capitulo 1 concepção e teorias do lúdico na educação infantil · pouco compreendida, pois...
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CAPITULO 1
Concepção e teorias do lúdico na educação infantil
Este trabalho visa demonstrar que o ato de brincar é de grande valia
na construção do conhecimento por permitir que a criança penetre em seu mundo
interior para encontrar dentro de si próprio capacidades de adquirir e construir com
qualidade seu desenvolvimento físico e mental. A brincadeira bem orientada e
previamente elaborada pode ainda proporcionar ao aluno uma aprendizagem
naturalmente agradável. Segundo Luckesi (2000, p.96) “a palavra lúdico é oriunda
do latim “ludus” que quer dizer brincar. A brincadeira traduz plenitude naquilo que
se faz com prazer e pode se apresentar em diferentes fases de nossas vidas”.
Houve um tempo em que era gritante a separação entre brincar e
estudar, os momentos de uma atividade e de outra eram totalmente separados por
uma grande diferença na maneira de ver as coisas. Era inconcebível a
possibilidade de se aprender enquanto brincava.
Esse pensamento foi aos poucos mudando e dando lugar a um novo
horizonte, primeiro com a concepção de que poderia haver algumas brincadeiras
para alegrar, distrair e outras que eventualmente poderiam ensinar um outro
conceito de desenvolvimento, esta ou aquela habilidade. A maior parte dos adultos
distantes dos novos avanços sobre as pesquisas da mente humana e como ela
opera e quais estágios operam o conhecimento e constrói as convicções ainda
pensam da mesma forma. Para elas, a brincadeira está definitivamente longe do
aprender e não conseguem de nenhuma maneira ligar esta técnica a nada que
possa reverter em proveito educativo. Felizmente, já há um pequeno grupo para
quem estes pensamentos foram superados literalmente. Pelo que hoje se
conhece, comprovadamente sobre a mente de uma criança. Não há mais dúvidas
de que a criança através da brincadeira se apropria de conhecimentos e dá
significado real e imediato a cada situação. Mas há também as escolas que ainda
tratam as crianças como meros robôs.
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Sabe-se que o brincar oferece aos participantes a possibilidade de
estabelecerem uma rede de relações em que estão implícitos alguns valores e
costumes. Luckesi (1984, p. 11) faz algumas reflexões importantes sobre o lúdico,
que considera o seu aspecto cultural. Brinquedo e brincar, para ele estão
associados e documentam como o adulto se coloca em relação ao mundo da
criança. Os estudos deste autor levam pela história cultural dos brinquedos, desde
épocas remotas atingindo o seu ápice no século XIX, quando foram substituídos
paulatinamente pelos brinquedos industrializados. A brincadeira representa tanto
uma atividade cognitiva quanto social e através das mesmas as crianças
exercitam suas habilidades físicas, crescem cognitivamente e aprendem interagir
com outras crianças, por isso este autor demonstra a importância do jogo na
educação infantil e estimula aos estudantes a realizarem pesquisas na área.
Segundo este autor, os brinquedos surgiram nas oficinas do artesão,
que só podiam fabricar produtos do seu ramo. Com a Reforma os artistas que só
produziam para a Igreja orientaram sua produção para objetos artesanais de
pequeno porte que serviam de alegrias às crianças. Devido ao pequeno tamanho,
exigia a presença da mãe de forma mais íntima, o que certamente aumentava as
relações com os filhos. No final do século XX, os brinquedos tornaram-se maiores
devido à emancipação do processo de industrialização e subtraíram
consideravelmente das famílias, tornando-se estranho às crianças e aos pais.
Começaram a sofisticar-se perdendo o vínculo com a simplicidade e com o
primitivo.
Precisa-se levar em conta, também, que a forma de divulgação dos
brinquedos modernos se alterou, interferindo na escolha do brinquedo pelo adulto.
Agora, são as crianças que escolhem que brinquedos querem ganhar. E, nesse,
contexto, com certeza, os brinquedos mais vendidos são aqueles mostrados pela
televisão. A televisão é um meio de comunicação privilegiado e que pode atingir
diretamente a criança. A própria veiculação por este meio exige que esse
brinquedo tenha determinadas características. Deve ser comunicável ou explicável
e comunicação através de imagens breves. Através do brinquedo, estimulado pela
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televisão, a criança vê sua brincadeira se rechear de novos conteúdos, de novas
representações que ela vai manipular, transformar ou respeitar, apropriar-se do
seu modo. Da mesma forma como para os conteúdos televisivos, os fenômenos
do modismo e da mania regem a vida dos brinquedos.
Para Vigotsky (1984, p.114) “a aprendizagem configura-se no
desenvolvimento das funções superiores através da apropriação e internalização
de signos e instrumentos em um contexto de interação.” A aprendizagem humana
pressupõe uma natureza social específica e um processo mediante o qual as
crianças acendem a vida intelectual daqueles que as rodeiam. É por isso, que
para ele, a brincadeira cria na criança uma forma de desejo. Ensina-se a desejar,
relacionando os seus desejos, a um “eu - fictício” ao seu papel na brincadeira e
suas regras. Dessa maneira as maiores aquisições de uma criança são
conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornarão seu nível básico de
ação real e moralidade.
O brincar do cotidiano das crianças é algo que se destaca como
essencial para seu desenvolvimento e aprendizagem. Assim, deve-se conhecer
bem a criança, seus brinquedos e suas brincadeiras, pois é na brincadeira que a
criança expressa suas idéias e visão do mundo. No decorrer do desenvolvimento,
várias maneiras de brincar aparecem. De acordo com Vigotsky (1991 p.32) “é no
brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva”.
No início da brincadeira infantil a criança é dominada pelo objeto real,
que determina seu comportamento. Segundo Vigotsky, (1991 p.33) a criança
muito pequena não consegue separar o campo do significado do campo
perceptual.
Desta forma, as ações do brinquedo ficam subordinadas ao significado
que a criança atribui. É por volta do segundo ano que a criança começa a
manifestar atividades simbólicas, verbais, imitativas no brincar. O brinquedo não
pode ser definido, apenas, como uma atividade que dá prazer à criança, pois,
através dele, a criança satisfaz certas necessidades que surgem durante seu
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desenvolvimento.
A tendência de uma criança muito pequena é satisfazer seus desejos
imediatamente; entretanto, na idade pré-escolar, surge uma grande quantidade de
tendências e desejos não possíveis de serem realizados de imediato. Para
resolver esta tensão, a criança envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde
seus desejos e necessidades não realizáveis possam ser realizados. Esse mundo
é o que Vigotsky chama de brinquedo. Então fica evidente que a influência do
brinquedo no desenvolvimento de uma criança é enorme. Alguns estudos
realizados por Vigotsky e Luckesi demonstraram que os objetos têm uma grande
força motivadora no que diz respeito às ações de uma criança muito pequena e
também determinam fortemente o comportamento da criança.
