características geoquímicas, petrográficas e metalogenéticas dos flogopititos de carnaíba e...

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Todas características para ajuda no estudo no curso de mineração.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    INSTITUTO DE GEOCINCIAS CURSO DE GEOLOGIA

    LEONARDO AQUINO PIRES NPRAVNK

    CARACTERSTICAS GEOQUMICAS, PETROGRFICAS E METALOGENTICAS DOS FLOGOPITITOS DE CARNABA E

    SOCOT, BAHIA

    Salvador 2011

  • LEONARDO AQUINO PIRES NPRAVNK

    CARACTERSTICAS GEOQUMICAS, PETROGRFICAS E METALOGENTICAS DOS FLOGOPITITOS DE

    CARNABA E SOCOT, BAHIA

    Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geocincias, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Prof. Jos Haroldo da Silva S

    Salvador 2011

  • TERMO DE APROVAO

    LEONARDO AQUINO PIRES NPRAVNK

    Salvador, 8 de julho de 2011

    CARACTERSTICAS GEOQUMICAS, PETROGRFICAS E METALOGENTICAS DOS FLOGOPITITOS DE

    CARNABA E SOCOT, BAHIA

    Monografia aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

    Jos Haroldo da Silva S - Orientador Livre Docente e Doutor em Geologia pela USP UFBA Ermesto Alves da Silva Bacharel em Geologia pela UFPE Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Olga Maria Fragueiro Otero Doutora em Geologia pela UFBA UFBA

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, especialmente, a vov Nelson (in memoriam), vov Clia e minha me

    Virgnia, pelo apoio incondicional em todos os momentos e por sempre acreditarem e

    investirem em meu potencial, a meus tios Fernando, Jnior, Ilma, Slvia, Mariana,

    Maria Clara, Olga e Abdias por todo incentivo e confiana. A meus primos Matheus,

    Fernanda e Maurcio. A Liliana Coelho (Lily), uma pessoa muito especial que apareceu

    em minha vida.

    Ao meu orientador e amigo, professor Haroldo S, uma pessoa e profissional que desde

    sempre admirei, muito obrigado pela sua inestimvel pacincia e incentivo, os quais

    foram fundamentais para que eu pudesse chegar concluso desse trabalho.

    A CBPM Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, por todo suporte oferecido para a

    realizao deste trabalho, desde a disponibilizao de veculo para a etapa de campo, as

    confeces das lminas petrogrficas e os subsdios para a realizao das anlises

    qumicas. Em especial ao gelogo Ernesto Alves, que ao longo desses anos vm

    proporcionando esse tipo de apoio aos estudantes formandos do IGeo-UFBA. Ao

    motorista, Sr. Joel, pelo companheirismo na etapa de campo. Aos funcionrios Rosa

    Amlia, Teresa Cristina e Val, pela ateno concedida.

    Aos amigos e colegas do Instituto de Geocincias: Andr Souza, Lucas Nery, Tiago

    Ximenes, Thiago Novaes, Cristiano Muller, Marcos (Bento), Luciano (Careca), Eder

    Medeiros, Zilda Gomes, Lucas Phidalelpho, Eduardo, Guilherme Gonalves (Guiga),

    Davidson Queiroz, Mileno Loula, Alice (Felcia), Talita Fernandes, Naedja, Alex

    Moura e todos aqueles que sempre acreditaram em mim. Aos funcionrios Deraldo,

    Alberto, Andr, Dona Lala, Mrcia, Ldia, Dona Nan, Carlos Bossal, Jairo e

    Marcelinho. Aos professores Aroldo Misi, Osmrio Leite, Paulo Avanzo, Geraldo

    Leahy, Facelcia, Lamarck (in memoriam), Olga Otero (pela pacincia nas correes

    desse trabalho), Iracema Reimo, Heraldo Peixoto, Tnia, Reginaldo Alves, Augusto

    Pedreira, Vilson Marques, Vilton, Hernani (pelo apoio na Difratometria de Raio-X),

    Telsforo Martinez e todos aqueles que tiveram papel fundamental na construo do

    meu conhecimento geolgico.

  • Todos estes que a esto

    Atravancando o meu caminho,

    Eles passaro.

    Eu passarinho!

    Mrio Quintana

  • RESUMO

    Este trabalho apresenta os resultados obtidos na caracterizao petrogrfica, geoqumica

    e metalogentica realizada para os flogopititos dos distritos garimpeiros de Carnaba-

    Pindobau e Socot-Campo Formoso, localizados na poro centro-norte da Serra de

    Jacobina, no estado da Bahia. Os flogopititos so rochas derivadas dos serpentinitos, em

    decorrncia da ao hidrotermal promovida pelos fluidos finais de corpos granticos que

    se colocaram no final do Paleoproterozico.

    A petrografia apontou que os flogopititos so constitudos, predominantemente, pela

    mica flogopita, acompanhada, em quantidades variveis, de anfiblio, quartzo,

    dolomita, fluorita, turmalina e berilo, ocorrendo como acessrios a titanita, o espinlio e

    o zirco, alm de minerais opacos. Os serpentinitos encaixantes apresentaram, alm da

    serpentinita que o caracteriza, grande quantidade de talco e, subordinadamente, fluorita,

    quartzo, plagioclsio, flogopita/clorita, dolomita e opacos.

    A caracterizao geoqumica permitiu verificar que houve o aporte dos elementos trao

    Ba, Be, Li, Sc, Sr, F, Cs e Rb nos flogopititos de ambas as reas estudadas, e uma

    depleo para os elementos Co, Cr, Ni e V. Em relao aos elementos maiores, foi

    notado o acrscimo nos teores de Al2O3, Fe2O3, FeO, K2O, TiO2 e P2O5 e uma

    defasagem nos teores de MgO, CaO e Na2O. Quanto aos elementos escassos, somente

    trs amostras do distrito de Carnaba apresentaram teores acima do background para o

    elemento Au, contudo no configurando anomalias de grande expresso.

    Os elevados teores de potssio sugerem que os flogopititos sejam uma potencial fonte

    deste elemento, o qual indispensvel na agroindstria, contudo a estrutura do mineral

    que o comporta bastante fechada, no permitindo a sua rpida liberao e

    comprometendo a sua utilizao em culturas de curto ciclo.

    Palavras-Chave: Flogopititos; Hidrotermalismo; Fontes Alternativas de Potssio

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................................... 1

    1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2

    1.2 MTODOS DE TRABALHO ............................................................................................ 3

    2- ASPECTOS FISIOGRFICOS ........................................................................................... 4

    2.1 LOCALIZAO E VIAS DE ACESSO ........................................................................... 4

    2.2 GEOMORFOLOGIA ......................................................................................................... 5

    2.3 CLIMA ................................................................................................................................ 6

    2.4 HIDROGRAFIA ................................................................................................................ 6

    2.5 VEGETAO .................................................................................................................... 8

    3-GEOLOGIA ............................................................................................................................. 9

    3.1 GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................................... 9

    3.1.1 Complexo Mairi .................................................................................................... 11

    3.1.2 Complexo Mfico-Ultramfico de Campo Formoso ............................................. 11

    3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo .......................................................................... 11

    3.1.4 Grupo Jacobina ...................................................................................................... 12

    3.1.5 Granitos Intrusivos ................................................................................................ 13

    3.1.6 Grupo Una ............................................................................................................. 13

    3.1.7 Coberturas Cenozicas .......................................................................................... 14

    3.2 GEOLOGIA LOCAL ........................................................................................................ 15

    3.2.1 Geologia da Regio de Carnaba ........................................................................... 16

    3.2.1.1 Complexo Gnissico Migmattitico ............................................................... 17

    3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo .................................................................. 17

    3.2.1.3 Grupo Jacobina .............................................................................................. 17

    3.2.1.4 Granitos Intrusivos ........................................................................................ 18

    3.2.1.5 Sedimentos Tercirios-Quaternrios ............................................................. 18

    3.2.2 Geologia da Regio de Socot .............................................................................. 19

    3.2.2.1 Complexo Gnissico Migmattitco ................................................................ 20

  • 3.2.2.2 Complexo Mfico-Ultramfico de Campo Formoso ..................................... 20

    3.2.2.3 Grupo Jacobina .............................................................................................. 20

    3.2.2.4 Granito de Campo Formoso .......................................................................... 20

    3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado ............................................................................. 21

    4-CARACTERIZAO GEOQUMICA .............................................................................. 22

    4.1 CARACTERIZAO GEOQUMICA DA REGIO DE CARNABA-PINDOBAU 25

    4.1.1 Geoqumica dos Flogopititos ................................................................................. 25

    4.1.2 Geoqumica dos Serpentinitos ............................................................................... 41

    4.2 CARACTERIZAO GEOQUMICA DA REGIO DE SOCOT-C.FORMOSO ..... 55

    4.2.1 Geoqumica dos Flogopititos ................................................................................. 56

    4.2.2 Geoqumica dos Serpentinitos ............................................................................... 69

    4.3 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSES .................................................................. 82

    5-CARACTERSTICAS PETROGRFICAS ....................................................................... 89

    5.1 FLOGOPITITOS DE CARNABA E DE SOCOT ........................................................ 89

    5.2 SERPENTINITOS DE CARNABA E DE SOCOT ...................................................... 97

    6-FLOGOPITITOS E O SEU POTENCIAL COMO FONTE DE POTSSIO ............... 101

    7-CONSIDERAES FINAIS .............................................................................................. 106

    8-REFERNCIAS ................................................................................................................... 109

    9-ANEXOS .............................................................................................................................. 113

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 01 Mapa de Localizao da cidade de Pindobau ..................................................... 4

    FIGURA 02 Mapa de Localizao da cidade de Campo Formoso ........................................... 4

    FIGURA 03 Principais vias de acesso ligando a capital Salvador cidade de Campo Formoso

    ....................................................................................................................................................... 5

    FIGURA 04 Mapa de localizao da Bacia do Itapicuru no estado da Bahia ........................... 7

    FIGURA 05 Esboo do Craton do So Francisco e suas Faixas Marginais .............................. 9

    FIGURA 06 Mapa geolgico simplificado da regio de Carnaba e Campo Formoso ........... 10

    FIGURA 07 Mapa geolgico simplificado da regio de Carnaba e Campo Formoso ........... 15

    FIGURA 08 Mapa geolgico simplificado da regio de Carnaba ......................................... 16

    FIGURA 09 Mapa geolgico simplificado da regio de Socot ............................................. 19

    FIGURA 10 Mapa geolgico simplificado do permetro da Reserva Legal de Garimpo

    Carnaba, constando os pontos de coleta ..................................................................................... 22

    FIGURA 11 Mapa geolgico simplificado da regio de Campo Formoso, constando os pontos

    de coleta realizados no Garimpo de Socot ................................................................................ 23

    FIGURA 12 Grfico de distribuio dos Elementos Terras Raras nos flogopititos (em azul) e

    nos serpentinitos (em vermelho), tanto em Carnaba quanto em Socot. ................................... 88

    FIGURA 13 Difratometria de Raios-X da amostra LN-001C, demonstrando a predominncia

    da flogopita e alguns vestgios de anfiblios............................................................................... 96

    FIGURA 14 Difratometria de Raios-X da amostra LN-023A, demonstrando a presena da

    flogopita ...................................................................................................................................... 96

  • LISTA DE FOTOS

    FOTO 01 - Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaba de Cima,

    mostrando, ao fundo, o Povoado de Carnaba de Baixo ............................................................. 25

    FOTO 02 - Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma

    frente de servio no Garimpo de Socot ..................................................................................... 56

    FOTO 03 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extrao de esmeralda nos

    garimpos de Carnaba-Pindobau .................................................................................. 104

    FOTO 04 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extrao de esmeralda nos

    garimpos de Socot-Campo Formoso ........................................................................... 104

    LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS

    FOTOMICROGRAFIA 01 - Textura lepidoblstica impressa pela orientao das flogopitas, as

    quais perfazem mais de 90% da rocha. Amostra LN-020B ...................................................... 89

    FOTOMICROGRAFIA 02 - Textura lepidoblstica impressa pela orientao das flogopitas.

    Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socot ..................................................................... 90

    FOTOMICROGRAFIA 03 - Textura nematolepidoblstica marcada pela presena do

    anfiblio em meio s flogopitas. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaba. ............. 90

    FOTOMICROGRAFIA 04 - Textura nematolepidoblstica marcada pela presena do

    anfiblio em meio s flogopitas. Amostra LN-027B, coletada no distrito de Socot ................. 90

    FOTOMICROGRAFIA 05 - Presena do anfiblio antofilita, o qual, por vezes, apresenta-se

    talcificado. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaba. ............................................. 91

    FOTOMICROGRAFIA 06 - Presena de piroxnio (augita) ao lado de cristal de fluorita,

    truncando a orientao impressa pelas flogopitas. Amostra LN-014A, coletada no distrito de

    Carnaba ...................................................................................................................................... 92

    FOTOMICROGRAFIA 07 - Presena de cristais de dolomita em meio s flogopitas e o

    quartzo. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaba .................................................... 92

    FOTOMICROGRAFIA 08 - Corte basal de cristal de turmalina, truncando a orientao

    estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaba ................. 93

    FOTOMICROGRAFIA 09 - Aglomerado de turmalinas em meio s flogopitas. Amostra LN-

    026A, coletada no distrito de Socot. ........................................................................................ 93

  • FOTOMICROGRAFIA 10 - Veio de quartzo disposto concordantemente com a orientao

    estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socot .................... 94

    FOTOMICROGRAFIA 11 - Presena da fluorita em meio s flogopitas. Amostra LN-014A,

    coletada no distrito de Carnaba .................................................................................................. 94

    FOTOMICROGRAFIA 12 - Cristais andricos de berilo em meio s flogopitas. Amostra LN-

    026A, coletada no distrito de Socot .......................................................................................... 95

    FOTOMICROGRAFIA 13 - Textura nematoblstica impressa pela presena de cristais de

    anfiblio e serpentinita. Amostra LN-001B, coletada no distrito de Carnaba ........................... 97

    FOTOMICROGRAFIA 14 - Textura nematolepidoblstica ocasionada pela presena de

    flogopita em meio a serpentinita ................................................................................................ 97

    FOTOMICROGRAFIA 15 - Cristais aciculares e radiais de antigorita. Amostra LN-004C,

    coletada no distrito de Carnaba .................................................................................................. 98

    FOTOMICROGRAFIA 16 - Porfiroblasto de dolomita mantendo contato irregular com as

    serpentinitas circundantes. Amostra LN-010A, coletada no distrito de Carnaba ...................... 99

    FOTOMICROGRAFIA 17 - Porfiroblasto de fluorita mantendo contato reto a irregular com

    as serpentinitas e talco circundantes. Amostra LN-021B, coletada no distrito de Carnaba ...... 99

    FOTOMICROGRAFIA 18 - Presena de minerais opacos submilimtricos,

    predominantemente, andricos. Amostra LN-026C, coletada no distrito de Socot ............... 100

    FOTOMICROGRAFIA 19 - Lmina da amostra LN-015C, a qual demonstra caractersticas

    petrogrficas totalmente diferente das demais amostras de serpentinitos, se tratando de um

    anfibolito .................................................................................................................................. 100

  • LISTA DE TABELAS TABELA 4.1 Resultados analticos dos elementos maiores Flogopititos - Carnaba/Pindobau ................................................................................................................... 38

    TABELA 4.2 Resultados analticos dos elementos escassos Flogopititos Carnaba/Pindobau ................................................................................................................... 40

    TABELA 4.3 Resultados analticos dos elementos maiores Serpentinitos Carnaba / Pindobau ................................................................................................................................... 54

    TABELA 4.4 Resultados analticos dos elementos escassos Serpentinitos Carnaba / Pindobau ................................................................................................................................... 55

    TABELA 4.5 Resultados analticos dos elementos maiores Flogopititos Socot / Campo Formoso...................................................................................................................................... 68

    TABELA 4.6 Resultados analticos dos elementos escassos Flogopititos Socot / Campo Formoso...................................................................................................................................... 69

    TABELA 4.7 Resultados analticos dos elementos maiores Serpentinitos Socot / Campo Formoso...................................................................................................................................... 81

    TABELA 4.8 Resultados analticos dos elementos escassos Serpentinitos Socot / Campo Formoso...................................................................................................................................... 82

    TABELA 4.9 Valores mdios dos elementos trao - Flogopititos Carnaba / Pindobau & Socot / Campo Formoso ........................................................................................................... 83

    TABELA 4.10 Valores mdios dos elementos trao Serpentinitos - Carnaba / Pindobau & Socot / Campo Formoso ........................................................................................................... 83

    TABELA 4.11 Valores mdios dos elementos maiores - Flogopititos Carnaba / Pindobau & Socot / Campo Formoso ....................................................................................................... 85

    TABELA 4.12 - Valores mdios dos elementos maiores - Serpentinitos Carnaba / Pindobau & Socot / Campo Formoso ....................................................................................................... 85

    TABELA 4.13 Valores mdios dos elementos Flor, Csio e Rubdio Flogopititos & Serpentinitos - Carnaba / Pindobau & Socot / Campo Formoso ............................................ 86

    TABELA 6.1 Resultados analticos para os elementos maiores nos Flogopititos de Carnaba & Socot................................................................................................................................... 102

  • 1

    1 INTRODUO

    A serra de Jacobina constitui uma importante provncia metalogentica do Estado da

    Bahia, encerrando uma srie de depsitos minerais, dentre estes o ouro associado s

    rochas metassedimentares do Grupo Jacobina, o cromo atrelado ao Complexo Mfico-

    Ultramfico de Campo Formoso, o mangans que ocorre nas sequncias

    metavulcanossedimentares do Complexo Itapicuru, a barita encaixada nos

    metassedimentos da Unidade Itapura, alm da esmeralda que vem sendo lavrada em

    carter de garimpo nas regies de Pindobau-Carnaba e Campo Formoso-Socot.

    Somados aos depsitos supracitados pode-se apontar, tambm, uma srie de ocorrncias

    minerais de menor expresso, como, por exemplo, cristal de rocha, ametista, apatita,

    caulim, dentre outras.

    As referidas ocorrncias de esmeralda na poro norte da serra de Jacobina, em especial

    no povoado de Carnaba, municpio de Pindobau, foram descobertas no ano de 1963

    (Santana & Moreira, 1980), promovendo, ento, um grande adensamento populacional

    na regio, que no auge de sua explorao, ao final da dcada de 1970, chegou a abrigar

    cerca de 15 mil habitantes que se espalharam nas circunvizinhanas, formando os outros

    ncleos de produo da gema, conhecidos como Carnaba de Cima, Bode-Lagarto-

    Gavio, Arrozal, Brulia e Marota, os quais, em 1978, foram englobados pelo

    Departamento Nacional de Produo Mineral-DNPM numa rea legal de garimpo, com

    3.692 hectares (Moreira & Silva, 2006). Naquela poca, a produo anual da gema na

    regio era de, aproximadamente, 31.000 quilogramas, representando 25% do valor total

    das exportaes brasileiras de pedras preciosas brutas e lapidadas, excluindo-se o

    diamante, movimentando o montante de 5 milhes de dlares anuais, garantindo

    Bahia o status de maior produtor de esmeraldas no pas (Moreira & Silva, op.cit.). Na

    dcada de 1980 foram descobertas novas ocorrncias de esmeraldas em Socot,

    municpio de Campo Formoso, culminando numa evaso da regio de Carnaba e,

    consequentemente, uma forte queda na sua produo. Ainda na dcada de 1980, outras

    ocorrncias descobertas, desta vez nos estados de Gois e Minas Gerais, decretaram de

    vez a decadncia da produo de esmeralda na regio de Carnaba. Contudo, a partir de

    1991, houve uma retomada das atividades, com um nmero reduzido de frentes de

    servios e um maior aporte financeiro e tcnico, resultando numa otimizao da

  • 2

    produo e o aprofundamento das cavas, que antes no passavam dos 60 metros de

    profundidade, agora chegando a atingir os 120 metros.

    Apesar das transaes em torno da gema terem gerado uma receita considervel para os

    envolvidos no negcio, muito pouco ou quase nada foi investido no sentido de buscar

    um melhor entendimento do modo de ocorrncia da gema, da sua gnese e perspectivas

    de aumento da produo, assim como da melhoria nas condies de trabalho. Os

    esforos nesse sentido partiram atravs de aes governamentais, principalmente por

    meio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, a qual desde a dcada de 1970

    desenvolve trabalhos de investigao geolgica na regio, resultando na elaborao de

    mapas e perfis geolgicos, alm de relatrios tcnicos descrevendo a situao das reas

    em explorao e apontando novas reas com potencial produtivo. Vale ressaltar,

    tambm, os trabalhos acadmicos que foram desenvolvidos, sobretudo os de Griffon et

    al. (1967) e Rudowiski (1989).

    Com o intuito de contribuir para o conhecimento geolgico da regio de Carnaba e

    Socot, o presente trabalho, que representa uma parceria entre a Universidade Federal

    da Bahia e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, apresentar os resultados do

    levantamento geoqumico e petrogrfico realizado com as rochas portadoras de

    esmeralda, assim como das rochas encaixantes.

