assédio moral no tjrj
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O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
AUTOR(A): ZENILDO ABRANTES MARINS JUNIOR
Orientador(a): Profº. Maria Esther de Araújo
Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2014.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Gestor em Recursos Humanos POR: Zenildo Abrantes Marins Junior
Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2014.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
AVALIADA EM: 31 / 08 / 2014
Banca Examinadora:
________________________________________________
Professor: Maria Esther de Araujo
Professor Orientador
________________________________________________
Professor:
________________________________________________
Professor:
Rio de Janeiro – 2014
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Zenildo Abrantes Marins (in memoriam), que infelizmente
não está presente neste momento da minha vida, por seus ensinamentos e
valores passados. Obrigado por tudo! Saudades eternas!
AGRADECIMENTOS
A minha família por todo apoio e compreensão, principalmente a esposa
Fernanda e minha filha Ana Carollina;
A direção colegiada do Sind-Justiça, que através do auxílio educacional
me permitiu concluir mais esta etapa em minha vida;
Aos amigos Alzimar Andrade, Augusto Acioli, Alessandro Salgado, Jorge
Aleixo, Felipe Loureiro e Alexandre Martinho, por todo apoio dispensado
para realização deste trabalho;
Ao jornalista Sandro Barros por disponibilizar farto material do seu
acervo sobre o tema estudado;
As professoras Mariana, coordenadora do curso de Gestão em RH e
Esther, orientadora deste trabalho.
EPÍGRAFE
“Ninguém pode fazer com que você
se sinta inferior sem o seu
consentimento. Você ganha forças,
coragem e confiança a cada
experiência em que você enfrenta o
medo, você tem que fazer
exatamente aquilo que acha que não
consegue”.
Eleanor Roosevelt
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso é um estudo detalhado sobre a
incidência de Assédio Moral no poder Judiciário do estado do RJ. Para este
estudo realizou-se uma pesquisa com os serventuários do Poder Judiciário,
além de ampla pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado, na intenção de
agregar o maior número de informação e conhecimento. Com este estudo pode
ser avaliado que a incidência de assédio Moral no TJRJ atinge índices
preocupantes, necessitando ser exercida por parte do sindicato da categoria
uma postura firme e atitudes preventivas no combate a este mal que assola os
serventuários.
Palavra-Chave: Assédio Moral – Poder Judiciário – Sindicato - Serventuários
SUMARY
This course conclusion work is a study about the Moral Harassment incidence
in the RJ's Judiciary power. For this study carried out a reserch wuth the clerks
of the judiciary, plus extensive bibliographic reserch about the theme, in
intention to add a larger number of information and knowledge. With this study
is possible to measures that the harassment incidence in the TJRJ reaches
concern indicies, needing to be exercised by the category syndicate a firm
stance and preventive measures in combat to this evil that is plaguing the
clerks.
Keywords: Moral Harassment - Judiciary - Syndicate - Clerk
METODOLOGIA
Para este trabalho foi realizado um estudo de casos minucioso com o
objetivo de analisar o assédio Moral no TJRJ e identificar suas causas.
“Estudo de Caso: consiste no estudo profundo e exaustivo de
um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e
detalhado conhecimento”. (GIL, Robledo Lima, 2008, pag.: 10).
Para este estudo foi realizada uma pesquisa descritiva, com perguntas
fechadas, de natureza quantitativa, com os servidores ativos do Poder
Judiciário do estado do RJ, devendo considerar-se uma população de
aproximadamente 13.730 (treze mil setecentos e trinta), valendo-se de uma
amostra de 3.125 (três mil cento e vinte e cinco) serventuários que
responderam ao questionário. Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica
com o objetivo de conhecer diferentes contribuições sobre o tema abordado.
ANEXOS
Anexo 1: Pesquisa ................................................................................... 36
Anexo 2: Termo de Autorização ............................................................. 37
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Sexo dos pesquisados ....................................................................... 27
Gráfico 2: Faixa etária dos pesquisados ........................................................... 27
Gráfico 3: Assédio Moral nas serventias ........................................................... 28
Gráfico 4: Desvio de função ................................................................................ 28
Gráfico 5: Já foi ofendido ou humilhado ........................................................... 29
Gráfico 6: Remoções arbitrárias ......................................................................... 29
Gráfico 7: Já sofreu assédio moral .................................................................... 29
Gráfico 8: Tipos de assédio sofrido ................................................................... 30
Gráfico 9: Sintomas do assédio.......................................................................... 31
Gráfico 10: Assediadores no TJRJ ..................................................................... 32
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
2.JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 17
3.OBJETIVO .................................................................................................... 18
3.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 18
3.2 Objetivo Específico .................................................................................. 18
4.Estudo de Caso ........................................................................................... 19
4.1. Descrição ................................................................................................. 19
4.1.1. Definição de Assédio Moral ................................................................. 19
4.1.2. O Assédio Moral no TJ ......................................................................... 20
4.1.3. Atitudes Tomadas e Ações Legais ..................................................... 24
4.1.3. O Sindicato na luta contra o assédio Moral ....................................... 25
4.2. COLETA DE DADOS ................................................................................ 26
4.3. RESULTADOS / ASPECTOS CRÍTICOS ................................................. 26
4.4. ANÁLISE CRÍTICA ................................................................................... 33
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 34
6.REFERÊNCIAS ............................................................................................. 35
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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1. INTRODUÇÃO
“Os sindicatos, cujo papel é defender os assalariados,
deveriam colocar entre os seus objetivos uma proteção eficaz
contra o Assédio Moral e outros atentados à pessoa do
trabalhador.” (Marie-France Hirigoyen, 2002)
Este trabalho tem como proposta abordar o Assédio Moral no Tribunal
de Justiça do RJ, buscando identificar os motivos do crescente aumento dos
números de denúncias de assédio que o sindicato da categoria recebe,
fazendo um minucioso estudo dos fatores que causam este assédio.
