aplicação do r. i. na cassação de mandato · o elemento social - o elemento social é relativo...
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A Unipública
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de participação para impressão, grade programática, apostila digitalizada, material
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Programação
Aplicação do R.I. na Cassação de Mandato
1 A Comissão Parlamentar de Inquérito:
a) aplicação subsidiária do CPC e CP
b) motivação
c) objeto (quais assuntos podem ser investigados?)
d) a comissão (composição, designação e impedimentos)
e) procedimentos
f) poder
g) prazos
h) conclusão (relatório, arquivamento, cassação)
i) votação pelo plenário
j) encaminhamento posterior
2 A Comissão Processante:
a) aplicação subsidiária do CPC e CP
b) quórum de abertura
c) a escolha dos membros
d) procedimentos
e) poder
f) prazos
g) conclusão (cassação ou não)
3 A Intervenção do Judiciário
a) no mérito
b) em falhas procedimentais
c) por falta de ampla defesa e contraditório
Professores:
Hélio Querino Jost: Advogado e Consultor - Especialista em
Direito Administrativo e Gestão
1
APLICAÇÃO DO R.I NA CASSAÇÃO DE
MANDATO
Hélio Querino Jost
I - CONCEITO DE CIDADANIA
História
O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar
os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava
ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania pressupunha, portanto, todas as
implicações decorrentes de uma vida em sociedade.
Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um
conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão
"Cidadania: direito de ter direito".
Por conseguinte, o termo cidadania pode ser compreendido sob a luz de três
elementos constitutivos: civil, político e social.
2
O elemento civil - O elemento civil corresponde aos direitos necessários à liberdade
individual, como "a liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e fé, direito à
propriedade privada e acesso irrestrito ao direito e a uma justiça integra".
O elemento político - O elemento refere-se ao direito de participação no exercício do
poder político, como o direito a votar e ser votado e, de exercer cargos públicos.
O elemento social - O elemento social é relativo "a tudo que guia um ser a levar sua
vida aos moldes da civilização e, de acordo com os padrões que prevalecem no instinto
coletivo" (MARSHALL, 1967, p.63-64).
1.1 A CIDADANIA E SUA EVOLUÇÃO
Esta cidadania naturalizada é a liberdade dos modernos, como estabelece o artigo III da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na Assembléia Geral das Nações
Unidas, em 1948: "toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal‖ A
origem desta carta remonta das revoluções burguesas no final do século XVIII, sobretudo na
França e nas colônias inglesas na América do Norte; o termo cidadão designa, nesta
circunstância e contexto, o habitante da cidade "no cumprimento de seus simples deveres, em
oposição a parasitas ou a pretensos parasitas sociais‖ Neste sentido a noção de direitos
humanos remete a idéia de direitos civis (Downing & Kushner, 1988) que, por sua vez, está
freqüentemente associada às idéias correlatas de direitos políticos e de direitos sociais. Poder-
se-ia dizer que, se os direitos humanos remetem, inicialmente, a uma concepção onde o
mundo está dividido em Estados - Nação que devem respeitar os direitos de seus cidadãos
sugere também a idéia de uma cidadania mundial que seria consubstanciada na
institucionalização de direitos universais, compartilhados por todos os cidadãos do mundo.
O alargamento da cidadania através da prática do direito civil e político a novos setores
da população acabaram por aprofundar o sistema de desigualdades sociais, conforme salienta
Marshall (1967, p. 77):
A igualdade implícita no conceito de cidadania, embora limitada em conteúdo, minou a
desigualdade do sistema de classe, que era, em princípio, uma desigualdade total. Uma
justiça nacional e uma lei igual para todos devem, inevitavelmente, enfraquecer e,
eventualmente, destruir a justiça de classe e a liberdade pessoal, como um direito
natural universal.
Desta perspectiva, a antropologia e os antropólogos têm se destacado, tanto no Brasil
como no exterior, particularmente no esforço de compreensão e defesa dos direitos das
3
minorias sociais (étnicas, religiosas, de gênero dentre outros), freqüentemente usurpados
pelos grupos sociais dominantes aos quais estão vinculadas/subordinadas.
Vale à pena lembrar que, se nem sempre todos os direitos humanos listados na
Declaração das Nações Unidas se aplicam (podem ser reivindicados legitimamente), como o
de "autodeterminação", por exemplo, que faz sentido no caso das sociedades indígenas
brasileiras, mas que não se aplicaria no caso do "movimento feminista" ou de grupos étnico-
religiosos (como os judeus) plenamente integrados à sociedade nacional, a universalidade de
alguns direitos pode ser concebida de forma mais radical. (É o caso do direito à ―manutenção
da identidade cultural‖ ou de práticas sócio-culturais singulares (mas nem por isto,
idiossincrásicas) sobre o qual os antropólogos têm insistido tanto cultos afro-brasileiros).
Aliás, este direito tem uma amplitude maior do que normalmente se pensa, na medida em que
não precisa ser necessariamente restrito a questões (ou diferenças) de ordem cultural (em
sentido estrito), mas que poderia ser legitimamente aplicado no âmbito de práticas locais,
inseridas em contextos sócio-culturais mais amplos. Pois, apesar do exercício destes direitos
não ferir os direitos de outros (ou mesmo questionar aqueles princípios apresentados como
universais pelas Nações Unidas), são dificilmente reconhecidos (e às vezes sistematicamente
coibidos) por não estarem formalmente normatizados nas leis do Estado. Como por exemplo,
algumas práticas informais de resolução de disputas que se dão à margem do sistema jurídico
constitucionalmente instituído.
1.1.1 O sindicalismo e os direitos políticos
Todavia, diante desse contexto, os direitos políticos representavam uma possível
ameaça ao sistema capitalista, apesar das classes menos favorecidas terem feito um uso
"pacífico" desse poder. Uma vez que em meados do século XIX, mudanças significativas
foram evidenciadas com a criação do sindicalismo, onde trabalhadores fizeram uso de seus
direitos civis coletivamente. Configurando mudanças na tradição individualista do direito
civil, permitindo certa harmonia com a fase capitalista vigente.
Houve possibilidade dos trabalhadores firmarem reivindicações, pois como cidadãos,
estavam habilitados a certos direitos sociais. Ou seja, o uso coletivo através dos sindicatos
possibilitou "um sistema secundário de cidadania industrial paralelo e complementar ao
sistema da cidadania política" (MARSHALL, 1967, p. 86). Deste modo, com o aumento
das reivindicações sociais, o Estado passa a intervir na ordem Sócio-econômica, conforme
ressalta Bobbio (1986, p.123). Ao limiar do século XIX, a marcha rumo à cidadania pouco
modificou as desigualdades sociais, entretanto, contribuiu para o processo que levaria às
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políticas "igualitárias" do século XX. Ocasionando a incorporação dos direitos sociais ao
status do termo, criando um "direito universal".
1.1.2 O foco do Estado muda em relação às demandas – elemento político
Quando os titulares dos direitos políticos eram apenas os proprietários, era natural que a
maior solicitação dirigida ao poder político fosse a de proteger a liberdade de propriedade e
dos contratos. A partir do momento em que os direitos políticos foram estendidos aos que
nada têm e aos analfabetos. Tornou-se igualmente natural que aos governantes, que acima de
tudo se proclamavam representantes do povo, passassem a ser pedidos trabalhos, escolas
gratuitas e - por que não? - casas populares, tratamentos médicos, dentre outros.
