características geoquímicas, petrográficas e metalogenéticas dos flogopititos de carnaíba e...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA
LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E
SOCOTÓ, BAHIA
Salvador 2011
LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE
CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Prof. José Haroldo da Silva Sá
Salvador 2011
TERMO DE APROVAÇÃO
LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK
Salvador, 8 de julho de 2011
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE
CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
José Haroldo da Silva Sá - Orientador Livre Docente e Doutor em Geologia pela USP UFBA Ermesto Alves da Silva Bacharel em Geologia pela UFPE Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Olga Maria Fragueiro Otero Doutora em Geologia pela UFBA UFBA
AGRADECIMENTOS
Agradeço, especialmente, a vovô Nelson (in memoriam), vovó Célia e minha mãe
Virgínia, pelo apoio incondicional em todos os momentos e por sempre acreditarem e
investirem em meu potencial, a meus tios Fernando, Júnior, Ilma, Sílvia, Mariana,
Maria Clara, Olga e Abdias por todo incentivo e confiança. A meus primos Matheus,
Fernanda e Maurício. A Liliana Coelho (Lily), uma pessoa muito especial que apareceu
em minha vida.
Ao meu orientador e amigo, professor Haroldo Sá, uma pessoa e profissional que desde
sempre admirei, muito obrigado pela sua inestimável paciência e incentivo, os quais
foram fundamentais para que eu pudesse chegar à conclusão desse trabalho.
A CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, por todo suporte oferecido para a
realização deste trabalho, desde a disponibilização de veículo para a etapa de campo, as
confecções das lâminas petrográficas e os subsídios para a realização das análises
químicas. Em especial ao geólogo Ernesto Alves, que ao longo desses anos vêm
proporcionando esse tipo de apoio aos estudantes formandos do IGeo-UFBA. Ao
motorista, Sr. Joel, pelo companheirismo na etapa de campo. Aos funcionários Rosa
Amélia, Teresa Cristina e Val, pela atenção concedida.
Aos amigos e colegas do Instituto de Geociências: André Souza, Lucas Nery, Tiago
Ximenes, Thiago Novaes, Cristiano Muller, Marcos (Bento), Luciano (Careca), Eder
Medeiros, Zilda Gomes, Lucas Phidalelpho, Eduardo, Guilherme Gonçalves (Guiga),
Davidson Queiroz, Mileno Loula, Alice (Felícia), Talita Fernandes, Naedja, Alex
Moura e todos aqueles que sempre acreditaram em mim. Aos funcionários Deraldo,
Alberto, André, Dona Lala, Mércia, Lídia, Dona Naná, Carlos Bossal, Jairo e
Marcelinho. Aos professores Aroldo Misi, Osmário Leite, Paulo Avanzo, Geraldo
Leahy, Facelúcia, Lamarck (in memoriam), Olga Otero (pela paciência nas correções
desse trabalho), Iracema Reimão, Heraldo Peixoto, Tânia, Reginaldo Alves, Augusto
Pedreira, Vilson Marques, Vilton, Hernani (pelo apoio na Difratometria de Raio-X),
Telésforo Martinez e todos aqueles que tiveram papel fundamental na construção do
meu conhecimento geológico.
“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”
Mário Quintana
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados obtidos na caracterização petrográfica, geoquímica
e metalogenética realizada para os flogopititos dos distritos garimpeiros de Carnaíba-
Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso, localizados na porção centro-norte da Serra de
Jacobina, no estado da Bahia. Os flogopititos são rochas derivadas dos serpentinitos, em
decorrência da ação hidrotermal promovida pelos fluidos finais de corpos graníticos que
se colocaram no final do Paleoproterozóico.
A petrografia apontou que os flogopititos são constituídos, predominantemente, pela
mica flogopita, acompanhada, em quantidades variáveis, de anfibólio, quartzo,
dolomita, fluorita, turmalina e berilo, ocorrendo como acessórios a titanita, o espinélio e
o zircão, além de minerais opacos. Os serpentinitos encaixantes apresentaram, além da
serpentinita que o caracteriza, grande quantidade de talco e, subordinadamente, fluorita,
quartzo, plagioclásio, flogopita/clorita, dolomita e opacos.
A caracterização geoquímica permitiu verificar que houve o aporte dos elementos traço
Ba, Be, Li, Sc, Sr, F, Cs e Rb nos flogopititos de ambas as áreas estudadas, e uma
depleção para os elementos Co, Cr, Ni e V. Em relação aos elementos maiores, foi
notado o acréscimo nos teores de Al2O3, Fe2O3, FeO, K2O, TiO2 e P2O5 e uma
defasagem nos teores de MgO, CaO e Na2O. Quanto aos elementos escassos, somente
três amostras do distrito de Carnaíba apresentaram teores acima do background para o
elemento Au, contudo não configurando anomalias de grande expressão.
Os elevados teores de potássio sugerem que os flogopititos sejam uma potencial fonte
deste elemento, o qual é indispensável na agroindústria, contudo a estrutura do mineral
que o comporta é bastante fechada, não permitindo a sua rápida liberação e
comprometendo a sua utilização em culturas de curto ciclo.
Palavras-Chave: Flogopititos; Hidrotermalismo; Fontes Alternativas de Potássio
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2
1.2 MÉTODOS DE TRABALHO ............................................................................................ 3
2- ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ........................................................................................... 4
2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ........................................................................... 4
2.2 GEOMORFOLOGIA ......................................................................................................... 5
2.3 CLIMA ................................................................................................................................ 6
2.4 HIDROGRAFIA ................................................................................................................ 6
2.5 VEGETAÇÃO .................................................................................................................... 8
3-GEOLOGIA ............................................................................................................................. 9
3.1 GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................................... 9
3.1.1 Complexo Mairi .................................................................................................... 11
3.1.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso ............................................. 11
3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo .......................................................................... 11
3.1.4 Grupo Jacobina ...................................................................................................... 12
3.1.5 Granitos Intrusivos ................................................................................................ 13
3.1.6 Grupo Una ............................................................................................................. 13
3.1.7 Coberturas Cenozóicas .......................................................................................... 14
3.2 GEOLOGIA LOCAL ........................................................................................................ 15
3.2.1 Geologia da Região de Carnaíba ........................................................................... 16
3.2.1.1 Complexo Gnáissico Migmatítitico ............................................................... 17
3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo .................................................................. 17
3.2.1.3 Grupo Jacobina .............................................................................................. 17
3.2.1.4 Granitos Intrusivos ........................................................................................ 18
3.2.1.5 Sedimentos Terciários-Quaternários ............................................................. 18
3.2.2 Geologia da Região de Socotó .............................................................................. 19
3.2.2.1 Complexo Gnáissico Migmatítitco ................................................................ 20
3.2.2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso ..................................... 20
3.2.2.3 Grupo Jacobina .............................................................................................. 20
3.2.2.4 Granito de Campo Formoso .......................................................................... 20
3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado ............................................................................. 21
4-CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA .............................................................................. 22
4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA REGIÃO DE CARNAÍBA-PINDOBAÇU 25
4.1.1 Geoquímica dos Flogopititos ................................................................................. 25
4.1.2 Geoquímica dos Serpentinitos ............................................................................... 41
4.2 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA REGIÃO DE SOCOTÓ-C.FORMOSO ..... 55
4.2.1 Geoquímica dos Flogopititos ................................................................................. 56
4.2.2 Geoquímica dos Serpentinitos ............................................................................... 69
4.3 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÕES .................................................................. 82
5-CARACTERÍSTICAS PETROGRÁFICAS ....................................................................... 89
5.1 FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E DE SOCOTÓ ........................................................ 89
5.2 SERPENTINITOS DE CARNAÍBA E DE SOCOTÓ ...................................................... 97
6-FLOGOPITITOS E O SEU POTENCIAL COMO FONTE DE POTÁSSIO ............... 101
7-CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 106
8-REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 109
9-ANEXOS .............................................................................................................................. 113
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – Mapa de Localização da cidade de Pindobaçu ..................................................... 4
FIGURA 02 – Mapa de Localização da cidade de Campo Formoso ........................................... 4
FIGURA 03 – Principais vias de acesso ligando a capital Salvador à cidade de Campo Formoso
....................................................................................................................................................... 5
FIGURA 04 – Mapa de localização da Bacia do Itapicuru no estado da Bahia ........................... 7
FIGURA 05 – Esboço do Craton do São Francisco e suas Faixas Marginais .............................. 9
FIGURA 06 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso ........... 10
FIGURA 07 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso ........... 15
FIGURA 08 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba ......................................... 16
FIGURA 09 – Mapa geológico simplificado da região de Socotó ............................................. 19
FIGURA 10 – Mapa geológico simplificado do perímetro da Reserva Legal de Garimpo –
Carnaíba, constando os pontos de coleta ..................................................................................... 22
FIGURA 11 – Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso, constando os pontos
de coleta realizados no Garimpo de Socotó ................................................................................ 23
FIGURA 12 – Gráfico de distribuição dos Elementos Terras Raras nos flogopititos (em azul) e
nos serpentinitos (em vermelho), tanto em Carnaíba quanto em Socotó. ................................... 88
FIGURA 13 – Difratometria de Raios-X da amostra LN-001C, demonstrando a predominância
da flogopita e alguns vestígios de anfibólios............................................................................... 96
FIGURA 14 – Difratometria de Raios-X da amostra LN-023A, demonstrando a presença da
flogopita ...................................................................................................................................... 96
LISTA DE FOTOS
FOTO 01 - Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaíba de Cima,
mostrando, ao fundo, o Povoado de Carnaíba de Baixo ............................................................. 25
FOTO 02 - Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma
frente de serviço no Garimpo de Socotó ..................................................................................... 56
FOTO 03 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração de esmeralda nos
garimpos de Carnaíba-Pindobaçu .................................................................................. 104
FOTO 04 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração de esmeralda nos
garimpos de Socotó-Campo Formoso ........................................................................... 104
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
FOTOMICROGRAFIA 01 - Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas, as
quais perfazem mais de 90% da rocha. Amostra LN-020B ...................................................... 89
FOTOMICROGRAFIA 02 - Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas.
Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó ..................................................................... 90
FOTOMICROGRAFIA 03 - Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do
anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaíba. ............. 90
FOTOMICROGRAFIA 04 - Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do
anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-027B, coletada no distrito de Socotó ................. 90
FOTOMICROGRAFIA 05 - Presença do anfibólio antofilita, o qual, por vezes, apresenta-se
talcificado. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaíba. ............................................. 91
FOTOMICROGRAFIA 06 - Presença de piroxênio (augita) ao lado de cristal de fluorita,
truncando a orientação impressa pelas flogopitas. Amostra LN-014A, coletada no distrito de
Carnaíba ...................................................................................................................................... 92
FOTOMICROGRAFIA 07 - Presença de cristais de dolomita em meio às flogopitas e o
quartzo. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaíba .................................................... 92
FOTOMICROGRAFIA 08 - Corte basal de cristal de turmalina, truncando a orientação
estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaíba ................. 93
FOTOMICROGRAFIA 09 - Aglomerado de turmalinas em meio às flogopitas. Amostra LN-
026A, coletada no distrito de Socotó. ........................................................................................ 93
FOTOMICROGRAFIA 10 - Veio de quartzo disposto concordantemente com a orientação
estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó .................... 94
FOTOMICROGRAFIA 11 - Presença da fluorita em meio às flogopitas. Amostra LN-014A,
coletada no distrito de Carnaíba .................................................................................................. 94
FOTOMICROGRAFIA 12 - Cristais anédricos de berilo em meio às flogopitas. Amostra LN-
026A, coletada no distrito de Socotó .......................................................................................... 95
FOTOMICROGRAFIA 13 - Textura nematoblástica impressa pela presença de cristais de
anfibólio e serpentinita. Amostra LN-001B, coletada no distrito de Carnaíba ........................... 97
FOTOMICROGRAFIA 14 - Textura nematolepidoblástica ocasionada pela presença de
flogopita em meio a serpentinita ................................................................................................ 97
FOTOMICROGRAFIA 15 - Cristais aciculares e radiais de antigorita. Amostra LN-004C,
coletada no distrito de Carnaíba .................................................................................................. 98
FOTOMICROGRAFIA 16 - Porfiroblasto de dolomita mantendo contato irregular com as
serpentinitas circundantes. Amostra LN-010A, coletada no distrito de Carnaíba ...................... 99
FOTOMICROGRAFIA 17 - Porfiroblasto de fluorita mantendo contato reto a irregular com
as serpentinitas e talco circundantes. Amostra LN-021B, coletada no distrito de Carnaíba ...... 99
FOTOMICROGRAFIA 18 - Presença de minerais opacos submilimétricos,
predominantemente, anédricos. Amostra LN-026C, coletada no distrito de Socotó ............... 100
FOTOMICROGRAFIA 19 - Lâmina da amostra LN-015C, a qual demonstra características
petrográficas totalmente diferente das demais amostras de serpentinitos, se tratando de um
anfibolito .................................................................................................................................. 100
LISTA DE TABELAS TABELA 4.1 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Flogopititos - Carnaíba/Pindobaçu ................................................................................................................... 38
TABELA 4.2 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Flogopititos – Carnaíba/Pindobaçu ................................................................................................................... 40
TABELA 4.3 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu ................................................................................................................................... 54
TABELA 4.4 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu ................................................................................................................................... 55
TABELA 4.5 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Flogopititos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 68
TABELA 4.6 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Flogopititos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 69
TABELA 4.7 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Serpentinitos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 81
TABELA 4.8 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Serpentinitos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 82
TABELA 4.9 – Valores médios dos elementos traço - Flogopititos – Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso ........................................................................................................... 83
TABELA 4.10 – Valores médios dos elementos traço – Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso ........................................................................................................... 83
TABELA 4.11 – Valores médios dos elementos maiores - Flogopititos – Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso ....................................................................................................... 85
TABELA 4.12 - Valores médios dos elementos maiores - Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso ....................................................................................................... 85
TABELA 4.13 – Valores médios dos elementos Flúor, Césio e Rubídio – Flogopititos & Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso ............................................ 86
TABELA 6.1 – Resultados analíticos para os elementos maiores nos Flogopititos de Carnaíba & Socotó................................................................................................................................... 102
1
1 INTRODUÇÃO
A serra de Jacobina constitui uma importante província metalogenética do Estado da
Bahia, encerrando uma série de depósitos minerais, dentre estes o ouro associado às
rochas metassedimentares do Grupo Jacobina, o cromo atrelado ao Complexo Máfico-
Ultramáfico de Campo Formoso, o manganês que ocorre nas sequências
metavulcanossedimentares do Complexo Itapicuru, a barita encaixada nos
metassedimentos da Unidade Itapura, além da esmeralda que vem sendo lavrada em
caráter de garimpo nas regiões de Pindobaçu-Carnaíba e Campo Formoso-Socotó.
Somados aos depósitos supracitados pode-se apontar, também, uma série de ocorrências
minerais de menor expressão, como, por exemplo, cristal de rocha, ametista, apatita,
caulim, dentre outras.
As referidas ocorrências de esmeralda na porção norte da serra de Jacobina, em especial
no povoado de Carnaíba, município de Pindobaçu, foram descobertas no ano de 1963
(Santana & Moreira, 1980), promovendo, então, um grande adensamento populacional
na região, que no auge de sua exploração, ao final da década de 1970, chegou a abrigar
cerca de 15 mil habitantes que se espalharam nas circunvizinhanças, formando os outros
núcleos de produção da gema, conhecidos como Carnaíba de Cima, Bode-Lagarto-
Gavião, Arrozal, Bráulia e Marota, os quais, em 1978, foram englobados pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM numa área legal de garimpo, com
3.692 hectares (Moreira & Silva, 2006). Naquela época, a produção anual da gema na
região era de, aproximadamente, 31.000 quilogramas, representando 25% do valor total
das exportações brasileiras de pedras preciosas brutas e lapidadas, excluindo-se o
diamante, movimentando o montante de 5 milhões de dólares anuais, garantindo à
Bahia o status de maior produtor de esmeraldas no país (Moreira & Silva, op.cit.). Na
década de 1980 foram descobertas novas ocorrências de esmeraldas em Socotó,
município de Campo Formoso, culminando numa evasão da região de Carnaíba e,
consequentemente, uma forte queda na sua produção. Ainda na década de 1980, outras
ocorrências descobertas, desta vez nos estados de Goiás e Minas Gerais, decretaram de
vez a decadência da produção de esmeralda na região de Carnaíba. Contudo, a partir de
1991, houve uma retomada das atividades, com um número reduzido de frentes de
serviços e um maior aporte financeiro e técnico, resultando numa otimização da
2
produção e o aprofundamento das cavas, que antes não passavam dos 60 metros de
profundidade, agora chegando a atingir os 120 metros.
Apesar das transações em torno da gema terem gerado uma receita considerável para os
envolvidos no negócio, muito pouco ou quase nada foi investido no sentido de buscar
um melhor entendimento do modo de ocorrência da gema, da sua gênese e perspectivas
de aumento da produção, assim como da melhoria nas condições de trabalho. Os
esforços nesse sentido partiram através de ações governamentais, principalmente por
meio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, a qual desde a década de 1970
desenvolve trabalhos de investigação geológica na região, resultando na elaboração de
mapas e perfis geológicos, além de relatórios técnicos descrevendo a situação das áreas
em exploração e apontando novas áreas com potencial produtivo. Vale ressaltar,
também, os trabalhos acadêmicos que foram desenvolvidos, sobretudo os de Griffon et
al. (1967) e Rudowiski (1989).
Com o intuito de contribuir para o conhecimento geológico da região de Carnaíba e
Socotó, o presente trabalho, que representa uma parceria entre a Universidade Federal
da Bahia e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, apresentará os resultados do
levantamento geoquímico e petrográfico realizado com as rochas portadoras de
esmeralda, assim como das rochas encaixantes.
1.1 Objetivos
Tendo em vista as bibliografias que abordam a área em apreço, apontando como
responsável pela mineralização da esmeralda, a interação entre os granitoides
paleoproterozóicos e as rochas máficas-ultramáficas, processo este que promoveu um
intenso hidrotermalismo, com a geração dos flogopititos portadores da gema, neste
trabalho buscar-se-á verificar o grau de interação geoquímico entre as rochas envolvidas
no referido processo, através da análise do hidrotermalito. Ou seja, de posse dos
resultados analíticos dos flogopititos, verificar-se-á qual foi o aporte geoquímico de
elementos tipicamente provenientes dos granitos, assim como quais os elementos
inerentes às rochas máficas-ultramáficas que permaneceram com as concentrações
originais, tendo como background os resultados analíticos dos serpentinitos
(encaixantes) poupados do processo hidrotermal em tela. Complementarmente, a análise
3
petrográfica permitirá a constatação das possíveis transformações mineralógicas
decorrentes das alterações químicas. Por fim, será abordada de maneira preliminar a
possibilidade do aproveitamento do flogopitito como potencial fonte de potássio para a
agroindústria.
1.2 Métodos de Trabalho
O trabalho foi desenvolvido, basicamente, em quatro etapas, a saber: i) levantamento
do acervo bibliográfico, momento em que foram reunidos e confrontados todos os
dados tocantes à área de trabalho, principalmente os relatórios técnicos elaborados pela
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, especialmente as publicações
referentes à Série Arquivos Abertos números 9 e 25 (Santana et.al., 1995 e Moreira &
Silva, op.cit., respectivamente), o Projeto Esmeralda (Santana & Moreira, op.cit.), o
Projeto Carnaíba, 1ª e 2ª etapas, (Santana, 1981), o Projeto Avaliação das
Mineralizações de Esmeralda de Carnaíba (Moreira & Silva, op.cit.), além de trabalhos
acadêmicos, sobretudo a Tese de Doutoramento de Rudowiski, defendida em 1989; ii)
levantamento de campo, o qual teve a duração de 10 dias, envolvendo visitas às
frentes de serviço dos garimpos enquadrados na Reserva Legal de Carnaíba, além dos
serviços do Garimpo de Socotó, com a coleta de amostras de rochas portadoras de
esmeralda e, também, das suas encaixantes (estéreis), com o devido controle da
profundidade em que foram extraídas, georreferenciamento dos pontos de coleta,
registros fotográficos e entrevistas com os garimpeiros; iii) caracterização geoquímica
e petrográfica, quando, em posse dos resultados analíticos e das lâminas delgadas,
foram gerados gráficos da distribuição dos elementos químicos e a sua espacialização
em planta, através de mapas, assim como a análise petrográfica em microscópio
eletrônico, verificando-se, deste modo, a trama mineralógica das rochas mineralizadas e
das suas encaixantes, e, por fim; iv) elaboração do relatório final, contemplando os
resultados obtidos e as considerações acerca do objetivo proposto.
4
2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
Para levar em efeito os objetivos propostos, foram selecionadas duas áreas distintas
(Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso), distantes entre si cerca de 50 km na
direção norte-sul, localizadas na porção norte da serra de Jacobina, ambas produtoras de
esmeralda.
2.1 Localização e Vias de Acesso
As duas áreas em tela estão localizadas na porção centro-norte do Estado da Bahia
(Figuras 01 e 02).
As principais vias de acesso, partindo da capital Salvador, se faz através da BR-324,
percorrendo cerca de 112 km até a cidade de Feira de Santana, a partir de onde é
adotada a BR-116, num pequeno trecho de, aproximadamente, 20 km, onde volta a ser
adotada a BR-324 até a cidade de Capim Grosso, num percurso de 102 km, por onde se
segue no sentido norte, através da BR-407 até a cidade de Senhor do Bonfim,
percorrendo-se 106 km, e, por fim, adota-se a BA-131 até a cidade de Campo Formoso,
totalizando um percurso de 412 km (Figura 03). A partir de Campo Formoso, são
adotados dois caminhos diferentes até as áreas de trabalho: i) para Socotó, segue-se
através de estrada não pavimentada, num percurso de 10 km para norte de Campo
Figura 01: Mapa de localização da cidade de Pindobaçu.
Fonte: Wikipédia, 2010. Figura 02: Mapa de localização da cidade de Campo Formoso.
Fonte: Wikipédia, 2010.
5
Formoso, e; ii) para Carnaíba, adotando-se a BA-131 até a cidade de Pindobaçu, de
onde é tomada estrada não pavimentada até o povoado de Carnaíba, num percurso de 32
km para sul de Campo Formoso.
2.2 Geomorfologia
A região que comporta a Serra de Jacobina é composta por cinco domínios
geomorfológicos distintos, os quais foram definidos através de trabalhos de
fotointerpretação, sustentados pelas atividades de campo, realizados pelos estudantes da
Universidade Federal da Bahia, sob a orientação dos professores Antônio Marcos e
Flávio Sampaio, sendo sumarizados em: i) Relevo Montanhoso, o qual possui um
controle litológico e estrutural bem evidente, com os topos em torno de 1.100 metros de
altitude, sustentados por quartzitos, e os vales bastante profundos e estreitos, devido à
presença de rochas de baixa resistência intempérica/erosiva, proporcionando desníveis
de até 500 metros; ii) Cristas Residuais, apresentando um alinhamento N-S e E-W
impresso pela presença de veios de quartzo de grande magnitude; iii) Relevo
Ondulado, cujos topos são arredondados, às vezes com formato “meia laranja”, com
cotas variando entre 400 e 900 metros, predominando nos domínios onde afloram os
granitóides; iv) Depósitos de Tálus, caracterizado pela presença de um material
totalmente imaturo, composto por uma mistura de detritos de dimensões e composições
Figura 03: Principais vias de acesso ligando a capital Salvador à cidade de Campo Formoso.