Humilhação contínua, perseguições e pressão para que se alcance
objetivos, passou a ser prática constante em diversas serventias do Poder
Judiciário, onde serventuários sofrem ameaças e são expostos diariamente a
situações vexatórias e indignas.
“Apesar de o setor público transmitir a impressão que tudo é
muito bom e maravilhoso “interno corporis” predominam
práticas abomináveis de Assédio Moral e de desvalorização do
servidor que muitas vezes sequer é visto como ser humano,
mas uma coisa em razão de pessoas que ocupam cargos
elevados terem perdido a noção do que é ser gente i.e.,
embora vivam no meio de seres humanos, sua psique
encontra-se posicionada no reino vegetal e animal – possuem
um corpo e um cérebro, mas ainda não atingiram o estado
humano”. (Vacchiano, 2007, pag.: 09)
A médica do trabalho Margarida Barreto, em sua tese de mestrado
Jornada de Humilhações define Assédio moral como:
“Assédio Moral é a exposição dos trabalhadores e
trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras,
repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no
exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam
condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais
subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o
ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistirem
do emprego”. (Barreto, 2000)
Um bom planejamento na área de Recursos Humanos é fundamental
para o combate a práticas de Assédio Moral, pois segundo o professor
Idalberto Chiavenato o clima organizacional tem influencia direta na motivação,
produtividade e satisfação dos colaboradores.
“O clima de uma organização influencia de maneira direta no
comportamento dos funcionários. Motivação, produtividade e
satisfação dos colaboradores são pontos próprios dos
procedimentos de cada empresa”. (Chiavenato, 2005, p.267)
Alzimar Andrade, Coordenador Geral do Sind-Justiça, afirma que
começa-se a perceber um número cada vez maior de servidores afastados por
problemas psicológicos. Para Alzimar, esse quadro é agravado porque os
juízes assediadores se sentem em uma classe superior, repleta de poder, e
têm uma espécie de garantia de não punição.
São crescentes no TJ/RJ os afastamentos médicos por motivos de
depressão, os pedidos de exoneração, e em casos mais extremos tentativas de
suicídios, por tanto o objetivo deste trabalho é estudar o assédio moral no
TJ/RJ e buscar junto ao sindicato, alternativas para combatê-lo e auxiliar as
vítimas.
Para o Sindicato dos Servidores da Justiça de Minas Gerais é
necessário saber identificar o Assédio Moral para poder combatê-lo, utilizando
uma abordagem que envolva profissionais qualificados, servidores e as
administra dos Tribunais.
“A meta é conscientizar a todos - trabalhadores e responsáveis
pela administração sobre a necessidade de se coibir esse
comportamento doentio, mostrando que existe um custo
econômico e social do assédio moral. É preciso, no entanto,
superar a falsa percepção sobre o assédio moral no trabalho, e
evitar a banalização do problema. Não é toda conduta que o
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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caracteriza. Não se trata simplesmente de uma forma dura de
chefiar. Contudo, é preciso identificá-lo para prevenir sua
ocorrência. Por isso - a fim de compreender, identificar e
enfrentar o problema - é importante uma abordagem
multidisciplinar, que envolva médicos, psicológos,
administradores, assistentes sociais, sindicalistas e outros
representantes dos funcionários do TJ.” (SERJUSMIG, 2008,
pag.: 19)
No serviço Público, principalmente nos Tribunais de Justiça, uma
possível certeza de impunidade acarretada pela falta de punições, parece ser
uma garantia para que os assediadores continuem a exercer atitudes perversas
e condenáveis. Somado a isto o fato dos funcionários públicos gozarem de
estabilidade, tende a agravar a situação, pois na impossibilidade de demitir o
funcionário o assediador passa a expô-lo a situações constrangedoras, na
tentativa de provocar uma renuncia ao cargo por parte do assediado.