Percebe-se que, no brinquedo infantil, práticas interpretações sociais
estão representadas. A análise do brinquedo permite uma incursão crítica aos
problemas econômicos, culturais e sociais vividos no Brasil, permite também
discutir a situação social da criança em relação aos estudos e por fim testemunhar
a riqueza do imaginário, superar barreiras e condicionamentos do mundo adulto.
Ao fazer uma observação é possível perceber que no Brasil é
possível três estruturas diferentes de brinquedo, isso porque é um país com
grande discrepância econômica das classes sociais, daí cada grupo vai adquirindo
seu brinquedo do melhor modo possível, pode ser pela fantasia com objetos
isolados (isso ocorre em comunidades menos favorecidas, na qual à vontade de
brincar supera a condição de ter ou não o brinquedo), pode ocorrer a manufatura
dos brinquedos industrializados (quem não tem como comprar usa a criatividade e
tende a construir), por outro lado, tem a industrialização popular (que nada mais é
do que a criação e recriação dos brinquedos pré-existentes incrementando
novidades).
A mídia e o comércio na sociedade capitalista direcionam o
brinquedo, sedutor tanto aos pais como aos filhos, o que acentua que a relação do
uso do brinquedo nos leva a perceber dois pontos pertinentes, promover a relação
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com o outro e o aspecto ideológico, a esse último os meios de comunicação são
grandes responsáveis por incentivar e visar o lucro. As indústrias apresentam
brinquedos modernos e incrementados e todas as gerações estarão ligadas a um
brinquedo específico, seja a bola, a boneca ou quem sabe aquele cabo de
vassoura que as crianças de alguns anos atrás deram asas a imaginação e se
transformou em uma espada ou em um cavalo.
Para Piaget (1976, p. 39) “cada ato de inteligência é definido pelo
equilíbrio entre duas tendências: assimilação e acomodação. Na assimilação, o
sujeito incorpora objetos ou situações dentro de formas de pensamento, que
constituem as estruturas mentais organizadas. Na acomodação, as estruturas
mentais existentes reorganizam-se para incorporar novos aspectos do ambiente
externo.” Isso quer dizer que no ato da inteligência, o sujeito adapta-se às
exigências do ambiente externo, enquanto ao mesmo tempo mantém sua
estrutura mental intacta. Nesse contexto, a postura do professor possui grande
relevância, pois ele pode conduzir suas atividades priorizando o lúdico ou
negando-lhe o espaço, o que o faz negar, de certa forma, as “possibilidades” de
pleno desenvolvimento do seu aluno. Sendo assim faz-se necessário que a escola
trabalhe com a diversidade cultural de seus alunos, valorizando a pluralidade, o
movimento e a corporeidade, evitando conseqüentemente, a linearidade, a
passividade, a homogeneidade.
Pode-se, então, pensar que, dessa forma, a escola tende a construir, no
seu espaço, a vida, o dinamismo e o prazer que há muito foram esquecidos, por
conta de uma primordial preocupação em transmitir conteúdos, tidos como
verdades universais.
É possível perceber que o campo da ludicidade ainda é pouco
explorado pelas escolas e quando isso ocorre, por vezes, é feito de forma errônea,
havendo pouca receptividade de alguns pais, devido a concepção do lúdico ser
pouco compreendida, pois acham que a escola é lugar de aprender a ler e
escrever.
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O brincar é tão relevante para a criança quanto o trabalho é necessário
para o adulto, por isso com intencionalidade educativa, ou não de um modo geral,
ele traz os dados do cotidiano para um fazer ativo, refazendo-os ao relacioná-los
com o imaginário. Ao brincar e experimentar o mundo dentro do seu contexto
sócio-cultural a criança constrói o seu fazer, repercutindo no futuro, o que seria a
própria essência da vida.
A criança está sempre pronta para brincar. Por que então, o
professor não transformar aulas monótonas em momentos de alegria e de prazer,
apresentando os conteúdos em formas de jogos e brincadeiras?
É muito importante o professor, como mediador do processo ensino-
aprendizagem, estimular o aluno a brincar, jogar, cantar, dramatizar... porque a
brincadeira faz parte da vida dele. Isso o ajudará a tomar decisões, a ser criativos
e desembaraçados, a conquistar o seu espaço junto ao grupo. No ato de brincar, a
criança interpreta diferentes papéis, assumindo responsabilidades e
desenvolvendo atitudes de respeito. O educador poderá deixá-los brincando
sozinhos que com certeza eles saberão se organizar sem que a brincadeira se
torne uma bagunça.
Por parte do educador não é necessária a preocupação com a
organização de turma, sabe-se que as brincadeiras propiciam a superação das
etapas do ser afetivo. As crianças se aproximam dos companheiros com quem
têm afinidades, descobrindo a importância de cultivar amizades, inventando elas
mesmas suas formas de organização que deve ser valorizada pelo adulto.
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CAPITULO 2
A CONCEPÇÃO DO LÚDICO E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA
Restringir a análise do lúdico somente no Brasil, se dá, pois o tema da
história do lúdico é extremamente vasto. A intenção é mostrar a influência dos
portugueses, dos negros e dos índios nas brincadeiras das crianças brasileiras.
Segundo Kishimoto (1999, p.15):
[...] a tradicionalidade e universalidade nas brincadeiras infantis é milenar, pois os povos distintos e antigos como os da Grécia e Oriente brincaram de amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas e até hoje as crianças o fazem quase da mesma forma. Esses jogos foram transmitidos de geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil.
O Brasil é um país originário da miscigenação de povos,
predominantemente português, negro e índio e herdamos muito da cultura
produzida por esta miscigenação e não seria diferente no caso das brincadeiras
infantis, por isso, em nosso repertório infantil de brincadeiras existem formas e
modelos de brinquedos que originalmente foram construídos, trazidos e/ou
perpetuados por crianças portuguesas, negras e índias. Para melhor entender o
porquê do predomínio do elemento de cor branca no povo brasileiro, temos a
seguinte explicação de Kishimoto (1999, p.17) :
[...] a mistura do índio e negro ao branco fez prevalecer como núcleo primitivo para a formação da nacionalidade brasileira o elemento branco. Assim, quando chegaram as levas de imigrantes estrangeiros, já existia um núcleo primitivo de população no qual predominava o elemento branco.
Evidente, que a colonização, por conseguinte, a escravidão subjugou a
cultura dos povos escravizados e o folclore português foi, portanto, sendo passado
de geração em geração através da oralidade, e assim, foram sendo conhecidas as
lendas, contos e superstições e é claro, o objeto de estudo, as brincadeiras
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infantis. Com a ampla miscigenação existente na população brasileira, é difícil
concluir com precisão, qual a influência específica de brancos, negros e índios nos
jogos tradicionais infantis nos dias atuais. Mas segundo Kishimoto (1999, p. 20): “é
possível, em alguns casos, efetuar um estudo, especialmente em contextos onde
o predomínio dessas etnias é muito grande, como nos engenhos de açúcar ou nas
tribos indígenas espalhadas pelo país, no fim do século e começo deste.”