Fonte: Google Maps, 2010.
6
variadas, angulosos, provenientes das regiões serranas, logo ocorrendo nas margens dos
dois primeiros domínios supracitados, e; v) Planícies Aluvionares, na qual predomina o
modelado de acumulação, sendo desenvolvidas nas várzeas susceptíveis à inundações
em épocas de chuva e ao longo das drenagens perenes, quando estas atingem um nível
de energia mais baixo.
2.3 Clima
O clima da região é profundamente afetado pela disparidade geomorfológica ali
presente, de modo que a existência de cotas em torno de 1.400 metros nas porções
serranas em contraste com cotas de 350 metros nas planícies aluviais, condicionou a
predominância de dois domínios climáticos que, de acordo com a classificação climática
de Koppen & Geiger (1928), são: i) Cfa, temperado e úmido, predominando na serra de
Jacobina, entre as cidades de Jacobina e Jaguarari, além da sua porção ocidental,
caracterizado por temperaturas oscilando entre os 18° e 34° C, com verões quentes e
sem estação seca, cujos meses mais quentes são dezembro e janeiro e os mais frios entre
junho e agosto, e a pluviosidade variando entre 600 e 900 mm, distribuídas em todo
ano, com uma maior intensidade entre novembro/janeiro e março/abril, e; ii)Bsh, semi-
árido quente, típicos de região de caatinga e do agreste, com uma estação chuvosa
irregular entre os meses de outubro e abril, com temperaturas médias em torno dos 27°
C, cujo mês mais quente (dezembro ou janeiro) atinge os 34° C e o mais frio (julho) 22°
C e pluviosidade oscilando entre 400 e 500 mm anuais, distribuídas entre os meses de
novembro a março.
2.4 Hidrografia
A área de estudo faz parte da bacia do rio Itapicuru (Figura 04), mais precisamente na
região do Alto do Itapicuru, o qual drena uma área de, aproximadamente, 36.440 km2,
cujas nascentes ocorrem na região de Campo Formoso, Antônio Gonçalves e Jacobina
apresentando importantes drenagens, dentre estas, o rio Itapicuru-Açu, o rio Aipim e o
rio da Fumaça (SEI, 1994f). O rio Itapicuru-Açu faz divisa a sul com os municípios de
Saúde e Ponto Novo e a oeste com os municípios de Mirangaba e Antônio Gonçalves,
sendo que no extremo noroeste do município de Pindobaçu este rio é denominado de
riacho da Madalena, possuindo um caráter intermitente, fluindo inicialmente de nordeste
7
para sudoeste e, após receber contribuições de drenagens provenientes do município de
Antônio Gonçalves, passa a fluir no sentido norte-sul até a foz do rio Sambaíba, este
último proveniente do município de Mirangaba, passando, então, a fluir na direção leste
com um caráter perene. Já o rio Aipim ocorre no limite entre os municípios de
Pindobaçu e Antônio Gonçalves, fluindo inicialmente para leste, com caráter
intermitente, passando, posteriormente, a fluir no sentido sudeste, até a divisa com
Filadélfia, onde assume o caráter perene até desembocar no rio Itapicuru-Açu. O rio da
Fumaça corre de noroeste para sudeste e é um dos principais afluentes da margem
esquerda do rio Itapicuru-Açu no município de Pindobaçu, o qual percorre cerca de 350
km até alcançar o litoral ao norte de Salvador, onde apresenta vazão de 14 m3/s.
Figura 04: Mapa de localização da Bacia do Itapicuru no Estado da Bahia.
Fonte: SRH, 2002.
8
2.5 Vegetação
A região em tela pode ser dividida em cinco unidades de vegetação, segundo o
levantamento realizado pelos alunos da Universidade Federal da Bahia, durante o
mapeamento multitemático orientado pelos professores Antônio Marcos e Flávio
Sampaio, as quais serão sumarizadas a seguir: i) Floresta Estacional Decidual,
caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbórea fechada com altura
média de 15 a 25 metros e arbustiva, estando assentada nos litotipos – quartzitos, filitos
e formações ferríferas - do Complexo Itapicuru e sobre os sedimentos de leques
coluvionares, ambos apresentando solo areno-argiloso e cotas que variam de 500 a
850m, sendo a mais densa vegetação da área, de extrema importância, pelo fato de
conter os deslizamentos de terra nas encostas, além de ajudar a proliferar a biota local;
ii) Mata de Galeria, apresenta características fisionômicas similares às encontradas na
Floresta Estacional Decidual, entretanto de ocorrência restrita, limitada aos vales
longitudinais e em alguns vales transversais, condicionadas pela presença dos solos
argilosos provenientes do intemperismo/pedogênese das rochas máficas-ultramáficas;
iii) Mata Ciliar, fortemente controlada pela presença das drenagens, ocupando as suas
margens, em cotas em torno de 550 metros, caracterizada por apresentar vegetação
arbustiva arbórea de pequenas arvoretas que chegam, no máximo, a 5 metros; iv)
Cerrado/Caatinga, ocorrendo em cotas que variam de 580 a 660 metros, é
caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbustiva arbórea, com
altura que varia de 4 a 12 metros, restritas aos solos areno-argilosos provenientes das
rochas graníticas, e, por fim; v) Caatinga, tratando-se de uma variedade de Cerrado
gramíneo-lenhoso, também conhecida como gerais, geralmente associada aos quartzitos
do Grupo Jacobina, dando origem a um solo areno-quartzoso e caracterizada por
apresentar uma vegetação de gramíneas pouco expressivas intercalada por locais
desprovidos de vegetação.
9
3 GEOLOGIA
3.1 Geologia Regional
A geologia da região em tela está inserida no contexto do Cráton do São Francisco, o
qual foi pioneiramente descrito por Almeida (1977), tratando-se de uma entidade
geotectônica estabilizada durante o Paleoproterozóico, após o evento orogenético
responsável pela amalgamação de quatro peleocontinentes que o integram - Bloco
Gavião, Bloco Jequié, Bloco Serrinha, encerrando o paleooceano Itabuna-Salvador-
Curaçá – (Barbosa & Sabaté, 2003), e que teve os seus limites redefinidos pela
orogênese Brasiliana, cujas faixas móveis apresentam-se contornando-o (Figura 05). A
colisão de placas supracitada promoveu a estruturação de um grande lineamento,
denominado Lineamento Contendas-Jacobina, o qual se estende por mais de 600 km,
aproximadamente N-S, sendo interpretados como uma geossutura que limita os blocos
arqueanos envolvidos no evento.
Figura 05: Esboço do Cráton do São Francisco e suas Faixas Marginais. Modificado de Alkimin et al. (1996).
10
Deste modo, as unidades litológicas presentes na região em foco compõem o Bloco
Gavião, sendo representadas por gnaisses, granitos indivisos, anfibolitos,
metaultramáficas e metassedimentares do Complexo Mairi, uma associação de rochas
máficas-ultramáficas, referentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso,
uma sequência vulcanossedimentar do tipo greenstone belt, denominada de Greenstone
Belt de Mundo Novo, a sequência metassedimentar do Grupo Jacobina e os granitóides
decorrentes da fase final da colisão Paleoproterozóica, ou seja, da fase de colapso
orogenético. Além das unidades supracitadas, as quais compõem o embasamento
Arqueano-Paleoproterozóico, é possível apontar a cobertura plataformal
Neoproterozóica, representada pelo Grupo Una e a cobertura Cenozóica, representada
pela Formação Caatinga e as coberturas detríticas indiferenciadas (Figura 06).
Figura 06: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso (adaptado de CPRM-CBPM, 2000).
11
A seguir será feita uma descrição sumarizada das principais Unidades Litológicas que
integram a geologia da região e que estão representadas no mapa da Figura 06.
3.1.1 Complexo Mairi
Compreende terrenos TGG’s (tonalito-granodiorito-granitos) migmatizados e
gnaissificados, remanescentes isolados de seqüências supracrustais representadas por
quartzitos e formações ferríferas, além de estreitos corpos de rochas máfica-
ultramáficas, sendo todo o pacote polideformado e metamorfisado em fácies anfibolito.
Datações através do método Rb-Sr forneceram idades em torno de 2,66 Ga (Sato, 1986
apud Mascarenhas et al., 1998).
3.1.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso
Este complexo foi inicialmente definido por Couto et. al. (1978) e consiste numa grande
intrusão diferenciada, com aproximadamente 40 quilômetros de comprimento e 1,2
quilômetro de espessura, composta por uma associação de serpentinitos, talco-
cloritaxistos, talco-tremolitaxistos e anfibolitos, provenientes de alterações hidrotermais
resultantes da interação entre seus protólitos peridotíticos e piroxeníticos com os
granitóides paleoproterozóicos. Toda a sequência apresenta-se intensamente deformada
pelas falhas de empurrão, cujo transporte tectônico aponta, a grosso modo, para o
sentido W, colocando-a sobre o embasamento arqueano e desmembrando-a em fatias,
dificultando, deste modo, a sua reconstituição estratigráfica e sua variação lateral.
Contudo, Thayer (1970 apud Couto et al. 1978), com base em parâmetros fornecidos
pelo padrão das camadas de cromitito estratiforme presentes neste complexo, inferiu
que as porções mediana e superior desta sequência foram erodidas e que sua espessura
original era de 4 quilômetros. Topitsch (1993) estimou sua idade, com base em
comparações com intrusões máficas-ultramáficas de mesma natureza que ocorrem em
outros crátons (Austrália Ocidental e Zimbabwe), como arqueana (~ 2,5-2,7 Ga).
3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo
Trata-se de uma sequência vulcanossedimentar orientada, aproximadamente, na direção
N-S, ocorrendo entre as cidades de Rui Barbosa e Juazeiro, inicialmente definida nas
12
cidades de Mundo Novo e Piritiba por Mascarenhas & Silva (1994), os quais
estabeleceram a sua estratigrafia como composta, da base para o topo, por: i)
anfibolitos, cuja geoquímica apontou uma filiação toleítica tipo MORB; ii) tremolititos
e metaultramafitos com prováveis protólitos komatiíticos (Topitsch, 1993); (iii)
metavulcânicas máficas compostas por metabasaltos, por vezes, apresentando estruturas
tipo pillow lava (Roig et al., 1992), cujos padrões de ETR apontam semelhanças aos
toleítos de back-arc; (iv) metavulcânica félsica de filiação calcialcalina; (v) rochas
metassedimentares representadas por pelitos, arcóseos e grauvacas equilibradas em
condições de metamorfismo de fácies xisto verde a anfibolito. Estudos geocronológicos
realizados por Peucat et al. (2002 apud Leite, 2002), utilizando o método U-Pb
SHRIMP em zircões obtidos em rochas metavulcânicas félsicas, atestam idade de 3,3
Ga. Posteriormente, Mascarenhas et al. (1998) incluiu nesta sequência as rochas
metassedimentares correspondentes as formações Bananeiras e Cruz das Almas (Leo et
al., 1964) e o Complexo Saúde (Couto et al., 1978; Melo et al., 1995).
3.1.4 Grupo Jacobina
Esta unidade representa parte do registro de uma bacia sedimentar, metamorfisada e
deformada, cujas dimensões aproximadas são de 300 km de extensão e uma largura
variável, atingindo, no máximo, 20 km. Encontra-se orientada segundo a direção N-S e
exibe forte mergulho para E. Zonas de cisalhamento dúcteis de transpressão e
transcorrência foram responsáveis pelo imbricamento tectônico, que, por vezes,
colocam esta sequência empilhada sobre os ortognaisses a oeste e sob os paragnaisses a
leste. Em decorrência das inúmeras controvérsias acerca do empilhamento estratigráfico
desta unidade, será, aqui, admitida a estratigrafia proposta por Mascarenhas et.al.
(1992), que comporta, da base para o topo, cinco unidades litoestratigráficas, a saber: i)
Formação Serra do Córrego, a qual é composta por intercalações de quartzitos e
metaconglomerados, estes últimos portadores de mineralizações auríferas, oligomíticos,
embora se apresentem texturalmente imaturos, arredondados a subangulosos, por vezes
estirados; ii) Formação Rio do Ouro, mantendo um contato gradacional com a unidade
sotoposta, composto por quartzitos finos a médios, de coloração variando entre verde
(quando em presença da fucsita) e branco, apresentando níveis delgados e descontínuos
de metaconglomerado em sua base e com estruturas primárias preservadas
(estratificações cruzadas e marcas onduladas assimétricas) indicando que o sentido das
13
paleocorrentes foram de E para W; iii) Formação Cruz das Almas, composta por uma
associação ritmicamente intercalada de clorita xistos, quartzo-sericita xistos, filonitos,
filitos e metarenitos, muito bem representada na porção noroeste de Pindobaçu; iv)
Formação Serra do Meio, com ocorrências na borda leste do Grupo Jacobina,
principalmente nas cidades de Jacobina, Pindobaçu e Jaguarari, sendo composta por
alternâncias de quartzitos/metarenitos brancos com níveis decimétricos de andaluzita
xistos, normalmente exibindo estruturas primárias, tais quais estratificações plano-
paralelas, cruzadas de pequeno a médio porte do tipo espinha-de-peixe, gradando, em
direção ao topo, para estratificações cruzadas do tipo hummocky, e, completando a
sequência; v) Formação Serra da Paciência, também constituída por metarenitos e
quartzitos, restrita a porção centro-norte da Serra de Jacobina e nas imediações de
Pindobaçu.
3.1.5 Granitos Intrusivos
Tratam-se de maciços das mais variadas dimensões, em geral, leucocráticos, compostos
predominantemente por quartzo, feldspato, biotita, moscovita e, por vezes, granada, de
textura porfirítica a homogênea, por vezes apresentando orientação impressa pelo fluxo
magmático e/ou milonitização. Dentre esses granitos, os mais importantes na área de
trabalho são o de Campo Formoso e o de Carnaíba, os quais serão detalhados mais
adiante, no capítulo referente à Geologia Local. Contudo também é possível apontar a
ocorrência dos granitos associados ao Complexo Saúde e ao Grupo Jacobina, exibindo
fácies mais aluminosas, contendo fases com moscovita e silimanita (Rudowiski 1989;
Leite, 2002) e outros granitos peraluminosos, que ocorrem na região, conhecidos como:
Flamengo, Jaguarari, Brejão das Grotas e Mirangaba. Esses granitos foram gerados ao
final do Ciclo Paleoproterozóico, (~2.0-1.9 Ga, idade obtida por Sabaté et al., op.cit.),
segundo Rudowiski (op.cit.).
3.1.6 Grupo Una
Esta unidade representa as coberturas plataformais neoproterozóicas, as quais
recobriram uma grande extensão areal, abrangendo os estados da Bahia e Minas Gerais,
interpretadas como um mar de águas rasas e quentes decorrentes de um período de
deglaciação. Deste modo, na base, é composto pela Formação Bebedouro, de possível
14
origem glacial, constituído por diamictitos com seixos de gnaisses, granitos, quartzitos,
siltitos e calcários, por vezes apresentando formato de “ferro de engomar”, imersos em
matriz fina, as quais gradam para arenitos e grauvacas no topo. Também é possível
verificar a presença de ardósias contendo seixos pingados. A Formação Salitre ocorre
no topo deste grupo e consiste em rochas carbonáticas e pelíticas, dentre estas
calcilutitos e calcarenitos finos com intercalações dolomíticas e finas lâminas pelitico-
carbonática. Subordinadamente ocorrem metadolomitos, metargilitos calcíferos, margas
e metarenitos, sendo esse pacote interpretado como de origem marinha rasa, decorrente
de uma elevação eustática a nível global.
3.1.7 Coberturas Cenozoicas
As coberturas mais representativas na área de trabalho são representadas pelas
formações Caatinga e Capim Grosso. A primeira é composta por brechas calcíferas com
seixos de calcário cinza e calcrete/travertinocalcários, interpretados como resultado do
retrabalhamento (dissolução e reprecipitação) das rochas da Formação Salitre, em
consequência dos processos da dinâmica superficial, ocorrendo, geralmente, nas
depressões topográficas e ao longo de estruturas como falhas e fraturas, apresentando-se
horizontalizadas a subhorizontalidas. A segunda, eminentemente detrítica, é constituída
predominantemente por sedimentos areno-argilosos, embora ocorram níveis
conglomeráticos em sua base, com granodecrescência ascendente, apresentando
coloração creme a marrom avermelhada, também restrita às porções topograficamente
planas e com cotas baixas, por vezes desenvolvendo morrotes de topo aplainado,
interpretadas como depósitos de fluxo fluvial sob um clima árido.
15
3.2 Geologia Local
Uma vez apresentadas as características geológicas comuns às duas áreas de trabalho –
Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso – neste item serão expostas as
peculiaridades de cada uma destas, de forma sucinta, buscando-se demonstrar as
principais unidades litoestratigráficas destes dois sítios. A Figura 07, abaixo, mostra as
áreas supracitadas que serão descritas neste item.
Figura 07: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Socotó (Rudowiski, 1989).
Socotó
Carnaíba
16
3.2.1 Geologia da Região de Carnaíba-Pindobaçu
Tendo em vista que a maior parte do trabalho se desenvolveu na região de Carnaíba,
onde foi feito um maior número de coletas de amostras para análise química e
petrográfica, esta área será a primeira a ser abordada e a Figura 08, abaixo, representa
um detalhamento da sua geologia.
A região de Carnaíba é caracterizada pela presença de rochas arqueanas a
paleoproterozóicas do Complexo Gnáissico-Migmatítico, do Greenstone Belt de Mundo
Figura 08: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba (Moreira et al., 2006).
Granito de Mirangaba
Granito de Angico
Granito de Carnaíba
17
Novo, do Grupo Jacobina e Granitos Intrusivos, formando uma estrutura antiforme, cujo
núcleo é ocupado pelo granito de Carnaíba e rochas do Complexo Gnáissico-
Migmatítico. A seguir será feita uma breve descrição das Unidades supracitadas, pois
algumas destas já foram mencionadas no item referente à Geologia Regional.
3.2.1.1 Complexo Gnáissico-Migmatítico
Como pode ser observada no mapa apresentado na Figura 08, esta unidade ocupa a
porção NW e parte da porção central e centro-sul da área, sendo representada por rochas
tonalito-trondhjemito-granodiorito (TTG), de idade em torno de 3.3 Ga (U-Pb SHRIMP
em zircões) as quais são interpretadas como resultado de fusão de basaltos toleíticos,
formando, então, uma das crostas continentais mais precoces da Bahia (Barbosa &
Sabaté, 2003). Estas rochas estão equilibradas em fácies anfibolito, apresentando-se ora
foliada, ora isotrópica, por vezes migmatizadas.
3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo
Esta sequência vulcanossedimentar, de idade arqueana, congrega, segundo Mascarenhas
& Silva (op.cit.), uma série de rochas, tais quais formações ferríferas e manganesíferas,
quartzitos, filitos, metagrauvacas, metacherts, calcissilicáticas, afibolitos, dentre outras.
Contudo, na região de Carnaíba, conforme mapa da Figura 08, esta unidade é
representada por fatias tectônicas de rochas máficas-ultramáficas, dispostas em faixas
alongadas, com largura máxima em torno de 200 metros, encaixadas ao longo dos
planos de acamadamento dos quartzitos pertencentes ao Grupo Jacobina e, também, no
embasamento, além de ocorrerem como enclaves, a exemplo do corpo ameboide do
garimpo do Bode, em meio ao granito de Carnaíba (Moreira & Silva, op cit.).
3.2.1.3 Grupo Jacobina
Na região de Carnaíba, Moreira & Silva (op cit.) descreveram o Grupo Jacobina, de
idade paleoproterozóica, subdividindo-o em duas seqüências, a saber: i) Formação Rio
do Ouro, ocorrendo tanto na zona de charneira, como no flanco leste da estrutura
antiformal, sendo constituída por um metaconglomerado basal e quartzitos de coloração
branca ou verde (presença de fucsita), os quais são as principais encaixantes dos corpos
18
máficos-ultramáficos portadores de mineralizações, e; ii) Grupo Jacobina Indiviso, o
qual tangencia a periferia do antiforme de Carnaíba, composto por quartzitos, xistos,
filitos, filonitos e cloritaxistos.
3.2.1.4 Granitos Intrusivos
Conforme o mapa exposto na Figura 08, é possível verificar a presença de três corpos
graníticos. O primeiro, ocorrendo na porção SW do mapa, denominado de Granito de
Mirangaba, o segundo, localizado a NNW do mapa, é conhecido como o Granito de
Angico e o terceiro e principal corpo é o Granito de Carnaíba, o qual ocupa a porção
central da estrutura antiformal. Este último corpo, segundo Rudowski (op.cit.), constitui
uma série magmática que evoluiu de granito a duas micas para granito com moscovita e
granada e cuja existência de saltos nos teores de Be, Rb, Si e K na transição entre estes
granitos, significa que houve desmistura de uma fase fluida de magma, o que permitiu a
extração dos referidos elementos do banho silicático e a abertura de fraturas nas
encaixantes.
3.2.1.5 Sedimentos Terciário-Quaternários
Restritos a uma pequena porção localizada no extremo NW da área do mapa, tratam-se
de sedimentos inconsolidados, compostos por argilas, areias e cascalhos relacionados à
superfície de erosão Velhas.
19
3.2.2 Geologia da Região de Socotó-Campo Formoso
Localizada cerca de 50 km a norte de Carnaíba, a região de Socotó, município de
Campo Formoso, também foi objeto de estudo do presente trabalho e a sua geologia
será descrita seguindo o mapa geológico abaixo (Figura 09).
A região de Socotó é composta por rochas arqueanas, paleoproterozóicas e
neoproterozóicas, representadas pelo Complexo Gnáissico-Migmatítico, o Complexo
Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, o Grupo Jacobina, o Granito de Campo
Formoso e o Grupo Una, o quais serão detalhados a seguir.
Figura 09: Mapa geológico simplificado da região de Socotó (adaptado de Rudowiski, 1989).
20
3.2.2.1 Complexo Gnáissico-Migmatítico
Ocupa uma grande extensão no mapa apresentado na Figura 09, ocorrendo em sua
porção central e centro-norte, além de uma pequena porção no extremo sudoeste. Trata-
se dos mesmos tonalito-trondhjemito-granodioritos (TTG) que ocorrem na região de
Carnaíba, de idade arqueana, foliados ou isotrópicos e por vezes migmatizado.
3.2.2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso
As rochas deste complexo ocorrem na porção norte do mapa, no contato entre os
gnaisses migmatíticos e o Grupo Jacobina e na porção sul, no contato entre o Granito de
Campo Formoso e o Grupo Jacobina. São as rochas portadoras de mineralização de
cromo. Segundo Topitsch (op.cit.) são de idade Arqueana, entre 2.5 e 2.7 Ga, pois
ocorrem como xenólitos no Granito de Campo Formoso, além da presença de cromita
detrítica nos quartzitos basais do Complexo Itapicuru.
