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AHMA – EXPOSIÇÕES DOCUMENTAIS ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE ALMADA
24.ª EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL :
“500 anos do Foral Manuelino - Almada Quinhentista”
Texto de Apoio
CASA PARGANA Rua Visconde Almeida
Garrett, 12 – Almada
22 de abril de 2013
a
30 de abril de 2014
∙∙∙
Visitas guiadas
e palestras por
marcação
(Tel.: 212724900)
DIVISÃO DE ARQUIVO HISTÓRICO E HISTÓRIA LOCAL
DEPARTAMENTO DE CULTURA
DIRECÇÃO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Ficha Técnica:
«500 anos do Foral Manuelino
- Almada quinhentista», 24.ª Exposição Documental
Organizada pela: Divisão de Arquivo Histórico e História Local
Departamento da Cultura – DMDS
Câmara Municipal de Almada.
22 de abril de 2013 a 30 de abril de 2014
© Câmara Municipal de Almada, 2013.
Exposição e texto de apoio:
Coordenação
Alexandre Flores Textos
Alexandre Flores
Carlos Roupa Paulo Reis
Design Gráfico
Jorge Figueira (Gabinete Gráfico/CMA)
Carlos Lima (Gabinete Gráfico/CMA) Composição Gráfica
Carlos Roupa
Imagem da capa Frontispício do Livro do Foral de
Almada de 1513, fl. 1, n.º 988. Fonte:
Arquivo Histórico Municipal de
Almada.
Reservados todos os direitos
Não é permitida a reprodução dos textos e das
ilustrações sem autorização prévia e escrita dos serviços do Arquivo Histórico Municipal da Câmara
Municipal de Almada. Exceptua-se a transcrição dos
mesmos, com citação da fonte, destinados a trabalhos da comunidade educativa.
APRESENTAÇÃO
A mostra documental «500 anos do Foral Manuelino de Almada (1513-2013)», 24.ª
exposição documental do Arquivo Histórico da Câmara Municipal, patente na Casa
Pargana, integra-se nas comemorações do quinto centenário do Foral de Almada de
1513. Por isso, a Câmara Municipal vai assinalar a efeméride e, entre outras acções
programadas para o efeito, inclui a exposição itinerante “Almada Quinhentista” pelas
escolas do concelho, o apoio editorial a publicações e a dinamização de visitas
guiadas e palestras à comunidade.
Este texto de apoio tem como principal objectivo divulgar muitos dos aspectos que
emergem da época com novas realidades económicas, sociais, administrativas e
jurídicas, bem como do conteúdo do Foral de Almada, no âmbito da reforma
manuelina. Para além da reconstituição dos traços históricos sobre o reinado de D.
Manuel I, nomeadamente a reforma e modernização do Reino, os símbolos e marcas
do poder régio, este opúsculo distingue o Foral de Almada em relação às disposições
sobre a utilização da terra, as normas do Direito Penal entre outros direitos e deveres.
Este documento ocupa assim um lugar de grande importância na história do
concelho, pois permite perceber as relações entre o concelho e a consolidação do
poder real. Permite-nos ainda perceber que estes forais, como o de Almada, eram, na
prática, instrumentos da nova reforma fiscal do Reino, não obstante os interessantes
aspectos da vida agrícola e comercial na época quinhentista. Era o resultado da
afirmação da centralização do poder real, cujo processo se tinha iniciado no reinado
de D. João II.
A Câmara Municipal de Almada, cinco séculos passados sobre o diploma régio,
procura, assim, sensibilizar a comunidade para os valores histórico-culturais do
concelho.
O Vereador dos Serviços Municipais de
Desenvolvimento Social, Informação e Relações Públicas
António José de Sousa Matos
PORTUGAL NA VIRAGEM DO SÉCULO XV PARA O XVI
O reino encontrava-se dividido administrativamente nas comarcas de Entre Douro e
Minho, Trás-os-Montes, Beira, Estremadura, Alentejo e Algarve.
Nesta época, a cidade de Lisboa, tal como outras cidades marítimas do reino, com
ligação ao comércio além-mar, registavam um acentuado crescimento urbano. A
capital do reino ultrapassou os 13.000 fogos e era o centro de todo comércio interno.
Em 1527, a Coroa realizou o primeiro grande recenseamento da população – o
numeramento, que procurou abranger todas as povoações do reino.
Na economia, a agricultura tinha um lugar preponderante, destacando-se o cultivo e
produção de cereais, a matéria-prima essencial para o fabrico do pão, alimento que
constitui - a a base da alimentação da população. A paisagem agrícola do reino era
marcada ainda pela a oliveira, a vinha e as árvores de fruto (figueiras, castanheiros,
nogueiras, cerejeiras, laranjeiras e outras).
A pesca era também uma actividade com importância económica e social, explorada
em todos os rios e mares de Portugal.
A expansão portuguesa no mundo vivia uma fase de novo impulso, com reflexos na
política de instalação territorial no Norte de África e na formação do Império
Português do Oriente. Vivia-se um clima de euforia na sociedade portuguesa e
europeia, e surgiram bastantes novidades, provenientes das paragens longínquas
exploradas pelos portugueses, como por exemplo, o elefante que integrou a
embaixada enviada por D. Manuel ao Papa Leão X em 1514. A Coroa Portuguesa
gozava de prestígio e D. Manuel alcançou a fama do mais rico da Europa, fruto das
receitas provenientes do comércio marítimo. É neste clima de prosperidade e
optimismo, que muitos portugueses partiram rumo ao Oriente (Ásia) à procura de
fortuna e riqueza.
A vida cultural portuguesa, ainda marcada pelas dinâmicas medievais, começou a
mudar e a integrar as concepções humanistas do movimento europeu do Renascimento.
Contrastando com a prosperidade económica, foram numerosas as epidemias que
grassavam em Lisboa e em outros lugares do país.
Iluminura in Civitates orbis terrarum, Braun and Hogenberg, 1572.
O REINADO DE D. MANUEL I
D. Manuel nasceu em Alcochete, em 31 de
Maio do ano de 1469, filho do infante D.
Fernando (2.º Duque de Viseu e 1.º Duque
de Beja) e de Dona Brites, bisneto de D.
João I.
Em 27 de Outubro de 1495, na vila de
Alcácer do Sal, foi aclamado e prestou
juramento como o décimo quarto rei de
Portugal. A aclamação ocorreu na
sequência de circunstâncias excepcionais e
inesperadas, pois o acidente que vitimou o
herdeiro do trono, o príncipe D. Afonso,
filho de D. João II, e as dificuldades em
conseguir legitimar o seu filho bastardo
(Jorge de Lencastre), levaram D. João II,
seu primo, a designar D. Manuel, através de
testamento, seu sucessor no trono.
O seu reinado decorreu entre 1495 e 1521, período durante o qual, imprimiu grande
actividade e dinamismo na política interna, externa e ultramarina. Na opinião de
Damião de Góis, D. Manuel foi um «homem de muito negócio e muito contínuo
despacho das coisas que passavam pela sua mão».1
Morreu no ano de 1521, vítima de epidemia, foi sepultado no Mosteiro dos
Jerónimos. Governante reformador e construtor de grandiosos edifícios, foi
apelidado por Gil Vicente como o «Grão Senhor do Oriente»2 e ficou conhecido na
História de Portugal, pelos cognomes “O Venturoso”, “O Bem-Aventurado” e “O
Afortunado”.
A REFORMA DO ESTADO
D. Manuel procurou impor-se como o senhor absoluto do território, cujo centro da
administração se instalou no novo Paço da Ribeira, em Lisboa. No plano político e
institucional a sua principal preocupação foi assegurar o reforço e consolidação da
soberania e autoridade do rei, sobretudo, através da uniformização das leis para todo
o reino. Assim, implementou diversas medidas de reforma da organização e
funcionamento de diferentes áreas da administração pública, que marcaram o reino:
a reforma dos tribunais superiores do Reino. (aumentou o número de juízes
da Casa do Cível e corregedores);
1 Damião de Góis – Chronica do sereníssimo senhor rei D. Manuel., 1749. 2 Copilaçam de todalas as Obras de Gil Vicente [...], vol.II, pp.627 e 629.
D. Manuel I, BN.
a reforma dos forais antigos, procurando uniformizar e submeter todo o
reino a uma mesma norma jurídica;
a avaliação e conversão das moedas antigas;
a publicação do Regimento dos Oficiais das Cidades, Vilas e Lugares do
Reino (1504), o primeiro ensaio para a publicação e divulgação de leis
gerais no reino;
a reforma e actualização dos pesos e medidas, determinando a
uniformização para todo o reino pelos padrões de Lisboa;
a promulgação do Regimento das Casas da Índia e Mina (1509);
a publicação do novo Regimento das Sisas (1512);
a publicação do Regimento dos Contadores das Comarcas (1514);
a promulgação do Regimento das Ordenações da Fazenda (1516).
a revisão e actualização de toda a legislação geral do reino conhecida,
visando a sua uniformização jurídica e a sua sistematização numa nova
compilação, que culminou com a publicação das Ordenações Manuelinas
em 1514, e a sua revisão e reedição em 1521, em formato impresso, e que
substituíram as antigas Ordenações Afonsinas.
