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CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS
ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E
ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO
EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE
EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE/PE
RECIFE
2011
CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS
ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E
ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO
EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE
EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE/PE
Orientadora: Poliana Coelho Cabral
Professor Adjunto do Departamento de Nutrição – UFPE
Co-orientadora: Ilma Kruze Grande de Arruda
Professor Associado do Departamento de Nutrição - UFPE
RECIFE
2011
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Nutrição do
Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco,
para obtenção do Título de Mestre em
Nutrição.
Santos, Cláudia Mota dos
Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois hospitais públicos do Recife/PE / Cláudia Mota dos Santos. – Recife: O Autor, 2011.
82 folhas: il., fig. e quadro; 30 cm.
Orientador: Poliana Coelho Cabral Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Pernambuco. CCS. Nutrição, 2011.
Inclui bibliografia, anexo e apêndice.
1. Dislipidemia. 2. Antropometria. 3. Obesidade abdominal. 4. Índice de massa corporal. 5. Circunferência da cintura. I. Cabral, Poliana Coelho. II.Título.
UFPE 616.399 7 CDD (20.ed.) CCS2011-225
Dedico este trabalho aos meus queridos
pais, José da Silva Mota e Eliane Cabral Mota, inspiração diária na minha vida.
AGRADECIMENTOS
À DEUS, pela presença diária em minha vida, sem O qual nada sou.
Aos meus queridos pais José Mota da Silva e Eliane Cabral Mota, presentes de Deus em
minha existência, exemplos de amor, respeito, quietude e dignidade.
À minha família, pelo amor, carinho, apoio constante e incondicional ao longo dessa
trajetória.
Aos meus amados filhos Thaís e Thiago, pelos muitos momentos de alegria e felicidade. E,
pela ajuda nas traduções e formatação necessárias à realização deste projeto.
Ao meu querido esposo Siloé Santos pelo amor e ajuda que me concede todos os dias.
À minha orientadora Profª Drª Poliana Coelho Cabral, por ter aceitado o desafio de me
ajudar na realização deste sonho, orientando estes momentos com muita dedicação e valiosas
contribuições. Obrigada por ser esta pessoa tão simples e ao mesmo tempo tão grandiosa no
que realiza pelo próximo.
À minha Co-orientadora Profª Drª Ilma Kruze Grande de Arruda, pelo apoio, serenidade
e competência oferecida para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Profº Alcides da Silva Diniz pelo seu profissionalismo e paciência nos ensinamentos aos
mestrandos.
À Coordenadora da Pós Graduação Profª Mônica Osório pelo empenho, organização e
estrutura acadêmica de alto nível oferecida aos alunos.
À nutricionista Célia Vasconcelos, chefe do Setor de Nutrição do HBL, que me concedeu
liberação do serviço.
Às colegas do Hospital Barão de Lucena, especialmente as plantonistas pelo apoio e
paciência nas ocasiões em que me ausentei do trabalho.
À colega Josiane Maria Gomes pelas sugestões e contribuições na redação do 2º artigo.
À colega Edvânia César de Araújo, nutricionista do ambulatório de nutrição do HBL, pela
disponibilidade dos dados coletados para este trabalho.
À colega Maria do Socorro Alves de Carvalho, nutricionista do HC-UFPE, pela
disponibilidade dos dados coletados para este trabalho.
À minha amiga de infância, nutricionista Abdejane Rocha de Araújo, com quem sei que
posso contar sempre, obrigada pela ajuda na coleta dos dados, construção e revisão deste
trabalho.
À Gerente do Centro de Estudos do Hospital Barão de Lucena, Dra Gracília Barros,
pela paciência e compreensão nos momentos mais importantes desta trajetória.
A todos os pacientes que participaram deste trabalho através dos seus dados coletados a
partir dos prontuários consultados.
À farmacêutica Ana Lima do HBL, pela ajuda na redação da metodologia dos dados
bioquímicos.
Aos professores do Mestrado que contribuíram para minha formação transmitindo valiosos
conhecimentos.
Às secretárias do Mestrado Neci Nascimento, Franciane Vieira, Cecília Arruda, sempre
solicitas e de extrema boa vontade, contribuindo nos aspectos burocráticos e apoio
administrativo.
Às amigas da Pós: Elânia, Natália, Fábia e Alicinez (mestrandas) pela amizade,
companheirismo e incentivo para a conclusão desta etapa em nossas vidas.
A nutricionista e amiga Keila Fernandes Dourado, Profa. da UFPE- Centro Acadêmico de
Vitória, pelas valiosas contribuições na revisão desta dissertação
Aos participantes da banca, pela aceitação, disponibilidade e contribuições valiosas.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta
pesquisa, de alguma forma, com gestos ou palavras, meu sincero agradecimento.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
Chico Xavier
Resumo
A dissertação teve como objetivo avaliar a correlação de indicadores antropométricos de
obesidade generalizada e abdominal com o perfil metabólico e investigar o impacto do
acompanhamento nutricional nas medidas antropométricas. Trata-se de um estudo transversal
composto por 550 pacientes adultos de ambos os sexos, atendidos em ambulatório de nutrição
de dois hospitais públicos do Recife. Os resultados desta pesquisa deram origem a dois artigos
originais. Os resultados revelaram que alterações do perfil metabólico, excesso de peso e
circunferência da cintura (CC) na faixa de risco muito elevado estiveram presentes em mais
de 40%, 80% e 50% da amostra, respectivamente. No sexo masculino, houve correlação
negativa apenas entre as variáveis HDL-colesterol e relação cintura estatura (RCEst). Para as
mulheres as correlações apresentaram-se mais frequentes, o HDL-colesterol apresentou
correlação negativa para a CC e RCEst. Os triglicerídeos, a glicemia e a idade apresentaram
correlação positiva com a CC e a RCEst. Estes resultados evidenciam que entre as mulheres a
CC e a RCEst podem ser utilizadas na prática clínica e em estudos de triagem de risco
cardiovascular em adultos. Nos homens, a RCEst pode ser utilizada com este propósito tendo
em vista sua correlação com o HDL-colesterol. Não houve modificações nas medidas
antropométricas após acompanhamento nutricional de dois meses e foi encontrada uma baixa
taxa de adesão ao tratamento, demonstrando a necessidade de mudanças na estrutura do
atendimento utilizada pelos serviços públicos.
Palavras-Chave: dislipidemias, antropometria, lipídeos, obesidade abdominal, índice de
massa corporal, circunferência da cintura.
Abstract
The goal of the dissertation was to evaluate the correlation of anthropometric indicators of
general and abdominal obesity with metabolic profile and to investigate the impact of
monitoring nutritional in anthropometric measurements. It is a cross-sectional study
comprising 550 adult patients of both sexes attended in outpatient nutrition of two public
hospitals in Recife. The findings of this research have yielded two original articles. The
results revealed that changes in metabolic profile, excess weight and waist circumference
(WC) in the range of very high risk were present in more than 40%, 80% and 50% of the
sample, respectively. In males, there was only negative correlation between the variables
HDL-cholesterol and waist height relation (WHtR). For women the correlations were more
frequent, HDL-cholesterol presented negative correlation with the CC and WHtR.
Triglycerides, glucose and age showed a positive correlation with the CC and the WHtR.
These findings show that in women the CC and WHtR can be used in clinical practice and in
screening studies of cardiovascular risk in adults. In men, WHtR can be used for this purpose
due to its correlation with HDL-cholesterol. There were no changes in anthropometric
measurements after a two-month nutritional monitoring and it was found a low rate of
adherence to treatment, demonstrating the need for structural changes in service used by
public services.
Key words: dyslipidemias, anthropometry, lipids, abdominal obesity, body mass index, waist
circumference.
LISTA DE TABELAS
Artigo 1- Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua
correlação com índices antropométricos
Tabela 1 – Distribuição % e representação em percentis das características
antropométricas e laboratoriais de pacientes atendidos em ambulatórios de
nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009 .............................................................................
48
Tabela 2 – Correlações entre idade e variáveis antropométricas com perfil lipídico
e glicídico de pacientes do sexo masculino atendidos em ambulatórios de nutrição.
Recife/PE, 2009 .........................................................................................................
49
Tabela 3 – Correlações entre idade e variáveis antropométricas com perfil lipídico
e glicídico de pacientes do sexo feminino atendidos em ambulatórios de nutrição.
Recife/PE, 2009 .........................................................................................................
49
Artigo 2 – Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais
Tabela 1 – Caraterísticas sócio demográficas e do estilo de vida por sexo de
pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009 ..............
65
Tabela 2 – Características antropométricas, clínicas e laboratoriais de pacientes
atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009 .............................
66
Tabela 3 – Evolução de parâmetros antropométricos por sexo no período de
acompanhamento de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE,
Brasil, 2009 ................................................................................................................
67
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO.......................................................................................... .............. 12
1.1 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 15
1.2 PERGUNTAS CONDUTORAS ............................................................................... 15
1.3 HIPÓTESES .............................................................................................................. 15
1.4 OBJETIVOS .............................................................................................................. 16
1.4.1 Geral .................................................................................................................. 16
1.4.2 Específicos ......................................................................................................... 16
1.5 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .............................................................. 17
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 18
2.1 Doenças Cardiovasculares: Epidemiologia ............................................................. 18
2.2 Doenças Cardiovasculares: Fatores de risco .......................................................... 19
2.3 Obesidade ................................................................................................................... 21
2.4 Indicadores antropométricos ................................................................................... 24
2.5 Perfil lipídico ............................................................................................................. 27
2.6 Perfil glicídico ............................................................................................................ 28
3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 29
3.1 Desenho do estudo e casuística ................................................................................. 29
3.2 Critérios de elegibilidade .......................................................................................... 29
3.2.1 Critérios de inclusão ......................................................................................... 29
3.2.2 Critérios de exclusão ........................................................................................ 29
3.3 Operacionalização do estudo .................................................................................... 30
3.3.1 Coleta de dados ................................................................................................. 30
3.3.2 Variáveis do estudo ........................................................................................... 30
3.3.2.1 Avaliação laboratorial ................................................................................ 30
3.3.2.2 Avaliação antropométrica .......................................................................... 31
3.3.2.3 Avaliação socioeconômica e do estilo de vida .......................................... 32
3.4 Processamento e análise dos estudos ....................................................................... 32
3.5 Aspectos éticos ........................................................................................................... 33
4 RESULTADOS – ARTIGOS ORIGINAIS .......................................................... 34
Artigo 1 : Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com
índices antropométricos .................................................................................................. 36
Artigo 2 : Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais ............................... 51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .................................... 68
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 69
APÊNDICES
ANEXOS
12
ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
1 APRESENTAÇÃO
Em termos mundiais, as doenças cardiovasculares (DCV) respondem pelo maior
percentual de mortalidade e invalidez dentre a faixa etária acima dos 40 anos. Enquanto vem
ocorrendo uma queda na proporção de mortes por DCV ocorridas nos países desenvolvidos, o
mesmo não está acontecendo nos países de menor renda, cujos índices vêm aumentando de
forma alarmante (IV DIRETRIZ, 2007).