3.2.2.3 Grupo Jacobina
Com grande expressão no mapa geológico apresentado na Figura 08, se alonga desde a
porção nordeste até o sudeste, acompanhando o contorno do Granito de Campo
Formoso. É composta pela Formação Rio do Ouro, a qual exibe um metaconglomerado
basal sobreposto por quartzitos e o Grupo Jacobina Indiferenciado, composto por uma
associação de quartzitos, xistos, filitos, filonitos e cloritaxistos.
3.2.2.4 Granito de Campo Formoso
Trata-se de um batólito com dimensões aproximadas de 25 km na direção N-S e 20 km
na E-W, de forma elíptica, que, segundo Rudowski (op.cit.), foi originado a partir de
intrusões polifásicas constituídas de granitos a duas micas (biotita e moscovita),
granitos a moscovita-granada e aplopegmatitos. O mesmo autor admite duas séries não
comagmáticas, evoluindo de granito a duas micas a granito a moscovita-granada, com
uma série precoce (a qual sofreu um processo de contaminação de Mg, Ni, Co, Cr e V),
em posição periférica, e uma série tardia, formando o núcleo do maciço, sendo que, em
cada série, a evolução da composição química das rochas e dos minerais (em particular
21
biotita e granada) pode ser descrita como resultado de um processo de cristalização
fracionada e de processo de mistura entre um líquido silicático e um cumulático,
próximo de um cumulato total, na maioria dos casos.
Seus contatos com as rochas encaixantes se dão de forma intrusiva, com exceção da sua
porção oeste, onde este é mascarado pela cobertura neoproterozóica, cujo contato é de
caráter erosivo. O contato deste corpo granítico, ao longo do limite sul, com o
Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, é caracterizado por um nível de
anfibolito a hornblenda-quartzo-plagioclásio-esfênio e epídoto, sobre o qual se
desenvolve uma biotita castanha, interpretada como resultante de um metamorfismo
potássico de contato. É possível observar, no setor nordeste do maciço, a presença de
mega-xenólitos de quartzito verde (com presença de fucsita), interpretados como “roof
pendents” no granito (Rudowski, op.cit.).
Rudowski (op.cit.) conseguiu individualizar duas unidades principais nesse corpo
granítico, o que lhe confere um caráter concêntrico, sendo que na porção mais externa
(periférica) ocorrem as fácies g1 e g1’’ e, na porção interna, a principal, ocorre a fácies
g2. Os contatos intrusivos entre estas fácies são de difícil detecção em campo, contudo,
ao analisar alguns afloramentos-chave, além de enclaves e filões graníticos, o autor
supracitado conseguiu recompor a história evolutiva deste corpo, reconstituindo a
cronologia relativa das diferentes intrusões em duas gerações, que são: i) uma primeira
geração de granito a duas micas g1, g1’ e g1’’ e uma primeira geração de granito a
granada g1G, g1G’ e aplopegmatitos, e; ii) uma segunda geração de granito a duas
micas g2 seguido de uma segunda geração de granito a granada g2G e aplopegmatitos.
3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado
Abrange a porção oeste do mapa da Figura 09, se estendendo até o extremo noroeste, e
trata-se de uma cobertura plataformal neoproterozóica, representada pela Formação
Bebedouro na base, a qual é interpretada como deposição em ambiente glacial, e a
Formação Salitre no topo, esta decorrente de deposição em ambiente marinho raso. Esta
Unidade está indiferenciada no referido mapa.
22
4 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA
Para levar em efeito o objetivo proposto, foram coletadas em campo 81 amostras de
rocha, de 29 pontos distintos, sendo 25 pontos inseridos na Reserva Legal de Garimpo,
na região de Carnaíba-Pindobaçu (Figura 10) e 4 pontos no Garimpo de Socotó-Campo
Formoso (Figura 11). Do total das 81 amostras, 67 foram coletadas no perímetro da
Reserva Legal de Garimpo, em Carnaíba-Pindobaçu e 14 amostras foram adquiridas no
Garimpo de Socotó, em Campo Formoso. As referidas amostras foram encaminhadas
para o Laboratório da Geosol, empresa que realizou as análises químicas das mesmas.
Figura 10: Mapa geológico simplificado do perímetro da Reserva Legal de Garimpo-Carnaíba, constando os pontos de
amostragem. Modificado de Moreira & Silva (2006).
23
Todas as amostras foram analisadas através do método Plasma ICP / Digestão
Multiácida, donde foi feita uma varredura para os seguintes elementos: Ag, Al, As, Ba,
Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, La, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, Sb, Sc, Sn, Sr, Ti,
V, W, Y, Zn e Zr. Deste universo de amostras, foram selecionadas 32 da região de
Carnaíba-Pindobaçu e 6 amostras do Garimpo de Socotó-Campo Formoso, para serem
LN-026
LN-027
LN-028
LN-029
Figura 11: Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso, constando os pontos de amostragem realizados
no garimpo de Socotó. Modificado de Rudowiski (1989).
Garimpo de Socotó
24
analisadas através do método de Fluorescência de Raios-X os seguintes elementos:
SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, TiO2, P2O5, MnO, K2O, Ba, Cl, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, S,
Sc, Sn, Sr, Ta, Th, U, V, Y, ZR e W. Também, essas mesmas 38 amostras, foram
analisadas através do método de Absorção Atômica / Solubilização Total para os
elementos Na2O e K2O, através do Método Clássico (Titulação) o óxido FeO, através do
método Eletrodo de Ion Específico o elemento F e, através do método Plasma ICP /
Troca Iônica os elementos La, Ce, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Hb, Er, Yb e Lu. Por fim, do
total das amostras coletadas, foram selecionadas 17 amostras provenientes da região de
Carnaíba-Pindobaçu e 4 amostras do Garimpo de Socotó-Campo Formoso para serem
analisadas através do método Absorção Atômica / Fire Assay os elementos Au, Pd e Pt.
Em posse dos resultados analíticos, neste item serão discutidos os valores obtidos e a
sua distribuição em planta, buscando um maior entendimento da área em apreço, de
modo a verificar o grau de interação geoquímico entre as rochas envolvidas no processo
de metassomatismo. Ou seja, conforme já mencionado no item que expôs os objetivos
do presente trabalho, verificar-se-á qual foi o aporte geoquímico dos elementos
provenientes dos granitóides paleoproterozóicos que intrudiram as rochas máficas-
ultramáficas em ambas as áreas de trabalho (Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo
Formoso), assim como quais elementos pertinentes às referidas rochas máficas-
ultramáficas permaneceram com as concentrações originais, através do estudo dos
flogopititos gerados em tal processo, tendo como background os valores obtidos para os
serpentinitos poupados do processo supracitado.
Com o intuito de facilitar a exposição dos dados, os mesmos serão apresentados
separadamente, primeiro abordando a região de Carnaíba-Pindobaçu, pela maior
expressividade de amostras coletadas e, posteriormente, a região de Socotó-Campo
Formoso. Por fim, os dados serão confrontados, buscando averiguar as diferenças e
similaridades da ação do processo hidrotermal em ambas as áreas contempladas neste
trabalho.
25
4.1 Caracterização Geoquímica da região de Carnaíba-Pindobaçu
Os trabalhos de amostragem se concentraram na área da Reserva Legal de Garimpo, a
qual abarca os garimpos Laranjeiras, Arrozal, Bráulia, Marota, Bode-Lagarto-Gavião,
Mundé, Carnaíba de Baixo e Carnaíba de Cima, este último reunindo o Trecho Velho e
o Trecho Novo (Bica e Cabra).
Do total das 67 amostras coletadas na região supracitada, 49 foram de flogopititos, 15
dos serpentinitos e 3 do granitóide. Para mostrar os resultados analíticos, será feita uma
abordagem separada por litologia.
4.1.1 Geoquímica dos Flogopititos
Foi realizada uma varredura para 32 elementos nas 49 amostras coletadas, através do
método de Plasma ICP – Digestão Multiácida, e os resultados obtidos se encontram na
Tabela 01, em anexo. Conforme pode ser observado na referida tabela, os valores mais
significativos foram para os elementos Ba, Be, Co, Cr, Li, Mo, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr.
Deste modo, estes resultados analíticos serão enfatizados nos subitens seguintes, de
modo sucinto, para posteriormente serem discutidos em maiores detalhes. Os valores
obtidos para os flogopititos são cotejados com os teores médios admitidos para as
rochas graníticas, para as rochas ultramáficas e, também, para a crosta terrestre (Fonte:
Levinson, 1980 apud Licht et al., 2007), visto que esses flogopititos são considerados
como produtos da interação de frações pegmatíticas com os serpentinitos.
Foto 01 – Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaíba de Cima, mostrando, ao fundo, o Povoado de
Carnaíba de Baixo. A linha vermelha tracejada delimita, grosso modo, as litologias referentes aos quartzitos do Grupo
Jacobina, o qual impõe um relevo positivo, e o Granito de Carnaíba, ocupando a baixada topográfica.
Carnaíba de Baixo
Quartzitos do Gr. Jacobina
Granito de Carnaíba
26
Distribuição do Bário nos Flogopititos de Carnaíba
O bário é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 425
ppm, sendo que nas rochas ultramáficas a sua média é em torno de 2 ppm e nas rochas
graníticas 600 ppm. Os teores obtidos, quando comparados com os valores de
background da crosta terrestre e das rochas graníticas, não se mostram tão expressivos,
contudo praticamente todas as amostras, exceto a LN-020C, apresentaram teores bem
mais elevados do que o teor médio admitido para as rochas ultramáficas.
27
Distribuição do Berílio nos Flogopititos de Carnaíba
O berílio também é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é
de 2,8 ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teor
em torno de 5 ppm nos granitos (Levinson, op.cit.). Todos os resultados obtidos
mostraram valores bem acima do background estabelecido tanto para a crosta terrestre,
como para os granitos. Algumas amostras chegaram a apresentar valores cerca de
cinquenta vezes maior do que os valores de referência supracitados, o que ratifica a sua
mineralização na região amostrada.
28
Distribuição do Cobalto nos Flogopititos de Carnaíba
O cobalto é um elemento siderófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 25
ppm, sendo que nas rochas ultramáficas o seu valor médio é de 150 ppm e nas rochas
graníticas 1 ppm. Os resultados analíticos mostram que os valores encontram-se bem
acima dos teores admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas
graníticas, porém abaixo dos valores de background estabelecidos para as rochas
ultramáficas.
29
Distribuição do Cromo nos Flogopititos de Carnaíba
O cromo é um elemento litófilo e a sua concentração média na crosta terrestre é de 100
ppm, com as rochas ultramáficas tendo, em média, 2.000 ppm e os granitos 4 ppm.
Deste modo, os valores obtidos para todas as amostras, exceto a amostra LN-025B,
encontram-se bem acima dos valores médios encontrados nos granitos e na crosta
terrestre, contudo, abaixo do valor médio admitido para as rochas ultramáficas. Somente
a amostra LN-022D obteve uma concentração condizente com o teor médio das rochas
ultramáficas.
30
Distribuição do Lítio nos Flogopititos de Carnaíba
O lítio é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 20 ppm,
não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teores em torno
de 30 ppm nas rochas graníticas. As amostras analisadas revelaram teores bem acima do
background tanto da crosta terrestre, quanto das rochas graníticas, sendo que todos os
resultados apontaram que os teores estão, no mínimo, dez vezes acima dos referidos
valores de referência, podendo atingir, como no caso da amostra LN-011B, com 4025
ppm, mais de mil vezes estes valores de background.
31
Distribuição do Molibdênio nos Flogopititos de Carnaíba
O molibdênio é um elemento siderófilo e a sua concentração média na crosta terrestre é
de 1,5 ppm, enquanto que nas rochas ultramáficas é de 0,3 ppm e nas rochas graníticas 2
ppm. Ao observar o gráfico de distribuição deste elemento na área, é possível verificar
que muitas destas amostras apresentaram valores bem acima dos backgrounds
estabelecidos, notadamente a amostra LN-010B, com concentração acima de 700 ppm.
32
Distribuição do Níquel nos Flogopititos de Carnaíba
O níquel é um elemento siderófilo e sua concentração na crosta terrestre é de 75 ppm,
enquanto que nas rochas ultramáficas é de 2000 ppm e nas rochas graníticas é de 0,5
ppm. Os resultados analíticos demonstram que as concentrações deste elemento, para
todas as amostras, estão bem acima dos valores médios estabelecidos para a crosta
terrestre, assim como para as rochas graníticas, contudo estes valores estão abaixo dos
teores propostos para as rochas ultramáficas.
33
Distribuição do Escândio nos Flogopititos de Carnaíba
O escândio é um elemento litófilo e sua concentração média na crosta terrestre é de 16
ppm, sendo que nas rochas ultramáficas os valores médios encontrados são da ordem de
10 ppm e nas rochas graníticas 5 ppm. Os resultados analíticos mostram que existem,
grosso modo, duas populações presentes na área de trabalho, uma em que os valores
obtidos encontram-se entre 5 e 10 ppm, logo variando entre os teores médios
estabelecidos para as rochas graníticas e ultramáficas, respectivamente, e outra
população em que os teores giram acima dos 15 ppm, valor médio da crosta terrestre.
Vale ressaltar a concentração deste elemento para a amostra LN-016B, a qual
apresentou um teor de 36 ppm, que equivale a mais de duas vezes o valor de
background estabelecido para a crosta terrestre.
34
Distribuição do Estrôncio nos Flogopititos de Carnaíba
O estrôncio, assim como o escândio, é um elemento litófilo, cuja concentração média na
crosta terrestre é de 375 ppm, nas rochas ultramáficas é de 1 ppm e nos granitos 285
ppm. Apesar dos valores obtidos estarem bem abaixo das concentrações médias
estabelecidas para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, os mesmos se mostram
bem superiores à concentração média das rochas ultramáficas. Todas as amostras
apresentaram teores, pelo menos dez vezes maiores do que o valor de background
admitido para as rochas ultramáficas, com destaque para a amostra LN-023B, a qual
apresentou um teor de 101 ppm, cerca de cem vezes maior do que o referido valor
padrão.
35
Distribuição do Vanádio nos Flogopititos de Carnaíba
O vanádio é mais um representante litófilo e sua concentração média na crosta terrestre
é de 135 ppm, nas rochas ultramáficas o valor médio é de 50 ppm e nas rochas
graníticas é de 20 ppm. Todas as amostras analisadas demonstraram valores bem acima
do background estabelecido para as rochas graníticas, a maioria com valores acima da
concentração média nas rochas ultramáficas e doze amostras com valores maiores do
que os admitidos como teor médio para a crosta terrestre.
36
Distribuição do Zinco nos Flogopititos de Carnaíba
O zinco é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 70 ppm,
nas rochas ultramáficas os teores são de 50 ppm e nas rochas graníticas 40 ppm. Todas
as amostras apresentaram valores bem acima dos teores médios estabelecidos tanto para
as rochas ultramáficas, quanto para as rochas graníticas, assim como do valor médio
admitido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-011B, LN-022B e
LN-022D apresentaram teores mais de dez vezes maiores que os valores de background
estabelecidos para a crosta terrestre.
37
Distribuição do Zircônio nos Flogopititos de Carnaíba
O zircônio é um elemento litófilo, sendo a sua concentração média na crosta terrestre
em torno de 165 ppm, nas rochas ultramáficas com valores de 50 ppm e nos granitos
180 ppm. Todos os valores obtidos estão bem abaixo dos teores médios tanto para as
rochas graníticas, quanto para a crosta terrestre. Dentre estes valores, a maioria
apresentou valor abaixo, também, dos teores médios admitidos para as rochas
ultramáficas, contudo pode-se observar que as amostras LN-016A, LN-018A, LN-020A
e a LN-020C superaram o referido valor de background.
38
Conforme já citado anteriormente, além da varredura de 32 elementos, realizada através
do método Plasma ICP – Digestão Multiácida para todas as amostras de flogopititos,
foram selecionadas 25 destas para serem analisadas, também, através dos métodos que
constam na Tabela 02, em anexo. Contudo, foram separados os dados referentes aos
resultados analíticos dos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais
estão expostos na Tabela 4.1 e serão comparados com os teores médios obtidos nos
peridotitos (Fonte: Nockolds, 1964 apud Wedepohl, 1969) e nos granitos (Fonte: Ronov
& Yaroshevskii, 1967 apud Licht et al, 2007), para serem discutidos em seguida.
Os resultados analíticos expostos na tabela acima mostram que alguns elementos
merecem ser relevados, seja por seus teores estarem bem acima dos valores de
referência (Al2O3, Fe203 e K2O), ou por estarem bem abaixo destes (SiO2, Na2O, TiO2 e
CaO). Sendo assim, todas as amostras analisadas apresentaram teores de Fe2O3 bem
superiores aos valores de referência, chegando a ter amostras em que esses teores
superaram o background em mais cinco vezes, a exemplo da amostra LN-016B, com
um teor de 14,2%, enquanto a amostra que apresentou a menor concentração foi a LN-
003A, com 5,53%, o que representa mais que o dobro dos valores de background. Para
o K2O, todas as amostras analisadas obtiveram teores superiores aos valores de
referência, com destaque para as amostras LN-011A, LN-011B e LN-022B, nas quais
foram verificados os maiores teores dentre o universo de amostras, todas com 10,2%, o
que representa mais que o triplo do background do granito. O elemento Al2O3
apresentou dez amostras que obtiveram teores acima dos valores de referência e 15
Peridotito Granito LN-001A LN-002A LN-003A LN-004A LN-005B LN-006B LN-008B LN-009C LN-010B LN-011A LN-011B LN-012ASiO2 % 43,54 66,1 43 49,3 63,6 41,4 42,1 42 42,4 42 42,3 42,9 43,1 40Al2O3 % 3,99 15,2 12,1 8,04 5,95 14,9 14,5 14 14,5 14,7 16,2 23,8 16,7 17,5Fe2O3 % 2,51 2 6,63 6,93 5,56 7,95 6,97 8,16 7,95 8,72 9,37 7,75 7,21 9,59FeO % 9,84 2,7 1,42 0,71 2,19 2,64 1,58 2,78 2,57 3 3,12 1,85 1,44 1,7MgO % 34,02 2 25,7 26 17,3 22,6 23,2 22,6 21,8 22 19 12,1 19,9 18,3MnO % 0,21 0,1 0,14 0,11 0,09 0,18 0,1 0,12 0,21 0,14 0,31 0,35 0,41 0,37CaO % 3,46 3,5 0,1 0,4 0,69 0,18 0,33 0,29 0,11 0,07 0,31 0,12 0,13 1,08Na2O % 0,56 3,12 0,211 0,193 0,124 0,169 0,215 0,276 0,205 0,243 0,192 0,361 0,244 0,182K2O % 0,25 3,24 9,03 5,61 3,57 10 9,86 9,52 9,7 9,66 9,83 10,2 10,2 10,1TiO2 % 0,81 0,6 0,13 0,08 0,18 0,16 0,14 0,28 0,15 0,14 0,52 0,19 0,09 0,35P2O5 % 0,05 0,28 0,057 <0,01 0,013 0,13 0,175 0,031 0,073 0,055 0,159 0,093 0,103 0,735
Peridotito LN-014B LN-015A LN-016B LN-017B LN-018B LN-019A LN-019B LN-020B LN-020C LN-021A LN-022B LN-023A LN-024BSiO2 % 43,54 41 40,9 41,3 45,8 45,7 49,1 48,9 41 41,9 39,8 42 39,5 42,8Al2O3 % 3,99 15,3 16 17 12,3 11,7 9,87 8,6 15 12,6 16,8 16,9 17 14Fe2O3 % 2,51 10 10 14,2 9,15 10,8 9,66 10,2 14,5 13,9 12,3 8,07 13,6 6,94FeO % 9,84 4,21 3,57 7,3 4,09 5,96 4,22 4,11 10,59 9,25 5,58 1,56 6,35 1,56MgO % 34,02 20,2 20 14,6 21,6 17,8 18,2 19 16,6 17,4 19,3 18,7 16,7 23,8MnO % 0,21 0,26 0,19 0,35 0,13 0,13 0,18 0,24 0,12 0,16 0,19 0,37 0,16 0,14CaO % 3,46 0,51 2,45 0,94 1,34 2,26 3,97 4,85 0,48 2,61 0,03 0,92 <0,01 0,08Na2O % 0,56 0,316 0,42 0,646 0,109 0,667 0,167 0,329 0,296 0,201 0,098 0,194 0,099 0,31K2O % 0,25 9,51 9,36 9,19 8,14 5,31 6,02 4,44 8,38 7,11 9,44 10,2 9,51 9,94TiO2 % 0,81 0,46 0,33 0,73 0,24 0,36 0,31 0,28 0,45 0,37 0,43 0,19 0,9 0,11P2O5 % 0,05 0,357 0,481 0,463 0,049 0,06 0,021 0,054 0,098 0,055 0,014 0,685 0,037 0,024
Tabela 4.1 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Flogopititos - Canaíba / Pindobaçu
39
amostras cujos teores são maiores que o background estabelecido para os peridotitos e
menores que a dos granitos, podendo-se destacar a amostra LN-011A, que apresentou o
maior teor de todos para este elemento, com 23,8%. Dentre os elementos que
expressaram teores abaixo dos valores de referência, a SiO2 teve 19 amostras em que os
teores ficaram abaixo tanto do background dos peridotitos quanto dos granitos,
enquanto nas outras 6 amostras analisadas esses teores giraram acima do background
dos peridotitos e abaixo dos granitos, com destaque para amostra LN-003A, com um
teor de 63,6%, o maior valor registrado. A análise para o CaO mostrou que quase todas
as amostras estão com teores abaixo dos valores de referência, exceto as amostras LN-
019A e LN-019B, as quais demonstraram teores acima dos backgrounds tanto dos
peridotitos quanto dos granitos, com 3,97 e 4,85%, respectivamente. Para os elementos
Na2O e TiO2, quase todas as amostras aduziram teores abaixo dos valores de referência,
contudo, para o sódio, as amostras LN-016B e LN-018B revelaram teores acima do
background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 0,646 e 0,667%, respectivamente
e, para o titânio, a amostra LN-016B exprimiu um teor acima do background do granito
e abaixo do peridotitos, com 0,73%. Os demais elementos constantes na Tabela 4.1
obtiveram teores dentro dos limites dos valores de referência. O FeO teve 11 amostras
em que os teores ficaram abaixo dos valores de referência, 13 amostras onde os teores
foram superiores ao background dos granitos e abaixo dos peridotitos e apenas uma
amostra, a LN-020B, onde o teor obtido foi superior aos valores de referência, com
10,59%. O MnO foi um dos elementos que apresentaram as maiores flutuações de
teores, com 2 amostras abaixo dos valores de referência, 13 amostras cujos teores
ficaram acima do background dos granitos e abaixo dos peridotitos e 10 amostras acima
dos valores de referência. O P2O5 também apresentou grandes oscilações quanto aos
teores, onde 8 amostras exprimiram teores abaixo dos valores de referência, 12 amostras
obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos e 5
amostras com teores superiores aos referidos valores de referência. Já o MgO, todas as
amostras analisadas apresentaram teores mais elevados que o background dos granitos e
inferiores aos peridotitos.