    1.1 Objetivos

    Tendo em vista as bibliografias que abordam a rea em apreo, apontando como

    responsvel pela mineralizao da esmeralda, a interao entre os granitoides

    paleoproterozicos e as rochas mficas-ultramficas, processo este que promoveu um

    intenso hidrotermalismo, com a gerao dos flogopititos portadores da gema, neste

    trabalho buscar-se- verificar o grau de interao geoqumico entre as rochas envolvidas

    no referido processo, atravs da anlise do hidrotermalito. Ou seja, de posse dos

    resultados analticos dos flogopititos, verificar-se- qual foi o aporte geoqumico de

    elementos tipicamente provenientes dos granitos, assim como quais os elementos

    inerentes s rochas mficas-ultramficas que permaneceram com as concentraes

    originais, tendo como background os resultados analticos dos serpentinitos

    (encaixantes) poupados do processo hidrotermal em tela. Complementarmente, a anlise

  • 3

    petrogrfica permitir a constatao das possveis transformaes mineralgicas

    decorrentes das alteraes qumicas. Por fim, ser abordada de maneira preliminar a

    possibilidade do aproveitamento do flogopitito como potencial fonte de potssio para a

    agroindstria.

    1.2 Mtodos de Trabalho

    O trabalho foi desenvolvido, basicamente, em quatro etapas, a saber: i) levantamento

    do acervo bibliogrfico, momento em que foram reunidos e confrontados todos os

    dados tocantes rea de trabalho, principalmente os relatrios tcnicos elaborados pela

    Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, especialmente as publicaes

    referentes Srie Arquivos Abertos nmeros 9 e 25 (Santana et.al., 1995 e Moreira &

    Silva, op.cit., respectivamente), o Projeto Esmeralda (Santana & Moreira, op.cit.), o

    Projeto Carnaba, 1 e 2 etapas, (Santana, 1981), o Projeto Avaliao das

    Mineralizaes de Esmeralda de Carnaba (Moreira & Silva, op.cit.), alm de trabalhos

    acadmicos, sobretudo a Tese de Doutoramento de Rudowiski, defendida em 1989; ii)

    levantamento de campo, o qual teve a durao de 10 dias, envolvendo visitas s

    frentes de servio dos garimpos enquadrados na Reserva Legal de Carnaba, alm dos

    servios do Garimpo de Socot, com a coleta de amostras de rochas portadoras de

    esmeralda e, tambm, das suas encaixantes (estreis), com o devido controle da

    profundidade em que foram extradas, georreferenciamento dos pontos de coleta,

    registros fotogrficos e entrevistas com os garimpeiros; iii) caracterizao geoqumica

    e petrogrfica, quando, em posse dos resultados analticos e das lminas delgadas,

    foram gerados grficos da distribuio dos elementos qumicos e a sua espacializao

    em planta, atravs de mapas, assim como a anlise petrogrfica em microscpio

    eletrnico, verificando-se, deste modo, a trama mineralgica das rochas mineralizadas e

    das suas encaixantes, e, por fim; iv) elaborao do relatrio final, contemplando os

    resultados obtidos e as consideraes acerca do objetivo proposto.

  • 4

    2 ASPECTOS FISIOGRFICOS

    Para levar em efeito os objetivos propostos, foram selecionadas duas reas distintas

    (Carnaba-Pindobau e Socot-Campo Formoso), distantes entre si cerca de 50 km na

    direo norte-sul, localizadas na poro norte da serra de Jacobina, ambas produtoras de

    esmeralda.

    2.1 Localizao e Vias de Acesso

    As duas reas em tela esto localizadas na poro centro-norte do Estado da Bahia

    (Figuras 01 e 02).

    As principais vias de acesso, partindo da capital Salvador, se faz atravs da BR-324,

    percorrendo cerca de 112 km at a cidade de Feira de Santana, a partir de onde

    adotada a BR-116, num pequeno trecho de, aproximadamente, 20 km, onde volta a ser

    adotada a BR-324 at a cidade de Capim Grosso, num percurso de 102 km, por onde se

    segue no sentido norte, atravs da BR-407 at a cidade de Senhor do Bonfim,

    percorrendo-se 106 km, e, por fim, adota-se a BA-131 at a cidade de Campo Formoso,

    totalizando um percurso de 412 km (Figura 03). A partir de Campo Formoso, so

    adotados dois caminhos diferentes at as reas de trabalho: i) para Socot, segue-se

    atravs de estrada no pavimentada, num percurso de 10 km para norte de Campo

    Figura 01: Mapa de localizao da cidade de Pindobau.

    Fonte: Wikipdia, 2010. Figura 02: Mapa de localizao da cidade de Campo Formoso.

    Fonte: Wikipdia, 2010.

  • 5

    Formoso, e; ii) para Carnaba, adotando-se a BA-131 at a cidade de Pindobau, de

    onde tomada estrada no pavimentada at o povoado de Carnaba, num percurso de 32

    km para sul de Campo Formoso.

    2.2 Geomorfologia

    A regio que comporta a Serra de Jacobina composta por cinco domnios

    geomorfolgicos distintos, os quais foram definidos atravs de trabalhos de

    fotointerpretao, sustentados pelas atividades de campo, realizados pelos estudantes da

    Universidade Federal da Bahia, sob a orientao dos professores Antnio Marcos e

    Flvio Sampaio, sendo sumarizados em: i) Relevo Montanhoso, o qual possui um

    controle litolgico e estrutural bem evidente, com os topos em torno de 1.100 metros de

    altitude, sustentados por quartzitos, e os vales bastante profundos e estreitos, devido

    presena de rochas de baixa resistncia intemprica/erosiva, proporcionando desnveis

    de at 500 metros; ii) Cristas Residuais, apresentando um alinhamento N-S e E-W

    impresso pela presena de veios de quartzo de grande magnitude; iii) Relevo

    Ondulado, cujos topos so arredondados, s vezes com formato meia laranja, com

    cotas variando entre 400 e 900 metros, predominando nos domnios onde afloram os

    granitides; iv) Depsitos de Tlus, caracterizado pela presena de um material

    totalmente imaturo, composto por uma mistura de detritos de dimenses e composies

    Figura 03: Principais vias de acesso ligando a capital Salvador cidade de Campo Formoso.

    Fonte: Google Maps, 2010.

  • 6

    variadas, angulosos, provenientes das regies serranas, logo ocorrendo nas margens dos

    dois primeiros domnios supracitados, e; v) Plancies Aluvionares, na qual predomina o

    modelado de acumulao, sendo desenvolvidas nas vrzeas susceptveis inundaes

    em pocas de chuva e ao longo das drenagens perenes, quando estas atingem um nvel

    de energia mais baixo.

    2.3 Clima

    O clima da regio profundamente afetado pela disparidade geomorfolgica ali

    presente, de modo que a existncia de cotas em torno de 1.400 metros nas pores

    serranas em contraste com cotas de 350 metros nas plancies aluviais, condicionou a

    predominncia de dois domnios climticos que, de acordo com a classificao climtica

    de Koppen & Geiger (1928), so: i) Cfa, temperado e mido, predominando na serra de

    Jacobina, entre as cidades de Jacobina e Jaguarari, alm da sua poro ocidental,

    caracterizado por temperaturas oscilando entre os 18 e 34 C, com veres quentes e

    sem estao seca, cujos meses mais quentes so dezembro e janeiro e os mais frios entre

    junho e agosto, e a pluviosidade variando entre 600 e 900 mm, distribudas em todo

    ano, com uma maior intensidade entre novembro/janeiro e maro/abril, e; ii)Bsh, semi-

    rido quente, tpicos de regio de caatinga e do agreste, com uma estao chuvosa

    irregular entre os meses de outubro e abril, com temperaturas mdias em torno dos 27

    C, cujo ms mais quente (dezembro ou janeiro) atinge os 34 C e o mais frio (julho) 22

    C e pluviosidade oscilando entre 400 e 500 mm anuais, distribudas entre os meses de

    novembro a maro.

    2.4 Hidrografia

    A rea de estudo faz parte da bacia do rio Itapicuru (Figura 04), mais precisamente na

    regio do Alto do Itapicuru, o qual drena uma rea de, aproximadamente, 36.440 km2,

    cujas nascentes ocorrem na regio de Campo Formoso, Antnio Gonalves e Jacobina

    apresentando importantes drenagens, dentre estas, o rio Itapicuru-Au, o rio Aipim e o

    rio da Fumaa (SEI, 1994f). O rio Itapicuru-Au faz divisa a sul com os municpios de

    Sade e Ponto Novo e a oeste com os municpios de Mirangaba e Antnio Gonalves,

    sendo que no extremo noroeste do municpio de Pindobau este rio denominado de

    riacho da Madalena, possuindo um carter intermitente, fluindo inicialmente de nordeste

  • 7

    para sudoeste e, aps receber contribuies de drenagens provenientes do municpio de

    Antnio Gonalves, passa a fluir no sentido norte-sul at a foz do rio Sambaba, este

    ltimo proveniente do municpio de Mirangaba, passando, ento, a fluir na direo leste

    com um carter perene. J o rio Aipim ocorre no limite entre os municpios de

    Pindobau e Antnio Gonalves, fluindo inicialmente para leste, com carter

    intermitente, passando, posteriormente, a fluir no sentido sudeste, at a divisa com

    Filadlfia, onde assume o carter perene at desembocar no rio Itapicuru-Au. O rio da

    Fumaa corre de noroeste para sudeste e um dos principais afluentes da margem

    esquerda do rio Itapicuru-Au no municpio de Pindobau, o qual percorre cerca de 350

    km at alcanar o litoral ao norte de Salvador, onde apresenta vazo de 14 m3/s.

    Figura 04: Mapa de localizao da Bacia do Itapicuru no Estado da Bahia.

    Fonte: SRH, 2002.

  • 8

    2.5 Vegetao

    A regio em tela pode ser dividida em cinco unidades de vegetao, segundo o

    levantamento realizado pelos alunos da Universidade Federal da Bahia, durante o

    mapeamento multitemtico orientado pelos professores Antnio Marcos e Flvio

    Sampaio, as quais sero sumarizadas a seguir: i) Floresta Estacional Decidual,

    caracterizada principalmente por apresentar uma vegetao arbrea fechada com altura

    mdia de 15 a 25 metros e arbustiva, estando assentada nos litotipos quartzitos, filitos

    e formaes ferrferas - do Complexo Itapicuru e sobre os sedimentos de leques

    coluvionares, ambos apresentando solo areno-argiloso e cotas que variam de 500 a

    850m, sendo a mais densa vegetao da rea, de extrema importncia, pelo fato de

    conter os deslizamentos de terra nas encostas, alm de ajudar a proliferar a biota local;

    ii) Mata de Galeria, apresenta caractersticas fisionmicas similares s encontradas na

    Floresta Estacional Decidual, entretanto de ocorrncia restrita, limitada aos vales

    longitudinais e em alguns vales transversais, condicionadas pela presena dos solos

    argilosos provenientes do intemperismo/pedognese das rochas mficas-ultramficas;

    iii) Mata Ciliar, fortemente controlada pela presena das drenagens, ocupando as suas

    margens, em cotas em torno de 550 metros, caracterizada por apresentar vegetao

    arbustiva arbrea de pequenas arvoretas que chegam, no mximo, a 5 metros; iv)

    Cerrado/Caatinga, ocorrendo em cotas que variam de 580 a 660 metros,

    caracterizada principalmente por apresentar uma vegetao arbustiva arbrea, com

    altura que varia de 4 a 12 metros, restritas aos solos areno-argilosos provenientes das

    rochas granticas, e, por fim; v) Caatinga, tratando-se de uma variedade de Cerrado

    gramneo-lenhoso, tambm conhecida como gerais, geralmente associada aos quartzitos

    do Grupo Jacobina, dando origem a um solo areno-quartzoso e caracterizada por

    apresentar uma vegetao de gramneas pouco expressivas intercalada por locais

    desprovidos de vegetao.

