história de arte - periodo românico/ gótico/ manuelino

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História de arte Românico: Estilo artístico vigente na Europa entre os séc. XI e XIV. Contexto histórico: 476 d.C. Queda do império romano do ocidente Nesta altura a arte tem raízes na época paleocristã, o que fez com que o Cristianismo leva-se a arte a valorizar o espírito; Os valores cristãos vão fazer parte de todos os aspectos da vida medieval; Vive-se o teocentrismo; A igreja fica como representante de Deus na terra e abusa desse poder; Mudança e fortalecimento da Europa Ocidental do séc. XI: o Crescimento de uma civilização urbana e mercantil; o Permanência de uma civilização feudal; o Estabilização e miscigenação dos bárbaros; o Renascimento do comércio e artesanato; o Desenvolvimento da agricultura; o Uso da moeda; o Época favorável à produção artística. A igreja fica mais forte: o Construção de edifícios religiosos o Principais encomendadores: monaquismo/ institutos religiosos Assumem-se como os intermediários entre Deus e o Homem; Tornam-se importantes unidades em termos económicos, intelectuais e religiosos; As peregrinações crescem; As cruzadas libertam a terra santa; Reorganização dos bispados; Expansão das ordens monásticas no ocidente; Sem nenhum poder nas mãos de um único rei, a igreja passa a controlar o pensamento e a vida d época e é a primeira responsável pela unificação da Europa desde a queda do império romano.. Arquitectura: Principais características: A arte românica teve uma estrutura semelhante às construções dos antigos romanos e sofreu influências da antiguidade pagã, do oriente e dos povos bárbaros da Irlanda; Abóbadas em substituição do telhado das basílicas (abóbada de berço, abóbada da aresta); Pilares maciços que sustentam as paredes expeças; Aberturas raras e estreitas usadas como janelas; Arcos de 180 graus (arco de volta inteira, volta perfeita ou arco romano); Igrejas grandes e sólidas/ estilo clerical;

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Page 1: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

História de arte

Românico: Estilo artístico vigente na Europa entre os séc. XI e XIV.

Contexto histórico:

476 d.C. Queda do império romano do ocidente

Nesta altura a arte tem raízes na época paleocristã, o que fez com que o Cristianismo

leva-se a arte a valorizar o espírito;

Os valores cristãos vão fazer parte de todos os aspectos da vida medieval;

Vive-se o teocentrismo;

A igreja fica como representante de Deus na terra e abusa desse poder;

Mudança e fortalecimento da Europa Ocidental do séc. XI:

o Crescimento de uma civilização urbana e mercantil;

o Permanência de uma civilização feudal;

o Estabilização e miscigenação dos bárbaros;

o Renascimento do comércio e artesanato;

o Desenvolvimento da agricultura;

o Uso da moeda;

o Época favorável à produção artística.

A igreja fica mais forte:

o Construção de edifícios religiosos

o Principais encomendadores: monaquismo/ institutos religiosos

Assumem-se como os intermediários entre Deus e o Homem;

Tornam-se importantes unidades em termos económicos, intelectuais

e religiosos;

As peregrinações crescem;

As cruzadas libertam a terra santa;

Reorganização dos bispados;

Expansão das ordens monásticas no ocidente;

Sem nenhum poder nas mãos de um único rei, a igreja passa a controlar

o pensamento e a vida d época e é a primeira responsável pela unificação da Europa desde a queda do império romano..

Arquitectura:

Principais características: A arte românica teve uma estrutura semelhante às construções dos antigos romanos e

sofreu influências da antiguidade pagã, do oriente e dos povos bárbaros da Irlanda;

Abóbadas em substituição do telhado das basílicas (abóbada de berço, abóbada da

aresta);

Pilares maciços que sustentam as paredes expeças;

Aberturas raras e estreitas usadas como janelas;

Arcos de 180 graus (arco de volta inteira, volta perfeita ou arco romano);

Igrejas grandes e sólidas/ estilo clerical;

Page 2: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Ricamente decoradas no seu exterior (contrariamente à arte paleocristã);

Surgem torres no cruzamento das naves ou na fachada.

As igrejas românicas estão todas viradas para nascente, o que causa por vezes alguma

dificuldade de construção;

As mais remotas são construídas em zonas altas; As mais recentes em zonas baixas;

A maioria das igrejas têm apenas uma capela-mor quadrangular. Normalmente a maioria tem três capelas que são escalonadas.

Igrejas de peregrinação: Eram construções características desde período, estavam localizados no caminho que levava os

peregrinos aos locais sagrados e serviam-nos de apoio. Continham muitas reliquias pertencentes a Jesus cristo, maria e outros santos. A principal característica era a planta em cruz latina.

Românico em Portugal:

Introduzida em Portugal no inicio do Séc. XII prevaleceu até aos finais do séx. XII. O contexto

histórico era idêntico ao de outros países europeus, acrescido da necessidade de afirmação de

independência do território. Era símbolo da espiritualidade da época. Possui características

fortemente rurais e estão ligados à construção de igrejas de reduzidas dimensões.

Braga, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora: estas cidades e mosteiros tornaram-se os principais difusores da arte românica em Portugal.

Norte: granito

Centro: calcário

Sul: tijolo e taipa

As igrejas românicas portuguesas são em geral robustas:

Paredes grossas;

Contrafortes salientes; Uso da pedra aparelhada;

Têm grande sobriedade e austeridade:

Uso de uma única nave com cabeceira em abside redonda ou quadrada;

Cobertura por um telhado de duas águas;

Utilização dos arcos de volta perfeita; Relevos didácticos e decorativos no interior e exterior (cachorrada nas cornijas);

Ordem de Cluny: Mais faustosa e com mais tendência para a ostentação;

Pequenas igrejas de mosteiros no Norte de Portugal;

Uso de uma única nave com acentuado carácter defensivo;

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Era usada como fortaleza e exemplo disso são os contrafortes e as janelas em forma de

seteiras;

Ordem de Cister: Marcada pela espiritualidade, simplicidade e vigor;

Os edifícios eram filiado na casa mãe que enviava um abade e doze monges para cada

fundação;

Adaptaram-se à liturgia romana, mais simples e encenadas;

As esculturas concentradas nas portas eram símbolo das portas do céu, e nas janelas,

por onde entrava a luz divina, muitas vezes embelezadas por frescos nos seus panos.

Articulação da planta da catedral românica: As igrejas românicas seguem dois modelos:

- o menos utilizado, de planta centrada, em cruz grega, hexagonal, octogonal ou circular, de

influência oriental;

- o dominante, de tipo basilical, em cruz latina, com 3, 5 ou 7 naves.

