,11526E+14
cestos -2469519,751 -28935550,06 -42623054,64 -28866343,18 116882066,2 83857878,19 5,55067E+13 2,25395E+14 1,43538E+13
cheiro-verde -4644488,831 14024180,28 -30641199,47 29098741,81 12093556,19 17445223,27 -2,15416E+16 -2,58695E+15 6,31292E+14
couve -4709962,931 14497971,59 -30511055,17 29071318,61 11037282,63 17587821,66 2,15315E+16 2,54566E+15 -6,33921E+14
doce 44116814,4 -39122450,62 303394,0024 8732347,475 -3963105,342 29647166,89 4,26528E+13 1,73199E+14 1,10299E+13
feijão 16994135,29 3908826,081 32176927,15 -127393915,6 57001668,06 -224750917,1 2,81682E+12 1,14382E+13 7,2842E+11
frango -1183156,989 -10680260,08 15058623,96 48292097,64 17235470,82 2740173,784 -1,88015E+15 -1,78816E+14 -2,50339E+16
gado -1272641,316 -10032723,17 15236493,91 48254617,99 15791847,63 2935064,911 3,86283E+15 -1,3849E+15 5,0125E+15
leite -1185451,827 -10663653,9 15063185,46 48291136,47 17198448,9 2745171,795 -1,96157E+15 1,64942E+15 2,00268E+16
lenha -7551116,048 37926264,44 42905930,9 29812063,61 -33025792,19 -7597701,553 -3,45785E+13 -1,40412E+14 -8,94188E+12
mandioca 9597118,072 11372255,52 71898186,88 46943424,8 191714716,1 239390705 1,64499E+13 6,67978E+13 4,25389E+12
maracujá 27147791,51 -24453023,58 -9117039,776 17375764,6 38710809,48 75644360,84 3,93497E+13 1,59787E+14 1,01757E+13
mel -31290371,47 -37005260,49 -5277283,297 21099274,93 -32775667,28 8372687,704 2,46451E+13 1,00076E+14 6,37313E+12
milho -9723579,262 -33772983,98 7813398,381 31046298,38 -17839096,53 -379720731,3 3,45736E+13 1,40393E+14 8,94063E+12
ovos 16559953,16 36619570,81 -10732917,74 -98512359,05 -55763773,38 98896640,28 -4,4547E+13 -1,80891E+14 -1,15197E+13
palmito -7329053,537 -27490145,49 5158377,593 -45997793,72 -164636319,3 395278212,8 -8,71993E+12 -3,54089E+13 -2,25494E+12
pamonha -68668731,79 14898075,73 -22172431,33 -26161959,63 53228820,17 34629085,01 -1,54609E+13 -6,2782E+13 -3,99815E+12
pano de prato -4414714,465 10832697,32 -5558074,436 -12598927,79 71119261,18 5804284,909 1,42345E+13 5,78017E+13 3,68099E+12
pato 2812777,379 18165638,73 -28863891,95 -36967888,76 92395689,97 -18005384,45 2,70266E+13 1,09747E+14 6,989E+12
porco 8232965,105 2304500,649 -1950611,371 -22940500,61 -20513964,41 -44448562,12 -4,39404E+12 -1,78428E+13 -1,13628E+12
reciclagem -272972,0071 -2951078,483 -276883,8006 2760531,76 40955796,81 51348560,2 1,82816E+13 7,42357E+13 4,72755E+12
salgados 8800784,517 24631372,3 16594413,65 14293151,07 3688035,342 -5122180,593 -1,23952E+13 -5,03331E+13 -3,20536E+12
vassoura -11947109,13 -12531999,74 67937399,48 -68868738,04 -12160306,1 -42278354,68 -2,02951E+12 -8,24121E+12 -5,24825E+11
VARIÂNCIA 2,12227E-33 1,22316E-18 1,39374E-17 3,11767E-17 6,26714E-17 1,42105E-16 2,58604E-16 3,60626E-16 5,9691E-16
294
CARACTERÍSTICAS FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24 FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27
alface -1,61548E+12 -31782808,08 -48849175,95 -98791363,37 25849426,38 -279476,8075 -1117713,054 5210748,391 3467715,465
arroz -3,36853E+13 653287044,4 -4152166,498 -48287344,01 11537848,6 -1533234,684 -217067,5457 1397619,145 677562,4116
artesanatos -3,88548E+13 -119002602,9 8681125,912 25295866,63 20340608,23 -1073676,201 -12884653,87 16050123,98 -6061534,026
banana 2,15453E+14 -379106401,9 2652979,432 -41721998,58 13284870,06 -1588746,381 -995486,4682 1533486,757 724874,2665
cana -2,33056E+14 -379106401,9 2652979,432 -41721998,58 13284870,06 -1588746,381 -995486,4682 1533486,757 724874,2665
cestos 4,4183E+13 148712773 -14647736,83 -4503576,912 45623943,2 17509755,17 -25466570,62 -5755769,597 -3241010,584
cheiro-verde 2,30554E+15 23164055,87 26879496,12 49292265,92 -9698257,699 -1465378,289 -1400079,337 4946902,624 3071758,189
couve -2,31364E+15 23164055,87 26879496,12 49292265,92 -9698257,699 -1465378,289 -1400079,337 4946902,624 3071758,189
doce 3,39514E+13 -5228857,432 -7953837,664 4586310,495 10357047,54 -17761715,87 14757005,42 10620519,59 -11442716,92
feijão 2,24217E+12 53997755,1 143721548,3 44100108,45 5545413,346 -2357959,698 -2091504,967 3012057,61 842777,7451
frango -5,65827E+15 -1059201,792 44552270,7 -653081,3857 22267640,83 15526228,76 5492342,011 2215995,808 1460471,471
gado 1,71954E+16 -1059201,792 44552270,7 -653081,3857 22267640,83 15526228,76 5492342,011 2215995,808 1460471,471
leite -1,15203E+16 -1059201,792 44552270,7 -653081,3857 22267640,83 15526228,76 5492342,011 2215995,808 1460471,471
lenha -2,75243E+13 -56586510,42 26272742,37 17265677,75 18897142,98 -9528758,398 16709330,84 -4274916,255 -2918830,979
mandioca 1,3094E+13 157654464,9 -69266509,99 20559597,18 -32384349,29 -5643836,631 -5284531,421 2866177,178 777578,2472
maracujá 3,13222E+13 41445567,77 -3806726,926 12653817,87 40264296,93 1517074,963 14816506,84 -5928883,898 3969318,305
mel 1,96173E+13 -15493831,25 15141057,21 9098883,473 11992290,62 -62034999,16 -14881064,42 -4255862,007 4761847,773
milho 2,75204E+13 -97311476,77 -114913233,5 48039982,64 -7717979,333 25186408,59 1546900,097 36990,44552 980759,3565
ovos -3,54591E+13 6986014,532 -137043294,2 60981931 37969351,12 -7457954,49 3749122,084 -64753,45676 1481132,025
palmito -6,94101E+12 -41031853,5 41869246,21 13479792,84 -19622981,92 26332492,01 1247663,4 64556,1535 986828,8928
pamonha -1,23068E+13 75088940,9 -12113710,14 -2198481,297 17087642,67 7791788,612 18588337,84 10272127,99 267836,4642
pano de prato 1,13306E+13 62416092,52 17591616,46 -8030188,879 -1443465,253 -8455082,197 29593984,71 -20325040,23 3142703,047
pato 2,15131E+13 87882603,63 9438984,139 -30811576,66 -29593973,91 2675966,777 -4720845,938 24173850,34 -5881352,079
porco -3,49763E+12 -33040640,29 -15819576,18 -25664301,37 -46825986,8 4220292,977 3580465,878 -16948447,85 9016146,799
reciclagem 1,4552E+13 46648902,42 1961138,304 9594773,646 37641501,27 -2035112,173 7558945,122 10512059,92 12685852,58
salgados -9,86653E+12 -6285883,665 19298215,49 6711399,441 14048422,64 9691110,188 -21596524,88 -8065215,804 23921104,27
295
vassoura 1,01373E+13 -15436428,12 -16738409,07 -5399517,703 -21425080,7 -7835499,491 13653473,45 24845673,75 23386570,44
APÊNDICE - D
Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis –AMENDOIM
VARIÂNCIA 11,29058163 4,786889774 3,9225286 5,83365E-16 3,53679E-16 1,55176E-16 1,16947E-16 8,23144E-17 4,11655E-17
CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9
bainha graúda 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -1927851,134 607248,5594 19140207,75 24538126,4 -64873366,66 18105651,97
bom para colocar na pamonha -0,045003701 -0,094040554 0,187196167 -5149889,592 -5520177,056 15598722,1 -7393171,462 19710410,7 12519624,09
casca da semente é preta -0,038936323 0,181647036 -0,057384857 -6587209,635 -6396208,947 9141150,322 17272269,02 15816983,39 37509536,07
casca da semente é vermelha -0,045003701 -0,094040554 0,187196167 -4700014,269 -5396747,655 15211597,39 -8442044,324 19483847,79 2589821,12
dá galhos alastrados 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -3376017,958 6382388,844 25468314,34 -960110,7097 14052364,03 41640609,42
é áspero 0,072694193 -0,07586944 -0,112419892 -3736317,379 -10865958,2 16395868,07 -14574416,81 -2478513,78 90228480,03
é doce 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -3100551,562 6700667,41 16961023,96 9074888,798 8239012,729 -89091414,7
é forte -0,038936323 0,181647036 -0,057384857 -6202108,515 -5697168,621 15655537,75 22083973,65 16776711,61 -16656277,24
é gostoso -0,072694193 0,07586944 0,112419892 2766125,475 10199092,86 -26758116,06 3507646,634 -2023197,976 37438693,12
é macio -0,072694193 0,07586944 0,112419892 2766134,202 10198398,47 -26764072,62 3509674,028 -2023143,476 37438046,2
gosto forte -0,038936323 0,181647036 -0,057384857 -6185251,491 -5543352,071 9789916,423 24056156,47 12141258,06 5090071,489
produz bem 0,038308391 0,187871866 0,016409479 9509599,508 -13998543,36 190628,8288 -57720622,54 -15662053,82 -5708995,424
produz mais 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -2205931,509 8104646,405 -10080825,94 7576763,062 -17002047,69 9944088,751
produz pouco -0,045003701 -0,094040554 0,187196167 -889111,0266 -18842899,09 3941374,41 29260089,48 -8023041,909 5889750,05
ruim de comer 0,000768981 -0,122895192 -0,206144201 12608058,41 18188124,12 9340292,316 22475302,26 22452879,77 15808788,36
semente é branquicenta 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -1785579,024 9147656,851 -8158266,855 16619231,65 -1584320,608 27848752,67
semente graúda 0,083171042 0,035288709 0,076332891 27800668,94 -20455260,14 -5385126,436 22172884,46 39809728,53 6707734,68
semente grossa 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -12094754,2 13420631,31 -4870341,379 -18673673,2 58727171,68 11016246,18
semente miúda -0,072694193 0,07586944 0,112419892 17690301,06 24102071,74 40575497,65 -11141202,74 -8499240,534 9358375,075
semente pintada de preto 0,083171042 0,035288709 0,076332891 1062520,111 6403239,042 -23899782,53 12114717,24 -1351925,756 -5418745,547
VARIÂNCIA 1,09169E-17 4,12548E-18 2,29255E-33 4,38304E-20 4,54853E-18 2,10816E-17 3,10614E-17 5,42709E-17 1,07402E-16
296
CARACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18
bainha graúda 27433085,89 -64911262,32 5,67623E+14 33267850,85 -45757628,4 -10342394,74 57811057,59 -44674706,08 33699213,19
bom para colocar na pamonha 17183287,14 -192591715,7 2,36062E+13 1065190134 257069104,2 8722959,447 15200886,97 -33030635,25 -7593790,94
casca da semente é preta 87751883,83 -274346484,8 1,66931E+15 144621510 -186100951,9 -874612,5793 -41086386,62 16394384,9 -5479268,448
casca da semente é vermelha -5403484,182 151209252,4 1,90991E+14 -997475100,3 -278629981,3 23253032,79 27384334,24 -29353577,02 -10138539,93
dá galhos alastrados -61964238,19 108477667,6 -1,3646E+15 -313818226,4 51015074,51 -81582137,78 -80069641,22 31312923,21 28131030,79
é áspero -22445363,88 17701323,43 -5,4135E+14 -104758034,2 23347570,66 50281687,95 69004139,88 51026932,04 -14315021,9
é doce 5875487,014 -48596791,37 4,59051E+13 763746417,1 -23194911,34 50898373 42490179,59 71853765,6 -3067971,27
é forte 39675244,61 107144213,4 1,26008E+15 -2979757235 176233641 23092371,37 30268915,29 -9210004,562 1633056,245
é gostoso 61952991,07 30056428,75 -1,41219E+16 -68303657,65 15374469,72 16580685,44 34602334,16 27460715,23 12063625,99
é macio -88047072,94 -3495561,513 1,35046E+16 -68303657,65 15374469,72 16580685,44 34602334,16 27460715,23 12063625,99
gosto forte -130628339,2 139577291 -3,07233E+15 2720328687 -6397338,907 25601444,27 14738805,59 -27531892,58 -5417065,033
produz bem 41840125,83 48524654,86 1,18799E+15 390154794,6 17864749,46 82326379,58 -30328405,34 -14590753,02 16235999,85
produz mais -135805879,9 -118678106,1 -3,77078E+15 -1503839104 3741108,9 78414884,77 -47788859,99 -20759406,08 -41880203,04
produz pouco 21253598,16 55781066,68 6,713E+14 155361891,4 20767554,17 87139946,94 -64929056,43 29400737,26 22529841,95
ruim de comer 27854905,5 8167170,949 7,38166E+14 187578397,2 -1035630,551 102476134,3 -20201509,1 -23477562,96 24723270,18
semente é branquicenta 161611019,3 181202434,8 4,57434E+15 1080556529 46269914,84 1592182,698 -18866622,02 -9875773,092 -46416517,55
semente graúda -21920734,37 -42972575,14 -6,60921E+14 -203776299,4 -15249940,58 -38661506,94 30486447,06 -7988721,284 -6101240,299
semente grossa 13566402,19 -45572586,11 2,51214E+14 2806457,413 -30698948,98 25380577,01 23587568,34 -28921669,63 26138724,13
semente miúda -2330893,675 -16054982,21 -9,46229E+13 -9140888,525 -7681161,579 -2093674,615 2273216,68 7081983,348 -15433989,13
semente pintada de preto 2825151,677 -2805194,19 6,65422E+13 -9249190,885 -2631626,37 5479420,13 -1586468,969 -1788012,825 20159445,92
APÊNDICE - E
Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis -ARROZ
VARIÂNCIA 14,78809076 8,571330137 7,022361152 6,484411059 4,072635164 3,341673625 2,785023031 2,11700351
CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8
ainda existe em outros lugares -0,017316141 -0,028174937 -0,023429896 0,009449584 -0,140524925 0,185038652 -0,086713212 -0,054787879
297
bom para colher 0,007024716 -0,047463837 0,0931785 0,059311473 0,051279836 -0,065422451 -0,02148452 0,165700968
bom para comer 0,042501038 0,032306733 -0,036110656 0,005609192 0,100599061 -0,001986608 -0,024234356 0,232670755
bom para cozinhar 0,047934127 0,071880164 -0,012032254 0,004469022 -0,022540081 0,023242875 0,100824716 0,002605419
bom para plantar 0,044873707 0,019935848 0,066255633 0,052076556 0,023465912 -0,034439479 0,064780999 0,13742159
branco 0,026585931 0,028493666 0,039361385 -0,122289656 -0,037597314 -0,007372614 0,013140923 0,002433726
cacho curto -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
cacho ralo -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
casca ápera -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
casca dura -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
casca grossa 0,026585931 0,028493666 0,039361385 -0,122289656 -0,037597314 -0,007372614 0,013140923 0,002433726
