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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES LOCAIS EM UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA SERRA EM IPORANGA-SP HELIONORA DA SILVA ALVES C U I A B Á MT 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES

LOCAIS EM UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA

SERRA EM IPORANGA-SP

HELIONORA DA SILVA ALVES

C U I A B Á – MT

2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES

LOCAIS EM UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA

SERRA EM IPORANGA-SP

HELIONORA DA SILVA ALVES

Engenheira Agrônoma

Orientadora: Profª. Dra. MARIA CRISTINA DE FIGUEIREDO E ALBUQUERQUE

Co-orientador:

Prof. Dr. RODRIGO ALEIXO BRITO DE AZEVEDO

Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Doutora em Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2010

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

Catalogação na fonte: Maurício S. de Oliveira - Bibliotecário CRB/1 1860

A474c Alves, Helionora da Silva.

Caracterização do manejo de roças e sementes locais em unidades de

produtivas do bairro da serra em Iporanga- SP, 2010.

280 f ; il : 30 cm (Incluem gráficos e tabelas.)

Orientadora: Maria Cristina de Figueiredo Albuquerque

Co-orientador: Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo

Tese (doutorado). Universidade Federal de Mato Grosso. Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária. Programa de Pós-Graduação em

Agricultura Tropical, 2010.

Bibliografia: 256-280

1. Etnovariedades. 2. Sistema de manejo. 3. Etnoconhecimento. 4.

Unidade de conservação. I. Título.

CDU 631.95(815.6)

CDU 004.773

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AGRADECIMENTOS

Ao supremo Deus, criador do Universo, e ao meu mestre Messias

Meishu-Sama, por toda proteção e permissão concedida de trilhar mais uma

etapa do meu caminho profissional.

À minha amada mãe Honorata, pelo carinho, amor, companheirismo,

amizade, dedicação e compreensão de sempre e, principalmente, pela parceria

nos trabalhos de campo e na ajuda na elaboração teórica da tese.

À minha prima Neuma e seu esposo Edvaldo, minhas madrinhas

Celestina e Telita, meu padrinho Marcos e tios Sellos e Sérgio, por todo apoio e

carinho no período em que estive residindo no interior de São Paulo para a

elaboração desta tese.

Aos ministros Carla, Daniel, Welton, Miguel, Sílvio e Gustavo, pela

amizade de sempre e apoio religioso prestado nos momentos bons e difíceis ao

longo de mais essa etapa da minha vida.

À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em particular ao

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, pela oportunidade de

realização do doutorado.

Aos Professores Doutores Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo e Maria

Cristina de Figueiredo e Albuquerque, pelas maravilhosas orientações,

paciência e amizade.

Ao professor Dr. Lin Chau Ming, pela indicação do local para realizar a

pesquisa e pelo apoio e amizade durante o período em que residi em Botucatu

e no Bairro da Serra-SP.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(Capes), por fornecer auxílio financeiro através da bolsa de formação e meia

bolsa de Cooperação Acadêmica devido ao Programa Nacional de Cooperação

Acadêmica (Procad) entre os Programas de Pós-Graduação em Agricultura

Tropical da UFMT – Cuiabá/MT e Pós-Graduação em Horticultura da

Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Botucatu/SP.

Às famílias de agricultores do Bairro da Serra, pela calorosa recepção e

acolhida durante o trabalho de campo e pela contribuição e paciência em

participar da pesquisa através das informações prestadas.

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À Coordenação e a todos os professores do Programa de Pós-

Graduação em Agricultura Tropical, em especial às secretárias Maria e Denise,

pelo auxílio empregado durante todo o curso.

Ao grupo de pesquisa da Unesp coordenado pelo Prof. Lin, pela ajuda

nos trabalhos a campo e troca de ideias em relação aos trabalhos

desenvolvidos na região do Vale do Ribeira e as proveitosas trocas de

experiências, longas conversas, e pelos momentos de descontração a campo.

A todos os colegas de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da UFMT

e da Pós-Graduação em Horticultura da Unesp, pela amizade e pelas

conversas calorosas e boas risadas.

E a todos meus familiares e amigos que fazem parte da minha vida,

sempre participando informalmente com apoio e força para concretização do

doutorado.

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“Observemos a Natureza. Ela procura renovar-se e progredir

constantemente sem um minuto de interrupção”.

(Mokiti Okada)

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CARACTERIZAÇÃO DO MANEJO DE ROÇAS E SEMENTES LOCAIS EM

UNIDADES PRODUTIVAS DO BAIRRO DA SERRA, EM IPORANGA-SP

RESUMO: Transformações vêm ocorrendo com as práticas agrícolas

desenvolvidas por agricultores camponeses acarretando adaptações no modo

de vida e trabalho desses que possuem estreita relação com o „ambiente

natural‟. Um dos fatores se caracteriza pela concepção de áreas protegidas.

Essa característica é facilmente observada em algumas comunidades do Vale

do Ribeira, as quais historicamente possuem grande interação com os recursos

florestais provenientes da Mata Atlântica. Considerando esses aspectos, o

presente estudo foi desenvolvido com agricultores camponeses do Bairro da

Serra, município de Iporanga, inserido no Vale do Ribeira-SP, com objetivo de

conhecer os princípios gerais da agricultura desenvolvida por esses

agricultores para compreender as transformações tecnológicas que ocorreram

na agricultura local devido ao estabelecimento do Parque Estadual do Alto do

Ribeira. Por meio de entrevistas semiestruturadas e abertas, diferentes

métodos de análise possibilitaram a constatação de que os agricultores têm

profundo conhecimento do ambiente em que vivem, das espécies de plantas

que utilizam no seu dia a dia, sendo assim, ainda existem elementos que os

caracterizam no sistema de campesinato. Mesmo que não possam mais

desenvolver a prática da derrubada e queima como antigamente, ainda

mantêm uma relação intrínseca com o ambiente, o que possibilita testar

alternativas de manejo que permitem continuar seu modo de vida camponês.

Existe um circuito interno de conservação in situ das etnovariedades de

amendoim, arroz, feijão e milho. Os agricultores mantêm a qualidade das

sementes de acordo com seus interesses de subsistência da família e

conservação do recurso genético. É paradoxal que os agricultores camponeses

sejam colocados como antagônicos às necessidades de proteção dos recursos

naturais em áreas de conservação, pois é esse tipo de agricultor que tem

promovido há várias gerações o manejo sustentável de áreas naturais, sendo

os verdadeiros responsáveis até o presente pela conservação dessas áreas.

Palavras-chave: etnovariedades, sistema de manejo, etnoconhecimento,

unidade de conservação.

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MANAGEMENT CHARACTERIZATION OF AGRICULTURAL CROPS AND

LOCAL SEEDS IN PRODUCTIVE UNITS IN SERRA, MUNICIPALITY OF

IPORANGA – SÃO PAULO STATE - BRAZIL

ABSTRACT: Many changes are occurring with agricultural practices developed

by peasant farmers, having close relationship with the “natural environment”,

which lead to adjustments in the their life style and work. One of the factors is

characterized by the idea about the protected areas. This feature is easily

observed in some communities from Vale do Ribeira, which historically have

great interaction with the forest resources from Mata Atlântica (Atlantic Forest).

Considering these aspects, the present study was carried out with peasant

farmers from Serra, Iporanga, inserted in Vale do Ribeira, São Paulo. It aimed

to know the general principles of the developed agriculture by these farmers, to

understand the technological changes, which have occurred in local agriculture

due to the establishment of the Parque Estadual do Alto do Ribeira. Through

semi-structured and open interviews, some different analysis methods made

possible the finding that farmers have a deep understanding of their

environment, of the plant used species in their day-to-day. So there are some

elements that characterize the peasantry system. Even that they can no longer

develop the forest clearance practice and burn as before, they still maintains a

close relationship with the environment, which enables test management

alternatives that allow continuing their peasant life style. There is an internal

circuit in situ conservation of etnovarities peanuts rice, beans and corn. The

farmers maintain the seeds quality, according to their interests of the family's

subsistence and genetic resource conservation. It is a paradox that peasant

farmers are considered as antagonistic to the needs of the natural resource

protection in conservation areas. They are the people who have championed

the sustainable management of the natural areas by several generations and

those truly responsible until the present by their conservation.

Keywords: etnovarities, management system, ethnic knowledge, conservation

unit.

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO................................................................................................12

2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................18

2.1 O campesinato nas regiões tropicais...........................................................18

2.1.1 Os sistemas agrícolas tropicais baseados na agricultura de corte e

queima...............................................................................................................26

2.1.2 Abrangência da agricultura de corte e queima ......................................35

2.1.3 Histórico sobre agricultura de corte e queima..........................................36

2.1.4 Sistema de conhecimento de agricultores................................................37

2.1.5 Populações humanas e áreas naturais protegidas...................................41

2.1.6 Etnociência...............................................................................................55

2.2. Transformações históricas no Vale do Ribeira: trajetórias tecnológicas da

agricultura tradicional do Bairro da Serra – Iporanga/SP..................................62

2.2.1 Vale do Ribeira no estado de São Paulo..................................................66

2.2.1.1 Aspectos históricos de ocupação..........................................................68

2.2.1.2 Aspectos socioeconômicos....................................................................75

2.2.2 Município de Iporanga..............................................................................79

2.2.2.1 Aspectos históricos................................................................................82

2.2.3 Bairro da Serra..........................................................................................91

2.2.3.1 Aspectos históricos................................................................................93

2.3 Linha do tempo............................................................................................99

3 METODOLOGIA...........................................................................................111

3.1 Local e Período do Estudo.........................................................................111

3.2 Métodos.....................................................................................................111

3.2.1 Coleta de dados......................................................................................113

3.2.1.1 Primeira etapa de coleta de dados......................................................113

3.2.1.2 Segunda etapa de coleta de dados.....................................................116

3.3 Sistematização e Análise dos Dados.........................................................117

3.3.1 Dados obtidos na primeira etapa da coleta de dados.............................117

3.3.2 Dados obtidos na segunda etapa da coleta de dados............................120

2.3.3 Teste de germinação, teor de água e massa de mil sementes..............123

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................124

4.1 Descrição das UPs....................................................................................124

4.1.1 Identificação e histórico das UPs............................................................124

4.1.1.1 Histórico dos produtores e da UP........................................................126

4.1.2 Escolaridade...........................................................................................138

4.1.3 Atividades comunitárias..........................................................................141

4.1.4 Comunicação e locomoção.....................................................................142

4.1.5 Saúde......................................................................................................142

4.1.6 Práticas de ajuda mútua.........................................................................143

4.1.7 Disponibilidade de mão de obra na UP..................................................144

4.1.8 Componentes que entram e saem da UP e fontes de renda..................150

4.1.9 Unidades territoriais de manejo..............................................................163

4.1.9.1 Quintal e terreiro..................................................................................167

4.1.9.2 Horta....................................................................................................173

4.1.9.3 Criação animal.....................................................................................175

4.1.9.4 Pastagem.............................................................................................179

4.1.9.5 Sistemas extrativistas..........................................................................179

4.1.9.6 Roças...................................................................................................184

4.2 Descrição e Manejo de Etnovariedades em Roças do Bairro da Serra.....197

4.2.1 Etnovariedades citadas pelos agricultores e origem das sementes.......198

4.2.2 Semeadura do amendoim, arroz, feijão e milho nas roças.....................208

4.2.3 Colheita e armazenamento.....................................................................223

4.2.4 Critérios de classificação das etnovariedades........................................229

4.2.5 Utilização das etnovariedades na UP.....................................................244

4.2.6 Teor de água, porcentagem de germinação e massa de 1000

sementes.........................................................................................................244

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................251

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................256

7 APÊNDICE...................................................................................................281

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1 INTRODUÇÃO

Os sistemas agrícolas tradicionais representam uma das principais

fontes de subsistência para populações rurais pobres que habitam as florestas

tropicais no mundo, onde a mão de obra familiar constitui elemento chave para

manutenção desses sistemas de produção que recebem influências sociais e

dinâmicas das unidades produtivas1 que os compõem (ALI, 2005; PEDROSO-

JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Atualmente, transformações vêm ocorrendo com as práticas agrícolas de

subsistência dessas populações pela sua gradativa inclusão na economia

mercantilista, pela expansão das fronteiras urbanas em direção às fronteiras

agrícolas, pelo aumento da densidade populacional e pela limitação do uso de

recursos naturais imposta pela legislação de proteção e conservação do meio

ambiente, entre outros fatores (CARDOSO et al., 2001; BRAY et al., 2003;

MCSWEENEY, 2005; PEDROSO-JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al.,

2008).

Tais mudanças acarretam adaptações no modo de vida e trabalho

dessas populações que possuem estreita relação com o „ambiente natural‟, o

que leva a alterações nas práticas e técnicas de cultivo e consequentes

transformações na paisagem natural que eles estão habituados a manejar para

sua subsistência. As transformações na paisagem podem ocorrer, por exemplo,

por meio da diminuição dos ciclos de cultivo, da diminuição da área de roça,

1 No âmbito dessa tese, Unidades Produtivas (UPs) são núcleos produtivos onde os agricultores desenvolvem seus sistemas de produções, independentemente de a área estar situada ou não no local em que reside, ou seja, categoria socioespacial em que as relações familiares e produtivas se articulam no espaço utilizado para subsistência da família, e podem

ser compostas por mais de uma unidade familiar (AZEVEDO, 2001).

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e/ou introdução de cultivares perenes com objetivo de comercialização (BRAY

et al., 2003; METZGER, 2003; MCSWEENEY, 2005).

Os aspectos das interações sociais e econômicas das comunidades

rurais da região tropical e o ecossistema em que estão inseridas levaram à

pressuposta necessidade de preservação do meio natural e à manutenção (ou

melhoria) da qualidade de vida do ser humano. Esse contexto se intensificou

especialmente a partir da década de 60, quando o interesse social e político em

torno dos problemas relacionados ao meio ambiente foi consolidado

mundialmente (BANERJEE, 2003).

Por outro lado, a grande diminuição da biodiversidade se deve à

exploração intensificada dos recursos naturais, a novas tecnologias agrícolas,

ao aumento populacional, a mudanças nas maneiras de desenvolver a

produção, que são elementos prováveis no colapso dos sistemas político e

socioeconômico vigentes. O desenvolvimento dessas questões ocasionou uma

ampliação de pesquisas na área de conservação ambiental e expansão da

proteção de ambientes naturais pela implantação de Unidades de Conservação

(HANAZAKI, 2001; CARVALHO, 2006). Entretanto, muitas áreas destinadas à

preservação parcial ou total já possuíam, em seus domínios, diversos grupos

humanos que dependiam do ambiente natural para sua subsistência.

Considerando esses pressupostos em relação às populações

campesinas e ao ambiente em que habitam, vários estudos foram

desenvolvidos buscando compreender as relações de produção, as práticas

culturais, a organização e a dinâmica social envolvidas nos sistemas de

subsistência camponês. Os campesinos fazem parte de um setor social

composto por agricultores com efetivo controle da terra, mas que consideram a

atividade agrícola um meio de vida e não um negócio visando a lucros

(QUEIROZ, 1973; CANCIAN, 1989; MARTINS, 1995; WANDERLEY, 1996;

OLIVEIRA, 2001).

São populações pobres tanto em sentido absoluto como em relação a

muitos não-campesinos, sendo também subjugados política e economicamente

(QUEIROZ, 1973; CANCIAN, 1989), diferenciando-se das minorias étnicas

urbanas, pois são rurais e usualmente produzem grande parte de sua

alimentação (CANCIAN, 1989).

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Nas regiões tropicais, o sistema agrícola camponês é baseado na

itinerância das áreas destinadas ao cultivo (roças), sendo esse o elemento

chave dos sistemas produtivos das populações rurais mais antigas e o fator

mais importante em relação às alterações na dinâmica da paisagem florestal

habitada por seres humanos (METZGER, 2003).

Por essa razão, o enfoque dos estudos acadêmicos que envolvem

sistemas agrícolas tradicionais trata principalmente da dinâmica das roças

(CONKLIN, 1961; SOEWARWOTO et al., 1985; BOSERUP, 1987; ALTIERI et

al., 1987; ALTIERE, 1999; BEGOSSI et al., 2000; HAZANAKI, 2001;

METZGER, 2003; ALBUQUERQUE et al., 2005; BARRERA-BASSOLS e

TOLEDO, 2005; PEDROSO-JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

O sistema agrícola itinerante praticado pelos campesinos e indígenas

em regiões tropicais normalmente envolve o corte e a queima da vegetação na

estação de seca e a utilização das cinzas produzidas como nutrientes para o

desenvolvimento da plantação no início da estação da chuva. O declínio da

fertilidade do solo e o aumento do surgimento de ervas daninhas levam os

agricultores a abandonar a área utilizada para o plantio após poucos anos de

uso. Outros tipos de vegetação dominam, então, essa paisagem, sendo que a

mesma eventualmente se regenera em floresta secundária antes que o ciclo se

repita (CONKLIN, 1961; BOSERUP, 1987; METZGER, 2003; PEDROSO-

JÚNIOR, 2008; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

O período de pousio (ou descanso) pode variar de cinco a 30 anos, e é

comum que esse sistema agrícola seja denominado de agricultura de corte e

queima (ou coivara), sendo uma prática desenvolvida em diversas regiões

tropicais do mundo desde o período neolítico (KLEINMAN et al., 1995; DEAN,

1996; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Esse sistema de produção vem sofrendo profundas transformações

decorrentes das diversas estratégias que os agricultores camponeses estão

desenvolvendo em busca de se adaptar às mudanças ecológicas e político-

econômicas que ocorreram ao longo dos anos.

A região do Vale do Ribeira, localizada na porção sul do estado de São

Paulo, se insere nesse cenário, no qual agricultores camponeses que sempre

tiveram sua produção agrícola voltada ao baixo impacto, com longos períodos

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de pousio e alta diversidade de espécies intra e interespecífica, baseada em

técnicas agrícolas tradicionais, atualmente se vêm obrigados a adaptar suas

estratégias de produção e modo de vida à legislação ambiental vigente no país

e às demandas impostas pelo mercado. Denotam tendência a adotar formas

intensivas de cultivo, dependentes de insumos externos (com baixo período de

pousio e baixa diversidade de cultivos), da adoção de cultivares mais

produtivas e com aceitação no mercado em detrimento de espécies e

etnovariedades2. Alguns habitantes estão simplesmente abandonando as

atividades agrícolas em busca de outras alternativas de trabalho relacionadas

ao turismo, e ainda há pessoas migrando para centros urbanos próximos, até

mesmo cidades maiores onde possuem parentes e migrantes já estabelecidos

(ALI, 2005; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Porém, ainda existem agricultores camponeses que prevalecem na

tradição de cultivo das roças, mesmo tendo que adaptar seus conhecimentos

às novas realidades impostas. Eles se esforçam em manter as técnicas de

produção que vêm desenvolvendo ao longo dos anos, gerando certa tendência

à reorganização nos modelos do referido sistema agrícola. A estrutura e

organização familiar voltada ao trabalho agrícola camponês são

significativamente sensíveis às mudanças e pressões externas discutidas

anteriormente, de maneira que uma rede de relações, a diversidade de

espécies vegetais e animais e a estrutura das unidades produtivas atuam como

indicadores de parte importante das alterações que os sistemas produtivos dos

camponeses vêm sofrendo (CERDA e MUKUL, 2008).

A concepção de áreas protegidas foi construída sobre a dissociação do

homem com a natureza, assumindo que as populações humanas são

destruidoras do ambiente natural (BRITO, 2000). Esse modelo impede a

existência de populações humanas residentes dentro de áreas de proteção

ambiental. Essa abordagem, entretanto, entra em conflito com a realidade dos

países tropicais, os quais têm a maioria de suas unidades de conservação

habitadas por índios e outros grupos de agricultores camponeses.

2 Considera-se „etnovariedades‟ as plantas reconhecidas pelos agricultores e nomeadas pela

população local, possuindo uso característico entre as famílias. As etnovariedades distinguem-se não apenas pela denominação que lhes é atribuída, mas também por sua função e aspecto morfológico que apresentam (ALI, 2005).

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Tem-se então a questão: unidades de conservação causam

transformações na agricultura desenvolvida por agricultores camponeses?

Considerando esse questionamento, torna-se necessário compreender

os princípios gerais da agricultura desenvolvida por eles a partir do

conhecimento da lógica desses sistemas de conhecimentos locais,

estabelecendo uma relação existente entre esses agricultores e as unidades de

conservação.

Nesta relação, qualquer atividade que busque o estabelecimento de

sistemas agrícolas ambientalmente adequados só produz resultados positivos

se houver a construção de um novo senso comum dos agricultores, fruto da

junção dos sistemas de conhecimento locais com o conhecimento científico.

A carência de pesquisas sobre mudanças pelas quais as comunidades

camponesas estão passando e gerando na região a que pertencem, é

fortalecida com as divergências nas discussões sobre a presença ou não de

agricultores tradicionais no interior de áreas protegidas. E ao mesmo tempo em

que inúmeros cientistas constroem seus conhecimentos acerca da rica

biodiversidade brasileira, outros conhecedores da fauna e flora possuem o

“saber local” sobre os recursos naturais. O “saber local” é apontado como

adaptativo e responde às mudanças de forma contínua (BERKES e FOLKE,

1998).

Essa característica é facilmente observada em algumas comunidades do

Vale do Ribeira, as quais historicamente possuem grande interação com os

recursos florestais provenientes da Mata Atlântica. Em meio a diferentes ciclos

econômicos, influências do turismo e das leis ambientais, muitas comunidades

têm encontrado diferentes formas de se adaptar, através de alterações nas

formas de manejo e uso da terra (ADAMS, 2000).

Considerando o contexto acima, este trabalho foi desenvolvido com

agricultores camponeses do Bairro da Serra, município de Iporanga, inserido

no Vale do Ribeira-SP, partindo da premissa de estarem inseridos na Unidade

de Conservação Parque Estadual do Alto do Ribeira (Petar), primeiro local

decretado como Área de Preservação Ambiental no Vale do Ribeira. Esses

agricultores foram os mais afetados com a instalação do parque e, atualmente,

o turismo nessa localidade se tornou fundamental na sustentação do município.

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Esta pesquisa se caracteriza por seu caráter exploratório e descritivo,

com objetivo de conhecer os princípios gerais da agricultura desenvolvida por

esses agricultores, para compreender as transformações tecnológicas que

ocorreram na agricultura local, devido ao estabelecimento do Petar. Pela

compreensão de algumas questões pertinentes aos temas anteriormente

abordados, vamos procurar:

Compreender a relação entre agricultores tradicionais e unidades de

conservação, verificando na literatura aspectos sobre agricultura de

campesinato, considerando o sistema de corte e queima, em busca de

visualizar as diferentes maneiras com que o tema é abordado.

Descrever as transformações históricas no Vale do Ribeira, tendo como

foco as trajetórias tecnológicas da agricultura de campesinato praticada no

Bairro da Serra – Iporanga/SP, revisando os aspectos das mudanças que

ocorreram ao longo dos anos nesse bairro rural, em busca de construir uma

linha de tempo por meio das informações secundárias, considerando os fatos

marcantes ao longo da história da região.

Descrever e caracterizar as Unidades Produtivas do Bairro da Serra –

Iporanga/SP.

Caracterizar o manejo de sementes (variedades locais) cultivadas em

roças do Bairro da Serra – Iporanga/SP, com objetivo de identificar a trajetória

tecnológica das variedades locais presentes no Bairro da Serra, identificando e

classificando a diversidade de sementes cultivadas nas roças desses

agricultores e compreender o circuito local dessas sementes.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Sob uma perspectiva histórica, a relação entre o homem e o ambiente

natural é relatada desde o início da civilização. A apropriação humana da

natureza por meio da utilização de diversos vegetais certamente ocorreu antes

mesmo de o processo ser relatado historicamente. Em princípio, esse contato

buscava suprir as necessidades básicas, como alimentação, obtenção de

materiais para construções de habitações, ferramentas e utensílios, por meio

da extração e coleta dos vegetais. Aos poucos, com a prática da agricultura e a

descoberta de possíveis utilizações medicinais de algumas espécies de

plantas, esse relacionamento foi ampliado (RIBEIRO, 1995; DIAMOND, 2003).

Sob essa perspectiva, os aspectos teóricos que permeiam este trabalho,

parte dos aspectos de descrição da agricultura de campesinato, consideram o

sistema de itinerância e corte e queima em busca de visualizar as diferentes

maneiras com que o tema é abordado; em seguida, é feita a descrição das

transformações históricas no Vale do Ribeira, tendo como foco as trajetórias

tecnológicas da agricultura de campesinato praticada no Bairro da Serra –

Iporanga/SP, para que seja possível compreender a relação entre agricultores

camponeses e unidades de conservação.

2.1. O campesinato nas regiões tropicais

As populações humanas que habitam as florestas tropicais estão no

centro das discussões proporcionadas pelos estudos sobre sociedade (cultura)

e ambiente natural (físico). Geralmente essas sociedades, sejam elas

indígenas, campesinas, entre outras, compõem um cenário representado, de

um lado por uma paisagem natural altamente fragmentada e de outro pelas

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comunidades pobres rurais que dependem criticamente desse mesmo

ambiente natural para sua subsistência. Essa perspectiva impulsionou um

debate no cenário acadêmico sobre a conceituação do campesinato e a

definição de uma provável identidade campesina, principalmente a partir da

década de 60 (QUEIROZ 1973; WOLF, 1976; CANCIAN, 1989, WOORTMANN

e WOORTMANN, 1997).

Dentre as principais linhas de pensamento provenientes do estudo sobre

o campesinato, tomou-se como foco a perspectiva europeia, de economicistas

europeus, que é fundamentada em uma ótica econômica baseada na unidade

familiar - um conjunto de produtores e consumidores cuja unidade de força de

trabalho e de consumo está centrada no casal e seus filhos e que pode ser

agregada a outros membros que vivem na unidade produtiva (WOLF, 1976).

A família produtiva, portanto, estaria ocupada em reproduzir seus

“fatores de produção”, como, por exemplo, a terra. Assim, o sistema econômico

criado nesse cenário seria essencialmente baseado nas relações de trabalho

do grupo doméstico. Em oposição ao trabalho assalariado, o trabalho familiar,

base da economia camponesa, bem como os demais elementos desse sistema

produtivo, estabeleceria leis com natureza distinta das que regulam a produção

capitalista. Porém, o pensamento economicista, mesmo com algumas

variações, não passou dos limites da unidade doméstica, e desenvolveu

estudos principalmente sobre o campesinato russo e francês, não explorando

as relações entre as famílias, e muito menos a relação da comunidade

campesina com a sociedade mais abrangente (WOLF, 1976; WOORTMANN e

WOORTMANN, 1997).

Considerando esse contexto, não é o objetivo deste trabalho discutir as

conceituações filosóficas sobre o campesinato, mas sim os aspectos que

possam caracterizá-lo por meio da identificação das práticas e técnicas que o

compõem. Portanto, a agricultura camponesa aqui focada relaciona-se ao grau

relativo de isolamento dos campesinos em relação aos outros setores sociais,

regionais ou sociais, ao longo do tempo, considerando nunca ter havido,

porém, um isolamento total (CANCIAN, 1989). Esses agricultores não se

inserem nos moldes da agricultura mercantilista, ou seja, baseada no uso

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intensificado de recursos naturais e introdução de insumos externos aos

sistemas de produção (AZEVEDO, 2001).

Dessa maneira, o referido grupo de agricultores é de produtores

agrícolas com efetivo controle da terra, que consideram a atividade agrícola um

meio de vida (economia de subsistência), e não um negócio de lucro

(CANCIAN, 1989). Ou seja, possuem relativa autossuficiência, sendo esse um

dos componentes centrais da sua lógica de reprodução econômica e, de

maneira geral, possuem menor dependência dos produtos de mercado.

A família é um ponto central, pois é a unidade produtora e consumidora

do sistema no qual está inserida. E a terra não pode ser considerada apenas

um fator de produção, pois também possui vários valores simbólicos para

esses agricultores (WOORTMANN e WOORTMANN, 1997). Sob esses

aspectos, eles diferem das minorias étnicas urbanas, pois são rurais e

usualmente representam a porção significativa na produção de seus alimentos

(CANCIAN, 1989; WOORTMANN e WOORTMANN, 1997).

A caracterização de tipos de campesinatos ao redor do mundo e as

várias tentativas de definição desse segmento social são pontos essenciais

para desenvolvimento de estudos sobre o tema. Principalmente se for

considerado que essas populações, apesar de sempre terem estabelecido

alguma conexão com a economia regional, estão, nas décadas recentes, se

tornando gradativamente mais inseridas e dependentes do sistema econômico

dominante no mundo (CANCIAN, 1989). De acordo com Boserup (1987), esse

processo se iniciou como um efeito do crescimento populacional sobre os

sistemas agrícolas pré-industriais, em que a demografia ou a mudança na

densidade populacional seriam geradorres de mudanças nos métodos e na

tecnologia agrícola, ou seja, no conjunto de atividades necessárias em um

dado sistema agrícola.

Em linhas gerais, essas transformações que estão ocorrendo pelo

aumento da densidade populacional, aliada a uma impossibilidade na

expansão da área cultivada, podem levar uma dada sociedade a optar pelo

encurtamento do pousio para ter suas demandas por alimento atingidas. Dessa

maneira, aumenta-se a frequência de cultivo em uma dada área,

caracterizando o plantio sucessivo em uma mesma região, o que vem alterar

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completamente o sistema usual, de modo que a fertilização do solo não é

suficientemente alcançada apenas com as cinzas provenientes da queima da

grande quantidade de biomassa disponível do corte de uma mata em período

avançado de regeneração, e esse encurtamento do pousio acarreta também

problemas na irrigação, além de facilitar a ocupação do solo por ervas

daninhas (QUEIROZ, 2006).

Todas essas alterações acabam por requerer um maior investimento no

que se refere a tempo de trabalho e capital, incluindo a implementação e/ou

mudança dos instrumentos agrícolas, por exemplo, a utilização de adubo

animal, de canais de irrigação e da enxada ou até arado. Sendo assim, ocorreu

a intensificação dos sistemas agrícolas pré-industriais não apenas no aspecto

tecnológico, mas também metodológico, para sociedades que passam por esse

processo (CÂNDIDO, 1977; BOSERUP, 1987; QUEIROZ, 2006).

Essa intensificação formou o cenário que permite, ou em outras

palavras, que seria o início do processo de urbanização de uma sociedade

campesina em transformação. A urbanização das fronteiras agrícolas é um

processo cada vez mais corrente no cenário nacional, e já foi descrito para

diversas comunidades de pequenos produtores na Amazônia. Os diferentes

grupos externos que atuam nas comunidades em transformação relacionam-se

de formas distintas com o capital, atribuindo a esse cenário de mudança um

caráter ainda mais dinâmico (BROWDER et al., 2004).

Portanto, dentro dessa perspectiva geral, alguns elementos específicos

podem ser elencados como fatores que interferem diretamente na mudança do

sistema produtivo dos campesinos: a urbanização, o avanço da pecuária e o

aumento da densidade populacional (BRAY et al., 2003; METZGER, 2003;

MCSWEENEY, 2005; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Outra questão importante a ser ponderada é o fato de o envolvimento

das comunidades campesinas nas relações de mercado ter atualmente uma

magnitude muito diferente daquela que predominava antes do advento das

sociedades industriais (WOLF, 1973). Cada vez mais agências do governo

controlam o que plantam e a maneira como comercializam a produção agrícola,

porque dependem do estado para conseguir sementes, fertilizantes e créditos

necessários para produção (CANCIAN, 1989). Apesar da ampliação do

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envolvimento com o mercado, o lucro obtido com a venda é geralmente usado

para apenas comprar bens de serviços de que precisam para subsistir e manter

seu status social: raramente amplia-se a “escala de operações”3 (WOLF, 1976).

A complexa adaptação econômica da unidade familiar campesina frente

às mudanças anteriormente descritas, por sua vez, geralmente combina a

produção de subsistência com trabalho assalariado em cidades próximas ou

em fazendas com larga escala de produção (CANCIAN, 1989). A

transformação dos camponeses em uma classe de semiproletariados de

trabalhadores diaristas vem gerando mudanças no setor agrário, como o

gradativo abandono ou diminuição das áreas destinadas à agricultura de corte

e queima (coivara) e/ou intensificação, como o aumento da utilização ou da

produtividade da terra com diminuição dos ciclos de cultivo e introdução de

cultivares perenes.

Paralelamente a essas questões anteriormente apontadas, vivencia-se

atualmente um período de crescente preocupação com a preservação dos

ambientes naturais. Tornou-se, portanto, cada vez mais urgente que qualquer

sistema de exploração, seja “tradicional” ou não, responda ao paradoxo

constituído pela necessidade de preservação do meio natural, manutenção e

melhoria da qualidade de vida humana. De uma perspectiva ecológica, os

processos de intensificação agrícola e erosão dos sistemas tradicionais

resultariam na perda de diversidade de cultivares e das técnicas locais de usos

do solo, bem como dos demais elementos que constituem o repertório

etnobotânico dessas comunidades (ADAMS, 1994; PEDROSO-JÚNIOR et al.,

2008). Aliado a isso, a redução do período de descanso no sistema agrícola de

corte e queima ocasiona, ainda, uma paisagem mais homogênea, largamente

dominada por roças e capoeiras. Dessa forma, há o desaparecimento

crescente de formações maduras de vegetais, o que pode levar à extinção local

de espécies, redução do fluxo de sementes, por causa do desaparecimento

das fontes dos vetores, aumento da competição com sementes de ervas

3 Aumento do trabalho e capital por unidade de área, da produtividade da terra, do excedente

de produção para venda, seleção e cultivo de variedades com maior aceitação no mercado, utilização ampla de inovações técnicas e ferramentas agrícolas pós-industriais, diminuição dos ciclos de cultivo (WOLF, 1976).

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daninhas e redução na velocidade do processo de regeneração (METZGER,

2003).

A gradativa simplificação e conversão de técnicas menos agressivas ao

meio natural em outras mais intensivas e impactantes tem como resultado a

simplificação e a geração de um ecossistema que requer constante intervenção

humana e altos investimentos externos (ALTIERI et al., 1987; METZGER,

2003; MCSWEENEY, 2005).

A diversificação das estratégias de subsistência desses agricultores, por

outro lado, também depende criticamente da preservação das práticas

agroecológicas e do capital social local. Esses elementos são resultados da co-

evolução de várias décadas entre o ecossistema florestal e a organização

socioeconômica local, e por isso são alternativas diversificadas e concretas a

mudanças e transformações de várias naturezas - social, econômica e

ambiental (ALTIERI et al., 1987) - que resultam em mudanças na forma de

atuação dos camponeses para classe de semiproletários de trabalhadores

diaristas.

Em áreas onde a produção agropecuária absorve de modo intenso

ciência, tecnologia e informação, a paisagem natural sofre mudanças drásticas,

o que é determinante para a ampliação da natureza social sobre a natural

(ELIAS, 1996).

A subordinação que leva a essa nova forma de classe de trabalhadores

semiproletários está ligada, além da legislação ambiental, também ao sistema

agroindustrial, caso da integração-subordinação à agroindústria: fornecer leite a

cooperativas, a pequenos e médios laticínios ou a empresas multinacionais,

como Nestlê é emblemática, no Estado de Minas Gerais; ou suínos e frangos

para empresas como Perdigão, Sadia etc. (ELIAS, 1996; CARVALHO, 2002).

Fatos semelhantes podem ser observados em vários locais no mundo e

se deve ao fato de a passagem da cidade em direção ao urbano ser marcada

pela entrada da indústria na cidade, processo longo na história ocidental, como

enfatiza Singer (1990). Na verdade, a urbanização tal como hoje a entendemos

se iniciou com a cidade industrial. Até o surgimento da indústria fabril e sua

concentração nas cidades e metrópoles europeias, o processo de urbanização

se restringia a algumas poucas cidades onde o poder e/ou o mercado se

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concentravam. Poucas eram as aglomerações humanas que hoje poderiam ser

chamadas de cidades no período que antecedeu à revolução industrial. A

população vivendo em cidades não ultrapassava 20% em quase todos os

países (DAVIS, 1970), e a cidade significou condição fundamental para o

desenvolvimento da indústria, concentrando a população consumidora, os

trabalhadores e as condições gerais de produção para instalação das

empresas fabris, presentes (ou criadas) apenas em algumas cidades, como até

recentemente no Brasil.

A cidade industrial foi assim marcada pela entrada da produção no seio

do espaço do poder, trazendo com ela a classe trabalhadora, o proletariado. A

cidade passou a não mais apenas controlar e comercializar a produção do

campo, mas também a transformá-la e a ela agregar valor em formas e

quantidades jamais vistas anteriormente. O campo, até então

predominantemente isolado e autossuficiente, passou a depender da cidade

para sua própria produção, das ferramentas e implementos aos bens de

consumo de vários tipos, chegando hoje a depender da produção urbano-

industrial até para alimentos e bens de consumo básico. Para Lefèbvre (2004),

essa inflexão significa a subordinação total do campo à cidade.

Mas considerando a discussão dos campesinos nas unidades de

conservação, não podemos deixar de falar sobre o conceito de

sustentabilidade, como citado no relatório Nosso Futuro Comum: “O

desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do

presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras

atenderem às suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p. 46).

Dessa maneira, a sustentabilidade propõe uma visão holística, dentro da

qual uma multiplicidade de estratégias, baseadas na diversidade temporal e

espacial dos sistemas produtivos, poderia originar uma relação harmônica

entre elementos sociais, econômicos, políticos e ambientais (STONE, 2003).

Na maioria das vezes, no entanto, a análise de sustentabilidade de um

sistema aborda apenas um desses elementos. A abrangência do termo

sustentabilidade e suas definições pouco claras tornam a aplicabilidade dessa

noção extremamente problemática. As generalizações na definição sobre

sustentabilidade contêm, sempre, limitações importantes, pois representam a

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simplificação da realidade. Essas limitações referem-se, inicialmente, às

dificuldades conceituais e metodológicas de caracterização das necessidades

das pessoas, já que existe extrema complexidade das organizações sociais

(ROBINSON, 2003; STONE, 2003). Sendo assim, a sustentabilidade é um

resultado de condições especiais que devem ser identificadas caso a caso

(ROBINSON, 1993; MCSWEENEY, 2005).

As ideias sobre esse tema são tão diversas quanto as pessoas que as

utilizam, dificultando a estruturação de modelos de avaliação da

sustentabilidade da agricultura, o que exigiria maior clareza conceitual. Por

outro lado, a ideia de desenvolvimento sustentável constitui ainda a ideia-força

fundamental para a generalização de sistemas agrícolas mais adequados e

estáveis ao redor do globo (AZEVEDO,1996).

Por outro lado, a série de transformações que o campesinato, de

maneira geral, vem passando, não atinge diretamente apenas as esferas

econômica, ambiental e social, mas também a esfera política. Isso evidencia

ainda mais a relevância dessas questões para a sociedade humana de maneira

geral (MARTINS, 2005). Porém, a agricultura camponesa não é estática nem

necessariamente um sistema estável. Os agricultores podem adaptar suas

estratégias de cultivo em função de mudanças lineares e cíclicas, de âmbito

social, econômico e natural. Podem ser mudanças, por exemplo, na

composição e demandas da unidade produtiva, nos tipos de vegetação

disponíveis e mudanças climáticas (PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Por isso, esse sistema agrícola pode variar conforme a localização

geográfica, características topográficas, contexto cultural, disponibilidade de

terra, trabalho, capital econômico, padrão de assentamento, grau de interação

política e social com outros segmentos da sociedade, tipos de cultivos

disponíveis, tipos de interação e sucessão entre as espécies cultivadas,

dispersão agrícola, uso específico de técnicas e ferramentas (PEDROSO-

JÚNIOR et al., 2008). Por sua flexibilidade ecológica e cultural, acredita-se que

as comunidades que praticam os sistemas agrícolas camponeses possuem

maior capacidade de se adaptar a mudanças e distúrbios, tanto naturais quanto

sociais, e esses são uns dos fatores por se manterem até a atualidade

(HAZANAKI, 2001; BARRERA-BASSOLS e TOLEDO, 2005).

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Os sistemas agrícolas camponeses têm como características centrais a

alta diversidade de espécies e variedades e a existência de subsistemas

agrícolas com funções distintas e interligadas dentro do todo (ALTIERI et al.,

1987; ALTIERI, 1989).

São formados por um mosaico heterogêneo, composto por áreas de

roça, áreas com cultivos de árvores e criação de animais, capoeiras, mata

virgem, jardins, quintais e terreiros. Cada mosaico representa um subsistema

do sistema inteiro, e cada um deles atende a inúmeras demandas da unidade

produtiva, como alimentos para os moradores e para as criações, material de

construção, lenha, uso medicinal e ornamental etc. A produção ocorre ao

longo de diversas estações do ano e minimiza o impacto ecológico por meio

desses subsistemas que formam micro-habitats (ALTIERI, 1989; CARDOSO et

al., 2001).

A alta diversidade desses sistemas agrícolas pode, também, ser

encarada como uma prevenção contra perdas totais de lavouras ou de

variedades, já que mantêm grande diversidade genética que permite a seleção

futura em resposta a mudanças ambientais potenciais, e isso diminui a

instabilidade do sistema agrícola e atribui uma alta resiliência das populações

humanas que praticam esse tipo de agricultura (PERONI e HANAZAKI, 2002;

PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008). Diante de todas as qualidades anteriormente

citadas, a agricultura camponesa, tomando como base as técnicas de corte e

queima e sistema de pousio, é vista como uma alternativa para a demanda

sempre crescente por comida e uma solução pragmática que associa

conhecimento científico e técnicas tradicionais para diversificar a produção

(ALBUQUERQUE et al., 2005).

2.1.1 Os sistemas agrícolas tropicais baseados na agricultura de corte e

queima

O sistema produtivo camponês é importante não apenas para o

entendimento da dinâmica ecológica em muitos remanescentes de floresta

tropical. As práticas, técnicas e conhecimentos associados a esse sistema vão

além da esfera econômica das comunidades locais, atingindo as esferas

sociais, culturais e de identidade das mesmas.

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Os campesinos e indígenas que habitam ambientes tropicais encontram

algumas limitações biofísicas cruciais a serem sanadas para implantação de

um sistema produtivo bem sucedido, no sentido de proporcionar a subsistência

e manutenção dessas populações ao longo dos anos. Dentre eles estão: a

baixa fertilidade do solo, a ameaça de invasão do solo por ervas daninhas, os

danos causados nas lavouras por pragas e doenças, e animais vertebrados

que buscam alimentos nas roças, como veados, catetos, roedores e pássaros

em geral (CONKLIN, 1961; BOSERUP, 1987;. PEDROSO-JÚNIOR et al.,

2008).

Através de uma relação milenar e co-evolutiva, as sociedades humanas

que habitam os trópicos úmidos desenvolveram estratégias de uso e manejo do

solo que superaram satisfatoriamente essas limitações. O plantio extensivo

rotativo e a utilização da biomassa vegetal local como fonte energética,

diminuindo, dessa forma, a entrada externa de energia e nutrientes por unidade

de área, são duas das principais técnicas que permitiram a sobrevivência

dessas sociedades nesses ambientes florestados desde a pré-civilização até

os dias de hoje. Além das limitações ambientais, as famílias campesinas e

indígenas lidam ainda com restrições na disponibilidade de mão de obra

disponível para produção agrícola (CONKLIN, 1961; BOSERUP, 1987; DEAN,

1996; ADAMS, 2000; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

O sistema agrícola conhecido por agricultura de corte e queima ou

coivara reúne, tradicionalmente, esses elementos principais, sendo, portanto, a

base da subsistência de diversas populações pobres rurais em todo o mundo

(ALTIERI et al., 1987; BOSERUP, 1987; ADAMS, 2000; PEDROSO-JÚNIOR et

al., 2008).

Existem várias definições e denominações para esse tipo de agricultura.

Alguns autores a definem como um sistema agrícola contínuo que consiste em

aberturas de clareiras com corte da vegetação, a queima da vegetação, com a

intenção de limpar a área e aumentar a fertilidade do solo e, em seguida, é

implantado o ciclo de cultivo agrícola, que ocorre em poucos anos de uso da

área. A finalização ocorre pelo abandono da área, período de pousio para

descanso da terra, e então ocorre a migração para outra faixa de floresta.

Dessa forma, baseia-se no cultivo de terra em determinados ambientes por

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períodos mais curtos de tempo do que o período em que será deixada em

pousio (CONKLIN, 1961; POSEY; 1984; KLEINMAN et al.; 1995; DEAN, 1996;

METZGER, 2003; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

McGrath (1987) definiu o sistema de cultivo de corte e queima como

uma estratégia de manejo de recursos em que os campos são rotados de

forma a explorar o capital energético e nutritivo do complexo natural solo-

vegetação da floresta, muitas vezes constituindo a única fonte de nutrientes

para as roças.

Para Fox (2000), a agricultura de corte e queima tem sido descrita como

floresta natural transformada em floresta de plantas colhíveis. Esse autor

sugeriu que vastas áreas consideradas florestas primárias ou virgens são

realmente florestas secundárias em terras anteriormente limpas para esse

sistema. Assim, pode-se dizer que agricultura de corte e queima é uma

adaptação altamente eficiente das condições em que o trabalho, e não a terra,

é o fator limitante mais significativo na produção agrícola. Este sistema

apresenta uma baixa produtividade em termos de investimentos externos por

hectare do total do espaço cultivado, incluindo as áreas em regeneração,

comparado com outros sistemas agrícolas (mercantilistas), mas possui alto

retorno em termos de trabalho (METZGER, 2003).

A eficiência desse tipo de agricultura está ligada a fatores como a

disponibilidade de terra para o pousio, o conhecimento do histórico do uso da

terra, suas condições físicas e as espécies indicadoras associadas aos

estágios de sucessão florestal, bem como o respeito ao calendário agrícola

(PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Tomando as diversas definições sobre a agricultura de corte e queima,

pode-se observar que elas priorizam algumas características distintas dessa

prática, como a periódica troca de área de cultivo (itinerância), a queima e o

pousio (MACGRATH, 1987; PEDROSO-JÚNIOR et al., 2008).

Porém, o que realmente importa são os questionamentos como a ciência

ocidental trata a formação das florestas tropicais, já que na verdade elas são,

ou podem ter sido, altamente manejadas pelo homem (BALÉE e CAMPBELL,

1990; ADAMS, 1994; LINDBLADH e BRADSHAW, 1998; WILLIS et al., 2004;

PEDROSO- JÚNIOR et al, 2008). Assim, novos conceitos foram desenvolvidos,

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como os de florestas culturais (BALÉE, 1994), florestas secundárias (BROWN

e LUGO, 1990) e florestas antropogênicas (PELUSO, 1996). Gómez-Pompa et

al. (1987) no México e Heckenberger et al. (2003) no Brasil argumentaram que

grandes áreas florestais, até então interpretadas como primárias, são, de fato,

florestas secundárias manejadas no passado por povos indígenas.

Grande parte dos solos de regiões tropicais geralmente não são muito

férteis ou possuem deficiências de determinados nutrientes, assim, agricultores

camponeses que vivem nessa região dependem da queima da biomassa

vegetal acumulada durante a regeneração florestal para aumentar a fertilidade

do solo e preparar a área para o cultivo mediante a incorporação de nutrientes

presentes nas cinzas. Esse processo pode, por exemplo, aumentar

enormemente a quantidade de potássio, cálcio e magnésio disponíveis nos

solos. Sendo assim, os agricultores que praticam esse tipo de agricultura

manejam a fertilidade do solo (REIJNTJES et al., 1992; ADAMS, 1994;

OLIVEIRA, 2008).

O restabelecimento das condições ideais do solo está ligado às entradas

de nutrientes e à ausência de graves processos de erosão e é influenciado pela

proximidade da origem das espécies nativas e banco de sementes presente

nos solos (OLIVEIRA, 2008). Além disso, a queima da biomassa é considerada

uma prática barata e fácil, com a vantagem de as cinzas reduzirem a acidez da

terra e fornecerem nutrientes para os plantios agrícolas (VARMA, 2003).

Outro fator importante é que a rotação de solos, ao invés das culturas,

impede a propagação de pragas, doenças e plantas invasoras, devido ao calor

do fogo (ADAMS, 2000). Como exemplo, os índios Kayapó estabeleceram, há

muitas gerações, estratégias de manejo que ajudam a controlar pragas, a

aumentar a diversidade de espécies úteis, aumentar a fertilidade do solo de

porções consideráveis de área territorial e manter o equilíbrio ambiental e da

agricultura, ao longo de anos de exploração (POSEY, 1984).

Existem variações no cultivo das espécies vegetais de acordo com o

local. Essas espécies são cultivadas diretamente sobre o solo coberto de

cinzas que, além de acarretar a riqueza de nutrientes no solo, também

contribuem na eliminação temporária da maioria das plantas invasoras e

pragas presentes no local. Em alguns lugares, os agricultores ainda aproveitam

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os resíduos vegetais secos no solo, que acabam sendo utilizados como adubo,

com intuito de melhorar a fertilidade do solo e protegê-lo da erosão. Esses

agricultores ainda lançam mão de controles alternativos de pragas e plantas

invasoras, conduzidos de acordo com o conhecimento e a realidade de cada

região (FOX, 2000; CORNELL, 2007).

A velocidade de regeneração da Floresta Tropical da Mata Atlântica

também deve ser considerada porque depende de questões específicas que

variam de acordo com o contexto local. Os principais elementos de variação na

velocidade de regeneração são a intensidade da perturbação e alguns fatores

ambientais, como as condições edáficas, topográficas, levando-se em conta

principalmente a diferença entre terras baixas e altas nas florestas tropicais

úmidas e diferenças climáticas. Por haver essa diferença, torna-se difícil

mensurar o período exato em anos para que a floresta tropical de terra firme,

estabelecida em áreas de cultivo “abandonadas”, passe a apresentar valores

de biomassa semelhantes aos da floresta madura (BROWN e LUGO, 1990).

Segundo Saldarriaga e Uhl (1991), esse período varia entre 140 e 200

anos. Já para Brown e Lugo (1990), essa faixa estaria entre 60 e 80 anos. O

tempo de descanso (repouso ou pousio), por sua vez, não costuma ser

superior a 30 anos, podendo ser interrompido até passados apenas cinco anos

do abandono (BOSERUP, 1987; DEAN, 1996; PEDROSO-JÚNIOR et al.,

2008).

Dessa maneira, é comum que algumas variedades cultivadas

permaneçam na capoeira até o momento em que ela é novamente derrubada e

utilizada. Variedades agrícolas que permanecem na capoeira em regeneração

passam a compor sua diversidade vegetal, de maneira que capoeiras de

mesma idade provenientes de diferentes tipos de uso de solo, por exemplo

agricultura mecanizada com cultivares perenes, pastagem e agricultura de

coivara, possuem variados índices de diversidade em sua composição vegetal

(BROWN e LUGO, 1990; PEREIRA e VIEIRA, 1991; BEGOSSI et al., 2000;

HANAZAKI, 2001).

O período de pousio pode, ainda, ser um elemento central para

classificação dos sistemas de uso do solo nos trópicos. Boserup (1987), por

exemplo, classificou os sistemas de uso da terra pelas populações pobres

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rurais que habitavam regiões de florestas na década de 60. Ele adotou o tempo

de pousio como principal fator na definição da classificação, em que o cultivo

de pousio longo ou florestal é aquele em que a plantação é cultivada por um

ano ou dois e é depois abandonada por um período longo suficiente para que

haja regeneração florestal, de 20 a 30 anos pelo menos.

O cultivo com pousio médio é aquele que alterna períodos de cultivo

variando de um a oito anos, e de pousio variando entre seis e dez anos. No

cultivo com pousio curto, o tempo de descanso da área cultivada é de um ou

dois anos apenas. No cultivo anual, o repouso duraria apenas alguns meses.

Por fim, os cultivos múltiplos são sistemas em que uma mesma área suportaria

duas ou mais lavouras ano após ano. A mata virgem é aquela que jamais foi

cultivada ou que está sem cultivo há um século ou mais (BOSERUP, 1987).

A tomada de decisão em relação ao tempo de pousio ocorre em

detrimento a diversos fatores como a disponibilidade de terra, pressão

demográfica (demanda pela produção agrícola) e a estrutura do mercado

(SALDARRIAGA e UHL, 1991).

Dessa maneira, o pousio é particularmente relevante nas regiões

tropicais úmidas, o que produz mudanças repentinas na utilização do solo,

como a melhoria da sua qualidade, controle de pragas e doenças, além de

influenciar diretamente nas condições sociais e econômicas dos agricultores

(FERGUSON et al., 2003).

Nos primeiros anos, o rendimento de produtos colhidos é normalmente

elevado, mas com o passar dos anos, utilizando a mesma área para o plantio,

a tendência é que esse rendimento caia em função do declínio da fertilidade do

solo (GLIESSMAN et. al. 1981; REIJNTJES et. al., 1992; RODER, 2001).

O balanço energético desse sistema é largamente favorável quando

comparado às técnicas que dependem dos produtos agrícolas industrializados

(ALTIERI et al., 1987; ADAMS, 2000), que normalmente são indisponíveis para

populações que praticam agricultura de corte e queima. Por isso, pode-se dizer

que esse sistema é totalmente dependente da manutenção da fertilidade dos

solos, daí a necessidade de alternar o período de cultivo com o período de

pousio (OLIVEIRA, 2008).

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Considerando esses aspectos, Oliveira et al. (1995) explicaram que o

período de pousio não é um abandono das terras, e sim uma etapa adicional

que os agricultores desenvolviam para manejar a área e garantir a recuperação

de solos. A recuperação dos sistemas de reciclagem de nutrientes e da

vegetação são, portanto, parte integrante desse sistema agrícola (REIJNTJES

et al., 1992), muitas vezes caracterizado por uma progressão de época para

época, de plantios diferentes e que se distinguem em requisitos de nutrientes

do solo e susceptibilidade a ervas daninhas e pragas. Por exemplo, os

Hanunoos nas Filipinas plantam arroz e milho no primeiro ano e, após a

compensação, plantam raízes e tubérculos como batatas-doces, inhames e

mandioca e frutíferas (REIJNTJES et al., 1992).

O papel da matéria orgânica e da dinâmica de nutrientes na agricultura

de corte e queima tem sido estudado em regiões tropicais da África, América

do Sul e Ásia. Esses estudos focam as mudanças do status nutricional do solo

após o corte e a queima, porém, poucos relacionaram as dinâmicas do estoque

total de nutrientes na floresta primária com o de áreas de cultivo e estágios

sucessionais da capoeira subsequente (VAN REULER e JANSSEN, 1993;

FRIZANO et al., 2003; ZARIN et al., 2005; OLIVEIRA, 2008).

Frizano et al. (2003) e Johnson et al. (2001) concluíram que, na

Amazônia, os efeitos desse tipo de agricultura sobre os estoques de carbono,

nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio não foram suficientes para

comprometer o crescimento da floresta secundária, apesar de a área estudada

ter sofrido vários ciclos de corte e queima com fins agrícolas.

Na Mata Atlântica, Oliveira (2008) verificou que os mecanismos de

captura de nutrientes são reconstituídos em um período relativamente rápido

(cinco anos) após o abandono das roças. Por outro lado, Zarin et al. (2005)

mostraram que queimadas sucessivas reduzem a taxa de crescimento da

floresta secundária na bacia amazônica, principalmente pela redução dos

estoques de nutrientes em ciclagem.

Alguns estudos mais detalhados ainda tentaram estimar o período de

tempo aproximado para a recuperação do solo depois de cultivado. Brown e

Lugo (1990) apontaram uma média de 40 a 50 anos para que o pool de matéria

orgânica do solo se recupere e se assemelhe ao encontrado em florestas

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maduras adjacentes. Esse período relativamente longo de recuperação ocorre

por causa da alta produtividade da floresta em crescimento nos primeiros 20

anos após o pousio. Nesse período, a ciclagem dos nutrientes restringe-se à

biomassa viva, não alcançando efetivamente o solo. Dessa forma, esse só irá

se recuperar e acumular matéria orgânica após os 20 primeiros anos de

sucessão, quando a taxa de crescimento da capoeira diminui e os estoques de

nutrientes no solo são repostos com maior eficiência (JUO e MANU, 1996).

No entanto, o frágil equilíbrio da ciclagem de nutrientes do sistema

biomassa acima do solo fica comprometido após a queima precoce da

vegetação derrubada, pois os nutrientes que não forem absorvidos

rapidamente pela nova vegetação, serão lixiviados e irreversivelmente perdidos

(SÁNCHEZ et al., 2007).

Assim como no aspecto nutricional do solo, também foram realizadas

pesquisas quanto à dinâmica de florestas secundárias em relação à riqueza e à

similaridade de espécies nas florestas primárias (GUARIGUATA e OSTERTAG,

2001). Brearley et al. (2004) concluíram que 55 anos após o abandono de uma

roça foram suficientes para a recuperação da estrutura florestal original, mas

insuficiente para o retorno da maioria das espécies encontradas em florestas

primárias.

Diversos pesquisadores estudaram esse assunto, mas, devido às

diferenças ambientais, de intensidade e escala de cultivo, o período de

recuperação foi variável, mas apontaram que a sucessão vegetal ocorre nos

primeiros estágios e outros em estágios mais desenvolvidos (PEDROSO-

JUNIOR et al., 2008).

A forma de uso do solo influencia diretamente a composição de espécies

de florestas secundárias tropicais por muitas décadas, o que torna as previsões

sobre o processo de regeneração difícil (GUARIGUATA e OSTERTAG, 2001;

PEREIRA e VIEIRA, 2001). Em uma capoeira de 30 anos, a diversidade é

maior que na capoeira onde havia um cafezal, pois as poucas espécies que

foram usadas no cafezal para fornecer sombra acabam predominando

(PEDROSO-JUNIOR et al., 2008). Na Amazônia, as capoeiras em antigas

áreas de pasto são mais ricas que as encontradas em áreas que tiveram

agricultura mecanizada (PEREIRA e VIERA, 2001). Em relação à regeneração

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florestal, o processo é mais rápido em áreas em pousio após o uso da

agricultura de corte e queima (FERGUSON et al., 2003).

Trabalhos sobre o papel funcional desse sistema agrícola demonstraram

que a interferência humana através das atividades agrícolas no processo de

regeneração da floresta acabou atuando como fonte de variabilidade,

mantendo, ou mesmo, promovendo a biodiversidade regional (ALTIERI, 1999;

GUPTA et. al., 2001). Tendo em vista essa biodiversidade, as áreas de

agricultura de corte e queima são importantes depositárias de espécies úteis e

servem de laboratório para estudar os processos de domesticação, dinâmica

evolutiva e sua relação com as características de manejo agrícola e formação

de variabilidade intraespecífica das espécies envolvidas (PERONI, 2004).

A diversidade de espécies e variedades de cultivares existentes nesse

sistema ocorre pela manutenção de processos evolutivos, incluindo interações

passadas e atuais entre agricultores e espécies cultivadas, conservação de

germoplasma e ambiental (BRUSH, 1995; ALTIERI, 1999; PERONI e

MARTINS, 2001; MARTINS, 2005). Variedades locais são usadas pelos

agricultores como um componente chave dos seus sistemas agrícolas,

funcionando como matéria-prima para o desenvolvimento das variedades

modernas, e, por isso, de grande importância para aqueles que as mantêm

(MARTINS, 2001).

Grande parte das variedades cultivadas, antigas ou tradicionais, está

relacionada a agricultores camponeses que plantam em ambientes com

características ambientais peculiares, como alta declividade, deficiência de

nutrientes no solo, alta ou baixa umidade etc. bem como limitado acesso a

variedades melhoradas por agentes externos à comunidade. Por isso, esses

agricultores são importantes agentes de criação e manutenção de variedades

de plantas cultivadas adaptadas a determinadas condições climáticas e

ambientais (CLEVELAND et al., 2000).

A diversidade existente em regiões onde existe a prática da agricultura

de corte e queima permite uma dieta mais diversificada às populações a ela

ligadas, além da estabilidade da produção, minimização de riscos, redução da

incidência de insetos e doenças, melhor uso da mão de obra familiar e melhoria

na produção e produtividade (ALTIERI, 1999).

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2.1.2 Abrangência da agricultura de corte e queima

Agricultura de corte e queima é considerada um dos sistemas mais

antigos de uso do solo. Embora essa prática tenha desaparecido há muito

tempo em regiões temperadas, ainda é realizada por toda a região tropical do

planeta, estendendo-se até as florestas subtropicais (WARNER 1991;

CORNELL, 2007).

Em um estudo publicado por Lanly (1982), a agricultura de corte e

queima era responsável pela formação de cerca de dois terços do total de

florestas secundárias do mundo. Do total da área ocupada por florestas

secundárias originadas por abandono de cultivo, 47% estariam na América

Latina e o restante dividido entre África e Ásia.

Esse tipo de agricultura é considerada a principal responsável pela

subsistência de cerca de 250 a 500 milhões de pessoas no mundo, a maior

parte delas nos trópicos, que usam 240 milhões de hectares de florestas

densas e 170 milhões de hectares de florestas abertas, aproximadamente 21%

da área total coberta por floresta tropical no mundo (LANLY, 1982; ATTIWILL,

1994; BRADY, 1996; CORNELL, 2007). É praticada em grande parte na região

tropical úmida da Ásia, África e América do Sul (RAMAKRISHNAN, 2005) e

amplamente praticada por tribos na região mais alta no Norte Oriental da Índia

(RAMAKRISHNAN, 2005; KESAVAN e SWAMINATHON, 2006).

Na maioria dos países, a agricultura de corte e queima tem importância

apenas regional, mas para a República Democrática do Laos, localizada no

sudeste asiático, é de grande importância pois a utilização dessa prática

envolve mais de 150 mil famílias, ou seja, 25% da população rural, com isso,

essa prática ocupa até 80% dos solos utilizados para a agricultura. Esse fato

ocorreu devido à baixa densidade populacional, baixo rendimento e difícil

acesso às estradas no passado que fizeram da agricultura de corte e queima a

melhor opção de uso do solo para a população rural nas regiões montanhosas

desse país (RODER, 2001).

Esse sistema tradicional de cultivo da terra é amplamente utilizado por

diversas comunidades tradicionais no Brasil, como, por exemplo, caboclas,

camponeses, caiçaras e caipiras do sudeste do país que habitam

remanescentes da Mata Atlântica (ADAMS, 2000). Alguns autores estimaram

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que na região amazônica, dependendo das atividades produtivas estabelecidas

nas áreas desmatadas, as florestas secundárias podem vir a se tornar o

ecossistema predominante. Só nessa região, o sistema tradicional de corte e

queima é responsável pela alimentação de cerca de 600 mil famílias de

pequenos produtores (HOMMA et al., 1998; PEREIRA e VIEIRA, 2001;

PEDROSO-JUNIOR et al., 2008).

2.1.3 Histórico sobre agricultura de corte e queima

Esse sistema de cultivo é essencialmente organizado tanto no espaço

quanto no tempo e vem sendo praticado há séculos, sendo, provavelmente, o

sistema de cultivo mais antigo do mundo (RAMAKRISHNAN, 2005).

Está intimamente ligada ao histórico de uso de florestas neotropicais e

tropicais, praticada desde o período Neolítico, quando as populações humanas

foram substituindo pouco a pouco os hábitos de caçadores-coletores por

atividades agropastoris (DEAN, 1996).

Antes do advento da agricultura, porém, o fogo de origem antropogênica

pode ter contribuído indiretamente para mudanças nos ecossistemas florestais

e no clima (SCHULE, 1992). Nas regiões temperadas, esse sistema de cultivo

era bastante difundido na antiguidade, mas o aumento populacional na Europa

e Ásia, principalmente a partir do século XVIII, conduziu à intensificação das

práticas agrícolas e ao abandono da prática de agricultura de corte e queima

(WORSTER, 2003; PEDROSO-JUNIOR et al., 2008).

Segundo Boserup (1987), em 1800, a área de abrangência com

agricultura de corte e queima estava restrita à Eurásia temperada e a

montanhas do Japão e da Coréia que continham espalhados remanescentes

florestais povoados. Na Suécia, entre os séculos IX e XVI, a prática desse

sistema foi incentivada pelo governo como forma de garantir a subsistência da

população mais pobre e servir como um meio econômico para converter áreas

florestadas em áreas habitáveis, que retornariam em forma de impostos para o

reino (HAMILTON, 1997; PEDROSO-JUNIOR et al., 2008).

Em relação às florestas tropicais, como as da Amazônia, por exemplo,

grande parte das espécies vegetais silvestres não é comestível ou possuem

difícil acesso para coleta, assim, a agricultura tradicional de corte e queima foi

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uma estratégia adaptativa importante para a economia de subsistência ali

praticada (SPONSEL, 1986). Na Mata Atlântica, o manejo humano por

populações pré-colombianas também pode ser identificado por evidências de

atividades de povos caçadores-coletores na região, que datam de 11 mil anos.

Esses vestígios evidenciaram, inclusive, uma gradual passagem da coleta de

produtos vegetais para o seu plantio e cultivo por meio do desenvolvimento da

técnica de corte e queima da floresta (DEAN, 1996).

Quando se fala na agricultura de corte e queima na região amazônica,

alguns autores contestam a antiguidade desse sistema. Denevan (1991)

sugeriu que esse tipo de agricultura com longos períodos de pousio na

Amazônia foi uma prática introduzida após a chegada dos espanhóis, adotada

somente quando ferramentas de metal se tornaram disponíveis. Ele

argumentou que apenas com ferramentas de pedra seria difícil abrir clareiras

nas densas florestas amazônicas. Por isso, as roças seriam mais perenes e

teriam sofrido um processo de desintensificação, conforme se expandiam após

a colonização.

O mesmo parece ser verdade na América do Norte. A importância da

agricultura de corte e queima para a subsistência das populações pré-

cabralinas na Amazônia também vem sendo discutida sob a perspectiva dos

processos de formação da terra preta de índio (LIMA et al., 2002; GERMAN,

2003).

2.1.4 Sistema de conhecimento de agricultores

Os agricultores camponeses não estão inseridos aos moldes da

agricultura mercantilista, ou seja, agricultura baseada no uso intensivo de

recursos naturais e introdução de insumos externos aos sistemas de produção

(AZEVEDO, 2001).

Essa questão leva à necessidade de compreender a relação dos

agricultores com o ambiente, o que permite conhecer os recursos que os

agricultores utilizam. Com isso define-se sistema de conhecimento como um

corpo que evolui dinamicamente, renovando e aprimorando constantemente o

saber de determinados grupos sociais, que vivem em ambiente compartilhado,

para adaptação a condições de mudanças (TOLEDO, 1990; AZEVEDO, 2001).

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Dessa forma, o conhecimento tradicional em relação à agricultura pode

ser definido como o conhecimento acumulado pelos agricultores, derivado da

interação das habilidades e tecnologias com o ambiente por estes agricultores,

aliado ao arsenal de culturas tradicionais, ou seja, padrões comportamentais

que auxiliam na percepção e interpretação dos modos de produção (DIEGUES,

1983; ALTIERI, 1991).

O sistema de conhecimento desses agricultores não tem embasamento

na ciência convencional, pois é adquirido durante sua experiência de vida, o

que permite conhecer bem a região de sua unidade produtiva, atendendo as

especificidades locais. Baseia-se em características que envolvem o grupo

social da região, e esse conhecimento é transmitido entre as gerações. Não é

estático, vai acumulando experiências ao longo dos anos, e pode, em certos

momentos, retomar técnicas desenvolvidas no passado, e ao mesmo tempo

introduzir inovações tecnológicas. A transmissão desses conhecimentos ocorre

de acordo com o tipo de controle que dispõe sobre os recursos, através do

próprio trabalho, pois é um saber-fazer, e envolve a transmissão de técnicas e

valores, assim vão sendo acumulados e transmitidos historicamente (TOLEDO,

1992; ROLLING e JIGGINS, 1993; RIVERA, 1995; WOORTMANN e

WOORTMANN, 1997; DIEGUES e ARRUDA, 2001).

Esse conhecimento é manifestado por meio de impressões, taxonomias

e normas práticas, que se relacionam com a ideologia agrícola de

representação da percepção de cada indivíduo que pode perceber as

diferenças existentes dentro da comunidade. Dessa maneira, a ideologia

agrícola está voltada para compreensão de como a agricultura é operada,

sendo possível definir as diferenças entre o conhecimento dos agricultores, que

é baseado apenas na experiência do grupo social, e o conhecimento

agronômico, que é produzido pela pesquisa científica com estudos dos

processos naturais que rodeiam os agricultores (TOLEDO, 1990; AZEVEDO,

1999).

O conhecimento agronômico restringe-se aos processos da natureza e

exige pesquisas para adquirir o saber, através de investigações sobre assuntos

específicos e experimentos sistemáticos e não acompanha as necessidades

dos agricultores tradicionais, por não tratar das questões sociais, limitando-se

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às técnicas da agricultura, mantendo distância do empirismo dos agricultores

(AZEVEDO, 2001).

Geralmente, as pesquisas, sob o enfoque de sistemas de produção,

têm sido conduzidas sem perceber o ambiente sociológico, ou seja, a

comunidade, a unidade de produção familiar, as organizações sociais, as

quais, junto com o agricultor e sua família, devem ser as maiores

beneficiários das tecnologias resultantes dessas pesquisas (TOURINHO,

1994).

Por isso, a importância de compreender as relações entre os aspectos

naturais e sociais, pois o conjunto de atividades conduzidas pelo agricultor

estão inteiramente ligadas com os sistemas de produção, englobando

componentes biofísicos e socioeconômicos distribuídos no ambiente em que

vivem (REIJNTJES et al., 1994).

Para que a agronomia passe a compreender essa categoria de

agricultores, torna-se necessária a construção de um novo senso comum

entre técnicos e agricultores. Porém, é indispensável que a ciência

compreenda as lógicas de concepção e operacionalização dos sistemas

agrícolas desses agricultores. Uma das maneiras privilegiadas de se

aproximar dessa compreensão é o entendimento das lógicas classificatórias

(BERLIN, 1992).

Para entender as classificações feitas pelos agricultores, é importante

entender suas teorias sobre o mundo e as consequentes classificações das

coisas do mundo, o que nos remete aos conceitos de kosmos, corpus e

praxis de Toledo (1995, 2000) e os de ideologia agrícola (agricultural

ideology) e roteiro tecnológico (tchnological script) de Alcorn (ALCORN,

1989). As normas práticas adotadas pelos agricultores podem ser o ponto de

partida para a compreensão das classificações, já que o procedimento da

classificação vem sendo considerado essencial para explicar a lógica dos

sistemas de “manejo”, pela ordenação de objetos, fatos e ambientes

(AZEVEDO, 2001).

Dessa forma, o grau de importância que se deve atribuir ao

conhecimento do agricultor sobre o ambiente em que vive é bastante alto, pois

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seu poder de observação é parte fundamental do processo de produção

(BORGES, 2000).

Segundo Torchelli (1983), o contato diário do agricultor com o meio

torna-o capaz de entender a complexidade existente no ambiente para

produzir. Montecinos e Altieri (1992) ressaltaram que esses agricultores são

capazes de manejar, no seu ambiente de trabalho, refúgios de diversidade

genética com variadas espécies vegetais.

Para que isso ocorra, o agricultor realiza observações, desenvolve

técnicas de produção que se adaptem às condições do local e assimila seus

conhecimentos à realidade que encontra, passando pelas práxis, esse

conhecimento é transmitido de geração a geração. Assim, pode-se afirmar que

o agricultor é o ator principal do sistema agrícola, acumulando conhecimentos e

informações. Sua percepção, em relação ao meio ambiente, está ligada a

processos de aprendizado empírico, nos quais seu entendimento e possíveis

ações podem mudar com o passar do tempo (TORCHELLI, 1983;

MONTECINOS e ALTIERI, 1992).

Dessa forma, a capacidade dos agricultores em assimilar modelos

implantados está relacionada com processos e observações de suas práticas

cotidianas e nas possibilidades financeiras de que dispõem para redirecionar

ações pré-estabelecidas (CARDOSO e RESENDE, 1996).

Pesquisas científicas realizadas em conjunto com o agricultor se

enriquecem com profundidade, pois por mais análises que sejam feitas no

campo, o pesquisador não convive cotidianamente com a natureza, e encontra

maiores dificuldades para compreendê-la. Portanto, a pesquisa científica que

considera essas questões deve refletir o grau de compatibilidade entre os

valores e cognições dos agricultores, estudando os verdadeiros vínculos

existentes com o ambiente (BORGES, 2000).

Dessa forma, é importante ressaltar a relevância do conhecimento

ecológico que os agricultores camponeses possuem no entendimento, manejo

e interação com a diversidade de recursos naturais e itens cultivados, bem

como das práticas agrícolas desenvolvidas e formas de organização do

trabalho familiar (BARBOSA, 2007), principalmente porque as técnicas

adotadas na agricultura camponesa, em sua complexidade, refletem a

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dimensão do conhecimento necessário para realizar os manejos, bem como as

relações sociais estabelecidas. Além da grande riqueza de espécies cultivadas

em consórcio, a maioria das espécies possui alta diversidade intraespecífica,

diferentes períodos para o plantio e usos diversos para cada variedade

(MARTINS, 2005).

Os conhecimentos que agricultores tradicionais possuem acerca das

propriedades e qualidades do solo que manejam, possuem similaridades e

superposições com o conhecimento científico (WINKLERPRINS, 1999;

BARRERA-BASSOLS e ZINCK, 2003). De acordo com Neves (1995), os

conhecimentos dos agricultores camponeses são a chave para entender,

utilizar e proteger a diversidade das plantas.

A documentação do saber tradicional sobre a utilização dos recursos

naturais é promissora para que a humanidade possa ampliar a gama de

possibilidades de exploração, e por isso, pode-se dizer que a diversidade

cultural altera e produz a diversidade biológica. Os métodos tradicionais de

manejo dos recursos naturais e o conhecimento tradicional são referências

fundamentais para as novas investigações que visem a formular modelos de

manejo sustentável adaptados a ecossistemas tropicais e para programas de

desenvolvimento social e ambiental das regiões onde existe agricultura

camponesa (BARBOSA, 2007).

2.1.5 Populações humanas e áreas naturais protegidas

A necessidade das sociedades modernas de preservar espaços naturais

lúdicos, aprazíveis, está ligada às crenças do homem como destruidor, que,

devido à forma de vida provinda do capitalismo, foi impiedosamente

degradando o meio natural (NUNES, 2003).

O surgimento do Capitalismo, da Revolução Industrial e, portanto, da

necessidade cada vez maior de matérias-primas para alimentar as indústrias

que proliferavam em rápida velocidade reafirmou não só a separação entre o

homem e a natureza, mas também a posição dominadora do homem diante

dos recursos naturais. Em função da acelerada expansão humana e da

progressão da degradação de recursos nos EUA, nascem no final do século

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XIX as primeiras propostas de áreas naturais protegidas, que, segundo

Diegues e Arruda, persistiram ao longo do tempo porque:

“O modelo de área natural desabitada interessa aos governos por duas razões: constituem reservas naturais de grande beleza cênica, de destino turístico, e do chamado ecoturismo, e por que é mais fácil negociar contratos de uso da biodiversidade num espaço controlado pelo governo que num espaço ocupado por comunidades tradicionais, pois, pelo art. 8º j da CDB, essas precisariam ser ressarcidas no momento em que seu conhecimento tradicional sobre espécies da flora fosse usado para obtenção de medicamentos e outros produtos.” (DIEGUES e ARRUDA, 2001, p. 17).

Pode-se verificar que a criação dos primeiros parques se dá na Europa,

em países como a Inglaterra, e nos Estados Unidos. O mesmo homem que

destruiu e dominou a natureza confina porções dela para protegê-la de seus

próprios atos. A consciência ecológica vai surgir no rastro de desastres

ecológicos e do histórico de devastação (ARRUDA, 1997). Nos Estados

Unidos, a criação do primeiro Parque Nacional (Yellowstone, 1872) objetivava

oferecer atrativos para uso público, principalmente de caráter recreativo e

turístico com exaltação da beleza cênica, mas vetava a presença fixa do

homem. Ratificam-se então os propósitos da corrente preservacionista para a

qual a natureza é concebida longe da presença humana, ou seja, a natureza

intocada (wilderness - áreas selvagens não habitadas permanentemente)

(ARRUDA, 2000; LITTLE, 2002).

Yellowstone teve também sua história de conflito e derramamento de

sangue. O parque foi criado na área dos índios shoshones e a proteção tanto

da natureza quanto dos índios constava do plano original de criação do parque.

No entanto, quando de sua efetiva criação, os nativos eram vistos como

“demônios vermelhos rastejantes”. Muitos foram expulsos de forma velada e

centenas de outros foram mortos em conflitos com as autoridades locais. Anos

depois, a administração do parque foi transferida para o exército americano

(DIEGUES, 2004).

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis), restam aproximadamente apenas 7,3% do que foram

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originalmente as florestas atlânticas do Brasil. Essa é realmente uma

porcentagem alarmante e não há dúvida quanto à importância de conservar os

remanescentes florestais da Mata Atlântica (IBAMA, 2010)

A estratégia utilizada no Brasil para a proteção dos remanescentes

desse domínio, bem como dos demais ambientes naturais do país, foi a mesma

adotada pela maioria dos países de terceiro mundo. Ou seja, a criação de

áreas protegidas de uso indireto, como parques, reservas biológicas etc.,

inspiradas no modelo norte-americano, em que o homem deve figurar apenas

como visitante. Arruda citou a respeito desse modelo de proteção da natureza:

“Essas áreas são sujeitas a um regime de proteção externo, com território definido pelo Estado, cujas autoridades decidem as áreas a serem colocadas sob proteção e sob que modalidade e, independentemente, formulam e executam os respectivos planos de manejo. As pessoas que vivem no interior ou no entorno das áreas não participam em nada destas decisões.” (ARRUDA, 2000, p. 279).

Assim, no Brasil, uma parte considerável de Unidades de Conservação

de proteção integral, como Parques, Estações Ecológicas e Reservas

Biológicas, foram criadas sem que se resolvesse a situação de populações que

historicamente vivem no interior ou no entorno destas áreas. Estas populações

não só não participaram do processo de criação e implantação destas áreas,

como sequer foram informadas adequadamente de sua criação. Dentre estas

populações locais, existem diversos tipos de moradores, diferenciados segundo

sua forma de ocupação: populações tradicionais, como pescadores artesanais,

camponeses, extrativistas, e não tradicionais, como comerciantes, madeireiros,

palmiteiros, veranistas etc. (VIANNA, 1995).

Dessa forma, a proteção da natureza, idealizada como selvagem e

desabitada, assentou-se, portanto, sobre o princípio da dicotomia homem e

natureza. Entretanto, em um país cujas características ambientais e socio-

culturais são tão diversificadas e, principalmente, cuja história de distribuição

de terras se deu privilegiando a grande propriedade monocultora, deixando à

margem a maior parte da população, esse modelo tem inadequações, pois os

cenários julgados de natureza intocada são ou eram habitados por diversas

populações rurais (SILVA et al., 2008).

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Quando uma área protegida é criada quase nunca há questionamento

sobre a razão de tal trecho da natureza ter sido preservado. Em geral, se

resiste à ideia de que a alta biodiversidade ou o bom estado de conservação de

muitas áreas está relacionado à presença de populações tradicionais, sendo

essas, em geral, expulsas ou marginalizadas dentro da nova territorialidade

que lhes é imposta. Vários são os autores que têm se dedicado a fazer crítica a

esse modelo (ARRUDA, 2000; GHIMIRE e PIMBERT, 2000; DIEGUES, 2004).

Entre os mais recentes, está Nurit Bensusan, que critica especialmente a

expulsão dessas comunidades:

“A exclusão das populações humanas é essencialmente injusta, pois dela deriva a distribuição desigual dos sacrifícios: algumas populações são direta ou indiretamente beneficiadas com a melhoria da qualidade ambiental derivada da proteção de determinadas áreas, enquanto outras são privadas das terras que ocupavam tradicionalmente, sendo, em geral, realocadas em locais e condições indefensáveis.” (BENSUSAN, 2006, p. 27).

O Estado tem criado estas áreas, mas não realiza as desapropriações

necessárias, pois quase sempre não são alocadas verbas para tal fim. Como

resultado, estas populações se tornam ilegais e suas atividades clandestinas.

No que se refere às populações tradicionais, elas muitas vezes permanecem

no interior destas Unidades de Conservação (UCs), mas sem o direito ao

exercício de suas atividades tradicionais, como a pesca, coleta, lavoura etc.,

causando uma pauperização ainda maior dessas populações rurais (VIANNA,

1995).

Parece que essas populações são invisíveis, além de indesejáveis, para

o poder público que, preso às concepções ambientais tecnicistas e

inadequadas, não vê outra saída fora do padrão vigente (ARRUDA, 2000).

Um caso exemplar, citado por Diegues (1996), é o plano de manejo da

Ilha do Cardoso, de 1976, em que sequer se menciona a presença de centenas

de famílias de moradores tradicionais caiçaras e onde são proibidas suas

atividades de subsistência, sendo obrigadas assim a migrar para a cidade de

Cananeia-SP, engrossando o número de moradores pobres dos bairros

periféricos.

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Outra situação ilustrativa da invisibilidade destas populações, mas de

resultado oposto ao anterior, é o caso da Estação Ecológica do Iquê, em Mato

Grosso, criada em 1981, totalmente dentro do território do povo indígena

Enauenê-Nauê (SANTOS, 2006).

As tentativas de solucionar esse problema dentro do padrão de atuação

dos órgãos públicos esbarra na ineficácia da ação repressiva, nas dificuldades

de fiscalização, nos problemas sociais decorrentes da expulsão das

populações e consequente formação ou ampliação das favelas nos municípios

próximos, nos conflitos crescentes e, consequentemente, na disseminação do

significado das políticas ambientais como políticas repressivas contra os

interesses e necessidades das populações locais (ARRUDA, 1997).

Historicamente, no Brasil, a maioria das populações rurais desassistidas

e/ou etnicamente diferenciadas, como indígenas, negros e mestiços,

construíram suas formas de vida em áreas de fronteira florestal, constituindo

assim segmentos sociais culturalmente diferenciados frente ao grande

processo de desenvolvimento do país, o que tornou as áreas rurais brasileiras

lugares de muitas posses e poucas propriedades, um verdadeiro mosaico de

culturas. Portanto, uma eficaz estratégia de conservação da natureza deve ter

em conta que tão importante quanto a biodiversidade é a sociodiversidade,

assim, segundo Diegues e Arruda, não há a natureza intocada:

“A diversidade biológica [...] não se restringe a um conceito pertencente ao mundo natural; é também uma construção cultural e social. As espécies são objeto de conhecimento, de domesticação e uso, fonte de inspiração para mitos e rituais das sociedades tradicionais, e finalmente, mercadoria nas sociedades modernas.” (DIEGUES e ARRUDA, 2001, p. 11).

De acordo com Bensusan (2006), a biodiversidade de uma área é o

produto da história da interação entre o uso humano e o ambiente. Uma

combinação não apenas de alterações de fatores biofísicos, mas também de

mudanças nas atividades humanas. Frequentemente o que é chamado de

padrão natural não é senão o resultado de padrões de uso da terra e dos

recursos associados, fruto de determinados estilos de vida ao longo do tempo.

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Atualmente muito se discute sobre a importância da biodiversidade. O

Art. 2º (1994), da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), define

biodiversidade como:

“a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.”