Ainda na Tabela 02, em anexo, além dos elementos maiores, pode-se apontar os
relevantes resultados analíticos referentes aos elementos F, Cs e Rb, que serão ora
apresentados. O flúor, que é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta
terrestre é de 625 ppm, nas rochas ultramáficas de 100 ppm e nas rochas graníticas de
40
735 ppm, foi analisado através do método Eletrodo de Ion Específico, e os resultados
analíticos para todas as amostras apresentaram teores muito acima dos valores de
referência supracitados, cujo valor mínimo obtido foi de 4618 ppm e o valor máximo de
49128 ppm, e a média dos valores em torno de 26799 ppm, o que representa mais que
trinta e seis vezes o valor de background admitido para os granitos. O césio, elemento
litófilo, o qual apresenta uma concentração média na crosta terrestre em torno de 3 ppm,
não obtendo valores de referência para as rochas ultramáficas e com concentrações em
torno de 5 ppm nos granitos, para todas as amostras analisadas apresentou teores acima
do limite de detecção do método, que foi o de Fluorescência de Raios-X, atingindo
valores acima dos 200 ppm. Já o rubídio, elemento litófilo, também analisado através do
método de Fluorescência de Raios-X, cuja concentração média na crosta terrestre 990
ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teores de
150 ppm nos granitos, apresentou um valor mínimo de 257 ppm e um valor máximo de
2941 ppm, obtendo um valor médio de 1404 ppm, teor este bem acima dos valores de
referência estimados para a crosta terrestre e para os granitos.
Para concluir a caracterização geoquímica dos flogopititos de Carnaíba, foram
selecionadas 12 amostras para serem analisadas, através do método Absorção Atômica –
Fire Assay, para os elementos Au, Pd e Pt, cujos resultados estão expressos na Tabela
4.2.
Au Pd Ptppb ppb ppb
LN-002A f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-004A f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-004B f lo g o p it i t o t alcif icad o <5 <5 <5
LN-006B f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-009C f lo g o p it i t o 9 <5 <5
LN-011B f lo g o p it i t o t alcif icad o <5 <5 <5
LN-012A f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-014B f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-015A f lo g o p it i t o 35 <5 <5
LN-020B f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-020C f lo g o p it i t o t alcif icad o 8 <5 6LN-022B f lo g o p it i t o <5 <5 <5
LN-024B f lo g o p it i t o <5 <5 11
Tabela 4.2 - Resultados Analíticos dos elementos ultra-traço - Flogopititos - Carnaíba / Pindobaçu
Sample ID Tipo de RochaAbsorção Atômica / Fire Assay
41
Como pode ser observado, os resultados mostraram que somente quatro amostras
obtiveram teores acima dos valores mínimos de detecção. A amostra LN-009C
apresentou o teor de 9 ppb e a amostra LN-015A um valor de 35 ppb para o Au, a LN-
024B, um teor de 11 ppb para a Pt e, por fim, a amostra LN-020C, apresentou valores
em torno de 8 ppb para o Au e 6 ppb para a Pt.
4.1.2 Geoquímica dos Serpentinitos
Com o intuito de verificar o comportamento geoquímico das rochas que representam o
protólito dos flogopititos, ou seja, das rochas que foram poupadas do processo
metassomático decorrente da colocação do granito de Carnaíba, processo este que
resultou na geração dos flogopititos, foi realizada uma varredura para 32 elementos nas
15 amostras de serpentinitos coletadas, através do método de Plasma ICP – Digestão
Multiácida, e os resultados obtidos se encontram na Tabela 03, em anexo.
A tabela supracitada demonstra que os valores mais relevantes foram para os elementos
Ba, Be, Co, Cr, Cu, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim, nos subitens seguintes estes
resultados analíticos serão abordados, de forma descritiva, para posteriormente serem
discutidos em maiores detalhes. Do mesmo modo que foi feito na exposição dos dados
analíticos obtidos para os flogopititos, os dados referentes aos serpentinitos serão
cotejados com os teores médios estabelecidos para as rochas graníticas, para as rochas
ultramáficas e para a crosta terrestre (Fonte: Levinson, op.cit.).
42
Distribuição do Bário nos Serpentinitos de Carnaíba
Todos os resultados apontam que as concentrações deste elemento estão bem abaixo dos
valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas
graníticas, contudo, quando comparados com o background das rochas ultramáficas, os
valores apresentam-se acima do padrão admitido. Dentre os resultados obtidos, é
possível verificar que a amostra LN-015C se destacou bastante com relação às demais,
atingindo teores cerca de vinte e cinco vezes o valor admitido como background para as
rochas ultramáficas.
43
Distribuição do Berílio nos Serpentinitos de Carnaíba
A maioria dos resultados apresentou valores bem próximos aos admitidos para as rochas
graníticas, exceto as amostras LN-004C, LN-006A e LN-010A, as quais não mostraram
concentrações deste elemento e a amostra LN-015C, a qual apontou um valor mais de
dez vezes maior do que o admitido para as rochas graníticas.
44
Distribuição do Cobalto nos Serpentinitos de Carnaíba
Todas as amostras analisadas apresentaram valores bem maiores do que os admitidos
como padrão tanto para a crosta terrestre, quanto o valor médio estabelecido para as
rochas graníticas. Entretanto, estes valores encontram-se um pouco abaixo do que o
background firmado para as rochas ultramáficas.
45
Distribuição do Cromo nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados obtidos demonstram que todas as amostram apresentaram teores muito
superiores ao estabelecido como background das rochas graníticas, sendo a maioria
delas, exceto a LN-015C, também com valores bem maiores do que o valor médio
admitido para a crosta terrestre. Por outro lado, quase todas as amostras, exceto a LN-
001B, obtiveram teores um pouco abaixo dos admitidos como background para as
rochas ultramáficas.
46
Distribuição do Cobre nos Serpentinitos de Carnaíba
A distribuição deste elemento se mostra bem irregular, de modo que as amostras LN-
004B, LN-021B e LN-024C não apresentaram teores relevantes do mesmo, nas
amostras LN-004C, LN006A, LN-009B e LN016C as concentrações ficaram
enquadradas no padrão de ocorrência deste elemento para as rochas ultramáficas e
graníticas, e o restante das amostras com teores mais próximos ao teor médio
estabelecido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-015C e LN-022C
foram as que apresentaram os teores mais discrepantes, corroborando com a
constatação, em campo, da possível ocorrência de sulfeto observado
macroscopicamente.
47
Distribuição do Lítio nos Serpentinitos de Carnaíba
A sua distribuição também se encontra bastante irregular, de forma que na amostra LN-
004C ficou abaixo do limite de detecção, nas amostras LN-001B, LN-006A, LN-009B,
LN-014C e LN-016C os teores ficaram bem próximos dos valores médios estabelecidos
para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, enquanto que nas amostras restantes
estes teores foram superados com valores bem acima dos estabelecidos, com destaque
para a amostra LN-015C, cujo teor superou cerca de dez vezes o valor de background
estabelecido para as rochas graníticas.
48
Distribuição do Níquel nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras, exceto a LN-015C,
apresentam teores bem mais elevados do que os estabelecidos para a crosta terrestre,
assim como para as rochas graníticas, com valores que muito se aproximam ao valor de
background para as rochas ultramáficas.
49
Distribuição do Escândio nos Serpentinitos de Carnaíba
A maioria das amostras apresentou teor dentro dos valores estabelecidos como
background para as rochas ultramáficas e graníticas, assim como para a crosta terrestre,
excetuando-se a amostra LN-015C, a qual apresentou teor bastante discrepante das
demais amostras, atingindo quase três vezes o valor médio admitido para a crosta
terrestre.
50
Distribuição do Estrôncio nos Serpentinitos de Carnaíba
Deste modo, ao observar os resultados obtidos, é possível verificar que todas as
amostras apresentaram teores acima do background estabelecido para as rochas
ultramáficas, contudo bem menores do que os teores médios admitidos para a crosta
terrestre e para as rochas graníticas. Mais uma vez a amostra LN-015C apresentou um
teor bem discrepante das demais amostras em tela, atingindo cerca de cento e vinte
vezes o valor de background admitido para as rochas ultramáficas.
51
Distribuição do Vanádio nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados analíticos mostram que a maioria das amostras apresentou concentrações
entre 50 e 100 ppm, ou seja, bem acima do teor médio estabelecido para as rochas
graníticas, com valores próximos ou um pouco maior que o valor de background
admitido para as rochas ultramáficas e menores do que o teor médio deste elemento na
crosta terrestre. Contudo, mais uma vez, a amostra LN-015C apresentou um teor bem
superior ao encontrado para as demais amostras.
52
Distribuição do Zinco nos Serpentinitos de Carnaíba
A maioria das amostras apresentou teores entre os valores padrões estabelecidos para a
crosta terrestre, as rochas ultramáficas e graníticas. Mas as amostras LN-002B, LN-
007A, LN-014D, LN-016C, LN-021B, LN-022C e LN-024C obtiveram valores de
concentração em zinco bem maiores do que os valores de background supracitados,
especialmente as amostras LN-007A e LN-021B, as quais apresentaram valores cerca de
três vezes maiores do que o valor médio estabelecido para a crosta terrestre.
53
Distribuição do Zircônio nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados analíticos demonstram que a maioria das amostras não apresentou teores
acima do limite de detecção e as que apresentaram, os valores estão bem abaixo dos
valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas
ultramáficas e graníticas. Porém a amostra LN-015C demonstrou um valor muito
discrepante das demais, contudo, ainda assim, abaixo dos valores de background
supracitados.
A caracterização geoquímica dos serpentinitos levou em conta não só a varredura para
os 32 elementos, através do método Plasma ICP – Digestão Multiácida, como também,
para 7 amostras, foi realizada uma análise através de diferentes métodos, cujos
resultados estão expostos na Tabela 04, em anexo. Dos resultados constantes nessa
referida tabela, foram selecionados os dados referentes aos elementos maiores,
expressos na forma de óxidos, para serem agora expostos e, posteriormente, discutidos.
Os valores obtidos para esses elementos maiores estão representados na Tabela 4.3,
abaixo.
54
Os resultados analíticos dos elementos maiores demonstram que a maioria destes
encontra-se com valores abaixo dos teores médios estabelecidos tanto para as rochas
peridotíticas, quanto para as rochas graníticas. Esses elementos são: SiO2, Al2O3, CaO,
Na2O, K2O, TiO2 e P2O5. Para o silício, quase todas as amostras apresentaram teores
abaixo dos valores de referência, exceto as amostras LN-004B, LN-015C e LN-024C, as
quais obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com
52,9%, 46,7% e 46,2%, respectivamente. Para a alumina, também foram encontrados
teores abaixo dos valores de referência para grande parte das amostras analisadas,
contudo as amostras LN-009B e LN-015C apresentaram teores acima do background
dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 4,37% e 14,8%, respectivamente. Para os
elementos CaO, Na2O, TiO2 e P2O5, todas as amostras exprimiram teores abaixo dos
valores de referência, exceto a amostra LN-015C, a qual obteve teores mais elevados,
configurando-se numa discrepância com relação às demais. O potássio obteve um
comportamento muito similar ao da sílica, cuja maioria das amostras apresentou teores
abaixo dos valores de referência, exceto, também, as amostras LN-004B, LN-015C e
LN-024C, que aduziram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos
granitos, com 1,6%, 0,81% e maior que 1%, respectivamente. O Fe2O3 foi o único
elemento que todas as amostras apresentaram teores acima dos limites de referência. O
FeO, o MgO e o MnO foram elementos em que os teores encontrados, para a maioria
das amostras, encontram-se no intervalo dos valores de referência, ou seja, acima do
background dos granitos e abaixo dos peridotitos.
Na Tabela 04, em anexo, além de constar os elementos maiores, também é possível
apontar resultados relevantes para os elementos F, Cs e Rb. O flúor apresentou como
menor valor a concentração de 472 ppm e o maior valor 24143 ppm, obtendo, então um
Peridotito Granito LN-001B LN-004B LN-004C LN-009B LN-014C LN-015C LN-024CSiO2 % 43,54 66,1 41 52,9 39,5 40,7 40,4 46,7 46,2Al2O3 % 3,99 15,2 3,42 2,18 2,24 4,37 3,05 14,8 3,34Fe2O3 % 2,51 2 10,6 7,17 10,2 9,87 8,96 14,8 7,85FeO % 9,84 2,7 5,74 1,86 2,37 3,56 4,46 5,57 2,99MgO % 34,02 2 35,3 28,3 35,1 32,9 32,9 8,36 30,7MnO % 0,21 0,1 0,17 0,07 0,15 0,13 0,13 0,2 0,2CaO % 3,46 3,5 0,92 1,36 0,73 2,2 2,45 8,25 1,78Na2O % 0,56 3,12 0,025 0,069 <0,013 0,022 0,015 >1 0,101K2O % 0,25 3,24 0,025 1,6 <0,012 0,032 0,053 0,81 >1TiO2 % 0,81 0,6 0,11 0,07 0,09 0,17 0,09 1,4 0,11P2O5 % 0,05 0,28 0,011 0,01 0,013 0,019 0,015 0,146 0,015
Tabela 4.3 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Serpentinitos - Carnaíba/Pindobaçu
55
teor médio de 8404 ppm, valor este que supera o background estabelecido para os
granitos em mais de onze vezes. O césio expressou quatro amostras com valores abaixo
do limite de detecção do método empregado, que é de 50 ppm, e o maior valor obtido
foi acima do limite máximo de detecção, que é de 200 ppm, conferindo um valor médio
de 99 ppm, que representa quase vinte vezes o valor de background estabelecido para as
rochas graníticas. Já o rubídio, apresentou como menor o teor o valor de 13 ppm e como
maior teor o valor de 407 ppm, consolidando um valor médio de 129 ppm, que é abaixo
dos valores de referência admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas
graníticas.
Para concluir o levantamento geoquímico dos serpentinitos da região de Carnaíba,
foram selecionadas 4 amostras desta rocha para serem analisadas quanto aos elementos
Au, Pd e Pt. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.4, abaixo.
Conforme mostra a tabela, o único resultado relevante foi para a amostra LN-015C, a
qual demonstrou teor de 6 ppb para a Pt, o que não pode ser considerado como anomalia
geoquímica, tendo em vista que o background desse elemento para as rochas
ultramáficas é de 20 ppb.
4.2 Caracterização Geoquímica da região de Socotó-Campo Formoso
A realização da amostragem no âmbito do Garimpo de Socotó (Foto 02) foi bastante
prejudicada pelo fato do abandono das frentes de serviços no local. Somente alguns
poucos garimpeiros permaneceram na região e as informações acerca das outras grunas
desativadas, como profundidade e tempo de serviço, por exemplo, não eram possíveis
de serem obtidas. As vias de acesso locais se encontram em estado bastante degradado e
o comércio local também sofre com a evasão.
Au Pd Ptppb ppb ppb
LN-001B serp ent init o <5 <5 <5
LN-009B serp ent init o <5 <5 <5
LN-014C serp ent init o <5 <5 <5
LN-015C serp ent init o <5 <5 6
Tabela 4.4 - Resultados Analíticos dos elementos ultra-traço - Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu
Sample ID Tipo de RochaAbsorção Atômica / Fire Assay
56
Deste modo, foram selecionados quatro pontos de coleta na área (Figura 11), onde se
obteve 14 amostras para o encaminhamento das análises químicas. Os resultados
analíticos serão apresentados separadamente, de acordo com a diferente litologia
abordada, para posteriormente serem confrontados e discutidos.
4.2.1 Geoquímica dos Flogopititos Do mesmo modo que para as demais amostras, foi realizada uma varredura de 32
elementos, através do método de Pasma ICP – Digestão Multiácida, das 9 amostras de
flogopititos coletadas nas frentes de serviço do Garimpo de Socotó. Os resultados
analíticos obtidos se encontram na Tabela 05, em anexo. Somente os resultados mais
significativos serão abordados nos subitens seguintes, com ênfase para os seguintes
elementos: Ba, Be, Co, Cr, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim como foi feito para as
amostras do distrito de Carnaíba, os teores obtidos para o distrito de Socotó serão
cotejados com os valores de referência das rochas ultramáficas, das rochas graníticas e
da crosta terrestre, cujos backgrounds para cada elemento estão expostos na descrição
dos resultados analíticos dos flogopititos de Carnaíba.
Quartzitos Gr. Jacobina
Gnaisses/Migmatitos do embasamento com enclaves
máficos-ultramáficos
Foto 02: Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma frente de serviço no
Garimpo de Socotó. A linha tracejada vermelha ao fundo, ilustra a delimitação dos quartzitos do Grupo Jacobina,
ocupando o alto topográfico e os gnaisses e migmatitos, que abrigam enclaves máficos-ultramáficos, ocupando a
porção mais arrasada topograficamente.
57
Distribuição do Bário nos Flogopititos de Socotó
Os resultados obtidos demonstram que todas as amostras apresentaram valores bem
acima do teor médio deste elemento para as rochas ultramáficas. Contudo estas
amostras apresentaram valores abaixo dos teores médios do bário para a crosta terrestre,
exceto a amostra LN-029D, a qual superou esse background, quase chegando a atingir o
valor médio deste elemento para os granitos.
58
Distribuição do Berílio nos Flogopititos de Socotó
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras se encontram com valores
bem acima dos teores médios da crosta terrestre, assim como das rochas graníticas.
Dentre as amostras, destaca-se a LN-028A, a qual demonstrou um teor vinte vezes
maior do que o estabelecido como background para as rochas graníticas.
59
Distribuição do Cobalto nos Flogopititos de Socotó
Todas as amostras analisadas apresentaram teores bem maiores do que os valores de
background estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Contudo
estes valores ainda se encontram mais baixos do que o valor médio estimado para as
rochas ultramáficas.
60
Distribuição do Cromo nos Flogopititos de Socotó
Do mesmo modo que se comportou a concentração do elemento cobalto, o cromo
também apresentou teores bem mais elevados do que os teores médios estabelecidos
tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas graníticas, entretanto abaixo do valor
de background firmado para as rochas ultramáficas.
61
Distribuição do Lítio nos Flogopititos de Socotó
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras apresentaram teores
disparadamente mais altos do que os valores de background estabelecidos para a crosta
terrestre, assim como para as rochas graníticas. A discrepância entre os valores obtidos
e os valores de referência é tal, que, na amostra LN-029C, o teor atingido chega a ser
mais de cinquenta vezes maior do que o background estabelecido para os granitos.
62
Distribuição do Níquel nos Flogopititos de Socotó
Os resultados analíticos obtidos para o elemento níquel, seguiram o mesmo
comportamento dos elementos cromo e cobalto, ou seja, todas as amostram
apresentaram valores de concentração muito superiores aos admitidos como background
para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Mas esses valores ficaram abaixo da
metade do valor médio estabelecido para as rochas ultramáficas.
63
Distribuição do Escândio nos Flogopititos de Socotó
Os resultados obtidos demonstram que todas as amostras apresentaram valores maiores
do que os valores médios admitidos para as rochas ultramáficas e graníticas, contudo
somente as amostras LN-026A, LN-027C, LN-029C e LN-029D também apresentaram
teores maiores do que o background estabelecido para a crosta terrestre.
64
Distribuição do Estrôncio nos Flogopititos de Socotó
A distribuição deste elemento mostra que todas as amostras obtiveram valores bem
abaixo dos teores médios estabelecidos tanto para a crosta terrestre quanto para as
rochas graníticas. Mas, quando esses valores são comparados com o background
admitido para as rochas ultramáficas, verifica-se que os mesmos o superam em todas as
amostras, com destaque para a amostra LN-029D, a qual apresentou um valor de
concentração quase que cinquenta vezes maior do que o teor médio das ultramáficas.
65
Distribuição do Vanádio nos Flogopititos de Socotó
Todas as amostras apresentaram valores acima dos teores médios para as rochas
ultramáficas e graníticas, mas somente a amostra LN-029D apresentou teores acima do
background estabelecido para a crosta terrestre.
66
Distribuição do Zinco nos Flogopititos de Socotó
Todas as amostras apresentaram teores bem maiores do que os valores médios
estabelecidos para as rochas ultramáficas e graníticas e somente as amostras LN-027A e
LN-027D apresentaram teores abaixo do background admitido para a crosta terrestre.
Vale ressaltar que a amostra LN-029C apresentou um teor cerca de duas vezes superior
ao teor médio estimado para a crosta terrestre.
67
Distribuição do Zircônio nos Flogopititos de Socotó
Todos os resultados analíticos apontam que os teores para todas as amostras estão bem
abaixo do que os valores de referência utilizados para a crosta terrestre, assim como
para as rochas ultramáficas e graníticas.
Das nove amostras verificadas através da varredura para 32 elementos, foram
selecionadas quatro, para serem analisadas através de diferentes métodos cujos
resultados encontram-se na Tabela 07, em anexo. Dos valores obtidos na referida tabela,
separou-se os dados dos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais
estão expostos na Tabela 4.5 abaixo, e comentados em seguida.
68
Conforme pode ser observado nos resultados analíticos obtidos, os elementos CaO e
Na2O apresentaram, para todas as amostras, teores abaixo dos valores de referência. O
elemento TiO2 só demonstrou uma amostra que superou os teores médios estabelecidos
para os granitos e peridotitos, se tratando da amostra LN-029D, com 0,85%. Por outro
lado, para os elementos K2O e o Fe2O3, foram verificados teores acima dos valores de
referência em todas as amostras analisadas. Os elementos SiO2, Al2O3, FeO, MgO,
MnO e P2O5 exibiram concentrações, de certo modo, dentro do intervalo dos valores de
referência, contudo com algumas amostras, isoladamente, revelando teores um pouco
acima ou um pouco abaixo dos backgrounds. Vale ressaltar que a amostra LN-029D se
destaca das demais, pois para o elemento Al2O3 foi a única que obteve um teor acima
dos valores médios dos peridotitos e dos granitos, para o FeO aduziu o maior teor dentre
as amostras verificadas, com 7,19%, assim como para o MnO, onde também apresentou
a maior concentração, contudo não tão discrepante das demais amostras, com um valor
de 0,18%.