A LEITURA NOVA
A acção reformadora de D. Manuel incidiu
também na organização e funcionamento
do Arquivo Real (Torre do Tombo). Assim,
em 1504, mandou transcrever a documentação
mais importante elaborada pelos seus
antecessores, com a finalidade de preservar
os documentos cujo suporte estaria
danificado ou cuja leitura seria difícil.
A colecção intitulada “Leitura Nova” é
composta por 61 livros decorados com
belas iluminuras e escrita com uma
caligrafia muito cuidada e de fácil leitura
(introduziu-se um novo tipo de letra,
chamado de gótico librário). Os traslados
(cópias) dos documentos régios referentes a
forais, cartas de doação, privilégios, etc.,
foram organizados por comarcas, por
mestrados, e por diversos assuntos
(místicos) com índices elaborados para
facilitar a recuperação. Frontispício do Livro 3 de Místicos, 1516, Leitura Nova,
ANTT.
A POLITICA RELIGIOSA E SOCIAL
A entrada maciça em Portugal de judeus
expulsos de Castela no tempo do seu
antecessor D. João II, fez com que os Reis
Católicos de Castela e parte do Clero
pressionassem D. Manuel para que também os
expulsasse de Portugal. No entanto, este
manifestou ampla tolerância com a presença
dos judeus, pois, considerou que estes dotavam
o reino com capitais e ofícios úteis. Porém, em
1496, procurou resolver esta questão religiosa
com a obrigatoriedade da conversão através do
baptismo de todos os judeus e mouros
residentes no reino, sob pena, dos que não se
sujeitassem à decisão régia terem de abandonar
o país num prazo estabelecido. Consciente de
que os cristãos-novos, resultantes da conversão
forçada, não mudariam de imediato nem de
forma autêntica as suas crenças, concedeu um
período de transição de 20 anos, para que se processou a integração e alteração de
costumes. Apesar disto, o clero continuou a instigar a população contra os cristãos-
novos, daí resultando actos e perseguições violentas.
Foi neste contexto de progressiva intervenção da Coroa em diferentes sectores da
vida social e religiosa, que se determinou, também, a realização de tombos, onde se
registasse os bens particulares de capelas, hospitais, albergarias, gafarias e outras
instituições.
Em 1499, D. Manuel promoveu a intervenção régia no campo da assistência e
protecção aos mais desfavorecidos e divulgou um conjunto de recomendações no
sentido de se criarem misericórdias em «todas as cidades, vilas e lugares do nosso
reino [...]».3
A POLITICA CULTURAL
Na cultura e artes, o reinado de D. Manuel caracterizou-se também por um ambiente
de progresso, sendo exemplo disso, a reforma preconizada para o ensino dos Estudos
Gerais (Universidade) e pela chegada à Corte de muitos cientistas e estudiosos
atraídos pelas riquezas do Oriente. Foi nesta altura que se verificou a estreia de Gil
Vicente, o pai do teatro português, e Duarte Pacheco Pereira, conceituado geógrafo e
cosmógrafo escreveu a obra Esmeraldo de Situ Orbis, que continha as coordenadas
geográficas de latitude e longitude de todos os portos conhecidos na época.
3 Costa Goodolphim – As Misericórdias, 1987.
Folha de rosto das Ordenações Manuelinas, 1514.
A DESCOBERTA DO CAMINHO MARÍTIMO PARA A ÍNDIA E DO BRASIL
D. Manuel herdou o projecto
da expansão ultramarina de
D. João II, e prosseguiu a
política de conquistas no
norte de África, bem como,
a preparação da viagem
marítima à Índia. A expedição
de reconhecimento das rotas
e condições de navegação,
composta por uma frota de
naus e caravelas comandada
por Vasco da Gama,
efectivou-se no dia 8 de
Julho de 1497, com a saída
de Lisboa, e chegada a
Calecute em Maio de 1498. Mais tarde, em 1500, D. Manuel enviou uma nova
armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral, com o objectivo de
estabelecer e reforçar a presença politica e comercial portuguesa no Oriente. Mas,
durante a viagem esta frota acabou por avistar e desembarcar na costa do Brasil, a
que os portugueses chamaram Terras de Vera Cruz. Este acontecimento foi registado
por Pêro Vaz de Caminha, escrivão da armada. D. Manuel lançou as bases para a
formação do Império Português do Oriente, alicerçado no estabelecimento da rota
comercial do Cabo (Carreira da Índia), que sob o monopólio da Coroa, trazia ao
porto de Lisboa, especiarias como a pimenta, gengibre, canela, cravo e outros
produtos valiosos. A partir
destes dois acontecimentos,
de grande alcance, na
expansão portuguesa, D.
Manuel passou intitular-se
Rei de Portugal e do
Algarve, de Aquém e de
Além Mar em África,
senhor da Guiné, da
conquista, navegação e
comércio na Etiópia,
Arábia, Pérsia e Índia, título
que os seus sucessores
utilizaram até 1910.
A chegada de Vasco da Gama a Calecut em 1498,Alfredo Roque Gameiro, BN.
O desembarque dos portuguezes no Brazil ao ser descoberto por Pedro Alvares
Cabral em 1500, Alfredo Roque Gameiro, BN.
OS SIMBOLOS REAIS
ARMAS OU BRASÃO
Com D. Manuel, as armas que remontavam ao início
da monarquia portuguesa, passam a estar assentes
sobre um campo branco de formato quadrangular ou
rectangular, e eram constituídas por um escudo com
cinco escudetes (quinas) azuis postos em cruz. Cada
um destes escudetes possuía cinco besantes de prata
(pontos) que representavam as chagas de Cristo.
A bordadura do escudo era vermelha e integra um
número variável de castelos em ouro, no mínimo sete,
os quais simbolizam as cidades tomadas aos mouros
por D. Afonso III.
O escudo é encimado por uma coroa aberta, o símbolo
da realeza, representada em diversas formas, cujas
pontas surgiam em número também variável e com
diferentes motivos vegetais (flor de lis, de acanto ou
vinha).
ESFERA ARMILAR
D. João II, através de testamento, atribuiu a D. Manuel a titularidade da divisa
materializada na esfera «dos matemáticos», mais conhecida pela esfera armilar.
A esfera é um instrumento de Astronomia, utilizado
nas navegações, e que representa um modelo do
cosmos, da esfera celeste, cujo o centro é uma
pequena bola, a representar a Terra. É ainda,
constituída por vários anéis, a indicar os pólos, os
trópicos, os meridianos e o equador. Este instrumento
utilizado desde a Antiguidade servia para fazer
medições astronómicas.
Emblema pessoal de D. Manuel apresenta inscrito
num dos meridianos a legenda «Spera Mundi», cujo
significado tem sido interpretado, como «Esfera ou
Esperança do Mundo». A sua simbologia surge
associada ao poder e à perfeição.
A representação deste símbolo é bastante frequente
nas iluminuras da documentação emitida pelo
monarca e nas edificações por si patrocinadas, como
por exemplo, os pelourinhos.
Armas do reino de Portugal, pormenor do frontispício do Foral de Almada, 1513,
AHMA.
Esfera armilar, pormenor do frontispício do Foral de Almada, 1513, AHMA.
CRUZ DE CRISTO
A Ordem dos Templários, poderosa ordem militar que
assumiu a sua grandeza nas cruzadas da Idade Média,
foi extinta em 1312. No entanto, em Portugal, por
razões de Estado, e porque na Península Ibérica ainda
se verificava a ocupação muçulmana, D. Dinis criou
uma nova ordem chamada de Nosso Senhor Jesus
Cristo, que integrou os bens e os cavaleiros da extinta
Ordem, bem como, a sua insígnia, a Cruz de Cristo.
Em 1417, o Infante D. Henrique assumiu o governo e
administração da Ordem de Cristo e utilizou os seus
importantes recursos para financiar os Descobrimentos,
razão pela qual, as caravelas portuguesas ostentavam
nas suas velas a cruz vermelha em fundo branco,
tornando-se assim num dos símbolos nacionais.
D. Manuel antes de ser aclamado rei era o governador
dos bens da Ordem, tornando-se no primeiro Rei
Grão-Mestre da Ordem de Cristo.
O emblema da Ordem foi utilizado por D. Manuel como símbolo de poder e
elemento decorativo, surgindo por vezes associado à bandeira nacional com o fundo
verde e a cruz no centro.
O ESTILO MANUELINO
Estilo arquitectónico, escultórico e decorativo que se
caracteriza pela associação de elementos relacionados
com os Descobrimentos ao estilo gótico, sendo por
essa razão, também conhecido por gótico português
tardio. Os motivos náuticos, marinhos, naturalistas e
das viagens ornamentam as grandes construções da
época, como a Torre de Belém, o Mosteiro dos
Jerónimos, as obras de transformação e ampliação do
Convento de Tomar, entre outras. É, sobretudo, nas
janelas e portas de edifícios civis e religiosos que
melhor se pode observar todo o esplendor e
exuberância deste estilo único, mas também nos
pelourinhos, túmulos, peças artísticas (Custódia de
Belém) e nas iluminuras da Leitura Nova. Os
elementos mais frequentes são a Esfera Armilar, a
Cruz de Cristo, as armas do rei, cordas, redes e
elementos naturalistas: corais, algas, alcachofras,
pinhas, animais vários e elementos mitológicos.