“Neste ambiente, o assédio Moral tende a ser mais freqüente
em razão de uma peculiaridade: o chefe não dispõe sobre o
vinculo funcional do servidor. Não podendo demiti-lo, passa a
humilhá-lo e sobrecarregá-lo de tarefas inócuas ou não
repassa tarefas.” (SIND-JUSTIÇA-RJ, 2014, pag.: 05)
Esta atitude adotada por parte dos administradores dos Tribunais de
Justiça em relação à estabilidade dos servidores, relatada pelo SIND-JUSTIÇA,
também e compartilhada pelo SERJUSMIG, constatar no trecho transcrito
abaixo.
No serviço público, o assunto deve ser amplamente debatido,
pois apesar da estabilidade, o assédio se apresenta de formas
sutis: na avaliação de desempenho, nas progressões,
promoções, etc. Como não têm poder para demitir, chefes
passam a perseguir e humilhar e sobrecarregar o trabalhador
de tarefas inúteis. Chefes são, muitas vezes, nomeados por
relação de amizade ou parentesco e não por competência. Daí
por que podem se tornar arbitrários para compensar.
(SERJUSMIG, 2008, pag.: 19)
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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A falta de programas de treinamento no serviço público acarreta o
despreparo de alguns gerentes nestas repartições, gerando chefes autoritários,
que ao serem pressionados ao cumprimento de metas, não respeitam seus
subordinados, impondo-lhes situações perversas na tentativa de alcance
destas metas.
“No ambiente de trabalho público, historicamente alguns
servidores tornaram-se chefes e não oram preparados e/ou
capacitados para assumir a função e suas responsabilidades.
Além desse despreparo, apesar de hoje o chefe dispor de um
instrumento de avaliação de desempenho, existe uma cultura
incipiente de avaliação o que compromete ainda a gestão de
pessoas na organização. Essas peculiaridades do
funcionalismo público, somadas à dificuldade das pessoas de
lidar com pressões, a desresponsabilização de algumas chefias
e a carência de capacitação a favor das atitudes e
comportamentos positivos podem influenciar a ocorrência mais
freqüente, visível e marcante de assédio moral nas repartições
públicas.” (Fundação Ezequiel Dias, 2011, pag.: 04)
O assédio moral ocorre em grande proporção quando há espaço e
faltam limites objetivos, e neste aspecto os Tribunais de Justiça são propícios a
estas praticas, porém é preciso ter a consciência que estamos falando de um
aspecto organizacional, e não individual. Os serventuários são responsáveis
pela imagem da instituição em que trabalham, e para tanto necessitam de um
excelente clima organizacional, por isso é necessário implantar medidas que
identifiquem e combatam as causas do assédio. Para o SERJUSMIG essas
medidas devem abordar também através dos fatores jurídicos.
“O combate ao assédio moral deve englobar também o aspecto
jurídico. Seja na orientação dos direitos da vítima, seja na
instrução de como produzir provas, bem como no
acompanhamento das representações administrativas ou
medidas judiciais que venham a ser implementadas.”
(SERJUSMIG, 2008, pag.: 24)
Devemos ressaltar ainda, que estes aspectos jurídicos não atuam sobre
a causa do problema. Medidas jurídicas podem coibir o assediador a praticar o
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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assédio, mas é preciso um combate eficaz sobre os fatores que causam o
assédio nas repartições públicas.
O Assédio Moral constitui um perigo invisível, porém é um risco concreto
a saúde do trabalhador, principalmente ao servidor público que pela natureza
do seu labor já sofre uma pressão para que desempenhe um serviço de
qualidade, mesmo quando não lhe é fornecido condições adequadas para isto.
No que tange o Poder Judiciário do Estado do RJ, especificamente, existe uma
carência de funcionários, o que impõe aos serventuários uma enorme demanda
de serviço e por diversas vezes este servidor desenvolve doenças devido a
estas pressões, porém permanece calado, devido ao clima de terror implantado
por algumas chefias de serventias, que ameaça de remoção os servidores que
tirarem licenças médicas.
Freqüentemente os trabalhadores/as adoecidos são
responsabilizados as pela queda da produção, acidentes e
doenças, desqualificação profissional, demissão e conseqüente
desemprego. São atitudes como estas que reforçam o medo
individual ao mesmo tempo em que aumenta a submissão
coletiva construída e alicerçada no medo. Por medo, passam a
produzir acima de suas forças, ocultando suas queixas e
evitando, simultaneamente, serem humilhados. (SINFA, 2005,
pag.: 23)
Para um combate eficaz ao Assédio Moral nos Tribunais de Justiça,
devemos envolver os serventuários, os sindicatos da categoria, profissionais de
saúde, e as administrações dos Tribunais, na realização de medidas e
elaboração de programas de treinamentos, que busquem um ambiente de
interno saudável, com condições dignas de trabalho.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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2. JUSTIFICATIVA
A escolha deste tema se inspirou no fato de que é cada vez maior o
número de casos de Assédio Moral nas serventias do Tribunal de Justiça do
ERJ, por várias vezes chegando a situações críticas como o caso da Oficial
de Justiça de Niterói que se atirou do 6° andar do prédio onde reside
motivada pelo temor originado pela remoção, feita pelo TJ, contra sua
vontade para a mesma serventia, onde dois anos antes, ter sido vítima de
Assédio Moral. Felizmente a servidora sobreviveu, porém este caso mostra
a perversidade da prática do Assédio Moral, que traz consequências
danosas para o assediado, não só em suas atividades laborais, mas
também para sua vida social. Neste trabalho de conclusão do curso de
Gestão em Recursos Humanos será abordado o Assédio Moral no Tribunal
de Justiça, na esperança de poder ajudar as pessoas a identificarem as
causas deste assédio e alternativas para combatê-lo.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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3. OBJETIVO
3.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo sobre a prática de
Assédio Moral no Tribunal de Justiça do Estado do RJ, identificando as
principais consequências e em que situações ele ocorre.