Contudo, essa definição entende a biodiversidade como produto

exclusivamente natural, e não inclui a importância da ação humana na natureza

ou muito menos que haja sociedades que não se vejam apartadas dela. O

entendimento, até agora predominante, de que toda relação entre homem e

natureza seja destrutiva é simplificador e injusto com inúmeras culturas que

desenvolveram outras formas de relação com a natureza. O modelo de área

protegida que não permite moradores em seu interior não faz distinções entre

as várias formas de sociedade, a urbano-industrial, a tradicional, a indígena,

etc., e mesmo quando se trata de comunidades tradicionais presentes por

gerações nessas áreas, elas passam à ilegalidade, dando início assim a

numerosos conflitos de territorialidades (SILVA, 2008).

Para Diegues e Arruda (2001), esse modelo de proteção da natureza

está em crise, pois parte de preceitos inadequados à nossa realidade.

“As áreas protegidas brasileiras, em particular as de uso indireto, encontram-se em crise; muitas são invadidas e degradadas. Para os defensores do modelo norte-americano de parques sem moradores, as razões de tal crise, em geral, estão relacionadas à falta de dinheiro para a desapropriação, de investimento público, de fiscalização e de informação aos visitantes. Para os que defendem outras alternativas de conservação, essas dificuldades são inerentes ao modelo atual predominante nas áreas protegidas, uma vez que, tendo sido criado no contexto ecológico e cultural norte-americano, não se aplica ao contexto dos países tropicais do Sul.” (DIEGUES e ARRUDA, 2001, p. 15).

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Tendo em vista esses aspectos, as situações de implantação das

Unidades de Conservação geraram um conjunto de conflitos entre estas

populações locais, moradoras no interior ou no entorno destas áreas, e os

órgãos públicos estaduais e federais, responsáveis pelas Unidades, face ao

caráter proibitivo, estabelecido pela legislação, de que se revestem tais

Unidades em referência à utilização dos recursos naturais. A realidade das

Unidades de Conservação, relativa à ocupação humana, tem gerado diversas

controvérsias e discussões. Na busca de uma melhor compreensão dos

elementos que envolvem essas questões, que passam pela relação homem-

natureza, eficiência destas Unidades, questões culturais, direitos de cidadãos,

concepção de conservação, há um objetivo implícito, que é a resolução dos

impasses, injustiças sociais e comprometimento destas áreas naturais

protegidas (VIANNA, 1995).

Assim, diversos autores se dedicaram a estudar o processo histórico da

criação das áreas naturais protegidas no Brasil. Um dos motivos que

despertaram o interesse e preocupação dos pesquisadores foi o fato de grande

parte das áreas que passaram a ser legalmente protegidas pelas leis

ambientais de caráter restritivo quanto ao seu uso, serem espaços ocupados

por comunidades rurais de pescadores, de caboclos, de ribeirinhos, de

caiçaras, de quilombolas etc. (CUNHA e ROUGEULLE, 1989; ANGELO-

FURLAN, 1990 e 2000; VIANNA, 1995; DIEGUES, 1996 e 2004; MORAES,

1997; SÁNCHES, 1997; BRITO, 2000).

Tratar o problema da perda de biodiversidade vegetal, das espécies

animais em extinção isoladamente da desestruturação cultural, familiar e

econômica de comunidades diferenciadas é não visualizar que a natureza

intocada não existe mais e aquilo que não existe não pode ser deixado de

herança para as gerações futuras. Há muito que aprender com as populações

locais sobre manejo do ambiente, como também a comunidade científica tem

muito a lhes ensinar. Aliar conhecimento tradicional com ciência e com

educação parece ser um dos caminhos mais prováveis de sucesso e de

melhoria da qualidade de vida para as populações locais sem nenhuma perda

da qualidade de vida para as populações urbanas e para o ambiente natural

(GÓMEZ-POMPA e KAUS, 1992). Esses autores contestam as políticas

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ambientais de preservação dos ecossistemas. Para eles, esta política está

baseada mais em crenças ocidentais sobre a natureza do que na realidade,

uma vez que selecionamos o que deve ser preservado e de que maneira deve

ser manejado, fundamentado na nossa visão parcial de natureza e de

conservação.

Pode-se então dizer que existe uma incompatibilidade entre as

cosmovisões dos técnicos e dos moradores das áreas visadas para proteção

ambiental, de unir duas visões antagônicas do que seja a natureza quando se

estabelecem áreas para ou de reserva, dentro das quais há populações

tradicionais, ou seja, populações cujo universo cultural é diferenciado da matriz

mediterrânea de conhecimento. Santos (2007) considera o pensamento

moderno ocidental um pensamento abissal4, tendo defendido os seguintes

aspectos:

“(...) tenho vindo a caracterizar a modernidade ocidental como um paradigma fundado na tensão entre a regulação e a emancipação social. Esta distinção fundamenta todos os conflitos modernos, tanto a fatos substantivos como no plano dos procedimentos (...). O pensamento abissal moderno salienta-se pela sua capacidade de produzir e radicalizar distinções (...). O conhecimento e o direito modernos representam as manifestações mais bem conseguidas do pensamento abissal (...). No campo do conhecimento, o pensamento abissal consiste na concessão à ciência moderna do monopólio da distinção universal entre o verdadeiro e o falso, em detrimento de dois conhecimentos alternativos: a filosofia e a teologia. O caráter exclusivo deste monopólio está no cerne da disputa epistemológica moderna entre as formas científicas e não-científicas de verdade. Sendo certo que a validade universal da verdade científica (...) poder ser estabelecida apenas em relação a certos tipos de objetos em determinadas circunstâncias e segundo determinados métodos” (SANTOS, 2007, p.3-5).

4 O pensamento moderno ocidental não é a única forma de pensamento abissal, pelo contrário,

é muito provável que existam, ou tenham existido, formas de pensamento abissal fora do Ocidente. Abissais ou não, as formas de pensamento não-ocidental têm sido tratadas de um modo abissal pelo pensamento moderno ocidental. As versões do pensamento moderno ocidental marginalizadas ou suprimidas se opõem às versões hegemônicas (SANTOS, 2007).

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Entretanto, o problema da inadequação desse modelo é apenas uma

parte da questão maior que é visão de natureza separada do homem,

estabelecida pela sociedade abrangente, e que está no âmago das relações

por ela desenvolvida. Ou seja, da apropriação da natureza como matéria-prima

para suas atividades produtivas do mercado capitalista (NUNES, 2003).

O conceito de natureza é importante chave de compreensão das

diferentes visões das sociedades, pois cada povo se relaciona com a natureza

por ele interpretada. Em outras palavras, a forma como uma sociedade

conceitua a natureza determina de qual maneira ela vai se relacionar com ela.

A relação dos povos com a natureza se estabelece no interior das sociedades,

tanto quanto as relações sociais. Segundo Gonçalves:

“O conceito de natureza não é natural, sendo na verdade criado e instituído pelos homens. Constitui um dos pilares através do qual os homens erguem as suas relações sociais, sua produção material e espiritual, enfim, a sua cultura.” (GONÇALVES, 2000, p. 23).

A forma como a sociedade pensa a natureza legitima suas ações.

Portanto, faz-se necessário conhecer o conceito de natureza nas diferentes

culturas que se vai estudar, bem como o conceito de natureza de nossa própria

sociedade, visto que ela se tornou dominante nos últimos dois séculos,

ignorando outras formas de pensar o mundo e especificamente a natureza

(SILVA, 2008).

Contudo, é a partir dos conflitos estabelecidos entre populações

tradicionais e áreas protegidas devido à sobreposição de territórios,

principalmente após a década de 1970, que surge a reivindicação de alguns

pesquisadores acerca de outra forma de pensar a relação entre homens e

natureza. Embora a maioria dos autores tenha centrado suas análises no

conflito entre populações tradicionais e áreas protegidas (ANGELO-FURLAN,

2000; ARRUDA, 2000; GHIMIRE, 2000; PIMBERT e PRETTY, 2000;

DIEGUES, 2004; REZENDE-SILVA, 2004), esta não é a única ameaça que tais

populações enfrentam. Da mesma forma que áreas são escolhidas como

patrimônios de natureza, outras o são como locais para a expansão de

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atividades de desenvolvimento econômico, altamente consumidoras de

recursos naturais.

Muitos pesquisadores (POSEY, 1987, 1998 e 2000; BALÉE, 1994 e

1998; LARRÈRE e LARRÈRE, 1997; DIEGUES, 2000; GÓMEZ-POMPA e

KAUS, 2000) afirmaram que muitas das áreas habitadas por populações

tradicionais se conservaram com cobertura florestal e com alta biodiversidade

em virtude do manejo ligado ao modo de vida dessas comunidades. Esta forma

de enxergar as relações entre homens e natureza pode ser chamada de

ecologia social, que, em geral, se apoia na etnociência ou etnobiologia, isto é,

nos conhecimentos empíricos e cosmológicos das populações tradicionais

acerca da natureza como fonte de informação. Segundo Posey (1987, p. 15), a

etnobiologia é:

“O estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia [...] é o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes.”

Para Gómez-Pompa (1971, p. 124):

“As florestas tropicais têm atrativos e problemas dificilmente igualados por outras floras no mundo, que vão desde o conhecimento das espécies que as compõem, até o entendimento da origem da diversidade e riqueza florística que as caracterizam.”

Isto quer dizer que se conhece ainda pouco dessas florestas,

principalmente no que diz respeito à origem de sua diversidade. Gómez-Pompa

(1971) postulam, a partir de seus estudos nas florestas mexicanas, a ideia de

que a riqueza de espécies nos trópicos está fortemente vinculada à vegetação

secundária e que a evolução de muitos taxons tropicais não pode ser entendida

sem se levar em conta seu comportamento na sucessão secundária, ou seja,

ligada ao manejo exercido historicamente por muitas populações tradicionais,

mas principalmente à agricultura itinerante. Embora a sucessão ecológica

ocorra também sem manejo humano, o que esse autor quer enfatizar é que o

manejo realizado no México, por populações tradicionais, estava adaptado ao

contexto das florestas tropicais, e por isso as enriquecia.

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O homem desde a pré-história interfere consciente ou

inconscientemente na distribuição da vegetação, seja pela dispersão de

sementes, pela proteção de espécies consideradas úteis ou sagradas, pela

seleção de espécies para domesticação, pela caça ou domesticação de

animais necessários à polinização de espécies da floresta etc. Gómez-Pompa

(1971) afirmaram, por exemplo, que várias espécies da floresta tropical

mexicana haviam sido manejadas pelo homem e sua distribuição se relaciona

com este fato.

Os pesquisadores Catherine Larrère e Raphael Larrère também

afirmaram que o homem em determinadas condições desempenha papel

crucial para a origem e manutenção da diversidade de espécies:

“(...) frequentes e variáveis, as perturbações intervêm não somente para iniciar a sucessão, mas também em todos os momentos de seu desenvolvimento: desempenham papel determinante na variabilidade espacial e temporal da vegetação [...] Em realidade, toda fragmentação da biosfera, como se pode observar hoje, é o produto local de uma história singular e definitivamente única.” (LARRÈRE e LARRÈRE, 1997, p. 140).

Diante de estudos que comprovam tipos de manejo, que vão desde a

proteção de espécies até sua dispersão em determinados ambientes, Diegues

e Arruda (2001), bem como Gómez-Pompa e Kaus (2000), afirmaram ser

necessário repensar o conceito de florestas virgens:

“À medida que aumenta o nosso conhecimento e entendimento sobre as influências antropogênicas na composição da vegetação madura, é necessário redefinir e qualificar o que se quer dizer por hábitat não modificado. A questão não se refere simplesmente à densidade dos humanos, mas aos instrumentos, tecnologias, técnicas, conhecimento e experiência que acompanham o sistema de produção de uma determinada sociedade.” (GÓMEZ-POMPA e KAUS, 2000, p. 133).

As populações tradicionais, indígenas ou não, têm formas próprias de

nomear, classificar e atribuir valor à natureza com a qual estão, muitas vezes,

intrinsecamente interligadas, por isso ela, em geral, não é entendida como

recurso natural, e sim como parte constituinte da vida cujos saberes são

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transmitidos de geração a geração. Para Gómez-Pompa e Kaus (2000), as

práticas cotidianas dessas populações, tais como a agricultura itinerante, são

responsáveis pela manutenção e por vezes também pelo aumento da

biodiversidade local. E ainda alertaram para a importância de atuais e futuros

cientistas entenderem as consequências ecológicas benéficas e destrutivas

das perturbações antropogênicas e de incorporarem visões alternativas no trato

com o meio ambiente, avaliando-o em seu contexto histórico, social e cultural.

As populações tradicionais possuem técnicas próprias de uso e manejo

dos recursos naturais, através das quais interferem no processo de sucessão

ecológica, promovem a regeneração de áreas degradadas, a ciclagem de

nutrientes e o aumento da riqueza de espécies nos ecossistemas manejados

Afinal, de acordo com Diegues (2000, p. 30), o conhecimento tradicional pode

ser definido como o saber e o saber-fazer, a respeito do mundo natural e

sobrenatural, gerados no âmbito da sociedade não urbana/industrial e

transmitidos de geração em geração.

Poucos são os pesquisadores que realmente enfrentam o desafio de

transpor os limites de sua própria cultura e tentam conhecer e entender as

formas de cognição e representação do mundo em culturas alheias à sua:

“Grande parte das pesquisas sobre conhecimento tradicional limitam-se a inventários de nomes de plantas e animais nativos e seus usos. Tentativas para correlacionar inventários básicos com sistemas taxonômicos tradicionais e com padrões de comportamento utilitários relacionados inevitavelmente levam para estudos de conceitos simbólicos e metafísicos que expressem a lógica de outras realidades.” (POSEY, 1998, p. 104).

Para reduzir as distâncias existentes entre as duas concepções de

mundo, antes de pedir aos técnicos que compreendam a cosmovisão dos

agricultores tradicionais, seria mais adequando solicitar que esses técnicos (ou

os agentes) indicados para a implantação de áreas preservadas se

apropriassem das concepções de natureza que o próprio ocidente produziu,

para que possibilite um diálogo mais profícuo entre os técnicos ou entre os

detentores do saber ou das técnicas acadêmicas e os agricultores ditos

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tradicionais, que também são portadores de conhecimento, de técnicas de um

saber-fazer que é distante do nosso.

Isso pelo fato de que a espera ou a expectativa de que eles adotem a

perspectiva de uma cultura da qual não participam - e mesmo desqualificam -

pode ser frustrada. Assim, um caminho sugerido para encurtar a distância

causada por cosmovisões diferentes é o da superação da ignorância sobre o

modo como nossa própria cultura se constituiu: pela adoção de diferentes

concepções de natureza. Ora, se mesmo nós não partilhamos de uma mesma

concepção de natureza - tanto ontem quanto hoje5, por que deveríamos

esperar que o outro, que não partilha dos mesmos códigos (ou da mesma

racionalidade) que nós, tenha uma concepção similar à nossa? Nossa

concepção de natureza continua sendo reconstruída.

Como destaca Thomas Kesselring (2000), é importante reconhecer que

as nossas atuais compreensões de natureza ou de natural não são nem foram

as únicas, sendo que, na evolução da sociedade humana e sua interação com

o meio ambiente, predominam paradigmas que combinam questões

econômicas, sociais, tecnológicas e ambientais.

Considerando as contradições do mundo contemporâneo, poderíamos

dizer que as profundas inovações e transformações provocadas pelo

conhecimento cientifico e tecnológico acabam por instaurar uma verdadeira

crise paradigmática (KESSELRING, 1992). O moderno paradigma científico

dominante entrou em crise. Entende-se por paradigma um consenso sobre um

modelo ou padrão que envolve um conjunto de princípios e teorias que são

aceitas por toda a comunidade científica sem discussão e que provêm do

desenvolvimento do conhecimento (SANTOS, 2005).

E assim, hoje duvidamos suficientemente do passado para imaginarmos

o futuro, mas vivemos demasiadamente o presente para podermos realizar o

5 Os participantes atuais de nossa cultura vêm a paisagem natural de modo diferenciado.

Coloque um madeireiro, um agricultor dito tradicional e um ecologista diante de uma paisagem natural – uma floresta, por exemplo - e peça a eles que descrevam o que consta aos seus olhos. Certamente o primeiro veria uma forma de fazer dinheiro rápido com a madeira, o segundo antevê uma roça (pelo sistema de coivara ou derrubada, corte, queima) e o terceiro como uma rica possibilidade de sequestro de carbono ou uma oportunidade de ecoturismo mantendo a mata de pé.

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futuro, estamos divididos, fragmentados, sabemos o caminho, mas não

exatamente onde estamos na jornada (KESSELRING, 1992).

O conhecimento e o domínio da natureza constituem tarefa fundamental

do homem, através da filosofia, da ciência e, mais recentemente, pela técnica

(PIRES, 1989). Complementando e reforçando a compreensão de que a

terminologia, bem como o significado de natureza, vem sofrendo grandes e

profundas transformações ao longo da historia, ressalta-se que:

A busca do conhecimento e do entendimento acerca da Terra e do

Universo são premissas que norteiam e que acompanham a humanidade

desde os antigos filósofos gregos ate a ciência moderna. A sociedade

contemporânea tem vivenciado uma série de problemas que envolvem o seu

modo de se relacionar com a natureza no processo de produção e reprodução

do espaço geográfico, colocando em questão o conceito de natureza em vigor,

o qual perpassa pelo modo de vida dessa sociedade, as sensações, o

pensamento e as ações. Portanto, pensar a natureza hoje, e a forma como o

homem se relaciona com ela no contexto do modo de produção capitalista, nos

remete ao passado, na ânsia de compreender as mudanças que se

processaram no modo de a sociedade pensar, interagir e produzir a natureza

(SOAREZ DE OLIVEIRA, 2002).

Considerando esta importante relação entre a sociedade e a natureza,

com base em autores como Kesselring (1992), Galimberti (1999; 2005) e

Assmann (2007), é possível pensar, também, que há um descompasso entre

seres humanos e natureza e que talvez seja necessário ressignificar nossa

compreensão sobre natureza e esse seja, possivelmente, nosso maior desafio

frente aos dilemas ambientais com os quais, atualmente, nos deparamos.

O progressivo desligamento dos seres humanos da totalidade, de uma

visão cosmológica, já vinha sendo identificado desde a Idade Média, com

práticas de isolamento e preocupação por si, não comuns em períodos

anteriores. Não há, porém, indícios de uma separação entre os seres humanos

e deles com a natureza que apontassem para uma perspectiva de

independência, tal como se verá surgir na Modernidade e que se alargará

nessa fase contemporânea. A esse processo de desligamento entre ser

humano e natureza corresponderá um tipo muito específico de interesse pelo

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corpo, que caminha muito mais próximo da dominação e da sujeição, tal como

se busca realizar com toda a natureza, do que percebendo-o como um dos

fundamentos para uma nova perspectiva ecológica, como se faz necessário

nos tempos atuais (SILVA, 1999).

Existem trabalhos que se preocupam em estudar o conhecimento

tradicional dos povos em relação ao meio ambiente e ressaltam a capacidade

de as comunidades se valerem de estratégias de conservação dos recursos

naturais como forma de assegurar sua reprodução material e imaterial. Ou

seja, essas comunidades atribuem valor aos recursos naturais: valor de uso e

valor simbólico. Os trabalhos de Posey (1987 e 2000), Ribeiro (1987 e 1995),

Morán (1990), Gómez Pompa e Kaus (1992), Ballé (1994) e Begossi (2000),

entre muitos outros, incluem-se nessa categoria de pesquisas e suas

abordagens seguem o método de investigação da Etnociência.

2.1.6 Etnociência

Diegues e Arruda (2001) consideraram a etnociência um dos enfoques

que mais têm contribuído para o conhecimento das populações tradicionais,

partindo “da linguística para estudar os saberes das populações humanas

sobre os processos naturais, tentando descobrir a lógica subjacente ao

conhecimento humano do mundo natural, as taxonomias e classificações

totalizadoras”.

Ribeiro, no prefácio da “Suma Etnológica Brasileira”, de 1987, definiu o

que deve ser o método de trabalho do etnocientista:

“Nesse tipo de estudo, combina-se a visão do observador estranho à cultura, refletindo a realidade percebida pelos membros de uma comunidade. Os elementos de análise são as categorias e as relações lógicas que se estabelecem entre o todo e as suas partes, que configuram o sistema taxonômico. Em outras palavras, o observador procura inferir as categorias êmicas dos povos em estudo. Seu objetivo é aprender os conhecimentos relativos à natureza mantidos por povos iletrados (principalmente populações camponesas) ou sem escrita (grupos tribais). Esse saber é transmitido informalmente de pessoa a pessoa.” (RIBEIRO, 1987, p. 11).

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O etnólogo Lévi-Strauss estudou os sistemas indígenas de classificação

e se contrapôs aos funcionalistas, Malinowski e outros, argumentando que o

conhecimento dos selvagens não está ligado unicamente às suas

necessidades. Ele discutiu que o homem primitivo é mais do que funcionalista;

ele por observação é conhecedor do que está no seu ambiente, mesmo que

não lhe seja útil:

“De tais exemplos, que se poderiam retirar de todas as regiões do mundo, concluir-se-ia, de bom grado que as espécies animais e vegetais não são conhecidas porque são úteis; elas são consideradas úteis ou interessantes porque são primeiro conhecidas.” (LÉVI-STRAUSS, 1989, p.24).

Cunha propôs pensarmos em um novo projeto societário que incorpore o

saber dos diversos povos tradicionais em sua relação com a natureza:

“O conhecimento que possuem sobre os ecossistemas dos quais fazem parte e sobre a diversidade de espécies que ali habitam se constitui em um verdadeiro patrimônio de que a modernidade não pode prescindir para a continuidade da vida no planeta.” (CUNHA, 2001, p.8).

De acordo com Castro (2000), a produção de tais conhecimentos possui

múltiplas dimensões, visíveis e invisíveis, referentes à própria organização do

trabalho dos povos tradicionais, reunindo elementos técnicos com o mágico, o

ritual, enfim, com o simbólico. Existe uma correlação entre a vida econômica e

a vida social do grupo na qual a produção faz parte da cadeia de sociabilidade

e a ela é indissociavelmente ligada. Esse sistema de saberes redunda em um

inventário de utilidades dos recursos naturais, que se organiza a partir da

proximidade e compreensão do ambiente circundante, que, no entanto, se

assenta em uma compreensão não utilitarista desse conhecimento. Nesse

sentido, os estudos de Castro (2000) alinharam-se com os de Alfredo Wagner

Berno de Almeida, que afirmou serem os conhecimentos das populações

tradicionais mais do que utilitários, seriam sofisticados e inseridos em uma

lógica de funcionamento do mundo:

“Eles não se restringem a um mero repertório de ervas medicinais. Tampouco consistem numa listagem de espécies vegetais. Em verdade, eles

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compreendem as fórmulas sofisticadas, o receituário e os respectivos procedimentos para realizar a transformação. Eles respondem a indagações de como uma determinada erva é coletada, tratada e transformada num processo de fusão.” (ALMEIDA, 2004, p. 39).

Segundo Balée (1998), diferentes sociedades relacionam-se de distintas

formas com seus ambientes, Não existindo natureza intocada, toda a natureza

que se vê passou ou passa na atualidade por algum tipo de intervenção

humana, por isso as paisagens, ou seja, a natureza em somatória de tempos é

o resultado dessa inter-relação histórica:

“Evidências sugerem que a criação de certas paisagens pelo homem não resulta em dano irreversível para a biodiversidade regional [....]. A evidência está associada principalmente com as origens de plantas e animais domesticados e semi-domesticados. Em algumas regiões do mundo neolítico, a domesticação de plantas e espécies animais pode ter acarretado um aumento líquido do número total de espécies presentes [...]. O Novo Mundo contribuiu com mais de uma centena de espécies de plantas para o inventário mundial de plantas domesticadas.” (BALÉE, 1998, p. 19).

Diegues (2000), por exemplo, sugeriu que um novo critério para seleção

de novas áreas para conservação, seja o da existência de áreas de alta

biodiversidade decorrente do conhecimento e do manejo tradicional ou etno-

manejo realizado pelas populações tradicionais indígenas ou não indígenas.

Dessa forma, essas populações, ao invés de serem expulsas de suas

terras/territórios, seriam valorizadas e incluídas em novas estratégias de

conservação, quebrando, assim, barreiras e preconceitos que a ciência

convencional criou ao longo dos anos. Um exemplo claro de avanços

conseguidos nesse sentido veio a partir dos movimentos sociais rurais,

principalmente na figura do movimento dos seringueiros amazônicos6, que, a

partir da década de 1970, iniciaram organizações sindicais para garantir seu

acesso a terra e aos recursos da floresta. Em 1985, eles unificaram a luta no

6 Para maiores informações a respeito dos seringueiros amazônicos e a criação de Reservas

Extrativistas na região ver: GONÇALVES (2003).

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Conselho Nacional dos Seringueiros, e, apenas fazendo uso do que lhes era

apropriado dentro do discurso e das práticas do movimento ambiental,

conseguiram criar uma modalidade de área protegida, incorporada pelo SNUC7

a Reserva Extrativista (DIEGUES e MOREIRA, 2001).

Embora as reservas extrativistas também apresentem problemas,

principalmente no que diz respeito à viabilidade econômica, elas continuam a

ser importantes modelos a serem aperfeiçoados para uma nova forma de

conservação da natureza e desenvolvimento local. De acordo com Aubertin

(2000), as reservas constituem locais de experimentação para uma exploração

sustentável da floresta, baseada no uso coletivo, em que as populações seriam

as protetoras efetivas do meio ambiente. Além disso, as reservas extrativistas

possibilitam a resolução de problemas fundiários para segmentos culturalmente

diferenciados, o que não é pouco quando se avalia a história fundiária do país.

Diegues (2000) chamou essa nova e incipiente forma de conservação da

natureza, talvez inaugurada com o movimento dos seringueiros, de

etnoconservação, que viria a ser a constatação das ambiguidades e

incongruências das teorias conservacionistas elaboradas nos países do norte e

transplantadas ao sul. A etnoconservação buscaria maior adaptação às

necessidades ambientais e culturais locais, partindo do pressuposto de que

tanto o conhecimento científico quanto o tradicional são importantes para a

conservação. O primeiro pela possibilidade de diálogo global e acesso à

tecnologia de ponta em suas investigações, e o segundo por ter acumulado por

gerações conhecimentos locais. Por isso, pesquisadores têm se dedicado aos

estudos da origem e evolução temporal de ambientes e sociedades (PIMBERT

e PRETTY, 2000).

Cada vez mais os conservacionistas se dão conta de que a estratégia de

criação de áreas protegidas descontextualizadas do panorama político, social e

cultural local, acaba resultando em perda de biodiversidade ou em uma

7 Sistema Nacional de Unidades de Conservação, criado pela Lei no. 9.985 de 18 de julho de 2000. Ele divide as áreas protegidas no Brasil em dois grupos: Proteção integral (Parques nacionais/estaduais, Reservas biológicas, Estações ecológicas, Monumentos naturais, Refúgios da vida silvestre) e Uso sustentável (Áreas de proteção ambiental, Áreas de relevante interesse ecológico, Floresta nacional, Reservas extrativistas, Reservas de desenvolvimento sustentável, Reservas de fauna, Reservas particulares do patrimônio natural). Para maiores informações acerca do SNUC ver: BENSUSAN (2006) e ANGELO-FULAN (2000).

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conservação ineficaz. Para Bensusan (2006), enquanto o mau uso da terra e

dos recursos naturais fora das áreas protegidas persistir, o futuro das unidades

de conservação e de sua biodiversidade estará ameaçado. Desta forma, mais

que pensar a conservação dentro de áreas protegidas, é necessário pensar

formas de conservação da natureza em qualquer parte.

Bahri (2000) afirmou que a consolidação e a viabilidade dos sistemas de

produção se baseiam na associação de diversas atividades: agrícola,

agroflorestal, extrativista, pesca e caça. É a diversificação dos modos de

utilização do ambiente que pode garantir a viabilidade do sistema e

potencializar a conservação.

Novas formas de proteção da natureza pressupõem uma nova

racionalidade socioambiental na qual a diversidade cultural é uma necessária

aliada. Há que se estar dispostos a novos princípios de gestão ambiental e de

democracia participativa, pois os problemas ambientais estão, em grande

medida, vinculados aos problemas sociais. Uma nova racionalidade ambiental

pressupõe uma nova racionalidade produtiva, que inclua as camadas

marginalizadas de nossas sociedades (PIMBERT e PRETTY, 2000):

“O manejo [...] de áreas protegidas exige a mudança de atitudes „normais‟ em prol de maior diversidade, democracia e descentralização. A visão de conservação aqui apresentada estabeleceria e desenvolveria parques e áreas protegidas com o objetivo de aumentar as oportunidades de melhoria de vida local e então integrar essas medidas com objetivos de conservação. Esse novo paradigma assevera que as múltiplas atividades de subsistência das comunidades rurais não são necessariamente incompatíveis com a conservação da diversidade biológica. Na verdade, sob certas condições a participação comunitária no manejo dos recursos naturais pode ajudar a manter o mesmo, aumentar a diversidade biológica dentro e ao redor das áreas protegidas.” (PIMBERT e PRETTY, 2000, p. 216).

Segundo Brito (2006), o Ibama vem trabalhando novas alternativas para

promover a conservação dos ecossistemas nos diversos biomas brasileiros.

Neste sentido, os corredores ecológicos vêm constituindo uma ideia inovadora,

como instrumento de planejamento e gestão biorregional, tendo como enfoque

buscar conciliar a conservação da biodiversidade com as demandas da

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sociedade e das atividades produtivas sobre os recursos naturais dos

ecossistemas inseridos no espaçamento territorial de sua abrangência.

Embora a finalidade principal dos corredores seja avançar na

consolidação das áreas protegidas de diferentes categorias, promover o

planejamento ambiental e propiciar a integração de ações entre os órgãos

ambientais e identificação de novas áreas para a conservação, eles poderiam

também ser pensados como eixos de desenvolvimento socioambiental, pois em

qualquer parte do país em que se deseje interligar fragmentos, biologicamente

identificados como relevantes para a conservação, eles são, via de regra,

habitados por populações tradicionais, sobretudo na região dos fragmentos das

florestas atlânticas (PIMBERT e PRETTY, 2000).

Novos desenhos e objetivos para a proteção da natureza são

necessários e possíveis. Muitas iniciativas nas últimas décadas têm tentado

abordar a conservação e o desenvolvimento em um contexto integrado, que

beneficiaria as populações locais e os sistemas naturais dos quais elas

dependem (SILVA, 2008).

Entretanto, segundo Schmink (2005), para ter as comunidades

habitantes das florestas como aliadas da conservação, é preciso mais que os

atrativos fornecidos por algumas demandas do mercado, que são temporárias.

Para essa autora, devido aos benefícios não-comerciais que o manejo florestal

tradicional oferece para toda a sociedade, os mecanismos que podem resultar

no pagamento de serviços ambientais ou no apoio legal aos pequenos

produtores em troca do manejo e da proteção da floresta são apropriados,

contudo, por ora essa não é uma solução vislumbrada pelos órgãos públicos

ambientais e sociais.

A forma mencionada de implantação e administração das áreas

protegidas no Brasil é, sem dúvida, marcada por um grande autoritarismo, pois

os moradores não são previamente informados dos objetivos da chamada

conservação e das mudanças drásticas sobre seu modo de vida. Está sendo

imposto um modelo de conservação fadado ao fracasso, pois, na maioria dos

casos, não conta com o apoio das populações locais e regionais. Nesse

sentido, as áreas protegidas são concebidas como “ilhas naturais”, defendidas

contra todo tipo de seres humanos, principalmente dos moradores tradicionais

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que passam a ser considerados os vilões e são reprimidos com rigor

(DIEGUES, 1996).

O poder público, na figura do Ministério do Meio Ambiente, vem

divulgando iniciativas de integração entre Unidades de Conservação e

promoção da valorização do saber local para a conservação da natureza, que

abrange uma série de programas com objetivos e metas. Porém, pouco ou

quase nada foi feito para a implementação desses objetivos e diretrizes. Faltam

recursos e principalmente integração entre os órgãos do poder público. Pois,

em realidade, atenta contra os objetivos predominantes dessa gestão, que

estão ligados à expansão do agronegócio exportador e em outras atividades

fortemente consumidoras de recursos naturais. Sendo assim, como é possível

promover por meio de um único programa o desenvolvimento sustentável para

comunidades tradicionais, se todo o restante das decisões governamentais

caminha no sentido de eliminá-las das áreas que historicamente ocupam?

(SILVA, 2008).

Para um êxito real da conservação da biodiversidade e dos

remanescentes florestais, é necessário um outro pacto social em que as

populações locais e regionais, principalmente os moradores tradicionais do

interior das unidades de conservação e de seu entorno, possam desempenhar

um papel fundamental baseado no conhecimento tradicional dos ecossistemas,

das técnicas de manejo, ainda tão pouco conhecidas dos órgãos públicos e

frequentemente até das pesquisas acadêmicas baseadas unicamente na

contribuição das Ciências Naturais. Esse novo pacto implica respeito à

cidadania das populações locais, a descentralização da implantação e do

manejo das áreas de conservação, a concepção democrática dos planos de

manejo e a proteção da diversidade sociocultural existente no país (DIEGUES,

1996).

Como afirma Diegues (2004, p. 97):

“Mais do que repressão, o mundo moderno necessita de exemplos de relações mais adequadas entre homem e natureza”.

Sendo assim, é possível conceber uma relação mútua entre sociedade e

natureza: a sociedade reage às mudanças da natureza, da qual ela é um dos

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polos, assim como a natureza, englobando-a, responde ao que acontece nas

sociedades escalonadas nos ramos do mundo vivo, e ao invés de criar um

vínculo unilateral, deve-se buscar um vínculo recíproco, no qual a função das

sociedades é ressocializar a natureza, aprender a habitá-la, em vez de

abandoná-la (LARRÈRE e LARRÈRE, 1997).

2.2. Transformações históricas no Vale do Ribeira: trajetórias

tecnológicas da agricultura tradicional do Bairro da Serra – Iporanga/SP

O Vale do Ribeira está localizado no norte do estado do Paraná, na

nascente do Rio Ribeira, e ao sul do estado de São Paulo, onde esse rio

desagua no mar na cidade de Iguape (LINO, 1976). Recebe esse nome em

função da bacia hidrográfica do rio Ribeira do Iguape, complexo Estuarino

Lagunar de Iguape, Cananeia e Paranaguá, abrangendo área total de

aproximadamente 25.000 km2. As nascentes do rio estão localizadas no Estado

do Paraná, no município de Cerro Azul, e a maior parte dos seus 520

quilômetros de comprimento está situada em território paulista, abrangendo

17.000 km2 de extensão (dois terços) nesse estado (SMA, 1995; ANDRADE et

al., 2000).

Ocupa uma área de 2.830.666 hectares e se localiza entre os paralelos

23° e 25° ao sul do Equador e entre os meridianos 47° e 50° de longitude

Oeste. Inclui integralmente 30 municípios (7 paranaenses e 23 paulistas) e

existem ainda outros 21 municípios no estado do Paraná e outros 18

municípios no estado de São Paulo, que estão parcialmente inseridos na bacia

do rio Ribeira (LINO, 1976).

Abriga 61% da Mata Atlântica remanescente no Brasil, 150 mil hectares

de restinga e 17 mil de manguezais. Seus mais de 2,1 milhões de hectares de

florestas equivalem a aproximadamente 21% dos remanescentes de Mata

Atlântica existentes no país, transformando-o na maior área contínua desse

importante ecossistema. Em 1999, a Unesco (Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou a região Patrimônio Natural

da Humanidade por conter uma das maiores biodiversidades do mundo. Essa

região é produtora de água de qualidade, contendo ecossistemas aquáticos

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(rio, estuário e mar) e terrestres (duna, mangue, restinga e floresta ombrófila

densa) (FOGAÇA, 2006).

O clima predominante é o subtropical úmido, com temperaturas médias

anuais de 21 ºC na parte central e de 15 a 17 °C na parte mais rebaixada da

região e nas encostas das serras. A umidade relativa do ar em geral é de 85%

e há ocorrência de chuvas abundantes, excedendo a 2.000 mm na faixa

litorânea, atingindo em alguns vales internos 4.000 mm por ano. Os declives

são acentuados e, associados à grande precipitação, promovem a lavagem do

solo, tornando-o ácido. O relevo possui altitude média de 800 a 900 m,

associado à Serra do Mar (BORN, 2000).

Possui uma população de aproximadamente 531.933 habitantes, cuja

maior parte vive na zona urbana (IBGE, 2007). Essa região não é só

reconhecida por sua riqueza ambiental que a torna singular, mas também por

sua riqueza cultural, sua população formada por indígenas, caiçaras,

quilombolas, agricultores caboclos e imigrantes portugueses, franceses,

poloneses, húngaros, judeus, eslovacos, italianos, ingleses, russos, alemães,

japoneses e chineses, que formam uma diversidade cultural raramente

encontrada, um patrimônio cultural preservado (FOGAÇA, 2006).

A economia da região baseia-se em uma agricultura diversificada, em

sua faixa litorânea, contudo, a pesca exerce papel fundamental para as

comunidades locais. As espécies vegetais mais presentes nas lavouras do vale

são a banana e o chá-da-índia, com maior relevância do ponto de vista

comercial. A atividade de pecuária é incipiente. Existe ainda um setor

secundário, com destaque para a exploração de fosfato e calcário,

predominante nos municípios de Cajati e Apiaí-SP. Porém, grande parte dos

agricultores familiares, caiçaras, indígenas e caboclos possui uma economia

bastante dependente da floresta, mangues, restinga e desenvolvem agricultura

de subsistência (FERREIRA, 2004; QUEIROZ, 2006).

O Vale do Ribeira possui diversas categorias de Unidades de

Conservação, que englobam cerca de 70% das terras da região. Destas terras,

cerca de 400 mil hectares são áreas protegidas em Parques e Estações

Ecológicas e outros 600 mil são propriedades particulares dentro de APAs –

Áreas de Proteção Ambiental. Essas áreas estão submetidas à legislação

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específica, o que muitas vezes impede seus proprietários de trabalhar com a

questão econômica/agrícola em suas propriedades (SMA, 1995).

Sendo assim, as Unidades de Conservação (parques estaduais, APA ou

área de restrição ambiental) implantadas ao longo da região do Vale do Ribeira

vêm moldando a economia da região, diminuindo a produção rural,

transformando e restringindo a economia da região em turismo e atividades

correlatas (FERREIRA, 2004).

Por abrigar uma das maiores concentrações de remanescentes de Mata

Atlântica do país, essa região despertou a atenção nacional e internacional,

sendo definida como um dos “hotspots” encontrados no mundo, e com uma

biodiversidade tão rica quanto a da Floresta Amazônica (ISA, 1998). Assim, o

Código Florestal passou a ser aplicado com maior rigor, e a Mata Atlântica foi

declarada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988. Em 1992, o

Vale do Ribeira passou a integrar a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,

reconhecida pela Unesco, sendo, portanto, um patrimônio da humanidade

(ALVES, 2004).

A indústria no Vale do Ribeira é cada vez mais apoiada pelo governo do

estado de São Paulo e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (Sebrae). As cidades estratégicas em transporte, como Juquiá,

Registro, Miracatu e Sete Barras, atraem empresas de diversas regiões

possibilitando melhores condições de escoamento de produtos para o Paraná,

sudeste e nordeste de São Paulo, eliminando custos e gerando benefícios para

a indústria e habitantes locais. A energia na região é produzida por usinas

hidrelétricas no rio Juquiá: duas em Tapiraí, duas em Juquiá (FOGAÇA, 2006).

A ocupação humana na região é anterior aos indígenas, que foram

encontrados por portugueses e outros europeus em sua chegada. A

arqueologia indica presença humana no Vale do Ribeira há mais ou menos

10.000 anos. Nos sítios arqueológicos onde esses povos habitavam,

encontram-se restos das coisas que usavam em seu dia a dia, seja para

alimentação ou outros hábitos. É provável que nesse mesmo período tenha

ocorrido a chegada de grupos nômades de caçadores-coletores vindos do

planalto ao sul-sudeste. Esses grupos são reconhecidos pelos arqueólogos

porque deixaram nos lugares em que moravam restos dos instrumentos líticos

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que fabricavam. Logo depois dos caçadores-coletores, vieram os povos que

deixaram como herança técnicas tradicionais de pesca e plantio, e vários

alimentos plantados como milho, feijão e mandioca, tanto que até hoje a

população atual da região é, na maioria, descendente desses indígenas

(FOGAÇA, 2006).

Aos poucos, esses povos foram se fixando e inúmeras tribos indígenas

se formaram nas áreas onde, atualmente, se localizam os bairros rurais. As

tribos de língua Tupi foram os últimos grupos que habitaram o Vale do Ribeira

antes dos europeus. Esses grupos viviam do cultivo de vegetais, caça e pesca,

plantavam milho, mandioca, feijão, etc. Sendo assim, as atuais técnicas de

manejo, roça, ou roçado, são semelhantes às utilizadas pelos antigos

habitantes da região (QUEIROZ, 2006).

Há registros de que no século XVI os colonos europeus já ocupavam a

região da Baixada do Ribeira e, devido à escravidão indígena, o Alto Vale

tornou-se uma zona de refúgio dos que escapavam. Esse fato levou os

europeus a buscar as comunidades negras que depois se estabeleceram no

local e com este convívio tiveram sua cultura e hábitos influenciados pelos

povos indígenas (CPISP, 2009).

Nos séculos XVI e XVII, intensificaram-se as buscas por ouro e prata e,

no final desse século, foi descoberto ouro de aluvião no Alto Ribeira, o que

impulsionou a ocupação do interior e as primeiras instalações de mineradores

em algumas localidades. Com isso, a mão de obra negra escrava foi logo

introduzida no local para utilização na mineração, praticada quase sem o

controle metropolitano durante muitos anos (JUSTINIANO, 2009).

Com a fiscalização metropolitana e a decadência do ouro no Vale do

Ribeira e o advento das minas de ouro e diamantes em Goiás, Mato Grosso e

principalmente em Minas Gerais, houve no Alto do Ribeira um grande

movimento da população no sentido inverso da ocupação do território. Após a

abolição da escravatura, os antigos escravos ocuparam terras desvalorizadas

com o fim da mineração ou doadas pelos antigos senhores, permanecendo na

região e formando as comunidades quilombolas. Portanto, as atuais

comunidades de remanescentes de quilombo no Vale do Ribeira têm sua

origem nos negros que de diversas formas resistiram e alcançaram a condição

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de camponeses autônomos, constituindo grupos com cultura singular

(FOGAÇA, 2006; CPISP, 2009).

2.2.1 Vale do Ribeira no estado de São Paulo

A região do Vale do Ribeira em São Paulo situa-se na porção sul desse

estado, sendo formada por 23 municípios (Figura 1).

FIGURA 1. Localização e distribuição dos municípios que ocupam o Vale do Ribeira no Estado de São Paulo.

Essa região no estado de São Paulo possui municípios mais extensos

que no Paraná. Os municípios de Iguape, Eldorado, Cananeia e Iporanga são

os que possuem maior extensão territorial, e São Lourenço da Serra e Ilha

Comprida são os menores municípios desta região. A cidade de Registro,

conhecida popularmente como Capital do Vale do Ribeira, é a mais populosa, e

Iatoca, a que possui a menor população. A população dessa região é

desigualmente distribuída, com áreas mais habitadas como Registro (74,87%)

e áreas pouco habitadas como o município de Iporanga (3,92%) (SMA, 1995;

BORN, 2000; FOGAÇA, 2006).

Possui paisagem montanhosa e florestada, por onde passa o Rio

Ribeira, em cujas margens se situam municípios como Iporanga, Apiaí, Ribeira

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e Itaoca. Esse rio recebe vários afluentes como o Juquiá e o Jacupiranga, onde

se situam cidades de Eldorado, Sete Barras, Juquiá, Jacupiranga e Registro. O

rio desemboca na região litorânea próxima a Iguape, sendo assim, treze sub-

bacias formam a bacia do Rio Ribeira em São Paulo (DIEGUES, 2007;

HOGAN, 2009).

Em 1500, os domínios da Mata Atlântica cobriam 1.085.544 km², ou

seja, 12% do território nacional. Atualmente, os remanescentes dessa floresta

atingem pouco mais de 90.000 km² e no território paulista restam apenas 7%,

representados por 17.314 km² dessa cobertura vegetal original (SMA, 1995).

Dados referentes à área ocupada com florestas nativas nessa região mostram

que ainda existe mais de um milhão de hectares de vegetação nativa,

ocupando 64% do território da região, variando entre 13% em Ribeira a 90%

em Pedro de Toledo (SMA, 2000).

Desde 1958, e de forma mais intensa nas décadas de 70 e 80, os

esforços preservacionistas levaram à criação de sete parques estaduais, duas

estações ecológicas e três áreas de preservação ambiental, sendo elas (SMA,

1995):

- Parque Estadual (PE) Carlos Botelho, localizado nos municípios de Tapiraí,

Capão Bonito e Sete Barras, ocupando uma área aproximada de 37.644 ha;

- PE Ilha do Cardoso, em Cananeia, com 13.600 ha;

- PE Intervales, localizado nos municípios de Eldorado, Iporanga e Sete Barras,

com 46.086 ha;

- PE Jacupiranga, distribuído nos municípios de Barra do Turvo, Cananeia,

Jacupiranga, Eldorado, Cajati e Iporanga, com uma extensão de 150.000 ha;

- PE Pariquera Abaixo, em Pariquera Açu, com 2.360 ha;

- PE Serra do Mar, que engloba três núcleos, sendo que apenas um deles se

encontra no Vale do Ribeira, em Juquitiba, com uma área de 9.058 ha;

- PE Turístico do Alto do Ribeira (PETAR), localizado em Iporanga e Apiaí,

ocupando uma área de 35.884 ha;

- Estação Ecológica Chauás, em Iguape e Estação Ecológica Jureia-Itatins, em

Iguape, Itarari e Miracatu; as duas ocupam uma área de 79.270 ha;

- Área de Proteção Ambiental (APA) Cananeia-Iguape-Peruíbe, localizada em

Iguape, Ilha Comprida, Itarari e Miracatu;

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- APA Serra do Mar, em Barra do Turvo, Capão Bonito, Eldorado, Iporanga,

Juquiá, Juquitiba, Sete Barras e Tapiraí; e

- APA Ilha Comprida, no município de Ilha Comprida.

Assim, mais de meio milhão de hectares da região do Vale do Ribeira se

encontram sob área de proteção, restringindo o uso econômico a atividades

delimitadas (HOGAN, 2009).

2.2.1.1 Aspectos históricos de ocupação

Embora haja indícios que sinalizem para uma suposta ocupação na

região do Baixo Vale do Ribeira por volta de 1498, os primeiros registros de

colonização nessa região apontam o ano de 1502, com a presença de

portugueses e espanhóis na região de Cananéia. Tratava-se de degredados,

entre os quais se destacou o Bacharel Cosme Fernandes, trazidos pela

esquadra de André Gonçalves e Américo Vespúcio, que iniciaram a ocupação

e a colonização do litoral do Vale do Rio Ribeira de Iguape (FORTES, 2000).

Porém, o primeiro documento fidedigno que registra a presença de europeus

nessa região é o diário de navegação da Primeira Expedição Colonizadora de

Martim Afonso de Souza, que ancorou seus navios na Ilha do Bom Abrigo, em

frente à Ilha do Cardoso, onde deixou um marco em 1531. Martim reportou-se

à presença anterior de portugueses e espanhóis na região de Cananéia, e

somente a partir desse mesmo ano o processo de ocupação se intensificaria

(SCATAMACCHIA et al., 2003; DIEGUES, 2007). Sendo assim, os dois

núcleos urbanos mais tradicionais da região, Iguape e Cananéia, datam do

início da colonização do País, no século XVI (BORN, 2000).

Imbuídos pelo sonho do Eldorado, a busca do ouro se iniciou em 1531,

quando Martim Afonso organizou uma expedição de 80 homens que subiu o

Rio Ribeira, infiltrou-se até as cabeceiras da malha hidrográfica ao pé da Serra

de Paranapiacaba, denominação regional para a Serra do Mar. O ouro

encontrado, embora pouco, foi suficiente para alimentar a imaginação da Coroa

Portuguesa, resultando na criação da Casa de Officina Real da Fundição de

Ouro em Iguape e definindo aquela que seria considerada, mais tarde, a

primeira fase econômica do Vale do Ribeira (FORTES, 2000).

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O ciclo do ouro começou, no entanto, por volta de 1550 quando foi

encontrado ouro de aluvião no interior do Vale do Ribeira, na região de Apiaí-

Iporanga, no Alto Ribeira, Eldorado, no Médio Ribeira, mas também em

Cananéia e no litoral paranaense. O resultado desse curto ciclo minerador foi o

início do povoamento da área que seguia o curso do rio Ribeira até Apiaí e

Iporanga. Parte desse ouro era fundida em Iguape, na casa da moeda ainda

hoje existente e transformada em museu (DIEGUES, 2007).

Assim, o Vale do Ribeira viveu um ímpeto de desenvolvimento pela

mineração do ouro, que interiorizou sua ocupação, sendo que, durante essa

fase, a região esteve ocupada com agricultura voltada para a produção de

alimentos destinados ao contingente da mineração. Nesse processo, pela rica

rede hidrográfica, drenada pelo Ribeira de Iguape, que estabelecia a

comunicação do interior com o mar, ganhou destaque e se desenvolveu a

cidade de Iguape, devido à sua estratégica posição, na confluência do mais

importante canal de comunicação com o mar, assumindo a hegemonia

econômica da região (BORN, 2000; DIEGUES, 2007; MENDES-JUNIOR,

2007).

Porém, o rápido esgotamento das reservas auríferas da região, somado

ao descobrimento de grandes jazidas de ouro nas Minas Gerais em 1693,

afrouxou os ânimos e acirrou a instabilidade econômica regional. A divulgação

da descoberta causou grande agitação tanto na colônia como na metrópole,

desencadeando a Corrida às Minas Gerais. Este evento provocou a evasão

acentuada dos habitantes do Vale do Ribeira, resultando em um estado de

abandono generalizado na região (BRAGA, 1999). Assim, o ciclo da mineração

no Vale entrou em decadência, e a baixa rentabilidade motivou o deslocamento

da mão de obra para outras regiões (BORN, 2000; BARBOSA, 2007). O final

desse ciclo causou a primeira migração dos moradores do litoral sul, que não

ocorreu com igual intensidade no Alto Ribeira, onde a mineração do ouro

continuou até por volta de 1800 (DIEGUES, 2007).

Com a decadência do ciclo do ouro, a construção naval começou a

ganhar destaque no cenário econômico regional, impulsionada pela

acumulação de capital da fase aurífera. A nova fase econômica, embora

restrita ao litoral, ocorreu principalmente em Cananéia e Iguape, quando

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mestres-carpinteiros, alguns vindos do Rio de Janeiro, construíram, a partir de

1711, as primeiras embarcações usadas na navegação de cabotagem, levando

os produtos da lavoura para vários portos da costa e mesmo para Portugal.

Esse fato garantiu a reprodução do capital que serviria de base para a futura

expansão da rizicultura na região (BRAGA, 1999; FORTES, 2000; MENDES-

JUNIOR, 2007).

Após a migração para as Minas Gerais, o pequeno contingente que

decidiu permanecer no Vale seguiu com alguma atividade de garimpo, cuja

produção deve ter sido suficiente para justificar o funcionamento da Casa de

Fundição em Iguape até 1763, quando, em vista da produção inexpressiva e

diante das novas possibilidades econômicas sinalizadas pela rizicultura em

franca expansão na região, suas atividades se encerraram definitivamente

(MENDES-JUNIOR, 2007).

Porém, antes do advento da rizicultura, grande parte dos moradores da

região se especializou na produção agrícola, com a exportação de farinha de

mandioca, arroz, cana-de-açúcar e também de peixe seco para os portos de

Rio de Janeiro, Santos, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (ANDRADE et al.,

1997). Tanto que, em 1827, iniciou-se a construção de um canal de três

quilômetros de comprimento e cerca de três metros de largura, ligando o Porto

da Ribeira ao Mar Pequeno, para facilitar o desembarque direto das

mercadorias transportadas nas embarcações, que desciam o rio no porto de

Iguape, local onde eram exportadas. O volume de água desse canal foi

derrocando as margens arenosas, construindo o chamado Valo Grande

(DIEGUES, 2007).

Gradativamente, a partir do final do século XVIII, o Vale foi se firmando

na produção de arroz para o abastecimento interno. A produção, escoada por

meio da rede hidrográfica para o porto de Iguape, seguia para os portos de

Santos e Rio de Janeiro, e após 1830, o arroz do Vale já havia expandido seu

mercado e se destinava, principalmente, à exportação. Em meados do século

XIX, a região experimentou o apogeu do ciclo do arroz. Essa economia definiu-

se como a mais importante na História do Vale do Ribeira, consolidando a

monocultura do arroz, sobretudo nos municípios de Eldorado e Iguape. Em

1836, a produção de arroz foi de cerca de 35.000 sacos, tendo Iguape e

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Cananéia respondido por quase 80% dos engenhos de arroz em toda a

província de São Paulo, e cerca de 30.000 sacos foram exportados para o Rio

de Janeiro e Santos. Entre 1850 e 1880, a quantidade média de arroz

exportada tinha aumentado para 50.000 sacos (VALENTIN, 1993; ANDRADE

et al., 2000; ALVES, 2004; DIEGUES, 2007; MENDES-JUNIOR, 2007).

Entretanto, é neste mesmo período que se iniciaram algumas

importantes mudanças de caráter político e ambiental, motivadas pelos

interesses econômicos da época, que resultariam, mais tarde, no colapso total

da economia do arroz na região (MENDES-JUNIOR, 2007).

A produção agrícola no Brasil fundamentava-se essencialmente na

exploração da mão de obra escrava. Pressionado pelos interesses econômicos

da Inglaterra, o Governo brasileiro, após um longo período de relutância,

instituiu a Lei Eusébio de Queirós de 1850, que ordenava a extinção total do

tráfico transatlântico de escravos africanos (CERVO, 1981). A medida,

obviamente, teve repercussão negativa nos diferentes segmentos da

agricultura escravista e se converteu num dos fatores que determinaram a crise

no abastecimento de gêneros alimentícios. Por essa época, o preço do arroz

subiu significativamente e acelerou o crescimento econômico que se

concentrava principalmente em Iguape e Cananéia, onde os proprietários de

engenhos de beneficiamento, bem como os comerciantes, controlavam o

mercado regional do arroz (BRAGA, 1999).

O escoamento da produção de arroz proveniente do interior do Vale

contava por aquela época com uma nova facilidade: a disponibilidade de um

estreito canal artificial construído ao longo de 25 anos, e que seria, mais tarde,

conhecido por Valo Grande. Esse canal permitia a redução de,

aproximadamente, 20 km no percurso entre o Rio Ribeira e o porto de Iguape,

conferindo maior dinamismo e menores custos no transporte do arroz. Sendo

assim, o quadro mercadológico, extremamente oportuno, associado aos meios

prontamente disponíveis, tais como o amplo aparato naval e a nova rota de

escoamento da produção para o porto de Iguape, resultaram na fase de maior

prosperidade econômica para a região (MENDES-JUNIOR, 2007).

Contudo, por volta de 1860, o arroz produzido no Brasil deixou a pauta

dos dez produtos mais exportados e voltou a abastecer, quase que

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exclusivamente, o mercado interno em decorrência do aumento populacional e

o consequente aumento da demanda de alimentos na Baixada e no Rio de

Janeiro (VALENTIN, 2003). Enquanto isso, o café, cuja expansão avançava a

passos largos, já havia se configurado, há algum tempo, no principal item da

pauta brasileira de exportação, promovendo forte atração nos investidores que,

historicamente, sempre buscaram maiores rendimentos financeiros

(FURTADO, 1987). Aos poucos, a cafeicultura absorveu não só os capitais que

antes se destinavam ao complexo canavieiro e rizicultor, mas, sobretudo, a

disputada mão de obra escrava que, gradualmente, se transferia para as zonas

produtoras do café (MÜLLER, 1980).

Em 1889, um ano após o fim da escravidão, a produção do arroz no Vale

do Ribeira decaiu para 21.000 sacos, devido às dificuldades impostas pela

escassez de mão de obra, descapitalização da produção e concorrência com o

arroz produzido no planalto em antigas zonas cafeeiras, bem como com o arroz

que vinha sendo importado em quantidades crescentes a partir de 1890

(VALENTIN, 2003).

Entre o final do século XIX e início do século XX, o Vale do Ribeira

sofreu um dos maiores golpes na sua economia, ocasionado pelos efeitos

produzidos pela abertura do canal artificial (Valo Grande) anteriormente citado.

Esse estreito canal que, no passado, permitia a passagem de uma única canoa

por vez, ganhou dimensões assustadoras e aterrorizava os iguapenses com a

possibilidade de destruir a cidade. A situação ficou ainda mais grave, pois o

material que fora solapado dos barrancos se acumulou em grandes

quantidades no leito do Mar Pequeno. Esse, em 1903, estava assoreado a

ponto de inviabilizar a aproximação de embarcações de maior calado. Daí por

diante, o porto de Iguape, que havia sido a pedra estrutural da economia

regional, foi perdendo a razão de existir até desaparecer completamente

(LEPSCH, 1990).

Mesmo assim, o Vale prosseguiu com alguma produção de arroz, cuja

qualidade foi amplamente reconhecida na mostra Exposizione Internacionale

Delle Industrie e Del Lavoro realizada em Turim na Itália em 1911, recebendo o

título de “Melhor Arroz do Mundo. Entretanto, essa premiação não mudou, em

quase nada, o processo de decadência da produção mercantil do arroz no Vale

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e, o estado de estagnação econômica que se apossava da região, tanto que

em 1925 o número de engenhos de arroz se reduziu consideravelmente em

Iguape, para desaparecer em Cananéia (DIEGUES, 2007).

Durante essa fase de estagnação, a região esteve ocupada com

agricultura de subsistência, e se fortaleceram as relações de aliança e troca,

que já ocorriam desde o início da colonização, entre a população indígena local

e os europeus presentes nessa região (BORN, 2000). Dessa forma, a abolição

da escravatura está relacionada com a decadência do ciclo do arroz, pois não

havia mão de obra disponível para trabalhar nos arrozais e isso diminuiu a sua

competitividade em face da economia do café (LEPSCH, 1990).

É em meio a esse conturbado final de século que a região do Alto Vale

do Ribeira começou a ser conhecida nos meios científicos pela grande

concentração de grutas e cavernas. As primeiras pesquisas na região

apontavam a importância da preservação do patrimônio espeleológico local e

sugeriam a criação de um parque (BONDUKI, 2002).

Em 1929, por ocasião da primeira excursão botânica ao Vale do Ribeira,

Hoehne (1940), citado por Mendes-Junior (2007), reforçou as recomendações

de proteger o patrimônio arqueológico, pospostas pelo Major Ricardo Krone

(pesquisador naturalista) que, em expedição científica pelo Alto do Ribeira,

descobriu a Gruta da Tapagem, conhecida como Caverna do Diabo, que

atualmente tem grande importância para o turismo do estado, e assim foi se

definindo a implantação das unidades de conservação na região.

Porém, o foco estava voltado à exclusão das populações locais de seu

ambiente. Assim, surgiu a legislação regulamentadora das unidades de

conservação no Vale do Ribeira, baseada na visão dos cientistas que definiam

o modo de implantação das áreas a serem protegidas, em que o elemento

humano, representado pelas populações locais, era percebido como não

necessário ao ambiente. A vida na mata, na visão desses cientistas, parecia

imprópria às populações locais, e assim, elas são separadas ou separáveis do

ambiente em que vivem (MENDES-JUNIOR, 2007).

Por volta de 1950, surgiram os primeiros resultados do aquecimento

econômico induzido pela imigração japonesa de 1912, embora ainda

insuficientes para retirar a região do quadro de pobreza. Porém, deu início à

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expansão da bananicultura e teicultura, bem como à demanda por lenha,

carvão vegetal e madeira de caixeta (Tabebuia cassinoides (Lam.) D.C.).

Assim, encontraram na população local a mão de obra necessária e

concorreram para a diversificação do modo de produção tradicional, ao qual

foram adicionados a atividade extrativista vegetal, o carvoejamento e a pesca

com fins estritamente comerciais (MÜLLER, 1980).

A retomada da mercantilização da agricultura regional, que ocorreu

principalmente a partir dessa época, venceu o modo tradicional de produção

nas porções central e norte da região por volta de 1975 (MÜLLER, 1980;

BRAGA, 1999).

Em 1958, foi criado o primeiro Parque Estadual do Vale do Ribeira, o

Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar), nas imediações dos municípios de

Apiaí e Iporanga. Esse fato em nada interferiu, pelo menos nas três décadas

seguintes, no cotidiano das populações locais, as quais obtinham, por meio do

extrativismo, a complementação para suas necessidades básicas. Entretanto, à

medida que a mercantilização capitalista avançava, intensificou-se também o

extrativismo de caráter comercial resultante da readaptação da organização

caipira da produção. Assim, recursos florestais como a caixeta (Tabebuia

cassinoides (Lam.) D.C.) e o palmito se tornaram cada vez mais escassos na

Baixada, enquanto grupos de palmiteiros adentravam o Vale em busca da

Jussara (Euterpe edulis Mart.) que, rapidamente, desaparecia da paisagem

(MENDES-JUNIOR, 2007).

Em 1983, o Petar saiu do papel e foi implantado definitivamente,

trazendo consigo o aparelho de fiscalização e repressão. Com isso, a presença

do Parque foi imediatamente percebida pelas populações locais, principalmente

no Bairro da Serra, que havia sido parcialmente englobado no processo de

demarcação da referida unidade de conservação (FOGAÇA, 2006).

Pode ser verdade que, se não fosse a criação e implantação das

unidades de conservação, boa parte da área florestal do Vale já teria

desaparecido sob a voracidade da economia capitalista, ou simplesmente pelas

questões culturais e necessidades relacionadas à sobrevivência. Entretanto,

não se pode deixar de considerar o outro aspecto desse paradoxo: o êxito na

conservação ambiental de áreas protegidas que só é possível quando há

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cooperação dos habitantes locais. Porém, a implantação das unidades de

conservação no Vale do Ribeira adotou uma estratégia que falha, não somente

pela insuficiência de planejamento, mas, sobretudo, pela falta de respeito à

cultura e à história dos habitantes tradicionais. Esses, de um momento a outro,

foram destituídos de quaisquer direitos de uso do ambiente, o que se traduz em

ausência total de alternativas econômicas e em ruína social e cultural

(MENDES-JUNIOR, 2007).

A criação do Petar foi apenas o início de um processo muito mais amplo

de implantação de outras unidades de conservação por meio da imposição das

leis de preservação ambiental que hoje ocupam 64% da área total do Vale do

Ribeira na porção paulista (HOGAN et al., 2009).

A restrição de atividades tradicionais vitais à subsistência das

comunidades atingidas, associada à falta de alternativas econômicas, criou, por

parte da população local, uma relação extremamente negativa com o parque. E

aqueles que poderiam ter sido os grandes e melhores parceiros para a

implantação e monitoramento das unidades de conservação se converteram

em seus mais poderosos inimigos. Viver a vida como sempre havia sido vivida

passou, de um momento a outro, a ser crime, assim, a população afetada pela

presença do parque ficou refugiada entre a marginalização e a fome

(MENDES-JUNIOR, 2007).

Mais recentemente, no início dos anos 90, a indústria do turismo

começou a dar sinais de uma nova alternativa econômica para a região,

prometendo o estabelecimento de uma nova fase na economia regional

(BONDUKI, 2002; SANTOS, 2005). Essa alternativa surgiu como solução às

restrições de uso impostas pela legislação ambiental, bem como ao grande

potencial turístico da região e à sua privilegiada situação geográfica

estabelecida entre os municípios de São Paulo e Curitiba, dois importantes

polos emissores de turistas (VITAE CIVILIS e WWF-BRASIL, 2003).

2.2.1.2 Aspectos socioeconômicos

Juntamente ao seu rico patrimônio ambiental, o Vale do Ribeira,

comparado às demais regiões do estado de São Paulo, possui baixos níveis de

renda e escolaridade, altos índices de mortalidade infantil e analfabetismo,

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condições precárias de infraestrutura e saneamento básico (FUNDAÇÃO

SEADE, 2000).

É a região menos urbanizada do Estado de São Paulo. Segundo dados

do Censo Demográfico de 2000/Malha digital do Brasil, 1997, a população total

do Vale do Ribeira era de 181.153 pessoas em 1970, sendo que desse total,

69% viviam em áreas rurais (124.926 pessoas) e apenas 31% em áreas

urbanas (56.227 pessoas). Porém, a partir desse ano a região passou por um

processo de êxodo rural e assim ocorreu grande aumento no grau de

urbanização dessa região, que passou de 31% em 1970 para 64,8% em 1996.

Mesmo assim, o aumento populacional e o grau de urbanização foram baixos,

comparados a todo o estado de São Paulo (IBGE, 1970 e 1996).

Historicamente, o Vale do Ribeira é também uma das regiões que

apresentaram as menores taxas de crescimento populacional do Estado de

São Paulo, sendo que, entre 1970 e 1996, enquanto a taxa anual de

crescimento do estado foi de 3,5%, o Vale do Ribeira apresentou taxa média

anual de 2,9% (HOGAN et al., 2009).

A densidade demográfica passou de 10,6 hab/km2 em 1970 para 18,7

hab/km2 em 1996. Para efeito de comparação, o Estado de São Paulo, com

área de 248.600 km2, tinha densidade demográfica de 101 hab/km2 em 1980.

Assim, o Vale do Ribeira é uma região de baixa densidade populacional no

contexto estadual (IBGE, 1970 e 1996).

O número absoluto de imigrantes aumentou entre a década de setenta e

oitenta, sendo que a grande maioria desses imigrantes se originou dos estados

de São Paulo e Paraná (76,2% em 1970 e 85,3 em 1991), entretanto o saldo

migratório dessa região se tornou negativo na década de oitenta. Quase todo o

aumento entre as décadas ocorreu devido à migração de São Paulo, muito

provavelmente de outros municípios do próprio Vale e de municípios vizinhos à

região. As regiões limítrofes enviaram mais migrantes para o Vale, destacando-

se São Paulo e as regiões de Santos e Sorocaba com 54,6%, 19,3% e 16,3%,

respectivamente, na década de oitenta. Os migrantes oriundos de São Paulo

eram predominantemente de origem urbana (IBGE, 1991).

Os não-migrantes apresentavam maior desvantagem educacional: 26%

deles não completaram nenhum ano da escola, enquanto esse valor caía para

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21,6% para os imigrantes, e para cerca de 10% entre aqueles que saíram do

Vale para outras regiões do Estado de São Paulo. Os números são altos, sob

qualquer critério, mas parece claro que há uma tendência para os "sem

instrução" permanecerem em seus lugares de origem, enquanto quem sai do

Vale é quem tem mais escolaridade. Somente em Registro as diferenças entre

os não-migrantes e os migrantes são menores: 11,8% dos não-migrantes, 7,2%

dos imigrantes e 10,8% dos emigrantes não completaram nenhuma série

escolar com aprovação. Como esse município é considerado a capital do Vale

do Ribeira, reunindo melhores condições socioeconômicas e de emprego, o

seu tamanho acaba puxando a média regional para cima (IBGE, 1991).

Assim, além de retratar a pobreza e abandono que caracterizam o Vale

do Ribeira, esses dados evidenciam claramente que aqueles que permanecem

nos seus lugares de origem são os menos qualificados e qualquer esforço de

desenvolvimento sustentável que vise à criação de emprego no ecoturismo ou

em serviços relacionados à preservação ambiental terá de se fundamentar em

programas de capacitação das populações locais. Caso contrário, esses postos

tenderão a ser ocupados por imigrantes com maior qualificação (HOGAN et al.,

2009).

A escolaridade na região está entre as mais baixas do Estado. Em 1991,

os chefes de domicílio sem nenhum ano de instrução completo representavam

43,9% do total, contra 23,9% no Estado de São Paulo. Somente 5,9% dos

chefes completaram algum curso superior, versus 17,0% no Estado. A renda

média das famílias, em 1991, era menor do que três salários mínimos para

71,6% dos chefes dos domicílios do Vale do Ribeira, em comparação com

46,1% no total do Estado de São Paulo. O município do Ribeira era apontado

como o mais mal colocado pelo Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – no

Estado de São Paulo (IBGE, 1991).

A acentuada pobreza, junto à urbanização e à precária infraestrutura

sanitária, aumentaram os problemas relacionados à saúde, característicos na

região. No ambiente urbano, essas condições pioraram ainda mais a situação

secular de precariedade da saúde, prioritariamente os serviços de água e

esgoto. Esse é o mais importante indicador ambiental disponível para

caracterizar os municípios, e a questão dos recursos hídricos é um dos fatores

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principais da problemática ambiental (FOGAÇA, 2006). Segundo dados do

Censo de 1991, dos 69.595 domicílios do Vale do Ribeira, 54,3% ligavam-se à

rede geral de água com canalização interna e 35,9% abasteciam-se por poço

ou nascente: 19,9% com e 16% sem canalização interna (IBGE, 1991).

A expansão da cobertura de abastecimento de água ocorreu entre 1980

e 1991, o que trouxe um aumento da porcentagem de domicílios atendidos pela

rede de água, que ocorreu no contexto de um forte crescimento populacional,

particularmente nas áreas urbanas. O número de domicílios passou de 50.742

em 1980 para 69.595 em 1991, um aumento de mais de 27%. Já a

porcentagem de domicílios atendidos pela rede com canalização interna

aumentou de 36,6% em 1980 para 54,3% em 1991. Nas áreas rurais, a

situação dos domicílios em relação ao abastecimento de água ainda era

bastante precária em 1991; 35,4% eram por poço ou nascente sem

canalização interna. Domicílios ligados à rede com canalização interna

passaram de 3,9% em 1980 para 10,8% em 1991 (IBGE, 1991).

Houve um aumento, porém modesto, no número de domicílios rurais na

região, que passaram de 24.117 para 26.646 de 1980 a 1991. Em 1991, 32,7%

dos domicílios do Vale do Ribeira eram atendidos pela rede de esgoto, 15,4%

possuíam fossa séptica, 28,7% possuíam fossa rudimentar, 10,5% eram

ligados à vala negra e 9,3% não possuíam instalação sanitária (IBGE, 1991).

Pelos dados do Censo de 1991, verificou-se que a porcentagem de

domicílios atendidos pela rede de esgoto na região aumentou, quase

triplicando entre 1980 e 1991. Contudo, as diferenças entre as condições de

instalação sanitária dos domicílios do Vale em relação ao Estado de São Paulo

ainda eram muito grandes, confirmando o Vale do Ribeira como uma das

regiões mais carentes em infraestrutura de saneamento básico do Estado de

São Paulo.

Outro problema associado ao crescimento urbano da região são as

enchentes e a possibilidade de epidemias de doenças graves, como a

leptospirose, que se difunde pela água a partir da urina dos ratos

contaminados. A incidência de leptospirose na Região Administrativa de

Registro é praticamente três vezes maior do que na média do Estado de São

Paulo: 7,67/100.000 contra 2,85/100.000 habitantes, em 1995. Outra doença

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que ocorre muito e está associada aos recursos hídricos, é a esquistossomose,

que tem incidência muito maior na Região de Registro do que no total do

estado: 57,12 contra 2,13 por 100.000 habitantes, em 1995 (FUNDAÇÃO

SEADE, 2000).

Vários estudos, realizados a partir da década de 1980, comprovaram

inequivocamente que a bacia do Ribeira foi muito afetada pelas atividades

econômicas levadas a efeito na região, em especial, pela atividade de

mineração e metalúrgica do Alto Vale. Esses efeitos se tornaram visíveis na

contaminação dos sedimentos fluviais por chumbo, zinco, cobre e arsênio,

havendo registros de elevadas concentrações de metais nas águas. Entre

esses diagnósticos de qualidade ambiental, podem ser citados os de Tessler et

al. (1987), Eysink et al. (1988), Moraes (1997), Silva (1997) e Cetesb (1991,

2000).

A industrialização nunca foi muito importante no Vale do Ribeira, sendo

que no período entre 1985 e 1996, a participação do Vale na produção

industrial da indústria de transformação no Estado de São Paulo nunca passou

de 0,3%. De um total de investimentos no Estado no valor de US$52 bilhões, o

Vale do Ribeira contabilizou somente US$23 milhões, em dois municípios

(IPEA, 1998).

Razões históricas, dificuldades de acesso e condições naturais adversas

às atividades econômicas garantiram até hoje um relativo isolamento do Vale e

a preservação dos seus recursos naturais, mesmo com a capital regional, o

município de Registro, estando localizada a menos de 200 quilômetros da

Região Metropolitana de São Paulo (HOGAN et al., 2009).

Segundo Fogaça (2006), os fatores que podem ter levado essa região a

tamanha desigualdade social tanto a nível estadual como nacional, seriam o

relevo acidentado e a dificuldade de acesso entre os povoados e os centros

urbanizados, já desenvolvidos. Assim, essa região ficou caracterizada como

carente economicamente, porém, dentre todos os aspectos que a caracterizam,

ficou preservado um riquíssimo patrimônio natural e cultural.

2.2.2 Município de Iporanga

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O município de Iporanga está localizado na maior área de

remanescentes da Mata Atlântica (no Alto do Ribeira), na transição entre a

planície formada pelo Rio Ribeira de Iguape e o Planalto Central, o que torna o

relevo bastante acidentado. A região possui uma das maiores concentrações

de cavernas do Brasil e se situa a 360 quilômetros da capital do Estado, na

latitude 24° S e longitude 48° W (SODRZEIESKI, 1998).

Os principais grupos de solos presentes nesse município são os

litossolos, podzolizados e hidromorfos. A precipitação média anual está entre

1400 e 1700 mm (1100-1400 mm em anos secos), e no mês mais seco entre

30-60 mm de chuva. A temperatura média do mês mais frio é de 18 ºC com

verões quentes em que a temperatura média é de 22 ºC, configurando,

segundo Köppen, um clima do tipo Cfa (quente, com inverno menos seco)

(TOREZAN, 1995).

A área total do município é de 121.000 hectares, composta por diversas

unidades de conservação, sendo que 85% do Petar - aproximadamente 50%

de PEI (Parque Estadual Intervales) e 9.215 hectares do PEJ (Parque Estadual

de Jacupiranga implantado em 1969) - faz parte do município, ou seja, cerca de

85% do município se encontra dentro de áreas com maior ou menor restrição

ambiental. Os 15% restantes constam de Área de Proteção Ambiental, pois sua

vegetação é composta em 90% pela Mata Atlântica (FUNDAÇÃO SEADE,

2000).

O município é composto por 25 bairros rurais, nos quais 14 comunidades

tradicionais de quilombolas estão distribuídas, e é um dos municípios que têm

a maior quantidade dessas Comunidades já identificadas (SODRZEIESKI,

1998).

O município de Iporanga (Figura 2), também conhecido como capital

das grutas, tem 4.562 habitantes. A região é historicamente habitada

principalmente por descendentes de escravos, indígenas e colonizadores que

chegaram à região no século XVI, quando Iporanga viveu um curto ciclo

econômico de garimpo de ouro (FIGUEIREDO, 2000).

Uma análise das condições de vida dos habitantes de Iporanga mostra

que os responsáveis pelos domicílios ganham, em média, R$330,00, sendo

que 81,1% ganham no máximo três salários mínimos. Esses responsáveis

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possuem, em média, 4,1 anos de estudo: 20,2% deles completaram o ensino

fundamental e 26,3% são analfabetos. Em relação aos indicadores

demográficos, a idade média dos chefes de domicílios é de 47 anos e aqueles

com menos de 30 anos representam 14,4% do total. As mulheres responsáveis

pelo domicílio correspondem a 20,4%, e a parcela de crianças com menos de

cinco anos equivale a 12,0% do total da população (FUNDAÇÃO SEADE,

2000).

Segundo a Fundação Seade (2000), o município possui grande parcela

da população na classe de alta vulnerabilidade, em que as condições de vida e

dos riscos sociais atingem os vários segmentos populacionais. Nessa

perspectiva, é no confronto entre as características individuais e familiares –

ciclo de vida, tipo de arranjo familiar, escolaridade, renda corrente, formas de

inserção no mercado de trabalho e condições de saúde – e suas possibilidades

de desfrute dos bens e serviços ofertados pelo Estado, sociedade e mercado

que se definem suas efetivas condições de vida e possibilidades de mobilidade

social. Assim, a população local possui padrões sociais diferenciados do

restante do estado de São Paulo (FOGAÇA, 2006).

FIGURA 2. Vista aérea do Município de Iporanga. Fonte: Prefeitura Municipal de Iporanga - <http://www.iporanga.sp.gov.br>.

A atividade agropecuária dos agricultores tradicionais ocorre pela

utilização da várzea e encosta, e é geralmente destinada à subsistência, com o

uso do sistema tradicional de coivara. Como principal atividade econômica do

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município, destacam-se a produção de banana e em menor escala a de feijão,

arroz e milho (SILVEIRA, 2001).

Porém, atualmente, a maior parte de sua economia se baseia

praticamente no turismo e atividades relacionadas a ele, além de verbas

transferidas pelos Governos Federal e Estadual que auxiliam na manutenção

da cidade, isso vem ocorrendo devido às restrições que o município sofre no

uso e ocupação do solo (FOGAÇA, 2006).

2.2.2.1 Aspectos históricos

O município de Iporanga, desde a sua fundação, tem participado das

principais fases econômicas que caracterizaram a História econômica regional

do Vale do Ribeira. A própria fundação do município está diretamente ligada ao

primeiro ciclo econômico regional. Foi durante as campanhas paulistas que

incursionaram pelo interior do Vale prospectando minerais valiosos que, a 12

de junho de 1576, um primeiro grupo de garimpeiros, juntamente com suas

famílias, navegando no Rio Ribeira acima, se estabeleceu nas proximidades da

foz do Rio Pilões, dando origem ao Garimpo Santo Antonio, localizado a oito

quilômetros da foz do ribeirão Iporanga. Nesse local hoje se localiza o Bairro

Ribeirão (SANTOS, 2005).

Essa expedição, segundo registros do Departamento de Cultura deste

município, trouxe os primeiros cultivos econômicos da época, como a cana-de-

açúcar, e de subsistência, os cereais, e lançou a pedra fundamental para a

formação do município de Iporanga (SANTOS, 2005). Por volta de 1625, o

então Garimpo Santo Antonio foi elevado à condição de Arraial, conservando o

nome de Arraial de Santo Antonio. Em 1830, foi elevado à Freguesia de

Sant‟Anna de Iporanga e, com os seus limites oficialmente demarcados pela

Lei Provinciana nº 39, de 3 de abril de 1873, tornou-se Vila. No dia 12 de

janeiro de 1874, finalmente elevou-se a município com o nome de Iporanga.

Por volta de 1757, foi iniciada a construção da antiga capela e do cemitério em

Iporanga, capela essa que, entre 1814 e 1821, foi substituída pela Igreja de

Sant‟Anna, construída por escravos com paredes de taipa de pilão. Seu sino

instalado em 1832 foi confeccionado na Bélgica, contendo dois quilos de ouro

misturados ao bronze para aguçar sua sonoridade. Ao redor da matriz, foi

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construído o casario antigo que traz toda uma atratividade para o turismo

cultural da cidade (FOGAÇA, 2006).

O ciclo do ouro na região do Alto Ribeira perdurou até meados do século

XVIII, um pouco mais duradouro que na baixada, e embora a produção fosse

pouco expressiva na economia da colônia, permitiu, mesmo assim, algum

enriquecimento local. Assim, a história de Iporanga está ligada ao ciclo do ouro

paulista (FORTES, 2000).

Com a decadência da economia local baseada no garimpo do ouro, a

partir da segunda metade do século XVIII, o pequeno povoado reestruturou o

modo de produção tendo por base a agricultura e pecuária de subsistência,

cujos excedentes eram comercializados por meio do escambo com tropeiros

que iam e vinham do planalto (FIGUEIREDO, 2000). Aos poucos, Iporanga foi

se convertendo num importante entreposto comercial, pois era passagem e

parada obrigatória para aqueles que subiam o Ribeira rumo ao planalto, bem

como para aqueles que desciam para a zona da Baixada, levando e trazendo

mercadorias e notícias do mundo de fora (FIGUEIREDO, 2000; FORTES,

2000).

De acordo com Valentim (2003), Iporanga apresentou uma

especialização crescente no cultivo do arroz a partir de 1816, quando apenas

18% dos moradores envolvidos com atividades agrícolas se dedicavam à

rizicultura; já em 1824, esta proporção subiu para 33,3%, o que concorreu para

o fortalecimento da economia local e para o dinamismo populacional verificado

a partir de 1830. Nessa época, conforme consta no Termo da Assembleia

Geral de novembro de 1830, havia na localidade uma população de 1.200

moradores envolvidos com a suinocultura e com a agricultura, notadamente o

arroz e a cana-de-açúcar, bem como uma grande variedade de produtos e

serviços expressos pela presença de 52 engenhos de cana-de-açúcar, vários

monjolos para o beneficiamento de cereais e diversas indústrias de

aguardente, farinha, fumo e rapadura (SODRZEIESKI, 1998; SANTOS, 2005).

Aos poucos, o arroz ganhou maior importância na economia local, e um

maior número de famílias praticava a rizicultura. Conforme Valentim (2003), em

1835, havia 140 domicílios em Iporanga, dos quais 111 se dedicavam ao

cultivo do arroz, cuja produção era escoada em canoas até o porto de Iguape,

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com participação cada vez mais efetiva para o estabelecimento do mais

importante ciclo econômico do Vale do Ribeira.

Na segunda metade do século XIX, Iporanga, que prosperava sob o

auge da rizicultura, foi também o palco da descoberta de importantes reservas

de galena argentífera8, motivo para a instalação da companhia Mineração

Iporanga S/A no Morro do Chumbo em 1878. Entretanto, as atividades de

exploração mineral funcionariam apenas por um breve período, e a

continuidade desse empreendimento precisou esperar pela virada do século

(FIGUEIREDO, 2000; SANTOS, 2005).

No início do século XX, a rizicultura deixava de ser um item importante

na economia regional. Enquanto Iguape assistia ao naufrágio de sua economia

especializada no arroz, diante do porto assoreado pelo Valo Grande, no outro

extremo do Vale, Iporanga já estabelecia novo formato comercial na rota dos

tropeiros. Eles seguiam serra acima e rio abaixo, reorganizando e

diversificando a economia local em função do constante movimento de tropas e

canoas, para propiciar os meios necessários na operacionalização do trânsito

de mercadorias e das atividades mercantis locais, fato detalhado no relatório

Exploração do Rio Ribeira de Iguape realizado pela Comissão Geográfica e

Geológica do Estado de São Paulo em 1906, como disposto em Mendes-Junior

(2007, p. 64):

“Este município tem uma renda diminuta, a menor das do vale

do Ribeira; no entanto sua edilidade bem dirigida e

intencionada tem feito diversos melhoramentos e comodidades

para o público; possui boa e abundante água potável que é

distribuída grátis para o abastecimento da população; as ruas

são conservadas limpas, os portos consertados sempre que é

necessário, e a municipalidade conserva limpa e bem tratada

área gramada para o descanso dos animais de carga de tropas

que do alto da Serra aqui vêm comerciar.”