Os fatores de risco para o desenvolvimento das DCV podem ser classificados em não
modificáveis e modificáveis. Entre os fatores não modificáveis estão a história familiar, o
sexo e a idade. Enquanto que, hipertensão arterial, tabagismo, hábitos alimentares
inadequados, sedentarismo, dislipidemia e obesidade configuram como alguns dos fatores
modificáveis (BOTREL et al, 2000). Nesse contexto, a obesidade, que é uma doença
metabólica crônica com característica de excesso de gordura corporal, é um fator de risco
independente para a DCV, diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) (IV
DIRETRIZ, 2007; CORREA et al, 2003), e juntamente com o sobrepeso representa um
problema de enorme magnitude para a saúde pública do nosso país.
No entanto, o aumento de riscos de saúde associados à obesidade está relacionado
não apenas com a quantidade total de gordura corporal, mas também com a maneira pela qual
a gordura está distribuída, especialmente na região abdominal (FLEGAL et al, 2009;
REZENDE et al, 2007; RIBEIRO FILHO et al, 2006). A gordura abdominal é composta por
gordura subcutânea e intra-abdominal ou visceral (KAMIMURA; SAMPAIO; CUPPARI,
2009). A gordura visceral é um preditor bem mais forte de DCV e outras desordens
metabólicas, como o diabetes tipo 2, do que a quantidade total de gordura corporal (FLEGAL
et al, 2009; REZENDE et al, 2007; RIBEIRO FILHO et al, 2006).
A presença de gordura visceral gera modificações fisiológicas que promovem
alterações do perfil lipídico, podendo surgir o quadro de dislipidemia, o qual potencializa os
eventos clínicos das DCV (ALMEIDA, R.; ALMEIDA, M.; ARAÚJO et al, 2009). A
hipercolesterolemia, em particular a redução na lipoproteína de alta densidade (HDL-c), é o
principal preditor bioquímico das DCV, esta partícula considerada protetora e anti-risco atua
no “transporte reverso do colesterol”, auxiliando assim a desobstruir as artérias (FORTI e
DIAMENT, 2006).
13
ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
A adoção de hábitos alimentares saudáveis para diminuir o peso corpóreo é de
extrema relevância no controle das dislipidemias. A restrição calórica aumenta os valores de
HDL-c. A cada diminuição de 3 kg de peso corresponde a elevação de 1 mg/dL de HDL-c.
Ressalte-se que o emagrecimento deve ser o principal foco de atenção, em especial, na
síndrome metabólica, auxiliando no controle dos distúrbios glicídico e lipídico e da pressão
arterial (AVILA, 2004). Porém as alterações nos parâmetros antropométricos e bioquímicos
dependem da adesão ao tratamento nutricional proposto, que compreende a frequência dos
atendimentos, reconhecimento da sua condição de saúde e identificação de hábitos de risco
(SILVEIRA e RIBEIRO, 2004). Doentes crônicos têm menor adesão ao tratamento visto que
exige grande empenho do paciente e deve ser seguido por toda a vida.
Vários métodos podem ser utilizados na determinação da distribuição da gordura
corporal. A tomografia computadorizada (TC), a imagem de ressonância magnética (IRM) e a
ultra-sonografia (USG) são os métodos mais sofisticados e que permitem melhor acurácia,
contudo em razão do custo elevado e da necessidade de pessoal técnico altamente qualificado,
tornam-se inviáveis em estudos populacionais (ALMEIDA, R.; ALMEIDA, M.; ARAÚJO et
al, 2009).
Diante disso, na perspectiva de caracterizar a distribuição da gordura corporal, os
métodos antropométricos, como por exemplo, a circunferência da cintura (CC) e a relação
cintura estatura (RCEst) surgem como uma solução simples, de baixo custo e de fácil
aplicabilidade. Além disso, estes métodos apresentam boa correlação com os métodos de
imagem, o que permite segurança no seu uso a nível ambulatorial e populacional (GIROTTO
et al, 2010).
Nesta perspectiva, Oliveira et al. (2010) pesquisaram em adultos de ambos os sexos
da cidade de Florianópolis a relação de indicadores antropométricos (índice de massa corporal
-IMC, CC e relação cintura quadril - RCQ) com o perfil lipídico e encontraram que o IMC e a
RCQ foram os que mais se correlacionavam com os dados bioquímicos examinados em
ambos os sexos. Todavia, outros estudos que investiguem essa possível correlação ainda são
escassos na literatura até o momento.
Diante disso, a principal finalidade da presente pesquisa foi avaliar a possível
correlação da gordura total e abdominal, identificadas pelo IMC, CC e RCEst com o perfil
lipídico e glicídico em uma população de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição.
Os resultados permitirão definir dentre os métodos antropométricos mais comumente
14
ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
utilizados na prática clínica, quais os que apresentam melhor correlação com o perfil
metabólico permitindo identificar o mais precocemente possível o risco de DCV. Além disso,
o presente trabalho também objetivou avaliar o impacto do acompanhamento nutricional nas
medidas antropométricas dos pacientes atendidos ambulatorialmente.
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SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
1.1 JUSTIFICATIVA
Existem poucos estudos que avaliaram as características antropométricas,
bioquímicas e suas correlações, bem como o impacto do acompanhamento nutricional de
pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição. Ademais, não há consenso na literatura
entre quais índices antropométricos podem predizer precocemente e com forte evidência a
ocorrência de risco cardiovascular. Além disso, a escassez de estudos longitudinais torna
precário o entendimento sobre os fatores envolvidos nas alterações das medidas
antropométricas após acompanhamento nutricional. Portanto, a ausência dessas evidências
justifica a realização do estudo, que pretende identificar a correlação da obesidade central,
definida por medidas como a CC e RCEst e do sobrepeso/obesidade, obtidos pelo IMC, com
alterações lipídicas e glicídicas, como também avaliar o impacto do acompanhamento
nutricional sobre os parâmetros antropométricos em uma população de pacientes atendidos
em ambulatório de nutrição de dois hospitais públicos do Recife/PE. A determinação destes
fatores pode servir de base para o planejamento de estratégias terapêuticas mais adequadas
para a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares.
1.2 PERGUNTAS CONDUTORAS
O Perfil lipídico e glicídico alterado, reconhecidos fatores de risco para as doenças
cardiovasculares, apresentam correlação com medidas antropométricas de obesidade global e
central?
O acompanhamento nutricional realizado em ambulatório de nutrição, após três
momentos de atendimento, causa redução significativa nas medidas antropométricas de
excesso de peso?
1.3 HIPÓTESES
À proporção que ocorre elevação nas medidas antropométricas (IMC, CC, RCEst ) ,
há também um aumento dos níveis de glicemia, colesterol total (CT), triglicerídeos(TG) e
lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e diminuição de HDL-c.
Reduções significativas nas medidas antropométricas de excesso de peso são obtidas
após três momentos do acompanhamento nutricional.
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1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Geral
Avaliar a correlação do IMC, CC, RCEst com o perfil lipídico e glicídico de
pacientes adultos atendidos ambulatorialmente em dois hospitais públicos do Recife e o
impacto do acompanhamento nutricional nas medidas antropométricas desses pacientes.
1.4.2 Específicos
Caracterizar a população do estudo quanto ao estilo de vida e aspectos demográficos;
Avaliar o estado pondo-estatural;
Estabelecer o padrão de distribuição da gordura corporal através de indicadores
antropométricos;
Determinar o perfil lipídico e glicídico dos pacientes atendidos no ambulatório.
Acompanhar a evolução das medidas antropométricas em três momentos do
atendimento ambulatorial.
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ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
1.5 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A dissertação foi elaborada na forma de um capítulo de Revisão da Literatura, um
capítulo referente aos Métodos e dois artigos originais de divulgação científica. O
delineamento metodológico, no capítulo de revisão, foi do tipo descritivo, de base
documental, centrando-se na análise e síntese de fontes bibliográficas, a exemplo de revistas
indexadas (Medline e Lilacs), livros técnicos, teses e dissertações acadêmicas, publicações de
organismos internacionais, e pesquisas na internet, utilizando-se das palavras-chave:
dyslipidemias, anthropometry, lipids, abdominal obesity, body mass index, waist
circumference e organizados segundo as normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT.
O capítulo de métodos aborda, com bem mais detalhes, todo o procedimento
metodológico utilizado nesse estudo, que por conta da limitação de palavras exigidas pelos
periódicos indexados não foram incluídos nos artigos que compõem essa dissertação.
Os resultados deste estudo estão apresentados sob a forma de artigos científicos
originais, conforme regulamentação do Colegiado de Pós-Graduação em Nutrição do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco. O primeiro artigo original
intitulado “Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com índices
antropométricos”, resultou de um estudo do tipo transversal, no qual se avaliou 550
indivíduos de ambos os sexos atendidos em ambulatórios de nutrição e que analisou a
correlação entre o perfil metabólico e parâmetros antropométricos de obesidade generalizada
e abdominal. Este artigo foi submetido à publicação na revista Arquivos Brasileiros de
Cardiologia.
O segundo artigo original foi submetido à publicação na Revista da Associação
Médica Brasileira e tem como título: “Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais”.
O referido artigo trata-se de um estudo transversal, com base no modelo analítico, no qual foi
acoplada uma variável com caráter prospectivo (tempo de acompanhamento). A amostra foi
composta por pacientes que foram atendidos em ambulatórios de nutrição de dois hospitais
públicos de Recife/PE e investiga o impacto do acompanhamento nutricional nas medidas
antropométricas após o período de dois meses de acompanhamento.
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ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Doenças Cardiovasculares: Epidemiologia
Diversas mudanças no perfil de morbidade e mortalidade das sociedades
industrializadas vêm ocorrendo nos últimos anos. O aumento na prevalência das doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT) representa grave problema de saúde pública em nosso
país (CASTRO et al, 2004). As DCV fazem parte deste grupo de DCNT e compreendem o
acidente vascular encefálico, a doença arterial periférica e a insuficiência cardíaca congestiva
(NUNES FILHO et al, 2007).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 16,7 milhões de
mortes por ano no mundo são provenientes das DCV. Para o ano de 2020 há projeções de que
os agravos que esta doença ocasionará como morte e incapacitação se mantenham
principalmente nos países em desenvolvimento, o que levará a repercussões significativas nos
custos com a assistência médica (IV DIRETRIZ, 2007). Em particular no Brasil,
aproximadamente 30,0% dos óbitos em indivíduos a partir dos 20 anos são decorrentes das
DCV (JARDIM et al, 2010).
As DCV participam decisivamente como causa de morte em todas as regiões
brasileiras. Segundo dados do Ministério da Saúde (2008) em Pernambuco o coeficiente de
mortalidade por doenças cerebrovasculares é de 57,7 mortes por 100 mil habitantes e a
mortalidade proporcional (%) para todas as faixas etárias está em torno de 32,9%.
Nos últimos trinta anos têm ocorrido uma queda razoável na mortalidade por causas
cardiovasculares em países desenvolvidos, principalmente Canadá, Austrália e oeste da
Europa (Le FANU, 2002), enquanto elevações significativas têm ocorrido em países em
desenvolvimento, tal qual o Brasil (IV DIRETRIZ, 2007).
Esta diminuição da prevalência nestes países desenvolvidos pode ser proveniente do
fácil acesso a tecnologias avançadas, como procedimentos de revascularização, unidades de
cuidado coronariano, como também implantação efetiva de estratégias preventivas,
exemplificadas por campanhas de combate ao fumo e controle da pressão arterial (AVEZUM;
PIEGAS; PEREIRA, 2005; III DIRETRIZ, 2001).