Portanto, o Estado assume papel de administrador da força de trabalho, e através
das redes de serviços públicos buscou reduzir as desigualdades e o desemprego
fomentando a criação das bases tecnológicas e da produção industrial. Dessa maneira,
configurou-se o Estado de Bem-Estar Social, que está assentado sobre a teoria de Keynes,
que dispõe sobre o Estado como regulador da conjuntura, efetivando, entre outras medidas,
políticas para manter o crescimento econômico, garantindo demanda para consumo, e para
amenizar os riscos que trabalhadores assalariados e suas famílias estão submetidos numa
sociedade capitalista. Deste modo, o Estado de Bem-Estar Social contribuiu para o
crescimento econômico e para o período de prosperidade e redistribuição de renda a favor
dos assalariados, permitindo aumento no consumo de novos produtos e atendendo as
necessidades das classes trabalhadoras pela prestação de serviços de saúde, educação,
previdência e assistência social. Permitindo aos indivíduos o poder de consumir
1.1.3 O Estado de Bem-Estar Social
O Estado de Bem-Estar Social caracteriza-se pela intervenção do governo no âmbito
social, amparando uma classe da atitude antagônica do capitalismo e, de suas estruturas
desiguais. Contudo, num "Estado social" que é ao mesmo tempo capitalista, a cidadania é
quem promove os fins para legitimação das ações estatais. Todavia, o Estado intervencionista
não alterou as bases e as relações econômicas e políticas do capitalismo. Os problemas
assistenciais - relacionados ao trabalho, seguro social, habitação, saúde, educação -, são
conseqüências do gradiente industrial capitalista. Nesse sentido, as políticas social-
assistencialistas são um meio para compensar o processo de deterioração da vida do
povo e resgatar a estabilidade de reprodução do poder e a dominação burguesa, através
do clientelismo (SAES, 2003 e 2001).
5
Em suma, as políticas voltadas ao atendimento das demandas das classes subalternas, como
meio de acesso aos bens e serviços públicos, tornam-se necessária a produção capitalista,
estabilizando tensões sociais de forma a não politizar a nação, desarticulando a resistência e
encaminhando a sociedade a frentes menos conflituosas. Deste modo, o discurso da cidadania
apropriado pelo Estado capitalista, auxilia na formação de suas bases de legitimação, onde a
correlação de forças entre concessão e conquista, acabam por se diluir. Ou seja, o
desenvolvimento histórico da cidadania vem se apresentar com um caráter
essencialmente contraditório, numa relação dialética de contestação e legitimação, de
conquista e concessão, de libertação e dominação e de emancipação e regulação.
1.1.4 História e análise da cidadania no Brasil
O historiador José Murilo de Carvalho define cidadania como o exercício pleno dos
direitos políticos, civis e sociais, uma liberdade completa que combina igualdade e
participação numa sociedade ideal, talvez inatingível. Carvalho entende que esta categoria de
liberdade consciente é imperfeita numa sociedade igualmente imperfeita. Neste sentido,
numa sociedade de bem-estar social, utópica, por assim dizer, a cidadania ideal é naturalizada
pelo cotidiano das pessoas, como um bem ou um valor pessoal, individual e, portanto,
intransferível.
O longo caminho inferido por José Murilo de Carvalho refere-se a isto: uma cidadania
no papel e outra cidadania cotidiana. É o caso da cidadania dos brasileiros negros: a recente
Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989 é um prolongamento da luta pela cidadania dos "homens
de cor", cujo marco histórico formal é a Lei Áurea de 1888; ou seja, um século para garantir,
através de uma lei, a cidadania civil de metade da população brasileira, se os números do
ultimo censo demográfico estão corretos; portanto, há uma cidadania no papel e outra
cidadania cotidiana, conquistada no dia-a-dia, no exercício da vida prática; tal é que ainda
hoje discute-se nas altas esferas da jurisprudência brasileira se o cidadão negro é ou não é
injustiçado pela história da nação. Considere-se que na perspectiva de uma cidadania plena,
equilibrada e consciente, não haveria de persistir por tanto tempo tal dúvida.
O mesmo se pode dizer da cidadania da mulher brasileira: a Lei 11.340 de 7 de Agosto
de 2006 , a chamada "Lei Maria da Penha", criou mecanismos "para coibir e prevenir a
violência doméstica e familiar contra a mulher". Ou seja, garantir sua liberdade civil, seu
direito de ir e vir sem ser agredida ou maltratada. No caso da mulher, em geral, a lei chega
com atraso, como forma de compensação, como retificação de várias injustiças históricas
com o gênero; o direito de votar, por exemplo, conquistado através de um "código eleitoral
6
provisório" em 1932, ratificado em 1946. A lei do divórcio obtida em 1977, ratificada
recentemente pela chamada Nova Lei do Divórcio, ampliando a conquista da liberdade civil
de outra metade da população brasileira. São exemplos de como a cidadania é conquistada,
de forma dramática — por assim dizer --, a custa de esgotamentos e longas negociações
políticas.
Neste contexto, a lei torna-se o último recurso da cidadania, aquela cidadania desejada,
praticada no cotidiano, físicos, deficientes mentais, homossexuais, crianças, adolescentes,
idosos, aposentados, etc. Um caso prático para ilustrar esta realidade cotidiana é a
superlotação dos presídios e casas de custódia; a rigor, os direitos humanos contemplam
também os infratores, uma vez que, conforme mencionamos, ―toda pessoa tem direito à vida,
à liberdade e à segurança pessoal‖.
Embora existam leis que visam reparar injustiças, existe também uma longa história de
lutas cotidianas para conquistar estes direitos: o direito à liberdade de expressão, o direito de
organizar e participar de associações comunitárias, sindicatos trabalhistas e partidos políticos,
o direito a um salário justo, a uma renda mínima e a condições para sobreviver, o direito a um
pedaço de terra para plantar e colher, o direito de votar e ser votado -- talvez o mais
elementar da democracia moderna, negado a sociedade, na já longa história da cidadania
brasileira. É esta luta cotidiana por direitos elementares que define a cidadania brasileira e
não os apelos ao pertencimento, ao nacionalismo, a democracia e ao patriotismo do cidadão-
comum.
Pode-se entender, portanto, que a cidadania brasileira é a soma de conquistas cotidianas,
na forma da lei, de reparações a injustiças sociais, civis e políticas, no percurso de sua
história e, em contrapartida, a prática efetiva e consciente, o exercício diário destas
conquistas com o objetivo exemplar de ampliar estes direitos na sociedade. Neste sentido,
para exercer a cidadania brasileira em sua plenitude torna-se absolutamente necessário a
percepção da dimensão histórica destas conquistas no percurso entre passado, presente e
futuro da nação. Este é o caminho longo e cheio de incertezas, inferido por José Murilo de
Carvalho. Esta é a originalidade e especificidade da cidadania brasileira.
2 PENSANDO ACERCA DA CIDADANIA NO BRASIL
A tortuosa biografia sobre a concepção da cidadania no Brasil é um componente
fundamental para reflexão acerca da conjuntura sociopolítica contemporânea do país. Uma
vez que a experiência brasileira seguiu-se como uma inversão conceitual durante a
implementação dos programas de fomento às instâncias democráticas do Estado. Pois, a
7
priori, vieram os direitos sociais implantados em períodos de supressão popular por um
ditador e, a ―posterior‖, passam a existir os direitos políticos de maneira atípica, já que os
órgãos de representação política foram transformados em artefato decorativo pelo regime
militar.