Assim, Iporanga permitia as bases para a formação de um importante

centro comercial para onde fluía toda a produção excedente do Alto Vale do

Ribeira conforme atesta o depoimento do famoso cronista alemão Edmundo

Krug (FIGUEIREDO, 2000, p. 108):

8 Trata-se de minério de chumbo associado a altos teores de prata.

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“A igreja é o ponto central de todo o lugar; dali saem as ruas que vão aos diversos pontos da povoação, e neste mesmo lugar, no pátio da igreja, acham-se os armazéns mais importantes que suprem os moradores da vila e os proprietários dos sítios, distantes dois ou três dias de canoa, no Rio Pardo, Rio Turvo e Ribeira acima etc. Há entre estes armazéns alguns de considerável importância atendendo-se as necessidades da povoação, e é, principalmente aos domingos e dias santificados, dentro deles que se manifesta a parte mais interessante da vida do povoado (...). Roceiros de longe oferecem suas mercadorias em troca deste ou daquele indispensável instrumento para a lavoura, ou propõem a barganha de sua colheita de arroz ou de milho ao proprietário, com vantagem recíproca. É natural que o proprietário do armazém saia lucrando (...).”

Nessa mesma época, a suinocultura configurava o principal item na

economia local e Iporanga já era referência na produção e processamento da

carne suína que, juntamente com seus derivados, tanto abasteciam o mercado

regional, como era exportada para outras cidades fora do Vale (FIGUEIREDO,

2000; SANTOS, 2005). A diversidade da economia local foi, certamente, um

dos fatores que garantiram a tranquilidade econômica do município,

considerando o conturbado início de século que, regionalmente, ficou marcado

pela fuga dos investidores que redirecionavam a aplicação de seus

empreendimentos mais rentáveis, tal como a cafeicultura e, mais tarde, a

indústria emergente nos grandes centros urbanos (MÜLLER, 1980).

Em 1920, a exploração mineral baseada principalmente no chumbo, mas

também em outros minerais como prata, zinco, ouro e calcário, teve um novo

impulso no município, levando à instalação de mineradoras nas jazidas de

Furnas e Lageado e contribuindo para geração de empregos (FIGUEIREDO,

2000; SANTOS, 2005). O escoamento do minério de chumbo produzido era

feito com muita dificuldade ao longo de vários trechos do Vale do Ribeira, por

meio de baldeação da carga pesada até o porto de Santos para que fosse,

finalmente, embarcada para Cartagena na Espanha (SANTOS, 2005). Em seu

destino, esse minério iria certamente servir de artilharia na guerra civil que

acontecia naquele país ou para outros conflitos bélicos que estavam ocorrendo

na Europa àquela época (MENDES-JUNIOR, 2004).

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O difícil escoamento do minério de chumbo na primeira etapa do

transporte era realizado sobre o lombo de mulas (Figura 3), cujo primeiro

destino era o porto de Iporanga, conforme depoimentos colhidos por Figueiredo

(2000, p. 108):

“De acordo com alguns antigos trabalhadores da mineração, a exploração era muito primitiva, com o carregamento efetuado manualmente em cestas colocadas nas costas dos operários, o minério era quebrado e ensacado em sacos de 55 kg, daí ia em lombo de burro, 30 a 40 burros todo dia, até a cidade de Iporanga na qual era embarcado em grandes canoas.”

A segunda etapa do transporte do minério era feita por canoa pelo Rio

Ribeira abaixo até a cidade de Xiririca (atual cidade de Eldorado), onde a carga

era transferida para barcos maiores movidos a vapor, os quais circulavam

regularmente pelos trechos da bacia do Ribeira de Iguape. A mercadoria

chegava a Juquiá e era transferida para vagões de carga da linha ferroviária

Santos – Juquiá, e assim seguia rumo à Europa (SANTOS, 2005).

FIGURA 3. Transporte do minério de chumbo de propriedade da Sociedade de Mineração Furnas em 1934, ao longo da trilha dos tropeiros, no percurso Apiaí – Iporanga, atual SP- 250. Extraído de Santos (2005).

Em 1940, o palmito já era considerado um produto de relevante valor

comercial, e muito abundante no Alto Ribeira, ao passo que foi escasseando

pela região da Baixada, onde a exploração da palmeira Jussara (Euterpe

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edulis) havia se iniciado alguns anos antes. Tendo em vista a possibilidade de

explorar uma nova alternativa econômica, instalou-se, naquele mesmo ano, a

primeira fábrica de palmito na Fazenda Santana, localizada no Bairro Pilões, no

município de Iporanga (FIGUEIREDO, 2000).

Enquanto isso, a exploração mineral seguia por altos e baixos até a

década de 50, quando se iniciou um processo acentuado de declínio dessa

atividade econômica. Esse foi um período difícil para Iporanga, pois o avanço

do progresso trazia a abertura de novas estradas que criavam rotas

alternativas de acesso ao planalto e, aos poucos, o caminho dos tropeiros e

toda a economia que se organizou em torno do fluxo dos tropeiros foram se

restringindo às narrativas históricas de hoje em dia. Também ocorreu a

intensificação dos problemas relacionados à degradação ambiental pela

exploração da madeira, produção de carvão, pecuária extensiva e extração de

palmito (SODRZEIESKI, 1998; ALVES, 2004; MENDES-JUNIOR, 2007).

Iporanga tornava-se cada vez mais isolada e esquecida, mas não por

muito tempo. Em 1956, o arquiteto Carlos Lemos, que excursionava pelo Vale

do Ribeira, pesquisando os remanescentes da arquitetura colonial paulista,

deparou-se com Iporanga e, encantado com a beleza e o estado de

conservação do local, publicou os resultados de sua descoberta que ecoaram

na mídia da época. Naquele mesmo ano, teve início a produção de uma série

de reportagens, focadas no discurso preservacionista do Engenheiro de Minas

José Epitácio Passos Guimarães, do Instituto Geográfico e Geológico, que, em

13 de novembro de 1956, encaminhou o pedido oficial para a criação do

Parque Estadual do Alto Ribeira (MENDES-JUNIOR, 2007, p. 68), cujo objetivo

era:

“(...) promover a preservação das belezas naturais existentes na região abrangida pelos municípios de Apiaí e Iporanga bem como possibilitar a formação de um refúgio para a defesa do remanescente de fauna e flora que aí se encontravam”.

Dois anos depois, o pedido de criação do parque retornou na forma do

Decreto 32.283, de 19 de maio de 1958, fato que não mudou a rotina da

população local, que continuou com suas atividades econômicas basicamente

baseadas no extrativismo vegetal e mineral, bem como em outras formas de

uso da floresta para manter sua subsistência (FIGUEIREDO, 2000).

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Na década seguinte, devido à construção da Rodovia Regis Bittencourt,

ocorreram vários conflitos no Vale do Ribeira, com invasão de grileiros e

especuladores fundiários, pela posse da terra, que se estendeu até a década

de 70 (ROCHA e COSTA, 1998). Outros conflitos foram devidos ao regime

militar que investia pesadamente na repressão, não poupando esforços para

abrir estradas Vale adentro em busca de guerrilheiros, que buscavam refúgio

na região (FIGUEIREDO, 2000; SANTOS, 2005). Se por um lado, as estradas

tiravam Iporanga do isolamento, por outro lado, traziam o crescimento de

atividades predatórias como a mineração irregular, a extração de madeira, a

exploração do palmito e a agropecuária sem planejamento (ROCHA e COSTA,

1998; BONDUKI, 2002).

No início da década de 70, foram veiculadas inúmeras matérias nos

jornais de grande circulação da época, sugerindo o turismo como solução para

a pobreza assustadora relatada por viajantes que passavam pela região.

Enquanto isso, a devastação seguia sem intervenção do Governo, cuja postura

desenvolvimentista agressiva não considerava a conservação ambiental como

uma necessidade para o desenvolvimento nacional (ROCHA e COSTA, 1998;

BONDUKI, 2002).

No final da década de 70, o modelo extrativista de desenvolvimento

econômico já havia se consolidado em Iporanga, com reativação da mineração

de chumbo e prata, e inauguração de fábricas baseadas no extrativismo

vegetal, serrarias e fábricas de palmito (FIGUEIREDO, 2000; SANTOS, 2005).

Em 1979, o centro histórico de Iporanga foi tombado pelo Conselho de

Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado,

devido à mineração proporcionar para esse município uma paisagem com

características peculiares, bastante similar às das cidades mineiras (FOGAÇA,

2006).

Porém, a década de 80 foi, certamente, o período mais traumático na

história recente de Iporanga, quando aconteceu uma reviravolta total na vida do

município, bem como em todo o Vale do Ribeira. O Estado, que até o momento

se mantivera distante das questões ambientais relacionadas à preservação das

unidades de conservação, reagiu e promoveu um movimento radical (ROCHA e

COSTA, 1998), com o embargo de desmatamentos, madeireiras, fábricas de

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palmito e minerações, mas, consequentemente, produziu muitos desempregos

e levou à intensificação do processo emigratório local (SILVEIRA, 2001;

BONDUKI, 2002).

Em poucos anos fecharam-se todos os principais empreendimentos

extrativistas que eram a base da economia local. Também, a aplicação das leis

ambientais, extremamente restritivas em alguns casos, oprimiam ainda mais a

população local, impedindo as práticas tradicionais de uso dos recursos

naturais por meio da fiscalização e aplicação de multas, sem oferecer

alternativas para a sobrevivência dessas comunidades que foram afetadas pela

implantação das unidades de conservação (ROCHA e COSTA, 1998;

FIGUEIREDO, 2000; SILVEIRA, 2001).

O modelo das unidades de conservação adotado no Brasil teve por base

o conceito de área natural protegida, implantado nos Estados Unidos, que

procurava garantir a preservação dos ecossistemas naturais frente ao rápido

avanço da civilização urbano-industrial verificada naquele país na segunda

metade do século XIX, cujo marco foi a criação do Parque Nacional de

Yellowstone em 1872 (ARRUDA, 2000; LITTLE, 2002). Nesse tipo de modelo,

as comunidades tradicionais não são incluídas como possíveis parceiras no

processo de proteção às áreas naturais, mas são sistematicamente excluídas

sob a acusação de serem os agentes promotores da degradação ambiental, o

que produz, via de regra, consequências negativas de ordem tanto social,

como ambiental (BENATTI, 1998; ARRUDA, 2000).

Assim, o processo de implantação do Petar pôs a população local diante

de um terrível dilema, cuja solução foi prontamente encontrada pelo instinto

natural de sobrevivência, próprio de todo ser humano. Tratava-se de um

período de grande pobreza, pois, diferentemente dos outros períodos de

estagnação econômica que marcaram a história da região, dessa vez, não

eram permitidos, nem mesmo, as práticas tradicionais de uso do ambiente,

historicamente vitais à sobrevivência dos grupos humanos que ocuparam e

desenvolveram a cultura típica do Vale do Ribeira (MENDES-JUNIOR, 2007).

Inevitavelmente, a população local passou a extrair o sustento para suas

famílias clandestinamente, por meio de abertura de novas áreas para a

formação de roças, para a sua sobrevivência, já que o trabalho agrícola sempre

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fez parte do modo de vida das famílias rurais. Em determinadas épocas, era

necessário o plantio de quase todos os tipos de mantimentos, além da

exploração do palmito, que, embora já constituísse crime ambiental,

representava uma das únicas alternativas para a obtenção de algum dinheiro

mesmo que pouco, mas fundamental para compra de gêneros de primeira

necessidade, como sal, querosene e tecidos, que não poderiam ser produzidos

localmente (ROCHA e COSTA, 1998; FIGUEIREDO, 2000; SILVEIRA, 2001;

COSTA, 2002).

No final da década de 80, iniciou-se um pequeno fluxo turístico na região

que, aos poucos, ganhou mais força nos anos 90, quando passou a ser

denominado de ecoturismo (BONDUKI, 2002; SANTOS, 2005). Em meados da

década de 90, o turismo e o ecoturismo já despontavam no discurso das

agências e órgãos governamentais, bem como por inúmeras organizações não-

governamentais (ONG), como a solução para os problemas do Vale do Ribeira

(FIGUEIREDO, 2000). Nessa mesma época, foi lançada a Agenda de

Ecoturismo do Vale do Ribeira pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de

São Paulo (Sema), em conjunto com outras seis secretarias de Estado e com o

Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira (Codivar). A

estreia dessa Agenda ocorreu por ocasião do Seminário Desenvolvimento

Sustentável e Ecoturismo para o Vale do Ribeira realizado em Iporanga em

1995. Iniciou-se a elaboração dos projetos para a formação de agentes

municipais e a criação de cursos para a formação de guias locais ou monitores

ambientais, sob o argumento da oportunidade de trabalho (ROCHA e COSTA,

1998).

A cidade de Iporanga é um valioso marco na História do Brasil com

importantes remanescentes do período colonial na arquitetura local, além de

um importante centro religioso, cujas celebrações, juntamente com o acervo

histórico, atraíam um considerável número de turistas e peregrinos, porém, são

as cavernas o principal atrativo turístico no município. Esse fato, hoje em dia,

promove a concentração de um grande número de turistas no pequeno Bairro

da Serra, o que se deve à proximidade dos núcleos mais importantes e mais

bem estruturados do Petar na recepção de turistas, bem como à presença da

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caverna Santana, uma das mais visitadas do Alto Vale pela diversidade, beleza

e o mais estruturado para a visitação dos turistas (FOGAÇA, 2006).

2.2.3 Bairro da Serra

Um dos principais bairros no município de Iporanga é o Bairro da Serra

(Figura 4), localizado às margens da rodovia SP-165 (que liga Apiaí a

Iporanga), a 23 km da cidade de Apiaí e a 17 km da cidade de Iporanga. Tem

grande parte de sua área localizada formalmente dentro do Petar, fazendo

limite com a região sul do Parque, constituindo a comunidade mais próxima ao

Núcleo Santana.

Um afluente do Rio Ribeira de Iguape, denominado Rio Betari, corta

esse bairro nas proximidades de dois núcleos da referida unidade de

conservação. Silveira (2001) destacou que, em 2001, havia aproximadamente

110 casas espalhadas pelo bairro da Serra. A maioria das casas eram mal

acabadas pela não-estabilidade das rendas advindas do turismo e consequente

falta de recursos para terminá-las ou, ainda, porque as construções estavam

embargadas por se localizarem em área pertencente ao parque.

Posteriormente, Fogaça (2006) verificou que o número de casas aumentou

para aproximadamente 200, mas elas se concentraram no mesmo espaço das

casas preexistentes. Os filhos fixaram-se no terreno dos pais. A exceção

ocorreu por algumas residências de turistas que permanecem fechadas, sendo

utilizadas somente em feriados e períodos de férias, e por alguns pontos de

comércio de empreendedores que visualizaram oportunidades no bairro.

Cerca de 600 moradores se estabeleceram dentro de uma pequena área

urbana, com luz elétrica, telefones públicos e residenciais, escola e um

pequeno comércio, e rural do bairro. Na época da implantação do Parque, os

limites da comunidade foram definidos, porém não na sua totalidade, estando

hoje muitas das propriedades dentro dessa área. A maior concentração de

casas está localizada ao longo de estrada que dá acesso à sede do município

de Iporanga (SP-165). O local é composto por pequenas comunidades que

vivem na sua área rural. Para algumas dessas comunidades, o acesso é feito

apenas por trilhas que são percorridas somente por animais ou a pé.

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FIGURA 4. Localização do PETAR e do Bairro da Serra no município de Iporanga.

Essa área é influenciada pela visitação turística, uma vez que o rico

patrimônio natural local compreende cavernas, rios de água cristalina e

cachoeiras. Nessa localidade, há diversas pousadas e campings, além de

outros serviços associados ao turismo, por isso, ocupa papel fundamental no

município de Iporanga, e é a que mais se beneficia e/ou sofre os impactos que

essa atividade proporciona.

O Bairro da Serra tem a história da sua economia baseada na

agricultura, que na atualidade está em declínio, na extração do palmito e na

mineração, atividades hoje proibidas por lei, por isso o turismo passou a ser a

atividade econômica mais importante.

A carência do Vale do Ribeira também se expressa nas questões

referentes ao saneamento básico, principalmente no meio rural. No Bairro da

Serra, as valas para drenagem pluvial apresentam resíduos e odores

característicos de esgotos domésticos, indicando a precariedade do

esgotamento sanitário. Parte dos esgotos ali gerados segue sem tratamento

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algum por córregos ou diretamente ao Rio Betari, que representa atrativo

turístico local, além de opção de lazer, sobretudo para as crianças da região.

2.2.3.1 Aspectos históricos

A origem do Bairro da Serra está intimamente relacionada aos

deslocamentos das tropas de animais cargueiros que traziam o ouro produzido

em Apiaí, com destino à Casa de Fundição em Iguape. Está situado às

margens da rota dos tropeiros, que se utilizavam de um trecho dos peabirus9

regionais, junto às margens da Serra do Paranapiacaba. O Bairro da Serra foi

se estabelecendo como parada obrigatória para os tropeiros que se

preparavam para a longa subida (BONDUKI, 2002).

Embora não se disponha de datas precisas, acredita-se que as primeiras

populações vieram antes dos primeiros núcleos familiares que se

estabeleceram na região e que fundaram, mais tarde, o município de Iporanga

(SANTOS, 2005).

Segundo os antigos moradores do bairro, a estruturação local iniciou-se

como aglomeração humana a partir da chegada de um casal (senhora

Prudência Maria Rodrigues casada com Antonio Mota), que veio de terras

próximas ao antigo Faxinal (atual Itapeva). Esse casal encontrou a região por

meio de trilhas no interior da floresta. Depois, familiares desse casal, sabendo

da abundância de terras para o cultivo, foram também se estabelecendo na

região, porém de forma dispersa. Essas famílias, Rodrigues e Mota, foram se

reproduzindo e seus filhos também formaram famílias entre si. Assim deram

origem ao Bairro da Serra dos Mota que, juntando-se à área que se

denominava Serra do Macaco, fundada pela família Andrade (que chegou

pouco tempo após esse casal), originou a área que atualmente é conhecida

como Bairro da Serra. Dessas famílias descende quase toda totalidade dos

moradores desse local. Há depoimentos que afirmam ter acontecido uma

miscigenação entre esses familiares e povos indígenas que habitavam nas

proximidades da região (FOGAÇA, 2006).

9 Trilhas utilizadas por povos indígenas em seus deslocamentos periódicos. Alguns trechos

desses peabirus tiveram grande importância no traçado de estradas, como foi o caso da rodovia Apiaí – Iporanga e da Trilha do Telégrafo, no Baixo Vale, também conhecida por Caminho do Imperador ou Caminho Del Rey, que data de meados do século XIX.

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Gradualmente, a localidade constituiu um bairro rural com importante

participação na produção econômica do município e nas diferentes fases

econômicas que se desenrolaram ao longo da história de Iporanga. Muito

embora a documentação histórica para o Bairro da Serra seja bastante

escassa, há ainda o rico acervo da história vivenciada como experiência

pessoal ou transmitida oralmente através das gerações que, por enquanto, é

preservada na memória dos mais velhos (SILVEIRA, 2001; BONDUKI, 2002;

VALENTIM, 2003).

Conta-se que por lá havia uma Casa Grande, comércio de farinha,

curtume e senzala, cujos artigos produzidos - cachaça, rapadura e farinha -

eram comercializados com os tropeiros que traziam mantimentos

indispensáveis, como o sal e o querosene, e aos poucos, o local foi

constituindo um ponto de descanso para as tropas que vinham exaustas do

planalto, ou para aquelas que faziam os últimos preparativos para alcançá-lo

(BONDUKI, 2002).

Havia predominância de casas de pau-a-pique, umas cobertas com sapé

e outras com telhas confeccionadas artesanalmente em olarias próximas ao

bairro, que foram se estabelecendo de forma espontânea. Diferentemente dos

bairros originados em função da mineração, que possuíam um padrão, o Bairro

da Serra se classificava como um bairro com aglomeração central, mas com

predominância da dispersão construtiva no entorno dessa aglomeração. Ou

seja, junto a uma casa grande havia um aglomerado de outras moradias,

geralmente pertencentes à mesma família, mas havia também casas dispersas

pelo bairro que eram ligadas por caminhos (trilhas) que, mais tarde, deram

origem às ruas e projetos de ruas (VALENTIM, 2003).

Não há ruas estabelecidas na margem esquerda do rio Betari, que divide

o bairro, e, mesmo, na margem direita não há uma definição de critério de

arruamento. A disposição das casas no terreno tinha uma organização rural

muito marcada, na “casa grande”, por exemplo, além da moradia, havia

também farinheira, curtume e senzala para os escravos. As outras casas, que

depois foram surgindo no bairro, também possuíam o quintal como algo

bastante importante, ou seja, a casa rural se caracterizava pela distribuição de

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funções (especialmente as de serviços) em várias construções independentes,

dentro de um mesmo espaço (LINO, 1976).

No início do século XVII, esse bairro teve um papel fundamental para

Iporanga. Além da funcionalidade do comércio, também servia como área de

abastecimento de alimentos aos garimpos próximos ao Rio Ribeira de Iguape,

na região onde hoje está localizado o município de Iporanga e seu entorno. Na

época das mineradoras de chumbo, o caminho que corta o Bairro da Serra era

utilizado para transportar o chumbo, além de grande parte de sua população

trabalhar nessas mineradoras, com exceção de moradores, que continuavam

com suas roças, dos palmiteiros ou mateiros, que extraíam vegetais e madeira

diretamente da floresta, e dos poucos garimpeiros que buscavam seus

minérios em pequena escala no Rio Betari, rio que cruza o bairro (SILVEIRA,

2001).

Sendo assim, o Bairro da Serra sofreu grandes influências da exploração

de minérios, pois próximo, e até mesmo em seus limites, se instalaram

mineradoras como Lageado e Furnas. Essas mineradoras, por sua vez,

também originaram aglomerações humanas, fundaram bairros que serviram de

moradias para seus funcionários, mas que, no entanto, com a falência, devido

à exaustão dos recursos, aproximadamente na década de 60, e proibições de

funcionamento das mesmas após transformação de partes de suas áreas em

Unidade de Conservação (UC), foram também se desestruturando e sua

população migrando para outras regiões, principalmente para o bairro da Serra

e para outros municípios em busca de oportunidades de trabalho. Os

trabalhadores que migraram para o bairro da Serra também exerceram grande

participação e influências na configuração atual do bairro. Diante do quadro de

uma região quase que totalmente constituída de área de proteção, a solução

encontrada pelos migrantes que no Bairro da Serra se fixaram foi se dedicar

direta ou indiretamente, em um primeiro momento, à agricultura e, depois da

demarcação do parque, ao turismo, como monitores ambientais ou prestadores

de serviços, que vão desde serviços de manutenção, como pedreiros, limpeza

de terrenos, etc. ou cozinheiras, arrumadeiras e faxineiras. Alguns moradores

continuaram com suas roças, mas em terrenos um pouco mais distantes do

Bairro da Serra (FOGAÇA, 2008).

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Os moradores do Bairro da Serra contam que a agricultura praticada era

a coivara10, herdada das populações indígenas que habitavam a região

(SILVEIRA, 2001). Baseia-se na derrubada de pequenas áreas de mata,

queima e, posteriormente, o plantio de suas roças, cujo caráter itinerante se

ajustava perfeitamente às características ambientais da região, marcada pela

pobreza nutricional dos solos e pelos altos índices pluviométricos.

Apesar da baixa produtividade, quando comparada aos métodos da

agricultura mecanizada, a produção era suficiente para a subsistência dos

grupos familiares e, além de gerar algum excedente para a comercialização,

tinha um papel ainda mais importante que, por meio do mutirão, reforçava

ainda mais a coesão comunitária, fortalecendo a cultura local. A criação de

porcos e galinhas de forma extensiva, bem como a caça e o extrativismo

vegetal, complementavam a dieta e garantiam alguma entrada financeira

adicional. Outros produtos, como fibras, tinturas, essências, medicamentos e

madeira para construção local, eram retirados da mata, que supria a quase

totalidade das necessidades locais (SILVEIRA, 2001; FOGAÇA, 2006).

Todo o material de que a população local necessitava para sobreviver

era retirado da natureza. Suas casas eram construídas com materiais da

floresta e da terra, seus móveis, também, eram transformação da natureza, a

alimentação dependia da água, do solo, da vegetação e da fauna que ali

existia, até os instrumentos de trabalho eram também fornecidos pela fauna ali

presente. A limpeza e o lazer eram diretamente ligados à água entre outras

necessidades que eram supridas pelos elementos da natureza. No local existia

a relação de troca que era baseada na troca de mercadorias sem

necessariamente o uso de moeda. O uso da moeda e o trabalho assalariado

começaram a se manifestar na região somente com a instalação das

mineradoras (FOGAÇA, 2006).

Os primeiros impactos socioculturais registrados no Bairro da Serra, na

primeira metade do século XX, devem-se à instalação das empresas de

10 A coivara consiste na derrubada e queima da mata, conforme relatado anteriormente na

descrição da agricultura de corte e queima, seguindo-se um período de abandono ou pousio para restauração da fertilidade do solo. Constitui uma técnica de manejo de baixo impacto ambiental, mas somente quando a densidade populacional humana é pequena e direcionada ao nomadismo.

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mineração naquele período e à construção da estrada Apiaí – Iporanga

(BONDUKI, 2002, p. 80):

“A abertura da estrada Apiaí – Iporanga, em 1937, e a implantação de duas mineradoras na região contribuíram para empregar muitos moradores do Bairro, mas trouxeram também, transformações culturais e econômicas. Os jovens já não se interessavam em aprender os conhecimentos e as técnicas de trabalhos que os pais tradicionalmente ensinavam, e começaram a buscar oportunidades fora dali. Estes são os primeiros sinais de desestabilização local”.

A abertura dessa estrada trouxe também grandes impactos com

aumento da migração acarretando em um período de grande decadência

econômica ao bairro. A agricultura de subsistência que existia diminuiu ainda

mais, já que muitos dos agricultores migraram para outros locais, além de

muitas mudanças que ocorreram no local como a instalação de igrejas

evangélicas, que vieram com objetivo de evangelizar e organizar a

comunidade, o que gerou mudança da crença católica para evangélica em

grande parte dos moradores locais (TOREZAN, 1995).

O impacto sobre a cultura tradicional local foi ganhando dimensões

críticas até alcançar o ápice com a implantação definitiva do Petar no início dos

anos 80, cuja área demarcada oficialmente englobava parte do Bairro da Serra,

além de outras populações mais isoladas no interior do parque (SANTOS,

2005).

Foi o início do período com mais conflitos na história do bairro, cuja

população se viu, de um momento a outro, destituída dos últimos recursos que

lhes garantiam a sobrevivência. A intervenção promovida pelo Estado na região

não trazia qualquer preocupação com os aspectos de ordem socioeconômica,

e sim estava centrada, exclusivamente, na preservação do ambiente natural, e

para isso, adotou medidas que reprimiram as atividades tradicionais

importantes para sobrevivência da comunidade afetada pela implantação do

parque, perseguindo os infratores e aplicando multas a uma das populações

mais pobre do Estado de São Paulo (FIGUEIREDO, 2000).

A comunidade do Bairro da Serra, uma das mais afetadas pela

instalação do parque, refere-se ao período compreendido entre a implantação

do Petar e o início da fase turística como a “época de grande pobreza”

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(BONDUKI, 2002, p. 79), e dos tempos de fartura, quando “nada faltava e não

havia pobreza”. Há inúmeros relatos locais que reportam a essa época de

fartura, devidamente registrados na literatura especializada (FIGUEIREDO,

2000; SILVEIRA, 2001; BONDUKI, 2002; SANTOS, 2005).

A equipe que então demarcava o parque elaborou, junto à comunidade

local, um processo coletivo de usucapião e fez um acordo informal, pelo qual

uma parte das terras do bairro, onde havia casas de moradia e uma pequena

parte de área de plantação, que pertencia ao parque, fosse desocupada para

que todos colaborassem com o processo e assim fosse resolvida parte da

questão fundiária do parque. Esse processo foi se estendendo até o segundo

semestre de 2005, ou seja, aproximadamente, 20 anos, quando então o Bairro

da Serra deixou de fazer parte do parque (FOGAÇA, 2008).

A mudança de terras coletivas para lotes titulados foi fundamental na

nova estrutura organizacional do espaço. Entretanto, nessa estrutura, com

terras tituladas, área protegida e entorno, a comunidade não tinha o direito de

utilizá-las como bem entendesse. A opção foi o turismo, com estímulo da

equipe de implantação e da administração do parque, por meio da divulgação

da atividade, uma saída na geração de renda e sustento daquela população. A

atividade do turismo, como não fazia parte do cotidiano da maioria, gerou

incertezas sobre o que iria acontecer e levou muitos moradores a vender suas

terras a pessoas de fora da região, principalmente as posses (FOGAÇA, 2006).

Esse processo de venda foi mais evidente na margem direita do rio

Betari. Na margem esquerda do rio, os terrenos permaneceram em maiores

tamanhos e se podem encontrar diversos moradores nativos com glebas

superiores a 50.000,00 m² (SILVEIRA, 2001).

O abastecimento de mercadorias no Bairro da Serra é realizado,

atualmente, por meio de comerciantes ambulantes que vêm de Apiaí, Curitiba e

Registro, trazendo seus produtos em furgões e caminhões, herdeiros modernos

dos antigos tropeiros, que comercializam localmente artigos de vestimenta,

alimentos e utensílios (BONDUKI, 2002).

Diante dessa situação, muitos moradores do Bairro continuam cultivando

seus roçados por meio da coivara, alguns escondidos na mata, mas sob o risco

constante da aplicação de multa, outros sobre o mesmo terreno, provocando o

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desgaste excessivo do solo. Embora não tenham o apoio dos mais jovens,

resistem e seguem praticando seus costumes tradicionais, agora

transformados em crime, na busca de sustento imediato para suas famílias

(SILVEIRA, 2001).

Com a implementação da atividade turística, houve necessidade de

serem criados objetos novos e adaptados a alguns já existentes, assim

modificando quase que totalmente a paisagem desse bairro. Ou seja, o espaço

natural, apesar de já possuir algumas adaptações, mas ainda com

predominância do natural sobre o cultural, sofreu maiores alterações para

apresentar condições vitais à sobrevivência da comunidade, dentro da nova

realidade (FOGAÇA, 2006).

O homem, já não é mais o “mateiro”, agricultor ou minerador, agora sua

atividade é o turismo que lhe oferece a função de monitor (a) ambiental,

cozinheiro (a), quituteiro (a), funcionário (a) do parque, caseiro (a), entre outras.

Atualmente, o bairro da Serra pode ser considerado a área que mais concentra

serviços turísticos próximo ao Petar e, por isso, atende ao maior número de

visitantes. É importante destacar que esse processo de mudança, da

exploração dos recursos naturais para sua preservação e uso turístico, não

alterou somente a paisagem, e essa mudança de paisagem não se

desenvolveu isoladamente; o homem social também se modificou,

influenciando assim as mudanças na paisagem local (SILVEIRA, 2001;

FOGAÇA, 2006, 2008).

2.3 Linha do tempo

As deficiências nos transportes e nas comunicações deixaram e ainda

têm deixado isoladas muitas pequenas comunidades, aparentemente não ou

pouco afetadas pela passagem do tempo. Também, muitos estudiosos

percebem dois tipos de Brasil, que possuem atividades relacionadas à

agricultura de subsistência, entre outros modos de vida, inseridas em

comunidades que mantêm características e culturas antigas localizadas

próximas às cidades modernas. Essa disparidade é perceptível no estado de

São Paulo (SHIRLEY, 1977; LAMBERT, 1978), por exemplo, ao comparar a

região do Vale do Ribeira com a capital paulista e região ao seu redor.

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A geografia e o clima do Vale do Ribeira afetaram a história desse local,

sendo fatores também importantes para compreender o passado, futuro e o

desenvolvimento dessa região, que ainda possui florestas não tocadas pelo

homem desde a colonização portuguesa. Essa região atualmente é

considerada um potencial turístico, e a paisagem e o clima são os principais

atrativos para isso. Shirley (1977, p. 33; 35) enfocou o impacto das cidades

modernas em uma comunidade do Vale do Paraíba, localizada no estado de

São Paulo:

“Aqui, o novo e o velho existem lado a lado. Mas o velho está sentindo o impacto do novo e está mudando [...] à história do transporte [...], das estrada, da migração dos povos e do embarque de muitas espécies de produtos [...] faz com que seja sempre uma região periférica [...] sempre secundária e dependente dos grandes movimentos sociais e econômicos, que ocorreram na região vizinha [...] e no imenso interior de São Paulo ...”

A região é historicamente habitada principalmente por descendentes de

escravos, indígenas e colonizadores que chegaram à região no século XVI,

quando Iporanga viveu um curto ciclo econômico de garimpo de ouro

(FIGUEIREDO, 2000). Os moradores da região organizaram-se em núcleos

frouxos de povoamento fortemente ligados por laços de parentesco, chamados

posteriormente de bairros. O modo de vida dos moradores pode ser definido

como agroextrativista, extremamente dependente da floresta. Era praticada a

agricultura itinerante ou roça de coivara, com plantio de rotação de culturas que

incluem principalmente o arroz, o feijão e o milho. Criavam-se de forma

extensiva porcos, galinhas e outros animais domésticos, alimentados pela roça

e pela floresta (PETRONE, 1961; ADAMS, 2000).

Outras formas de relação material com a floresta circundante eram a

retirada de madeira para uso doméstico (lenha, construções), caça, coleta de

frutos (muitas vezes plantados pelos antigos moradores) e de plantas úteis,

como aquelas de uso medicinal. A paisagem da região era constituída,

portanto, por um mosaico de áreas em uso, áreas de floresta em regeneração

e áreas de floresta pouco alteradas (PAOLIELLO, 1999).

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Mesmo que o Vale do Ribeira (principalmente o Alto Vale) tenha

participado de forma apenas marginal do processo de urbanização e

industrialização do estado de São Paulo e que o modo de vida dos moradores

tenha sido historicamente compatível com a permanência de uma paisagem

florestal, ainda assim não se pode analisar a realidade social da região sem

levar em conta a interação dos moradores com o restante do país. A economia

dos moradores da região sempre dependeu, por um lado, da relação agro-

extrativista com a floresta, e, por outro, de aquisição de dinheiro para obtenção

de itens não produzidos localmente. É certo que a autossuficiência dos

moradores era muito maior décadas atrás do que atualmente, tendo sido

aumentada, hoje, a necessidade de dinheiro (VIEIRA e MIRABELLI, 1989).

No século XX, alguns empreendimentos capitalistas chegaram à região,

como companhias mineradoras de chumbo e calcário e fazendas de gado. Por

um lado, estes empreendimentos criaram conflitos fundiários com habitantes

locais, já que a forma de apropriação e herança da floresta era baseada no uso

e não na propriedade da terra. Por outro lado, geraram empregos para alguns

membros das famílias agroextrativistas (PAOLIELLO, 1999).

Outro empreendimento importante na região que teve a mesma função

foi o corte de palmito da palmeira juçara (Euterpe edulis), tornado ilegal e

agenciado principalmente por atores sociais externos. Esse cenário apontava

para o desalojamento definitivo da floresta e também para uma gradual

expropriação das terras historicamente ocupadas pelos habitantes locais,

sujeitando-os à condição de mão de obra assalariada ou à migração.

Entretanto, entram aí novos atores sociais para modificar a história do local

(VIEIRA e MIRABELLI, 1989).

A região do Alto Ribeira contém a maior concentração de cavernas

calcárias do estado e faz parte da maior área contínua de mata atlântica

remanescente. Além de alguns empreendimentos minerários, existia na região,

na década de 1950, uma sede do Instituto Geológico e Geográfico, órgão do

Governo do Estado encarregado de pesquisas sobre minerais. Existia então,

em 1958, uma arena de conflitos constituída pelos seguintes atores sociais

(SILVEIRA, 2008):

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a) Grandes empreendedores com interesses capitalistas que tentavam com

pouco sucesso explorar a região;

b) Pesquisadores da área geológica que militavam pela proteção das inúmeras

cavernas da região, com o apoio de atores da imprensa; e

c) Atores do governo estadual, ligados ao então governador Jânio Quadros,

com projetos de desenvolvimento turístico em um paraíso ecológico e/ou com

interesse de resguardar recursos florestais no modelo americano de Parques

Nacionais.

Esse embate transformou pouco mais de 37.000 hectares de uma região

de florestas, repleta de moradores sem o título da terra, e comprada ou grilada

por empreendedores externos, no Petar. A questão era transformar o local em

área protegida voltada ao turismo de habitantes da cidade, a princípio com uma

base estatal de infraestrutura. O turismo incluiria caça e pesca, ou seja, uso

direto da floresta. Os moradores da região e o poder municipal parecem ter tido

pouco poder de participação nesta arena. A criação do Petar, na realidade,

trouxe poucas modificações ao cotidiano dos moradores, pois o parque

permaneceu sem implantação por mais de 20 anos (FIGUEIREDO, 2000;

SILVEIRA, 2001).

No início dos anos de 1980, uma nova arena de conflitos se configurou

no Alto Ribeira. Ela incluía novos atores sociais que se relacionavam com a

região (SILVEIRA, 2008):

a) Espeleólogos (exploradores de cavernas), organizados em torno de grupos

espeleológicos e da Sociedade Brasileira de Espeleologia, SBE. Partiu destes

atores sociais a reivindicação de que o Petar fosse de fato implantado e que as

matas e as cavernas fossem resguardadas;

b) Funcionários da Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista

(Sudelpa), ligados ao então governador Franco Montoro, que tinham como

objetivo a implantação das diversas unidades de conservação ambiental do

Vale do Ribeira criadas ao longo do tempo, sendo o Petar uma área-piloto;

c) Novos empreendedores (madeireiras, mineradoras e outros) instalados ou

com objetivos de se instalarem na região;

d) O poder municipal, alinhado com os empreendedores e com atores

envolvidos com o corte de palmito; e

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e) Moradores sentindo-se ameaçados ao mesmo tempo pelos

empreendimentos e pelo parque, mas de forma geral se alinhando contra a

implantação do Parque.

Neste período, um personagem fundamental no desfecho dos

acontecimentos foi Clayton Lino, arquiteto, espeleólogo e hoje personalidade

importante no cenário do ambientalismo brasileiro. Lino conseguiu articular a

implantação do Petar liderando a equipe da Sudelpa, tendo forte influência

entre os espeleólogos e proximidade com os moradores do local que se tornou

o centro do turismo na região, o Bairro da Serra (FIGUEIREDO, 2000).

O desfecho destes conflitos foi a implantação do Petar, a paralisação de

todos os grandes empreendimentos e o estabelecimento do ecoturismo como

projeto de desenvolvimento para a região. Os moradores almejavam a

continuidade de sua economia agroextrativista e demandavam atividades que

gerassem salário a uma parte da família, em uma relação de assistencialismo e

clientelismo com o poder público municipal. Com a implantação do Petar, os

moradores da região não foram retirados, mas tiveram que readaptar seus

projetos e organização social à nova realidade que se apresentava (SILVEIRA,

2001).

No período da criação do Petar, o centro das atenções foi a região de

Caboclos, no norte do parque. No período da implantação, o Bairro da Serra

tornou-se o palco principal da arena de conflitos e do projeto de

desenvolvimento do turismo. Foi no Bairro da Serra que começaram a aportar

os primeiros espeleólogos, na década de 1960. A caverna Santana, hoje a

principal atração turística da região, fica a aproximadamente 10 km do bairro.

Foi lá também que os primeiros moradores do local passaram a receber

turistas em suas casas e guiá-los na mata. A área do bairro que ficou fora do

parque não permite a perpetuação de um modo de vida agroextrativista

(FOGAÇA, 2008).

As mineradoras e outros empreendimentos fecharam as portas. A

fiscalização passou a ser intensiva no local e os turistas começaram a chegar

cada vez com mais frequência. Alguns dos moradores que tinham mais

proximidade com os agentes externos foram contratados como funcionários da

caverna Santana. Os moradores viram-se, portanto, obrigados a assumir o

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turismo como projeto de futuro, viver na economia clandestina do palmito ou

migrar. Como consequência de tudo isso, o projeto do desenvolvimento do

turismo se impôs de forma inexorável aos moradores do Bairro da Serra

(FIGUEIREDO, 2000).

Os anos de 1990 viram a transformação de alguns turistas em

moradores do Bairro da Serra. Estes novos moradores juntamente com turistas

que tinham proximidade com os moradores antigos fundaram a Associação

Serrana Ambientalista (ASA), que incorporou com o tempo membros das

famílias antigas do bairro, principalmente jovens. A ASA transformou-se em

importante instrumento de reivindicação do Bairro da Serra, sendo a

responsável pela articulação do primeiro curso de monitores ambientais, que

tinha como objetivo a capacitação dos jovens da região para o trabalho com os

turistas. A ASA tornou-se representante oficial do bairro da Serra em diversas

instâncias de decisão municipal, regional e estadual (COSTA-PINTO et al.,

2001).

Vê-se então que a pauta das negociações entre Estado e moradores,

permeada pela participação de espeleólogos, operadores de ecoturismo e

ONGs, deu-se em torno de como o turismo pôde resolver os conflitos criados

pela implantação do Petar. Há, entretanto, no Bairro da Serra, um grande

descontentamento dos moradores com as mudanças sociais ocorridas. Este

descontentamento passa por duas vertentes: a primeira é relacionada a uma

interrupção nas formas costumeiras de sociabilidade, baseadas na agricultura,

caça e outras atividades agroextrativistas. A sociabilidade criada pelo turismo

cria outros parâmetros de status social e conecta os moradores ao universo

urbano-industrial dos turistas, fato que pode ser percebido de forma evidente

na crescente urbanização do local. Gerou-se na fala dos moradores uma

nostalgia pelo tempo dos antigos, que era tomado como referência para criação

de uma identidade de morador tradicional na reivindicação de direitos

(SILVEIRA, 2007).

Como grande parte dos moradores é fiel, há algumas décadas, da igreja

evangélica Congregação Cristã do Brasil, muitas vezes a situação de

mudanças de valores em que os moradores estão colocados é relacionada ao

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Apocalipse, e a adesão à doutrina da Igreja aparece como forma de salvação

(FOGAÇA, 2006).

A segunda vertente de descontentamento tem ares mais concretos:

refere-se ao fato de o projeto turístico se apresentar como solução inacabada

no Bairro da Serra. Primeiro, porque é um consenso entre moradores e atores

externos que o turismo já chegou ao seu limite de intensidade suportável no

Bairro da Serra, e mesmo assim não é capaz de oferecer emprego a todos os

moradores (BARBOSA, 2007).

Desta forma, ainda é grande o movimento de saída e retorno dos

moradores, rumo a centros urbanos como Sorocaba, São Paulo, Campinas ou

Itu. Em segundo lugar, porque a economia do turismo como única opção gerou

a estratificação social no Bairro da Serra, sendo que os mais pobres não têm

mais a roça como supridora da alimentação familiar. Em terceiro lugar, porque

os impactos relativos à rápida urbanização do bairro têm trazido conflitos com a

administração do Petar, a cargo do Instituto Florestal, um órgão da Secretaria

Estadual do Meio Ambiente, que tem tentado controlar a todo custo as

construções no bairro.

Assim, verifica-se que as alterações dos processos produtivos na região

do Vale do Ribeira não trouxeram à população melhoras financeiras nas

condições de vida, pelo contrário, pode-se dizer que foram efetivados às suas

expensas (VIEIRA e MIRABELLI, 1989). Sendo assim, tomando por base uma

linha de tempo (SILVA, 2007), observa-se que as abordagens sobre os

problemas regionais que envolvem o Vale do Ribeira estão em sua maioria

centrados no pensamento econômico baseado no crescimento como

pressuposto ao desenvolvimento. Porém, verifica-se que o agente responsável

não só pela pobreza material regional, mas também pelos conflitos instalados

na região, sempre surgiu quando havia busca de medidas emergenciais para o

crescimento econômico.

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106

1511-1520 1531-1540 1541-1550 1571-1580 1621-1630 1691-1700 1711-1720 1751-1760

* Criação da casa de

fundição de ouro em

Iguape.

* Início da busca ao

ouro

* Intensificação da

ocupação humana

no Vale do Ribeira

* Primeiros cultivos

econômicos no

garimpo Santo

Antônio

* Exportação

de produtos

das lavouras

do Vale do

Ribeira para

RJ, Santos,

SC, RS e

Portugal

* Colonização por

portugueses e

espanhóis do Vale

do Ribeira

(iniciado em

Cananeia e

Iguape) –

Destaque para o

Bacharel Cosme

Fernandes

* 1º Documento

fidedigno que

registra a presença

de europeus no Vale

do Ribeira – Diário

da Navegação da 1ª

Expedição

Colonizadora de

Martim Afonso de

Souza

* Auge da 1ª

fase

econômica

do Vale do

Ribeira –

ciclo do ouro

* 1º Grupo de

garimpeiros

estabeleceu-se

próximo à foz do Rio

Pilões (local onde é o

atual Bairro Ribeirão)

– originando o

garimpo Santo

Antônio (Princípio

para a futura

formação do

Município de

Iporanga)

* O garimpo

Santo

Antônio foi

elevado à

condição de

Arraial

(Arraial de

Santo

Antônio)

* Corrida às

minas gerais –

Início da

decadência do

ciclo do ouro

no Vale do

Ribeira

* Auge da 2ª

fase

econômica do

Vale do Ribeira

– Construção

Naval

(Cananeia e

Iguape)

* Início das

construções

da capela e

cemitério no

Arraial de

Santo Antônio

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107

1511-1520 1531-1540 1541-1550 1571-1580 1621-1630 1691-1700 1711-1720 1751-1760

* Criação da casa de

fundição de ouro em

Iguape.

* Início da busca ao

ouro

* Intensificação da

ocupação humana

no Vale do Ribeira

* Primeiros cultivos

econômicos no

garimpo Santo

Antônio

* Exportação

de produtos

das lavouras

do Vale do

Ribeira para

RJ, Santos,

SC, RS e

Portugal

* Colonização por

portugueses e

espanhóis do Vale

do Ribeira

(iniciado em

Cananeia e

Iguape) –

Destaque para o

Bacharel Cosme

Fernandes

* 1º Documento

fidedigno que

registra a presença

de europeus no Vale

do Ribeira – Diário

da Navegação da 1ª

Expedição

Colonizadora de

Martim Afonso de

Souza

* Auge da 1ª

fase

econômica

do Vale do

Ribeira –

ciclo do ouro

* 1º Grupo de

garimpeiros

estabeleceu-se

próximos a foz do Rio

Pilões (local onde é o

atual Bairro Ribeirão)

– originando o

garimpo Santo

Antônio (Princípio

para a futura

formação do

Município de

Iporanga)

* O garimpo

Santo

Antônio foi

elevado à

condição de

Arraial

(Arraial de

Santo

Antônio)

* Corrida às

minas gerais –

Início da

decadência do

ciclo do ouro

no Vale do

Ribeira

* Auge da 2ª

fase

econômica do

Vale do Ribeira

– Construção

Naval

(Cananeia e

Iguape)

* Início das

construções

da capela e

cemitério no

Arraial de

Santo Antônio

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108

1761-1770 1781-1790 1811-1820 1821-1830 1841-1850 1851-1860 1871-1880

* Substituição da

capela do Arraial de

Santo Antônio pela

Igreja de Sant‟ Anna

de Iporanga

* Início da construção

do Valo Grande

(canal artificial entre o

Rio Ribeira e o porto

de Iguape)

* O Arraial de Santo

Antônio foi elevado à

Freguesia Sant‟ Anna

de Iporanga

* Término da

construção do

Valo Grande

* Diversificação da

agricultura em

Iporanga

* Expansão da

cafeicultura no

Brasil

* Encerramento do

funcionamento da

casa de fundição do

ouro em Iguape

* Início das

primeiras

lavouras de

monocultivo de

arroz no Vale do

Ribeira

* Especialização

crescente no

cultivo de arroz em

Iporanga

* Auge da 3ª fase

econômica do Vale

do Ribeira – ciclo do

monocultivo de arroz

* Lei Eusébio de

Queiroz (extinção

do tráfico

transatlântico de

escravos africanos)

* Arroz produzido

no Brasil deixa de

ser um dos 10

produtos mais

exportados

* Instalação da

Companhia de

Mineração

Iporanga S/A

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109

1881-1890 1901-1910 1911-1920 1921-1930 1931-1940

* Fim da

escravidão no

Brasil

* Assoreamento do Valo

Grande – um dos maiores

golpes na economia do Vale do

Ribeira, já que era importante

trecho por onde as navegações

levavam produtos de

exportação

* O Vale do Ribeira prosseguiu com alguma produção de arroz, cuja qualidade foi amplamente reconhecida na mostra Exposizione Internacionale Delle Industrie e Del Lavoro realizada em Turim na Itália, recebendo o título de “Melhor Arroz do Mundo”.

* Declínio da

economia do

arroz no Vale

do Ribeira

inteiro

* Suinocultura foi configurada

como um dos principais itens na

economia de Iporanga

* Imigração japonesa para o Vale do Ribeira.

* 1ª Fábrica de palmito na Fazenda Santana – localizada no Bairro Pilões em Iporanga (palmito produto de relevante valor comercial e abundante na época no Alto Ribeira).

* Iporanga começou a se

estabelecer como centro

comercial por onde fluía toda a

produção excedente das

lavouras do Alto do Ribeira

* Instalação de mineradoras de chumbo, prata, zinco, ouro e calcário nas jazidas de FURNAS e Lageado, próximas a Iporanga, que gerou muitos empregos para população local

* 1ª Excursão Botânica ao Vale do Ribeira – princípio da definição de implantação das Unidades de Conservação

* Abertura da estrada que liga Apiaí a Iporanga.

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110

1941-1950 1951-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1990

* Encaminhamento do pedido oficial para criação do Parque Estadual do Alto do Ribeira (Petar).

* Intensificação do extrativismo do palmito no Vale do Ribeira.

* População local no entorno do Petar continuou com atividades que envolviam o uso da floresta para subsistência da família.

* O pedido de criação do Petar retornou na forma do Decreto 32.283 de 19 de maio de 1958.

* Instalação de energia elétrica no Bairro da Serra.

* Abertura de novas estradas como rotas para o planalto, o que gerou um período difícil para Iporanga, de estagnação econômica.

* Auge do regime militar no Brasil.

* Centro Histórico de Iporanga foi tombado como patrimônio histórico, arqueológico, artístico e turísco do estado.

* Declínio da exploração de minérios.

* Aumento das atividades predatórias no Vale do Ribeira (mineração irregular, extração de madeira e agropecuária sem planejamento).

* Inauguração de fábricas de extrativismo vegetal, serraria, palmito e agropecuária em Iporanga.

* Início de um pequeno fluxo de turismo.

* Implantação definitiva do Petar.

* Início da expansão da bananicultura e teicultura no Vale do Ribeira.

* Construção da Rodovia Régis Bittencourt que facilitou o acesso com a invasão de grileiros e especuladores fundiários na região de Iporanga, levando a conflitos com muitos feridos e mortes.

* A exploração de chumbo e prata foi reativada no Vale do Ribeira.

* Reviravolta na vida em Iporanga e no Vale do Ribeira todo – Intervenção do Estado – embargo dos desmatamentos, madeireiras, fábricas de palmito e minerações, causou desempregos e emigração local.

* Início da indústria do turismo e ecoturismo em Iporanga, um novo ciclo econômico se iniciou no município e continua até os dias de hoje.

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3 METODOLOGIA

3.1 Local e período do estudo

A pesquisa foi desenvolvida com agricultores que residem no Bairro da

Serra, um dos principais bairros rurais ligado ao município de Iporanga-SP,

localizado às margens da rodovia SP-165. A coleta de dados foi realizada no

período de fevereiro de 2008 a março de 2009.

3.2 Métodos

A base da metodologia adotada foi o conhecimento do agricultor sobre

Unidade Produtiva (UP), que é toda área utilizada pelo agricultor para

desenvolver seu sistema de produção, independentemente de a área estar

situada ou não na propriedade em que reside (AZEVEDO, 2001). Assim, os

dados do trabalho se basearam em informações fornecidas pelos próprios

agricultores.

Antes do início das atividades a campo, foram realizadas reuniões com a

comunidade, com o intuito de esclarecer os objetivos da pesquisa e pedir

autorização dos agricultores para sua realização no local.

O trabalho de campo foi realizado em períodos sucessivos de

convivência local. A pesquisadora residiu na comunidade no período de março

de 2008 a março de 2009. Foram utilizados os princípios da técnica da

observação participante, processo que consiste na integração do pesquisador

com os moradores, objeto de sua investigação. O que implica em dupla

necessidade: participar da vida comunitária e observar o que se produz ao seu

redor (BECKER, 1999; CORREIA, 2005).

Segundo Cunningham (2001), é melhor trabalhar com um pequeno

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112

grupo de bons informantes, informantes-chave, do que com um grande grupo

de informantes que tenham pouco conhecimento do assunto. Informante-chave

é aquele que, dentro de sua comunidade, tem conhecimentos mais detalhados

acerca do assunto pesquisado. É importante ter cuidado nas entrevistas

individuais para que não se tornem estudos de caso, cabendo ao pesquisador

transpor as informações coletadas para uma visão global.

Dessa forma, o critério de escolha desses informantes, indicados pelos

próprios membros da comunidade, por intermédio de reuniões e visitas

individuais, baseou-se na escolha de agricultores nascidos e criados na região

e que reuniam maior gama de informações sobre a roça de subsistência

praticada em suas UPs e que possuíam disponibilidade de tempo e desejo de

participar das entrevistas. Também foi considerada a capacidade tanto do

informante quanto da pesquisadora de estabelecer diálogos.

Após a escolha desses informantes, foi realizada a identificação e

descrição geral de um conjunto de onze UPs, que se inseriram nas

características determinantes. Essa descrição foi obtida por meio de entrevistas

semiestruturadas, em que não são feitas perguntas pré-determinadas,

fechadas, mas sim, que permitam estabelecer um diálogo com o entrevistado.

Foi utilizado um roteiro básico para aplicar a entrevista, segundo Thompson

(1998).

Com os dados obtidos nessas entrevistas, foi construído um banco de

dados, que permitiu a análise e interpretação das informações obtidas e a

escolha dos informantes para participar da coleta de dados da segunda etapa

do trabalho, em busca de maior detalhamento sobre o manejo de sementes

nas UPs. Participaram dessa segunda etapa sete UPs, pois quatro UPs não

continuaram por falta de tempo e por não estarem se dedicando

exclusivamente a atividades ligadas à roça.

A estrutura metodológica para desenvolver o detalhamento do manejo

de sementes constituiu em descrever as percepções dos agricultores sobre

esse tema. Foi desenvolvida por meio de entrevistas abertas e visou a

sistematizar o saber local e relacioná-lo com o conhecimento científico no

sentido de se compreenderem as lógicas utilizadas pelos agricultores nos

manejos das sementes. Esse critério foi o adotado por Descola (1986).

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113

3.2.1 Coleta de dados

A coleta de dados foi dividida em duas etapas. Na primeira, buscou-se

caracterizar as estratégias de manejo dos agricultores da região em relação

aos seus sistemas de produção. Na segunda etapa, o foco central foi identificar

as espécies de plantas com propagação por sementes utilizadas na roça e os

processos de obtenção, seleção e armazenamento dessas sementes.

3.2.1.1 Primeira etapa de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em onze UPs (Tabela 1) e teve por

objetivo obter a descrição qualitativa e quantitativa das UPs para que fosse

possível caracterizar as estratégias de manejo dos agricultores desse local em

relação aos seus sistemas de produção.

O trabalho de campo foi dividido nas seguintes ações (Figura 5):

1) Visita inicial para a pesquisadora se apresentar aos moradores locais e

conhecer a área a ser pesquisada.

2) Elaboração de um roteiro-guia em forma de questionário com perguntas

dirigidas, sendo utilizado como um guia dinâmico, e de um manual explicativo

para o uso do questionário, visando a orientar o entrevistador sobre o conteúdo

e a forma das questões adotadas. As questões abordadas nas entrevistas

basearam-se na realidade da região, dentre outras situações, e nas indicações

da literatura.

3) Reuniões com a comunidade, em que foi explicado o trabalho e recebido

informalmente o aceite dos agricultores que desejaram participar da

investigação.

4) Identificação dos informantes-chave que participaram das entrevistas.

5) No trabalho de campo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas,

visando a proporcionar liberdade de expressão do entrevistado. As entrevistas

objetivaram a caracterização das UPs e das comunidades por meio da história

oral sobre elas. O roteiro-guia serviu como orientação para a coleta de dados e

foi feito de modo o mais adequado possível.

6) Sistematização das informações obtidas. As entrevistas gravadas foram

transcritas.

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114

TABELA 1. Código e nomes das UPs, nome dos informantes e utilização da área.

Código UP Nome da UP Nome dos Informantes Utilização da Área

BS001

Casa- lote Sinézio Rodrigues; Dionízia Rodrigues

Residência

Chacrinha do macaquinho Cultivos e diversão nos finais de semana

Sítio Serra Roça

BS002 Casa- lote Benedito Celestino

Ivone Mota Celestino

Residência

Sítio Serra dos Motas Cultivos, roça e diversão nos finais de semana

BS003 Sítio do final do Bairro da Serra Augusto de Godoy; Izabel Maciel Godoy

Roça e residência

BS004

Casa- lote

Luzia Dias dos Santos

Residência

Sítio Juvevá Roça

Sítio Ribeirão Cultivos e diversão nos finais de semana

BS005 Sítio Novo Alcina Rosa de Moura Roça e residência

BS006 Sítio Novo José de Moura; Zilda de Moura

Roça e residência

BS007 Casa- lote Pedro Rodrigues Mota

Lindalva de Andrade Mota

Residência

Sítio Coutinho Cultivos, roça e diversão nos finais de semana

BS008 Sítio Passagem do meio Adir Rodrigues;

Pedrina de França Rodrigues

Residência

Sítio Casa Velha Roça

BS009 Casa- lote

Juracy Fernandes de Andrade Residência

Sítio Tio Grande Roça

BS010

Casa- lote

Jair Fernandes de Andrade

Residência

Casa- lote Residência dos filhos e ex-esposa

Sítio Lagoa Grande Cultivos, roça e diversão nos finais de semana

BS011 Sítio Berta Fundo Josué Rodrigues Bastos Roça e residência

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115

7) Armazenamento de todos os dados coletados das entrevistas, além das

observações de campo feitas pela pesquisadora em banco de dados

construído no programa Excel.

8) Análise e interpretação dos dados por meio de estatística descritiva e para

os componentes que entram na UP. Além da análise descritiva, foi realizada

também estatística multivariada por componentes principais.

Visita inicial para conhecer a área da pesquisa

Elaboração do roteiro guia e manual

Reunião para receber o aceite dos agricultores para realização da pesquisa

Identificação dos informantes-chave

Realização da entrevistas

Sistematização dos dados

Banco de dados

Análise e interpretação dos dados

FIGURA 5. Síntese da estrutura metodológica da coleta de dados.

Os aspectos abordados no guia e manual de entrevistas foram os

seguintes:

1) Informações Gerais: identificação com o código da UP, com os nomes da

equipe que coletou os dados, nomes dos informantes e a data da coleta dos

dados, Identificação da UP com o histórico do agricultor e de sua família,

história da comunidade, história da UP e composição da família.

2) Saúde e Educação Familiar: doenças mais comuns dos membros da família,

assistência médico-hospitalar, pessoa da comunidade que orienta nos

momentos de doença, educação da família e padrão de alimentação da família.

3) Caracterização da UP: área total e utilização do solo, caracterização da(s)

mata(s), caracterização das aguadas, benfeitoria, cercamento, máquinas e

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116

implementos disponíveis, animais de tração e de serviço, aspectos

conservacionistas da UP e sistema extrativista.

4) Calendário agrícola.

5) Economia da UP: componentes que entram e saem da UP e quantidade,

financiamentos, mão de obra contratada e o tempo gasto na UP, fontes de

renda (outras que não a auferida na UP), meios de transporte utilizados para

escoamento da produção, produção e necessidade de compra.

6) Perguntas dirigidas sobre a legislação ambiental e turismo que interferiram

no cotidiano da comunidade.

Os cuidados tomados pela pesquisadora durante as entrevistas foram

baseados nas informações de Azevedo (2001). As respostas obtidas durante a

entrevista foram registradas por intermédio de anotações em caderno, sempre

utilizando as mesmas palavras que o entrevistado enfocava evitando resumir

as respostas, e quando o agricultor permitiu, foram gravadas.

3.2.1.2 Segunda etapa de coleta de dados

Essa etapa foi realizada com sete UPs (BS001, BS003, BS005, BS006,

BS008, BS009 e BS011). Consistiu em visitas iniciais explicando a

continuidade do trabalho, sendo realizada após o aceite dos agricultores em

continuar participando, quando então as entrevistas foram agendadas.

O objetivo foi aprofundar sobre o conhecimento dos agricultores em

relação ao manejo de sementes cultivadas nas roças e ocorreu por meio de

entrevistas abertas, em busca da compreensão das lógicas utilizadas por eles

em relação às questões abordadas. Foram identificadas e descritras as

percepções dos agricultores sobre suas relações produtivas no manejo de

sementes cultivadas nas roças, focando os processos de coleta, seleção,

classificação e uso de sementes cultivadas nas roças.

Dessa forma, foi elaborado um roteiro-guia, utilizado na abordagem

sobre as sementes, porém como as entrevistas foram abertas, cada questão foi

aprofundada conforme cada informante, o qual forneceu as informações

livremente, mas a pesquisadora conduziu a entrevista de modo que não fosse

perdido o foco do questionamento.

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117

Perguntas feitas aos agricultores: Qual a frequência do plantio?

Tamanho da roça? Como foi a última colheita? Tempo que deixa a terra

descansar para plantar no mesmo lugar? Quais as espécies cultivadas na

roça? Origem das sementes que usa? Guarda semente da época dos pais, tios

ou avós? Vende ou troca a produção da roça? Faz alguma coisa para fornecer

nutrientes para as plantas ou para controlar pragas e doenças? Compra algum

produto para tratar das plantas? Faz alguma coisa para dar nutrientes para as

plantas ou para controlar pragas e doenças que é da própria roça?

Para descrição do manejo de sementes, foi elaborado um roteiro-guia

simples com as seguintes perguntas: os tipos de sementes utilizadas no plantio

das roças, considerando a experiência dentro e fora da UP; os critérios para

identificação desses tipos de sementes: nome da semente, produtividade,

como cultivar, como armazenar, origem da semente, etc.; como são realizados

o uso e o manejo das sementes identificadas pelo agricultor na entrevista;

quais os tipos de áreas e solos em que a semente pode ser plantada; identificar

o tipo de semente considerada ideal: qualidade da semente / desvantagem e

vantagem da semente; onde e como obtiveram tais conhecimentos sobre

sementes e como é realizado o processo de transmissão desses

conhecimentos; procedimentos de obtenção, coleta, seleção, classificação e

uso de sementes por agricultores; quanto tempo demora a germinação de cada

tipo de semente; quanto tempo demora para colheita; qual a época de plantio

de cada semente; qual a origem das sementes identificadas pelos agricultores;

e qual a quantidade que planta de sementes por cova e por área (litro,

tonelada).

3.3 Sistematização e Análise dos Dados

3.3.1 Dados obtidos na primeira etapa da coleta de dados

A partir das entrevistas foram feitas identificações, caracterizações e

descrições das onze UPs estudadas. Foi feita decomposição de todas as

informações obtidas nas entrevistas e redigidos relatórios descritivos sobre

cada UP. Em seguida, foram desenvolvidas descrições em forma de texto do

histórico de cada UP, aspectos relacionados com as atividades comunitárias,

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118

comunicação e locomoção, saúde, assistência técnica, práticas de ajuda

mútua, leis e turismo.

Por meio de estatística descritiva, foram determinados o nível escolar da

população do Bairro da Serra, componentes que saem da UP e unidades de

manejo. Para realizar as análises descritivas, foram elaboradas matrizes

binárias, constituídas por variáveis que quantificam dados qualitativos

(variáveis binárias), atribuindo-se o valor 1 (um) para presença de

determinadas características e 0 (zero) para ausência das características que

explicam cada tópico analisado (REIS, 2001). As variáveis com variância de

valor zero foram excluídas da matriz.

Para calcular a disponibilidade de mão de obra foi utilizada uma planilha

elaborada com objetivo de calcular a disponibilidade de força de trabalho por

UP. Essa planilha foi desenvolvida pelo Programa de Estudo de Sistemas

Agrícolas vinculado à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

A força de trabalho total disponível para a UP foi calculada pela fórmula:

FTT = FTF + FTA + FTTS + FTC

em que:

FTT é a força de trabalho disponível total;

FTF é a força de trabalho de membros da família;

FTA é a força de trabalho dos agregados à família (avós, parentes etc) que

vivem com a mesma;

FTTS é força de trabalho fruto da troca de serviços de qualquer natureza

(mutirões, troca de dias etc.); e

FTC é a força de trabalho contratada na forma de diárias.

A FTT é calculada considerando a natureza distinta do trabalho feminino

e do trabalho masculino.

Para a descrição dos componentes (insumos, alimentos, espécies,

dinheiro, etc.) que entram nas UPs, foram estabelecidos critérios supra-

ordenados de agrupamento dos itens informados pelos agricultores. Esses

critérios foram necessários para a organização do conjunto extremamente

amplo e variado de informações representadas na primeira matriz. Entretanto,

a definição e nominação desses critérios foram feitas com a colaboração dos

agricultores, respeitando a nomenclatura por eles indicada.

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119

Com esses critérios, foram construídas novas matrizes binárias nas

quais as linhas representavam os itens que entram e saem das UPs e as

colunas os critérios supraordenados. Atribuiu-se o valor 1 (um) ao item que

tinha relação ao critério e o valor 0 (zero) ao que não tinha. Esses critérios não

foram excludentes no sentido de que um item poderia estar presente em mais

de um critério. A partir dessa categorização, foram realizadas as análises

estatísticas.

Essa matriz binária representa a organização do conhecimento dos

agricultores, sem intervenção dos pesquisadores. Os critérios utilizados para

descrever os componentes que entram e saem, foram:

- Alimentação humana: todo tipo de alimento que é necessário comprar, devido

à não produção pela UP (sal, café, açúcar, óleo e carne);

- Limpeza de casa: materiais de limpeza (sabão, detergente, esponja de aço,

etc.);

- Alimentação animal: ração, vitaminas, entre outros tipos de alimentos para as

criações;

- Remédio para animal: vacinas, carrapaticida etc.;

- Despesas da casa: água, luz, gás e telefone;

- Higiene pessoal: sabonete, creme dental, papel higiênico etc.;

- Despesas para agricultura: sementes, sacos para armazenamento etc.;

- Uso pessoal: roupa, calçado etc.; e

- Remédios: em caso de doença em algum membro na UP.

As análises estatísticas foram realizadas de forma sequencial (análise

descritiva, análise fatorial e análise fatorial com cálculo de peso das

variáveis) com objetivos diferenciados. Com a análise descritiva buscou-se

identificar os grupos de itens que entram e saem das UPs dando peso

percentual a cada um deles. A análise fatorial pelo método dos componentes

principais foi utilizada para a identificação dos itens mais importantes no

universo dos que foram apontados. Finalmente, a análise fatorial com cálculo

de peso indicou a importância relativa de cada um dos itens. Essas análises

foram feitas de acordo com Ying e Liu (1995) e Pestana e Gageiro (2000).

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120

Foi desenvolvida estimativa anual de fonte de renda e despesas para as

onze UPs estudadas, baseada nas informações relatadas pelos membros

dessas UPs.

Em relação aos sistemas de manejo, foi realizada uma descrição textual

de cada unidade de manejo, fazendo-se uma descrição do uso da terra em

cada UP, detalhando a área de ocupação de cada sistema de manejo e a

porcentagem de ocupação total. Foram construídas listas das espécies

vegetais cultivadas em cada unidade de manejo, com seus respectivos nomes

vulgares e científicos, além dos usos atribuídos pelos agricultores. Também foi

desenvolvido um calendário agrícola das atividades desenvolvidas na roça.

3.3.2 Dados obtidos na segunda etapa da coleta de dados

A partir da decomposição das informações obtidas na entrevistas, foram

identificadas as variedades de quatro principais espécies vegetais que se

propagam por sementes: amendoim, arroz, feijão e milho, cultivadas ou não

nas roças dessas UPs.

Para essas quatro espécies foram descritas: a quantidade de sementes

cultivadas, como foi realizado o plantio, a colheita, armazenamento e a

utilização da espécie vegetal pelos membros das UPs.

Com relação às características de origem e classificação das sementes

dessas quatro espécies vegetais, foram construídas matrizes constituídas por

variáveis qualitativas (variáveis binárias), atribuindo-se valor 1 (um) para

presença da característica em determinada variedade e o valor 0 (zero) para

ausência da característica (REIS, 2001). Foram excluídas da matriz as

variáveis com variância de valor zero.

A partir da matriz anteriormente descrita, foram estabelecidos critérios

supraordenados de agrupamento dos itens informados pelos agricultores

relacionados às características de classificação das sementes (Tabela 2).

A definição e nominação desses critérios foram feitas com a

colaboração dos agricultores, respeitando a nomenclatura por eles indicada.

Com esses critérios, foram construídas novas matrizes binárias para as

quatro espécies vegetais, nas quais as linhas representavam as

características e as colunas os critérios supraordenados. Atribuiu-se o valor 1

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(um) ao item que tinha relação ao critério e o valor 0 (zero) ao que não tinha.

Esses critérios não são excludentes no sentido de que um item pode estar

presente em mais de um critério. A partir dessa categorização, foram

realizadas as análises estatísticas.

As análises estatísticas foram realizadas de forma sequencial (análise

descritiva, análise fatorial e análise fatorial com cálculo de peso das

variáveis) com objetivos diferenciados.

- Análise descritiva: buscou-se identificar as características de origem e

classificação, atribuindo-se importância percentual para a origem das

sementes, variedades citadas e critérios de classificação das sementes.

TABELA 2. Critérios supraordenados para classificar as sementes e suas respectivas definições, conforme visão dos agricultores.

Critérios Definição

Armazenamento

Características relacionadas com a maneira como a semente é guardada, fatores de armazenamento que afetam a qualidade da semente, características da semente afetadas devido ao armazenamento, se a semente pode ou não ser armazenada, tempo de armazenamento.

Característica Características da semente e variedade: cor, tamanho, beleza, sabor, consistência, odor.

Comercialização Características que envolvem a venda da variedade.

Função Características que envolvem a finalidade da variedade, seu uso.

Melhoramento

Características que indicam se a semente passou por algum melhoramento ou seleção não desenvolvida pelos próprios agricultores, exemplo: as sementes híbridas que são compradas para a semeadura nas UPs.

Semeadura/colheita Características que indicam alguma relação da semente e variedade com processo de semeadura e/ou colheita.

Processamento Características relacionadas à manipulação dos produtos, exemplo: produção de pamonha, canjica, doces, sopa...

Produtividade Características relacionadas à boa ou má produção das variedades.

Qualidade Características relacionadas à qualificação da variedade, exemplo: “é boa”, “ruim”, “fraca”, “forte”.

Rendimento Características relacionadas ao rendimento do produto final para o consumo, exemplo: “o arroz rende na panela”.

Resistência Características relacionadas com a capacidade de a variedade resistir ou não às intempéries, pragas, doenças.

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- Análise fatorial - método dos componentes principais: foi utilizada para a

identificação dos itens mais importantes no universo dos que foram

apontados. Utilizou-se como ferramenta o programa de estatística SPSS-15

(PESTANA e GAGEIRO, 2000). Uma condição para que a análise de

componentes principais fosse possível de ser realizada é que a variância de

cada variável tenha sido diferente de zero. Assim foram construídas três

matrizes binárias para análises das características de origem das sementes

de arroz, feijão e milho. Também foram construídas quatro matrizes binárias

para análises dos critérios de classificação das sementes das quatro

espécies vegetais pesquisadas com esses agricultores. Com as matrizes

resultantes, foi feita a análise que forneceu os fatores com suas explicações

de variação dos dados. Esses fatores foram utilizados, sendo estabelecida

classificação das variedades e dos critérios. Foram consideradas variáveis

importantes no processo de categorização dos fatores, aquelas cujos valores

absolutos da correlação com os fatores fossem maiores ou iguais a 0,50.

Adotou-se que só seriam considerados os fatores que em conjunto

explicassem 80% ou mais da variação dos dados originais.

- Análise por peso ponderado: indicou a importância relativa de cada um dos

itens. Foi feita com os resultados obtidos na análise de componentes

principais, baseando-se em metodologia proposta para a definição de pesos

para as variáveis em análise de impacto ambiental realizada por Ying e Liu

(1995). Esta análise é muito usada em diversas áreas do conhecimento e

tem a função de reduzir o grande número de variáveis intercorrelacionadas

em um número menor de fatores não correlacionados entre si. Cada fator é

constituído de combinações lineares das variáveis originais explicando em

determinada porcentagem a variância total dos dados, em que o primeiro

fator responde pelo maior percentual, o segundo, pelo segundo maior

percentual, e assim sucessivamente (MANLY, 1986; LURY e RIEDWYL,

1988). Com base nos resultados obtidos da porcentagem da variância

explicada por cada fator e nos coeficientes das variáveis na combinação

linear dos mesmos, exibidos nos resultados da análise de componentes

principais, calculou-se o peso para cada uma das variáveis. Para ponderar as

variáveis, além das percentagens de explicação da variância dos dados, foi

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necessário utilizar o valor dos coeficientes das variáveis utilizados para o

cálculo dos escores. Ambos retornaram como resultado da análise de

componentes principais no programa estatístico (SPSS). Para realizar a

ponderação dos pesos de cada variável, utilizou-se dos valores absolutos

dos coeficientes utilizados para o cálculo do escore dos fatores

considerados, de cada uma das variáveis, e multiplicou-se pelo percentual de

explicação da variância de cada um dos fatores. A soma dos resultados

obtidos para cada variável foi o peso ponderado de cada uma delas.

2.3.3 Teste de germinação, teor de água e massa de mil sementes

Para determinar a qualidade das sementes coletadas nas UPs, foram

realizados testes de germinação, teor de água e massa de mil sementes. Neste

teste, as sementes de amendoim, arroz, feijão e milho foram colocadas para

germinar em substrato de papel na forma de rolo, acondicionadas em câmaras

de germinação reguladas na temperatura de 30 ºC e fotoperíodo de 12 horas.

Os papéis foram previamente umedecidos com água destilada numa

quantidade equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco (BRASIL, 1992). Os

rolos foram embalados em sacos de plástico e mantidos em câmara de

germinação por dez dias.

As sementes foram submetidas à determinação do teor de água, pelo

método de estufa a 105 ºC 3 ºC por 24 horas. A massa de mil sementes foi

determinada utilizando oito subamostras de 100 sementes (BRASIL, 1992).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Descrição das Unidades Produtivas (UPs)

O Bairro da Serra, localizado a 17 e 26 km de distância dos municípios de

Iporanga e Apiaí, respectivamente, tem cerca de 110 residências e 600

moradores. São nesses municípios que os moradores do Bairro buscam

assistência médica, farmácia, serviços bancários, supermercados, entre outras

necessidades.

O nome do bairro, de acordo com os agricultores entrevistados, é devido à

região apresentar muitos morros, e por isso os antigos assim o nomearam.

Porém, antigamente o rio Betary dividia a região, o lado esquerdo, vindo de

Apiaí, era chamado de Macaco e o lado direito, de Serra. Depois, passaram a

chamar todo o local de Bairro da Serra.

4.1.1 Identificação e histórico das UPs

Foram entrevistados os responsáveis das UPs, em algumas o casal

participou da entrevista e em outras não. Todos são nascidos na região, no

Bairro da Serra ou localidades próximas. Os filhos na maioria não seguem os

passos dos pais com as atividades da roça de subsistência, estão se

envolvendo em atividades com turismo, por exemplo, como monitores

ambientais ou procuram outros serviços no mercado local, nas pousadas,

alguns se mudam do local em busca de emprego em Iporanga, cidades

vizinhas ou cidades maiores.

A implantação do Petar e do turismo levou os agricultores a abandonar

e/ou modificar a maneira de desempenhar as antigas e costumeiras atividades,

levando a diversas transformações no local. Deixaram de fazer a roça como

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antigamente para não infringir as leis e não sofrer repressões, assim, foram

obrigados a procurar outras maneiras de sobrevivência. Antigamente, os

animais eram criados soltos e cada um sabia qual era o seu, não havia brigas.

Hoje existe uma lei proibindo deixar os animais soltos. Também se os animais

se misturarem, hoje em dia pode ser problemático, sempre ocorre alguma

confusão entre os vizinhos quando isso acontece.

Juracy fez o seguinte comentário sobre a legislação do PETAR: “Tá

certo porque conserva as árvores, conserva os lugares nas serras, mas para

quem mexe com lavoura de roça todo dia foi ruim, tem que respeitar a lei, fazer

o quê? Tem que respeitar o que o governo manda”.

Em relação ao manejo e local para fazer as roças, a legislação provocou

mudanças drásticas na forma de vida desses agricultores. Muitos lugares, por

eles considerados bons para o cultivo de suas roças, não podem mais ser

utilizados. Antigamente manejavam grandes roças comunitárias, hoje essa

realidade já não existe, levando muitos moradores a optar por outra atividade, o

que levou à desistência do manejo de roças por muitos moradores locais. Os

que ainda insistem em desenvolver esse tipo de atividade, adaptaram-se às

novas maneiras de manejo, porém essas modificações se limitam às

possibilidades de conhecimento dos agricultores e recurso financeiro

disponível.

A maioria dos informantes elogiou a atividade do turismo na região,

dizendo que essa atividade trouxe renda e serviço para o local. Três

agricultores fizeram o seguinte comentário: “se acabar o turismo, acaba o

Bairro da Serra, pois existem muitas pousadas, e se o turista não visitar a

região, acaba o dinheiro, e as pessoas não têm outra maneira de ganhar a

vida”. Assim, hoje a vida do local gira em torno do turismo. Eles enfatizaram

que o turismo não influencia e nem altera a vida de quem trabalha com a roça.

Como o Sr. Sinézio frisou: “uma coisa não tem nada a ver com a outra”.

Para os agricultores, a legislação é que trouxe transformações no modo

de vida do local e não o turismo. Mas foi por meio das leis ambientais que essa

área passou a ser considerada atrativo turístico, assim estão amplamente

relacionadas, além de que os turistas trazem consigo novos conhecimentos e

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costumes que certamente vêm influenciando a comunidade, gerando

transformações no local.

4.1.1.1 Histórico dos produtores e da UP

UP BS001

Nome dos proprietários: Sinézio Rodrigues e Dionízia Rodrigues

Nome e utilização da UP: A família reside em um lote no Bairro da Serra. São

proprietários do sítio denominado Chacrinha do Macaquinho, utilizado para

lazer nos finais de semana, cultivo de algumas espécies frutíferas e uma

pequena roça.

Sinézio nasceu em 1946, no Bairro da Serra. Em 1971, com os filhos

ainda pequenos, mudou-se para Iporanga, pois estava desempregado e não

possuía recursos para culivar a roça na UP. Em Iporanga, permaneceu por seis

meses trabalhando por contrato na prefeitura.

Em 1990, o casal morou cinco meses em Apiaí para trabalhar em uma

chácara, por falta de recursos para cultivar a roça na UP. Os filhos continuaram

no Bairro da Serra, porém o casal retornava ao Bairro da Serra praticamente

todos os finais de semana para levar alimentos e outros recursos de

sobrevivência para os filhos. Passado esse período, saíram da chácara e foram

trabalhar por dois meses em uma granja na mesma cidade, onde tratavam dos

frangos e limpavam o pasto.

Sinézio também trabalhou na Mineradora FURNAS por três anos e meio,

localizada a oito quilômetros do Bairro da Serra. Após a saída desse emprego,

realizou alguns serviços temporários nessa mesma mineradora. Ele diz que era

um trabalho árduo, onde fazia pesquisa de terra em procura de chumbo, mas

era vantajoso por receber salário e assinarem sua carteira de trabalho. A

mineradora localizava-se próxima a UP, dessa maneira ele se deslocava todos

os dias para o trabalho, e os cuidados da roça ficavam com sua esposa. Só

saiu desse serviço devido ao embargo da mineradora realizado pelo governo.

Atualmente recebe aposentadoria por tempo de serviço pela prefeitura

de Iporanga. A renda da família baseia-se nesse salário, na venda dos

excedentes provindos das colheitas da roça e horta, venda de doces,

pamonhas, salgados e artesanatos produzidos por sua esposa, recebem a

renda cidadã fornecida pelo governo federal.

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Sinézio diz: “Hoje tá tudo bom, melhor que antes, tô aposentado,

trabalho a hora que quero, não sou mandado de ninguém, tendo condução vou

para onde quero sem me preocupar com serviço. Empregado é difícil porque

patrão não quer nem saber, manda embora”.

Dionízia, sua esposa, nasceu em 1954 na região do Poço Grande, um

bairro hoje denominado Bento João, ligado ao município de Iporanga. No ano

de 1957, foi morar no Bairro da Serra com os pais. Nesse mesmo ano, a mãe

faleceu e ela passou a residir com parentes. Em 1959, o pai casou-se e a

buscou para morar no Poço Grande, onde ficou até 1966. Nesse mesmo ano,

retornou ao Bairro da Serra para morar com a tia, pois não se entendia com a

madrasta. Em 1971, casou-se com Sinézio e o acompanha até hoje.

O casal reside no lote desde 1986, tiveram nove filhos e apenas um

solteiro reside com eles, os demais constituíram suas famílias, a maioria reside

próximo à UP, e duas filhas moram em outra cidade. Três dos filhos ajudam

nas atividades de roça, e todos apreciam a atividade de artesanato, assim

como Sinézio e esposa. O lote foi comprado, mas não possuem documentação

da área; eles dizem que há necessidade de ir ao cartório registrar a posse do

local.

A Chacrinha Macaquinho foi adquirida por herança da avó paterna de

Sinézio. Ela a obteve por usucapião onde trabalhava, quando faleceu deixou a

área para os netos, que dividiram por combinação com o restante dos

familiares. Ele assumiu a responsabilidade do sítio em 1995 e, até hoje, eles

não possuem a documentação do local.

Sinézio também atua como caseiro de um sítio desde 2003. Nessa

propriedade, o que colhe é utilizado para consumo da família como forma de

pagamento. Não recebe pela função de caseiro, porém os proprietários pagam

quando ele realiza trabalho de “roçada” (limpeza) ao redor da casa.

UP BS002

Nome dos proprietários: Benedito Celestino (“Nhô Mano”) e Ivone Mota

Celestino

Nome e utilização da UP: A família reside em um lote no Bairro da Serra; são

proprietários do Sítio Paiol Velho, porém no documento do Incra consta com o

nome Sítio Serra dos Mota (distância de 1.300 metros da caixa de água do

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Bairro da Serra ao sítio). Essa área faz divisa com o sítio Morro Bandeira.

Benedito está adoentado há dois anos, e não se dedicou mais ao cultivo da

roça, porém no quintal do lote e no sítio sua esposa e o filho, cultivam frutas e

verduras para alimentação da família.

Benedito nasceu em 1945, no Bairro da Serra. Trabalhou na mineradora

FURNAS, próxima ao Bairro da Serra, de 1963 a 1965, com as funções de

pesquisar chumbo, lavar e queimar minério no forno de fundição. Em 1970,

mudou-se para Apiaí para trabalhar na fábrica de cimento Camargo Correia.

Nesse município residiu por quatro anos no alojamento da empresa. Sua

função era construir pisos de concreto. O objetivo de trabalhar em outra cidade

foi em busca de acumular recursos financeiros para se casar. Após os quatro

anos de contrato, a empresa fez uma proposta para que continuasse no

emprego, porém, decidiu voltar para se casar e continuar trabalhando com

lavoura.