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ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
Na contra mão dos países desenvolvidos, encontram-se os países em
desenvolvimento, que ao mesmo tempo em que combatem doenças infecciosas, lutam para
controlar os dados crescentes de DCNT. A população desses países encontra-se exposta a
diferentes fatores de risco, como tabagismo, sedentarismo, alto consumo de gorduras
saturadas e bebidas alcoólicas e um reduzido consumo de frutas e vegetais. Toda esta
exposição, e mais o aumento na expectativa de vida podem explicar os altos índices de DCV
nos países em desenvolvimento (POULTER, 2003).
2.2 Doenças Cardiovasculares: Fatores de risco
Já é bem estabelecido na literatura científica que existe uma grande variedade de
fatores de risco cardiovasculares. Estes podem ser classificados em modificáveis e não
modificáveis (CONSENSO DE DISLIPIDEMIA, 1996). Consideram-se como fatores
modificáveis aqueles que estão diretamente ligados ao estilo de vida da pessoa, como o hábito
de fumar, a inatividade física, hábitos alimentares, obesidade e dislipidemia (RABELO, 2001;
IV DIRETRIZ, 2007). Os fatores não modificáveis estão relacionados à história familiar,
herança genética e modificações comuns do processo de envelhecimento, bem como a idade e
o sexo (RABELO, 2001; SALIM YUSUF, 2001).
Estudo de base populacional realizado por Eyken e Moraes (2009), com homens de
20 a 49 anos, onde foi avaliada a prevalência de fatores de risco (DM, obesidade, inatividade
física, uso do tabaco, dislipidemia e HAS) para DCV, encontrou mais de 80% dos
entrevistados com pelo menos um dos fatores de risco estudados.
O principal fator de risco não modificável para a DCV é a idade. De forma geral, as
manifestações clínicas das DCV iniciam na meia idade, contudo estudos mostram que, ainda
na infância, as estrias gordurosas, precursoras da placa aterosclerótica começam a sua
formação (SANTOS et al, 2008), podendo ser encontradas, numa fase mais tardia, nas aortas
abdominal e coronária de adolescentes. A agressão ao endotélio vascular, mediada pelos
fatores de risco, tabagismo, HAS e elevação dos níveis de lipoproteínas aterogênicas como a
LDL-c, lipoproteínas de densidade intermediária (IDL), lipoproteínas de muito baixa
densidade (VLDL), remanescentes de quilomícrons, possibilita a formação da placa
aterosclerótica e dá início, de acordo com fatores genéticos e de gênero, às suas manifestações
(IV DIRETRIZ, 2007, BERENSON et al, 1998). A partir da 3ª década de vida as lesões
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ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
tornam-se mais complicadas e suas conseqüências clínicas surgem por volta dos 40 anos
(VERRI; FUSTER, 1997; STARY, 1989).
Para ambos os sexos, as lesões evoluem de forma semelhante em extensão e
gravidade ao longo dos anos, porém no sexo feminino as DCV surgem mais tardiamente, o
que pode ser explicado pela influência do estrogênio sobre o perfil lipídico (SOUZA et al,
2003). Comparando-se a distribuição e extensão de lesões ateroscleróticas entre homens e
mulheres de 30-34 anos, as lesões mais avançadas na coronária estavam presentes com maior
frequência em homens, o que só pode ser visto em mulheres aproximadamente 5 anos mais
tarde (McGILL; McMAHAN, 1998).
A HAS é um importante fator de risco para DCV em ambos os sexos e reflete a causa
de admissão de um grande número de pacientes nas urgências e emergências hospitalares
(SANCHEZ; PIERIN; MION, 2004). A prevalência estimada no Brasil é de 24,4% da
população, e aumenta em todas as faixas etárias, principalmente nos idosos, onde 63,2% desta
população é portadora de HAS. No Recife, esta prevalência está acima da proporção nacional,
alcançando a marca de 27,6% (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
O hábito de fumar ainda é uma prática comum na sociedade atual e está entre os mais
importantes fatores de risco para as DCV. Sua magnitude reflete-se na estimativa da OMS de
que cerca de 1/3 da população mundial adulta seja fumante (EYKEN; MORAES, 2009). Este
hábito geralmente começa na adolescência. Nos Estados Unidos, todos os dias, surgem cerca
de 3000 adolescentes fumando pela primeira vez, com a idade média de início de 10,7 anos
entre os meninos e 11,4 anos nas meninas. Mendes et al (2006) relacionam uma maior
probabilidade do hábito de fumar naqueles indivíduos filhos de pais fumantes.
Na III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição realizada no Estado de Pernambuco em
2006 (III PESN/2006) 22,0%, 16,9% e 61,1% dos adultos pernambucanos se declararam
fumantes, não fumantes e ex-fumantes respectivamente. No Brasil como um todo, segundo
pesquisa do Ministério da Saúde em 2010, houve uma redução no hábito de fumar,
principalmente para o sexo masculino, que passou de 20,2% para 17,9%, e para as mulheres o
percentual não se alterou, continuando em torno de 12,7%. Ou seja, de um modo geral, apesar
das campanhas anti tabagismo, esse continua sendo um importante fator de risco modificável
em nosso país.
A inatividade física, decorrente do processo de industrialização, está associada aos
agravos cardiovasculares (PITANGA; LESSA, 2005). O exercício físico praticado
21
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regularmente aparece como fator preventivo e de controle das DCV, influenciando quase
todos os fatores de risco para esta enfermidade (RIQUE; SOARES, MEIRELES, 2002).
Matsudo et al (2002) avaliaram o nível de atividade física de 2001 indivíduos de 14
a 77 anos de idade no estado de São Paulo e obtiveram como resultado uma porcentagem de
46% de indivíduos que praticam atividade física como promoção da saúde. É importante
ressaltar que estes dados não são representativos do Brasil, mas servem para entender que a
divulgação dos benefícios desta prática na melhoria das condições de saúde é de grande
importância e deverá ser ampliada.
Quanto aos hábitos alimentares, estes se evidenciam como marcadores de risco para
as DCV. O processo de industrialização vem sendo apontado como o fator causador do
aumento no consumo energético da população, caracterizado pela presença na dieta de
alimentos ricos em gorduras e açúcar e pobre em fibras, sendo pontos chaves na etiologia das
dislipidemias, obesidade, hipertensão (CASTRO et al, 2004), entre outras doenças que se
correlacionam com as DCV.
Ainda dentre os fatores de risco para as DCV, a obesidade aparece como um preditor
importante, visto que o excesso de gordura corporal está associado com outros fatores, como a
HAS, o DM e a dislipidemia (DALTON et al, 2003; Ho S.C et al, 2001).
2.3 Obesidade
A obesidade definida de forma simplista é entendida como uma doença caracterizada
pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, identificada pelo IMC > 30 Kg/m², que decorre
de um balanço energético positivo e que acarreta prejuízos à saúde (WHO, 2000), refletindo
não só na qualidade como na quantidade de vida (FONTAINE et al , 2003).
A obesidade não é uma desordem de gênese única, ao contrário, é uma condição na
qual um grupo de causas múltiplas tem papel relevante no seu fenótipo (FRANCISCHI et al,
2000).Esta morbidade faz parte do grupo das DCNT, as quais possuem características
particulares: história natural prolongada, múltiplos fatores de risco complexos, interação de
fatores etiológicos desconhecidos, causa necessária desconhecida, entre outras (PINHEIRO;
FREITAS; CORSO, 2004).
22
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Sabe-se que esta enfermidade está crescendo mundialmente. Na Espanha, por
exemplo, 17,5% das mulheres e 13,2% dos homens entre 25-60 anos são obesos (SALAS-
SALVADÓ et al, 2007; ARANCETA-BARTRINA et al, 2005). No Brasil, dados da Pesquisa
de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, apresentaram 50,1 % dos homens e 48 % das
mulheres com excesso de peso e 12,4% de homens e 16,9% de mulheres com obesidade
(IBGE, 2010).
Analisando e comparando os dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar –
ENDEF (1974-1975), da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN (1989), da POF
(2002-2003) e da POF (2008-2009) observa-se que a prevalência de excesso de peso na
população masculina mais que triplicou entre a primeira e a quarta pesquisa, enquanto que na
população feminina passou de 28,7% para 48% entre a primeira e última pesquisa.
Considerando apenas as duas últimas pesquisas, verificamos que a prevalência de excesso de
peso nas mulheres continuou a aumentar na Região Nordeste, em especial nos 20% das
mulheres de menor rendimento e que com os homens esse aumento foi perceptível em todos
os estratos de renda (IBGE, 1976; IBGE, 1989; IBGE, 2004; IBGE, 2010). Segundo
resultados da III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição de 2006 (III PESN), Pernambuco
encontrava-se com uma prevalência de sobrepeso e obesidade entre homens e mulheres de
32,9% e 16,7% e 36,1% e 20,9%, respectivamente.
O que torna essas informações ainda mais preocupantes é o fato de que muitos são os
danos ocasionados pela obesidade, como por exemplo: HAS, DM, dislipidemias, doenças
osteoarticulares e cardiovasculares, entre muitas outras (RABELO, 2001). Como fator de
risco modificável, a obesidade assume papel relevante em virtude de estar envolvida com
praticamente todos os outros fatores de risco para DCV. Nesse sentido, torna-se importante a
percepção de que o tecido adiposo não é mais considerado apenas como reservatório de
energia, compondo estruturas de proteção e sustentação. Ele é um verdadeiro órgão de
atividade endócrina e metabólica (BARROSO; ABREU; FRANCISCHETTI, 2002). Suas
células, os adipócitos, armazenam lipídeos na forma de triglicerídeos. É no interior delas que
ocorre o controle entre a lipogênese e a lipólise de acordo com as necessidades energéticas do
indivíduo (AHIMA e FLIER, 2000).
Na obesidade ocorre um acréscimo da concentração plasmática de ácidos graxos
livres (AGL), que permanecendo por longos períodos, provoca consequências deletérias para
o metabolismo, alterando o funcionamento de vários órgãos. O processo metabólico mais
23
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comprometido nesse caso é o dos lipídeos (III DIRETRIZ, 2001), resultando na dislipidemia.
Segundo Rabelo (2001), a dislipidemia se caracteriza pela circulação anormal destes lipídeos
ou seus remanescentes, o que pode ser em conseqüência de fatores genéticos ou ambientais.
Como conseqüências desse processo têm-se a diminuição das concentrações de HDL-c e
aumento de LDL-c, TG e CT séricos, via que predispõe a aterosclerose, ressaltando-se que o
LDL-c é fator causal e independente de aterosclerose (IV DIRETRIZ, 2007).
Diante disso, torna-se importante ressaltar ainda que a duração, magnitude e tipo de
distribuição corporal da gordura são fatores diretamente relacionados à gravidade das
possíveis alterações metabólicas provocadas pelo acúmulo de gordura, bem como a
morbidade e mortalidade que advém desta (RABELO, 2001).