  • 9

    3 GEOLOGIA

    3.1 Geologia Regional

    A geologia da regio em tela est inserida no contexto do Crton do So Francisco, o

    qual foi pioneiramente descrito por Almeida (1977), tratando-se de uma entidade

    geotectnica estabilizada durante o Paleoproterozico, aps o evento orogentico

    responsvel pela amalgamao de quatro peleocontinentes que o integram - Bloco

    Gavio, Bloco Jequi, Bloco Serrinha, encerrando o paleooceano Itabuna-Salvador-

    Cura (Barbosa & Sabat, 2003), e que teve os seus limites redefinidos pela

    orognese Brasiliana, cujas faixas mveis apresentam-se contornando-o (Figura 05). A

    coliso de placas supracitada promoveu a estruturao de um grande lineamento,

    denominado Lineamento Contendas-Jacobina, o qual se estende por mais de 600 km,

    aproximadamente N-S, sendo interpretados como uma geossutura que limita os blocos

    arqueanos envolvidos no evento.

    Figura 05: Esboo do Crton do So Francisco e suas Faixas Marginais. Modificado de Alkimin et al. (1996).

  • 10

    Deste modo, as unidades litolgicas presentes na regio em foco compem o Bloco

    Gavio, sendo representadas por gnaisses, granitos indivisos, anfibolitos,

    metaultramficas e metassedimentares do Complexo Mairi, uma associao de rochas

    mficas-ultramficas, referentes ao Complexo Mfico-Ultramfico de Campo Formoso,

    uma sequncia vulcanossedimentar do tipo greenstone belt, denominada de Greenstone

    Belt de Mundo Novo, a sequncia metassedimentar do Grupo Jacobina e os granitides

    decorrentes da fase final da coliso Paleoproterozica, ou seja, da fase de colapso

    orogentico. Alm das unidades supracitadas, as quais compem o embasamento

    Arqueano-Paleoproterozico, possvel apontar a cobertura plataformal

    Neoproterozica, representada pelo Grupo Una e a cobertura Cenozica, representada

    pela Formao Caatinga e as coberturas detrticas indiferenciadas (Figura 06).

    Figura 06: Mapa geolgico simplificado da regio de Carnaba e Campo Formoso (adaptado de CPRM-CBPM, 2000).

  • 11

    A seguir ser feita uma descrio sumarizada das principais Unidades Litolgicas que

    integram a geologia da regio e que esto representadas no mapa da Figura 06.

    3.1.1 Complexo Mairi

    Compreende terrenos TGGs (tonalito-granodiorito-granitos) migmatizados e

    gnaissificados, remanescentes isolados de seqncias supracrustais representadas por

    quartzitos e formaes ferrferas, alm de estreitos corpos de rochas mfica-

    ultramficas, sendo todo o pacote polideformado e metamorfisado em fcies anfibolito.

    Dataes atravs do mtodo Rb-Sr forneceram idades em torno de 2,66 Ga (Sato, 1986

    apud Mascarenhas et al., 1998).

    3.1.2 Complexo Mfico-Ultramfico de Campo Formoso

    Este complexo foi inicialmente definido por Couto et. al. (1978) e consiste numa grande

    intruso diferenciada, com aproximadamente 40 quilmetros de comprimento e 1,2

    quilmetro de espessura, composta por uma associao de serpentinitos, talco-

    cloritaxistos, talco-tremolitaxistos e anfibolitos, provenientes de alteraes hidrotermais

    resultantes da interao entre seus protlitos peridotticos e piroxenticos com os

    granitides paleoproterozicos. Toda a sequncia apresenta-se intensamente deformada

    pelas falhas de empurro, cujo transporte tectnico aponta, a grosso modo, para o

    sentido W, colocando-a sobre o embasamento arqueano e desmembrando-a em fatias,

    dificultando, deste modo, a sua reconstituio estratigrfica e sua variao lateral.

    Contudo, Thayer (1970 apud Couto et al. 1978), com base em parmetros fornecidos

    pelo padro das camadas de cromitito estratiforme presentes neste complexo, inferiu

    que as pores mediana e superior desta sequncia foram erodidas e que sua espessura

    original era de 4 quilmetros. Topitsch (1993) estimou sua idade, com base em

    comparaes com intruses mficas-ultramficas de mesma natureza que ocorrem em

    outros crtons (Austrlia Ocidental e Zimbabwe), como arqueana (~ 2,5-2,7 Ga).

    3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo

    Trata-se de uma sequncia vulcanossedimentar orientada, aproximadamente, na direo

    N-S, ocorrendo entre as cidades de Rui Barbosa e Juazeiro, inicialmente definida nas

  • 12

    cidades de Mundo Novo e Piritiba por Mascarenhas & Silva (1994), os quais

    estabeleceram a sua estratigrafia como composta, da base para o topo, por: i)

    anfibolitos, cuja geoqumica apontou uma filiao toletica tipo MORB; ii) tremolititos

    e metaultramafitos com provveis protlitos komatiticos (Topitsch, 1993); (iii)

    metavulcnicas mficas compostas por metabasaltos, por vezes, apresentando estruturas

    tipo pillow lava (Roig et al., 1992), cujos padres de ETR apontam semelhanas aos

    toletos de back-arc; (iv) metavulcnica flsica de filiao calcialcalina; (v) rochas

    metassedimentares representadas por pelitos, arcseos e grauvacas equilibradas em

    condies de metamorfismo de fcies xisto verde a anfibolito. Estudos geocronolgicos

    realizados por Peucat et al. (2002 apud Leite, 2002), utilizando o mtodo U-Pb

    SHRIMP em zirces obtidos em rochas metavulcnicas flsicas, atestam idade de 3,3

    Ga. Posteriormente, Mascarenhas et al. (1998) incluiu nesta sequncia as rochas

    metassedimentares correspondentes as formaes Bananeiras e Cruz das Almas (Leo et

    al., 1964) e o Complexo Sade (Couto et al., 1978; Melo et al., 1995).

    3.1.4 Grupo Jacobina

    Esta unidade representa parte do registro de uma bacia sedimentar, metamorfisada e

    deformada, cujas dimenses aproximadas so de 300 km de extenso e uma largura

    varivel, atingindo, no mximo, 20 km. Encontra-se orientada segundo a direo N-S e

    exibe forte mergulho para E. Zonas de cisalhamento dcteis de transpresso e

    transcorrncia foram responsveis pelo imbricamento tectnico, que, por vezes,

    colocam esta sequncia empilhada sobre os ortognaisses a oeste e sob os paragnaisses a

    leste. Em decorrncia das inmeras controvrsias acerca do empilhamento estratigrfico

    desta unidade, ser, aqui, admitida a estratigrafia proposta por Mascarenhas et.al.

    (1992), que comporta, da base para o topo, cinco unidades litoestratigrficas, a saber: i)

    Formao Serra do Crrego, a qual composta por intercalaes de quartzitos e

    metaconglomerados, estes ltimos portadores de mineralizaes aurferas, oligomticos,

    embora se apresentem texturalmente imaturos, arredondados a subangulosos, por vezes

    estirados; ii) Formao Rio do Ouro, mantendo um contato gradacional com a unidade

    sotoposta, composto por quartzitos finos a mdios, de colorao variando entre verde

    (quando em presena da fucsita) e branco, apresentando nveis delgados e descontnuos

    de metaconglomerado em sua base e com estruturas primrias preservadas

    (estratificaes cruzadas e marcas onduladas assimtricas) indicando que o sentido das

  • 13

    paleocorrentes foram de E para W; iii) Formao Cruz das Almas, composta por uma

    associao ritmicamente intercalada de clorita xistos, quartzo-sericita xistos, filonitos,

    filitos e metarenitos, muito bem representada na poro noroeste de Pindobau; iv)

    Formao Serra do Meio, com ocorrncias na borda leste do Grupo Jacobina,

    principalmente nas cidades de Jacobina, Pindobau e Jaguarari, sendo composta por

    alternncias de quartzitos/metarenitos brancos com nveis decimtricos de andaluzita

    xistos, normalmente exibindo estruturas primrias, tais quais estratificaes plano-

    paralelas, cruzadas de pequeno a mdio porte do tipo espinha-de-peixe, gradando, em

    direo ao topo, para estratificaes cruzadas do tipo hummocky, e, completando a

    sequncia; v) Formao Serra da Pacincia, tambm constituda por metarenitos e

    quartzitos, restrita a poro centro-norte da Serra de Jacobina e nas imediaes de

    Pindobau.

    3.1.5 Granitos Intrusivos

    Tratam-se de macios das mais variadas dimenses, em geral, leucocrticos, compostos

    predominantemente por quartzo, feldspato, biotita, moscovita e, por vezes, granada, de

    textura porfirtica a homognea, por vezes apresentando orientao impressa pelo fluxo

    magmtico e/ou milonitizao. Dentre esses granitos, os mais importantes na rea de

    trabalho so o de Campo Formoso e o de Carnaba, os quais sero detalhados mais

    adiante, no captulo referente Geologia Local. Contudo tambm possvel apontar a

    ocorrncia dos granitos associados ao Complexo Sade e ao Grupo Jacobina, exibindo

    fcies mais aluminosas, contendo fases com moscovita e silimanita (Rudowiski 1989;

    Leite, 2002) e outros granitos peraluminosos, que ocorrem na regio, conhecidos como:

    Flamengo, Jaguarari, Brejo das Grotas e Mirangaba. Esses granitos foram gerados ao

    final do Ciclo Paleoproterozico, (~2.0-1.9 Ga, idade obtida por Sabat et al., op.cit.),

    segundo Rudowiski (op.cit.).