Pormenor do Livro de Lisuarte de Abreu
Janela do Capítulo, Convento de Cristo,
Tomar, 1510-13.
ALGUNS VESTÍGIOS MANUELINOS EM ALMADA
Poço da Quinta da Torre, Caparica, Foto: CAA. Capela de São Tomás de Aquino, Quinta da Torre, Caparica, Foto: CAA.
Abóbada do Altar-mor da Igreja de Santiago, Almada. Pormenor da abóbada da capela de São Tomás de Aquino, Quinta da Torre, Caparica, Foto: CAA.
Carta de compra e venda, 1496, Colecção de pergaminhos, AHMA.
Pesos e medidas de D. Manuel, 1499, MAH, Foto: Nuno Gaspar.
Moedas em cobre e prata de D. Manuel, MAH. Coluna do pelourinho de Almada, MAH.
Capitel do pelourinho de Almada, MAH.
Azulejo hispano-árabe da época de D. Manuel, MAH.
A VILA E TERMO DE ALMADA NOS SÉCULOS XV E XVI
Na passagem do século XV
para o século XVI, Portugal
atravessou uma fase de
prosperidade económica,
propulsionada pela expansão
marítima. Foi um período em
que a vila de Almada e seu
termo integravam a região
«d´além Tejo», uma área de
influência económica de
Lisboa, o grande centro
consumidor e capital do Reino.
A situação geoestratégica
natural da região de Almada, em virtude da sua proximidade a Lisboa, das suas
facilidades de comunicação por via fluvial, pela existência de grande número de
esteiros, pela abundância de lenha, de madeira e de produtos agrícolas, permitiu-lhe
desempenhar um importante papel económico, militar e social:
na alimentação e provisionamento dos cerca de 100.000 habitantes que se
concentravam em Lisboa;
nas trocas comerciais entre as duas margens ribeirinhas do Tejo, através do
porto de Cacilhas;
na defesa militar de Lisboa e do estuário do Tejo;
como zona de refúgio às epidemias que alastravam em Lisboa e lugar de
lazer para reis e nobres.
Nicolau de Oliveira descreveu a região de Almada e a margem sul, como tendo «[...]
grande numero de villas, e lugares, e quasi infinitas, e riquíssimas quintas, […] as
quaes se provem della em todo o anno de pão, carne, peixe, vestidos, calçados, peças
de ouro, e prata, e de todas as mais cousas necessárias para o serviço, e provimento
da casa […]».4
A vila e o termo inseriam-se na província da Estremadura, e a sua importância no
reino era traduzida pelo lugar que ocupava nas cortes, o 6.º banco na ala direita. No
plano religioso, Almada estava subordinada ao patriarcado de Lisboa.
A POPULAÇÃO E O TERRITÓRIO
A vila de Almada era o principal aglomerado urbano do termo e o centro de toda a vida
administrativa, militar, religiosa e comercial.
O cadastro da população do reino, realizado em 1527, indica-nos que a vila de
Almada era constituída por duas freguesias, a de Santa Maria e a de Santiago, nas
4 Nicolau de Oliveira – Livro das grandezas de Lisboa. 1620.
Lisbona dal promontório, litografia representado Almada e Lisboa nos finais do séc. XVI – XVII, in Foral de Almada 1190, CMA.
quais residiam 178 moradores, o que corresponde a uma população de cerca de 800
habitantes.5 Por sua vez, o termo integrava 314 moradores, o que equivale a cerca de
1413 habitantes, destacando-se o povoamento em redor das ermidas de Santa Maria
do Monte, de São Pedro de Corroios, de Santa Maria da Amora e de Santa Maria da
Arrentela. O total da população residente na vila e no termo seria aproximadamente
2214 habitantes.
Em Almada, residiam estratos sociais diversificados, a par de famílias nobres e
abastadas, proprietárias de casas e terras, viviam escravos, criados, eclesiásticos e
um diversificado conjunto de trabalhadores agrícolas e artesanais. Estes
trabalhadores representavam a maioria da população, e exerciam diferentes
actividades: lavradores, caseiros, pescadores, alfaiates, barbeiros, carpinteiros,
barqueiros, sapateiros, mateiros, moleiros, tanoeiros, marinheiros, calafates,
carreteiros, ferreiros, marchantes e outros.
As diversas viagens das Descobertas e as frequentes pestes e epidemias provocavam
algumas mortes de militares e marinheiros almadenses, sendo várias as famílias que
ficam desamparadas. A protecção e apoio social aos mais desfavorecidos da
comunidade almadense, como os órfãos, viúvas, enfermos, presos e pobres, era
prestado pelas várias confrarias e conventos aqui existentes, mas sobretudo, pelo
Hospital de Santa Maria, situado em Almada, e pela Albergaria de São Lazaro em
Cacilhas. Estas instituições foram, após a criação da Misericórdia de Almada em
1555, absorvidas por esta.6
Em 1532, o território do termo de Almada era mais extenso que o actual e
apresentava as seguintes confrontações: «(...) tem pera Couna ha dous tyros de besta
de Couna ao sueste, e sam desta
vylla a Couna três lleguoas; parte
com Cyzymbra ao sull e tem de
termo pera esta parte duas
lleguoas e sam desta vylla a
Cyzymbra cymco; e das outras
partes parte com ho ryo de
Lixbooa e ao mays llonge com
ha Costa do mar huua lleguoa ao
ponemte; tem no termo uma casa
de bygynos que se chama de
nosa senhora da rosa huua
lleguoa da vylla ao sul e tem
dous frades».7
5 João Tello de M. Collaço – Cadastro da população do Reino (1527). 1929, pp.80-81. 6 Alexandre Flores; Paula Costa – Misericórdia de Almada: Das origens à Restauração. 2006. 7 João Maria Tello de Magalhães Collaço – Cadastro da População do Reino (1527). 1929,pp.80-81.
Pormenor do mapa: Portugalliae que olim Lusitania, novissima &
exactissima descriptio, c.a. 1560, BN.
A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL
A autonomia administrativa e institucional do
concelho de Almada era condicionada por uma cada
vez maior intervenção do rei na administração da
justiça concelhia, através dos juízes de fora e
corregedores. A Câmara, órgão de administração
concelhia, era constituída por um juiz, três vereadores e
um procurador. Os homens escolhidos para exercerem
estes cargos deveriam ser de boa consciência e possuir
bens, o seu mandato era anual. As suas principais
funções eram gerir os bens do concelho, administrar os
açougues e a almotaçaria, realizar obras públicas, zelar
pela saúde pública e administrar a justiça local. Os vereadores e o juiz eram
coadjuvados nas suas missões por um conjunto diversificado de funcionários: o
escrivão da Câmara, o escrivão da Almotaçaria, o escrivão da Albergaria, o meirinho
do concelho e o porteiro da Câmara. O elenco de funcionários administrativos e
judiciais com atribuições diversas no concelho integrava ainda os seguintes ofícios:
juízes e escrivães de vintena, cobradores e lançadores de sisas e das décimas,
quadrilheiros, juízes e escrivães dos homens do mar e do porto de Cacilhas, juízes dos
direitos reais, tabeliães do judicial e notas, distribuidores, procuradores do numero,
juízes e escrivães dos órfãos e carcereiros. Na salvaguarda da higiene e saúde pública
do concelho exerciam um papel relevante os médicos, os cirurgiões, os físicos e
boticários.
A ECONOMIA LOCAL
Desde a sua origem, que a vila e o termo, em resultado da situação geográfica,
assentavam as raízes das actividades económicas nos recursos disponibilizados pelo
mar, pelo rio, pelo campo e pela floresta. A paisagem geográfica de Almada
caracterizava-se por terrenos de charneca, grandes extensões de mato e floresta,
terras cultivadas e uma vasta área de terras incultas (os maninhos). A importância
económica de Almada e sua interdependência com Lisboa, foi bem ilustrada na
descrição que Gaspar Frutuoso fez da região: «[...] o Seixal, chamado também
Arrentela, onde se dão muitos bons vinhos de carregaçao para a Índia, em cuja
enseada invernam muitos navios; logo Amora, freguezia; em Corroios outra, em
outro braço do rio, e Motela, termo de Almada, onde estão os moinhos e lavadouro
de Lisboa; e logo junto Cacilhas, d´onde começa o Vale de Mourelos, de compridao
de uma legoa, que vai ate Caparica, [...] e logo a afamada vila de Almada [...] há
bons vinhos e muita lenha de pinho, de rama e tronco, que em barcas levam para
Lisboa [...].8 Neste período, Almada e o termo estavam na dependência do senhorio
de D. Beatriz, a mãe de D. Manuel, donatária dos direitos reais.
8 Gaspar Frutuoso – Saudades da Terra, livro IV. vol. I. 1924, pp.243-244.
Pormenor do frontispício do Livro 3 dos Místicos, ANTT.
A ACTIVIDADE AGRÍCOLA
A terra era a principal fonte de riqueza, sendo que a maior parte das quintas e terras
para o cultivo agrícola da região eram propriedade do Rei, de famílias nobres abastadas
(fidalgos e cavaleiros da casa de El-Rei), das igrejas, confrarias, conventos, da Câmara
Municipal e de outros pequenos proprietários do concelho. As terras do Rei ocupavam
as melhores propriedades para o cultivo agrícola em Almada, nomeadamente, no
Monte de Caparica, onde se situava o Reguengo de Caparica.