Adivinhas, parlendas e versos foram sendo incorporados ao cotidiano
das crianças brasileiras: Cuca, Mula sem Cabeça, Bicho–papão, trazidas pelos
portugueses começaram a originar brincadeiras infantis tendo estas personagens
como tema central, e também, jogos como a amarelinha, bolinha de gude, pião,
tendo a mesma aceitação como tinha no passado, mas devida à cultura, o
momento histórico, a necessidade da informação a ser passada e o povo ao qual
eram ensinadas, as brincadeiras sofreram algumas adaptações sem que com isso
se perdesse a graça e a beleza das brincadeiras.
Para compreender quais as brincadeiras das crianças originaram-se
dos negros, é preciso que se conheça e entenda sua cultura, sua procedência o
que devido à escravidão sofrida tornou-se difícil, pois que o africano para não
sofrer mais do que já sofria, realizou adaptações em sua cultura, acontecendo, por
exemplo, a necessidade do sincronismo religioso, cujas imagens católicas
incorporaram aspectos de sua religião.
Segundo Kishimoto (1999, p.28), identificar a influência negra nas
brincadeiras infantis brasileira, é tarefa difícil, pois que muitos autores relatam o
fato de que o negro desde que saiu da África para servir de escravo no Brasil,
misturou-se ao cotidiano do período e até mesmo por falta de documentação da
época e também pelo fato da infância não despertar o interesse de estudiosos. Há
ainda o fato de que para reprimir rebeliões, os negros eram separados dos negros
provenientes de um mesmo local, ou seja, misturavam-se aos negros vindos de
várias partes da África, acontecendo de nem mesmo falarem a mesma língua. E,
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portanto, causando dificuldade para estudiosos compreenderem quais os que são
originalmente africanos.
Em relação aos jogos e brinquedos africanos, Câmara Cascudo, (1958,
50), afirma ser difícil detectá-los pelo desconhecimento dos brinquedos dos negros
anteriores ao século XIX. Com centenas e centenas de anos de contato com o
europeu, o menino africano sofreu influência de Paris e Londres. Além do mais, há
brinquedos universais presentes em qualquer cultura e situação social como as
bolas, [...] danças de roda, criação de animais e aves, [...] corridas, lutas de corpo,
saltos de altura, distância, etc., os quais parecem, segundo o autor, estar
presentes desde tempos imemoriais em todos os países.
Sobre qual jogo, brincadeira seria proveniente dos negros, Câmara
Cascudo (1958, p. 50), hipotetiza, dizendo que ao vir para o Brasil, não se tem
certeza de que as crianças negras “tiveram ambiente para repetir as brincadeiras
do continente negro, ou aceitaram e adotaram as locais, vividas por outros
meninos.” Como a cultura naquela época era passada através da oralidade,
provavelmente as crianças negras possam ter tido a oportunidade de difundir entre
as demais crianças que aqui já se encontravam o repertório de suas brincadeiras
ou podem ter encontrado barreiras principalmente na linguagem.
A cultura negra deixou sua marca, transmitida através da oralidade,
através da mãe-preta que sempre contava às crianças, tanto brancas como
negras, histórias de sua terra, como as lendas, contos, mitos, deuses. É relevante
ressaltar que tais elementos, ainda fazem parte, até hoje, do lúdico infantil.
A influência indígena nas brincadeiras infantis, não é também muito
fácil, devido à vasta contribuição através de seu folclore. Como forte contribuição
tem-se o papel da mulher indígena, como por exemplo, os alimentos, o uso de
remédios caseiros, alguns aspectos da higiene, utensílios de cozinha e uma série
de outros costumes presentes até hoje no dia-a-dia do povo brasileiro. Em
algumas tribos as mães fazem o brinquedo para os seus filhos, como por exemplo,
a figura de animais em barro cozido. A tradição indígena de bonecas de barro,
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figuras em que predomina o sexo feminino, não sendo simples brinquedo, mas
elementos de religiosidade. Em Kishimoto (1999, p.60), encontra-se singular
descrição de brincadeiras indígenas sendo até hoje realizadas:
[...] a prática de utilizar aves domésticas como bonecos, bem como o uso do bodoque e do alçapão para pegar passarinhos e depois criá-los são tradições indígenas, que permanecem na infância brasileira. As crianças indígenas brincam de um modo peculiar, o jogo não possui o mesmo sentido que para outras culturas, não há a figura do vencedor, não há desavença entre eles, predominando as brincadeiras junto à natureza. As brincadeiras funcionam como uma preparação da vida adulta, tendo as crianças a oportunidade de terem seu arco e flecha e realizar pequenas caçadas, para os meninos; e as meninas realizam pequenas tarefas domésticas como descascar a mandioca, pegar lenha, levar barro para a mãe oleira etc.
Vários estudiosos, afirmam que as crianças indígenas têm na
brincadeira uma forma de aprender as atividades do dia-a-dia de sua tribo, sem a
pressão existente na cultura da criança das cidades. As crianças indígenas não
eram castigadas, nem reprimidas; sua criação transcorre sem violência e com
base na solidariedade, isto é, quando uma criança ganha algo, logo reparte com
as demais crianças de seu meio.
Dos brinquedos indígenas, há os que até nos dias atuais permanecem
nas brincadeiras infantis das crianças brasileiras, como: o ‘jogo do fio’, conhecido
também por ‘cama de gato’; a ‘matraca’, cujo “movimento de virar e esticar o fio
produz um ronronar que diverte os meninos” , como afirma Kishimoto, (1999,
p.65); a peteca, cuja apreciação é feita por adultos e crianças indígenas (sua
origem é estritamente brasileira, proveniente de tribos tupis do Brasil); os jogos de
pegador, envolvendo figuras de animais e também como todas as crianças, os
índios gostam de brincar com animais e insetos. Kishimoto (1999, p.72) explica:
• O sentido do jogo como conduta típica de criança, não se aplica ao cotidiano de tribos indígenas.
• Atirar com arco e flecha não é uma brincadeira, é um treino para caça. Imitar animais são comportamentos místicos tanto de adultos como de crianças, reflexos de símbolos totêmicos antigos.
• Misturados com os adultos, participando de tudo na tribo, pequenos curumins não se distinguem por comportamentos particulares como o brincar.
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• Adultos e crianças dançam, cantam, imitam animais, cultivam suas atividades e trabalham para sua subsistência. Mesmo os comportamentos descritos como jogos infantis não passam de forma de conduta de toda tribo. As brincadeiras não pertencem ao reduto infantil.