Em 1974, voltou ao Bairro da Serra, casou-se e nunca mais se mudou.

Nesse mesmo ano, construiu uma casa um pouco abaixo da casa dos pais. Há

aproximadamente seis anos construiu a atual casa em que reside com sua

esposa, no mesmo local onde era a casa de seus pais.

Em 1983, trabalhou na Mineração Vale do Cedro, firma de Curitiba que

veio para o Bairro da Serra em busca de pesquisar chumbo e ouro. Pouco

tempo depois, aproximadamente dois anos, essa empresa foi embargada, mas

ele continuou prestando serviços como caseiro da chácara que pertencia aos

donos da empresa, tendo ficado vinculado a essa empresa até 1988.

Nesse mesmo ano, passou a prestar serviço como caseiro de uma

chácara no bairro, na qual trabalha até hoje. O proprietário reside em São

Paulo. Nesse local, ele cuida da limpeza, faz roçada, porém não assinam sua

carteira de trabalho. Além das prestações de serviço, Benedito sempre cultivou

roças de subsistência, porém devido aos problemas de saúde, não desenvolve

trabalhos pesados e abandonou o cultivo da roça. Seu filho auxilia nos afazeres

do sítio com alguns cultivos de frutíferas e verduras, mas por ser funcionário

em um dos mercados do Bairro da Serra, não tem tempo para manejar uma

roça. Quando o Sr. Benedito se sente melhor, colhe lenha para comercializar

aos vizinhos.

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Ivone, sua esposa, nasceu em 1956, no Bairro da Serra e nunca se

mudou. Antes de se casar, morava com os pais. O casal teve três filhos,

atualmente casados e que continuam morando no Bairro da Serra. Ivone cuida

de todos os afazeres da casa, faz pintura, artesanato de bolsas, costura e

revende meias, cultiva plantas na horta e flores, cuida do quintal, dos netos e

do marido. Em 2003, foi contratada pela escola da localidade onde atuou como

cozinheira e na limpeza. O contrato durou quatro meses.

A renda da família baseia-se no salário que Benedito recebe como

caseiro, na comercialização dos artesanatos e meias pela esposa e na ajuda

financeira recebida dos filhos.

Benedito comprou a posse do lote em que residem quando tinha 17

anos. O pagamento foi realizado por meio da troca de um porco de 20 kg. Na

época não havia documento da área, mas em 1976 conseguiu registrar o

direito de posse pelo Incra. O sítio é herança dos pais.

UP BS003

Nome dos entrevistados: Augusto de Godoy e Izabel Maciel Godoy

Nome e utilização da UP: Residem em um sítio (não há nome na propriedade),

localizado no final do Bairro da Serra, próximo ao rio das Areias. Nessa área

cultivam roça e horta. Cuidam da chácara do Sr. Duca e em troca ocupam um

espaço para produzir outra roça.

Augusto nasceu em 1937, na área rural de Barra do Turvo, município

vizinho a Iporanga. Desde criança trabalhava na roça ajudando a mãe e

irmãos, pois seu pai faleceu quando ainda tinha doze anos de idade. Em 1955,

após a morte de sua mãe, mudou-se para Apiaí. Ele conta que era muito difícil

a vida sozinho para cuidar da roça e casa, pois os irmãos já haviam

constituídos suas famílias. Nos cinco primeiros anos trabalhou com cultivo de

tomate e o pagamento era recebido a cada mil pés de tomates cultivados.

Em 1957, foi contratado por uma serraria, onde permaneceu por um ano

e sete meses. Em 1962, nos últimos meses em Apiaí, trabalhou prestando

serviços como servente de pedreiro. Em 1965, mudou-se para o Bairro da

Serra para residir na atual UP, onde trabalha cultivando sua própria roça. A

cunhada e o esposo moravam nesse lugar, mas como se mudaram para Santa

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Catarina, fizeram a proposta para Augusto assumir essa área, então, o

apresentaram ao Sr. José Ramos, na época o proprietário do local.

Izabel nasceu em 1958, na Barra do Turvo. Ficou órfã quando era

criança e, em 1962, o irmão mais velho a levou para morar com ele na

Andorinha, um bairro próximo a Barra do Turvo. Residiu nessa localidade até

1970, ano em que o irmão se mudou para Água Limpa, um bairro de Apiaí. Em

1971, casou-se com Augusto.

O casal tem nove filhos, com eles residem três solteiros, os demais

estão em outros municípios, onde constituíram suas famílias.

Quando mudaram para esse sítio, o contrato de um ano foi de

arrendamento, e pagavam com 25% da lavoura colhida. O contrato não foi

renovado, porém ele continuou fazendo o pagamento com parte da lavoura.

Entretanto, o Sr. José Ramos faleceu e os filhos tentaram tomar a terra deles.

Hoje Augusto está lutando pelo direito de usucapião dessa propriedade, mas

não possui documento de registro de posse. Ele supõe que os parentes do

falecido proprietário não possuem documento dessa área.

Augusto, além de trabalhar na roça, cuida da propriedade do Sr. Duco

que mora em São Paulo. Nesse local, ele fez uma roça e os mantimentos

colhidos são para subsistência da UP. Quando há excedente da colheita,

vendem para os vizinhos. Izabel cuida dos serviços domésticos e da horta.

Um dos filhos trabalha em uma pousada, sem carteira de trabalho

assinada, porém é assalariado e recebe uma cesta básica todo mês, que ajuda

na alimentação da família. Nesse local ele ajuda no trabalho da roça. Os outros

dois filhos são estudantes, ajudam pouco com as atividades desenvolvidas na

UP.

A renda da família baseia-se na venda do excedente da roça e horta e

de ovos. Recebem pelo governo federal bolsa família e aposentadoria por

idade e os filhos que residem fora enviam auxílio financeiro mensalmente.

UP BS004

Nome do entrevistado: Luzia Dias dos Santos

Nome e utilização da UP: A residência da família é em um lote no Bairro da

Serra. Na aquisição dessa área, parte foi herdada e a outra ela comprou do

irmão em 1989. Também é proprietária de dois sítios, Sítio Juvevá, que

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adquiriu por usucapião. Sobre esse sítio, ela diz: “o governo deu, Franco

Monteiro era o governador de São Paulo da época, foi feito Incra, tem

documento”. Há ainda o Sítio Ribeirão Sem Fim, que foi herança da mãe, do

qual possui documento de direito de posse.

Luzia é bem idosa, viúva e ainda residem com ela dois filhos solteiros.

Ela passou o direito de posse dos dois sítios para esses filhos, porém enquanto

ela estiver viva toma todas as decisões na UP.

Nasceu em 1937 no Bairro da Serra, onde cresceu e trabalhava na roça.

Em 1964 mudou-se para Sorocaba, por falta de recursos. Ela diz: “nessa

época, teve o ataque de praga de rato na Serra, que acabou com tudo, teve

muita pobreza por aqui.”

Mudou para Sorocaba com as melhores expectativas, devido à grande

dificuldade financeira. Ela estava gestante de sete meses do terceiro filho. Logo

que chegou a esse município, começou a trabalhar em uma olaria e fez um

curso de parteira após o período do resguardo.

Em 1969, mudou-se para Salto do Pirapora, pois era um local mais

próximo do Bairro da Serra. Nesse município continuou trabalhando em olaria.

Em 1974, voltou a morar no Bairro da Serra, onde ficou trabalhando na

roça e ainda passou para sua mãe os conhecimentos adquiridos no curso de

parteira. Assim, quando ela não podia fazer parto, a sua mãe o fazia. O retorno

ao Bairro foi devido à sua mãe ter ficado sozinha com o seu padrasto. Ela

continuou residindo com eles até o fim da vida deles.

Em 2001, mudou-se para Ponte Alta, localidade do município Barra do

Chapéu, onde trabalhava com horta. Sua mudança foi por não aguentar mais

os barulhos e as festas dos turistas. Luzia diz: “os turistas faziam muito

foguete”. Como estava com problemas cardíacos, a solução foi procurar um

local mais calmo para residir.

Em 2007, retornou ao Bairro da Serra, pois um de seus filhos, que

cuidava da UP, suicidou-se, e o outro filho entrou em depressão após a morte

do irmão. Voltou às pressas para auxiliar o filho a cuidar dos sítios. Ela diz que

foi bom voltar, pois a localidade está mais calma em relação aos barulhos dos

turistas. Atualmente cuida dos afazeres domésticos junto com uma filha

solteira, mas diz que já trabalhou muito com roça, fazia esteira de taboa para

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comercializar, atuou muitos anos como parteira (o último parto foi há sete

anos), e gostava muito de desenhar (como hobby).

Jedeão, um dos filhos que mora com ela, nasceu em 1975 no Bairro da

Serra. Mudou-se para Ponte Alta por um tempo, mas retornou para ajudar o

irmão. Foi ele que caiu em depressão logo após o incidente com o irmão.

Tatiana, a filha caçula, nasceu em 1979 em Apiaí, e acompanha a mãe.

UP BS005

Nome do entrevistado: Alcina Rosa de Moura

Nome e utilização da UP: Reside no Sítio Novo, localizado a cinco quilômetros

da região central do Bairro da Serra. O acesso é por uma estrada de chão, em

que não transita carro e fica ao lado da Pousada Idati.

Alcina nasceu em 1953 em Bombas (bairro de quilombolas ligado a

Iporanga). Em 1971, casou-se e foi morar no Sítio Novo. Sempre trabalhou

com roça, ajudava o esposo. Ao se casar, já sabia que a vida seria difícil e teria

que continuar a trabalhar na roça. Após o falecimento de seu esposo, assumiu

todas as atividades da UP.

Residem com ela um filho, a nora, um sobrinho e um neto. Com exceção

do neto, que é muito pequeno, os demais membros da UP a ajudam em todas

as atividades da UP. A área, o esposo herdou dos pais.

O filho Wilson nasceu em 1980 na UP. Em 2006, foi morar em Curitiba

para trabalhar com plantio de Pinus. Alguns colegas é que o indicaram, porém

ele foi demitido em 2008, e voltou para morar com a mãe na UP.

A nora Edileia nasceu em 1992, na Praia Grande, bairro ligado a

Iporanga, na margem do rio Ribeira. Em dezembro de 2007, casou-se e foi

morar em Curitiba, em maio de 2008, veio morar na UP.

O sobrinho Oneli nasceu em 1980 no município de Iporanga e já morou

em vários lugares: Apiaí, Eldorado, Itapeúna, Cajati, Bairro da Serra. Desde

2005, reside na UP com a tia.

O neto Willians nasceu em 2008, no município de Pariquera-Açu, foi

para Curitiba com os pais e em maio de 2008 para UP.

UP BS006

Nome dos entrevistados: José de Moura e Zilda de Moura

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Nome e utilização da UP: A família reside no Sítio Novo. José Moura é irmão

do falecido esposo de Alcina (UP BS005). Nesse local existem três UPs. Além

do Sr. José Moura, há ainda a família de seu filho e sua cunhada. O filho do

José optou por não ser entrevistado.

José Moura nasceu em 1942 no Sítio Novo e nunca se mudou. Apenas

quando era jovem foi trabalhar por um período de seis meses em Apiaí, em

uma construtora, por não se adaptar, logo retornou.

Zilda nasceu em 1951 na Cutia Grande, próximo a Bombas, bairros

ligados a Iporanga. Residiu nessa localidade até 1968, ano em que se casou e

foi morar na UP. Quando se casou pensava que não iria trabalhar com roça,

mas ela diz que se enganou, pois o esposo trabalhava fora, na Mineradora

FURNAS para exploração de minérios. Dessa forma, ela assumiu os manejos

da roça, além de cuidar da casa e dos filhos.

José Moura trabalhou quase quinze anos com a carteira assinada. Hoje

recebe benefício do idoso pelo governo federal e trabalha na própria roça. Zilda

entrou com pedido de aposentadoria, que está para ser aprovado, trabalha em

casa e ajuda na roça e na horta. Além do beneficio, recebem a bolsa família e

os filhos que moram fora ajudam mensalmente com recursos.

Residem com eles um filho solteiro, que é estudante e pouco ajuda nas

atividades da UP. Outro filho se casou em 2001 e construiu uma casa próxima

à deles, onde reside com a esposa e uma filha. Porém, eles têm as atividades

separadas, cada um tem seus cultivos e criações, formando assim UPs

distintas.

Eles têm cinco filhos que moram em outros municípios, que foram em

busca de emprego e onde constituíram suas famílias. Um dos filhos reside na

região central do Bairro da Serra, é solteiro e mora na pousada em que

trabalha.

Esse sítio foi adquirido por herança dos pais de José Moura. Os pais

herdaram dos avôs dele. Ele diz que naquele lugar já viveram índios, por

encontrar algumas vezes panelas de barro enterradas. Ele acha que é devido à

existência de uma caverna no local, que deveria servir de abrigo para esses

indígenas. Essa caverna foi explorada alguns anos pelo turismo, porém desde

o final de 2007 o Ibama embargou a visitação de turistas.

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UP BS007

Nome dos entrevistados: Pedro Rodrigues Mota e Lindalva de Andrade Mota

Nome e utilização da UP: Residem em um lote no Bairro da Serra e o Sr. Pedro

divide a posse de um sítio com dois irmãos, o Sítio Coutinho.

Pedro nasceu em 1957 no Bairro da Serra. Em 1976, mudou-se para

Salto-SP, para trabalhar com material para forro na fábrica da EUCATEX,

permanecendo até 1981. Em 1982, voltou para o Bairro da Serra, pois seu pai

ficou doente e veio a falecer. Dessa forma, precisou ajudar a mãe e nunca mais

se mudou.

Lindalva nasceu em 1965 no Bairro da Serra, saiu da casa dos pais em

1986 porque se casou. A filha Camila nasceu em 1991 e o filho Maurício

nasceu em 1996, os dois em Apiaí, e nunca se mudaram.

O pai de Pedro comprou o sítio em 1973, e não deixou a área dividida

para os filhos, ele e mais quatro irmãos. Pedro, um irmão e um tio cultivam no

Sítio. Porém trabalha como contratado da prefeitura de Iporanga e tem pouco

tempo para cuidar dos cultivos no sítio. A renda da família baseia-se no salário

mínimo de Pedro, no de Lindalva, que trabalha como babá, e da filha, que

recebe uma bolsa por participar do projeto ação jovem.

UP BS008

Nome dos entrevistados: Adir Rodrigues e Pedrina de França Rodrigues.

Nome e utilização da UP: A residência da família é no Sítio Passagem do Meio,

localizado a sete quilômetros de Iporanga. Adir é caseiro desse sítio, que

pertence a um advogado que reside em São Paulo. Adir é proprietário de um

lote na região central do Bairro da Serra, que está alugado ao vereador

Vandinho. Também recebeu de herança dos pais o Sítio Casa Velha,

localizado a 15 quilômetros de Iporanga e nove quilômetros do Sítio Passagem

do Meio. Esse sítio, onde ninguém reside, é dividido com mais oito irmãos e é

onde ele cultiva a roça. O cunhado cria algumas cabeças de gado nesse local.

Adir nasceu em 1963, na mesma região onde está localizada a atual

residência. Em 1968, mudou-se com os pais para a região central do Bairro da

Serra, onde residiu até 1976, quando se mudou para o município de Itararé.

Neste local foi trabalhar em um depósito de alimentos a convite de alguns

amigos que já estavam trabalhando na empresa que o contratou, porém não se

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adaptou à região. Em férias no Bairro da Serra, seu irmão, que trabalhava na

empresa de ônibus, convidou-o a trabalhar como cobrador. Assim, em 1982,

retornou ao Bairro da Serra, tornando-se o cobrador da linha de ônibus de

Apiaí a Barra do Turvo. Porém, em 1994, a empresa veio à falência e ele ficou

desempregado. Mudou-se para o Betary e foi trabalhar como caseiro no sítio

do advogado João Gama. Nesse mesmo ano, casou-se. Em 1999, esse

advogado lhe fez uma proposta para cuidar do atual sítio.

Pedrina nasceu em 1959, no município de Iporanga. Em 1980, mudou-

se para uma fazenda localizada a cinco quilômetros dessa mesma cidade, para

trabalhar de doméstica. Ficou até 1984, quando se mudou para a cidade de

Capão Bonito-SP, para residir junto a sua irmã. Também trabalhou como

doméstica nesse município, mas sua patroa se mudou para Sorocaba, e ela

retornou a Iporanga. Em 1986, foi trabalhar na mesma fazenda em que havia

trabalhado em 1980, ficando até 1994, ano em que se casou.

Tiveram dois filhos, solteiros, que residem com eles, são estudantes, e

pouco ajudam nos serviços da UP. Adir trabalha todos os dias na roça, muitas

vezes até em finais de semana e feriados, esporadicamente realiza prestações

de serviços para prefeitura, como roçar a vegetação que fica na beira da

estrada. Pedrina cuida dos afazeres domésticos, da alimentação da família e

faz artesanato para ser comercializado. Além do salário que recebe como

caseiro e do aluguel do lote, recebem bolsa família do governo federal.

UP BS009

Nome dos entrevistados: Juraci Fernandes de Andrade e Olinda Ursulino de

Andrade.

Nome e utilização da UP: Residem em um lote no Bairro da Serra e o cultivo da

roça é realizado no Sítio Tio Grande, que fica a menos de um quilômetro do

lote. As duas áreas são registradas no nome do casal, a distância é pequena,

porém não estão localizados no mesmo espaço geográfico. Para chegar ao

sítio, passa-se por outras residências que não fazem parte do contexto da UP.

Juraci nasceu em 1938, no mesmo local em que reside. Sempre

trabalhou como agricultor e na época da mineradora FURNAS trabalhou como

pesquisador de minerais. Após o embargo dessa empresa, trabalhou muitos

anos na prefeitura de Iporanga como ajudante geral. Possuía atividades

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diversificadas. Muitas vezes os serviços que desenvolvia eram no próprio

bairro, e quando era em Iporanga, deslocava-se diariamente para esse

município.

Olinda nasceu em 1942, no bairro Bombas, ligado a Iporanga. No ano de

1956, mudou-se para São Paulo para trabalhar como doméstica em uma casa

de família, onde residiu até 1960. Quando a família para qual trabalhava se

mudou para Itapetininga, ela os acompanhou. Em 1961, a família mudou-se

para Itapeva e ela continuou acompanhando. Em 1963, mudou-se para o Bairro

da Serra para morar com a sua mãe, pois já estava com casamento marcado e,

no ano seguinte, casou-se com o Sr. Juracy.

Moram com eles quatro filhos e uma nora. A renda da família baseia-se

na aposentadoria que Juracy recebe da prefeitura de Iporanga, das diárias que

dois dos filhos recebem como monitores ambientais, das vendas do palmito,

frango, ovos, excedentes da colheita na roça e da produção de mel feita pela

nora. Apenas um filho ajuda no manejo da roça. Um dos filhos, que é monitor,

está fazendo faculdade em educação física no município de Registro. Mais

cinco filhos residem em outros municípios e uma filha no Bairro da Serra, com

suas respectivas famílias. Apesar de aposentado, Juracy trabalha todos os dias

na roça e Olina cuida dos afazeres domésticos.

O sítio foi adquirido por herança dos pais do Sr. Juracy. Ele não tem

escritura, mas tem um documento de esclarecimento da posse feito pelo Incra.

UP BS0010

Nome do entrevistado: Jair Fernandes de Andrade

Nome e utilização da UP: A UP de Jair, herança dos pais da esposa, consiste

em um lote no Bairro da Serra, onde reside com a atual esposa e o enteado, de

outro lote no mesmo bairro, onde residem a ex-esposa e dois filhos solteiros e

do Sítio Lagoa Grande. Nesse sítio, ele cultiva algumas espécies frutíferas e

hortícolas, atividade desenvolvida nos intervalos de tempo do serviço, pois é

funcionário de um dos mercados do Bairro da Serra.

Jair nasceu em 1956 no Bairro da Serra. Em 1974 se mudou para São

Paulo para trabalhar como eletricista. Quando foi para São Paulo, já estava

empregado, pela mesma empresa na qual trabalhava no Bairro da Serra.

Nessa época, tinha perspectiva de se fixar nessa cidade, com o nível do

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trabalho subindo de braçal para eletricista. Em 1980, voltou para o Bairro da

Serra, pois passou por um desentendimento com um dos encarregados da

empresa, assim solicitou sua demissão. Em 1983, mudou-se novamente para

São Paulo para trabalhar em uma transportadora, com contrato por um ano.

Em 1984, retornou ao Bairro da Serra, arrumou emprego, trabalhando com

eletricidade. A empresa na qual estava trabalhando lhe fez a proposta para

trabalhar novamente em São Paulo, porém nessa época ele sofreu um

acidente e optou por não se mudar. Desde então não saiu mais do Bairro da

Serra, e atualmente trabalha em um dos mercados do local.

Zenilda, sua atual esposa, nasceu em 1969 no Bairro da Serra. Em 1977

se mudou para Pimenteira, uma fazenda perto do Bairro da Serra, onde os pais

dela foram trabalhar. Em 1979, voltaram ao Bairro da Serra. Em 1980, ela se

mudou para São Paulo, para trabalhar como babá. Em 1985, retornou para o

Bairro da Serra para casar. Em 1991, o marido da época foi morar em Apiaí e

ela o acompanhou. Em 1995, voltou para o Bairro da Serra e em 1998 foi

novamente para Apiaí, já separada e com os filhos pequenos. Foi trabalhar

com cultivo de tomate, permaneceu apenas alguns meses, retornando no

mesmo ano para o Bairro da Serra, em seguida se casou com Jair.

Aramis, seu enteado, nasceu em 1995 em Apiaí, e sempre acompanhou

a mãe. Seus filhos, Janilson, nascido em 1982, e Jailson em 1997, em Apiaí,

sempre moraram no Bairro da Serra com a mãe.

O lote onde residem os filhos e o sítio foi adquirido por meio de herança

de seu pai. A renda da família baseia-se nos salários que o casal recebe por

trabalhar no mercado.

UP BS0011

Nome dos entrevistados: Josué Rodrigues Bastos e Vani Ribas Santos Bastos.

Nome e utilização da UP: Residem no Sítio Berta Fundo, localizado a 15

quilômetros do município de Iporanga e três da região central do Bairro da

Serra. O acesso ao local é pela Pousada Idati. Josué e mais 12 irmãos

possuem uma propriedade no Bairro da Serra, porém está abandonada.

Tentaram investir na construção de uma pousada, mas por falta de recurso

financeiro abandonaram o investimento.

Josué nasceu em 1954, no Bairro da Serra. Em 1958, foi morar com os

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pais em Iporanga, onde ficou até 1968, quando os pais se mudaram para Apiaí,

para trabalhar em uma olaria. Em 1971, voltaram para o Bairro da Serra e em

1980 se casou e veio morar na atual UP.

Vani nasceu em 1957, em Adrianópolis-PR. Em 1962, os pais dela se

mudaram para o Bairro da Serra e ela os acompanhou. Aí ficaram até 1967,

quando se mudaram para Itapeva-SP e ela continuou acompanhando-os. Em

1975, mudou-se para Sorocaba para trabalhar como doméstica, mas quando

os patrões se mudaram de cidade, em 1979, ela retornou ao Bairro da Serra, e

se casou em 1980 indo residir na UP.

Quando se mudaram para a atual residência, ela pertencia ao Sr. Alfredo

Ivo Fushida, já falecido, e hoje pertence aos filhos dele, como herança. Na

época, esse senhor não tinha tempo para cuidar da propriedade, e convidou

Josué para lá morar, quando fizeram contrato de comodatário. Nesse contrato,

os donos não cobram aluguel e nem Josué recebe por residir na área, estando

tudo está esclarecido na carta de comodato.

Moram com o casal dois filhos solteiros que ainda estão em fase escolar,

porém ajudam nos afazeres da UP em horários que não atrapalham os

estudos.

Josué já trabalhou como segurança e monitor ambiental, mas hoje atua

apenas como agricultor, cultivando sua roça. Sua esposa trabalha na escola do

Bairro da Serra como cozinheira e auxiliar de serviços, além de cuidar dos

serviços domésticos da UP. Eles têm mais cinco filhas morando em outros

locais em busca de emprego e duas delas já constituíram suas famílias.

A renda da família baseia-se no salário que Vani recebe na escola, no

recurso recebido pelo governo federal do programa ação jovem e renda família,

na venda do excedente das produções na roça e na horta e na venda de ovos

e frango.

4.1.2 Escolaridade

Dezenove pessoas de 11 UPs participaram das entrevistas e a maioria

foi realizada com o casal. Dessas pessoas entrevistadas, 12 tinham idade entre

41 e 60 anos e sete com idade acima de 60 anos. Porém, foram obtidas

informações da idade dos demais membros da família. A maioria (46,6%)

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encontra-se entre 19 a 40 anos, 23,3% entre 41 e 60 anos, 19,2% têm idade

inferior a 18 anos e 11% mais de 60 anos.

A partir das informações obtidas na coleta de dados com moradores do

Bairro da Serra, e de dados coletados pelos pesquisadores da Unesp Campus

Botucatu, foi feita a análise descritiva do nível de escolaridade da comunidade.

De 73 pessoas que atualmente residem no local, 15 são estudantes e, desses,

um está fazendo curso superior. São 5,6% de analfabetos, 33,3% que

cursaram entre a 1ª e 4ª série do ensino fundamental, 30,6% entre a 5ª e 8ª

série do ensino fundamental, 18% com ensino médio incompleto e 12,5% com

ensino médio completo.

Na composição familiar, grande parte cursou apenas o ensino

fundamental, nem chegando a terminar, e atualmente, os filhos mais jovens

estão buscando cursar o ensino médio, por haver mais incentivo e

preocupação com os estudos que antigamente.

Os informantes dizem que antigamente não existiam incentivos e o ato

de frequentar escola era muitas vezes difícil pela distância e também os pais

geralmente precisavam das crianças como mão de obra nos afazeres da UP.

Assim, muitos abandonavam os estudos ou nem chegavam a conhecer uma

sala de aula.

Entretanto, atualmente, há facilidades e maiores incentivos para as

crianças e jovens do local continuar seus estudos. Por exemplo, os programas

de auxílio do governo federal como: 1) O Bolsa Família, que é um programa de

transferência direta de renda, que beneficia famílias em situação de pobreza e

de extrema pobreza. O valor do benefício recebido pela família pode variar

entre R$ 22,00 a R$ 200,00 por mês. 2) O programa Ação Jovem, que tem por

objetivo promover a inclusão social de jovens, mediante a transferência de

renda, com apoio financeiro temporário para estimular a conclusão da

escolaridade básica. O valor do benefício por pessoa é de R$ 80,00 por mês.

3) O programa Renda Cidadã, que tem por objetivo promover ações

complementares e conceder apoio financeiro temporário direto à família,

visando à autossustentação e à melhoria na qualidade de vida da família

beneficiária do programa. O valor do benefício por pessoa é de R$ 80,00 por

mês (MDS, 2010).

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140

Existe ainda no local uma escola que funciona da pré-escola à 8ª série

do ensino fundamental, tanto no período matutino quanto no vespertino. Para

cursar o ensino médio, os alunos deslocam-se para Iporanga, nos turnos

matutino e noturno. A prefeitura de Iporanga disponibiliza um ônibus que

transporta os alunos no Bairro da Serra e redondezas. Alguns moradores

cursaram ou cursam universidade em Registro. Todos os dias há um ônibus

que sai de Iporanga para Registro. E tanto a faculdade como o ônibus são

privados.

A escola do Bairro da Serra está em bom estado de conservação e os

professores têm se esforçado para melhorar a educação no local. Porém,

referiram-se a dificuldades devido à presença de muitas crianças com

necessidade especiais: deficientes mentais, autistas e hiperativos. Alguns

desses professores estão se especializando em cursos de finais de semana,

para melhorar a educação dos alunos especiais.

Foi possível perceber que todo incentivo dado ao estudo vem

ocasionando o afastamento dos jovens das atividades relacionadas à roça de

subsistência. Os interesses dos mais jovens é a busca de emprego assalariado

no Bairro da Serra ou em outras localidades, não havendo busca por uma

atividade que traga autonomia, passando a profissionais empregados.

Terminar o ensino médio é considerado importante pelos pais e filhos

que residem nesse local, como forma de conseguir um serviço que consideram

melhor do que atuar na roça, porém essa não era uma preocupação de

antigamente. Sendo assim, a escolaridade passou a ser uma imposição no

local pelas transformações sofridas por este próprio local, devido à introdução

do parque e novos conhecimento que surgiram no local pela chegada de

forasteiros e turistas.

O maior afastamento da população do ambiente escolar pode ser

associado à necessidade de trabalho na roça da família ou em outros tipos de

trabalho braçal (DINIZ et al., 2006). Isso se refletiu na antiga organização

comunitária local.

Os entrevistados alegaram que os que levou a desenvolver a atividade

na roça foram os conhecimentos que obtiveram com seus pais, sendo essa a

oportunidade que tiveram. Porém, todos os entrevistados que praticam a roça

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demonstraram o desejo de continuar com sua atividade tradicional, apesar dos

diversos fatores de influência externa, pois possuem autonomia no que fazem.

Os agricultores que possuem empregos externos à UP, o fazem porque não há

alternativa, pois dizem que há necessidade em garantir a renda para o sustento

da família.

Os entrevistados que afirmam querer continuar no local praticando as

mesmas atividades justificam a opinião apontando a falta de estudos e de

qualificação da mão de obra, fatores que para eles impossibilitariam o êxito em

qualquer área urbana.

Apesar dos problemas e dificuldades enfrentados pelos moradores, vários

deles têm consciência de que a vida na cidade grande apresenta situações

adversas das comumente enfrentadas no campo, como, por exemplo, a

violência, o grande número de taxas e impostos, a impossibilidade de cultivo e

outros. Sendo assim, há uma visível consciência de suas oportunidades em um

local fora do seu berço de origem, principalmente devido à falta de

escolaridade. A imagem violenta das grandes cidades também é um fator que

influencia a resposta dos entrevistados. É importante lembrar que, apesar

desse cenário, existe o fenômeno do êxodo rural no que diz respeito aos jovens

desse local, que se aventuram em busca de empregos em outras localidades.

As transformações sofridas no local pela implantação do Petar e

legislação ambiental é que trouxeram mudanças na forma de relacionar a

escolaridade com oportunidade de trabalho e melhoria nas condições de vida,

levando o afastamento dos jovens das atividades relacionadas à roça.

4.1.3 Atividades comunitárias

Existem três tipos de igrejas no local: uma católica e duas evangélicas. A

que mantém mais adeptos é a Congregação Cristã da vertente Pentecostal. É

uma igreja do movimento de renovação carismática de dentro do cristianismo,

que coloca ênfase especial em uma experiência direta e pessoal de Deus

através do Batismo no Espírito Santo. As outras são a Batista, vertente

Neopentecostal, caracterizada pela rejeição ao batismo infantil, optando em

seu lugar pelo batismo de fé, e a Católica.

Há uma relação muito forte entre grupos devido à igreja que frequentam,

porém há bom convívio entre pessoas que frequentam igrejas distintas. Em

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todas elas é possível observar uma fé fervorosa, e em momentos de

dificuldades são orientadas pelo pastor (batista), cooperador (cristã) ou padre

(católica), em busca de oração para superar os momentos difíceis. Das onze

UPs entrevistadas, seis participam da Igreja Congregação Cristã, três da

Católica e duas da Batista.

No Bairro da Serra, há uma associação (ASA - Associação Serrana

Ambientalista), onde são discutidas e desenvolvidas atividades relacionadas

com a preservação do meio ambiente, entre elas, as influências do turismo e

do Petar na região. Das pessoas entrevistadas, duas participam dessas

reuniões.

Ainda no Bairro da Serra existe um centro comunitário, onde diversas

atividades são desenvolvidas, como festas, reuniões, sempre enfocando os

interesses do local. Das UPs que participaram da pesquisa, quatro estão

inseridas nessas atividades e reuniões.

4.1.4 Comunicação e locomoção

O Bairro da Serra possui sistema de telefonia pública e muitos

moradores têm telefone fixo em suas residências. Porém o sinal para telefonia

móvel somente existe em Iporanga. Há dois pequenos estabelecimentos

comerciais que servem para venda de utensílios e alimentos aos moradores da

região e turistas. Grande parte das pousadas da região do Vale do Ribeira está

localizada no Bairro da Serra, desde as de estrutura mais simples até algumas

um pouco mais sofisticadas.

A locomoção dos moradores aos principais municípios é por meio de

ônibus. A passagem é de R$ 2,60 para Apiaí e R$ 1,95 para Iporanga. O

ônibus escolar que diariamente leva os alunos a Iporanga, muitas vezes

fornece carona aos moradores. Aos domingos e feriados não há ônibus no

local.

4.1.5 Saúde

Há um posto de saúde com enfermeiras que atendem quase todos os

dias e uma a duas vezes por semana um médico de Iporanga atende a

população. Qualquer que seja o problema de saúde é necessário primeiro

passar no posto de saúde e, em situações mais graves, a equipe encaminha

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para local onde exista melhor assistência médico-hospitalar, como Pariquera-

Açu, Eldorado, Registro, Sorocaba e algumas vezes até São Paulo e Curitiba.

Tratamento odontológico é feito em Iporanga, porém como demora muito

o atendimento, com muita gente para atender, tem que marcar e esperar até

meses para ser atendido. Em caso de emergência, é necessário ir a Apiaí e

procurar um consultório odontológico particular.

No Bairro da Serra e em Iporanga, não existia farmácia, porém no mês

de março do ano de 2009 foi inaugurada a primeira na cidade. Quando o posto

de saúde tem remédio disponível, fornece aos moradores do local, caso não

tenha, a pessoa tem que comprar.

Nos diálogos com os agricultores, foi possível observar que é costume,

em qualquer momento de doença, procurar diretamente o posto de saúde. Não

existe mais o costume de procurar benzedeiras na região, mas citam que ainda

existe uma na região do Betari, porém poucas pessoas a procuram. Como a

grande maioria frequenta a Igreja Congregação Cristã e Batista, esse costume

vem se perdendo.

A utilização de plantas medicinais presentes na região é para fazer chá,

compressas, porém não existe uma pessoa específica que ensine o uso.

Entretanto, praticamente todos os antigos conhecem essas plantas e sua

utilização.

4.1.6 Práticas de ajuda mútua

Antigamente no local era comum a realização de práticas de ajuda

mútua, como trocas de dia no serviço ou mutirão no manejo da roça.

Atualmente poucos mantêm essa tradição. Das UPs entrevistadas, apenas

duas afirmaram ainda realizar troca de dia e, pelo que foi observado, isso

ocorre entre esses mesmos agricultores. A maioria diz que não existe mais

porque antigamente havia mais união: um ajudava o outro, para roçar, carpir,

plantar e colher. Ainda ressaltam que um dos motivos de hoje não ocorrer mais

esse tipo de atividade foi a introdução do Petar na região, o que levou ao

embargo das roças que praticavam antigamente. Algumas vezes acontecem

mutirões para construção de casas.

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4.1.7 Disponibilidade de mão de obra na UP

Verificou-se, pelos dados de disponibilidade de mão de obra por UP

(Tabelas 3, 4 e 5), que não é utilizado o total do potencial máximo de força de

trabalho familiar nas 11 UPs pesquisadas. Parte das pessoas que compõem

essas UPs trabalham ou possuem outras atividades externas, o que reduz a

disponibilidade de mão de obra. Outra razão é que crianças e jovens em idade

escolar pouco ou nada ajudam nas atividades desenvolvidas na UP. O total de

potencial máximo de mão de obra masculina para as 11 UPs entrevistadas é

de 40.532 (horas/ano) e feminina é de 37.580 (horas/ano).

Foi possível observar que as relações de ajuda mútua como mutirão e

troca de serviço é pouco realizada no local, como já explanado anteriormente.

Das 11 UPs estudadas, apenas quatro ainda mantêm esse tipo de atividade,

mas em pequena escala, tanto no número de pessoas quanto em horas/ano.

Pode-se dizer que existe pouca disponibilidade de mão de obra para

atividades relacionadas com agricultura. Peroni (2004) relatou a tendência de

diminuição de mão de obra para agricultura de subsistência na região do Vale

do Ribeira. Esse autor ressaltou que esse fato está ligado a diversas causas,

mas principalmente pelas transformações históricas por que a região passou

que ocasionaram restrições da estrutura fundiária, o condicionamento das

exigências da legislação ambiental, os fatores migratórios para áreas urbanas,

a mudança de atividades econômicas, entre outras. Conclusões semelhantes

foram apresentadas por Adams (2000) sobre o manejo de roças de

comunidades caiçaras entre a década de 50 e 90.

Barbosa (2007), também no Bairro da Serra, obteve relatos a partir da

história de vida dos agricultores que indicaram que, nas duas últimas décadas,

a agricultura desse local declinou consideravelmente. Ocorreu grande

diminuição das áreas plantadas e do número de pessoas envolvidas nessa

atividade, e as pessoas entrevistadas por esse autor apontaram como

influências para essa tendência a implantação do Petar, o relevo, o difícil

acesso às roças, a falta de acesso a recursos financeiros e insumos e também

a falta de assistência técnica.

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TABELA 3. Potencial máximo de força de trabalho familiar por UP (horas/ano),

dados de 2008.

Código da UP Família Agregados Total

Masculino Feminino Masculino

BS001 7.884 3.066 0 10.950 BS002 7.008 3.066 0 10.074 BS003 10.512 6.570 0 17.082 BS004 4.380 6.570 0 10.950

BS005 4.380 6.570 4.380 15.330 BS006 7.884 3.066 0 10.950 BS007 5.694 7.008 0 12.702 BS008 12.264 3.504 0 15.768 BS009 21.024 6.570 0 27.594 BS010 14.016 3.504 0 17.520 BS011 10.074 3.066 0 13.140

TOTAL 105.120 52.560 4380 162.060

TABELA 4. Força de trabalho familiar por UP (horas/ano), dados de 2008.

Código da UP Família Agregados Total

Masculino Feminino Masculino

BS001 4.526 2.555 0 7.081 BS002 1.460 2.555 0 4.015 BS003 4.088 3.431 0 7.519 BS004 2.920 3.942 0 6.862 BS005 2.920 3.942 2.920 14.052 BS006 3.066 3.832 0 6.898

BS007 584 4.672 0 5.256 BS008 4.234 4.380 0 8.614 BS009 5.256 6.497 0 11.753 BS010 3.869 584 0 4.453 BS011 4.161 1.022 0 5.183

TOTAL 37.084 37.412 2.920 81.686

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146

TABELA 5. Força de trabalho atual por UP (horas/ano), dados de 2008.

Código da UP Família Agregados Troca de serviço Compra de serviço Total

Masculino Feminino Masculino Masculino Feminino Masculino Feminino

BS001 4.526 2.555 0 0 0 0 0 7.081 BS002 1.460 2.555 0 0 0 0 0 4.015 BS003 4.088 3.431 0 112 0 48 0 7.679 BS004 2.920 3.942 0 0 0 24 0 6.886

BS005 2.920 3.942 2.920 64 32 0 0 14.148 BS006 3.066 3.832 0 72 32 0 0 7.002 BS007 584 4.672 0 0 0 0 0 5.256 BS008 4.234 4.380 0 72 0 40 0 8.726 BS009 5.256 6.497 0 0 0 80 0 11.833 BS010 3.869 584 0 0 0 16 104 4.573 BS011 4.161 1.022 0 0 0 0 0 5.183

TOTAL 37.084 37.412 2.920 320 64 208 104 82.382

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147

Dois entrevistados atuam como caseiros de outras propriedades, porém

não recebem pagamento formal pelo trabalho. Por meio de um acordo verbal,

utilizam a terra para cultivar suas roças. Via de regra, é o tamanho pequeno da

terra que leva o camponês a trabalhar noutra unidade produtiva.

Dos 11 agricultores entrevistados, sete dedicam a maior parte de seu

tempo às atividades da roça. A agricultora da UP BS004 auxilia o filho nas

decisões a serem tomadas para o cultivo da roça, os agricultores restantes

trabalham como assalariados fora da UP. Apenas a BS005 possui um

agregado. Verificou-se que seis UPs garantem o cultivo apenas com a

utilização da força de trabalho familiar. As outras cinco contratam

esporadicamente serviços de terceiro durante o ano em algumas das etapas do

processo produtivo, como a limpa, o plantio e a colheita, como ajuda

complementar à mão de obra familiar. Desta maneira, a família é o núcleo

fundamental da produção camponesa, verificando-se a cooperação de seus

membros nas tarefas agrícolas.

É importante analisar a utilização do trabalho assalariado pelo produtor

familiar a partir da condição social entre as partes envolvidas, como lembra

Tavares dos Santos:

“Da parte do camponês que utiliza trabalho assalariado, a finalidade de sua produção é vender um produto para comprar outros que satisfaçam as necessidades de sua família. Em consequência, a soma de dinheiro que obtém com a venda de seu produto não se capitaliza, pois o produto excedente não é consumido produtivamente, mas se destina ao consumo individual da família camponesa. Resulta desse processo que a unidade produtiva camponesa não se constitui o capital que depende da mais-valia gerada pela força de trabalho assalariada para se reproduzir em escala ampliada. Em outros termos, não se verifica o desenvolvimento do capital enquanto relação social entre as pessoas envolvidas no processo de trabalho camponês. Ao contrário, a forma salário ocorre no interior da produção camponesa em função do ciclo de existência da família” (SANTOS, 1984, p. 43).

Sendo assim, pode-se afirmar que o emprego de mão de obra

assalariada encontrado entre os agricultores camponeses do Bairro da Serra

não se enquadra na lógica da agricultura capitalista, quando contratam uma

pessoa para realizar serviço na UP. Cabe salientar que não existe uma relação

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148

de oposição entre empregado e empregador, uma vez que “o camponês não

desenvolve uma relação de oposição ao trabalhador na medida em que este

outro, na realidade, é ele mesmo” (SANTOS, 1984). Ou seja, não se trata de

relações opostas, porque no momento em que todos os sujeitos - o produtor-

patrão, os demais membros da família e o trabalhador contratado - estão

juntos desenvolvendo as mesmas tarefas agrícolas na UP, eles participam de

um processo produtivo que não tem o lucro como objetivo principal, mas sim a

garantia da subsistência familiar, seja a do camponês-patrão, seja a do

camponês-contratado. O agricultor contrata por diária, cujo valor varia segundo

o tipo de atividade. Em 2008, a diária variava de R$15,00 a R$ 25,00. As

contratações baseiam-se em acordos verbais não sendo comum o trabalho

com carteira assinada. Elas se dão na época de abertura e/ou limpeza da área

para o plantio, na época de semeadura e colheita.

São poucos os trabalhadores temporários contratados por UP, dois a

três em média segundo os entrevistados, sobretudo em razão da pequena

dimensão da área cultivada, o que dá condições quase que suficientes para

manter somente o trabalho familiar.

Observou-se ainda no interior das UPs estudadas, a combinação do

trabalho na terra com outras atividades não agrícolas, ou seja, a presença do

que Schneider (2003) denominou de pluriatividade. Este conceito vem sendo

utilizado por diversos autores para descrever o processo de diversificação que

ocorre dentro e fora da propriedade e para apontar a emergência de um

conjunto de novas atividades não agrícolas que estão ocupando um lugar no

espaço rural. Para o mesmo autor, a pluriatividade é definida como:

“Um fenômeno através do qual membros das famílias que habitam no meio rural optam pelo exercício de diferentes atividades, ou, mais rigorosamente, pelo exercício de atividades não-agrícolas, mantendo a moradia no campo e uma ligação, inclusive produtiva com a agricultura e a vida no espaço rural” (SCHNEIDER, 2003, p. 112).

Nos estudos de Kautsky (1986) e Chayanov (1981), já apareceram

referências ao trabalho rural acessório e a outras atividades não-agrícolas,

entendidas por eles como formas complementares de obtenção de renda e de

inserção econômica de pequenos proprietários. Foi justamente nesse contexto

que Schneider (2003) situou suas análises sobre a pluriatividade e ainda

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149

afirmou que o trabalho acessório e as atividades não-agrícolas

complementares foram as formas pioneiras da pluriatividade na agricultura. As

ocupações acessórias que, segundo Kautsky (1986), podem existir

simultaneamente ao alcance dos camponeses, são: o trabalho assalariado

temporário, a ocupação em indústria a domicílio e sua ocupação em indústrias

no campo como na abertura de canais, de estradas de ferro, de telégrafos e

outros.

Chayanov (1981) afirmou que, mesmo sendo desenvolvidas fora da

propriedade camponesa, as atividades não-agrícolas não comprometem o

caráter indivisível dos rendimentos familiares, porque se trata de um sistema

único de equilíbrio básico, havendo uma interdependência entre os ganhos

totais da família. A procura pelas atividades não-agrícolas é uma estratégia que

a família camponesa encontra para manter o equilíbrio entre trabalho e

consumo a fim de garantir a sua reprodução.

A pluriatividade foi identificada mais fortemente em quatro UPs, onde se

praticam a agricultura e outras atividades, tanto dentro como fora da

propriedade, pelas quais se recebe diferentes tipos de remuneração. Em três

dessas, os agricultores têm como ocupação principal o trabalho agrícola e

como ocupação secundária a atividade de caseiro, que complementa a renda

monetária da família. Três UPs trabalham como assalariados, e as atividades

da roça tornaram-se secundárias no que tange à subsistência da família.

Outros três agricultores desempenham ocupações secundárias como

produção de artefatos de artesanato, sendo cestos o principal. Em duas das

quatro UPs pluriativas, o chefe da família continuava a trabalhar na terra, mas

já estava aposentado. Conforme a leitura pertinente ao assunto e os

depoimentos dos agricultores, constatou-se que a aposentadoria se tornou um

importante subsídio à renda familiar, graças à Constituição de 1988,

complementada pelas Leis 8.212 sobre plano de custeio e 8.213 sobre planos

de benefícios, de 1991. Essas leis passaram a prever o acesso universal de

idosos e inválidos de ambos os sexos do setor rural à previdência social, em

regime especial, desde que comprovem a situação “de produtor, parceiro,

meeiro e o arrendatário rural, o garimpeiro e o pescador artesanal, bem como

respectivos cônjuges que exerçam suas atividades em regime de economia

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150

familiar, sem empregados permanentes”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1998.

art. 195. ss 8º).

Em suma, foram observadas no interior da agricultura camponesa

desenvolvida no Bairro da Serra uma pluralidade e uma combinação de várias

formas de trabalho que vão desde o trabalho familiar, ao trabalho assalariado e

ainda a combinação do trabalho na terra com outras atividades não-agrícolas.

No que se refere à divisão das tarefas no âmbito da família, constatou-se

que cabe aos homens as tarefas mais pesadas realizadas no roçado, como o

corte do mato, o encoivaramento, a destoca. Porém, no plantio e colheita, três

UPs citaram a participação efetiva das mulheres, mas em geral as mulheres e

crianças cuidam das tarefas domésticas na casa, dos animais de pequeno

porte, limpeza do quintal etc. Essas tarefas desempenhadas pelos membros

da família sofrem variações em função do calendário agrícola. Porém, é a

figura masculina o chefe da UP, concentrando assim, toda a responsabilidade

de comando sobre esta, com exceção da UP BS005, no qual a responsável é

uma mulher, viúva.

4.1.8 Componentes que entram e saem da UP e fontes de renda

Todos os itens de entrada na UP citados pelos agricultores foram

adquiridos através de compra em mercado, sendo assim, foram avaliados os

seguintes critérios que agrupam os itens de entrada: Alimentação, Limpeza de

casa, Alimentação animal, Remédio para animal, Despesas da casa, Higiene

pessoal, Despesas para agricultura e Uso pessoal e Remédios.

A partir das matrizes binárias, compostas pelos critérios (na coluna) e os

itens de entrada (nas linhas), foi realizada a análise descritiva para atribuir a

importância percentual de cada critério em relação à quantidade de itens

citados pelos agricultores.

Sendo assim, o critério alimentação foi o de maior importância (28,26%

dos itens citados) como componente de entrada e, em segundo lugar, o critério

limpeza da casa (19,57% dos itens citados), os critérios alimentação animal e

higiene pessoal ocuparam o terceiro lugar em importância na quantidade de

itens citados (10,87%), os critérios remédio para animal e despesas da casa

ficaram em quarto lugar de importância (8,70 % de itens citados), e com menos

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151

relevância como componentes de entrada nas UPs estão os critérios uso

pessoal (4,35%) e saúde (2,17%) (Figura 6).

0

5

10

15

20

25

30

%

FIGURA 6. Importância dos critérios que estabelecem os itens que entram nas UPs, pelo

método de análise descritiva (% de itens presentes nos critérios).

Os critérios que explicam os itens de entrada nas UPs foram submetidos

à análise fatorial de componentes principais. Foram identificados cinco fatores

com autovalores maiores que um e que responderam a 82,3% da variação dos

dados originais (Tabela 6).

TABELA 6. Autovalores e porcentagem de explicação da variabilidade dos

dados dos cinco fatores dos critérios de componentes que entram

na UP, obtidos no cálculo de componentes principais.

Fator Autovalor % Total de variância explicada individual

% de explicação acumulada 1 12,3 29,9 29,9

2 8,3 20,2 50,1

3 4,9 11,9 62,0

4 4,5 10,9 72,9

5 3,8 9,3 82,3

Na identificação das variáveis mais explicativas dos critérios de

componentes de entrada na UP, utilizaram-se os valores dos módulos das

correlações dos fatores com as variáveis, considerando 0,7 o ponto de corte. A

opção em trabalhar com o valor de 0,7 foi em função de agregar informações

significativas em todos os fatores. Utilizar valores abaixo de 0,7 aumenta o

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152

número de variáveis descrevendo cada um dos fatores, dificultando sua

interpretação, o que é uma das etapas mais críticas da análise de

componentes principais (AZEVEDO, 2001; BERNARDI et al., 2001; REIS,

2001, ALVES, 2004; COSTA, 2004; TAKAHASHI, 2005).

No fator 1, foram verificados 12 itens de entrada nas UPs com

autovalores maiores que 0,7; oito itens no fator 2; quatro itens no fator 3; e os

itens dos fatores 4 e 5 apresentaram correlação negativa, indicando que não

são fatores representativos (Tabela 7). A análise de componentes principais

separou os itens dos critérios de entradas de componentes nas UPs,

selecionando os mais importantes que estabelecem os critérios.

Por meio dos itens separados por fator, foi possível identificar a

importância dos critérios. Corroborando o resultado obtido na análise

descritiva, o critério alimentação ficou em primeiro lugar com 46,15%, sendo

o mais importante na entrada de componentes nas 11 UPs estudadas. O

critério de segunda ordem de importância foi alimentação animal (19, 23%),

em terceiro lugar estão os critérios despesas da casa, higiene pessoal e uso

pessoal (7,69%) e com menos relevância estão os critérios remédio para

animal, despesas para agricultura e limpeza da casa (3,85%) (Figura 7).

A análise dos componentes principais identificou os critérios de

entrada de componentes nas UPs que são mais importantes em termos da

variabilidade dos dados, reduziu o número de variáveis e validou os

resultados da análise descritiva. Foram considerados mais importantes como

componentes de entrada nas UPs, os itens relacionados com alimentação

dos membros da família e alimentação dos animais domésticos.

Com os resultados obtidos na análise de componentes principais, foi

realizada a análise de peso ponderado, em que os valores de β (Tabela 8)

são o peso individual das variáveis que explicam as características, resultado

da multiplicação do módulo do valor dos coeficientes dos escores das

variáveis, pelos percentuais de explicação individual da variância. Enquanto

os valores de w se referem ao peso relativo de cada variável que explica os

itens de entrada nas UPs, resultante da divisão dos pesos absolutos de cada

uma dessas variáveis, pelo somatório dos pesos absolutos. O resultado

obtido foi multiplicado por 100, apenas para facilitar a leitura.

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153

TABELA 7. Correlação das variáveis descritoras dos fatores 1 a 5 que

estabelecem os critérios de entrada na UP.

Item de entrada Fator 1

Item de entrada Fator 2

Farinha de mandioca 0,95 Farinha de mandioca 0,92

Fermento 0,95 Farinha de milho 0,92

Açúcar 0,95 Fermento 0,92

Óleo 0,95 Gás 0,92

Pão 0,95 Leite 0,92

Trigo 0,95 Luz 0,92

Café 0,95 Óleo 0,92

Carne 0,95 Pão 0,92

Leite 0,95

Bolacha 0,95 Item de entrada Fator 4

Sal 0,75 Remédio para os animais -0,83

Farinha de milho 0,75 Roupa -0,83

Sabão em barra -0,83

Item de entrada Fator 3

Papel higiênico 0,83 Item de entrada Fator 5

Quirela para pintinho 0,83 Shampoo -0,73

Ração para cachorro 0,83 Semente de milho -0,73

Ração para galinha 0,83 Sapato -0,73

05

101520253035404550

%

FIGURA 7. Importância dos critérios que estabelecem os itens que entram nas UPs, pelo método da análise fatorial de componentes principais (% de variáveis presentes por critério).

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154

TABELA 8. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados das

variáveis que explicam os componentes de entrada nas UPs.

Item de entrada β w Acumulado w x 100

Açúcar 1,51 0,02 0,02 2,02

Água 2,30 0,03 0,05 5,09

Água sanitária 1,48 0,02 0,07 7,08

Amaciante 1,48 0,02 0,09 9,06

Arroz 2,20 0,03 0,12 12,00

Bolacha 1,51 0,02 0,14 14,01

Café 1,51 0,02 0,16 16,03

Carne 1,51 0,02 0,18 18,05

Creme dental 1,83 0,02 0,20 20,49

Desinfetante 1,48 0,02 0,22 22,47

Detergente 1,48 0,02 0,24 24,46

Esponja 1,48 0,02 0,26 26,44

Esponja de aço 1,48 0,02 0,28 28,42

Farinha de mandioca 1,51 0,02 0,30 30,44

Farinha de milho 2,13 0,03 0,33 33,28

Fermento 1,51 0,02 0,35 35,30

Gás 2,04 0,03 0,38 38,03

Leite 1,51 0,02 0,40 40,04

Luz 2,04 0,03 0,43 42,77

Óleo 1,51 0,02 0,45 44,78

Pão 1,51 0,02 0,47 46,80

Papel higiênico 1,83 0,02 0,49 49,24

Quirela para pintinho 2,12 0,03 0,52 52,07

Ração para cachorro 2,12 0,03 0,55 54,90

Ração para galinha 2,12 0,03 0,58 57,73

Remédio 1,63 0,02 0,60 59,90

Remédio para os animais 2,40 0,03 0,63 63,10

Roupa 2,00 0,03 0,66 65,78

Sabão em barra 1,48 0,02 0,68 67,77

Sabão em pó 1,48 0,02 0,70 69,75

Sabonete 1,83 0,02 0,72 72,19

Sacos 2,06 0,03 0,75 74,94

Sal 2,13 0,03 0,78 77,79

Sapato 2,00 0,03 0,80 80,46

Semente de milho 2,06 0,03 0,83 83,22

Shampoo 1,83 0,02 0,86 85,66

Telefone 2,04 0,03 0,88 88,38

Farinha de trigo 1,51 0,02 0,90 90,40

Vacina 2,40 0,03 0,94 93,60

Vitamina para galinha 2,40 0,03 0,97 96,80

Vitamina para o cavalo 2,40 0,03 1 100

SOMA 74,84 1 - -

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155

Os itens de entrada mais importantes são aqueles com peso igual ou

maior que o peso de cada uma das variáveis, como se todas fossem

igualmente importantes. Assim, os critérios de primeira ordem de importância

que estabelecem os itens de entrada nas UPs são alimentos para animal e

higiene pessoal (18,56% de itens explicando esses critérios). Em segundo

lugar de importância, estão os critérios remédio para animal e despesas da

casa (14,81%). Em terceiro lugar, encontram-se os critérios alimentação e

despesas para agricultura (11,11%). Com menor relevância de importância,

estão os critérios uso pessoal (7,41%) e limpeza da casa (3,70%) (Figura 8).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

%

FIGURA 8. Importância dos critérios que estabelecem os itens que entram nas UPs, pelo método da análise de peso ponderado (% de variáveis presentes por critério).

Com o resultado dessa análise, foi possível hierarquizar os critérios que

explicam os componentes que entram nas UPs e identificar os itens de entrada

mais importantes na visão dos agricultores. Com relação aos critérios, a

ponderação dos pesos obteve o critério alimentação animal em primeiro lugar,

sendo que na análise descritiva esse critério se estabeleceu em terceira ordem

de importância e na de componentes principais em segundo lugar. O critério

alimentação estabeleceu-se em primeira ordem de importância nas duas

primeiras análises e em terceiro lugar na de peso ponderado. Dessa forma,

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156

pode-se considerar que os itens relacionados a esses dois critérios são os mais

relevantes em relação aos componentes que entram nas 11 UPs entrevistadas.

Portanto, a análise de peso ponderado validou a identificação realizada pela

análise descritiva e de componentes principais. Os componentes de entrada

nas UPs não apresentaram correlação elevada em nenhum dos fatores, mas

somada suas influências menores, em cada um dos fatores, tornaram-se

importantes.

Para os componentes de saída das UPs, utilizou-se dos mesmos

métodos aplicados para componentes que entram nas UPs. Os critérios

estabelecidos para descrição dos itens que saem das UPs foram: Roça,

Animal, Artesanatos, Processados, Horta, Derivados de animal, Recicláveis e

Mata.

Na análise descritiva, os componentes de saída das UPs que

estabelecem ordem de importância em primeiro lugar, são os oriundos da roça

(31,25% de itens de saída nesse critério). Em segundo lugar, os itens de saída

estão relacionados com o critério criação (21,88%).

Em terceira ordem de importância, os critérios horta e artesanatos

(12,50%) e em quarto lugar os critérios processados e mata (9,38%). O critério

recicláveis é o de menor relevância em relação aos componentes que saem da

UP (3,13%) (Figura 9).

0

5

10

15

20

25

30

35

%

FIGURA 9. Importância dos critérios que estabelecem os itens que saem das UPs, pelo método da análise descritiva (% de itens presentes nos critérios).

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157

Os critérios que explicam os itens de saída das UPs foram submetidos à

análise fatorial de componentes principais, conforme realizado para os

componentes que entram nas UPs. Foram identificados quatro fatores com

autovalores maiores que um e que responderam a 87,6% da variação dos

dados originais (Tabela 9).

Na identificação das variáveis mais explicativas dos critérios de

componentes de saída da UP, foram utilizados os valores dos módulos

conforme foi feito para os componentes que entram nas UPs.

TABELA 9. Autovalores e porcentagem de explicação da variabilidade dos

dados dos cinco fatores dos critérios de componentes que saem

da UP, obtidos no cálculo de componentes principais.

Fator Autovalor % Total de variância explicada individual

% de explicação acumulada 1 9,0 33,2 33,2

2 7,1 26,1 59,3

3 4,3 15,9 75,2

4 3,4 12,5 87,6

No fator 1, foram verificados nove itens de saída das UPs; sete itens no

fator 2; e os itens dos fatores 3 e 4 apresentaram correlação negativa,

indicando que não são fatores representativos (Tabela 10). A análise de

componentes principais separou os itens dos critérios de saídas de

componentes das UPs, selecionando os mais importantes que estabelecem os

critérios.

Por meio dos itens separados por fator, foi possível identificar a

importância dos critérios. Os resultados da análise de componentes principais

corroboraram os obtidos na análise descritiva, em que o critério roça ficou em

primeiro lugar com 41,7%, sendo os itens de saída oriundos desse subsistema

os mais importantes. O critério de segunda ordem de importância foi criação

(29,2%), em terceiro lugar o critério horta (16,7%) e com menos relevância o

critério processados (12,5%) (Figura 10). A análise dos componentes principais

identificou os critérios de entrada de componentes nas UPs, que são mais

importantes em termos da variabilidade dos dados, reduziu o número de

variáveis e validou os resultados da análise descritiva. Foram considerados

mais importantes como componentes de entrada nas UPs, os itens

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158

relacionados com alimentação dos membros da família e alimentação dos

animais domésticos.

TABELA 10. Correlação das variáveis descritoras dos fatores 1 a 4 que

estabelecem os critérios de saída da UP.

Item de entrada Fator 1

Item de entrada Fator 2

Arroz 0,98 Pato 0,96

Cana 0,98 Frango 0,96

Feijão 0,98 Gado 0,96

Mandioca 0,98 Leite 0,96

Palmito 0,98 Ovos 0,96

Banana 0,98 Porco 0,96

Milho 0,98 Mel 0,81

Pamonha 0,72 Item de entrada Fator 4

Maracujá 0,71 Doce -0,91

Item de entrada Fator 3 Salgados -0,91

Alface -0,88

Couve -0,88

Cheiro-verde -0,88

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Roça Criação Horta Processados

%

FIGURA 10. Importância dos critérios que estabelecem os itens que saem das UPs, pelo método da análise fatorial de componentes principais (% de variáveis presentes por critério).

Com os resultados obtidos na análise de componentes principais, foi

realizada a análise de peso ponderado, conforme realizado para componentes

que entram nas UPS (Tabela 11).

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159

Os itens de saída mais importantes são aqueles com peso igual ou

maior que o peso de cada uma das variáveis, como se todas fossem

igualmente importantes.

TABELA 11. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados

das variáveis que explicam os componentes de saída nas UPs.

Item de saída β w Acumulado w x 100

Alface 1,80 0,04 0,04 3,99

Arroz 1,31 0,03 0,07 6,89

Artesanatos 2,35 0,05 0,12 12,10

Banana 1,31 0,03 0,15 15,00

Cana 1,31 0,03 0,18 17,89

Cestos 2,22 0,05 0,23 22,80

Cheiro-verde 1,80 0,04 0,27 26,79

Couve 1,80 0,04 0,31 30,78

Doce 1,69 0,04 0,35 34,52

Feijão 1,31 0,03 0,37 37,42

Frango 1,43 0,03 0,41 40,57

Gado 1,43 0,03 0,44 43,72

Leite 1,43 0,03 0,47 46,88

Lenha 2,17 0,05 0,52 51,67

Mandioca 1,31 0,03 0,55 54,57

Maracujá 1,97 0,04 0,59 58,92

Mel 1,71 0,04 0,63 62,71

Milho 1,31 0,03 0,66 65,61

Ovos 1,43 0,03 0,69 68,76

Palmito 1,31 0,03 0,72 71,66

Pamonha 1,86 0,04 0,76 75,77

Pano de prato 2,35 0,05 0,81 80,98

Pato 1,43 0,03 0,84 84,13

Porco 1,43 0,03 0,87 87,29

Reciclagem 1,84 0,04 0,91 91,36

Salgados 1,69 0,04 0,95 95,10

Vassoura 2,22 0,05 1 100

SOMA 45,18 1 - -

Assim, os critérios de primeira ordem de importância que estabelecem

os itens de saída das UPs foram horta e artesanato com 21,1% de itens

explicando esses critérios. Em segundo lugar de importância, estão os critérios

roça, mata e processados (15,8%). Com menor relevância de importância,

estão os critérios criação e recicláveis (5,3%) (Figura 11).

Com o resultado dessa análise, foi possível hierarquizar os critérios que

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160

explicam os componentes que saem das UPs e identificar os itens de saída

mais importantes na visão dos agricultores. Com relação aos critérios, a

ponderação dos pesos obteve o critério horta em primeiro lugar, sendo que nas

análises descritiva e de componentes principais esse critério se estabeleceu

em terceira ordem de importância.

0

5

10

15

20

25

%

FIGURA 11. Importância dos critérios que estabelecem os itens que saem das UPs, pelo método da análise de peso ponderado (% de variáveis presentes por critério).

O critério roça estabeleceu-se em primeira ordem de importância nas

duas primeiras análises e em segundo lugar na de peso ponderado. Dessa

forma, pode-se considerar que os itens relacionados a esses dois critérios são

os mais relevantes em relação aos componentes que saem das UPs. Portanto,

pode-se considerar que a análise de peso ponderado validou a identificação

realizada pela análise descritiva e de componentes principais. Os componentes

de saída das UPs não apresentaram correlação elevada em nenhum dos

fatores, mas somadas suas influências menores, em cada um dos fatores,

tornaram-se importantes.

As unidades produtivas estão no limite da autonomia, em que os

agricultores produzem tudo que necessitam; e na substituição, os agricultores

compram tudo o que precisam. As transformações que os sistemas agrícolas

vêm sofrendo levam os agricultores a ser substituídos no seu protagonismo,

passando a comprar adubos para o solo, a controlar organismos indesejados, a

se preocupar com a energia, conhecimentos, insumos agrícolas, alimentos,

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161

entre outros. Dentro dessas definições, é possível estabelecer que não existem

agricultores em nenhum dos extremos: inteiramente autônomos ou

substituídos, mas, uma tendência para um destes dois pontos (AZEVEDO,

2007).

Neste contexto, existe uma tendência à autonomia em relação aos

agricultores do Bairro da Serra, no que diz respeito aos componentes de saída

oriundos das roças, hortas, criações e mata. Porém, transformações vêm

ocorrendo no local, que denotam tendência à substituição por esses

agricultores, os quais estão se tornando dependentes do mercado externo, em

busca de adquirir produtos não produzidos nas UPs.

Foi realizada uma estimativa anual com relação à renda e despesas das

11 UPs, baseada nas informações fornecidas pelos agricultores (Tabela 12). As

rendas desses agricultores, em sua maioria, são provenientes de

aposentadoria, pensão, incentivos do governo e salário por serviços prestados.

Duas UPs recebem auxílio de filhos que migraram para cidade. Conforme as

informações prestadas pelos agricultores, o valor de entrada de renda

financeira anual é mais elevado que o valor anual de despesas básicas. A

renda que esses agricultores obtiveram da UP foi muito volúvel. Eles

forneceram informações de uma média mensal de vendas, porém em alguns

meses não vendem nada e em outros vendem pouco e há meses em que

vendem muito bem, principalmente quando aumenta a frequência de turistas no

local. A variação de renda anual das 11 UPs foi de R$ 3.101,00.

Segundo Barbosa (2007), grande parte dos moradores do Bairro da

Serra possuem alguma fonte de renda além da agricultura: aposentadoria,

construção civil, diarista, turismo, comerciante e outros, como alternativa

financeira e monetária para essas famílias. Historicamente atuaram em

empresas de mineração, hoje praticamente extintas na região do estudo, em

atividades de demarcação de terra e no extrativismo do palmiteiro juçara. No

entanto, essas atividades vêm sofrendo modificações, e os jovens e mesmo os

adultos têm se direcionado a atuar no turismo.

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162

TABELA 12. Estimativa da renda financeira de onze UPs do Bairro da Serra (anual).

UP Aposentadoria

(R$)

Renda cidadã

(R$) Vendas

(R$) Salário

(R$)

Cesta básica

(unidade) Ajuda dos filhos (R$)

Pensão (R$)

Bolsa escola

(R$) Entrada

(R$)

Despesas (R$)

BS001 4980 720 840 6540 4.200

BS002 1800 4980 6780 3.000

BS003 4980 1800 24 2400 2640 11844 3.720

BS004 2400 4980 7380 3.600

BS005 720 240 4980 5940 3.120

BS006 4980 720 12 1440 7152 1.200

BS007 720 4980 5700 3.600

BS008 720 1800 4980 7500 4.800

BS009 4980 2160 4980 12120 6.000

BS010 500 9960 2640 13100 6.240

BS011 720 1800 9960 2640 15120 3.600

TOTAL 19.920 4.320 13.340 39.840 36 3.840 9.960 7.920 99.176 43.080,00

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163

4.1.9 Unidades territoriais de manejo

As denominações das unidades de manejo identificadas nesse trabalho

foram percebidas na convivência diária da pesquisadora com os moradores

locais e confirmadas nas entrevistas. Conforme Nabuco et al. (2009):

“O arranjo espacial de uma comunidade rural camponesa é compreendido pelo pesquisador quando esse tem clareza do modelo de vida idealizado por esse grupo social. Para isso, há a necessidade de conhecer a cultura e pormenores do grupo social, porque nem sempre o pesquisador e o grupo pesquisado percebem e nomeiam os espaços da mesma forma e essa diferença de compreensão pode levar a um distanciamento entre o investigador e o alvo pesquisado”. (NABUCO et al., 2009, p.219).

As onze UPs estudadas no Bairro da Serra fazem parte do sistema de

produção camponês identificado a partir de algumas características, conforme

vasta literatura (QUEIROZ, 1973; WOLF, 1976; CANDIDO, 1977; TOLEDO,

1992; WOORTMANN e WOORTMANN, 1997; SCHNEIDER, 2003; AGUIAR,

2006), em que os espaços sociais e agrícolas ocupados por uma comunidade

camponesa são manejados e organizados conforme a lógica local, para isso,

se utiliza o conhecimento que possuem.

É o corpus ou sistema de conhecimento que explica como cada

camponês percebe, concebe e materializa os ambientes dos quais depende

para viver. Porém, a cultura é também responsável pela visão de mundo do

grupo social, determinando o sistema de conhecimento desses camponeses

(TOLEDO, 1992).

Na caracterização das UPs estudadas, identificou-se como os

agricultores organizam em escala espacial suas unidades de manejo, sendo a

unidade de manejo roça citada nas onze UPs. Destas unidades, sete possuem

o trabalho da roça como dedicação exclusiva e essencial na subsistência da

família. Agricultores de duas UPs cultivam pouco na roça por possuírem outras

atividades e os das demais não estão cultivando diretamente na roça por

motivo de doença ou idade avançada, porém ainda mantêm relação com esse

tipo de atividade pelas orientações dadas aos filhos em todas as etapas do

sistema de produção. Além de acompanharem todo o processo, também

participam das tomadas de decisões do que deve ser ou não realizado.

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164

Além da roça, foram identificadas outras unidades de manejo que

compõem os sistemas de produção (Tabela 13), sendo capoeira, mata, quintal,

terreiro, horta, galinheiro e paiol os mais citados pelos agricultores.

TABELA 13. Unidades de manejos presentes na UPs do Bairro da Serra e

quantidade de UPs que possuem esses manejos.

Unidades de manejo Quantidade de UP %

Roça 11 12,0

Capoeira 10 10,7

Mata 10 9,8

Quintal 9 8,7

Horta 8 8,7

Terreiro 8 8,7

Galinheiro 8 8,7

Paiol 7 7,6

Pasto 5 5,5

Chiqueiro 5 5,5

Tanque de peixe 4 4,4

Curral 2 2,2

Bananal 2 2,2

Pomar 1 1,1

Mandiocal 1 1,1

Laranjal 1 1,1

Canavial 1 1,1

Cafezal 1 1,1

Dentre as unidades de manejo, mata nativa e capoeira são as que

ocupam maior espaço nas UPs (Tabela 14). As roças ficam em terceiro lugar

em espaço ocupado nas UPs, porém aquelas que possuem unidade de manejo

de pasto têm essa unidade ocupando maior espaço que as roças. Os quintais,

terreiros e hortas não ocupam espaços extensos nessas UPs, porém

representam determinada importância no contexto econômico e social.

Para manutenção das unidades de manejo, os recursos hídricos são

indispensáveis. Nessa localidade, água não é problema, já que existe em

abundância e com qualidade, existindo até lugares com fonte de água potável.

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165

TABELA 14. Uso da terra nas onze UPs estudas no Bairro da Serra.

BS001 BS002 BS003 BS004

Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de

manejo Área (ha) %

Área total UP

4,68 100 Área total UP

15,22 100 Área total UP

10,88 100 Área total UP 31,00 100 Roça 2,00 43 Roça 4,00 26,3 Roça 1,72 15,8 Roça 4,00 12,9

Terreiro 0,08 1,7 Terreiro 0,08 0,5 Horta 0,10 0,9 Terreiro 0,30 0,1 Horta 0,96 20,5 Horta 0,10 0,7 Capoeira 6,00 55,1 Horta 0,80 2,6 Pomar 0,08 1,7 Mata

Nativa 10,00 65,7 Mata

Nativa 3,00 27,6 Capoeira 2,00 6,5

Mandiocal 0,01 0,2 Quintal 0,03 0,2 Quintal 0,06 0,6 Mata Nativa 22,15 71,5 Capoeira 0,96 20,5 Bananal 1,00 6,6

Mata Nativa

0,59 12,6 Laranjal 0,01 0,1

BS005 BS006 BS007 BS008

Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de

manejo Área (ha) %

Área total UP

20,19 100 Área total UP

55,00 100 Área total UP

4,00 100 Área total UP 73,44 100

Roça 2,00 9,9 Roça 2,90 5,3 Roça 0,10 2,5 Roça 1,00 1,4

Capoeira 6,00 29,7 Terreiro 4,00 7,3 Capoeira 0,90 22,5 Terreiro 0,44 0,6 Mata

Nativa 10,00 49,5 Horta 0,10 0,2 Mata

Nativa 2,97 74,3 Capoeira 20,00 27,2

Quintal 0,19 1,0 Capoeira 16,00 29,1 Quintal 0,03 0,8 Mata Nativa 36,00 49

Mata Nativa

22,00 40 Pasto 16,00 21,8

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166

Continuação TABELA 14. Uso da terra nas onze UPs estudadas no Bairro da Serra. BS009 BS010 BS011

Unidades de manejo

Área (ha) % Unidades de

manejo Área (ha) %

Unidades de manejo

Área (ha) %

Área total UP 7,00 100 Área total UP 8,30 100 Área total UP 72,13 100

Roça 2,00 28,6 Roça 0,10 1,21 Roça 1,00 1,4

Terreiro 0,10 1,4 Terreiro 2,00 24,1 Terreiro 0,03 0,1

Horta 0,10 1,4 Horta 0,03 0,4 Horta 0,10 0,2

Capoeira 1,00 14,3 Capoeira 1,00 12,1 Capoeira 20,00 27,7

Mata Nativa 3,60 51,4 Mata Nativa 4,09 49,3 Mata Nativa 50,00 69,3

Quintal 0,20 2,9 Quintal 0,08 1,0 Quintal 1,00 1,4

Pasto 1,00 12,1

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167

Os lotes localizados na parte central do Bairro da Serra possuem água

encanada e tratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

Paulo (Sabesp).

Também, todos os sítios possuem rios ou córregos, que são utilizados

pelos agricultores. Em alguns casos, eles realizam o encanamento de maneira

artesanal, como no caso da UP BS006 e UP BS005, que estão distantes da

região central do bairro, e por não possuírem água encanada e tratada, os

próprios moradores desenvolveram o mecanismo de encanamento da água,

aproveitando um córrego que passa próximo a casa.

O conjunto dessas unidades de manejo reproduz o sistema de produção

das UPs, considerando que sistemas de produção são conjuntos de atividades

agrícolas operadas em escalas espaciais menores que aquelas da unidade de

produção, sendo o resultado de combinações de sistemas de cultivo/criação,

compreendendo o espaço físico, o ambiente local, os organismos, as espécies

manejadas, os insumos naturais e sociais e o conhecimento (AZEVEDO,

2001). Dessa forma, a identificação das unidades de manejo permitiu a

caracterização dos sistemas de cultivo e criação existentes nas UPs.

O sistema de cultivo pode ser diferencido de acordo com a localidade,

pois consiste na combinação da força de trabalho e técnicas adotadas para

obter as produções vegetais ou animais ao longo de determinado período de

tempo, considerando as áreas disponíveis (SEBILLOTTE e SCAPIN, 1994;

KHATOUNIAN, 2001) e estando a diversidade de produção interligada com as

condições ambientais e estratégias de manejo que os agricultores adotam

(WÜNSCH, 1995).

Em busca de conhecer os aspectos sobre sistemas de cultivo e criação

das UPs estudadas, foram descritas as seguintes unidades de manejo: quintal,

horta, criações, pastagem, sistemas extrativistas e roça. A determinação

dessas unidades de manejo foi pelo motivo de serem consideradas as mais

importantes no contexto de composição dos sistemas de produção na visão

dos agricultores pesquisados.

4.1.9.1 Quintal e terreiro

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168

A unidade de manejo quintal nas UPs estudadas corresponde a espaços

domésticos que se localizam ao redor das residências, normalmente com

grande diversificação de espécies vegetais plantadas e/ou manejadas

aparentemente de forma desordenada, construindo uma espécie de sistema

agroflorestal. Essas espécies em geral apresentam funcionalidades medicinais,

alimentares e ornamentais.

Alguns autores definiram quintais conforme o que foi observado nas UPs

estudadas. Para Saragoussi et al. (1990), quintal corresponde a uma área de

manejo e uso da terra, utilizada como fonte de experimentação e depósito de

germoplasma por agricultores que possuem tais sistemas em suas UPs.

Complementando essa definição, Godoy (2004) afirmou que quintal é uma

unidade de manejo, correspondente à parte do espaço funcional da unidade

produtiva utilizada pela família, onde em geral, encontram-se o local de

moradia e o cultivo de espécies agrícolas associadas ao cultivo e manejo de

árvores, arbustos e ervas de usos múltiplos, bem como a criação de aves,

suínos e outros animais domésticos de pequeno porte (cachorros, gatos). Para

Cardoso (2008), quintais são espaços domésticos que normalmente se

localizam ao redor das residências, onde se cultivam plantas medicinais,

ornamentais, condimentares e frutíferas, cuja responsabilidade de cuidados é

normalmente da mulher.

Observou-se uma grande presença de vegetais cultivados. Ainda que

em menor quantidade, também há presença de espécies nativas, que, segundo

a etnoclassificação desses agricultores, correspondem às espécies

semidomesticadas (principalmente as transplantadas das matas), às

remanescentes da vegetação nativa e às espontâneas.

Nos quintais também é feita a criação de pequenos animais domésticos,

uma característica importante, pois proporcionam produtos que complementam

a dieta com proteínas, protegem a casa e são usados no transporte.

Os quintais podem variar em tamanho, diversidade de espécies, zonas

de manejo, interações entre espécies, funções ecológicas e forma. São

importantes para a complementação da dieta familiar, sendo comum o cultivo

em pequena escala. São espaços com grande importância na manutenção de

variedades cultivadas e, além disso, vinculam-se aos momentos de convívio

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169

social.

Nesses quintais, podem ser encontrados microespaços de cultivos: a

horta, espaço protegido por tábuas ou cerca de varas finas para evitar invasão

das galinhas e outros animais; o pomar, que é pluriestratificado e é composto

apenas por árvores frutíferas; e o terreiro, com plantas condimentares,

ornamentais, medicinais e frutíferas.

Terreiro é o termo pelo qual se designa uma área contígua a casa, onde

também se criam os animais de pequeno porte, galinhas, porcos, perus, que

servem para a despesa da casa e também para trocas mercantis.Também se

plantam as ervas medicinais e são comuns árvores frutíferas como

mangueiras, laranjeiras, abacateiros, mamoeiros e limoeiros. Assim, é um dos

espaços culturalmente construídos, articulado com os outros espaços, de

elevada importância na reprodução social de agricultores tradicionais (MAIA,

2004). Segundo Suárez e Libardoni (1992), o terreiro constitui espaço

altamente produtivo e gerador de renda, sendo que, na maioria das vezes,

nesse local, as mulheres desenvolvem suas atividades produtivas.

Em apenas um caso o quintal também foi definido como terreiro.

Vasconcellos (2004), em estudo realizado em Iporanga na comunidade

quilombola de Praia Grande, retratou que esses termos podem ser citados

como sinônimos ou como termos diferentes. A autora apontou para a

multifuncionalidade desses espaços para os núcleos familiares.

Aguiar (2009), em estudo nos quintais da Morraria, região localizada no

município de Cáceres/MT, enfocou que:

“As plantas de quintal diferem das “plantas de roça” como o arroz, milho ou feijão, que são priorizados quando se trata da alimentação da família, tanto por seu valor nutritivo, como pela quantidade e a disponibilidade durante o ano (possibilidade de armazenamento). O quintal tem inúmeras funções socialmente reconhecidas e tem sua importância como espaço produtivo e reprodutivo. Um quintal pode proporcionar para a dieta familiar uma provisão significativa de carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas. Também oferece produtos não encontrados na roça ou nas outras áreas da mata ou capoeira. As frutas e outros produtos asseguram fonte de alimentos durante todo o ano. O embelezamento e a regulação do ambiente ao redor

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da casa são elementos importantes para a família, o que justifica a existência de um grande número de espécies dedicadas à ornamentação e a serviços ambientais (sombra, suporte para outras vegetais, proteção contra ventanias e proteção do solo)”. (AGUIAR, 2009, p.3).

Os agricultores entrevistados citaram 105 etnoespécies11 vegetais

presentes nos quintais e nos terreiros de suas UPs (Tabela 15). Destas

etnoespécies, 65 foram citadas para uso medicinal (45%), 51 para uso

alimentar (35%) e 29 para uso ornamental (20%). As etnoespécies mais citadas

foram: laranja, goiaba, palmito, limão, jaca, ata e abacate, todas de uso

alimentar.

A UP BS003 foi a que mais citou etnoespécies presentes nos quintais,

sendo que do total de 105 etnoespécies, a UP BS003 citou 48 (32%), a UP

BS004 citou 35 (23%), a UP BS001 citou 33 (22%) e a UP BS006 28 (18%). As

demais UPs citaram abaixo de 5% de estnoespécies presentes nos quintais.

Considerando toda amplitude e importância dos quintais e terreiros

agroflorestais, percebe-se que eles oferecem princípios orientadores para

outros sistemas, pois promovem a biodiversidade, prosperam sem o uso

intensivo de produtos externos não renováveis e mantêm a produtividade dos

cultivos.

Tomando como base esse contexto, populações tradicionais que já

habitam uma área há muitas gerações acumulam muitas experiências e

conhecimentos sobre o ambiente que manejam. Diegues e Arruda (2001)

afirmaram que essas experiências proporcionam a geração de um

conhecimento ecológico tradicional.

Sendo assim, o conhecimento acumulado pelos agricultores

camponeses para produção e manejo dos quintais e terreiros deve ser

conhecido pela pesquisa e pela assistência técnica e extensão rural para o

entendimento dos princípios ecológicos e socioeconômicos que regem esses

sistemas agroflorestais (AGUIAR, 2009).

11 Neste trabalho são consideradas etnoespécies as plantas reconhecidas pelos agricultores e

nomeadas pela população local, possuindo uso característico entre as famílias. As etnoespécies se distinguem entre si pelas diferentes espécies de planta, nominação e função que lhes é atribuída na visão do agricultor.