Sendo assim, a discussão em torno da participação da obesidade central no
comprometimento dos processos metabólicos é cada vez maior. Diferentes estudos vêm
buscando elucidar a real magnitude e comprovar que a mesma possui de fato um maior
potencial aterogênico que a obesidade generalizada (PITANGA; LESSA, 2005; DESPRÉS;
LEMIÊUX; PRUD’HOMME, 2001).
A distribuição abdominal da gordura corporal interfere de forma decisiva em
diferentes características metabólicas e funcionais desempenhadas pelo organismo. Em estudo
com humanos demonstrou-se que a gordura visceral, aquela localizada nas vísceras, está mais
fortemente relacionada com as condições de saúde, como as DCV, resistência à insulina e
síndrome metabólica (HUFFMAN; BARZILAI, 2009), isto porque esta gordura parece ser
mais sensível à lipólise, quando comparada à gordura subcutânea (RODRIGUES; BALDO;
MILL, 2010).
Em virtude dessas características, a gordura visceral promove a liberação de maiores
quantidades de ácidos graxos livres, o que permite a disponibilidade de substratos para a
produção de lipoproteínas potencialmente aterogênicas. Além disso, os adipócitos abdominais
apresentam maior produção de citocinas como o fator de necrose tumoral (TNF-α),
interleucina-6, que estão associadas à resistência à insulina e ao DM tipo 2 (HERMSDORFF
e MONTEIRO, 2004).
O tratamento clínico da obesidade está baseado em dieta e atividade física, tendo
como objetivo uma perda ponderal de 5 a 10% do peso inicial (GUIMARÃES et al, 2010,
GOTTSCHALL e BUSNELLO, 2009), o que pode repercutir positivamente nas alterações
ocasionadas por este excesso de peso. Entretanto, a taxa de insucesso desse tipo de
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intervenção é alta, visto que a adesão aos tratamentos é baixa (BAUTISTA-CASTAÑO et al,
2004). Muitos são os fatores apontados como causadores desta baixa adesão. Alguns autores
sugerem para a não adesão ao tratamento (INELMEN et al, 2005, TEIXEIRA; GOING;
HOUTKOOPER, 2004, BAUTISTA-CASTAÑO et al, 2004): problemas pessoais, ausência
de apoio familiar, falta de motivação, falta de assiduidade as consultas, inatividade física,
idade avançada, ausência de tratamentos anteriores e muitos outros como motivos.
De acordo com Bautista-Castaño et al (2004), poucos são os estudos publicados que
relatam os resultados obtidos em clínicas especializadas no tratamento do excesso de peso.
Estes autores ainda referem uma grande variabilidade quanto à metodologia empregada nestes
estudos e consequente dificuldade para descrever as conclusões quanto a adesão ao
tratamento. Entretanto, apesar destas limitações, estes autores admitem que de uma forma
geral quando há de 20 a 45% dos participantes completando o protocolo de atendimento, que
pode ser desde o tratamento baseado em dieta e atividade física até a mudança do
comportamento alimentar, pode-se considerar que o tratamento foi exitoso.
2.4 Indicadores antropométricos
Diferentes métodos podem ser utilizados para avaliar a gordura corporal. A TC,
considerado padrão-ouro, a IRM e a USG são técnicas utilizadas para avaliar a composição
corporal de seres humanos. Essas técnicas permitem mensurar de forma acurada e precisa os
depósitos de gordura visceral e subcutânea encontradas na região abdominal (VASQUES et
al, 2010).
Mesmo considerando a eficiência destas técnicas, as mesmas não são acessíveis a
investigações populacionais, logo, as medidas antropométricas assumem interessante
utilização, visto que são de baixo custo, inócuas e não enfrentam problemas com restrições
culturais (FERREIRA et al, 2006).
O IMC é o indicador mais divulgado populacionalmente, e é muito utilizado como
indicador de adiposidade corporal (VASQUES et al, 2010). Este índice considera a relação
entre o peso corporal (massa magra somada à massa gorda) e a altura. Porém, devido à
incapacidade deste indicador em distinguir em relação a estes dois tipos de massa, pode
ocorrer um erro de interpretação dos resultados quando houver uma elevada quantidade de
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massa muscular (VASQUES et al, 2010). Seus pontos de corte são conhecidos por
especialistas e leigos (HAUN; PITANGA; LESSA, 2009), tratando-se de um indicador de
simples execução e facilmente reproduzível (CERCATO et al, 2004).
Contudo, apesar de o IMC ser vastamente utilizado como indicador de gordura
corporal, suas medidas não refletem a distribuição desta gordura, visto que modificações no
IMC não refletem o local anatômico no qual o indivíduo perdeu ou ganhou peso (SNIJDER et
al, 2006). Somando-se a este aspecto, Pitanga e Lessa (2005) no seu estudo com 968 adultos
de 30-74 anos de idade verificaram que o IMC foi o indicador antropométrico de obesidade
menos adequado para discriminar o risco coronariano elevado (RCE). Assim, para esta
investigação também devem ser adotados parâmetros antropométricos de obesidade
abdominal, como a CC, RCQ e RCEst (VASQUES et al, 2010; MARTINS e MARINHO,
2003).
Medidas antropométricas como a CC e a RCQ demonstraram ser adequadas para
estimar a quantidade de gordura abdominal (PICON et al, 2007).Entretanto, segundo
Björntorp (1997), esses indicadores refletem diferentes informações. A CC seria melhor
indicador da massa adiposa visceral, estando desta forma mais fortemente relacionada com as
DCV ateroscleróticas, enquanto que a RCQ por conter medidas da região glútea, na qual
existe muitos tecidos musculares, reguladores específicos da sensibilidade à insulina
sistêmica, teria associação mais potente com a resistência à insulina. Estas associações
puderam ser confirmadas no estudo de Martins e Marinho (2003), onde eles avaliaram 1042
pessoas da cidade de São Paulo. Apesar destes estudos, ainda há muita controvérsia entre qual
destas medidas seria utilizada como melhor preditor para o RCE (PICON et al,2007).
Um aspecto importante a ser considerado na prática da mensuração da CC é a
ausência de consenso entre os pesquisadores quanto aos locais para sua aferição (VASQUES
et al, 2010), a influência dos grupos étnicos e outras variáveis que comprometem a
padronização de pontos de corte para esta medida antropométrica.
Lean, Han e Morrinson (1995) realizaram um estudo com o objetivo de testar a
hipótese de que a medida de CC poderia ser utilizada na identificação da distribuição da
gordura abdominal. Foram estabelecidos dois pontos de corte: o primeiro (94 cm para homens
e 80 cm para mulheres), que representaria o limite acima do qual os riscos à saúde são
maiores; e o segundo (102 cm para homens e 88 cm para mulheres) que iria corresponder ao
ponto onde o risco seria muito elevado. Com a hipótese confirmada, a OMS (1998)
26
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recomendou a utilização dos mesmos na identificação do risco elevado para DCV. Após
alguns anos, o III NCEP, 2001, adotou os valores de 88 e 102 cm para o diagnóstico de
obesidade central em mulheres e homens, respectivamente. Valores estes adotados também
aqui no Brasil.
A relação cintura/estatura (RCEst), é um indicador bastante usado e vem
apresentando forte correlação com os fatores de risco cardiovascular, compreende a razão
entre a CC (cm) e a estatura (cm). Está baseada na pressuposição de que, para determinada
altura, existe uma quantidade de gordura aceitável depositada na parte superior do corpo.
Quantitativamente ainda não se conhece o efeito preciso da medida da CC, contudo alguns
autores admitem que a estatura exerce influência na magnitude da CC ao longo do
crescimento e também na vida adulta (PARIKY et al, 2007). Desta forma, uma vantagem para
a utilização da RCEst reside na manutenção da regulação direta entre o crescimento e a CC, e
este fato possivelmente justifica o uso de um mesmo valor para os pontos de corte
independente da idade(HAUN; PITANGA; LESSA, 2009).
Em estudo realizado com adultos de ambos os sexos em Taiwan, com o objetivo de
identificar pontos de corte da RCEst para discriminar pelo menos um fator de risco
cardiovascular (DM, HAS ou dislipidemia), seus autores encontraram valores de 0,48 e 0,45
para homens e mulheres respectivamente (LIN et al,2002).Com o mesmo objetivo, Pitanga e
Lessa (2006a), avaliaram uma população de Salvador e encontraram valores de 0,52 para
homens e 0,53 para mulheres, sugerindo que esta medida deve ser comparada aos demais
indicadores na discriminação do RCE. O ponto de corte sugerido por outros autores para
discriminação da obesidade abdominal e risco cardiovascular é ≥ 0,5 para homens e mulheres
(KOCH, 2008; OLIVEROS; SOBERANIS, 2005).
Em virtude da necessidade que a CC e o IMC tem de trabalhar diversos pontos de
corte dependentes da etnia e/ou do gênero, a RCEst se apresenta como uma solução mais fácil
e com possibilidade inclusive de veicular uma mensagem simples e efetiva para ser passada
para toda a população, “Mantenha a sua CC inferior à metade da sua altura” (ASHWELL;
HSIEH, 2005).
Em outro estudo realizado em Taiwan com adultos diabéticos, de ambos os sexos,
verificou-se que aplicando-se a regressão logística, apenas o indicador RCEst, quando
comparado a CC e RCQ, apresentou forte associação com DCV em ambos os sexos
(TSENG,2008).
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2.5 Perfil lipídico
A definição do perfil lipídico se dá através das determinações do CT, HDL, LDL e
TG após um jejum de 12 a 14 horas. Para a realização desse exame, o paciente deve ser
informado sobre o não consumo de álcool nas últimas 72 horas e a não realização de atividade
física vigorosa nas últimas 24 horas que antecedem a coleta do sangue. Outros cuidados
também poderiam fazer parte do protocolo de realização destes testes bioquímicos, como
avaliar dieta habitual dos indivíduos, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos duas
semanas antes do exame (IV DIRETRIZ, 2007).
O caráter multifatorial das DCV não exclui a importância determinante das
dislipidemias na gênese destas patologias. A prevalência desta alteração do perfil lipídico
varia de acordo com as características étnicas, sociodemográficas e culturais de distintas
populações (SOUTO FILHO et al, 2000).
Estudos têm relatado a associação de parâmetros antropométricos utilizados na
classificação do excesso de peso com o perfil lipídico alterado. Uma prevalência de 32,2% de
dislipidemia entre indivíduos com CC elevada foi encontrada no estudo de base populacional
na Cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) de Souza et al (2003). Em outro estudo, conduzido
por Krause et al (2007) com 388 mulheres acima de 60 anos, o excesso de massa gorda na
região abdominal determinado pela CC e RCQ, demonstrou alterações principalmente na
redução de HDL-c.
No estudo de Rezende et al (2006), tanto o IMC quanto a CC apresentaram
associação com o perfil lipídico, contudo o IMC foi correlacionado apenas com o TG
enquanto que a CC manteve correlação com o TG, LDL-c e HDL-c.
Cercato et al (2004) avaliaram 1213 adultos na cidade de São Paulo e evidenciaram
que um aumento significativo de TG e/ou diminuição de HDL-c estavam associados com a
obesidade central. Da mesma forma Hu et al (2000), ao estudar índios americanos,
verificaram que as principais anormalidades lipídicas relacionadas à obesidade foram: a
diminuição do HDL-c e o aumento dos TG.