Embora, ainda se tenha nos dias atuais a influência indígena nas
brincadeiras infantis, pode-se dizer que não possui a mesma característica, a
mesma finalidade. O significado é distinto, sendo que, por exemplo, o brincar na
nossa cultura, é pertinente ao mundo infantil, embora não se tenha dúvida de que
brincando estará a criança realizando associações entre o mundo real e o seu
mundo naquele instante.
2.1 Conceito de lúdico na educação
Segundo Kishimoto, (1999, P.69) a definição de lúdico:
A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo. A formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto.
Neste sentido o autor quer nos mostrar que o brincar é relevante não só no
sentido de diversão, mas como um elo importante na aprendizagem espontânea e
o conteúdo a ser aplicado de forma descontraída, visando no cognitivo do
educando as disciplinas na sua totalidade e despertando o interesse do aluno.
2.2 O Lúdico na legislação brasileira
Pesquisando sobre o aparecimento da atividade lúdica dentro da legislação
brasileira, depara-se com diversas leis sobre a infância que versam sobre o
assunto, a saber:
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• Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA ) – no seu artigo 2º diz
que é considerado criança , o indivíduo com doze anos incompletos e
adolescente, de doze a dezoito anos. No artigo 59, refere-se ao esforço que os
Municípios, Estados e União, em conjunto, deverão fazer, visando proporcionar
programações culturais, esportivas e de lazer para a infância e a juventude.
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCN)
(Resolução CEB nº 01, de 7 de abril de 1999 ) – estipula em seu artigo 3º, inciso I,
linha c) que as propostas pedagógicas das Instituições de Educação Infantil,
devem respeitar os seguintes fundamentos norteadores: princípios estéticos da
sensibilidade, da criatividade, da ludicidade, e da diversidade de manifestações
artísticas e culturais.
• A declaração dos Direitos das Crianças – Em seu 7º artigo
estabelece que: “[...] A criança deve ter a oportunidade de participar de jogos e
brincadeiras, dirigidos, sempre que possível, para a sua educação. A sociedade e
as autoridades devem se esforçar para promover o exercício deste direito.”
• Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1995) –
estabelece que as brincadeiras devem fazer parte das atividades permanentes,
que devem ocorrer dentro da instituição de educação infantil.
Assim, percebe-se que, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente,
criança é a pessoa que tem até 12 anos, portanto, é criança também, aquela que
freqüenta o ensino fundamental e, apesar das Diretrizes Curriculares Nacional do
Ensino Fundamental não citar que deva ocorrer situações de ensino –
aprendizagem em forma de brincadeiras, estas crianças tem amparo no Estatuto
da Criança e do Adolescente e nos Direitos das Crianças, para poderem ter a
brincadeira incluída em sua vivência dentro da escola.
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2.3 O lúdico e o resgate da cultura
Pais, mães e educadores, dizem que as crianças hoje em dia não sabem
mais brincar. Dizem que na hora do recreio, principalmente, só correm e brigam.
Pergunto: quem pára e brinca hoje com as crianças? Quem as ensina a brincar?
Quem sabe brincar?
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) pregam a utilização dos
temas transversais, como por exemplo, a pluralidade cultural, em que se leva o
aluno a respeitar os diferentes grupos e culturas. Envolvem questões como
discriminação e preconceito. Em um país como o nosso, de extensão territorial
significativa, com tantos povos imigrantes, línguas e diversificação cultural a
convivência de diferentes etnias e culturas, faz com que essa discussão seja
relevante.
Os brinquedos, brincadeiras e jogos, além de favorecer que as crianças
venham a se divertir, deixar de lado a forma agressiva das atividades livres,
favorecem também ao professor um resgate da própria cultura do país, do folclore
de todo um povo. Leva o aluno ao conhecimento da história de seu povo, ao
conhecimento de sua cultura, seus valores, seus costumes. De acordo Craidy e
Kaercher, (ano 2001, p.103):
A criança se expressa pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada nova geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar.
O início da educação por meio do lúdico possibilita no educando uma
formação prazerosa de futuros educadores que certamente aplicarão os
conteúdos da mesma maneira e quem sabe acrescida de maiores valores, haja
vista que os educadores do futuro estão se conscientizando de que o
conhecimento deve ser contínuo, daí o surgimento de novos recursos a serem
utilizados.
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CAPÍTULO 3
A RELEVÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O brincar no cotidiano das crianças é algo que se destaca como
essencial para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Assim, para se conhecer
bem a criança, deve-se conhecer muito bem os seus brinquedos e brincadeiras,
pois são por meio das brincadeiras que a criança expressa suas idéias, visão de
mundo e revela suas habilidades. No decorrer do desenvolvimento infantil, várias
maneiras de brincar se revelam e com elas, a formação da personalidade da
criança.
Segundo Vigotsky (1991, p. 47), durante as brincadeiras, a criança
aprende a agir em uma esfera cognitiva. No início das brincadeiras infantis é o
objeto real que denomina o comportamento da criança.
Quando a criança é muito pequena, não consegue separar o campo do
significado do perceptual. Isso quer dizer que o brinquedo não deve ser definido
apenas como algo para diversão e prazer, já que por meio dele, a criança satisfaz
certas necessidades que surgem ao longo de seu desenvolvimento. É importante
que se deixe de pensar no lúdico como o oposto ao que é sério. Deve-se buscar a
fantasia, o lazer e o brincar como uma maneira complementar nas ações
produtivas do cotidiano.
Através do lúdico, a criança busca soluções para os problemas do
medo, da insegurança e do desprazer, vendo nas mesmas a fonte para sanar
todos os males do momento tanto quanto para dar asas à sua imaginação e
sonhar construindo o seu próprio mundo onde só haja coisas boas e motivos para
ser feliz, neste caso, tudo depende das vivências que elas têm em casa com a
família ou na escola.
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A brincadeira se mostra eficaz em todas as fases e situações infantis,
tanto quando ela sente triste e aproveita uma brincadeira ou outra para mergulhar
no mundo de fantasia, onde ela possa dominar a situação e deixar de sofrer,
quanto quando está feliz e usa seu imaginário para criar situações que lhe dêem
prosseguimento ao seu estado de felicidade.
Sabe-se que o brincar é inerente à vida, se faz presente tanto na vida
do ser humano quanto do animal. Pode-se cogitar que a aprendizagem humana se
dê por meio da brincadeira, pois na infância tudo que o ser humano aprende
acontece por meio dela.
O brincar é uma linguagem com conteúdos ocultos que os adultos
precisam propiciar às crianças. Segundo Kishimoto (2003, p. 18), “o jogo é para a
criança, um fim em si mesma, ele deve ser para nós um meio de educar, daí seu
nome jogo educativo, que toma cada vez mais lugar na pedagogia maternal”.