2.1 DIREITO OU PRIVILEGIO
Entretanto, não é sobre a falta de respeito a estes direitos que o tema em tese quer
salientar, mas uma avaliação geral sobre a situação dos direitos humanos (civis, políticos e
sociais) no Brasil de hoje, onde apesar de grandes dificuldades em algumas áreas (como no
caso dos meninos de rua, da implementação dos direitos da criança) não há dúvidas de que os
progressos recentes foram muitos (instituição do Habeas-data, do salário desemprego, do
voto dos analfabetos etc.). Ressaltar apenas algumas reflexões, de uma perspectiva
antropológica, sobre uma questão que parece central para a compreensão das dificuldades no
equacionamento dos direitos e da cidadania. Em poucas palavras: a tendência de transformar
direitos em privilégios através de uma orientação sistemática em direção à privatização do
espaço público jurídico constitucionalmente instituído.
"...as relações pessoais...têm muito mais peso que as leis. Assim, entre a lei impessoal que diz
não pode e o amigo do peito que diz 'eu quero`, ficamos com o amigo do peito e damos um
jeito na lei. Entre nós, é o conjunto das relações pessoais, nascidas na família e na casa, que
tende a englobar -- em geral perverter o mundo público e não o contrário... (1991b:17).
Ao dar "um jeito na lei" invertemos a situação de sub cidadãos para a condição de super
cidadãos e, freqüentemente, transformamos direitos em privilégios. Isto é, garantimos o
acesso a serviços, benefícios ou oportunidades através de mecanismos que não são passíveis
de legitimação no âmbito da lógica universalista e niveladora da cidadania e dos direitos
iguais, característica da esfera pública. Nestas circunstâncias, a realização de nossos objetivos
requer a utilização da lógica da relação e da distinção para substantivar a condição especial
(superior e privilegiada) que reivindicamos no processo.
A utilização de tais mecanismos pode ser identificada em praticamente todas as esferas
da vida social e poderíamos dar inúmeros exemplos de situações onde a lógica da distinção
prevalece. Desde situações sem maiores conseqüências em termos de justiça social -- como
aquelas em que "furamos" a fila no banco utilizando-nos dos favores de um amigo bem
localizado na fila para fazer nossas transações bancárias, ou quando recorremos a um parente
que trabalha numa repartição pública para agilizar o processo de resolução de nosso
problema3
-- até aquelas circunstâncias onde uma relação é acionada para a obtenção de
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benefícios cujo acesso privilegiado pode resultar em maiores iniqüidades sociais: o
empreguismo, o nepotismo, os subsídios não justificados, a contratação de obras públicas
através de laços pessoais com o empreiteiro dentre outros.
2.1.1 Privilégios e as ações criminosas
É interessante notar, a luz destes exemplos, que idéia de troca de favores e de
reciprocidade, presente em todos os casos, e que tem respaldo na tradição (pois está ancorada
na lógica da relação), se trans veste muitas vezes em casos de corrupção ―stricto sensu”,
quando, por exemplo, é efetivada a contratação de serviços públicos com custos
superdimensionados sem a realização de concorrência pública. E, uma vez tendo sido
definido como um caso de corrupção, as práticas nele envolvidas passam a configurar uma
situação decididamente criminosa, não encontrando mais respaldo ou justificativa na
tradição. Da mesma maneira, vale a pena indicar que os vários mecanismos legais e
burocráticos previstos em lei para coibir os atos de corrupção, como a exigência de concurso
público e concorrência pública, têm sido freqüentemente insuficientes para deter aqueles que
se envolvem nestes atos (vide os casos recentes da Petrobras- já há 23 de denuncias de 1.992
a 2.014). É neste contexto que se pode falar no clientelismo como um valor no caso
brasileiro (DaMatta, 1991a), assim como da chamada cartorialização da nossa economia, do
corporativismo de alguns sindicatos e de todos os demais ismos mencionados até aqui, que,
guardadas as devidas proporções, são parte e parcela do mesmo fenômeno. É o apelo do
privilégio e da distinção que, entre nós, têm se mostrado irresistível. Para dar uma idéia da
amplitude do fenômeno apenas no âmbito da economia, onde, pelo menos em tempos de crise
o impacto parece ser sentido mais rápido, gostaria de mencionar os seguintes exemplos
(todos muito bem conhecidos): - empresários que disputam subsídios para ampliar o lucro
e/ou para não investir em empreendimentos que não dependem de mecanismos extra-
mercado para serem viabilizados (e.g., refino de combustíveis, parte dos usineiros do
nordeste);
- empresários que reivindicam reserva de mercado com os mesmos objetivos daqueles que
disputam subsídios indevidamente ( informática);
- líderes sindicais que não abrem mão do imposto sindical apesar de vários sindicalistas
eminentes já terem se pronunciado contra esta prática;
- associações de classe profissional que insistem na regulamentação das respectivas
profissões, que por si mesma não seria imperativa, como no caso dos jornalistas cujas
demandas não conseguem ser dissociadas da idéia de uma estratégia de reserva de mercado;
9
- políticos e servidores públicos em posições de direção e/ou prestígio nos três poderes que se
utilizam destas posições para contratar parentes e amigos, estendendo indevidamente o
universo de atualização da lógica de reciprocidades vigente na esfera privada dentre outros.
Os exemplos acima não devem ser entendidos como uma acusação aos grupos ou
categorias sociais mencionados, mas como uma tentativa de demonstrar o caráter
englobador do fenômeno cuja motivação, é verdade, tem sido estimulada pelo Estado quando
concede os respectivos benefícios sem fazer uma análise de mérito adequada, agravada pela
implementação de políticas que sistematicamente beneficiam o infrator; cujo principal
exemplo seria o perdão indiscriminado da dívida dos devedores inadimplentes sem se
preocupar em compensar de alguma maneira os bons pagadores (vide o recente
refinanciamento da dívida dos Estados). Além disso, o fato de que embora estas distorções de
nosso universo econômico sejam normalmente atacadas, mesmo por políticos de esquerda,
como provocadoras de distúrbios no funcionamento do mercado, limitando o potencial de
aumento de produtividade e de eficácia econômica, no que eles não deixam de ter razão, a
intenção aqui é assinalar a iniqüidade social que aquelas distorções revelam e estimulam. Isto
é, o que está jogo é antes de tudo um problema ético, enquanto uns tem "direitos" (e
deveres), outros têm privilégios.
2.2. O QUE ENFRAQUECE E EMPOBRECE A CIDADANIA BRASILEIRA
A partir deste contexto deplorável, a sociedade brasileira passou a constituir em seu
cerne o conformismo com a tese de que o País é, e sempre será um eterno mar de lama.
Haja vista que para:
- 79% dos entrevistados em uma pesquisa acerca da
26% pensam que ter percepção popular sobre as instituições políticas, a corrupção é a
marca maior do serviço público e, para
- 72% dos pesquisados, os políticos só existem para se dar bem na vida. Ainda nesse
sentido;
- 43% dos brasileiros questionados crêem que uma mão dura do governo não faria mal
à nação e;
- 48% não se importariam se o país ficasse à mercê dos interesses das organizações
privadas se a vida deles melhorasse e, ainda;
um regime democrático ou não-democrático de administração não faz diferença alguma
no cotidiano do povo (FGV, 2006).