As naves da catedral são atravessadas por uma outra, o transepto, que podia ter

apenas uma nave ou o seu tripartido como o corpo da igreja e que confere ao

edifício a sua forma cruciforme;

Em altura todos os transeptos salientam-se nas naves laterais, ficando o nível da

nave central;

No ponto de cruzamento aparece o cruzeiro, encimado pelo zimbório ou torre

lanterna (sistema de iluminação e arejamento da igreja);

Em frente de cada igreja há um cruzeiro;

No lado nascente do transepto abrem-se um ou dois absidíolos, que por suas

vezes eram colocados no alinhamento das naves laterais;

Quando as colunas são cruciformes é porque havia intenção de abobadar;

A maioria dos tectos era de madeira

A nave central conduz à abside central, que contém a capela-mor onde se situa

o altar e o coro. Devido ao aumento do culto, foi necessário construir mais

altares onde se celebravam vários ofícios ao mesmo tempo;

Para tal, foi construído o deambulatório (espécie de corredor ou nave

curvilínea), que contorna a abside e geralmente possui três a cinco capelas

radiantes (que serviam para instalar os altares secundários). Este em conjunto

com a abside forma a cabeceira.

Page 4: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

As igrejas de peregrinação possuíam uma cripta, local onde se depositavam e

veneravam os restos mortais e/ou as relíquias dos santos e onde se realizavam

cerimónias religiosas;

Em alguns casos a igreja românica é precedida por um nártex, que serve de

vestíbulo à igreja (influência da basílica cristã); destinava-se a abrigar os

catecúmenos (não baptizados), os energúmenos (possuídos dos demónio) e os

penitentes;

Ou por um átrio, um recinto aberto, espécie de pátio quadrangular rodeado por

quatro alas abobadadas e colunadas.

Consoante as regiões, a catedral podia ter uma ou duas torres sineiras, que

ladeavam a fachada principal e possuíam diversas aberturas que difundiam a luz

para a nave principal;

Arquitetura civil e militar

Tal como no resto da Europa, as fortificações (castelos com residência ou alcáçova,

castelos-refúgio e torres de atalaia ou protecção) tiveram como principal papel a defesa

da população em situações de perigo e possuíam as mesmas caracteristicas formais e

técnicas;

Os castelos com residência possuíam uma sólida construção castrense, com aparelho de

cantaria lavrado, tendo no seu interior uma residência; apresentavam um aspecto

robusto pelo carácter defensivo que possuíam;

Os castelos-refúgio tinham como principal função acolher os povos em perigo; eram

construídos em sítios estratégicos como locais rochosos e propícios e não se

encontravam muito afastados das povoações, para que a protecção fosse quase que

imediata;

Foram ainda construídas torres defensivas, associadas aos mosteiros;

Na arquitectura civil, a Domus Municipalis de Bragança recebe principal atenção. Era

usada como local de reuniões e possuía um sistema recolector de água da chuva e uma

cisterna para a armazenar.

Escultura A decoração esculpida das igrejas românicas possui influências bárbaras e bizantinas.

Os relevos, ornamentais, figurativos e sobretudo didácticos, distribuem-se interna e

externamente.

No exterior do edifício, a decoração escultórica estava limitada ao portal e à cornija: as

cornijas (remate logo a seguir ao telhado) eram decoradas com arcos cegos e

cachorradas (conjunto de cachorros, isto é, peças salientes esculpidas), que podiam ter

também uma função de suporte da cornija.

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Os cachorros possuíam formas geométricas, zoomórficas e antropomórficas (as últimas

exerciam uma função de educação moral, cívica e religiosa, ou de crítica social e

política);

A fechar os algeroses (caleiras) existiam gárgulas, que serviam para escoar a água da

chuva e podiam ter tanto uma forma simples como serem aproveitadas para a

representação de motivos animalistas e míticos;

Mata-cães: Chama-se mata-cães a uma abertura no chão entre as mísulas que

sustentam as ameias ou os balcões das fortificações medievais, através da qual se podia

observar os atacantes que se encontravam na base da muralha defensiva, agredindo-os

com pedras ou outros objectos. Os mata-cães localizavam-se nas partes mais altas das

muralhas, nas torres ou noutra fortificações, sobressaindo destas para a parte exterior.

Fachada principal da catedral Os elementos decorativos que mais se destacam são:

As rosáceas (além de decorarem o exterior do edifício, também iluminavam o interior),

trabalhadas com motivos geométricos e florais;

Os grandes janelões (que possuíam as mesmas funções da rosácea);

O portal, que tanto podia ser simples como encaixado num pórtico saliente. O mais

vulgar possui: uma entrada chanfrada, ou ombreira, ornamentada com colunelos;

O tímpano, espaço semicircular circundado por arcos de volta inteira (arquivoltas), sustentado pelo lintel;

A escultura românica é decorativa e caracteriza-se por: 1º Relacionamento popularizado com a vida rural (quem realizava essas esculturas eram

mestres de pedraria, etc., gente do povo) logo, denotavam-se certas carências ao nível de proporções.

As peças nasciam por encomenda; quem encomendava dizia como queria, como deveria ser feita, etc.. O artesão misturava o seu saber:

Decoração bruta e grosseira

material de difícil manuseamento (granito)

2º Subordinação da escultura à arquitectura – só há escultura decorativa nos locais onde a arquitectura predestina

Capitéis das colunas

Frisos

Portais de acesso

Mata-cães

Cornijas

Gárgolas

Alguns elementos arquitectónicos que são esculpidos

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Numa época em que poucas pessoas sabiam ler…

A deformação das formas, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística

que os artistas faziam da realidade, e não havia uma preocupação com a representação fiel dos seres e objectos;

Ex.: A figura de Cristo é sempre maior do que as outras que o cercam.

A distorção volumétrica da escultura deve-se também às exigências da Arquitectura;

A escultura tinha um importante CARÁCTER SIMBÓLICO

O discurso religioso é um discurso de ordem e autoritário – assentava na ideia do castigo:

“Nós pregamos o bem, quem não concordar… paga”

Bem/Mal;

Verdade/Mentira;

Valor positivo/negativo;

Claro/Escuro;

Anjos/Demónios; …

Elementos utilizados para esta temática:

Animalistas; Vegetalistas; Naturalistas; Figuras religiosas

Embora a temática seja profundamente religiosa, contém também versões pagãs as

pessoas que a executavam não estavam preparadas teoricamente.

Temos três tipos de composição:

Decorativa – Valores geométricos, alternância, valores vegetalistas apenas com intenção decorativa mas muito estilizado: Ex.: Frisos

Simbólica – Figuras religiosas, animalistas, por vezes vegetalistas mas sempre com valor simbólico: Ex.: Tímpanos. Por vezes aparecem composições historiadas

Ilustrativa - Vai haver, por vezes, a necessidade de ilustrar para os incultos, cenas da Bíblia: Ex.: Portas decoradas, altares, escultura tumular

Pintura Foram-nos deixados poucos exemplos de pintura românica

Pintados em fresco sobre o granito;

Figuração estilizada;

Cores muito vivas e planas;

Imitação de formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais;

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Aparece sempre integrada (como acontece na escultura) em espaços previamente

reservados pela arquitectura;

Todo o interior das igrejas era pintado; É uma pintura pedagógica, articulada com a componente escultórica;

Os temas são variados mas sempre a partir dos princípios da religião cristã:

•A Trindade; •A Virgem Maria •A vida do santos •Temas apocalípticos, como o Juízo Final

(normalmente colocados à saída); •Jerusalém celeste; •Trabalho; •Simbologia da tradição clássica – a sereia, o pavão real ou a árvore da vida;

É uma pintura mental ou intelectualizada, com figuras lineares e sem perspectiva, que comungam com elementos da estética paleocristã, da bizantina e da pré-românica.