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171

TABELA 15. Etnoespécies vegetais presentes na unidade de manejo quintal, citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da

Serra

Etnoespécie Família

botânica No de UPs

Etnoespécie Família

botânica No de UPs

Etnoespécie Família

botânica No de UPs

Laranja Rutaceae 8 Melissa Verbenaceae 3 Asa de morcego - 1

Goiaba Myrtaceae 7 Pêssego Rosaceae 3 Assuinã - 1

Abacate Lauraceae 6 Pitanga Myrtaceae 3 Atroveran - 1

Ata Annonaceae 6 Abacaxi Bromeliaceae 2 Avenca Polipodiaceae 1

Jaca Moraceae 6 Abóbora Cucurbitaceae 2 Azaléia Ericaceae 1

Limão Rutaceae 6 Amora Moraceae 2 Banana cinza Musaceae 1

Palmito Arecaceae 6 Antúrio Araceae 2 Banana da terra Musaceae 1

Acerola Malpighiaceae 5 Babosa Lamiaceae 2 Banana flor Musaceae 1

Hortelã Lamiaceae 5 Banana Musaceae 2 Banana ouro Musaceae 1

Jabuticaba Myrtaceae 5 Banana maranhão Musaceae 2 Banana pêra Musaceae 1

Mamão Caricaceae 5 Banana prata Musaceae 2 Banana salta veiaca Musaceae 1

Mexirica Rutaceae 5 Cabelo de anjo - 2 Bordão de São Jorge Agavaceae 1

Orquídea Orchidaceae 5 Caju Bombacaceae 2 Bromélia Bromeliaceae 1

Rosa Rosaceae 5 Cidra Rutaceae 2 Cacau Sterculiaceae 1

Ameixa Rosaceae 4 Figueira Moraceae 2 Cactus Cactaceae 1

Colorau/urucum Zingiberaceae 4 Hortelã-pimeta Lamiaceae 2 Camarinha Myrtaceae 1

Lima Rutaceae 4 Jambo Myrtaceae 2 Cana Poaceae 1

Manga Anacardiaceae 4 Laranja cidra Rutaceae 2 Capirivu - 1

Banana nanica Musaceae 3 Lírio Apocynaceae 2 Caqui Ebenaceae 1

Boldo Lamiaceae 3 Maracujá Passifloraceae

2 Cará Dioscoreaceae 1

Café Rubiaceae 3 Pinheiro Araucariaceae 2 Cebolinha Liliaceae 1

Chuchu Cucurbitaceae 3 Alecrim Lamiaceae 1 Colônia Zingiberaceae 1

Coqueiro de enfeite Arecaceae 3 Alfavaca Lamiaceae 1 Copo-de-leite Amarylliadaceae 1

Erva-cidreira Verbenaceae 3 Aroeira Anacardiaceae

1 Espada de São Jorge Agavaceae 1

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Continuação TABELA 15. Etnoespécies vegetais presentes na unidade de manejo quintal, citadas por agricultores de onze

UPs do Bairro da Serra

Etnoespécie Família botânica No de UPs Etnoespécie Família botânica No de UPs

Estomazil Asteraceae 1 Rubim Lamiaceae 1

Feijão guandu Leguminaceae 1 Sangue-de-adão Lamiaceae 1

Flôr da amazônia - 1 Tansagem Plantaginaceae 1

Gengibre Zingiberaceae 1 Uva Vitaceae 1

Guapari Myrtaceae 1 Uva Vitaceae 1

Guaricica Vochysiaceae 1 Uva japonesa Rhamnaceae 1

Guiné Phytolaccaceae 1 Uva japonesa Rhamnaceae 1

Ingá Fabaceae 1 Veludinha - 1

Ipê amarelo Bignoniaceae 1 Violeta Gesneriaceae 1

Ipê roxo Bignoniaceae 1

Lágrima de cristo Verbenaceae 1

Laranja azeda Rutaceae 1

Laranja pêra Rutaceae 1

Limão rosa Rutaceae 1

Mandioca Euphorbiaceae 1

Maria-sem-vergonha Balsaminaceae 1

Nataeiro Melastomataceae 1

Onze horas Portulacaceae 1

Palmeira Arecaceae 1

Pêra Rosaceae 1

Poejo Lamiaceae 1

Primavera Nyctaginaceae 1

Quina branca Rubiaceae 1

Romã Punicaceae 1

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4.1.9.2 Horta

As espécies cultivadas na unidade de manejo horta são para uso

alimentar e/ou medicinal. Normalmente a responsabilidade de cuidados é da

mulher. A produção da horta é para subsistência das famílias que compõem as

UPs, porém quando há excedentes, vendem para vizinhos e turistas.

Pode não estar necessariamente próxima a casa. Neste caso, a

produção de hortaliças integra a roça e está espacialmente ligada à produção

de milho, mandioca, feijão etc. Pode ser cercada ou não e tem a finalidade de

cultivo de espécies hortícolas. A horta é cercada quando se localiza próximo às

casas para proteger de animais domésticos.

A horta é uma unidade de manejo que pode estar integrada ou ser

independente de outras unidades de manejo como os quintais e roças,

formando um mosaico de vegetação com estruturas e composição

heterogêneas (OLIVEIRA, 2006).

No preparo do solo para começar uma horta, os camponeses utilizam

como adubo as folhas secas e/ou caídas no chão de outras espécies vegetais.

A UP BS006 utiliza esterco de gado como complementação de adubo. Não

utilizam nenhum método para combater o ataque de pragas, e o controle de

plantas invasoras é feito manualmente por meio de capinas na área ocupada

pela horta.

Foram citadas pelos agricultores 39 etnoespécies de vegetais cultivadas

na unidade de manejo horta, que é desenvolvida em oito UPs das

entrevistadas (Tabela 16). As etnoespécies vegetais mais cultivadas pelos

camponeses na horta são: couve em oito UPs (10,5%)¸ alface e cebolinha em

sete UPs (9,2% respectivamente) e salsinha em cinco UPs (6,6%). A

quantidade citada por UP, cultivada na horta, variou de 14 etnoespécies

(18,4%) na UP BS006 a quatro estnoespécies (5,3%) na UP BS010. Foram

identificadas duas formas de uso da produção obtida na Horta: alimentação

humana, a mais predominante, e uso medicinal.

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TABELA 16. Etnoespécies vegetais presentes na unidade de manejo horta,

citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da Serra

Etnoespécie Família Botânica No de UPs %

Couve Brassicaceae 8 10,5

Alface Asteraceae 7 9,2

Cebolinha Liliaceae 7 9,2

Salsinha Apiaceae 5 6,6

Manjerona Lamiaceae 4 5,3

Almeirão roxo Asteraceae 3 3,9

Cebola Liliaceae 3 3,9

Coentro Apiaceae 3 3,9

Alho Liliaceae 2 2,6

Almeirão Asteraceae 2 2,6

Beterraba Chenopodiae 2 2,6

Manjericão Lamiaceae 2 2,6

Taiá/Taioba Araceae 2 2,6

Alfavaca de cheiro Lamiaceae 1 1,3

Batata-doce Convolvulaceae 1 1,3

Batata-salsa Apiaceae 1 1,3

Caqui Ebenaceae 1 1,3

Cará Dioscoreaceae 1 1,3

Chicória Asteraceae 1 1,3

Chuchu Cucurbitaceae 1 1,3

Erva-cidreira Verbenaceae 1 1,3

Erva-doce Apiaceae 1 1,3

Espinafre Aizoaceae 1 1,3

Hortelã Lamiaceae 1 1,3

Hortelã-pimenta Lamiaceae 1 1,3

Jabuticaba Myrtaceae 1 1,3

Jiló Solanaceae 1 1,3

Laranja Rutaceae 1 1,3

Limão Rutaceae 1 1,3

Mamão Caricaceae 1 1,3

Mandioca Euphorbiaceae 1 1,3

Mexerica Rutaceae 1 1,3

Pêra Rosaceae 1 1,3

Pimenta Solanaceae 1 1,3

Pimenta de cheiro Solanaceae 1 1,3

Pocã Rutaceae 1 1,3

Rúcula Brassicaceae 1 1,3

Serralha Asteraceae 1 1,3

Tomate Solanaceae 1 1,3

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175

As UPs BS003 e BS011 comentaram o desejo de ampliar a área da

horta para produzir em escala de comercialização, implantando também outras

variedades, porém citaram fatores que impedem que isso aconteça: falta de

espaço; custos elevados; solo desgastado pela ausência de pousio; não há

para quem vender se aumentar a produtividade; não há maquinário agrícola

para auxiliar na elaboração de canteiros maiores; terrenos com muito declive

na UP; fiscalização ambiental; muita chuva no local; e dificuldade no controle

de pragas e doenças.

Os agricultores dessas duas UPs colocaram que o princípio para

conseguir realizar esse desejo, ou apenas melhorar a produtividade do que já

estão acostumados a plantar, é melhorar a qualidade dos solos, utilizando

defensivos mais naturais, porém dizem possuir pouco conhecimento sobre

esses defensivos. As demais UPs não demonstraram desejo em ampliar suas

hortas e disseram que “do jeito que vêm fazendo está bom”.

4.1.9.3 Criação animal

O sistema de criação é um conjunto de elementos em interação

dinâmica organizados pelo homem com a finalidade de transformar, por

intermédio dos animais domésticos, determinados recursos em produtos, como

leite, ovos etc. ou para responder a determinadas necessidades, como tração,

lazer etc. (LANDAIS et al., 1987).

Foram citadas etnoespécies de animais que abrangem 27 categorias

funcionais e se distribuem em seis gêneros: aves, peixes, bovinos, bubalinos,

equinos e suínos. Os critérios de nominação das estnoespécies variaram de

acordo com a espécie do animal, idade, sexo e função. Três UPs não possuem

criações (Tabela 17). A função que as criações ocupam nas UPs variou de

acordo com a espécie animal (Tabelas 18 e 19).

O uso de bovinos e bubalinos está voltado para produção de leite e

carne em pequena escala e sua exploração é principalmente vinculada ao

consumo da família. São poucos os moradores locais que possuem gado. Os

equinos são usados no transporte e têm tido grande importância histórica na

região. O escoamento da produção das roças distantes pode ser feito por meio

destes animais, mas não necessariamente, porque também é comum o

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transporte em cestos carregados pelos agricultores. Atualmente, pouco se usa

essa classe animal para essa atividade, sendo que das onze UPs apenas três

ainda assim o fazem. A UP BS004 é a que possui maior quantidade de equinos

com a função voltada ao lazer e turismo. Algumas vezes fornecem serviços de

cavalgadas pelo Bairro da Serra aos turistas que visitam o local, alugando os

animais. Alimentação é a finalidade mais fornecida pelas criações das onze

UPs estudadas no bairro da Serra, sendo que cinco gêneros (29,4%) são

responsáveis por essa função.

As aves compõem o gênero que mais fornece alimento para as famílias

dessas UPs, fato condicionado à facilidade do manejo e segurança alimentar.

TABELA 17. Etnoespécies animais presentes na unidade de manejo criação,

citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da Serra

Etnoespécie animal Nº de UP %

Galinha 9 13,41

Galo 9 13,41

Pata 4 5,97

Pato 4 5,97

Cavalo 3 4,48

Égua 3 4,48

Galinha de angola 3 4,48

Peixe 3 4,48

Bezerro 2 2,99

Boi 2 2,99

Gansa 2 2,99

Leitão 2 2,99

Peru 2 2,99

Perua 2 2,99

Pintinho 2 2,99

Porca 2 2,99

Porco 2 2,99

Vaca 2 2,99

Búfalo 1 1,49

Burro 1 1,49

Frango 1 1,49

Ganso 1 1,49

Jegue 1 1,49

Leitoa 1 1,49

Mula 1 1,49

Potro 1 1,49

Touro 1 1,49

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177

A escolha por aves como mais predominante no sistema de manejo

criação está na facilidade do manejo. Isso ocorre porque uma parte da

alimentação fornecida às criações sai da própria unidade de produção e

somente aquilo que não pode ser beneficiado é comprado.

TABELA 18. Funções das etnoespécies animais que compõem a unidade de

manejo criação, por gênero animal e quantidade de etnoespécies

citadas.

Função Nº de

animais % Função Nº de

gêneros %

Alimentação 17 34,7 Alimentação 5 29,4

Procriação 6 12,2 Procriação 4 23,5

Transporte 6 12,2 Crescimento 3 17,6

Lazer 6 12,2 Lazer 2 11,8

Ornamental 5 10,2 Ornamental 1 5,9

Crescimento 5 10,2 Proteção 1 5,9

Proteção 4 8,2 Transporte 1 5,9

Gênero Nº de

animais % Genero Nº de

funções %

Aves 11 40,7 Aves 5 29,4

Equino 6 22,2 Equino 2 11,8

Bovino 4 14,8 Bovino 3 17,6

Suíno 4 14,8 Suíno 3 17,6

Peixes 1 3,7 Peixes 3 17,6

Bubalino 1 3,7 Bubalino 1 5,9

O destino da produção animal por UP é para subsistência da família,

porém cinco delas têm o hábito de comercializar informalmente aves e ovos,

em pouca quantidade, para os vizinhos.

A unidade de manejo criação proporciona produtos que complementam

a dieta alimentar com proteínas, oferecem entretenimento, protegem a casa,

são usados no transporte e na tração e embelezam o local.

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TABELA 19. Definição das funções atribuídas à unidade de manejo criação

Funções

Alimentação Procriação Crescimento Lazer Ornamental Proteção Transporte

Animal Produtos Função Animal Função Animal Função Animal Função Animal Função Animal Função Animal Função

Aves

Galinha Ovos e carne

Proteína na dieta alimentar

Galo Macho

reprodutor Pinto e frango

Engorda: fornecer alimento

- -

Ganso galinha

de angola e

peru

Embeleza a UP

Ganso

Proteger a UP:

ladrões/ animais

- -

Bovinos Vaca

Leite e carne

Proteína na dieta alimentar

Touro Macho

reprodutor Bezerr

o

Engorda: fornecer alimento

- - - - - - - -

Bubalinos Búfala

Leite e carne

Proteína na dieta alimentar

- - - - - - - - - - - -

Equinos

- - - - - Potro Crescer

para transporte

Cavalo egua burro jegue mula

Transporte passeios

cavalgada - - - -

Cavalo egua burro jegue mula

Locomoçãotração e cargueiro

Suínos Porco

Gordura e carne

Proteína na dieta alimentar

- - Leitoa e leitão

Engorda: fornecer alimento

- - - - - - - -

Peixes Carne

Proteína na dieta alimentar

- - - - Pesca - - - - - -

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4.1.9.4 Pastagem

Relacionada com o sistema de criação, existe a unidade de manejo

pasto, suporte nutricional da criação bovina, bubalina e equina. O uso da

pastagem nas UPs é fundamental para garantir a produtividade desses

sistemas de criação.

Geralmente, as pastagens são estabelecidas com o plantio de capim

gordura (Melinis minutiflora) e braquiária (Brachiaria sp.), após o uso de uma

área como roça. É comum que estes animais usem pastos próximos às

capoeiras, fazendo com que eles entrem na mata para consumir espécies

nativas.

Dos onze agricultores entrevistados, cinco possuem áreas de pastagem

em suas UPs. Barbosa (2007), em pesquisa realizada no Bairro da Serra com

42 agricultores, observou que dez deles possuíam áreas de pastagens. Sendo

assim, essa unidade de manejo ocupa pouco espaço nos solos desse local.

4.1.9.5 Sistemas extrativistas

Existe na região grande diversidade de espécies vegetais exploradas por

meio do extrativismo, manejadas pelos agricultores camponeses, fundamentais

na coleta de espécies medicinais quando o camponês ou um ente da sua

família está enfermo, para alimentação, construção de benfeitorias,

manufatura, lenha, entre outros produtos. Essa diversidade garante a

estabilidade de vários sistemas de produção (AZEVEDO, 2001).

Assim, os territórios naturais (Mata e Capoeira) são utilizados extraindo-

se apenas o necessário para sua sobrevivência e são conscientes de que é dali

que retiram parte do que precisam, por isso reconhecem a importância dos

recursos existentes. A dependência dos agricultores quanto aos recursos

florestais estreita sua relação com a vegetação nativa e isso gera

conhecimento sobre os critérios de seleção e uso da flora. O agricultor busca

esses recursos em diferentes locais, dentro ou fora da sua UP.

A atividade de extrativismo nas unidades de paisagem que representam

os sistemas extrativistas contribui e muito para diminuição de introdução de

recursos externos à UP e, consequentemente, traz economia financeira, mas é

preciso enfatizar que se o manejo não for adequado, ele pode acarretar

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extinção local de determinadas espécies. Os dados obtidos neste trabalho não

permitem aprofundar nessa questão, o que precisa ser feito em trabalhos

futuros.

As áreas de matas e capoeiras são as que ocupam maior espaço

territorial nas UPs (Tabela 14). Antigamente, esses camponeses optavam em

formar suas roças em áreas de mata ou capoeiras mais antigas, pois o solo

coberto com vegetação mais intensa tem maior fertilidade e proporciona maior

produtividade. Porém, com a implantação do Petar, e a legislação ambiental

impondo regras na forma de uso dos solos nesse local, esses agricultores se

viram obrigados a entrar nas regras da legislação e passaram a cultivar suas

roças em áreas de capoeiras mais jovens, por meio de plantios subsequentes,

o que levou a um grande declínio na produtividade.

Embora o desmatamento diminua a diversidade de espécies de fauna e

flora no local, os camponeses que vivem em unidades de produção pequenas

não encontraram outra forma mais adequada de se manterem produtivos, que

não seja o manejo dessas áreas em sistema de derrubada e queima. No

entanto, esse impacto não é tão avassalador em curto prazo, porque as

ferramentas que esses camponeses utilizam na derrubada são rústicas,

machado, facão, foice, o que faz a derrubada ocorrer em áreas menores de

quatro hectares. No caso dos camponeses que possuem unidades de

produção maiores e condições de alugar algumas horas de trator, mesmo

esses chegam a derrubar dez hectares no máximo, devido ao alto custo do

serviço e à pouca mão de obra para o plantio e colheita dos cultivos.

Os agricultores diferenciam as unidades de manejo onde desenvolvem

seus sistemas extrativistas. Nas entrevistas, foi possível observar que existem

capoeira, capoeira fina, capoeira grossa ou capoeirão e mata virgem.

Capoeira é composta por vegetação em estágio intermediário de

regeneração. Pode haver áreas com vegetação de maior ou menor porte. Sua

formação ocorre entre seis e 15 anos. Os agricultores consideram essa área

boa para o plantio. Barbosa (2007), em estudo no Bairro da Serra, observou

que nesse tipo de unidade de paisagem existe boa qualidade de solo, onde a

quantidade de biomassa é maior, favorecendo a fertilização do solo após a

queimada.

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Capoeira fina é o estágio inicial de recomposição da vegetação que se

estabelece. As espécies arbóreas estão em maior quantidade e com pequeno

porte. A idade desta unidade da paisagem pode variar de dois a oito anos

devido às diferenças de intensidade de manejo, fertilidade, declividade etc. É

muito comum nessa unidade a presença de nataleiro (Tibouchina mutabilis),

planta normalmente utilizada para lenha.

Capoeira grossa ou capoeirão inclui vegetação em estágio avançado de

regeneração, em torno de 20 a 40 anos, composta por árvores de grande porte.

Esta unidade da paisagem normalmente não é utilizada para os sistemas de

manejo roça, devido à legislação ambiental. Apesar da maior dificuldade de

retirar a vegetação, ela também é citada pelos entrevistados como uma ótima

unidade para obtenção de melhores roças. De acordo com Barbosa (2007), é

pelo fato da boa qualidade do solo que promove redução de manejo das

espécies competidoras.

Matas virgens são locais em que a vegetação nativa não foi retirada ou

foi pouco retirada. A área onde se encontra essas matas não é utilizada na

produção da roça. A vegetação nativa é mais utilizada na coleta de frutos,

aproveitamento de madeira já caída ao chão, e raras vezes há o corte de

espécies, a não ser quando existe necessidade para construção de

benfeitorias, embora muitas vezes procurem antes em áreas de capoeirão.

Nessas matas, as árvores possuem grande porte ou em alguns casos de

menor porte, mas é raro. É comum observar mata virgem nos morros e

encostas.

Esses ambientes florestais citados acima também são chamados de

sertão por esses agricultores. Barbosa (2007) observou que o sertão nessa

região é todo tipo de formação florestal com vegetação nativa que esteja no

mínimo com 15 anos sem que sua vegetação tenha sido suprimida. Para

outros, o sertão é um tipo de formação florestal em estágio avançado de

desenvolvimento e que também se localiza a distâncias de uma ou duas horas

de caminhada de sua casa e que também não esteja muito próximo de

residências.

Neste estudo, verificou-se que as áreas de várzea também são

ocupadas pelos camponeses para a prática de agricultura de subsistência e

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pastagem, fato também observado por Noda et al. (2001) nas regiões

ocupadas por comunidades tradicionais na Amazônia.

Isso ocorre porque são áreas que apresentam uma fertilidade do solo

interessante e abundância de recursos naturais. O uso dessas áreas úmidas

serve como estratégia de apropriação desses espaços, pois os espaços que

podem ser utilizados para o plantio são pequenos e a subsistência dessas

famílias depende do que produzem na terra e da forma como interagem com o

ambiente.

Foram citadas pelos agricultores 55 etnoespécies utilizadas através de

sistemas extrativistas (Tabela 20). Eles coletam de capoeiras e matas que

podem estar localizadas dentro ou fora da UP, porém exploram mais as

unidades de paisagem presentes na UP. E apenas quando necessário buscam

em outro local.

Jacaré (Piptadenia gonoacantha.), utilizada como lenha, e quina

(Solanum pseudo-quina), como remédio para problemas gastrointestinais,

foram as mais citadas. As UPs BS001 e BS002 foram as que mais citaram

etnoespécies e suas formas de utilização. Dentre as formas de utilização, a

medicinal é a mais citada, com 28 etnoespécies (41,8%) para esse uso.

As utilizadas na alimentação, como frutos, são compostas por 15

etnoespécies (22,4%). Para produção de lenha, 13 (19,4%) espécies foram

citadas. Para construção de benfeitorias como cercas, casas, currais,

chiqueiros, entre outras, foram citadas oito (11,9%) etnoespécies. Para

confecção de artesanato, em geral cestos, foram citadas três (4,5%)

etnoespécies.

A pesca também é desenvolvida na região como sistema extrativista,

porém apenas quatro unidades produtivas afirmaram desenvolver essa

atividade. Mas em observações no local, percebeu-se que no período do verão

essa é uma atividade muito intensa na região, principalmente entre as

mulheres, que se reúnem para pescar nos rios da região como uma forma de

lazer e obter o peixe para complementar a dieta alimentar da família.

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TABELA 20. Etnoespécies vegetais utilizadas nos sistemas extrativista, citadas por agricultores de onze UPs do Bairro da Serra.

Etnoespécie Família

Botânica Nº UPs citaram % Etnoespécie Família Botânica

Nº UPs citaram % Etnoespécie

Família Botânica

Nº UPs citaram %

Jacaré Mimosaceae 8 6,0 Pau de fumo Asteraceae 2 1,5 Taporoca – 1 0,8

Quina Solanaceae 8 6,0 Unha de gato – 2 1,5

Caeté Cannaceae 6 4,5 Jambo Myrtaceae 2 1,5

Goiaba Myrtaceae 6 4,5 Jaracatiá Cecropiaceae 2 1,5

Pacová Zingiberaceae 6 4,5 Assa peixe Asteraceae 1 0,8

Jatobá Fabaceae 5 3,8 Camarinha Myrtaceae 1 0,8

Tabacuvera/bocuvera – 5 3,8 Capava – 1 0,8

Cana do brejo Costaceae 4 3,0 Capibaroba – 1 0,8

Cipó milhomen Aristolochiaceae 4 3,0 Caviuna – 1 0,8

Laranja Rutaceae 4 3,0 Copaíba Caesalpinioideae 1 0,8

Nataleiro Solanaceae 4 3,0 Corvinha – 1 0,8

Taquara – 4 3,0 Espinheira santa Celastraceae 1 0,8

Timbopeba/Timpubeva – 4 3,0 Fé da terra – 1 0,8

Brejaúva/Embaúva Cecropiaceae 3 2,3 Folha santa Crassulaceae 1 0,8

Cipó cruz Rubiaceae 3 2,3 Gervão/ Gerbão Verbenaceae 1 0,8

Covatã – 3 2,3 Guacá Sapotaceae 1 0,8

Curcumeiro – 3 2,3 Guaparai – 1 0,8

Gambaeiro – 3 2,3 Guapeva Sapotaceae 1 0,8

Ingá Fabaceae 3 2,3 Hortelã Lamiaceae 1 0,8

Rubim Lamiaceae 3 2,3 Jabuticaba Myrtaceae 1 0,8

Taiuva Moraceae 3 2,3 Sobragieiro – 1 0,8

Guarandizinho Piperaceae 2 1,5 Sordinha Cactaceae 1 0,8

Iutinga Lauraceae 2 1,5 Taboa Cyperaceae 1 0,8

Limão Rutaceae 2 1,5 Tansagem Piperaceae 1 0,8

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4.1.9.6 Roças

A roça desenvolvida por agricultores camponeses é um sistema de

manejo que se caracteriza pelo cultivo de espécies, em sua maioria,

alimentares, em áreas abertas no interior da vegetação nativa, sendo os

procedimentos técnicos mais adotados o corte e a queima com pousio da terra,

pois é por meio deste que os agricultores conseguem trabalhar a manutenção

da fertilidade natural dos solos, além de ser uma técnica pouco ou nada

mecanizada.

Seu estabelecimento ocorre em áreas bem definidas, onde se faz o

plantio de diversas culturas como arroz, feijão, milho, mandioca, cana etc. Os

critérios de escolha para a implantação das áreas de roças recebem influências

políticas, socioculturais, ambientais e se relacionam com o histórico de

ocupação da terra (BARBOSA, 2007).

A escolha do local de estabelecimento da roça está ligada ao tipo de

paisagem presente no local. Os critérios de decisão partem dos próprios

agricultores que irão desenvolver esse sistema de produção, porém existem

influências externas, que também podem ser um fator determinante.

Compreender os fatores que influenciam e direcionam a tomada de decisão

sobre os manejos adotados nas Unidades Produtivas é importante para o

conhecimento das mudanças ambientais e sociais que vêm ocorrendo ao longo

dos anos (BROWDER et al., 2004; VIVAN, 2006).

No Bairro da Serra, como em outros lugares com áreas de preservação

ambiental, vem ocorrendo uma forte tendência de modificação nesse sistema

de manejo, que passou de agricultura de corte e queima (agricultura itinerante)

para um sistema de plantio de forma subsequente, ou seja, cultivo consecutivo

na mesma área (ausência de pousio).

Barbosa (2007), em estudo realizado no Bairro da Serra, citou que as

tomadas de decisões dos agricultores para abertura de roças nesse local

apresentaram dois rumos: as extrínsecas e as intrínsecas à comunidade, pois a

localidade está mergulhada em um contexto ambiental peculiar. Os fatores

extrínsecos não dependem diretamente da comunidade, mas influenciam nas

decisões sobre o uso da terra e, por conseguinte, na escolha das áreas para

cultivo, como a legislação ambiental, o pouco incentivo do governo na

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agricultura do Bairro da Serra e o turismo, a partir da fuga de força de trabalho

da agricultura. As decisões intrínsecas envolvem um conjunto de necessidades

no suprimento econômico, comércio ou subsistência, e também informações

transmitidas culturalmente de geração em geração. Os aspectos ambientais

também foram incluídos nas decisões intrínsecas, pois dependem do

conhecimento elaborado pela própria comunidade, que é produzido em

décadas de observação da floresta, por todos os agricultores, resultando em

um conjunto de observações empíricas, testadas ano após ano de cultivo na

mesma região e em diferentes condições.

Um critério importante é o tipo de solo onde a roça será estabelecida:

dessa forma os agricultores se baseiam-se em terra boa e terra ruim (Tabela

21).

Para identificar a qualidade do solo, são considerados aspectos

fisionômicos da vegetação, características estruturais e funcionais dos solos,

além da identificação das espécies vegetais nativas presentes no local (SILVA-

ALVES, 2004). Locais com menor declividade da área são considerados

melhores para estabelecimento da roça. No entanto, esse pode ser um critério

secundário, pois é comum a instalação de roça em terrenos com alta

inclinação, principalmente em áreas que possuem solo fértil. Na região também

grande parte da área é declivosa, não sendo esta uma característica

determinante a ponto de restringir a instalação de uma roça, mesmo porque em

muitos casos os agricultores não têm outra opção a não ser implantar suas

roças em um morro, caso da UP BSS006 (Figura 12).

Geralmente essa unidade de manejo possui grande diversidade de

espécies e variedades cultivadas ao mesmo tempo. É comum o consórcio entre

espécies de planta.

Foram citadas pelos agricultores 27 etnoespécies cultivadas em suas

roças, sendo o milho citado em dez UPs (10,4%), feijão e mandioca em nove

UPs (9,4%). Assim, essas etnoespécies são as mais citadas, além de serem

altamente produzidas entre os agricultores em todo Bairro da Serra (Tabela

22). Abóbora, arroz, palmito e cana são outras citadas pela maioria desses

agricultores como espécies cultivadas nas roças. Também foi verificada a

presença de frutíferas em algumas roças. Em geral, os alimentos obtidos na

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roça são para subsistência da família, e em alguns casos, é vendido o

excedente das colheitas na região circunvizinha.

TABELA 21. Critérios de definição para terra boa e terra ruim para as onze UPs.

Local com terra boa Local com terra ruim

Etnoespécies vegetais nativas presentes na área

jaguarandi preto, nhupindá, capiruvu, pau de fumo, jaguarandi, juveva, jangada, jacaré, embaúva vermelha, figueira.

Nataleiro, samambaia, caeté mirim, sapé, tapiroroca e embaúva branca, cana de brejo, guaricica, vassorinha branca, canela.

Aspectos da paisagem local

“É um terreno fresco, molhado, mato mole, meio, lugar mais baixo (baixada) mato verde escuro.” “É um mato forte com madeira grossa.”

“As plantas desse tipo de terra têm folhas fracas então não aduba a terra e fica terra ruim”.

Nomeação Terra de calcário, Terra calcária preta, Terra preta-roxa.

Terra massapé vermelho, Terra massapé branco, Terra vermelha, Terra amarela, Terra branca.

Estrutura do solo Terra mole, Terra estercada, Terra misturada com areia, Terra fofa, Tem mais argila que areia.

Terra pisoada (compactada), Terra seca.

Outras observações

“Quanto mais tempo a gente deixa a terra descansar melhor porque ela fica terra boa”. Calcário, calcário preto, calcário roxo. “É bom para plantar milho (a espiga dá maior), feijão e vários outros tipos de planta”.

“Terra amarela. Em uma capoeira de 10 anos com terra fraca, as árvores não crescem muito”. “Pedra de moledo (terra ruim e amarelada), só que dá bem mandioca, arroz e abacaxi”.

Produtividade Alta e média Baixa, média ou alta dependendo da espécie cultivada

Manejo Pouco trabalho Muito trabalho

Outro aspecto comum é a presença de grande diversidade de espécies

vegetais espontâneas que não possuem utilidade imediata e que podem

competir com as espécies cultivadas pelos nutrientes do solo (plantas

invasoras). No entanto, em muitos casos, a necessidade produtiva para a

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subsistência de uma família não chega a ser afetada pela presença dessas

plantas. Sendo assim, é comum observar nas roças uma grande diversidade de

espécies não cultivadas (RERKASEM et al., 2002).

FIGURA 12. Local da roça onde foi colhido feijão, UP BS003.

Quando as roças são localizadas a longas distâncias da residência, o

escoamento da produção é feito por meio de cestos artesanais carregados por

animais ou mesmo pelos agricultores quando não possuem animais para

efetuar esse escoamento.

Por meio das entrevistas, foi levantada a época de preparo do solo,

plantio e colheita das principais espécies cultivadas. Esse sistema de cultivo

está diretamente relacionado ao conhecimento sobre a espécie ou variedade e

também às condições ambientais na região.

Durante o ano, são alternadas épocas de trabalho mais intenso e menos

intenso. As épocas de trabalho mais intenso e de difícil realização estão

principalmente relacionadas com a abertura de roça, atividade de preparo do

solo para receber o plantio, que é mais eficiente no período das secas. Dessa

forma, no Bairro da Serra o preparo do solo ocorre nos meses de julho, agosto

e setembro. No entanto, dependendo das condições ambientais de estiagem e

da necessidade do agricultor, podem ser abertas roças em outros meses do

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ano. Neste caso, os cuidados devem ser reforçados para que o trabalho de

preparo do solo para o plantio não fique prejudicado em decorrência de chuvas.

TABELA 22. Espécies vegetais cultivadas nas roças e formas de propagação

nas onze UPs estudadas no Bairro da Serra.

Etnoespécie Família Botânica Nº de UPs %

Milho Poaceae 10 10,4

Feijão Fabaceae 9 9,4

Mandioca Euphorbiaceae 9 9,4

Abóbora Cucurbitaceae 7 7,3

Arroz Poaceae 7 7,3

Cana Poaceae 7 7,3

Palmito Arecaceae 7 7,3

Batata-doce Convolvulaceae 5 5,2

Banana Musaceae 4 4,2

Pepino Cucurbitaceae 4 4,2

Inhame Dioscoreaceae 3 3,1

Abacate Lauraceae 2 2,1

Amendoim Fabaceae 2 2,1

Café Rubiaceae 2 2,1

Chuchu Cucurbitaceae 2 2,1

Laranja Rutaceae 2 2,1

Limão Rutaceae 2 2,1

Mamão Caricaceae 2 2,1

Maracujá Passifloraceae 2 2,1

Ata Annonaceae 1 1,0

Cidra Rutaceae 1 1,0

Feijão preto Fabaceae 1 1,0

Jaca Moraceae 1 1,0

Jaracatiá Cecropiaceae 1 1,0

Mandioquinha/batata salsa Apiaceae 1 1,0

Melancia Cucurbitaceae 1 1,0

Moranga Cucurbitaceae 1 1,0

A abertura de áreas para implantação da roça pode ser feita de forma

individualizada ou em grupo. Neste último caso, geralmente é feita a “reunida”,

que é um sistema de organização dos agricultores, correlacionado às

atividades que necessitam ser realizadas em um curto período de tempo, como

a colheita e a abertura de roça. Neste caso, pode ser pago de forma monetária

(R$10,00 a R$15,00) ou é feita por troca de trabalho, ou seja, em determinado

dia se reúnem para trabalhar na roça de um determinado agricultor e outro dia,

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trabalham na roça do que colaborou, porém poucos grupos ainda realizam

esse tipo de atividade.

Dentre as atividades relacionadas à roça existe a “carpida”, limpeza da

área com o uso da enxada, que pode ser feita durante todo o ano, dependendo

principalmente do período de plantio da espécie. Normalmente é feita nos

períodos iniciais de desenvolvimento do plantio e outras vezes quando o

agricultor acha necessário. Dessa forma, os termos roçar e carpir estão

relacionados à limpeza da área com uso de enxada, e o termo roçada

relaciona-se à abertura de novas áreas para implementação da roça.

Antigamente, para preparar o solo antes da implantação da roça, fazia-

se a roçada e depois se queimavam os tocos (que chamam de coivara). A

técnica era adotada no cultivo de qualquer espécie, mas hoje estão evitando

queimar, pois sofrem imposições da legislação ambiental. Dessa forma,

adaptaram nova rotina de preparo das roças, que se inicia com a roçada para

retirar a vegetação presente no local que já vem sendo utilizado, ou seja uma

capoeira que não está em pousio por mais de cinco anos. Antigamente o

repouso do solo era de 8 a 10 anos ou mais. Após a roçada, cultivam na roça

sem realizar a queimada. Como são obrigados a fazer o plantio subsequente

utilizando a mesma área diversas vezes, diminui-se o tempo de pousio do solo,

pois as capoeiras mais antigas dessa região não podem ser desmatadas. Essa

é imposição das leis ambientais que consideram que essas áreas estão com a

vegetação regenerada e devem ser preservadas. Sendo assim, o tempo

máximo de pousio utilizado atualmente por esses agricultores não pode passar

de quatro a cinco anos, mas, na maioria das vezes, é menos que isso, por não

haver muitos espaços permitidos para o cultivo das roças.

Considerando os aspectos de manejo da roças estudadas, pode-se citar

a abordagem de Adams (2000) sobre os pousios das roças, de que a rotação

dos solos, ao invés das culturas, reduz a propagação de praga, doenças e

planta invasoras. Também Posey (1984), em trabalho desenvolvido com índios

Kayapó, observou que essa etnia vem desenvolvendo, há muitas gerações,

estratégias de manejo que ajudam a controlar a propagação de pragas, por

meio de diversificação do cultivo de espécies úteis, que proporcionam o

aumento da fertilidade do solo e a manutenção do equilíbrio ambiental das

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áreas cultivadas durante muitos anos.

Para determinar o tamanho das roças, os agricultores dispõem de um

sistema de medição de área que é importante no cotidiano, pois a partir dele,

muitos fatores são determinados, como, por exemplo, a área de roça a ser

plantada, a produtividade do cultivo e o cálculo do quanto se ganha ou se paga

para carpir ou roçar. Barbosa (2007) descreveu junto com agricultores do

Bairro da Serra os sistemas de medida de área (Tabela 23).

Os agricultores definem seu planejamento de uso do solo com base

nesse sistema de medição, definindo o tamanho da roça e os tamanhos dos

espaços que os sistemas de cultivos ocuparão na área.

TABELA 23. Sistemas de medida de área utilizados por agricultores do Bairro

da Serra.

MEDIDA DEFINIÇÃO COMPRIMENTO/ÁREA

1 braça Medida feita com caule de um arbusto ou corda da altura do braço esticado para cima da cabeça até os pés.

+ou- 2 metros

1 tarefa 12,5x12,5 braças ou 15x10 braças.

600 a 625 m2

1 quarta 8 tarefas 4.800 a 5.000 m2

1 alqueire 32 tarefas ou 4 quartas 19.200 a 20.000 m2

Fonte: Barbosa (2007).

Varia muito de um agricultor para outro a nomeação e a medida

utilizada, dependendo do tamanho da área a que estão se referindo. Além do

cálculo de área, também possuem o sistema de medida para volume (Tabela

24). Apesar da semelhança dos nomes entre o sistema de medida de área e de

volume, cada um possui suas definições.

TABELA 24. Sistema de medidas em volume.

MEDIDA DEFINIÇÃO PESO

1 litro Lata de óleo de cozinha que comporta 900 ml de líquido.

0,8 a 0,9 kg

1 quarta 10 litros 8 a 9 kg 1 alqueire 40 litros 32 a 36 kg

Fonte: Barbosa (2007).

Essas são as medidas tradicionalmente utilizadas pelos agricultores.

Para indicar a quantidade de sementes que será plantada, a unidade litro é

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mais utilizada, para amendoim, arroz, milho e feijão. Essas formas de medida

podem ser mais uma ferramenta de diálogo entre técnico e agricultor, com

relação à assistência técnica. Além disso, são informações importantes para

aprimorar o diálogo entre técnicos agrícolas e a população local.

Em relação à época de cultivo das roças, os agricultores comentaram

que o plantio de feijão, milho, cana, amendoim, batata doce e abóbora pode ser

feito em mais de uma época do ano. Os agricultores citaram muito o plantio do

feijão das águas e do feijão das secas. Esse plantio fora do período principal,

para os grãos na época da seca e para hortaliças em épocas de chuva,

depende da necessidade de subsistência para família do agricultor. Ou seja,

quando não possuem outras fontes de renda, torna-se necessário ampliar os

períodos de cultivos.

A escolha dos meses de plantio relaciona-se com o período de chuvas e

secas, frio e calor, velocidade da produção, problemas com pragas. Em alguns

casos, dependendo da necessidade, desconsideram esses fatores e plantam

fora de época. Assim, foi desenvolvido um calendário agrícola pelos

agricultores, detalhando a época de plantio e colheita das principais espécies

cultivadas na roça, época de preparo do solo para o plantio e atividades de

manutenção da roça (Figura 13). Nos meses de maio a setembro, há maior

intensificação de atividades relacionadas à roça, pois concentram atividades

como preparo do solo para o cultivo, plantio e colheita, além das outras

atividades agrícolas e/ou não agrícolas que as UPs desempenham.

Cardoso (2008), em estudo da etnoecologia, construção da diversidade

agrícola e manejo da dinâmica espaço-temporal nas roças indígenas no rio

Cuieiras no Baixo Rio Negro (AM) e Costa (2004) que pesquisou os

condicionantes de procedimentos técnicos de agricultores tradicionais de três

comunidades da região da Morraria em Cáceres (MT), também identificaram a

relação do período de chuvas e secas influenciando os períodos de plantio nas

roças.

Diante de um contexto fundiário e social favorável e munido de

conhecimento etnoecológico sobre a paisagem, o agricultor tem maior

facilidade em encontrar um bom lugar para desenvolver a roça, podendo

tomar as decisões consideradas adequadas para obter a produtividade

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almejada (COSTA, 2004; CARDOSO, 2008). Por isso, os saberes

específicos sobre o ambiente são essenciais para que consigam manejar

suas roças.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

PREPARO DO SOLO PARA PLANTIO

CARPIR E ROÇAR

MILHO PLANTIO

MILHO COLHEITA

FEIJÃO PLANTIO

FEIJÃO COLHEITA

ARROZ PLANTIO

ARROZ COLHEITA

AMENDOIM PLANTIO

AMENDOIM COLHEITA

MANDIOCA PLANTIO

MANDIOCA COLHEITA

HORTALIÇAS PLANTIO

HORTALIÇAS COLHEITA

PLANTIO DIVERSOS

COLHEITA DIVERSOS

INTENSIFICAÇÃO DE TRABALHO

PERÍODO DAS CHUVAS

INICIO DAS CHUVAS

PERÍODO DAS SECAS

FIGURA 13. Calendário agrícola de atividades desenvolvidas nas roças de onze UPs no Bairro da Serra.

Mesmo que não possam mais desenvolver a prática da derrubada e

queima como antigamente, ainda mantêm uma relação intrínseca com o

ambiente, o que possibilita testar alternativas de manejo que permitam

continuar seu modo de vida camponês.

Os agricultores entrevistados também utilizam orientação por sistemas

lunares para definir datas de plantio (Tabela 25).

Pilla e Amorozo (2009) enfocaram que a observação direta e atenta do

ambiente permite aos agricultores estabelecer relações entre as fases da lua e

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o cultivo. As principais referências foram dadas à lua crescente, período

anterior à lua cheia, e à minguante, período posterior à lua cheia. Para os

agricultores, a lua minguante relaciona-se a uma menor incidência de pragas e

a lua crescente, a um crescimento mais rápido e intenso da planta.

Barbosa (2007) também verificou que agricultores de maior idade do

mesmo bairro utilizam orientação por sistemas lunares para definir época de

plantio e colheita.

Outros autores também observaram agricultores que utilizam as fases

da lua nas tomadas de decisões para o preparo do solo, época de plantio das

espécies vegetais nas roças e corte de madeira. Entre esses autores estão

Souza (2009), com a Comunidade Kalunga no nordeste do estado de Goiás, e

Ferreira (2009), com Comunidades Quilombolas no norte do Espírito Santo.

A fase da lua em que a espécie vegetal foi cultivada também influencia

nos processos e tempo de armazenagem do produto colhido, além da

prevenção de ataque de pragas na roça cultivada. Por exemplo, se o agricultor

plantar arroz na lua minguante, pode aumentar o período de armazenamento

após a colheita.

O plantio de feijão e milho, além do arroz, nessa mesma fase lunar,

interfere na menor incidência ou não ocorrência de caruncho na cultura colhida.

No entanto, existem agricultores que indicam o plantio do arroz na lua

crescente, visando a uma maior produtividade. Sendo assim, as correlações

feitas não impedem que o agricultor faça adaptações de acordo com objetivos

individuais. Por exemplo, o domínio das influências da lua sobre seu plantio

pode fazê-lo plantar milho na lua crescente, mesmo contrariando a maioria das

citações, quando ele tiver o objetivo de aumentar a produção, sem que haja

preocupação com a incidência de pragas.

As fases da lua também orientam no processo de abertura de roça.

Alguns agricultores consideram que abrir a roça na lua minguante dificultará a

rebrota das árvores cortadas e também reduzirá a velocidade de crescimento

das plantas daninhas. A aplicação dos conhecimentos sobre a influência da lua

na agricultura não é feita de forma padronizada. Pode variar quanto aos

objetivos e quanto aos cultivos.

Outro aspecto importante no manejo das roças é o conjunto de técnicas

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e tecnologias adotadas pelos agricultores em busca de melhorar a qualidade

do solo e combater o ataque de pragas e plantas invasoras. Devido às

mudanças na maneira de desenvolver a agricultura tradicional no local,

modificações estão sendo feitas no sistema tradicional agrícola.

Na literatura, observou-se que um dos objetivos do sistema de coivara é

recuperar a qualidade do solo por meio da sucessão ecológica do ambiente

florestal (ALCORN, 1989; PERONI, 2004; SORRENSEN, 2004). Porém a

região estudada vem sofrendo crescente pressão da legislação na manutenção

dos espaços florestais e isso causou alterações na maneira de ocupação da

terra e forma de manejo das roças, levando esses agricultores a buscar

adaptações à nova realidade.

Barbosa (2007) observou no Bairro da Serra uma crescente diminuição

do tempo de pousio das áreas de roça, o que resultou em maiores problemas

com plantas competidoras, pragas, diminuição da qualidade do solo e da

produtividade. Peroni (2004) também relatou a tendência de diminuição no

tempo de pousio, o que intensificou a utilização da terra pelos agricultores do

Vale do Ribeira. Esse autor citou que esta mudança está ligada a diversas

causas, como escassez de mão de obra, restrições da estrutura fundiária,

titularização legal, condicionamento das exigências da legislação ambiental,

fatores migratórios para áreas urbanas, mudança de atividades econômicas,

entre outras.

Além disso, existe o uso de insumos para o combate de pragas e

doenças. Algumas variedades agrícolas antigas, podendo ser elas mais

adaptadas a determinadas pragas, têm sido substituídas por sementes híbridas

comercializadas. No entanto, em muitos casos, estas sementes dependem de

um combate mais intensivo ao ataque de pragas. Com isso, o agricultor

começa a lidar com um pacote tecnológico diferente das tecnologias

tradicionalmente utilizadas.

Pilla (2006) observou que agricultores de comunidades do Vale do

Paraíba, consideradas tradicionais, utilizavam o sistema de coivara e hoje não

estão utilizando mais. Consequentemente, tem sido cada vez mais frequente a

introdução de insumos agrícolas industrializados no cultivo.

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TABELA 25. Relação entre lua e espécies cultivadas na roça, conforme a visão de agricultores das onze UPs estudadas.

Cheia Crescente Minguante Nova

Arroz “Não é boa para plantar, pois cria caruncho”.

“Não é boa para plantar, pois cria caruncho e a planta cresce demais”.

- “É a melhor para plantar, pois não cria caruncho. Os pés das plantas ficam mais firmes. Quando plantado nessa lua o arroz colhido pode ficar guardado mais tempo”. - “Não é boa para plantar arroz, pois não produz bem”.

“É a melhor para plantar arroz, porque as plantas nascem todas do mesmo tamanho”.

Amendoim “Produz mais”.

- “É a melhor para plantar porque não cria caruncho”.

-

Cana - -

“É a melhor lua para plantar para não ter ataque das pragas, e a planta não fica muito espelhada”.

-

Chuchu - “Lua ideal para plantar chuchu, a planta produz mais”.

- -

Feijão “Cria muito caruncho e as folhas não caem”.

“Cresce rápido só que cria muito caruncho e a lagarta ataca. Não é bom para plantar o feijão porque alguns pés começam a florescer embaixo e em cima não; Seca embaixo na planta e em cima não”.

“A única lua boa para plantar, se não plantar nela a folha amarela e não cai. Não cria caruncho e a lagarta não ataca. A planta seca toda por igual”.

“Não é bom para plantar o feijão porque cria muito caruncho e alguns pés começam a florescer embaixo e em cima não; Seca embaixo na planta e em cima não”.

Fritíferas - “Essa é lua ideal para o plantio, a planta produzir mais”.

- -

Mandioca - -

“Se plantar nessa lua a mandioca fica mais enxuta e é

melhor pra cozinhar”. -

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Continuação TABELA 25. Relação entre lua e espécies cultivadas na roça, conforme a visão de agricultores das onze UPs

estudadas.

Cheia Crescente Minguante Nova

Milho

“Dá para plantar, mas não produz bem, dá muito ataque de lagarta”.

“Se plantar nessa lua, a espiga apodrece, cria caruncho e forma sujeira na casca. É boa para crescer, mas estraga muito na colheita. Dá muito ataque de lagarta”.

“É bom plantar apenas nessa lua, pois não cria caruncho. A planta não cresce muito, a palha fica bonita, produz bem. A lagarta ataca menos e às vezes nem ataca se plantar nessa lua”.

“Dá para plantar, mas não produz bem, dá muito ataque de lagarta”.

Verduras - “Essa é lua ideal para o plantio, para produzir mais”.

- -

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Essa tendência também foi observada no Bairro da Serra. O aumento da

fiscalização sobre o uso de áreas florestadas e do fogo tem incentivado o uso

mais constante de produtos industrializados utilizados na agricultura.

4.2 Descrição e Manejo de Etnovariedades12 em Roças do Bairro da Serra

Com as informações obtidas na segunda etapa de coleta de dados, foi

possível identificar as espécies vegetais que se propagam por sementes e são

cultivadas na unidade de manejo roça. Os agricultores consideraram arroz,

feijão, milho e amendoim como as mais importantes na dieta alimentar, por isso

plantam frequentemente, sendo assim será descrito o manejo das sementes

dessas espécies, que também foram escolhidas como objeto de estudo por

haver disponibilidade de material para visualização e possibilidade de

acompanhamento do manejo nas roças.

A descrição foi realizada em sete UPs, considerando aspectos como:

área ocupada, variedades conhecidas e utilizadas, origem e qualidade das

sementes, descrição de plantio, colheita, armazenamento, coleta, classificação,

seleção, armazenamento e utilização. As UPs prestaram informações apenas

sobre espécies que cultivam, sendo elas:

- BS001 = cultiva arroz, feijão e milho;

- BS003 = cultiva as quatro espécies;

- BS005 = cultiva as quatro espécies;

- B006 = cultiva as quatro espécies;

- BS008 = cultiva arroz, feijão e milho;

- BS009 = cultiva feijão e milho; e

- BS011 = cultiva arroz, feijão e milho.

4.2.1 Etnovariedades citadas pelos agricultores e origem das sementes

Sob o ponto de vista agrícola, as etnovariedades, variedades locais, ou

"folk varieties", representam recursos genéticos agrícolas que vêm sendo

coletados e utilizados pelos bancos de germoplasma e conservados de forma

12 Neste trabalho, são consideradas “etnovariedades” as plantas reconhecidas pelos

agricultores e nomeadas pela população local, possuindo uso característico entre as famílias. As etnovariedades se distinguem entre si pela nominação, função que lhes é atribuída e aspectos morfológicos na visão do agricultor.

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ex situ. As consequências, objetivos e interesses da conservação ex situ se

diferenciam dos da conservação in situ efetuada por agricultores tradicionais.

Os melhoristas formais se preocupam em manter a máxima diversidade

genética armazenada nos bancos de germoplasma enquanto os agricultores

estão preocupados com a diversidade e a estrutura populacional que garantam

maior adaptação local (SOLERI e SMITH, 1995).

As etnovariedades de amendoim, arroz, feijão e milho citadas por

agricultores de sete UPs do Bairro da Serra foram:

Amendoim

Agricultores de duas UPs citaram quatro etnovariedades de amendoim:

amendoim preto, amendoim vermelho, amendoim branco e amendoim rasteiro,

sendo que o branco é conhecido apenas na UP BS006, que já cultivou, porém

há mais de três anos perdeu a semente (“muda”13) para continuar propagando.

Também perderam as sementes do rasteiro em 2007. A UP BS003 cultiva

apenas o amendoim rasteiro, porém demonstraram o desejo em obter

sementes do preto e vermelho para o cultivo. Percebe-se que existe

compartilhamento de conhecimento no que diz respeito aos tipos de

etnovariedades de amendoim conhecidas pelas UPs BS003 e BS006, porém

deve haver pouco diálogo e/ou contato entre essas UPs, por não estar

existindo troca de sementes.

As sementes de amendoim produzidas na UP BS006 (preto e vermelho)

são da época dos avôs de Zilda, e seu cultivo vem sendo mantido há

aproximadamente 40 anos. Eles dizem que a origem dessas etnovariedades e

do amendoim branco é a própria região. Já o amendoim rasteiro produzido pela

UP BS003 e que a UP BS006 também já produziu, dizem ser originado do

município de Sorocaba-SP. Ambas as UPs ganharam a muda de parentes que

residem nesse município. As variedades antigas de amendoim são plantadas

regularmente com a finalidade de consumo e manutenção da sua viabilidade,

mesmo não tendo o objetivo de grande produção.

Arroz

13 Os agricultores entrevistados denominam por muda a semente utilizada para propagação da

espécie vegetal.

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Foram citadas um total de onze etnovariedades de arroz (Tabela 26),

sendo as etnovariedades tirivinha, pratão e viralomba as mais conhecidas entre

eles. A tirivinha foi cultivada no passado, e ainda citaram a dificuldade existente

em encontrar a “muda” do arroz cabo roxo. Viralomba é a mais cultivada nas

UPs BS001, BS003, BS005, BS006 e BS008); pratão é cultivada na UP BS001;

e agulhinha, na UP BS011. O arroz vermelho costuma surgir misturado às

demais variedades cultivadas.

TABELA 26. Quantidade de UPs que conhecem e/ou cultivam as

etnovariedades de arroz.

Etnovariedades Nº de UPs

% UP

nº de etnovariedades %

Arroz tirivinha 6 17,1 UP BS005 8 22,9

Arroz pratão 5 14,3 UP BS006 8 22,9

Arroz viralomba 5 14,3 UP BS001 5 14,3

Arroz cabo/talo roxo 4 11,4 UP BS011 5 14,3

Arroz china 4 11,4 UP BS009 4 11,4

Arroz agulhinha 3 8,6 UP BS003 3 8,6

Arroz matão casca vermelha 2 5,7 UP BS008 2 5,7

Arroz amarelo 2 5,7

Arroz vermelho 2 5,7

Arroz preto 1 2,9

Arroz de 3 meses 1 2,9

Os agricultores informaram que os pássaros trazem a semente, sendo

assim, mesmo que não cultivem, sempre há uma pequena quantidade dessa

variedade misturada às outras, durante a fase produtiva e colheita. Verifica-se

que os agricultores conhecem mais etnovariedades do que cultivam, sendo que

quase todas cultivam apenas uma etnovariedade, com exceção da UP BS001,

que citou o cultivo de duas.

Foi feita análise descritiva com as matrizes binárias, tendo sido obtida a

caracterização da origem das sementes de arroz (Tabela 27). Das onze

etnovariedades de arroz citadas por esses agricultores, em 21,1% a semente é

originária da própria região. Dizem também que eram cultivadas no Bairro da

Serra desde a época em que os pais deles trabalhavam na roça, ou seja, a

maioria das etnovariedades de arroz conhecidas por esses agricultores eram

cultivadas pelos antigos agricultores camponeses da região, que transmitiram

seus conhecimentos a respeito dessas etnovariedades aos atuais agricultores.

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200

TABELA 27. Características descritoras da origem das sementes de arroz.

Etnovariedade Nº características origem % Característica de origem Nº de etnovariedades %

Arroz viralomba 5 13,2 Da região 8 21,1

Arroz matão casca vermelha 5 13,2 Da época dos pais 8 21,1

Arroz cabo/talo roxo 4 10,5 Os antigos plantavam 6 15,8

Arroz tirivinha 4 10,5 Comprou de vizinho 4 10,5

Arroz agulhinha 4 10,5 Comprou em Bombas 2 5,3

Arroz amarelo 4 10,5 Compra na casa da lavoura em Apiaí 2 5,3

Arroz china 3 7,9 Não é da região 2 5,3

Arroz vermelho 3 7,9 Não acha mais 2 5,3

Arroz de 3 meses 3 7,9 Está há anos na região 2 5,3

Arroz pratão 2 5,3 Tem no Poço Grande 1 2,6

Arroz preto 1 2,6 Em Iporanga ainda acha 1 2,6

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201

Das etnovariedades de arroz citadas, viralomba foi identificada como a

mais cultivada e é considerada da própria região e, juntamente, com o arroz

matão casca vermelha representam as etnovariedades que apresentaram

13,2% de características descrevendo a origem das sementes.

Feijão

Foram citadas pelos agricultores um total de 21 etnovariedades de feijão

(Tabela 28). As etnovariedades carioquinha e mulatinho são as mais

conhecidas e cultivadas entre eles. Em segundo lugar, a mais conhecida é a

etnovariedade preto e em terceiro mãezinha, roxo e rosinha. O carioquinha é

cultivado em quatro das UPs e o mulatinho em três. O preto é bem conhecido,

mas apenas a UP BS001 cultiva, pois a aceitabilidade dessa etnovariedade

não é boa pela maioria desses agricultores.

TABELA 28. Quantidade de UPs que conhecem e/ou cultivam as

etnovariedades de feijão

Etnovariedades Nº de UPs % UP

Nº de etnovariedades %

Feijão carioquinha 7 12,7 UP BS001 14 25,5

Feijão mulatinho 7 12,7 UP BS009 10 18,2

Feijão ouro 5 9,1 UP BS005 7 12,7

Feijão preto 5 9,1 UP BS006 7 12,7

Feijão roxo 4 7,3 UP BS011 7 12,7

Feijão rosinha 4 7,3 UP BS008 6 10,9

Feijão mãezinha 4 7,3 UP BS003 4 7,3

Feijão zebrinha 2 3,6

Feijão rim de porco 2 3,6

Feijão jaula 2 3,6

Feijão batuva 2 3,6

Feijão mouro 2 3,6

Feijão arroz 1 1,8

Feijão monge 1 1,8

Feijão caqui 1 1,8

Feijão mamona 1 1,8

Feijão cariocão 1 1,8

Feijão caldeado 1 1,8

Feijão de corda 1 1,8

Feijão sangue de boi 1 1,8

Feijão iopa 1 1,8

Das 21 etnovariedades citadas, apenas sete são cultivadas por esses

agricultores, sendo elas: carioquinha, cultivada nas UPs BS001,BS003, BS006

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202

e BS008; preto, na UP BS001; mulatinho, nas UPs BS003, BS008 e BS009;

rosinha, nas UPs BS006 e BS009; mãezinha, nas UPs BS009 e BS011); jaula,

na UP BS001; e sangue de boi, na UPBS011.

Esses agricultores cultivam de duas a três etnovariedades de feijão em

suas roças, e como ocorrido para o arroz, conhecem mais etnovariedades do

que cultivam.

Por meio de análise descritiva, obteve-se a caracterização da origem

das sementes de feijão (Tabela 29). Das 21 etnovariedades de feijão citadas

por esses agricultores, em 24,2% a origem da semente é da própria região e

11,3% são consideradas da localidade Bombas. Quando acontece de algum

agricultor perder a “muda” da etnovariedade, de costumeiro cultivo, é comum

procurar moradores desse local para adquirir a semente.

Os agricultores consideraram que 11,3% das etnovariedades de feijão

(feijão rim de porco, feijão arroz, feijão batuva, feijão caqui, feijão mamona,

feijão mouro e feijão caldeado) tiveram o recurso genético perdido, ou seja,

desconhecem a existência do cultivo dessas etnovariedades tanto no Bairro da

Serra como em outros lugares.

Das etnovariedades de feijão citadas, feijão mulatinho = 11,3%, feijão

carioquinha = 9,7% e feijão mãezinha = 8,1% são as que apresentam mais

características descritoras de origem das sementes, sendo essas as mais

cultivadas nas UPs que participaram deste trabalho. Essas etnovariedades

também são consideradas da região, não necessariamente a origem é do

Bairro da Serra, pode ser da região circunvizinha.

Milho

Os agricultores que participaram deste estudo citaram um total de nove

etnovariedades de milho (Tabela 30). Na agricultura camponesa ainda é

possível encontrar variedades crioulas de milho, que são capazes de tolerar

melhor as variações ambientais bem como resistir ao ataque de organismos

prejudiciais. São também mais adaptadas às condições locais, atendendo

assim aos princípios da Agroecologia e garantindo autonomia ao pequeno

produtor (CATÃO, 2007).

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203

TABELA 29. Características descritoras da origem das sementes de feijão.

Etnovariedades Nº características origem % Característica de origem Nº de etnovariedades %

Feijão mulatinho 7 11,3 Da região 15 24,2

Feijão carioquinha 6 9,7 Bombas 7 11,3

Feijão mãezinha 5 8,1 Não existe mais 7 11,3

Feijão ouro 4 6,5 Comprou de um vizinho 6 9,7

Feijão rosinha 4 6,5 Bairro da Serra 5 8,1

Feijão preto 3 4,8 Tem que comprar de alguém que planta 5 8,1

Feijão jaula 3 4,8 Não é da região 4 6,5

Feijão batuva 3 4,8 Da época dos pais 4 6,5

Feijão monge 3 4,8 Compra no mercado 2 3,2

Feijão cariocão 3 4,8 Apiaí 2 3,2

Feijão sangue de boi 3 4,8 Compra na feira 2 3,2

Feijão roxo 2 3,2 Ganhou a muda 1 1,6

Feijão zebrinha 2 3,2 Sítio Novo 1 1,6

Feijão rim de porco 2 3,2 Comprar na casa da lavoura 1 1,6

Feijão arroz 2 3,2

Feijão caqui 2 3,2

Feijão mamona 2 3,2

Feijão mouro 2 3,2

Feijão caldeado 2 3,2

Feijão de corda 1 1,6

Feijão iopa 1 1,6

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204

TABELA 30. Quantidade de UPs que conhecem e/ou cultivam as

etnovariedades de milho

Etnovariedades de milho

Nº de UPs % UP

Nº de etnovariedades %

Milho palha roxa 6 28,6 BS006 6 28,6

Milho híbrido amarelinho 5 23,8 BS001 5 23,8

Milho branco 3 14,3 BS003 3 14,3

Milho pipoca 2 9,5 BS009 3 14,3

Milho híbrido mole 1 4,8 BS008 2 9,5

Milho híbrido duro 1 4,8 BS011 2 9,5

Milho cunha 1 4,8

Milho palha branca 1 4,8

Milho elastec 1 4,8

A etnovariedade palha roxa é a mais conhecida entre os agricultores, o

híbrido amarelinho é o segundo mais conhecido e o milho branco é o terceiro.

Antigamente esse último era o mais cultivado no Bairro da Serra, porém,

atualmente, não se cultiva mais por não encontrarem “muda” dessa

etnovariedade. Também informaram que o milho pipoca era muito cultivado na

região, mas hoje quase não se encontra mais.

Das nove etnovariedades citadas, cinco são cultivadas por esses

agricultores, sendo elas: palha roxa, nas UPs BS001, BS003, BS006 e BS009;

híbrido amarelinho, nas UPs BS001, BS003, BS008, BS009 e BS011; palha

branca, na UP BS003; híbrido mole, nas UPBS006; e pipoca, na UP BS006. A

maioria cultiva palha roxa e híbrido amarelinho. Nas roças cultivam de uma a

três etnovariedades de milho.

Abreu et al. (2007), em estudo realizado para avaliar a produtividade de

milho crioulo produzido por agricultores familiares de Chapecó-SC, afirmaram

que as variedades crioulas roxo, branco e palha roxa são tão produtivas quanto

os híbridos de alta tecnologia, e têm a vantagem de os próprios agricultores

poderem produzir suas próprias sementes, não sendo dependentes de

empresas que detenham a tecnologia de produção de sementes.

Por meio da análise descritiva, obteve-se a caracterização da origem

das sementes de milho (Tabela 31).

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TABELA 31. Características descritoras da origem das sementes de milho.

Etnovariedades Nº características origem % Característica de origem Nº de etnovariedades %

Milho palha roxa 5 20,8 Da região 5 20,8

Milho pipoca 3 12,5 Compra na casa da lavoura 3 12,5

Milho branco 3 12,5 Difícil achar 3 12,5

Milho elastec 3 12,5 Ribeirão Grande 3 12,5

Milho híbrido mole 2 8,3 Não é da região 3 12,5

Milho cunha 2 8,3 Não acha na casa da lavoura 2 8,3

Milho palha branca 2 8,3 Da época dos pais 2 8,3

Milho híbrido amarelinho 2 8,3 Comprou do vizinho 1 4,2

Milho híbrido duro 2 8,3 Da época dos avós 1 4,2

Comprou de um agricultor em Apiaí 1 4,2

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206

Das sete etnoraviedades de milho citadas por esses agricultores, 20,8%

delas têm origem da semente na própria região, 12,5% precisam ser adquiridas

em estabelecimento comercial de produtos agropecuários, normalmente no

município de Apiaí.

Abordaram a dificuldade em encontrar material genético para o cultivo

das etnovariedades milho pipoca, milho branco e milho elastec, que

consideram da região do Vale do Ribeira.

Das etnovariedades de milho citadas, milho palha roxa foi identificada

como a mais cultivada. É considerada da própria região e apresenta 20,8% de

características descrevendo a origem das sementes.

Foram citadas pelos agricultores ao todo 45 etnovariedades das quatro

espécies aqui descritas, sendo observado maior número de variedades totais

do que de espécies, fato já amplamente discutido na literatura (BOSTER,

1983).

Uma característica importante a ressaltar é que populações humanas

fora do contexto amazônico, como os camponeses de São Paulo, por exemplo,

podem cultivar um número tão grande ou até maior de espécies e variedades

que populações humanas indígenas amazônicas (PERONI, 2004).

Existe a presença de espécies semelhantes entre si sob a forma de

propagação (semente), e da parte utilizada para consumo (grãos), fato

observado por Martins (1994).

Em relação à nominação das etnovariedades, Peroni e Martins (1996)

observaram que no detalhamento para diferenciação dos nomes de

etnovariedades, o agricultor pode chegar a um nível subvarietal, caracterizando

a variedade com um nome e também um "sobrenome"14, podendo haver mais

de uma variedade com um mesmo nome mas com um "sobrenome" diferente.

Esse detalhamento, com nomeação utilizando um binômio, se assemelha ao

binômio gênero-espécie empregado na sistemática biológica (Berlin, 1992).

Esse fato ocorreu na nominação de algumas das etnovariedades citadas pelos

agricultores.

Foi possível perceber evidências da existência de ampla diversidade de

etnovariedades em outros locais que abrangem a região do Vale do Ribeira.

14 Na linguagem do agricultor.

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207

Também se mantém através dos agricultores estudados, e possíveis outros na

região do Vale do Ribeira, um circuito interno de manutenção das

etnovariedades locais, por meio de troca de sementes e compra com vizinhos

ou moradores de outros locais da própria Região. Sendo assim, existe no

Bairro da Serra a conservação in situ das etnovariedades locais de amendoim,

arroz, feijão e milho, conforme citou Dominguez (2000), que abordou essa

conservação como a realizada pelos próprios agricultores, por meio do sistema

informal de sementes ou sistema de sementes crioulas.

Os agricultores estudados citaram etnovariedades que foram cultivadas

por seus ancestrais, e continuam sendo cultivadas por eles. Mesmo que haja

conservação in situ, muitas das etnovariedades citadas já não são mais

cultivadas por novas opções ou extinção do material genético de propagação.

Dessa forma, há uma demanda reprimida de etnovariedades que já não são

mais encontradas, o que demonstra indício de erosão genética.

Tomando como base a realidade do Vale do Ribeira, que vem sofrendo

um impacto social negativo pela diminuição do número de pessoas envolvidas

com o sistema da agricultura camponesa, pode-se dizer que os agricultores

desse sistema, nessa região, estão em extinção e com eles todos os

conhecimentos tradicionais, etnoespécies, etnovariedades, manejos etc., que

tendem a se extinguir.

Considerando esses aspectos, é muito importante a realização de

futuros estudos que possam “medir” essas demandas reprimidas ou a ausência

de sementes para que seja possível avaliar a diversidade genética que já foi

perdida e que ainda é mantida por agricultores camponeses e como essa

diversidade se encontra estruturada, além de detectar o nível da erosão cultural

do campesinato como protetor da agrobiodiversidade.

Outro aspecto, é que a rápida erosão genética desses materiais leva à

necessidade de resgate e preservação do conhecimento tradicional, e

paralelamente, à orientação de programas de conservação de germoplasmas

in situ/on farm (JARVIS et al, 2000; ALTIERI, 2002). Isso leva-nos a crer que as

culturas difundidas em roças tradicionais merecem uma maior atenção do

domínio público.

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208

4.2.2 Semeadura do amendoim, arroz, feijão e milho nas roças

Quantidade plantada e semeadura do amendoim

Duas das UPs entrevistadas cultivam amendoim em uma tarefa de chão,

que equivale a aproximadamente 625 m². A quantidade de sementes variou de

um a três litros, aproximadamente de 0,8 a 2,7 kg. Como exemplo, alguns

comentários dos agricultores:

“Em 2007, plantei 1,5 litro de amendoim preto e colhi um saco de 60 kg,

plantei 2,5 litros de amendoim vermelho e colhi 1,5 saco de 60 kg e plantei um

litro de amendoim rasteiro e não colhi nada, os rataiada comeram tudo, colhi

pouco por causa dos ratos que atacaram tudo.”

“Em setembro de 2009, tô baseando plantar três litros de amendoim

preto e três litros de amendoim vermelho, e se arranjar a muda do rasteiro tô

querendo plantar também, mas dá muito trabalho tratar dele, é difícil de colher

ele por isso planto pouco.”

O Bairro da Serra apresenta elevados índices pluviométricos, assim, os

agricultores procuram plantar o amendoim nos períodos de agosto a setembro,

época com menor concentração de chuvas. Segundo Santos e Suassana

(2006), apesar da ampla adaptabilidade do amendoim ao clima das regiões

tropicais, a produtividade é fortemente influenciada por fatores ambientais,

especialmente temperatura, disponibilidade de água e radiação, como qualquer

outra cultura. Sendo assim, condições ambientais adversas reduzem o

crescimento da planta, de maneira diferenciada, dependendo do estágio em

que ela se encontra – vegetativo ou reprodutivo. A temperatura é o fator

ambiental com maior efeito no desenvolvimento e crescimento do amendoim.

Portanto, o requerimento de calor deve ser determinado conforme as diferentes

regiões.

A alta umidade local também propicia ocorrência de doenças foliares, e

os agricultores não utilizam fungicidas para controle de doenças. Mesmo que

houvesse aplicação de fungicidas, nem sempre seria possível o completo

controle das doenças foliares em decorrência das chuvas constantes, comuns

no Bairro da Serra (PEDRO JÚNIOR et al., 1994). Dessa forma, os agricultores

relataram a dificuldade de manejo para essa espécie, e não utilizam recurso

algum quando existe ocorrência de pragas e doenças, sendo que muitas das

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209

vezes perdem boa quantidade do que foi plantado, prejudicando a

produtividade final.

Os agricultores informaram que o ideal é plantar amendoim em meses

mais secos e quentes, para que não ocorram tantos problemas com pragas e

doenças. Abaixo, comentário de um agricultor em relação à época de cultivo:

“A época de plantar amendoim é de julho até setembro. É bom plantar

na época mais seca e quente, porque é uma planta difícil de lidar com ela, e se

plantar nessa época fica mais fácil”.

Quando o agricultor se refere ao tratamento da planta, ele quer dizer

sobre o manejo e tratos culturais para manutenção da espécie na roça. Nos

seus comentários, foi possível perceber que consideram o amendoim uma

espécie muito sensível, que requer maiores cuidados para que obtenham a

produção almejada. Porém, afirmaram que na maioria das vezes não se obtém

grande produtividade com amendoim. O que colhem é utilizado apenas para o

consumo e por isso continuam plantando, pois é compensatório por não

precisarem comprar e ter mais uma opção de alimento.

Para o cultivo do amendoim, fazem a roçada e deixam os restos do que

foi roçado na área de plantio como adubo (adubação verde). A UP BS006

costuma usar, além dos restos das roçadas, esterco de gado colhido na própria

UP, como complementação de adubo. Foi o filho deles que ensinou a

aproveitar o esterco como adubo e gostaram do resultado, dizem: “a planta

cresce mais bonita e produz mais”.

O amendoim pode ser cultivado no máximo dois anos no mesmo local. A

cova deve ser de cinco a oito centímetros de profundidade, dispostas uma ao

lado da outra e plantam de três a quatro sementes por cova. Dizem que

também se pode plantar a vagem, utilizando uma vagem por cova, porém as

duas UPs costumam plantar a semente, mas dizem que tanto a germinação da

semente quanto da vagem é igual. A distância entre covas para o amendoim

rasteiro deve ser 80 cm; para o amendoim preto, vermelho e branco, de 60 cm

entre uma cova e outra (Figura 14). Para o rasteiro, deve ser maior porque a

planta se espalha mais.

A germinação do amendoim ocorre oito dias após o plantio. As

variedades de amendoim preto, vermelho e branco ficam no ponto de colheita

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210

cinco meses após o plantio e o rasteiro em nove meses. Os agricultores sabem

que está no ponto de colheita quando percebem que as folhas da planta estão

amareladas com pintas pretas e murchas.

Segundo Suassana et al. (2006), a variedade de amendoim com cultivo

predominante no estado de São Paulo é a tatu vermelho, que possui um ciclo

de cultivo de 100 a 110 dias. É uma semente melhorada em termos de

produtividade e precocidade, não é a mais recomendada, e sim a mais

cultivada. Porém, ao considerar suas características de resistência, não se

adaptaria às condições climáticas do Bairro da Serra. As etnovariedades de

amendoim cultivadas por esses agricultores possuem suas características de

rusticidade que permitem continuar se propagando no local e fornecer mais

uma opção de alimento para as famílias que as produzem.

Amendoim rasteiro

Amendoim preto, vermelho e branco

FIGURA 14. Posicionamento e distância das covas para o plantio de amendoim nas roças no Bairro da Serra.

Quantidade plantada e semeadura do arroz

A quantidade de arroz cultivada por esses agricultores variou de 9 a 27

kg e o tamanho da área de 1.250 a 9.600 m², dependendo da necessidade de

consumo da UP (Tabela 32).

Todos citaram problemas de produtividade na colheita de 2008, que foi

afetada por ataque de ratos, isso para todas as espécies cultivadas na roça.

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211

TABELA 32. Quantidade semeada e colhida, tamanho da área ocupada, época de semeadura e colheita para as

etnovariedades de arroz cultivadas em UPs do Bairro da Serra.

UP Etnovariedades Quantidade na semeadura

(kg)

Tamanho da área (m²)

Quantidade colhida

(kg)

Época de semeadura (mês/ano)

Época de colheita

(mês/ano)

BS001

Pratão 18 2.500 9 Novembro/2007 Maio/2008

Viralomba 9 1.250 9 Novembro/2007 Maio/2008

Pratão 18 2.500 600 Novembro/2008 Maio/2009

Viralomba 9 1.250 1.800 Novembro/2009 Maio/2009

BS003 Viralomba 13,5 1.875 480 Outubro/2006 Abril/2007

Viralomba 18 2.500 900 Outubro/2009 Abril/2010

BS006 Matão 9 2.400 4,5 Outubro/2007 Abril/2008

Viralomba 18 2.500 1.200 Outubro/2008 Abril/2009

Viralomba 15 2.500 1.000 Outubro/2009 Abril/2010

BS008 Matão 27 9.600 240 Novembro/2007 Maio/2008

Matão 24,3 9.600 1.500 Novembro/2008 Maio/2009

Matão 27 9.600 1.600 Novembro/2009 Maio/2010

BS011 Agulhinha 22,5 2.500 22 Novembro/2007 Maio/2008

Agulhinha 13,5 1.875 900 Dezembro/2008 Junho/2009

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212

Eles contaram que de sete em sete anos acontece “a praga dos ratos

que ocorre no ano que a taquara e a laranjeira estão florescendo, acabando

com toda lavoura”. Devido esse fato, muitas vezes não conseguem colher

nada. Existem histórias que há muitos anos foi necessário muitas pessoas

saírem do Bairro da Serra para buscar alimentos em outros locais, pois tudo o

que foi cultivado na roça foi perdido devido ao ataque dos ratos. Um agricultor

citou: “o rato atacou só esse ano, ano que vem não ataca, porque eles só

aparecem em ano bissexto”. Porém, no local, ninguém sabe explicar a causa

desse acontecimento.

Não foram encontradas na literatura consultada explicações para o

fenômeno do ataque dos ratos. Segundo Sinara (2009), ratos dos gêneros

Ctenomys (tuco-tuco) e Echimys (rato silvestre) têm o hábito de colonizar roças

recém-criadas, porém não foi citado que sua ocorrência se intensifica de sete

em sete anos ou em ano bissexto. Portanto, seria necessário desenvolver

pesquisas mais detalhadas sobre esse aspecto, em busca de maiores

explicações e até soluções para controlar a infestação desses animais nas

roças e paióis.

O arroz sempre é semeado de outubro a dezembro, período de chuva

abundante, e a colheita ocorre de abril a junho, de acordo com a época em que

foi cultivado. A expectativa para colheita de 2009 e 2010 variou de 600 a 1.800

kg de acordo com a quantidade plantada (Tabela 32), e eles estavam otimistas,

devido à certeza de que não haveria mais o ataque de ratos.

A UP BS003 não semeou arroz em 2007, pois ainda tinha arroz para o

consumo, mas em 2008 foi necessário. A UP BS009 não cultiva arroz há mais

de dez anos, prefere comprar, pois considera difícil cuidar da roça de arroz.

Os agricultores comentaram que os melhores locais para o cultivo de

arroz são os mais baixos, que acumulam água. Afirmaram que o arroz produz

bem em solo com umidade elevada, por isso sempre escolhem áreas que têm

brejo e plantam em época de chuva intensa. Sendo assim, assemelha-se ao

sistema do arroz irrigado, cujos solos cultivados com arroz irrigado na região

subtropical do Brasil, especificamente nos estados do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina, são encontrados, principalmente, nos ecossistemas de várzeas

(solos de várzea) formados por planícies de rios, lagoas e lagunas,

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apresentando uma característica comum: a formação em condições variadas

de deficiência de drenagem (hidromorfismo) (ALONÇO et al., 2005).

Os agricultores disseram que o arroz só produz em terra (solo) forte e

boa. Citaram algumas características de terra ideal: terra roxa-preta, terra boa

de brejo, terra mole e terra forte de calcário.

Para o cultivo do arroz, fazem a roçada e deixam os restos do que foi

roçado na área de plantio como adubo (adubação verde). O preparo do solo é

iniciado uma semana antes da semeadura.

O arroz pode ser semeado com cavadeira ou máquina plantadeira,

porém todos os agricultores entrevistados utilizam a máquina para o plantio,

devido à rapidez.

A UP BS006 costuma usar esterco como complementação de adubo no

cultivo de todas as espécies da roça. Segundo os agricultores dessa UP, esse

insumo vem colaborando com a fertilidade do solo, já que não podem mais

queimar após a roçada.

Antigamente era comum fazer a roçada e depois queimar, e essa

técnica, segundo o agricultor, controlava a fertilidade do solo, porém devido à

legislação tiveram que abandonar a prática da queimada.

A profundidade da cova é de 5 a 8 cm, semeiam de 15 a 30 sementes

por cova. A maioria costuma usar 20 sementes, assim regulam a máquina para

a quantidade de sementes. Essa mesma máquina faz a cova e

simultaneamente as sementes caem na cova, e o agricultor utiliza seu pé para

arrastar a terra e cobrir a cova.

A distância entre uma planta e outra varia entre 20 a 50 cm, e em geral

utilizam 30 cm de distância. A maioria dos agricultores semeia as plantas

conforme feito para o amendoim (Figura 15). Apenas o agricultor da UP BS011

semeia em triângulo (Figura 15), como aprendeu com seu pai que lhe ensinou

que essa é a maneira ideal para aumentar a produtividade.

Os agricultores dizem que não têm problema com pragas e doenças no

arroz. Informaram que o arroz germina oito dias após o plantio, com três meses

aparecem os grãos, no quarto mês floresce e com seis meses está no ponto de

colheita. Com exceção para o arroz de três meses, cujos grãos aparecem com

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um mês e meio, ele floresce aos dois meses e no terceiro mês está no ponto

de colheita.

PLANTIO EM QUADRADO 30 cm

30 cm

30 cm

30 cm

PLANTIO EM TRIANGULO 30 cm

30 c

m

30 cm

30 c

m

30 cm

30 c

m

FIGURA 15. Disposição das covas para o plantio do arroz no Bairro da Serra.

Alonço et al. (2005) citaram que o ciclo de desenvolvimento das

cultivares de arroz irrigado, do clima subtropical do Sul do Brasil, variam no Rio

Grande do Sul, entre superprecoce (<100 dias), precoce (110-120 dias), médio

(121-130 dias) e semitardio (>130dias). Em Santa Catarina e no Mato Grosso

do Sul e nos demais estados produtores, o ciclo é definido como precoce (<

120 dias), médio (121-135 dias), semitardio (136-150 dias) e tardio (> 150

dias). Sendo assim, pode-se considerar que a etnovariedade arroz de três

meses é considerada superprecoce e as demais, tardias. Dessa forma, esses

agricultores dispõem da possibilidade de escolher qual ciclo produtivo atende

suas necessidades.

Quantidade plantada e semeadura do feijão

A quantidade de feijão semeada por esses agricultores variou de 0,5 a

13,5 kg e o tamanho da área de 175 a 2.500 m², dependendo da necessidade

de consumo da UP e do tipo de etnovariedade plantada (Tabela 33). Todos

citaram problemas na produtividade na colheita em 2008, além do ataque de

ratos, tiveram problemas com excesso de chuva.

O período de plantio também foi diversificado. Eles comentaram que o

feijão cultivado em janeiro e fevereiro é o feijão das águas, que produz em três

meses, independentemente da etnovariedade.

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TABELA 33. Quantidade semeada e colhida, tamanho da área ocupada, época de semeadura e colheita para as

etnovariedades de feijão cultivadas em UPs do Bairro da Serra.

UP Etnoariedades Quantidade na

semeadura (kg)

Tamanho da área (m²)

Quantidade colhida (kg)

Época de semeadura (mês/ano)

Época de colheita

(mês/ano)

BS001

Mulatinho 3 600 72 Setembro/2006 Janeiro/2007 Carioquinha 5 625 1 Fevereiro/2007 Maio/2008 Carioquinha 4 625 15 Julho/2008 Novembro/2009 Preto 1 300 40 Julho/2008 Novembro/2009 Jaula 0,5 200 10 Janeiro/2009 Maio/2009

BS003 Mulatinho 3,6 625 150 Fevereiro/2009 Maio/2009

BS006 Carioquinha 13,5 1.200 300 Setembro/2007 Janeiro/2008 Rosinha 4,5 625 480 Fevereiro/2008 Maio/2008

BS009 Mulatinho 9 2.500 120 Setembro/2007 Janeiro/2008 Mulatinho 2,7 500 100 Junho/2008 Outubro/2008 Mulatinho 5,4 625 120 Julho/2008 Novembro/2008 Mulatinho 4,5 625 25 Agosto/2008 Dezembro/2008 Roxinho 0,5 175 2,5 Agosto/2008 Dezembro/2008 Mãezinha 0,5 175 2,5 Agosto/2008 Dezembro/2008 Mulatinho 1,8 400 20 Setembro/2008 Janeiro/2009

BS008 Carioquinha 9 940 15 Agosto/2007 Dezembro/2007 Mulatinho 9 940 15 Agosto/2007 Dezembro/2007 Carioquinha 9 940 150 Agosto/2008 Dezembro/2008 Mulatinho 9 940 150 Agosto/2008 Dezembro/2008 Carioquinha 9 940 300 Agosto/2009 Dezembro/2009 Mulatinho 9 940 300 Agosto/2009 Dezembro/2009

BS011 Mãezinha 6,3 1.250 180 Março/2008 Junho/2008 Sangue de boi 5,4 1.250 13,5 Agosto/2008 Dezembro/2009

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Já o feijão cultivado de julho a setembro é o feijão das secas, que

produz em quatro meses. Esses nomes são de acordo com a época de plantio,

efetuado com qualquer tipo de etnovariedade cultivada.

