aula palestra ditadura militar

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Ditadura Militar no Brasil 1964-1985

“Dormia a nossa Pátria mãe tão distraída Sem

perceber que era subtraída Em tenebrosas

transações.” CHICO BUARQUE DE

HOLLANDA

Conceito

Regimes de governo não-democráticos ou antidemocráticos, isto é, aqueles onde não há participação popular, ou onde isso ocorre de maneira muito restrita.

Construindo a ditadura • Crise política: a saída de Jânio Quadros (1961) somada aos

posicionamentos do governo Jango.

• Setores conservadores, aliados dos militares, deram início à campanha de desestabilização do governo.

• As “Reformas de Base” foram duramente combatidas pela elite.

• Em 31 de março de 1964, o golpe militar derrubou Jango.

• A partir do golpe, os militares passaram a desmobilizar quaisquer focos de luta popular.

• As organizações trabalhistas, como a CGT; as organizações estudantis (UNE); as Ligas Camponesas e os movimentos de base da Igreja Católica (JOC) passaram a ser duramente perseguidos e reprimidos.

Divisão dos Militares

• SORBONNE: oriundos da ESG (Escola Superior de Guerra

– 1948), intelectuais, veteranos da 2ª Guerra, próximos da

UDN, anticomunistas, partidários de um poder executivo

forte e soluções econômicas técnicas.

• LINHA DURA: anticomunistas, nacionalistas, avessos a

políticos e a qualquer tipo de democracia

Presidentes Militares

Médici

Costa e Silva

Geisel

Castello Branco

Figueiredo

Construindo a ditadura

• Embora o golpe tivesse contado com o apoio de civis – UDN, os militares não pretendiam entregar o poder.

• Os militares optaram pelo alinhamento ao bloco ocidental (EUA) – os estadunidenses prontamente reconheceram o governo militar logo após o golpe.

Atos Institucionais

Conjunto de normas superiores, baixadas pelo governo, que se sobrepunham até mesmo à Constituição Federal.

CASTELO BRANCO (1964 – 1967)

CASTELO BRANCO (1964 – 1967)

• Apoio dos EUA

• PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo)

• Criação do Cruzeiro Novo

Castelo Branco 1964 - 1967

Ato Institucional 1 (A.I. 1)

• Instituído em 09 de abril de 1964, dava ao Executivo federal, durante seis meses, poderes para cassar mandatos de parlamentares, suspender direitos políticos de quaisquer cidadãos, modificar a Constituição e decretar estado de sítio, sem aprovação do Congresso.

PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo)

– Combate à inflação;

– Corte de gastos;

– Aumento de tarifas e impostos.

– Fim da Lei da Estabilidade;

– Criação do FGTS (Fundo de Garantia por

Tempo de Serviço);

– Aumento salarial (1X ao ano) abaixo da inflação;

– Restrição de crédito;

– Arrocho salarial, recessão e desemprego.

O PAEG deu certo? • Para o que ele se propunha, sim, foi bem-sucedido. A inflação caiu.

O preço social disso é que representa problema. • Para começar, os investidores estrangeiros ficaram mais tranqüilos:

não havia mais ameaça de nacionalismo, nem de greves e muito menos de socialismo.

• O novo governo tinha eliminado as restrições ao capital estrangeiro. • O FMI, feliz com o Brasil militar, também emprestou dinheiro, E nós

vimos que ajuda do FMI era uma espécie de garantia para que outros banqueiros confiassem no país.

• Fim da luta de classes pela via do aniquilamento da representatividade trabalhista.

• Quer dizer então que uma ditadura consegue estabilidade? Essa pergunta necessita de outra: de que tipo de estabilidade estamos falando? Quando examinamos as estatísticas econômicas percebemos que a estabilidade teve um preço: o aumento de exploração da força de trabalho.

Ato Institucional 2 (A.I. 2)

- Foi decretado em 1965 e conferia mais poderes ao presidente para cassar mandatos e direitos políticos

- Foi criada a Lei de

Segurança Nacional - instrumento jurídico destinado a enquadrar como inimigos da pátria aqueles que se opunham ao regime.

- Extinguia todos os partidos políticos existentes, criando apenas 2:

-ARENA – ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL (Criado para apoiar o governo)

- MDB – MOVIMENTO DEMOCRÁTICO NACIONAL (Criado para fazer oposição dentro dos limites considerados “aceitáveis”)

Partidos Extintos pelo

AI 2

Ato Institucional 3 (A.I. 3) Estabeleceu o fim das

eleições diretas para governadores e prefeitos das capitais. A partir de então, os governadores, indicados pelo presidente, seriam submetidos à aprovação das Assembléias Legislativas e os prefeitos seriam indicados

pelos governadores.