Na Tabela 07, em anexo, também constam os resultados analíticos dos elementos F, Cs
e Rb, os quais apresentaram valores bastante significativos e que serão, agora,
abordados. O flúor apresentou um teor mínimo de 20576 ppm e um teor máximo de
25989 ppm, resultando num teor médio de 23970 ppm, o que representa cerca de trinta e
duas vezes o valor de background estabelecido para os granitos. O césio, para todas as
amostras analisadas, apresentou concentrações acima do limite máximo de detecção do
referido método, que é de 200 ppm. Já o rubídio obteve um teor mínimo de 557 ppm,
um teor máximo de 640 ppm, configurando um teor médio de 600 ppm, valor que se
Peridotito Granitos LN-027B LN-028B LN-029B LN-029DSiO2 % 43,54 66,1 45,9 41 46 40Al2O3 % 3,99 15,2 10,6 15 13,9 16,9Fe2O3 % 2,51 2 8,23 9,48 8,2 13FeO % 9,84 2,7 2,29 1,79 3 7,19MgO % 34,02 2 22 20,5 19,8 16,7MnO % 0,21 0,1 0,15 0,11 0,08 0,18CaO % 3,46 3,5 3,58 1,15 0,16 0,67Na2O % 0,56 3,12 0,2 0,101 0,212 0,413K2O % 0,25 3,24 7,43 9,57 9,17 9,13TiO2 % 0,81 0,6 0,2 0,43 0,24 0,85P2O5 % 0,05 0,28 0,018 0,655 0,1 0,213
Tabela 4.5 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Flogopititos - Socotó / C. Formoso
69
encontra bem abaixo do background estabelecido para a crosta terrestre, contudo cerca
de quatro vezes maior que o valor de referência dos granitos.
Para finalizar a caracterização geoquímica dos flogopititos de Socotó, foram
selecionadas três amostras para serem analisadas quanto aos elementos Au, Pd e Pt. Os
resultados se encontram na Tabela 4.6, abaixo e somente a amostra LN-027B
apresentou valor acima do limite de detecção, para a Pt, com o teor de 6 ppb,
considerado irrelevante quando comparado ao background das rochas ultramáficas, que
é de 20 ppb.
4.2.2 Geoquímica dos Serpentinitos
Foram coletadas quatro amostras de serpentinitos nas frentes de serviço do Garimpo de
Socotó, as quais foram encaminhadas para a realização de uma varredura para 32
elementos, através do método de Plasma ICP – Digestão Multiácida, e cujos resultados
analíticos se encontram na Tabela 08, em anexo. Dos resultados analíticos obtidos,
foram separados os elementos que apresentaram os valores mais relevantes para serem
abordados nos subitens seguintes. Tais elementos são: Ba, Be, Co, Cr, Li, Ni, Sc, Sr, V,
Zn e Zr.
Au Pd Ptppb ppb ppb
LN-027B f lo g o p it it o <5 <5 6LN-028B f lo g o p it it o <5 <5 <5
LN-029D f lo g o p it it o <5 <5 <5
Tabela 4.6 - Resultados analíticos dos elementos ultra-traço - Flogopititos - Socotó / C. Formoso
Sample ID
Absorção Atômica / Fire AssayTipo de Rocha
70
Distribuição do Bário nos Serpentinitos de Socotó
Os resultados analíticos mostram que todas as quatro amostras apresentaram teores bem
abaixo dos valores médios estabelecidos para a crosta terrestre e para os granitos.
Contudo, as amostras LN-026B e LN-027D apresentaram teores bem superiores ao
background admitido para as rochas ultramáficas, enquanto que as amostras LN-026C e
LN-029A obtiveram valores próximos ou um pouco acima deste.
71
Distribuição do Berílio nos Serpentinitos de Socotó
Observando o gráfico, verifica-se que as amostras LN-026B e LN-029C, apresentaram
teores bem acima dos valores médios da crosta terrestre e das rochas graníticas,
superando esses valores em quatro vezes e três vezes, respectivamente. Já a amostra
LN-026C apresentou valor entre o background da crosta terrestre e o das rochas
graníticas, enquanto a amostra LN-029A não apresentou teor acima do limite de
detecção.
72
Distribuição do Cobalto nos Serpentinitos de Socotó
As quatro amostras analisadas apresentaram teores bem acima dos teores médios
estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Contudo, os valores
obtidos se encontram bem abaixo do background admitido para as rochas ultramáficas,
inclusive a amostra LN-026C, a qual apresentou a maior concentração, ainda ficou com
um valor que representa a metade do valor médio estimado para as ultramáficas.
73
Distribuição do Cromo nos Serpentinitos de Socotó
Os resultados analíticos mostram que todas as amostras analisadas apresentaram teores
acima dos valores médios estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas
graníticas. Porém estes valores ficaram abaixo do background admitido para as rochas
ultramáficas.
74
Distribuição do Lítio nos Serpentinitos de Socotó
Ao observar a distribuição dos valores no gráfico, é possível verificar que as amostras
LN-026B e LN-027D apresentaram teores expressivamente mais altos do que os valores
de referência admitidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Já as amostras
LN-026C e LN-029A estão dentro dos padrões estabelecidos.
75
Distribuição do Níquel nos Serpentinitos de Socotó
Todas as amostras apresentaram teores bem mais elevados do que os valores de
background admitidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas graníticas.
Entretanto, os resultados obtidos encontram-se abaixo do valor médio estabelecido para
as rochas ultramáficas.
76
Distribuição do Escândio nos Serpentinitos de Socotó
Os resultados analíticos mostram que todas as amostras apresentaram teores acima dos
valores médios admitidos para as rochas ultramáficas e para as rochas graníticas.
Contudo, somente a amostra LN-029A expressou valor acima do background
estabelecido para a crosta terrestre.
77
Distribuição do Estrôncio nos Serpentinitos de Socotó
Todas as amostras apresentaram teores acima do background admitido para as rochas
ultramáficas, porém esses resultados são irrelevantes quando tomado como parâmetro
os valores médios estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas.
78
Distribuição do Vanádio nos Serpentinitos de Socotó
Todas as amostram apresentaram valores acima dos teores médios estabelecidos para as
rochas ultramáficas e para as rochas graníticas, contudo abaixo do valor de background
admitido para a crosta terrestre.
79
Distribuição do Zinco nos Serpentinitos de Socotó
Ao observar a distribuição dos teores no gráfico acima, é possível verificar que todas as
amostras apresentaram valores acima do teor médio admitido para as rochas
ultramáficas e para as rochas graníticas. Com relação ao valor de background para a
crosta terrestre, somente a amostra LN-026B apresentou teor acima do mesmo.
80
Distribuição do Zircônio nos Serpentinitos de Socotó
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras apresentaram teores abaixo
dos valores de background supracitados.
Dentre as quatro amostras de serpentinitos analisadas para os elementos traço,
selecionou-se duas destas para serem verificadas, também, através dos métodos que
constam na Tabela 09, em anexo. Dos resultados obtidos na referida tabela, separou-se
os dados referentes aos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais estão
expostos na Tabela 4.7.
81
Os resultados analíticos para os elementos maiores demonstraram que as duas amostras
obtiveram teores abaixo dos valores de referência para os elementos TiO2 e Na2O e mais
elevados para o elemento Fe2O3. Para o SiO2 e MgO, as duas amostras aduziram teores
maiores que o background dos granitos e menores que a dos peridotitos. Com relação
aos elementos Al2O3 e P2O5, a amostra LN-026B obteve um teor maior que o
background dos peridotitos e menor que a dos granitos e a amostra LN-027D
apresentou uma concentração menor que esses valores de referência. A amostra LN-
027D mostrou um teor abaixo dos valores de referência para o elemento FeO e a
amostra LN-026B exprimiu um teor acima do background dos granitos e abaixo dos
peridotitos. Para o MnO, a amostra LN-027D revelou uma concentração superior aos
valores de referência, enquanto a LN-026B obteve um teor maior que o background dos
granitos e menor que a dos peridotitos. A amostra LN-027D aduziu um teor mais que
três vezes maior que os valores de backgrounds dos peridotitos e dos granitos para o
elemento CaO e a amostra LN-026C apresentou teor menor que os referidos valores de
referência. Para o K2O, a amostra LN-026B obteve uma concentração acima dos valores
de referência, enquanto que a amostra LN-027D demonstrou teores abaixo do
background dos granitos e acima dos peridotitos.
Na Tabela 09, em anexo, foram detectados valores expressivos para os elementos F, Cs
e Rb. O flúor expressou um valor mínimo de 8645 ppm e um valor máximo de 28112
ppm, resultando em um teor médio de 21397 ppm, valor este que representa mais de
vinte e nove vezes o valor de background estabelecido para as rochas graníticas. Para o
césio, a amostra LN-027D o teor foi de 117 ppm, enquanto para a amostra LN-026B o
teor foi acima do limite máximo de detecção do método adotado, que é de 200 ppm, o
Peridotito Granitos LN-026B LN-027DSiO2 % 43,54 66,1 44,3 54,3Al2O3 % 3,99 15,2 12,1 2,96Fe2O3 % 2,51 2 8,62 8,31FeO % 9,84 2,7 3,72 1MgO % 34,02 2 21,2 20,6MnO % 0,21 0,1 0,15 0,31CaO % 3,46 3,5 3,12 11,2Na2O % 0,56 3,12 0,192 0,449K2O % 0,25 3,24 7,83 1,09TiO2 % 0,81 0,6 0,27 0,03P2O5 % 0,05 0,28 0,233 <0,01
Tabela 4.7 - Resultados analíticos dos elementos maiores -Serpentinitos - Soccotó / C. Formoso
82
que representa mais de quarenta vezes o valor de background estabelecido para as
rochas graníticas. Já para o rubídio, foi obtido um teor mínimo de 84 ppm, um teor
máximo de 607 ppm, resultando num teor médio de 383 ppm, valor este que se encontra
bem abaixo dos valores de background estabelecidos para a crosta terrestre, contudo
cerca de mais de duas vezes maior que o valor de background estabelecido para os
granitos.
Finalizando o levantamento geoquímico dos serpentinitos da região de Socotó, foi
selecionada 1 amostra desta rocha para serem analisados os elementos Au, Pd e Pt. Os
resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.8.
Conforme pode ser observado na tabela acima, a amostra analisada não apresentou valor
acima do limite de detecção do método, para nenhum dos elementos verificados.
4.3 Resultados Obtidos e Discussões
A varredura para 32 elementos realizada através do método Plasma ICP- Digestão
Multiácida, permitiu a verificação da ocorrência de alguns elementos traço,
principalmente nos flogopititos, foco do presente trabalho, que refletem a interação
geoquímica decorrente do hidrotermalismo promovido pela colocação de corpos
pegmatíticos em meio às rochas máficas-ultramáficas no final do Paleoproterozóico. Os
valores obtidos, durante a varredura supracitada, para os serpentinitos, rochas protólito
dos flogopititos, servem como referência, assim como os valores de background,
encontrados na bibliografia, para a crosta terrestre, as rochas ultramáficas e para as
rochas graníticas. Vale ressaltar que a amostra LN-015C, classificada em campo como
um serpentinito, apresentou características geoquímicas bastante destoante das demais
amostras de serpentinito e, com o auxílio da petrografia, foi verificado que se trata de
Au Pd Ptppb ppb ppb
LN-026B serp ent init o <5 <5 <5
Tabela 4.8 - Resultados analíticos dos elementos ultra-traço - Serpentinitos - Socotó / C. Formoso
Sample ID Tipo de Rocha
Absorção Atômica / Fire Assay
83
um anfibolito, sendo, assim, excluída da estatística dos valores médios para estas rochas
que será feita neste item.
Deste modo, na Tabela 4.9 estão os valores médios obtidos para os elementos traços que
revelaram teores relevantes na análise dos flogopititos. E, na Tabela 4.10, para efeito de
comparação, estão os valores médios dos referidos elementos medidos nos
serpentinitos.
Analisando as tabelas acima, as quais sintetizam os valores médios e variações na
distribuição dos elementos traço, é possível verificar que houve um aporte significativo
dos elementos Ba, Be, Li, Zn e Zr nos flogopititos, tanto de Carnaíba, quanto de Socotó.
Tais elementos, apesar de estarem, por vezes, dentro da faixa dos valores de referência
estimados para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, ou até mesmo abaixo
destes, quando comparados com os valores de background das rochas ultramáficas, fica
caracterizado o seu enriquecimento, o que deve ser atribuído à contribuição dos fluidos
pegmatíticos que percolaram as rochas máficas-ultramáficas durante o processo
intrusivo. Apesar dos serpentinitos representarem, teoricamente, as rochas poupadas do
referido processo hidrotermal, algumas amostras apresentaram teores de Ba, Be, Li e Zn
bem acima dos valores admitidos como background para as rochas ultramáficas, o que
Ba Be Co Cr Cu Li Mo Ni Sc Sr V Zn Zr
ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm425 2,8 25 100 55 20 1,5 75 16 375 135 70 165
2 - 150 2000 10 - 0,3 2000 10 1 50 50 50
600 5 1 4 10 30 2 0,5 5 285 20 40 180
221 21 60 989 22 1495 77 694 13 27 91 352 20820 100 101 2025 213 4025 722 1144 36 101 198 883 102
23 <3 34 99 <3 269 <3 275 5 6 36 94 3
268 31 63 1312 - 1070 - 724 16 21 94 102 22546 100 79 1683 - 1579 - 878 21 48 162 153 33
115 10 57 434 - 505 - 487 11 11 67 65 16
Tabela 4.9 - Valores médios dos elementos traço - Flogopititos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / C. Formoso
Valores de Referência
Valores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
Carnaíba
Socotó
Valores Mínimos
Valores Médios
Valores Máximos
Crosta Terrestre
Granitos
Ultramáficas
Ba Be Co Cr Cu Li Mo Ni Sc Sr V Zn Zr
ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm425 2,8 25 100 55 20 1,5 75 16 375 135 70 165
2 - 150 2000 10 - 0,3 2000 10 1 50 50 50
600 5 1 4 10 30 2 0,5 5 285 20 40 180
14 11 87 1148 29 113 - 1223 11 18 81 108 853 62 117 2079 68 310 - 1494 39 125 290 216 24
4 <3 47 131 <3 <3 - 78 5 4 43 46 <3
66 13 61 1246 - 339 - 803 16 18 92 68 15210 21 76 1813 - 1192 - 1198 20 32 123 83 27
4 <3 39 485 - 15 - 334 13 7 76 58 7
Tabela 4.10 - Valores médios dos elementos traço - Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / C. Formoso
SocotóValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
Valores de Referência
Crosta Terrestre
Ultramáficas
Granitos
CarnaíbaValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
84
pode denotar uma gradação geoquímica partindo dos flogopititos, na zona de interação
granito-serpentinito, em direção às encaixantes serpentínicas sem interação com os
fluidos pegmatíticos.
O molibdênio foi um elemento que apresentou teores anômalos nos flogopititos de
Carnaíba, não sendo detectados nos flogopititos de Socotó, nem nos serpentinitos de
ambas as áreas. O valor médio obtido para este elemento nos flogopititos de Carnaíba,
supera em mais de trinta vezes o valor de background admitido para as rochas
graníticas, caracterizando um importante depósito mineral que, inclusive, é lavrado
junto com as esmeraldas da região, configurando-se em um importante subproduto que,
muitas vezes, sustenta economicamente o garimpo em épocas que não estão sendo
recuperadas as gemas de qualidade. Vale ressaltar que, curiosamente, este elemento, na
forma do mineral molibdenita, é comercializado na região sob a denominação de
“estanho”.
O cobre foi detectado somente nos flogopititos e serpentinitos de Carnaíba, sendo que
seus teores médios foram mais que o dobro dos valores de referência assumidos para as
rochas graníticas e ultramáficas. Já os elementos Sc e Sr, também apresentaram, embora
de forma modesta, teores acima dos valores de background estabelecidos para as rochas
ultramáficas, para os flogopititos e serpentinitos de ambas as áreas, o que também pode
representar o reflexo da contribuição granítica no aporte de tais elementos.
Em contrapartida aos aportes geoquímicos supracitados, a análise dos serpentinitos das
duas regiões permitiu verificar que os elementos Co, Cr, Ni e V sofreram grande
depleção, quando comparadas com os teores de referência destes elementos para as
rochas ultramáficas. Contudo, vale destacar que os serpentinitos são rochas derivadas de
alterações hidrotermais sobre rochas ultramáficas e, assim, devem exibir algumas
diferenças geoquímicas em relação às rochas originais. De um modo geral, nos
flogopititos a depleção dos referidos elementos foi ainda mais substancial, podendo
denotar que nas áreas mais afetadas pelos fluidos hidrotermais, tais elementos foram
diluídos com maior intensidade, consolidando, assim, uma gradação geoquímica
partindo dos flogopititos em direção aos serpentinitos encaixantes.
85
Os elementos maiores foram analisados através do método de Fluorescência de Raios-
X, exceto o Na2O e o FeO, os quais foram verificados através dos métodos de Absorção
Atômica-Solubilização Total e Método Clássico-Titulação, respectivamente. Do mesmo
modo que ocorreu na análise dos elementos traço, foi possível verificar aportes e
depleções geoquímicas para os elementos maiores. A Tabela 4.11 expressa os valores
médios obtidos para os flogopititos e a Tabela 4.12 apresenta os valores médios
encontrados para os serpentinitos.
Conforme pode ser observado nas tabelas acima, os elementos SiO2 e MnO
apresentaram um comportamento bastante peculiar, pois no distrito de Carnaíba
apontaram um aporte dos seus teores médios, tendo em vista que os flogopititos
apontaram concentrações mais elevadas que os serpentinitos, enquanto que no distrito
de Socotó ficou caracterizada uma depleção dos teores, uma vez que os flogopititos
demonstraram concentrações menores do que a dos serpentinitos. Em ambas áreas
analisadas os teores médios para os elementos SiO2 e MnO ficaram no intervalo dos
valores de referência para os granitos e peridotitos. Os elementos Al2O3, Fe2O3, FeO,
K2O, TiO2 e P2O5 aduziram, em diferentes proporções, aporte dos seus teores médios
SiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO MgO MnO CaO Na2O K2O TiO2 P2O5
% % % % % % % % % % %43,54 3,99 2,51 9,84 34,02 0,21 3,46 0,56 0,25 0,81 0,05
66,1 15,2 2 2,7 2 0,1 3,5 3,12 3,24 0,6 0,28
43,75 14,24 9,44 3,73 19,78 0,21 1,01 0,26 8,55 0,30 0,1763,6 23,8 14,5 10,59 26 0,41 4,85 0,667 10,2 0,9 0,735
39,5 5,95 5,56 0,71 12,1 0,09 <0,01 0,099 3,57 0,08 <0,01
43,23 14,10 9,73 3,57 19,75 0,12 1,39 0,23 8,83 0,43 0,2546 16,9 13 7,19 22 0,18 3,58 0,413 9,57 0,85 0,655
40 10,6 8,2 1,79 16,7 0,08 0,16 0,101 7,43 0,24 0,018
Tabela 4.11 - Valores médios dos elementos maiores - Flogopititos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / C. Formoso
SocotóValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
Peridotito
Granitos
CarnaíbaValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
SiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO MgO MnO CaO Na2O K2O TiO2 P2O5
% % % % % % % % % % %43,54 3,99 2,51 9,84 34,02 0,21 3,46 0,56 0,25 0,81 0,05
66,1 15,2 2 2,7 2 0,1 3,5 3,12 3,24 0,6 0,28
43,45 3,10 9,11 3,50 32,53 0,14 1,57 0,46 - 0,11 0,01452,9 4,37 10,6 5,74 35,3 0,2 2,45 >1 - 0,17 0,019
39,5 2,18 7,17 1,86 28,3 0,07 0,73 <0,013 - 0,09 0,01
49,30 7,53 8,47 2,36 20,90 0,23 7,16 0,32 - 0,15 -54,3 12,1 8,62 3,72 21,2 0,31 11,2 0,449 7,83 0,27 0,233
44,3 2,96 8,31 1 20,6 0,15 3,12 0,192 1,09 0,03 <0,01
Tabela 4.12 - Valores médios dos elementos maiores - Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / C. Formoso
SocotóValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
Peridotito
Granitos
CarnaíbaValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
86
para os dois distritos verificados, pois as concentrações obtidas para os flogopititos
foram maiores do que as encontradas para os serpentinitos. Apesar de caracterizado o
aporte supracitado, os elementos Al2O3, FeO e P2O5 mantiveram os seus valores médios
no intervalo dos teores de background estimados para os granitos e peridotitos. Já os
elementos Fe2O3 e K2O obtiveram valores médios acima dos referidos teores de
background, enquanto o elemento TiO2 apresentou valores médios abaixo destes. Por
outro lado os elementos MgO, CaO e Na2O apresentaram uma expressiva depleção
quanto aos seus teores, pois as concentrações destes nos flogopititos foram bem
menores do que nos serpentinitos, configurando que, durante o processo hidrotermal
que alterou as rochas serpentiníticas para gerar os flogopititos, tais elementos sofreram,
de certo modo, uma diluição.
Dentre os resultados analíticos mais expressivos, pode-se apontar os teores obtidos para
os elementos F, Cs e Rb. A Tabela 4.13 mostra os valores médios apresentados pelos
elementos supracitados.
Conforme pode ser observado na tabela acima, o aporte de elemento flúor foi bastante
significativo, principalmente no distrito de Carnaíba, onde o teor médio para os
F Cs Rb
ppm ppm ppm625 3 990
100 - -
735 5 150
26799 >200 140449128 >200 2941
4618 >200 257
23971 >200 60025989 >200 640
20576 >200 577
8404 - 12924143 >200 407
472 <50 13
21397 - 38328112 >200 607
8645 117 84
Crosta Terrestre
Ultramáficas
Granitos
CarnaíbaValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
Valores de Referência
Tabela 4.13 - Valores médios dos elementos Flúor, Césio e Rubídio - Flogopititos & Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaço & Socotó / C. Formoso
SocotóValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
Flog
opiti
tos
Serp
entin
itos
SocotóValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
CarnaíbaValores Médios
Valores Máximos
Valores Mínimos
87
flogopititos chegou a superar em três vezes o teor médio obtido para os serpentinitos.
No distrito de Socotó, o teor médio de flúor verificado nos flogopititos também
apresentou certo incremento com relação ao teor médio dos serpentinitos, contudo
muito mais discreto do que em Carnaíba. É importante ressaltar que em ambos os sítios
analisados, todas as amostras apresentaram teores muito superiores aos valores de
referência utilizados, o que significa que durante o evento hidrotermal que alterou as
rochas serpentiníticas, gerando, então, os flogopititos, houve uma potencialização da
concentração deste elemento químico. O césio foi outro elemento que apresentou
valores médios bem acima dos teores de background estabelecidos para a crosta
terrestre e para as rochas graníticas, não existindo valores de referência para as rochas
ultramáficas. Contudo, ficou bastante difícil mensurar valores para o aporte do césio,
uma vez que os teores encontrados para os flogopititos, tanto de Carnaíba, quanto de
Socotó, foram superiores ao limite máximo de detecção do método empregado,
enquanto que na análise dos serpentinitos, ficou constatado que muitas amostras
apresentaram valores abaixo do limite mínimo de detecção do método. O rubídio, assim
como o flúor e o césio, também apresentou um aporte nos seus teores bastante
expressivo, fato este verificado através da comparação entre os valores obtidos para os
flogopititos em relação aos serpentinitos, de modo que, também é possível afirmar que
durante o hidrotermalismo que gerou os flogopititos, houve um acréscimo substancial
deste elemento, que é muito escasso nas rochas ultramáficas, inclusive não existindo
valores de referência deste elemento para estas rochas.
