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Facultad de Ciencias Psicológicas Universidad Argentina John F. Kennedy
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Artículos y Ensayos
A ASCENSÃO DA NEUROEXPLICAÇÃO
LUÍS CARLOS FREIRE
RESUMO
Este ensaio se constitui de três grandes blocos. Na
Introdução, apresentamos uma breve revisão dos
principais eventos que fundamentaram uma nova
Ciência da Aprendizagem, a partir do
desenvolvimento da Neurociência no final do
século XX. No segundo bloco fazemos um
sobrevoo sobre o impacto desse desenvolvimento
nas Ciências Humanas, notadamente Economia e
Psicanálise. No terceiro bloco abordamos a
aplicação da Neurociência nos processos
educacionais, como Neuroaprendizagem
Palavras Chaves: Ciência da Aprendizagem;
Neurociências; Neuroaprendizagem.
EL ASCENSO DE LA NEUROEXPLICACIÓN
RESUMEN
Este ensayo contiene tres grandes bloques. En la
introducción, se presenta una breve revisión de los
principales acontecimientos que justifican una
nueva ciencia del aprendizaje, del desarrollo de las
Neurociencias a finales del siglo XX. En el segundo
bloque hacemos un vuelo sobre el impacto de este
desarrollo en las ciencias humanas, especialmente
Economía y Psicoanálisis. En el tercer bloque se
discute la aplicación de la Neurociencia en los
procesos educativos, como Neuroaprendizagem.
Palabras Claves: Ciencia del aprendizaje;
Neurociencias; Neuroaprendizaje
THE RISE OF NEUROEXPLANATION
ABSTRACT
This essay constitutes of three large blocks. In the
introduction, we present a brief review of the
main events that substantiate a new science of
learning, from the development of Neuroscience
at the end of the 20th century. In the second block
we make a fly-past on the impact of this
development in the human sciences, especially
Economics and Psychoanalysis. In the third block
we discuss the application of Neuroscience in
educational processes, as Neurolearning.
Kay Words: Science of learning; Neurosciences;
Neurolearning
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Introdução
Um dos campos mais excitantes do mundo é a pesquisa do cérebro.
Manter o ritmo com a explosão de pesquisas sobre o cérebro ao longo
das últimas duas décadas tem-se revelado um desafio (Jensem, 2008,
p. xii).
Durante os Séc. XVI a XX, a Ciência estabeleceu as bases de
conhecimento do mundo material, fundamentado na Física e nas diversas
disciplinas científicas dela derivada. Esse empreendimento ainda não terminou, e
talvez nunca venha a terminar, mas hoje já temos sólidas informações sobre a
origem e constituição do universo e da matéria (teoria do Big Bang; mecânica
quântica, teoria das cordas, multiversos, etc). Também adquirimos um bom nível
de conhecimento sobre a origem da Vida e das Espécies Biológicas, com a teoria
da evolução, de Darwin.
Todavia, a Mente e o Cérebro constituíam uma “caixa preta”. Até cerca de
vinte anos atrás, não tínhamos acesso ao cérebro “vivo”. Tudo que sabíamos
sobre o cérebro era derivado de análises dos cérebros “mortos” e, na maioria das
vezes, de pessoas que tiveram alguma deficiência cerebral, como os famosos
Phineas Gage no século XIX (que mudou de personalidade após um acidente
cerebral) e HM (Henry Molaison), no século XX (que perdeu a capacidade de
memorizar, vivendo num eterno presente inferior a um minuto, após uma cirurgia
cerebral (Damásio, 1996; Alonso, 2013). Em face dessa realidade, a Psicologia se
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baseava principalmente em insights e teorias sobre a Mente – apesar das
controvérsias (ainda existentes) sobre o significado de “Mente”, o que gerou as
inúmeras correntes e escolas de pensamento sobre esse fenômeno. Hoje
podemos perceber a fantástica percepção de pioneiros como Piaget, Vygotsky,
Leontiev, Ausubel e Wallon na Educação; Luria, Wundt, Freud, Jung e Skinner na
Psicologia, e muitos outros (Cosenza & Guerra, 2011).