Conforme este autor é preciso fazer da escola um ambiente de
exploração, de criação, de compromisso, de liberdade, onde o aluno possa
imaginar sem deixar de ser apresentado a elas a possibilidade do uso de jogos
pedagógicos para atingir determinados objetivos previamente elaborados.
Brincando com a fantasia, a criança cria, revive o passado, experimenta o
presente e projeta o futuro complementando dois mundos: o real e o imaginário.
Ao educador cabe estimulá-los a brincar com o corpo, a vivenciar inúmeras
atividades a partir dos movimentos comandados pelos sentidos: como correr,
subir, descer, levantar, etc., que levem a uma significativa situação de
aprendizagem.
Brincadeiras como dramatização de histórias, fazer mímicas, imitar
movimentos, brincar de estátua, representar situações, brincar de seguir ordens
entre outras inúmeras brincadeiras, proporcionam às crianças interagirem umas
com as outras, se expressarem, descobrirem seus corpos e se relacionarem. As
atividades lúdicas são fundamentais para o educando ampliar sua percepção dos
ritmos da natureza, sensibilizando-se para os sons e o silêncio à sua volta, para a
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compreensão de movimentos rápidos e lentos a fim de se conscientizar do tempo
que leva para realizar determinadas atividades. O educador pode propor
atividades do tipo: reproduzir sons ouvidos, pronunciar o próprio nome em vários
tons e ritmos, produzir barulhos com diferentes objetos, recordar músicas e cantá-
las entre outras várias atividades. Segundo Antunes (2003, p. 217), que associam
a inteligência musical como sendo de fácil manifestação pictórica afirmam que:
[...] antes mesmo que a linguagem escrita lhe seja acessível, os recursos pictóricos tornam-se elementos fundamentais na convicção e na expressão de sentimentos, funcionando como um canal muito especial, através do qual as individualidades se revelam – ou são construídas – expressando ainda, muitas vezes, características gerais da personalidade, ou mesmo situações dos mais variados desequilíbrios psíquicos.
Percebe-se que a criança pode perfeitamente começar a demonstrar
suas habilidades mais vivas dentro de si mesma, que revela suas tendências para
determinado campo, como por exemplo, o artista que é facilmente identificado
pelo educador ou pela família, por meio do interesse manifestado quando lhe é
apresentado algum objeto e ele logo o transforma ou dá-lhe outra associação de
forma, cor e até sons. Ao inserir uma música, a criança pode, por exemplo,
começar a desenhar casa, rios, árvores ou animais dependendo do que passa por
sua cabeça naquele momento, quando ao ouvir aquele som se deixa ou é
transportada a um mundo imaginário e para isso não é necessário precisamente
que ela já saiba escrever.
Partindo dessas manifestações espontâneas dos alunos, o professor
pode traçar metas e atingi-las com sucesso, criando jogos e brincadeiras cujo
desenvolvimento os leve a aprenderem conteúdos disciplinares do currículo
escolar sem podar a criatividade e vontades dos educandos.
Esta é apenas uma das múltiplas inteligências que serão manifestadas
pela criança ao longo de seu desenvolvimento como a espacial, naturalista,
corporal sinestésica e outras, algumas dessas inteligências afloram naturalmente,
outras requerem estimulações que podem ser feitas de diferentes maneiras e
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muitas delas se destacam com resultados bastante positivos por meio de jogos e
brincadeiras pedagógicas.
Existe, porém a preocupação de alguns pesquisadores que alertam que
tais estimulações não são aconselháveis quando determinadas e repetitivas, pois
estes procedimentos podem reverter a magia do encantamento da criança a algo
desestimulador e cansativo, a criança precisa ter liberdade para construir o seu
próprio conhecimento e quando os estímulos são excessivos, ela pode perder o
interesse nos jogos e brincadeiras, pois aquilo deveria ser prazeroso e se torna
massacrante, tirando lhe todo o encanto que encontrava e conseqüentemente
prejudicando todo o desenvolvimento que esta obtinha nos momentos de brincar.
Há várias formas de brincadeiras: as brincadeiras solitárias e as
brincadeiras em grupo, em que há uma socialização e exploração do mundo. As
brincadeiras paralelas, onde a criança está presente ao lado de seus coleguinhas,
mas está atenta a sua brincadeira em particular, nestas brincadeiras as crianças
assumem o papel que apronta.
Atualmente, vive-se em uma era de constantes transformações que exigem
de todas as pessoas estarem sempre se modificando e inovando. A criatividade,
hoje, é essencial para exercer qualquer tarefa, pois é ela que permite às pessoas
criarem, inovarem e (re)construírem conhecimentos. Uma das maneiras de
desenvolver essa criatividade é a ludicidade que permite que a criança descubra
em si mesma o poder de criação.
.O jogo e a brincadeira estão presentes em todas as fases da vida dos
seres humanos, tornando especial a sua existência. De alguma forma o lúdico se
faz presente e acrescenta um ingrediente indispensável no relacionamento entre
as pessoas, possibilitando que a criatividade aflore.
A brincadeira é um ato em que a intencional idade e curiosidade resultam
em um processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o
presente. Catuna, (2000, p.66), afirma que:
18
Quando a criança brinca, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente das suas escolhas e decisões.
Por meio da brincadeira, a criança envolve-se no jogo e sente a
necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a
parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as potencialidades
dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões testando limites.
Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades
indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção, afetividade, o
hábito de permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais psicomotoras.
A entrada da criança no mundo do faz-de-conta marca uma nova fase de
sua capacidade de lidar com a realidade, com os simbolismos e com as
representações. Com o brinquedo a criança satisfaz certas curiosidades e traduz o
mundo dos adultos para a dimensão de suas possibilidades e necessidades.
Jean Piaget (Suíça, 1896-1980) e Lev Vygotsky (Rússia, 1896-1934), são
pontos de referência quando o assunto é a ludicidade. Foram contemporâneos,
mas não se conheceram. Destacaram o período da formação da criança até os
seis anos. Esta fase é considerada como base do desenvolvimento cognitivo
infantil refletindo na constituição futura do ser humano.
Piaget usava a terminologia jogo e Vygotsky brinquedo para conceituar
a ação de brincar.
As crianças quando ainda não desenvolveram a fala se comunicam através
de gestos e emoções. Ao crescerem, passam a utilizar a linguagem verbal e
racionalizar as ações, deixando de utilizar o imaginário.
Para Vygotsky a criança ao brincar cria uma situação imaginária onde
exista, sempre, regras nas brincadeiras, pelo simples fato de que a partir do
momento em que existe uma situação imaginária esta tem regras de
comportamento que são representadas na brincadeira. Desenvolveu a teoria
histórico e cultural dando ênfase ao processo de trocas. O conhecimento é
19
construído a partir de interações com os outros e com o meio social e cultural. A
linguagem é fator decisivo na estrutura do pensamento, e, é ferramenta básica
para a construção de conhecimentos.
Todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança desempenha a imitação, com muita freqüência estes jogos são apenas um eco do que as crianças viram e escutaram dos adultos, não obstante estes elementos da sua experiéncia anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente igual como acontecem na realidade. O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança. (Vygotsky, 1999:12).
Com base na teoria de Vygotsky pesquisadores-educadores discutem, hoje.
como é o universo do pensamento e do imaginário que passou a ser muita
importância na área educacional, por exemplo, o lúdico influencia muito o
desenvolvimento da criança, pois é através do jogo que a criança aprende a agir,
tem a curiosidade estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, além de
proporcionar o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.
Para Piaget, o jogo era visto como próprio da infância e do universo da
criança, independente até mesmo do funcionamento da inteligência. Não elaborou
uma teoria do jogo, mas desenvolveu uma concepção da infância observando o
comportamento lúdico infantil. Priorizou o caráter construtivo, as construções
realizadas pelo ser humano.
Para as teorias cognitivas-evolutivas como as de Piaget, as noções sociais
da criança se desenvolvem a partir de sua maturação biológica, mas também em
uma interação com meio circundante, que gera conflitos a serem solucionados, a
partir dos quais a criança desenvolve suas crenças, atitudes morais em uma
reorganização seqüencial utilizando as experiências prévias para novas situações
e reorganizando-as.
20
Em suas teorias, Piaget, deixa claro, que a atividade lúdica é o berço
obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma
forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas
meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Piaget afirma:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem a todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (Piaget 1976, p.160).
Tanto em Vygotsky como em Piaget se fala numa transformação do real por
exigência das necessidades da criança, mas enquanto que para Piaget a
imaginação .da criança não é mais do que atividade deformante da realidade, para
Vygotsky a criança cria (desenvolve o comportamento combinatório) a partir do
que conhece das oportunidades do meio e em função das suas necessidades e
preferências.
Para Piaget no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança assimila
no jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e neste sentido
o jogo não é determinante nas modificações das estruturas. Para Vygotsky o jogo
proporciona alteração das estruturas e em uma prática pedagógica adequada
perpassa não somente por deixar as crianças brincarem, mas, fundamentalmente
por ajudar as crianças a brincar e até mesmo por ensinar as crianças a brincar.
Pode-se constatar, que não há nada mais belo do que a própria criação, o
ato, a arte de criar. Quando se faz o que se gosta e se é feliz com isso. Então,
propor que a criança brinque com a sua própria imaginação é permitir que ela não
somente desenvolva a sua criatividade, mas se desenvolva integralmente. Cabe
aos educadores aproveitar esses momentos de prazer para a criança através de
brincadeiras inovadoras, permitindo que elas também criem outras brincadeiras ou
formas de brincar que Ihes sejam significativas e assim muita criatividade estará
sendo aflorada.
21
Neste sentido, o importante é estimular a criança. Assim ela poderá
perceber que a criatividade está a mostra em todos os lugares. Basta olhar e
perceber o design das pontes, das casas, das roupas, dos carros e da natureza.
Enfim, tudo aquilo que sofre ou não interferência do homem foi um dia imaginado,
projetado e construído com muita criatividade. Mas, criatividade necessita de
ousadia. Por isso, que jamais, se deve mensurar as formas de a criança brincar,
pois é explorando o mundo e construindo o seu próprio modo de fazer parte dele.
Segundo, Lopes, o jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida
adulta (1999, p.35).
As crianças, em suas brincadeiras, procuram estar sempre em contato com
o diferente, ou seja, com a fantasia, pois como aponta Cruz e Santos (1999,
p.112):
Em relação à criança, é preciso que ela dê vazio a sua fantasia, a seus sonhos, pois sem isto estará limitada ao mundo da razão, desempenhando rotinas, resolvendo problemas e executando ordens, tendo sua expressão e criatividade limitadas. A criança sem a fantasia do brincar jamais terá o encanto, o mistério e a ousadia dos sonhadores, que só a emoção proporciona.
Pelas reflexões realizadas acerca da concepção de diferentes autores, fica
claro que é imprescindível que os educadores busquem desenvolver seus
educandos em totalidade, resgatando, através de dinâmicas, brincadeiras ou
cantigas de roda, a abstração, ou seja, o lúdico. É nesse ir e vir entre o imaginar e
o criar que a vida toma forma e o mundo caminha, ora com suavidade e melodia,
ora com agressividade e desarmonia. E é nesse mesmo ir e vir que se almeja
formar cidadãos sensíveis à criação.
Amamos a paz, a justiça, o jogo e a liberdade. Mas percebemos que estes
valores são diariamente negados pela nossa sociedade (ALVES, 1987, p.131). É
por isso que se deve romper paradigmas e estereótipos impostos pela sociedade
e instigar o novo através do ato criativo, o que tornará as pessoas menos egoístas
e mais crentes de que alguns valores devem ser mantidos e de que outros, com
urgência, devem ser reformulados através de um recriar contínuo. Por isso,
almeja-se uma educação baseada na totalidade.
22
Se a vida é, conforme muitas pessoas afirmam, um jogo, então, por que
não montar este quebra-cabeça de forma prazerosa, significativa e,
principalmente, lúdica?
23
4 – Pesquisa de Campo
Haja vista a fundamental importância que a pesquisa tem em um
trabalho de monografia e com o objetivo de mostrar resultados apresento a análise
qualitativa e quantitativa de dados.
Segundo Bauer e Gaskell (2003, p. 222), a pesquisa qualitativa torna-se
a base do trabalho interpretativo e da referência feita a partir do conjunto do
material empírico. O ponto de partida é a compreensão interpretativa do texto, ou
seja, uma entrevista, uma narrativa.
Conforme Flick (2004, p. 22 e 22), a diferença entre pesquisa qualitativa
e quantitativa é que a quantitativa lida com números e utiliza-se de modelos
estatísticos para explicar os dados. O protótipo mais conhecido é a pesquisa de
levantamento de opinião. Em contraste, a pesquisa qualitativa evita números, lida
com interpretações das realidades sociais.
Critérios para uma avaliação de pesquisa qualitativa, segundo Corbin e
Strauss (apud Flick,1990, p. 16):
1. Como foi feita a seleção da amostragem original? Com que base
(amostragem seletiva)?
2. Quais as principais categorias que surgiram?
3. Cite exemplos de eventos, incidentes, ações que indicaram algumas
dessas categorias principais.
4. A continuação da amostragem teórica se deu com base em que
categoria? Ou seja, como as formulações teóricas conduziram parte da
coleta de dados? Após a execução da amostragem teórica, qual foi a
representatividade dessas categorias?