Na análise realizada para os elementos Au, Pd e Pt, através do método Absorção
Atômica – Fire Assay, não foram obtidos resultados relevantes para a maioria das
amostras analisadas. As amostras LN-009C, LN-015A e LN-020C, que são flogopititos
do distrito de Carnaíba, apresentaram os teores de 9, 35 e 8 ppb, respectivamente, para o
elemento Au, o qual possui o background de 5 ppb para as rochas ultramáficas, o que
entretanto, não chega a se confirmar como anomalias de grande expressão.
A Figura 12 apresenta o gráfico de distribuição para os Elementos Terras Raras nos
flogopititos e os serpentinitos, tanto de Carnaíba quanto de Socotó.
88
Ao observar o gráfico da Figura 12, é possível verificar que, praticamente, não há
variações na distribuição dos Elementos Terras Raras nas duas rochas, exceto uma
maior amplitude na variação e na concentração de La, Ce e Nd em algumas amostras de
flogopitito.
0,1
1
10
100
1000
10000
LaCe
PrNd Sm
EuGd
TbDy
HoEr
TmYb
Lu
Sam
ple/
Cho
ndri
te
Figura 12: Gráfico de distribuição dos Elementos Terras Raras nos flogopititos (em azul) e nos serpentinitos (em
vermelho), tanto em Carnaíba quanto em Socotó.
89
5 CARACTERISTICAS PETROGRÁFICAS
Com o intuito de verificar a trama mineralógica dos flogopititos e serpentinitos dos
distritos de Carnaíba e de Socotó, foram selecionadas 21 amostras para a confecção de
lâminas delgadas, as quais foram realizadas no Laboratório da Companhia Baiana de
Pesquisa Mineral-CBPM. Dentre estas 21 amostras, 8 foram dos flogopititos e 8 dos
serpentinitos de Carnaíba, além de 3 lâminas dos flogopititos e 2 dos serpentinitos de
Socotó. A seguir, serão descritas as principais características dessas litologias,
verificadas através do auxílio do microscópio eletrônico.
5.1 Flogopititos de Carnaíba e de Socotó
Os flogopititos, tanto de Carnaíba, quanto de Socotó, apresentam, predominantemente,
uma textura lepidoblástica (Fotomicrografias 01 e 02) marcada pela orientação das
flogopitas, as quais, por vezes, apresentam-se cloritizadas. Em algumas amostras, a
presença dos anfibólios reliquiares (antofilita e/ou hornblenda) impõe uma textura
nematolepidoblástica a essas rochas (Fotomicrografias 03 e 04).
Fotomicrografia 01: Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas, as quais perfazem mais de 90% da rocha.
Amostra LN-020B. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
0,2 mm
90
Fotomicrografia 02: Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de
Socotó. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
Fotomicrografia 03: Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-003B,
coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X. Anf = anfibólio e Flo = flogopita.
Fotomicrografia 04: Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-027B,
coletada no distrito de Socotó. Nicóis cruzados. Aumento de 100X. Anf = anfibólio e Flo = flogopitas.
Anf
Anf
Anf
Flo
Flo
Anf
Anf Flo
Flo
0,2 mm
0,2 mm
0,2 mm
91
Os flogopititos são rochas xistosas, localmente crenuladas, com foliação marcante,
constituídos por 70 a mais de 90% de flogopita, exibindo cristais milimétricos a
submilimétricos, os quais imprimem a orientação da rocha e que, por vezes, encontram-
se cloritizados. Em algumas amostras é possível notar uma segunda foliação que trunca
a primeira, supracitada, impressa por cristais quase que tabulares, de maiores dimensões
que os que compõem a primeira foliação. Subordinadamente, em algumas amostras, é
possível verificar, em maiores ou menores quantidades, anfibólio (antofilita e/ou
hornblenda), talco, serpentinita, piroxênio (augita), quartzo, plagioclásio, clorita,
fluorita, dolomita, apatita, turmalina e berilo. Como acessórios foram notadas as
presenças de titanita, zircão e espinélio. Os opacos também se fazem presentes em
grande parte das amostras.
Ocorrem dois tipos de anfibólios, a antofilita (predominante) e a hornblenda. Estes estão
dispostos como cristais subédricos a euédricos (Fotomicrografia 05), milimétricos, não
apresentando orientação preferencial e, muitas vezes truncando a foliação imposta pela
orientação das flogopitas.
Fotomicrografia 05: Presença do anfibólio antofilita, o qual, por vezes, apresenta-se talcificado. Amostra LN-003B, coletada no
distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
Na amostra LN-014A, foi notada a presença de cristais de piroxênio (augita), de
coloração verde, relevo alto, anédricos a subédricos, milimétricos a decamilimétricos,
truncando a orientação imposta pelas micas, com contatos lobados com as flogopitas
circundantes (Fotomicrografia 06).
Anf
Anf
Anf
0,2 mm
92
Fotomicrografia 06: Presença de piroxênio (augita) ao lado de cristal de fluorita, truncando a orientação impressa pelas flogopitas.
Amostra LN-014A, coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
A dolomita foi encontrada na amostra LN-019A, em cristais milimétricos, subédricos a
anédricos, variando de incolor a cinza, truncando a orientação impressa pelas flogopitas
circundantes e com contatos irregulares com essa mica. A sua presença confere a esta
amostra uma textura nematolepidoblástica (Fotomicrografia 07).
Fotomicrografia 07: Presença de cristais de dolomita em meio às flogopitas e o quartzo. Amostra LN-019A, coletada no distrito de
Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X. Dol = dolomita, Flo = flogopita e Qtz = quartzo.
Nas amostras LN-019A e LN-026A, foram notadas a presença de cristais de turmalina
(Fotomicrografias 08 e 09), os quais são muito mais abundantes no distrito de Socotó.
Estes cristais apresentam coloração verde oliva, prismáticos, milimétricos e com um
relevo alto.
Pir
Dol
Dol
Dol Flo
Flo
Qtz
Qtz
Flu
0,2 mm
0,2 mm
93
Fotomicrografia 08: Corte basal de cristal de turmalina, truncando a orientação estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-019A,
coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X. Trm = turmalina e Flo = flogopita.
Fotomicrografia 09: Aglomerado de turmalinas em meio às flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó. Luz
plana. Aumento de 100X. Trm = turmalina e Flo = flogopita.
O quartzo, quando presente nos flogopititos, perfazem, no máximo, 15% da rocha,
ocorrendo como grãos anédricos, submilimétricos, por vezes, na forma de veios
concordantes com a foliação imposta pelas micas (Fotomicrografia 10).
Trm
Flo
Flo
Flo
Trm
Trm
Trm
Flo
Flo
Flo
0,2 mm
0,2 mm
94
Fotomicrografia 10: Veio de quartzo disposto concordantemente com a orientação estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-
026A, coletada no distrito de Socotó. Nicóis cruzados. Aumento de 100X. Qtz = quartzo e Flo = flogopita.
A fluorita ocorre como cristais milimétricos, com contato reto a irregular com as
flogopitas circundantes, distribuídas aleatoriamente nas amostras em que são
constatadas (Fotomicrografia 11).
Fotomicrografia 11: Presença da fluorita em meio às flogopitas. Amostra LN-014A, coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis
cruzados. Aumento de 100X. Flu = fluorita e Flo = flogopita.
O berilo apresenta-se incolor, milimétricos quando em cristais prismáticos a
submilimétricos quando maciços, relevo moderado, truncando foliação imposta pela
orientação das flogopitas (Fotomicrografia 12).
Flu
Flo
Flo
Flo
Qtz
FloFlo
Flo
0,2 mm
0,2 mm
95
Fotomicrografia 12: Cristais anédricos de berilo em meio às flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó. Nicóis
cruzados. Aumento de 100X. Ber = berilo e Flo = flogopita.
Com o intuito de identificar as fases mineralógicas contidas nas amostras de
flogopititos, foram selecionadas duas amostras do distrito de Carnaíba, a LN-001C e a
LN-023A, para serem analisadas através da Difratometria de Raios-X, o que apontou a
predominância da mica flogopita (KMg3(Al,Si3)O10(OH,F)2, além de vestígios de
anfibólio (Ca,Na)(MgAlSiO...). Os gráficos obtidos estão apresentados nas Figuras 12 e
13.
Ber
Ber
Flo
Flo
Flo
0,2 mm
96
Figura 13: Difratometria de Raios-X da amostra LN-001C, demonstrando a predominância da flogopita e alguns vestígios
de anfibólio.
Figura 14: Difratometria de Raios-X da amostra LN-023A, demonstrando a presença da flogopita.
Flogopita Flogopita
Flogopita Flogopita
Flogopita
Anfibólio Anfibólio
Flogopita
Flogopita
Flogopita
Flogopita Flogopita Flogopita
97
5.2 Serpentinitos de Carnaíba e Socotó
Os serpentinitos apresentam textura nematoblástica (Fotomicrografia 13) a
nematolepidoblástica (Fotomicrografia 14), esta última nas porções em que as
flogopitas são mais abundantes, são relativamente homogêneos, coloração esverdeada,
ocorrendo, localmente, certa foliação impressa pela orientação das micas.
Fotomicrografia 13: Textura nematoblástica impressa pela presença de cristais de anfibólio e serpentinita. Amostra LN-001B,
coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
São constituídos, predominantemente, por serpentinita, a qual perfaz cerca de 60 a 85%
da rocha, apresentando quantidades variáveis de talco, anfibólio, quartzo, plagioclásio,
Fotomicrografia 14: Textura nematolepidoblástica ocasionada pela presença de flogopita em meio a
serpentinita. Amostra LN-026C, coletada no distrito de Socotó. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
0,2 mm
0,2 mm
98
flogopita/clorita e dolomita, além de minerais opacos, fluorita, espinélio e titanita. A
serpentinita encontra-se disposta de forma caótica ou preenchendo interstícios/clivagens
de minerais pretéritos, representada por cristais aciculares ou radiais de antigorita
(Fotomicrografias 15), sendo milimétrica a submilimétrica.
O talco ocorre perfazendo entre 10 e 30% da rocha, intercrescidos com as serpentinitas
ou, mais comumente, dispersos na rocha. Os anfibólios representam cerca de 5 a 10%
da rocha, restritos a algumas amostras onde estes permaneceram como relíquias do
protólito, dispostos de forma dispersa, em cristais subédricos. A dolomita também está
restrita a algumas, ocorrendo na forma de porfiroblastos (Fotomicrografia 16).
Fotomicrografia 15: Cristais aciculares e radiais de antigorita. Amostra LN-004C, coletada no distrito de
Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
0,2 mm
99
Fotomicrografia 16: Porfiroblasto de dolomita mantendo contato irregular com as serpentinitas circundantes. Amostra LN-010A,
coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
O quartzo está restrito às porções do serpentinito que demonstraram um início de
processo de flogopitização, ou seja, provavelmente próximo ao contato
serpentinito/flogopititos, não ultrapassando 5% da rocha. As flogopitas, do mesmo
modo que o quartzo, estão restritas às zonas mais próximas do contato
serpentinito/flogopitito, as quais, por vezes, apresentam-se cloritizadas e exibem um
orientação que imprime, localmente, uma textura lepidoblástica à rocha, sendo que este
mineral não ultrapassa os 15% da composição mineralógica do serpentinito em que se
faz presente. A fluorita, assim como a dolomita, é encontrada somente em algumas
amostras, na forma de porfiroblastos (Fotomicrografia 17).
Fotomicrografia 17: Porfiroblasto de fluorita mantendo contato reto a irregular com as serpentinitas e talco circundantes. Amostra
LN-021B, coletada no distrito de Carnaíba. Nicóis cruzados. Aumento de 100X.
0,2 mm
0,2 mm
100
Os plagioclásios compreendem no máximo 8% da rocha, ocorrendo disperso na mesma.
O espinélio e a titanita ocorrem como traço. Os opacos variam de traços a 10%, em
cristais milimétricos a submilimétricos, anédricos ou apresentando formatos cúbicos
(Fotomicrografia 18).
Fotomicrografia 18: Presença de minerais opacos submilimétricos, predominantemente, anédricos. Amostra LN-026C, coletada no
distrito de Socotó. Luz plana. Aumento de 100X.
A amostra LN-015C, classificada em campo como um serpentinito, quando analisada
em lâmina, foi verificada que era petrograficamente diferente das demais amostras de
serpentinitos, quanto à textura e a composição mineralógica (Fotomicrografia 19).
Fotomicrografia 19: Lâmina da amostra LN-015C, a qual demonstra características petrográficas totalmente diferente das demais
amostras de serpentinitos, se tratando de um anfibolito. Luz plana. Aumento de 100X.
0,2 mm
0,2 mm
101
6 OS FLOGOPITITOS E O SEU POTENCIAL COMO FONTE DE POTÁSSIO
O Brasil figura no cenário mundial como um dos maiores produtores agrícolas, sendo
este o setor mais importante para a economia do país, uma vez que foi responsável por
cerca de 30% do produto interno bruto no período compreendido entre 1994 e 2004
(Lopes-Assad & Almeida, 2004 apud Lopes-Assad et al.,2006). As condições
climáticas predominantes fazem com que os solos brasileiros sejam tipicamente
intemperizados, com baixos pH e teores de nutrientes, necessitando, assim, da
suplementação através da utilização de fertilizantes para se obter um melhor
desenvolvimento das culturas.
Contudo a produção brasileira de fertilizantes não satisfaz a demanda interna e cerca de
90% do potássio, nutriente de fundamental importância para o desenvolvimento dos
frutos, translocação de metais, balanço iônico e ativação enzimática, os quais são
responsáveis pela boa qualidade dos produtos e alta produtividade, são importados na
forma de KCl, sobretudo de países como Canadá e Rússia. Esta dependência de
importações é indesejável do ponto de vista estratégico, pois desfavorece a balança
comercial brasileira, além de contribuir para reduzir a competitividade da exploração
agropecuária do país.
Grande parte dos minerais que possuem o K em sua composição é insolúvel em água, a
exemplo dos silicatos, o que dificulta a liberação deste elemento para o solo. Os
feldspatos alcalinos, os feldspatóides e algumas micas são tidos como potenciais fontes
alternativas de K na fabricação de fertilizantes na forma de sais, de termofosfatos ou, até
mesmo, na aplicação direta no solo. Uma série de estudos realizados, com o intuito de
verificar a melhor forma de quebrar as estruturas dos minerais portadores do referido
elemento, abarcando processos físicos e químicos de tratamento de rochas com altos
teores de K, apontam uma inviabilidade econômica, devido aos custos envolvidos em
tais processos, seja pela demora na disponibilização deste nutriente para as plantas, seja
pelo elevado gasto energético envolvido no processamento das rochas ou, ainda, pela
baixa competitividade em relação ao KCl. Weed et.al.(1969 apud Lopes-Assad, op.cit.)
aponta que diversos grupos de organismos, como as bactérias, fungos e actinomicetos,
possuem a capacidade de solubilizar o potássio contido nos minerais silicatados, por
meio de sua decomposição, onde, nesse processo de biodissolução, estão envolvidos
102
dois tipos de mecanismos, o primeiro contando com a produção de ácidos orgânicos e
inorgânicos, e o segundo com as relações de quelação e trocas iônicas (Nahas et
al.,1990 apud Lopes-Assad, op.cit.).
Os flogopititos produzidos nas regiões de Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo
Formoso, nas áreas de garimpo, se apresentam como rochas com grande potencial para
fornecimento de K para agroindústria, devido aos altos teores desse elemento em sua
composição. Este fato ficou comprovado na caracterização geoquímica realizada no
presente trabalho e é corroborada por levantamentos feitos em estudos pretéritos. A
Tabela 6.1 mostra os resultados analíticos obtidos para alguns dos elementos maiores
nos flogopititos das regiões supracitadas.
SiO2 Al2O3 MgO P2O5 K2O Na2O
% % % % % %
LN-001A 43 12,1 25,7 0,057 9,03 0,211
LN-002A 49,3 8,04 26 <0,01 5,61 0,193
LN-004A 41,4 14,9 22,6 0,13 10 0,169
LN-005B 42,1 14,5 23,2 0,175 9,86 0,215
LN-006B 42 14 22,6 0,031 9,52 0,276
LN-008B 42,4 14,5 21,8 0,073 9,7 0,205
LN-009C 42 14,7 22 0,055 9,66 0,243
LN-010B 42,3 16,2 19 0,159 9,83 0,192
LN-011A 42,9 23,8 12,1 0,093 10,2 0,361
LN-011B 43,1 16,7 19,9 0,103 10,2 0,244
LN-012A 40 17,5 18,3 0,735 10,1 0,182
LN-014B 41 15,3 20,2 0,357 9,51 0,316
LN-015A 40,9 16 20 0,481 9,36 0,42
LN-016B 41,3 17 14,6 0,463 9,19 0,646
LN-017B 45,8 12,3 21,6 0,049 8,14 0,109
LN-018B 45,7 11,7 17,8 0,06 5,31 0,667
LN-019A 49,1 9,87 18,2 0,021 6,02 0,167
LN-019B 48,9 8,6 19 0,054 4,44 0,329
LN-020B 41 15 16,6 0,098 8,38 0,296
LN-020C 41,9 12,6 17,4 0,055 7,11 0,201
LN-021A 39,8 16,8 19,3 0,014 9,44 0,098
LN-022B 42 16,9 18,7 0,685 10,2 0,194
LN-023A 39,5 17 16,7 0,037 9,51 0,099
LN-024B 42,8 14 23,8 0,024 9,94 0,3142,93 14,58 19,88 0,17 8,76 0,26
CARN
AÍBA
TEOR MÉDIO
Tabela 6.1 - Resultados Analíticos para os elementos maiores nos flogopititos de Carnaíba e Socotó
SOCO
TÓ
Local Amostra
LN-027B 45,9 10,6 22 0,018 7,43 0,2
LN-028B 41 15 20,5 0,655 9,57 0,101
LN-029B 46 13,9 19,8 0,1 9,17 0,212
LN-029D 40 16,9 16,7 0,213 9,13 0,413
43,23 14,10 19,75 0,25 8,83 0,23TEOR MÉDIO
SOCO
TÓ
103
Os resultados obtidos revelam que as variações de potássio estão entre 4,44 e 10,2%,
com uma média de 8,76% para os flogopititos de Carnaíba e entre 7,43 e 9,57%, com
uma média de 8,83% para os de Socotó, valores muito consistentes, visto a amplitude da
amostragem e a semelhança com os teores de 8% de K2O obtido por Silva (2009), que
estudou o aproveitamento do flogopitito, baseado em uma amostra coletada no garimpo
do Paulo, em Carnaíba e o teor de 6,5% adquirido por Da Silva et al. (2006) para os
flogopititos de Campo Formoso. Vale também destacar os valores de magnésio, os
quais apresentaram variações entre 12,1 e 26% e uma média de 19,88% para os
flogopititos de Carnaíba e oscilações de 16,7 a 22%, com uma média de 19,75% em
Socotó.
No trabalho de Silva (op.cit.), ela estudou a cinética de liberação do potássio,
empregando soluções ácidas (ácido nítrico, cítrico, oxálico, sulfúrico e solução
Mehlich-1) e salinas (cloretos de sódio, de amônio, de cálcio, de ferro, de magnésio e
tetrafenilborato de sódio). Foi verificado que o ácido sulfúrico, por apresentar uma alta
constante de dissociação, foi o melhor agente extrator de K+ na flogopita. Já com
relação às soluções salinas, constatou que o tetrafenilborato de sódio foi o mais
eficiente. Para os ácidos nítrico, cítrico e oxálico, num tempo máximo de 168 horas em
que estas reações de troca iônica foram submetidas, obteve-se um teor de extração de
1%, enquanto que na literatura, a referida autora informa que, num tempo reacional de
3.409 horas, a extração máxima de K+ chega a 2,1%. Tendo em vista que a flogopita é
um mineral estruturalmente pouco flexível, a autora supracitada buscou modificar a sua
estrutura por meio de calcinação seguida de quenching, e os resultados de troca iônica
evidenciaram que houve algum tipo de modificação estrutural, pois os íons de K+
tornaram-se mais acessíveis aos extratores aplicados no seu estudo, donde, após o
quenching, foi possível a extração de um teor máximo de 5% de íons de potássio,
quando aplicada a solução de H2SO4 3,5mol/L. Este mesmo teor de 5% também foi
obtido na aplicação do Na[B(C6H5)4]. Com isto, Silva (op.cit.) concluiu que o
flogopitito não deve ser utilizado como fertilizante em culturas de curto ciclo, somente
em culturas que demandem o K+ em longo prazo, como, por exemplo, em culturas
perenes.
Da Silva (op.cit.) realizou seus estudos utilizando amostras do flogopitito de Socotó,
verificando a eficácia dessa rocha moída (<0,3mm) no cultivo do feijão. O autor
104
realizou o experimento utilizando vasos plásticos com 6 litros de capacidade, onde
aplicou uma camada de 0-20 cm de Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, de textura
arenosa, proveniente de cerrado natural, com o devido controle de suas características
químicas, corrigido com calcário calcítico, umedecido e deixado em repouso por 30
dias. O experimento foi casualizado com sete tratamentos e quatro repetições, utilizando
como fontes de potássio o KCl e o pó de flogopitito. A dose de potássio aplicada em
semeadura foi de 80 kg.ha-1, sendo fracionada no seguinte esquema: T1 (0% KCl, 0%
flogopitito), T2 (0% KCl, 100% flogopitito), T3 (20% KCl, 80% flogopitito), T4 (40%
KCl, 60% flogopitito), T5 (60% KCl, 40% flogopitito), T6 (80% KCl, 20% flogopitito)
e T7 (100% KCl, 0% flogopitito). Em todos os tratamentos foi realizada a aplicação na
semeadura de 200 kg.ha-1 de fósforo, mais 60 kg.ha-1 de nitrogênio, sendo 30 kg.ha-1 na
semeadura e o restante vinte dias após a emergência. As variáveis analisadas foram:
biomassa fresca da parte aérea, biomassa seca da parte aérea, biomassa fresca do
sistema radicular, biomassa seca do sistema radicular, comprimento do sistema
radicular, altura de planta, área foliar e diâmetro do caule. Ao fim do experimento, o
referido autor concluiu que os tratamentos da relação KCl/flogopitito nos T5, T6 e T7
demonstraram indicadores de produção semelhantes e que o uso dos flogopititos na
proporção de 40 e 20% associado ao KCl demonstrou ser eficiente.
Alternativamente, Lopes-Assad (op.cit.) avaliou a eficiência da ação do fungo
Aspergillus niger na solubilização de duas rochas (ultramáficas alcalina-Lages/SC e
flogopititos-Carnaíba/BA) para a liberação do potássio, via processo biotecnológico. O
experimento in vitro foi conduzido em Erlenmeyers de 250 ml, com 50 ml de meio de
cultura, em três tratamentos, com três repetições, envolvendo fungo + meio de cultura,
pó de rocha + meio de cultura, fungo + pó de rocha + meio de cultura. Os resultados
obtidos levaram-na a conclusão de que a acidificação promovida pelo Aspergillus niger
aumentou a taxa de solubilização de K contido em minerais das rochas estudadas e que
ao final de 21 dias o total de potássio solubilizado foi maior no tratamento do fungo
com a rocha ultramáficas alcalina (1,52 cmolc/dm3) do que com o flogopitito (0,52
cmolc/dm3). Houve oscilação do pH ao longo do tempo com aumento de acidez e
consequente aumento da taxa de solubilização de K no tratamento com o flogopitito e
A.niger, enquanto que no tratamento de ultramáficas alcalina com A. niger a tendência
foi de diminuição da velocidade de solubilização de K. Assim, o processo de
105
solubilização de minerais a partir da ação de microrganismos, especialmente A.niger,
tem grande potencial, pois é de baixo custo e de alta eficiência.