3.2 Objetivo Específico
Sendo o Judiciário um ambiente dos mais propícios à prática do Assédio
Moral, devido sua característica estrutura hierárquica, agravada pela
implantação de programas de qualidade total, excessiva carga de trabalho e
falta de pessoal nas serventias. Por tanto visando atingir o objetivo geral, e
sabedor de que a prática do Assédio Moral tem consequências terríveis
para a vida do assediado, tanto no seu labor, quanto em sua vida social,
este estudo objetiva não só identificar a ocorrência desta prática, como
também levantar alternativas junto ao Sindicato dos Servidores do Poder
Judiciário, para combater e evitar esta malfadada prática nas serventias do
TJRJ.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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4. Estudo de Caso
4.1. Descrição
4.1.1. Definição de Assédio Moral
Sabedor de que a definição de saúde pela OMS (organização Mundial de
Saúde) é o bem estar físico, mental e social, não somente a ausência de
doença, podemos definir Assédio Moral como uma doença organizacional.
Para tanto é preciso antes de tudo definir o que é Assédio Moral. Segundo
Margarida Barreto1 em sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social,
Assédio Moral é:
“a degradação deliberada das condições do trabalho em que
prevalecem as atitudes e condutas negativas dos chefes em relação
aos seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que
acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a
organização”. (Barreto, Margarida, 2000)
Concordando com essa definição, a psiquiatra francesa Marrie France
Hirigoyen2 define por Assédio Moral:
“toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se, sobretudo, por
comportamento, palavras, atos, gestos, escritos, que possam trazer
dano à personalidade, à dignidade ou a integridade física de uma
pessoa, além de pôr em perigo seu emprego u degradar o ambiente
de trabalho”. Assédio moral: a violência perversa do cotidiano".
(HIRIGOYEN, Marie France, 2000)
O assédio Moral pode apresentar-se nas formas de ASSÉDIO
INTERPESSOAL, onde tem um alvo específico, envolvendo pessoalidade,
armadilhas, com foco na destruição do outro, e ASSÉDIO ORGANIZACIONAL,
que tem por foco o controle do coletivo, aparecendo na forma de pressão para
1 Margarida Barreto é pesquisadora do assunto e médica do trabalho.
2 Marie France Hirigoyen é psiquiatra francesa, considerada a maior expoente de nível
internacional na questão de assédio Moral.
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cumprimento de metas e determinações; distribuição indiscriminada de
gratificações e chefias de serviço, que se tornam um instrumento de
manipulação de poder; concessão de cargos com base em favoritismo entre
outros.
Segundo Margarida Barreto (2000), tanto o assédio interpessoal, quanto o
organizacional, podem se manifestar das seguintes maneiras:
DESCENDENTE (de cima para baixo) – Praticado por um superior
imediato (Supervisor, Diretor, Coordenador, Secretário, Escrivão, Juiz,
Promotor) para com seus subordinados, geralmente é o caso com maior
ocorrência.
ASCENDENTE (de baixo para cima) - Cometido pelos funcionários
contra quem possui o cargo de chefia, geralmente com o intuito de
derrubá-lo.
HORIZONTAL (entre colegas de mesma posição hierárquica) –
Geralmente praticado por quem apesar de não possuir cargo de chefia
exerce uma liderança no local de trabalho, seja por ser mais antigo, seja
por possuir parentesco ou proteção da chefia.
MISTA (pessoas de várias hierarquias agem contra um mesmo alvo) –
Ocorre quando vários integrantes do meio de trabalho se unem para
excluir uma determinada pessoa, ou um determinado grupo de pessoas.
4.1.2. O Assédio Moral no TJ
O Assédio Moral no TJ se manifesta de várias formas, muito por não existir
critérios claros e objetivos para punição aos agressores, muito menos uma
política de Recursos Humanos, voltada a prevenção e conscientização desta
prática. No Poder Judiciário, o assédio geralmente ocorre na relação entre o
subordinado e seus superiores, porém não é a única forma em que ele se
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apresenta, mas sempre de maneira repetida e prolongada, desestabilizando a
relação da vítima com o ambiente de trabalho.