Na região sul de Minas Gerais, o feijão de sequeiro é cultivado em duas

épocas, nas águas e na seca; o plantio das águas é feito nos meses de outubro

e novembro. O objetivo é semear no início do período chuvoso para aproveitar

a disponibilidade de água durante todo o ciclo cultural, o que, quase sempre,

resulta em excesso de chuvas e grande umidade no solo (ALMEIDA, 2005).

O plantio da seca concentra-se nos meses de fevereiro e março. O

objetivo é semear no final do período chuvoso para aproveitar a boa

disponibilidade de água nas fases mais críticas para o feijoeiro, ou seja, na

germinação e emergência, na floração e no de enchimento do grão (ALMEIDA,

2005). A separação do plantio de feijão para os agricultores do Bairro da Serra

é semelhante ao adotado em Minas, porém a denominação é oposta à utilizada

em Minas Gerais.

Entre os agricultores havia a expectativa de as colheitas de 2009 e 2010

para as quatro espécies serem mais produtivas, por não ocorrer ataque de

ratos. Porém, o que realmente preocupa esses agricultores em relação ao

feijão é a quantidade de chuvas, que pode atrapalhar e ocasionar perda de

grande parte do que foi cultivado. Esse é um fator determinante nessa região,

já que sempre ocorrem extensos períodos de chuva abundante.

A UP BS003 ficou dois anos sem semear feijão, e em fevereiro de 2009

havia a pretensão de iniciar uma roça de feijão mulatinho consorciada com o

milho. Quando ocorre o período de colheita do milho, as plantas de feijão estão

começando a crescer.

Os agricultores indicaram que os melhores locais para o cultivo de feijão

são os lugares mais altos, onde ocorre maior incidência de raios solares e não

há acúmulo de água, pois afirmaram que essa espécie não é produtiva se

cultivada em local sombrio e muito úmido. Em uma mesma área pode-se

cultivar feijão no máximo duas vezes. Mais que isso o solo enfraquece e a

produtividade não será ideal. Segundo Abreu et al. (2005), solos argilosos e

mal drenados devem ser evitados no cultivo do feijão, assim como as baixadas

úmidas ou sujeitas à inundação ou encharcamento. Para evitar os problemas

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de excesso de água no solo, os terrenos mais altos e com bom arejamento

devem ser preferidos para semeadura.

Ainda informaram que feijão só produz em terra (solo) forte e boa, e

citaram algumas características de terra ideal: terra preta, terra estercada, terra

fofa e terra forte de calcário.

Para a semeadura do feijão, fazem a roçada e deixam os restos do que

foi roçado na área de plantio como adubo (adubação verde). A UP BS006

costuma usar esterco como complementação de adubo.

O preparo do solo é iniciado uma semana antes da semeadura, que é

feita manualmente com auxílio de uma cavadeira. A profundidade da cova varia

de 5 a 8 cm e semeiam de 3 a 5 sementes por cova. A distância entre uma

planta e outra varia entre 15 a 50 cm, utilizando em geral espaçamento de 40

cm. A disposição das plantas é a mesma do amendoim. A UP BS011 planta em

triângulo, como para o arroz (Figura 16).

Os agricultores citaram alguns problemas fitossanitários que ocorrem no

cultivo do feijão:

“Sempre dá uma murchadeira quando começa a se formar a planta.

Parece que jogou água quente na planta. Chega a perder a roça toda. Mas não

faço nada para evitar isso, o único recurso é perder a roça, porque eu não sei o

que dá isso e nem por quê”.

“Tem que plantar feijão em um ano e no outro ano plantar outro tipo de

planta ou outro tipo de feijão, senão não produz. Porque o feijão deixa um

micróbio na terra que pragueja o mesmo tipo de feijão que planta no outro ano,

por isso tem que trocar de chão. Depois que planto, espero nascer a planta, aí

sempre fico cuidando da roça, tiro os matos que nascem para não enfraquecer

a planta. Qualquer feijão pega praga, mas só pega se repetir o chão e quem

trabalha com veneno tem como livrar, mas nós não trabalhamos com veneno”.

“O caruncho vem de dentro da semente, é uma vida fora da germinação

da semente, vem de dentro aí fura a semente, tem que engraxar a semente

bem quente para matar essa vida dentro da semente”.

“Esse ano deu a ferrugem na folha quando tava madurando e passou

para o feijão mais novo. Também deu lesma no feijão e chegou a matar alguns

pés de feijão, foi porque lesma não gosta de sol e nessa época ficou muito

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tempo sem sol, aí não tem remédio, tem que tapar as covas em que ela mora e

esperar o sol sair para elas sumirem. Mas não deu nada que prejudica toda a

roça”.

Sendo assim, esses agricultores não dispõem de técnicas para controle

de problemas fitossanitários e muitas vezes acabam perdendo o que foi

plantado por falta de recurso e/ou técnica para controlar tais problemas.

Os agricultores informaram que o feijão germina oito dias após o plantio,

com um mês e meio inicia a floração, aos dois meses começam aparecer as

vagens e chega ao ponto de colheita aos quatro meses, se o plantio foi

realizado nos meses de julho, agosto ou setembro. Para o plantio efetuado nos

meses de janeiro a março, o ponto ideal de colheita do feijão é aos três meses

após o plantio. Não souberam explicar o motivo desse fato.

O ciclo produtivo das etnovariedades de feijão citadas por esses

agricultores quando cultivadas nos meses de janeiro a março é igual para

algumas cultivares melhoradas geneticamente, como exemplo: três variedades

do tipo carioca: a IAC-Votuporanga, IAC-Ybaté e IAC-Apuã, e para de feijão

preto é a IAC-Tunã, todas com ciclo produtivo de 90 dias (IAC, 2010).

Quantidade plantada e semeadura do milho

A quantidade de milho semeada por esses agricultores variou de 2 a 18

kg e o tamanho da área de 900 a 3.800 m², dependendo da necessidade de

consumo da UP (Tabela 34).

Citaram vários períodos de semeadura para o milho, mas consideraram

os meses de julho, agosto, setembro e dezembro os melhores para o cultivo, e

alguns desses agricultores fazem dois plantios em um ano.

Os agricultores informaram não ser interessante o cultivo de milho em

lugares de baixada, pois normalmente essas áreas possuem solos mais

úmidos, sendo assim, recomendaram que o melhor local para cultivar milho

seja em lugares mais altos, porém, não em serras. Explicaram que isso se

deve ao fato de a planta do milho não ser muito adaptável à umidade elevada.

A Embrapa em relação ao sistema de produção do milho recomenda o

cultivo dessa espécie em área com topografia plana e suave, com declividade

até 12%, tendo em vista o controle da erosão e as facilidades de mecanização

(MELHORANÇA et al., 2009).

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TABELA 34. Quantidade semeada e colhida, tamanho da área ocupada, época de semeadura e colheita para as

etnovariedades de milho cultivadas em UPs do Bairro da Serra.

UP Etnoariedades Quantidade na semeadura (kg)

Tamanho da área (m²)

Quantidade colhida (kg)

Época de semeadura (mês/ano)

Época de colheita

(mês/ano)

BS001

Híbrido 3 975 40 Julho/2007 Janeiro/2008 Híbrido 2 900 30 Agosto/2007 Fevereiro/2008 Palha roxa 10 3750 60 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 3 975 130 Julho/2008 Janeiro/2009 Híbrido 2 900 90 Agosto/2008 Fevereiro/2009

Palha roxa 10 3750 400 Dezembro/2008 Junho/2009

BS003 Híbrido 11 3.800 300 Dezembro/2007 Junho/2008 Palha roxa 4,5 1.250 220 Setembro/2008 Março/2009

Palha branca 4,5 1.250 220 Setembro/2008 Março/2009 Híbrido 5 1.270 250 Dezembro/2008 Junho/2009

BS006 Híbrido mole 9 1.875 250 Agosto/2007 Fevereiro/2008 Palha roxa 9 1.875 250 Agosto/2007 Fevereiro/2008 Híbrido mole 9 1.875 450 Agosto/2008 Fevereiro/2009

Palha roxa 9 1.875 450 Agosto/2008 Fevereiro/2009

BS008 Híbrido 18 9.600 600 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 13,5 3.125 500 Dezembro/2008 Junho/2009 Híbrido 18 9.600 800 Dezembro/2009 Junho/2010

BS009 Palha roxa 4,5 1.250 200 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 4,5 1.250 100 Dezembro/2007 Junho/2008 Palha roxa 3 930 90 Dezembro/2008 Junho/2009 Híbrido 3 930 90 Dezembro/2008 Junho/2009

BS011 Híbrido 9 1.875 50 Dezembro/2007 Junho/2008 Híbrido 9 1.875 450 Dezembro/2008 Junho/2009 Híbrido 13,5 2.500 675 Dezembro/2009 Junho/2010

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Para os agricultores do Bairro da Serra, essa recomendação é inviável,

pois, pelo fato de a localidade possuir muitas serras, as áreas de cultivo

normalmente são declivosas, sendo assim, eles utilizam seu conhecimento

sobre o ambiente cultivando o milho em áreas mais altas para evitar acúmulo

de umidade nas plantas. Azevedo (2007) citou um exemplo emblemático de

cultivo em área montanhosa:

“[..] agricultores das montanhas da Papua Nova Guiné, [..] habitam essa ilha ao norte da Austrália [...] As terras baixas da ilhas foram colonizadas por europeus, mas o interior, com relevo de altas montanhas, ficou praticamente isolado do contato com esses colonizadores. Nessa região de montanhas, de difícil manejo sob o ponto de vista agrícola, continuam a cultivar suas bananas e taros até hoje” (AZEVEDO, 2007; p.2).

Grande parte das variedades cultivadas, antigas ou tradicionais, está

relacionada a pequenos agricultores que cultivam em ambientes com

características ambientais peculiares como alta declividade, deficiência de

nutrientes, alta ou baixa umidade, etc., e limitado acesso a variedades

melhoradas por agentes externos à comunidade. Por isso, estas comunidades

são importantes agentes de criação e manutenção de variedades de plantas

cultivadas adaptadas a determinadas condições climáticas e ambientais

(CLEVELAND et al., 2000).

Com relação ao solo, dizem que a “terra tem que ser forte e boa”. Eles

citaram algumas características de solo que consideram ideal: terra roxa-preta,

terra forte de calcário e terra de mata e estercada. Abaixo seguem algumas das

falas dos agricultores em relação aos locais e tipos de solos para o plantio do

milho:

“Terra de calcário que é terra boa para plantar milho. A terra tem que

estar estercada, terra de mata é boa. Terra seca não dá nada, não tem força, a

terra amarela não tem esterco e é fraca. A terra de brejo também não é boa

para plantar milho, porque o milho não gosta de muita água, por isso é bom

plantar milho em lugar mais alto ”.

Para a semeadura de milho, a UP BS003 inicia o preparo do solo um

mês antes, quando faz a roçada e convoca o tratorista da prefeitura de

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Iporanga para gradear o solo. Segundo ele, uma vez por ano a prefeitura libera

esse serviço gratuitamente para UPs do Bairro da Serra, porém apenas esse

agricultor disse utilizar esse serviço, e somente para roça de milho. As demais

UPs não utilizam desse serviço, pois não há disponibilidade de espaço para o

acesso do trator no local. Caso contrário alguns dos agricultores aceitariam que

a terra fosse gradeada, pois ajudaria no trabalho.

As demais UPs começam a preparar o solo uma semana antes da

semeadura, fazendo roçada na área onde será implantada a roça, preparando-

a para o plantio.

A seleção das sementes que serão semeadas é feita uma semana

antes do plantio, quando escolhem as melhores espigas que sobraram do

consumo, então as descascam e debulham, em seguida peneiram as sementes

para retirada de resíduos e verificam se não há alguma estragada.

Se nos dias em que for semear as sementes das etnovariedades palha

roxa e palha branca estiver um clima quente e seco, o agricultor da UP BS003

dispõe de uma técnica que é realizada apenas nessa UP: um dia antes da

semeadura as sementes são acondicionadas em uma vasilha de água e ficam

assim imersas durante a noite. No dia seguinte, retiram as sementes da água e

as enxugam, e estão prontas para serem semeadas. Segundo esse agricultor,

essa técnica ajuda a semente a germinar se o solo estiver muito seco.

Os agricultores informaram que não é recomendado cultivar o milho, por

mais de um ano, na mesma área. Dizem que a produção decai, porém acabam

sendo obrigados a cultivar dois anos seguidos no mesmo lugar por falta de

espaço possível de ser manejado, devido à legislação ambiental. Porém

constataram que, sempre no segundo ano, a produção é um pouco menor.

A UP BS003 planta o milho palha roxa e o milho palha branca

intercalados no mesmo espaço, dizendo assim fazer pelo fato de o palha roxa,

quando cultivado sozinho, costumar produzir “espigas falhadas”, com pouca

semente. Explica que o milho palha branca controla o palha roxa, por isso

devem ser cultivados intercalados, assim as duas etnovariedades terão uma

boa produção. Esse agricultor vem observando esse fato há alguns anos,

fazendo testes que já comprovaram esse resultado. Já o milho palha branca

pode ser cultivado sozinho, pois não tem problemas de produtividade. Em

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nenhuma das outras UPs foi verificada essa forma de plantio. A semeadura das

etnoveriedades normalmente ocorre em meses diferentes ou se separa a área

de cultivo de cada uma delas.

O milho é plantado com auxílio de uma cavadeira. A profundidade da

cova é de 5 a 8 cm e são plantadas 3 a 5 sementes por cova, com

espaçamento entre plantas de 1,0 m. A maioria dos agricultores utiliza um

esquema de plantio em forma de quadrado, com as plantas equidistantes,

exceto a UP BS011, que usa a forma de triângulo (Figura 15).

Os agricultores dizem que não ocorrem problemas de pragas e doenças

com essa espécie. O único problema além dos ratos são os ventos fortes, de

difícil controle e que já causaram muitos prejuízos.

A emergência do milho ocorre em oito dias após o plantio. A floração se

inicia após três meses da semeadura, as primeiras espigas aparecem com

quatro meses e meio, com cinco meses as espigas estão no ponto de colheita

para milho verde e aos seis meses para colheita de milho seco.

Considerando todo o contexto abordado acima, percebe-se que as

tecnologias adotadas por esses agricultores camponeses parecem óbvias para

quem já tem uma visão agronômica consolidada em tecnologias de produção.

Sendo assim, pode-se dizer que esses agricultores praticam sim o óbvio, e vêm

mantendo seu sistema vivo há muitas gerações, preservando o ambiente em

que vivem. A despeito disso, Azevedo (2007) citou:

“[...] esses sistemas camponeses vêm garantindo a reprodução de parcela significativa da população humana, ao longo dos 10 mil anos da história da agricultura, sem os inconvenientes ambientais e sociais da agricultura moderna. Se hoje, a partir dos problemas da modernidade, busca-se fazer a “boa agricultura” a partir do respeito aos limites ambientais e sociais, pelo seu lado os agricultores “primitivos” e “atrasados” já o fazem de há muito. É o non sense absoluto: atrasados estarem no futuro” (AZEVEDO, 2007; p.2)

O não óbvio quem faz é a agricultura mercantilista, que é altamente

dependente de um pacote tecnológico, baseada no monocultivo, produção em

larga escala e utilização intensa de insumos sintéticos. Esse sistema de

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agricultura é totalmente insustentável e destrutivo para os ecossistemas

naturais. Azevedo (op cit.) enfoca:

“Os agricultores deixam, por exemplo, de construir a fertilidade de seus solos pelo uso da matéria orgânica produzida localmente ou pelas combinações diferenciais do uso da terra e passam a comprar a fertilidade embalada em sacos de fertilizantes industriais; deixam de utilizar as sementes próprias para comprá-las das empresas do circuito comercial; deixam de controlar, pelo manejo dos cultivos e criações, os organismos indesejados e passam a controlá-los comprando agrotóxicos; deixam de utilizar os conhecimentos produzidos por eles mesmos para comprar tecnologia produzida por instituições especializadas, públicas ou privadas. Assim, os agricultores perdem seu protagonismo com a substituição dos processos internos pelos externos” (AZEVEDO, 2007; p.8).

Assim, a política ambiental vigente, ao ignorar o potencial

conservacionista dos agricultores camponeses, tem desprezado possivelmente

uma das únicas vias adequadas para alcançar a inclusão dessas populações

rurais, por meio do reconhecimento de sua identidade, da valorização de seu

saber, da melhoria de suas condições de vida e da garantia de sua participação

numa política de conservação pela qual também sejam beneficiadas.

4.2.3 Colheita e armazenamento

Amendoim

A colheita do amendoim é feita manualmente. Arrancam a planta toda,

depois tiram as vagens e colocam em uma lona normalmente estendida no

terreiro da casa, onde são lavadas, em seguida deixam secar ao sol por

aproximadamente dois a três dias. Caso ocorra chuva, recolhem, e assim que

tiver sol colocam para secar novamente. Os agricultores dizem que é

necessário secar para não estragar e nem carunchar.

Após secas, as vagens são acondicionadas em sacos de 60 kg (de nylon

ou algodão), que ficam dispostos em local aproximadamente a um metro de

altura do chão (no paiol ou dentro de casa). Nas duas UPs, o amendoim estava

armazenado dentro de casa em uma mesa de madeira construída pelos

próprios agricultores.

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Não é feita uma seleção para separar o que será utilizado no plantio da

próxima safra e o que será utilizado para consumo da família. Quando chega o

período do plantio, escolhem uma quantidade de bainhas das que restaram,

selecionando dessas as maiores para realizar o plantio.

Os agricultores dizem que o amendoim rasteiro é o mais produtivo.

Abaixo está a descrição feita por esses sobre a produtividade das

etnovariedades de amendoim:

amendoim rasteiro: um litro plantado = uma tarefa de chão (625 m²) = três

sacos de 60 kg de amendoim colhidos. Produz aproximadamente três a quatro

sementes por vagem, e uma planta sadia produz aproximadamente 100

vagens.

amendoim preto e amendoim branco: um litro plantado = 0,5 tarefa de chão

(312,50 m²) = um saco de 60 kg de amendoim colhido. Produz

aproximadamente três a quatro sementes por vagem, e uma planta sadia

produz aproximadamente 25 a 30 vagens.

amendoim vermelho: um litro plantado = 0,5 tarefa de chão (312,50 m²) = 1

saco de 60 kg de amendoim colhido. Produz no máximo três sementes por

vagem, e uma planta sadia produz aproximadamente 25 a 30 vagens.

Arroz

Os agricultores identificam o ponto de colheita de arroz quando a planta

fica toda amarela. A colheita é de forma manual, utilizando uma foice para

cortar a planta. Depois de colhida, fica estendida no “enceradão”, que é uma

lona plástica estendida no chão, na roça. A planta fica exposta ao sol por três

dias, após isso, batem a planta seca na “cancha”, que é uma estrutura de

madeira semelhante a uma mesa (Figura 16). Embaixo da “cancha”, colocam

uma lona estendida onde as sementes vão caindo. Após retiradas todas as

sementes, deixam secar por mais dois a três dias ao sol.

Passados esses dias, as sementes são acondicionadas em sacos e

armazenadas no paiol ou dentro de casa (em cima de uma mesa ou tábua),

sempre em algum local um metro acima do chão. Não há seleção de sementes

de consumo das que serão utilizadas no próximo plantio. Quando chega a

época de plantio, retira-se uma quantidade do que sobrou para que ele seja

efetuado.

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225

LONA

LONA

ONDE BATE

ARROZ/FEIJÃO

CANCHA

FIGURA 16. Representação esquemática da cancha.

Os agricultores dizem que o trabalho de colheita do arroz é difícil,

cansativo e algumas vezes a produtividade não é boa, mas continuam

cultivando essa espécie porque gostam e precisam dela. O período máximo

que costumam deixar armazenado para utilização no plantio é dois anos, mas

dizem que o ideal é não passar de um ano para outro, para a germinação ser

boa.

Antigamente era costume guardar o arroz colhido no jirau, estrutura de

madeira em cima da casa ou do fogão a lenha onde a planta colhida era

amarrada e ficava pendurada para secar. Quando existia o jirau, não era

necessário colocar a planta para secar ao sol, a planta secava com o passar do

tempo e somente era beneficiada antes do consumo.

Feijão

Os agricultores identificam o ponto de colheita do feijão quando a planta

fica toda amarela e as vagens bem secas. Se a semeadura foi na lua

minguante, as folhas caem; caso contrário, ficam apenas murchas. A colheita é

feita manualmente e deve ser realizada em dia de sol, pois o feijão é sensível

à umidade. A planta é arrancada da terra e estendida no “enceradão” por um

dia. No dia seguinte, as plantas são acondicionadas no andaime ou estaleiro,

estrutura de madeira semelhante a uma escada, composta por seis varas de

madeira (Figura 17). As plantas são colocadas uma em cima da outra e de

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226

maneira invertida, cada uma para um lado. Essa estrutura fica localizada na

roça, onde o feijão pode ficar guardado por até seis meses. Não é

recomendado mais tempo, pois pode ter ataque de caruncho. Essa é uma

forma de deixar o feijão colhido na roça para ficar secando. À noite ou em caso

de chuva, o andaime ou estaleiro é coberto com uma lona plástica para não

ocorrerem danos ao feijão colhido.

Quando for necessário utilizar o feijão, ele é retirado do andaime ou

estaleiro, e passa pelo processo de malhar o feijão, processo manual de

separar a semente de feijão seco da vagem. Isto é feito em um pequeno

estaleiro, onde a planta é colocada pendurada e o agricultor utiliza uma vara

grande para bater. Com isso, as sementes vão caindo em uma lona que está

estendida ao chão, em seguida retira-se a sujeira, deixando apenas as

sementes. As sementes são peneiradas para retirada do restante de resíduos.

Em seguida, estendem as sementes em uma lona limpa no chão e deixam

secar ao sol por um dia.

FIGURA 17. Agricultor explicando o funcionamento do andaime ou estaleiro.

Para armazenar as sementes, a UP BS009 utilizou o método de

engraxar a semente, ou seja, colocou gordura de porco quente em uma bacia e

passou na semente. Quando elas estavam secas, eram acondicionadas em

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227

sacos. As outras UPs também citaram essa técnica, porém disseram que isso

era feito antigamente. As UPs BS001 e BS003 apenas acondicionam as

sementes secas em sacos. As UPs BS006, BS008 e BS011 acondicionam as

sementes em garrafas pet. Quem primeiro aprendeu essa última técnica foi o

agricultor da UP BS008, com alguns amigos agricultores de Capão Bonito,

explicando ser uma maneira de diminuir o ataque de carunchos. Em seguida,

ele ensinou aos agricultores das outras duas UPs que também modificaram a

técnica de armazenamento do feijão.

Tanto as sementes acondicionadas em sacos como em garrafas pet

ficam guardadas no paiol ou dentro de casa, conforme descrito para espécies

anteriores. Não há um critério de seleção para separar o que será utilizado

para o consumo da casa e o que será utilizado para o próximo plantio. O

consumo vai ocorrendo usualmente e quando chega a época do plantio são

selecionadas as maiores sementes dentre as que sobraram. O período máximo

que deixam as sementes armazenadas para serem utilizadas para o plantio é

um ano; mais que isso, eles dizem que a semente não germina.

Pilla (2006), em estudo sobre o conhecimento dos recursos vegetais em

bairros rurais no Vale do Paraíba, também observou que o armazenamento das

sementes é feito em garrafas pet ou em sacos de estopa.

Na chamada sociedade caipira tradicional estudada por Candido (1977),

o cultivo era baseado no trabalho familiar. Existem outras relações sociais

vinculadas ao processo manual de separar a semente de feijão seco da vagem.

O trabalho neste tipo de agricultura comporta também a contratação de mão de

obra temporária, especialmente nas épocas de maior trabalho como abertura

de uma roça, limpa do terreno, ou uma grande colheita. Outras estratégias

também podem ser encontradas, como a troca de dias de serviços. Hoje em

dia isso não é tão comum, mas vale ressaltar que estas já foram, num passado

recente, as práticas de trabalho mais comuns da roça (CANDIDO, 1977;

BRANDÃO, 1999).

Milho

Os processos de colheita para o milho verde e para o milho seco foram

descritos pelos agricultores da seguinte forma:

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“Milho verde: O milho verde seca a ponta aí já pode colher, quebra a

espiga com a mão para colher. Coloca em um saco, não tira a casca, só tira na

hora de utilizar. O milho verde tem que ser utilizado em no máximo uma

semana senão fica duro e perde o sabor, se descascar tem que guardar na

geladeira, mas normalmente assim que colhe já é utilizado para o consumo da

casa. As espigas que não forem colhidas para utilizar como milho verde ficam

na planta para secar.”

“Milho seco: Quando fica no ponto de colheita a planta fica seca e a

espiga vira para baixo. Para colher, eles quebram a planta e tiram as espigas.

Deixa uma planta sem quebrar e vão jogando as espigas colhidas no chão

próximo à planta que está em pé, esse local onde amontoam várias espigas é

chamado de bandeira. Dependendo da quantidade a ser colhida, formam várias

bandeiras, ou seja, vários amontoados de espigas.”

Depois de colhidas as espigas do milho seco, elas são colocadas no

cargueiro, que são cestos produzidos pelos próprios agricultores. As UPs que

têm animal de tração acondicionam os cargueiros nos animais para levar o

milho colhido para o paiol, que fica próximo a casa. Os agricultores que não

possuem animal carregam o cesto manualmente. Esse é um serviço que

normalmente não é feito em apenas um dia, por isso, cobrem com lona plástica

os locais (bandeiras) onde estão amontoadas as espigas de milho, para evitar

umidade decorrente do sereno ou eventual ocorrência de chuva.

As espigas de milho são armazenadas no paiol, a um metro de altura

do solo. Normalmente separam por variedade e não há seleção da que será

utilizada no consumo da que será utilizada para o próximo plantio. Somente

deixam como sementes para o próximo plantio o milho palha roxa e palha

branca, pois o híbrido é comprado anualmente por não produzir mais que uma

vez. Conforme a necessidade, vão retirando as espigas do paiol, debulhando e

utilizando. O milho para o próximo plantio pode ficar armazenado de oito meses

a um ano; após esse período, ele não germina. Normalmente há ocorrência de

caruncho nesses paióis, porém os agricultores dizem que não tem como evitar

e nem controlar, mas dizem que não chega a interferir na produtividade da

semente.

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229

4.2.4 Critérios de classificação das etnovariedades

Nos cálculos de análise descritiva para classificação das etnovariedades

do amendoim, o critério características foi o mais representativo com a

presença de 59,1% das características estabelecidas pelos agricultores para

classificação das etnovariedades; em segundo lugar de importância, o critério

qualidade com 18,2%; em terceiro, o critério produtividade, com 13,6%; e com

menor relevância, estão os critérios processamento e resistência com 4,6%

(Figura 18).

0

10

20

30

40

50

60

70

DESCRITIVA

COMPONENTES PRINCIPAIS

PESO PONDERADO

FIGURA 18. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de amendoim de duas UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).

Para o arroz, o critério características foi o mais representativo com a

presença de 25,3% das características estabelecidas pelos agricultores para

classificação das etnovariedades; em segundo lugar de importância, o critério

qualidade, com 17,3%; em terceiro o critério origem, com 13,3%; em quarto

lugar, os critérios plantio e colheita e período, com 10,67%. O critério

processamento ficou em quinto lugar, com (8%) de características de

classificação; o critério resistência em sexto lugar, com 6,67%; em sétimo lugar

ficou o critério existência, com 4%; o critério produtividade em oitavo lugar, com

2,67%; e com a menor relevância, ficou o critério rendimento, com 1,3% (Figura

19).

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230

0

5

10

15

20

25

30

DESCRITIVA

COMPONENTES PRINCIPAIS

PESO PONDERADO

FIGURA 19. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de arroz de UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).

Para feijão, o critério características foi o mais representativo com a

presença de 24% das características estabelecidas pelos agricultores para

classificação das etnovariedades. Em segundo lugar de importância, o critério

qualidade com 20%; em terceiro os critérios processamento, plantio/colheita e

resistência, com 12%; em quarto lugar os critérios produtividade e

armazenamento, com 8%; e com a menor relevância, ficou o critério

comercialização, com 4% (Figura 20).

FIGURA 20. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de feijão de UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).

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231

Para milho, o critério características foi o mais representativo com a

presença de 31,9% das características estabelecidas pelos agricultores para

classificação das etnovariedades; em segundo lugar de importância, o critério

qualidade, com 19,4%; em terceiro o critério resistência, com 11,1%; em quarto

lugar o critério plantio/colheita, com 9,7%; o critério produtividade ocupou o

quinto lugar, com 6,9%; em sexto lugar ficaram os critérios processamento,

rendimento e função, com 5,6%; e com a menor relevância, o critério

melhoramento, com 4,2% (Figura 21).

FIGURA 20. Importância dos critérios classificatórios das etnovariedades de milho de UPs do Bairro da Serra nas análises descritiva, fatorial de componentes principais e peso ponderado (%).

Esses critérios foram submetidos à análise fatorial de componentes

principais para identificar os critérios explicativos.

Para classificação das etnovariedades de amendoim, foram identificados

dois fatores com autovalores maiores que um e que responderam a 80,39% da

variação dos dados originais (Tabela 35).

TABELA 35. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes

principais, para explicação da variabilidade dos dados de três

fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de

amendoim, citadas por agricultores de duas UPs do Bairro da

Serra.

Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual

% de explicação acumulada 1 11,3 56,5 56,5

2 4,8 23,9 80,4

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232

Na identificação das variáveis mais explicativas, utilizou-se como ponto

de corte dos valores dos módulos das correlações o mesmo adotado para

componentes que entram e saem das UPs. Os fatores foram descritos

considerando os aspectos que cada variável representa (Tabela 36).

TABELA 36. Correlação das variáveis descritoras dos dois fatores que

estabelecem a classificação da etnovariedades de amendoim.

Características Fator 1

Produz mais 0,9

Semente é branquicenta 0,9

Semente grossa 0,9

Semente pintada de preto 0,9

Bainha graúda 0,9

Dá galhos alastrados 0,9

É doce 0,9

Semente graúda 0,9

É áspero 0,8

CARACTERÍSTICAS Fator 2

Produz bem 0,9

Casca da semente é preta 0,8

Gosto forte 0,8

É forte 0,8

No fator 1, foram verificadas nove características de classificação e no

fator 2, quatro características de classificação. Nos dois fatores, foi possível

observar a relação das características com os critérios característica e

qualidade.

A análise de componentes principais separou as características de

classificação, selecionando as mais importantes que estabelecem os critérios.

Os resultados dessa análise corroboram os obtidos na análise descritiva, tendo

ficado em primeiro lugar o critério característica, com a presença de 61,1% das

características de classificação; em segunda ordem de importância, o critério

qualidade, com 16,7%; em terceira ordem, o critério produtividade, com 11,1%;

e com menor relevância, ficaram os critérios processamento e resistência, com

5,6% (Figura 18).

Para o arroz, foram identificados dois fatores com autovalores maiores

que um que responderam 72,3% da variação dos dados originais (Tabela 37).

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233

TABELA 37. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes

principais, para explicação da variabilidade dos dados de três

fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de arroz.

Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual

% de explicação acumulada 1 14,8 29,0 29,0

2 8,6 16,8 45,8

3 7,0 13,8 59,6

4 6,5 12,7 72,3

Os fatores foram descritos considerando os aspectos que cada variável

representa (Tabela 38). Nos fatores 1 e 3, foram verificadas quatro

características de classificação; nos fatores 4 e 5, uma característica; e no fator

7, duas características. Os fatores 2 e 6 não apresentaram valor de módulo

maior que 0,7, indicando que esses fatores não são representativos.

TABELA 38. Correlação das variáveis descritoras dos fatores que estabelecem

a classificação das etnovariedades de arroz.

Características Fator 1 Características Fator 3

Grão graúdo 0,7 Muito bom 0,7

Não é quebrador 0,7 Rende na panela 0,7

Bom para cozinhar 0,7 Duro de limpar 0,7

Macio 0,7 Foi o melhor arroz que já existiu

0,7

Características Fator 4 Características Fator 5

O pai plantava 0,8 Espeta tudo 0,7

Características Fator 7

É amarelo 0,7

Tem que comprar na casa da lavoura

0,7

Na identificação da hierarquia dos critérios, o critério característica ficou

em primeira ordem de importância, com a presença de 23,6% das

características de classificação; em segunda ordem de importância, os critérios

qualidade e origem, com 18,2%; em terceira ordem, os critérios plantio e

colheita e período, com 9,1%; os critérios processamento, existência e

resistência ficaram em quarta ordem de importância, com 5,5%; em quinta

ordem de importância, ficou o critério produtividade, com 3,6%; e com menor

relevância na classificação das etnovariedades, ficou o critério rendimento, com

1,8% (Figura 19).

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Para o feijão, foram identificados três fatores com autovalores maiores

que um e que responderam 73,5% da variação dos dados originais (Tabela 39).

TABELA 39. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes

principais, para explicação da variabilidade dos dados de três

fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de feijão.

Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual

% de explicação acumulada 1 6,6 34,7 34,7

2 4,9 25, 8 60,5

3 2,5 13,0 73,5

Os fatores foram descritos considerando os aspectos que cada variável

representa (Tabela 40). No fator 1, foram verificadas seis características de

classificação; no fator 2, quatro características; e as características do fator 3

não apresentaram valor de módulo maior que 0,7, indicando que esse fator não

é representativo.

TABELA 40. Correlação das variáveis descritoras dos três fatores que

estabelecem a classificação das etnovariedades de feijão.

Características Fator 1

Fácil de vender 0,9

Dá muita praga 0,9

Fica fedido 0,9

Não é bom para guardar 0,9

Ruim de plantar 0,9

Bonito 0,8

Caracteríticas Fator 2

Pode ficar mais tempo guardado 0,9

Não dá cheiro ruim 0,9

Bom para secar 0,9

Duro 0,8

Na identificação da hierarquia dos critérios, o critério característica ficou

em primeira ordem de importância, com a presença de 25% das características

de classificação; em segunda ordem de importância, o critério qualidade, com

20,8%; em terceira ordem, os critérios plantio e colheita e resistência, com

12,5%; os critérios processamento, produtividade e armazenamento ficaram

em quarta ordem de importância, com 8,3%; e com menor relevância na

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235

classificação das etnovariedades, ficou o critério comercialização, com 4,2%

(Figura 20).

Para o milho, foram identificados três fatores com autovalores maiores

que um que corresponderam a 71,5% da variação dos dados originais (Tabela

41).

TABELA 41. Autovalores e porcentagens obtidos no cálculo de componentes

principais para explicação da variabilidade dos dados de três

fatores dos critérios de classificação das etnovariedades de milho.

Fatores Autovalor % Total de variância explicada individual

% de explicação acumulada 1 18,8 31, 9 31, 9

2 15,6 26,4 58,3

3 7,8 13,2 71,5

Os fatores foram descritos considerando os aspectos que cada variável

representa (Tabela 42). No fator 1, foram verificadas 15 características de

classificação, 17 características no fator 2 e quatro características no fator 3.

Na identificação da hierarquia dos critérios, o critério característica ficou

em primeira ordem de importância, com a presença de 29,5% das

características de classificação; em segunda ordem de importância, o critério

qualidade, com 19,7%; em terceira ordem, o critério resistência, com 13,1%; os

critérios produtividade e plantio/colheita ficaram em quarta ordem de

importância, com 8,2%; os critérios processamento e rendimento, em quinta

ordem, com 6,6%; o critério melhoramento, em sexta ordem, com 4,9%; e com

menor relevância na classificação das etnovariedades, ficou o critério função

com 3,3% (Figura 21).

A análise de componentes principais identificou os critérios mais

importantes em termos da variabilidade dos dados, reduziu o número de

variáveis e validou os resultados da análise descritiva.

No ponto de vista dos agricultores, as características da semente, como

cor, tamanho, beleza, sabor, consistência, odor, são informações mais

importantes para classificação das etnovariedades. Em segundo lugar

consideraram os aspectos de qualidade da etnovariedade, exemplo: é boa,

ruim, fraca ou forte.

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TABELA 42. Correlação das variáveis descritoras dos três fatores que

estabelecem a classificação das etnovariedades de milho.

Características Fator 1 Características Fator 2

Muito bom 0,8 É gostoso 0,927

Palha dura 0,8 Produz bem 0,927

Não é semente tratada 0,8 Bom para espigar 0,907

Planta alta 0,8 Tem pouca palha 0,746

Semente graúda 0,8 Dá para quebrar o galho 0,746

Palhudo 0,8 Tem que colher rápido 0,746

Falha semente na espiga 0,8 Amarelo 0,746

A palha é remédio 0,7 Bom para milho verde 0,746

Difícil o vento derrubar 0,7 Carrega mais de semente 0,746

Palha grossa 0,7 É macio 0,746

Atura mais tempo 0,7 Não falha semente 0,746

É o melhor 0,7 Palha fina 0,746

Palha roxa 0,7 Palha fraca 0,746

É natural 0,7 Planta baixa 0,746

Sabugo roxo 0,7 Semente miúda 0,746

Aguenta a chuva 0,7 Semente tratada 0,746

Características Fator 3 Não é bom 0,708

É tardio de 6 meses 0,875 Características Fator 3

Palha branca 0,875 O vento derruba 0,841

Nasce no meio de outros tipos de milho 0,875

Com os resultados obtidos na análise de componentes principais, foi

feita a análise de peso ponderado, conforme o capítulo 4.1.8 para

componentes que entram e saem das UPs.

Os valores β são o peso individual das variáveis que explicam as

características classificatórias das sementes. Os valores de w referem-se ao

peso relativo de cada variável que explica as características classificatórias das

sementes (Tabela 43).

As características de classificação mais importantes são as com pesos

iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se todas

fossem igualmente importantes. Assim, o critério características foi o mais

importante para os agricultores na classificação, com 54,6% das características

de classificação de amendoim. Em segundo lugar de importância, o critério

qualidade, com 18,2%. Os critérios de menor importância foram:

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237

processamento, produtividade e resistência, (9,1%) (Figura 18). Com o

resultado dessa análise foi possível hierarquizar os critérios que explicam as

características em que os agricultores se baseiam para classificar as

etnovariedades.

TABELA 43. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados

das variáveis que explicam os critérios de classificação das

etnovariedades de amendoim.

Características β w Acumulado wx100

Bainha graúda 0,083 0,05 0,05 4,7

Dá galhos alastrados 0,08 0,05 0,3 4,7

É doce 0,08 0,05 0,4 4,7

Produz mais 0,08 0,05 0,7 4,7

Semente é branquicenta 0,08 0,05 0,8 4,7

Semente graúda 0,08 0,05 0,8 4,7

Semente grossa 0,08 0,05 0,9 4,7

Semente pintada de preto 0,08 0,05 1,0 4,7

É áspero 0,07 0,05 0,3 5,4

Produz bem 0,04 0,05 0,6 4,7

Ruim de comer 0,001 0,05 0,8 4,7

Casca da semente é preta 0,04 0,05 0,1 5,1

É forte 0,04 0,05 0,4 5,1

Gosto forte 0,04 0,05 0,6 5,1

Bom para colocar na pamonha 0,05 0,06 0,1 5,6

Casca da semente é vermelha 0,05 0,06 0,2 5,6

Produz pouco 0,05 0,06 0,7 5,6

É gostoso 0,07 0,06 0,5 5,4

É macio 0,07 0,06 0,5 5,4

Semente miúda 0,07 0,06 0,9 5,4

SOMA 0,3 1 100

As características de classificação de arroz mais importantes são as com

pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se todas

fossem igualmente importantes (Tabela 44).

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238

TABELA 44. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados

das variáveis que explicam os critérios de classificação das

etnovariedades de arroz.

Características β w Acumulado wx100

Ainda existe em outros lugares 4,9 0,02 0,02 2,1

Bom para colher 5,0 0,02 0,04 2,2

Bom para comer 4,7 0,02 0,06 2,0

Bom para cozinhar 4,0 0,02 0,08 1,7

Bom para plantar 5,0 0,02 0,1 2,2

Branco 4,2 0,02 0,1 1,8

Cacho curto 4,0 0,02 0,1 1,7

Cacho ralo 4,0 0,02 0,1 1,7

Casca áspera 4,0 0,02 0, 2 1,7

Casca dura 4,0 0,02 0,2 1,7

Casca grossa 4,2 0,02 0,2 1,8

Comprou de um agricultor de Bombas 4,5 0,02 0,2 1,9

Comprou de um vizinho 4,7 0,02 0,2 2,0

Dá um cacho grandão 4,2 0,02 0,3 1,8

Difícil perder a muda 4,8 0,02 0,3 2,0

Duro de limpar 4,7 0,02 0,3 2,0

Duro para cozinhar 4,7 0,02 0,3 2,0

Duro para socar 4,7 0,02 0,3 2,0

É amarelo 4,5 0,02 0,4 1,9

É bom 5,1 0,02 0,4 2,2

É bom para socar 4,8 0,02 0,4 2,2

É da região 4,7 0,02 0,4 2,0

Espeta tudo 4,5 0,02 0,5 1,9

Está plantando 4,3 0,02 0,5 1,8

Foi o melhor arroz que já existiu 4,7 0,02 0, 5 2,0

Gostoso 4,5 0,02 0,5 1,9

Grão comprido 4,9 0,02 0,5 2,1

Grão graúdo 4,7 0,02 0,6 2,0

Grão miúdo 4,8 0,02 0,6 2,1

Macio 4,0 0,02 0,6 1,7

Muda da época dos avós 4,8 0,02 0,6 2,1

Muda da época dos pais 4,792 0,02 0,6 2,1

Muito bom 4,744 0,02 0,7 2,0

Não é áspero 5,254 0,02 0,7 2,3

Não é da região 4,698 0,02 0,7 2,0

Não é gostoso 5,319 0,02 0,7 2,3

Não é quebrador 3,967 0,02 0,7 1,7

Não existe mais 4,741 0,02 0,8 2,0

Não produz bem 4,015 0,02 0,8 1,7

Nasce misturado no arroz que planta 4,015 0,02 0,8 1,7

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239

Continuação TABELA 44. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e

acumulados das variáveis que explicam os

critérios de classificação das etnovariedades de

arroz.

Características β w Acumulado wx100

Nunca plantou 4,726 0,02 0,8 2,0

O pai plantava 4,369 0,02 0,8 1,9

O pai que deu a muda 4,792 0,02 0,8 2,1

Os antigos plantavam 4,662 0,02 0,9 2,0

Plantava antigamente 4,924 0,02 0,9 2,1

Produz bem 4,507 0,02 0,9 1,9

Rende na panela 4,672 0,02 0,9 2,0

Ruim para comer 5,312 0,02 0,9 2,3

Tem bastante vitamina 4,015 0,02 0,9 1,7

Tem que comprar na casa da lavoura 4,510 0,02 0,9 1,9

Vermelho 4,015 0,02 1 1,7

SOMA 232,642 1 100

Assim, o critério qualidade foi o mais importante para classificação, com

19,6% das características de classificação. Em segundo em importância, ficou

o critério origem, com 15,2%. Os critérios características e período foram os

terceiros em importância, com 13,0%; os critérios processamento e plantio e

colheita ficaram em quarto lugar em importantância, com 10,9%; o quinto mais

importante foi o critério resistência, com 8,7%; e o critério de menor importância

foi existência, com 6,5% (Figura 19). Com o resultado dessa análise, foi

possível hierarquizar os critérios que explicam as características em que os

agricultores se baseiam para classificar as etnovariedades de arroz.

As características de classificação mais importantes de feijão foram as

com pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se

todas fossem igualmente importantes (Tabela 45). Assim, os critérios

processamento e característica foram os mais importantes para classificação,

com 30% das características de classificação de feijão. Em segundo em

importância ficou o critério produtividade, com 20%; e os critérios de menor

importância foram qualidade e plantio/colheita, com 10% (Figura 20). Com o

resultado dessa análise, foi possível hierarquizar os critérios que explicam as

características em que os agricultores se baseiam para classificar as

etnovariedades de feijão.

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240

TABELA 45. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados

das variáveis que explicam os critérios de classificação das

etnovariedades de feijão.

Característica β w Acumulado wx100

Água escura 12,3 0,06 0,06 5,8

Bom para plantar 10,9 0,05 0,1 5,2

Bom para secar 11,4 0,05 0,2 5,4

Bonito 10,8 0,05 0,2 5,1

Dá muita praga 9,6 0,05 0,3 4,5

Duro 11,4 0,05 0,3 5,4

É mole 11,1 0,05 0,4 5,3

Fácil de vender 9,5 0,04 0,4 4,5

Faz sopa 14, 0 0,07 0,5 6,6

Fica fedido 9,6 0,04 0,5 4,5

Gostoso 11,0 0,05 0,6 5,2

Não dá cheiro ruim 10,7 0,05 0,6 5,1

Não é bom para guardar 9,6 0,04 0,7 4,5

Não é gostoso 10,8 0,05 0,7 5,1

Não é produtivo 12,4 0,06 0,9 5,9

Não faz sopa 12,8 0,06 0,8 6,1

Pode ficar mais tempo guardado 10,7 0,05 0,9 5,0

Produtivo 12,9 0,06 0,9 6,1

Ruim de plantar 9,6 0,04 1 4,5

SOMA 210,9 1 100

As características de classificação de milho mais importantes foram as

com pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se

todas fossem igualmente importantes (Tabela 46).

As características de classificação de milho mais importantes foram as

com pesos iguais ou maiores que o peso de cada uma das variáveis como se

todas fossem igualmente importantes (Tabela 46). Assim, o critério

características‟ foi o mais importante para classificação, com 31,4% das

características de classificação de milho. Em segundo em importância, foi o

critério qualidade, com 20%; o terceiro em importância foi o critério resistência,

com 17,1%; o quarto critério mais importante foi o plantio/colheita, com 11,4%;

os critérios processamento e melhoramento foram o quinto mais importante

com 8,6%; e com menor importância, o critério melhoramento, com 2,9%

(Figura 21).

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241

TABELA 46. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e acumulados

das variáveis que explicam os critérios de classificação das

etnovariedades de milho.

CARACTERÍSTICA β w Acumulado wx100

A palha é remédio 3,5 0,02 0,02 1,8

Aguenta a chuva 3,8 0,02 0,04 1,9

Amarelo 2,7 0,01 0,05 1,4

Atura mais tempo 3,5 0,02 0,1 1,8

Bom para criação 4,1 0,02 0,1 2,1

Bom para espigar 2,8 0,01 0,1 1,4

Bom para fazer canjica 4,1 0,02 0,1 2,1

Bom para fazer pamonha 4,0 0,02 0,1 2,1

Bom para milho verde 2,7 0,01 0,2 1, 4

Carrega mais de semente 2,7 0,01 0,2 1,4

Caruncha muito 3,6 0,02 0,2 1,8

Chocho 3,4 0,02 0,2 1,7

Cresce muito 3,8 0,02 0,2 1,9

Dá para quebrar o galho 2,7 0,01 0,2 1,4

Dente grosso 3,8 0,02 0,3 1,9

Difícil o vento derrubar 3,5 0,02 0,3 1,8

Duro 4,1 0,02 0,3 2,1

É fraco 3,6 0,02 0,3 1,8

É gostoso 2,8 0,01 0,3 1,4

É macio 2,7 0,01 0,3 1,4

É mole 3,7 0,02 0,4 1,8

É natural 3,5 0,02 0,4 1,8

É o melhor 3,5 0,02 0,4 1,8

É tardio de 6 meses 3,2 0,02 0,4 1,6

Espiga comprida 3,8 0,02 0,4 1,9

Espiga graúda 3,9 0,02 0,4 2,0

Espiga miúda 4,3 0,02 0,5 2,3

Estou plantando 3,9 0,02 0,5 2,0

Falha semente na espiga 3,1 0,02 0,5 1,6

Muito bom 3,1 0,02 0,5 1,6

Não aguenta na chuva 3,4 0,02 0,5 1,7

Não é bom 3,3 0,02 0,6 1,7

Não é bom para pamonha 3,4 0,02 0,6 1,7

Não é carunchador 4,3 0,02 0,6 2,2

Não é semente tratada 3,1 0,02 0,6 1,6

Não falha semente 2,7 0,01 0,6 1,3

Não planto 4,1 0,02 0,6 2,1

Não planto mais 3,52 0,02 0,7 1,8

Nasce no meio de outros tipos de milho 3,1 0,02 0,7 1,6

Nunca plantei 4,5 0,02 0,7 2,3

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242

Continuação TABELA 46. Valores dos pesos absolutos (β), relativos (w) e

acumulados das variáveis que explicam os

critérios de classificação das etnovariedades de

milho.

CARACTERÍSTICA β w Acumulado wx100

O vento derruba 3,1 0,02 0,7 1,6

Palha branca 3,1 0,02 0,7 1,6

Palha dura 3,1 0,02 0,7 1,6

Palha fina 2,7 0,01 0,8 1, 4

Palha fraca 2,7 0,01 0,8 1, 4

Palha grossa 3,5 0,02 0,8 1,8

Palha roxa 3,5 0,02 0,8 1,8

Palhudo 3,1 0,02 0,8 1,6

Planta alta 3,1 0,02 0,8 1,6

Planta baixa 2,7 0,02 0,9 1,4

Produz bem 2,8 0,02 0,9 1,4

Ruim de comer 3,4 0,02 0,9 1, 8

Sabugo roxo 3,5 0,02 0,9 1,8

Semente graúda 3,1 0,02 0,9 1,6

Semente miúda 2,7 0,01 0,9 1,4

Semente tratada 2,7 0,01 0,9 1,4

Só serve para fazer pipoca 3,7 0,02 0,9 1,9

Tem pouca palha 2,7 0,01 0,9 1, 4

Tem que colher rápido 2,7 0,01 1

SOMA 197,1 1 100

Com o resultado desta análise, foi possível hierarquizar os critérios de

classificação das etnovariedades de amendoim, arroz, feijão e milho, que foram

citadas por UPs do Bairro da Serra, que consideram como mais importante

para classificar as etnovariedades as características da semente como cor,

tamanho, beleza, sabor, consistência, odor e características relacionadas à

qualidade da etnovariedade, se é boa, ruim, fraca ou forte. Portanto, a análise

de peso ponderado validou a identificação realizada pela análise descritiva e de

componentes principais. As características de classificação das sementes que

não apresentaram correlação elevada em nenhum dos fatores, quando

somadas suas influências menores em cada um dos fatores, se tornaram

importantes.

Na visão agronômica, os critérios de classificação das variedades de

espécies vegetais baseiam-se em caracteres morfológicos, bioquímicos,

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243

moleculares e reações ao ambiente (SMITH e SMITH, 1989).

As bases do conhecimento dos agricultores camponeses e do

conhecimento agronômico formal foram explicadas por Azevedo (2002):

“Os conhecimentos dos agricultores baseiam-se numa prolongada vivência empírica e são gerados de experiências distintas. Em primeiro lugar, da experiência acumulada das sucessivas gerações, compartilhada no âmbito da formação pessoal de cada um dos agricultores, realizada na participação das crianças e dos jovens na prática concreta do manejo dos sistemas de produção. Outro espaço é a experiência coletiva de cada geração de agricultores, também compartilhada no âmbito de seus mecanismos de socialização. Finalmente, acrescenta-se a experiência individual de cada um dos agricultores” (AZEVEDO, 2002; p.11).

“O conhecimento agronômico formal, por outro lado, é construído a partir do acúmulo dos resultados de vários experimentos e da contribuição de muitos outros campos de conhecimento. Para a compreensão desse processo, devemos nos reportar ao fato de que a palavra agronomia origina-se da associação do termo agro, que se refere ao espaço agrícola, com o termo nomos, que significa um conjunto de normas de conduta, ou regras para a administração. Assim, o termo agronomia, no seu sentido mais lato, extrapola a ideia de um campo de conhecimento científico específico, pois a administração científica do agro necessita da confluência de vários campos de conhecimento, tais como a parte da agronomia que se dedica à experimentação (que talvez pudesse ser chamada de agrologia), parte da economia, parte da ecologia, da sociologia, da geografia e assim por diante”

(AZEVEDO, 2002; p.11).

Dessa forma, os sistemas de conhecimento dos agricultores

camponeses baseiam-se em lógicas e modo de operação distintos do

conhecimento agronômico formal. O conhecimento agronômico é baseado em

um modelo prévio e único para julgamento e compreensão dos sistemas de

produção, o que limita o diálogo entre profissionais dessa área e agricultores,

mostrando a fragilidade que a agronomia tem no tratamento dos problemas

vividos pelos agricultores camponeses (AZEVEDO, 2002; 2007).

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244

4.2.5 Utilização das etnovariedades nas UPs

Para as quatro espécies, a utilização é para dieta alimentar,

basicamente para subsistência da família, porém, quando há excedente,

vendem aos vizinhos, turistas e, às vezes, em Iporanga, e como semente para

futuro plantio.

Amendoim: fazem paçoca, doce, leite e semente torrada. Os agricultores

dizem ser um alimento muito bom, pois “é forte”, ou seja, nutritivo, além disso,

é muito saboroso. Atualmente um litro de amendoim pode ser vendido a três

reais.

Arroz: o consumo mensal de arroz nas UPs entrevistadas variou de 15 a

25 kg. Duas das UPs entrevistadas levam o arroz colhido para beneficiar em

Iporanga, o restante beneficia na própria UP, utilizando um pilão.

Feijão: o consumo mensal nas UPs entrevistadas varia de 3 a 15 kg.

Milho: consomem o milho verde, do qual fazem pamonha, bolo, mingau

doce e salgado, pão, curau e espiga cozida ou assada. O milho seco é utilizado

para fazer canjica e alimentar a criação (aves e suínos).

4.2.6 Teor de água, porcentagem de germinação e massa de 1000

sementes

Amendoim

O hábito indeterminado de frutificação do amendoim, aliado às

características de desenvolvimento dos frutos sob o solo, torna difícil a

determinação do momento adequado para colheita. O teor de água das

sementes nessa ocasião é alto (acima de 40%), havendo necessidade de

secagem. Normalmente, essa secagem é feita no próprio campo, com os frutos

presos às plantas e, somente em algumas situações, em pesquisa, por

exemplo, é que os frutos são destacados das plantas e postos a secar

(CARVALHO, 2008), como fazem os agricultores do Bairro da Serra. Adams e

Rine (1981) afirmaram que a secagem mais lenta no interior dos frutos seria a

condição para que as sementes completassem a maturação e se tornassem

viáveis.

Com as sementes coletadas, foram realizados testes para verificar o

potencial de germinação e teor de água da semente, para as etnovariedades

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245

de amendoim preto, vermelho e rasteiro: as duas primeiras foram fornecidas

pela UP BS006 e o rasteiro, pela UP BS003.

As etnovariedades amendoim preto e vermelho foram colhidas em

janeiro de 2008, e estavam acondicionadas em sacos de nylon sob uma mesa

na despensa da UP. O amendoim rasteiro foi colhido em junho de 2006 e

estava acondicionado da mesma maneira das anteriormente citadas. Os

agricultores da UP BS003 afirmaram que a semente ainda estava viável para o

plantio, e que não semearam em 2007 e 2008, por falta de tempo, mas que

estão planejando plantar essa semente em agosto ou setembro de 2009, e até

reservaram um saco para o plantio.

O teor de água é o principal fator que afeta a longevidade das

sementes: quanto mais alto o teor de água, mais rápida é a deterioração. Isso é

válido para a maioria das espécies, inclusive o amendoim.

Bass (1968), citado por Tella (1976), observou que sementes de

amendoim descascadas a mão e com teor de água entre 4,5 e 5,5% podiam

ser conservadas sem variação do poder germinativo por dois anos, em

temperaturas alternadas de 20° a 30°C. A 32ºC, com sementes entre 4,4 e

5,2% de umidade, a queda de germinação no mesmo período foi de 98% para

86%.

Dessa forma, deve-se levar em consideração nos resultados obtidos

para as etnovariedades de amendoim do Bairro da Serra (Tabela 47) a maneira

como secam e armazenam o produto.

TABELA 47. Médias do teor de água, germinação das sementes, plântulas

anormais e sementes deterioradas de amendoim de duas UPs

do Bairro da Serra.

Porcentagem (%)

Etnovariedade Germinação Anormais Deterioradas Teor de

água Amendoim rasteiro 0 0 100 6,5 Amendoim preto 64 20 16 7,6 Amendoim vermelho 60 26 14 8,6

As sementes de amendoim rasteiro não estavam viáveis,

provavelmente devido a patógenos, o que pode ser constatado pela

porcentagem de sementes deterioradas. Um dos fatores que devem ter

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246

influenciado foi o período em que ficaram armazenadas, aproximadamente três

anos. O amendoim ficou armazenado todo esse período porque o agricultor

informou não haver encontrado tempo para o cultivo dessas sementes, porém

ele afirmou que germinaria, mas nos testes foi comprovada a perda do

potencial germinativo do produto. Nas condições em que as sementes foram

armazenadas, elas não poderiam ter passado de um ano para o plantio, como

os próprios agricultores citaram em relação às outras espécies. Esse fato nos

remete a um início de erosão cultural em relação ao tempo de armazenamento

do amendoim.

Mesmo que as sementes de amendoim não sejam usadas para

comercialização, pode-se comparar o resultado do teste de germinação com o

padrão mínimo, que é de 60% de germinação (BRASIL-MAPA, 2005). Para as

duas etnovariedades, as condições de armazenamento propiciaram um padrão

de germinação ainda adequado para semeadura. Porém, esses agricultores

não irão comercializar, apenas usarão para subsistência da família, e

continuarão cultivando, pois além da subsistência o objetivo é a conservação

do recurso genético dessas etnovariedades. Para melhorar o potencial de

conservação, seria interessante que eles recebessem orientações sobre

melhores condições de armazenamento das etnovariedades de amendoim,

considerando as técnicas já adotadas.

Arroz

Foram realizados testes para verificar o potencial de germinação, teor de

água da semente e massa de 1.000 sementes para as etnovariedades de arroz

pratão e viralomba, fornecidas pela UP BS001 e UP BS006 (Tabela 48). As

sementes foram colhidas em abril e maio de 2008, e estavam da mesma forma

que o amendoim.

Os dados não foram analisados estatisticamente, servindo apenas para

caracterizar as etnovariedades de sementes de arroz do Bairro da Serra.

Considerando que o padrão de germinação para comercialização é de

80% (BRASIL-MAPA, 2005), os valores para a etnovariedade pratão

encontram-se dentro do padrão mínimo e para a viralomba, abaixo. Mesmo não

estando em condições consideradas adequadas de conservação, tendo em

vista o teor de água superior a 13%, conforme citado por Menezes e Silveira

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247

(2005), as sementes de arroz apresentam porcentagem de germinação

superior ao padrão mínimo de comercialização, sendo assim, a produtividade

esperada pelos agricultores não fica inviabilizada.

TABELA 48. Porcentagens de germinação, plântulas anormais, sementes

deterioradas, teor de água e massa de mil sementes de duas

etnovariedades de arroz do Bairro da Serra.

Etnovariedade

Porcentagem (%)

Germinação Anormais Deterioradas Teor de

água

Massa de 1000

sementes Arroz pratão 89 6 3 16,4 16,4 Arroz viralomba 72 7 6 14,4 35,2

Em relação ao peso de mil sementes, a etnvariedade viralomba foi

superior à pratão. Isso também foi relatado pelos agricultores. Porém, o pratão

apresentou maior potencial germinativo que o viralomba. Essa última é uma

das variedades preferidas pela maioria dos agricultores que participaram da

pesquisa.

Dessa forma, os métodos empregados pelos agricultores para colheita,

secagem das sementes ao sol e armazenamento em sacos, não interferiram no

potencial germinativo das sementes de arroz.

Feijão

Foram realizados testes para verificar o potencial de germinação, teor de

água da semente e peso de 1.000 sementes para as etnovariedades de feijão

carioquinha, mulatinho e preto, fornecidas pelas UP BS001 e UP BS009

(Tabela 49). Foram colhidas em julho e novembro de 2008 e novembro de

2009, respectivamente, e estavam acondicionadas da mesma forma que o

amendoim e o arroz.

Os teores de água das três etnovariedades analisadas encontravam-se

abaixo de 12%, como recomendado por Menten et al. (2006). O feijão

mulatinho está acima do padrão mínimo de germinação para comercialização

da semente de feijão, que é de 80% (BRASIL-MAPA 2005), o que pode ser

considerado de qualidade.

Para a variedade feijão preto, a porcentagem de germinação foi zero.

Essa variedade não é da região, o agricultor comprou um pacote de feijão preto

no mercado e plantou para experimentar, e os resultados dessa análise foram

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248

com a semente colhida pelo agricultor, que disse utilizar parte do feijão colhido

para alimentação e outra parte estaria guardando para fazer plantio na próxima

safra. Por esses resultados, foi possível observar que as variedades locais

foram mais resistentes que o feijão preto. Os agricultores disseram que durante

o armazenamento do feijão o controle de insetos (carunchos, gorgulhos) deve

ser constante, para não perder as sementes colhidas, por isso é importante

secar por muito tempo ao sol e cuidar para que as sementes não recebam

muita umidade.

TABELA 49. Porcentagens de germinação, plântulas anormais, sementes

deterioradas, teor de água e massa de mil sementes de duas

etnovariedades de feijão do Bairro da Serra.

Etnovariedade

Porcentagem (%)

Germinação Anormais Deterioradas Teor de

água

Massa de 1000

sementes

Feijão carioquinha

70 19 5 10,3 19,5

Feijão mulatinho

86 8 6 9 23,7

Feijão preto 0 15 85 7,5 15,1

Os métodos empregados pelos agricultores para colheita, secagem das

sementes ao sol e armazenamento em sacos ou garrafas de plásticos não

interferiram no potencial germinativo das sementes de feijão, sendo assim

podemos considerar que as técnicas adotadas conservaram a qualidade das

sementes e o material genético das etnovariedades.

Milho

Foram realizados testes para verificar o potencial de germinação, teor de

água da semente e peso de 1.000 sementes para as variedades de milho palha

roxa e palha branca, fornecidas pela UP BS003 (Tabela 50). Foram colhidas

em junho de 2008, e estavam acondicionadas em espigas no paiol.

As duas etnovariedades avaliadas apresentaram o potencial germinativo

muito baixo, ao comparar com o padrão mínimo exigido para o comércio de

sementes de milho, que é de 85%, segundo BRASIL-MAPA (2005).

Um dos fatores que afetaram a germinação dessas etnovariedades foi a

umidade crítica das sementes, que estava acima de 13,5% (DHINGRA, 1985).

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249

Essa umidade crítica favorece o ataque de Aspergillus restrictus, que infecta as

sementes cujo teor de água não está em equilíbrio. Provavelmente, esse foi um

dos motivos que favoreceram o ataque de patógenos e grande deterioração

das sementes. Outro fator foi a ocorrência de carunchos nas espigas

armazenadas no paiol.

TABELA 50. Porcentagens de germinação, plântulas anormais, sementes

deterioradas, teor de água e massa de mil sementes de duas

etnovariedades de milho do Bairro da Serra.

Etnovariedade

Porcentagem (%)

Germinação Anormais Deterioradas Teor de

água

Massa de 1000

sementes Milho palha branca

17 68 15 14,7 35,3

Milho palha roxa 12 58 30 14,1 35,1

Os fatores mais importantes na determinação de uma infecção por

fungos de armazenamento nas sementes são teor de água das sementes,

umidade relativa do ambiente, temperatura e tempo. O teor de água é um fator

relevante, uma vez que a água contida nas sementes estabelece uma umidade

relativa tal ao seu redor que pode favorecer o crescimento de fungos. A

umidade do ambiente por sua vez determina o teor de água das sementes

quando em equilíbrio (DHINGRA, 1985).

De acordo com levantamento feito com milho armazenado em espigaem

Minas Gerais, foi verificado que entre a colheita (maio/junho) e os meses de

agosto, novembro e março do ano seguinte, o índice de danos (grãos

carunchados) causados pelos insetos ao milho estocado em paiol atingiu

44,5%. Esse índice de carunchamento corresponde à redução no peso da

semente em 14,3%. No Espírito Santo, observou-se um dano de 36% e, no

Paraná, de 36,5%, em São Paulo, de 36,2%, em Santa Catarina, de 29,8% e

no Rio Grande do Sul, de 36,2% (SANTOS, 1992).

Para cada unidade percentual de dano, isto é, grãos danificados pelo

caruncho ou pela traça, há uma correspondente perda de peso, que varia um

pouco, dependendo das características da variedade (SANTOS et al. 1994).

Da produção nacional de milho, cerca de 40% permanece armazenada

em espigas, em paióis, para alimentação dos animais domésticos ou

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comercialização posterior. Esse milho, durante o armazenamento, sofre ataque

de insetos e roedores, que causam grandes prejuízos. Somente insetos como o

Sitophilus zeamais, Sitophilus oryzae e a Sitotroga cerealella provocam perdas

que atingem até 15% do peso. Essas pragas comprometem, ainda, a qualidade

nutritiva do milho (SANTOS et al., 1994).

Santos (2008) citou vantagens e desvantagens do armazenamento de

milho em espigas, já que esse é um processo rústico que sempre foi adotado

no Brasil. Vantagens: a) é uma forma de armazenamento que permite ao

agricultor colher o milho com teor de água mais elevado (18%), pois ele acaba

de secar no paiol, desde que esse seja bem arejado; b) os produtores rurais,

em sua grande maioria, além de criarem suínos e aves, também criam bovinos,

que, além dos grãos, se alimentam da palha e do sabugo triturados; c) no

armazenamento em espigas, normalmente não ocorrem problemas de fungos,

salvo nos casos em que o paiol é extremamente abafado, e o milho tenha sido

colhido com teores de água acima de 16%; d) o bom empalhamento da espiga

atua como uma proteção natural dos grãos contra as pragas enquanto o mal

empalhamento favorece o ataque de pragas. Desvantagens: a) maior

dificuldade de controle dos insetos; b) maior espaço requerido para

armazenamento, devido ao maior volume estocado, c) aumento da mão de

obra para manuseio no momento da utilização.

Considerando esse contexto, as condições de armazenamento

empregadas para as etnovariedades de milho do Bairro da Serra afetaram a

qualidade das sementes. Porém, os agricultores continuarão armazenando as

sementes nos paóis, como fazem há gerações, por ser sua cultura, e mesmo

que venha interferindo na qualidade das sementes, eles ainda conseguem

manter material genético de algumas etnovariedades antigas, sendo que

algumas que não cultivam mais dizem ser por opção. Entretanto, a hipótese de

que talvez possa ter ocorrido perda de material genético de outras

etnovariedades de milho devido ao ataque de pragas e doenças, ocasionados

pelo tipo de armazenamento adotado por esses agricultores, não pode ser

descartada. Sendo assim, é relevante que futuros estudos sejam realizados

para avaliar a erosão genética das etnovariedades de milho.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A agricultura praticada pelos agricultores camponeses, em determinados

contextos sociais e ambientais, representa um exemplo de uma prática

ambientalmente adequada. Esse fato não exclui a necessidade de aprimorar os

conhecimentos referentes a seu efeito na interação socioeconômica e

ambiental onde está inserida.

Normalmente, há uma coincidência de esse tipo de agricultura ser

praticado em área expressivas de remanescentes florestais, o que leva as

instituições de controle ambiental, representadas pela legislação ambiental,

órgão de fiscalização e de licenciamento e pelas Unidades de Conservação, a

considerar apenas uma parte da realidade desses agricultores.

Como ocorre com a regulamentação existente, para corte da vegetação

de Floresta Atlântica, prevê-se somente o corte de vegetação em estágio inicial

de regeneração, denominada pelos agricultores de capoeirinha, para fins

agrícolas. Frequentemente, as áreas em pousio necessitam de um período

nessa situação para atingir um estágio de regeneração tido como médio ou até

avançado, não passível de corte, conforme o Decreto 750/93.

A legislação vigente, com o Código Florestal e a lei Estadual de Uso e

Conservação do Solo, não permite o uso do fogo para limpeza de áreas onde

estão inseridos agricultores camponeses.

Outro aspecto a ser considerado é a relação existente entre as questões

fundiárias e ambientais, às quais o acesso a terra e aos recursos naturais está

inter-relacionado com as questões de licenciamento e fiscalização ambiental.

A agricultura camponesa praticada no Bairro da Serra sofre risco de

extinção, sendo um dos fatores o caráter politico-institucional. Dessa forma,

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são necessárias soluções dos problemas relacionados com a legislação

ambiental, que pode ser aplicada com caráter não autoritário, introduzindo,

além do conhecimento científico, o conhecimento do agricultor considerando

suas visões sobre o ambiente natural do qual faz parte.

Este trabalho evidenciou que os agricultores estudados no Bairro da

Serra têm um profundo conhecimento do ambiente em que vivem, das

espécies de plantas que utilizam no seu dia a dia, assim ainda existem

elementos que os caracterizam no sistema de campesinato. Porém foi

observada uma tendência à redução das atividades agrícolas, do mutirão e de

outras atividades tradicionais socializadoras no local.

O cultivo é baseado no trabalho familiar, e existe pouca disponibilidade

de mão de obra para atividades relacionadas com a agricultura. Também foi

constatada a pluriatividade por meio da combinação de várias formas de

trabalho, que vão desde o trabalho familiar ao trabalho assalariado e ainda à

combinação do trabalho na terra com outras atividades não agrícolas.

Há uma tendência à autonomia desses agricultores no que diz respeito

aos componentes de saída oriundos das roças, hortas, criações e mata.

Porém, transformações vêm ocorrendo no local, o que denota uma tendência à

substituição, com os agricultores se tornando dependentes do mercado

externo, em busca de adquirir produtos não produzidos nas unidades

produtivas.

As unidades de manejo consideradas mais importantes nas UPs

estudadas são: quintal, horta, criações, sistemas extrativistos e roça, onde

cultivam uma alta diversidade de etnoespécies

A unidade de manejo criação proporciona produtos que complementam

a dieta alimentar com proteínas para as famílias estudadas, oferecem

entretenimento, protegem a casa, são usados no transporte e na tração e

embelezam o local

A unidade de manejo quintal referente às UPs estudadas corresponde a

espaços domésticos que se localizam ao redor das residências, normalmente

com grande diversificação de espécies vegetais plantadas e/ou manejadas

aparentemente de forma desordenada, assemelhando-se a uma espécie de

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sistema agroflorestal. Essas espécies em geral apresentam funcionalidades

medicinais, alimentares e ornamentais.

A unidade de manejo horta pode não estar necessariamente próxima à

casa. Neste caso, a produção de hortaliças integra a roça e está espacialmente

ligada à produção de milho, mandioca, feijão etc. Nessa unidade de manejo, as

espécies plantadas são para uso alimentar e/ou medicinal.

Os agricultores conhecem e utilizam uma grande diversidade de

etnoespécies presentes nas unidades de paisagem onde desenvolvem seus

sistemas extrativistas.

No Bairro da Serra, como em outros lugares com áreas de preservação

ambiental, vem ocorrendo uma forte tendência de modificação no sistema de

manejo roça, que passa de agricultura de corte e queima para um sistema de

plantio de forma subsequente, ou seja, cultivo consecutivo na mesma área

(ausência de pousio).

Nas roças, existe grande diversidade de etnoespécies e etnovariedades

cultivadas ao mesmo tempo. As épocas de trabalho mais intensas e de difícil

realização estão principalmente relacionadas com a abertura de roça e

atividades de preparo do solo para receber o plantio. Para determinar o

tamanho das roças, os agricultores dispõem de um sistema de medição de

área importante no seu cotidiano, que determina muitos fatores, como, por

exemplo, a área de roça a ser plantada, a produtividade do cultivo e o cálculo

do quanto se ganha ou se paga para carpir ou roçar. A escolha dos meses de

plantio relaciona-se com o período de chuvas e secas, frio e calor, velocidade

da produção, problemas com pragas, e em alguns casos, dependendo da

necessidade, desconsideram esses fatores e plantam fora de época. Utilizam

também orientação por sistemas lunares para definir datas de plantio.

Mesmo que não possam mais desenvolver a prática da derrubada e

queima como antigamente, ainda mantêm uma relação intimista com o

ambiente, o que possibilita testar alternativas de manejo que permitam

continuar seu modo de vida camponês.

Dentre as espécies que se propagam por sementes e são cultivadas nas

roças, os agricultores consideraram arroz, feijão, milho e amendoim as mais

importantes na dieta alimentar. Existe maior número de citações de

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etnovariedades totais do que de espécies, tendo sido o conhecimento sobre as

etnovariedades disponibilizado de geração em geração.

A despeito da origem das sementes, é possível perceber evidências da

existência de ampla diversidade de etnovariedades em outros locais que

abrangem a região do Vale do Ribeira. Ainda se mantém um circuito interno de

manutenção das etnovariedades locais pela troca de sementes e compra com

vizinhos ou moradores de outros locais da própria Região, assim, no Bairro da

Serra, existe conservação in situ das etnovariedades locais de amendoim,

arroz, feijão e milho.

As tecnologias adotadas por esses agricultores camponeses parecem

óbvias para quem já tem uma visão agronômica consolidada em tecnologias

de produção. Pode-se dizer que esses agricultores praticam o óbvio,

mantendo seu sistema vivo há muitas gerações, preservando o ambiente em

que vivem. Porém, a política ambiental vigente ignora o potencial

conservacionista dos agricultores camponeses, desprezando possivelmente

uma das únicas vias prováveis para alcançar a inclusão dessas populações

rurais por meio do reconhecimento de sua identidade, da valorização de seu

saber, da melhoria de suas condições de vida e da garantia de sua

participação numa política de conservação pela qual também sejam

beneficiadas.

Para classificação das etnovariedades de amendoim, arroz, feijão e

milho, esses agricultores consideram como aspectos mais importante as

características da semente como cor, tamanho, beleza, sabor, consistência,

odor e características relacionadas à qualidade da etnovariedade, se é boa,

ruim, fraca ou forte. Portanto, os sistemas de conhecimento dos agricultores

camponês baseiam-se em lógicas e modo de operação distintos do

conhecimento agronômico formal.

A utilização das etnovariedades é basicamente para subsistência da

família, porém quando há excedente, vendem aos vizinhos, turistas e, às

vezes, em Iporanga, e utilizam como semente para futuro plantio.

A manutenção das sementes pelos agricultores é baseada nas

necessidades de subsistência da família e na conservação do recurso genético

das etnovariedades.

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Considerando todo o contexto desse trabalho, percebe-se que é um

paradoxo a questão de os agricultores camponeses serem colocados como

antagônicos às necessidades de proteção dos recursos naturais em áreas de

conservação. Via de regra, é esse tipo de agricultor que tem há décadas, às

vezes, séculos e até milênios, promovido o manejo sustentável de áreas

naturais, o responsável pela conservação das áreas que agora são colocadas

sob proteção legal. Pela sua presença permanente é que têm sido preservadas

tais áreas do modelo de exploração econômica capitalista industrial,

responsável pela destruição crescente do meio ambiente.

Nesse sentido, as leis de proteção ambiental estão impactando

negativamente o ambiente social (erosão cultural do etnoconhecimento etc.), o

ambiente natural (erosão genética de etnoespécies, etnovariedades etc.) e o

ambiente econômico (empoderamento dos forasteiros e marginalização da

população local que vem perdendo sua autonomia).

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WINKLERPRINS, A.M.G.A., Local soil knowledge: a tool for sustainable land management. Society & Natural Resources, p151–166, 1999. WOLF, E. Sociedades camponesas. Rio de Janeiro: Ed. ZAHAR, 1976. 152p. WOORTMANN, E.F.; WOORTMANN, K. O Trabalho da terra: a lógica e a

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WÜNSCH, J.A. Diagnóstico e tipificação de sistemas de produção e procedimento para ações de desenvolvimento regional. 1995. 175f.

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Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1995. YING, L.G.; LIU C.A., A model for objective weighting for EIA. Environmental Monitoring and Assentament, v.36, p.169-182, 1995.

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7 APÊNDICE

APÊNDICE - A

MANUAL PARA TRABALHO DE CAMPO

I. INFORMAÇÕES GERAIS

IDENTIFICAÇÃO Código da Unidade Produtiva (UP): o código da UP será atribuído pela equipe de trabalho e servirá para a identificação da UP em todos os bancos de dados que serão estruturados e para a identificação das amostras coletadas. Cada grupo de entrevistadores receberá este código no momento em que se dirigir à UP; Equipe de coleta de dados: deverão ser anotados os nomes das pessoas que fizeram a coleta dos dados na UP; Nomes dos informantes: deverão ser anotados os nomes das pessoas que fornecerem as informações; Data da coleta de dados: deverão ser anotados a data e o período, se manhã ou tarde, em que foram coletados os dados.

IDENTIFICAÇÃO DA UP Nome da UP: deve ser anotado o nome da unidade produtiva; Desde quando a residência é naquele lugar: especificar desde quando a família tem a casa naquele lugar da UP; Nome da localidade: especificar a localidade onde se situa a UP; Nome da comunidade: deve ser anotado o nome da comunidade onde a UP se localiza (existe comunidade para se referir a um grupo no local?); Nome e ano de criação da comunidade (se existir comunidade): deve ser anotado o nome da comunidade na época de sua criação e seu respectivo ano; Nome da associação (é ligado à alguma associação?): deve ser anotado o nome da associação da qual a UP faz parte; Nome do município: deve ser anotado o nome do município do qual a UP faz parte; Nomes dos proprietários: deve ser anotado o nome do marido e da mulher; no caso de ser UP de pais e de filhos, ou de parentes etc., anotar o nome dos proprietários; Tipo de posse: quando ele não for o dono, especificar que tipo de relação tem com a UP (meeiro, agregado, arrendatário etc.); Distância da UP ao município: deve ser anotada a distância da UP ao município referência; Conceito do nome do Bairro: levantar o significado do conceito “Bairro da Serra” na visão do agricultor, comentários livres.

COMPOSIÇÃO DA FAMÍLIA Membro: Indicar o nome de cada membro da família (incluir avô, cunhado, agregados etc.), o seu grau de parentesco, sexo, idade e ano de nascimento; Local de residência: indicar onde a pessoa mora. Caso more na UP, escrever UP. Do contrário, indicar a localidade; Parentesco e compadrio: indicar a relação de parentesco e compadrio com os proprietários (sogro, irmão, afilhado (de casamento, de batismo, de crisma), sobrinho, etc); Sexo: indicar o sexo de cada membro; Estado civil: solteiro ou casado (independentemente se forem amigados); Ano de nascimento/idade: perguntar o ano de nascimento, caso não saiba perguntar a idade; Escolaridade: seguir a legenda abaixo da tabela; Profissão/ocupação: indicar a profissão e a ocupação que exerce; Especialidade: especificar qual a especialidade (o que faz) de cada membro na UP.

FORÇA DE TRABALHO DOS MEMBROS DA UP Membro: Indicar o nome de cada membro da família (incluir avô, cunhado, agregados etc.), o seu grau de parentesco, sexo, idade e ano de nascimento; Mão de obra e o tempo gasto: identificar o tipo de atividade e o tempo gasto (valores em dias/horas (dh) = 1dh equivale a uma jornada de 8 horas por dia de trabalho); Importância da atividade: descrever a importância de cada atividade na UP e fora da UP para cada membro.

ROTA MIGRATÓRIA Nome: deve ser anotado o nome do agricultor e de cada membro de sua família; Local de nascimento: deve ser anotado o local de nascimento de cada membro da família; Localidade: registrar os locais e épocas por onde passou desde a saída do local de nascimento até a chegada à região. Caso a pessoa não saiba o nome da cidade, anotar pelo menos o nome do Estado; Ano de chegada: anotar o ano de chegada a cada localidade onde morou; Última ocupação exercida: deve ser anotado a última ocupação que exerceu em cada localidade; Razões da mudança: devem ser anotados quais acontecimentos levaram a família do agricultor a migrar e quais expectativas ao chegar, por cada localidade. Informação de algum parente, propaganda, conhecimento da região etc; Expectativas ao chegar: levantar as expectativas ao iniciar as atividades em cada localidade em que viveu; Expectativas atuais: levantar as expectativas atuais. A vida e as perspectivas de futuro estão melhores ou piores.

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ATIVIDADES COMUNITÁRIAS Nome: especificar o nome da pessoa da família que exerceu alguma atividade comunitária; Atividades: levantar as atividades comunitárias realizadas pela pessoa (benzedeira, professor, marceneiro, presidente da associação etc.). A atividade é independente de ser profissão ou não e refere-se à atividade que a pessoa faz fora da UP; Local: deve ser anotado o local de realização de cada atividade; Época de ingresso: deve ser anotada a época de ingresso em cada atividade; Tempo gasto: deve ser anotado o tempo que o agricultor gasta em cada atividade.

PRÁTICAS DE AJUDA MÚTUAS (MUTIRÃO, TROCA DE SERVIÇOS ETC.) Nome: anotar o nome de cada membro da família que pratica ajuda mútua; Tipo: anotar o tipo de prática de ajuda mútua realizado por cada membro; Onde: anotar onde é realizada cada prática de ajuda mutua; Tempo: anotar o tempo gasto por membro em cada atividade; Motivos (importância): anotar o porque da realização dessas atividades e sua respectiva importância, de cada membro.

FORÇA DE TRABALHO CONTRATADA Nome: anotar o nome de cada trabalhador contratado na UP; Sexo: indicar o sexo de cada trabalhador; Ano de nascimento/idade: perguntar o ano de nascimento, caso não saiba perguntar a idade; Local de nascimento: deve ser anotado o local de nascimento de cada trabalhador; Local de moradia: citar onde a pessoa mora; Escolaridade: seguir a legenda da tabela de composição da família; Encargos (valor): especificar os valores pagos por encargos trabalhistas; Atividades desempenhadas: especificar quais as atividades realizadas na UP; Tipo de contrato: marcar um X, de acordo com a legenda abaixo da tabela; Remuneração: especificar a forma de pagamento ($/mês, G ou CP, conforme legenda) e os valores pagos; Jornada de trabalho durante o ano: se a mão de obra for temporária, marcar o número de horas trabalhados (considerar a quantidade de horas determinadas pelos proprietários ou as horas ou dias gastos para realizar determinada tarefa) conforme o mês trabalhado; se a mão de obra for permanente, marcar um X nos meses trabalhados.

HISTÓRIA DA UP Forma de aquisição da UP: apontar se a área foi adquirida por compra, por posse, através do Incra, herança ou outra maneira qualquer. Se for por herança, especificar de quem herdou e quanto herdou; História da UP: especificar a época (ano) e a área de aquisição ou venda da UP ou partes da UP. Especificar também em que ano começou a cultivar a terra; Ressaltar as dificuldades na sua instalação, mudanças no seu tamanho e estrutura, mudanças nas áreas cultivadas e nas criações. Períodos de fartura e de carência (vejam que as dificuldades podem ser diferentes para os homens e para as mulheres).

II. SAÚDE E EDUCAÇÃO FAMILIAR

DOENÇAS MAIS COMUNS DOS MEMBROS DA FAMÍLIA Descrever as doenças que ocorrem e de modo autoexplicativo como tratam cada uma delas.

ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR Descrever onde a família obtém assistência para resolver os problemas de saúde: se no sistema público, médicos particulares, raizeiros e/ou benzedores. Descrever, principalmente, em que proporção isto ocorre. Obs: Na ideia de assistência, são incluídos também os remédios.

ORIENTAÇÕES NOS MOMENTOS DE DOENÇA Descrever como é feita a orientação indicando as pessoas.

EDUCAÇÃO DA FAMÍLIA Descrever onde é feita a educação da família, se na comunidade ou na cidade. Que grau de escolaridade tem acesso nos diferentes locais e qual a situação das escolas.