5. Quais são algumas das hipóteses que dizem respeito às relações entre
as categorias? Com base em que elas foram formuladas e testadas?
6. Houve situações em que as hipóteses não expuseram o que era de fato
visto? Como as discrepâncias foram justificadas? Como afetaram as
hipóteses?
24
7. Como e por que a categoria essencial foi selecionada? Essa seleção foi
repentina ou gradual, difícil ou fácil? As decisões analíticas finais foram
tomadas com que base? Como o “poder explanatório” extensivo em
relação ao fenômeno em estudo e à “relevância” figurou nas decisões?
Apesar de toda a análise do estudo, segundo Bauer e Gaskell, utilizei-me
do método dedutivo, por se tratar de melhor caminho par o raciocínio lógico e
descendente para o particular do assunto em questão. “Esse método leva o
indivíduo a chegar a uma previsão concreta e particular” (ANDRADE, 2003).
De forma a esclarecer todas as minhas dúvidas, utilizei as seguintes
estratégias: primeiramente, li obras de vários especialistas, doutores, mestres e
estudiosos, para melhor fundamentar a linha de pensamento.
Segundo, parti para a elaboração de questionário.
4.1 - Instrumento de Pesquisa
Na pesquisa de campo elaborei nove questionários contendo nove
questões, objetivas e fechadas, que pretendiam verificar se os professores
utilizavam o lúdico como ferramenta para melhor aprendizagem e o se eles
achavam positivo a utilização desse médoto ou não. Posteriormente, todos os
questionários coletados iniciou-se o processo de tabulação dos dados abordados.
4.2 - Análise de Dados
Para cada questão do questionário iniciou-se a análise e a interpretação
dos dados, conforme percentual obtido.
A coleta de dados geralmente é um procedimento cansativo, porque
muitas vezes toma muito tempo e esforço do pesquisador, E nesse,
sentido, é de fundamental importância que tenha um planejamento
prévio para que não haja perda de tempo em um trabalho de campo,
facilitando a etapa posterior, par que se evite erros e defeitos nos
25
resultados são necessário que tenha controle na aplicação dos
instrumentos de pesquisa (ANDRADE, 2003).
4.2.1 - Análise de dados da pesquisa
Foi questionado:
1 – Qual a sua formação acadêmica?
TABELA 01
PROCURA POR ESPECIALIZAÇÃO
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Magistério Completo 02 22,23
Superior 04 44,44
Pós-graduação 03 33,33
Especialização 0 0
Outras capacitações 0 0
TOTAL 9 100%
(...)Diferentemente das demais ciências da educação, a pedagogia é ciência da prática. (...) Ela não se constrói como discurso sobre a educação, mas a partir da prática dos educadores tomada como referência para a construção de saberes, no confronto com os saberes teóricos. (...) O objeto/problema da pedagogia é a educação enquanto prática social. Daí seu caráter específico que a diferencia das demais (ciências da educação), que é o de uma ciência prática – parte da prática e a ela se dirige. A problemática educativa e sua superação constituem o ponto central de referência para a investigação. (PIMENTA, 1988)
2 – Quantos anos você tem?
26
TABELA 02
FAIXA ETÁRIA
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Entre 20 e 30 anos 05 55,56
Entre 31 e 40 anos 04 44,44
Mais de 50 anos 0 0
TOTAL 9 100%
3 – Há quanto tempo exerce a profissão de educador?
TABELA 03
TEMPO DE SERVIÇO
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Menos de 5 anos 06 66,67
Mais de 5 anos 03 33,33
Mais de 10 anos 00 0
TOTAL 9 100%
4 – Você utiliza o lúdico no tratamento pedagógico dos conteúdos?
TABELA 04
LÚDICO SIM OU NÃO?
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Sim 04 44,44
Não 00 0
Às vezes 05 55,56
TOTAL 9 100%
O jogo é um caso típico das condutas negligenciadas pela escola
tradicional, dado o fato de parecerem destituídas de significado
funcional. (Jean Piaget)
27
Desvendar o novo representa um desafio lúdico para o sujeito, seja esse
novo um conhecimento material ou lógico, assim o jogador estará se apropriando
ludicamente do conhecimento veiculado pelo jogo.
É através do conhecimento das regras e do domínio do jogo por parte
dos alunos e da sensibilidade do educador em gerar desafios e descobrir os seus
interesses que o potencial didático de um jogo pode ser concretizado, pois a
ludicidade decorre da interação com um dado conhecimento, sendo, portanto,
subjetiva.
5 – Na escola que você trabalha os professores usam esse recurso didático?
TABELA 05
ATIVIDADES VIVENCIADAS
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Sim 01 11,11
Não 08 88,89
TOTAL 9 100%
6 – Como educador(a) o que você acha da aplicação desta nova forma de ensino?
TABELA 06
APLICAÇÃO DO LÚDICO
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Ótimo 08 88,89
Bom 00 0
Interessante 00 0
Divertido e Eficaz 01 11,11
Péssimo 00 0
TOTAL 9 100%
28
Seja prudente com a novidade. Nunca a procure por ela mesma, mas pela melhoria que poderá proporcionar ao seu trabalho e à sua vida. Essa melhoria depende tanto de você como da própria novidade. (Celso Antunes)
A ludicidade recebe sua devida importância, pois facilita o aprendizado,
o desenvolvimento pessoal e social, a construção do conhecimento, a
comunicação e a expressão, sendo ela uma necessidade do ser humano que não
deve ser observada simplesmente como uma brincadeira ou diversão qualquer.
Vários educadores têm mostrado que o trabalho lúdico deve ser
valorizado, vendo através da ludicidade o principal motor do desenvolvimento,
promovendo a autoconfiança, permite à criança experimentar o mundo sem medo.
7 – Em sua opinião, o rendimento dos educandos é maior com esta metodologia,
ou com o tradicional?
TABELA 07
AULAS TRADICIONAIS OU ENSINAR BRINCANDO?
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Com o lúdico 07 77,77
Com o tradicional 00 0
Ambos 02 22,23
TOTAL 9 100%
A relação entre a imaginação e os papéis assumidos é muito importante
para o ato de brincar. Ao mesmo tempo que a criança é livre na sua imaginação,
ela tem que obedecer às regras sociais do papel assumido.
A brincadeira é uma atividade sócio-cultural, pois se baseia nos valores
e hábitos de um determinado grupo social, onde as crianças tem a liberdade de
escolher com o quê e como elas querem brincar. Para brincar as crianças utilizam-
se da imitação de situações conhecidas, de processos imaginativos e da
estruturação de regras.
29
A avaliação tradicional neste momento não será questionada e
continuará valendo como processo final realizado para obtenção de resultados,
porém não será a única, e caberá ao professor direcioná-la, já que este precisará
levar em consideração aspectos como série, conhecimento pleno do grupo,
metodologia, espaço físico, tempo, dentre outros.