    3.1.6 Grupo Una

    Esta unidade representa as coberturas plataformais neoproterozicas, as quais

    recobriram uma grande extenso areal, abrangendo os estados da Bahia e Minas Gerais,

    interpretadas como um mar de guas rasas e quentes decorrentes de um perodo de

    deglaciao. Deste modo, na base, composto pela Formao Bebedouro, de possvel

  • 14

    origem glacial, constitudo por diamictitos com seixos de gnaisses, granitos, quartzitos,

    siltitos e calcrios, por vezes apresentando formato de ferro de engomar, imersos em

    matriz fina, as quais gradam para arenitos e grauvacas no topo. Tambm possvel

    verificar a presena de ardsias contendo seixos pingados. A Formao Salitre ocorre

    no topo deste grupo e consiste em rochas carbonticas e pelticas, dentre estas

    calcilutitos e calcarenitos finos com intercalaes dolomticas e finas lminas pelitico-

    carbontica. Subordinadamente ocorrem metadolomitos, metargilitos calcferos, margas

    e metarenitos, sendo esse pacote interpretado como de origem marinha rasa, decorrente

    de uma elevao eusttica a nvel global.

    3.1.7 Coberturas Cenozoicas

    As coberturas mais representativas na rea de trabalho so representadas pelas

    formaes Caatinga e Capim Grosso. A primeira composta por brechas calcferas com

    seixos de calcrio cinza e calcrete/travertinocalcrios, interpretados como resultado do

    retrabalhamento (dissoluo e reprecipitao) das rochas da Formao Salitre, em

    consequncia dos processos da dinmica superficial, ocorrendo, geralmente, nas

    depresses topogrficas e ao longo de estruturas como falhas e fraturas, apresentando-se

    horizontalizadas a subhorizontalidas. A segunda, eminentemente detrtica, constituda

    predominantemente por sedimentos areno-argilosos, embora ocorram nveis

    conglomerticos em sua base, com granodecrescncia ascendente, apresentando

    colorao creme a marrom avermelhada, tambm restrita s pores topograficamente

    planas e com cotas baixas, por vezes desenvolvendo morrotes de topo aplainado,

    interpretadas como depsitos de fluxo fluvial sob um clima rido.

  • 15

    3.2 Geologia Local

    Uma vez apresentadas as caractersticas geolgicas comuns s duas reas de trabalho

    Carnaba-Pindobau e Socot-Campo Formoso neste item sero expostas as

    peculiaridades de cada uma destas, de forma sucinta, buscando-se demonstrar as

    principais unidades litoestratigrficas destes dois stios. A Figura 07, abaixo, mostra as

    reas supracitadas que sero descritas neste item.

    Figura 07: Mapa geolgico simplificado da regio de Carnaba e Socot (Rudowiski, 1989).

    Socot

    Carnaba

  • 16

    3.2.1 Geologia da Regio de Carnaba-Pindobau

    Tendo em vista que a maior parte do trabalho se desenvolveu na regio de Carnaba,

    onde foi feito um maior nmero de coletas de amostras para anlise qumica e

    petrogrfica, esta rea ser a primeira a ser abordada e a Figura 08, abaixo, representa

    um detalhamento da sua geologia.

    A regio de Carnaba caracterizada pela presena de rochas arqueanas a

    paleoproterozicas do Complexo Gnissico-Migmattico, do Greenstone Belt de Mundo

    Figura 08: Mapa geolgico simplificado da regio de Carnaba (Moreira et al., 2006).

    Granito de Mirangaba

    Granito de Angico

    Granito de Carnaba

  • 17

    Novo, do Grupo Jacobina e Granitos Intrusivos, formando uma estrutura antiforme, cujo

    ncleo ocupado pelo granito de Carnaba e rochas do Complexo Gnissico-

    Migmattico. A seguir ser feita uma breve descrio das Unidades supracitadas, pois

    algumas destas j foram mencionadas no item referente Geologia Regional.

    3.2.1.1 Complexo Gnissico-Migmattico

    Como pode ser observada no mapa apresentado na Figura 08, esta unidade ocupa a

    poro NW e parte da poro central e centro-sul da rea, sendo representada por rochas

    tonalito-trondhjemito-granodiorito (TTG), de idade em torno de 3.3 Ga (U-Pb SHRIMP

    em zirces) as quais so interpretadas como resultado de fuso de basaltos toleticos,

    formando, ento, uma das crostas continentais mais precoces da Bahia (Barbosa &

    Sabat, 2003). Estas rochas esto equilibradas em fcies anfibolito, apresentando-se ora

    foliada, ora isotrpica, por vezes migmatizadas.

    3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo

    Esta sequncia vulcanossedimentar, de idade arqueana, congrega, segundo Mascarenhas

    & Silva (op.cit.), uma srie de rochas, tais quais formaes ferrferas e manganesferas,

    quartzitos, filitos, metagrauvacas, metacherts, calcissilicticas, afibolitos, dentre outras.

    Contudo, na regio de Carnaba, conforme mapa da Figura 08, esta unidade

    representada por fatias tectnicas de rochas mficas-ultramficas, dispostas em faixas

    alongadas, com largura mxima em torno de 200 metros, encaixadas ao longo dos

    planos de acamadamento dos quartzitos pertencentes ao Grupo Jacobina e, tambm, no

    embasamento, alm de ocorrerem como enclaves, a exemplo do corpo ameboide do

    garimpo do Bode, em meio ao granito de Carnaba (Moreira & Silva, op cit.).

    3.2.1.3 Grupo Jacobina

    Na regio de Carnaba, Moreira & Silva (op cit.) descreveram o Grupo Jacobina, de

    idade paleoproterozica, subdividindo-o em duas seqncias, a saber: i) Formao Rio

    do Ouro, ocorrendo tanto na zona de charneira, como no flanco leste da estrutura

    antiformal, sendo constituda por um metaconglomerado basal e quartzitos de colorao

    branca ou verde (presena de fucsita), os quais so as principais encaixantes dos corpos

  • 18

    mficos-ultramficos portadores de mineralizaes, e; ii) Grupo Jacobina Indiviso, o

    qual tangencia a periferia do antiforme de Carnaba, composto por quartzitos, xistos,

    filitos, filonitos e cloritaxistos.

    3.2.1.4 Granitos Intrusivos

    Conforme o mapa exposto na Figura 08, possvel verificar a presena de trs corpos

    granticos. O primeiro, ocorrendo na poro SW do mapa, denominado de Granito de

    Mirangaba, o segundo, localizado a NNW do mapa, conhecido como o Granito de

    Angico e o terceiro e principal corpo o Granito de Carnaba, o qual ocupa a poro

    central da estrutura antiformal. Este ltimo corpo, segundo Rudowski (op.cit.), constitui

    uma srie magmtica que evoluiu de granito a duas micas para granito com moscovita e

    granada e cuja existncia de saltos nos teores de Be, Rb, Si e K na transio entre estes

    granitos, significa que houve desmistura de uma fase fluida de magma, o que permitiu a

    extrao dos referidos elementos do banho silictico e a abertura de fraturas nas

    encaixantes.

    3.2.1.5 Sedimentos Tercirio-Quaternrios

    Restritos a uma pequena poro localizada no extremo NW da rea do mapa, tratam-se

    de sedimentos inconsolidados, compostos por argilas, areias e cascalhos relacionados

    superfcie de eroso Velhas.

  • 19

    3.2.2 Geologia da Regio de Socot-Campo Formoso

    Localizada cerca de 50 km a norte de Carnaba, a regio de Socot, municpio de

    Campo Formoso, tambm foi objeto de estudo do presente trabalho e a sua geologia

    ser descrita seguindo o mapa geolgico abaixo (Figura 09).

    A regio de Socot composta por rochas arqueanas, paleoproterozicas e

    neoproterozicas, representadas pelo Complexo Gnissico-Migmattico, o Complexo

    Mfico-Ultramfico de Campo Formoso, o Grupo Jacobina, o Granito de Campo

    Formoso e o Grupo Una, o quais sero detalhados a seguir.

    Figura 09: Mapa geolgico simplificado da regio de Socot (adaptado de Rudowiski, 1989).

  • 20

    3.2.2.1 Complexo Gnissico-Migmattico

    Ocupa uma grande extenso no mapa apresentado na Figura 09, ocorrendo em sua

    poro central e centro-norte, alm de uma pequena poro no extremo sudoeste. Trata-

    se dos mesmos tonalito-trondhjemito-granodioritos (TTG) que ocorrem na regio de

    Carnaba, de idade arqueana, foliados ou isotrpicos e por vezes migmatizado.

    3.2.2.2 Complexo Mfico-Ultramfico de Campo Formoso

    As rochas deste complexo ocorrem na poro norte do mapa, no contato entre os

    gnaisses migmatticos e o Grupo Jacobina e na poro sul, no contato entre o Granito de

    Campo Formoso e o Grupo Jacobina. So as rochas portadoras de mineralizao de

    cromo. Segundo Topitsch (op.cit.) so de idade Arqueana, entre 2.5 e 2.7 Ga, pois

    ocorrem como xenlitos no Granito de Campo Formoso, alm da presena de cromita

    detrtica nos quartzitos basais do Complexo Itapicuru.

    3.2.2.3 Grupo Jacobina

    Com grande expresso no mapa geolgico apresentado na Figura 08, se alonga desde a

    poro nordeste at o sudeste, acompanhando o contorno do Granito de Campo

    Formoso. composta pela Formao Rio do Ouro, a qual exibe um metaconglomerado

    basal sobreposto por quartzitos e o Grupo Jacobina Indiferenciado, composto por uma

    associao de quartzitos, xistos, filitos, filonitos e cloritaxistos.

    3.2.2.4 Granito de Campo Formoso

    Trata-se de um batlito com dimenses aproximadas de 25 km na direo N-S e 20 km

    na E-W, de forma elptica, que, segundo Rudowski (op.cit.), foi originado a partir de

    intruses polifsicas constitudas de granitos a duas micas (biotita e moscovita),

    granitos a moscovita-granada e aplopegmatitos. O mesmo autor admite duas sries no

    comagmticas, evoluindo de granito a duas micas a granito a moscovita-granada, com

    uma srie precoce (a qual sofreu um processo de contaminao de Mg, Ni, Co, Cr e V),

    em posio perifrica, e uma srie tardia, formando o ncleo do macio, sendo que, em

    cada srie, a evoluo da composio qumica das rochas e dos minerais (em particular

  • 21

    biotita e granada) pode ser descrita como resultado de um processo de cristalizao

    fracionada e de processo de mistura entre um lquido silictico e um cumultico,

    prximo de um cumulato total, na maioria dos casos.