Estas pinturas concentram-se nas absides e nas paredes superiores da nave central

Algumas Particularidades do Românico: Sés Catedrais – Abobadadas

Abadias- Algumas abobadadas

Igrejas - Cobertura em madeira

Construção:

Começada pela cabeceira;

Porque parecem desproporcionadas algumas construções?

Falta de dinheiro; Pela morosidade da construção, às vezes o estilo “passava de moda”!

As igrejas românicas estão todas viradas para Nascente, o que causa por vezes alguma dificuldade de construção;

A maioria das igrejas que têm 3 capelas, estas são escalonadas (o tamanho da capela-mor é

maior do que as restantes);

A maioria das igrejas, têm apenas uma capela-mor quadrangular;

Em altura, todos os transeptos salientam-se das naves laterais, ficando ao nível da nave central;

Quando as colunas são cruciformes, é porque havia intenção de abobadar;

A maioria são de tectos de madeira;

Em frente de cada igreja há um cruzeiro;

As mais remotas são construídas em zonas altas; As mais recentes são construídas em zonas baixas.

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Algumas Particularidades dos mosteiros:

Era a residência dos monges (eles eram os detentores do saber e eram responsáveis

pela difusão do estilo românico);

Fuga mundi (os mosteiros eram quase todos instalados em zonas isoladas, embora

alguns existissem no seio das cidades);

Eram pequenos mundos autónomos e autosuficientes, virados para o seu interior e

fechados ao exterior por muralhas e portas;

Foram edifícios grande complexidade que correspondiam a uma tipologia

arquitectonica ditada por ordens religiosas;

Tinham uma decoração escultórica rica em contrastes e luz e sombra, o que dava uma

sensação de paz e recolhimento;

A ala perpendicular à igreja era chamada de ala dos monges pois continha a sacristia, a

sala capicular, as oficinas, a escadaria ( que dava acesso ao dormitório);

Na ala oposta e paralela à igreja situava-se o refeitório, ladeado pelas cozinhas e

despensas, o armazém, e por vezes, uma hospedaria;

A ala colada à igreja continha o mandatum (onde se lavavam os pés aos monges

acolhidos como hóspedes na comunidade)

Distribuidos por 3 alas arquitectónicas, dispostas o redor de um espço quadrangular

aberto (o jardim) e rodeado por galerias com arcos de volta inteira em colunas – o

claustro- que ficava adossado ao lado sul da igreja, que o encerrava no fim e era o centro

organizador do mosteiro.

GÓTICO Origens e contexto histórico

O termo “Gótico” provém da denominação de uma tribo bárbara - Godos - que, habitava

na região do Baixo Danúbio.

Pouco se sabe acerca deste povo, uma vez que não escreviam, sendo-lhe no entanto

atribuída, no século IV (em 476 D.C.), a queda do Império Romano, pelo

enfraquecimento do poder central em Roma, conseguido através de sucessivos ataques.

Povo nómada, vivia sobretudo de saques e da invasão de terras férteis;

Os Bárbaros foram, posteriormente, sendo “romanizados”, espalhando-se pela Europa

do século V, diluindo-se e fazendo a sua adaptação, na miscigenação com as

comunidades cristãs, pouco a pouco, à cultura românica, o que proporcionou um clima

de estabilidade, também conseguido através do recuo dos Árabes e da consequente

diminuição das guerras – este foi exactamente o berço do estilo Românico.

Apenas no século XVI surge o termo que vem designar a “Arte das Catedrais”:

Em 1550, o crítico de arte Vasari refere-se à arte Gótica ou Ogival, na sua obra Le Vite

de' più Eccellenti Pittori, Scultori e Architettori, de forma pejorativa, e como sendo esta

um insulto estilístico, afirmando que os seus artistas não haviam seguido a Arte Clássica, produzindo por isso obras artisticamente nulas.

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“O gótico era uma arte imbuída da volta do refinamento e da civilização na Europa e o fim do

bárbaro obscurantismo medieval . A palavra gótico, que faz referência aos godos ou povos

bárbaros do norte, foi escolhida pelos italianos do renascimento para descrever essas

descomunais construções que, na sua opinião, escapavam aos critérios bem proporcionados da

arquitectura . ”

Século XII, fortalecimento da actividade mercantil, o que por si só permite o

aparecimento de um novo estrato na sociedade – a Burguesia.

Os novos ricos tentavam assemelhar-se e aproximar-se em aspecto da classe nobre, como?

- copiando peças,

- usando tecidos caros no seu vestuário,

- ostentando jóias e metais preciosos,

Nasce aqui o conceito de moda, até aí descurado, tanto no aspecto feminino como

masculino (o vestuário assemelhava-se, não havendo nuances que diferenciassem

períodos ou formas, tornando-se a partir daí uma forma individual de expressão).

Em permanente “luta” pelo protagonismo com a nobreza, a burguesia introduziu, desta forma, o gosto pela novidade.

Acrescentado a estes factos:

o surgimento das primeiras Universidades;

a derrota do feudalismo;

consequente retorno da monarquia.

Resultado…

Aparece uma arte que inicialmente se designou de Opus Francigenum e apenas mais tarde foi chamada de Gótico,

Era um movimento artístico de transição entre o românico e o estilo renascentista,

apresentando concepções arquitectónicas inovadoras que prometem o fim da

obscuridade nas Igrejas.

Os habitantes de cada região sentem a necessidade de demonstrar sua emancipação.

A catedral será o símbolo da sua vitória. Aí se realizarão não apenas os actos religiosos,

mas as actividades comunitárias de todo o grupo: será a casa do povo.

Não mais cheia de esculturas e desenhos tenebrosos, mas alta, imponente, iluminada;

As suas torres pontiagudas tentam atingir as nuvens.

O povo está livre do medo do fim do mundo e é animado por um novo sopro de fé;

As paredes dos seus templos devem deixar entrar a luz do sol em múltiplas cores que

lembrem a presença divina.

Comércio em expansão;

Aproximação das cidades a nível físico e estético, permitindo a troca de ideias;

Economia em alta, proporciona a origem de um novo mundo cosmopolita alimentado

pelo turbilhão das cidades e que vai participar no movimento artístico em ascensão

Já se podia encontrar a partir de 1127 um pouco por toda a Europa, Catedrais góticas;

A primeira foi construída em França – a Basílica de Saint-Denis;

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Em quatro séculos de vigência (XII a XVI) em toda a Europa, e sempre na tentativa da

aproximação dos fiéis à Igreja através da grandiosidade das suas catedrais, o Gótico foi

reflexo de alterações sucessivas que se vão diferenciar quatro fases distintas deste

estilo;

Os elementos arquitectónicos foram sendo aperfeiçoados;

Acreditava-se chegar a Deus não apenas pela fé, mas também pela razão, por um

esforço do pensamento.

Tal conceito pode ser aplicado na arquitectura e explica a imponência das construções

complexas e requintadas, ricas em pormenores.

A arte gótica nasceu com as cidades, produto de uma sociedade dinâmica, em

permanente evolução.