O serviço público em geral é um ambiente propício para o surgimento de
práticas de assédio, principalmente no Poder Judiciário, onde a sua estrutura
de cargos e hierarquia propicia o surgimento desta prática, uma vez que
segundo relatos de vários serventuários, os magistrados de quem esperamos
equilíbrio, serenidade e, sobretudo, justiça em suas atitudes, por diversas
vezes são os assediadores, com atitudes autoritárias, prepotentes, e
perseguições aos seus subordinados, como relatou a funcionária do Tribunal
de Justiça de Minas Gerais Flávia Felício Silva, em entrevista a Revista Isto É,
onde afirma ter sido perseguida pelo juiz enquanto trabalhou como escrivã
judicial.
“Além do meu trabalho, eu era obrigada a fazer despachos
para o juiz, que é atribuição dos estagiários, e trabalhava das
7h às 22h”, que disse ainda ouvir constantemente deste Juiz
que fedia, era gorda e irresponsável, e que ninguém podia falar
não para ele, chegando a ser proibida de entrar no gabinete, e
tendo sofrido cinco processos administrativos por parte deste
mesmo Juiz. (Revista Isto É, n° 2315, 2014, pag.: 61).
Segundo relato dos diretores Sind-Justiça, as principais formas em que se
manifesta o Assédio Moral no TJ, são através de nomeação de chefias pelo
critério de apadrinhamento, remoções arbitrárias, desvio de função, que obriga
os servidores a realizarem o serviço de juízes, exigência de cumprimento de
metas inatingíveis, falta de pessoal nas serventias, e abuso de poder por parte
dos magistrados.
O caso da oficial de Justiça Márcia Elisa Barroso, serve de exemplo desta
prática comum no TJRJ, pois chegou a um nível extremo. A funcionária atirou-
se do sexto andar do seu prédio em que reside, após ter sido removida, contra
a sua vontade, para a mesma serventia onde anos antes junto com um grupo
de 12 servidores, abriu um processo administrativo para denunciar o assédio
moral praticado pela chefia da Central de Mandados do Fórum de Alcântara,
em São Gonçalo, e pedir remoção coletiva. Segundo a serventuária, o tempo
era restrito para cumprir o número de mandados exigidos, a diretora colocava
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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os funcionários uns contra os outros no momento de definir plantões e quando
alguém não dava conta do trabalho ela humilhava e gritava com a pessoa na
frente de toda a equipe. Márcia conseguiu se transferir para comarca de
Niterói, mas em novembro de 2013 ela foi removida para a mesma comarca
onde havia sofrido o assédio relatado, fato que a levou a cometer a tentativa de
suicídio. (Revista Fala Sind-Justiça, nº 13, Fevereiro 2014)
Para o serventuário do TJRJ Renato Ferraz3, existe hoje no Tribunal de
Justiça uma valorização das metas, que acarreta um individualismo, tendo sido
este programa de metas elaborado sem critérios de bom-senso, e em muitas
das vezes inatingíveis, pelo grande volume de trabalho, seja por falta de
pessoal, gerando pressões excessivas sobre o funcionário, e tornando-se
terreno fértil para prática do Assédio Moral. Renato Ferraz em seu estudo
Aspecto Jurídico do Assédio Moral, cita algumas frases ditas com frequência
nas serventias do TJRJ que reforçam este pensamento e caracterizam o
Assédio Moral. São frases como:
“ Puxa, fulano, como é que deve ser a casa de vocês, não
estou encontrando nenhum processo “.
“ Do jeito que você está indo , não vai ser aprovado no estágio
experimental “
“ Puxa, fulano, como você erra !”.
“ Você é o pior servidor do cartório “
“ Vamos trabalhar: quem não quer trabalhar e que não está
satisfeito, que peça exoneração e vá fazer outro concurso
público. “
Que doença profissional que nada... O que na verdade a fulana
tem pessoal, sabem o que é?? Ela tem é....Ela tem
é....lerdeza!!!!
“ Processamento em dia, é no dia “
“ Me poupe ...faça concurso para juiz “
3 RENATO FERRAZ é Analista Judiciário do TJRJ, ex-diretor jurídico do Sind-Justiça, e
professor de Direito Constitucional e Administrativo.Professor da Escola de Administração
Judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro,(ESAJ).
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
23
(Ferraz, Renato, 2012, P. 09)
Uma das formas de Assédio Moral mais relatada pelos serventuários do
Poder Judiciário está relacionada ao desvio de função, que segundo relatos da
direção do sindicato da categoria atinge praticamente a todas as instancias do
TJ.
Segundo a advogada Luciana de Souza Silva, existe o desvio de função
quando:
“o trabalhador exerce atividades que correspondem a um outro
cargo, diferente ao que foi pactuado, contratualmente, e de
forma habitual, ou seja, ocorre quando ele é contratado para
exercer determinada função e acaba por realizar atividades de
outra”. (Silva, Luciana Souza, Acúmulo e desvio de função,
qual a diferença?, Em: <http://www.andradecamara.com.br/
informativo_ver.php?olhar=27>, acessado em 10 de maio de
2014).