Estudo realizado por Schneider et al (2007), com adultos e idosos, verificou que a
RCEst foi melhor preditor para prevalência de dislipidemia do que os outros parâmetros
antropométricos avaliados: CC e IMC. Resultado semelhante foi encontrado por Bertsias et al
(2003) ao pesquisarem estudantes de medicina de Creta.
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2.6 Perfil glicídico
O acúmulo de gordura abdominal favorece os depósitos viscerais de TG, que
possuem um turnover mais acelerado na região abdominal quando comparado a outras
regiões, levando a um aumento de ácidos graxos livres no sistema porta, os quais estimulam a
gliconeogênese e inibem a depuração hepática da insulina, favorecendo a hiperglicemia, a
insulinemia e a resistência à insulina (DEPRES et al, 1990).
Este processo metabólico leva ao surgimento de um quadro inflamatório, com
produção de proteína C reativa, que é utilizada como preditor de evento cardíaco (RIDKER et
al, 2002).
De acordo com Rocha et al (2010) supõe-se que parâmetros antropométricos de
gordura abdominal, sugestivos de resistência à insulina, sejam capazes de identificar
portadores de distúrbios glicêmicos. Nesta linha de raciocínio, estes mesmos autores
compararam parâmetros antropométricos e de resistência à insulina de indivíduos sem e com
síndrome metabólica (SM), subestratificados pela presença de anormalidades glicêmicas e
encontraram que em uma amostra da população brasileira é possível identificar indivíduos
com SM através de medidas antropométricas, sem, contudo identificar aqueles com distúrbios
glicêmicos.
Mesmo diante desses estudos, muitos outros serão necessários na busca da definição
da possível existência entre a correlação dos parâmetros antropométricos de obesidade central
e a alteração do perfil lipídico e glicídico, no que tange a determinação de planos de ação no
combate precoce às DCV.
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3 METODOLOGIA
3.1 Desenho do estudo e casuística
Foi realizado um estudo transversal, com base no modelo analítico, no qual foi
acoplada uma variável com caráter prospectivo (tempo de acompanhamento), realizado em
dois ambulatórios geral de nutrição dos hospitais Barão de Lucena (HBL) da Secretaria
Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) e Hospital das Clínicas (HC) da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), referente aos atendimentos do ano de 2009. A amostra foi
composta por 550 indivíduos de ambos os sexos.
Os ambulatórios avaliados têm características diferentes no tocante ao número de
atendimentos realizados por ano. O Serviço de Nutrição do HC/UFPE vem atendendo na área
ambulatorial desde 1960 e conta com nove ambulatórios especializados e um para
atendimento geral e triagem. Neste último, a média anual de primeiro atendimento é de 1500
pacientes. Realidade diferente apresenta-se no Serviço de Nutrição do HBL/SES-PE, onde
possui apenas um ambulatório, de atendimento geral, que vem atendendo desde 1990. Neste
setor, a média anual de atendimentos de 1ª vez fica em torno de 450.
3.2 Critérios de elegibilidade
Os indivíduos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de
elegibilidade:
3.2.1 Critérios de inclusão
Pacientes de ambos os sexos na faixa etária superior a 19 anos.
3.2.2 Critérios de exclusão
Gestantes;
Pacientes portadores de doenças consumptivas (Aids, câncer, etc)
Pacientes que tenham utilizado medicamento para perda de peso nos últimos seis
meses e
Pacientes que tenham realizado cirurgias plásticas, tipo abdominoplastia ou portadores
de patologia que pudessem modificar a distribuição da gordura corporal.
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3.3 Operacionalização do estudo
3.3.1 Coleta de dados
A coleta dos dados foi realizada através da transcrição das informações contidas nos
prontuários dos pacientes atendidos nos ambulatórios de nutrição dos dois hospitais públicos,
para formulário próprio (Apêndice A), criado para este estudo. Estas informações foram
coletadas e registradas pelos nutricionistas, profissionais responsáveis pelos atendimentos
ambulatoriais, os quais possuem conhecimento quanto à técnica correta para a aferição das
medidas antropométricas e estão treinados para a realização desta atividade na sua rotina de
trabalho.
3.3.2 Variáveis do estudo
Este estudo teve como variável depende o perfil lipídico (CT, TG, LDL-c e HDL-c) e
glicídico e como variáveis independentes: as sociodemográficas (sexo, idade e grau de
escolaridade), as antropométricas (IMC, CC e RCEst) e as de estilo de vida (etilismo e
tabagismo) para o 1º artigo. Para o 2º artigo, o tempo de acompanhamento foi a variável
independente e as medidas antropométricas as variáveis dependentes.
3.3.2.1 Avaliação laboratorial
Os dados sobre perfil lipídico e glicídico foram coletados a partir das informações
presentes no prontuário do paciente. Os exames bioquímicos foram realizados nos
laboratórios das próprias instituições hospitalares. O laboratório do HBL/SES-PE utiliza os
reagentes específicos do equipamento automatizado COBAS integra 400 plus da Empresa
ROCHE, que já estão prontos para uso para a determinação do perfil lipídico e o laboratório
do HC/UFPE utiliza o método automático ARCHITECT. Para análise da glicemia de jejum o
HBL/SES-PE utiliza o método enzimático colorimétrico e o HC/UFPE o método Diasys
automático ARCHITECT.
Consideraram-se como referência os valores para lipídeos apresentados na IV
Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose (SOCIEDADE
31
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BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007). Como ponto de corte para a glicemia foi
utilizado os critérios recomendados pela AMERICAN DIABETICS ASSOCIATION (ADA,
2008) sendo valores entre 100 e 125 mg/dL considerado indivíduos com intolerância a glicose
e valores superiores a 126 mg/dL indicativo de DM. Valores apresentados no quadro 1.
Quadro 1 Valores de referência para dados bioquímicos
Parâmetros Valores de Referência *
CT < 200mg/dL
HDL-c > 40mg/dL (homens)
> 50mg/dL (mulheres)
LDL-c < 130 mg/dL
TG < 150mg/dL
Glicose < 100 mg/dL
* IV Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose
* American Diabetics Association
3.3.2.2 Avaliação antropométrica
O procedimento metodológico de coleta de dados antropométricos eram idênticos nos
dois ambulatórios. Para a determinação do peso corporal e estatura dos pacientes foi utilizada
uma balança tipo plataforma da marca FILIZOLA, capacidade 150 kg com divisão de 100g e
um estadiômetro acoplado com capacidade para 1,90 m e precisão de 1 mm. Tanto o peso
quanto a altura foram mensurados segundo técnicas preconizadas por Lohman et al em 1991 e
serviram de base para o cálculo do IMC sendo que a classificação utilizada foi a proposta pela
OMS(1995).
Com o objetivo de identificar o padrão de distribuição da massa adiposa, foram
utilizados o indicador circunferência da cintura (CC) e a relação cintura-estatura (RCEst). A
cintura foi aferida com uma fita métrica não extensível de acordo com as normas
recomendadas pela OMS (WHO, 1998), entre a última costela e a crista ilíaca. Para obter os
valores da RCEst, a CC foi dividida pela estatura (cm) (PITANGA;LESSA,2006b).
Nesse estudo, a CC foi avaliada, utilizando como padrão de referência os pontos de
corte da OMS (WHO, 1998) e para a RCEst, foi utilizado o ponto de corte de > 0,50 para
ambos os sexos (KOCH,2008;OLIVEROS;SOBERANIS,2005). Como a frequência de
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indivíduos na faixa de normalidade para CC foi muito baixa, a estratificação foi feita em duas
categorias: com risco muito elevado (valor superior a 102 cm para homens e 88 cm para
mulheres) e sem risco muito elevado (valor abaixo de 102 cm para homens e 88cm para
mulheres). Para RCEst a estratificação feita em duas categorias ficou: < 0,50 e > 0,50.
3.3.2.3 Avaliação sociodemográfica e do estilo de vida
As informações sobre as características sociodemográficas e do estilo de vida dos
pacientes atendidos nos ambulatórios de nutrição foram conhecidas com a transcrição dos
dados presentes nas fichas de atendimento ambulatorial dos profissionais. Os dados obtidos
foram referentes:
Ao sexo;
À escolaridade, sendo considerado o número de anos de estudo;
À prática de fumar, sendo considerados fumantes, não fumantes e ex-fumantes;
Ao consumo de álcool, cuja classificação para a análise dos dados foi agrupada de
acordo com a prática atual de consumo em bebe e não bebe;
3.4 Processamento e análise dos dados
O banco de dados foi estruturado no software Epi-info versão 6.04. As informações
foram digitadas com dupla entrada e verificadas com o VALIDATE, módulo existente no
Programa Epi-info versão 6.04, para checar a consistência e validação das mesmas. Utilizou-
se para as análises estatísticas os softwares Epi-info versão 6.04 (WHO/CDE, Atlanta, GE,
USA) e SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows versão 12.0 (SPSS
Inc., Chicago, IL, USA).
Aplicou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a normalidade da
distribuição das variáveis estudadas, entretanto como nenhuma delas apresentou distribuição
Gaussiana, optou-se por avaliá-las através de testes não paramétricos.
Para a avaliação da correlação do perfil lipídico (TG, CT, LDL-c e HDL-c) e glicídico
com as variáveis antropométricas (CC, RCEst e IMC), apresentadas no primeiro artigo, foi
utilizado o coeficiente de Correlação de Spearman. Adotou-se como nível de significância
estatística o valor de p < 0,05. No segundo artigo, realizou-se uma análise descritiva dos
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dados. Para verificar associações entre as variáveis dicotômicas foi aplicado o teste do qui-
quadrado, sendo adotado o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade.
3.5 Aspectos éticos
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco e obedeceu às diretrizes da Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde – CNS sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo
aprovado em 24 de maio de 2011, protocolo Nº 106/11 (Anexo A).
Por se tratar de um estudo com dados secundários e os riscos serem mínimos, não
houve a necessidade do uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
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4 RESULTADOS
Os resultados deste estudo estão apresentados sob a forma de artigos científicos
originais, conforme regulamentação do Colegiado da Pós-graduação em Nutrição do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco.
1º Artigo:
Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com
índices antropométricos.
2º Artigo:
Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais
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Primeiro artigo
Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e
sua correlação com índices antropométricos.
Artigo foi enviado para publicação no periódico
Arquivos Brasileiros de Cardiologia.
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Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com índices
antropométricos
Glycidic and Lipidic profile outpatients and its correlation with anthropometric indices
Título resumido: Correlação do perfil metabólico e antropometria
CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS1, EDVÂNIA CÉSAR DE ARAÚJO
2, ILMA KRUZE GRANDE DE
ARRUDA3, POLIANA COELHO CABRAL
3.
¹ Mestranda em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco. UFPE, Recife, PE
2 Especialista em Nutrição Clínica. Nutricionista do Hospital Barão de Lucena. Recife, PE
3 Professora, Departamento de Nutrição, UFPE, Recife, PE, Brasil. Doutora em Nutrição,
UFPE, Recife, PE,Brasil
Correspondência:
Cláudia Mota dos Santos
Rua João Clementino Montarroyos, nº 175/Apto 701 Casa Caiada/ Olinda-PE.