10
Por conseguinte às constatações supracitadas, a cidadania, entendida como a
participação do indivíduo na criação de seu meio e sociedade, parece pouco desenvolvida na
essência da pátria, pois, uma pesquisa de 1993 já demonstrava a indiferença dos brasileiros
sobre a presença dos órgãos de representação política como sendo necessários ao
funcionamento pleno da soberania popular, uma vez que 30% dos abordados pela questão
acreditavam que a sociedade poderia transpor sua existência tranqüilamente sem a existência
do Congresso Nacional e suas atividades constitutivas (DATAFOLHA, 1993).
Portanto, a descrença contemporânea, renovada a cada crise no governo por conta
da corrupção, não é uma novidade. Entretanto a questão a ser pensada diante de toda
essa conjectura é: por que a sociedade é tão ágil em identificar as rupturas
institucionais e, tão lenta em modificar o panorama da integridade do Estado e seus
representantes eleitos diretamente?
Por conseguinte, no Brasil, um País de tantas desigualdades e insatisfações, onde nunca
houve um movimento popular capaz de promover uma reforma eficaz na esfera nacional de
poder, encontra-se muito aquém da sensibilidade social e assim tem convivido pacificamente
com a miséria cotidiana, material e cívica sem gerar grandes ameaças à imposição deste
cenário.
Desta forma, cabe presumir que dificilmente será constituída uma sociedade
genuinamente democrática, cívica e forte combatente à corrupção, à desigualdade e ao
elitismo, que busca articular uma cultura nova e politicamente adequada aos padrões ideais
(REIS, 2005). Isso porque, a lacuna da cidadania - autentica -, impede a articulação adequada
para realização de ações pujantes na busca pela transformação do Estado brasileiro em um
ambiente melhor para se existir. Esses fatos, aliados à descrença nos atores políticos,
representantes eleitos democraticamente pelo voto direto, geram um mecanismo nocivo que,
por sua vez, impede a criação de formas enérgicas de controle à decomposição do Estado e
das desigualdades sociais.
2.2.1 O pensamento Liberal enfraquecendo o papel do Estado
Deste modo, o difundido desapreço da população pelos direitos civis e a insegurança
―hobbesiana‖ instalada no instinto coletivo, ajudam a explicar as enormes proporções de
apoio às hipotéticas lideranças carismáticas que buscam "unificar e guiar" a nação para uma
11
"nova via" de desenvolvimento pleno (PORTO, 2004). Isso porque o modelo neoliberal,
adotado em escala global, ao chegar ao País, afetou ainda mais o contexto da cidadania
e do direito social, invertendo-o sem, no entanto, resolver suas mazelas.
a) indivíduos não querem ser cidadãos, mas consumidores – Logo o pensamento liberal
insistiu na importância do mercado e na redução do papel do Estado. Todavia, sob essa
ótica, o cidadão se torna cada vez mais consumidor, afastando-se das preocupações com a
política e com os problemas coletivos (CARVALHO, 2001). Conseqüentemente, hoje em dia
os indivíduos não querem ser cidadãos, mas consumidores, ou melhor, a cidadania que
reivindicam é a do direito ao consumo integral. Entretanto, a cultura do consumo dificulta o
desatamento do nó que torna tão lenta a marcha do progresso entre o povo, inviabilizando
resultados que impliquem na redução das desigualdades.
b) A inversão do foco – causa e sintomas - Ou seja, se antes o Estado poderoso era quem
dificultava a concretização dos termos da cidadania, a partir da década de 1990 foi a
propagação do imaginário de um Estado arruinado, o responsável pela desmobilização do
povo brasileiro (OLIVEIRA, 2003). Posteriormente, o governo colocou os holofotes sobre a
despesa pública e converteu as despesas sociais públicas em causador da falência do Estado,
quando na verdade isso se deveu à dívida interna e externa do país.
Ainda segundo Oliveira (2003), na ilusão de que o Estado apenas sobreviveria como
extensão do universo privado, nasceu à falsa consciência da não necessidade do setor
público em funcionar pautado na racionalidade e eficiência das organizações privadas.
Logo, nada mais natural que o indivíduo troque sua cidadania pelo consumo, buscando
"respeito" e qualidade nos bens e serviços adquiridos.
Essa permuta traz sérias implicações, pois, o sujeito é obrigado a resolver suas
dificuldades, desamparado do auxilio burocrático estatal. Todavia, em contrapartida, a massa
demanda cada vez mais do Estado, alargando cada vez mais a descrença nas instituições
públicas.
Desta maneira, podemos pensar que existe um domínio de classe consentido, ativa e
passivamente, em que finalmente os dominados partilham dos mesmos valores dos
dominantes (NOGUEIRA, 2005).
12
2.2.2 O clientelismo ou conquistas sociais
Nesse sentido, ponderar que, como em um pêndulo, sempre que o País
incrementou os direitos políticos, deixou de lado os sociais, e vice-versa e, essa lógica
perversa deixou uma alarmante seqüela: a excessiva valoração do Executivo. Pois, se os
direitos sociais foram implantados durante a vigência de períodos ditatoriais, criou-se a
imagem de centralização do Estado, onde o progresso recebido pela coletividade sempre
veio embalado em clientelismo.
Assim, os benefícios sociais não eram, e ainda não são tratados como conquista de
todos, mas sim como fruto da negociação de grupos isolados com o governo e seus
representantes. Ou seja, o povo passou a se organizar para garantir os privilégios
distribuídos pelo Estado, estabelecendo-se no Brasil um laço direto entre Estado e
indivíduo, fragilizando o sentido das eleições e da idoneidade do aparato burocrático
estatal (PORTO, 2004; CARVALHO, 2001).
2.2.2 Refletindo sobre os direitos políticos
A nacionalidade é pressuposto da cidadania - ser nacional de um Estado é condição
primordial para o exercício dos direitos políticos. Entretanto, se todo cidadão é nacional de
um Estado, nem todo nacional é cidadão - os indivíduos que não estejam investidos de
direitos políticos podem ser nacionais de um Estado sem serem cidadãos.
Os direitos políticos são regulados no Brasil pela Constituição Federal em seu artigo 14,
que estabelece como princípio da participação na vida política nacional o sufrágio universal.
Nos termos da norma constitucional, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os
maiores de dezoito anos, e facultativos para os analfabetos, os maiores de dezesseis e
menores de dezoito anos e os maiores de setenta anos.
“O paradoxo é que, desde os anos 1930, o país experimentou um salto quantitativo na
questão eleitoral sem que, no entanto, a cidadania dos votos se fizesse acompanhar pelo
fator qualitativo dos direitos sociais”. (SANTOS, 2006).
Conclusivamente o cidadão que confunde conquistas sociais com clientelismo político,
(―me ajudou – utilizando os instrumentos do Estado, logo vou votar nele‖), com certeza, não
esta exercendo seus direitos políticos, portanto não desempenha o papel de um cidadão!
13
3 DESENVOLVER A CIDADANIA EM AMBIENTE MUNICIPAL
O cidadão brasileiro, com raras exceções, exerce a sua cidadania em âmbito municipal.