No final do século XX e início do XXI, o avanço nas técnicas de obtenção de
imagens permitiu o desenvolvimento do que passou a ser conhecido como
“imageamento cerebral”: técnicas não invasivas que permitem observar o
funcionamento do cérebro vivo com uma riqueza de detalhes antes inexistentes.
Agora podemos “ver” como diferentes partes do cérebro se conectam e/ou se
ativam quando a pessoa enfrenta determinadas tarefas (Jones, 2014, Alonso,
2013); isso deu grande impulso à Neurociência, confirmando muito dos insights
desses grandes pioneiros. Penso que o esforço para conhecermos o fenômeno da
Mente Humana e seu substrato material - o Cérebro (Damásio, 2011; Ffytche,
2015) fará com que no século XXI a Neurociência substitua a Física como ciência
dominante na pesquisa e avanços científicos.
Nos últimos 50 anos os avanços do conhecimento sobre o Cérebro foram
extraordinários, gerando uma série de novas disciplinas ou dando uma nova
roupagem a antigas. Surgiram as disciplinas “neuro...” Neuropsicologia,
neuropsicanálise, neuroeconomia, neuroaprendizagem, neuroeducação, etc.
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Destacamos a seguir alguns acontecimentos desse período (Tokuhama-Espinosa,
2011, Bradford et al., 2000).
1973 – É lançado o que muitos consideram o primeiro livro sobre
Neurociência: Working Brain: An Introduction to Neuropsychology, de Luria;
1980’s – O Cérebro adquire um status mais nobre, como substrato material
que permite a existência da Mente. Descartes é questionado em sua
proposta de separar Mente e Cérebro (como parte do corpo). Não há dois
objetos: corpo e mente. Existe apenas um: corpomente (Callegaro, 2011);
1983 – É lançado o Livro: Human Brain, Human Learning, de Leslie Hart.
Uma das primeiras tentativas de explicar a Aprendizagem a partir do órgão
que a possibilita. A autora critica fortemente as práticas tradicionais de
ensino, as quais para ela atrapalham o desenvolvimento cognitivo do aluno;
1990 – Em face da incapacitação para o trabalho e dos altos custos
gerados pelas doenças neurológicas aos planos de saúde, o Congresso
Americano aprovou uma lei destinando recursos e criando benefícios para a
investigação científica do cérebro, instituindo a “Década do Cérebro”:
1990/1999 (Bradford et al, 2000);
1990’s – Desenvolvimento da Neurotecnologia e do Imageamento Cerebral;
1991 – É lançado o livro “Making Connections: Teaching and the Human
Brain”, de Caine & Caine, no qual é proposto “Os 12 Princípios de
Aprendizagem Cerebral”. Os autores dizem (p. 4): A aprendizagem baseada
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no cérebro... envolve conhecer as regras do cérebro para uma
aprendizagem significativa e organizar o ensino com essas regras na
mente.
1999 – A OECD (Organization for Economic Cooperation and Development)
lança seu projeto Brain and Learning, através do seu Centro para Pesquisa
e Inovação Educacional (CERI, em inglês). Em 2002 os resultados obtidos
na primeira fase do projeto são publicados no livro Understanding the Brain:
Towards a New Learning Science, traduzido e publicado em 2003: em
espanhol pela Editorial Santilana do
México e em Português pela editora
do SENAC, no Brasil.
2000 – A National Academy of
Science publica o livro How People
Learn: Brain, Mind, Experience, and
School: Expanded Edition, apresentando os “resultados do trabalho de dois
comitês da Commission on Behavioral and Social Sciences and Education
of the National Research Council”, (Bradford et al, 2000). cujo objetivo era
“como melhorar o link dos achados
de pesquisas da Ciência da
Aprendizagem com as práticas atuais
em sala de aula”
Figura 1 – Partes do Cérebro Humano.