CEP 53130390
Tel.: (81) 88076271
Endereço eletrônico: nutri_claudia@yahoo.com.br
Potencial Conflito de Interesses
Declaro não haver conflito de interesses pertinentes
Fontes de financiamento
O presente estudo não teve fontes de financiamento externas
Vinculação Acadêmica
Este artigo é parte da dissertação de Mestrado de Nutrição de Cláudia Mota dos Santos
pelo Programa de Pós graduação em Nutrição (UFPE).
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RESUMO
Fundamento: A obesidade está associada com elevada frequência de dislipidemias e
intolerância à glicose, os quais contribuem para a elevação do risco cardiovascular. Objetivo:
Avaliar a correlação de parâmetros antropométricos com o perfil lipídico e glicídico de
pacientes ambulatoriais. Métodos: Estudo transversal realizado com 550 indivíduos atendidos
em ambulatórios de nutrição de dois hospitais públicos do Nordeste do Brasil. Os parâmetros
avaliados foram o Índice de Massa Corporal (IMC), a circunferência da cintura (CC) e a
relação cintura estatura (RCEst). O perfil metabólico constou de colesterol total (CT),
triglicerídeos (TG), lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), lipoproteína de alta densidade
(HDL-c) e glicemia de jejum (GJ). Resultados: Dos pacientes estudados, 76,4% eram
mulheres. A prevalência de excesso de peso ficou acima de 80%, não sendo evidenciado
diferencial entre os sexos. Por outro lado, 80,9% das mulheres e 52,1% dos homens
apresentaram CC na faixa de risco muito elevado (p=0,000). Alterações lipídicas e glicídicas
foram encontradas em mais de 40% da amostra. No sexo masculino, houve correlação
negativa apenas entre as variáveis HDL-c e RCEst. Para as mulheres as correlações
apresentaram-se mais frequentes, o HDL-c apresentou correlação negativa para a CC e
RCEst. Os triglicerídeos, a glicemia e a idade apresentaram correlação positiva com a CC e a
RCEst. Conclusões: Entre as mulheres a CC e a RCEst podem ser utilizadas na prática clínica
e em estudos de triagem de risco cardiovascular em adultos. Nos homens, a RCEst pode ser
utilizada com este propósito tendo em vista sua correlação com o HDL-c.
Unitermos: Dislipidemias, obesidade abdominal, antropometria.
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ABSTRACT
Background: Obesity is associated with high frequency of dyslipidemia and glucose
intolerance, which contribute to higher cardiovascular risk. Objective: To evaluate the
correlation of anthropometric parameters with glucose and lipid profile of
outpatients. Methods: Cross-sectional study with 550 individuals attending outpatient
nutrition of two public hospitals in the Northeast of Brazil. The evaluated parameters were:
body mass index (BMI), waist circumference (WC) and waist height (WHtR). The metabolic
profile consisted of total cholesterol (TC), triglycerides (TG), low-density lipoprotein (LDL-
C), high density lipoprotein (HDL-C) and fasting plasma glucose (FPG). Results: Of the
patients, 76.4% were women. The prevalence of overweight was above 80% without evident
difference between the sexes. On the other hand, 80.9% of women and 52.1% of men had WC
in the range of very high risk (p = 0.000). Lipid and glucose changes were found in more than
40% of the sample. In males, there was only negative correlation between the variables HDL-
C and WHtR. For women the correlations were more frequent, HDL-C was negatively
correlated to the WC and WHtR. Triglycerides, glucose and age showed a positive correlation
with the WC and WHtR. Conclusions: Among women, the WC and WHtR can be used in
clinical practice and in screening studies of cardiovascular risk in adults. In men, WHtR can
be used for this purpose due to its correlation with HDL-C.
Key words: Dyslipidemia, abdominal obesity, anthropometry.
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INTRODUÇÃO:
As doenças cardiovasculares (DCV) representam hoje as maiores causas de mortalidade
e morbidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 16,7 milhões
de mortes por ano no mundo são provenientes desse mal. No Brasil, aproximadamente 30,0%
dos óbitos em indivíduos a partir dos 20 anos são decorrentes das DCV1.
Muitos são os fatores de risco para o desenvolvimento deste grupo de enfermidades.
Alguns destes fatores não podem ser modificados, a exemplo da idade, sexo, história familiar
e herança genética2,3
. Outros, entretanto, que estão diretamente ligados ao estilo de vida da
pessoa, como o hábito de fumar, a inatividade física, hábitos alimentares errôneos, obesidade
e dislipidemia podem ser modificados2,4
.
Estudos demonstram que a quantidade de tecido adiposo e, principalmente, sua
distribuição centralizada se destacam pela associação com elevados valores de morbi-
mortalidade por DCV5,6
. A presença de gordura visceral gera modificações fisiológicas que
promovem alterações do perfil lipídico, podendo surgir o quadro de dislipidemia, o qual
potencializa os eventos clínicos das DCV7. Neste quadro, em particular, tem-se as alterações
na lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), fator causal e independente de aterosclerose4.
Bem como, as modificações na estrutura da permeabilidade vascular provenientes das
alterações no metabolismo da glicose8.
Diferentes métodos são utilizados para avaliar a gordura corporal, sua distribuição e
possível relação com as DCV. Os métodos antropométricos índice de massa corporal (IMC),
circunferência da cintura (CC) e relação cintura estatura (RCEst) apresentam vantagens na
prática clínica diária, por serem de simples execução e fácil reprodução9,10
. O objetivo do
presente trabalho foi avaliar a correlação do perfil lipídico e glicídico com parâmetros
antropométricos de obesidade total e central, a fim de definir dentre os métodos
antropométricos comumente utilizados na prática clínica e em estudos epidemiológicos, quais
os melhores preditores de alterações no perfil lipídico e glicídico.
MÉTODOS
Estudo de corte transversal realizado em ambulatórios de atendimento geral de nutrição
de dois hospitais da rede pública de saúde do Nordeste do Brasil, Hospital Barão de Lucena
(HBL) da Secretaria Estadual de Saúde - PE e Hospital das Clínicas (HC) da Universidade
Federal de Pernambuco, e contou com a participação de 550 indivíduos atendidos para
orientação nutricional no período de janeiro a dezembro de 2009.
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Foram estudados todos os pacientes de ambos os sexos na faixa etária superior a 19
anos, sendo excluídos as gestantes, pacientes portadores de doenças consumptivas (câncer,
aids), pacientes que tenham utilizado medicamento para perda de peso nos últimos seis meses
ou que tenham realizado cirurgias plásticas, tipo abdominoplastia ou portadores de patologia
que pudessem modificar a distribuição da gordura corporal.
Dados sociodemográficos e antropométricos (idade, grau de instrução, sexo, peso, altura
e circunferência da cintura) foram coletados pelos dois profissionais responsáveis pelos
referidos ambulatórios e transcritos para formulário criado para esse estudo.
Para a determinação do peso corporal e estatura dos pacientes, os dois ambulatórios
seguem as técnicas preconizadas por Lohman (1991)11
, sendo utilizada balança tipo
plataforma, capacidade 150 kg com divisão de 100g e estadiômetro acoplado com precisão de
1 mm. Tanto o peso quanto a altura serviram de base para o cálculo do IMC sendo que a
classificação utilizada foi a proposta pela (OMS, 1995)12
. Nesse estudo, a CC foi aferida com
uma fita métrica não extensível de acordo com as normas e os pontos de corte recomendados
pela OMS (1998)13
. A RCEst foi determinada através da relação entre a CC (cm) e a altura
(cm), sendo utilizado como ponto de corte o valor de 0,514
.
Os dados bioquímicos constaram de glicemia de jejum, colesterol total (CT),
triglicerídeos (TG), LDL colesterol (LDL-c) e HDL colesterol (HDL-c) e foram coletados dos
prontuários dos pacientes. Os exames bioquímicos foram realizados nos laboratórios dos dois
hospitais através de equipamentos automatizados, COBAS integra 400 plus da Empresa
ROCHE e método automático ARCHITECT para o perfil lipídico no HBL e HC
respectivamente. Para análise da glicemia de jejum o HBL/SES-PE utiliza o método
enzimático colorimétrico e o HC/UFPE o método Diasys automático ARCHITECT.
A construção do banco de dados foi realizada no programa Epi info versão 6.04 com
dupla entrada e utilização do módulo VALIDATE e a análise estatística no programa SPSS
versão 12.0. O teste de Kolmogorov- Smirnov foi utilizado para avaliar a normalidade da
distribuição das variáveis estudadas, das quais nenhuma apresentou distribuição normal. Desse
modo para avaliação da correlação das variáveis do perfil lipídico e glicídico com a idade e as
variáveis antropométricas foi utilizado o coeficiente de Spearman. Adotou-se como nível de
significância estatística o valor de p < 0,05.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco sob o registro CEP/CCS/UFPE nº 106/11.
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RESULTADOS
Foram avaliados 550 pacientes adultos de ambos os sexos (76,4% de mulheres) com
mediana de idade de 51 anos (P2541 anos e P7559 anos), 67,6% com menos de 8 anos de estudo
e que procuravam atendimento nutricional com o objetivo principal de perda de peso.
Segundo o IMC, em ambos os sexos, a prevalência de excesso de peso apresentou-se
elevada, acima de 80%, não sendo evidenciado diferencial estatisticamente significante na
comparação entre os sexos (p=0,171). Resultado similar foi evidenciado segundo a RCEst,
onde mais de 90% da população estudada apresentou valores alterados, não sendo contudo
estatisticamente significante entre os sexos (p= 0,899). Por outro lado, 80,9% das mulheres e
52,1% dos homens apresentaram CC na faixa de risco muito elevado (p=0,000) (Tabela 1).
Quanto aos parâmetros laboratoriais avaliados (Tabela 1), foi evidenciada alteração para
CT, TG, LDL-c, HDL-c e glicemia em mais de 40% da amostra. No entanto, só foi encontrado
diferencial estatisticamente significante entre os sexos para o LDL-c, com 66,7% e 42,4% dos
homens e mulheres respectivamente, apresentando valores alterados (p=0,004).
De acordo com os valores de referência para classificação do IMC, CC e RCEst tanto os
homens quanto as mulheres apresentaram-se, em termos de mediana, na condição de risco,
com o IMC na faixa de obesidade leve e a CC na faixa de risco muito elevado. Quanto ao
perfil lipídico e glicídico com exceção do HDL-c nas mulheres, os valores de mediana
encontrados para todos os outros parâmetros foram classificados na faixa de risco (Tabela 1).
As análises de correlações entre a idade e variáveis antropométricas com o perfil
lipídico e glicídico para o sexo masculino e feminino são apresentadas nas Tabelas 2 e 3. No
sexo masculino, houve correlação negativa apenas entre as variáveis HDL-c e RCEst (Tabela
2). Para as mulheres as correlações apresentaram-se mais frequentes, o HDL-c apresentou
correlação negativa para a CC e RCEst. Os triglicerídeos, a glicemia e a idade apresentaram
correlação positiva com a CC e a RCEst (Tabela 3). O LDL-c em ambos os sexos, não
apresentou correlação com nenhum dos indicadores antropométricos avaliados (Tabelas 2 e 3).
