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Duas ou três coisas que eu sei

sobre

SEGURANÇA VIÁRIA

Alguns conceitos, erros e boas práticas

SMU / CTPD, agosto de 2019

Henrique M. Torres – CET-Rio

Não existe “acidente” de trânsito

Como se referir? Desastres EVT (eventos violentos de trânsito) ...

Os 3 ‘Es’ da segurança do trânsito...

• Educação

• Engenharia – Desenho das vias – veículos

• Esforço legal

... são muitos mais!

•Encorajamento • Exposição ao risco •Economia •Environment (ambiente urbano) •Evaluation (avaliação) •Equidade social •Emergência •Espalhamento urbano (forma urbana)

As cidades das pessoas

• No princípio (durante uns 7000 anos), as cidades pertenciam às pessoas, mas então...

• ... surgiu o automóvel, e as pessoas foram reduzidas a “pedestres” e confinadas às calçadas para dar espaço aos carros

Os primórdios do automóvel Fonte: Norton

Jaywalking

• Somos todos “jaywalkers”?

Economia

• Influência sobre o comportamento

• Cada deslocamento tem um fator de risco em função do motivo, do horário, do custo do tempo

• Exemplos: Motociclistas, caminhoneiros

Equidade

• Pedestres e ciclistas são os mais vulneráveis, portanto seus riscos não são comparáveis com os que estão mais protegidos

• Responsabilidades têm de ser ponderadas conforme o risco que cada um representa para os outros

• O erro do motorista é pago com uma multa, o do pedestre ou ciclista com a própria vida

A segurança ativa e a segurança passiva Cinto de segurança ou redução de velocidade? Capacete para ciclistas? O que é risco? Risco real x risco percebido A compensação do risco

O termostato de risco

Propensão aassumir riscos

PerigoPercebido

“Acidentes”

ComportamentoBalanceado

Propensão aassumir riscos

Recompensas

PerigoPercebido

“Acidentes”

ComportamentoBalanceado

Esforço legal

• “É preciso respeitar as leis do trânsito” … mas quais leis?

Esforço legal

• “É preciso respeitar as leis do trânsito” … mas quais leis?

– Leis “naturais”: A “lei da selva” ou lei do mais forte

– Leis da física

– Códigos de trânsito

– Normas da engenharia de tráfego: quais os pressupostos?

O “respeito às regras” garante a vida?

Esforço legal

Responsabilidade estrita (strict liability) “Na situação atual do tráfego motorizado, eu estou persuadido de

que qualquer sistema legal civilizado deveria requerer, como questão de princípio, que a pessoa que usa esse perigoso instrumento nas ruas – lidando com morte e destruição por todo lado – deveria ser responsável por compensar qualquer um que seja morto ou ferido em decorrência do seu uso. Deveria haver responsabilidade sem prova ou culpa. Exigir que uma pessoa ferida prove culpa resulta na mais grave injustiça para tantas pessoas inocentes que não têm os meios de prová-lo”.

Lord Denning (1982)

Esforço legal

• Como responsabilizar os projetistas (engenheiros, arquitetos) pelos erros que causam mortes?

Esforço legal

“Indústria da multa” ou indústria de infrações?

• Percentual dos motoristas multados é ínfimo

• Apenas 1 em cada 10000 infrações em faixas de pedestres e avanços de semáforos são autuadas na cidade de São Paulo (Figueira et al, 2002)

Avaliação •Ausência de eventos não significa segurança: “near misses” •O Iceberg da gravidade

Fonte: Adams

ATENÇÃO! ATENÇÃO!

• Uso do celular, mas não só

• Sono

• Drogas: álcool e outras

ATENÇÃO! ATENÇÃO!

• Uso do celular, mas não só

• Sono

• Drogas: álcool e outras

• Distração

“Todo homem que consegue dirigir com segurança enquanto beija uma bela mulher não está dando ao beijo a atenção que ele merece” (A. Einstein, citado por Vanderbilt)

É a velocidade, estúpido!

Velocidade como causa de danos no trânsito

–Na produção de eventos: contribui como multiplicador

–Na severidade dos eventos:

é o fator determinante, excluídos os dispositivos de segurança passiva (cinto de segurança, airbag, etc.)

A velocidade é o maior fator de risco para os pedestres

Velocidade de impacto (km/h)

Perc

en

tual

Mortes

Ferimentos graves

Todas as ocorrências

•Ponto de vista do motorista: V85 (visão unilateral)

•“Compromisso” Custo/benefício (visão utilitarista: compromisso entre ganhos e perdas)

•Ponto de vista dos usuários mais vulneráveis (equidade): visão zero

Aspectos operacionais: limites genéricos ou específicos para cada rua? Limites genéricos (default): facilidade de informação; redução de custos de sinalização Limites específicos: tratamento individual permite avaliação de cada caso, mas...

Como são definidos limites de velocidade

Os carros modernos são mais seguros? - video “General Motors – Chevrolet - The safest place” https://www.youtube.com/watch?v=TLMX_Nkx78Q

SUVs são muito mais perigosos que carros “pequenos”

“Os carros autônomos serão 100% seguros”: verdade ou “solucionismo tecnológico”?