Imagem livre, disponível em:
http://es.dreamstime.com/foto-de-archivo-
libre-de-regal%C3%ADas-cerebro-humano-
image24746545; acessada em 11/02/2016
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Séc. XXI – O Cortex Pre Frontal assume sua posição proeminente: de
“lobos silenciosos”, para “lobos executivos”, sede dos processos de escolha
e decisão, específicos da espécie humana (Goldberg, 2002).
O Cérebro Humano pesa menos de 2% do total do Corpo. Consome cerca de
25% da energia que mantém o corpo vivo e funcionando (65% no recém-nascido);
ele é composto de células específicas, chamadas neurônios: são cerca de 86
bilhões.
Cada neurônio pode se comunicar com milhares de outros, simultaneamente.
Esse processo de comunicação entre neurônios, as “sinapses”, pode atingir a
velocidade de até 360 km/h, formando redes que podem ultrapassar a cifra de 2 x
1014 neurônios; é dessas redes que surge a Mente humana; o sistema mais
complexo de todo o Universo conhecido (Goldberg, 2002).
A Neurociência e o Comportamento Humano
Os avanços realizados pela Neurociência têm beneficiado várias disciplinas
científicas associadas ao comportamento humano. Uma dessas disciplinas é a
Neuroeconomia, que realizará em junho/2016 a 12ª Neuro Psycho Economics
Conference. A Neuroeconomia busca explicar o comportamento humano reunindo
conhecimentos de Neurociência, Economia e Psicologia. O que faz com que
algumas pessoas tomem melhores decisões que outras pessoas? Porque
podemos ser bons para decidir sobre determinados caminhos ou produtos, mas
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não sobre outros, e cada ser humano tem um perfil de “ser bom” ou “ser fraco”
absolutamente individual? Porque o risco atrai algumas pessoas e paralisa
outras? O Economista Vernon Smith e o Psicólogo Daniel Kahneman dividiram o
Prêmio Nobel de Economia de 2002, por seus trabalhos no que passou a ser
conhecido como “Economia Comportamental”, que trata desses temas (Garcia,
2002). Todavia Kahneman vem abordando a Psicoeconomia há bastante tempo.
Em 1981, ele e Amos Tversky publicaram um artigo seminal: The Framing of
Decisões and the Psychology of Choice (Tversky & Kahneman, 1981), o qual foi
um dos trabalhos que inspiraram Steven Pinker a escrever “Como a Mente
Funciona”, já mais abastecido com os avanços da Neurociências (Pinker, 2014).
Grosso modo, a Psicologia pode ser considerada como a Ciência do
Comportamento Inconsciente: ela busca entender e descrever as razões
inconscientes do comportamento humano; enquanto que a Economia pode ser
considerada como a Ciência do Comportamento Consciente: ela busca entender e
descrever o comportamento admitindo que o ser humano age racional e
conscientemente: ele avalia as consequências de seu comportamento à luz de
suas necessidades conscientes - a chamada “teoria da utilidade”. Todavia, uma
coisa é identificar as áreas cerebrais responsáveis por determinados tipos de
comportamento (exemplo: o sistema límbico para reações de medo); e outra coisa
é poder prever com precisão o que vai acontecer se determinados fatores forem
acionados – fundamento da alta previsibilidade na Física, mas não na Psicologia
ou na Economia. As acusações que pesam sobre essas duas disciplinas
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científicas, às quais muitos negam a cientificidade, têm o mesmo fundamento:
ambas lidam com o comportamento humano – e ele é altamente imprevisível:
pode ser explicado “a posteriori”, mas não pode ser previsto “a priori”, com a
exatidão das ciências físicas.
Os processos de gestão empresarial, que envolvem sentimento de
pertencimento, liderança, motivação, também estão se beneficiando dos estudos
neurocientíficos, a partir do desenvolvimento do Neuromanagement, uma
disciplina proposta por um acadêmico chinês, Qing-Guo Ma, Diretor do
Management Laboratory da Zhejiang University (China). Na América Latina, a
Editora Granica, de Buenos Aires, lançou em 2008 o livro Neuromanagement de
Nestor Braidot1, em quatro capitais: México, Santiago, Montevideo e Buenos Aires.