DISCUSSÃO
Os dados aqui apresentados demonstram certa especificidade pelo fato de terem sido
obtidos a partir de uma amostra homogênea de indivíduos que procuraram atendimento
nutricional principalmente para perda ponderal, o que explica a ocorrência de mais de 80% de
excesso de peso.
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A alta prevalência do sexo feminino neste estudo (76,4%) provavelmente está
relacionada à maior preocupação das mulheres com a saúde, fato este que torna a procura aos
serviços de saúde maior neste gênero15, 16
. O principal fator de risco não modificável para a
DCV é a idade. A partir da 3ª década de vida as lesões do endotélio vascular tornam-se mais
complicadas e suas consequências clínicas surgem por volta dos 40 anos17,18
. Nesta casuística
a mediana de idade foi de 51 anos, o que dificulta a prevenção primária para DCV tendo em
vista que a mesma deve ser iniciada mais precocemente. Estudos mostram que, ainda na
infância, as estrias gordurosas, precursoras da placa aterosclerótica começam a sua
formação19
, podendo ser encontradas, numa fase mais tardia, nas aortas abdominal e coronária
de adolescentes.
Nesta casuística verificou-se baixa escolaridade em ambos os sexos, sugerindo uma
situação desfavorável à compreensão dos males ocasionados pela obesidade. A elevada
frequência de indivíduos procurando atendimento para perda ponderal é um reflexo da
“epidemia” de excesso de peso que vem acometendo a população adulta brasileira. A
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008-200920
revelou que 50,1% dos homens e 48%
das mulheres no Brasil apresentam excesso de peso, o que demonstra a importância da
intervenção nutricional, principalmente por se tratar de um fator de risco modificável para
DCV.
A elevada prevalência da CC muito alterada desta amostra, principalmente entre as
mulheres, pode ser explicada pelo risco sete vezes maior que o sexo feminino apresenta de
desenvolver a obesidade abdominal21
. O estudo de Pischon et al (2008)22
, revela que a cada 5
cm de CC acima dos valores de referência aumentam em 13% e 17% o risco cardiovascular
nas mulheres e homens respectivamente, diferencial não estatisticamente significante. Por
outro lado, Sánchez et al (2010)23
encontraram em seu estudo que de uma maneira geral as
mulheres acumulam mais gordura subcutânea na região abdominal, e nos homens ocorre mais
tecido adiposo visceral o que possibilita um maior risco para as DCNT entre eles, visto que a
gordura visceral tem mais características pró inflamatórias quando comparada a gordura
subcutânea24
.
Na presente investigação observou-se uma prevalência de mais de 40% da amostra com
alteração em todos os componentes do perfil lipídico e glicídico, sem apresentar diferencial
estatisticamente significante entre os sexos, exceto com relação ao LDL-c, com valores
alterados em maior frequência nos homens. Estes dados também refletem o que está
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ocorrendo com a população adulta, ou seja, segundo a III Pesquisa Estadual de Saúde e
Nutrição (III PESN)25
realizada em 2006 mais de 30% dos indivíduos acima de 25 anos
apresentavam CT e TG alterados, esse percentual para glicemia ficou em torno de 16%. Fato
preocupante evidenciado na III PESN25
é que pouco mais da metade das pessoas entrevistadas
já haviam se submetido a exames laboratoriais para determinação do perfil lipídico e
glicídico, o que demonstra a necessidade de diagnósticos mais precoces visando o risco das
DCV.
Diversos estudos tem buscado mostrar qual o melhor parâmetro antropométrico para
identificar risco cardiovascular elevado26,27
, no entanto poucos são os estudos que o tenham
avaliado em pacientes atendidos ambulatorialmente28,29
.
No geral, nesta pesquisa, não foram encontradas fortes correlações entre as variáveis
antropométricas de excesso de peso global e central e as variáveis lipídicas e glicídicas, fato
condizente com outros estudos30,31
.
No sexo masculino, houve correlação negativa apenas entre as variáveis HDL-c e
RCEst. Diante da reconhecida atuação do HDL-c contra a formação de placas ateromatosas e
consequentemente eventos cardiovasculares, estes resultados podem sugerir a utilização desse
índice antropométrico nos homens como preditor de alterações nessa fração do CT.
Por outro lado, na avaliação dos resultados obtidos para o sexo feminino as correlações
ocorreram em mais variáveis. O HDL-c, apresentou correlação negativa tanto com a RCEst
quanto com a CC, enquanto a glicemia, o TG e a idade mostraram correlação positiva com
estes mesmos indicadores. Ou seja, apresentaram correlação com os dois indicadores de
obesidade central utilizados neste estudo. Fato um pouco discordante dos encontrados na
literatura que apontam a RCEst como melhor preditor para risco cardiovascular, seja em
crianças ou em adultos32-34
.
CONCLUSÃO
Tendo em vista os resultados observados, podemos concluir que apenas entre as
mulheres a CC e a RCEst foram os parâmetros antropométricos que mais se correlacionaram
com alterações do perfil lipídico e glicídico, evidenciando a importância da utilização desses
parâmetros na prática clínica e em estudos de triagem de risco cardiovascular em adultos. Nos
homens, a RCEst pode ser utilizada com este propósito tendo em vista sua correlação com o
HDL-c.
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Estudos prospectivos com diversos parâmetros de avaliação da obesidade abdominal e
sua relação com o perfil metabólico são necessários para confirmar estes achados. Além da
necessidade de pesquisas com enfoque em pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição,
campo propício para desenhos transversais e longitudinais.
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Tabela 1 – Distribuição % e representação em medianas e percentis das características antropométricas e laboratoriais de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009.
Variáveis Pacientes
Masculino Feminino Valor de p
N % IC95% N % IC95%
Excesso de peso IMC1
Sim 117 90,7 84,0-95,0 354 85,5 81,7-88,7 0,171
Não 12 9,3 5,1-16,0 60 14,5 11,3-18,3
Md (p75 e p75) 30,0 Kg/m2 (27,0- 33,0) 30,0 Kg/m2 (27,0- 34,0)
CC- risco muito elevado2
Sim 61 52,1 42,7-61,4 293 80,9 76,4-84,8 0,000
Não 56 47,9 38,6-57,2 69 19,1 15,2-23,6
Md p75 e p75) 102,0 cm (96,6- 113,0) 100,0 cm (90,4-110,9)
RCEst3
Alterado 109 94,6 87,5-97,3 335 93,1 89,8-95,4 0,899
Normal 07 6,0 2,7-12,5 25 6,9 4,6-10,2
Md p75 e p75) 0,60 (0,60-0,70) 0,60 (0,60-0,70)
CT4
Alterado 32 43,2 31,9-55,2 143 54,8 48,5-60,9 0,104
Normal 42 56,8 44,7-68,1 118 45,2 39,1-51,5
Md p75 e p75) 196,0 (160,0- 220,0) 206,0 (176,0- 232,0)
TG5
Alterado 33 48,5 36,4-60,9 110 41,8 35,8-48,0 0,391
Normal 35 51,5 39,1-63,6 153 58,2 51,9-64,2
Md ( p75 e p75) 158,0 (115,5 -248,0) 130,0 (92,0-190,0)
LDL-c6
Alterado 32 66,7 51,5-79,2 89 42,4 35,7-49,4 0,004
Normal 16 33,3 20,8-48,5 121 57,6 50,6-64,3
Md ( p75 e p75) 112,5 (91,0- 142,5) 120,0 (96,0 -147,0)
HDL-c7
Alterado 29 52,7 38,9-66,1 108 45,4 39,0-51,0 0,403
Normal 26 47,3 33,8-61,1 130 54,6 48,1-61,0
Md ( p75 e p75) 38,0 (33,0 -49,0) 51,0 (43,0-63,0)
Glicemia
Alterado 46 62,2 50,1-73,0 147 53,6 47,5-59,6 0,239
Normal 28 37,8 27,0-49,9 127 46,4 40,4-52,5
Md (p25 e p75) 106,0 (93,0- 151,0) 100,0 (90,0-120,0)
Obs.: O número total de indivíduos em cada variável é diferente em razão do número de respondente. IC- intervalo de confiança. 1 IMC – Índice de Massa Corporal >25Kg/m²; 2 CC- Circunferência da cintura – risco muito elevado > 102cm (homem) > 88cm (mulher); 3 RCEst - relação cintura estatura (alterado > 0,50); 4 CT – Colesterol total; 5 TG - Triglicerídeos ;6 Lipoproteína de baixa densidade – LDL colesterol ; 7 Lipoproteína de alta densidade– HDL colesterol.
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Tabela 2- Correlações entre variáveis antropométricas com perfil lipídico, glicídico e idade de pacientes do sexo masculino atendidos em ambulatórios de nutrição. Recife/PE, 2009.
Variáveis IMC
r Valor de p
CC
r Valor de p
RCEst
R Valor de p
CT 0,013 0,966 -0,072 0,652 0,120 0,081
TG 0,378 0,226 0,027 0,867 0,077 0,190
LDL-c 0,077 0,812 -0,136 0,391 0,135 0,330
HDL-c -0,028 0,931 -0,129 0,415 -0,078* 0,020
Glicemia -0,185 0,509 0,197 0,305 -0,125 0,280
Idade -0,399 0,199 -0,189 0,230 0,076 0,050
IMC – Índice de Massa Corporal; CC – Circunferência da cintura; RCEst – relação cintura estatura; r – coeficiente de correlação; CT - Colesterol total; TG- Triglicerídeos; Lipoproteína de baixa densidade – LDL colesterol; Lipoproteína de alta densidade – HDL colesterol; * Correlação significante ao nível de 0,05. Teste estatístico de Sperman
Tabela 3- Correlações entre variáveis antropométricas com perfil lipídico, glicídico e idade de pacientes do sexo feminino atendidos em ambulatórios de nutrição. Recife/PE, 2009.
Variáveis IMC
r Valor de p
CC
r Valor de p
RCEst
R Valor de p
CT -0,198 0,333 -0,008 0,970 -0,360 0,625
TG -0,372 0,061 0,242** 0,001 0,235* 0,001
LDL-c 0,042 0,840 0,052 0,483 0,021 0,778
HDL-c -0,302 0,134 -0,463** 0,000 - 0,458** 0,000
Glicemia -0,253 0,213 0,148* 0,043 0,163* 0,026
Idade -0,239 0,239 0,192** 0,009 0,273* 0,000
IMC – Índice de Massa Corporal; CC – Circunferência da cintura; RCEst – relação cintura estatura; r – coeficiente de correlação; CT - Colesterol total; TG-
Triglicerídeos; Lipoproteína de baixa densidade – LDL colesterol ;Lipoproteína de alta densidade – HDL colesterol; * Correlação significante ao nível de 0,05; **
Correlação significante ao nível de 0,01. Teste estatístico de Sperman
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Segundo artigo
Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais
Este artigo foi enviado para publicação no periódico da Revista
da Associação Médica Brasileira.
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Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais
Evolution of anthropometric outpatients
CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS1, ABDEJANE ROCHA DE ARAÚJO
2, ILMA KRUZE GRANDE
DE ARRUDA3, ALCIDES DA SILVA DINIZ
4, POLIANA COELHO CABRAL
3.