III. CARACTERIZAÇÃO DA UP

ÁREA TOTAL E UTILIZAÇÃO DA TERRA – CULTIVOS ANUAIS E PERMANENTES Subsistemas: identificar os subsistemas presentes na UP; Área: indicar a área de cada subsistema identificado em hectares; Espécies: indicar as espécies vegetais presentes em cada um dos subsistemas; Produção: indicar uma estimativa da produção de cada espécie relacionada em toneladas por ha (ou outras unidades utilizadas pelos agricultores); Destinos da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).

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ÁREA TOTAL E UTILIZAÇÃO DA TERRA – ANIMAL Subsistemas: identificar os subsistemas presentes na UP; Área: indicar a área de cada subsistema identificado em hectares; Tipo: indicar os tipos de animais presentes em cada um dos subsistemas; Número de cabeças: indicar o número de cabeças de cada espécie animal; Produção: indicar uma estimativa da produção de subprodutos da atividade pecuária; Destinos da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).

ÁREA TOTAL E UTILIZAÇÃO DA TERRA – QUINTAIS Área: indicar a área do quintal em hectares; Espécies vegetais e animais: indicar as espécies vegetais e animais presentes em cada um dos subsistemas; Produção: indicar uma estimativa da produção de cada espécie relacionada em toneladas por ha (ou outras unidades utilizadas pelos agricultores); Destinos da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).

SISTEMA EXTRATIVISTA (MATAS E CAPOEIRAS)

COLETA DE PRODUTOS NA PRÓPRIA UP Produto: Identificar o produto que é extraído (madeira, caça, óleo, raiz de plantas medicinais, mel, peixes, frutos silvestres etc.); Local: especificar a unidade de paisagem (fitofisionomias) em que se encontra a mata ou capoeira; Área: especificar a área em hectares; Época: especificar a época de coleta (quinzena e mês); Quem coleta: especificar quem faz a coleta (nome da pessoa); Técnicas de coleta: especificar as técnicas utilizadas para a coleta; Uso: especificar o uso dado para o produto coletado; Quantidade: quantificar estes produtos; Destino da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).

COLETA DE PRODUTOS FORA DA UP Produto: Identificar o produto que é extraído (madeira, caça, óleo, raiz de plantas medicinais, mel, peixes, frutos silvestres etc.); Local: especificar a unidade de paisagem (fitofisionomias) em que se encontra a mata ou capoeira; Época: especificar a época de coleta (quinzena e mês); Quem coleta: especificar quem faz a coleta (nome da pessoa); Técnicas de coleta: especificar as técnicas utilizadas para a coleta; Uso: especificar o uso dado para o produto coletado; Quantidade: quantificar estes produtos; Destino da produção: indicar o destino da produção em venda (a quantidade em quilos ou outra unidade usada pelos agricultores e o preço unitário), o consumo da UP, (e a produção doada para terceiros).

CARACTERIZAÇÃO DAS AGUADAS Indicar as fontes de água da UP, em termos de volume, qualidade da água e persistência. Identificar se há represamento, desvio de curso, córregos, poços etc. Obs: Qual o problema com a água? Qual a principal fonte de água?

ASPECTOS CONSERVACIONISTAS DA UP Indicar se estão ocorrendo na UP problemas de erosão, desmatamento, garimpagem, contaminação da água (categorias de contaminação: assoreamento, agrotóxico, distância da fossa, erosão, garimpo etc), Compactação do solo se é duro, macio, leve ou pesado, e fazer uma breve descrição dos mesmos. Esta avaliação deve ser feita pelo entrevistador, mas sem desprezar as dicas do agricultor.

BENFEITORIA Indicar as benfeitorias (casa, curral, pocilga, galinheiro, moinho, casa de farinha, paiol etc.) existentes na UP, suas características (material utilizado na construção, tamanho etc.) e estado de conservação.

CERCAMENTO Indicar as informações do agricultor sobre o tipo (mourão, fio etc.), a extensão e localização (divisões) e o estado de conservação das cercas externas e internas da UP. Obs: voltar no croqui e pedir para marcar onde estão as cercas, caso não tenha sido marcado.

MÁQUINAS E IMPLEMENTOS DISPONÍVEIS Indicar todas as ferramentas, máquinas e implementos, de tração mecânica ou animal, que existem na UP. Para cada tipo, indicar a quantidade (antes e a atual), se próprio ou não, idade, forma de acesso (alugado, emprestado, arrendado ou outras), estado de conservação (observação feita pelo pesquisador com a ajuda do entrevistado) e quando deixou de ter o implemento. Lista de Equipamentos:

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Enxada Plantadeira Moto

Foice Matraca Bicicleta

Facão Grade Galão de leite

Picareta Carro de boi Paiol

Pá Charrete Balança

Machado Sela Máquina de costura

Carro de mão Arreios Corda

Serrote Trator Sacos

Pulverizador costal Adubadeira Bomba d'água

Martelo Rastelo Arado

Esticador de cerca Espalhador de esterco Sulcador

Carroça Roçadeira Esmeril

Alicate Tanque Catavento

Furadeira Debulhadeira Automóvel

Motor a diesel Moinho

CALENDÁRIO AGRÍCOLA (Identificar, para cada mês do ano, e respectivas semanas, as principais atividades agrícolas executadas na UP, como plantio, coleta de mel, colheita, queima, derrubada etc.), separar o calendário do homem, da mulher, das crianças, ou outros.

V. ECONOMIA DA UP

COMPONENTES QUE ENTRAM E SAEM DA UP E QUANTIDADE Descrever todos os componentes (insumos, alimentos, espécies, dinheiro etc.). Para cada componente serão descritas as quantidades, a forma de aquisição/saída das entradas e saídas.

FINANCIAMENTOS Indicar se já fez financiamento?, O tipo, a finalidade, o valor solicitado, o valor pago, o agente financiador, a data de concessão, a taxa(s) de juros, prazo(s) do(s) financiamento(s) e prazo de carência.

FONTES DE RENDA OUTRAS QUE NÃO A AUFERIDA NA UP Origem da fonte de renda: Pode ser aluguéis, venda de artesanato, seguro social, De membros da família que não residem no estabelecimento, outros programas de governo etc. Valor: especificar o valor das receitas recebidas; Observações: especificar de onde vem à receita, qual membro tem acesso à receita, e outras informações;

MEIOS DE TRANSPORTE UTILIZADOS Explicitar os meios de transporte utilizados e os motivos.

AUTOSSUFICIÊNCIA Pedir ao agricultor que faça uma “análise” do que ele produz e do que ele necessita comprar / adquirir. É importante que o agricultor aborde esta questão livremente.

LEIS As leis ambientais influenciaram na agricultura? As leis ambientais influenciaram no uso da mata? O que acha das leis ambientais?

TURISMO O que é o turismo para a região? Atualmente a família ganha dinheiro com o Turismo? O Turismo influenciou na agricultura? O que acha do turismo na região?

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APÊNDICE - B Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis – C0MPONENTES QUE ENTRAM NA UP

Variância 12,27001 8,281191 4,861479 4,485322 3,833293 3,328138 2,504048 1,436518 4,41E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9

açúcar 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 -281646,3176

água -0,036803842 0,049124749 0,131119474 0,002764077 -0,0283997 0,126493712 0,053657931 0,090668332 -8093609,907

água sanitária -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3270010,328

amaciante -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3264884,162

arroz 0,056749555 0,010435393 0,002892017 0,027417907 -0,051570256 -0,148878462 0,170949432 0,109016666 -8989561,558

bolacha 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 401404,3555

café 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 410003,6729

carne 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 408193,1613

creme dental -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 4196013,01

desifetante -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3478645,138

detergente -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3489464,611

esponja -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3482951,284

esponja de aço -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 3485603,425

farinha de mandioca 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 963367,8701

farinha de milho 0,061264272 0,008089444 -0,0435968 -0,119021975 0,059742045 0,059063307 0,026090825 0,050041132 4527090,62

fermento 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 -898197,1489

gás -0,011347619 -0,016273954 0,041379761 -5,53636E-05 -0,190260331 0,181006683 0,051251326 0,07199458 4888492,305

leite 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 725079,741

luz -0,011347619 -0,016273954 0,041379761 -5,53636E-05 -0,190260331 0,181006683 0,051251326 0,07199458 4941390,801

óleo 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 845729,819

pão 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 846522,3736

papel higiênico -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 4304910,076

quirela para pintinho 0,00347008 -0,020979175 -0,074660051 -0,18424562 0,077933791 0,061785658 0,046506091 0,063167718 4190005,493

ração para cachorro 0,00347008 -0,020979175 -0,074660051 -0,18424562 0,077933791 0,061785658 0,046506091 0,063167718 4193595,928

ração para galinha 0,00347008 -0,020979175 -0,074660051 -0,18424562 0,077933791 0,061785658 0,046506091 0,063167718 4189378,258

remédio -0,006580013 -0,016305698 -0,009856723 -0,000635216 -0,024330888 -0,04691157 -0,061550375 -0,666290958 20106401,01

remédio para os animais -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 2443356,683

roupa -0,007318786 -0,019347205 -0,014102904 -0,000954909 -0,041619067 -0,095862192 -0,334113977 0,255151807 8731317,595

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sabão em barra -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 2510104,512

sabão em pó -0,030867533 0,111076947 -0,014862839 1,36159E-05 0,016876309 0,001495518 0,00687158 0,018451847 2520477,492

sabonete -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 2394815,894

sacos -0,002502329 -0,017875777 -0,013161127 0,009476135 -0,069318542 -0,213295446 0,238136016 0,141185016 9660774,177

sal 0,061264272 0,008089444 -0,0435968 -0,119021975 0,059742045 0,059063307 0,026090825 0,050041132 5438689,067

sapato -0,007318786 -0,019347205 -0,014102904 -0,000954909 -0,041619067 -0,095862192 -0,334113977 0,255151807 11375083,42

semente de milho -0,002502329 -0,017875777 -0,013161127 0,009476135 -0,069318542 -0,213295446 0,238136016 0,141185016 17241096,63

shampoo -0,012990611 -0,021115868 0,170162288 0,004187863 0,130784472 0,007238368 0,022363991 0,045556071 14606401,97

telefone -0,011347619 -0,016273954 0,041379761 -5,53636E-05 -0,190260331 0,181006683 0,051251326 0,07199458 15672257,85

trigo 0,077574934 0,031680504 0,016986906 0,026794347 0,001097506 0,016347753 -0,011991175 0,003030478 15947991,95

vacina -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 2695519,849

vitamina para galinha -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 8043680,273

vitamina para o cavalo -0,009438122 -0,030859772 -0,101885312 0,145419147 0,09883675 0,088195229 0,042526522 0,067753441 6923844,208

Variância 3,79058E-16 2,6744E-16 1,73356E-16 7,66075E-17 4,21223E-17 1,28402E-17 1,16016E-17 8,36066E-18 5,09515E-18

CARACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18

açúcar 1447776,872 850910,6674 -2306940,612 17560207,09 -22073970,39 47109298,5 -4945162,408 -29594262,47 66414862,5

água 2469639,279 -27242318,38 21183549,48 -34373361,46 11440641,12 -17424453,68 32636426,24 20343474,08 22011008,16

água sanitária -114477,7734 2615853,512 -1506537,848 5238442,546 5587675,873 -10942282,17 76478775,14 63771441,31 -166804456,8

amaciante -114481,163 2404723,504 -1588709,268 6695030,513 5612095,553 -10396520,52 76472016,43 63729783,33 -166942153,6

arroz -13616456,99 14773167,84 36848934,62 53131336,4 17985266,8 13961734,4 15868269,17 7510170,955 -21258998,2

bolacha 2199806,106 -991723,6866 -7284825,307 -966104,8629 -25580731,64 -54108778,5 36222115,31 42565803,4 -59351900,55

café 2199811,792 -637545,89 -7146979,944 -3409580,91 -25621696,49 -55024312,31 36233453,26 42635686,08 -59120909,33

carne 2199810,595 -712114,9507 -7176002,089 -2895128,238 -25613071,7 -54831554,61 36231066,15 42620972,89 -59169542,53

creme dental -4698026,13 6175770,348 -8522920,908 15040541,03 27366362,93 -67018738,84 -34577482,06 -12708404,14 -10583224,74

desifetante -67341,41845 2455568,348 -1967182,097 2363056,962 12208490,55 46624909,28 9733747,515 -29920006,69 55664314,35

detergente -67334,26427 2901187,083 -1793748,086 -711271,0039 12156949,48 45473004,72 9748012,681 -29832081,84 55954942,44

esponja -67338,57109 2632924,447 -1898155,422 1139475,519 12187977,22 46166451,67 9739425,046 -29885012,63 55779984,23

esponja de aço -67336,81741 2742157,473 -1855642,124 385875,8136 12175343,13 45884089,17 9742921,818 -29863459,91 55851224,92

farinha de mandioca 1787962,444 -412465,321 -6744763,009 -6683349,93 -20154218,67 21462518,07 35059983,01 -48097963,43 146709461,2

farinha de milho 3327338,877 7771834,333 5951530,262 4553855,752 -70362170,16 29844350,92 24196745,88 9859742,486 16779815,57

fermento 1574637,521 -4535865,151 -1432198,994 5389891,622 26673789,21 64021694,76 99229747,83 -12720438,28 70487575,33

gás 17592569,22 7022512,509 7239003,254 15785234,91 6611832,105 51418942,52 -54703800,17 150708195,2 29001256,28

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287

leite 877831,8188 -2559054,817 -5619240,77 -329692,5669 40975666,63 59310533,13 -87040306,47 172494380,3 28183353,1

luz 17516180,62 6937430,332 8158104,395 16265596,9 -8597088,168 -13830863,56 48226941,51 -152559875,1 -53417798,6

óleo 1988197,511 -1941125,189 -3967101,999 1388877,231 46187738,5 -27219847,72 -31938697,46 -85831488,42 -32495764,13

pão 1988198,035 -1908482,456 -3954397,506 1163674,705 46183962,98 -27304227,73 -31937652,5 -85825047,7 -32474474,86

papel higiênico -4201971,033 6903396,374 -6890746,264 14658446,17 -23426584,95 -13478740,41 70688116,21 52635699,42 172338429,4

quirela para pintinho -2282884,755 -4173509,353 6686992,38 3588308,588 13375999,84 -2169624,056 16774149,05 8037785,191 7406929,157

ração para cachorro -2282882,38 -4025631,077 6744546,34 2568094,931 13358895,97 -2551882,804 16778882,93 8066962,994 7503373,894

ração para galinha -2282885,169 -4199343,092 6676937,936 3766535,803 13378987,82 -2102844,993 16773322,06 8032687,946 7390080,651

remédio 2529616,607 971515,0998 9212709,289 12348291,43 9795241,835 6339312,957 25526900,71 12984123,84 1870467,887

remédio para os animais 1192621,569 21435368,22 3852378,585 -41922495,18 38097243,84 -32041821,37 74168856,46 35459259,69 58557247,27

roupa 392968,6983 2261351,858 735229,8299 1904548,342 -11187024,48 59220622,84 21743815,76 -3264919,346 -39284264,15

sabão em barra 690746,7849 1476708,591 2767020,502 11550356,67 -28855484,98 -71874834,24 -94079645,95 -4331576,098 48706986,17

sabão em pó 690753,6439 1903937,729 2933297,315 8602898,717 -28904899,08 -72979202,51 -94065969,47 -4247279,688 48985620,75

sabonete -814183,3683 2393681,152 3366459,067 12135566,28 3916697,964 62037065,9 -14911774 -26082075,93 -134070337,3

sacos -673948,9653 -3193485,987 -21795177,19 -30252416,23 -22864447,67 85337624,07 -29734127,8 -19374029,78 -72601439,71

sal 9078944,757 9915011,358 -20365275,66 -1345416,49 30254377,01 -12430459,2 -57003338,97 -24614187,79 -43806053,85

sapato 2136647,909 -1289836,758 8477479,459 10443743,09 20982266,31 -52881309,89 3783084,949 16249043,19 41154732,04

semente de milho 13496639,55 -7002464,11 3152710,17 2437192,536 19064105,73 -89552390,28 43265744,52 26680998,01 90542199,7

shampoo 10597370,95 3660212,813 7137551,077 -6570687,741 -5688328,2 36416028,77 -17429576,93 -14423411,56 -40488404,91

telefone -34225559,42 5173117,846 -20306764,68 3213033,929 4153403,814 -19632463,55 10246141,88 1273487,68 11613004,76

trigo -12819611,02 -10718481,93 37885750,58 -41459369,94 -14459168,56 9206245,4 -48783476,66 -19787361,84 -30811984,94

vacina 2170346,2 15059233,6 10630074,76 -7499862,777 -11493810,94 7258577,233 -29070381,48 -9652908,07 -18611794,77

vitamina para galinha -946446,5048 1680299,966 5649120,093 14809171,29 -14737014,86 12810396,09 -29969058,47 -11715013,93 -31180050,86

vitamina para o cavalo 113095,3434 -37203386,68 -10918864,15 46961478,11 -2071176,206 18312161 10397484,2 -1107213,846 -6894933,755

Variância 2,33224E-18 4,34038E-34 3,91851E-34 1,51436E-35 6,48956E-50 3,14499E-51 3,46193E-50 1,97358E-34 8,46893E-34

CARACTERÍSTICAS FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24 FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27

açúcar 2,33224E-18 4,34038E-34 3,91851E-34 1,51436E-35 6,48956E-50 3,14499E-51 3,46193E-50 1,97358E-34 8,46893E-34

Água 11079190,28 -2,79923E+13 -4,97489E+12 -1,11528E+15 -6,36716E+21 -4,07822E+22 -1,45787E+22 -3,37989E+13 -1,50242E+13

água sanitária -40388314,69 4,73495E+12 8,41511E+11 1,88652E+14 -1,64235E+23 1,25376E+25 -3,56098E+23 6,83581E+12 3,03863E+12

amaciante -40284463 6,58792E+12 1,17083E+12 2,62479E+14 1,66811E+23 -1,25211E+25 3,61995E+23 6,83581E+12 3,03863E+12

arroz -22037324,62 4,86085E+13 8,63885E+12 1,93668E+15 1,10565E+22 7,0818E+22 2,53157E+22 5,86915E+13 2,60893E+13

bolacha 6299482,594 -3,39323E+12 -6,03057E+11 -1,35195E+14 -1,0581E+24 -1,5914E+24 -4,11735E+24 -6,33585E+12 -2,81639E+12

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café 6125267,839 -6,50166E+12 -1,1555E+12 -2,59042E+14 3,14241E+24 1,096E+24 7,84227E+23 -6,33585E+12 -2,81639E+12

carne 6161947,244 -5,84721E+12 -1,03918E+12 -2,32967E+14 -2,08789E+24 4,7247E+23 3,32492E+24 -6,33585E+12 -2,81639E+12

creme dental 188115463,7 1,09363E+13 1,94363E+12 4,35727E+14 2,48757E+21 1,59331E+22 5,6957E+21 1,32048E+13 5,86975E+12

desifetante -32358132,92 -8,04268E+15 1,25853E+16 -1,82544E+17 5,58923E+20 3,57995E+21 1,27975E+21 2,70607E+16 3,4077E+15

detergente -32577326,1 -1,57953E+16 1,23479E+16 1,76454E+17 5,96388E+20 3,81991E+21 1,36553E+21 2,31829E+16 -3,94105E+14

esponja -32445371,72 -2,53866E+15 7,26783E+15 -1,00155E+16 6,66194E+20 4,26703E+21 1,52536E+21 -6,05731E+16 3,47608E+14

esponja de aço -32499101,82 2,63872E+16 -3,21992E+16 1,65227E+16 5,60438E+20 3,58965E+21 1,28321E+21 1,03421E+16 -3,35558E+15

farinha de mandioca -337191970,7 -6,90648E+12 -1,22744E+12 -2,75171E+14 -1,57096E+21 -1,00621E+22 -3,59696E+21 -8,33912E+12 -3,70687E+12

farinha de milho -6346139,961 9,53269E+11 1,69418E+11 3,79806E+13 2,16832E+20 1,38882E+21 4,96471E+20 1,15101E+12 5,11642E+11

fermento 398054388,2 1,44388E+13 2,5661E+12 5,75276E+14 3,28426E+21 2,10359E+22 7,51984E+21 1,74339E+13 7,74963E+12

gás -27952116,25 1,59121E+13 2,82794E+12 6,33976E+14 3,61937E+21 2,31824E+22 8,28714E+21 1,92128E+13 8,54038E+12

leite -12871648,44 5,85677E+12 1,04088E+12 2,33348E+14 1,33219E+21 8,53277E+21 3,05026E+21 7,07167E+12 3,14347E+12

luz 67735632,87 1,33419E+13 2,37117E+12 5,31574E+14 3,03476E+21 1,94379E+22 6,94858E+21 1,61095E+13 7,16092E+12

óleo -82295470,93 6,06125E+15 1,05143E+16 -9,59177E+15 4,84813E+20 3,10526E+21 1,11006E+21 1,57378E+15 -2,26516E+16

pão -82311527,4 -6,05718E+15 -1,05136E+16 9,75397E+15 4,41182E+20 2,82581E+21 1,01016E+21 -1,56886E+15 2,26538E+16

papel higiênico -39921800,1 1,09481E+13 1,94573E+12 4,36199E+14 2,49026E+21 1,59503E+22 5,70186E+21 1,32191E+13 5,8761E+12

quirela para pintinho 10184443,62 2,40347E+16 1,76269E+16 1,32638E+16 1,31215E+21 8,40446E+21 3,00439E+21 3,04277E+15 7,62557E+15

ração para cachorro 10111704,51 6,47901E+14 5,90676E+15 1,18247E+16 9,65649E+20 6,18506E+21 2,21101E+21 -4,72264E+14 -3,84558E+14

ração para galinha 10197150,85 -2,46675E+16 -2,35309E+16 -2,44863E+16 1,1604E+21 7,43243E+21 2,65691E+21 -2,55225E+15 -7,2329E+15

remédio 22095775,9 1,23617E+13 2,19696E+12 4,9252E+14 2,8118E+21 1,80098E+22 6,43807E+21 1,49259E+13 6,63481E+12

remédio para os animais 51470192,4 -6,37603E+13 -1,13317E+13 -2,54037E+15 -1,4503E+22 -9,28928E+22 -3,32069E+22 -7,69864E+13 -3,42217E+13

roupa 18155690,6 5,04949E+12 8,97412E+11 2,01184E+14 1,14856E+21 7,35663E+21 2,62982E+21 6,09693E+12 2,71018E+12

sabão em barra 112736253,5 -3,67139E+15 -3,94461E+15 -5,74563E+15 1,45213E+21 9,30098E+21 3,32488E+21 -3,0725E+14 -3,21675E+15

sabão em pó 112526105,8 3,68062E+15 3,94625E+15 6,11331E+15 6,46998E+20 4,14408E+21 1,48141E+21 3,18393E+14 3,2217E+15

sabonete -147185060,9 1,72589E+13 3,06732E+12 6,87639E+14 3,92574E+21 2,51447E+22 8,98861E+21 2,0839E+13 9,26329E+12

sacos 127158417 -2,31227E+13 -4,10945E+12 -9,21267E+14 -5,25952E+21 -3,36877E+22 -1,20425E+22 -2,79192E+13 -1,24105E+13

sal -4762738,895 -4,59629E+12 -8,16868E+11 -1,83128E+14 -1,04548E+21 -6,69637E+21 -2,39379E+21 -5,54972E+12 -2,46694E+12

sapato 3940085,296 7,3122E+12 1,29955E+12 2,91336E+14 1,66324E+21 1,06532E+22 3,80826E+21 8,82899E+12 3,92463E+12

semente de milho -88403989,49 -1,26012E+12 -2,23952E+11 -5,02062E+13 -2,86628E+20 -1,83587E+21 -6,56281E+20 -1,52151E+12 -6,76335E+11

shampoo 13701046,41 -8,12004E+12 -1,44312E+12 -3,23522E+14 -1,84699E+21 -1,18301E+22 -4,22899E+21 -9,80441E+12 -4,35822E+12

telefone -25073867,57 1,76928E+12 3,14442E+11 7,04924E+13 4,02442E+20 2,57767E+21 9,21456E+20 2,13629E+12 9,49614E+11

trigo 20043139,79 -4,6524E+13 -8,2684E+12 -1,85363E+15 -1,05824E+22 -6,77811E+22 -2,42301E+22 -5,61747E+13 -2,49705E+13

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289

vacina 2855016,803 -1,8427E+13 -3,2749E+12 -7,34176E+14 -4,19142E+21 -2,68464E+22 -9,59694E+21 -2,22494E+13 -9,8902E+12

vitamina para galinha -22729318,4 1,60551E+13 2,85336E+12 6,39675E+14 3,65191E+21 2,33908E+22 8,36164E+21 1,93855E+13 8,61716E+12

Variância 1,41083E-33 1,48469E-32 1,20272E-19 3,16981E-18 6,92664E-18 9,22982E-18 9,58609E-18 3,75512E-17 5,47317E-17

CARACTERÍSTICAS FATOR 28 FATOR 29 FATOR 30 FATOR 31 FATOR 32 FATOR 33 FATOR 34 FATOR 35 FATOR 36

açúcar 1,41083E-33 1,48469E-32 1,20272E-19 3,16981E-18 6,92664E-18 9,22982E-18 9,58609E-18 3,75512E-17 5,47317E-17

água -5,90035E+13 -2,72121E+13 90674877,25 61595242,1 41321907,63 -122545,0023 21613587,11 29546476,51 19949925,12

água sanitária 1,19334E+13 5,50364E+12 79587214,25 -1364275,143 97641905,55 3190729,102 -64620832,93 -17117021,17 -4971111,77

amaciante 1,19334E+13 5,50364E+12 79587214,25 -1364275,143 97641905,55 3190729,102 -64620832,93 -17117021,17 -4971111,77

arroz 1,02459E+14 4,72536E+13 69793984,86 -20295285,22 23763714,9 4016623,943 35740545,54 26524221,58 25019033,91

bolacha -1,10606E+13 -5,10111E+12 -18838151,57 9953524,474 -69048102,15 -8787694,024 68471211,83 15119934 15411287,24

café -1,10606E+13 -5,10111E+12 -18838151,57 9953524,474 -69048102,15 -8787694,024 68471211,83 15119934 15411287,24

carne -1,10606E+13 -5,10111E+12 -18838151,57 9953524,474 -69048102,15 -8787694,024 68471211,83 15119934 15411287,24

creme dental 2,30519E+13 1,06314E+13 1491412406 5294751,961 96350999,95 -29403525,95 108606166,7 4422218,965 -25426202,38

desifetante 2,9004E+14 -2,69612E+13 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183

detergente -1,80271E+15 -9,52105E+12 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183

esponja -6,67348E+14 2,70712E+12 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183

esponja de aço 2,20209E+15 4,39551E+13 5848586,295 26433690,86 -44267302,49 -6534396,809 69002126,09 -3014468,872 3264249,183

farinha de mandioca -1,45578E+13 -6,71398E+12 1409378002 -159884093,5 87507363,77 7985898,228 -70145699,37 22859103,23 12399899,27

farinha de milho 2,00934E+12 9,26699E+11 -16345283,52 -5157237,691 7624892,491 -16776012,15 34322237,56 -2992960,174 -66476058,54

fermento 3,04347E+13 1,40363E+13 105843098,3 -234052583 -66399785,87 -31844735,86 -81711512,84 -21587426,24 -1509327,158

gás 3,35402E+13 1,54686E+13 41293377,52 -38020035,19 16526932,83 -161625012,4 6315172,394 14436126,91 3449283,304

leite 1,23452E+13 5,69353E+12 -13952989,21 2204403,515 7852336,312 205723079,4 14571794,6 817700,7526 -28499222,77

luz 2,81227E+13 1,297E+13 -88617492,68 -9751701,95 27777575,05 163499054,1 25211352,36 17051114,04 -3596105,209

óleo -7,15125E+14 4,89755E+14 -809535307,2 -4959793,085 50867602,88 -65860368,95 -1532362,232 11106784,36 -31620238,41

pão 7,23706E+14 -4,85798E+14 -809535307,2 -4959793,085 50867602,88 -65860368,95 -1532362,232 11106784,36 -31620238,41

papel higiênico 2,30769E+13 1,06429E+13 -1598050003 -38362864,86 101322924,6 27565655,99 6648154,228 6540158,757 19507907,86

quirela para pintinho -1,30248E+16 -2,48379E+14 23510640,07 10321260,5 2528506,557 1407690,592 779468,1667 18190706,24 1533187,11

ração para cachorro 2,09819E+16 -1,41852E+15 23510640,07 10321260,5 2528506,557 1407690,592 779468,1667 18190706,24 1533187,11

ração para galinha -7,92525E+15 1,6816E+15 23510640,07 10321260,5 2528506,557 1407690,592 779468,1667 18190706,24 1533187,11

remédio 2,60565E+13 1,20171E+13 46138725,62 11688980,31 22273678,97 331250,4848 16328617,96 39777066,31 9139336,603

remédio para os animais -1,34397E+14 -6,19832E+13 99271365,58 96514704,66 -19134659,21 1044376,557 -37703466,24 65523338,81 -13440892,75

roupa 1,06435E+13 4,90875E+12 -38211359,39 -5023198,969 31063703,63 -10118076,05 33814617,73 29432799,34 -17312368,4

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sabão em barra -3,62083E+15 -5,56131E+15 -98439983,11 -66190363,8 -11744430,29 10084538,09 -72423639,3 33185666,56 -3637693,335

sabão em pó 3,64029E+15 5,57028E+15 -98439983,11 -66190363,8 -11744430,29 10084538,09 -72423639,3 33185666,56 -3637693,335

sabonete 3,63792E+13 1,67779E+13 81103023,73 2009004,119 -199504140,1 3393626,626 -98593637,71 49281876,74 -7053280,104

sacos -4,87392E+13 -2,24783E+13 -164534550,3 -27853238,41 89749791,33 -7558196,372 17624407,68 58872345,66 14555230,54

sal -9,68827E+12 -4,46818E+12 -15923879,78 -20340927,56 11805715,87 11627616,51 -15814924,76 -16579054,47 72481616,73

sapato 1,5413E+13 7,10839E+12 84350085,01 16712179,28 -8790024,669 10449326,54 -17485999,78 10344266,97 26451705

semente de milho -2,65613E+12 -1,225E+12 157913982,5 54884012,29 -85439792,32 4853164,553 -28313102,64 -39145706,21 -24328505,86

shampoo -1,71158E+13 -7,89371E+12 11223380,22 1684594,354 -3444043,919 -1142809,511 -14741123,29 -40164839,15 8810961,148

Telefone 3,72937E+12 1,71996E+12 33012922,6 18397222,72 -49578767,33 -1461094,539 -29606964,87 -11407825,64 -4013791,572

trigo -9,80655E+13 -4,52273E+13 -89054394,22 -25586840,94 23290968,52 -2520978,001 4039318,3 -26105803,37 8685449,741

vacina -3,88412E+13 -1,79134E+13 -46909001,62 -40203995,77 17498343,39 1504791,778 19234458,97 -23196296,48 8136955,456

vitamina para galinha 3,38417E+13 1,56076E+13 -16066760,74 -46829962 10834025,72 131700,1949 19751768,47 -25206464,7 15119387,42

Variância 1,17741E-16 1,63704E-16 1,90098E-16 3,688E-16 8,69307E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 37 FATOR 38 FATOR 39 FATOR 40 FATOR 41

açúcar 1,17741E-16 1,63704E-16 1,90098E-16 3,688E-16 8,69307E-16

água 8708611,625 16762964,02 33081774,23 -9094707,238 1078243,663

água sanitária 4222692,382 432394,3776 -3220921,028 486257,8581 220884,7321

amaciante 4222692,382 432394,3776 -3220921,028 486257,8581 220884,7321

arroz -15736758,46 578967,4337 6342001,58 -8558748,284 394227,4183

bolacha -5574811,817 -783049,8345 546872,1446 6300011,814 653228,6967

café -5574811,817 -783049,8345 546872,1446 6300011,814 653228,6967

carne -5574811,817 -783049,8345 546872,1446 6300011,814 653228,6967

creme dental 18795590,35 -4343775,844 -5224326,709 1001100,781 -571202,5439

desifetante 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594

detergente 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594

esponja 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594

esponja de aço 1119872,105 990692,927 -3193335,087 365097,4366 46537,90594

farinha de mandioca -5377799,599 -551114,5815 1078277,134 6271438,669 808488,7247

farinha de milho 8285637,994 24698039,67 3894696,139 -24170554,04 -1019161,968

fermento 5754674,737 3810263,726 5044038,812 2188246,673 384793,0531

gás 4683303,652 -5530692,689 -10535126,65 3497544,298 -740777,6586

leite -861409,9486 4169612,47 4229820,492 2946042,258 291080,9129

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291

luz 4280758,877 -5014562,802 -10098124,24 3518849,105 -872876,8326

óleo -2863653,082 6319494,482 4618178,938 3446074,698 407864,6958

pão -2863653,082 6319494,482 4618178,938 3446074,698 407864,6958

papel higiênico 17731623,02 -8067674,727 -5906883,785 2470324,513 -370334,4761

quirela para pintinho -4230861,443 -1411831,42 823155,6823 11829070,73 1073555,27

ração para cachorro -4230861,443 -1411831,42 823155,6823 11829070,73 1073555,27

ração para galinha -4230861,443 -1411831,42 823155,6823 11829070,73 1073555,27

remédio 5042360,911 6764968,613 12960017,96 -2339688,332 1758636,338

remédio para os animais -15605041,34 -7250802,058 -9181145,107 -10677818,14 -5039092,888

roupa -685544,6344 -37435907,94 31397368,82 -890608,7178 325604,946

sabão em barra -6844126,679 -4618950,599 5060342,105 645272,1821 205943,071

sabão em pó -6844126,679 -4618950,599 5060342,105 645272,1821 205943,071

sabonete 29027608,98 1462786,734 -2918866,911 858581,9922 522405,9923

sacos 2511621,611 16656573,69 -4475088,298 4781024,001 612546,3217

sal 15175489,32 -10145795,14 9982998,275 -25869731,77 -914921,2282

sapato 5727905,545 44200876,55 -18437350,86 -1449079,614 1433031,392

semente de milho 14426610,54 -10329263,32 12641003,69 -650906,7635 848082,0999

shampoo -66318202,52 6538323,101 4955579,212 -606557,4596 1458938,257

telefone -9727442,701 6134914,756 11538752,7 -3292943,576 2653461,721

Trigo 16029189,45 -21714020,81 -26083387 -2604669,211 -2005748,163

vacina 18656621,29 8514498,613 14597532,32 8894659,989 24117536,55

vitamina para galinha 13366444,56 15557220,07 22220521,69 13048729,94 -22112244,35

APÊNDICE - C

Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis - C0MPONENTES QUE SAEM DA UP

VARIÂNCIA 8,957331867 7,053866192 4,28293654 3,368436426 1,795746673 1,541682302 3,74462E-16 2,39126E-16 1,4476E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9

alface -0,007706735 -0,030778338 -0,205431741 0,108575339 0,097705781 0,062952732 5933378,604 10775632,69 5301104,878

arroz 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 4333856,033 5210445,733 -3528752,373

artesanatos -0,028114872 -0,04370367 0,11998885 0,109037137 0,317634578 -0,222060129 8655489,356 -20693505,52 6562347,511

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292

banana 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 4195546,218 5729114,059 -3933679,522

cana 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 4194309,252 5729065,692 -3841695,724

cestos -0,040294123 -0,060996839 0,151090013 0,124166318 0,035783847 0,191096618 15498289,34 346231,8638 6046466,312

cheiro-verde -0,007706735 -0,030778338 -0,205431741 0,108575339 0,097705781 0,062952732 11260494 9487894,076 2509449,216

couve -0,007706735 -0,030778338 -0,205431741 0,108575339 0,097705781 0,062952732 11261884,2 9487948,436 2406070,162

doce -0,006188978 -0,021847168 -0,013634566 -0,269431405 0,189812525 0,112190022 18013364,49 7341204,527 8794773,972

feijão 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 3958881,232 452460,1746 -10357029,38

frango -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -123337,784 7244331,998 -9017762,51

gado -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -121437,7719 7244406,292 -9159052,045

leite -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -123289,0579 7244333,904 -9021385,901

lenha -0,023904617 -0,035042911 0,075067518 0,05126089 -0,271437831 0,468764802 6510093,609 -1038634,354 28855108,48

mandioca 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 3755794,935 3406527,923 -9259832,147

maracujá 0,078950629 -0,014742454 -0,134660032 0,107633528 0,076260321 0,051246167 -15933253,48 -38875310,09 12668321,75

mel 0,062333188 0,114399207 0,028328922 0,039677158 0,031396223 0,023532362 -598237,5433 2478401,516 10795654,88

milho 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 1802301,581 8890895,651 22299010,07

ovos -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -2411448,942 7781862,96 -10350783,91

palmito 0,109631559 0,011745911 0,031586388 0,030378948 0,00074587 0,003205786 1662823,248 9682974,666 20284542,94

pamonha 0,080126279 -0,0078244 0,013905421 -0,185169237 0,147605899 0,089385208 6475159,675 -14549210,84 -12662354,89

pano de prato -0,028114872 -0,04370367 0,11998885 0,109037137 0,317634578 -0,222060129 -2145395,747 19654871,17 22292760,97

Pato -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 -10307463,93 -4215316,237 47915265,33

porco -0,029159759 0,13594283 0,004986093 0,020844043 0,039786479 0,027174363 29664282,03 -27580590,99 1300904,809

reciclagem -0,014556599 -0,016316654 -0,012562541 -0,050664953 -0,374247403 -0,452227575 16113911,73 -361210,5117 20029464,09

salgados -0,006188978 -0,021847168 -0,013634566 -0,269431405 0,189812525 0,112190022 -6915089,878 3567355,22 21042908,03

vassoura -0,040294123 -0,060996839 0,151090013 0,124166318 0,035783847 0,191096618 -3099813,451 528318,5555 -17440324,24

VARIÂNCIA 9,53701E-17 6,78939E-17 4,12756E-17 1,81854E-17 7,45281E-18 2,22167E-18 1,05226E-33 3,49876E-35 9,49018E-34

CARACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18

alface -11947109,13 -12531999,74 67937399,48 -68868738,04 -12160306,1 -42278354,68 -2,02951E+12 -8,24121E+12 -5,24825E+11

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293

arroz 17044705,73 27836127,86 -22192926,58 45819723,26 -118618584,6 -95640641,72 -4,23185E+13 -1,71842E+14 -1,09434E+13

artesanatos -3136401,583 27093567,12 48464005,33 42410991,39 -104145053,4 -13401986,46 -4,88129E+13 -1,98214E+14 -1,26229E+13

banana 14742422,12 25840895,06 -33345281,15 21390361,78 23282681,06 12507956,36 -4,39334E+14 1,19461E+17 -1,17244E+14

cana 14800679,14 25419328,77 -33461079,92 21414762,17 24222523,8 12381076,29 4,1722E+14 -1,19551E+17 1,11526E+14

cestos -2469519,751 -28935550,06 -42623054,64 -28866343,18 116882066,2 83857878,19 5,55067E+13 2,25395E+14 1,43538E+13

cheiro-verde -4644488,831 14024180,28 -30641199,47 29098741,81 12093556,19 17445223,27 -2,15416E+16 -2,58695E+15 6,31292E+14

couve -4709962,931 14497971,59 -30511055,17 29071318,61 11037282,63 17587821,66 2,15315E+16 2,54566E+15 -6,33921E+14

doce 44116814,4 -39122450,62 303394,0024 8732347,475 -3963105,342 29647166,89 4,26528E+13 1,73199E+14 1,10299E+13

feijão 16994135,29 3908826,081 32176927,15 -127393915,6 57001668,06 -224750917,1 2,81682E+12 1,14382E+13 7,2842E+11

frango -1183156,989 -10680260,08 15058623,96 48292097,64 17235470,82 2740173,784 -1,88015E+15 -1,78816E+14 -2,50339E+16

gado -1272641,316 -10032723,17 15236493,91 48254617,99 15791847,63 2935064,911 3,86283E+15 -1,3849E+15 5,0125E+15

leite -1185451,827 -10663653,9 15063185,46 48291136,47 17198448,9 2745171,795 -1,96157E+15 1,64942E+15 2,00268E+16

lenha -7551116,048 37926264,44 42905930,9 29812063,61 -33025792,19 -7597701,553 -3,45785E+13 -1,40412E+14 -8,94188E+12

mandioca 9597118,072 11372255,52 71898186,88 46943424,8 191714716,1 239390705 1,64499E+13 6,67978E+13 4,25389E+12

maracujá 27147791,51 -24453023,58 -9117039,776 17375764,6 38710809,48 75644360,84 3,93497E+13 1,59787E+14 1,01757E+13

mel -31290371,47 -37005260,49 -5277283,297 21099274,93 -32775667,28 8372687,704 2,46451E+13 1,00076E+14 6,37313E+12

milho -9723579,262 -33772983,98 7813398,381 31046298,38 -17839096,53 -379720731,3 3,45736E+13 1,40393E+14 8,94063E+12

ovos 16559953,16 36619570,81 -10732917,74 -98512359,05 -55763773,38 98896640,28 -4,4547E+13 -1,80891E+14 -1,15197E+13

palmito -7329053,537 -27490145,49 5158377,593 -45997793,72 -164636319,3 395278212,8 -8,71993E+12 -3,54089E+13 -2,25494E+12

pamonha -68668731,79 14898075,73 -22172431,33 -26161959,63 53228820,17 34629085,01 -1,54609E+13 -6,2782E+13 -3,99815E+12

pano de prato -4414714,465 10832697,32 -5558074,436 -12598927,79 71119261,18 5804284,909 1,42345E+13 5,78017E+13 3,68099E+12

pato 2812777,379 18165638,73 -28863891,95 -36967888,76 92395689,97 -18005384,45 2,70266E+13 1,09747E+14 6,989E+12

porco 8232965,105 2304500,649 -1950611,371 -22940500,61 -20513964,41 -44448562,12 -4,39404E+12 -1,78428E+13 -1,13628E+12

reciclagem -272972,0071 -2951078,483 -276883,8006 2760531,76 40955796,81 51348560,2 1,82816E+13 7,42357E+13 4,72755E+12

salgados 8800784,517 24631372,3 16594413,65 14293151,07 3688035,342 -5122180,593 -1,23952E+13 -5,03331E+13 -3,20536E+12

vassoura -11947109,13 -12531999,74 67937399,48 -68868738,04 -12160306,1 -42278354,68 -2,02951E+12 -8,24121E+12 -5,24825E+11

VARIÂNCIA 2,12227E-33 1,22316E-18 1,39374E-17 3,11767E-17 6,26714E-17 1,42105E-16 2,58604E-16 3,60626E-16 5,9691E-16

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294

CARACTERÍSTICAS FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24 FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27

alface -1,61548E+12 -31782808,08 -48849175,95 -98791363,37 25849426,38 -279476,8075 -1117713,054 5210748,391 3467715,465

arroz -3,36853E+13 653287044,4 -4152166,498 -48287344,01 11537848,6 -1533234,684 -217067,5457 1397619,145 677562,4116

artesanatos -3,88548E+13 -119002602,9 8681125,912 25295866,63 20340608,23 -1073676,201 -12884653,87 16050123,98 -6061534,026

banana 2,15453E+14 -379106401,9 2652979,432 -41721998,58 13284870,06 -1588746,381 -995486,4682 1533486,757 724874,2665

cana -2,33056E+14 -379106401,9 2652979,432 -41721998,58 13284870,06 -1588746,381 -995486,4682 1533486,757 724874,2665

cestos 4,4183E+13 148712773 -14647736,83 -4503576,912 45623943,2 17509755,17 -25466570,62 -5755769,597 -3241010,584

cheiro-verde 2,30554E+15 23164055,87 26879496,12 49292265,92 -9698257,699 -1465378,289 -1400079,337 4946902,624 3071758,189

couve -2,31364E+15 23164055,87 26879496,12 49292265,92 -9698257,699 -1465378,289 -1400079,337 4946902,624 3071758,189

doce 3,39514E+13 -5228857,432 -7953837,664 4586310,495 10357047,54 -17761715,87 14757005,42 10620519,59 -11442716,92

feijão 2,24217E+12 53997755,1 143721548,3 44100108,45 5545413,346 -2357959,698 -2091504,967 3012057,61 842777,7451

frango -5,65827E+15 -1059201,792 44552270,7 -653081,3857 22267640,83 15526228,76 5492342,011 2215995,808 1460471,471

gado 1,71954E+16 -1059201,792 44552270,7 -653081,3857 22267640,83 15526228,76 5492342,011 2215995,808 1460471,471

leite -1,15203E+16 -1059201,792 44552270,7 -653081,3857 22267640,83 15526228,76 5492342,011 2215995,808 1460471,471

lenha -2,75243E+13 -56586510,42 26272742,37 17265677,75 18897142,98 -9528758,398 16709330,84 -4274916,255 -2918830,979

mandioca 1,3094E+13 157654464,9 -69266509,99 20559597,18 -32384349,29 -5643836,631 -5284531,421 2866177,178 777578,2472

maracujá 3,13222E+13 41445567,77 -3806726,926 12653817,87 40264296,93 1517074,963 14816506,84 -5928883,898 3969318,305

mel 1,96173E+13 -15493831,25 15141057,21 9098883,473 11992290,62 -62034999,16 -14881064,42 -4255862,007 4761847,773

milho 2,75204E+13 -97311476,77 -114913233,5 48039982,64 -7717979,333 25186408,59 1546900,097 36990,44552 980759,3565

ovos -3,54591E+13 6986014,532 -137043294,2 60981931 37969351,12 -7457954,49 3749122,084 -64753,45676 1481132,025

palmito -6,94101E+12 -41031853,5 41869246,21 13479792,84 -19622981,92 26332492,01 1247663,4 64556,1535 986828,8928

pamonha -1,23068E+13 75088940,9 -12113710,14 -2198481,297 17087642,67 7791788,612 18588337,84 10272127,99 267836,4642

pano de prato 1,13306E+13 62416092,52 17591616,46 -8030188,879 -1443465,253 -8455082,197 29593984,71 -20325040,23 3142703,047

pato 2,15131E+13 87882603,63 9438984,139 -30811576,66 -29593973,91 2675966,777 -4720845,938 24173850,34 -5881352,079

porco -3,49763E+12 -33040640,29 -15819576,18 -25664301,37 -46825986,8 4220292,977 3580465,878 -16948447,85 9016146,799

reciclagem 1,4552E+13 46648902,42 1961138,304 9594773,646 37641501,27 -2035112,173 7558945,122 10512059,92 12685852,58

salgados -9,86653E+12 -6285883,665 19298215,49 6711399,441 14048422,64 9691110,188 -21596524,88 -8065215,804 23921104,27

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vassoura 1,01373E+13 -15436428,12 -16738409,07 -5399517,703 -21425080,7 -7835499,491 13653473,45 24845673,75 23386570,44

APÊNDICE - D

Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis –AMENDOIM

VARIÂNCIA 11,29058163 4,786889774 3,9225286 5,83365E-16 3,53679E-16 1,55176E-16 1,16947E-16 8,23144E-17 4,11655E-17

CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9

bainha graúda 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -1927851,134 607248,5594 19140207,75 24538126,4 -64873366,66 18105651,97

bom para colocar na pamonha -0,045003701 -0,094040554 0,187196167 -5149889,592 -5520177,056 15598722,1 -7393171,462 19710410,7 12519624,09

casca da semente é preta -0,038936323 0,181647036 -0,057384857 -6587209,635 -6396208,947 9141150,322 17272269,02 15816983,39 37509536,07

casca da semente é vermelha -0,045003701 -0,094040554 0,187196167 -4700014,269 -5396747,655 15211597,39 -8442044,324 19483847,79 2589821,12

dá galhos alastrados 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -3376017,958 6382388,844 25468314,34 -960110,7097 14052364,03 41640609,42

é áspero 0,072694193 -0,07586944 -0,112419892 -3736317,379 -10865958,2 16395868,07 -14574416,81 -2478513,78 90228480,03

é doce 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -3100551,562 6700667,41 16961023,96 9074888,798 8239012,729 -89091414,7

é forte -0,038936323 0,181647036 -0,057384857 -6202108,515 -5697168,621 15655537,75 22083973,65 16776711,61 -16656277,24

é gostoso -0,072694193 0,07586944 0,112419892 2766125,475 10199092,86 -26758116,06 3507646,634 -2023197,976 37438693,12

é macio -0,072694193 0,07586944 0,112419892 2766134,202 10198398,47 -26764072,62 3509674,028 -2023143,476 37438046,2

gosto forte -0,038936323 0,181647036 -0,057384857 -6185251,491 -5543352,071 9789916,423 24056156,47 12141258,06 5090071,489

produz bem 0,038308391 0,187871866 0,016409479 9509599,508 -13998543,36 190628,8288 -57720622,54 -15662053,82 -5708995,424

produz mais 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -2205931,509 8104646,405 -10080825,94 7576763,062 -17002047,69 9944088,751

produz pouco -0,045003701 -0,094040554 0,187196167 -889111,0266 -18842899,09 3941374,41 29260089,48 -8023041,909 5889750,05

ruim de comer 0,000768981 -0,122895192 -0,206144201 12608058,41 18188124,12 9340292,316 22475302,26 22452879,77 15808788,36

semente é branquicenta 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -1785579,024 9147656,851 -8158266,855 16619231,65 -1584320,608 27848752,67

semente graúda 0,083171042 0,035288709 0,076332891 27800668,94 -20455260,14 -5385126,436 22172884,46 39809728,53 6707734,68

semente grossa 0,083171042 0,035288709 0,076332891 -12094754,2 13420631,31 -4870341,379 -18673673,2 58727171,68 11016246,18

semente miúda -0,072694193 0,07586944 0,112419892 17690301,06 24102071,74 40575497,65 -11141202,74 -8499240,534 9358375,075

semente pintada de preto 0,083171042 0,035288709 0,076332891 1062520,111 6403239,042 -23899782,53 12114717,24 -1351925,756 -5418745,547

VARIÂNCIA 1,09169E-17 4,12548E-18 2,29255E-33 4,38304E-20 4,54853E-18 2,10816E-17 3,10614E-17 5,42709E-17 1,07402E-16

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CARACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18

bainha graúda 27433085,89 -64911262,32 5,67623E+14 33267850,85 -45757628,4 -10342394,74 57811057,59 -44674706,08 33699213,19

bom para colocar na pamonha 17183287,14 -192591715,7 2,36062E+13 1065190134 257069104,2 8722959,447 15200886,97 -33030635,25 -7593790,94

casca da semente é preta 87751883,83 -274346484,8 1,66931E+15 144621510 -186100951,9 -874612,5793 -41086386,62 16394384,9 -5479268,448

casca da semente é vermelha -5403484,182 151209252,4 1,90991E+14 -997475100,3 -278629981,3 23253032,79 27384334,24 -29353577,02 -10138539,93

dá galhos alastrados -61964238,19 108477667,6 -1,3646E+15 -313818226,4 51015074,51 -81582137,78 -80069641,22 31312923,21 28131030,79

é áspero -22445363,88 17701323,43 -5,4135E+14 -104758034,2 23347570,66 50281687,95 69004139,88 51026932,04 -14315021,9

é doce 5875487,014 -48596791,37 4,59051E+13 763746417,1 -23194911,34 50898373 42490179,59 71853765,6 -3067971,27

é forte 39675244,61 107144213,4 1,26008E+15 -2979757235 176233641 23092371,37 30268915,29 -9210004,562 1633056,245

é gostoso 61952991,07 30056428,75 -1,41219E+16 -68303657,65 15374469,72 16580685,44 34602334,16 27460715,23 12063625,99

é macio -88047072,94 -3495561,513 1,35046E+16 -68303657,65 15374469,72 16580685,44 34602334,16 27460715,23 12063625,99

gosto forte -130628339,2 139577291 -3,07233E+15 2720328687 -6397338,907 25601444,27 14738805,59 -27531892,58 -5417065,033

produz bem 41840125,83 48524654,86 1,18799E+15 390154794,6 17864749,46 82326379,58 -30328405,34 -14590753,02 16235999,85

produz mais -135805879,9 -118678106,1 -3,77078E+15 -1503839104 3741108,9 78414884,77 -47788859,99 -20759406,08 -41880203,04

produz pouco 21253598,16 55781066,68 6,713E+14 155361891,4 20767554,17 87139946,94 -64929056,43 29400737,26 22529841,95

ruim de comer 27854905,5 8167170,949 7,38166E+14 187578397,2 -1035630,551 102476134,3 -20201509,1 -23477562,96 24723270,18

semente é branquicenta 161611019,3 181202434,8 4,57434E+15 1080556529 46269914,84 1592182,698 -18866622,02 -9875773,092 -46416517,55

semente graúda -21920734,37 -42972575,14 -6,60921E+14 -203776299,4 -15249940,58 -38661506,94 30486447,06 -7988721,284 -6101240,299

semente grossa 13566402,19 -45572586,11 2,51214E+14 2806457,413 -30698948,98 25380577,01 23587568,34 -28921669,63 26138724,13

semente miúda -2330893,675 -16054982,21 -9,46229E+13 -9140888,525 -7681161,579 -2093674,615 2273216,68 7081983,348 -15433989,13

semente pintada de preto 2825151,677 -2805194,19 6,65422E+13 -9249190,885 -2631626,37 5479420,13 -1586468,969 -1788012,825 20159445,92

APÊNDICE - E

Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis -ARROZ

VARIÂNCIA 14,78809076 8,571330137 7,022361152 6,484411059 4,072635164 3,341673625 2,785023031 2,11700351

CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8

ainda existe em outros lugares -0,017316141 -0,028174937 -0,023429896 0,009449584 -0,140524925 0,185038652 -0,086713212 -0,054787879

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297

bom para colher 0,007024716 -0,047463837 0,0931785 0,059311473 0,051279836 -0,065422451 -0,02148452 0,165700968

bom para comer 0,042501038 0,032306733 -0,036110656 0,005609192 0,100599061 -0,001986608 -0,024234356 0,232670755

bom para cozinhar 0,047934127 0,071880164 -0,012032254 0,004469022 -0,022540081 0,023242875 0,100824716 0,002605419

bom para plantar 0,044873707 0,019935848 0,066255633 0,052076556 0,023465912 -0,034439479 0,064780999 0,13742159

branco 0,026585931 0,028493666 0,039361385 -0,122289656 -0,037597314 -0,007372614 0,013140923 0,002433726

cacho curto -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

cacho ralo -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

casca ápera -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

casca dura -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

casca grossa 0,026585931 0,028493666 0,039361385 -0,122289656 -0,037597314 -0,007372614 0,013140923 0,002433726

comprou de um agricultor de Bombas 0,031884345 0,002026781 0,098316079 -0,004469562 0,059929653 0,093302871 0,11711194 -0,08978348

comprou de um vizinho 0,02897843 0,017177959 -0,027056508 -0,061380228 0,154398082 0,133049358 0,00809084 0,026872447

dá um cacho grandão 0,026585931 0,028493666 0,039361385 -0,122289656 -0,037597314 -0,007372614 0,013140923 0,002433726

difícil perder a muda 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077

duro de limpar 0,01016124 -0,035919026 0,100338473 0,070542819 0,047624995 0,008947292 0,008477726 -0,145635969

duro para cozinhar -0,050174035 0,042859868 0,004280537 0,02498316 -0,047451282 0,121985361 0,030306768 0,087060136

duro para socar -0,050174035 0,042859868 0,004280537 0,02498316 -0,047451282 0,121985361 0,030306768 0,087060136

é amarelo -0,010104189 -0,04878024 -0,053506646 -0,010490443 -0,00013191 -0,098584709 0,255384007 -0,095034967

é bom 0,028385727 0,031126023 -0,08521321 0,057842146 0,083436188 -0,01689257 -0,112591734 -0,009409127

é bom para socar 0,019501463 0,008783817 0,024339288 -0,117199545 -0,076084557 0,029911731 -0,076610644 -0,15020003

é da região 0,006203781 0,058311146 0,088793684 0,020818576 -0,070283398 -0,01235919 0,010504348 0,208054831

espeta tudo 0,006286687 -0,015717455 -0,066824976 -0,00533807 0,173582901 0,061942608 -0,13688374 0,009905268

está plantando 0,045955939 0,052452662 -0,054249828 0,000406295 0,093962087 0,060839001 -0,001604416 0,008758716

foi o melhor arroz que já existiu 0,01016124 -0,035919026 0,100338473 0,070542819 0,047624995 0,008947292 0,008477726 -0,145635969

gostoso 0,037758503 0,018726725 0,00092016 0,059841167 0,04192753 0,175846517 0,014973149 0,016423194

grão comprido 0,044884171 0,048679272 -0,037437858 -0,052621172 0,037427284 -0,01981244 -0,081201247 -0,00569539

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grão graúdo 0,048492429 0,039227629 0,055184338 0,050081998 0,011503282 0,026145423 0,093557002 -0,093066925

grão miúdo -0,0429067 -0,020830377 -0,054434828 0,015612907 0,078558441 0,017896692 0,073071323 0,238512644

macio 0,047934127 0,071880164 -0,012032254 0,004469022 -0,022540081 0,023242875 0,100824716 0,002605419

muda da época dos avós 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077

muda da época dos pais 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077

muito bom 0,027310519 -0,016146192 0,101463222 0,001688829 0,065893722 0,018478648 0,077920481 0,161607338

não é áspero 0,03235122 0,0386214 0,030749632 -0,076502235 0,032281208 0,115456536 0,147671527 0,025924662

não é da regão -0,002863126 -0,048373271 -0,090248717 -0,011871384 0,130088244 -0,027481576 0,0888752 -0,063847275

não é gostoso -0,020650085 -0,046329578 -0,052082653 0,013561043 -0,091055361 0,069459314 0,205734236 0,048445374

não é quebrador 0,047934127 0,071880164 -0,012032254 0,004469022 -0,022540081 0,023242875 0,100824716 0,002605419

não existe mais 0,008158933 -0,041842165 0,095559937 -0,004889396 -0,009189927 -0,139124787 -0,103956595 0,129788318

não produz bem -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

nasce misturado no arroz que planta -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

nunca plantou -0,047500128 0,021323666 -0,006281786 0,011350708 -0,084685805 0,142824628 -0,061627067 -0,076332044

o pai plantava 0,015903457 0,00543838 0,024620834 0,118869122 -0,089023009 0,075729279 0,00927478 -0,005537021

o pai que deu a muda 0,031560949 0,057218819 -0,046792637 0,082460931 -0,06233465 -0,084466035 -0,013238572 -0,02245077

os antigos plantavam -0,050174035 0,042859868 0,004280537 0,02498316 -0,047451282 0,121985361 0,030306768 0,087060136

plantava antigamente -0,0448207 -0,011777812 -0,001300513 -0,033114635 -0,075037876 -0,094440886 0,077111389 0,218961668

produz bem 0,043867594 0,06232982 0,003724462 -0,052759812 -0,073625233 -0,061731345 0,002803658 -0,012573148

rende na panela 0,01016124 -0,035919026 0,100338473 0,070542819 0,047624995 0,008947292 0,008477726 -0,145635969

ruim para comer -0,034779575 0,052131881 0,032532366 -0,061358695 -0,018303074 -0,115377501 -0,081502185 -0,049671233

tem bastante vitamina -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

tem que comprar na casa da lavoura -0,010104189 -0,04878024 -0,053506646 -0,010490443 -0,00013191 -0,098584709 0,255384007 -0,095034967

vermelho -0,049469455 0,070139021 0,021644274 0,004739047 0,058006862 -0,02854998 0,021480716 -0,043548618

VARIÂNCIA 1,81747156 8,64359E-16 5,81465E-16 5,4678E-16 5,17686E-16 4,76502E-16 3,27091E-16 3,14055E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 9 FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16

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ainda existe em outros lugares -0,13878976 11857369,84 1240422,089 4079663,169 3780337,247 -5700675,966 2268356,956 8685133,279

bom para colher -0,094640365 4615290,161 3982629,127 -1166270,202 9147047,867 5943569,094 -12222769,99 -5852950,068

bom para comer -0,120033939 401614,8463 2070063,759 7772267,758 5858333,374 -1901996,287 1115896,162 8132889,213

bom para cozinhar -0,070930131 3340377,975 1365680,406 -8306124,368 1864539,158 -3699196,981 -3144329,723 -1784006,568

bom para plantar -0,135187744 1851749,711 3044573,91 3657959,411 7628265,652 -896886,8627 1060313,434 17969590,93

branco 0,129211192 1490363,096 5747988,916 1815398,526 -3402997,793 7963439,442 3080793,097 3561028,602

cacho curto -0,026740798 -1239455,631 847317,3662 -880528,2552 -529392,847 -1199399,965 -6190149,536 1856366,322

cacho ralo -0,026740798 -1239500,553 846390,9396 -874526,9072 -528940,3407 -1199482,601 -6155809,545 1856037,351

casca ápera -0,026740798 -1239361,957 849249,1771 -893042,4367 -530336,426 -1199227,65 -6261756,263 1857052,302

casca dura -0,026740798 -1239514,274 846107,9741 -872693,8696 -528802,1282 -1199507,841 -6145320,819 1855936,87

casca grossa 0,129211192 1436357,365 5593356,902 2024151,265 -3523420,684 8217935,872 3859192,684 3288147,56

comprou de um agricultor de Bombas 0,013258046 728212,852 -7547728,041 5066212,258 -8909294,451 6990681,332 -16762370,08 -5320734,929

comprou de um vizinho 0,03181759 -328798,283 -15695998,6 -2474105,626 1705382,461 -4565975,651 6858365,731 1550744,149

dá um cacho grandão 0,129211192 1346892,352 5512079,315 2071931,205 -3724711,258 8419209,051 3137114,365 3037003,288

difícil perder a muda 0,001559574 2407631,428 1005356,577 5382637,314 -1804673,901 2682761,779 1926817,049 -348657,4296

duro de limpar 0,113810476 344503,0096 -532498,9782 2605049,553 7893901,364 9775158,624 3720506,036 7895192,216

duro para cozinhar 0,113771806 -2226862,186 3692060,081 5624771,171 -4632887,748 -3382767,992 -5909347,631 5118104,985

duro para socar 0,113771806 -2226719,322 3695006,336 5605685,471 -4634326,824 -3382505,19 -6018556,89 5119151,191

é amarelo 0,025583267 -3450456,526 2550576,36 -2133727,491 -936431,7866 -6482993,689 9582491,045 2572383,518

é bom 0,105087081 979750,5847 -11718169,45 -7492802,872 -12771276,94 -819250,6826 1534589,467 31446417,84

é bom para socar -0,125174995 1524726,582 6960590,92 2168059,928 -295842,1901 5040477,16 -11912241,6 13312000,61

é da região 0,130505046 1038091,42 -11808424,53 -7847619,782 992279,2556 5619529,571 -12914973,51 -3861547,211

espeta tudo 0,138556535 6127205,446 12901522,11 518408,028 -3569104,962 4197765,45 -1985384,672 -993150,8847

está plantando 0,02879365 -7348945,525 7274552,889 5386729,616 21110151,98 -3259735,289 -4675129,221 -5673082,275

foi o melhor arroz que já existiu 0,113810476 -768261,4989 -2834186,88 2501715,69 10488037,31 7590937,025 5159784,821 11036705,33

gostoso 0,201738025 5508312,417 304038,5233 -9590196,317 1036066,018 -9438972,307 -5166666,014 -16205203,74

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300

grão comprido 0,191303739 3396875,659 -2389444,489 10873694,22 2288894,151 -6137584,018 -2278288,486 -4633251,38

grão graúdo 0,012593552 2021348,634 6280619,924 -5120144,898 -4056226,878 683909,5982 3057173,327 1220983,674

grão miúdo 0,045502748 3425598,109 3894474,176 -425420,8916 2764822,969 22027810,12 12305994,96 -3717460,835

macio -0,070930131 2488192,553 4789317,978 -8258773,828 -31140,20295 1466779,798 1214695,582 4771241,265

muda da época dos avós 0,001559574 2311045,138 317937,9483 4705744,409 -1481602,781 1727523,017 4471753,496 -1131948,179

muda da época dos pais 0,001559574 2311190,55 320936,743 4686318,357 -1483067,52 1727790,505 4360596,723 -1130883,315

muito bom -0,145542758 662734,0588 9824543,075 9924516,517 -10339152,65 -15702388,42 11564509,57 5380045,115

não é áspero -0,096133081 3332636,819 -6414801,7 1871201,832 -4149762,112 -552704,4919 8300431,623 -4116203,933

não é da regão 0,123104851 -1652877,745 11073063 4556330,499 -6433184,184 401261,1835 -7876912,993 -2440745,436

não é gostoso 0,153014854 1616697,066 -622948,2719 36499,89483 6747685,014 -6376064,683 -273006,5152 8799493,968

não é quebrador -0,070930131 3175685,565 4624709,768 -8250517,091 -325563,0751 3214820,465 1589158,482 -3790826,923

não existe mais 0,093109766 153610,3625 4098318,857 769210,7447 -9181525,241 -14964459,49 -5924525,154 -3238465,557

não produz bem -0,026740798 -1612741,359 3221623,171 -1726542,573 -138012,9837 -2337033,612 -4695590,531 130306,9323

nasce misturado no arroz que planta -0,026740798 -1612799,763 3220418,725 -1718740,234 -137424,6812 -2337141,047 -4650945,183 129879,2373

nunca plantou -0,138651596 -2505157,932 3428439,909 1400349,443 2680068,557 2950597,261 7652843,049 -10431255,38

o pai plantava 0,192341562 -969317,8337 6194377,574 3455219,883 -7690631,945 -934889,266 6285942,177 -8262660,372

o pai que deu a muda 0,001559574 1139323,918 2870145,556 4748271,807 -5120779,472 7824795,103 -7822615,064 -2856389,6

os antigos plantavam 0,113771806 -3226645,801 3664328,755 5587970,578 5403683,062 1523808,665 -3623802,627 18888626,61

plantava antigamente 0,123417629 234077,2311 -3514016,582 -3894993,172 -420369,1997 2321323,53 6877108,147 269122,0677

produz bem 0,113805755 -16387813,83 -4779535,724 7486099,598 8664687,785 -5153975,993 5563444,906 -2576633,025

rende na panela 0,113810476 -1674361,359 2174180,414 104916,7258 362670,9389 -3336668,414 12868187,36 2302989,308

ruim para comer 0,181255404 15700530,81 3043623,957 -6727693,732 14823244,09 -11915827,72 6818023,876 1708012,834

tem bastante vitamina -0,026740798 10357450,22 -12026362,99 21893947,16 -2682722,726 2075917,204 11572146,93 -10054423,4

tem que comprar na casa da lavoura 0,025583267 9532971,23 -2884903,226 6677172,805 3689979,381 -2689504,647 -16067076,45 3127298,737

vermelho -0,026740798 -1173504,637 4613238,16 -10287125,7 -2558845,064 999778,7392 19925535,38 -930997,9899

VARIÂNCIA 2,90418E-16 2,39931E-16 2,14878E-16 1,87375E-16 1,39155E-16 1,21051E-16 1,10758E-16 7,28723E-17

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301

CARACTERÍSTICAS FATOR 17 FATOR 18 FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24

ainda existe em outros lugares 4490658,968 -5271055,835 8818795,945 13496949,7 2790557,379 2886296,93 32156402,07 -5678083,194

bom para colher 14287984,87 22648513,64 15071794,16 6064984,484 14122920,58 32855329,39 14011138,98 -1309246,284

bom para comer 5286482,461 -3910554,442 -1404172,016 12406340,03 18407440,33 -4667706,162 -981526,9125 7836735,646

bom para cozinhar -9066272,677 8702464,084 -1681780,941 -4667979,165 -22315206,4 6475067,696 -771495,1605 -40167153,03

bom para plantar 6726163,041 -15730934,72 -18883431,52 -9277480,768 12541357,25 -910963,579 6507012,862 9855937,424

branco -1622183,579 -2760244,465 5732687,111 -4058391,334 10211881,5 -6009203,193 6233659,032 5473499,695

cacho curto -8078824,873 -2792077,577 4606654,234 5727340,499 -1441845,476 3282799,397 6067347,92 -3331153,429

cacho ralo -8009335,297 -2826398,359 4591705,449 5721976,108 -1499552,313 3268962,227 6067513,264 -3173222,72

casca ápera -8223726,514 -2720510,908 4637825,866 5738526,482 -1321513,54 3311653,059 6067003,142 -3660475,032

casca dura -7988110,564 -2836881,217 4587139,527 5720337,62 -1517178,153 3264735,834 6067563,766 -3124984,736

casca grossa -617591,1741 -2019789,747 4827069,818 -5131862,21 9378108,869 -6369190,909 4676820,31 8338175,487

comprou de um agricultor de Bombas 15878801,37 -20278588,04 2299049,52 29723003,43 -9893187,445 -12443909,61 2015491,296 -12277508,54

comprou de um vizinho -4386106,461 -1067798,959 -3703024,923 11969747,43 19159820,33 17434476,79 6611660,646 8804836,188

dá um cacho grandão 33777,1254 -3433927,562 5192201,161 -2972556,408 8455230,105 -6946986,061 5497800,168 5484807,902

difícil perder a muda 1372611,291 -1359670,222 -3021822,836 -9187471,649 5802742,218 -4331504,095 4109270,415 9861174,118

duro de limpar -6378974,536 -10196718,09 -161895,0453 -10486723,33 -5713117,58 1290607,144 4611077,528 -32736723,06

duro para cozinhar 3803168,172 -2398714,884 -1599362,94 -12218260,86 18985013,32 1109983,187 -3343749,525 -23630238,14

duro para socar 3582174,955 -2289566,717 -1551822,283 -12201200,83 19168534,65 1153988,647 -3344275,356 -24132494,99

é amarelo 16273846,67 7850564,097 872578,494 2743609,821 13334040,92 -10972661,84 15332738,51 -9909174,635

é bom -1247480,514 8044136,52 13810338,47 3171025,859 -3699270,032 -7921364,145 21676441,07 -5672558,694

é bom para socar 3807322,85 11502673,88 -8456813,303 5318531,613 -8220772,284 9615767,188 -6486715,363 -4374771,542

é da região 3227455,834 9954159,136 -8004572,134 -19131443,88 -1298530,879 -18392006,4 32132539,4 4958971,437

espeta tudo -4639635,142 -3726813,661 -28432889,41 5783516,414 -1016099,739 2587120,484 3617901,855 -3272280,597

está plantando 2310542,047 4810947,722 3245512,098 6169982,68 -7093192,605 -36911613,75 9760622,337 -32944224,9

foi o melhor arroz que já existiu -4642475,564 -4746851,89 4199702,248 -9614893,633 -5718534,324 16910421,62 6424400,079 9229752,06

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302

gostoso 3424582,419 -12595349,4 -1797927,501 -13528503,25 -7841401,722 6278029,846 -9303979,723 34026025,5

grão comprido 10124049,18 13960476,2 29466957,8 -7403633,855 -5229699,635 7694157,492 -13651639,46 -5642729,343

grão graúdo 2183556,015 5288441,752 7354870,275 16254073,16 11262187,73 11128066,05 -14091917,75 29937831,49

grão miúdo -11429666,23 -4728232,37 20141865,92 10236793,67 -8825393,93 -11424158,37 -5292546,339 6199272,507

macio -4010156,705 6619471,82 -1872489,515 -5084207,659 -13880513,85 -3519274,151 3603030,296 18135834,65

muda da época dos avós 1397669,581 -4308236,789 -2933587,78 2950409,645 7312578,554 -272331,2398 -7992230,179 769118,1466

muda da época dos pais 1172735,422 -4197142,198 -2885199,337 2967773,904 7499372,594 -227541,0358 -7992765,386 257904,6245

muito bom -13154993,2 -6130990,776 13172421,32 -12683700,82 -19373832,5 5829418,055 6278191,074 -1541205,454

não é áspero 1392426,982 10535566,75 -11732208,96 3104463,802 8856841,753 2561591,174 -5188829,167 -17717572,07

não é da regão 7781771,866 6111082,072 -8535348,414 -9684539,97 -8969898,959 21657668,32 41988224,99 11872397,38

não é gostoso 5358640,45 -8574331,623 11420268,37 7325651,549 -7382836,709 -6847073,629 3234694,855 19096511,93

não é quebrador -7920609,671 6956384,16 -296565,7278 4885108,223 -4221119,162 1204665,816 12590441,94 -2254532,204

não existe mais 209206,4108 -1704427,408 -33731,3491 17616535,79 -15161442,65 -22849585,89 9144323,911 8660007,765

não produz bem -593023,6596 1973792,066 3343231,662 -92623,64234 18211727,81 -4852164,718 -5227318,658 19945019,16

nasce misturado no arroz que planta -502680,4125 1929171,692 3323796,779 -99597,87653 18136703,28 -4870154,393 -5227103,695 20150344,53

nunca plantou -4189129,851 2171263,846 3030911,422 2136821,928 865729,028 -12057060,56 38379623,23 29046531,14

o pai plantava -12164150,37 9843410,262 2265395,596 17166204,13 14721038,52 17169369,08 4287647,222 -29795345,74

o pai que deu a muda 7193863,027 -10730180,6 -884325,2911 10083384,59 -8701600,284 1454137,635 6262703,587 3149224,515

os antigos plantavam 7096264,492 17894672,43 -10297108,8 10496019,29 -31645744,92 5655936,429 -26518381,13 27127663,84

plantava antigamente -2890363,337 2483034,77 -18774091,16 19486194,24 -5854166,681 15630754,05 5245896,87 -15976662,38

produz bem -6167743,277 -8682849,744 -3677538,94 10391367,58 -6277008,273 29606268,3 18844816,88 16431562,26

rende na panela -1763289,247 24061763,88 -11020491,59 9478852,543 9010841,786 -31494351,42 -1175356,262 11138775,27

ruim para comer -529993,6263 -8168912,103 -3101537,466 10233008,03 4300837,161 3056698,708 3719898,808 -8462339,22

tem bastante vitamina 3947800,592 11416784,69 -10283177,28 -6056903,019 -16807680,96 -3004329,2 7237310,557 9867190,184

tem que comprar na casa da lavoura -14419095,29 342393,2778 -794922,9463 -3804849,416 5016159,167 -2092720,561 -4225827,96 4441822,159

vermelho 31323814,27 -9514421,89 3102568,143 -5596044,661 -15498157,15 9342199,638 -74381,55201 -19352159,15

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303

VARIÂNCIA 4,83562E-17 3,59889E-17 2,82186E-18 2,12384E-18 6,76868E-34 8,05917E-35 5,75329E-34 1,93379E-33

CARACTERÍSTICAS FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27 FATOR 28 FATOR 29 FATOR 30 FATOR 31 FATOR 32

ainda existe em outros lugares 8541324,003 -3398661,08 -47538949,83 19143831,61 4,70538E+11 9,1799E+11 8,17839E+11 1,6604E+11

bom para colher -567092,538 22074252,32 70125954,36 -47181132,43 -1,24927E+13 -2,43726E+13 -2,17136E+13 -4,40836E+12

bom para comer -4510151,46 -4393108,934 -42541614,19 56463806,69 1,98463E+12 3,87189E+12 3,44947E+12 7,00323E+11

bom para cozinhar 46791985,64 -24793609,57 62288664,57 290814126,3 -1,63222E+13 -3,18437E+13 -2,83696E+13 -5,75968E+12

bom para plantar 7964140,156 -8498575,212 57341898,07 36804456,54 2,21624E+13 4,32375E+13 3,85204E+13 7,82053E+12

branco -16169911,78 -14636463,65 381187385 26861140,55 2,34366E+13 4,57233E+13 4,07349E+13 8,27014E+12

cacho curto -21077627,37 -10679252,66 45275193,29 759806,8544 -7,4841E+14 7,52147E+16 -2,13441E+16 1,17536E+15

cacho ralo -21012868,89 -10832044,64 45751361,97 539485,3295 -3,31935E+15 -8,17843E+16 -1,74999E+16 7,50591E+14

casca ápera -21212663,6 -10360646,47 44282272,83 1219227,561 3,87315E+15 3,22014E+15 2,69446E+16 1,1894E+16

casca dura -20993089,21 -10878713,06 45896801,81 472190,8426 1,57206E+14 3,27651E+15 1,18344E+16 -1,38332E+16

casca grossa -3898059,024 -2451485,006 -208009008,8 186145012,1 -1,29755E+13 -2,53144E+13 -2,25527E+13 -4,57871E+12

comprou de um agricultor de Bombas 18969343,67 6367292,075 10512424,81 -81210475,95 1,39276E+13 2,7172E+13 2,42076E+13 4,9147E+12

comprou de um vizinho -30832143,5 -19821287,23 -66984402,18 100597872,6 -9,17233E+12 -1,78947E+13 -1,59424E+13 -3,23667E+12

dá um cacho grandão 2887229,239 1897749,28 -104352825,2 -255128002,6 1,65124E+12 3,22146E+12 2,87001E+12 5,82678E+11

difícil perder a muda -25523864,78 -37763946,03 21475878,81 -93621204,94 1,63208E+13 3,18409E+13 2,83671E+13 5,75919E+12

duro de limpar -28359229,61 87893046,87 -81122837,13 140576000,1 -4,67784E+13 -9,12617E+13 -8,13052E+13 -1,65068E+13

duro para cozinhar 24073145,79 -1985878,105 6030544,394 43817423,44 1,33447E+16 -3,53061E+15 -6,89203E+15 6,25073E+15

duro para socar 23867198,56 -1499963,621 4516215,874 44518097,77 -1,33711E+16 3,47912E+15 6,84615E+15 -6,26004E+15

é amarelo 12630671,71 20087938,25 -12681480,91 -28419011,86 3,53472E+12 6,89602E+12 6,14367E+12 1,24731E+12

é bom 26629314,81 20628284,78 42887537,9 -79434881,95 -4,55351E+12 -8,88362E+12 -7,91443E+12 -1,60681E+12

é bom para socar 6290748,819 -17790238,24 -53819481,44 67041118,67 -5,06075E+12 -9,87321E+12 -8,79606E+12 -1,7858E+12

é da região -25909915,49 -9916118,925 -54374991 61613761,58 -7,29159E+12 -1,42254E+13 -1,26735E+13 -2,57301E+12

espeta tudo -10734101,4 19290302,75 28099803,51 44041658,33 -7,15204E+12 -1,39532E+13 -1,24309E+13 -2,52376E+12

está plantando -2976896,165 -12933958,63 -1678179,883 -108059322,7 -8,47662E+12 -1,65374E+13 -1,47332E+13 -2,99117E+12

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304

foi o melhor arroz que já existiu 42023344,28 -71475311,76 -12290644,97 -130107347,3 3,09671E+13 6,04149E+13 5,38237E+13 1,09275E+13

gostoso 23453926,57 9586979,745 27793909,56 -66661811,79 2,80836E+13 5,47894E+13 4,8812E+13 9,90996E+12

grão comprido -2047869,596 18766401,83 1322885,481 72083515,02 -7,17748E+12 -1,40028E+13 -1,24751E+13 -2,53274E+12

grão graúdo -3743555,956 -3355086,299 18190897,75 203689940,8 6,36731E+12 1,24222E+13 1,1067E+13 2,24686E+12

grão miúdo 36623781,35 -11521523,89 5405116,593 65188432,63 8,10686E+12 1,5816E+13 1,40905E+13 2,86069E+12

macio -5160020,529 58536973,8 75609369,95 -140449074,5 6,34708E+11 1,23828E+12 1,10318E+12 2,23972E+11

muda da época dos avós 2870064,313 2491620,571 6324636,321 15900666,5 -1,66861E+16 2,16333E+15 1,92823E+15 -8,14733E+14

muda da época dos pais 2660444,454 2986200,303 4783302,981 16613835,86 1,66924E+16 -2,15097E+15 -1,91721E+15 8,16969E+14

muito bom -10327732,31 12176702,08 -34127662,08 -59308363,79 -3,47818E+12 -6,78571E+12 -6,0454E+12 -1,22736E+12

não é áspero 7393674,751 12183273,75 102192278,9 -127346138,6 -2,12557E+12 -4,14685E+12 -3,69443E+12 -7,50056E+11

não é da regão 5281929,342 -18941300,09 -21476065,35 35434666,73 1,3721E+13 2,67688E+13 2,38484E+13 4,84177E+12

não é gostoso -46466967,31 -11584087,77 7836953,501 137620851,5 1,26761E+13 2,47303E+13 2,20322E+13 4,47305E+12

não é quebrador -8452662,761 -20833597,22 -246383617,3 -90894542,33 -1,88034E+13 -3,66843E+13 -3,26821E+13 -6,63522E+12

não existe mais 15148769,06 -14915888,62 -25953291,6 63471150,11 1,13582E+13 2,21592E+13 1,97417E+13 4,00801E+12

não produz bem 28457381,48 22289009,46 -92043789,47 -2114815,869 1,63766E+16 -1,92268E+15 2,0443E+15 -7,17044E+15

nasce misturado no arroz que planta 28541573,85 22090364,93 -91424723,61 -2401255,403 -1,63907E+16 1,89524E+15 -2,06874E+15 7,16548E+15

nunca plantou 14714355,29 29112851,07 89187639,42 53977685,48 1,34262E+13 2,61937E+13 2,3336E+13 4,73775E+12

o pai plantava -25135101,79 -14829238,39 -24089638,55 -132584977 -3,21735E+13 -6,27685E+13 -5,59206E+13 -1,13532E+13

o pai que deu a muda -555650,7934 13548132,72 4903437,481 68145403,73 6,75572E+12 1,318E+13 1,17421E+13 2,38391E+12

os antigos plantavam -13220645,75 7488525,743 -20134705,49 -90551022,23 2,1248E+13 4,14535E+13 3,6931E+13 7,49784E+12

plantava antigamente 17164827,53 18999955,89 -4120225,383 -17199507,07 -8,06231E+12 -1,57291E+13 -1,4013E+13 -2,84497E+12

produz bem 28614454,25 24381543,39 20191250,55 36835818,39 8,66866E+12 1,6912E+13 1,50669E+13 3,05894E+12

rende na panela 6453313,82 -13244116,72 47434072,89 107257399,8 6,65156E+12 1,29768E+13 1,1561E+13 2,34716E+12

ruim para comer 10922379,67 7073847,775 16192807,13 -78051070,2 1,27157E+12 2,48076E+12 2,21011E+12 4,48705E+11

tem bastante vitamina 5485396,694 -725522,91 -24764360,65 41194907,87 2,00498E+13 3,91158E+13 3,48484E+13 7,07503E+12

tem que comprar na casa da lavoura 6142002,944 3182437,687 9639562,148 -36582704,05 -1,75299E+13 -3,41997E+13 -3,04686E+13 -6,18583E+12

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305

vermelho -17206550,89 -21401469,62 -13987883,34 9647938,841 3,60998E+13 7,04284E+13 6,27448E+13 1,27387E+13