Neuropsicanálise
Por sua vez, a parceria entre Psicanálise e Neurociência vem ganhando
terreno como um campo fértil e promissor para ambas as disciplinas. Eric Kandel é
um ardoroso defensor dessa parceria. Kandel é neurocientista ganhador do
Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2000 pelas suas pesquisas sobre a
memória, historiadas no livro Em Busca da Memória, lançado nos USA em 2006 e
no Brasil em 2009. É também autor de Psichiatry, Psichoanalysis and the New
Biology of Mind, (2005), uma ampliação de seu artigo de 1999 Biology and the
1 Professor na Universidade Nacional de General Sarmiento, Argentina.
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future of psychoanalysis: a new intellectual framework for psychiatry, lançado no
Brasil em 2003 (Kandel, 2003)
Vilayanur Ramacharandam (2012), considerado por Richard Dawkins como
“o Marco Polo” da Neurociência e chamado por Eric Kandel de “Paul Broca
moderno” (Center for Brain and Cognition, s/d) é outro Neurocientista de renome
que buscou convergências entre a Neurociência e a Psicanálise. Em 1994 ele
publicou o artigo Phantom limbs, neglect syndromes, repressed memories and
Freudian Psychology, considerado por alguns pesquisadores como a primeira vez
em que se propôs o uso de feedback visual espelhado para acelerar a
recuperação de acidente vascular cerebral (Ramachandran, 1994).
NeuroAprendizagem.
Astutos educadores estão aplicando os resultados (das pesquisas em
Neurociência) com crescente sucesso. O resultado é uma abordagem
de aprendizagem que está mais alinhada com a forma como o cérebro
aprende naturalmente melhor. Este dramático novo paradigma,
conhecido como “cérebro-compatível” ou “educação baseada no
cérebro”, surgiu com fortes implicações para os professores e
aprendizes de todo o mundo... (dando suporte)... ao nosso
entendimento da relação entre a aprendizagem e o cérebro . Ao integrar
o que hoje sabemos sobre o cérebro com as práticas de ensino padrão,
a Aprendizagem Baseada no Cérebro sugere maneiras que podem
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transformar as instituições de ensino em verdadeiras organizações de
aprendizagem (Jensem, 2008, p. xii).
Na Europa e Estados Unidos, os estudos sobre a Aprendizagem Baseada
no Cérebro (Brain Based Learning) têm gerado inúmeros artigos e conferências.
Todavia, o processo de ensino no Brasil, em seu dia a dia ainda continua afastado,
em grande extensão, dos achados da neurociência sobre como o Cérebro
funciona. O professor tem por meta gerar aprendizagem em seu aluno; e o órgão
onde a aprendizagem se realiza e consolida é o Cérebro. Todavia, os achados da
neurociência sobre como o cérebro realiza a aprendizagem ainda está longe do
dia a dia do professor em sala de aula. E não estou falando de uma ou outra
instituição específica: estou me referindo ao processo de ensino como um todo,
em face da grande maioria dos cursos de educação ainda não incluírem esses
achados em suas ementas.
Como disse Maria Irene Maluf (2011, p. 1):
Não é admissível, em pleno século XXI, quando o mundo transpira um
notável desenvolvimento das Neurociências, que esta esteja
praticamente fora dos currículos da graduação e que isso aconteça
também nos cursos de especialização que preparam nossos professores
a trabalharem na escola inclusiva. Oras: com o que nossos alunos e
professores aprendem, senão com seus cérebros?
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Fernanda Carvalho, do Laboratório de Neurociências da UFRGS diz algo na
mesma linha de pensamento (Carvalho, 2011, p.2):
É preciso que se abandonem os métodos pedagógicos instrucionais
os quais não permitem dar a devida atenção à individualidade, e que
se passe a compreender melhor como... lidar com certas
características pessoais de nossos alunos... as ciências do cérebro,
que avançam vertiginosamente, podem contribuir para a renovação
teórica na formação docente, adicionando informações científicas
essenciais para a melhor compreensão da aprendizagem como
fenômeno complexo
A OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no
seu Relatório concernente aos três fóruns por ela organizado sobre “Ciências da
Aprendizagem e Pesquisa do Cérebro” indica claramente (SENAC, 2003):
A educação é uma disciplina pré-científica, e (é necessário explorar) a
possibilidade de que a neurociência cognitiva venha oferecer uma base
mais consistente para o estudo do cérebro e a prática do ensino (pag.