Os habitantes das cidades tiveram grande participação nas construções góticas e esta

participação era movida por dois motivos: o sentido religioso e o orgulho cívico, pois a

rivalidade entre as metrópoles era intensa, sendo disputado o protagonismo das

mesmas entre os seus habitantes

ARQUITECTURA

- Simbolismo teológico: fruto do mais puro pensamento escolástico(1): as paredes eram a

base espiritual da Igreja, os pilares representavam os santos, e os arcos e os nervos eram o caminho para Deus ;

- Valor doutrinal: o vitral, considerado “o livro de imagens”, conta ao povo analfabeto a

historia de vida de Jesus Cristo e dos Anjos;

(1) Linha filosófica medieval de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de

responder às exigências da Fé, ensinada pela Igreja, considerada como a guardiã dos valores

espirituais e dos elementos da cristandade

A arquitectura é multidisciplinar, tendo como base:

- a matemática,

- as ciências,

- as artes,

- a tecnologia,

- as ciências sociais,

- a política,

- a história,

- a filosofia, etc.

Sendo uma actividade complexa, é difícil concebê-la de forma precisa, pois a palavra tem diversas interpretações e a actividade, diversas divisões.

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1ª Fase: Gótico Primitivo

Primeira fase do estilo gótico.

Características e elementos arquitectónicos semelhantes aos da arquitectura românica.

Como o gótico primitivo era aparentemente idêntico nos seus traços arquitectónicos,

contínuas dificuldades nas construções góticas, muito escuras.

Devido ao peso das abóbadas, era difícil edificar catedrais, igrejas e abadias altas e

majestosas.

Durante este período verificou-se que os arcos não eram pontiagudos, mas sim

arredondados, conhecidos como meia esfera.

No decorrer do século XII (1100 a 1200), a arquitectura gótica registou poucas transformações, ficando assim conhecido como o período de transição.

2ª Fase: Gótico Lanceloado

O período conhecido como Gótico Lanceloado ficou marcado pelas drásticas mudanças

na arquitectura e estilo gótico em toda a Europa.

Durante este período surgiram inovações e desenvolvimentos nos componentes arquitectónicos, aperfeiçoando as construções que adoptaram este estilo.

As características mais relevantes desta fase foram:

os arcos ogivais, que se tornaram mais aguçados e elevados;

a verticalidade evidenciou-se com o uso constante da segmentação das

abóbadas;

os vitrais passam a ser o método de iluminação das construções e as fachadas são salientadas pelas decorações.

3ª Fase: Gótico Irradiante

Este período ocorreu durante 1300 e 1400, distinguindo-se fundamentalmente pelas

drásticas mudanças nos arcos ogivais.

O arco ogival muda a sua forma, passando de agudo para um triângulo equilátero.

Apareceram ainda algumas mudanças ao nível dos componentes arquitectónicos… por

exemplo:

as nervuras que passaram a ser criadas por elementos circulares;

a verticalidade fez-se sentir com maior intensidade;

as fachadas dos edifícios continuaram a ter decorações faustosas.

4º Fase: Gótico Flamejante

Apareceu em 1400, arrastando-se até 1500.

As características mais marcantes foram:

os arcos ogivais, que passaram a ser formados por um triângulo obtuso, tornando-

se menos bicudo e salientando o horizontalidade.

nas rosáceas e vitrais são aplicadas curvas decorativas que evocam a sensação de

chamas.

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A Catedral

• O objectivo inicial da Catedral era o de constituir uma moradia para os Bispos e a sua assembleia religiosa.

• Com as rivalidades entre as metrópoles, que desejavam sobressair pela grandiosidade dos seus

monumentos, estas construções ocupavam cerca de 30 artesãos especialistas, estando estes sob

a supervisão de um mestre construtor – por aqui se deduz que não mais seria este um trabalho desprovido de arte e técnicas bem definidas.

De uma forma geral, podemos afirmar que as inovações ao nível da arquitectura gótica

se destacam pelas seguintes características: -verticalidade dos edifícios, em substituição

do horizontalidade do românico, conseguida através de altos pilares e pináculos

(agulhas);

paredes mais leves e finas;

aumento da luminosidade pela especial distribuição de luz nos espaços;

predominância de janelas;

contrafortes em menor número;

torres ornadas por rosáceas;

utilização dos arcobotantes para desviar o peso das coberturas;

elaborado sistema de abóbadas, pela presença de arcos ogivais; torres sineiras: telhados piramidais.

PRINCIPAIS CARACTERISTICAS

Verticalidade

Paredes mais leves, logo… Contrafortes de menor dimensão

As catedrais passam a ter mais do que uma porta de entrada

Arco ogival (formado pelo ângulo de dois arcos que se cortam, transmite as pressões

das abóbadas para as laterais )

Abóbadas de ogivas entrecruzadas (baseia-se no cruzamento de dois arcos ogivais, que

formam quatro elementos triangulares )

Como elementos sustentadores temos os pilares com colunas adossadas, destinadas a

suportar a pressão das diferentes nervuras das abóbadas.

Os contrafortes, situados do lado de fora do edifício, recebiam os pesos das zonas

superiores e permitiam paredes finas, possibilitando a abertura de grandes janelas, para

colocação dos vitrais.

Século XV Surge o estilo flamejante (“flamboyant”), características:

- decoração excessiva;

- aparecimento de novos tipos de arcos (cimácio);

- simplificação dos suportes;

- complexidade das nervuras das abóbadas

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Escultura Definição

A escultura é uma arte que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial;

Podemos trabalhar os materiais de diversas formas, como a cinzelagem, fundição, a

moldagem ou a aglomeração de partículas para criação de um objecto;

Aqui podemos encontrar vários tipos de materiais, dos quais a cera ou a madeira.

Tradicionalmente, o principal objectivo foi representar o corpo humano, ou a divindade antropomórfica, mas por vezes não representava coisa alguma.

Técnicas, formas e materiais utilizados

Na história, permaneceram obras dos artistas que usaram materiais mais firmes e

duradouros possíveis… - a pedra (mármore, pedra calcário, granito), - metais (bronze, ouro, prata)

…ou então utilizavam técnicas para melhorar a permanência de certos materiais… - argila, -

terracota

…ou aplicaram materiais de origem orgânica mais nobres - madeiras duráveis, como ébano, jacarandá, - materiais como o marfim e o âmbar.

Geralmente, pode-se esculpir em quase tudo que consiga manter por algumas horas a forma

planeada, como (manteiga, gelo, gesso e até areia molhada), mas essas obras fugazes não

podem ser apreciadas por um público que não seja contemporâneo).

Escultura na Europa

A escultura Ocidental tem origem na Grécia clássica desde os seus primeiros artífices, a

partir do século X a.C.;

Em mármore ou bronze, até ao auge da era de Péricles (século V a.C.);

Foi a partir daí que os escultores começaram a receber o devido reconhecimento

individual e artístico;

A partir dos gregos, os romanos aceitaram a cultura clássica e continuaram a produzir

esculturas, até ao fim do império, numa escala colossal e numa quantidade

impressionante, espalhando o trabalho em mármore por todo o império.

Com o fim do império e a idade das trevas, poucas obras góticas se construíram.