    Seus contatos com as rochas encaixantes se do de forma intrusiva, com exceo da sua

    poro oeste, onde este mascarado pela cobertura neoproterozica, cujo contato de

    carter erosivo. O contato deste corpo grantico, ao longo do limite sul, com o

    Complexo Mfico-Ultramfico de Campo Formoso, caracterizado por um nvel de

    anfibolito a hornblenda-quartzo-plagioclsio-esfnio e epdoto, sobre o qual se

    desenvolve uma biotita castanha, interpretada como resultante de um metamorfismo

    potssico de contato. possvel observar, no setor nordeste do macio, a presena de

    mega-xenlitos de quartzito verde (com presena de fucsita), interpretados como roof

    pendents no granito (Rudowski, op.cit.).

    Rudowski (op.cit.) conseguiu individualizar duas unidades principais nesse corpo

    grantico, o que lhe confere um carter concntrico, sendo que na poro mais externa

    (perifrica) ocorrem as fcies g1 e g1 e, na poro interna, a principal, ocorre a fcies

    g2. Os contatos intrusivos entre estas fcies so de difcil deteco em campo, contudo,

    ao analisar alguns afloramentos-chave, alm de enclaves e files granticos, o autor

    supracitado conseguiu recompor a histria evolutiva deste corpo, reconstituindo a

    cronologia relativa das diferentes intruses em duas geraes, que so: i) uma primeira

    gerao de granito a duas micas g1, g1 e g1 e uma primeira gerao de granito a

    granada g1G, g1G e aplopegmatitos, e; ii) uma segunda gerao de granito a duas

    micas g2 seguido de uma segunda gerao de granito a granada g2G e aplopegmatitos.

    3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado

    Abrange a poro oeste do mapa da Figura 09, se estendendo at o extremo noroeste, e

    trata-se de uma cobertura plataformal neoproterozica, representada pela Formao

    Bebedouro na base, a qual interpretada como deposio em ambiente glacial, e a

    Formao Salitre no topo, esta decorrente de deposio em ambiente marinho raso. Esta

    Unidade est indiferenciada no referido mapa.

  • 22

    4 CARACTERIZAO GEOQUMICA

    Para levar em efeito o objetivo proposto, foram coletadas em campo 81 amostras de

    rocha, de 29 pontos distintos, sendo 25 pontos inseridos na Reserva Legal de Garimpo,

    na regio de Carnaba-Pindobau (Figura 10) e 4 pontos no Garimpo de Socot-Campo

    Formoso (Figura 11). Do total das 81 amostras, 67 foram coletadas no permetro da

    Reserva Legal de Garimpo, em Carnaba-Pindobau e 14 amostras foram adquiridas no

    Garimpo de Socot, em Campo Formoso. As referidas amostras foram encaminhadas

    para o Laboratrio da Geosol, empresa que realizou as anlises qumicas das mesmas.

    Figura 10: Mapa geolgico simplificado do permetro da Reserva Legal de Garimpo-Carnaba, constando os pontos de

    amostragem. Modificado de Moreira & Silva (2006).

  • 23

    Todas as amostras foram analisadas atravs do mtodo Plasma ICP / Digesto

    Multicida, donde foi feita uma varredura para os seguintes elementos: Ag, Al, As, Ba,

    Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, La, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, Sb, Sc, Sn, Sr, Ti,

    V, W, Y, Zn e Zr. Deste universo de amostras, foram selecionadas 32 da regio de

    Carnaba-Pindobau e 6 amostras do Garimpo de Socot-Campo Formoso, para serem

    LN-026

    LN-027

    LN-028

    LN-029

    Figura 11: Mapa geolgico simplificado da regio de Campo Formoso, constando os pontos de amostragem realizados

    no garimpo de Socot. Modificado de Rudowiski (1989).

    Garimpo de Socot

  • 24

    analisadas atravs do mtodo de Fluorescncia de Raios-X os seguintes elementos:

    SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, TiO2, P2O5, MnO, K2O, Ba, Cl, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, S,

    Sc, Sn, Sr, Ta, Th, U, V, Y, ZR e W. Tambm, essas mesmas 38 amostras, foram

    analisadas atravs do mtodo de Absoro Atmica / Solubilizao Total para os

    elementos Na2O e K2O, atravs do Mtodo Clssico (Titulao) o xido FeO, atravs do

    mtodo Eletrodo de Ion Especfico o elemento F e, atravs do mtodo Plasma ICP /

    Troca Inica os elementos La, Ce, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Hb, Er, Yb e Lu. Por fim, do

    total das amostras coletadas, foram selecionadas 17 amostras provenientes da regio de

    Carnaba-Pindobau e 4 amostras do Garimpo de Socot-Campo Formoso para serem

    analisadas atravs do mtodo Absoro Atmica / Fire Assay os elementos Au, Pd e Pt.

    Em posse dos resultados analticos, neste item sero discutidos os valores obtidos e a

    sua distribuio em planta, buscando um maior entendimento da rea em apreo, de

    modo a verificar o grau de interao geoqumico entre as rochas envolvidas no processo

    de metassomatismo. Ou seja, conforme j mencionado no item que exps os objetivos

    do presente trabalho, verificar-se- qual foi o aporte geoqumico dos elementos

    provenientes dos granitides paleoproterozicos que intrudiram as rochas mficas-

    ultramficas em ambas as reas de trabalho (Carnaba-Pindobau e Socot-Campo

    Formoso), assim como quais elementos pertinentes s referidas rochas mficas-

    ultramficas permaneceram com as concentraes originais, atravs do estudo dos

    flogopititos gerados em tal processo, tendo como background os valores obtidos para os

    serpentinitos poupados do processo supracitado.

    Com o intuito de facilitar a exposio dos dados, os mesmos sero apresentados

    separadamente, primeiro abordando a regio de Carnaba-Pindobau, pela maior

    expressividade de amostras coletadas e, posteriormente, a regio de Socot-Campo

    Formoso. Por fim, os dados sero confrontados, buscando averiguar as diferenas e

    similaridades da ao do processo hidrotermal em ambas as reas contempladas neste

    trabalho.

  • 25

    4.1 Caracterizao Geoqumica da regio de Carnaba-Pindobau

    Os trabalhos de amostragem se concentraram na rea da Reserva Legal de Garimpo, a

    qual abarca os garimpos Laranjeiras, Arrozal, Brulia, Marota, Bode-Lagarto-Gavio,

    Mund, Carnaba de Baixo e Carnaba de Cima, este ltimo reunindo o Trecho Velho e

    o Trecho Novo (Bica e Cabra).

    Do total das 67 amostras coletadas na regio supracitada, 49 foram de flogopititos, 15

    dos serpentinitos e 3 do granitide. Para mostrar os resultados analticos, ser feita uma

    abordagem separada por litologia.

    4.1.1 Geoqumica dos Flogopititos

    Foi realizada uma varredura para 32 elementos nas 49 amostras coletadas, atravs do

    mtodo de Plasma ICP Digesto Multicida, e os resultados obtidos se encontram na

    Tabela 01, em anexo. Conforme pode ser observado na referida tabela, os valores mais

    significativos foram para os elementos Ba, Be, Co, Cr, Li, Mo, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr.

    Deste modo, estes resultados analticos sero enfatizados nos subitens seguintes, de

    modo sucinto, para posteriormente serem discutidos em maiores detalhes. Os valores

    obtidos para os flogopititos so cotejados com os teores mdios admitidos para as

    rochas granticas, para as rochas ultramficas e, tambm, para a crosta terrestre (Fonte:

    Levinson, 1980 apud Licht et al., 2007), visto que esses flogopititos so considerados

    como produtos da interao de fraes pegmatticas com os serpentinitos.

    Foto 01 Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaba de Cima, mostrando, ao fundo, o Povoado de

    Carnaba de Baixo. A linha vermelha tracejada delimita, grosso modo, as litologias referentes aos quartzitos do Grupo

    Jacobina, o qual impe um relevo positivo, e o Granito de Carnaba, ocupando a baixada topogrfica.

    Carnaba de Baixo

    Quartzitos do Gr. Jacobina

    Granito de Carnaba

  • 26

    Distribuio do Brio nos Flogopititos de Carnaba

    O brio um elemento litfilo, cuja concentrao mdia na crosta terrestre de 425

    ppm, sendo que nas rochas ultramficas a sua mdia em torno de 2 ppm e nas rochas

    granticas 600 ppm. Os teores obtidos, quando comparados com os valores de

    background da crosta terrestre e das rochas granticas, no se mostram to expressivos,

    contudo praticamente todas as amostras, exceto a LN-020C, apresentaram teores bem

    mais elevados do que o teor mdio admitido para as rochas ultramficas.

  • 27

    Distribuio do Berlio nos Flogopititos de Carnaba

    O berlio tambm um elemento litfilo, cuja concentrao mdia na crosta terrestre

    de 2,8 ppm, no possuindo valores de referncia para as rochas ultramficas e com teor

    em torno de 5 ppm nos granitos (Levinson, op.cit.). Todos os resultados obtidos

    mostraram valores bem acima do background estabelecido tanto para a crosta terrestre,

    como para os granitos. Algumas amostras chegaram a apresentar valores cerca de

    cinquenta vezes maior do que os valores de referncia supracitados, o que ratifica a sua

    mineralizao na regio amostrada.

  • 28

    Distribuio do Cobalto nos Flogopititos de Carnaba

    O cobalto um elemento siderfilo, cuja concentrao mdia na crosta terrestre de 25

    ppm, sendo que nas rochas ultramficas o seu valor mdio de 150 ppm e nas rochas

    granticas 1 ppm. Os resultados analticos mostram que os valores encontram-se bem

    acima dos teores admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas

    granticas, porm abaixo dos valores de background estabelecidos para as rochas

    ultramficas.

  • 29

    Distribuio do Cromo nos Flogopititos de Carnaba

    O cromo um elemento litfilo e a sua concentrao mdia na crosta terrestre de 100

    ppm, com as rochas ultramficas tendo, em mdia, 2.000 ppm e os granitos 4 ppm.

    Deste modo, os valores obtidos para todas as amostras, exceto a amostra LN-025B,

    encontram-se bem acima dos valores mdios encontrados nos granitos e na crosta

    terrestre, contudo, abaixo do valor mdio admitido para as rochas ultramficas. Somente

    a amostra LN-022D obteve uma concentrao condizente com o teor mdio das rochas

    ultramficas.

  • 30

    Distribuio do Ltio nos Flogopititos de Carnaba

    O ltio um elemento litfilo, cuja concentrao mdia na crosta terrestre de 20 ppm,

    no possuindo valores de referncia para as rochas ultramficas e com teores em torno

    de 30 ppm nas rochas granticas. As amostras analisadas revelaram teores bem acima do

    background tanto da crosta terrestre, quanto das rochas granticas, sendo que todos os

    resultados apontaram que os teores esto, no mnimo, dez vezes acima dos referidos

    valores de referncia, podendo atingir, como no caso da amostra LN-011B, com 4025

    ppm, mais de mil vezes estes valores de background.