O desvio de função nos Tribunais de Justiça tem se tornado um agravante
a saúde ao trabalhador, o que acarretou uma preocupação do Conselho
Nacional de Justiça – CNJ, que determinou por unanimidade aos Tribunais de
Justiça das 26 unidades da Federação a imediata instauração de processos
administrativos junto a suas respectivas Corregedorias Gerais para apurar e
regularizar situações que envolvam desvio de função de seus servidores.
“O desvio de função provoca nefasto efeito para a estrutura
organizacional do tribunal, pois, além de ser prejudicial para o
bom gerenciamento do primeiro grau de jurisdição, por vezes
com a elevação da taxa de congestionamento processual, pode
também adiar concursos públicos e novas nomeações, sendo
tal ação danosa para a estratégia de gestão que o órgão
necessita”. (Ciooci, Deborah, Tribunais de Justiça deverão
apurar e corrigir casos de desvio de função de servidores, Em:
<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/28439>, Acessado em: 12 de
maio de 2014).
Diferenciando-se do setor privado, o Assédio Moral aos serventuários do
Poder Judiciário, causa um transtorno psicológico a mais, pois devido a sua
estabilidade e impossibilidade de demiti-los, o assediador procura criar
situações tão degradantes que leva o assediado a um terror psicológico e
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dilema particular, ou continua se sujeitando a situações degradante de
trabalho, ou abre mão de todo esforço dispensado para passar em um
concurso público e pede exoneração do cargo. Segundo pesquisa realizada
pela revista Francesa Rebondir, especializada em relações trabalhistas, as
instituições públicas apresentam um grande índice de suicídio por Assédio
Moral. Para o Sind-Justiça isto se dá pela falta de uma política de plano de
carreira, inexistência de projetos de qualificação, falta de critérios objetivos
para cargos de chefia, o que possibilita os apadrinhamentos, onde o
assediador por não poder demiti-lo, passa a tomar duas medidas, promove
humilhações e sobrecarrega o serventuário de tarefas, ou o isola não o
repassando nenhuma tarefa.
4.1.3. Atitudes tomadas e Ações Legais
Existem hoje, mais de 80 projetos de Lei em todo país que visam combater
o Assédio Moral, e há no Congresso Nacional diversas propostas de alteração
do Código Penal e outros projetos de lei, dentre as quais se destaca:
PEC 190 - O Estatuto Nacional dos Servidores do Poder Judiciário,
objeto da proposta de Emenda à Constituição nº 190-A, de 2007, poderá
trazer para o Poder Judiciário a regulamentação sobre o Assédio Moral.
Projeto de Lei (PL) 4742/2001 - Inclui como Assédio Moral no Trabalho
a desqualificação por meio de palavras, gestos ou atitudes, a auto-
estima, a segurança ou a imagem do servidor público ou empregado em
razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral.
Protocolo da FENAJUD (Federação Nacional dos Servidores do
Judiciário) junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de uma Petição
sobre os diversos casos de Assédio Moral no Judiciário.
Requerimento Administrativo do Sind-Justiça, junto ao TJRJ,
requerendo a formação de uma comissão mista para avaliar a incidência
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
25
de assédio moral em todas as comarcas e a imediata implementação de
uma política de institucional contra o Assédio Moral, com regras que
visem à punição aos assediadores.
Lei n° 3921, de 2002 do Estado do RJ – Veda o assédio moral no
trabalho, no âmbito dos órgãos, repartições ou entidades da
administração centralizada, autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista, do poder legislativo, executivo ou
judiciário do estado do rio de janeiro, estando o infrator sujeito a
advertência, suspensão e/ou demissão.
Determinação do CNJ para instauração de processo administrativo
junto às respectivas Corregedorias Gerais de Justiça dos 26 Tribunais
de Justiça da Federação para apurar e regularizar todas as situações
que envolvam desvio de função de seus servidores.
4.1.4. O Sindicato na luta contra o assédio Moral
É de obrigação do sindicato elaboração de medidas que expliquem o
que é Assédio Moral, identifiquem suas causas, e combatam suas práticas,
sempre envolvendo a categoria a qual representam e as administrações.
“A luta contra o assédio moral é uma luta política do sindicato,
encampada tanto pela diretoria como pelos servidores, pois,
somente unidos seremos fortes para conseguir um ambiente de
trabalho que não cause adoecimento ao trabalhador. Somente
a partir das denúncias, o sindicato pode agir, constatando a
existência da prática do assédio moral, como é feito, e por
quem é executado. Cabe ao sindicalista ter conhecimento de
procedimentos que atentem contra a dignidade e a saúde do
trabalhador, interpelar os responsáveis, formular
representações à corregedoria, ao CNJ e até mesmo à justiça
cível, na questão do dano moral. Agir é decerto não só ajudar
às vítimas a se tratar e reparar o mal que lhe fizeram, mas,
tomar medidas concretas para fazer cessar tais
comportamentos e, sobretudo modificar os contextos que os
propiciaram”. (Jornal Expressão Sinjus, nº 164, 2008, pag.: 18).