Diante do exposto, os flogopititos apresentam-se como um material desfavorável para
utilização em culturas de curto ciclo que necessitam da rápida e elevada liberação de
potássio para o seu aproveitamento como nutriente. Entretanto, em se tratando de
culturas agrícolas de longo ciclo, a utilização das referidas rochas tornam-se potenciais
fontes de potássio, uma vez que a sua lenta liberação do K favorece a absorção para esse
tipo de cultura. Somado a isso, tem-se como grande vantagem o fato do material
rochoso já se encontrar extraído e disponível em grande quantidade (Fotos 03 e 04),
pois se tratam de rejeitos de garimpos que estão em atividades a mais de quarenta anos,
reduzindo assim os custos que teriam com a lavra e mitigando o impacto ambiental
decorrente do empilhamento de “estéril” nas imediações das áreas de garimpo.
Foto 03: Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração
de esmeralda nos garimpos de Carnaíba-Pindobaçu.
Foto 04: Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração
de esmeralda nos garimpos de Socotó-Campo Formoso.
106
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O levantamento das características petrográficas, geoquímicas e metalogenéticas
realizado neste trabalho, permite fazer as seguintes afirmativas sobre os flogopititos das
regiões de Carnaíba e Socotó:
Quanto à Petrografia:
Os flogopititos são rochas constituídas por 70 a mais de 90% de
flogopita, apresentam textura lepidoblástica (marcada pela orientação das
micas) à nematolepidoblástica (quando presente os anfibólios), contendo
quantidades variáveis de anfibólio (antofilita e/ou hornblenda), talco,
serpentinita (antigorita), piroxênio (augita), quartzo, plagioclásio, clorita,
dolomita, fluorita, apatita, turmalina e berilo, ocorrendo como acessórios
a titanita, o espinélio e o zircão, além de minerais opacos;
A Difratometria de Raios-X realizada para as amostras de flogopitito
LN-001C e LN-023A, confirmou a predominância da mica flogopita
(KMg3(Al,Si3)O10(OH,F)2 e apontou vestígios de anfibólio;
Os serpentinitos, encaixantes dos flogopititos, são rochas constituídas
por 60 a 85% de serpentinita (antigorita), contendo, subordinadamente,
talco, quartzo, plagioclásio, flogopita/clorita e dolomita, além de opacos,
fluorita, espinélio e titanita, ocorrendo como acessórios. A amostra LN-
015C, classificada em campo como um serpentinito, em lâmina
demonstrou se tratar, na verdade, de um anfibolito, apresentando
características petrográficas totalmente diferente das demais amostras.
Quanto à Geoquímica:
Na análise para os elementos traço, ficou caracterizado o aporte dos
elementos Ba, Be, Li, Sc, Sr em ambas as áreas contempladas e uma
depleção para os elementos Co, Cr, Ni e V;
107
Houve um aporte significativo, ao ponto de configurar depósitos
minerais de interesse econômico, do elemento Mo, o qual se apresentou
restrito ao distrito de Carnaíba, não ocorrendo no distrito de Socotó;
Ainda para os elementos traço, foi notado um aporte de grande
magnitude para os elementos F, Cs e Rb, em ambas as áreas de trabalho,
porém com uma maior expressividade no distrito de Carnaíba;
Na análise dos elementos maiores, constatou-se um aporte para os
elementos Al2O3, Fe2O3, FeO, K2O, TiO2 e P205 e uma depleção dos
elementos MgO, CaO e Na2O, tanto em Carnaíba quanto em Socotó;
Para a análise dos elementos escassos Au, Pd e Pt, a maioria das
amostras apresentou teores abaixo do limite de detecção do método
empregado, contudo as amostras LN-009C, LN-015A e LN-020C
apresentaram teores de Au acima do valor de background deste elemento
para as rochas ultramáficas, mas não chegou a configurar anomalias de
grande expressão;
A amostra LN-015C, classificada em campo como um serpentinito,
apresentou características geoquímicas bastante destoantes das demais
amostras e, com o auxílio da petrografia, foi reclassificada como um
anfibolito e excluída das estatísticas dos valores médios apresentadas no
final do capítulo referente à Geoquímica.
Quanto à Metalogênese:
Foi verificado que a interação entre os fluidos pegmatíticos e as rochas
ultramáficas, em ambas as áreas de estudo, foi de fundamental
importância para as mineralizações;
108
No caso da esmeralda, o aporte de berílio foi potencializado pelas rochas
encaixantes, de modo que os flogopititos se demonstraram ótimas
armadilhas geoquímicas;
Do mesmo modo, porém restrito ao distrito de Carnaíba, o molibdênio
também apresentou mineralizações decorrentes da eficácia dessas rochas
no “trapeamento” deste elemento;
A análise preliminar da possibilidade do aproveitamento dos flogopititos
como fonte de potássio para agroindústria apontou que, apesar dos teores
de K serem bastante expressivos nessas rochas, a estrutura do mineral
não permite a sua liberação em tempo hábil para a assimilação em
culturas de curto ciclo, entretanto esse material se apresenta como uma
boa alternativa para as culturas de longo ciclo, uma vez que a sua lenta
liberação do referido nutriente pode ser favorável nesse tipo de cultivo,
somado ao fato de que o material rochoso já se encontra extraído,
abrandando, assim, o ônus de sua extração e ajudando a mitigar o
problema ambiental decorrente do empilhamento dos flogopititos, tidos
como rejeito nas vias de garimpo.
109
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9 ANEXOS
Ag Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K La Li Mg Mn Mo Na Ni P Pb Sb Sc Sn Sr Ti Tl V W Y Zn Zrppm % ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm % % ppm ppm % % ppm % ppm % ppm ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-001A flogopitito <3 5,68 <10 80 82 <20 0,08 <3 56 1229 <3 4 4,63 <20 1508 14,42 0,1 133 0,17 828 0,02 <8 <10 7 <20 29 0,07 <20 51 <20 <3 310 5LN-001C flogopitito <3 5,07 <10 45 19 <20 1,41 <3 67 1555 <3 5,12 3,77 <20 1158 14,24 0,09 148 0,29 880 <0,01 8 <10 12 <20 22 0,09 <20 70 <20 3 186 9LN-002A flogopitito <3 4,1 <10 47 12 21 0,26 <3 78 1116 5 4,56 3 <20 703 >15 0,09 52 0,2 1144 <0,01 <8 <10 5 <20 18 0,06 <20 63 <20 <3 135 5LN-002C flogopitito <3 6,64 <10 83 10 <20 0,06 <3 63 1000 <3 4,66 6,73 <20 1912 14,1 0,11 16 0,26 942 0,01 <8 <10 7 <20 28 0,07 <20 66 <20 <3 357 8LN-003A flogopitito talcificado <3 3,02 <10 94 16 87 0,45 <3 44 710 4 3,6 2,96 <20 730 10,44 0,07 4 0,09 468 <0,01 8 <10 16 <20 10 0,1 <20 78 <20 5 241 12LN-003B flogopitito talcificado <3 4,93 <10 166 20 71 0,07 <3 47 909 <3 4,64 5,16 <20 1108 14,46 0,07 <3 0,18 393 0,03 <8 <10 24 <20 16 0,19 <20 127 <20 <3 243 31LN-003C flogopitito talcificado <3 3,32 <10 111 7 <20 0,01 <3 34 723 <3 3,9 3,04 <20 689 >15 0,04 10 0,11 310 <0,01 <8 <10 20 <20 10 0,15 <20 102 <20 <3 171 20LN-003D flogopitito <3 2,94 <10 46 4 <20 0,36 <3 60 812 33 4,2 1,47 <20 269 >15 0,05 <3 0,05 781 <0,01 <8 <10 16 <20 6 0,11 <20 84 <20 <3 106 9LN-004A flogopitito <3 7,28 <10 131 13 <20 0,13 <3 57 899 <3 5,07 5,57 <20 1172 13,24 0,13 18 0,16 617 0,05 <8 <10 12 <20 20 0,1 <20 64 <20 <3 295 7LN-005A flogopitito <3 6,46 <10 33 7 <20 0,13 <3 69 975 <3 4,44 7,31 <20 844 14,31 0,06 225 0,2 994 0,02 <8 <10 9 <20 24 0,08 <20 44 <20 <3 171 8LN-005B flogopitito <3 6,97 <10 80 9 <20 0,21 <3 58 808 <3 4,41 6,76 <20 1268 13,45 0,08 35 0,19 1001 0,08 <8 <10 7 <20 19 0,09 <20 54 <20 <3 162 6LN-006B flogopitito <3 6,66 <10 86 15 <20 0,2 <3 66 1179 <3 5,16 6,04 <20 2083 12,95 0,09 <3 0,24 887 0,02 <8 <10 8 <20 29 0,17 <20 86 <20 <3 302 4LN-007B flogopitito <3 7,26 <10 76 25 <20 0,1 <3 64 1041 <3 5,18 7,13 <20 2179 12,59 0,17 154 0,22 907 0,04 <8 <10 9 <20 35 0,15 <20 73 <20 <3 380 10LN-008A flogopitito talcificado <3 1,64 <10 34 12 <20 0,15 <3 70 1631 <3 3,78 2,03 <20 632 >15 0,08 26 0,1 1021 <0,01 <8 <10 6 <20 8 0,05 <20 36 <20 <3 244 3LN-008B flogopitito <3 7,07 <10 137 13 <20 0,08 <3 71 1137 <3 5,12 7 <20 1755 12,75 0,16 49 0,21 930 0,03 <8 <10 8 <20 28 0,09 <20 62 <20 <3 517 13LN-009A flogopitito <3 6,59 <10 516 10 <20 0,08 <3 101 1030 <3 6,22 5,76 <20 1789 11,87 0,07 <3 0,18 715 0,03 <8 <10 13 <20 27 0,23 <20 120 <20 5 287 28LN-009C flogopitito <3 6,76 <10 350 100 <20 0,06 <3 64 1095 <3 5,45 6,64 <20 2257 12,58 0,1 <3 0,18 848 0,02 <8 <10 7 <20 31 0,09 <20 68 <20 <3 424 7LN-010B flogopitito <3 7,71 <10 157 12 <20 0,16 <3 64 915 <3 5,86 6,75 <20 2421 10,95 0,23 722 0,16 648 0,07 <8 <10 9 <20 32 0,29 <20 75 <20 <3 670 23LN-011A flogopitito <3 >10 <10 56 17 <20 0,09 <3 41 585 3 4,86 6,52 <20 3048 7,02 0,26 <3 0,31 457 0,04 14 <10 7 <20 36 0,11 <20 73 <20 <3 650 7LN-011B flogopitito talcificado <3 7,61 <10 23 5 <20 0,1 <3 61 1016 8 4,44 5,5 <20 4025 11,25 0,3 <3 0,21 846 0,05 38 <10 6 <20 38 0,06 <20 45 <20 <3 867 4LN-012A flogopitito <3 8,25 <10 264 19 <20 0,7 <3 48 929 3 6,04 5,15 <20 1445 10,51 0,27 3 0,17 719 0,29 8 <10 9 <20 23 0,21 <20 72 <20 7 577 10LN-013A flogopitito <3 7,34 <10 126 11 <20 0,28 <3 39 580 <3 4,73 4,78 <20 1316 11,54 0,2 15 0,22 701 0,1 <8 <10 6 <20 27 0,11 <20 38 <20 <3 552 7LN-013B flogopitito <3 8,03 <10 176 14 <20 0,37 <3 59 1112 <3 5,97 6,05 <20 1429 11,36 0,22 <3 0,17 720 0,17 <8 <10 14 <20 21 0,22 <20 70 <20 5 541 14LN-014A flogopitito <3 6,93 <10 282 16 <20 0,14 <3 57 1163 <3 5,78 6,22 <20 1766 11,84 0,17 30 0,27 862 0,04 <8 <10 9 <20 24 0,2 <20 79 <20 <3 405 5LN-014B flogopitito <3 6,93 <10 295 10 <20 0,33 <3 57 916 <3 5,96 6,59 <20 1641 11,11 0,18 <3 0,2 787 0,15 <8 <10 10 <20 23 0,25 <20 95 <20 4 419 8LN-015A flogopitito <3 7,8 <10 510 14 42 0,48 <3 59 1053 <3 6,63 5,53 <20 2016 11,99 0,15 18 0,36 703 0,2 <8 <10 9 <20 37 0,21 <20 93 <20 5 346 8LN-015B flogopitito <3 7,94 <10 432 20 <20 0,41 <3 54 572 <3 5,55 5,08 <20 1823 11,22 0,18 38 0,7 672 0,08 <8 <10 7 <20 80 0,12 <20 78 <20 <3 405 22LN-016A flogopitito <3 8,23 <10 376 26 <20 0,62 <3 67 473 5 8,23 6,49 <20 1646 7,75 0,34 <3 0,67 275 0,14 10 <10 24 <20 52 0,39 <20 115 <20 8 585 56LN-016B flogopitito <3 8,02 <10 411 18 <20 0,84 <3 71 456 213 8,93 6,76 <20 1953 8,42 0,26 <3 0,5 317 0,19 <8 <10 36 <20 54 0,43 <20 167 <20 12 370 44LN-017A flogopitito <3 6,72 <10 193 9 <20 1,27 <3 58 994 <3 5,65 6,05 <20 1441 11,63 0,12 <3 0,14 653 0,1 <8 <10 14 <20 15 0,18 <20 88 <20 8 320 22LN-017B flogopitito <3 6,06 <10 169 16 <20 0,89 <3 61 1238 <3 5,99 5,53 <20 939 12,77 0,1 57 0,15 713 0,02 <8 <10 16 <20 13 0,15 <20 89 <20 4 190 23LN-018A flogopitito <3 7,79 <10 577 13 <20 0,66 <3 73 985 <3 8,4 5,88 32 1197 11,03 0,09 136 0,41 402 0,17 <8 <10 22 <20 34 0,58 <20 198 <20 6 183 67LN-018B flogopitito talcificado <3 6,58 <10 299 7 <20 1,61 <3 60 1077 <3 7,33 4,28 <20 729 11,16 0,11 30 0,61 387 0,03 <8 <10 23 <20 46 0,23 <20 153 <20 8 111 33LN-018C flogopitito <3 3,71 <10 132 9 <20 3,06 <3 61 1090 <3 6,18 2,7 <20 525 12,27 0,15 6 0,18 468 <0,01 <8 <10 24 <20 11 0,16 <20 127 <20 7 94 18LN-019A flogopitito talcificado <3 4,82 <10 220 18 <20 2,59 <3 60 859 10 6,18 4,34 <20 1015 10,5 0,13 11 0,21 396 0,02 <8 <10 29 <20 21 0,19 <20 153 <20 10 146 27LN-019B flogopitito <3 4,82 <10 204 12 <20 3,23 <3 60 837 <3 6,85 3,62 <20 699 11,7 0,19 52 0,31 409 0,03 9 <10 23 <20 14 0,17 <20 152 <20 8 181 25LN-020A flogopitito <3 7,77 <10 347 7 <20 0,12 <3 68 755 <3 8,24 6,08 <20 782 11,41 0,09 <3 0,17 638 0,05 <8 <10 14 <20 13 0,31 <20 139 <20 4 115 102LN-020B flogopitito <3 7,4 <10 495 5 <20 0,31 <3 64 985 <3 8,71 4,97 <20 770 9,27 0,09 <3 0,28 585 0,04 <8 <10 13 <20 13 0,27 <20 144 <20 6 105 47LN-020C flogopitito talcificado <3 6,82 <10 438 <3 <20 1,76 <3 62 1329 <3 9,18 5,46 <20 679 10,46 0,13 <3 0,24 600 0,03 <8 <10 20 <20 13 0,23 <20 130 <20 8 107 54LN-021A flogopitito <3 8,04 <10 369 20 <20 0,03 <3 60 1476 4 7,93 5,73 <20 798 11,19 0,14 <3 0,16 732 0,01 13 <10 7 <20 16 0,26 <20 138 <20 <3 359 6LN-022A flogopitito <3 7,75 <10 59 33 <20 0,57 <3 50 658 4 4,35 6,78 <20 1613 13,68 0,15 <3 0,06 859 0,25 <8 <10 7 <20 29 0,06 <20 43 <20 5 460 5LN-022B flogopitito <3 8,05 <10 104 79 <20 0,6 <3 43 1194 9 5,18 6,92 <20 2695 10,96 0,28 <3 0,21 672 0,27 <8 <10 8 <20 24 0,12 <20 46 <20 7 832 21LN-022D flogopitito <3 7,66 <10 49 10 <20 0,08 <3 54 2025 <3 4,58 6,45 <20 2660 12,92 0,18 6 0,15 988 0,03 <8 <10 6 <20 24 0,06 <20 45 <20 <3 883 7LN-023A flogopitito <3 8,77 <10 675 10 <20 0,02 <3 58 1006 <3 8,73 5,74 55 1321 9,82 0,13 <3 0,16 384 0,01 <8 <10 20 <20 20 0,55 <20 170 <20 7 176 20LN-023B flogopitito <3 8,44 <10 50 24 <20 1,28 <3 50 974 3 4,86 4,84 <20 2159 11,27 0,18 14 0,65 757 0,45 10 <10 6 <20 101 0,07 <20 41 <20 5 529 9LN-024A flogopitito <3 5,34 <10 54 32 199 0,54 <3 49 513 <3 3,6 6,53 <20 1386 11,82 0,14 <3 0,06 831 0,25 <8 <10 5 <20 24 0,05 <20 40 <20 4 457 6LN-024B flogopitito <3 6,73 <10 200 99 <20 0,07 <3 65 1303 <3 4,46 6,8 <20 1675 13,86 0,1 <3 0,28 1002 0,02 <8 <10 8 <20 23 0,08 <20 47 <20 <3 340 25LN-025A flogopitito <3 7,64 <10 168 25 <20 0,29 <3 61 1445 5 5,77 6,24 <20 1551 12,49 0,21 <3 0,17 776 0,13 <8 <10 8 <20 24 0,12 <20 53 <20 4 503 14LN-025B flogopitito <3 7,96 <10 820 33 <20 0,37 <3 84 99 <3 9,63 6,4 31 2045 8,39 0,14 <3 0,33 364 0,06 <8 <10 24 <20 39 0,61 <20 197 <20 10 215 34
Tabela 01 - Resultados Analíticos dos Flogopititos de Carnaíba - Pindobaçu
Sample ID Tipo de RochaPlasma ICP - Digestão Multiácida