8 – Os materiais pedagógicos utilizados em sua escola, já vêm prontos ou são
confeccionados pelos alunos utilizando sucatas em sala de aula?
TABELA 08
CONFECÇÃO DOS MATERIAIS
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
São fornecidos pela
escola 00 0
São confeccionados
pelos alunos em sala de
aula utilizando sucata
00 0
Uns são, outros não. 09 100
TOTAL 09 100%
Tendo base as orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (1996) deve-se ter claro que os materiais didáticos pedagógicos
necessitam estar de acordo com as finalidades propostas.
Acredita que os professores precisam utilizar metodologias que, de
forma permanente, estimulem a pesquisa, a experimentação e a resolução de
problemas, uma vez que tais condições podem ser decisivas tanto para a
construção/reconstrução de conhecimentos quanto para a mobilização de diversas
competências cognitivas superiores.
Como bem afirma Freire (1996, p. 32), “não há ensino sem pesquisa
nem pesquisa sem ensino”, ou seja, o professor precisa o tempo todo, de forma
30
crítica e seletiva, estar buscando novos conhecimentos, precisa ousar, correr
riscos, para que efetivamente haja educação.
9 – E o alunos, que acham de aprenderem brincando?
TABELA 09
APRENDER BRINCANDO
Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Ótimo 08 88,89
Interessante 00 0
Divertido 01 11,11
Indiferente 0 0
TOTAL 9 100%
“Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada
jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encerrado dentro do seu
próprio mundo”. (Augusto Cury)
Os educadores e auxiliares cumprem um papel fundamental nas
instituições quando interagem com as crianças através de ações lúdicas ou se
comunicam através de uma linguagem simbólica, estando disponíveis a brincar.
A brincadeira como atividade social específica é vivida pelas crianças
tendo por base um sistema de comunicação e interpretação do real, que vai sendo
negociado pelo grupo de crianças que estão brincando. Mesmo sendo uma
situação imaginária, a brincadeira não pode dissociar suas regras da realidade.
A brincadeira é atividade sócio-cultural, pois se origina nos valores e
hábitos de um determinado grupo social, onde as crianças têm a liberdade de
escolher com o quê e como elas querem brincar. Para brincar as crianças utilizam-
se da imitação de situações conhecidas, de processos imaginativos e da
estruturação de regras.
31
A brincadeira é, assim, um espaço de aprendizagem significativa para a
criança. A finalidade de trabalhar o lúdico é que a criança viva o presente com
todos seus direitos.
Na busca da superação da escola castradora e excludente é
fundamental que o educador considere toda a riqueza da cultura lúdica infantil, e
todo repertório corporal que a criança traz consigo para a escola. É através do
lúdico que a criança vive seu próprio corpo, se relaciona com o outro e o mundo
ao seu redor. A utilização do lúdico na escola caracteriza-se com um recurso
pedagógico riquíssimo na busca da valorização do movimento, das relações,
solidariedade. O lúdico é uma necessidade humana e proporciona a integração
com o ambiente onde vive, sendo considerado como meio de expressão e
aprendizado.
Brincar é um ato criador. Quando olhamos para a criança escutamos
seus raciocínios ou observamos seus comportamentos, podemos notar que toda
sua vida é iluminada pelo lúdico.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação em seus primeiros passos, na fase infantil, é a aquisição mais
importante da criança, pois é a base que servirá de sustentabilidade e equilíbrio
para maior aprimoramento no futuro.
É importante que a criança vivencie com prazer a socialização com
os colegas de onde advêm a troca de experiências que gera conhecimentos, que
amplia seus horizontes. Nesta fase a criança aprende e adquire seu significado.
Neste contexto conclui-se que a ludicidade além de tornar os conteúdos
agradáveis, se traduz numa ferramenta indispensável para uma aprendizagem
significativa, proveitosa continuada e prazerosa.
A criança, ao brincar, cria seu próprio mundo, seus desafios, limites e cria
da mesma forma caminhos para vencer as barreiras representadas por seus
próprios personagens, e a cada desafio vencido constitui uma vitória importante
para ela que se sente capaz e sujeito de seu próprio conhecimento.
É importante relatar sobre a contribuição de que o brinquedo é produto da
cultura, possui dimensão e função social, inserido em um sistema que lhe confere
razão de ser. Transmite um sistema de significados, que permitem compreender
determinada sociedade e cultura. No brinquedo, o valor simbólico torna-se
preponderante a função, a criança manipula livremente, sem estar condicionado
às regras ou a princípios de utilização de outra natureza, sendo a função do
brinquedo a brincadeira. Esta escapa a qualquer função precisa e é, esse fato que
a definiu em torno das idéias de gratuidade e até de futilidade. Mas o que
caracteriza mesmo a brincadeira é que ela pode fabricar seus objetos, desviando
de seu uso normal de objetos que cercam a criança. A brincadeira é livre e não
delimitada e é desencadeada pelo brinquedo. Este possui funções sociais,
podendo ser suporte de relações afetivas, de brincadeiras e de aprendizagem e
também o brinquedo é uma fonte de apropriação de imagens e de representação.
No entanto, o brinquedo é utilizado e interpretado no interior da cultura de
33
referência da criança e nunca com algo separado. Percebe-se que na brincadeira
a criança se relaciona com conteúdos culturais que ela reproduz e transmite, dos
quais ela se apropria e lhes dá uma significação: é a entrada na cultura, tal como
ela existe num dado momento, mas com todo seu peso histórico.
Quanto ao significado de jogo e brincadeira o que se tem em comum é o
uso que das regras, mas também é muito divertimento, como por exemplo, o jogo
de bola.
No entanto, o estudo sugere a partir dos resultados ora apresentados, e
das leituras que os jogos precisam ser mais bem pensados no contexto de
desenvolvimento das crianças e adolescentes. Este aspecto se explica devido ao
interesse dos sujeitos pelo futebol, pois se trata de um grupo que vive em um
espaço horizontalizado, favorecendo o lazer com poucos recursos. Outro dado
importante se verifica no trabalho para quem os brinquedos possuem um diálogo
simbólico e íntima relação com o povo e com a cultura e este tem uma
especificidade na vida mental e emocional da criança. É um instrumento de
transmutação da realidade, algo que a transpõe a um mundo particular, dominado
pelo simulacro de sua própria cultura infantil. São importantes, também, as
contribuições que compreendem o brinquedo como produto da cultura, sendo que
este possui uma função social, inserido em um sistema que lhe conferem razão de
ser.
Então, conclui-se que é necessário compreender o funcionamento social e
simbólico do brinquedo, bem como os efeitos do brinquedo sobre a criança, esta
pesquisa sugere que é muito importante precisar com mais clareza algumas
relações do lúdico com as crianças.
34
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