Esse conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos. Uma vez
exercido com consciência, determinara benefícios, ou malefícios para o presente e, sobretudo
futuro de seu município.
A preocupação com a construção da cidadania é constante em nossa história. Em 1882,
Rui Barbosa já afirmava que "a instrução do povo tem especialmente em mira habilitá-lo a
governar a si mesmo." (citado por Lourenço Filho, in A pedagogia de Rui Barbosa. 2. ed.
São Paulo : Melhoramentos, 1956. p. 17.)
Mas como pode construir cidadania, desenvolver as crianças o interesse pela vida e pelos
problemas de nossa sociedade e despertar nelas a vontade de participar ativamente de uma
democracia em constante construção?
Em termos de conteúdos de ensino, é importante a discussão dos imensos problemas
sociais que se enfrenta, de suas possíveis origens, etc., em matérias como história e geografia.
A realização de passeios pela cidade, simulações de eleições e entrevistas com políticos
também é uma forma para despertar o interesse pelos problemas e pelo funcionamento da
sociedade. Mas a melhor maneira de construir cidadania é através de situações em que seja
preciso dialogar, colaborar e tomar decisões coletivamente.
Alguns autores vão ao extremo de defender o autogoverno nas escolas. Por exemplo,
Piaget afirmava em 1948 que "unicamente a vida social entre os próprios alunos, isto é, um
autogoverno levado tão longe quanto possível e paralelo ao trabalho intelectual em comum,
poderá levar a esse duplo desenvolvimento de personalidades donas de si mesmas e de seu
respeito mútuo." (Jean Piaget. Para onde vai a educação? 13. ed. Rio de Janeiro : José
Olympio, 1996. p. 63.)
Apesar de radical, a idéia apresenta um ponto de vista que parece claro: só crianças que
dialogam, discutem, tomam e aplicam decisões em equipe estarão se preparando bem para ser
cidadãos de uma democracia, ou seja, para dialogar e tomar decisões em conjunto sem
recorrer ao autoritarismo.
Veja o que dizia Piaget (em 1932) sobre como conseguir isso: "O problema é saber o
que vai preparar melhor a criança para seu futuro papel de cidadão. Será o hábito da
disciplina exterior adquirido sob a influência do respeito unilateral e da coerção adulta, ou
será o hábito da disciplina interior, do respeito mútuo e do autogoverno?" (Jean Piaget. O
juízo moral na criança. São Paulo : Summus, 1994. p. 270.)
14
Não que a disciplina não seja importante para Piaget e para muitos outros autores. Muito
pelo contrário. Eles acham que ela é tão importante que só pode ser implantada pelas próprias
crianças.
Uma escola em que os alunos, além de aprender sobre os grandes problemas do país e
do mundo, têm muitas chances de debater entre si, de criar regras, de trabalhar em equipe
será um lugar onde haverá mais Construção da cidadania do que em locais onde as crianças
apenas recebem, passivas, lições sobre a democracia..
3.1 ITENS RELEVANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA NO
MUNICIPIO
3.1.1- Democracia Participativa
A Constituição da República assegura a soberania popular nos
Termos a seguintes:
"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente". (art. 1º, parágrafo único)
É com essa inspiração que a democracia brasileira se assenta em dois pilares: a
representação e a participação popular. Pelo princípio representativo, o eleito pratica atos em
nome do povo (participação indireta).
Na democracia participativa, o povo exerce diretamente a sua soberania.
O exercício direto da soberania popular compreende, entre outros:
Plebiscito
Referendo
Iniciativa Popular
Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que decida sobre
matéria de relevância.
A diferença entre eles é que o referendo é convocado após a edição do ato, cabendo
ao povo confirmar ou rejeitá-lo. No plebiscito, a população decide se aprova ou nega a
matéria que lhe é submetida; caso aprove, edita-se o ato.
Na iniciativa popular, admite-se que o povo participe de diversas formas, inclusive,
apresentando projetos de lei ao Poder Legislativo, desde que subscrito por determinado
número de eleitores.
Quanto à iniciativa popular, as Leis Orgânicas dos Municípios devem obedecer a
orientação da Carta Magna, prevendo a iniciativa popular de projetos de lei e também de
emendas à Lei Orgânica e, ainda, a apresentação de projetos de lei subscritos por entidades
representativas da sociedade civil.
15
Geralmente, na iniciativa exercida pela população, exige-se que a proposta de
projeto de lei seja subscrita por cinco por cento do eleitorado do Município, com base nos
dados registrados pela última eleição.
A iniciativa popular pode aplicar-se igualmente aos substitutivos e emendas em
relação aos projetos de lei em tramitação na Câmara Municipal, observando-se também,
nestes casos, a exigência mínima de assinaturas.
Nas matérias de iniciativa popular, a assinatura de cada eleitor deverá estar
acompanhada de seu nome completo e legível, do endereço e de dados identificadores do seu
título eleitoral.
Na tramitação dos projetos de iniciativa popular, é garantido direito ao uso da
palavra na tribuna da Câmara Municipal, por parte de um dos seus signatários, para defesa da
matéria.
A) Participação Popular
O movimento político, econômico e social tem conclamado uma participação
política efetiva nas decisões governamentais.
O povo tem tomado os espaços públicos e se posicionado diante de situações que
reflitam diretamente em seu ambiente e modos de viver, em especial contra a corrupção.
De outro lado, são possíveis medidas legislativas que garantam a participação da
população nos debates em todas as esferas do governo.
O Poder Legislativo Municipal é o órgão de maior simbologia clássica de
participação popular, pois nasceu em 1532 e sempre teve a escolha de seus membros através
da decisão do povo.
Nas Casas onde os instrumentos de participação são utilizados, tem-se percebido
maior o número de representantes de movimentos sociais, cidadãos, universitários, nas
sessões e audiências públicas, declarando seus posicionamentos e contribuindo na tomada de
decisões dos vereadores.
B) A Presença nas Atividades Legislativas da Câmara
As Sessões Plenárias e as reuniões das Comissões são abertas à população, podendo
assistir qualquer pessoa que tiver interesse, independente de convite específico.
Acompanhando às Sessões o povo tomará conhecimento de todas as matérias que
tramitam no Legislativo e estará exercendo a cidadania.
16
Portanto, o público pode acompanhar as sessões da Câmara Municipal assistindo às
votações. De lá, os eleitores acompanham de perto as posições e iniciativas dos
parlamentares que elegeram, e podem influir no rumo das discussões.
C) Sessões Itinerantes realizadas junto à comunidade
Pode ocorrer também, realização de reunião em bairros da cidade, com o objetivo de
descentralizar as atividades da Câmara Municipal, aproximando o Legislativo Municipal dos
moradores que não podem acompanhar as sessões na sede da Câmara, e mostrar à população
como atuam os seus representantes no exercício da função parlamentar.
D) Iniciativa em Projetos
Como dito anteriormente, os eleitores do município poderão apresentar projetos de
lei, para serem discutidos pela Câmara de Vereadores.
Não quer dizer que o povo poderá fazer leis!
Não. O processo legislativo é rigoroso e exige outros trâmites (fases) para se criar
uma lei.
Mas poderá tomar a iniciativa dos projetos, em situações excepcionais, já que essa
prerrogativa é por regra de autoridades e instituições competentes.
E) Comissão Participativa
Outro meio de participação do povo nos projetos da Câmara tem sido a criação de uma
Comissão Permanente nas Casas de Leis, para acolher propostas elaboradas pela sociedade
organizada.