VARIÂNCIA 5,63032E-33 9,08972E-33 8,28421E-19 4,20276E-18 2,69729E-17 3,20383E-17 4,01569E-17 6,84018E-17

CARACTERÍSTICAS FATOR 33 FATOR 34 FATOR 35 FATOR 36 FATOR 37 FATOR 38 FATOR 39 FATOR 40

ainda existe em outros lugares 3,23267E+11 3,02526E+11 -2013385,877 46542215,89 32173604,76 42821556,03 1022863,401 -3211133,274

bom para colher -8,58272E+12 -8,03205E+12 -49090725,83 -59124959,46 -17230795,12 7382769,439 7889682,765 15977220,42

bom para comer 1,36347E+12 1,27599E+12 64801886,89 35317846,32 -28115750,23 -21568767,49 4587143,897 -39600260,19

bom para cozinhar -1,12136E+13 -1,04942E+13 237525581,7 -72048489,59 -9405157,407 3420878,881 -42615590,44 -312331,7209

bom para plantar 1,52259E+13 1,4249E+13 22679432,68 -44724190,37 -4166597,823 -13484481,75 13068921,66 28975003,42

branco 1,61013E+13 1,50682E+13 -110502015,7 230993710,8 -5208636,361 271478,1362 -16213859,48 5725051,754

cacho curto -9,11198E+12 1,78298E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153

cacho ralo 1,47549E+14 1,70692E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153

casca ápera -6,65805E+14 2,20801E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153

casca dura 5,01678E+14 -5,72195E+15 -4292428,793 -48168347,78 3696995,192 -4615450,464 20085997,49 6266028,153

casca grossa -8,91439E+12 -8,34244E+12 -640527053,2 -179485066,6 -2068127,409 -2974063,041 -1604567,846 9303356,272

comprou de um agricultor de Bombas 9,56852E+12 8,9546E+12 -85348903,06 -9974334,511 -18793881,79 -12667337,5 -19416772,51 -18498305,7

comprou de um vizinho -6,30154E+12 -5,89723E+12 86290101,33 42061411,81 56556134,85 40243103,26 -11281964,22 18409937,22

dá um cacho grandão 1,13443E+12 1,06164E+12 719640584 -126898703,4 9075002,777 687104,3949 4416690,416 12861310,59

difícil perder a muda 1,12127E+13 1,04933E+13 -27830815,78 -71519796 -84091603,11 91897355,51 -35227894,24 -9366268,107

duro de limpar -3,21375E+13 -3,00755E+13 111042659 85460044,64 -20530634,45 27442129,36 2866759,436 8369599,459

duro para cozinhar -4,30064E+15 -4,35477E+15 21383095,14 11413486,25 -3497558,259 11752106,46 34402348,66 -8097409,645

duro para socar 4,2825E+15 4,3378E+15 21383095,14 11413486,25 -3497558,259 11752106,46 34402348,66 -8097409,645

é amarelo 2,42841E+12 2,2726E+12 -35483992,84 26315870,56 16614802,38 -13842734,21 -13092596,18 11654362,08

é bom -3,12834E+12 -2,92762E+12 -77265914,23 -28069434,66 -37613097,89 -13811176,26 97327,46846 11970349,27

é bom para socar -3,47682E+12 -3,25374E+12 48845235,95 54551104 9526213,464 9904070,938 10209418,29 5368324,898

é da região -5,00944E+12 -4,68803E+12 75189902,75 29027175,74 35970174,12 -22109960,33 -29900240,81 -11984111,58

espeta tudo -4,91357E+12 -4,59831E+12 53054666,16 -38857014,9 -14163455,21 -32826542,28 -19570437,79 -21349980,09

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306

está plantando -5,82358E+12 -5,44993E+12 -104922339,3 -7576800,776 16756043,18 12387146,09 -4557326,518 7483193,401

foi o melhor arroz que já existiu 2,12749E+13 1,99099E+13 -103207857,7 5602398,305 30156731,54 -27783902,97 -4930963,441 -29597834,63

gostoso 1,92939E+13 1,8056E+13 -77459055,47 8538909,968 -16652351,47 9385596,571 22617843,56 30468306,65

grão comprido -4,93105E+12 -4,61467E+12 65412485,06 6233698,322 -1341873,253 -27920679,78 10565418,06 -11458938,02

grão graúdo 4,37445E+12 4,09378E+12 181851528,6 -30291081,68 -11726270,98 -2460895,34 7154282,899 -18481535,14

grão miúdo 5,56954E+12 5,2122E+12 26362963,17 15547959,91 15331188,59 34662022,36 10494996,76 13391305,74

macio 4,36055E+11 4,08077E+11 -144290959 -43680506,77 65365165,85 44162202,48 35865699,2 -58472834,76

muda da época dos avós -7,38369E+15 2,42681E+14 -3946959,14 9844563,486 49763560,97 -35983404,66 8098212,023 10300447,83

muda da época dos pais 7,38804E+15 -2,38607E+14 -3946959,14 9844563,486 49763560,97 -35983404,66 8098212,023 10300447,83

muito bom -2,38957E+12 -2,23625E+12 -31822262,98 17128498,41 13269662,23 -14533646,36 -35618964,59 7865711,182

não é áspero -1,4603E+12 -1,36661E+12 -124793861,3 -81425182,82 -8917696,339 4230433,702 594671,8502 22897339,42

não é da regão 9,42654E+12 8,82173E+12 26312133,76 19192996,1 22498947,74 15516052,55 3605317,429 3358170,82

não é gostoso 8,70868E+12 8,14993E+12 141795517,6 -43429459,89 -20453206,81 -19637439,11 -5833304,834 -13194057,16

não é quebrador -1,29182E+13 -1,20894E+13 -41874971,91 234377824,5 -62844274,92 -33319771,89 45820472,48 10712167,07

não existe mais 7,80328E+12 7,30262E+12 22668968,55 37604890,03 10478413,89 34128227,87 26942342,24 2353793,862

não produz bem -3,93868E+15 3,76408E+15 7171525,42 82874379,85 6066847,13 15452124,01 -49979995,6 -4428678,349

nasce misturado no arroz que planta 3,92902E+15 -3,77312E+15 7171525,42 82874379,85 6066847,13 15452124,01 -49979995,6 -4428678,349

nunca plantou 9,22403E+12 8,63221E+12 45038280,09 -75841727,45 -32552891,73 -54583933,44 -9993777,393 4269801,36

o pai plantava -2,21037E+13 -2,06855E+13 -94306731,12 -7284295,6 14151634,96 -7632450,317 -33245771,29 -6523775,009

o pai que deu a muda 4,64129E+12 4,3435E+12 18927242,89 10674331,47 39185961,22 15794326,73 -8392195,332 36470486,09

os antigos plantavam 1,45977E+13 1,36611E+13 -63228225,83 20757496,02 1798331,814 -4024430,862 -29613735,36 26414843,81

plantava antigamente -5,53894E+12 -5,18355E+12 -26418068,86 11516076,3 -10909773,86 -592689,7728 5227424,551 -14090989,1

produz bem 5,95551E+12 5,5734E+12 17075815,29 2392496,056 -27061607,37 19410599,76 11826021,58 -3311235,379

rende na panela 4,56973E+12 4,27653E+12 84990612,21 -26240082,08 -1691509,911 18052045,44 32379459,17 8520880,733

ruim para comer 8,73592E+11 8,17542E+11 -63910101,76 -18820043,37 -5138017,701 -6969799,707 -14847983,49 4551424,929

tem bastante vitamina 1,37745E+13 1,28907E+13 36916054,13 34175829,61 -10834900,79 3442600,329 15280333,91 -9190243,301

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tem que comprar na casa da lavoura -1,20433E+13 -1,12706E+13 -30612533,3 -3408267,322 -11746252,79 -641494,3908 6238451,6 43647,47264

vermelho 2,48011E+13 2,32099E+13 10466104,36 9553056,462 -4169953,613 7365137,317 3670063,806 -8723803,401

VARIÂNCIA 1,21355E-16 1,36842E-16 1,70628E-16 1,95868E-16 2,28654E-16 2,38575E-16 2,72615E-16 3,36408E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 41 FATOR 42 FATOR 43 FATOR 44 FATOR 45 FATOR 46 FATOR 47 FATOR 48

ainda existe em outros lugares -20132035,74 -3146161,186 -19781848,8 3469926,67 2407033,707 -2773546,022 13545505,32 9828533,348

bom para colher 7564976,264 16921478,54 -8485421,203 -10434810,88 3004386,608 10930391,2 5958532,3 -6818322,231

bom para comer 43380047,04 -16953088,08 -10396487,82 15981413,17 -6015598,131 -14477095,12 5538481,346 7708547,889

bom para cozinhar 8804172,681 4109896,73 -10970115,17 7869567,977 1776612,379 8552112,748 -561050,8807 2111029,335

bom para plantar -25736618,25 1420551,52 3718417,035 11961407,36 5153577,215 5732736,88 -27606088,88 -146799,8502

branco 5033389,169 2916775,243 -7278113,853 -2935992,29 -424514,3521 4484469,945 2239749,834 1082390,513

cacho curto 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658

cacho ralo 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658

casca ápera 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658

casca dura 1012168,77 -971467,3079 -408243,9339 6512822,206 2213351,691 -873773,9681 4736042,649 2696685,658

casca grossa 5905122,236 2734382,972 -8602351,698 -1730190,442 -717657,1483 4242776,468 2467642,05 1370204,187

comprou de um agricultor de Bombas -3715279,563 -4161419,803 545270,3143 2851106,249 -7606200,84 17646684,77 -3156065,34 3541456,405

comprou de um vizinho 6961733,034 13233070,69 15677450,54 3044512,903 -345780,3883 17840165,91 -2083086,26 -3406188,102

dá um cacho grandão 6757038,687 2888919,138 -8452116,633 -1968098,483 -231681,2507 3712091,221 2429647,452 1234700,81

difícil perder a muda -927205,2166 697183,1965 17959348,73 6988003,006 6080117,342 10543311,41 10300564,19 4464363,631

duro de limpar 10862249,87 -13381094,08 5851402,824 2455977,972 11871502,99 -2760480,666 3236734,455 4134913,133

duro para cozinhar -1051387,287 4392295,192 7110551,213 -3375379,363 -5250039,298 3004384,949 3092119,33 -5090753,043

duro para socar -1051387,287 4392295,192 7110551,213 -3375379,363 -5250039,298 3004384,949 3092119,33 -5090753,043

é amarelo 2414642,846 2028738,434 11478376,3 31515101,07 1260973,25 2345445,12 18205285,57 -15415764,74

é bom 6462494,43 -1193593,384 -2203624,835 -12847860,7 374361,945 -1672060,053 -3399908,708 -6365745,17

é bom para socar 32990338,87 958431,7232 19555698,22 -788287,2656 9537961,449 -1270971,444 -5045626,09 -10480965,67

é da região -7244387,441 -12197146,51 -2664287,315 3690378,364 -2799355,553 -7443305,416 8191968,358 -3625781,012

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308

espeta tudo -20653989,3 26542571,88 -7534879,856 4769358,383 9468915,342 646040,8122 13820035,36 -9305876,322

está plantando -2463056,574 -2056015,874 9564275,839 -24284753,15 -131238,3808 -172342,3922 1033972,779 -5016331,437

foi o melhor arroz que já existiu 3306946,977 15577460,33 12762766,21 3500865,631 9091976,525 -10381012,42 9864617,772 2770413,9

gostoso 29525353,48 -2908185,205 -1095187,992 4494485,451 3388331,354 -813535,4939 6475198,796 640135,8283

grão comprido -22667797,01 9076932,145 14578099,55 20993512,96 6013276,245 57025,46493 -7821015,124 16652456,29

grão graúdo -25646760,73 -27666521,86 18469128,64 -18408747,1 -8074711,042 -10327983,61 9130373,331 -11416736,25

grão miúdo -5457969,479 -9819024,018 1138775,005 9137869,256 3692822,347 -366954,8874 -3300950,779 -6631518,341

macio 2617020,529 9805677,112 2010847,75 6148224,984 -472094,4785 5652249,86 -9328053,248 -2410009,689

muda da época dos avós 6475937,56 -8921230,635 -3449262,229 -10796171,8 13590168,4 15339925,51 9171883,307 4398453,75

muda da época dos pais 6475937,56 -8921230,635 -3449262,229 -10796171,8 13590168,4 15339925,51 9171883,307 4398453,75

muito bom 4231747,122 6598660,067 8616041,809 -10613624,92 -13379852,25 5047841,473 10212971 363817,6951

não é áspero -8557347,172 -7002909,511 1559933,66 -5616582,972 23304419,56 -31034204,02 4998046,73 8703761,512

não é da regão 16127,07861 -30623517,54 1736394,454 -8660742,259 -2475507,263 -1132802,684 -11009806,68 14115016,1

não é gostoso 8917277,193 24838760,34 -2432844,972 -18505203,82 15119230,31 -6817116,211 -8503829,203 -1930503,853

não é quebrador -14267679,04 12400285,7 -424564,792 2111278,882 -646672,0653 4011538,237 -503654,4959 1461730,514

não existe mais 332267,4369 -1009391,409 4985982,084 5867950,659 29603708,35 -3064389,568 -1179910,074 -6396372,234

não produz bem -1274728,882 9038072,321 -4348142,621 -6823985,065 9333559,263 -2982167,394 -5933377,382 5223544,614

nasce misturado no arroz que planta -1274728,882 9038072,321 -4348142,621 -6823985,065 9333559,263 -2982167,394 -5933377,382 5223544,614

nunca plantou 12891777,31 811539,1544 22538797,47 5741412,24 5721710,806 7917395,213 -6449020,752 2261740,326

o pai plantava 11767000,36 -7001862,944 -8413746,736 11365617,65 4166391,232 -5027760,805 -24608403,91 -8697861,928

o pai que deu a muda 6941880,021 33777432,94 10020255,22 3164809,624 -22473832,76 -29294696,28 -180133,472 2154581,3

os antigos plantavam -5872121,365 -13629354,58 -5524836,679 11496250,08 -1906001,486 7232392,386 6528177,12 1479449,329

plantava antigamente 5815474,913 9728285,463 25551279,15 -13720244,47 -1557380,569 5370738,052 3971589,016 21292609,01

produz bem -9069933,034 1603990,577 -22836654,57 385989,8257 -727204,4807 -1862190,533 4621103,082 -9026847,449

rende na panela 6767735,134 14929348,12 -15301291,73 856097,7694 -17135753,2 4584191,155 -692676,7121 16739751,34

ruim para comer 1231358,362 -16044247,92 9787141,943 270674,2523 -17650711,09 -1847844,797 -6166395,652 -5887983,218

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309

tem bastante vitamina 6677185,822 3259628,825 -4062996,151 -8341519,265 -2123362,682 -620793,5916 -5870478,152 -16945436,17

tem que comprar na casa da lavoura 5608669,662 1163369,64 -14249141,39 -2546189,933 -229954,8641 2885670,353 -1338325,358 -528619,8785

vermelho 7907531,248 4524024,67 -15774322,64 -5404028,396 5746110,848 493547,8121 -5025746,525 741108,1018

VARIÂNCIA 4,3949E-16 5,16136E-16 5,54462E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 49 FATOR 50 FATOR 51

ainda existe em outros lugares -351976,4945 -9556843,635 2974671,835

bom para colher -1562561,448 2991236,467 -3029177,927

bom para comer -4401415,763 1773206,715 211899,8031

bom para cozinhar -8809956,416 689081,5817 -5726888,265

bom para plantar 488539,0175 -9661548,154 1944813,511

branco -7928159,784 -2840739,017 -895050,4961

cacho curto 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49

cacho ralo 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49

casca ápera 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49

casca dura 1138446,371 -4199723,098 -1573601,49

casca grossa -7659435,48 -2687727,918 -577425,8343

comprou de um agricultor de Bombas 6207140,518 3070294,293 -3721641,901

comprou de um vizinho -5388041,375 8321259,979 4231997,536

dá um cacho grandão -7965545,011 -2818250,917 -462080,3914

difícil perder a muda 5372747,285 2715581,235 -491724,7629

duro de limpar -4236248,033 1836330,139 -1150127,048

duro para cozinhar -324811,6192 6982908,444 -537100,704

duro para socar -324811,6192 6982908,444 -537100,704

é amarelo 287335,0134 -7753238,938 -3906414,034

é bom 279665,9835 -2551013,826 1995868,189

é bom para socar 21492680,73 -5518339,353 4737533,059

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310

é da região 12089153,08 301130,6931 6312216,568

espeta tudo 5642868,93 170894,7431 3179388,63

está plantando -4385893,096 -7177370,124 5386583,48

foi o melhor arroz que já existiu -6031914,213 2833000,545 -697719,5176

gostoso 2609396,102 -13948319,11 2116152,576

grão comprido 5848892,963 -2506891,635 5527018,024

grão graúdo -6098142,776 -5424983,915 7106989,592

grão miúdo 14428024,65 2133144,248 1078401,721

macio -2110343,11 3134413,277 -3422616,895

muda da época dos avós 4567590,171 3645884,228 -2272954,017

muda da época dos pais 4567590,171 3645884,228 -2272954,017

muito bom 10419336,64 1191128,49 2839651,307

não é áspero 5397369,188 10268328,72 -2677971,953

não é da regão 582157,207 4592863,521 -7449352,347

não é gostoso 6980576,195 1344393,937 -12379633,69

não é quebrador -2178394,793 5755317,068 -4370711,977

não existe mais -11486329,32 8011411,423 2824257,894

não produz bem 1455399,439 -2810624,704 -1635126,091

nasce misturado no arroz que planta 1455399,439 -2810624,704 -1635126,091

nunca plantou -5072098,798 9908102,702 8994466,781

o pai plantava -83672,73304 -6210949,983 4254863,951

o pai que deu a muda -5424742,798 5691063,443 1969578,142

os antigos plantavam -9254926,499 6761216,663 896913,5872

plantava antigamente -3031069,563 -15346969,87 6141039,848

produz bem 11104617,26 2429816,267 2841633,803

rende na panela 12236984,77 2172014,442 392733,8583

ruim para comer 6204035,214 12386120,5 -7120730,441

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311

tem bastante vitamina -6825372,043 -10189893,01 -6034695,872

tem que comprar na casa da lavoura -2311746,25 6934733,182 25667196,59

vermelho 1190072,046 4726094,485 17941334,31

APÊNDICE - F

Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis - FEIJÃO

VARIÂNCIA 6,587781668 4,897154398 2,474815991 1,808986126 1,31555338 0,991160226 0,398276164 0,368164588 0,158107459

CARACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9

Água escura 0,009466239 0,134640322 0,079777513 -0,260341946 0,158179803 0,089007291 0,123992024 1,308296858 -0,776033252

Bom para plantar 0,080505723 0,040678313 0,018560897 -0,015038371 -0,403544369 -0,627230877 -0,043791587 0,071913517 -0,523608455

Bom para secar 0,021204251 0,173076561 -0,077984862 0,145021059 -0,038899517 0,349059315 0,246580849 -0,308501537 -0,668097509

Bonito 0,11771542 0,044348946 -0,09143137 -0,034525904 0,393537453 -0,154533404 -0,002728865 -0,134760144 0,309758146

Dá muita praga 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308

Duro 0,021204251 0,173076561 -0,077984862 0,145021059 -0,038899517 0,349059315 0,246580849 -0,308501537 -0,668097509

É mole 0,100576487 -0,084625976 -0,155266087 0,012554895 0,366529882 -0,077179216 0,117806664 -0,013291945 -0,140304531

Fácil de vender 0,135338947 0,078451667 0,03671466 -0,101530164 0,00785588 0,048352082 -0,167690242 -0,09591717 0,543220551

Faz sopa 0,069159182 -0,100748369 0,121735073 0,239234667 0,305560584 -0,212717258 0,559687263 -0,035082746 -0,775815273

Fica fedido 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308

Gostoso 0,097031156 0,030004631 0,275662111 0,147763123 0,017981606 -0,112068307 0,33078049 -0,101330306 -0,227775986

Não dá cheiro ruim 0,047426427 0,182242753 0,066666446 -0,07033146 0,117914162 -0,135855336 -0,162281764 -0,190936502 0,668113538

Não é bom para guardar 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308

Não é gostoso -0,022389174 0,006907119 -0,307938375 0,307120379 0,072679225 -0,048620388 0,078692223 0,627482669 0,934662711

Não é produtivo -0,014715084 -0,03397693 0,261809114 0,279290681 0,184182538 0,167942351 -1,113411392 0,166960632 -0,200367196

Não faz sopa -0,072599917 -0,060588024 0,277273848 -0,12551525 0,060797024 0,211403625 0,723930913 -0,0169425 1,045423529

Pode ficar mais tempo guardado 0,047426427 0,182242753 0,066666446 -0,07033146 0,117914162 -0,135855336 -0,162281764 -0,190936502 0,668113538

Produtivo 0,073260742 0,056266639 0,101104201 0,369685537 -0,263527303 0,023916572 0,262497245 0,509579201 0,759655956

Ruim de plantar 0,134149824 -0,076988797 -0,017408561 -0,065885549 -0,107374393 0,200726461 -0,062698303 0,062250115 0,060693308

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312

VARIÂNCIA 1,46917E-16

CARACTERÍSTICAS FATOR 10

Água escura 1,97718E-08

Bom para plantar 4800852,726

Bom para secar 2527661,697

Bonito 2494999,477

Dá muita praga -12591257,69

Duro 1191062,834

É mole 4103492,911

Fácil de vender -9287344,302

Faz sopa -4067953,097

Fica fedido -35200028,16

Gostoso 323043,897

Não dá cheiro ruim -37636820,03

Não é bom para guardar 45989922,17

Não é gostoso 826901,0094

Não é produtivo 2771773,614

Não faz sopa 4800852,726

Pode ficar mais tempo guardado 40517615,56

Produtivo -924503,4339

Ruim de plantar 6826436,757

APÊNDICE - G

Component Score Coefficient Matrix - Extraction Method: Principal Component Analysis - MILHO

VARIÂNCIA 18,81463814 15,5697901 7,792136755 6,61130396 3,776956325 2,948992493 2,227117289 1,259064935 1,62506E-15

CARTACTERÍSTICAS FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 FATOR 5 FATOR 6 FATOR 7 FATOR 8 FATOR 9

a palha é remédio 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 768683,5173

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313

aguenta a chuva 0,038644507 0,017724992 0,024565032 0,00663076 -0,100777827 0,147020789 0,040293039 0,099570342 752543,2022

amarelo -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2086285,704

atura mais tempo 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 765745,6793

bom para criação 0,024878303 0,009889486 -0,064930557 -0,027995881 0,157077563 0,097288887 0,08018951 -0,022041787 -980118,2493

bom para espigar 0,00298134 0,058271383 -0,049908619 0,017388238 0,012672098 -0,018796384 0,012009549 0,044756958 -2537489,49

bom para fazer canjica -0,006136107 -0,016079107 -0,026318318 -0,054480937 0,180087838 0,163700726 0,09787198 -0,07531699 39050,2302

bom para fazer pamonha 0,027920036 0,013189002 -0,057974568 -0,003530482 -0,025364975 -0,079615045 -0,114193044 -0,46872662 1244600,268

bom para milho verde -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2078908,22

carrega mais de semente -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2079149,332

caruncha muito -0,029677122 0,024818595 0,018230085 0,101626098 0,063712658 -0,032156677 -0,008495295 -0,005487103 -1638973,111

chocho -0,004156076 -0,015092212 0,030562298 0,128882083 0,09522656 -0,052673633 -0,018916587 -0,020308199 288899,1319

cresce muito 0,034901576 0,017526397 0,055525484 0,069502375 0,077193494 -0,035512455 0,001744466 0,002006601 252084,335

dá para quebrar o galho -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2076269,544

dente grosso -0,005377543 -0,016753639 -0,008448396 -0,027900651 -0,056226709 -0,19319503 0,314008287 0,124576265 248157,4626

difícil o vento derrubar 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 469749,9702

duro -0,006136107 -0,016079107 -0,026318318 -0,054480937 0,180087838 0,163700726 0,09787198 -0,07531699 7615,29421

é fraco -0,029677122 0,024818595 0,018230085 0,101626098 0,063712658 -0,032156677 -0,008495295 -0,005487103 -1603613,166

é gostoso 0,014270249 0,05953729 0,030853177 -0,012714608 0,00641403 0,006359532 0,019474437 0,02424503 -118793,1769

é macio -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2066195,56

é mole 0,00145832 -0,01479432 -0,01587838 0,03457466 -0,171730422 0,221126232 0,038906272 0,126037413 308882,6974

é natural 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 304446,562

é o melhor 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 304513,0993

é tardio de 6 meses 0,017461432 0,01222014 0,112302663 -0,042074388 -0,007142565 0,034404578 0,013324515 -0,022840346 -212359,2614

espiga comprida -0,005377543 -0,016753639 -0,008448396 -0,027900651 -0,056226709 -0,19319503 0,314008287 0,124576265 227488,0975

espiga graúda 0,034032865 0,007270251 0,04263373 0,087802678 -0,035379677 0,106162436 0,026261433 0,081616688 950224,4398

espiga miúda -0,031173884 0,024072572 -0,02476762 -0,036983316 0,127861754 0,131406964 0,079788563 -0,047069841 1127823,761

estou plantando 0,008988082 0,039667154 0,012701476 -0,05127643 -0,029951366 -0,087884942 -0,27313854 -0,098023327 -22158,40317

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falha semente na espiga 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 245044,2899

muito bom 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 245581,282

não aguenta na chuva -0,004156076 -0,015092212 0,030562298 0,128882083 0,09522656 -0,052673633 -0,018916587 -0,020308199 487709,699

não é bom -0,013335822 0,045464792 0,080019993 -0,027604847 -0,013671127 0,033668263 0,015876687 -0,007401226 -77789,15074

não é bom para pamonha -0,002039312 -0,022592094 0,011099999 0,123561683 -0,057831484 0,127338195 0,015110782 0,079923773 1750068,906

não é carunchador 0,03061915 0,010860694 -0,057038705 0,039323823 -0,108872043 0,140698489 0,035615626 0,130167834 -2532922,677

não é semente tratada 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 15873,84585

não falha semente -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2050206,735

não planto -0,02559537 -0,001768726 0,06171435 -0,019936181 0,136856753 -0,077203618 0,074771284 0,329353081 676754,4066

não planto mais 0,024232835 -0,000483243 -0,029928544 0,120601741 -0,032531744 0,088968648 0,018798971 0,10125844 160566,1812

nasce no meio de outros tipos de milho 0,017461432 0,01222014 0,112302663 -0,042074388 -0,007142565 0,034404578 0,013324515 -0,022840346 -258192,3901

nunca plantei -0,008479862 -0,023397139 -0,026759036 -0,071335445 0,139370983 0,064650303 -0,154162378 0,302033268 419781,734

o vento derruba 0,010057904 -0,002171082 0,10799576 0,065620449 0,066585241 -0,013810108 -0,00422721 -0,032617234 167359,7349

palha branca 0,017461432 0,01222014 0,112302663 -0,042074388 -0,007142565 0,034404578 0,013324515 -0,022840346 -294296,6668

palha dura 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 2742,320123

palha fina -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2054183,459

palha fraca -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2054244,285

palha grossa 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 154019,5894

palha roxa 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 153759,3543

palhudo 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 2808,770359

planta alta 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 2850,941598

planta baixa -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2061384,574

produz bem 0,014270249 0,05953729 0,030853177 -0,012714608 0,00641403 0,006359532 0,019474437 0,02424503 -539699,6058

ruim de comer -0,004156076 -0,015092212 0,030562298 0,128882083 0,09522656 -0,052673633 -0,018916587 -0,020308199 -175313,3035

sabugo roxo 0,039047008 0,029161667 -0,059576735 0,017445868 0,027706246 -0,034999627 0,008208772 0,046158447 359010,102

semente graúda 0,042716365 0,031281706 0,039857056 -0,018617411 0,015544681 -0,000449815 0,016277634 0,017626827 -45190,79634

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315

semente miúda -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 1557181,637

semente tratada -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 2576777,428

só serve para fazer pipoca -0,005081696 -0,014872399 -0,009080559 -0,039886987 0,004282642 -0,078176415 -0,301809636 0,474869447 172334,601

tem pouca palha -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 -22745082,36

tem que colher rápido -0,035103066 0,047924127 -0,006446163 0,005556608 -0,010942636 0,010134347 0,007678369 0,013049444 4508525,863

VARIÂNCIA 7,29991E-16 5,1186E-16 4,47805E-16 3,58957E-16 3,22527E-16 2,50878E-16 2,41445E-16 1,89369E-16 1,43873E-16

CARTACTERÍSTICAS FATOR 10 FATOR 11 FATOR 12 FATOR 13 FATOR 14 FATOR 15 FATOR 16 FATOR 17 FATOR 18

a palha é remédio 1787239,958 369380,8399 917220,7171 3090892,063 -3709618,402 4982848,49 991696,0789 7982552,018 -4705761,944

aguenta a chuva -5010616,415 -1849147,946 2767671,471 -13933647,97 -7742872,214 14969281,33 -8951266,881 30469384,08 11118321,12

amarelo -538352,037 870590,5114 -197403,6618 2460018,958 -40122,91086 -1164768,358 -3088065,494 -322745,2924 -5049159,42

atura mais tempo 1949918,665 493635,6152 908768,0426 3475693,617 -3077939,356 3668402,927 2495260,943 3792820,305 -5556777,341

bom para criação 3688478,983 -1901315,057 -11125247,23 4715164,769 -14336511,08 -25288632,67 7231689,742 16182553,45 12345696,95

bom para espigar -298377,7536 6281555,031 -8796457,75 -6899459,38 -517261,8714 11806579,28 2985660,066 -11762944,72 -38146978,76

bom para fazer canjica 2459078,489 -3236524,281 7163105,765 1036913,208 16995257,21 10679945,99 -4568490,411 -4388216,68 -2819297,399

bom para fazer pamonha 5091576,402 -7577803,509 10266874,24 597443,7342 -14164050,12 9083595,62 10433585,37 -13421377,14 -542645,7966

bom para milho verde -424805,101 684428,4903 -15800,31133 2635830,501 119523,4694 -1016757,764 -3006878,374 -18430,84912 -5196883,391

carrega mais de semente -424796,2395 684186,7686 -15970,85793 2637583,092 119505,1157 -1015618,459 -3006781,388 -33740,09883 -5198081,188

caruncha muito -272515,284 -748077,4707 -521960,2993 8001820,679 -7965930,059 2231126,344 5632877,25 219553,8804 18469688,77

chocho 5605163,363 2460527,74 4415862,181 -8473484,849 2491783,193 -2580922,993 -11913570,54 -3041292,399 2299098,648

cresce muito -11746983,34 -8411911,715 -3834213,686 -4959634,946 15860284,6 -14031364,02 29093114,04 12128234,31 -31841838,23

dá para quebrar o galho -373167,7948 788881,976 48087,45388 2647300,2 -18108,94629 -402975,266 -3704908,521 -320490,7179 -6252236,314

dente grosso 3326958,54 177541,2513 4627014,187 4740127,646 5763710,151 1081085,749 1379513,487 6061664,017 1849522,043

difícil o vento derrubar 1514319,497 244486,0761 1774379,247 3318166,091 1663440,711 2275675,874 1567860,264 7582873,791 3624164,963

duro 2036285,535 -2979176,938 5773112,684 1887088,266 16785991,96 9948239,516 -4519062,038 -3901601,075 2161672,575

é fraco -117799,4163 -380611,1104 -1567670,215 9319210,247 -10109473,16 3169860,43 5061124,204 672223,8297 19972678,53

é gostoso 4092216,458 -12679872,13 -8534383,694 -12639676,8 -3029483,603 11676204,31 -5806828,024 16468548,67 -10857056,13

é macio -301426,584 695979,2333 187324,6214 2525625,603 348831,7855 -1065921,954 -3476116,031 -105979,478 -5660143,134

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316

é mole 12322454,88 7504836,359 -7443861,156 -7739622,7 7619826,813 -4577110,245 15793316,78 -21106120,11 4887749,805

é natural 1389026,454 1540932,683 3643050,941 3314832,507 3470607,241 -491595,3833 1968095,667 1661236,908 6034623,937

é o melhor 1389028,9 1540865,977 3643003,877 3315316,151 3470602,176 -491280,9811 1968122,431 1657012,173 6034293,393

é tardio de 6 meses 5540770,984 1582619,861 12036080,7 3051744,044 -2860210,773 1064557,266 11870993,49 434475,3503 -4805985,151

espiga comprida 3087260,005 135943,9213 3186496,984 2981754,71 4516079,049 -823,3601043 -224642,6643 5457508,282 -724506,0888

espiga graúda -13130186,25 -5069600,151 14666111,47 1708847,234 -741793,2752 3540709,512 -10606856,61 -4544636,335 19183953,22

espiga miúda 3657702,437 -7018198,42 3682621,011 876019,448 -6384546,236 -14434372,82 5250926,784 1509954,624 -1204763,255

estou plantando 1731361,887 8391140,485 2477401,278 -187122,1624 30527803,33 -6480685,753 -3223517,598 17456615,42 16818407,32

falha semente na espiga -2133885,452 3095523,596 -4176140,886 -564118,6239 -365366,1143 570418,6512 596711,4931 -14597918,75 9802809,696

muito bom -2133865,716 3094985,247 -4176520,717 -560215,3507 -365406,9907 572956,0485 596927,4961 -14632014,66 9800142,029

não aguenta na chuva 7566994,806 5135094,354 6555986,68 -12356642,93 1328711,898 -6707505,459 -6232499,308 -4462043,623 -9587371,656

não é bom 1444780,162 4053373,628 -284805,7374 6168342,763 5893603,672 -19901748,94 -7748796,213 6286334,449 10168836,23

não é bom para pamonha 7331096,815 426692,3591 -2981942,036 -2662834,305 2984610,407 5888566,791 21367056,53 6599780,174 5989116,609

não é carunchador 8707380,793 2247013,359 5831471,93 14098379,99 629086,1519 -3119714,446 -13601515,27 6797394,337 -15250310,65

não é semente tratada -1104217,444 2479583,339 -3600560,844 2307359,995 -49484,72746 1544869,337 -2679543,629 -14208191,13 755459,3386

não falha semente -167616,4081 675669,2799 177276,2523 2468501,638 1428441,14 514285,2838 -1955749,675 -1071882,443 -3251294,88

não planto -2205508,738 -1102114,458 2271543,598 -11082905,68 -2518989,865 2531317,378 7040170,243 -15936370,18 13652515,7

não planto mais -11786782,63 -8262245,618 5245372,426 11455155,04 5820006,073 -10450500,43 -4708980,23 -8347363,066 -10808195,24

nasce no meio de outros tipos de milho 5037037,065 889328,3014 11683695,87 5111290,833 -2350797,09 1542989,388 12117602,6 4275917,744 -9418389,494

nunca plantei -4807775,486 17556815,2 665921,4743 755815,599 -10368451,94 13863533,89 1066835,874 8512322,632 -8782721,607

o vento derruba 8274361,897 4518900,886 -6235355,405 2540494,315 -6893029,421 -4869962,657 -17389846,77 15133110,21 -12888767,63

palha branca 5460336,804 1544617,781 10126616,79 7153961,252 -5099702,193 51057,32807 9795731,495 7338760,851 -7621309,328

palha dura -1117896,28 3604070,143 -2737433,011 2475476,452 -859001,6778 1274141,202 -1810267,213 -11333047,66 -809877,3517

palha fina -144887,6812 1031491,39 34752,06237 2478730,612 787961,7601 484678,3704 -2028180,936 -169128,3813 -3735892,904

palha fraca -144885,4456 1031430,411 34709,03839 2479172,74 787957,1299 484965,7841 -2028156,469 -172990,4629 -3736195,074

palha grossa 2728216,256 2501938,527 1587143,668 2494054,206 3647405,061 5105494,695 9494387,801 4247754,039 11037337,73

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palha roxa 2728206,691 2502199,42 1587327,741 2492162,616 3647424,871 5104265,031 9494283,123 4264277,472 11038630,52

palhudo -1114177,792 3604136,347 -2730409,162 2483317,759 -849962,7778 1297811,582 -1776247,325 -11294807,22 -766151,1348

planta alta -1114176,243 3604094,069 -2730438,991 2483624,293 -849965,9879 1298010,85 -1776230,362 -11297484,85 -766360,6328

planta baixa 62537,38609 943847,3072 512448,9633 2570193,587 1131849,722 922432,7785 -728803,8495 323813,1991 -2031296,962

produz bem 7961730,286 -20355757,22 -9333273,911 -9795580,067 6638268,156 8319647,773 -10805082,96 -6742945,346 12276647,09

ruim de comer 5733928,846 4154955,91 -4827539,382 10139905,21 9093125,824 19597837,9 -1337176,622 2273566,382 869594,9991

sabugo roxo 3292978,357 6795126,41 15764355,62 -24084059,92 -4277589,856 -21883111,3 -10694500,2 -6340782,435 -3658840,798

semente graúda -47008,22107 2451707,885 -5411498,494 7793506,846 -3685013,382 123465,5841 -2719211,302 -1704761,116 1994015,891

semente miúda -944757,5139 -424838,8775 17547303,54 -4586578,135 -4344679,613 11577535,96 7194280,846 3140162,134 -6513732,127

semente tratada -2111098,719 5119289,274 -1028502,937 -12936634,94 962064,6826 359325,26 16664161,24 10175069,34 21100135,49

só serve para fazer pipoca 8953545,797 -18265242,86 5743275,71 7268885,913 -1189875,954 -5300838,619 2387150,242 -5956071,769 -2872765,309

tem pouca palha -1137670,836 908219,7673 4340748,266 -1836117,132 1042739,209 -174475,5296 2993096,709 -1435761,205 3222874,506

tem que colher rápido 597659,8867 2367035,292 2194066,64 6050435,088 666343,6064 -4706295,156 1987671,319 -13668602,75 4844137,645

VARIÂNCIA 1,08644E-16 7,77715E-17 5,13897E-17 4,37967E-17 3,70909E-17 3,02624E-17 1,58588E-17 1,24955E-17 9,5936E-18

CARTACTERÍSTICAS FATOR 19 FATOR 20 FATOR 21 FATOR 22 FATOR 23 FATOR 24 FATOR 25 FATOR 26 FATOR 27

a palha é remédio 14031418,05 -21086062,11 1458710,059 -11003870,41 12731639,47 19431051,41 38944685,02 -84897645,32 118022481,7

aguenta a chuva -9048761,44 -2459112,014 21571103,55 -17819709,68 19519965,88 -6995873,492 -5514104,902 -14146083,24 -334269,8655

amarelo -2090407,864 2682047,674 -15212295,66 -12403543,08 -13417951,76 -12655933,03 25177351,38 -115316289,4 133833093

atura mais tempo 17122001,29 -17137673,47 -5415924,878 1743852,799 7545323,4 30073775,96 13518923,82 105778250,5 -110314824

bom para criação 22670250,94 4754551,688 -11882533,87 1806083,554 24143278,01 -11795603,95 31217217,91 -17841296,36 13097127,64

bom para espigar 9203215,944 -10832160,63 -13713609,62 -19402257,98 22395023,81 12280187,93 -36761427,78 -4905240,453 4286371,103

bom para fazer canjica 1582627,548 -10358831,5 6011592,654 23790860,54 15071363,3 -53963254,7 -19232413,36 157649,6915 -36216279,89

bom para fazer pamonha -9641397,946 -15888938,55 1839258,486 -1991685,871 23224212,22 7945206,567 -24151635,23 1643781,859 9693192,341

bom para milho verde -26779,40391 -1699642,92 -14775601,95 -11470744,5 -7015451,597 1745094,419 32237714,29 23196399,25 -43535605,93

carrega mais de semente -26528,35227 -1704423,651 -15355191,11 -11491736,32 -7066023,976 1662836,508 28260117,46 23436544,29 -42913702,91

caruncha muito -14451818,07 18507002,32 -19286015 -2464614,551 -52859867,24 62991986,1 11237672,12 39621940,39 55690656,08

chocho 17438676,24 -16483386,33 4431421,068 578574,8852 41322256,35 38916658,78 40531174,63 -44585249,29 -34414264,45

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cresce muito -12096254,26 9557787,004 16920926,28 -11343471,98 2644586,162 -1731102,941 -600893,1525 -18233701,29 -21574477,53

dá para quebrar o galho 2371052,898 -4629039,134 -13233941,07 -9616473,284 3514638,548 -18078587,66 34335583 -10016764,74 -86602426,16

dente grosso -3896689,432 15409026,5 4601138,241 30807556,81 25085554,38 17158024,45 -47010250,4 -34352587,21 9018149,387

difícil o vento derrubar -1142361,101 1649274,883 9278493,161 75317764,68 -11820807,42 -37665108,07 -25544167,03 43905748,06 48365017,94

duro -3977597,654 4078503,145 -4100561,383 -26991545,67 -40338330,57 73393900,17 1522088,982 8739157,112 26324741,15

é fraco -3083343,433 10024781,32 -18777682,38 19075641,78 1579515,895 -44580743,03 8324082,115 -30781058,85 -79753339,42

é gostoso 8902468,288 -24961554,31 2232956,161 56934048,8 -50388305,95 22998717,23 9984760,406 15398755,71 13022631,37

é macio 1151796,094 -3317027,658 -11656847,51 8147827,24 -797808,9381 -20484981,34 18398867,65 68203099,71 66823291,29

é mole 16161771,68 16667384,19 -570056,314 14999686,41 15784790,85 9103814,568 6173559,754 14175112,69 20173782,28

é natural -10232396,42 21769753,32 2271969,288 7881255,24 8355047,074 29434206,22 -44460849,42 -43580235,28 -34124064,26

é o melhor -10232327,14 21768434,03 2112026,059 7875462,345 8341091,137 29411506,35 -45558505,7 -43513964,94 -33952444,12

é tardio de 6 meses 16663351,72 4750033,649 -19090972,85 -9441277,994 -35632568,46 -49909802,65 -66492370,82 -17210114,91 30765174,28

espiga comprida 6125776,611 -3650166,07 -4168136,582 -25952969,45 -14243434,16 -8485499,038 68078010,78 51401662,73 3176727,696

espiga graúda 16121770,9 413021,2129 -3270171,128 60892,09223 7559594,156 4317376,865 6909633,988 -5881998,434 -10591408,29

espiga miúda -1549615,221 1045067,306 14139969,59 6744485,048 1426459,712 1151284,662 5427436,605 8304862,123 1549236,719

estou plantando 16401454,1 7263686,541 -9932215,535 13008902,14 -4241714,072 4085319,939 36427923,32 2010752,377 4413492,321

falha semente na espiga -64019,83558 -2914310,113 1777750,518 5887288,591 18437037,89 17709971,23 -20110914,8 59494444,54 56880414,07

muito bom -63460,70728 -2924957,492 486921,6816 5840536,779 18324405,89 17526770,97 -28969597,95 60029282,25 58265481,99

não aguenta na chuva -8570242,054 10581196,62 -4829437,391 4587644,287 -26316930,45 -42960301,02 -5364433,777 33196671,66 43966427,5

não é bom -27418680,05 -59715605,06 -13255558,45 -12555645,04 26375111,58 7080100,327 -71099195,19 5913628,23 7143712,084

não é bom para pamonha -17687789,12 -21910533,1 -8445276,845 1307384,245 -22756484,54 10808008,74 1791890,709 -25575071,52 -35303109,98

não é carunchador -13972538,85 -10797053,93 -2129974,417 -3160138,464 -17682676,38 -4468786,367 -1161872,547 -18314625,89 -20638405,92

não é semente tratada -10276063,09 -2999726,542 -218073,4076 4802193,333 -12842757,9 -6561866,326 21443047,9 -45473802,99 -42676871,97

não falha semente 215524,5297 7986351,842 -8610275,668 17495873,45 8898267,594 15163117,75 -36290378,8 -45478892,37 -37400842,58

não planto 1283837,121 -28763715,4 -7986506,385 2801087,654 6046557,769 -124095,8777 -24428458,38 -21802172,64 -3114262,169

não planto mais 10038554,56 3027702,338 -12959458,44 7446207,259 17794623,66 -5058981,98 -3842480,351 52001247,58 58731258,78

nasce no meio de outros tipos -11027128,64 655392,3742 -20544804,04 32698847,68 59343802,54 21329329,14 108188344,2 9085300,635 31371190,12

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319

de milho

nunca plantei -15003582,91 18063984,7 -4212685,11 2105555,268 22198095,05 -3587335,845 14653929,77 20320872,05 14571217,46

o vento derruba -9715252,36 22189234,07 38076897,69 -9882646,553 11144121,9 13050153,66 -39138845,03 44565343,82 13946249,63

palha branca 15584548,41 15783488,54 2029711,878 -23850759,51 -372075,0169 23971533,71 -15903318,75 13523738,08 -34772587

palha dura -9820414,51 2616598,74 178052,2821 12039443,16 -21322017,75 -5622924,394 34977474,41 -24184464,62 -28516711,08

palha fina 307134,7819 11191409,23 -5632856,308 13049238,05 13285633,65 13811230,29 -37153825,35 -14536566,11 -13441611,84

palha fraca 307198,115 11190203,19 -5779069,911 13043942,42 13272875,7 13790478,99 -38157258,14 -14475984,45 -13284723,67

palha grossa -14046057,49 -8191360,552 2196498,731 -39043463,6 -2248327,016 -30350420,88 2408267,055 26558754,06 13747365,66

palha roxa -14046328,45 -8186200,659 2822055,364 -39020806,91 -2193743,719 -30261639,06 6701328,88 26299563,01 13076139,24

palhudo -9920211,3 2533266,199 951092,3821 11537117 -21200628,01 -6160861,908 40859751,15 -22953483,83 -27933312,39

planta alta -9920167,391 2532430,036 849720,5935 11533445,47 -21209473,26 -6175249,051 40164058,18 -22911481,78 -27824539,79

planta baixa -3283399,263 7278999,629 -6730857,469 -15676170,4 8915033,753 -14175257,72 -18855443,83 51534171,17 30867033,5

produz bem -11836173,72 38643694,93 -13866515,57 -34106804,18 40879524,69 -27316917,82 18808870,75 5836473,244 1931780,215

ruim de comer 18506238,03 -12769172,9 6632327,972 -3826434,188 24971970,28 -17440325,08 -2062420,15 -11392316,72 18904069,09

sabugo roxo -383887,7935 5808155,252 -10682796,26 -7206013,765 -16209889,97 830416,2649 6053103,017 -6398571,087 -17610615,69

semente graúda 46099186,12 1458529,888 8833116,698 -27342204,09 -28175107,14 -8801803,284 -40635702,45 -26000272,53 -18049028,48

semente miúda 11420111,07 8559362,464 11058598,43 -1292156,042 204064,7614 -5025381,748 1085752,739 8142294,989 6576705,618

semente tratada 12317340,9 -1402209,158 8384387,011 -1538964,647 1543512,214 8800452,178 -18470584,66 17610284,51 -3536695,498

só serve para fazer pipoca 3197539,413 -6490187,218 9899176,934 -4964614,945 -3255366,848 8800513,216 -13048610,93 416228,6577 -1611265,607

tem pouca palha 1241811,725 -1838039,587 21076862,52 1479932,497 4248760,233 -520327,512 7059447,789 1260583,728 3581169,464

tem que colher rápido -1896823,073 -5283416,916 109408894,4 -1815357,071 -4902304,217 -4488081,789 43850535,47 -5661569,224 6846482,665

VARIÂNCIA 4,93174E-18 3,26168E-18 1,36718E-18 1,06127E-18 4,97393E-22 2,41063E-32 6,55844E-34 4,80412E-34 7,66116E-35

CARTACTERÍSTICA FATOR 28 FATOR 29 FATOR 30 FATOR 31 FATOR 32 FATOR 33 FATOR 34 FATOR 35 FATOR 36

a palha é remédio -32795410,24 103996720,5 110359488,5 110258825,3 375274095,4 8,16851E+11 4,59518E+13 6,01125E+13 1,27862E+14

aguenta a chuva -46260968,12 -31778934,24 22301513,09 -2903977,8 56266969,05 -3,90808E+11 -2,19848E+13 -2,87598E+13 -6,11732E+13

amarelo 149726589 -92328109,26 5356941,556 -53820246,74 -165133482,3 -2,27492E+12 -1,27975E+14 -1,67413E+14 -3,56094E+14

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320

atura mais tempo -65457085,65 -135967540,2 19131711,18 -68753603,74 -50684587,14 -2,20676E+12 -1,24141E+14 -1,62397E+14 -3,45425E+14

bom para criação -70160154,97 -49605537,82 -43747165,83 -28178850,39 90315917,75 -1,26563E+12 -7,11977E+13 -9,31383E+13 -1,98109E+14

bom para espigar 20123450,1 2288299,314 -9382652,736 4711955,589 -172372105,3 1,36031E+12 7,65238E+13 1,00106E+14 2,12929E+14

bom para fazer canjica 117949626 -15237736,35 31511173,27 117810236,4 66138616,67 3,7739E+11 2,123E+13 2,77723E+13 5,90729E+13

bom para fazer pamonha 835929,3513 10642139,75 -4007903,822 81467934,34 -33130246,04 1,22252E+12 6,87728E+13 8,99662E+13 1,91362E+14

bom para milho verde 19676265,55 4274172,015 317392569,7 34649585,94 -1187728303 -6,39727E+12 -2,81064E+14 -2,1991E+15 8,04313E+16

carrega mais de semente 18364352,53 10348507,74 317592977,1 40150858,52 2078937567 5,74405E+12 2,44317E+14 2,15103E+15 -8,05335E+16

caruncha muito -13414775,58 -29025543,78 26238897,09 5964801,255 -25905601,53 -1,32685E+11 -7,46416E+12 -9,76435E+12 -2,07692E+13

chocho 33490438,03 36956492,12 -76663364,45 -3151643,589 111572932,1 -1,44622E+12 -8,13565E+13 -1,06428E+14 -2,26376E+14

cresce muito 9010870,999 13401438,23 18314668,24 26853331,68 39339617,14 -1,39969E+11 -7,87391E+12 -1,03004E+13 -2,19093E+13

dá para quebrar o galho 14228809,06 129248830,3 47268795,66 -303226020 -540424981,8 -1,38629E+12 -7,79857E+13 -1,02018E+14 -2,16997E+14

dente grosso -29393284,57 30338194,38 258906845,8 -293709043 -404817486 6,44094E+11 3,62334E+13 4,73993E+13 1,0082E+14

difícil o vento derrubar 57109608,8 66313666,47 -11794793,95 49833125,24 -82394610,92 1,64146E+12 9,23399E+13 1,20796E+14 2,56938E+14

duro -50589475,91 42647122,56 -16966442,42 -68941095,15 -117365351 4,07381E+11 2,29171E+13 2,99794E+13 6,37674E+13

é fraco 101923837,5 83030444,53 5879905,942 69612779,36 76468724,45 6,10854E+11 3,43634E+13 4,49531E+13 9,5617E+13

é gostoso 39630321,52 25602988,07 -72617154,67 -35065138,26 3115261,138 -3,39219E+11 -1,90827E+13 -2,4963E+13 -5,30979E+13

é macio -80918624,07 50139641,04 128524193,8 18460364,66 -129887024,5 7,34343E+11 4,13103E+13 5,40407E+13 1,14947E+14

é mole 7097313,701 36389859,89 25399250,02 22088656,98 51767052,26 3,80801E+11 2,14219E+13 2,80233E+13 5,96068E+13

é natural -4740528,42 9237262,009 -7170148,404 -18043250,71 -594283369,3 -7,10818E+12 2,26575E+16 -1,8323E+16 -2,35108E+15

é o melhor -5102563,498 10913533,66 -7114844,064 -16525121,38 307184646,7 9,64677E+12 -2,25146E+16 1,851E+16 2,74844E+15

é tardio de 6 meses -153173611,3 -47681707,87 27129067,13 -3243238,565 -210315186,5 2,72886E+12 1,53511E+14 2,00818E+14 4,27149E+14

espiga comprida 42586412,67 -13877636,97 -255814283,2 371960733,9 555696031,3 -8,45808E+11 -4,75807E+13 -6,2435E+13 -1,32394E+14

espiga graúda 4218405,477 9771737,563 -23384078,67 26110614,21 13051558,2 -5639607754 -3,17255E+12 -4,1502E+12 -8,82768E+12

espiga miúda -1926135,849 36845145 26022706,15 -8286149,743 56912543,5 26005627667 1,46294E+12 1,91377E+12 4,07066E+12

estou plantando -15186404,5 14952907,36 3748340,111 36032459,32 163238458,3 -6,6801E+11 -3,75788E+13 -4,9159E+13 -1,04564E+14

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321

falha semente na espiga 78366453,87 -5741212,712 67060213,28 -20796481,04 -3710390330 1,61491E+14 1,45574E+16 2,52928E+16 4,30384E+15

muito bom 75444633,91 7787211,091 67506549,38 -8544351,724 3564946807 -1,59973E+14 -1,4472E+16 -2,5181E+16 -4,0661E+15

não aguenta na chuva -76920854,76 -62832077,57 54132533,15 -37347928,02 -10878843,65 15877555151 8,93188E+11 1,16844E+12 2,48532E+12

não é bom -4365335,361 -33746056,42 8562613,09 32376550,47 -285232179,5 2,26357E+12 1,27337E+14 1,66578E+14 3,54317E+14

não é bom para pamonha 23202486,45 2107210,764 -32042690,1 56037401,1 149659,8742 36977046720 2,08014E+12 2,72116E+12 5,78802E+12

não é carunchador 2286150,128 -1981507,346 6181661,061 -9913261,972 -32728075,74 -9406448175 -5,29158E+12 -6,9226E+12 -1,47239E+13

não é semente tratada -150563634,7 321108360 -26455482,06 138667933,4 362988714,5 4,03043E+12 2,26731E+14 2,96601E+14 6,30883E+14

não falha semente -24173798,5 -199061102,1 -229328722,9 -166650316,3 560391931,7 -1,02271E+12 -5,75326E+13 -7,5262E+13 -1,60086E+14

não planto -33248925,67 1561789,574 -5627391,974 9181810,644 -109022386,9 1,05505E+12 5,93517E+13 7,76418E+13 1,65147E+14

não planto mais -10747564,04 -5966048,41 -9881200,722 19259777,87 7936539,723 6,90321E+11 3,88339E+13 5,08011E+13 1,08056E+14

nasce no meio de outros tipos de milho -46113816,64 -34042598,99 -77744201,4 -87074554,19 367603038,1 -3,71054E+12 -2,08736E+14 -2,7306E+14 -5,80811E+14

nunca plantei 430056,155 -1723546,253 2574665,074 75334459,76 120131693 -6537267673 -3,67753E+12 -4,8108E+12 -1,02328E+13

o vento derruba 32630809,82 61601572,19 29602535,16 44492563,95 5500333,249 1,5637E+12 8,79658E+13 1,15074E+14 2,44767E+14

palha branca 193582309,9 62447021,44 24358135,08 88319757,56 -115307652,8 5,9101E+11 3,32471E+13 4,34928E+13 9,25108E+13

palha dura 6455348,694 -95474591,9 -25147319,85 -35367337,17 36259655332 3,10034E+13 1,74409E+15 2,28156E+15 4,85296E+15

palha fina -55082527,2 -28891014,8 -99795681,67 410998087 -1037757972 4,20267E+15 -1,19638E+15 -1,2595E+15 1,04099E+14

palha fraca -55413484,96 -27358635,34 -99745124,69 412385899,2 -213672525,3 -4,19867E+15 1,42148E+15 1,55396E+15 5,22231E+14

palha grossa 16559267,34 -10523346,23 -17132392,67 -25244602,92 1731938902 1,01913E+15 5,77026E+15 6,38302E+15 1,39527E+15

palha roxa 17975228,78 -17079440,27 -17348694,4 -31182183,91 -1793807713 -1,01993E+15 -5,81521E+15 -6,4418E+15 -1,52032E+15

palhudo 6234525,957 -92227211,5 -32781395,53 -38875452,29 -1835894058 1,40511E+15 -2,92452E+15 -4,8876E+15 -3,72239E+15

planta alta 6005068,645 -91164792,94 -32746343,72 -37913264,09 -1778759124 -1,44409E+15 7,3154E+14 2,01886E+15 -2,37964E+15

planta baixa 14011442,34 169695534,3 -492890312,1 -362915942,5 510579826,2 2,05659E+12 1,15693E+14 1,51345E+14 3,21918E+14

produz bem -31979760,07 -49742025,55 51125288,06 40214063,71 69964899,26 -6,47611E+11 -3,64312E+13 -4,7658E+13 -1,01371E+14

ruim de comer -53999180,41 -57784154,01 12355522,95 -61629404,34 -32080632,72 -6,74071E+11 -3,79197E+13 -4,9605E+13 -1,05512E+14

sabugo roxo 52576270,72 9128855,566 -24982150,87 12696777,69 -28864323,36 -1,70172E+11 -9,57299E+12 -1,2523E+13 -2,6637E+13

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322

semente graúda 10072982,02 -8056619,541 -17213171,68 -45534648,33 -203140660,1 7,97606E+11 4,48692E+13 5,86963E+13 1,24849E+14

semente miúda -25112580,67 -3521733,977 36498298,52 -57489732,09 -2050231,325 -3,23808E+11 -1,82158E+13 -2,3829E+13 -5,06857E+13

semente tratada 17948887,73 21946927,72 42933137,67 -1971805,973 -55640611,93 6,34313E+11 3,56832E+13 4,66795E+13 9,92891E+13

só serve para fazer pipoca 22472761,74 8306386,935 -1224359,719 -1484736,12 -43173544,77 2,70191E+11 1,51995E+13 1,98835E+13 4,2293E+13

tem pouca palha -13204474,25 -3551108,054 1335763,907 6809623,489 78773511,69 -5,01018E+11 -2,81846E+13 -3,6870E+13 -7,84244E+13

tem que colher rápido -39715932,4 -52742059,73 -3423979,422 -4254025,307 367202026 -3,50647E+12 -1,97255E+14 -2,5804E+14 -5,48867E+14

VARIÂNCIA 1,18917E-32 1,51119E-32 2,39079E-19 5,31033E-19 3,26589E-18 1,01685E-17 1,20707E-17 2,24955E-17 2,55539E-17

CARTACTERÍSTICA FATOR 37 FATOR 38 FATOR 39 FATOR 40 FATOR 41 FATOR 42 FATOR 43 FATOR 44 FATOR 45

a palha é remédio 1,43967E+13 7,26256E+12 267388250,1 267208192 158650583,6 62509316,66 -35769713,59 32077688,53 -710862,266

aguenta a chuva -6,8878E+12 -3,47465E+12 14093776,61 2509049,701 -2664196,618 5256653,758 -1151080,217 3956700,685 5091918,596

amarelo -4,0094E+13 -2,02262E+13 -264268543 -233353201,1 -242153850,2 -92756162,62 20791789,13 31156250,63 18494292,27

atura mais tempo -3,8893E+13 -1,96202E+13 -195930609 -157100166,4 -168016137,4 -72723687,56 137504,085 59617200,33 12773196,17

bom para criação -2,2306E+13 -1,12526E+13 -19621446,87 -88398782,5 -19364861,22 40063251,3 -8709532,151 7241141,161 -1004927,89

bom para espigar 2,39749E+13 1,20944E+13 -5621394,351 -8437,057088 12382256,96 1010153,448 10332982,5 -8738650,826 572825,023

bom para fazer canjica 6,65134E+12 3,35535E+12 131347572,9 -51472115,47 -42532160,58 69034205,84 -37951900,18 17968834,03 64204129,44

bom para fazer pamonha 2,15465E+13 1,08694E+13 32742804,75 39472444,17 13377123,67 7691524,135 30577692,77 55138023,69 -1149537,24

bom para milho verde -8,4602E+12 -7,92599E+12 588156586 -324030919,6 60321703,72 24853672,96 7265165,071 -14446826,75 3827270,999

carrega mais de semente -3,0525E+12 2,11825E+12 588156586 -324030919,6 60321703,72 24853672,96 7265165,071 -14446826,75 3827270,999

caruncha muito -2,3385E+12 -1,17969E+12 -37791168,7 -1374659,231 -62335906,89 112839764,6 40806086,21 8103897,412 61542707,87

chocho -2,5488E+13 -1,28582E+13 -15411295,36 -87479586,67 66632656,96 -33972568,65 72615213,77 -13323524,24 39339291,02

cresce muito -2,4668E+12 -1,24445E+12 9059508,622 26117584,77 33713938,4 -15780499,93 31114093 4964292,651 20700179,96

dá para quebrar o galho -2,4432E+13 -1,23254E+13 -964673028,6 624078625,2 -61470960,87 94761860,06 18172441,36 -9774235,418 18253903,51

dente grosso 1,13519E+13 5,7266E+12 -176405864,5 -177421665,5 -206055,4856 14481871,84 13736897,91 22897231,16 -2838529,05

difícil o vento derrubar 2,893E+13 1,45941E+13 73357664,11 46890167,3 20753963,94 2374100,142 159166361,9 -28098261,74 -973250,944

duro 7,17992E+12 3,622E+12 -130052330,2 114155769,4 57272639,01 -77181425,78 24198225,94 -20721604,5 -5450181,01

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323

é fraco 1,0766E+13 5,43106E+12 69631640,02 112059098 76183350,49 -111137614,2 -69927243,39 -5821783,76 -3321349,76

é gostoso -5,9785E+12 -3,01597E+12 -24012896,66 -79209757,71 -32933181,96 17751339,9 -72938492,73 8521400,908 -1944733,26

é macio 1,29425E+13 6,52899E+12 -193887761,7 412157123,9 137214067,2 -117921441,6 -22794953,79 25483470,3 28710379,56

é mole 6,71146E+12 3,38567E+12 52840467,08 26651475,51 9505081,068 -4391886,431 29158059,41 46574236,16 -313146,142

é natural 2,84602E+14 2,76857E+14 -9808355,338 -3792789,446 19429204,95 -18365122,42 -73468730,6 9186823,762 36248562,95

é o melhor -2,3986E+14 -2,54286E+14 -9808355,338 -3792789,446 19429204,95 -18365122,42 -73468730,6 9186823,762 36248562,95

é tardio de 6 meses 4,8095E+13 2,42621E+13 18498743,6 -5795381,706 36045147,95 -6267737,511 1359078,181 -72599,48072 57697593,9

espiga comprida -1,4907E+13 -7,52002E+12 225432847 245475587,1 -3636778,097 -7747737,944 -8998590,005 20948100,82 31874336,47

espiga graúda -9,9395E+11 -5,01414E+11 -207556,3985 -25680959,4 18700211,52 -1928188,013 33367077,83 24816303,27 1673673,053

espiga miúda 4,58338E+11 2,31214E+11 35952022,95 41436621 6387232,423 -38019030,77 20636160,32 10965497,19 522148,693

estou plantando -1,1774E+13 -5,93923E+12 31852397,98 22341373,85 -12653665,79 7681191,635 -12324340,18 34436935,41 -4380494,24

falha semente na espiga 1,87367E+15 6,16332E+14 11720646,32 127598083,9 -25967865,58 -3608459,086 -49598966,04 -42079447,67 18744569,86

muito bom -1,8469E+15 -6,02828E+14 11720646,32 127598083,9 -25967865,58 -3608459,086 -49598966,04 -42079447,67 18744569,86

não aguenta na chuva 2,79835E+11 1,41166E+11 -4239472,323 32381831,97 -60313117,23 38817232,61 -68785591,36 14254146,71 -55416384,8

não é bom 3,98945E+13 2,01253E+13 -44028113,79 13668247,41 6711051,608 8133881,048 16254612,66 30747175,51 -12825859,2

não é bom para pamonha 6,51705E+11 3,2876E+11 -31252634,06 31537339,95 17812756,92 4404943,471 -20383474,91 -6821221,944 12267909,6

não é carunchador -1,6578E+12 -8,36321E+11 -25033539,21 -19675817,13 10273614,94 -12703625,8 5126582,471 -18981780,42 14375233,7

não é semente tratada 7,10346E+13 3,58342E+13 491250109,2 -37002212,41 -258846616,7 -15859929,43 12755967,9 7125888,506 -6749634,75

não falha semente -1,8024E+13 -9,09288E+12 1145538078 618945690,2 -54395862,05 12825907,09 27176951,1 -15465638,36 -20794518,9

não planto 1,85948E+13 9,38039E+12 -6195784,884 -36128449,38 8928161,472 5907185,968 15872487,06 29422389,69 -10692815,5

não planto mais 1,21666E+13 6,1376E+12 38009638,3 34379564,51 -58017044,44 28578623,74 -33961159,49 27087374,89 -3765215,85

nasce no meio de outros tipos de milho -6,5396E+13 -3,29902E+13 -31435655,08 -118331005,5 -38274370,3 -11361011,17 -25160378,37 -73651439,44 2000812,058

nunca plantei -1,1521E+12 -5,81224E+11 46812580,34 54066357,71 -11605782,25 17641960,18 12535964,84 43436856,99 1306854,909

o vento derruba 2,75596E+13 1,39028E+13 106925278 111933969 -7404096,747 -47506569,21 33335987,41 22164810,62 19504091,67

palha branca 1,04163E+13 5,25463E+12 26683376,7 109114620,8 -34050607,92 57083740,96 -5900704,963 42620016,25 -6863204,01

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palha dura 5,46422E+14 2,75649E+14 -217208841,8 -48926044,24 109009803,6 1434604,399 20234276,23 29474931,14 -1095354,93

palha fina -3,0292E+14 2,18685E+15 -505805780,4 -150731285,2 15750797,56 25270144,33 3067581,73 -26470688,26 -2369164,37

palha fraca 3,73442E+14 -2,15127E+15 -505805780,4 -150731285,2 15750797,56 25270144,33 3067581,73 -26470688,26 -2369164,37

palha grossa -4,6334E+15 -3,42423E+15 -32359193,81 -24891956,21 -29805399,25 -1883098,295 21277227,32 -33451406,89 -2910509,61

palha roxa 4,61934E+15 3,41713E+15 -32359193,81 -24891956,21 -29805399,25 -1883098,295 21277227,32 -33451406,89 -2910509,61

palhudo 3,74492E+15 -4,19403E+15 -134733287,9 -53246273,99 111062848,6 1777978,756 19132381,16 30361513,21 -1007866,18

planta alta -4,4319E+15 3,84744E+15 -134733287,9 -53246273,99 111062848,6 1777978,756 19132381,16 30361513,21 -1007866,18

planta baixa 3,62465E+13 1,8285E+13 170955037 -525831733,7 126891324,5 26898491,8 -20718293,06 27279560,51 10217661,82

produz bem -1,1413E+13 -5,75787E+12 -15479766,32 44828948,64 264026,4934 16815106,78 30601917,93 16783553,48 -892587,779

ruim de comer -1,1880E+13 -5,99312E+12 -43842686,84 -93061378,3 -24123245,81 25871942,35 -6074116,606 -7472055,719 -1562325,06

sabugo roxo -2,9992E+12 -1,51299E+12 -15404099,32 -14834726,61 4590467,424 15654675,12 -6360858,186 -30816645,06 1034363,359

semente graúda 1,40575E+13 7,09146E+12 -56307408,31 -70623200,47 19619290,94 -11843541,91 17219415,82 -46687525,12 7583210,592

semente miúda -5,7069E+12 -2,87896E+12 -14554808,24 -6319285,359 -21084222,73 -28017696,96 7690569,816 -5984218,323 -639505,059

semente tratada 1,11795E+13 5,63964E+12 2719482,87 39179749,97 -16581452,13 -24849388,66 11378177,45 3678207,9 -320182,445

só serve para fazer pipoca 4,762E+12 2,40225E+12 -6505227,375 13053671,24 12933194,1 -11459946,61 3056606,344 -10769675,84 5271685,782

tem pouca palha -8,8302E+12 -4,45451E+12 11841843,36 4743378,025 -1989222,209 -49691,80001 1703835,613 7996600,89 -532788,189

tem que colher rápido -6,18E+13 -3,11757E+13 -16876520,22 -32549960,53 -22364501,72 28233052,86 -36993001,05 -3990569,374 -632581,034

VARIÂNCIA 3,20147E-17 4,69401E-17 5,03739E-17 6,74778E-17 8,02688E-17 9,6133E-17 1,1794E-16 1,83934E-16 3,20147E-17

CARTACTERÍSTICA FATOR 46 FATOR 47 FATOR 48 FATOR 49 FATOR 50 FATOR 51 FATOR 52 FATOR 53 FATOR 46

a palha é remédio -3206307,318 -37933517,89 -41990620,61 13064567,34 -22062628,12 -238725,4731 -10356494,24 -4450797,237 -3206307,31

aguenta a chuva 5997391,051 -783087,3373 -771217,069 -13797239,25 6795116,808 9277450,81 -1314994,881 -13220911,84 5997391,051

amarelo 13284162,83 -52397,08232 2651031,722 -2671247,97 3542261,24 5409403,435 -3540981,262 -1165897,637 13284162,83

atura mais tempo 9500620,736 -25970491,67 -37583664,16 1334622,98 -20861025,97 10366776,16 -7088517,245 -813415,3416 9500620,736

bom para criação 10963182,86 24111565,68 9241593,808 -11641230,69 14169524,83 13295839,95 5081277,735 -1883913,235 10963182,86

bom para espigar -6218642,622 4950777,943 -20810482,13 -2411347,192 39657971,11 -16395085,04 -1687022,314 13205075,93 -6218642,62

bom para fazer canjica -41375703,27 -3002926,128 -17747017,63 19297206,72 -7043635,467 5219715,077 10826506,25 -940316,8193 -4137570,27

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bom para fazer pamonha 22896137,11 11725989,42 20949774,24 17889121,54 21663353,56 15975384,17 5084575,256 -10619,20164 22896137,11

bom para milho verde 19485518,77 2073852,92 15409985,23 -738471,0995 9162751,872 537842,273 -3929363,202 -3934736,393 19485518,77

carrega mais de semente 19485518,77 2073852,92 15409985,23 -738471,0995 9162751,872 537842,273 -3929363,202 -3934736,393 19485518,77

caruncha muito -25477007,15 -8322134,119 -4368846,752 10422159,7 -12017350,64 4447704,612 7526489,921 2681352,511 -2547700,15

chocho 18067012,64 41670308,74 1306652,872 -19192239,13 -24458025,87 -11772650,56 13641397,31 -8740356,403 18067012,64

cresce muito 16916014,2 -9127885,173 12454242,84 8428716,548 -20978069,57 22450647,11 -7179520,128 3720017,398 16916014,2

dá para quebrar o galho 31239936,39 -6854731,169 11448625,56 6393400,22 10179314,97 -3709389,672 -7558842,735 -6980950,624 31239936,39

dente grosso 1647482,54 32667529,35 -27235020,14 20203282,22 107645,4268 9915326,613 10520029,91 9454940,965 1647482,54

difícil o vento derrubar 21240539,72 -30405052,83 3818038,574 -29925262,25 12908836,94 4698514,633 536824,6038 -116,0630056 21240539,72

duro 41609857,5 -17365307,06 305507,3354 1313298,947 9006884,603 4576737,563 8539648,234 553209,9822 41609857,5

é fraco 41726156,2 -24618887,27 -19827689,01 22205768,3 -9118902,439 2917595,974 7515129,503 237881,1986 41726156,2

é gostoso 21807147,65 24210857,06 37162966,48 23867299,54 -11629347,96 -11486131,43 6119292,3 6057016,794 21807147,65

é macio -61020590,84 39534491,93 23051198,69 -14513026,55 -10517571,89 23340376,87 13828323,39 12676067,51 -6102059,84

é mole 9882102,471 -17398708,94 34250069,08 29798753,84 -15336291,08 1759240,042 -5251406,747 -5728023,347 9882102,471

é natural -6247387,52 -11357536,62 37265309,74 -16201090,79 11999398,95 -10466622,57 -2659800,375 -2537002,644 -6247387,52

é o melhor -6247387,52 -11357536,62 37265309,74 -16201090,79 11999398,95 -10466622,57 -2659800,375 -2537002,644 -6247387,52

é tardio de 6 meses 68215526,66 17100500,78 -12528681,16 -686645,7852 -10096480,59 -27111959,01 3989865,838 1639294,114 68215526,66

espiga comprida 25465190,27 -8845605,884 15126585,32 -5029429,526 21402168,42 -4287362,283 -2517825,067 651103,5699 25465190,27

espiga graúda -953636,1718 14004686,7 6979107,317 26003660,1 19026996,82 5371496,529 -30146991,94 30522192,62 -953636,171

espiga miúda -18609564,96 21440001,79 -14824927,48 -4660338,348 13034123,88 -25646347,14 -36981265,54 1761659,155 -1860956,96

estou plantando 10619706,56 23685113,59 -16924022,33 9550790,531 24030241,14 7919529,481 -7445410,663 -8832470,643 10619706,56

falha semente na espiga 27333176,12 15387030,68 -17384570,92 -11725832,19 -5126173,143 9790304,952 -12817790,03 -5378317,869 27333176,12

muito bom 27333176,12 15387030,68 -17384570,92 -11725832,19 -5126173,143 9790304,952 -12817790,03 -5378317,869 27333176,12

não aguenta na chuva -9998926,415 -20614994,54 -3036398,366 -12347371,87 13549114,34 13419993,23 -18739008,07 1983389,128 -999892,415

não é bom 4601565,657 -36390283,59 15916746,7 -2432237,047 -3711607,35 -1670187,021 15858961,35 8073342,169 4601565,657

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não é bom para pamonha -230397,2188 33432026,92 -42821493,58 -15864667,57 41083194,51 20976541,33 16541765,5 1785643,48 -230397,218

não é carunchador 4810069,25 472710,3175 300772,2946 -8793476,372 -13596510,44 12936037,63 -16339257,99 911938,5771 4810069,25

não é semente tratada -21343652,63 10287594,95 -7261841,238 -11022075,7 -5580089,805 363555,5507 5874253,503 2412185,771 -2134365,63

não falha semente -4308401,866 16557605,42 -5019664,154 9947344,078 -9267285,829 7125162,756 -2243761,808 -179477,3059 -4308401,86

não planto -4632491,769 32808,71509 25861926,04 6584253,614 15096301,68 17185561,83 -13301277,58 -23550325,22 -4632491,76

não planto mais 10927811,41 10916473,87 -1311609,237 1734610,258 14352777,98 -29837901,7 36264460,48 -18592976,47 10927811,41

nasce no meio de outros tipos de milho -21725940,14 -27802342,81 8269742,082 19161447,38 16380214,91 -2578533,065 4627272,153 5671220,46 -2172594,14

nunca plantei 43203319,97 12906514,98 12638329,39 9109553,176 -1345974,107 6836115,481 16866895,47 14003388,58 43203319,97

o vento derruba -12490736,83 -1780732,27 -8685427,116 44183417,1 22798334,13 -11519751,68 -2495979,106 -14905979,55 -1249073,83

palha branca -18895375,39 18090758,93 7716814,587 -39765749,71 -15697529,21 3483827,356 1378926,293 6429263,105 -1889537,39

palha dura -17530733,32 4273166,591 -7696371,263 -4413489,654 1656766,445 -9768914,796 1514490,425 -4706232,057 -1753073,32

palha fina -1735478,384 11318174,57 -8403850,372 8559051,201 -9272593,07 5506156,708 -6257631,208 -2918378,594 -1735478,38

palha fraca -1735478,384 11318174,57 -8403850,372 8559051,201 -9272593,07 5506156,708 -6257631,208 -2918378,594 -1735478,38

palha grossa -17092274,56 30588383,37 13084448,8 26337068,77 -13031825,19 -12937430,44 -2439404,522 -4391937,846 -1709274,56

palha roxa -17092274,56 30588383,37 13084448,8 26337068,77 -13031825,19 -12937430,44 -2439404,522 -4391937,846 -1709274,56

palhudo -17032702,51 3764096,318 -7895973,694 -4496504,425 1850046,389 -9738084,317 1470014,369 -4740203,131 -1703270,51

planta alta -17032702,51 3764096,318 -7895973,694 -4496504,425 1850046,389 -9738084,317 1470014,369 -4740203,131 -1703270,51

planta baixa 5413705,605 -2712188,815 -13723120,9 -4267315,054 -4531557,715 11940986,78 -5430518,898 -432569,2759 5413705,605

produz bem 14990579,2 -15318495,7 -11560248,46 -14688735,9 -2291347,364 5290374,133 13497209,25 9587263,163 14990579,2

ruim de comer -1581760,013 -6308182,997 35005347,3 -22579603,9 -7510534,061 -7208079,581 -9211524,838 15185696,84 -158176,013

sabugo roxo 5871035,157 -4064483,785 -5221987,082 12504277,86 -9197956,052 7641023,673 20102225,2 15152771,76 5871035,157

semente graúda -35221888,79 -23588394,06 13133266,85 21260327,93 21057757,34 30966634,37 20949587,42 991868,4232 -3522188,79

semente miúda -27791205,13 -14787200,27 1427822,633 -13922258,18 -5323034,407 8034050,766 9104584,07 -30440946,65 -2779120,13

semente tratada -33376862,56 -29992777,34 -17495344,88 -7060447,403 3805561,045 -41852003,13 8483522,734 16164456,94 -3337686,56

só serve para fazer pipoca -12262459,49 -914265,9245 -10958422,29 2247227,453 7329215,693 -4548403,472 -39078,51599 5106622,685 -1226245,49

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tem pouca palha 3853393,59 6156079,125 635566,9291 -601902,3123 3266253,641 4308470,565 -160081,3774 -1042134,758 3853393,59

tem que colher rápido 36076845,95 740950,6561 -2264837,407 -3411452,114 3609696,904 5539896,952 13397007,63 10746956,68 36076845,95

VARIÂNCIA 2,40172E-16 2,58067E-16 2,76641E-16 3,42242E-16 3,8476E-16 4,08462E-16

CARTACTERÍSTICA FATOR 54 FATOR 55 FATOR 56 FATOR 57 FATOR 58 FATOR 59

a palha é remédio 507108,595 3198,609013 320575,0652 -11001672,3 3020026,499 -2937220,596

aguenta a chuva 26355509,6 5668174,511 -21166,83539 18194378,37 7332811,597 5421746,609

amarelo 5117225,603 -4138239,338 801129,7403 -4006795,961 5364848,697 2500401,707

atura mais tempo 8139463,432 353617,7237 244370,0046 -9718915,428 2171404,052 -2929052,904

bom para criação -4984832,565 -21919392,88 -5182986,556 8436962,36 -4392768,691 1012800,143

bom para espigar 9376420,755 -1078125,751 -12230036,43 15117488,01 -14960038,02 -9168636,9

bom para fazer canjica 5127714,825 -6187858,975 -4278910,785 3842735,854 1453557,749 3818707,37

bom para fazer pamonha -2194530,508 1830480,92 4857031,74 6088246,706 2687929,836 13795058,8

bom para milho verde 2621788,64 -3839208,97 417578,8873 -3327726,01 5755536,673 2649418,608

carrega mais de semente 2621788,64 -3839208,97 417578,8873 -3327726,01 5755536,673 2649418,608

caruncha muito 7666111,279 7173079,941 -2550681,109 13123829,15 -7670139,082 -3219551,705

chocho -1841828,482 8868290,271 -19143282,6 -279162,2113 2678850,769 5514009,972

cresce muito -3751707,291 448098,8816 1793981,764 5824968,179 1156029,627 4981289,574

dá para quebrar o galho 1490922,691 -3736942,481 556271,1261 -3243706,965 7041201,114 3112595,086

dente grosso -2476355,153 3452403,345 -787147,6498 7575138,888 3303577,591 3045518,595

difícil o vento derrubar 8033169,161 -1297303,2 -3377197,504 -6539425,476 -364527,6157 -3945970,111

duro 4956874,696 -8826536,601 -1365927,174 3454637,732 2373420,731 4124483,714

é fraco 7118189,793 4495698,082 -2256909,501 13421832,06 -6742176,329 -2693411,206

é gostoso -9249983,147 2825548,48 -2645856,129 -1531292,127 -1168855,999 -1853948,113

é macio 11412067,44 -3625877,855 195403,7241 -2553756,309 -779854,0881 1143964,095

é mole 3600922,876 673577,8229 -3392683,664 7411396,095 4829145,423 -3550115,257

é natural 1906856,221 448947,3204 -4097361,934 -6311418,277 1582472,704 -2887989,346

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é o melhor 1906856,221 448947,3204 -4097361,934 -6311418,277 1582472,704 -2887989,346

é tardio de 6 meses 5978984,957 -2757071,954 -1693354,827 -3599852,833 -2377782,916 -1652397,009

espiga comprida -5176853,15 1110192,618 -641121,52 7859458,578 6146750,08 2267255,722

espiga graúda -10279081,14 -12046503,91 -8814444,616 -3343532,926 -1246273,645 -6679717,302

espiga miúda -2590805,03 34177380,1 11278814,05 4805663,186 7061463,674 -7069962,082

estou plantando 314581,8249 7735407,462 3052434,795 7244872,079 -9434638,671 -2027115,94

falha semente na espiga -6917877,699 -1693632,717 2283625,508 4266439,837 4265038,027 3643292,256

muito bom -6917877,699 -1693632,717 2283625,508 4266439,837 4265038,027 3643292,256

não aguenta na chuva -1843111,606 5274740,362 -22585209,75 659058,5552 7953086,5 9524085,707

não é bom -8354452,267 3330313,414 -7403949,521 6285148,218 4819307,445 -9772012,413

não é bom para pamonha -7775019,933 -1171466,893 7270541,207 -13497341,22 6705537,815 -6283995,615

não é carunchador -16371670,69 5646833,086 5392528,446 4690833,421 -22886250,49 18991868,36

não é semente tratada -1043704,756 -2919531,026 568804,2986 5081586,446 4012481,041 1417526,564

não falha semente 2754275,37 -1885316,147 1229355,865 -2064858,149 3600612,586 2976362,563

não planto 9289887,277 2570128,188 10545553,99 -9375384,188 -20078149,69 5749873,874

não planto mais 3184547,088 9089209,676 7516887,611 -2377365,421 -949665,296 5550024,596

nasce no meio de outros tipos de milho 7155961,355 2918868,513 -1501342,726 -4329210,736 -3152771,367 1879917,217

nunca plantei -15889263,33 13639938,3 -517831,2948 -2478090,172 4770296,765 2577447,635

o vento derruba -2166059,211 -16231424,61 8565593,191 -6810875,613 -1027371,738 -360196,9429

palha branca 11169321,34 -1122234,675 -2175055,877 -5244874,902 -6156335,355 -1529927,689

palha dura -1810057,531 -3197817,474 2095004,186 4199115,246 4402131,681 2376464,524

palha fina 2085369,939 -2123569,14 1271463,614 -1997622,428 4597982,94 2988506,737

palha fraca 2085369,939 -2123569,14 1271463,614 -1997622,428 4597982,94 2988506,737

palha grossa 1962777,125 -71277,19808 -6154737,464 -3725552,388 -41890,3417 -2726377,203

palha roxa 1962777,125 -71277,19808 -6154737,464 -3725552,388 -41890,3417 -2726377,203

palhudo -1835721,853 -3181537,736 2115728,827 4190286,674 4424052,571 2389823,958

planta alta -1835721,853 -3181537,736 2115728,827 4190286,674 4424052,571 2389823,958

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planta baixa 2985478,528 -1900303,682 2143975,372 -2516798,71 3982306,774 3132487,306

produz bem -11127628,61 8456183,44 1595591,4 -8727570,114 -8042626,438 -3328792,33

ruim de comer -750231,3311 -3985179,974 31330925,71 10155870,42 6071423,143 -3029256,018

sabugo roxo 6717727,688 -3141497,279 26258997,68 3143548,14 416995,7623 -6406782,463

semente graúda -5020711,356 24338411,55 -3226453,34 -3222592,571 7950782,609 5703840,031

semente miúda -33523688,66 -8452600,815 -1025002,837 12642006,42 -1320550,571 -15602845,8

semente tratada -11418436,19 -7045721,92 2535331,227 -1066659,148 -2730239,46 26215188,54

só serve para fazer pipoca 4158986,763 -10640529,46 -2967354,777 12725798,13 11811311,69 4646467,734

tem pouca palha 761699,7134 -2529709,61 2071893,633 -6947718,557 8498367,554 2888035,441

tem que colher rápido 6749093,353 1030476,343 -4594951,619 -1777482,074 -9583033,068 -3460090,447