Os solos eram favoráveis à plantação e cultivo de vinhas, cereais, oliveiras, produtos
hortícolas, mel, figos e outras árvores de fruto, como testemunha o foral concedido
por D. Manuel a Almada em 1513.
O cultivo da vinha era a actividade agrícola mais rentável, que se desenvolvia em
função do consumo da cidade de Lisboa e do mercado externo. As principais áreas
de cultivo da vinha situavam-se em lugares como Alvalade, Varzieira, Santana,
Valença, Ribeiro, Caramujo, na Caparica, na Sobreda, nas zonas litorais de Corroios,
Amora, Arrentela e a Aldeia de Paio Pires. A qualidade do vinho aqui produzido
atingiu fama internacional, e sobretudo, os vinhos de Caparica foram exportados
para a Europa, nomeadamente, para a Flandres e Alemanha.9 O vinho produzido na
Caparica era também utilizado para abastecer as naus que partiam rumo à Índia e ao
Brasil, sendo, a qualidade deste produto enaltecida por diversas figuras da literatura,
tais como Camões, Gil Vicente e Garcia de Resende, que na sua obra Miscelânea,
elogiou o vinho de Almada da seguinte forma: «Quem ouro, prata, cobre, vermelhão,
querem coral. Azougue também lá val Quem tem vinho não vem pobre, se é de
Almada ou do Seixal: Não vendem nada alguns meses, Té que vão os portugueses.»10
Os principais cereais cultivados foram o trigo, o centeio, a cevada e o milho, sendo
que, o trigo era o mais produzido por ser o que melhor satisfazia os hábitos
alimentares da população.
Existiam diversos olivais na vila e dispersos um pouco por todos os casais e quintas
do termo. O azeite tinha uma presença incontornável na vida doméstica da
população, uma vez que era utilizado na iluminação, na alimentação, no fabrico de
sabão e no culto do sagrado.
9 Duarte Nunes Leão - Descripçao do Reino de Portugal. Lisboa, 1610,p.51. 10 Garcia de Resende - Miscellanea e variedade de historias, costumes, casos, e cousas.
Pormenor do Livro de Horas D. Manuel, mês de junho, António de Holanda, MAA.
A LENHA E O CARVÃO
As terras não cultivadas, as áreas de charneca, mato, pinhais e floresta, eram
utilizadas pela população para pastorear o gado, para a caça, bem como para a
recolha de lenha e a produção de carvão.
Diversos géneros de madeira (urze, tojo, estevas e outros) existiam com abundância
em Almada, sobretudo, nas áreas de Amora e Corroios.
A lenha e o carvão eram as fontes de energia essenciais para o funcionamento dos
fornos de pão, cal, vidro, tijolo, para as actividades dos ferreiros, ferradores,
fundidores, funileiros, etc., e também para a preparação de alimentos e aquecimento
das casas.
O abastecimento da lenha e madeira à cidade de Lisboa era efectuado a partir de
diversos portos de Almada, em embarcações conhecidas por «botes de pinho».
A PESCA
A pesca era outra actividade exercida pelos habitantes de Almada, como documenta
o referido foral de 1513: «E de qualquer pescado que for levado por agora e vendido
na dita villa assy por pescador, como por regatam pagaran a nós hua dizima. E se for
pescador da terra, que hy tire ou traga seu pescado pera vender, nam pagará isso
mesmo a nós mais de hua dizima soo.» O rio Tejo oferece uma abundante variedade
de espécies de peixes tais como: «[…] muy grandes lingoados, infinitas azevias,
muito congro, corvina, e grandes taynhas, enxarrocos, […] gostosíssimos pâmpanos,
salmonetes, lagostas e lagostins […].11
A actividade piscatória, para além do rio, estendia-se também ao mar, sobretudo, na
zona entre o Cabo Espichel e o Cabo da Roca, onde se utilizavam as embarcações
chamadas «muletas» e se lançavam as redes da tartaranha.
11 Nicolau de Oliveira – Livro das Grandezas de Lisboa, 1620.
Pormenor do Livro de Horas da Condessa de Bertiandos, ACL.
A ACTIVIDADE MANUFACTUREIRA E INDUSTRIAL
Eram diversas as actividades produtivas instaladas no termo, com relevante
importância socioeconómica local e regional, como: a extracção mineira, a moagem
do trigo, a saboaria, a construção e reparação naval, a indústria de transformação da
uva nos lagares, a tanoaria, os fornos de produção de cal e a extracção de sal nas
marinhas situadas nos esteiros de Corroios e Arrentela.
A MOAGEM
Associado ao cultivo de cereais, existiam em Almada inúmeros moinhos de vento e
de maré para a produção de farinha para pão. A região reunia boas condições
naturais para a edificação destas infra-estruturas. Foi, sobretudo, nos lugares da
Mutela, Arrentela, Amora e Corroios, onde existiam muitos esteiros do rio Tejo, que
se instalaram os moinhos de maré, para aí aproveitar a força das marés. A
manufactura da farinha era uma actividade importante para assegurar o
abastecimento do crescente consumo de pão da cidade de Lisboa, bem como para
abastecer de pão e bolachas de embarque (biscoitos) as tripulações dos navios. A
grandeza da implantação desta actividade na margem sul, no século XVI, foi
salientada por Gaspar Frutuoso, ao referir a existência, entre Almada e Aldeia
Galega, de «perto de sessenta moendas que moem de maré».12A maior parte dos
moinhos eram propriedade de fidalgos e de instituições religiosas.
O transporte dos cereais e das farinhas para abastecer Lisboa era feito por
embarcações denominadas de «Barcos dos moinhos».
A CONSTRUÇÃO NAVAL
Uma das riquezas naturais de Almada e de toda
a margem sul, neste período, eram as madeiras,
quer a de pinheiro (bravo e manso), quer a de
sobreiro.
Este facto, conjugado com a existência de
bastantes enseadas e braços do rio Tejo,
favoreceram o acolhimento de embarcações e a
instalação de estaleiros de construção naval,
como no Seixal, que de acordo com a seguinte
referência: «tem duas ermidas uma dentro do
lugar, e de Nossa Senhora da Conceição, que é
tradição esta ter sido erecta pelo rei Senhor Dom
Manuel para nela ouvirem missa os oficiais e
mestrança da primeira Ribeira das Nãos que foi
neste logar e dele passou a dita fábrica para o
12 Gaspar Frutuoso – Saudades da Terra, livro IV. vol.I. 1924.
Estaleiro de construção naval na Ribeira da Naus, Pormenor da iluminura in Civitates orbis terrarum,
Braun and Hogenberg, 1572.
lugar da Telha, no rio Coina distante deste logar menos de meia légoa [...]». 13 Esta era
uma actividade em estreita ligação com a expansão marítima que ocorreu na época,
existindo em Almada, abundante mão-de-obra especializada, como carpinteiros de
machado e calafates, que colaboravam na construção de caravelas e naus.
A ACTIVIDADE MINEIRA
A principal exploração mineira era feita na Adiça (perto da actual Fonte da Telha),
cujas origens remontam ao período medieval. A exploração e extracção do ouro, por
parte dos adiceiros, estava sob o controlo régio, sendo posteriormente concessionada
a particulares.
A SABOARIA
Em 1498, D. Manuel criou as condições para a Coroa deter o monopólio das
saboarias do reino, sendo que, as rendas provenientes desta actividade e a sua
exploração podiam ser doadas e concessionadas a particulares.
Foi na primeira metade do século XVI, que surgiu em Almada a única saboaria do
vale do Tejo, situada junto ao Porto Brandão, criada através de um privilegio
concedido a Fernando de Noronha, Conde de Linhares, conselheiro do Estado e
Vedor da Fazenda.
A ACTIVIDADE COMERCIAL E OS TRANSPORTES
A vila e o termo de Almada eram um
entreposto para o trânsito de
mercadorias, de animais e pessoas, entre
Lisboa e a península de Setúbal, e o sul
do reino. A ligação comercial entre as
duas margens efectuava-se através dos
vários portos existentes, como o da
Fonte da Pipa, o do Cubal, do Seixal e o
de Cacilhas.
O principal porto de Almada e um dos
mais importantes da margem sul era o de
Cacilhas, por onde passavam almocreves,
mercadores, caminhantes, romeiros,
peregrinos, mercadorias e cargas diversas.
As principais mercadorias transaccionadas no termo e para a cidade de Lisboa eram o
vinho, a madeira, o pão, o pescado, o azeite, a carne e as frutas.
No rio Tejo era constante o movimento de vários tipos de barcos que se dedicavam
ao transporte de mercadorias e passageiros entre as duas margens.
13 A.N.T.T. – Dicionário Geográfico, vol.34, fl.829.
Lisboa 1500-1510 in Cronica de D. Afonso Henriques, Duarte Galvão
Em terra, os excedentes da produção agrícola eram deslocados até aos pontos de
venda e portos fluviais, através das poucas e deficientes estradas, azinhagas e
caminhos, pelos carreiros, que utilizavam os animais de carga e as carretas.