COSTA E SILVA (1967 – 1969)

Costa e Silva 1967-1969

- AI 4 – Convocação do Congresso Nacional em sessão extraordinária para votar, discutir e promulgar uma nova constituição em ritmo de trabalho acelerado.

- Em 15 de março, a Constituição de 1967 entrava em vigor junto com o mandato do presidente eleito Costa e Silva

- Fortalecimento do poder executivo - Aumento de manifestações contra a ditadura - Assassinato do estudante Édson Luís (mar/68) - Passeata dos 100 mil (RJ jul/68). - Greves em Osasco (SP), Contagem e Belo Horizonte (MG).

Ato Institucional 4 (A.I. 4) O governo adquiriu

poderes para produzir uma nova constituição. Foi elaborada então a Constituição de 1967, que tinha como objetivo fortalecer o poder executivo e enfraquecer o Legislativo e o Judiciário.

Ato Institucional 5 (A.I. 5)

- Conferia ao presidente da república amplos poderes para perseguir e reprimir as oposições.

- O Congresso Nacional foi fechado por tempo indeterminado.

- Deputados, vereadores e prefeitos foram cassados.

- Foi um dos mais terríveis instrumentos normativos lançados pelo regime militar.

• “Sobe depressa, Miss Brasil’, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava e não tinha absorvente. Eram os ‘40 dias’ do parto. Na sala do delegado Fleury, num papelão, uma caveira desenhada e, embaixo, as letras EM, de Esquadrão da Morte. Todos deram risada quando entrei. ‘Olha aí a Miss Brasil. Pariu noutro dia e já está magra, mas tem um quadril de vaca’, disse ele. Um outro: ‘Só pode ser uma vaca terrorista’. Mostrou uma página de jornal com a matéria sobre o prêmio da vaca leiteira Miss Brasil numa exposição de gado. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Picou a página do jornal e atirou em mim. Segurei os seios, o leite escorreu. Ele ficou olhando um momento e fechou o vestido. Me virou de costas, me pegando pela cintura e começaram os beliscões nas nádegas, nas costas, com o vestido levantado. Um outro segurava meus braços, minha cabeça, me dobrando sobre a mesa. Eu chorava, gritava, e eles riam muito, gritavam palavrões. Só pararam quando viram o sangue escorrer nas minhas pernas. Aí me deram muitas palmadas e um empurrão. Passaram-se alguns dias e ‘subi’ de novo. Lá estava ele, esfregando as mãos como se me esperasse. Tirou meu vestido e novamente escondi os seios. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. No meio desse terror, levaram-me para a carceragem, onde um enfermeiro preparava uma injeção. Lutei como podia, joguei a latinha da seringa no chão, mas um outro segurou-me e o enfermeiro aplicou a injeção na minha coxa. O torturador zombava: ‘Esse leitinho o nenê não vai ter mais’. ‘E se não melhorar, vai para o barranco, porque aqui ninguém fica doente.’ Esse foi o começo da pior parte. Passaram a ameaçar buscar meu fillho. ‘Vamos quebrar a perna’, dizia um. ‘Queimar com cigarro’, dizia outro.

ROSE NOGUEIRA, ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), era jornalista quando foi presa em 4 de novembro de 1969, em São Paulo (SP).

Hoje, vive na mesma cidade, onde é jornalista e defensora dos direitos humanos.

• Quando fui presa, minha barriga de cinco meses de gravidez já estava bem visível. Fui levada à delegacia da Polícia Federal, onde, diante da minha recusa em dar informações a respeito de meu marido, Paulo Fontelles, comecei a ouvir, sob socos e pontapés: ‘Filho dessa raça não deve nascer’. Depois, fui levada ao Pelotão de Investigação Criminal (PIC), onde houve ameaças de tortura no pau de arara e choques. Dias depois, soube que Paulo também estava lá. Sofremos a tortura dos ‘refletores’. Eles nos mantinham acordados a noite inteira com uma luz forte no rosto. Fomos levados para o Batalhão de Polícia do Exército do Rio de Janeiro, onde, além de me colocarem na cadeira do dragão, bateram em meu rosto, pescoço, pernas, e fui submetida à ‘tortura cientifica’, numa sala profusamente iluminada. A pessoa que interrogava ficava num lugar mais alto, parecido com um púlpito. Da cadeira em que sentávamos saíam uns fios, que subiam pelas pernas e eram amarrados nos seios. As sensações que aquilo provocava eram indescritíveis: calor, frio, asfixia. De lá, fui levada para o Hospital do Exército e, depois, de volta à Brasília, onde fui colocada numa cela cheia de baratas. Eu estava muito fraca e não conseguia ficar nem em pé nem sentada. Como não tinha colchão, deitei-me no chão. As baratas, de todos os tamanhos, começaram a me roer. Eu só pude tirar o sutiã e tapar a boca e os ouvidos. Aí, levaram-me ao hospital da Guarnição em Brasília, onde fiquei até o nascimento do Paulo. Nesse dia, para apressar as coisas, o médico, irritadíssimo, induziu o parto e fez o corte sem anestesia. Foi uma experiência muito difícil, mas fiquei firme e não chorei. Depois disso, ficavam dizendo que eu era fria, sem emoção, sem sentimentos. Todos queriam ver quem era a ‘fera’ que estava ali.