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O Sind-Justiça tem realizado ações efetivas no combate ao Assédio
Moral praticado no TJRJ, como debates, confecção de revista especializada no
tema, panfletagens, intervenções junto à administração do TJRJ, realização de
ato público, assessoria jurídica campanha publicitária com outdoors em
diversos municípios do estado, buscando orientar e conscientizar sobre os
danos provocados pelo Assédio Moral. Segundo relato do Coordenador Geral
do Sind-Justiça, Alzimar Andrade, os primeiros resultados da campanha já
surgiram, com vários serventuários procurando o sindicato para denunciar
casos de Assédio Moral.
4.2. Coleta de dados
A coleta de dados caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, tem
como população de aproximadamente 13.730 (treze mil setecentos e trinta)
serventuários, valendo-se de uma amostra de 3.125 (três mil cento e vinte e
cinco) serventuários que responderam ao questionário.
Trata-se de pesquisa de natureza quantitativa, composta por perguntas
fechadas com os serventuários ativos do Poder Judiciário do estado do RJ.
4.3. Resultados / Aspectos Observados
A amostra utilizada para este estudo compõe-se de 3.125 serventuário
do TJRJ que estão no efetivo exercício do cargo, abrangendo todas as
comarcas do estado. Inicialmente, buscou-se elaborar o perfil dos sujeitos da
pesquisa. Neste sentido, quanto ao sexo, observou-se que 62,2% são do sexo
feminino e 37,8% são do sexo feminino.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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Gráfico 1: Sexo dos pesquisados
A apuração de dados relativos a faixa etária indica que a maioria dos
serventuários estão compreendido entre as faixas etárias de 41 à 55 anos
(57,28%) e 26 a 40 anos (26,81%)
Gráfico 2: Faixa etária dos pesquisados
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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Quando perguntados sobre a existência de Assédio Moral na serventia
de lotação, pode-se observar dentre os serventuários que responderam a
pesquisa, um alto índice de assédio Moral nas serventias do TJRJ, chegando a
55,68%, índices que se repetem elevados quando questionados se já sofreram
desvio de função ou se já foram humilhados no atendimento ao balcão pelos
advogados ou partes dos processos, sendo 58,53% e 54,94% respectivamente
e 79,62% relatou que já foi removido contra sua vontade, o que podemos
conferir nos gráficos a seguir.
Gráfico 3: Assédio moral nas serventias Gráfico 4: Desvio de função
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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Gráfico 5: já foi ofendido ou humilhado Gráfico 6: Remoções arbitrárias
Estes itens da pesquisa servem como indicadores da existência de
Assédio Moral no TJRJ, e mais comprovam que estamos lidando com um
grave problema, fato que se comprova quando perguntados se já sofreram
algum tipo de Assédio Moral, onde contatamos que 44,575 dos entrevistados
afirmaram já ter sofrido.
Gráfico 7: Já sofreu assédio moral
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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Na tentativa de identificar quais as principais práticas de Assédio Moral
cometida no TJRJ, foi perguntado aos que responderam que já sofreram o tipo
de Assédio sofrido. O resultado apontou que as maiores causas são o excesso
de trabalho (66,04%), remoções arbitrárias (45,72%) e perseguições (34,52%),
o que pode ser conferido no gráfico abaixo.
Gráfico 8: Tipos de assédio sofrido
Perda de Direitos: 81 (5,8%)
Pressão Excessiva: 301 (21,60%)
Discriminação: 92 (6,6%)
Perseguição: 481 (34,52%)
Excesso de Trabalho: 920 (66,04%)
Descaso: 12 (0,08%)
Humilhação: 248 (17,80%)
Cobrança excessiva: 309 (22,18%)
Mentiras: 401 (28,78%)
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Remoção Arbitrária: 637 (45,72%)
Punição por erro da Chefias: 37 (2,65%)
Outros: 247 (17,73%)
Obs: Neste item, a amostra é de 1.393 servidores, quantidade dos que
declararam na pergunta anterior, ter sofrido assédio moral.
Obs2: Os percentuais extrapolam os 100% porque os servidores podiam
marcar mais de uma opção.
Quando buscamos apurar dentre os que relataram sofrer Assédio os
efeitos que este assédio provoca sobre o assediado, observamos como prática
mais comum a insônia e a depressão com 17,94% e 10,55% respectivamente,
porém deve-se relatar que a grande maioria (70,73%) relatou sofrer mais de
um sintoma, conforme gráfico abaixo.