comprou de um agricultor de Bombas 0,031884345 0,002026781 0,098316079 -0,004469562 0,059929653 0,093302871 0,11711194 -0,08978348
comprou de um vizinho 0,02897843 0,017177959 -0,027056508 -0,061380228 0,154398082 0,133049358 0,00809084 0,026872447
dá um cacho grandão 0,026585931 0,028493666 0,039361385 -0,122289656 -0,037597314 -0,007372614 0,013140923 0,002433726
difícil perder a muda 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077
duro de limpar 0,01016124 -0,035919026 0,100338473 0,070542819 0,047624995 0,008947292 0,008477726 -0,145635969
duro para cozinhar -0,050174035 0,042859868 0,004280537 0,02498316 -0,047451282 0,121985361 0,030306768 0,087060136
duro para socar -0,050174035 0,042859868 0,004280537 0,02498316 -0,047451282 0,121985361 0,030306768 0,087060136
é amarelo -0,010104189 -0,04878024 -0,053506646 -0,010490443 -0,00013191 -0,098584709 0,255384007 -0,095034967
é bom 0,028385727 0,031126023 -0,08521321 0,057842146 0,083436188 -0,01689257 -0,112591734 -0,009409127
é bom para socar 0,019501463 0,008783817 0,024339288 -0,117199545 -0,076084557 0,029911731 -0,076610644 -0,15020003
é da região 0,006203781 0,058311146 0,088793684 0,020818576 -0,070283398 -0,01235919 0,010504348 0,208054831
espeta tudo 0,006286687 -0,015717455 -0,066824976 -0,00533807 0,173582901 0,061942608 -0,13688374 0,009905268
está plantando 0,045955939 0,052452662 -0,054249828 0,000406295 0,093962087 0,060839001 -0,001604416 0,008758716
foi o melhor arroz que já existiu 0,01016124 -0,035919026 0,100338473 0,070542819 0,047624995 0,008947292 0,008477726 -0,145635969
gostoso 0,037758503 0,018726725 0,00092016 0,059841167 0,04192753 0,175846517 0,014973149 0,016423194
grão comprido 0,044884171 0,048679272 -0,037437858 -0,052621172 0,037427284 -0,01981244 -0,081201247 -0,00569539
298
grão graúdo 0,048492429 0,039227629 0,055184338 0,050081998 0,011503282 0,026145423 0,093557002 -0,093066925
grão miúdo -0,0429067 -0,020830377 -0,054434828 0,015612907 0,078558441 0,017896692 0,073071323 0,238512644
macio 0,047934127 0,071880164 -0,012032254 0,004469022 -0,022540081 0,023242875 0,100824716 0,002605419
muda da época dos avós 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077
muda da época dos pais 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077
muito bom 0,027310519 -0,016146192 0,101463222 0,001688829 0,065893722 0,018478648 0,077920481 0,161607338
não é áspero 0,03235122 0,0386214 0,030749632 -0,076502235 0,032281208 0,115456536 0,147671527 0,025924662
não é da regão -0,002863126 -0,048373271 -0,090248717 -0,011871384 0,130088244 -0,027481576 0,0888752 -0,063847275
não é gostoso -0,020650085 -0,046329578 -0,052082653 0,013561043 -0,091055361 0,069459314 0,205734236 0,048445374
não é quebrador 0,047934127 0,071880164 -0,012032254 0,004469022 -0,022540081 0,023242875 0,100824716 0,002605419
não existe mais 0,008158933 -0,041842165 0,095559937 -0,004889396 -0,009189927 -0,139124787 -0,103956595 0,129788318
não produz bem -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
nasce misturado no arroz que planta -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
nunca plantou -0,047500128 0,021323666 -0,006281786 0,011350708 -0,084685805 0,142824628 -0,061627067 -0,076332044
o pai plantava 0,015903457 0,00543838 0,024620834 0,118869122 -0,089023009 0,075729279 0,00927478 -0,005537021
o pai que deu a muda 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077
os antigos plantavam -0,050174035 0,042859868 0,004280537 0,02498316 -0,047451282 0,121985361 0,030306768 0,087060136
plantava antigamente -0,0448207 -0,011777812 -0,001300513 -0,033114635 -0,075037876 -0,094440886 0,077111389 0,218961668
produz bem 0,043867594 0,06232982 0,003724462 -0,052759812 -0,073625233 -0,061731345 0,002803658 -0,012573148
rende na panela 0,01016124 -0,035919026 0,100338473 0,070542819 0,047624995 0,008947292 0,008477726 -0,145635969
ruim para comer -0,034779575 0,052131881 0,032532366 -0,061358695 -0,018303074 -0,115377501 -0,081502185 -0,049671233
tem bastante vitamina -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
tem que comprar na casa da lavoura -0,010104189 -0,04878024 -0,053506646 -0,010490443 -0,00013191 -0,098584709 0,255384007 -0,095034967
vermelho -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618
VARIÂNCIA 1,81747156 8,64359E-16 5,81465E-16 5,4678E-16 5,17686E-16 4,76502E-16 3,27091E-16 3,14055E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 9 FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16
299
ainda existe em outros lugares -0,13878976 11857369,84 1240422,089 4079663,169 3780337,247 -5700675,966 2268356,956 8685133,279
bom para colher -0,094640365 4615290,161 3982629,127 -1166270,202 9147047,867 5943569,094 -12222769,99 -5852950,068
bom para comer -0,120033939 401614,8463 2070063,759 7772267,758 5858333,374 -1901996,287 1115896,162 8132889,213
bom para cozinhar -0,070930131 3340377,975 1365680,406 -8306124,368 1864539,158 -3699196,981 -3144329,723 -1784006,568
bom para plantar -0,135187744 1851749,711 3044573,91 3657959,411 7628265,652 -896886,8627 1060313,434 17969590,93
branco 0,129211192 1490363,096 5747988,916 1815398,526 -3402997,793 7963439,442 3080793,097 3561028,602
cacho curto -0,026740798 -1239455,631 847317,3662 -880528,2552 -529392,847 -1199399,965 -6190149,536 1856366,322
cacho ralo -0,026740798 -1239500,553 846390,9396 -874526,9072 -528940,3407 -1199482,601 -6155809,545 1856037,351
casca ápera -0,026740798 -1239361,957 849249,1771 -893042,4367 -530336,426 -1199227,65 -6261756,263 1857052,302
casca dura -0,026740798 -1239514,274 846107,9741 -872693,8696 -528802,1282 -1199507,841 -6145320,819 1855936,87
casca grossa 0,129211192 1436357,365 5593356,902 2024151,265 -3523420,684 8217935,872 3859192,684 3288147,56
comprou de um agricultor de Bombas 0,013258046 728212,852 -7547728,041 5066212,258 -8909294,451 6990681,332 -16762370,08 -5320734,929
comprou de um vizinho 0,03181759 -328798,283 -15695998,6 -2474105,626 1705382,461 -4565975,651 6858365,731 1550744,149
dá um cacho grandão 0,129211192 1346892,352 5512079,315 2071931,205 -3724711,258 8419209,051 3137114,365 3037003,288
difícil perder a muda 0,001559574 2407631,428 1005356,577 5382637,314 -1804673,901 2682761,779 1926817,049 -348657,4296
duro de limpar 0,113810476 344503,0096 -532498,9782 2605049,553 7893901,364 9775158,624 3720506,036 7895192,216
duro para cozinhar 0,113771806 -2226862,186 3692060,081 5624771,171 -4632887,748 -3382767,992 -5909347,631 5118104,985
duro para socar 0,113771806 -2226719,322 3695006,336 5605685,471 -4634326,824 -3382505,19 -6018556,89 5119151,191
é amarelo 0,025583267 -3450456,526 2550576,36 -2133727,491 -936431,7866 -6482993,689 9582491,045 2572383,518
é bom 0,105087081 979750,5847 -11718169,45 -7492802,872 -12771276,94 -819250,6826 1534589,467 31446417,84
é bom para socar -0,125174995 1524726,582 6960590,92 2168059,928 -295842,1901 5040477,16 -11912241,6 13312000,61
é da região 0,130505046 1038091,42 -11808424,53 -7847619,782 992279,2556 5619529,571 -12914973,51 -3861547,211
espeta tudo 0,138556535 6127205,446 12901522,11 518408,028 -3569104,962 4197765,45 -1985384,672 -993150,8847
está plantando 0,02879365 -7348945,525 7274552,889 5386729,616 21110151,98 -3259735,289 -4675129,221 -5673082,275
foi o melhor arroz que já existiu 0,113810476 -768261,4989 -2834186,88 2501715,69 10488037,31 7590937,025 5159784,821 11036705,33
gostoso 0,201738025 5508312,417 304038,5233 -9590196,317 1036066,018 -9438972,307 -5166666,014 -16205203,74
300
grão comprido 0,191303739 3396875,659 -2389444,489 10873694,22 2288894,151 -6137584,018 -2278288,486 -4633251,38
grão graúdo 0,012593552 2021348,634 6280619,924 -5120144,898 -4056226,878 683909,5982 3057173,327 1220983,674
grão miúdo 0,045502748 3425598,109 3894474,176 -425420,8916 2764822,969 22027810,12 12305994,96 -3717460,835
macio -0,070930131 2488192,553 4789317,978 -8258773,828 -31140,20295 1466779,798 1214695,582 4771241,265
muda da época dos avós 0,001559574 2311045,138 317937,9483 4705744,409 -1481602,781 1727523,017 4471753,496 -1131948,179
muda da época dos pais 0,001559574 2311190,55 320936,743 4686318,357 -1483067,52 1727790,505 4360596,723 -1130883,315
muito bom -0,145542758 662734,0588 9824543,075 9924516,517 -10339152,65 -15702388,42 11564509,57 5380045,115
não é áspero -0,096133081 3332636,819 -6414801,7 1871201,832 -4149762,112 -552704,4919 8300431,623 -4116203,933
não é da regão 0,123104851 -1652877,745 11073063 4556330,499 -6433184,184 401261,1835 -7876912,993 -2440745,436
não é gostoso 0,153014854 1616697,066 -622948,2719 36499,89483 6747685,014 -6376064,683 -273006,5152 8799493,968
não é quebrador -0,070930131 3175685,565 4624709,768 -8250517,091 -325563,0751 3214820,465 1589158,482 -3790826,923
não existe mais 0,093109766 153610,3625 4098318,857 769210,7447 -9181525,241 -14964459,49 -5924525,154 -3238465,557
não produz bem -0,026740798 -1612741,359 3221623,171 -1726542,573 -138012,9837 -2337033,612 -4695590,531 130306,9323
nasce misturado no arroz que planta -0,026740798 -1612799,763 3220418,725 -1718740,234 -137424,6812 -2337141,047 -4650945,183 129879,2373
nunca plantou -0,138651596 -2505157,932 3428439,909 1400349,443 2680068,557 2950597,261 7652843,049 -10431255,38
o pai plantava 0,192341562 -969317,8337 6194377,574 3455219,883 -7690631,945 -934889,266 6285942,177 -8262660,372
o pai que deu a muda 0,001559574 1139323,918 2870145,556 4748271,807 -5120779,472 7824795,103 -7822615,064 -2856389,6
os antigos plantavam 0,113771806 -3226645,801 3664328,755 5587970,578 5403683,062 1523808,665 -3623802,627 18888626,61
plantava antigamente 0,123417629 234077,2311 -3514016,582 -3894993,172 -420369,1997 2321323,53 6877108,147 269122,0677
produz bem 0,113805755 -16387813,83 -4779535,724 7486099,598 8664687,785 -5153975,993 5563444,906 -2576633,025
rende na panela 0,113810476 -1674361,359 2174180,414 104916,7258 362670,9389 -3336668,414 12868187,36 2302989,308
ruim para comer 0,181255404 15700530,81 3043623,957 -6727693,732 14823244,09 -11915827,72 6818023,876 1708012,834
tem bastante vitamina -0,026740798 10357450,22 -12026362,99 21893947,16 -2682722,726 2075917,204 11572146,93 -10054423,4
tem que comprar na casa da lavoura 0,025583267 9532971,23 -2884903,226 6677172,805 3689979,381 -2689504,647 -16067076,45 3127298,737
vermelho -0,026740798 -1173504,637 4613238,16 -10287125,7 -2558845,064 999778,7392 19925535,38 -930997,9899
VARIÂNCIA 2,90418E-16 2,39931E-16 2,14878E-16 1,87375E-16 1,39155E-16 1,21051E-16 1,10758E-16 7,28723E-17
301
CARACTERÍSTICAS FATOR 17 FATOR 18 FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24
ainda existe em outros lugares 4490658,968 -5271055,835 8818795,945 13496949,7 2790557,379 2886296,93 32156402,07 -5678083,194
bom para colher 14287984,87 22648513,64 15071794,16 6064984,484 14122920,58 32855329,39 14011138,98 -1309246,284
bom para comer 5286482,461 -3910554,442 -1404172,016 12406340,03 18407440,33 -4667706,162 -981526,9125 7836735,646
bom para cozinhar -9066272,677 8702464,084 -1681780,941 -4667979,165 -22315206,4 6475067,696 -771495,1605 -40167153,03
bom para plantar 6726163,041 -15730934,72 -18883431,52 -9277480,768 12541357,25 -910963,579 6507012,862 9855937,424
branco -1622183,579 -2760244,465 5732687,111 -4058391,334 10211881,5 -6009203,193 6233659,032 5473499,695
cacho curto -8078824,873 -2792077,577 4606654,234 5727340,499 -1441845,476 3282799,397 6067347,92 -3331153,429
cacho ralo -8009335,297 -2826398,359 4591705,449 5721976,108 -1499552,313 3268962,227 6067513,264 -3173222,72
casca ápera -8223726,514 -2720510,908 4637825,866 5738526,482 -1321513,54 3311653,059 6067003,142 -3660475,032
casca dura -7988110,564 -2836881,217 4587139,527 5720337,62 -1517178,153 3264735,834 6067563,766 -3124984,736
casca grossa -617591,1741 -2019789,747 4827069,818 -5131862,21 9378108,869 -6369190,909 4676820,31 8338175,487
comprou de um agricultor de Bombas 15878801,37 -20278588,04 2299049,52 29723003,43 -9893187,445 -12443909,61 2015491,296 -12277508,54
comprou de um vizinho -4386106,461 -1067798,959 -3703024,923 11969747,43 19159820,33 17434476,79 6611660,646 8804836,188
dá um cacho grandão 33777,1254 -3433927,562 5192201,161 -2972556,408 8455230,105 -6946986,061 5497800,168 5484807,902
difícil perder a muda 1372611,291 -1359670,222 -3021822,836 -9187471,649 5802742,218 -4331504,095 4109270,415 9861174,118
duro de limpar -6378974,536 -10196718,09 -161895,0453 -10486723,33 -5713117,58 1290607,144 4611077,528 -32736723,06
duro para cozinhar 3803168,172 -2398714,884 -1599362,94 -12218260,86 18985013,32 1109983,187 -3343749,525 -23630238,14
duro para socar 3582174,955 -2289566,717 -1551822,283 -12201200,83 19168534,65 1153988,647 -3344275,356 -24132494,99
é amarelo 16273846,67 7850564,097 872578,494 2743609,821 13334040,92 -10972661,84 15332738,51 -9909174,635
é bom -1247480,514 8044136,52 13810338,47 3171025,859 -3699270,032 -7921364,145 21676441,07 -5672558,694
é bom para socar 3807322,85 11502673,88 -8456813,303 5318531,613 -8220772,284 9615767,188 -6486715,363 -4374771,542