  • 31

    Distribuio do Molibdnio nos Flogopititos de Carnaba

    O molibdnio um elemento siderfilo e a sua concentrao mdia na crosta terrestre

    de 1,5 ppm, enquanto que nas rochas ultramficas de 0,3 ppm e nas rochas granticas 2

    ppm. Ao observar o grfico de distribuio deste elemento na rea, possvel verificar

    que muitas destas amostras apresentaram valores bem acima dos backgrounds

    estabelecidos, notadamente a amostra LN-010B, com concentrao acima de 700 ppm.

  • 32

    Distribuio do Nquel nos Flogopititos de Carnaba

    O nquel um elemento siderfilo e sua concentrao na crosta terrestre de 75 ppm,

    enquanto que nas rochas ultramficas de 2000 ppm e nas rochas granticas de 0,5

    ppm. Os resultados analticos demonstram que as concentraes deste elemento, para

    todas as amostras, esto bem acima dos valores mdios estabelecidos para a crosta

    terrestre, assim como para as rochas granticas, contudo estes valores esto abaixo dos

    teores propostos para as rochas ultramficas.

  • 33

    Distribuio do Escndio nos Flogopititos de Carnaba

    O escndio um elemento litfilo e sua concentrao mdia na crosta terrestre de 16

    ppm, sendo que nas rochas ultramficas os valores mdios encontrados so da ordem de

    10 ppm e nas rochas granticas 5 ppm. Os resultados analticos mostram que existem,

    grosso modo, duas populaes presentes na rea de trabalho, uma em que os valores

    obtidos encontram-se entre 5 e 10 ppm, logo variando entre os teores mdios

    estabelecidos para as rochas granticas e ultramficas, respectivamente, e outra

    populao em que os teores giram acima dos 15 ppm, valor mdio da crosta terrestre.

    Vale ressaltar a concentrao deste elemento para a amostra LN-016B, a qual

    apresentou um teor de 36 ppm, que equivale a mais de duas vezes o valor de

    background estabelecido para a crosta terrestre.

  • 34

    Distribuio do Estrncio nos Flogopititos de Carnaba

    O estrncio, assim como o escndio, um elemento litfilo, cuja concentrao mdia na

    crosta terrestre de 375 ppm, nas rochas ultramficas de 1 ppm e nos granitos 285

    ppm. Apesar dos valores obtidos estarem bem abaixo das concentraes mdias

    estabelecidas para a crosta terrestre e para as rochas granticas, os mesmos se mostram

    bem superiores concentrao mdia das rochas ultramficas. Todas as amostras

    apresentaram teores, pelo menos dez vezes maiores do que o valor de background

    admitido para as rochas ultramficas, com destaque para a amostra LN-023B, a qual

    apresentou um teor de 101 ppm, cerca de cem vezes maior do que o referido valor

    padro.

  • 35

    Distribuio do Vandio nos Flogopititos de Carnaba

    O vandio mais um representante litfilo e sua concentrao mdia na crosta terrestre

    de 135 ppm, nas rochas ultramficas o valor mdio de 50 ppm e nas rochas

    granticas de 20 ppm. Todas as amostras analisadas demonstraram valores bem acima

    do background estabelecido para as rochas granticas, a maioria com valores acima da

    concentrao mdia nas rochas ultramficas e doze amostras com valores maiores do

    que os admitidos como teor mdio para a crosta terrestre.

  • 36

    Distribuio do Zinco nos Flogopititos de Carnaba

    O zinco um elemento litfilo, cuja concentrao mdia na crosta terrestre de 70 ppm,

    nas rochas ultramficas os teores so de 50 ppm e nas rochas granticas 40 ppm. Todas

    as amostras apresentaram valores bem acima dos teores mdios estabelecidos tanto para

    as rochas ultramficas, quanto para as rochas granticas, assim como do valor mdio

    admitido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-011B, LN-022B e

    LN-022D apresentaram teores mais de dez vezes maiores que os valores de background

    estabelecidos para a crosta terrestre.

  • 37

    Distribuio do Zircnio nos Flogopititos de Carnaba

    O zircnio um elemento litfilo, sendo a sua concentrao mdia na crosta terrestre

    em torno de 165 ppm, nas rochas ultramficas com valores de 50 ppm e nos granitos

    180 ppm. Todos os valores obtidos esto bem abaixo dos teores mdios tanto para as

    rochas granticas, quanto para a crosta terrestre. Dentre estes valores, a maioria

    apresentou valor abaixo, tambm, dos teores mdios admitidos para as rochas

    ultramficas, contudo pode-se observar que as amostras LN-016A, LN-018A, LN-020A

    e a LN-020C superaram o referido valor de background.

  • 38

    Conforme j citado anteriormente, alm da varredura de 32 elementos, realizada atravs

    do mtodo Plasma ICP Digesto Multicida para todas as amostras de flogopititos,

    foram selecionadas 25 destas para serem analisadas, tambm, atravs dos mtodos que

    constam na Tabela 02, em anexo. Contudo, foram separados os dados referentes aos

    resultados analticos dos elementos maiores, expressos na forma de xidos, os quais

    esto expostos na Tabela 4.1 e sero comparados com os teores mdios obtidos nos

    peridotitos (Fonte: Nockolds, 1964 apud Wedepohl, 1969) e nos granitos (Fonte: Ronov

    & Yaroshevskii, 1967 apud Licht et al, 2007), para serem discutidos em seguida.

    Os resultados analticos expostos na tabela acima mostram que alguns elementos

    merecem ser relevados, seja por seus teores estarem bem acima dos valores de

    referncia (Al2O3, Fe203 e K2O), ou por estarem bem abaixo destes (SiO2, Na2O, TiO2 e

    CaO). Sendo assim, todas as amostras analisadas apresentaram teores de Fe2O3 bem

    superiores aos valores de referncia, chegando a ter amostras em que esses teores

    superaram o background em mais cinco vezes, a exemplo da amostra LN-016B, com

    um teor de 14,2%, enquanto a amostra que apresentou a menor concentrao foi a LN-

    003A, com 5,53%, o que representa mais que o dobro dos valores de background. Para

    o K2O, todas as amostras analisadas obtiveram teores superiores aos valores de

    referncia, com destaque para as amostras LN-011A, LN-011B e LN-022B, nas quais

    foram verificados os maiores teores dentre o universo de amostras, todas com 10,2%, o

    que representa mais que o triplo do background do granito. O elemento Al2O3 apresentou dez amostras que obtiveram teores acima dos valores de referncia e 15

    Peridotito Granito LN-001A LN-002A LN-003A LN-004A LN-005B LN-006B LN-008B LN-009C LN-010B LN-011A LN-011B LN-012ASiO2 % 43,54 66,1 43 49,3 63,6 41,4 42,1 42 42,4 42 42,3 42,9 43,1 40Al2O3 % 3,99 15,2 12,1 8,04 5,95 14,9 14,5 14 14,5 14,7 16,2 23,8 16,7 17,5Fe2O3 % 2,51 2 6,63 6,93 5,56 7,95 6,97 8,16 7,95 8,72 9,37 7,75 7,21 9,59FeO % 9,84 2,7 1,42 0,71 2,19 2,64 1,58 2,78 2,57 3 3,12 1,85 1,44 1,7MgO % 34,02 2 25,7 26 17,3 22,6 23,2 22,6 21,8 22 19 12,1 19,9 18,3MnO % 0,21 0,1 0,14 0,11 0,09 0,18 0,1 0,12 0,21 0,14 0,31 0,35 0,41 0,37CaO % 3,46 3,5 0,1 0,4 0,69 0,18 0,33 0,29 0,11 0,07 0,31 0,12 0,13 1,08Na2O % 0,56 3,12 0,211 0,193 0,124 0,169 0,215 0,276 0,205 0,243 0,192 0,361 0,244 0,182K2O % 0,25 3,24 9,03 5,61 3,57 10 9,86 9,52 9,7 9,66 9,83 10,2 10,2 10,1TiO2 % 0,81 0,6 0,13 0,08 0,18 0,16 0,14 0,28 0,15 0,14 0,52 0,19 0,09 0,35P2O5 % 0,05 0,28 0,057

  • 39

    amostras cujos teores so maiores que o background estabelecido para os peridotitos e

    menores que a dos granitos, podendo-se destacar a amostra LN-011A, que apresentou o

    maior teor de todos para este elemento, com 23,8%. Dentre os elementos que

    expressaram teores abaixo dos valores de referncia, a SiO2 teve 19 amostras em que os

    teores ficaram abaixo tanto do background dos peridotitos quanto dos granitos,

    enquanto nas outras 6 amostras analisadas esses teores giraram acima do background

    dos peridotitos e abaixo dos granitos, com destaque para amostra LN-003A, com um

    teor de 63,6%, o maior valor registrado. A anlise para o CaO mostrou que quase todas

    as amostras esto com teores abaixo dos valores de referncia, exceto as amostras LN-

    019A e LN-019B, as quais demonstraram teores acima dos backgrounds tanto dos

    peridotitos quanto dos granitos, com 3,97 e 4,85%, respectivamente. Para os elementos

    Na2O e TiO2, quase todas as amostras aduziram teores abaixo dos valores de referncia,

    contudo, para o sdio, as amostras LN-016B e LN-018B revelaram teores acima do

    background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 0,646 e 0,667%, respectivamente

    e, para o titnio, a amostra LN-016B exprimiu um teor acima do background do granito

    e abaixo do peridotitos, com 0,73%. Os demais elementos constantes na Tabela 4.1

    obtiveram teores dentro dos limites dos valores de referncia. O FeO teve 11 amostras

    em que os teores ficaram abaixo dos valores de referncia, 13 amostras onde os teores

    foram superiores ao background dos granitos e abaixo dos peridotitos e apenas uma

    amostra, a LN-020B, onde o teor obtido foi superior aos valores de referncia, com

    10,59%. O MnO foi um dos elementos que apresentaram as maiores flutuaes de

    teores, com 2 amostras abaixo dos valores de referncia, 13 amostras cujos teores

    ficaram acima do background dos granitos e abaixo dos peridotitos e 10 amostras acima

    dos valores de referncia. O P2O5 tambm apresentou grandes oscilaes quanto aos

    teores, onde 8 amostras exprimiram teores abaixo dos valores de referncia, 12 amostras

    obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos e 5

    amostras com teores superiores aos referidos valores de referncia. J o MgO, todas as

    amostras analisadas apresentaram teores mais elevados que o background dos granitos e

    inferiores aos peridotitos.