Quem pode apresentar: entidade associativa da sociedade civil, exceto partido
político com representação na Câmara Municipal.
Quem pode assinar pela entidade: o representante legal da entidade.
Quais documentos devem acompanhar a Sugestão: ato constitutivo da entidade e
suas alterações; ata de eleição da diretoria; registro dos referidos documentos no órgão
competente.
Porém, essa não é uma obrigação constitucional, mas uma opção de cada Casa
Legislativa.
Após receber e analisar proposição sugerida por entidade da sociedade civil, a
Comissão analisa a proposta, podendo concluir pela aceitação da sugestão, apresentando-a
sob a forma de uma proposição de autoria da Comissão de Participação Popular, para entrar
em tramitação na Câmara.
17
Caso rejeite, acarreta o seu arquivamento.
F) Tribuna Popular
Instrumento de grande importância para ampliar a participação dos munícipes, a
Tribuna Popular é utilizada na forma regulamentada pelo Regimento Interno der cada
Câmara Municipal.
Em algumas, é permitida a participação de pessoa física, em outras, apenas de
representações institucionais.
Cada lugar define o formato.
Geralmente, permite-se que o orador utilize tempo determinado, sem apartes, para a
explanação do tema a que se propôs.
Caso o orador se afaste do tema proposto, ou aja com falta de ética, a presidência da
Mesa poderá lhe cassar a palavra.
G) Audiências Públicas
Cada Comissão poderá realizar reunião de audiência pública com as entidades da
sociedade civil e qualquer cidadão para instruir matéria legislativa em trâmite, bem como
para tratar de assunto de interesse público relevante.
Podem também ser requeridas por entidades comprovadamente organizadas no
âmbito do município.
O pedido é atendido em até 30 dias. Também, as Comissões, em razão de sua
competência, podem realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil.
As audiências públicas são obrigatórias em casos como a apreciação das leis
orçamentárias, para assegurar a participação da sociedade no processo de discussão das
mesmas.
H) Direito de Informação
Podem as entidades da sociedade civil, bem como qualquer cidadão, encaminhar
pedidos de informação ou de certidão ao Poder Legislativo, sobre atos, contratos, decisões de
projetos, ou quaisquer assuntos de interesse social, em prazos pré-determinados.
Os pedidos poderão ser atendidos pelos meios modernos de transmissão, como fax,
correio, telefone, email, e pessoalmente.
Para tanto, o Município deverá regulamentar o acesso à informação, em
complemento à Lei Federal nº 12.527/2011(lei da informação), definido o quê e como se
18
poderá (deverá) informar os interessados, sobre atos, ações e assuntos ligados ao poder
público local.
Os procedimentos para fornecer informações, devem prever desde as formas para o
interessado requerer, como os meios para recursos, em caso de indeferimento.
Por necessário, deverá ser nomeada comissão especial para classificação de
documentos, se sigilosos ou não.
Documento sigiloso será aquele que conter informações que, se divulgadas, levará
riscos à segurança da sociedade, do Município, ou de autoridades públicas.
A classificação poderá ser no grau ultra-secretor, secreto ou reservado, com prazos
diferenciados para o sigilo (25, 15 e 5 anos respectivamente).
No caso de informações que ponham em risco as autoridades ou seus familiares,
serão classificadas no grau reservado e ficarão sob sigilo até o término do mandato em
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
I) Pesquisa de Opinião
Em vários momentos, os representantes do povo se vêem diante de dilemas a serem
dirimidos, sentindo-se divididos diante da decisão a ser tomada.
É possível e de elevada ajuda, a realização de pesquisa direta, envolvendo o
universo dos interessados diretamente no assunto, para colher a opinião das pessoas,
moradores, munícipes, eleitores, etc.
Assim, se a Câmara detectar que os outros instrumentos ou canais não são
suficientes a um melhor esclarecimento da verdadeira opinião da maioria, pode lançar mão
desse tradicional e útil processo de coleta de opinião.
J) Orçamento Participativo
Orçamento Participativo (OP) é um mecanismo governamental de democracia
participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos públicos.
A implementação do OP surgiu com a redemocratização e a promulgação da
Constituição de 1988, quando foi estimulada a participação popular na definição de políticas
governamentais, por intermédio da criação dos Conselhos Setoriais de Políticas Públicas
como espaços de controle social.
As mudanças constitucionais aliadas à vontade popular e política viabilizaram a
implantação em Porto Alegre (RS), do Orçamento Participativo, em 1989 tendo a proposta de
discussão pública do orçamento e dos recursos para investimento.
19
Com diferentes metodologias em cada município em que o OP é executado, ele
define as prioridades para os investimentos, de acordo com critérios técnicos de carência de
serviço público em cada área do município.
K) Plebiscito e Referendo
É assegurado, no âmbito municipal, o recurso de consultas referendarias ou
plebiscitárias sobre atos, autorizações ou concessões do Poder Executivo e sobre lei ou parte
da lei, projeto ou parte de projeto de lei, cabendo a iniciativa ao Prefeito, a dois terços dos
Vereadores ou a cinco por cento do eleitorado do Município.
L) Simpósios, Debates e Seminários
Atividades que incentivam a participação popular, abordando temas de interesse
público, normalmente organizadas pelas Comissões Permanentes da Câmara Municipal.
Tais eventos devem ser divulgados amplamente, pelos diversos meios possíveis,
para comunicar e atrair a população sobre o debate ou aprendizado de assuntos de maior
importância para a comunidade local.
M) Sessão Plenária do Estudante ou Câmara Mirim
As sessões com os estudantes ou vereadores mirins reproduzem o que ocorre em
uma sessão normal da Câmara, ou seja, eles apresentam projetos, debatem e votam, com
orientação dos Vereadores e da Assessoria de Relações Públicas da Câmara.
Esse é um formato adotado, inclusive, em nível federal, pela Câmara dos Deputados,
que possui a Câmara Mirim, oportunizando menores do país todo a participarem como
―Deputado por um dia‖.
N) Conselhos dos Cidadãos Honorários
Em alguns municípios do Brasil, como em Porto Alegre-RS, essa entidade congrega
todas as pessoas homenageadas com títulos honoríficos pelo Município.
A participação é voluntária e não-remunerada, sendo as reuniões mensais.
O objetivo é assessorar a Câmara Municipal, auxiliando no desenvolvimento de suas
funções institucionais e opinando sobre as questões da cidade.
20
O) Cessão de Espaços
A Câmara Municipal poderá destinar seus espaços, em seu prédio, para a
apresentação de exposições, reuniões populares, e outras atividades de cunho organizacional
da sociedade.
P) Memorial
Um espaço para expor fotografias e documentos históricos do Poder Legislativo, no
âmbito da Casa de Leis, também atrai a participação popular, e aumenta o interesse e a
importância deste poder.
Geralmente, encontramos apenas galerias de ex-presidentes, ou no máximo, dos ex-
vereadores.
O ideal é disponibilizar mais que isso.
Muitas outras informações poderão ser repassadas ao povo, contando história,
trajetória, relevância e atuação destacada da Câmara Municipal.
Q) Site Oficial
Não dá para imaginar, no tempo presente, uma Câmara Municipal que não possua
um endereço na internet.