é da região 3227455,834 9954159,136 -8004572,134 -19131443,88 -1298530,879 -18392006,4 32132539,4 4958971,437
espeta tudo -4639635,142 -3726813,661 -28432889,41 5783516,414 -1016099,739 2587120,484 3617901,855 -3272280,597
está plantando 2310542,047 4810947,722 3245512,098 6169982,68 -7093192,605 -36911613,75 9760622,337 -32944224,9
foi o melhor arroz que já existiu -4642475,564 -4746851,89 4199702,248 -9614893,633 -5718534,324 16910421,62 6424400,079 9229752,06
302
gostoso 3424582,419 -12595349,4 -1797927,501 -13528503,25 -7841401,722 6278029,846 -9303979,723 34026025,5
grão comprido 10124049,18 13960476,2 29466957,8 -7403633,855 -5229699,635 7694157,492 -13651639,46 -5642729,343
grão graúdo 2183556,015 5288441,752 7354870,275 16254073,16 11262187,73 11128066,05 -14091917,75 29937831,49
grão miúdo -11429666,23 -4728232,37 20141865,92 10236793,67 -8825393,93 -11424158,37 -5292546,339 6199272,507
macio -4010156,705 6619471,82 -1872489,515 -5084207,659 -13880513,85 -3519274,151 3603030,296 18135834,65
muda da época dos avós 1397669,581 -4308236,789 -2933587,78 2950409,645 7312578,554 -272331,2398 -7992230,179 769118,1466
muda da época dos pais 1172735,422 -4197142,198 -2885199,337 2967773,904 7499372,594 -227541,0358 -7992765,386 257904,6245
muito bom -13154993,2 -6130990,776 13172421,32 -12683700,82 -19373832,5 5829418,055 6278191,074 -1541205,454
não é áspero 1392426,982 10535566,75 -11732208,96 3104463,802 8856841,753 2561591,174 -5188829,167 -17717572,07
não é da regão 7781771,866 6111082,072 -8535348,414 -9684539,97 -8969898,959 21657668,32 41988224,99 11872397,38
não é gostoso 5358640,45 -8574331,623 11420268,37 7325651,549 -7382836,709 -6847073,629 3234694,855 19096511,93
não é quebrador -7920609,671 6956384,16 -296565,7278 4885108,223 -4221119,162 1204665,816 12590441,94 -2254532,204
não existe mais 209206,4108 -1704427,408 -33731,3491 17616535,79 -15161442,65 -22849585,89 9144323,911 8660007,765
não produz bem -593023,6596 1973792,066 3343231,662 -92623,64234 18211727,81 -4852164,718 -5227318,658 19945019,16
nasce misturado no arroz que planta -502680,4125 1929171,692 3323796,779 -99597,87653 18136703,28 -4870154,393 -5227103,695 20150344,53
nunca plantou -4189129,851 2171263,846 3030911,422 2136821,928 865729,028 -12057060,56 38379623,23 29046531,14
o pai plantava -12164150,37 9843410,262 2265395,596 17166204,13 14721038,52 17169369,08 4287647,222 -29795345,74
o pai que deu a muda 7193863,027 -10730180,6 -884325,2911 10083384,59 -8701600,284 1454137,635 6262703,587 3149224,515
os antigos plantavam 7096264,492 17894672,43 -10297108,8 10496019,29 -31645744,92 5655936,429 -26518381,13 27127663,84
plantava antigamente -2890363,337 2483034,77 -18774091,16 19486194,24 -5854166,681 15630754,05 5245896,87 -15976662,38
produz bem -6167743,277 -8682849,744 -3677538,94 10391367,58 -6277008,273 29606268,3 18844816,88 16431562,26
rende na panela -1763289,247 24061763,88 -11020491,59 9478852,543 9010841,786 -31494351,42 -1175356,262 11138775,27
ruim para comer -529993,6263 -8168912,103 -3101537,466 10233008,03 4300837,161 3056698,708 3719898,808 -8462339,22
tem bastante vitamina 3947800,592 11416784,69 -10283177,28 -6056903,019 -16807680,96 -3004329,2 7237310,557 9867190,184
tem que comprar na casa da lavoura -14419095,29 342393,2778 -794922,9463 -3804849,416 5016159,167 -2092720,561 -4225827,96 4441822,159
vermelho 31323814,27 -9514421,89 3102568,143 -5596044,661 -15498157,15 9342199,638 -74381,55201 -19352159,15
303
VARIÂNCIA 4,83562E-17 3,59889E-17 2,82186E-18 2,12384E-18 6,76868E-34 8,05917E-35 5,75329E-34 1,93379E-33
CARACTERÍSTICAS FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27 FATOR 28 FATOR 29 FATOR 30 FATOR 31 FATOR 32
ainda existe em outros lugares 8541324,003 -3398661,08 -47538949,83 19143831,61 4,70538E+11 9,1799E+11 8,17839E+11 1,6604E+11
bom para colher -567092,538 22074252,32 70125954,36 -47181132,43 -1,24927E+13 -2,43726E+13 -2,17136E+13 -4,40836E+12
bom para comer -4510151,46 -4393108,934 -42541614,19 56463806,69 1,98463E+12 3,87189E+12 3,44947E+12 7,00323E+11
bom para cozinhar 46791985,64 -24793609,57 62288664,57 290814126,3 -1,63222E+13 -3,18437E+13 -2,83696E+13 -5,75968E+12
bom para plantar 7964140,156 -8498575,212 57341898,07 36804456,54 2,21624E+13 4,32375E+13 3,85204E+13 7,82053E+12
branco -16169911,78 -14636463,65 381187385 26861140,55 2,34366E+13 4,57233E+13 4,07349E+13 8,27014E+12
cacho curto -21077627,37 -10679252,66 45275193,29 759806,8544 -7,4841E+14 7,52147E+16 -2,13441E+16 1,17536E+15
cacho ralo -21012868,89 -10832044,64 45751361,97 539485,3295 -3,31935E+15 -8,17843E+16 -1,74999E+16 7,50591E+14
casca ápera -21212663,6 -10360646,47 44282272,83 1219227,561 3,87315E+15 3,22014E+15 2,69446E+16 1,1894E+16
casca dura -20993089,21 -10878713,06 45896801,81 472190,8426 1,57206E+14 3,27651E+15 1,18344E+16 -1,38332E+16
casca grossa -3898059,024 -2451485,006 -208009008,8 186145012,1 -1,29755E+13 -2,53144E+13 -2,25527E+13 -4,57871E+12
comprou de um agricultor de Bombas 18969343,67 6367292,075 10512424,81 -81210475,95 1,39276E+13 2,7172E+13 2,42076E+13 4,9147E+12
comprou de um vizinho -30832143,5 -19821287,23 -66984402,18 100597872,6 -9,17233E+12 -1,78947E+13 -1,59424E+13 -3,23667E+12
dá um cacho grandão 2887229,239 1897749,28 -104352825,2 -255128002,6 1,65124E+12 3,22146E+12 2,87001E+12 5,82678E+11
difícil perder a muda -25523864,78 -37763946,03 21475878,81 -93621204,94 1,63208E+13 3,18409E+13 2,83671E+13 5,75919E+12
duro de limpar -28359229,61 87893046,87 -81122837,13 140576000,1 -4,67784E+13 -9,12617E+13 -8,13052E+13 -1,65068E+13
duro para cozinhar 24073145,79 -1985878,105 6030544,394 43817423,44 1,33447E+16 -3,53061E+15 -6,89203E+15 6,25073E+15
duro para socar 23867198,56 -1499963,621 4516215,874 44518097,77 -1,33711E+16 3,47912E+15 6,84615E+15 -6,26004E+15
é amarelo 12630671,71 20087938,25 -12681480,91 -28419011,86 3,53472E+12 6,89602E+12 6,14367E+12 1,24731E+12
é bom 26629314,81 20628284,78 42887537,9 -79434881,95 -4,55351E+12 -8,88362E+12 -7,91443E+12 -1,60681E+12
é bom para socar 6290748,819 -17790238,24 -53819481,44 67041118,67 -5,06075E+12 -9,87321E+12 -8,79606E+12 -1,7858E+12
é da região -25909915,49 -9916118,925 -54374991 61613761,58 -7,29159E+12 -1,42254E+13 -1,26735E+13 -2,57301E+12
espeta tudo -10734101,4 19290302,75 28099803,51 44041658,33 -7,15204E+12 -1,39532E+13 -1,24309E+13 -2,52376E+12
está plantando -2976896,165 -12933958,63 -1678179,883 -108059322,7 -8,47662E+12 -1,65374E+13 -1,47332E+13 -2,99117E+12
304
foi o melhor arroz que já existiu 42023344,28 -71475311,76 -12290644,97 -130107347,3 3,09671E+13 6,04149E+13 5,38237E+13 1,09275E+13
gostoso 23453926,57 9586979,745 27793909,56 -66661811,79 2,80836E+13 5,47894E+13 4,8812E+13 9,90996E+12
grão comprido -2047869,596 18766401,83 1322885,481 72083515,02 -7,17748E+12 -1,40028E+13 -1,24751E+13 -2,53274E+12
grão graúdo -3743555,956 -3355086,299 18190897,75 203689940,8 6,36731E+12 1,24222E+13 1,1067E+13 2,24686E+12
grão miúdo 36623781,35 -11521523,89 5405116,593 65188432,63 8,10686E+12 1,5816E+13 1,40905E+13 2,86069E+12
macio -5160020,529 58536973,8 75609369,95 -140449074,5 6,34708E+11 1,23828E+12 1,10318E+12 2,23972E+11
muda da época dos avós 2870064,313 2491620,571 6324636,321 15900666,5 -1,66861E+16 2,16333E+15 1,92823E+15 -8,14733E+14
muda da época dos pais 2660444,454 2986200,303 4783302,981 16613835,86 1,66924E+16 -2,15097E+15 -1,91721E+15 8,16969E+14
muito bom -10327732,31 12176702,08 -34127662,08 -59308363,79 -3,47818E+12 -6,78571E+12 -6,0454E+12 -1,22736E+12
não é áspero 7393674,751 12183273,75 102192278,9 -127346138,6 -2,12557E+12 -4,14685E+12 -3,69443E+12 -7,50056E+11
não é da regão 5281929,342 -18941300,09 -21476065,35 35434666,73 1,3721E+13 2,67688E+13 2,38484E+13 4,84177E+12
não é gostoso -46466967,31 -11584087,77 7836953,501 137620851,5 1,26761E+13 2,47303E+13 2,20322E+13 4,47305E+12
não é quebrador -8452662,761 -20833597,22 -246383617,3 -90894542,33 -1,88034E+13 -3,66843E+13 -3,26821E+13 -6,63522E+12
não existe mais 15148769,06 -14915888,62 -25953291,6 63471150,11 1,13582E+13 2,21592E+13 1,97417E+13 4,00801E+12
não produz bem 28457381,48 22289009,46 -92043789,47 -2114815,869 1,63766E+16 -1,92268E+15 2,0443E+15 -7,17044E+15
nasce misturado no arroz que planta 28541573,85 22090364,93 -91424723,61 -2401255,403 -1,63907E+16 1,89524E+15 -2,06874E+15 7,16548E+15
nunca plantou 14714355,29 29112851,07 89187639,42 53977685,48 1,34262E+13 2,61937E+13 2,3336E+13 4,73775E+12
o pai plantava -25135101,79 -14829238,39 -24089638,55 -132584977 -3,21735E+13 -6,27685E+13 -5,59206E+13 -1,13532E+13
o pai que deu a muda -555650,7934 13548132,72 4903437,481 68145403,73 6,75572E+12 1,318E+13 1,17421E+13 2,38391E+12
os antigos plantavam -13220645,75 7488525,743 -20134705,49 -90551022,23 2,1248E+13 4,14535E+13 3,6931E+13 7,49784E+12
plantava antigamente 17164827,53 18999955,89 -4120225,383 -17199507,07 -8,06231E+12 -1,57291E+13 -1,4013E+13 -2,84497E+12
produz bem 28614454,25 24381543,39 20191250,55 36835818,39 8,66866E+12 1,6912E+13 1,50669E+13 3,05894E+12
rende na panela 6453313,82 -13244116,72 47434072,89 107257399,8 6,65156E+12 1,29768E+13 1,1561E+13 2,34716E+12
ruim para comer 10922379,67 7073847,775 16192807,13 -78051070,2 1,27157E+12 2,48076E+12 2,21011E+12 4,48705E+11
tem bastante vitamina 5485396,694 -725522,91 -24764360,65 41194907,87 2,00498E+13 3,91158E+13 3,48484E+13 7,07503E+12
tem que comprar na casa da lavoura 6142002,944 3182437,687 9639562,148 -36582704,05 -1,75299E+13 -3,41997E+13 -3,04686E+13 -6,18583E+12
305
vermelho -17206550,89 -21401469,62 -13987883,34 9647938,841 3,60998E+13 7,04284E+13 6,27448E+13 1,27387E+13
VARIÂNCIA 5,63032E-33 9,08972E-33 8,28421E-19 4,20276E-18 2,69729E-17 3,20383E-17 4,01569E-17 6,84018E-17
CARACTERÍSTICAS FATOR 33 FATOR 34 FATOR 35 FATOR 36 FATOR 37 FATOR 38 FATOR 39 FATOR 40
ainda existe em outros lugares 3,23267E+11 3,02526E+11 -2013385,877 46542215,89 32173604,76 42821556,03 1022863,401 -3211133,274
bom para colher -8,58272E+12 -8,03205E+12 -49090725,83 -59124959,46 -17230795,12 7382769,439 7889682,765 15977220,42
bom para comer 1,36347E+12 1,27599E+12 64801886,89 35317846,32 -28115750,23 -21568767,49 4587143,897 -39600260,19
bom para cozinhar -1,12136E+13 -1,04942E+13 237525581,7 -72048489,59 -9405157,407 3420878,881 -42615590,44 -312331,7209
bom para plantar 1,52259E+13 1,4249E+13 22679432,68 -44724190,37 -4166597,823 -13484481,75 13068921,66 28975003,42
branco 1,61013E+13 1,50682E+13 -110502015,7 230993710,8 -5208636,361 271478,1362 -16213859,48 5725051,754
cacho curto -9,11198E+12 1,78298E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153
cacho ralo 1,47549E+14 1,70692E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153
casca ápera -6,65805E+14 2,20801E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153
casca dura 5,01678E+14 -5,72195E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153
casca grossa -8,91439E+12 -8,34244E+12 -640527053,2 -179485066,6 -2068127,409 -2974063,041 -1604567,846 9303356,272
comprou de um agricultor de Bombas 9,56852E+12 8,9546E+12 -85348903,06 -9974334,511 -18793881,79 -12667337,5 -19416772,51 -18498305,7
comprou de um vizinho -6,30154E+12 -5,89723E+12 86290101,33 42061411,81 56556134,85 40243103,26 -11281964,22 18409937,22
dá um cacho grandão 1,13443E+12 1,06164E+12 719640584 -126898703,4 9075002,777 687104,3949 4416690,416 12861310,59
difícil perder a muda 1,12127E+13 1,04933E+13 -27830815,78 -71519796 -84091603,11 91897355,51 -35227894,24 -9366268,107
duro de limpar -3,21375E+13 -3,00755E+13 111042659 85460044,64 -20530634,45 27442129,36 2866759,436 8369599,459
duro para cozinhar -4,30064E+15 -4,35477E+15 21383095,14 11413486,25 -3497558,259 11752106,46 34402348,66 -8097409,645
duro para socar 4,2825E+15 4,3378E+15 21383095,14 11413486,25 -3497558,259 11752106,46 34402348,66 -8097409,645
é amarelo 2,42841E+12 2,2726E+12 -35483992,84 26315870,56 16614802,38 -13842734,21 -13092596,18 11654362,08
é bom -3,12834E+12 -2,92762E+12 -77265914,23 -28069434,66 -37613097,89 -13811176,26 97327,46846 11970349,27
é bom para socar -3,47682E+12 -3,25374E+12 48845235,95 54551104 9526213,464 9904070,938 10209418,29 5368324,898
é da região -5,00944E+12 -4,68803E+12 75189902,75 29027175,74 35970174,12 -22109960,33 -29900240,81 -11984111,58
espeta tudo -4,91357E+12 -4,59831E+12 53054666,16 -38857014,9 -14163455,21 -32826542,28 -19570437,79 -21349980,09
306
está plantando -5,82358E+12 -5,44993E+12 -104922339,3 -7576800,776 16756043,18 12387146,09 -4557326,518 7483193,401
foi o melhor arroz que já existiu 2,12749E+13 1,99099E+13 -103207857,7 5602398,305 30156731,54 -27783902,97 -4930963,441 -29597834,63
gostoso 1,92939E+13 1,8056E+13 -77459055,47 8538909,968 -16652351,47 9385596,571 22617843,56 30468306,65
grão comprido -4,93105E+12 -4,61467E+12 65412485,06 6233698,322 -1341873,253 -27920679,78 10565418,06 -11458938,02
grão graúdo 4,37445E+12 4,09378E+12 181851528,6 -30291081,68 -11726270,98 -2460895,34 7154282,899 -18481535,14