HECILDA FONTELLES VEIGA, ex-militante da Ação Popular (AP), era estudante de Ciências Sociais

quando foi presa, em 6 de outubro de 1971, em Brasília (DF). Hoje, vive em Belém (PA), onde é professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA).

JOVEM GUARDA E TROPICÁLIA: ANOS 60

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI (1969 – 1974)

E.G Médici 1969 - 1974

- Auge da Ditadura – Conhecido como “Anos de Chumbo”

- Prisões, torturas, assassinatos (“desaparecidos”).

- Repressão intensa e eliminação da guerrilha de esquerda (SNI, DOI-CODI,DOPS, etc)

- Milagre Econômico (1969 - 1974) Delfim Netto (Ministro da economia). A economia cresceu com base no crescimento da produção

industrial. Crescimento de 10% ao ano. Facilidades de crédito (bens de consumo duráveis). Arrocho salarial. Grandes empréstimos.

O “Milagre” econômico - A economia cresceu a altas taxas anuais, com base no

crescimento da produção industrial;

- Utilização de empréstimo de capital estrangeiro;

- Rígida política de arrocho salarial;

O “Milagre” econômico • O “milagre” durou pouco...

- A economia brasileira sentiu impacto das transformações externas;

- Aumento da inflação e da dívida externa.

Aumento da inflação

Ufanismo

- Utilizou a televisão para propaganda.

- Divulgação de uma imagem de um governo sério e competente e de um país próspero e pacífico.

Ufanismo Apoio de grandes

empresas e da imprensa

Copa de 1970

Carlos Alberto, Presidente Médici e Zagallo

SELEÇÃO TRICAMPEÃ MUNDIAL (1970)

Valorização de conquistas esportivas: futebol e automobilismo (associação de vitórias com o sucesso do governo).

A comemoração de Pelé e Jairzinho, saudados por milhares de torcedores no Estádio Asteca, na cidade do México, foi utilizada politicamente pelo governo militar para evitar que levantes populares se articulassem contra as arbitrariedades e a falta de democracia vigentes no Brasil.

GRUPOS DE ESQUERDA:

- O PCB – resistência no interior do MDB e dos sindicatos.

- O PC do B – iniciou uma campanha de guerrilhas rurais, com escasso apoio camponês.

- Entre 1968 e 1974, a ALN (Aliança Nacional Libertadora); a VAR (Vanguarda Armada Revolucionária), o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro) e a Ação Popular promoveram a guerrilha urbana.

- Em 1969 a ALN e o MR-8 seqüestram o embaixador americano Charles Elbrick.

- Em troca da libertação do embaixador, os militantes divulgam um manifesto revolucionário na imprensa e libertam 15 prisioneiros políticos

“ANOS DE CHUMBO” – caso seqüestro do embaixador

• Em setembro de 1969, a ALN e o MR-8 seqüestram o embaixador americano Charles Elbrick.

• Em troca da libertação do embaixador, os militantes divulgam um manifesto revolucionário na imprensa e libertam 15 prisioneiros políticos, entre eles, Zé Dirceu.

“ANOS DE CHUMBO” - TORTURA - Mais de 100 tipos de tortura

foram utilizados durante o período da ditadura (choques, afogamentos, queimaduras, espancamento...)

- Durante o governo militar, mais de 280 pessoas foram mortas - muitas sob tortura.

- Em 1979, o Congresso aprovou a Lei da Anistia, que determinou que todos os envolvidos em crimes políticos - incluindo os torturadores - fossem perdoados pela Justiça

Pau de arara

A luta armada

• A falta de crédito na ação parlamentar e o endurecimento do regime faz com que os setores de esquerda se lancem em ações armadas.