O abastecimento de carne aos habitantes era feito pelos talhos públicos, os açougues,
onde se efectuava de forma controlada e regulamentada pela Câmara, o abate e
venda dos animais.
A CULTURA E MENTALIDADE
O reinado de D. Manuel e todo o
século XVI, foram períodos de
grande riqueza cultural no reino,
e em Almada, foram várias as
personalidades que pela sua
acção se destacaram nas
«virtudes e nas guerras, nas
letras, na sapiência e na
diplomacia, nos altos cargos do
Estado, nas armadas do alto
bordo e nos governos
ultramarinos.»14 Figuras como:
Fernão Mendes Pinto, Francisco
de Andrade, o seu filho Diogo
Paiva de Andrade, Manuel Sousa Coutinho (Frei Luis de Sousa), D. João de
Abranches, D. Jorge de Abranches, Francisco Sousa Tavares, Gaspar Velho, Gonçalo
Peres, Luis Alvares (Vieira), Pêro Fernandes, João Lobo, Miguel Pinheiro, Ambrósio
Dias, António Lopes, D. Tomás de Noronha, D. Francisco de Almeida, Giraldo
Fernandes de Prado, Álvaro Pires de Távora e muitos outros.
A vila de Almada adquiriu algum protagonismo, como palco da primeira
apresentação pública, em 1509, do Auto da Índia de Gil Vicente, peça de teatro
representada perante a rainha D. Leonor e a corte, que se encontravam em Almada,
para se refugiarem da peste que atingia a cidade de Lisboa.
Foram tempos de mudança, em que surgiram e se afirmaram novos valores humanistas
e começaram a surgir sinais do advento do Renascimento europeu. No entanto, a
cultura e a mentalidade da época eram ainda marcadas pelo peso de reminiscências
medievais dos dogmas e doutrinas da Igreja Católica e por valores cristãos, presentes
no quotidiano, em quase todas as vivências, costumes e tradições da comunidade.
As festas litúrgicas e as procissões eram as principais formas de distracção e
manifestação da fé, sendo o calendário da população marcado por celebrações, como: o
Corpo de Deus, a festividade de maior aparato na vila de Almada, as festas do Espírito
Santo, a de Santa Maria de Agosto, as festas de Santiago, a procissão da Visitação de
Nossa Senhora (2 de Julho) e a do Anjo da Guarda (3.º domingo de Julho).
14 Conde dos Arcos – Caparica através dos séculos. 1972,p.97.
Representação do Auto da Índia, de Gil Vicente, em Almada, Carolina Santos.
OS FORAIS
INTRODUÇÃO HISTÓRICA E JURÍDICA
As cartas de foral eram documentos concedidos pelo
rei, ou por um senhor nobre ou eclesiástico aos
habitantes de um determinado lugar ou povoação.
Nestes documentos eram registadas as disposições que
regulavam as relações e as condutas dos povoadores
ou habitantes do lugar entre si e as destes com o rei ou
com os senhores.
Em Portugal, os forais foram atribuídos desde o século
XI ao XVI, predominantemente nos reinados de D.
Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Afonso II, D.
Sancho II, D. Afonso III, D. Dinis e D. Manuel I.
No início da formação e organização do reino de
Portugal, a concessão de forais visava fomentar e
incentivar o povoamento e cultivo do território
reconquistado aos mouros, através da atribuição de
privilégios, regalias e definição de algumas obrigações.
Nesta fase, os forais surgiram como instrumentos de
consagração do regime jurídico da governação e autonomia dos concelhos. Em
algumas circunstâncias, a concessão de foral originava o desenvolvimento de uma
nova comunidade em uma determinada área geográfica, em outras, reconhecia
oficialmente o estatuto de comunidades já existentes.
No geral, as normas incluídas nos forais eram de Direito Público, e regiam a vida
jurídica, administrativa, fiscal, social e económica das populações locais. Por sua
vez, o direito privado era essencialmente regulado pela tradição, uso e costume
(Direito consuetudinário).
Os primeiros forais foram escritos em latim, e a partir do reinado de D. Dinis,
passaram a ser redigidos em português arcaico.
Os principais assuntos da vida pública e colectiva das populações regulados pelos
forais eram:
as liberdades e garantias das pessoas e dos bens dos povoadores e habitantes;
os impostos e tributos;
as penas e multas devidas pelos diversos delitos e contravenções;
as imunidades coletivas;
o serviço militar;
os encargos e privilégios dos cavaleiros vilãos;
os ónus e forma das provas judiciárias, citações, arrestos e fianças;
o aproveitamento e exploração das terras comuns;
a organização e provimento da administração e magistratura local;
a administração da Justiça.
Rei D. Sancho I, BN.
Com o evoluir dos tempos, com o fortalecimento do poder real e o surgimento de
novas exigências de uniformização jurídica, as fontes de direito e jurisprudência em
Portugal foram-se adaptando, e sobretudo, alterando com o aparecimento de
legislação geral, no entanto, os forais mantiveram-se em vigor até ao século XIX.
A REFORMA DOS FORAIS
A reformulação e actualização dos
antigos forais medievais, existentes em
Portugal, era uma pretensão antiga, que
vinha a ser reivindicada em Cortes e
fora delas, já há algum tempo, pelos
habitantes de diversos concelhos do
reino.
Em 1472 e em 1475, os representantes
dos concelhos solicitaram a D. Afonso
V, a reforma dos forais, no entanto, a
execução deste pedido não avançou.
Posteriormente, surgiram novas
reivindicações no reinado de D. João II,
nas cortes de 1481-82. Foi, então, que
D. João II decidiu, em resposta aos
apelos e queixas dos representantes dos
concelhos, ordenar que se recolhesse à
Corte todos os forais antigos, para
serem analisados. A sua morte
suspendeu este processo. As razões
invocadas pelos habitantes e representantes dos concelhos para a reforma e
actualização dos diplomas antigos prendiam-se com:
a desactualização e desfasamento da realidade social e económica,
verificada ao longo do tempo, dos pesos, medidas e moedas neles
constantes, facto, que originava confusão e complexidade acrescida na
cobrança das prestações e definição das isenções tributárias;
a existência de leis gerais, que revogaram grande parte do conteúdo dos
antigos forais;
o mau estado de conservação apresentado por grande parte destes
documentos;
o facto de estarem escritos em latim, o que provocava dificuldades na
leitura, decifração e compreensão de alguns textos. Esta dificuldade,
permitia abusos, falsificações, interpretações erróneas e opressões por
parte dos nobres sobre os habitantes dos concelhos.
Foral de Almada de 1190, ANTT.
Coube ao rei D. Manuel, em face de um crescendo das demandas, concretizar o
projecto de reforma e, assim, uma das suas primeiras iniciativas, em 1497, foi
ordenar a criação de uma comissão, constituída pelo Chanceler-Mor Rui Boto, pelo
Desembargador João Façanha e pelo Cavaleiro da Casa Real Fernão de Pina, com a
responsabilidade de recolher, inquirir as populações, examinar e actualizar os vários
forais existentes e elaborar novos forais.
D. Manuel promoveu e implementou uma política de robustecimento e centralização
do poder real, através de uma uniformização jurídica da legislação geral para o
Reino, em detrimento, das especificidades das instituições e jurisdições concelhias.
A autonomia dos concelhos era também ameaçada pela actuação dos corregedores e
nomeações de juízes de fora.
Contrariando as expectativas dos representantes dos concelhos, que esperavam ver
revigoradas ou reforçadas as autonomias concelhias, D. Manuel decidiu somente
actualizar os encargos tributários e fixar na moeda corrente os valores monetários
estipulados nos velhos forais.
Os novos forais deixam de conter normas
relativas à administração, ao direito e ao
processo civil e penal de cada terra, matérias
que passaram a ser reguladas na legislação
geral. Os forais perdem o seu carácter de
«estatutos políticos concelhios», guardiões das
liberdades municipais, e passam a ser listas de
encargos, prestações e isenções dos concelhos,
subordinados ao rei ou aos donatários das
terras e dos direitos reais.
Os novos forais registavam uma diversidade e
multiplicidade de direitos e rendas devidos à
Coroa e aos seus donatários, que incidiam
sobre a produção e comércio dos mais variados
produtos agrícolas e manufacturados, sendo os
tributos e/ou prestações mais frequentes:
Portagem;
Jugada;
Eirádiga;
Direitos de tabeliães;
Dizima das sentenças
Pena de arma
Dízima do pescado;
Relego;
Direitos banais (lagares,
moinhos)
Gado do vento;
Montados e maninhos.
Entre 1500 e 1520, foram reformulados, de forma faseada, cerca de 596 novos forais
para vilas e cidades referentes às províncias da Beira, Trás-os-Montes, Entre Douro e
Minho, Estremadura e Entre Tejo e Guadiana. O primeiro foral novo coube a Lisboa,
outorgado em 5 de Agosto de 1500.
D. Manuel I, Pormenor do frontispício do Livro 1 de Além-Douro, 1521, Leitura Nova, ANTT.
Os novos forais eram redigidos pelo Escrivão da Chancelaria e seus ajudantes, sendo
que, as ultimas linhas de cada foral eram escritas pela mão de Fernão de Pina, e
todos eles, rubricados pelo chanceler-mor Dr. Rui Boto e assinados por D. Manuel I.