18)... o desafio é criar uma sociedade de aprendizagem (não uma
sociedade do conhecimento) para o séc. XXI (p. 41);
Isso também vale para nosso país. No V Colóquio Internacional de
Educação e Contemporaneidade, realizado em setembro de 2011 (São Cristóvao-
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SE), Silva & Bezerra (2011) apontaram que em todos os níveis da Educação,
desde as séries de ensino fundamental até à pós graduação, lato ou stricto sensu,
os processos de aprendizagem ainda permanecem bastante mal compreendidos:
O ensino-aprendizagem, através de fatores que o influenciam,
constitui um dos maiores, se não o maior, desafio a melhoria da
qualidade da educação identificada como baixa segundo índices
obtidos em avaliações de diferentes agências. Essas avaliações
deixam claro o desempenho insuficiente da maioria das nossas
escolas. Não é exagerado dizer que parte desse “baixo desempenho”
está relacionada a processos cognitivos que os profissionais da
educação desconhecem ou acreditam ser pouco relevante (Silva &
Bezerra, 2011).
De fato, uma olhada nos resultados obtidos pelos nossos estudantes nas
avaliações realizadas pela OCDE ao longo dos anos, confirma o “baixo
desempenho” registrado nessa citação. Apesar de alguns pequenos avanços, o
Brasil em 2012 continua numa deprimente situação, entre os oito piores resultados
dos sessenta e cinco (65) países que participam do Programa da OCDE
conhecido como PISA (Programme for International Student Assessment –
Programa Internacional para Avaliação dos Estudantes), conforme mostra o
quadro 1 a seguir.
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Quadro 1 – Resultados obtidos na avaliação PISA 2012.
Montagem do autor a partir do quadro apresentado no site da OCDE
(OECD, 2012).
Nas Instituições de Ensino, de qualquer nível, o “processo de ensino” é
constituído pelos Programas Curriculares e as Metodologias de Ensino adotadas.
Todavia, um bom Processo de Ensino, por si só, não é garantia de Aprendizado.
Porque ele, o Processo de Ensino (processos de definição do que e como oferecer
novos conhecimentos), necessita estar alinhado com os processos de
Aprendizagem, para conseguir realizar o objetivo pretendido: o Aprendizado.
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Nessa abordagem, o que estamos chamando de “NeuroAprendizagem”
corresponde às atividades que o Cérebro realiza e que podem resultar, ou não, no
aprendizado, a depender das experiências proporcionadas pelos processos de
ensino. Essas atividades cerebrais podem ser incrementadas e apoiadas por uma
intervenção direta dos educadores envolvidos no processo, através de sua
metodologia de ensino e de seu conhecimento desses processos cerebrais. Esse
alinhamento2 entre “processos de ensino” (atividade do cérebro do professor) e
“processos de aprendizagem” (atividade do cérebro do aluno) pode ser visto como
sendo a essência da atividade educativa, realizando a equação:
Neuroaprendizagem e Metodologia de Ensino
Conforme ilustra a Figura 2, o que
a neuroaprendizagem oferece é uma base
de conhecimentos, amparado na pesquisa
neurocientífica, para dar suporte às
metodologias de ensino, potencializado
sua eficácia. Porque, de forma estrita,
neuroaprendizagem não é uma
2 Que Jensem (2008) chamou de integração.
ENSINO + APRENDIZAGEM = APRENDIZADO
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Metodologia de Ensino – por definição, ela trata da Aprendizagem e do órgão que
a executa: o Cérebro. E, portanto, pode dar subsídios a inúmeras metodologias.
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