Gráfico 9: sintomas do assédio
Depressão: 147 (10,55%)
Alcoolismo: 8 (0,57%)
Insônia: 250 (17,94%)
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Pensamentos/tentativa de suicídio: 3 (0,23%)
Mais de um problema: 985 (70,73%)
Na tentativa de identificar os assediadores, foi perguntado quem é que
pratica Assédio no TJRJ, onde grande parte relata que existe mais de um
assediador (29,28%) e a administração do TJRJ (25,06%). Porém o que mais
chama atenção neste indicador é que a maioria relatou não saber quem
comete este Assédio (31,52%), isto se dá muito pelo fato das pessoas não
terem esclarecimentos e informações sobre o Assédio Moral.
Gráfico 10: Assediadores no TJRJ
Administração do Tribunal: 783 (25,06%)
Chefe: 252 (8,06%)
Direção do Fórum: 10 (0,3%)
Colega: 36 (1,1%)
Conjunto de colegas: 48 (1,5%)
Mais de um assediador dos citados cima: 915 (29,28%)
Não sei/Não respondeu: 985 (31,52%)
Ninguém: 96 (3,18%)
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4.4. ANÁLISE CRÍTICA
A realização do trabalho constituiu em analisar de maneira clara, objetiva e
produtiva, a o Assédio Moral no TJRJ, verificando como ele se desenvolve e
qual o impacto que provoca no assediado, procurando primeiro definir o que é
Assédio Moral, como ele ocorre no âmbito do TJRJ e seus principais efeitos
sobre o assediado.
Segundo o bacharel em direito, Inácio Vacchiano, diferentemente do que
acontece com os riscos físicos e químicos de determinados ambientes de
trabalho (como exposição à poeira e gases que provocam doenças pulmonares
ou más condições de segurança, que aumentam os acidentes de trabalho), a
pressão psicológica não é materializável. É impossível medi-la, a não ser a
partir de suas conseqüências sobre a mente e o corpo de quem trabalha.
Assim, o assédio moral constitui uma conduta grave, com reflexo no indivíduo e
profundos transtornos nas relações e condições de trabalho (Inácio Vacchiano,
2007, P. 65).
Neste sentido, a proposta deste estudo foi investigar a existência do
Assédio Moral aos trabalhadores do TJRJ, que pode ser considerada
preocupante, uma vez que apresentou um alto índice de incidência, onde cerca
de 45% afirmaram já ter sofrido Assédio Moral no exercício de sua atividade
laboral.
Os objetivos específicos desta pesquisa foram contemplados, a partir
das informações obtidas com a coleta de dados. Onde se procurou identificar
as causas e efeitos deste assédio, apurando-se que remoções arbitrárias,
desvios de função e excesso de trabalho são as principais formas de Assédio
Moral praticadas no TJRJ.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste estudo, pretende-se oferecer uma contribuição
ao sindicato da categoria na elaboração de práticas que visem a discussão do
tema, e da criação de políticas voltadas para a informação, educação e,
sobretudo, prevenção do assédio moral.
Diante de tudo que foi exposto, este trabalho de conclusão de curso
assegura que o assédio moral é extremamente danoso à condição saúde do
trabalhador e ratifica a importância da participação do sindicato da Categoria
no combate a esta prática.
Como reflexão final é necessário fazer um alertar para os altos índices de
serventuários que declararam sofrer Assédio Moral em seu labor no Tribunal de
Justiça do RJ, chamando a atenção para a necessidade de se divulgar mais
informações sobre o Assédio Moral, já que o TJRJ se caracteriza como um
palco privilegiado para este tipo de prática.
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6. REFERÊNCIAS
BARRETO, Margarida. Uma jornada de Humilhações, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando com as pessoas, 2005.
CIOOCI, Deborah, Tribunais de Justiça deverão apurar e corrigir casos de
desvio de função de servidores, Em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/28439>,
Acessado em: 12 de maio de 2014.
FERRAZ, Renato. Aspectos jurídicos do Assédio Moral, 2012.
FUNDAÇÃO EZEQUIEL DIAS. Prevenção ao assédio Moral, 2011.
GIL, Robledo Lima. Tipos de pesquisa, 2008.
HIRIGOYEN, Marie France. Assédio moral - a violência perversa no cotidiano,
2002.
JORNAL EXPRESSÃO SINJUS. nº 164, 2008.
REVISTA FALA SIND-JUSTIÇA, nº 13, Fevereiro 2014.
REVISTA ISTO É. n° 2315, 2014.
SERJUSMIG. Combate ao Assédio Moral na Administração Pública, 2008.
SILVA, Luciana Souza, Acúmulo e desvio de função, qual a diferença?, Em:
<http://www.andradecamara.com.br/ informativo_ver.php?olhar=27>, acessado
em 10 de maio de 2014.
SINFA. ASSÉDIO Moral e Sexual no trabalho, 2005.
Site Assédio Moral. Em: < http://www.assediomoral.org>, acessado em 08 de
maio de 2014.
VACCHIANO, Inácio. Assédio Moral no serviço público, 2007.
O Assédio Moral no Tribunal de Justiça do RJ
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ANEXOS Anexo 1: Pesquisa
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Anexo 2: Termo de Autorização
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