    Ainda na Tabela 02, em anexo, alm dos elementos maiores, pode-se apontar os

    relevantes resultados analticos referentes aos elementos F, Cs e Rb, que sero ora

    apresentados. O flor, que um elemento litfilo, cuja concentrao mdia na crosta

    terrestre de 625 ppm, nas rochas ultramficas de 100 ppm e nas rochas granticas de

  • 40

    735 ppm, foi analisado atravs do mtodo Eletrodo de Ion Especfico, e os resultados

    analticos para todas as amostras apresentaram teores muito acima dos valores de

    referncia supracitados, cujo valor mnimo obtido foi de 4618 ppm e o valor mximo de

    49128 ppm, e a mdia dos valores em torno de 26799 ppm, o que representa mais que

    trinta e seis vezes o valor de background admitido para os granitos. O csio, elemento

    litfilo, o qual apresenta uma concentrao mdia na crosta terrestre em torno de 3 ppm,

    no obtendo valores de referncia para as rochas ultramficas e com concentraes em

    torno de 5 ppm nos granitos, para todas as amostras analisadas apresentou teores acima

    do limite de deteco do mtodo, que foi o de Fluorescncia de Raios-X, atingindo

    valores acima dos 200 ppm. J o rubdio, elemento litfilo, tambm analisado atravs do

    mtodo de Fluorescncia de Raios-X, cuja concentrao mdia na crosta terrestre 990

    ppm, no possuindo valores de referncia para as rochas ultramficas e com teores de

    150 ppm nos granitos, apresentou um valor mnimo de 257 ppm e um valor mximo de

    2941 ppm, obtendo um valor mdio de 1404 ppm, teor este bem acima dos valores de

    referncia estimados para a crosta terrestre e para os granitos.

    Para concluir a caracterizao geoqumica dos flogopititos de Carnaba, foram

    selecionadas 12 amostras para serem analisadas, atravs do mtodo Absoro Atmica

    Fire Assay, para os elementos Au, Pd e Pt, cujos resultados esto expressos na Tabela

    4.2.

    Au Pd Ptppb ppb ppb

    LN-002A f lo g o p it i t o

  • 41

    Como pode ser observado, os resultados mostraram que somente quatro amostras

    obtiveram teores acima dos valores mnimos de deteco. A amostra LN-009C

    apresentou o teor de 9 ppb e a amostra LN-015A um valor de 35 ppb para o Au, a LN-

    024B, um teor de 11 ppb para a Pt e, por fim, a amostra LN-020C, apresentou valores

    em torno de 8 ppb para o Au e 6 ppb para a Pt.

    4.1.2 Geoqumica dos Serpentinitos

    Com o intuito de verificar o comportamento geoqumico das rochas que representam o

    protlito dos flogopititos, ou seja, das rochas que foram poupadas do processo

    metassomtico decorrente da colocao do granito de Carnaba, processo este que

    resultou na gerao dos flogopititos, foi realizada uma varredura para 32 elementos nas

    15 amostras de serpentinitos coletadas, atravs do mtodo de Plasma ICP Digesto

    Multicida, e os resultados obtidos se encontram na Tabela 03, em anexo.

    A tabela supracitada demonstra que os valores mais relevantes foram para os elementos

    Ba, Be, Co, Cr, Cu, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim, nos subitens seguintes estes

    resultados analticos sero abordados, de forma descritiva, para posteriormente serem

    discutidos em maiores detalhes. Do mesmo modo que foi feito na exposio dos dados

    analticos obtidos para os flogopititos, os dados referentes aos serpentinitos sero

    cotejados com os teores mdios estabelecidos para as rochas granticas, para as rochas

    ultramficas e para a crosta terrestre (Fonte: Levinson, op.cit.).

  • 42

    Distribuio do Brio nos Serpentinitos de Carnaba

    Todos os resultados apontam que as concentraes deste elemento esto bem abaixo dos

    valores mdios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas

    granticas, contudo, quando comparados com o background das rochas ultramficas, os

    valores apresentam-se acima do padro admitido. Dentre os resultados obtidos,

    possvel verificar que a amostra LN-015C se destacou bastante com relao s demais,

    atingindo teores cerca de vinte e cinco vezes o valor admitido como background para as

    rochas ultramficas.

  • 43

    Distribuio do Berlio nos Serpentinitos de Carnaba

    A maioria dos resultados apresentou valores bem prximos aos admitidos para as rochas

    granticas, exceto as amostras LN-004C, LN-006A e LN-010A, as quais no mostraram

    concentraes deste elemento e a amostra LN-015C, a qual apontou um valor mais de

    dez vezes maior do que o admitido para as rochas granticas.

  • 44

    Distribuio do Cobalto nos Serpentinitos de Carnaba

    Todas as amostras analisadas apresentaram valores bem maiores do que os admitidos

    como padro tanto para a crosta terrestre, quanto o valor mdio estabelecido para as

    rochas granticas. Entretanto, estes valores encontram-se um pouco abaixo do que o

    background firmado para as rochas ultramficas.

  • 45

    Distribuio do Cromo nos Serpentinitos de Carnaba

    Os resultados obtidos demonstram que todas as amostram apresentaram teores muito

    superiores ao estabelecido como background das rochas granticas, sendo a maioria

    delas, exceto a LN-015C, tambm com valores bem maiores do que o valor mdio

    admitido para a crosta terrestre. Por outro lado, quase todas as amostras, exceto a LN-

    001B, obtiveram teores um pouco abaixo dos admitidos como background para as

    rochas ultramficas.

  • 46

    Distribuio do Cobre nos Serpentinitos de Carnaba

    A distribuio deste elemento se mostra bem irregular, de modo que as amostras LN-

    004B, LN-021B e LN-024C no apresentaram teores relevantes do mesmo, nas

    amostras LN-004C, LN006A, LN-009B e LN016C as concentraes ficaram

    enquadradas no padro de ocorrncia deste elemento para as rochas ultramficas e

    granticas, e o restante das amostras com teores mais prximos ao teor mdio

    estabelecido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-015C e LN-022C

    foram as que apresentaram os teores mais discrepantes, corroborando com a

    constatao, em campo, da possvel ocorrncia de sulfeto observado

    macroscopicamente.

  • 47

    Distribuio do Ltio nos Serpentinitos de Carnaba

    A sua distribuio tambm se encontra bastante irregular, de forma que na amostra LN-

    004C ficou abaixo do limite de deteco, nas amostras LN-001B, LN-006A, LN-009B,

    LN-014C e LN-016C os teores ficaram bem prximos dos valores mdios estabelecidos

    para a crosta terrestre e para as rochas granticas, enquanto que nas amostras restantes

    estes teores foram superados com valores bem acima dos estabelecidos, com destaque

    para a amostra LN-015C, cujo teor superou cerca de dez vezes o valor de background

    estabelecido para as rochas granticas.

  • 48

    Distribuio do Nquel nos Serpentinitos de Carnaba

    Os resultados analticos demonstram que todas as amostras, exceto a LN-015C,

    apresentam teores bem mais elevados do que os estabelecidos para a crosta terrestre,

    assim como para as rochas granticas, com valores que muito se aproximam ao valor de

    background para as rochas ultramficas.

  • 49

    Distribuio do Escndio nos Serpentinitos de Carnaba

    A maioria das amostras apresentou teor dentro dos valores estabelecidos como

    background para as rochas ultramficas e granticas, assim como para a crosta terrestre,

    excetuando-se a amostra LN-015C, a qual apresentou teor bastante discrepante das

    demais amostras, atingindo quase trs vezes o valor mdio admitido para a crosta

    terrestre.

  • 50

    Distribuio do Estrncio nos Serpentinitos de Carnaba

    Deste modo, ao observar os resultados obtidos, possvel verificar que todas as

    amostras apresentaram teores acima do background estabelecido para as rochas

    ultramficas, contudo bem menores do que os teores mdios admitidos para a crosta

    terrestre e para as rochas granticas. Mais uma vez a amostra LN-015C apresentou um

    teor bem discrepante das demais amostras em tela, atingindo cerca de cento e vinte

    vezes o valor de background admitido para as rochas ultramficas.

  • 51

    Distribuio do Vandio nos Serpentinitos de Carnaba

    Os resultados analticos mostram que a maioria das amostras apresentou concentraes

    entre 50 e 100 ppm, ou seja, bem acima do teor mdio estabelecido para as rochas

    granticas, com valores prximos ou um pouco maior que o valor de background

    admitido para as rochas ultramficas e menores do que o teor mdio deste elemento na

    crosta terrestre. Contudo, mais uma vez, a amostra LN-015C apresentou um teor bem

    superior ao encontrado para as demais amostras.

  • 52

    Distribuio do Zinco nos Serpentinitos de Carnaba

    A maioria das amostras apresentou teores entre os valores padres estabelecidos para a

    crosta terrestre, as rochas ultramficas e granticas. Mas as amostras LN-002B, LN-

    007A, LN-014D, LN-016C, LN-021B, LN-022C e LN-024C obtiveram valores de

    concentrao em zinco bem maiores do que os valores de background supracitados,

    especialmente as amostras LN-007A e LN-021B, as quais apresentaram valores cerca de

    trs vezes maiores do que o valor mdio estabelecido para a crosta terrestre.

  • 53

    Distribuio do Zircnio nos Serpentinitos de Carnaba

    Os resultados analticos demonstram que a maioria das amostras no apresentou teores

    acima do limite de deteco e as que apresentaram, os valores esto bem abaixo dos

    valores mdios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas

    ultramficas e granticas. Porm a amostra LN-015C demonstrou um valor muito

    discrepante das demais, contudo, ainda assim, abaixo dos valores de background

    supracitados.

    A caracterizao geoqumica dos serpentinitos levou em conta no s a varredura para

    os 32 elementos, atravs do mtodo Plasma ICP Digesto Multicida, como tambm,

    para 7 amostras, foi realizada uma anlise atravs de diferentes mtodos, cujos

    resultados esto expostos na Tabela 04, em anexo. Dos resultados constantes nessa

    referida tabela, foram selecionados os dados referentes aos elementos maiores,

    expressos na forma de xidos, para serem agora expostos e, posteriormente, discutidos.

    Os valores obtidos para esses elementos maiores esto representados na Tabela 4.3,

    abaixo.

  • 54

    Os resultados analticos dos elementos maiores demonstram que a maioria destes

    encontra-se com valores abaixo dos teores mdios estabelecidos tanto para as rochas

    peridotticas, quanto para as rochas granticas. Esses elementos so: SiO2, Al2O3, CaO,

    Na2O, K2O, TiO2 e P2O5. Para o silcio, quase todas as amostras apresentaram teores

    abaixo dos valores de referncia, exceto as amostras LN-004B, LN-015C e LN-024C, as

    quais obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com

    52,9%, 46,7% e 46,2%, respectivamente. Para a alumina, tambm foram encontrados

    teores abaixo dos valores de referncia para grande parte das amostras analisadas,

    contudo as amostras LN-009B e LN-015C apresentaram teores acima do background

    dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 4,37% e 14,8%