Basicamente trabalhavam na decoração das igrejas, como é o exemplo da Catedral de Chartres, em França

Escultura no Gótico

A escultura gótica teve o seu início Idade Média (século XII e meados do século XVI);

evoluiu a partir da escultura românica e dissolveu- se na escultura do Renascimento;

Durante séculos foi vista como uma escultura irregular e crespa, sendo-lhe atribuído o

nome de gótica, pois sempre se acreditou que provinha da cultura dos godos (uma tribo

bárbara que semeou a destruição e que se relaciona com o negativismo e obscuridade),

estes foram os supostos responsáveis pela queda do império.

Page 14: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Esta arte instrui-se paralelamente à arquitectura das igrejas e está presente nas

fachadas, tímpanos e portais das catedrais;

Distinguiu-se por um calculado naturalismo, procurando expor a beleza do ideal divino;

As estátuas eram alongadas e não continham movimento, com predominância na

verticalidade o que praticamente a fazia desaparecer;

A repulsa à frontalidade é encarado um aspecto inovador na época, e a rotação das

figuras dá-nos a sensação de movimento, quebrando a exactidão formal;

As figuras vão ganhando naturalidade e dinamismo, os moldes tornam-se

arredondados, a expressão do rosto salienta-se e surgem as primeiras cenas de diálogo

nos portais.

Em Portugal, destacam-se: - túmulo de D. Pedro e D. Inês de Castro (Mosteiro de

Alcobaça, Século XIV); - os túmulos reais do Mosteiro da Batalha, século XVI; - os

túmulos das Sés de Lisboa, Braga e Évora, séculos XIV-XV

A história da escultura gótica possui ainda muitas incertezas e pontos tenebrosos, e o

seu estudo ainda não está finalizado;

Temos mais dificuldade em determinar a cronologia, a genealogia, a distribuição e a

propagação geográfica com exactidão de vários monumentos e obras de arte medievais devido aos vandalismos ocorridos:

- Reforma Protestante,

- Revolução Francesa.

Acrescentando isso ao facto de o gótico ter sido apenas reapreciado na segunda metade

do século XIX;

Devido ao pouco conhecimento foram feitas demasiadas restaurações impróprias, nos

monumentos que subsistiram;

É surpreendente que diante de tantas dificuldades ainda se possa descobrir uma imensa

acumulação de escultura dispersa pela Europa, prova da intensa actividade dos artistas

desse período.

Page 15: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Os períodos da escultura Gótica

Gótico primitivo ou Baixo Gótico

Grande multiplicação de representações sacras que aconteceu durante a fase final do

Românico, entre os séculos XI e XII.

Assim como no Românico, a principal iconografia dos primeiro exemplos góticos do séc.

XII foi deixada na decoração dos tímpanos sobre as entradas principais das igrejas e

catedrais, gerados como uma introdução visual e uma preparação espiritual para o culto que ia acontecer no interior;

As mais evidentes inovações do Gótico primitivo foram: - aplicação de esculturas às arquivoltas e às colunas laterais dos portais;

- uma crescente tendência a uma disposição das cenas menos compacta, mais aberta e lógica;

- um prolongamento nas proporções das figuras, acompanhando o maior verticalidade dos edifícios.

Sobre a entrada principal havia sistematicamente uma cena com o Cristo, amiúde o Juízo

Final, o Cristo em Majestade ou a Crucificação;

Nas arquivoltas à sua volta, havia figuras de santos e anjos;

Nas colunas e frisos abaixo:

- apóstolos e outras figuras do Antigo Testamento ou ocasionalmente alegorias como a das Virgens Prudentes e as Virgens Tolas,

- personificações das Artes Liberais,

- ou personagens históricas mais recentes como algum campeão da fé ou um patrono devoto.

Se a igreja possuísse entradas secundárias:

os tímpanos poderiam ser decorados com algumas cenas da vida da Virgem Maria, e

com algum evento da vida do santo padroeiro da igreja;

as imagens da iconografia fachadista gótica eram cuidadosamente seleccionadas para

apresentando a sua consequência teológica na censura enigmático dos maus e na divinação dos bons no Reino do Céus.

Alto Gótico

Ano 1200, a sua linguagem original já estava a ser alterada pelo sucessivo interesse no

naturalismo,

Os primeiros grandes mestres a deixarem os seus nomes na história da escultura gótica

foram Nicolas de Verdum e Rainer de Huy, artistas oriundos do Vale do Meuse -

dedicavam-se a trabalhos de ourivesaria e bronze.

Nas catedrais de Reims, Amiens e Notre-Dame de Paris o estilo gótico já estava livre da

influência românica, e as suas estátuas são de um naturalismo muitíssimo avançado.

As estátuas já são autónomas das colunas;

Posturas mais dinâmicas nos membros e um tratamento de volumes anatómicos que

em muitos casos já não são mais ocultos pelo vestuário.

O humanismo ensinado nas escolas de filosofia redefinia princípios fundamentais da fé,

o que possibilitava:

Page 16: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

absorção de elementos da Antiguidade Clássica na arte,

amainar a rigorosa ética que conduzira o pensamento moral nos séculos anteriores, o deslocamento do interesse do sobrenatural para o mundano e para o humano.

Estudo mais detalhado da natureza, procurando reproduzir:

os efeitos de luz e sombra,

as texturas dos tecidos,

as nuances subtis de expressão, o frescor da juventude e as marcas da velhice.

Parece que todos os objectos se tornavam condutores de beleza e dignos de representação.

Gótico internacional

Compreende o período de meados do século XIV a meados do século XV, com seu pico

por volta de 1400.

A escultura desse período já não é monumental, salvo casos raros, e concentra- se em

peças portáteis e nos retábulos e altares.

A classe média crescia e organizava-se, e começava a gerir vastos sectores dos negócios

públicos.

O sistema feudal caía e era gradualmente substituído por um modelo económico proto-

capitalista dominado por valores da burguesia, a qual se tornou na verdade a frente

cultural do período e assumiu um papel de destaque no patronato das artes.

O individualismo que representou essa nova economia

Nascimento de uma nova cultura urbana, que se afastava de valores tradicionais

organizando outros mais dinâmicos

Reflexo nas artes de modo a privilegiar:

os aspectos realistas,

os interesses profanos,

as escolhas privadas,

Grande trânsito entre as classes sociais

Gótico tardio

Fase final do estilo, sem ser de declínio;

A transição foi suave e progressiva, e foi quando o Gótico produziu algumas de suas

mais opulentas e complexas obras.

A fase delimita-se aproximadamente entre meados do século XV e meados do século

XVI;

Expressivas diferenças na sociedade europeia do período, que podem contribuir para

explicar a transformação artística.