grão miúdo 5,56954E+12 5,2122E+12 26362963,17 15547959,91 15331188,59 34662022,36 10494996,76 13391305,74
macio 4,36055E+11 4,08077E+11 -144290959 -43680506,77 65365165,85 44162202,48 35865699,2 -58472834,76
muda da época dos avós -7,38369E+15 2,42681E+14 -3946959,14 9844563,486 49763560,97 -35983404,66 8098212,023 10300447,83
muda da época dos pais 7,38804E+15 -2,38607E+14 -3946959,14 9844563,486 49763560,97 -35983404,66 8098212,023 10300447,83
muito bom -2,38957E+12 -2,23625E+12 -31822262,98 17128498,41 13269662,23 -14533646,36 -35618964,59 7865711,182
não é áspero -1,4603E+12 -1,36661E+12 -124793861,3 -81425182,82 -8917696,339 4230433,702 594671,8502 22897339,42
não é da regão 9,42654E+12 8,82173E+12 26312133,76 19192996,1 22498947,74 15516052,55 3605317,429 3358170,82
não é gostoso 8,70868E+12 8,14993E+12 141795517,6 -43429459,89 -20453206,81 -19637439,11 -5833304,834 -13194057,16
não é quebrador -1,29182E+13 -1,20894E+13 -41874971,91 234377824,5 -62844274,92 -33319771,89 45820472,48 10712167,07
não existe mais 7,80328E+12 7,30262E+12 22668968,55 37604890,03 10478413,89 34128227,87 26942342,24 2353793,862
não produz bem -3,93868E+15 3,76408E+15 7171525,42 82874379,85 6066847,13 15452124,01 -49979995,6 -4428678,349
nasce misturado no arroz que planta 3,92902E+15 -3,77312E+15 7171525,42 82874379,85 6066847,13 15452124,01 -49979995,6 -4428678,349
nunca plantou 9,22403E+12 8,63221E+12 45038280,09 -75841727,45 -32552891,73 -54583933,44 -9993777,393 4269801,36
o pai plantava -2,21037E+13 -2,06855E+13 -94306731,12 -7284295,6 14151634,96 -7632450,317 -33245771,29 -6523775,009
o pai que deu a muda 4,64129E+12 4,3435E+12 18927242,89 10674331,47 39185961,22 15794326,73 -8392195,332 36470486,09
os antigos plantavam 1,45977E+13 1,36611E+13 -63228225,83 20757496,02 1798331,814 -4024430,862 -29613735,36 26414843,81
plantava antigamente -5,53894E+12 -5,18355E+12 -26418068,86 11516076,3 -10909773,86 -592689,7728 5227424,551 -14090989,1
produz bem 5,95551E+12 5,5734E+12 17075815,29 2392496,056 -27061607,37 19410599,76 11826021,58 -3311235,379
rende na panela 4,56973E+12 4,27653E+12 84990612,21 -26240082,08 -1691509,911 18052045,44 32379459,17 8520880,733
ruim para comer 8,73592E+11 8,17542E+11 -63910101,76 -18820043,37 -5138017,701 -6969799,707 -14847983,49 4551424,929
tem bastante vitamina 1,37745E+13 1,28907E+13 36916054,13 34175829,61 -10834900,79 3442600,329 15280333,91 -9190243,301
307
tem que comprar na casa da lavoura -1,20433E+13 -1,12706E+13 -30612533,3 -3408267,322 -11746252,79 -641494,3908 6238451,6 43647,47264
vermelho 2,48011E+13 2,32099E+13 10466104,36 9553056,462 -4169953,613 7365137,317 3670063,806 -8723803,401
VARIÂNCIA 1,21355E-16 1,36842E-16 1,70628E-16 1,95868E-16 2,28654E-16 2,38575E-16 2,72615E-16 3,36408E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 41 FATOR 42 FATOR 43 FATOR 44 FATOR 45 FATOR 46 FATOR 47 FATOR 48
ainda existe em outros lugares -20132035,74 -3146161,186 -19781848,8 3469926,67 2407033,707 -2773546,022 13545505,32 9828533,348
bom para colher 7564976,264 16921478,54 -8485421,203 -10434810,88 3004386,608 10930391,2 5958532,3 -6818322,231
bom para comer 43380047,04 -16953088,08 -10396487,82 15981413,17 -6015598,131 -14477095,12 5538481,346 7708547,889
bom para cozinhar 8804172,681 4109896,73 -10970115,17 7869567,977 1776612,379 8552112,748 -561050,8807 2111029,335
bom para plantar -25736618,25 1420551,52 3718417,035 11961407,36 5153577,215 5732736,88 -27606088,88 -146799,8502
branco 5033389,169 2916775,243 -7278113,853 -2935992,29 -424514,3521 4484469,945 2239749,834 1082390,513
cacho curto 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658
cacho ralo 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658
casca ápera 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658
casca dura 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658
casca grossa 5905122,236 2734382,972 -8602351,698 -1730190,442 -717657,1483 4242776,468 2467642,05 1370204,187
comprou de um agricultor de Bombas -3715279,563 -4161419,803 545270,3143 2851106,249 -7606200,84 17646684,77 -3156065,34 3541456,405
comprou de um vizinho 6961733,034 13233070,69 15677450,54 3044512,903 -345780,3883 17840165,91 -2083086,26 -3406188,102
dá um cacho grandão 6757038,687 2888919,138 -8452116,633 -1968098,483 -231681,2507 3712091,221 2429647,452 1234700,81
difícil perder a muda -927205,2166 697183,1965 17959348,73 6988003,006 6080117,342 10543311,41 10300564,19 4464363,631
duro de limpar 10862249,87 -13381094,08 5851402,824 2455977,972 11871502,99 -2760480,666 3236734,455 4134913,133
duro para cozinhar -1051387,287 4392295,192 7110551,213 -3375379,363 -5250039,298 3004384,949 3092119,33 -5090753,043
duro para socar -1051387,287 4392295,192 7110551,213 -3375379,363 -5250039,298 3004384,949 3092119,33 -5090753,043
é amarelo 2414642,846 2028738,434 11478376,3 31515101,07 1260973,25 2345445,12 18205285,57 -15415764,74
é bom 6462494,43 -1193593,384 -2203624,835 -12847860,7 374361,945 -1672060,053 -3399908,708 -6365745,17
é bom para socar 32990338,87 958431,7232 19555698,22 -788287,2656 9537961,449 -1270971,444 -5045626,09 -10480965,67
é da região -7244387,441 -12197146,51 -2664287,315 3690378,364 -2799355,553 -7443305,416 8191968,358 -3625781,012
308
espeta tudo -20653989,3 26542571,88 -7534879,856 4769358,383 9468915,342 646040,8122 13820035,36 -9305876,322
está plantando -2463056,574 -2056015,874 9564275,839 -24284753,15 -131238,3808 -172342,3922 1033972,779 -5016331,437
foi o melhor arroz que já existiu 3306946,977 15577460,33 12762766,21 3500865,631 9091976,525 -10381012,42 9864617,772 2770413,9
gostoso 29525353,48 -2908185,205 -1095187,992 4494485,451 3388331,354 -813535,4939 6475198,796 640135,8283
grão comprido -22667797,01 9076932,145 14578099,55 20993512,96 6013276,245 57025,46493 -7821015,124 16652456,29
grão graúdo -25646760,73 -27666521,86 18469128,64 -18408747,1 -8074711,042 -10327983,61 9130373,331 -11416736,25
grão miúdo -5457969,479 -9819024,018 1138775,005 9137869,256 3692822,347 -366954,8874 -3300950,779 -6631518,341
macio 2617020,529 9805677,112 2010847,75 6148224,984 -472094,4785 5652249,86 -9328053,248 -2410009,689
muda da época dos avós 6475937,56 -8921230,635 -3449262,229 -10796171,8 13590168,4 15339925,51 9171883,307 4398453,75
muda da época dos pais 6475937,56 -8921230,635 -3449262,229 -10796171,8 13590168,4 15339925,51 9171883,307 4398453,75
muito bom 4231747,122 6598660,067 8616041,809 -10613624,92 -13379852,25 5047841,473 10212971 363817,6951
não é áspero -8557347,172 -7002909,511 1559933,66 -5616582,972 23304419,56 -31034204,02 4998046,73 8703761,512
não é da regão 16127,07861 -30623517,54 1736394,454 -8660742,259 -2475507,263 -1132802,684 -11009806,68 14115016,1
não é gostoso 8917277,193 24838760,34 -2432844,972 -18505203,82 15119230,31 -6817116,211 -8503829,203 -1930503,853
não é quebrador -14267679,04 12400285,7 -424564,792 2111278,882 -646672,0653 4011538,237 -503654,4959 1461730,514
não existe mais 332267,4369 -1009391,409 4985982,084 5867950,659 29603708,35 -3064389,568 -1179910,074 -6396372,234
não produz bem -1274728,882 9038072,321 -4348142,621 -6823985,065 9333559,263 -2982167,394 -5933377,382 5223544,614
nasce misturado no arroz que planta -1274728,882 9038072,321 -4348142,621 -6823985,065 9333559,263 -2982167,394 -5933377,382 5223544,614
nunca plantou 12891777,31 811539,1544 22538797,47 5741412,24 5721710,806 7917395,213 -6449020,752 2261740,326
o pai plantava 11767000,36 -7001862,944 -8413746,736 11365617,65 4166391,232 -5027760,805 -24608403,91 -8697861,928
o pai que deu a muda 6941880,021 33777432,94 10020255,22 3164809,624 -22473832,76 -29294696,28 -180133,472 2154581,3
os antigos plantavam -5872121,365 -13629354,58 -5524836,679 11496250,08 -1906001,486 7232392,386 6528177,12 1479449,329
plantava antigamente 5815474,913 9728285,463 25551279,15 -13720244,47 -1557380,569 5370738,052 3971589,016 21292609,01
produz bem -9069933,034 1603990,577 -22836654,57 385989,8257 -727204,4807 -1862190,533 4621103,082 -9026847,449
rende na panela 6767735,134 14929348,12 -15301291,73 856097,7694 -17135753,2 4584191,155 -692676,7121 16739751,34
ruim para comer 1231358,362 -16044247,92 9787141,943 270674,2523 -17650711,09 -1847844,797 -6166395,652 -5887983,218
309
tem bastante vitamina 6677185,822 3259628,825 -4062996,151 -8341519,265 -2123362,682 -620793,5916 -5870478,152 -16945436,17
tem que comprar na casa da lavoura 5608669,662 1163369,64 -14249141,39 -2546189,933 -229954,8641 2885670,353 -1338325,358 -528619,8785
vermelho 7907531,248 4524024,67 -15774322,64 -5404028,396 5746110,848 493547,8121 -5025746,525 741108,1018
VARIÂNCIA 4,3949E-16 5,16136E-16 5,54462E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 49 FATOR 50 FATOR 51
ainda existe em outros lugares -351976,4945 -9556843,635 2974671,835
bom para colher -1562561,448 2991236,467 -3029177,927
bom para comer -4401415,763 1773206,715 211899,8031
bom para cozinhar -8809956,416 689081,5817 -5726888,265
bom para plantar 488539,0175 -9661548,154 1944813,511
branco -7928159,784 -2840739,017 -895050,4961
cacho curto 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49
cacho ralo 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49
casca ápera 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49
casca dura 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49
casca grossa -7659435,48 -2687727,918 -577425,8343
comprou de um agricultor de Bombas 6207140,518 3070294,293 -3721641,901
comprou de um vizinho -5388041,375 8321259,979 4231997,536
dá um cacho grandão -7965545,011 -2818250,917 -462080,3914
difícil perder a muda 5372747,285 2715581,235 -491724,7629
duro de limpar -4236248,033 1836330,139 -1150127,048
duro para cozinhar -324811,6192 6982908,444 -537100,704
duro para socar -324811,6192 6982908,444 -537100,704
é amarelo 287335,0134 -7753238,938 -3906414,034
é bom 279665,9835 -2551013,826 1995868,189
é bom para socar 21492680,73 -5518339,353 4737533,059
310
é da região 12089153,08 301130,6931 6312216,568
espeta tudo 5642868,93 170894,7431 3179388,63
está plantando -4385893,096 -7177370,124 5386583,48
foi o melhor arroz que já existiu -6031914,213 2833000,545 -697719,5176
gostoso 2609396,102 -13948319,11 2116152,576
grão comprido 5848892,963 -2506891,635 5527018,024
grão graúdo -6098142,776 -5424983,915 7106989,592
grão miúdo 14428024,65 2133144,248 1078401,721
macio -2110343,11 3134413,277 -3422616,895
muda da época dos avós 4567590,171 3645884,228 -2272954,017
muda da época dos pais 4567590,171 3645884,228 -2272954,017
muito bom 10419336,64 1191128,49 2839651,307
não é áspero 5397369,188 10268328,72 -2677971,953
não é da regão 582157,207 4592863,521 -7449352,347
não é gostoso 6980576,195 1344393,937 -12379633,69
não é quebrador -2178394,793 5755317,068 -4370711,977
não existe mais -11486329,32 8011411,423 2824257,894
não produz bem 1455399,439 -2810624,704 -1635126,091
nasce misturado no arroz que planta 1455399,439 -2810624,704 -1635126,091
nunca plantou -5072098,798 9908102,702 8994466,781
o pai plantava -83672,73304 -6210949,983 4254863,951
o pai que deu a muda -5424742,798 5691063,443 1969578,142
os antigos plantavam -9254926,499 6761216,663 896913,5872
plantava antigamente -3031069,563 -15346969,87 6141039,848
produz bem 11104617,26 2429816,267 2841633,803
rende na panela 12236984,77 2172014,442 392733,8583
ruim para comer 6204035,214 12386120,5 -7120730,441
311
tem bastante vitamina -6825372,043 -10189893,01 -6034695,872
tem que comprar na casa da lavoura -2311746,25 6934733,182 25667196,59
vermelho 1190072,046 4726094,485 17941334,31
APÊNDICE - F
Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis - FEIJÃO
VARIÂNCIA 6,587781668 4,897154398 2,474815991 1,808986126 1,31555338 0,991160226 0,398276164 0,368164588 0,158107459
CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9
Água escura 0,009466239 0,134640322 0,079777513 -0,260341946 0,158179803 0,089007291 0,123992024 1,308296858 -0,776033252
Bom para plantar 0,080505723 0,040678313 0,018560897 -0,015038371 -0,403544369 -0,627230877 -0,043791587 0,071913517 -0,523608455
Bom para secar 0,021204251 0,173076561 -0,077984862 0,145021059 -0,038899517 0,349059315 0,246580849 -0,308501537 -0,668097509
Bonito 0,11771542 0,044348946 -0,09143137 -0,034525904 0,393537453 -0,154533404 -0,002728865 -0,134760144 0,309758146
Dá muita praga 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308
Duro 0,021204251 0,173076561 -0,077984862 0,145021059 -0,038899517 0,349059315 0,246580849 -0,308501537 -0,668097509
É mole 0,100576487 -0,084625976 -0,155266087 0,012554895 0,366529882 -0,077179216 0,117806664 -0,013291945 -0,140304531
Fácil de vender 0,135338947 0,078451667 0,03671466 -0,101530164 0,00785588 0,048352082 -0,167690242 -0,09591717 0,543220551
Faz sopa 0,069159182 -0,100748369 0,121735073 0,239234667 0,305560584 -0,212717258 0,559687263 -0,035082746 -0,775815273
Fica fedido 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308