• O PCB – resistência no interior do MDB e dos sindicatos.

• O PC do B – iniciou uma campanha de guerrilhas rurais, com escasso apoio camponês.

• Entre 1968 e 1974, a ALN (Aliança Nacional Libertadora); a VAR (Vanguarda Armada Revolucionária), o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro) e a Ação Popular promovem a guerrilha urbana.

• Em setembro de 1969, a ALN e o MR-8 seqüestram o embaixador americano Charles Elbrick.

• Em troca da libertação do embaixador, os militantes divulgam um manifesto revolucionário na imprensa e libertam 15 prisioneiros políticos, entre eles, Zé Dirceu.

• Em represália, a Junta Militar cria mais dois AI’s: um dava direito à expulsão do país de todos que fossem considerados “subversivos”; o outro introduzia a pena de morte.

Os mecanismos da Repressão

• Para o controle da “ordem social”, o governo Costa e Silva melhora a eficiência dos mecanismos de repressão.

• OBAN (Operação Bandeirante)

• DOPS – DEOPS (Departamento de Ordem Pública e Social)

• DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna).

• Em fins de 1969, Costa e Silva, doente, se afasta. Em seu lugar seguiria uma junta militar e, em seguida, o governo Médici e o endurecimento do regime.

Caça aos “subversivos”

“ANOS DE CHUMBO” Desaparecidos

Ainda hoje existem cerca de 140 desaparecidos políticos do período militar

ERNESTO GEISEL (1974 – 1979)

Governo Ernesto Geisel - (1974-1979)

-Geisel integrava um grupo de oficiais militares favoráveis à devolução gradual do poder aos civis;

-Diminuiu a severa ação da censura sobre os meios de comunicação;

- Em 1974, autorizou as eleições livres para senador, deputados e vereadores;

-Recuou em 1976, temendo o avanço das forças opositoras

-Em outubro de 1978 extinguiu o AI-5 e os demais atos institucionais.

Caso Herzog

A morte do jornalista Vladimir Herzog, nos porões do DOI-CODI, provocou indignação e fez com que Geisel apressasse a mudança na imagem da ditadura.

Governo Geisel início da abertura política

• Eleição indireta para os governadores de estado.

• Aumento do mandato presidencial (de 5 para 6 anos).

• As decisões no Congresso passaram a depender apenas de maioria simples.

• Um terço das cadeiras do Senado passaram a ser concedidas aos “Senadores Biônicos”.

• Crise do petróleo (73 – 74) abala crescimento do “Milagre”.

• Abertura “lenta, gradual e segura”.

• 2º PND (Plano Nacional de Desenvolvimento):

• Mais obras faraônicas ou projetos de utilidade questionável:

– Acordo nuclear com ALE para construção de 8 usinas nucleares (apenas uma realmente começou a funcionar – ANGRA I).

• Em outubro de 1978 extinguiu o AI-5 e os demais atos institucionais.

- Lei Falcão (1976 – proibia debates e crítica ao regime nas propagandas eleitorais)

- Pacotes de Abril (1977 – fechamento do Congresso para aprovação de leis, senadores biônicos (indicados pelo presidente da república).

- Lei da Anistia; 1979

- Anistia = Esquecimento = Declaração dos “impuníveis”

- Reforma Política e volta dos partidos (com o desmembramento do MDB).

JOÃO FIGUEIREDO (1979 – 1985)

Governo João Figueiredo (1979-1985)

- Aumentou as pressões sociais

- Conclusão do processo de abertura política.

- Novembrada

“Amanhã vai ser outro dia”

- Aumento das pressões sociais - Abertura lenta prossegue. - 1982 – volta das eleições diretas para governador.

Pressão por votação direta para presidente - 1983-84: Campanha das Diretas Já. - Foi rejeitada pelo Congresso, que votou

indiretamente para o primeiro presidente civil. Fim do Regime Militar.

- 15 de janeiro de 1985: Tancredo e Sarney são eleitos depois de 21 anos de governos militares.

- Na data da posse, 15 de março, Tancredo é internado – Sarney assume.

- 21 de abril: morre Tancredo.

Processo de Redemocratização • Transição democrática: Paulo

Maluf (PDS) X Tancredo Neves (PMDB)

• 15 de janeiro de 1985: Tancredo e Sarney são eleitos depois de 21 anos de governos militares.

• Na data da posse, 15 de março, Tancredo é internado – Sarney assume.

• 21 de abril: morre Tancredo. • Começava a conturbada NOVA

REPÚBLICA. - .

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