Em forma de site, blog ou até ―facebook”, o certo é que a Casa Municipal de Leis
deverá ter informações disponíveis na rede mundial de computadores.
Nos dias de hoje, o cidadão deve ter informações dos órgãos públicos sem maiores
esforços.
Aliás, a ordem é essa: o poder público tem a obrigação de levar a informação até aos
interessados.
E além das informações obrigatórias (LRF, CF, etc.), a Câmara poderá criar canais
alternativos de repassar informações ao povo e ao mesmo tempo, promover a cidadania,
fornecendo meios de acompanhamento de seu trabalho.
R) Fale com o Vereador...
Esse é um canal pouco utilizado, mas de grande valia, que é a disponibilização de
formas de contato com o representante eleito.
Através de um link na página eletrônica da Câmara, poderá ser aberto um canal de
contato com o Vereador, oportunizando o eleitorado a elogiar, criticar, requer e sugerir.
21
O link poderá indicar, também, a possibilidade de o eleitor utilizar-se de correio
tradicional, telefone, celular, email, facebook, whatsapp, etc.
S) Legislação Digitalizada
Quando a Câmara Municipal implanta sistema de pesquisa eletrônica da legislação
local, gera um verdadeiro marco na era da informação, para a população do Município.
A possibilidade de qualquer pessoa acessar pela internet a relação da legislação de
um município, é algo de grande valia.
Aliás, até para o âmbito interno administrativo do próprio órgão é algo fenomenal.
Com esses sistemas, é possível o interessado visualizar todos os atos legais ou
administrativos locais, como lei orgânica, leis, regimento interno, decretos, resoluções,
portarias, etc.
T) Pauta das Sessões
Disponibilizar com antecedência as atividades oficiais a serem abordadas na sessão
plenária, é algo valiosíssimo para a participação popular.
Com o uso das tecnologias existentes, em especial, através do site oficial da Câmara
Municipal, é possível informar com antecedência sobre os assuntos que serão discutidos ou
votados numa próxima sessão, oportunizando a análise prévia do tema e permitindo que os
interessados acompanhem o ato com maior conhecimento da matéria.
U) Ouvidoria
A ouvidoria é um órgão criado pela Câmara Municipal, para acolher críticas e
denúncias sobre as atividades, bens e recursos públicos do município, tanto da administração
direta quanto da indireta.
É um canal de contato específico da população com as autoridades, podendo ocorrer
a identificação do denunciante ou não, dependendo de sua vontade ou da gravidade do
assunto.
Indubitavelmente, poderá auxiliar a Câmara em seu papel de fiscalizador dos atos e
ações dos dois poderes no município: executivo e legislativo.
Por ele, é possível legitimar as manifestações dos cidadãos, promovendo a interação
com o poder público e a efetiva participação, com base nos princípios da gestão democrática
da cidade.
A pessoa ou órgão da Câmara responsável pela Ouvidoria terá, dentre outras, as
seguintes missões:
22
I – propor medidas para sanar as violações, as ilegalidades e os abusos constatados;
II – propor medidas necessárias à regularidade dos trabalhos legislativos e administrativos,
bem como, ao aperfeiçoamento da organização da Câmara Municipal;
III – propor à presidência audiências públicas com os diversos segmentos da sociedade;
IV – propor, quando cabível, a abertura de sindicância ou inquérito destinado a apurar as
irregularidades;
V – responder aos cidadãos e às entidades quanto às providências tomadas pela Câmara
Municipal, sobre procedimentos legislativos e administrativos.
3.2 UM PROCESSO CONTINUO E PERMANENTE DE SENSIBILIZAÇAO
SOCIAL
O Desenvolvimento da cidadania no Brasil e em cada município, tem também como
base a educação, que é um processo contínuo e de ações permanentes. Citando o Patrono da
Educação no Brasil, Paulo Freire:
“É preciso diminuir a distancia entre o que se diz e o que se faz, até que, num
dado momento, a tua fala, pratica.”
“A pessoa conscientizada, tem uma compreensão diferente da historia e de seu
papel. Recusa a acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo”.
“Seria uma atitude ingênua, esperar que as classes dominantes desenvolvessem
uma forma de educação que permitisse que às classes dominadas, perceberem as
injustiças sociais de forma crítica...”
3.2.1 A leitura
O individuo que lê e que desenvolve a sua criatividade é um cidadão participativo, está
frente de outros, torna-se bem informado e mais sábio no que se refere a seus direitos e
deveres. Portanto, é aquele que caminha em busca da cidadania plena.
3.2.2 Deixar de ser consumidor apenas
A visão deturpada do ―capitalismo selvagem‖ de que o sucesso consiste apenas em
possuir, adquirir bens. Tem desenvolvido uma visão, um tanto individualista e deixando o
individuo alienado de uma visão de cidadania. Essa curta visão, tem trazido conseqüências
negativas para a presente geração, bem como para as futuras. Isso é percebido na segurança
23
publica. Quando a coletividade, não se envolve nessa questão social em seu município, mas
cada pensa em seu próprio bem estar, os resultados são funestos e quase irreversíveis. Citado
como exemplo a segurança pública e bem poderia ser outro item de grande relevância como
a saúde.
3.2.3 A participação em Conselhos Municipais
Dentre das grandes conquistas brasileiras em nossa ―Carta Magna‖, a formação dos
Conselhos Municipais, como poder autônomo, independente, para sugerir, fiscalizar as ações
municipais. A constituição dos Conselhos Municipais tem caráter deliberativo e co-gestor.
A lei nacional de criação dos conselhos nas três esferas governamentais (lei n.8752). No
caso específico das competências, a preocupação central foi observar se estas garantiam aos
Conselhos Municipais formas de participação ativa na gestão da política de assistência , em
especial no que tange às funções de fiscalização e controle do fundo público municipal para a
políticas publicas e sociais.
Os conselhos municipais de assistência social na região (do Parana) começaram a ser
formados a partir de 1994, sendo que a maior concentração se deu nos anos de 1995 e 1996.
A análise mais minuciosa das legislações em tela permitiu-nos concluir que as disposições de
competências nelas inscritas podem ser agrupadas em quatro grandes eixos, assim descritas:
1 - A definição da política de assistência social do município – esta competência encontra-se
expressa através de dispositivos diferentes e diversos, tais como ―definir diretrizes‖ e
―aprovar o plano municipal e o orçamento local para a assistência social‖;
2 - O acompanhamento, a avaliação e a fiscalização da política local de assistência social,
expressos nas seguintes atribuições: ―definir critérios da finalidade e funcionamento da rede
de serviços‖, ―acompanhar condições de acesso da população aos serviços‖, ―reconhecer as
instituições não-governamentais como aptas para atuar no âmbito da política de assistência
social‖;
3 - A garantia de formas de participação da sociedade civil organizada no processo de
formulação e gestão da política municipal de assistência social, posta em atribuições tais
como ―convocar e realizar a conferência municipal de assistência social‖ e ―divulgar as ações
do Conselho e o orçamento do Fundo Municipal de Assistência Social‖;
4 - A capacitação técnica e estruturação administrativa para o funcionamento do Conselho,
dispostas nas seguintes atribuições: ―realização de pesquisas e estudos da realidade social e
da rede de serviços‖ e ―estruturação administrativa do Conselho – elaboração do regimento
interno, eleição de sua diretoria executiva e organização de comissões temáticas‖;
24
Para participar, requer dedicação, preparo, mas sobre tudo a atitude de participação
fugindo campo da omissão e da critica apenas como instrumento para qualificador das
administrações municipais. Criticar apenas pelo prazer de fazê-lo em nada enriquece o
município. Entretanto, a pesquisa os debates, a mobilização, sim enriquece!