Gostoso 0,097031156 0,030004631 0,275662111 0,147763123 0,017981606 -0,112068307 0,33078049 -0,101330306 -0,227775986
Não dá cheiro ruim 0,047426427 0,182242753 0,066666446 -0,07033146 0,117914162 -0,135855336 -0,162281764 -0,190936502 0,668113538
Não é bom para guardar 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308
Não é gostoso -0,022389174 0,006907119 -0,307938375 0,307120379 0,072679225 -0,048620388 0,078692223 0,627482669 0,934662711
Não é produtivo -0,014715084 -0,03397693 0,261809114 0,279290681 0,184182538 0,167942351 -1,113411392 0,166960632 -0,200367196
Não faz sopa -0,072599917 -0,060588024 0,277273848 -0,12551525 0,060797024 0,211403625 0,723930913 -0,0169425 1,045423529
Pode ficar mais tempo guardado 0,047426427 0,182242753 0,066666446 -0,07033146 0,117914162 -0,135855336 -0,162281764 -0,190936502 0,668113538
Produtivo 0,073260742 0,056266639 0,101104201 0,369685537 -0,263527303 0,023916572 0,262497245 0,509579201 0,759655956
Ruim de plantar 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308
312
VARIÂNCIA 1,46917E-16
CARACTERÍSTICAS FATOR 10
Água escura 1,97718E-08
Bom para plantar 4800852,726
Bom para secar 2527661,697
Bonito 2494999,477
Dá muita praga -12591257,69
Duro 1191062,834
É mole 4103492,911
Fácil de vender -9287344,302
Faz sopa -4067953,097
Fica fedido -35200028,16
Gostoso 323043,897
Não dá cheiro ruim -37636820,03
Não é bom para guardar 45989922,17
Não é gostoso 826901,0094
Não é produtivo 2771773,614
Não faz sopa 4800852,726
Pode ficar mais tempo guardado 40517615,56
Produtivo -924503,4339
Ruim de plantar 6826436,757
APÊNDICE - G
Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis - MILHO
VARIÂNCIA 18,81463814 15,5697901 7,792136755 6,61130396 3,776956325 2,948992493 2,227117289 1,259064935 1,62506E-15
CARTACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9
a palha é remédio 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 768683,5173
313
aguenta a chuva 0,038644507 0,017724992 0,024565032 0,00663076 -0,100777827 0,147020789 0,040293039 0,099570342 752543,2022
amarelo -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2086285,704
atura mais tempo 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 765745,6793
bom para criação 0,024878303 0,009889486 -0,064930557 -0,027995881 0,157077563 0,097288887 0,08018951 -0,022041787 -980118,2493
bom para espigar 0,00298134 0,058271383 -0,049908619 0,017388238 0,012672098 -0,018796384 0,012009549 0,044756958 -2537489,49
bom para fazer canjica -0,006136107 -0,016079107 -0,026318318 -0,054480937 0,180087838 0,163700726 0,09787198 -0,07531699 39050,2302
bom para fazer pamonha 0,027920036 0,013189002 -0,057974568 -0,003530482 -0,025364975 -0,079615045 -0,114193044 -0,46872662 1244600,268
bom para milho verde -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2078908,22
carrega mais de semente -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2079149,332
caruncha muito -0,029677122 0,024818595 0,018230085 0,101626098 0,063712658 -0,032156677 -0,008495295 -0,005487103 -1638973,111
chocho -0,004156076 -0,015092212 0,030562298 0,128882083 0,09522656 -0,052673633 -0,018916587 -0,020308199 288899,1319
cresce muito 0,034901576 0,017526397 0,055525484 0,069502375 0,077193494 -0,035512455 0,001744466 0,002006601 252084,335
dá para quebrar o galho -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2076269,544
dente grosso -0,005377543 -0,016753639 -0,008448396 -0,027900651 -0,056226709 -0,19319503 0,314008287 0,124576265 248157,4626
difícil o vento derrubar 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 469749,9702
duro -0,006136107 -0,016079107 -0,026318318 -0,054480937 0,180087838 0,163700726 0,09787198 -0,07531699 7615,29421
é fraco -0,029677122 0,024818595 0,018230085 0,101626098 0,063712658 -0,032156677 -0,008495295 -0,005487103 -1603613,166
é gostoso 0,014270249 0,05953729 0,030853177 -0,012714608 0,00641403 0,006359532 0,019474437 0,02424503 -118793,1769
é macio -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2066195,56
é mole 0,00145832 -0,01479432 -0,01587838 0,03457466 -0,171730422 0,221126232 0,038906272 0,126037413 308882,6974
é natural 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 304446,562
é o melhor 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 304513,0993
é tardio de 6 meses 0,017461432 0,01222014 0,112302663 -0,042074388 -0,007142565 0,034404578 0,013324515 -0,022840346 -212359,2614
espiga comprida -0,005377543 -0,016753639 -0,008448396 -0,027900651 -0,056226709 -0,19319503 0,314008287 0,124576265 227488,0975
espiga graúda 0,034032865 0,007270251 0,04263373 0,087802678 -0,035379677 0,106162436 0,026261433 0,081616688 950224,4398
espiga miúda -0,031173884 0,024072572 -0,02476762 -0,036983316 0,127861754 0,131406964 0,079788563 -0,047069841 1127823,761
estou plantando 0,008988082 0,039667154 0,012701476 -0,05127643 -0,029951366 -0,087884942 -0,27313854 -0,098023327 -22158,40317
314
falha semente na espiga 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 245044,2899
muito bom 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 245581,282
não aguenta na chuva -0,004156076 -0,015092212 0,030562298 0,128882083 0,09522656 -0,052673633 -0,018916587 -0,020308199 487709,699
não é bom -0,013335822 0,045464792 0,080019993 -0,027604847 -0,013671127 0,033668263 0,015876687 -0,007401226 -77789,15074
não é bom para pamonha -0,002039312 -0,022592094 0,011099999 0,123561683 -0,057831484 0,127338195 0,015110782 0,079923773 1750068,906
não é carunchador 0,03061915 0,010860694 -0,057038705 0,039323823 -0,108872043 0,140698489 0,035615626 0,130167834 -2532922,677
não é semente tratada 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 15873,84585
não falha semente -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2050206,735
não planto -0,02559537 -0,001768726 0,06171435 -0,019936181 0,136856753 -0,077203618 0,074771284 0,329353081 676754,4066
não planto mais 0,024232835 -0,000483243 -0,029928544 0,120601741 -0,032531744 0,088968648 0,018798971 0,10125844 160566,1812
nasce no meio de outros tipos de milho 0,017461432 0,01222014 0,112302663 -0,042074388 -0,007142565 0,034404578 0,013324515 -0,022840346 -258192,3901
nunca plantei -0,008479862 -0,023397139 -0,026759036 -0,071335445 0,139370983 0,064650303 -0,154162378 0,302033268 419781,734
o vento derruba 0,010057904 -0,002171082 0,10799576 0,065620449 0,066585241 -0,013810108 -0,00422721 -0,032617234 167359,7349
palha branca 0,017461432 0,01222014 0,112302663 -0,042074388 -0,007142565 0,034404578 0,013324515 -0,022840346 -294296,6668
palha dura 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 2742,320123
palha fina -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2054183,459
palha fraca -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2054244,285
palha grossa 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 154019,5894
palha roxa 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 153759,3543
palhudo 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 2808,770359
planta alta 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 2850,941598
planta baixa -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2061384,574
produz bem 0,014270249 0,05953729 0,030853177 -0,012714608 0,00641403 0,006359532 0,019474437 0,02424503 -539699,6058
ruim de comer -0,004156076 -0,015092212 0,030562298 0,128882083 0,09522656 -0,052673633 -0,018916587 -0,020308199 -175313,3035
sabugo roxo 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 359010,102
semente graúda 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 -45190,79634
315
semente miúda -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 1557181,637
semente tratada -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2576777,428
só serve para fazer pipoca -0,005081696 -0,014872399 -0,009080559 -0,039886987 0,004282642 -0,078176415 -0,301809636 0,474869447 172334,601
tem pouca palha -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 -22745082,36
tem que colher rápido -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 4508525,863
VARIÂNCIA 7,29991E-16 5,1186E-16 4,47805E-16 3,58957E-16 3,22527E-16 2,50878E-16 2,41445E-16 1,89369E-16 1,43873E-16
CARTACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18
a palha é remédio 1787239,958 369380,8399 917220,7171 3090892,063 -3709618,402 4982848,49 991696,0789 7982552,018 -4705761,944
aguenta a chuva -5010616,415 -1849147,946 2767671,471 -13933647,97 -7742872,214 14969281,33 -8951266,881 30469384,08 11118321,12
amarelo -538352,037 870590,5114 -197403,6618 2460018,958 -40122,91086 -1164768,358 -3088065,494 -322745,2924 -5049159,42
atura mais tempo 1949918,665 493635,6152 908768,0426 3475693,617 -3077939,356 3668402,927 2495260,943 3792820,305 -5556777,341
bom para criação 3688478,983 -1901315,057 -11125247,23 4715164,769 -14336511,08 -25288632,67 7231689,742 16182553,45 12345696,95
bom para espigar -298377,7536 6281555,031 -8796457,75 -6899459,38 -517261,8714 11806579,28 2985660,066 -11762944,72 -38146978,76
bom para fazer canjica 2459078,489 -3236524,281 7163105,765 1036913,208 16995257,21 10679945,99 -4568490,411 -4388216,68 -2819297,399
bom para fazer pamonha 5091576,402 -7577803,509 10266874,24 597443,7342 -14164050,12 9083595,62 10433585,37 -13421377,14 -542645,7966
bom para milho verde -424805,101 684428,4903 -15800,31133 2635830,501 119523,4694 -1016757,764 -3006878,374 -18430,84912 -5196883,391
carrega mais de semente -424796,2395 684186,7686 -15970,85793 2637583,092 119505,1157 -1015618,459 -3006781,388 -33740,09883 -5198081,188
caruncha muito -272515,284 -748077,4707 -521960,2993 8001820,679 -7965930,059 2231126,344 5632877,25 219553,8804 18469688,77
chocho 5605163,363 2460527,74 4415862,181 -8473484,849 2491783,193 -2580922,993 -11913570,54 -3041292,399 2299098,648
cresce muito -11746983,34 -8411911,715 -3834213,686 -4959634,946 15860284,6 -14031364,02 29093114,04 12128234,31 -31841838,23
dá para quebrar o galho -373167,7948 788881,976 48087,45388 2647300,2 -18108,94629 -402975,266 -3704908,521 -320490,7179 -6252236,314
dente grosso 3326958,54 177541,2513 4627014,187 4740127,646 5763710,151 1081085,749 1379513,487 6061664,017 1849522,043
difícil o vento derrubar 1514319,497 244486,0761 1774379,247 3318166,091 1663440,711 2275675,874 1567860,264 7582873,791 3624164,963
duro 2036285,535 -2979176,938 5773112,684 1887088,266 16785991,96 9948239,516 -4519062,038 -3901601,075 2161672,575
é fraco -117799,4163 -380611,1104 -1567670,215 9319210,247 -10109473,16 3169860,43 5061124,204 672223,8297 19972678,53
é gostoso 4092216,458 -12679872,13 -8534383,694 -12639676,8 -3029483,603 11676204,31 -5806828,024 16468548,67 -10857056,13
é macio -301426,584 695979,2333 187324,6214 2525625,603 348831,7855 -1065921,954 -3476116,031 -105979,478 -5660143,134
316
é mole 12322454,88 7504836,359 -7443861,156 -7739622,7 7619826,813 -4577110,245 15793316,78 -21106120,11 4887749,805
é natural 1389026,454 1540932,683 3643050,941 3314832,507 3470607,241 -491595,3833 1968095,667 1661236,908 6034623,937
é o melhor 1389028,9 1540865,977 3643003,877 3315316,151 3470602,176 -491280,9811 1968122,431 1657012,173 6034293,393
é tardio de 6 meses 5540770,984 1582619,861 12036080,7 3051744,044 -2860210,773 1064557,266 11870993,49 434475,3503 -4805985,151
espiga comprida 3087260,005 135943,9213 3186496,984 2981754,71 4516079,049 -823,3601043 -224642,6643 5457508,282 -724506,0888
espiga graúda -13130186,25 -5069600,151 14666111,47 1708847,234 -741793,2752 3540709,512 -10606856,61 -4544636,335 19183953,22
espiga miúda 3657702,437 -7018198,42 3682621,011 876019,448 -6384546,236 -14434372,82 5250926,784 1509954,624 -1204763,255
estou plantando 1731361,887 8391140,485 2477401,278 -187122,1624 30527803,33 -6480685,753 -3223517,598 17456615,42 16818407,32
falha semente na espiga -2133885,452 3095523,596 -4176140,886 -564118,6239 -365366,1143 570418,6512 596711,4931 -14597918,75 9802809,696
muito bom -2133865,716 3094985,247 -4176520,717 -560215,3507 -365406,9907 572956,0485 596927,4961 -14632014,66 9800142,029
não aguenta na chuva 7566994,806 5135094,354 6555986,68 -12356642,93 1328711,898 -6707505,459 -6232499,308 -4462043,623 -9587371,656
não é bom 1444780,162 4053373,628 -284805,7374 6168342,763 5893603,672 -19901748,94 -7748796,213 6286334,449 10168836,23
não é bom para pamonha 7331096,815 426692,3591 -2981942,036 -2662834,305 2984610,407 5888566,791 21367056,53 6599780,174 5989116,609
não é carunchador 8707380,793 2247013,359 5831471,93 14098379,99 629086,1519 -3119714,446 -13601515,27 6797394,337 -15250310,65
não é semente tratada -1104217,444 2479583,339 -3600560,844 2307359,995 -49484,72746 1544869,337 -2679543,629 -14208191,13 755459,3386
não falha semente -167616,4081 675669,2799 177276,2523 2468501,638 1428441,14 514285,2838 -1955749,675 -1071882,443 -3251294,88
não planto -2205508,738 -1102114,458 2271543,598 -11082905,68 -2518989,865 2531317,378 7040170,243 -15936370,18 13652515,7
não planto mais -11786782,63 -8262245,618 5245372,426 11455155,04 5820006,073 -10450500,43 -4708980,23 -8347363,066 -10808195,24