Desenvolvimento de um gosto pelo complexo e pelo ultra- sofisticado, notado na

maneira destacada nos grandes retábulos passando a ser um grande painel narrativo;

A própria estrutura dos retábulos, que encaixilhavam as cenas em estruturas

arquitectónicas rebuscadas, que muitas vezes lembravam uma fachada de igreja;

Page 17: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

O Gótico encerrou o seu ciclo com uma observação profana, a crise derrotista

desencadeada pela Reforma Protestante;

Os reformistas, além de terem posto um fim à unidade do Cristianismo, propuseram

novos conceitos religiosos que afectaram os modos representativos;

Na verdade, inclinaram-se para a condenação da representação sacra e desencadearam

diversos episódios de destruição em massa de imagens sagradas, que despojaram

inúmeros templos convertidos ao Protestantismo de inestimáveis tesouros artísticos.

busca da beleza ideal;

tendência para o naturalismo;

figuras centrais: Cristo e a Virgem;

Tendências

- Idealismo (séculos XII-XIII), com figuras estilizadas e ausência de expressividade dos respectivos rostos (serenidade inexpressiva);

- Hieratismo das estátuas-coluna: ausência de movimento e de proporção anatómica;

- Naturalismo (2ª metade do século XIII a meados do XIV), em que a estatuária ganha vida e

movimento, acentua-se a expressão do rosto e surgem detalhes mais minuciosos conferindo um carácter mais humano às personagens divinas representadas;

- Realismo (2ª metade do século XIV e durante o século XV), época do triunfo da curva e contra-

curva, ondulação excessiva, preocupação absoluta de representação do real.

Estátuas - coluna

A partir do século XIV torna-se muito abundante a escultura de vulto redondo, estatuária de

devoção associada às práticas da piedade individual e destinada a capelas ou oratórios privados.

É sobretudo constituída por imagens da Virgem, de santos e crucifixos, e executada em materiais

diversos, como a pedra, madeira, marfim, etc.

PINTURA

História: A pintura gótica, uma das expressões da arte gótica, teve o seu início apenas

em 1200 ou quase cinquenta anos após o inicio da escultura e da Arquitectura góticas.

A transição do românico para o gótico é muito incerta.

Objectivo: Transmitir não apenas as cenas tradicionais que marcam a religião, mas a

leveza e a pureza da religiosidade, com o nítido objectivo de emocionar o espectador.

Características: O naturalismo e o simbolismo, com base nestes utilizou-se

principalmente de cores claras. A linguagem das cores era completamente definida: o azul, por exemplo, era a cor da Virgem Maria, e o marrom, a de São João Batista.

O naturalismo e o simbolismo, com base neste utilizou-se principalmente de cores claras. A

linguagem das cores era completamente definida: o azul, por exemplo, era a cor da Virgem Maria, e o marrom, a de São João Batista.

- Essa marca, que aparece pela primeira vez na obra dos artistas italianos de fins do século XII, marcou o estilo na pintura europeia até ao término do século XV.

Page 18: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

- O período gótico arrastou-se por mais de duzentos anos, surgindo na Itália e propagando-se

para o resto da Europa.

Durante o período gótico, a pintura era exercida em quatro ofícios principais:

frescos,

painéis,

iluminuras, vitrais

Os frescos continuaram a ser o principal oficio pictográfico nas paredes de igrejas no Sul da Europa, como uma continuação de antigos costumes cristãos e românicos.

A pintura de painéis começou em Itália no século XV, ultrapassando assim o uso dos

vitrais.

A iluminura de manuscritos, por sua vez, representa o mais completo registo da pintura gótica, dando um registo de estilos em locais onde não escapou nenhum outro trabalho.

VITRAIS

Resultado directo da melhor distribuição do peso dos edifícios

Janelas para iluminar o interior das catedrais e torná-las mais imponentes

Mosteiro da Batalha

Embora seja de origens mais antigas, o estilo Gótico trouxe a possibilidade de rasgar

amplas janelas nas paredes dos edifícios, desenvolvendo a arte do vitral ;

As cores eram essencialmente o vermelho e o azul, mas também branco, púrpura,

amarelo e verde;

A escolha das cores era feita tomando em consideração o movimento do sol:

as imagens de cores predominantemente frias colocadas nas paredes viradas a

Oeste e a Norte,

aquelas que exibiam cores quentes, ornamentavam as janelas apontadas para Leste

e para Sul.

A luz era considerada uma manifestação divina, razão pela qual as representações

projectadas no interior dos edifícios através dos vitrais produziam uma forte impressão

mística, uma vez que a luz entrava coada pelos vidros coloridos;

As figuras e cenas mais recriadas nos vitrais diziam respeito a temas religiosos, como a

vida de Cristo, da Virgem ou dos Santos, ou ainda actividades características dos

diferentes ofícios;

O seu período de maior esplendor coincidiu com a edificação das grandes catedrais

góticas, patrocinada pelas riquezas do alto clero, de reis, nobres e dádivas do povo;

Uma vez o trabalho concluído numa catedral, os artesãos que nel e participaram

deslocavam-se para outras paragens em busca de novo estaleiro de construção.

Os trabalhos de vidro da catedral de Chartres são altamente reconhecidos como o

exemplo o mais fino da Alta Era Gótica. Muitas das mais de 170 janelas originais permanecem intactas.

Page 19: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

O Gótico em Portugal

As permanências românicas - O gótico, mais do que uma negação da arquitectura românica,

parece, em alguns pontos, representar uma continuação.

- A maioria das construções góticas não é realizada de base mas fundada sobre igrejas pré-românicas ou românicas.

- Exemplo: tramos, contrafortes.

O seu desenvolvimento tardio:

situação de guerra que ainda se vivia no século XII, pela exiguidade de recursos que

o reino dispunha na altura para poder investir numa arte tão cara e sofisticada

pelo forte enraizamento da arte românica nas tradições arquitectónicas do nosso território

Primeiras construções - a mando dos abades das ordens militares, com amplos poderes

administrativos, judiciais e fiscais, surgem: as igrejas monásticas que serviam aos seus mosteiros

e conventos. Comparativamente o gótico internacional de origem francesa, o gótico

português apresentou sempre dimensões mais modestas com estruturas volumétricas mais simples, janelas mais pequenas e uma decoração menos rica e exuberante.

O Gótico em Portugal – Primeiras construções

- Com a construção Mosteiro da Batalha inicia-se o segundo ciclo da arquitectura gótica

portuguesa. Isto porque, em primeiro lugar, levou à adopção definitiva deste estilo por todo o

país e, em segundo lugar, porque foi neste estaleiro que, pela primeira vez, se construiu o gótico flamejante em Portugal.

- Este estaleiro foi a grande escola da arquitectura portuguesa, influenciando todas as

construções que se fizeram nos séculos XV e XVI, no nosso país. Aqui trabalharam os melhores arquitectos e escultores de todo o reino.

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA - BATALHA

Nasce do voto feito por D. João I a Santa Maria da Vitória, no sentido de comemorar o sucesso sobre as tropas castelhanas, na batalha de Aljubarrota.

Projecto de legitimação de uma nova dinastia, a dinastia de Avis: daí a dimensão da obra, sinal

de capacidade financeira e de poder de realização.

Arquitectos: Afonso Domingues e Huguet.

O primeiro concebeu a estrutura inicial da igreja (excepto as abóbadas da capela-mor, do

transepto e da nave central) num gótico radiante, enquanto Huguet, que terá introduzido o

gótico flamejante em Portugal, levou a cabo a construção da fachada principal da igreja, a

abóbada da Sala do Capítulo e a Capela do Fundador.