“ O opressor não seria tão forte, se não tivesse cúmplices entre os oprimidos”.
Simone de Bauvoir
A omissão no exercício da cidadania, é que tem feito crescer de forma alarmante as
condutas não licitas na gestão. Omissão daquele que se diz cidadão.
3.1.4 Valorizar o elemento político
Com efeito, as mesmas virtudes, ou mazelas, da administração pública, também se
encontram no seio da sociedade, desde as pequenas rotinas dos lares, até os empreendimentos
das grandes corporações.
Afinal, é o próprio povo que legitima o poder. Muitas vezes, o cidadão critica os
governantes, por ações que igualmente o faria, se estivesse no poder. Mas, a prática constante
da democracia, entre fracassos e sucessos, decepções e satisfações, é que faz com que as
pessoas aprendam a exercer os seus direitos e deveres de cidadãos.
Isso influencia diretamente nas ações dos governantes que, devido à crescente cobrança
das pessoas, são obrigados, ou deveriam ser, a agir com mais ética, responsabilidade,
generosidade e eficiência.
Os resultados de uma eleição, portanto, são muito mais que a apuração dos votos. São,
na realidade, os efeitos das ações dos eleitores, que votaram nesse ou naquele candidato,
baseados nas convicções que os candidatos, orientados por sua equipe, lhes passaram durante
a campanha eleitoral.
Por isso não basta basear-se em conceitos teóricos de Marketing. É preciso conhecer a
sociedade como uma pessoa com desejos e sentimentos. Não se pode olvidar, pois, que se
vive em plena era global, e por isso deve-se conhecer os vários segmentos sociais, para então
tornar as ações do candidato/político mais factíveis.
Valorizar o voto é uma lição que a sociedade brasileira a precisa aprender rapidamente.
Deixar de ser imediatista, (quer para ontem), exclusivista (quer privilégios, através das
influencias políticas), ignorando o valor da coletividade.
25
Considerações finais
Repousando sobre os dados e reflexões evidenciados previamente neste texto, pode-se
concluir que ao visualizar o termo "cidadania", ele pode ser pensado a partir de dois
conjuntos de reflexão teórica: um articulado mais no campo do indivíduo e, outro modelado
mais explicitamente ao conceito de democracia. Em relação ao indivíduo, é no quadro do
conflito entre liberais e republicanos que podemos buscar alguns traços mais "violentos e
contraditórios" sobre os fundamentos da cidadania.
A partir dessas informações, pode-se apontar que a essência política do conceito de
cidadania "ocidental greco-romana" reveste-se de uma discrepância entre democracia real e
ideal. Portanto, uma igualdade de direitos políticos que, de fato, não era e, não é, praticada.
Ao decorrer da história, entretanto, o conceito de cidadania passou a se referir as diferentes
esferas que não apenas à política. Assim, para entender seu significado, somos coagidos a
atentar para os direitos civis e sociais, situando o conceito também no domínio jurídico e
moral (MARSHALL, 1967, p. 63-65).
A partir dessas considerações, podemos pensar e discorrer seguros sobre os problemas
da nação brasileira. Podendo observar que as instituições do Estado estão fragmentadas,
apropriadas por interesses particulares e aprisionadas pelas várias privatizações e privações
setoriais, sendo incapacitadas de contestar as transformações do cenário globalizado e as
múltiplas demandas sociais internas, não dando condições à esfera estratégica do governo de
continuar coordenando o desenvolvimento pleno da nação.
Ao passado ditatorial recente se atribuiu a maior parcela de responsabilidade pelo
precário ―status quo” contemporâneo. Todavia, caberia à democracia que o sucedeu a tarefa
de providenciar a cicatrização das mazelas herdadas. Porém, pareceu ser tarde demais e o
presente novamente as frustrações e o não contentamento com a revelação do peso e
ociosidade estatal.
Diante desse componente intangível e, num país marcado pela instabilidade geral,
suscita uma elevada taxa de incerteza na população, estimulando nas pessoas uma aversão ao
risco, em especial nos mais pobres, temerosos do desemprego, da violência e da
marginalização, acrescentando a falta crônica de organização, com sindicatos enfraquecidos,
e a inércia do povo. Os partidos e os políticos não são procurados, nem se fazem procurar, há
evidente descompasso entre a magnitude das carências sociais e o empenho da sociedade em
resolvê-las. Pois, não sobra tempo para isso, ante a locação prioritária do tempo e dos
recursos individuais na solução de problemas particulares.
26
Esse raciocínio, em nada destituído de sentido, faz com que a falta de cidadania e as
desigualdades tenham o amparo da indiferença, e o resultado parece óbvio se revelando na
convivência quase pacífica da nação brasileira com a miséria cívica, moral e material.
Todavia, o custo do fracasso nas ações coletivas pode ser elevado, observando-se a
deterioração do ― status quo” dos participantes, tornando as circunstâncias ameaçadoras o
suficiente para deprimir o ânimo reivindicante dos mais necessitados, estagnando todas as
esferas de desenvolvimento do Brasil, deixando o maior país do continente órfão de sua
própria força popular e política.
27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALVES, Jonias, Abril de 2.014 – Apostila Vereança – Curso presencial realizado em
Curitiba na sede da Unipublica – Curitiba – PR.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Luís R. 1989 - "Competência e Justiça Social: A Questão da
Paridade na Gestão Universitária". Manuscrito distribuído durante a segunda etapa do
Congresso Universitário realizado na UnB.
CARVALHO, Jose Murilo. Cidadania no Brasil – o longo caminho. 3. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002, p. 9-10
DAMATTA, Roberto 1991a - "Cidadania: A questão da cidadania num universo relacional",
in A Casa e a Rua, Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A.
D´URSO, Luiz Flávio Borges - A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
DOWNING, Theodore & KUSHNER, G. (Org.) 1988 - Human Rights and Anthropology,
Cambridge, Mass.: Cultural Survival, Inc.
DUMONT, Louis 1986 - Essays on Individualism, Chicago e Londres: University of
Chicago Press.
GUIMARÃES, Francisco Xavier da Silva, Nacionalidade: Aquisição, Perda e
Reaquisição, 1ª edição, Forense, 1965.
REVISTA Urutágua Nº 13
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi, HISTÓRIA DA CIDADANIA, Editora
Contexto, ISBN 85-7244-217-0
1991b - "Reflexões Sobre a Cidadania no Brasil". Palestra proferida em 12 de agosto de 1991
na abertura de Brasileiro: Cidadão? ciclo de debates sobre o brasileiro e a cidadania,
promovido pelo Bamerindus.
PESQUISA NA INTERNET
Evolução histórica do conceito de cidadania
Luiz Flávio Borges D´Urso, A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
28
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Declaração Universal dos Direitos Humanos; disponível em
http://www.amde.ufop.br/arquivos/Download/Declaracao/DeclaracaoUniversaldosDireitosH
umanos.pdf
Parabéns por estudar!
Agora você faz parte da classe capacitada, que contribui para o progresso nos
serviços públicos, obrigado por escolher a Unipública!
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