nasce no meio de outros tipos de milho 5037037,065 889328,3014 11683695,87 5111290,833 -2350797,09 1542989,388 12117602,6 4275917,744 -9418389,494
nunca plantei -4807775,486 17556815,2 665921,4743 755815,599 -10368451,94 13863533,89 1066835,874 8512322,632 -8782721,607
o vento derruba 8274361,897 4518900,886 -6235355,405 2540494,315 -6893029,421 -4869962,657 -17389846,77 15133110,21 -12888767,63
palha branca 5460336,804 1544617,781 10126616,79 7153961,252 -5099702,193 51057,32807 9795731,495 7338760,851 -7621309,328
palha dura -1117896,28 3604070,143 -2737433,011 2475476,452 -859001,6778 1274141,202 -1810267,213 -11333047,66 -809877,3517
palha fina -144887,6812 1031491,39 34752,06237 2478730,612 787961,7601 484678,3704 -2028180,936 -169128,3813 -3735892,904
palha fraca -144885,4456 1031430,411 34709,03839 2479172,74 787957,1299 484965,7841 -2028156,469 -172990,4629 -3736195,074
palha grossa 2728216,256 2501938,527 1587143,668 2494054,206 3647405,061 5105494,695 9494387,801 4247754,039 11037337,73
317
palha roxa 2728206,691 2502199,42 1587327,741 2492162,616 3647424,871 5104265,031 9494283,123 4264277,472 11038630,52
palhudo -1114177,792 3604136,347 -2730409,162 2483317,759 -849962,7778 1297811,582 -1776247,325 -11294807,22 -766151,1348
planta alta -1114176,243 3604094,069 -2730438,991 2483624,293 -849965,9879 1298010,85 -1776230,362 -11297484,85 -766360,6328
planta baixa 62537,38609 943847,3072 512448,9633 2570193,587 1131849,722 922432,7785 -728803,8495 323813,1991 -2031296,962
produz bem 7961730,286 -20355757,22 -9333273,911 -9795580,067 6638268,156 8319647,773 -10805082,96 -6742945,346 12276647,09
ruim de comer 5733928,846 4154955,91 -4827539,382 10139905,21 9093125,824 19597837,9 -1337176,622 2273566,382 869594,9991
sabugo roxo 3292978,357 6795126,41 15764355,62 -24084059,92 -4277589,856 -21883111,3 -10694500,2 -6340782,435 -3658840,798
semente graúda -47008,22107 2451707,885 -5411498,494 7793506,846 -3685013,382 123465,5841 -2719211,302 -1704761,116 1994015,891
semente miúda -944757,5139 -424838,8775 17547303,54 -4586578,135 -4344679,613 11577535,96 7194280,846 3140162,134 -6513732,127
semente tratada -2111098,719 5119289,274 -1028502,937 -12936634,94 962064,6826 359325,26 16664161,24 10175069,34 21100135,49
só serve para fazer pipoca 8953545,797 -18265242,86 5743275,71 7268885,913 -1189875,954 -5300838,619 2387150,242 -5956071,769 -2872765,309
tem pouca palha -1137670,836 908219,7673 4340748,266 -1836117,132 1042739,209 -174475,5296 2993096,709 -1435761,205 3222874,506
tem que colher rápido 597659,8867 2367035,292 2194066,64 6050435,088 666343,6064 -4706295,156 1987671,319 -13668602,75 4844137,645
VARIÂNCIA 1,08644E-16 7,77715E-17 5,13897E-17 4,37967E-17 3,70909E-17 3,02624E-17 1,58588E-17 1,24955E-17 9,5936E-18
CARTACTERÍSTICAS FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24 FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27
a palha é remédio 14031418,05 -21086062,11 1458710,059 -11003870,41 12731639,47 19431051,41 38944685,02 -84897645,32 118022481,7
aguenta a chuva -9048761,44 -2459112,014 21571103,55 -17819709,68 19519965,88 -6995873,492 -5514104,902 -14146083,24 -334269,8655
amarelo -2090407,864 2682047,674 -15212295,66 -12403543,08 -13417951,76 -12655933,03 25177351,38 -115316289,4 133833093
atura mais tempo 17122001,29 -17137673,47 -5415924,878 1743852,799 7545323,4 30073775,96 13518923,82 105778250,5 -110314824
bom para criação 22670250,94 4754551,688 -11882533,87 1806083,554 24143278,01 -11795603,95 31217217,91 -17841296,36 13097127,64
bom para espigar 9203215,944 -10832160,63 -13713609,62 -19402257,98 22395023,81 12280187,93 -36761427,78 -4905240,453 4286371,103
bom para fazer canjica 1582627,548 -10358831,5 6011592,654 23790860,54 15071363,3 -53963254,7 -19232413,36 157649,6915 -36216279,89
bom para fazer pamonha -9641397,946 -15888938,55 1839258,486 -1991685,871 23224212,22 7945206,567 -24151635,23 1643781,859 9693192,341
bom para milho verde -26779,40391 -1699642,92 -14775601,95 -11470744,5 -7015451,597 1745094,419 32237714,29 23196399,25 -43535605,93
carrega mais de semente -26528,35227 -1704423,651 -15355191,11 -11491736,32 -7066023,976 1662836,508 28260117,46 23436544,29 -42913702,91
caruncha muito -14451818,07 18507002,32 -19286015 -2464614,551 -52859867,24 62991986,1 11237672,12 39621940,39 55690656,08
chocho 17438676,24 -16483386,33 4431421,068 578574,8852 41322256,35 38916658,78 40531174,63 -44585249,29 -34414264,45
318
cresce muito -12096254,26 9557787,004 16920926,28 -11343471,98 2644586,162 -1731102,941 -600893,1525 -18233701,29 -21574477,53
dá para quebrar o galho 2371052,898 -4629039,134 -13233941,07 -9616473,284 3514638,548 -18078587,66 34335583 -10016764,74 -86602426,16
dente grosso -3896689,432 15409026,5 4601138,241 30807556,81 25085554,38 17158024,45 -47010250,4 -34352587,21 9018149,387
difícil o vento derrubar -1142361,101 1649274,883 9278493,161 75317764,68 -11820807,42 -37665108,07 -25544167,03 43905748,06 48365017,94
duro -3977597,654 4078503,145 -4100561,383 -26991545,67 -40338330,57 73393900,17 1522088,982 8739157,112 26324741,15
é fraco -3083343,433 10024781,32 -18777682,38 19075641,78 1579515,895 -44580743,03 8324082,115 -30781058,85 -79753339,42
é gostoso 8902468,288 -24961554,31 2232956,161 56934048,8 -50388305,95 22998717,23 9984760,406 15398755,71 13022631,37
é macio 1151796,094 -3317027,658 -11656847,51 8147827,24 -797808,9381 -20484981,34 18398867,65 68203099,71 66823291,29
é mole 16161771,68 16667384,19 -570056,314 14999686,41 15784790,85 9103814,568 6173559,754 14175112,69 20173782,28
é natural -10232396,42 21769753,32 2271969,288 7881255,24 8355047,074 29434206,22 -44460849,42 -43580235,28 -34124064,26
é o melhor -10232327,14 21768434,03 2112026,059 7875462,345 8341091,137 29411506,35 -45558505,7 -43513964,94 -33952444,12
é tardio de 6 meses 16663351,72 4750033,649 -19090972,85 -9441277,994 -35632568,46 -49909802,65 -66492370,82 -17210114,91 30765174,28
espiga comprida 6125776,611 -3650166,07 -4168136,582 -25952969,45 -14243434,16 -8485499,038 68078010,78 51401662,73 3176727,696
espiga graúda 16121770,9 413021,2129 -3270171,128 60892,09223 7559594,156 4317376,865 6909633,988 -5881998,434 -10591408,29
espiga miúda -1549615,221 1045067,306 14139969,59 6744485,048 1426459,712 1151284,662 5427436,605 8304862,123 1549236,719
estou plantando 16401454,1 7263686,541 -9932215,535 13008902,14 -4241714,072 4085319,939 36427923,32 2010752,377 4413492,321
falha semente na espiga -64019,83558 -2914310,113 1777750,518 5887288,591 18437037,89 17709971,23 -20110914,8 59494444,54 56880414,07
muito bom -63460,70728 -2924957,492 486921,6816 5840536,779 18324405,89 17526770,97 -28969597,95 60029282,25 58265481,99
não aguenta na chuva -8570242,054 10581196,62 -4829437,391 4587644,287 -26316930,45 -42960301,02 -5364433,777 33196671,66 43966427,5
não é bom -27418680,05 -59715605,06 -13255558,45 -12555645,04 26375111,58 7080100,327 -71099195,19 5913628,23 7143712,084
não é bom para pamonha -17687789,12 -21910533,1 -8445276,845 1307384,245 -22756484,54 10808008,74 1791890,709 -25575071,52 -35303109,98
não é carunchador -13972538,85 -10797053,93 -2129974,417 -3160138,464 -17682676,38 -4468786,367 -1161872,547 -18314625,89 -20638405,92
não é semente tratada -10276063,09 -2999726,542 -218073,4076 4802193,333 -12842757,9 -6561866,326 21443047,9 -45473802,99 -42676871,97
não falha semente 215524,5297 7986351,842 -8610275,668 17495873,45 8898267,594 15163117,75 -36290378,8 -45478892,37 -37400842,58
não planto 1283837,121 -28763715,4 -7986506,385 2801087,654 6046557,769 -124095,8777 -24428458,38 -21802172,64 -3114262,169
não planto mais 10038554,56 3027702,338 -12959458,44 7446207,259 17794623,66 -5058981,98 -3842480,351 52001247,58 58731258,78
nasce no meio de outros tipos -11027128,64 655392,3742 -20544804,04 32698847,68 59343802,54 21329329,14 108188344,2 9085300,635 31371190,12
319
de milho
nunca plantei -15003582,91 18063984,7 -4212685,11 2105555,268 22198095,05 -3587335,845 14653929,77 20320872,05 14571217,46
o vento derruba -9715252,36 22189234,07 38076897,69 -9882646,553 11144121,9 13050153,66 -39138845,03 44565343,82 13946249,63
palha branca 15584548,41 15783488,54 2029711,878 -23850759,51 -372075,0169 23971533,71 -15903318,75 13523738,08 -34772587
palha dura -9820414,51 2616598,74 178052,2821 12039443,16 -21322017,75 -5622924,394 34977474,41 -24184464,62 -28516711,08
palha fina 307134,7819 11191409,23 -5632856,308 13049238,05 13285633,65 13811230,29 -37153825,35 -14536566,11 -13441611,84
palha fraca 307198,115 11190203,19 -5779069,911 13043942,42 13272875,7 13790478,99 -38157258,14 -14475984,45 -13284723,67
palha grossa -14046057,49 -8191360,552 2196498,731 -39043463,6 -2248327,016 -30350420,88 2408267,055 26558754,06 13747365,66
palha roxa -14046328,45 -8186200,659 2822055,364 -39020806,91 -2193743,719 -30261639,06 6701328,88 26299563,01 13076139,24
palhudo -9920211,3 2533266,199 951092,3821 11537117 -21200628,01 -6160861,908 40859751,15 -22953483,83 -27933312,39
planta alta -9920167,391 2532430,036 849720,5935 11533445,47 -21209473,26 -6175249,051 40164058,18 -22911481,78 -27824539,79
planta baixa -3283399,263 7278999,629 -6730857,469 -15676170,4 8915033,753 -14175257,72 -18855443,83 51534171,17 30867033,5
produz bem -11836173,72 38643694,93 -13866515,57 -34106804,18 40879524,69 -27316917,82 18808870,75 5836473,244 1931780,215
ruim de comer 18506238,03 -12769172,9 6632327,972 -3826434,188 24971970,28 -17440325,08 -2062420,15 -11392316,72 18904069,09
sabugo roxo -383887,7935 5808155,252 -10682796,26 -7206013,765 -16209889,97 830416,2649 6053103,017 -6398571,087 -17610615,69
semente graúda 46099186,12 1458529,888 8833116,698 -27342204,09 -28175107,14 -8801803,284 -40635702,45 -26000272,53 -18049028,48
semente miúda 11420111,07 8559362,464 11058598,43 -1292156,042 204064,7614 -5025381,748 1085752,739 8142294,989 6576705,618
semente tratada 12317340,9 -1402209,158 8384387,011 -1538964,647 1543512,214 8800452,178 -18470584,66 17610284,51 -3536695,498
só serve para fazer pipoca 3197539,413 -6490187,218 9899176,934 -4964614,945 -3255366,848 8800513,216 -13048610,93 416228,6577 -1611265,607
tem pouca palha 1241811,725 -1838039,587 21076862,52 1479932,497 4248760,233 -520327,512 7059447,789 1260583,728 3581169,464
tem que colher rápido -1896823,073 -5283416,916 109408894,4 -1815357,071 -4902304,217 -4488081,789 43850535,47 -5661569,224 6846482,665
VARIÂNCIA 4,93174E-18 3,26168E-18 1,36718E-18 1,06127E-18 4,97393E-22 2,41063E-32 6,55844E-34 4,80412E-34 7,66116E-35
CARTACTERÍSTICA FATOR 28 FATOR 29 FATOR 30 FATOR 31 FATOR 32 FATOR 33 FATOR 34 FATOR 35 FATOR 36
a palha é remédio -32795410,24 103996720,5 110359488,5 110258825,3 375274095,4 8,16851E+11 4,59518E+13 6,01125E+13 1,27862E+14
aguenta a chuva -46260968,12 -31778934,24 22301513,09 -2903977,8 56266969,05 -3,90808E+11 -2,19848E+13 -2,87598E+13 -6,11732E+13
amarelo 149726589 -92328109,26 5356941,556 -53820246,74 -165133482,3 -2,27492E+12 -1,27975E+14 -1,67413E+14 -3,56094E+14
320
atura mais tempo -65457085,65 -135967540,2 19131711,18 -68753603,74 -50684587,14 -2,20676E+12 -1,24141E+14 -1,62397E+14 -3,45425E+14
bom para criação -70160154,97 -49605537,82 -43747165,83 -28178850,39 90315917,75 -1,26563E+12 -7,11977E+13 -9,31383E+13 -1,98109E+14
bom para espigar 20123450,1 2288299,314 -9382652,736 4711955,589 -172372105,3 1,36031E+12 7,65238E+13 1,00106E+14 2,12929E+14
bom para fazer canjica 117949626 -15237736,35 31511173,27 117810236,4 66138616,67 3,7739E+11 2,123E+13 2,77723E+13 5,90729E+13
bom para fazer pamonha 835929,3513 10642139,75 -4007903,822 81467934,34 -33130246,04 1,22252E+12 6,87728E+13 8,99662E+13 1,91362E+14
bom para milho verde 19676265,55 4274172,015 317392569,7 34649585,94 -1187728303 -6,39727E+12 -2,81064E+14 -2,1991E+15 8,04313E+16
carrega mais de semente 18364352,53 10348507,74 317592977,1 40150858,52 2078937567 5,74405E+12 2,44317E+14 2,15103E+15 -8,05335E+16
caruncha muito -13414775,58 -29025543,78 26238897,09 5964801,255 -25905601,53 -1,32685E+11 -7,46416E+12 -9,76435E+12 -2,07692E+13
chocho 33490438,03 36956492,12 -76663364,45 -3151643,589 111572932,1 -1,44622E+12 -8,13565E+13 -1,06428E+14 -2,26376E+14
cresce muito 9010870,999 13401438,23 18314668,24 26853331,68 39339617,14 -1,39969E+11 -7,87391E+12 -1,03004E+13 -2,19093E+13
dá para quebrar o galho 14228809,06 129248830,3 47268795,66 -303226020 -540424981,8 -1,38629E+12 -7,79857E+13 -1,02018E+14 -2,16997E+14
dente grosso -29393284,57 30338194,38 258906845,8 -293709043 -404817486 6,44094E+11 3,62334E+13 4,73993E+13 1,0082E+14
difícil o vento derrubar 57109608,8 66313666,47 -11794793,95 49833125,24 -82394610,92 1,64146E+12 9,23399E+13 1,20796E+14 2,56938E+14
duro -50589475,91 42647122,56 -16966442,42 -68941095,15 -117365351 4,07381E+11 2,29171E+13 2,99794E+13 6,37674E+13
é fraco 101923837,5 83030444,53 5879905,942 69612779,36 76468724,45 6,10854E+11 3,43634E+13 4,49531E+13 9,5617E+13