Por que não limitar a velocidade dos carros em fábrica? Se a velocidade máxima no mundo é (praticamente) 130 km/h, por que se fabricam carros que voam a 200, 300? Anos 1920: o Speed governor (Norton)

Não existe carro seguro

O espalhamento urbano como fator de violência no trânsito

A cidade espalhada é a cidade da velocidade (M.

Wiel)

– Aumenta a exposição ao risco

– Estímulo à velocidade

“Segurança em números”

Transporte público é mais seguro que o automóvel - Nos EUA: números recentes nos EUA TP indicam menos de 0,06 mortes por 100 milhoes de passgeiros-milhas, aproximandamente 20 vezes mais seguro do que conduzir automóveis aumentar o uso dos TP seria um ganho para a segurança (Marshall et al, 2019)

- E no Brasil: qual o cuidado que se tem com usuários dos TP?

Os erros dos engenheiros

“Dangerous by design” (Perigoso pelo projeto)

Largura excessiva das vias e faixas

Raios de giro excessivos

Conseqüência: aumento das velociadades

Negligência com pedestres e ciclistas

Objetivo: aumentar o grau de PREVISIBILIDADE

Avenida Marechal Rondon

Projetar ruas como se fossem estradas (“stroads”) O conflito entre o “mundo do tráfego” e o “mundo social”

“Forgiving roads” ou “permissive roads”? Fatores de segurança visando reduzir as conseqüências dos erros dos motoristas encorajam os motoristas a conduzir de modo a atender esses parâmetros generosos de segurança (Vanderbilt) A compensação dos riscos

Os erros dos engenheiros

Rua Guilhermina Guinle esq. Voluntários da Pátria (Botafogo)

Rua Cosme Velho

Quem está errado?

Quem está errado?

Avenida Henrique Dodsworth (Lagoa)

Visão zero / Sistemas seguros

• Não é ético considerar a vida e a saúde humana negociáveis

• Não se podem aceitar mortes e feridos graves no trânsito • Vídeo :There's no one someone won't miss - Man on the street -

Towards Zero

https://www.youtube.com/watch?v=yHhiUv9hX-o

• Erros acontecem; o essencial é evitar que eles tenham conseqüências fatais

• Culpa X Responsabilidade

Visão zero / Sistemas seguros

Dar segurança aos mais vulneráveis – pedestres e ciclistas - é condição necessária para o tráfego seguro O problema dos motociclistas: como tratar?

•Limites de Velocidade •No tráfego em que diferentes tipos de usuários, como pedestres e carros, estão misturados, e onde as colisões são possíveis, as velocidades não devem exceder 30 km/h •Em áreas onde os veículos cruzam em interseções e as colisões são possíveis, a velocidade não deve exceder 50 km/h •Em rodovias com duas faixas onde os movimentos em direções opostas não são separados, o limite seria de 70 km/h

Algumas boas práticas

Zona 30

“Dietas viárias”

Reduzir raios de giro

Fonte: Michael King

Soluções para bicicletas: bikebox

Bicicletas no contra-fluxo

Espaço compartilhado – Hans Monderman (Holanda)

• Eliminação de sinalizações e da separação dos tráfegos • O mundo social X mundo do tráfego

“Mental speed bumps” (David Engwicht)

• O “paradoxo da segurança”

– a falsa sensação de segurança

• “Intriga e incerteza”

• Tratar as ruas como lugares, não corredores

• 1: “É um mito que o único meio de aumentar a segurança é aumentar a previsibilidade”

• 2. “A segurança é maximizada quando o risco percebido é igual ou maior que o risco real”

“Mental speed bumps” Usar atividades para humanizar o tráfego

Concluindo

• Não existem acidentes

• Todos os fatores (‘Es’) devem apontar para garantir a segurança e a qualidade de vida no trânsito • E+E : (re)educação dos Engenheiros

• Proteger os mais vulneráveis significa proteger todos

• O papel de todos os profissionais e da sociedade na produção de um trânsito seguro

• Pensar o tráfego como um fenômeno social e não simplesmente técnico ou jurídico

• Aumentar a PREVISIBILIDADE ou introduzir a INCERTEZA?

“A busca de uma espécie de segurança absoluta, acima de todas as outras considerações do que faz dos lugares bons ambientes, não apenas tornou as ruas menos atraentes, mas, em muitos casos, as tornou menos seguras. As coisas que funcionam bem no mundo do tráfego – consistência, uniformidade, vias largas, a certeza sobre o que esperar mais à frente, a redução de conflitos, as restrições de acesso e a remoção de obstáculos – têm pouco ou nenhum lugar no mundo social.” (Vanderbilt).

Obrigado!

henrique.torres@rio.rj.gov.br

REFERÊNCIAS Adams, John. Risco Engwicht, D. 2005 Mental speed bumps: The smarter way to tame traffic Figueira, H. et al. 2002: “Indústria da multa ou indústria de infrações?” S. Paulo , Universidade Anhembi/Morumbi. Citado no Informativo ANTP 98- Dezembro 2002 Marshall et al 2019. Why are bike-friendly cities safer for all road users? https://www.ugpti.org/resources/reports/downloads/mpc18-351.pdf Norton, P. Taming traffic: The dawn of the Motor Age in the American City MIT Press Vanderbilt, Tom. 2009. Traffic: Why we drive the way we do (and what it says about us). Vintage Books, New York

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