apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 124-125

Post on 20-Dec-2014

234 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

1.

Vasco da Gama é, neste ponto da narrativa, narrador heterodiegético. É um narrador intradiegético (personagem da história em que este relato se encaixa), mas, nesta parte da narrativa, não é participante na ação, funciona como um qualquer «narrador de 3.ª pessoa.»

 

2.1

Quando comparado com o «tamanho ajuntamento» (est. 43, v. 7) de soldados mouros, o exército português era reduzido («em força e gente tão pequeno», est. 42, v. 8; «tão pouco era o povo bautizado, / Que, pera um só, cem Mouros haveria», 43, vv. 3-4; «pera um cavaleiro houvesse cento», 43, v. 8). Por outro lado, também em experiência os inimigos são descritos como superiores, pois todos

os reis mouros eram «experimentados nos perigos» (44, v. 3). Dada esta desproporção, ao conseguirem vencer os

seus inimigos hiperbolicamente apresentados (mais experientes e numerosos), os portugueses adquirem um valor excecional e, deste modo, assumem-se como heróis épicos, capazes de façanhas singulares e extraordinárias.

2.2

A guerra é apresentada como o caminho para a fama («guerra, onde se alcança a ilustre fama», est. 44, v. 4), segundo o ideal cavaleiresco da época (da tradição medieval ainda).

 

3.

Após a visão divina de D. Afonso Henriques, «os ânimos da gente / Portuguesa» ficaram «inflamados» (est. 46, vv. 1-2), deixando o exército mouro «atónito e torvado» (50, v. 1) e desorientado («Toma sem tento as armas mui depressa», est. 50, v. 2), o que acaba por levar à sua derrota (53, vv. 1-3).

 

6.

O episódio da batalha de Ourique conferiu à reconquista e à independência nacional um caráter mítico, associando-se a fundação da nacionalidade a uma predestinação e o povo português a uma nação escolhida por Deus para expandir o seu império na terra, à luz do espírito de cruzada.

 

No poema de Torga faz-se referência às mulheres («Pátria-Mãe-Viúva que ficava», v. 6), tristes e amarguradas («aos gritos e aos gemidos», v. 7), e aos navegadores que partem, animados por um «sopro viril de reação» (v. 10) e confiantes na sua coragem (vv. 13-16).

As estâncias d’Os Lusíadas destacam os mesmos grupos: «As mulheres c'um choro piadoso» (est. 89, v. 3) apresentam os mesmos sentimentos de «desesperação» e «medo» (89, v. 7). «Mãis, Esposas, Irmãs»

(89, 5) estavam «descontentes» (88, 4) e já com saudades («Saudosos», 88, 4), presumindo que os nautas estariam «perdidos» (89, 2). Os marinheiros são apresentados de forma que acentua a sua fragilidade. Vasco da Gama confessa que se sentia «Cheio dentro de dúvida e receio» (87, 7), o que salienta a natureza humana e sensível dos navegadores e, posteriormente, realçará a sua dimensão épica, ao ultrapassarem todos os perigos e concretizarem um objetivo antes vedado aos homens.

1.1.

A perífrase usada para designar a igreja de Belém associa esta ao local de nascimento de Cristo, o que remete para a ideia de que os portugueses estavam predestinados a cumprir a senda de Cristo.

1.2

A apóstrofe «ó Rei» (v. 5) destina-se a captar a atenção do monarca de Melinde para a situação descrita, num momento de grande tensão emocional que poderia ter condicionado o sucesso da viagem. Vasco da Gama empenha-se em fazer sentir ao seu interlocutor que os portugueses não se revelam apenas fortes fisicamente, mas demonstraram grande dureza de ânimo e força de vontade para concretizar a missão incumbida pelo seu rei.

2.

«A gente da cidade» acorrera ao local para ver partir «amigos» e «parentes» (est. 88, v. 2) ou para «ver somente» (est. 88, v. 3) e dar depois um passeio ao Centro Cultural de Belém.

2.1.

Os presentes entendiam que, sendo a viagem um «tão longo caminho e duvidoso» (est. 89, v. 1), estaria desde logo condenada ao fracasso. Sentiam os marinheiros já «perdidos» (est. 89, v. 2) ou, na melhor das hipóteses, sabiam que não os iam «tornar a ver tão cedo» (est. 89, v. 8). As esposas já sonhavam o momento em que ficariam a sós com os seus amantes e as mães pensavam em adotar novas crianças em instituições do estado.

Ainda se utiliza, atualmente, a expressão «ser um Velho do Restelo» para designar metaforicamente uma pessoa «conservadora, antiquada, ultrapassada, parada no tempo, que resiste à mudança, para quem qualquer empreitada parece impossível de realizar e que apregoa a desgraça».

Praia das lágrimas (Carlos Tê / Rui Veloso)

Ó mar salgado, eu sou só mais uma

Das que aqui choram e te salgam a espuma.

Ó mar das trevas, que somes galés,

Meu pranto intenso engrossa as marés.

Ó mar da Índia, lá nos teus confins,

De chorar tanto tenho dores nos rins.

Choro nesta areia: salina será?

Choro toda a noite, seco de manhã.

Ai, ó mar roxo, ó mar abafadiço,

Poupa o meu homem, não lhe dês sumiço!

Que sol é o teu nesses céus vermelhos?

Que eles partem novos e retornam velhos!

Ó mar da calma, ninho do tufão,

Que é do meu amor? Seis anos já lá vão!

Não sei o que o chama aos teus nevoeiros:

Será fortuna ou bichos-carpinteiros?

Ó mar da China, Samatra e Ceilão,

Não sei que faça: sou viúva ou não?

Não sei se case: notícias não há...

Será que é morto ou se amigou por lá?

TPC — (Em tepecê anterior já ficara pedida a preparação da leitura das estâncias nas pp. 174-175.) Prepara também a leitura em voz alta das estâncias nas pp. 178-179.

(Estudar gramática. Concluir Memorial.)

top related