Page 20: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Mosteiro da Batalha – caracterização

arquitectónica

- Planta Em cruz latina, revela o apego à tradição

do gótico mendicante português. Trata-se de um

templo de 3 naves, com transepto e cinco capelas na

cabeceira, todas elas precedidas de um tramo recto

(ligeiramente prolongado na capela-mor);

- Dimensões: A igreja, que possui 80 m de

comprimento 22 m de largura e um vão máximo na

flecha de 32,5 m, denuncia um sistema proporcional relativamente simples.

A diferença de altura entre as naves laterais e a nave

central é baseada numa «razão» proporcional de 3:2,

aliás corrente no gótico. Esta «razão» foi adoptada para

determinar a relação entre a largura do templo e o seu

comprimento, da porta axial até ao arco triunfal, e, mais tarde,

para determinar a dimensão da Capela do Fundador que, assim,

se constitui num quadrado que «preenche» três vezes o corpo da igreja (cabeceira excluída).

- Cobertura:

Com oito tramos, marcados por arcada

longitudinal este traçado remete todo o

projecto inicial para uma condição de

continuidade relativamente à tradição

portuguesa, havendo apenas que solucionar

os trâmites relativos ao abobadamento. Os

pilares das naves são de grande espessura,

sendo cada coluna adossada, sem qualquer

marcação de gola ou cornija. A cobertura das

três naves e o transepto é estruturalmente idêntica.

O uso de abóbadas na nave central obrigou à

utilização de arcobotantes, que descarregam o

seu peso nos estribos do flanco exterior do

templo, ao nível da cobertura das laterais. As abóbadas das capelas da cabeceira são cobertas por abóbada de ogivas.

- Alçado:

Em termos de alçado, as diferenças existentes são consequência do abobadamento geral das

naves da igreja. A iluminação é feita por janelões apontados a partir dos flancos colaterais e por

um clerestório que corre ao longo da parede superior da nave central, onde se rasgam janelões

apontados ao eixo dos arcos.

Page 21: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Vitral da Capela do Fundador

Áreas - Capela-mor: A Capela-mor parece ser de acabamento

posterior, podendo igualmente considerar-se duas as fases de trabalho

das capelas colaterais. Na zona das dependências claustrais é possível

que os trabalhos tivessem avançado mais rapidamente do que no corpo do templo.

- Sala do Capítulo: Túmulo do

Soldado Desconhecido, de planta

quadrada, coberta por uma abóbada

de estrela de um só voo. Esta

abóbada é, efectivamente, uma obra

de notável técnica construtiva gótica,

sendo formada por dezasseis

nervuras radiais, oito lançadas das paredes, as restantes lançadas

das chaves secundárias exteriores, convergindo para uma grande

chave central de decoração vegetalista, desenvolvida em duas coroas. A face exterior desta sala, é formada por um portal central.

- Capela do Fundador: Um dos mais importantes edifícios

adjacentes ao mosteiro e que marca o seu carácter «real». Situada

à direita do templo, encostada ao flanco exterior da nave sul, por onde se faz a entrada.

Pelo exterior, impõe-se como uma massa homogénea acentuando a horizontalidade do frontispício do templo.

No interior, a luz irrompe dos janelões da fachada e das frestas de

dois lumes existentes em cada face do octógono central.

A abóbada deste corpo central é estrelada, com oito braços

principais.

Nas paredes rasgam-se arcos sólidos que albergam os túmulos dos príncipes de Avis: D. Pedro, sua mulher e D. Fernando.

Page 22: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

- Panteão de D. Duarte: Planeado tendo em conta uma leitura rigorosa do testamento de

D. João I, optando aquele monarca por criar o seu próprio espaço funerário.

Assim, D. Duarte deu inicio à edificação de uma rotunda atrás da cabeceira.

Nas capelas foi dado um acabamento posterior e mais cuidado à

que se destinava a receber o mausoléu de D. João II e D. Leonor, tendo as obras sido patrocinadas pela rainha.

- Refeitório: O Refeitório é coberto por

abóbadas de berço quebrado de quatro

tramos marcados por arcos torais e apoiada em mísulas sobre friso circundante.

- O Claustro Real é de um só piso com sete tramos por ala. Tem galerias

cobertas por abóbadas de cruzaria de ogivas com cadeia longitudinal. No cunhal, foi edificado um torreão octogonal de remate piramidal

- Claustro D. Afonso V

A importância do estaleiro da Batalha deu origem a outros

estaleiros quase sempre fruto do recrutamento de oficiais ou mestres secundários que fizeram ali o seu tirocínio.

- Gótico de Avis

Pelo exterior, o Mosteiro denuncia, igualmente, a intervenção de

duas empreitadas. O portal sul do templo, claramente desenhado

ainda por Afonso Domingues, denuncia esta simplicidade de

processos. Este portal revela apego aos traçados «portugueses»: dois

contrafortes, enquadram um vão de quatro arquivoltas. Os colunelos são providos de capiteis com decoração vegetalista.

Page 23: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Manuelino

- O Estilo Manuelino:

- Gótico Português Tardio ou Flamejante

- Reflexo ornamental das grandes expedições marítimas

- Desenvolveu-se no reinado de D. Manuel I

- Desenvolveu-se numa época propícia da economia portuguesa

- Arquitectura ‘’ao moderno’’

- O alçado interior das igrejas mantém-se através da orientação este-oeste, da planta,

dos sistemas de suporte e cobertura, do cálculo de proporções.

- As naves da mesma altura, influência das igrejas salão, ausência de transepto e cabeceiras rectangulares são as principais características diferenciais.

- Apesar de ser essencialmente ornamental, o Manuelino caracteriza-se também pela

aplicação de determinadas fórmulas técnicas da altura, como as abóbadas com nervuras polinervadas a partir de mísulas.

- Incorporou, mais tarde, ornamentações do Renascimento Italiano

- O estilo manuelino tem a sua fase de maior amadurecimento a partir da segunda

década do reinado de D. Manuel I

- Os escultores e arquitetos de Portugal definiram, neste contexto, um estilo de uma

originalidade vigorosa.

- Os motivos ornamentais que caracterizam esta tendência são de uma riqueza

impressionante e, ao contrário do que se tornou vulgar dizer, não é caracterizada apenas

pelos motivos marítimos, inspirados na Era das Descobertas, mas por um conjunto de símbolos de ordem diversa onde, eventualmente, se encontram elementos do género.

- No estilo Manuelino não se mascara a estrutura dos edifícios ao mantê-los livres de

ornamentação desnecessária:

- as paredes exteriores ou interiores são geralmente nuas, concentrando-se a

decoração em determinados elementos estruturais como:

- janelas, portais, arcos de triunfo, tetos e abóbadas

- pilares e colunas, arcos e nervuras (ogivais, liernes e terceletes)

- frisos, cornijas, platibandas (como nos Jerónimos), óculos, contrafortes, túmulos, fontes, cruzeiros, ect.