é gostoso 39630321,52 25602988,07 -72617154,67 -35065138,26 3115261,138 -3,39219E+11 -1,90827E+13 -2,4963E+13 -5,30979E+13
é macio -80918624,07 50139641,04 128524193,8 18460364,66 -129887024,5 7,34343E+11 4,13103E+13 5,40407E+13 1,14947E+14
é mole 7097313,701 36389859,89 25399250,02 22088656,98 51767052,26 3,80801E+11 2,14219E+13 2,80233E+13 5,96068E+13
é natural -4740528,42 9237262,009 -7170148,404 -18043250,71 -594283369,3 -7,10818E+12 2,26575E+16 -1,8323E+16 -2,35108E+15
é o melhor -5102563,498 10913533,66 -7114844,064 -16525121,38 307184646,7 9,64677E+12 -2,25146E+16 1,851E+16 2,74844E+15
é tardio de 6 meses -153173611,3 -47681707,87 27129067,13 -3243238,565 -210315186,5 2,72886E+12 1,53511E+14 2,00818E+14 4,27149E+14
espiga comprida 42586412,67 -13877636,97 -255814283,2 371960733,9 555696031,3 -8,45808E+11 -4,75807E+13 -6,2435E+13 -1,32394E+14
espiga graúda 4218405,477 9771737,563 -23384078,67 26110614,21 13051558,2 -5639607754 -3,17255E+12 -4,1502E+12 -8,82768E+12
espiga miúda -1926135,849 36845145 26022706,15 -8286149,743 56912543,5 26005627667 1,46294E+12 1,91377E+12 4,07066E+12
estou plantando -15186404,5 14952907,36 3748340,111 36032459,32 163238458,3 -6,6801E+11 -3,75788E+13 -4,9159E+13 -1,04564E+14
321
falha semente na espiga 78366453,87 -5741212,712 67060213,28 -20796481,04 -3710390330 1,61491E+14 1,45574E+16 2,52928E+16 4,30384E+15
muito bom 75444633,91 7787211,091 67506549,38 -8544351,724 3564946807 -1,59973E+14 -1,4472E+16 -2,5181E+16 -4,0661E+15
não aguenta na chuva -76920854,76 -62832077,57 54132533,15 -37347928,02 -10878843,65 15877555151 8,93188E+11 1,16844E+12 2,48532E+12
não é bom -4365335,361 -33746056,42 8562613,09 32376550,47 -285232179,5 2,26357E+12 1,27337E+14 1,66578E+14 3,54317E+14
não é bom para pamonha 23202486,45 2107210,764 -32042690,1 56037401,1 149659,8742 36977046720 2,08014E+12 2,72116E+12 5,78802E+12
não é carunchador 2286150,128 -1981507,346 6181661,061 -9913261,972 -32728075,74 -9406448175 -5,29158E+12 -6,9226E+12 -1,47239E+13
não é semente tratada -150563634,7 321108360 -26455482,06 138667933,4 362988714,5 4,03043E+12 2,26731E+14 2,96601E+14 6,30883E+14
não falha semente -24173798,5 -199061102,1 -229328722,9 -166650316,3 560391931,7 -1,02271E+12 -5,75326E+13 -7,5262E+13 -1,60086E+14
não planto -33248925,67 1561789,574 -5627391,974 9181810,644 -109022386,9 1,05505E+12 5,93517E+13 7,76418E+13 1,65147E+14
não planto mais -10747564,04 -5966048,41 -9881200,722 19259777,87 7936539,723 6,90321E+11 3,88339E+13 5,08011E+13 1,08056E+14
nasce no meio de outros tipos de milho -46113816,64 -34042598,99 -77744201,4 -87074554,19 367603038,1 -3,71054E+12 -2,08736E+14 -2,7306E+14 -5,80811E+14
nunca plantei 430056,155 -1723546,253 2574665,074 75334459,76 120131693 -6537267673 -3,67753E+12 -4,8108E+12 -1,02328E+13
o vento derruba 32630809,82 61601572,19 29602535,16 44492563,95 5500333,249 1,5637E+12 8,79658E+13 1,15074E+14 2,44767E+14
palha branca 193582309,9 62447021,44 24358135,08 88319757,56 -115307652,8 5,9101E+11 3,32471E+13 4,34928E+13 9,25108E+13
palha dura 6455348,694 -95474591,9 -25147319,85 -35367337,17 36259655332 3,10034E+13 1,74409E+15 2,28156E+15 4,85296E+15
palha fina -55082527,2 -28891014,8 -99795681,67 410998087 -1037757972 4,20267E+15 -1,19638E+15 -1,2595E+15 1,04099E+14
palha fraca -55413484,96 -27358635,34 -99745124,69 412385899,2 -213672525,3 -4,19867E+15 1,42148E+15 1,55396E+15 5,22231E+14
palha grossa 16559267,34 -10523346,23 -17132392,67 -25244602,92 1731938902 1,01913E+15 5,77026E+15 6,38302E+15 1,39527E+15
palha roxa 17975228,78 -17079440,27 -17348694,4 -31182183,91 -1793807713 -1,01993E+15 -5,81521E+15 -6,4418E+15 -1,52032E+15
palhudo 6234525,957 -92227211,5 -32781395,53 -38875452,29 -1835894058 1,40511E+15 -2,92452E+15 -4,8876E+15 -3,72239E+15
planta alta 6005068,645 -91164792,94 -32746343,72 -37913264,09 -1778759124 -1,44409E+15 7,3154E+14 2,01886E+15 -2,37964E+15
planta baixa 14011442,34 169695534,3 -492890312,1 -362915942,5 510579826,2 2,05659E+12 1,15693E+14 1,51345E+14 3,21918E+14
produz bem -31979760,07 -49742025,55 51125288,06 40214063,71 69964899,26 -6,47611E+11 -3,64312E+13 -4,7658E+13 -1,01371E+14
ruim de comer -53999180,41 -57784154,01 12355522,95 -61629404,34 -32080632,72 -6,74071E+11 -3,79197E+13 -4,9605E+13 -1,05512E+14
sabugo roxo 52576270,72 9128855,566 -24982150,87 12696777,69 -28864323,36 -1,70172E+11 -9,57299E+12 -1,2523E+13 -2,6637E+13
322
semente graúda 10072982,02 -8056619,541 -17213171,68 -45534648,33 -203140660,1 7,97606E+11 4,48692E+13 5,86963E+13 1,24849E+14
semente miúda -25112580,67 -3521733,977 36498298,52 -57489732,09 -2050231,325 -3,23808E+11 -1,82158E+13 -2,3829E+13 -5,06857E+13
semente tratada 17948887,73 21946927,72 42933137,67 -1971805,973 -55640611,93 6,34313E+11 3,56832E+13 4,66795E+13 9,92891E+13
só serve para fazer pipoca 22472761,74 8306386,935 -1224359,719 -1484736,12 -43173544,77 2,70191E+11 1,51995E+13 1,98835E+13 4,2293E+13
tem pouca palha -13204474,25 -3551108,054 1335763,907 6809623,489 78773511,69 -5,01018E+11 -2,81846E+13 -3,6870E+13 -7,84244E+13
tem que colher rápido -39715932,4 -52742059,73 -3423979,422 -4254025,307 367202026 -3,50647E+12 -1,97255E+14 -2,5804E+14 -5,48867E+14
VARIÂNCIA 1,18917E-32 1,51119E-32 2,39079E-19 5,31033E-19 3,26589E-18 1,01685E-17 1,20707E-17 2,24955E-17 2,55539E-17
CARTACTERÍSTICA FATOR 37 FATOR 38 FATOR 39 FATOR 40 FATOR 41 FATOR 42 FATOR 43 FATOR 44 FATOR 45
a palha é remédio 1,43967E+13 7,26256E+12 267388250,1 267208192 158650583,6 62509316,66 -35769713,59 32077688,53 -710862,266
aguenta a chuva -6,8878E+12 -3,47465E+12 14093776,61 2509049,701 -2664196,618 5256653,758 -1151080,217 3956700,685 5091918,596
amarelo -4,0094E+13 -2,02262E+13 -264268543 -233353201,1 -242153850,2 -92756162,62 20791789,13 31156250,63 18494292,27
atura mais tempo -3,8893E+13 -1,96202E+13 -195930609 -157100166,4 -168016137,4 -72723687,56 137504,085 59617200,33 12773196,17
bom para criação -2,2306E+13 -1,12526E+13 -19621446,87 -88398782,5 -19364861,22 40063251,3 -8709532,151 7241141,161 -1004927,89
bom para espigar 2,39749E+13 1,20944E+13 -5621394,351 -8437,057088 12382256,96 1010153,448 10332982,5 -8738650,826 572825,023
bom para fazer canjica 6,65134E+12 3,35535E+12 131347572,9 -51472115,47 -42532160,58 69034205,84 -37951900,18 17968834,03 64204129,44
bom para fazer pamonha 2,15465E+13 1,08694E+13 32742804,75 39472444,17 13377123,67 7691524,135 30577692,77 55138023,69 -1149537,24
bom para milho verde -8,4602E+12 -7,92599E+12 588156586 -324030919,6 60321703,72 24853672,96 7265165,071 -14446826,75 3827270,999
carrega mais de semente -3,0525E+12 2,11825E+12 588156586 -324030919,6 60321703,72 24853672,96 7265165,071 -14446826,75 3827270,999
caruncha muito -2,3385E+12 -1,17969E+12 -37791168,7 -1374659,231 -62335906,89 112839764,6 40806086,21 8103897,412 61542707,87
chocho -2,5488E+13 -1,28582E+13 -15411295,36 -87479586,67 66632656,96 -33972568,65 72615213,77 -13323524,24 39339291,02
cresce muito -2,4668E+12 -1,24445E+12 9059508,622 26117584,77 33713938,4 -15780499,93 31114093 4964292,651 20700179,96
dá para quebrar o galho -2,4432E+13 -1,23254E+13 -964673028,6 624078625,2 -61470960,87 94761860,06 18172441,36 -9774235,418 18253903,51
dente grosso 1,13519E+13 5,7266E+12 -176405864,5 -177421665,5 -206055,4856 14481871,84 13736897,91 22897231,16 -2838529,05
difícil o vento derrubar 2,893E+13 1,45941E+13 73357664,11 46890167,3 20753963,94 2374100,142 159166361,9 -28098261,74 -973250,944
duro 7,17992E+12 3,622E+12 -130052330,2 114155769,4 57272639,01 -77181425,78 24198225,94 -20721604,5 -5450181,01
323
é fraco 1,0766E+13 5,43106E+12 69631640,02 112059098 76183350,49 -111137614,2 -69927243,39 -5821783,76 -3321349,76
é gostoso -5,9785E+12 -3,01597E+12 -24012896,66 -79209757,71 -32933181,96 17751339,9 -72938492,73 8521400,908 -1944733,26
é macio 1,29425E+13 6,52899E+12 -193887761,7 412157123,9 137214067,2 -117921441,6 -22794953,79 25483470,3 28710379,56
é mole 6,71146E+12 3,38567E+12 52840467,08 26651475,51 9505081,068 -4391886,431 29158059,41 46574236,16 -313146,142
é natural 2,84602E+14 2,76857E+14 -9808355,338 -3792789,446 19429204,95 -18365122,42 -73468730,6 9186823,762 36248562,95
é o melhor -2,3986E+14 -2,54286E+14 -9808355,338 -3792789,446 19429204,95 -18365122,42 -73468730,6 9186823,762 36248562,95
é tardio de 6 meses 4,8095E+13 2,42621E+13 18498743,6 -5795381,706 36045147,95 -6267737,511 1359078,181 -72599,48072 57697593,9
espiga comprida -1,4907E+13 -7,52002E+12 225432847 245475587,1 -3636778,097 -7747737,944 -8998590,005 20948100,82 31874336,47
espiga graúda -9,9395E+11 -5,01414E+11 -207556,3985 -25680959,4 18700211,52 -1928188,013 33367077,83 24816303,27 1673673,053
espiga miúda 4,58338E+11 2,31214E+11 35952022,95 41436621 6387232,423 -38019030,77 20636160,32 10965497,19 522148,693
estou plantando -1,1774E+13 -5,93923E+12 31852397,98 22341373,85 -12653665,79 7681191,635 -12324340,18 34436935,41 -4380494,24
falha semente na espiga 1,87367E+15 6,16332E+14 11720646,32 127598083,9 -25967865,58 -3608459,086 -49598966,04 -42079447,67 18744569,86
muito bom -1,8469E+15 -6,02828E+14 11720646,32 127598083,9 -25967865,58 -3608459,086 -49598966,04 -42079447,67 18744569,86
não aguenta na chuva 2,79835E+11 1,41166E+11 -4239472,323 32381831,97 -60313117,23 38817232,61 -68785591,36 14254146,71 -55416384,8
não é bom 3,98945E+13 2,01253E+13 -44028113,79 13668247,41 6711051,608 8133881,048 16254612,66 30747175,51 -12825859,2
não é bom para pamonha 6,51705E+11 3,2876E+11 -31252634,06 31537339,95 17812756,92 4404943,471 -20383474,91 -6821221,944 12267909,6
não é carunchador -1,6578E+12 -8,36321E+11 -25033539,21 -19675817,13 10273614,94 -12703625,8 5126582,471 -18981780,42 14375233,7
não é semente tratada 7,10346E+13 3,58342E+13 491250109,2 -37002212,41 -258846616,7 -15859929,43 12755967,9 7125888,506 -6749634,75
não falha semente -1,8024E+13 -9,09288E+12 1145538078 618945690,2 -54395862,05 12825907,09 27176951,1 -15465638,36 -20794518,9
não planto 1,85948E+13 9,38039E+12 -6195784,884 -36128449,38 8928161,472 5907185,968 15872487,06 29422389,69 -10692815,5
não planto mais 1,21666E+13 6,1376E+12 38009638,3 34379564,51 -58017044,44 28578623,74 -33961159,49 27087374,89 -3765215,85
nasce no meio de outros tipos de milho -6,5396E+13 -3,29902E+13 -31435655,08 -118331005,5 -38274370,3 -11361011,17 -25160378,37 -73651439,44 2000812,058
nunca plantei -1,1521E+12 -5,81224E+11 46812580,34 54066357,71 -11605782,25 17641960,18 12535964,84 43436856,99 1306854,909
o vento derruba 2,75596E+13 1,39028E+13 106925278 111933969 -7404096,747 -47506569,21 33335987,41 22164810,62 19504091,67
palha branca 1,04163E+13 5,25463E+12 26683376,7 109114620,8 -34050607,92 57083740,96 -5900704,963 42620016,25 -6863204,01
324
palha dura 5,46422E+14 2,75649E+14 -217208841,8 -48926044,24 109009803,6 1434604,399 20234276,23 29474931,14 -1095354,93
palha fina -3,0292E+14 2,18685E+15 -505805780,4 -150731285,2 15750797,56 25270144,33 3067581,73 -26470688,26 -2369164,37
palha fraca 3,73442E+14 -2,15127E+15 -505805780,4 -150731285,2 15750797,56 25270144,33 3067581,73 -26470688,26 -2369164,37
palha grossa -4,6334E+15 -3,42423E+15 -32359193,81 -24891956,21 -29805399,25 -1883098,295 21277227,32 -33451406,89 -2910509,61
palha roxa 4,61934E+15 3,41713E+15 -32359193,81 -24891956,21 -29805399,25 -1883098,295 21277227,32 -33451406,89 -2910509,61
palhudo 3,74492E+15 -4,19403E+15 -134733287,9 -53246273,99 111062848,6 1777978,756 19132381,16 30361513,21 -1007866,18
planta alta -4,4319E+15 3,84744E+15 -134733287,9 -53246273,99 111062848,6 1777978,756 19132381,16 30361513,21 -1007866,18
planta baixa 3,62465E+13 1,8285E+13 170955037 -525831733,7 126891324,5 26898491,8 -20718293,06 27279560,51 10217661,82
produz bem -1,1413E+13 -5,75787E+12 -15479766,32 44828948,64 264026,4934 16815106,78 30601917,93 16783553,48 -892587,779
ruim de comer -1,1880E+13 -5,99312E+12 -43842686,84 -93061378,3 -24123245,81 25871942,35 -6074116,606 -7472055,719 -1562325,06
sabugo roxo -2,9992E+12 -1,51299E+12 -15404099,32 -14834726,61 4590467,424 15654675,12 -6360858,186 -30816645,06 1034363,359
semente graúda 1,40575E+13 7,09146E+12 -56307408,31 -70623200,47 19619290,94 -11843541,91 17219415,82 -46687525,12 7583210,592
semente miúda -5,7069E+12 -2,87896E+12 -14554808,24 -6319285,359 -21084222,73 -28017696,96 7690569,816 -5984218,323 -639505,059
semente tratada 1,11795E+13 5,63964E+12 2719482,87 39179749,97 -16581452,13 -24849388,66 11378177,45 3678207,9 -320182,445
só serve para fazer pipoca 4,762E+12 2,40225E+12 -6505227,375 13053671,24 12933194,1 -11459946,61 3056606,344 -10769675,84 5271685,782
tem pouca palha -8,8302E+12 -4,45451E+12 11841843,36 4743378,025 -1989222,209 -49691,80001 1703835,613 7996600,89 -532788,189
tem que colher rápido -6,18E+13 -3,11757E+13 -16876520,22 -32549960,53 -22364501,72 28233052,86 -36993001,05 -3990569,374 -632581,034
VARIÂNCIA 3,20147E-17 4,69401E-17 5,03739E-17 6,74778E-17 8,02688E-17 9,6133E-17 1,1794E-16 1,83934E-16 3,20147E-17
CARTACTERÍSTICA FATOR 46 FATOR 47 FATOR 48 FATOR 49 FATOR 50 FATOR 51 FATOR 52 FATOR 53 FATOR 46