Finda a tramitação de registo e validação (com selo régio) dos forais na chancelaria
régia, estes eram enviados às respectivas terras a que foram outorgados, entrando
apenas em vigor, após a sessão de Câmara que os fazia “publicar”, dando a conhecer
às populações.
As novas cartas de foral eram redigidas em triplicado, um exemplar para a Câmara
Municipal, outro para ficar no arquivo régio (Torre do Tombo), e outro para a
entidade que detinha o senhorio da terra. Actualmente, o foral de Almada encontra-
se custodiado no Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Almada, no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo e na Biblioteca da Universidade de Coimbra.
A ABOLIÇÃO DOS FORAIS
No Liberalismo, com o propósito de instaurar igualdade politica e jurídica, surgiu a
necessidade de rever e substituir os forais. Assim, em 1810, através de uma carta
régia de 7 de Março, foi solicitado aos governadores do reino que diligenciassem os
meios necessários para que se suprimissem os forais, considerados um peso na
estrutura administrativa e jurídica do Reino.
Em 1811, a Mesa do Desembargo do Paço emitiu instruções para os corregedores
das comarcas, no sentido de estes averiguarem quais eram os impactos negativos dos
forais. A 17 de Outubro de 1812, os governadores do reino ordenaram a criação de
uma Comissão para o Exame dos Forais e Melhoramentos da Agricultura.
E, em 1832, foi promulgado o Decreto de 13 de Agosto de Mouzinho da Silveira,
que extinguiu os foros, censos, rações e todas as prestações sobre bens nacionais ou
provimentos da coroa impostos pelas cartas de foral. Os forais deixaram de existir
em Portugal.
Assinatura do Rei D. Manuel I e do Dr. Rui Boto, Foral de Almada, 1513, AHMA.
O FORAL MANUELINO DE ALMADA
O primeiro foral concedido aos habitantes de
Almada, no período medieval, foi a carta de foral
particular (também conhecida por “carta de
alforria”), outorgada por D. Afonso Henriques em
Coimbra, no ano de 1170, que consignava vários
privilégios e protecção aos mouros forros de
Lisboa, Almada, Palmela e Alcácer do Sal
(confirmada por D. Afonso II em 1217). Uns anos
depois, em Agosto de 1190, D. Sancho I concedeu
outro foral com o objectivo de povoar e assegurar
a defesa do lugar de Almada e a margem sul do
Tejo. Neste foral foram estabelecidos os
privilégios e deveres dos habitantes, as normas de
natureza tributária e penal, e alguns aspectos da
constituição e administração do concelho,
concedendo-lhe autonomia administrativa.15
Foi no âmbito do processo de reformulação do
foral antigo de D. Sancho I que, em 1 de Junho de
1513, D. Manuel I concedeu à vila de Almada e seu
termo o foral novo. Este foral, à semelhança de
outros concedidos na época, enunciava, estabelecia
e actualizava «[...] as rendas e direitos se devem na
dita Villa de pagar e arrecadar [...]»16 pelo rei e/ou
os donatários de Almada.
As determinações do foral novo de Almada eram
válidas na passagem e dentro dos limites do termo,
e revelam a diversidade e multiplicidade de
produtos e actividades económicas da região, bem
como, a dinâmica institucional, social,
administrativa e jurídica dos direitos e tributos, da
administração da justiça e da exploração da terra.
15 Ver Alexandre Flores, António J. Nabais – Os forais de Almada e seu termo: subsídios para a história
de Almada e Seixal na Idade Média, 1983,pp. 27-28. 16 Arquivo Histórico da C.M. Almada – Livro do Foral, 1513,fls.1, reg. n.º 988.
Capa do Foral de Almada, 1513, AHMA.
Frontispício do Foral de Almada, 1513, AHMA.
OS DIREITOS E TRIBUTOS GERAIS
A PORTAGEM:
Desde a época medieval que os mais variados produtos estavam sujeitos ao
pagamento do direito de portagem. Este tributo era pago por todos aqueles que « […]
seia de fora da villa e do termo e traga hy de fora do dito termo cousas para vender
ou as compre no tal lugar donde assi nã for vezinho e morador e as tire pera fora do
dito termo.”»
Todos os indivíduos deveriam notificar os rendeiros ou oficiais da portagem e
apresentar manifesto das mercadorias que trazem de fora para vender antes de
descarregar.
As mercadorias da vila poderiam ser compradas livremente, mas antes de serem
transportadas para fora teriam que ser, também, apresentadas aos rendeiros ou
oficiais para pagamento da portagem.
OS BENS SUJEITOS AO PAGAMENTO DE PORTAGEM:
Cereais Carga maior Carga menor Costal - de 4
Alqueires
Trigo; Cevada; Centeio; Milho painço;
Aveia; Farinhas destes
cereais; Linhaça
3 ceitis 2 ceitis 1 centil isento
Têxteis Carga maior Carga menor Costal Arroba
Seda; Borcado; Lã;
Linho; Algodão; Palma; Roupa dos
mesmos materiais; Lã,
linho ou seda fiados ou por tingir
27 reais 13 ½ reais 6 reais e
5 ceitis
1 real e
4 ceitis
Lã por fiar 6 reais - - -
Estopa fiada ou por fiar; Bragaes; Feltros;
Burel; Emxerga;
Almafega; Mantas da terra; Semelhantes
panos grossos e baixos
13 ½ reais 6 reais e
5 ceitis 3 ½ reais 8 ceitis
Produtos têxteis para
uso próprio isento
Couro Carga maior Carga menor Costal Arroba
Sapatos e outros produtos de couro
27 reais 13 ½ reais 6 reais e 5 ceitis
1 real e 4 ceitis
Couro 13 ½ reais 6 reais e
5 ceitis 3 ½ reais 8 ceitis
Peles Carga maior Carga menor Costal Arroba
Coelhos, cordeira e
martas 27 reais 13 ½ reais
6 reais e
5 ceitis
1 real e
4 ceitis
Uso próprio isento
Pelica e roupa em pele ½ real unidade
Gado Por cabeça
Boi 3 reais e
4 ceitis
Vaca 1 real e 5 ceitis
Carneiro e Porco 2 ceitis
Bode; Cabra e Ovelha 1 ceitil
Crias de qualquer
espécie isento*
*(+ de 4 cabeças: 1 ceitil/cabeça)
Carne
Toucinho e Marrã
inteiros 2 ceitis
Toucinho e Marrã encetados
isento
Caça: Coelhos; Lebres;
Perdizes; Patos; Adem; Pombos; Galinhas e
todas as aves e caça
isento
Produtos Carga maior Carga menor Costal - de 4
Alqueires
Sal e Cal 3 ceitis 2 ceitis 1 centil isento
Vinho e Vinagre 1 real - - -
Especiarias e botica Carga maior Carga menor Costal Arroba
Pimenta, canela e
outras especiarias
27 reais 13 ½ reais 6 reais e
5 ceitis
1 real e
4 ceitis
Ruibarbo, canafístula,
estoraque e outras plantas medicinais
Perfumes, cheiros,
águas rosadas e outras águas destiladas
Derivados de açúcar e
mel
Grão Brasil e outros produtos para tingir
Algodão ou seda
Vidro
Metais Carga maior Carga menor Costal Arroba
Aço; Ferro; Estanho; Chumbo; Latão;
Arame
Cobre; Outros metais e de todos os produtos
metálicos
27 reais 13 ½ reais 6 reais e 5 ceitis
1 real e 4 ceitis
Armas e Ferramentas
Ferro em barra ou maciço
13 ½ reais 6 reais e 5 ceitis
3 ½ reais 8 ceitis
Para uso próprio isento
Produtos Carga
maior
Carga
menor Costal Arroba Tonel
Cera; Mel; Azeite;
Sebo; Unto; Queijos secos; Manteiga
salgada; Pez
Resina; Breu; Vinagre; Sabão; Alcatrão
13 ½ reais 6 reais e
5 ceitis 3 ½ reais 8 ceitis 6 cargas
Para uso próprio isento
Equídeos* Preço de venda Por cabeça
Cavalo; Rocim; Mu e Mula < 260 reais 13 reais
> 260 reais 27 reais
Égua - 3 reais e 4 ceitis
Asno/a - 1 real e 4 ceitis
Crias de égua ou asna vendidas
com as mães Isentas
*Isentos: vassalos e escudeiros reais, rainha e infantes.