SiO2 Al2O3 Fe2O3 MgO CaO TiO2 P2O5 MnO K2O Na2O K2O FeO F Ba Cl Cs Ga Hf Nb Rb S Sc Sn Sr Ta Th U V Y Zr W La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Ho Er Yb Lu% % % % % % % % % % % % ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-001A flogopitito 43 12,1 6,63 25,7 0,1 0,13 0,057 0,14 9,03 0,211 >1 1,42 46371 41 104 >200 30 <50 <10 2101 258 <10 40 <10 14 <10 <10 54 19 <10 10 2,7 4 1,5 0,3 <0,05 <0,05 0,08 <0,05 0,12 0,1 0,21LN-002A flogopitito 49,3 8,04 6,93 26 0,4 0,08 <0,01 0,11 5,61 0,193 >1 0,71 22326 <10 <20 >200 23 <50 19 1481 236 <10 <10 <10 37 <10 <10 63 <10 <10 <10 <0,1 1,5 <0,1 <0,1 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,1 0,13LN-003A flogopitito talcificado 63,6 5,95 5,56 17,3 0,69 0,18 0,013 0,09 3,57 0,124 >1 2,19 16189 38 37 >200 17 <50 <10 957 83 15 <10 <10 <10 <10 <10 94 <10 <10 <10 0,6 2,1 0,4 <0,1 <0,05 0,19 0,48 <0,05 0,18 0,5 0,13LN-004A flogopitito 41,4 14,9 7,95 22,6 0,18 0,16 0,13 0,18 10 0,169 >1 2,64 34749 98 84 >200 29 <50 51 1715 <50 11 38 <10 38 <10 <10 72 <10 <10 <10 4,3 3,9 3,4 0,4 0,08 0,36 0,38 0,12 0,13 <0,1 0,08LN-005B flogopitito 42,1 14,5 6,97 23,2 0,33 0,14 0,175 0,1 9,86 0,215 >1 1,58 37621 35 97 >200 33 <50 40 1489 <50 10 <10 <10 30 <10 <10 62 18 <10 <10 2,4 2,2 0,8 0,5 <0,05 0,28 0,39 0,14 0,29 0,2 0,1LN-006B flogopitito 42 14 8,16 22,6 0,29 0,28 0,031 0,12 9,52 0,276 >1 2,78 32508 48 140 >200 29 <50 11 2006 <50 <10 <10 <10 16 <10 <10 101 <10 <10 <10 1,7 2,6 1,6 0,5 0,06 0,36 0,29 0,17 0,25 0,2 0,12LN-008B flogopitito 42,4 14,5 7,95 21,8 0,11 0,15 0,073 0,21 9,7 0,205 >1 2,57 32563 106 73 >200 32 <50 23 2098 <50 11 <10 <10 46 <10 <10 72 12 <10 <10 0,5 1,4 2 0,5 <0,05 0,4 0,38 0,16 0,31 0,2 0,09LN-009C flogopitito 42 14,7 8,72 22 0,07 0,17 0,055 0,14 9,66 0,243 >1 3 42090 363 91 >200 29 <50 28 1886 <50 15 <10 <10 32 <10 <10 76 <10 <10 <10 5,1 3,1 3 0,3 <0,05 0,29 0,24 0,07 0,1 0,1 <0,05LN-010B flogopitito 42,3 16,2 9,37 19 0,31 0,17 0,159 0,31 9,83 0,192 >1 3,12 41248 110 <20 >200 39 <50 80 2285 530 <10 <10 <10 60 <10 <10 93 <10 <10 <10 4,9 5,2 3,6 0,6 0,19 0,48 0,63 0,16 0,31 0,3 0,2LN-011A flogopitito 42,9 23,8 7,75 12,1 0,12 0,17 0,093 0,35 10,2 0,361 >1 1,85 35854 34 50 >200 61 <50 202 2368 <50 <10 18 <10 145 <10 <10 77 <10 <10 <10 0,9 1,6 54,5 0,2 <0,05 0,13 0,95 0,07 0,18 0,1 0,08LN-011B flogopitito talcificado 43,1 16,7 7,21 19,9 0,13 0,17 0,103 0,41 10,2 0,244 >1 1,44 52493 <10 58 >200 36 <50 81 2941 <50 14 54 <10 80 <10 <10 54 10 <10 <10 2 2,5 9,4 0,3 <0,05 0,23 0,24 0,07 0,14 <0,1 0,07LN-012A flogopitito 40 17,5 9,59 18,3 1,08 0,17 0,735 0,37 10,1 0,182 >1 1,7 31579 192 91 >200 39 <50 134 1334 <50 10 32 <10 132 <10 <10 94 28 <10 <10 2,7 3,9 5,1 0,6 0,05 0,79 0,94 0,22 0,61 0,6 0,09LN-014B flogopitito 41 15,3 10 20,2 0,51 0,17 0,357 0,26 9,51 0,316 >1 4,21 33627 269 198 >200 32 <50 93 1495 <50 14 <10 <10 99 <10 <10 110 <10 <10 <10 1,9 2,1 2 0,2 <0,05 0,31 0,38 0,07 0,26 0,2 <0,05LN-015A flogopitito 40,9 16 10 20 2,45 0,17 0,481 0,19 9,36 0,42 >1 3,57 31276 455 173 >200 32 <50 125 1391 <50 <10 <10 <10 104 <10 <10 118 25 <10 <10 1,8 2,4 1,4 0,4 <0,05 0,35 0,41 0,14 0,32 0,3 0,11LN-016B flogopitito 41,3 17 14,2 14,6 0,94 0,17 0,463 0,35 9,19 0,646 >1 7,3 31035 405 124 >200 29 <50 21 1293 293 36 <10 <10 <10 <10 <10 194 27 25 <10 8,6 16,2 8,2 2 0,34 2,43 2,07 0,49 1,22 1,2 0,31LN-017B flogopitito 45,8 12,3 9,15 21,6 1,34 0,17 0,049 0,13 8,14 0,109 >1 4,09 20559 139 71 >200 24 <50 17 975 50 18 <10 <10 28 <10 <10 108 11 <10 <10 9 4,2 1,6 0,5 <0,05 0,65 0,62 0,23 0,5 0,5 0,21LN-018B flogopitito talcificado 45,7 11,7 10,8 17,8 2,26 0,17 0,06 0,13 5,31 0,667 >1 5,96 4618 247 90 >200 22 <50 23 448 <50 24 <10 33 31 <10 <10 170 <10 30 <10 7,1 7,9 4,5 2,1 1,25 2,17 2,24 1,16 1,33 1,5 0,9LN-019A flogopitito talcificado 49,1 9,87 9,66 18,2 3,97 0,17 0,021 0,18 6,02 0,167 >1 4,22 16889 197 63 >200 23 <50 <10 818 267 29 <10 <10 <10 <10 <10 172 <10 15 13 6,8 8,8 4,6 1 0,49 1,45 1,76 0,61 1,39 1,3 0,38LN-019B flogopitito 48,9 8,6 10,2 19 4,85 0,17 0,054 0,24 4,44 0,329 >1 4,11 9849 174 <20 >200 21 <50 16 560 <50 20 <10 <10 <10 <10 <10 151 <10 18 <10 4,2 5,2 2,4 0,8 0,21 0,91 1,19 0,28 0,64 0,7 0,14LN-020B flogopitito 41 15 14,5 16,6 0,48 0,17 0,098 0,12 8,38 0,296 >1 10,59 2022 500 167 >200 26 <50 23 364 62 20 <10 <10 <10 <10 <10 175 14 80 15 13,9 26 37,5 1,7 0,19 1,66 1,37 0,3 0,68 0,9 0,28LN-020C flogopitito talcificado 41,9 12,6 13,9 17,4 2,61 0,17 0,055 0,16 7,11 0,201 >1 9,25 891 410 178 >200 24 <50 <10 257 <50 23 <10 <10 13 <10 <10 135 <10 47 <10 1,8 2,8 7,7 0,5 <0,05 0,54 0,77 0,33 0,92 1,2 0,41LN-021A flogopitito 39,8 16,8 12,3 19,3 0,03 0,17 0,014 0,19 9,44 0,098 >1 5,58 9275 366 325 >200 38 <50 223 1116 <50 <10 <10 <10 173 <10 <10 163 12 <10 <10 0,6 1,1 3,6 0,2 <0,05 0,13 0,13 0,08 0,11 0,1 0,16LN-022B flogopitito 42 16,9 8,07 18,7 0,92 0,17 0,685 0,37 10,2 0,194 >1 1,56 24496 45 65 >200 37 <50 148 1656 <50 15 34 <10 70 <10 <10 50 15 <10 <10 4 5 3,1 0,6 0,08 0,81 0,84 0,24 0,6 0,7 0,21LN-023A flogopitito 39,5 17 13,6 16,7 <0,01 0,17 0,037 0,16 9,51 0,099 >1 6,35 10726 723 88 >200 27 <50 12 655 <50 22 <10 <10 10 <10 <10 209 10 <10 <10 43,7 54,6 17,3 2,3 0,21 1,87 1,45 0,33 0,7 0,5 0,17LN-024B flogopitito 42,8 14 6,94 23,8 0,08 0,17 0,024 0,14 9,94 0,31 >1 1,56 49128 149 <20 >200 27 <50 25 1414 <50 <10 <10 <10 19 <10 <10 55 <10 <10 <10 9,5 15 5,2 1 0,15 0,65 0,43 0,12 0,24 0,2 0,13
Tabela 02 - Resultados Analíticos dos Flogopititos de Carnaíba - Pindobaçu
Sample ID Tipo de RochaFluorescência de Raios-X Absorção Atômica
Solubilização Total
Método Clássico Titulação
Eletrodo de Ion
EspecificoFluorescência de Raios-X Plasma ICP / Troca Iônica
Ag Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K La Li Mg Mn Mo Na Ni P Pb Sb Sc Sn Sr Ti Tl V W Y Zn Zrppm % ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm % % ppm ppm % % ppm % ppm % ppm ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-001B serpentinito <3 1,78 <10 5 5 <20 0,61 <3 117 2079 52 7,04 0,04 <20 16 >15 0,13 <3 0,07 1478 <0,01 <8 <10 10 <20 6 0,08 <20 67 <20 <3 84 3LN-002B serpentinito <3 1,36 <10 13 7 <20 0,05 <3 72 936 24 4,07 1,82 <20 275 >15 0,05 <3 0,11 1267 <0,01 <8 <10 5 <20 7 0,05 <20 48 <20 <3 131 <3LN-004B serpentinito talcificado <3 1,13 <10 11 7 <20 0,87 <3 83 863 <3 4,63 1,42 <20 154 >15 0,05 <3 0,06 1174 <0,01 <8 <10 7 <20 8 0,05 <20 61 <20 <3 71 <3LN-004C serpentinito talcificado <3 1,31 <10 6 <3 <20 0,5 <3 103 1041 9 6,63 0,01 <20 <3 >15 0,11 <3 0,01 1373 <0,01 <8 <10 9 <20 4 0,06 <20 68 <20 <3 76 <3LN-006A serpentinito <3 2,47 <10 17 <3 <20 1,49 <3 91 1133 9 6,67 0,02 <20 9 >15 0,11 <3 0,03 1195 <0,01 <8 <10 13 <20 22 0,11 <20 85 <20 4 46 <3LN-007A serpentinito talcificado <3 2,08 <10 10 7 <20 1,26 <3 71 982 34 5,2 1,01 <20 120 >15 0,13 47 0,06 1169 <0,01 13 <10 9 <20 16 0,09 <20 76 <20 3 216 7LN-009B serpentinito <3 2,35 <10 8 3 <20 1,38 <3 91 1181 10 6,11 0,3 <20 13 >15 0,09 <3 0,03 1347 <0,01 <8 <10 12 <20 21 0,1 <20 76 <20 4 53 4LN-010A serpentinito talcificado <3 3,07 <10 5 <3 <20 1,9 <3 70 1057 33 6,7 0,16 <20 106 >15 0,09 12 0,03 994 0,01 <8 <10 14 <20 10 0,13 <20 96 <20 4 82 5LN-014C serpentinito <3 1,56 <10 4 3 <20 1,61 <3 107 1193 15 5,84 0,06 <20 26 >15 0,1 <3 0,02 1463 0,01 <8 <10 9 <20 14 0,06 <20 57 <20 <3 66 <3LN-014D serpentinito talcificado <3 1,32 <10 24 6 <20 1,22 <3 76 1014 19 3,87 0,65 <20 88 >15 0,07 <3 0,05 1294 0,01 <8 <10 7 <20 11 0,05 <20 55 <20 <3 118 <3LN-015C serpentinito <3 7,62 <10 53 62 <20 5,17 <3 47 131 68 9,43 0,69 <20 310 4,87 0,14 28 1,98 78 0,06 <8 <10 39 <20 125 0,8 <20 290 <20 27 85 24LN-016C serpentinito <3 1,85 <10 4 3 <20 1,19 <3 99 1367 7 5,67 0,03 <20 14 >15 0,12 <3 0,05 1494 <0,01 <8 <10 11 <20 8 0,08 <20 62 <20 3 109 3LN-021B serpentinito talcificado <3 1,41 <10 43 5 <20 0,38 <3 81 1295 <3 4,06 1,43 <20 138 >15 0,11 8 0,05 1252 <0,01 <8 <10 5 <20 5 0,03 <20 43 <20 <3 210 <3LN-022C serpentinito <3 1,25 <10 7 6 <20 0,94 <3 109 1661 67 5,49 0,68 <20 60 >15 0,11 11 0,03 1463 <0,01 <8 <10 7 <20 5 0,06 <20 70 <20 <3 107 <3LN-024C serpentinito <3 1,57 <10 7 23 <20 1,16 <3 82 1291 <3 5,05 1,55 <20 253 >15 0,15 8 0,07 1300 <0,01 <8 <10 9 <20 8 0,07 <20 63 <20 <3 168 <3
Tabela 03 - Resultados Analíticos dos Serpentinitos de Carnaíba - Pindobaçu
Sample ID Tipo de RochaPlasma ICP - Digestão Multiácida
SiO2 Al2O3 Fe2O3 MgO CaO TiO2 P2O5 MnO K2O Na2O K2O FeO F Ba Cl Cs Ga Hf Nb Rb S Sc Sn Sr Ta Th U V Y Zr W La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Ho Er Yb Lu% % % % % % % % % % % % ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-001B serpentinito 41 3,42 10,6 35,3 0,92 0,11 0,011 0,17 - 0,025 0,025 5,74 7302 <10 162 <50 16 <50 11 20 1841 19 <10 <10 21 <10 <10 87 <10 21 <10 2,8 3,6 1,3 <0,1 <0,05 <0,05 0,17 <0,05 <0,05 0,1 0,12LN-004B serpentinito talcificado 52,9 2,18 7,17 28,3 1,36 0,07 0,01 0,07 1,6 0,069 >1 1,86 17105 <10 <20 143 13 <50 14 344 494 10 <10 <10 13 <10 <10 66 <10 <10 <10 4,6 4,4 2,3 2,2 1,73 2,24 1,49 1,29 1,32 1,1 0,95LN-004C serpentinito talcificado 39,5 2,24 10,2 35,1 0,73 0,09 0,013 0,15 <0,012 <0,013 <0,012 2,37 472 <10 118 <50 12 <50 <10 13 318 <10 <10 <10 31 <10 <10 83 <10 <10 <10 2,6 4,4 2 0,2 <0,05 0,26 0,36 <0,05 0,09 0,2 0,11LN-009B serpentinito 40,7 4,37 9,87 32,9 2,2 0,17 0,019 0,13 - 0,022 0,032 3,56 783 34 51 <50 15 <50 <10 35 573 26 <10 <10 21 <10 <10 105 <10 33 <10 4,2 5,8 3,4 0,7 0,15 0,61 0,69 0,2 0,46 0,4 0,14LN-014C serpentinito 40,4 3,05 8,96 32,9 2,45 0,09 0,015 0,13 - 0,015 0,053 4,46 3300 <10 125 <50 16 <50 10 30 792 14 10 <10 <10 <10 <10 77 <10 17 <10 2,8 3,1 1,8 0,3 <0,05 0,29 0,41 0,1 0,3 0,3 0,19LN-015C serpentinito 46,7 14,8 14,8 8,36 8,25 1,4 0,146 0,2 - >1 0,81 5,57 5724 64 78 55 21 <50 12 57 359 54 <10 93 <10 <10 <10 341 31 81 <10 5,3 8,7 6,5 2,1 0,64 3,06 3,19 0,72 2,55 2,4 0,48LN-024C serpentinito 46,2 3,34 7,85 30,7 1,78 0,11 0,015 0,2 2,09 0,101 >1 2,99 24143 <10 134 >200 16 <50 11 407 613 <10 <10 <10 <10 <10 <10 75 <10 13 <10 1,5 2,2 0,9 0,2 <0,05 0,18 0,11 0,06 0,13 0,2 0,5
Tabela 04 - Resultados Analíticos dos Serpentinitos de Carnaíba - Pindobaçu
Sample ID Tipo de RochaFluorescência de Raios-X Absorção Atômica
Solubilização Total
Método Clássico Titulação
Eletrodo de Ion
EspecificoFluorescência de Raios-X Plasma ICP / Troca Iônica
Ag Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K La Li Mg Mn Mo Na Ni P Pb Sb Sc Sn Sr Ti Tl V W Y Zn Zrppm % ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm % % ppm ppm % % ppm % ppm % ppm ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-026A flogopitito <3 6,35 <10 234 22 <20 1,9 <3 58 1336 <3 5,96 4,75 <20 1250 12,54 0,11 <3 0,31 641 0,21 <8 <10 19 <20 29 0,2 <20 80 <20 9 80 25LN-027A flogopitito <3 4,67 <10 195 15 <20 2,44 <3 63 1215 <3 5,56 4,16 <20 509 13,25 0,11 <3 0,15 822 <0,01 <8 <10 15 <20 13 0,13 <20 72 <20 5 69 18LN-027B flogopitito <3 5,23 <10 175 13 <20 2,26 <3 61 1301 <3 5,3 4,73 <20 925 12,83 0,12 <3 0,22 797 0,01 <8 <10 11 <20 12 0,12 <20 67 <20 5 72 17LN-027C flogopitito <3 3,67 <10 115 17 <20 4,15 <3 57 1285 <3 5,34 3,27 <20 505 12,59 0,15 <3 0,26 695 <0,01 9 <10 17 <20 13 0,09 <20 81 <20 8 65 16LN-028A flogopitito <3 7,03 <10 342 100 <20 0,43 <3 57 1566 <3 5,56 6,78 <20 1145 12,79 0,09 <3 0,26 878 0,07 <8 <10 11 <20 25 0,2 <20 76 <20 5 115 23LN-028B flogopitito <3 7,05 <10 362 59 <20 0,75 <3 58 1396 <3 6,03 6,6 <20 1192 11,79 0,09 <3 0,2 684 0,25 <8 <10 14 <20 20 0,26 <20 94 <20 11 126 26LN-029B flogopitito <3 6,58 <10 212 14 <20 0,13 <3 59 1589 <3 5,27 5,78 <20 1439 11,49 0,06 <3 0,24 758 0,04 <8 <10 15 <20 15 0,15 <20 91 <20 4 113 17LN-029C flogopitito <3 7,15 <10 230 10 <20 0,07 <3 74 1683 <3 6,48 6,45 <20 1579 10,42 0,12 <3 0,18 755 0,03 <8 <10 19 <20 11 0,21 <20 123 <20 6 153 23LN-029D flogopitito <3 7,82 <10 546 28 <20 0,43 <3 79 434 7 8,1 6,27 <20 1088 9,5 0,13 <3 0,44 487 0,08 <8 <10 21 <20 48 0,49 <20 162 <20 6 128 33
Tabela 05 - Resultados Analíticos dos Flogopititos de Socotó - Campo Formoso
Sample ID Tipo de RochaPlasma ICP - Digestão Multiácida
Ag Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K La Li Mg Mn Mo Na Ni P Pb Sb Sc Sn Sr Ti Tl V W Y Zn Zrppm % ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm % % ppm ppm % % ppm % ppm % ppm ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-026A flogopitito <3 6,35 <10 234 22 <20 1,9 <3 58 1336 <3 5,96 4,75 <20 1250 12,54 0,11 <3 0,31 641 0,21 <8 <10 19 <20 29 0,2 <20 80 <20 9 80 25LN-027A flogopitito <3 4,67 <10 195 15 <20 2,44 <3 63 1215 <3 5,56 4,16 <20 509 13,25 0,11 <3 0,15 822 <0,01 <8 <10 15 <20 13 0,13 <20 72 <20 5 69 18LN-027B flogopitito <3 5,23 <10 175 13 <20 2,26 <3 61 1301 <3 5,3 4,73 <20 925 12,83 0,12 <3 0,22 797 0,01 <8 <10 11 <20 12 0,12 <20 67 <20 5 72 17LN-027C flogopitito <3 3,67 <10 115 17 <20 4,15 <3 57 1285 <3 5,34 3,27 <20 505 12,59 0,15 <3 0,26 695 <0,01 9 <10 17 <20 13 0,09 <20 81 <20 8 65 16LN-028A flogopitito <3 7,03 <10 342 100 <20 0,43 <3 57 1566 <3 5,56 6,78 <20 1145 12,79 0,09 <3 0,26 878 0,07 <8 <10 11 <20 25 0,2 <20 76 <20 5 115 23LN-028B flogopitito <3 7,05 <10 362 59 <20 0,75 <3 58 1396 <3 6,03 6,6 <20 1192 11,79 0,09 <3 0,2 684 0,25 <8 <10 14 <20 20 0,26 <20 94 <20 11 126 26LN-029B flogopitito <3 6,58 <10 212 14 <20 0,13 <3 59 1589 <3 5,27 5,78 <20 1439 11,49 0,06 <3 0,24 758 0,04 <8 <10 15 <20 15 0,15 <20 91 <20 4 113 17LN-029C flogopitito <3 7,15 <10 230 10 <20 0,07 <3 74 1683 <3 6,48 6,45 <20 1579 10,42 0,12 <3 0,18 755 0,03 <8 <10 19 <20 11 0,21 <20 123 <20 6 153 23LN-029D flogopitito <3 7,82 <10 546 28 <20 0,43 <3 79 434 7 8,1 6,27 <20 1088 9,5 0,13 <3 0,44 487 0,08 <8 <10 21 <20 48 0,49 <20 162 <20 6 128 33
Tabela 06 - Resultados analíticos do Flogopititos de Socotó - Campo Formoso
Sample ID Tipo de RochaPlasma ICP - Digestão Multiácida
SiO2 Al2O3 Fe2O3 MgO CaO TiO2 P2O5 MnO K2O Na2O K2O FeO F Ba Cl Cs Ga Hf Nb Rb S Sc Sn Sr Ta Th U V Y Zr W La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Ho Er Yb Lu% % % % % % % % % % % % ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-027B flogopitito 45,9 10,6 8,23 22 3,58 0,2 0,018 0,15 7,43 0,2 >1 2,29 27433 149 <20 >200 22 <50 <10 457 <50 16 <10 <10 15 <10 <10 69 <10 <10 <10 1,6 3,1 1,3 0,3 <0,05 0,34 0,33 0,08 0,39 0,3 <0,05LN-028B flogopitito 41 15 9,48 20,5 1,15 0,43 0,655 0,11 9,57 0,101 >1 1,79 25989 298 67 >200 24 <50 17 577 <50 27 <10 <10 <10 <10 <10 115 16 <10 <10 1,6 3,3 1,5 0,6 <0,05 0,9 1,12 0,37 0,94 0,9 0,32LN-029B flogopitito 46 13,9 8,2 19,8 0,16 0,24 0,1 0,08 9,17 0,212 >1 3 25347 181 48 >200 31 <50 17 584 <50 15 <10 <10 <10 <10 <10 105 <10 12 <10 0,5 1 0,4 0,1 <0,05 <0,05 0,24 0,07 0,3 0,5 <0,05LN-029D flogopitito 40 16,9 13 16,7 0,67 0,85 0,213 0,18 9,13 0,413 >1 7,19 20576 546 90 >200 21 <50 18 640 <50 19 <10 21 <10 <10 <10 207 <10 26 <10 3,4 7,1 3,3 0,8 <0,05 0,95 0,96 0,18 0,53 0,6 0,11
Tabela 07 - Resultados Analíticos dos Flogopititos de Socotó - Campo Formoso
Sample ID Tipo de RochaFluorescência de Raios-X Absorção Atômica
Solubilização Total
Método Clássico Titulação
Eletrodo de Ion
EspecificFluorescência de Raios-X Plasma ICP / Troca Iônica
Ag Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K La Li Mg Mn Mo Na Ni P Pb Sb Sc Sn Sr Ti Tl V W Y Zn Zrppm % ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm % % ppm ppm % % ppm % ppm % ppm ppm ppm ppm ppm % ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-026B serpentinito <3 5,89 <10 210 21 <20 1,98 <3 56 1311 <3 5,64 4,07 <20 1192 12,44 0,11 <3 0,26 598 0,09 <8 <10 14 <20 32 0,17 <20 76 <20 5 83 17LN-026C serpentinito <3 2,54 <10 5 3 <20 1,82 <3 76 1376 19 6,11 0,1 <20 25 >15 0,09 <3 0,06 1198 0,01 <8 <10 13 <20 15 0,11 <20 86 <20 4 66 7LN-027D serpentinito <3 1,64 <10 45 16 <20 7,18 <3 39 485 <3 5,35 1,01 <20 125 12,02 0,23 <3 0,35 334 <0,01 <8 <10 15 <20 19 0,02 <20 83 <20 21 65 7LN-029A serpentinito <3 3,83 <10 4 <3 <20 2,44 <3 71 1813 <3 6,17 0,03 <20 15 >15 0,14 <3 0,17 1082 0,02 <8 <10 20 <20 7 0,17 <20 123 <20 7 58 27
Tabela 08 - Tabela Resultados Analíticos das Rochas de Socotó - Campo Formoso
Sample ID Tipo de RochaPlasma ICP - Digestão Multiácida
SiO2 Al2O3 Fe2O3 MgO CaO TiO2 P2O5 MnO K2O Na2O K2O FeO F Ba Cl Cs Ga Hf Nb Rb S Sc Sn Sr Ta Th U V Y Zr W La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Ho Er Yb Lu% % % % % % % % % % % % ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
LN-026B serpentinito 44,3 12,1 8,62 21,2 3,12 0,27 0,233 0,15 7,83 0,192 >1 3,72 28112 160 44 >200 24 <50 11 607 <50 17 <10 19 <10 <10 <10 89 <10 <10 <10 1,6 2,9 1,8 0,5 <0,05 0,59 0,7 0,2 0,53 0,6 0,15LN-027D serpentinito 54,3 2,96 8,31 20,6 11,2 0,03 <0,01 0,31 1,09 0,449 >1 1 8645 <10 <20 117 15 <50 12 84 <50 14 <10 <10 <10 <10 32 76 25 <10 <10 6,8 13,8 5 1,2 0,23 1,54 2,05 0,56 1,72 1,8 0,37
Tabela 09 - Tabela Resultados Analíticos dos Serpentinitos de Socotó - Campo Formoso
Sample ID Tipo de RochaFluorescência de Raios-X Absorção Atômica
Solubilização Total
Método Clássico Titulação
Eletrodo de Ion
EspecificFluorescência de Raios-X Plasma ICP / Troca Iônica
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