a palha é remédio -3206307,318 -37933517,89 -41990620,61 13064567,34 -22062628,12 -238725,4731 -10356494,24 -4450797,237 -3206307,31
aguenta a chuva 5997391,051 -783087,3373 -771217,069 -13797239,25 6795116,808 9277450,81 -1314994,881 -13220911,84 5997391,051
amarelo 13284162,83 -52397,08232 2651031,722 -2671247,97 3542261,24 5409403,435 -3540981,262 -1165897,637 13284162,83
atura mais tempo 9500620,736 -25970491,67 -37583664,16 1334622,98 -20861025,97 10366776,16 -7088517,245 -813415,3416 9500620,736
bom para criação 10963182,86 24111565,68 9241593,808 -11641230,69 14169524,83 13295839,95 5081277,735 -1883913,235 10963182,86
bom para espigar -6218642,622 4950777,943 -20810482,13 -2411347,192 39657971,11 -16395085,04 -1687022,314 13205075,93 -6218642,62
bom para fazer canjica -41375703,27 -3002926,128 -17747017,63 19297206,72 -7043635,467 5219715,077 10826506,25 -940316,8193 -4137570,27
325
bom para fazer pamonha 22896137,11 11725989,42 20949774,24 17889121,54 21663353,56 15975384,17 5084575,256 -10619,20164 22896137,11
bom para milho verde 19485518,77 2073852,92 15409985,23 -738471,0995 9162751,872 537842,273 -3929363,202 -3934736,393 19485518,77
carrega mais de semente 19485518,77 2073852,92 15409985,23 -738471,0995 9162751,872 537842,273 -3929363,202 -3934736,393 19485518,77
caruncha muito -25477007,15 -8322134,119 -4368846,752 10422159,7 -12017350,64 4447704,612 7526489,921 2681352,511 -2547700,15
chocho 18067012,64 41670308,74 1306652,872 -19192239,13 -24458025,87 -11772650,56 13641397,31 -8740356,403 18067012,64
cresce muito 16916014,2 -9127885,173 12454242,84 8428716,548 -20978069,57 22450647,11 -7179520,128 3720017,398 16916014,2
dá para quebrar o galho 31239936,39 -6854731,169 11448625,56 6393400,22 10179314,97 -3709389,672 -7558842,735 -6980950,624 31239936,39
dente grosso 1647482,54 32667529,35 -27235020,14 20203282,22 107645,4268 9915326,613 10520029,91 9454940,965 1647482,54
difícil o vento derrubar 21240539,72 -30405052,83 3818038,574 -29925262,25 12908836,94 4698514,633 536824,6038 -116,0630056 21240539,72
duro 41609857,5 -17365307,06 305507,3354 1313298,947 9006884,603 4576737,563 8539648,234 553209,9822 41609857,5
é fraco 41726156,2 -24618887,27 -19827689,01 22205768,3 -9118902,439 2917595,974 7515129,503 237881,1986 41726156,2
é gostoso 21807147,65 24210857,06 37162966,48 23867299,54 -11629347,96 -11486131,43 6119292,3 6057016,794 21807147,65
é macio -61020590,84 39534491,93 23051198,69 -14513026,55 -10517571,89 23340376,87 13828323,39 12676067,51 -6102059,84
é mole 9882102,471 -17398708,94 34250069,08 29798753,84 -15336291,08 1759240,042 -5251406,747 -5728023,347 9882102,471
é natural -6247387,52 -11357536,62 37265309,74 -16201090,79 11999398,95 -10466622,57 -2659800,375 -2537002,644 -6247387,52
é o melhor -6247387,52 -11357536,62 37265309,74 -16201090,79 11999398,95 -10466622,57 -2659800,375 -2537002,644 -6247387,52
é tardio de 6 meses 68215526,66 17100500,78 -12528681,16 -686645,7852 -10096480,59 -27111959,01 3989865,838 1639294,114 68215526,66
espiga comprida 25465190,27 -8845605,884 15126585,32 -5029429,526 21402168,42 -4287362,283 -2517825,067 651103,5699 25465190,27
espiga graúda -953636,1718 14004686,7 6979107,317 26003660,1 19026996,82 5371496,529 -30146991,94 30522192,62 -953636,171
espiga miúda -18609564,96 21440001,79 -14824927,48 -4660338,348 13034123,88 -25646347,14 -36981265,54 1761659,155 -1860956,96
estou plantando 10619706,56 23685113,59 -16924022,33 9550790,531 24030241,14 7919529,481 -7445410,663 -8832470,643 10619706,56
falha semente na espiga 27333176,12 15387030,68 -17384570,92 -11725832,19 -5126173,143 9790304,952 -12817790,03 -5378317,869 27333176,12
muito bom 27333176,12 15387030,68 -17384570,92 -11725832,19 -5126173,143 9790304,952 -12817790,03 -5378317,869 27333176,12
não aguenta na chuva -9998926,415 -20614994,54 -3036398,366 -12347371,87 13549114,34 13419993,23 -18739008,07 1983389,128 -999892,415
não é bom 4601565,657 -36390283,59 15916746,7 -2432237,047 -3711607,35 -1670187,021 15858961,35 8073342,169 4601565,657
326
não é bom para pamonha -230397,2188 33432026,92 -42821493,58 -15864667,57 41083194,51 20976541,33 16541765,5 1785643,48 -230397,218
não é carunchador 4810069,25 472710,3175 300772,2946 -8793476,372 -13596510,44 12936037,63 -16339257,99 911938,5771 4810069,25
não é semente tratada -21343652,63 10287594,95 -7261841,238 -11022075,7 -5580089,805 363555,5507 5874253,503 2412185,771 -2134365,63
não falha semente -4308401,866 16557605,42 -5019664,154 9947344,078 -9267285,829 7125162,756 -2243761,808 -179477,3059 -4308401,86
não planto -4632491,769 32808,71509 25861926,04 6584253,614 15096301,68 17185561,83 -13301277,58 -23550325,22 -4632491,76
não planto mais 10927811,41 10916473,87 -1311609,237 1734610,258 14352777,98 -29837901,7 36264460,48 -18592976,47 10927811,41
nasce no meio de outros tipos de milho -21725940,14 -27802342,81 8269742,082 19161447,38 16380214,91 -2578533,065 4627272,153 5671220,46 -2172594,14
nunca plantei 43203319,97 12906514,98 12638329,39 9109553,176 -1345974,107 6836115,481 16866895,47 14003388,58 43203319,97
o vento derruba -12490736,83 -1780732,27 -8685427,116 44183417,1 22798334,13 -11519751,68 -2495979,106 -14905979,55 -1249073,83
palha branca -18895375,39 18090758,93 7716814,587 -39765749,71 -15697529,21 3483827,356 1378926,293 6429263,105 -1889537,39
palha dura -17530733,32 4273166,591 -7696371,263 -4413489,654 1656766,445 -9768914,796 1514490,425 -4706232,057 -1753073,32
palha fina -1735478,384 11318174,57 -8403850,372 8559051,201 -9272593,07 5506156,708 -6257631,208 -2918378,594 -1735478,38
palha fraca -1735478,384 11318174,57 -8403850,372 8559051,201 -9272593,07 5506156,708 -6257631,208 -2918378,594 -1735478,38
palha grossa -17092274,56 30588383,37 13084448,8 26337068,77 -13031825,19 -12937430,44 -2439404,522 -4391937,846 -1709274,56
palha roxa -17092274,56 30588383,37 13084448,8 26337068,77 -13031825,19 -12937430,44 -2439404,522 -4391937,846 -1709274,56
palhudo -17032702,51 3764096,318 -7895973,694 -4496504,425 1850046,389 -9738084,317 1470014,369 -4740203,131 -1703270,51
planta alta -17032702,51 3764096,318 -7895973,694 -4496504,425 1850046,389 -9738084,317 1470014,369 -4740203,131 -1703270,51
planta baixa 5413705,605 -2712188,815 -13723120,9 -4267315,054 -4531557,715 11940986,78 -5430518,898 -432569,2759 5413705,605
produz bem 14990579,2 -15318495,7 -11560248,46 -14688735,9 -2291347,364 5290374,133 13497209,25 9587263,163 14990579,2
ruim de comer -1581760,013 -6308182,997 35005347,3 -22579603,9 -7510534,061 -7208079,581 -9211524,838 15185696,84 -158176,013
sabugo roxo 5871035,157 -4064483,785 -5221987,082 12504277,86 -9197956,052 7641023,673 20102225,2 15152771,76 5871035,157
semente graúda -35221888,79 -23588394,06 13133266,85 21260327,93 21057757,34 30966634,37 20949587,42 991868,4232 -3522188,79
semente miúda -27791205,13 -14787200,27 1427822,633 -13922258,18 -5323034,407 8034050,766 9104584,07 -30440946,65 -2779120,13
semente tratada -33376862,56 -29992777,34 -17495344,88 -7060447,403 3805561,045 -41852003,13 8483522,734 16164456,94 -3337686,56
só serve para fazer pipoca -12262459,49 -914265,9245 -10958422,29 2247227,453 7329215,693 -4548403,472 -39078,51599 5106622,685 -1226245,49
327
tem pouca palha 3853393,59 6156079,125 635566,9291 -601902,3123 3266253,641 4308470,565 -160081,3774 -1042134,758 3853393,59
tem que colher rápido 36076845,95 740950,6561 -2264837,407 -3411452,114 3609696,904 5539896,952 13397007,63 10746956,68 36076845,95
VARIÂNCIA 2,40172E-16 2,58067E-16 2,76641E-16 3,42242E-16 3,8476E-16 4,08462E-16
CARTACTERÍSTICA FATOR 54 FATOR 55 FATOR 56 FATOR 57 FATOR 58 FATOR 59
a palha é remédio 507108,595 3198,609013 320575,0652 -11001672,3 3020026,499 -2937220,596
aguenta a chuva 26355509,6 5668174,511 -21166,83539 18194378,37 7332811,597 5421746,609
amarelo 5117225,603 -4138239,338 801129,7403 -4006795,961 5364848,697 2500401,707
atura mais tempo 8139463,432 353617,7237 244370,0046 -9718915,428 2171404,052 -2929052,904
bom para criação -4984832,565 -21919392,88 -5182986,556 8436962,36 -4392768,691 1012800,143
bom para espigar 9376420,755 -1078125,751 -12230036,43 15117488,01 -14960038,02 -9168636,9
bom para fazer canjica 5127714,825 -6187858,975 -4278910,785 3842735,854 1453557,749 3818707,37
bom para fazer pamonha -2194530,508 1830480,92 4857031,74 6088246,706 2687929,836 13795058,8
bom para milho verde 2621788,64 -3839208,97 417578,8873 -3327726,01 5755536,673 2649418,608
carrega mais de semente 2621788,64 -3839208,97 417578,8873 -3327726,01 5755536,673 2649418,608
caruncha muito 7666111,279 7173079,941 -2550681,109 13123829,15 -7670139,082 -3219551,705
chocho -1841828,482 8868290,271 -19143282,6 -279162,2113 2678850,769 5514009,972
cresce muito -3751707,291 448098,8816 1793981,764 5824968,179 1156029,627 4981289,574
dá para quebrar o galho 1490922,691 -3736942,481 556271,1261 -3243706,965 7041201,114 3112595,086
dente grosso -2476355,153 3452403,345 -787147,6498 7575138,888 3303577,591 3045518,595
difícil o vento derrubar 8033169,161 -1297303,2 -3377197,504 -6539425,476 -364527,6157 -3945970,111
duro 4956874,696 -8826536,601 -1365927,174 3454637,732 2373420,731 4124483,714
é fraco 7118189,793 4495698,082 -2256909,501 13421832,06 -6742176,329 -2693411,206
é gostoso -9249983,147 2825548,48 -2645856,129 -1531292,127 -1168855,999 -1853948,113
é macio 11412067,44 -3625877,855 195403,7241 -2553756,309 -779854,0881 1143964,095
é mole 3600922,876 673577,8229 -3392683,664 7411396,095 4829145,423 -3550115,257
é natural 1906856,221 448947,3204 -4097361,934 -6311418,277 1582472,704 -2887989,346
328
é o melhor 1906856,221 448947,3204 -4097361,934 -6311418,277 1582472,704 -2887989,346
é tardio de 6 meses 5978984,957 -2757071,954 -1693354,827 -3599852,833 -2377782,916 -1652397,009
espiga comprida -5176853,15 1110192,618 -641121,52 7859458,578 6146750,08 2267255,722
espiga graúda -10279081,14 -12046503,91 -8814444,616 -3343532,926 -1246273,645 -6679717,302
espiga miúda -2590805,03 34177380,1 11278814,05 4805663,186 7061463,674 -7069962,082
estou plantando 314581,8249 7735407,462 3052434,795 7244872,079 -9434638,671 -2027115,94
falha semente na espiga -6917877,699 -1693632,717 2283625,508 4266439,837 4265038,027 3643292,256
muito bom -6917877,699 -1693632,717 2283625,508 4266439,837 4265038,027 3643292,256
não aguenta na chuva -1843111,606 5274740,362 -22585209,75 659058,5552 7953086,5 9524085,707
não é bom -8354452,267 3330313,414 -7403949,521 6285148,218 4819307,445 -9772012,413
não é bom para pamonha -7775019,933 -1171466,893 7270541,207 -13497341,22 6705537,815 -6283995,615
não é carunchador -16371670,69 5646833,086 5392528,446 4690833,421 -22886250,49 18991868,36
não é semente tratada -1043704,756 -2919531,026 568804,2986 5081586,446 4012481,041 1417526,564
não falha semente 2754275,37 -1885316,147 1229355,865 -2064858,149 3600612,586 2976362,563
não planto 9289887,277 2570128,188 10545553,99 -9375384,188 -20078149,69 5749873,874
não planto mais 3184547,088 9089209,676 7516887,611 -2377365,421 -949665,296 5550024,596
nasce no meio de outros tipos de milho 7155961,355 2918868,513 -1501342,726 -4329210,736 -3152771,367 1879917,217
nunca plantei -15889263,33 13639938,3 -517831,2948 -2478090,172 4770296,765 2577447,635
o vento derruba -2166059,211 -16231424,61 8565593,191 -6810875,613 -1027371,738 -360196,9429
palha branca 11169321,34 -1122234,675 -2175055,877 -5244874,902 -6156335,355 -1529927,689
palha dura -1810057,531 -3197817,474 2095004,186 4199115,246 4402131,681 2376464,524
palha fina 2085369,939 -2123569,14 1271463,614 -1997622,428 4597982,94 2988506,737
palha fraca 2085369,939 -2123569,14 1271463,614 -1997622,428 4597982,94 2988506,737
palha grossa 1962777,125 -71277,19808 -6154737,464 -3725552,388 -41890,3417 -2726377,203
palha roxa 1962777,125 -71277,19808 -6154737,464 -3725552,388 -41890,3417 -2726377,203
palhudo -1835721,853 -3181537,736 2115728,827 4190286,674 4424052,571 2389823,958
planta alta -1835721,853 -3181537,736 2115728,827 4190286,674 4424052,571 2389823,958
329
planta baixa 2985478,528 -1900303,682 2143975,372 -2516798,71 3982306,774 3132487,306
produz bem -11127628,61 8456183,44 1595591,4 -8727570,114 -8042626,438 -3328792,33
ruim de comer -750231,3311 -3985179,974 31330925,71 10155870,42 6071423,143 -3029256,018
sabugo roxo 6717727,688 -3141497,279 26258997,68 3143548,14 416995,7623 -6406782,463
semente graúda -5020711,356 24338411,55 -3226453,34 -3222592,571 7950782,609 5703840,031
semente miúda -33523688,66 -8452600,815 -1025002,837 12642006,42 -1320550,571 -15602845,8
semente tratada -11418436,19 -7045721,92 2535331,227 -1066659,148 -2730239,46 26215188,54
só serve para fazer pipoca 4158986,763 -10640529,46 -2967354,777 12725798,13 11811311,69 4646467,734
tem pouca palha 761699,7134 -2529709,61 2071893,633 -6947718,557 8498367,554 2888035,441
tem que colher rápido 6749093,353 1030476,343 -4594951,619 -1777482,074 -9583033,068 -3460090,447
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