Coisa de pedra e barro Carga maior
Louça de barro 4 reais
Louça de barro vidrada e Louça de barro de fora do reino 8 reais
Louça de barro vidrada de fora do reino e Azulejos 10 reais
Mó de barbeiro 3 reais
Mó de moinho e Atafona 4 reais
Mó de moer cascas ou azeite 8 reais
Mós de mão 1 reais
Barro e Pedra Isento
Mármore de levante 1 real
Para uso próprio isento
Palma, esparto e
semelhante Carga maior
Palma; Esparto; Junca;
Junco seco 6 reais
Esteiras; Alcofas;
Açafates; Cordas; e de
outros produtos feitos de palma
10 reais
Frutos Verde Carga maior
Laranjas; Cidras; Peras
Cerejas; Uvas verdes
Figos; E toda a fruta verde; Melões e
Hortaliça
½ real
Menos de ½ arroba isento
Frutos Secos Carga maior
Castanhas verdes e secas; Nozes; Figos;
Ameixas passadas;
Uvas passadas; Avelãs; Amêndoas;
Pinhões; Bolotas; Mostarda; Lentilhas e
todos os legumes
secos
4 reais
Para uso próprio - 2 alqueires:
isento
Escravos Unidade
Escravo ou escrava
que se vender 13 ½ reais
Criança que mame paga só a mãe
Troca de escravos sem
dinheiro envolvido isento
TIPOLOGIA DAS CARGAS:
Carga maior Carga menor Costal
Besta muar ou cavalar Asno Homem
1 ½ Carga maior ¼ Carga maior = ½ Carga menor
10 arrobas 5 arrobas 2,5 arrobas
+/- 146 Kg +/- 73 Kg +/- 36 Kg
MOEDAS E EQUIVALÊNCIAS NA ÉPOCA DE D. MANUEL I
MOEDA METAL EQUIVALÊNCIA
Português ouro 3900 reais
Cruzado ouro 390 reais
Meio Português prata 200 reais
Tostão prata 100 reais
Índio prata 33 reais
Vintém prata 20 reais
Cinquinho prata 5 reais
Real cobre 1 real
Ceitil cobre 1/6 real
Ceitil Real
Cinquinho Vintém
Índio Tostão
Cruzado Português
ISENÇÕES E PRIVILÉGIOS AO PAGAMENTO DE PORTAGEM
Os moradores (vizinhos) da vila e termo
e os eclesiásticos estavam isentos do
pagamento da portagem no termo de
Almada.
De acordo com o foral não se pagava
portagem das mercadorias e bens:
«[…] que se comprarem e
tirarem da villa pera o termo
nem do dito termo pera a villa
posto que seiam pera vender
assi vizinhos como nam vizinhos […]»;
«[…] das cousas nossas nem das quaaes quer pessoas trouxerem pera algua
armada nossa ou feita per nosso mandado ou autoridade […]»;
que transitassem pelo termo, quer seja pela terra ou mar, mesmo que
permanecessem algum tempo no termo;
que entrassem ou saíssem do termo, na sequência de mudanças de
habitação;
quem tivesse bens, novidades ou frutos, herdados ou próprios, e os levasse
para fora do termo;
as pessoas que tinham que pagar o seu casamento, tenças, mercês ou
mantimentos também estavam isentos de pagar portagem das coisas e
mercadorias que levassem para fora e fossem para vender.
OS PRODUTOS ISENTOS DO PAGAMENTO DE PORTAGEM:
pão cozido;
queijadas;
biscoitos;
farelos;
bagaço de azeite e de azeitona;
ovos;
leite e derivados (sem sal);
prata trabalhada;
pão que vier ou for ao moinho;
canas;
vides;
carqueja;
tojo;
palha;
vassouras;
pedra;
barro;
lenha;
erva;
carne vendida a peso ou a olho;
pano e fiado que se mandar
fora tecer, curar ou tingir;
mantimentos comprados pelos
caminhantes para seu alimento
ou dos seus animais;
gados que vier pastar;
panos e jóias para bodas e
festas
Pormenor do Livro de Horas de D. Manuel, mês de janeiro, António de Holanda, MAA.
A JUGADA:
Este tributo recaia sobre a exploração de terras lavradas e o foral determinava «[…]
que se page por qual quer seara de dous boys que qualquer pessoa lavrar e semear
tres alqueires de trigo ou de milho […]».
O OITAVO DO VINHO E LINHO:
Imposto aplicado sobre o rendimento da produção do vinho e linho, retirando a
oitava parte. O foral novo estabelecia que «[…] pagaram os piaaes segundo forma do
dito foral antiguo […]».
A AÇOUGAGEM:
Imposto pago pelo abatimento de reses no açougue (matadouro). Em Almada «[…]
pagarssea ao almoxeriffe de cada vaca que se talhar a peso meo huvre E do boy tres
reaes e do porco huu lombinho de dentro E do carneiro e gaado miudo meo real […]».
A DÍZIMA:
Contribuição equivalente à décima parte do rendimento. Esta prestação incidia sobre a
produção dos fornos de telha e tijolo existentes, com excepção dos de louça, sobre o
pescado recolhido pelos pescadores de mar ou terra e regateiro, o pescado vindo de
Sesimbra e ainda sobre os «[...] alhos e çebollas e linho e vasos de paao […] as la forem
vender homeees de fora da villa e termo [...]». Os moradores de Almada estavam isentos
de pagar este direito pela madeira que utilizassem para fazer naus, caravelas, ou para suas
casas e tanoado. O pescado para consumo dos pescadores também estava isento. O rei
ficava também com «[…] a dizima da execuçã das sentenças […]».
O SALOIO:
Tributo pago pelos padeiros da vila pelo «[...] todo pam cozido que se vender na dita
villa se pagara de XXX paaes huu [...]». O foral isentava do pagamento deste direito
o «[...] pam que se vender das poyas dos fornos nem das obradas e ofertas dos
clerigos e Igreias E no termo nã se pagara o dito dereito».
Pormenor do Livro de Horas de D. Manuel, mês de setembro, António de Holanda, MAA.
O VINHO TRANSPORTADO POR MAR:
O rei determinou que de «[...] todo vinho que se hy carregar per agoa se pagara de
cada tonel vinte reaes dora correntes e de pipa e quarto peresse respeito […]».
OS DIREITOS DE TABELIÃO:
Estabeleceu-se que os 4 tabeliães em funções em Almada tinham que pagar, cada
um, à coroa real «[...] oitoçentos Reaaes por anno».
A CURRALAGEM:
Direito que se pagava pelo gado, que em passagem pelo termo da vila, se recolhia no
curral do concelho ou alheio. O foral determinou que se deixasse de pagar pela
passagem do gado pela vila, e que somente os donos que quisessem pôr o gado no
curral, pagariam o seguinte:
Gado Vacum – 1 real por cabeça
Porco e carneiro – ½ real por cabeça
O GADO DO VENTO:
O gado de qualquer espécie que era encontrado sem dono revertia a favor do rei. E
quem o encontrasse era obrigado a comunicar ao oficial responsável «[...] dy a oyto
dias com a pessoa que pera isso sera ordenada sopena de lhe ser demandado de
furto».
O RELEGO:
Privilégio que possuía o rei e os senhores de terras, de venderem o seu vinho sem
concorrência durante um certo período do ano. Relativamente a este direito o foral
estabeleceu o seguinte: «Posto que pello dito foral antiiguo fosse reservado o tempo
do rellego para a venda do nosso vinho porem despois foy tirado per privillegio del
Rey dom Joham nosso bisanoo o qual comfirmamos per este nosso foral».
Pormenor do Livro de Horas de D. Manuel, mês de outubro, António de Holanda, MAA.
A ESTALAGEM:
Existiam duas estalagens no termo, uma em Cacilhas e outra em Cucena (Aldeia de
Paio Pires, junto a Coina). Em Cacilhas, só a estalagem podia «agasalhar bestas por
dinheiro». Na vila e termo é permitido dar de comer e dormida, de graça ou por
dinheiro.
DISPOSIÇÕES, DIREITOS E TRIBUTOS SOBRE A PROPRIEDADE
E EXPLORAÇÃO DA TERRA
A UTILIZAÇÃO DOS MONTADOS:
Nos terrenos destinados a pastos para os
gados «[...] por que estam em
vizinhança com seus comarcaaos e
husaram de suas posturas do conçelho
huus com os outros».
A UTILIZAÇÃO DOS MANINHOS:
Os terrenos incultos e baldios do concelho, eram dados pelo sesmeiro «[...] segundo
nossa ordenaçã sem ninhuu tributo nem foro pera nos nem perao concelho […]».
AS TERRAS FOREIRAS:
Os rendimentos provenientes das terras, vinhas e moinhos que a coroa real possuia
na vila e termo de Almada «[…] pagaram como ateequi paguaran.», de acordo com o
antigo foral.
O REGUENGO DE CAPARICA:
O foral determinava a propriedade «[…] no termo da dita villa huu regemgo nosso e
da coroa real de nossos regnos em caparica o qual estaa demarcado e confrontado per
suas devisooes escritas e decraradas nos
nossos proprios da dita villa do qual se
paga de todalas novidades fruitas canas
vimees e de todallas cousas que se nelle
colhem de quatro huu sem ninhua
deferença pagandosse primeiro o dizimo
a deos e nos pagaremos aceifagem a
saber o quarto dos segadores que o
laurador meter no pam».
Pormenor do Livro de Horas de D. Manuel, mês de julho, António de Holanda, MAA.
Pormenor do Livro de Horas de D. Manuel, mês de agosto, António de Holanda, MAA.
AS DISPOSIÇÕES DE DIREITO PENAL
AS PENAS DE SANGUE E ARMAS:
As penas e multas estabelecidas para crimes de sangue e armas eram as seguintes:
morte de homem: 900 reais
forçar mulher: 900 reais
quem tiver alimária que mate homem: 900 reais e dará alimária ao Almoxarife
provocar ferimentos: 200 reais
os prevaricadores também ficam obrigados a entregar as armas ao Alcaide.
pelo seu uso indevido ficará sem armas e pagará 200 reais.