Page 24: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Autores mais importantes:

No Norte de Portugal, os principais autores deste estilo, provenientes da Galiza ou

Biscaia, foram:

- Tomé de Tolosa, Francisco Fial e Pêro Galego, que participaram na criação da Igreja Matriz de Caminha

- João de Vargas e João de Parmenes, que trabalharam juntamente com o

português João Lopes na Sé de Lamego

- O cantábrico João de Castilho, responsável pela galilé (construção

arquitetónica, normalmente na entrada de um templo) e pela capela-mor da Sé de Braga

- Também deixou a sua marca no Mosteiro dos Jerónimos, onde avulta a figura de Diogo Boitaca, criador do Mosteiro de Jesus de Setúbal

- Além de Boitaca, o centro de Portugal conta também com a obra notável de

Mateus Fernandes, bem representada no portal das Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha

- Fala-se ainda de um ‘Manuelino de segunda geração’, após o recrudescimento

(renascimento) económico em Portugal, em consequências das Descobertas

- Castilho, Boitaca e os irmãos Francisco e Diogo de Arruda, que desenharam a

Torre de Belém, são os seus principais representantes

Principais obras:

- Norte de Portugal, presente desde o inicio do séc. XVI e onde são características

dominantes a decoração ao etilo ‘flamejante’ e as Igrejas divididas em três naves:

- Igreja Matriz de Vila do Conde

- Igreja Matriz de Caminha

- Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta

- Mosteiro de Leça do Balio (pia baptismal)

- Pelourinho de Arcos de Valdevez

- Centro de Portugal:

- Convento de Cristo, onde sobressai a magnifica janela do Capítulo

- Mosteiro dos Jerónimos

- Cruzeiro do Cartaxo

Page 25: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

- Determinadas partes do Mosteiro de Santa Maria da Vitória (ou Batalha)

- Igreja Matriz da Golegã

- Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (túmulos, igreja, claustro)

- Convento de Jesus em Setúbal

- A sala dos brasões no Paço Real de Sintra

- Torre de Belém

- O Arco Triunfal da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, em Caldas da Rainha

- Sé Nova de Coimbra (pia baptismal)

- Sul de Portugal:

- Igreja de Monchique

Motivos ornamentais

- A característica dominante do Manuelino é:

- a exuberância de formas e uma forte interpretação naturalista-simbólica de

temas originais, eruditos ou tradicionais

- o conjunto quase sempre apresenta-se como um discurso de pedra, onde

diversos elementos e referencias se cruzam (pansemiose- ou ‘’todos os significados’’),

como o cabalismo cristão, a alquimia, a tradição popular, etc.

- O contexto pode ser:

- moralizante, alegórico, jocoso (quando se aponta o dedo aos defeitos humanos

ou a pormenores obscenos), propagandístico (em relação ao poder imperial de D. Manuel I. Note-se que esta simbologia está também muito ligada a heráldica)

- A janela do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar é uma das mais referidas obras

neste estilo.

- A janela, tanto em edifícios religiosos como seculares, é um dos elementos arquitetónicos onde melhor se pode observar a decoração manuelina.

Page 26: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Arquitectura militar

- Para além da função prioritária de defesa do núcleo, estas edificações serviam de apoio

ao comércio e navegação, de habitação e de base de organização e estruturação de

novos aglomerados urbanos

- As fortalezas manuelinas apesar de não trazerem alteração no tradicional sistema

construtivo do gótico final, apresentam inovações na planta, na organização da cintura

muralhada e no modo de implantação

- Eram construídas em diversas áreas geográficas e

com funções específicas distintas na estratégia de

defesa do reino (Torre de Belém, Lisboa)

Arquitectura civil

- A arquitetura civil apresenta substanciais modificações, embora a evolução tenha-se

feito no sentido tradicionalmente apontado pelo gótico final

- O paço e a casa senhoriais adquirem agora tipologias definidas quanto à planta e à

compartimentação do espaço interior, demonstrando, sobretudo nas fachadas e vãos,

a habitual decoração manuelina.

- Símbolos Nacionais:

- A cruz da ordem de Cristo

- A esfera armilar

- Claustro de D. João I, no Mosteiro da Batalha

- Portal da Igreja Matriz de Viana do Alentejo

- Elementos naturalistas:

- Corais, algas, guizeiras, alcachofras (símbolo da regeneração e da ressureição)

e romãs (símbolo da fertilidade, na porta lateral da Igreja Matriz da Golegã)

- Folhas de hera, Pinhas (símbolo de fertilidade), caracóis ou conchas de nautilus

(caracol esculpido no portal das Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha) e animais

- Elementos fantásticos:

- Ouroboros (a serpente que morde a sua própria cauda: símbolo do Universo –

a união do princípio e do fim)

Page 27: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

- Sereias (motivo da arte profana)

- Monstros (principalmente as gárgulas, mas também outros, como dragões e animais de boca aberta, devorando o seu próprio corpo)

- Orelhudos (cabeças com orelhas descomunalmente grandes)

- Animais realizando ações humanas, numa perspetiva carnavalesca, como a

tocar instrumentos musicais

- Simbolismo Cristão:

- Cachos de uvas e sarmentos, Agnus Dei (Cordeiro de Deus) e Querubins

- As Artes decorativas eram cada vez mais diversas e contribuíram para a divulgação de formas e temáticas

- Com o objeto móvel viajavam as novas formas, contribuindo para a circulação das

diversas propostas conduzindo ao entendimento e aceitação das novas soluções

formais. Desta ligação nascem motivações para novas respostas que consistem no

encontrar formas e soluções diferentes para funções pré-existentes; assim podemos referir: a ourivesaria, o mobiliário, os relicários, etc.

Talha

- A talha surge sobretudo no gótico final nos retábulos de altar e cadeiras (sempre

presente no mesmo tipo de objetos)

- Evolui num sentido nacional, afastando-se dos primeiros modelos flamengos góticos e

aproximando-se da temática manuelina e da inclusão de elementos clássicos

- Em simultâneo, desenvolvem-se os aspetos técnicos do trabalho da madeira ajustados

cada vez mais às necessidades funcionais

- A tecnologia do trabalho da madeira apurou-se profundamente nesta época,

consequência das necessidades funcionais surgidas no contexto das descobertas e como

resultado da experiência acumulada

Page 28: História de arte - Periodo Românico/ Gótico/ Manuelino

Pintura manuelina

- Na Pintura, a influência renascentista fez-se sentir sobretudo através da escola

flamenga, graças às obras importadas da Flandres e à presença de pintores originários desta região da Europa

- Essa influência revela-se na conceção do espaço, no emprego de motivos

renascentistas na ornamentação de arquiteturas, em mobiliário, objetos e no realismo da representação da figura humana e da Natureza

- O Políptico (retábulo constituído por vários painéis), de São Vicente, abribuído

a Nuno Gonçalves, uma obra emblemática da pintura portuguesa, constitui um notável

‘retrato’ da sociedade quatrocentista, marcando

uma rutura em relação aos rígidos esquemas

góticos e revelando uma sensibilidade plástica

prenunciadora da arte do Renascimento

- Jorge Afonso (dc. 1475-1540), que se

notabilizou em Lisboa nos reinados de D. Manuel I e de D. João III, foi um dos artistas

que colheram essa influência, a qual se fez igualmente sentir noutras partes do País, em

particular em Viseu, cidade a que ficou ligado Vasco Fernandes, mais conhecido por

Grão-Vasco (1480-1543). A sua obra, embora influenciada pela Pintura Flamenga

apresenta uma grande originalidade pelo vigor expressivo e pelo dramatismo das figuras representadas