A PENA DO FORAL
Conjunto de sanções aplicadas aos transgressores das determinações constantes do
foral:
quem cobrasse mais direitos ou valores superiores era aplicada a pena de
degredo por 1 ano fora da vila e termo e 30 reais de cadeia.
se fosse o senhor dos direitos do foral ou por terceiros a desrespeitar os
ditos direitos, estes eram logo suspensos e perdiam a jurisdição do lugar. Os
almoxarifes, escrivães e oficiais dos direitos perdiam os seus ofícios.
Pormenor da folha 2 do Foral de Almada de 1513, AHMA
GLOSSÁRIO:
Açafate: cesto baixo, redondo ou oval, sem
arco nem tampa. Açeifagem: cortar searas maduras com foice ou
outro instrumento apropriado
Adem: ave, espécie de pato. Adiça: local no limite do concelho de Almada,
junto à Fonte da Telha.
Adiceiro: pessoa que trabalha na extracção de minério na Adiça.
Agua rosada: preparado composto por
essência de rosas e água, utilizado na farmacopeia, culinária, cosméticos e em
certos rituais. Albergaria: lugar ou casa em que se dá abrigo.
Estalagem.
Alcaide mor: governador de castelo ou de província.
Alcofas: cesto.
Almafega: tecido de lã branco e grosso, especialmente usado pelas classes pobres em
ocasiões de luto.
Almocreve: aquele que tem por oficio conduzir bestas de carga.
Almotaçaria: local onde está o almotacé,
responsável pela inspecção dos pesos e medidas e pelos preços dos produtos
alimentares.
Almoxarife: administrador das propriedades da
casa real, responsável pela cobrança dos
impostos e rendas reais.
Alqueire: medida antiga de capacidade de secos e líquidos, que variava entre 13 e 22
litros.
Areeiro: aquele que carrega areia. Arroba: antiga medida de peso, equivalente a
15 quilos.
Atafona: moinho movido à mão ou por força animal.
Bagaço: resíduo da azeitona que foi exprimida
para se extrair o azeite. Botica: estabelecimento onde se preparam e
vendem medicamentos.
Boticário: quem prepara medicamentos e vende na Botica.
Bragal: tecido grosseiro com trama de cordão
de que se faziam as bragas (calças), usado também para a roupa de casa: toalhas de
mesa, panos para cobrir massa de pão,
lençóis, etc. Breu: resíduo muito escuro e viscoso
proveniente da destilação do alcatrão da
hulha.
Burel: pano grosseiro de lã.
Calafate: aquele que usa estopa ou outra substância para tapar as fendas, juntas e
buracos nas embarcações ou nas aduelas e
tampos das pipas. Canafistola: planta medicinal.
Carga: tudo o que pode ser transportado por
homem, animal ou em carros. Carqueja: planta que serve de acendalha.
Carreteiro: aquele que dirige a carreta
(pequena carroça). Ceitil: moeda antiga portuguesa que valia um
sexto de real. Chanceler-mor: antigo magistrado que tinha a
seu cargo a guarda do selo real.
Coiro: pele espessa e forte de alguns animais, utilizada no fabrico de calçado, objectos e peças
de vestuário.
Confraria: irmandade. Associação para fins religiosos.
Corregedor: magistrado judicial com
jurisdição sobre os juízes de fora e ordinários. Exerce funções nas vilas de uma comarca.
Correições: visitas do corregedor aos cartórios
da sua comarca. Vistorias para verificação do cumprimento das posturas municipais.
Costal: carga que um homem pode levar às
costas, equivalente a +/- 36 Kg.
Degredo: pena de desterro, imposta
judicialmente em castigo de um crime.
Eirádiga: pensão, que antigamente pagavam os arrendatários aos senhorios, e que variavam,
segundo as cláusulas dos contratos.
Emxerga: colchão pequeno e grosseiro. Encetado: tirar parte de qualquer coisa que
estava inteira.
Escrivão: oficial público, encarregado de escrever documentos legais, termos de
processos e outros documentos.
Esparto: planta cujas folhas são utilizadas para fazer cordas, esteiras, etc.
Esteiro: braço estreito de rio ou mar, que se
estende pela terra adentro. Esteva: planta herbácea ou arborescente.
Estopa: a parte mais grosseira do linho. Tecido
fabricado de estopa. Estoraque: planta medicinal. Arbusto exótico
de que se extrai o bálsamo do mesmo nome.
Fanqueiro: comerciante de fazendas, de algodão linho, lã, etc.
Farelo: a parte grosseira da farinha que fica
depois de peneirada.
Feltro: estofo de lã ou de pêlos prensados. Fólio: as duas páginas de uma folha.
Foro: direito; privilégio. Quantia ou pensão que
o arrendatário de um prédio paga anualmente. Fundidor: artífice que funde metais, cera, etc.
Funileiro: fabricante de funis. Latoeiro.
Gafaria: hospital para leprosos. Grão Brasil: servia para fazer tintas para tingir.
Huvre: do latim ubere – seio, mama.
Juiz: magistrado encarregado de administrar a justiça.
Junça: planta parecida com o junco, utilizada
para fazer alcofas, cestos, esteiras, etc. Marchante: negociante de gado para os
açougues. Marrã: porca nova que já deixou de mamar.
Carne fresca de porco.
Martas: pequenos mamíferos carnívoros. A pele deste animal é utilizada para peças de vestuário.
Mercê: concessão de um título honorífico;
benefício; graça. Moendas: peças que moem. Moinhos.
Moio: antiga medida de capacidade,
equivalente a 60 alqueires. Montado: terreno em que crescem sobretudo
sobreiros ou azinheiras e em que se pode
pastar gado suíno; aquilo que se paga ao dono do tal terreno, pela engorda de porcos, que lá
vão pastar.
Mu: mulo, macho.
Novidades: frutos novos do ano.
Oficiais: funcionários administrativos ou
judiciais. Ordenações: compilação de leis.
Palma: ramo de palmeiras, usado para a
elaboração de certos objectos. Pelica: pele fina de animal, curtida e preparada,
de modo a ficar macia e branda.
Pelourinho: coluna de pedra, em praça pública, e junto da qual se expunham e castigavam os
criminosos.
Pez: substância resinosa, extraída das plantas coníferas, principalmente do pinheiro.
Porteiro: aquele que cobra os direitos reais.
Quadrilheiro: soldado que assegurava a ordem pública nas ruas.
Real: antiga moeda portuguesa.
Rocim: cavalo pequeno e fraco. Ruibarbo: planta medicinal com propriedades
laxantes.
Segador: aquele que sega, ceifa. Ceifeiro. Sesmeiro: aquele que divide e atribui as
sesmarias. terras incultas (maninhos) que são
entregues para serem cultivadas. Sisa: imposto que incide sobre as transmissões,
a título oneroso, do direito de propriedade e
de outros direitos equiparáveis sobre bens imobiliários.
Tabelião: notário. Oficial público que regista, em livros de notas, escrituras e instrumentos
jurídicos, para se lhes dar carácter de
autenticidade, reconhece assinaturas e sinais. Tanoado: madeira para se fazer os tonéis.
Tanoeiro: quem faz os tonéis.
Tartarenha: rede de pesca que é arrastada a reboque de uma embarcação.
Tavoada: tabuada. Índice de livro.
Tença: pensão com que se remuneram serviços.
Termo: limite e área territorial no concelho.
Tojo: nome comum a várias plantas espinhosas, de flores amarelas, usadas para
cama de gados, estrume e aquecimento de
fornos.
Tombo: inventário de bens de raiz, com todas
as demarcações.
Tonéis: pipas grandes. Unto: gordura ou banha de porco.
Urze: planta que cresce nas terras incultas.
Vide: videira, planta cujo fruto são as uvas. Vedor: o que faz a inspecção e faz prover do
necessário. O que dirige os negócios, a
fazenda e as obras. Vintaneiro: funcionário responsável pela
cobrança da vintena.
Vintena: tributo correspondente à vigésima parte de um rendimento.
SIGLAS
ACL – Academia de Ciências de Lisboa.
AHMA – Arquivo Histórico Municipal de Almada. ANTT – Arquivo Nacional Torre do Tombo.
BN – Biblioteca Nacional.
CAA – Centro de Arqueologia de Almada. CMA – Câmara Municipal de Almada.
DMDS – Direção Municipal de Desenvolvimento Social.
MAA – Museu de Arte Antiga. MAH – Museu de Arqueologia e História.
REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS
Fontes arquivísticas
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ALMADA. Arquivo Histórico Municipal – Câmara Municipal de Almada, Foral de D. Manuel I, 1513, reg. n.º 988.
PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo – Leitura Nova, Livro dos Forais Novos de
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Promoção de visitas guiadas e palestras a grupos até
20 pessoas às quintas-feiras, das 10.30h às 12.30h,
mediante marcação prévia.
CASA PARGANA
Divisão de Arquivo Histórico e História Local
Rua Visconde Almeida Garrett, 12 2800-014 Almada
Tel.: 212724900 – Fax: 21 2724919
Email: arq.hist.mun@cma.m-almada.pt
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