¹ Mestranda em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco. UFPE, Recife, PE
2 Especialista em Nutrição Clínica. Nutricionista do Hospital da Restauração Recife, PE
3 Professora, Departamento de Nutrição, UFPE, Recife, PE, Brasil. Doutora em
Nutrição, UFPE, Recife, PE,Brasil
⁴Professor Departamento de Nutrição, UFPE, Recife, PE, Brasil Pós-doutorado em
Nutrição, Prince Leopold Institute of Tropical Medicine, Antuérpia, Bélgica.
O Presente trabalho foi realizado em dois hospitais da rede pública de saúde do Recife,
PE, Brasil: Hospital Barão de Lucena Av. Caxangá, nº3860 Iputinga Recife-PE CEP 50731-
000 e Hospital das Clínicas de Pernambuco Av. Professor Moraes Rego, nº 1235 Cidade
Universitária. Recife-PE CEP 50670 901
Correspondência:
Cláudia Mota dos Santos
Rua João Clementino Montarroyos, nº 175/Apto 701 Casa Caiada/ Olinda-PE.
CEP 53130390
Tel.: (81) 88076271
Endereço eletrônico: nutri_claudia@yahoo.com.br
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco sob o registro CEP/CCS/UFPE nº 106/11.
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Resumo
Objetivo: Avaliar o estado nutricional de pacientes com sobrepeso, o perfil lipídico e glicídico
e o impacto do acompanhamento dietoterápico nas medidas antropométricas de pacientes
atendidos em ambulatórios de nutrição de dois hospitais públicos de Recife-PE. Métodos:
Estudo transversal no qual foi acoplada uma variável com caráter prospectivo (tempo de
acompanhamento), resultando na análise antropométrica de três momentos do atendimento. Os
indicadores avaliados foram o Índice de Massa Corporal (IMC) e a circunferência da cintura
(CC) com a classificação da OMS 1995 e 1998, respectivamente. O perfil lipídico constou de
colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), Lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e
Lipoproteína de alta densidade (HDL-c) obtido na 1ª consulta. Resultados: Foram estudados
550 pacientes adultos com idade média de 49,4 + 13,3 anos. A prevalência de excesso de peso
pelo IMC ficou acima de 80%, não sendo evidenciado diferencial estatisticamente significante
entre os sexos (p=0,171). Por outro lado, 80,9% das mulheres e 52,1% dos homens
apresentaram CC na faixa de risco muito elevado (p=0,000). Alterações lipídicas foram
encontradas em mais de 40% da amostra. Quanto aos resultados da evolução antropométrica,
tanto o IMC quanto a CC não demonstraram diferença estatisticamente significante entre os
três momentos avaliados. Conclusões: Os resultados encontrados demonstraram alta
prevalência de alterações no perfil lipídico, ausência de redução das medidas antropométricas
após o acompanhamento de dois meses, e uma baixa taxa de adesão ao tratamento. Diante do
quadro epidemiológico da obesidade, estes achados demonstram a necessidade de mudanças
na estrutura do atendimento utilizada pelos serviços públicos para os casos de excesso de peso.
Unitermos: Índice de massa corporal, circunferência da cintura, lipídeos, antropometria.
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Abstract
Objective: evaluate the nutritional status of patients with overweight, the lipidic and glucose
profile and the impact of dietary accompaniment on the anthropometric measures of patients
under treatment on two public hospitals of Recife, Pernambuco. Methods: transversal study
on which was linked a variable with prospective character (time of accompaniment), resulting
in the anthropometric analysis of three moments of the treatment. The evaluated indicators
where the Body Mass Index (BMI) and the Waist Circumference (WC) with the 1995 and
1998 classifications from the World Health Organization (WHO), respectively. The lipidic
profile included total cholesterol (TC), triglycerides (TG), LDL cholesterol (LDL-c) and HDL
cholesterol (HDL-c) obtained from the 1st consultation. Results: 550 adult patients, aged 49,4
+ 13,3 years were studied. The prevalence of excessive weight through the BMI was above
80%, with absence of significant statistical difference between sexes (p=0,171). On the other
hand, 80,9% of women and 52,1% of men presented high-risk levels of WC (p=0,000).
Lipidic changes were found in more than 40% of the sample. Regarding the anthropometric
evolution results, both BMI and WC didn't present significant statistical difference between
the three evaluated moments. Conclusions: The results showed high prevalence of lipidic
profile changes, absence of reduction of the anthropometric measures after the two-month
accompaniment, and a low ratio of accession to the treatment. Given the epidemiologic
situation of obesity, these findings evidence the need of treatment structure changes used by
public services to the cases of excessive weight.
Keywords: Body mass index, waist circumference, lipids, anthropometry.
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INTRODUÇÃO
As diversas mudanças no perfil de morbidade e mortalidade das sociedades
industrializadas que vêm ocorrendo nos últimos anos promoveram o aumento na prevalência
das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as quais representam já há algum tempo
grave problema de saúde pública em nosso país1.
Nesse contexto, a obesidade que é uma doença metabólica crônica com característica de
excesso de gordura corporal, é um fator de risco independente para a doença cardiovascular
(DCV), Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)2,3
e juntamente com
o excesso de peso causam repercussões na qualidade de vida das pessoas4.
Devido ao crescente número de indivíduos com excesso de peso e de gordura corporal,
diferentes tipos de tratamento estão disponíveis para a população. E, mesmo considerando que
os resultados destes tratamentos estão muito abaixo da expectativa, uma modesta perda de
peso entre 5% a 10% do peso corporal inicial, quando associada a uma atividade física, pode
ter um efeito positivo sobre a saúde do paciente5.
Desta forma, a preocupação com os fatores que afetam a adesão do paciente ao
tratamento proposto, especialmente o obeso, também devem fazer parte da estratégia
estabelecida para os programas de perda de peso, visto que, frequentemente são observadas
altas taxas de insucesso, decorrentes de dificuldades de emagrecimento e precária manutenção
dos resultados6.
A intervenção terapêutica na avaliação da perda de peso é comumente realizada pelo
Índice de Massa Corporal (IMC), método simples, prático e de fácil execução, utilizado como
referência de adiposidade corporal7, e pela Circunferência da cintura (CC), medida
antropométrica que estima a gordura abdominal, a qual já se sabe está mais associada a riscos
cardiovasculares como dislipidemias e hipertensão arterial8.
Entretanto, são poucos os estudos que investigam as modificações nas medidas
antropométricas após a intervenção nutricional. Baseado nisto, o presente trabalho objetivou
avaliar o impacto do acompanhamento nutricional nas medidas antropométricas de pacientes
atendidos em dois ambulatórios de hospitais públicos do Recife-PE.
MÉTODOS
Estudo transversal, com base no modelo analítico, no qual foi acoplada uma variável
com caráter prospectivo (tempo de acompanhamento). Foi realizado em ambulatórios de
atendimento geral em nutrição de dois hospitais da rede pública de saúde do Nordeste do
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Brasil, Hospital Barão de Lucena (HBL) e Hospital das Clínicas (HC), e contou com a
participação de 550 indivíduos admitidos para orientação nutricional no período de janeiro a
dezembro de 2009, sendo o intervalo de trinta dias entre as consultas o período adotado nos
dois ambulatórios.
Foram estudados todos os pacientes de ambos os sexos na faixa etária superior a 19
anos, sendo excluídas as gestantes, pacientes portadores de doenças consumptivas, pacientes
que tenham utilizado medicamento para perda de peso nos últimos seis meses ou que tenham
realizado cirurgias plásticas, tipo abdominoplastia ou portadores de patologia que pudessem
modificar a distribuição da gordura corporal.
Dados sócio demográficos, antropométricos e informações de atendimento (idade, sexo,
peso da 1ª, 2ª e última consulta, altura, tempo de acompanhamento) foram coletados pelos
dois profissionais responsáveis pelos referidos ambulatórios e transcritos para formulário
criado para esse estudo.
Para a determinação do peso corporal e estatura dos pacientes, os dois ambulatórios
seguem as técnicas preconizadas por Lohman9, sendo utilizada balança tipo plataforma,
capacidade 150 kg com divisão de 100g e estadiômetro acoplado com precisão de 1 mm.
Tanto o peso quanto a altura serviram de base para o cálculo do IMC sendo que a classificação
utilizada foi a proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995)10
. Nesse estudo, a
CC foi aferida com uma fita métrica não extensível de acordo com as normas e os pontos de
corte recomendados pela OMS (1998)11
.
O perfil lipídico consta de colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), Lipoproteína de
baixa densidade (LDL-c) e Lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e foi coletado dos
prontuários dos pacientes. Os exames bioquímicos foram realizados nos laboratórios dos dois
hospitais através de equipamentos automatizados, COBAS integra 400 plus da Empresa
ROCHE e método automático ARCHITECT para o perfil lipídico no HBL e HC
respectivamente.
A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no programa
Epi info versão 6.04, com dupla entrada e utilização do módulo Validate. Para verificar
associações entre as variáveis dicotômicas foi aplicado o teste de qui-quadrado, sendo adotado
o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco sob o registro CEP/CCS/UFPE nº 106/11.
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RESULTADOS
Foram avaliados 550 pacientes de ambos os sexos (76,4% de mulheres) com média de
idade de 49,4 + 13,3 anos. O atendimento nutricional dava-se principalmente pelo excesso de
peso e presença de HAS. A Tabela 1 mostra as variáveis sociodemográficas e do estilo de vida
dos pacientes avaliados por sexo. Quanto à escolaridade, apenas 40,9% dos homens e 28,1%
das mulheres possuíam mais de oito anos de estudo (p= 0,029). No que se refere ao estilo de
vida (ingestão alcoólica e tabagismo) verificou-se um percentual mais elevado nos indivíduos
do sexo masculino, com 36,5% dos homens contra 16,7% das mulheres referindo ingestão de
álcool (p= 0,000) e 9,6% dos homens contra 4,3% das mulheres referindo serem fumantes (p=
0,017).
As variáveis antropométricas, clínicas e laboratoriais dos pacientes no primeiro
atendimento, estão apresentadas na Tabela 2. Avaliando o excesso de peso pelo IMC, em
ambos os sexos, a prevalência apresentou-se elevada, acima de 80%, não sendo evidenciado
diferencial estatisticamente significante na comparação entre os sexos (p=0,171). Por outro
lado, 80,9% das mulheres e 52,1% dos homens apresentaram CC na faixa de risco muito
elevado (p=0,000).
Quanto à ocorrência de DCNT, tais como HAS e DM tipo II, o percentual foi elevado
em ambos os sexos. Quanto aos parâmetros laboratoriais avaliados, foi evidenciada alteração
para CT, TG, LDL-c e HDL-c em mais de 40% da amostra. No entanto, só foi encontrado
diferencial estatisticamente significante entre os sexos para o LDL-c, com 66,7% e 42,4% dos
homens e mulheres respectivamente, apresentando valores alterados (p=0,004).
Na Tabela 3, encontram-se os resultados da evolução do estado nutricional (IMC e CC)
em relação ao tempo de acompanhamento de dois meses. Em ambos os parâmetros não houve
diferencial estatisticamente significante entre a 1ª e 2ª consultas (intervalo de um mês) e 1ª e 3ª
consultas (intervalo de dois meses). Analisando a ocorrência de excesso de peso, por
escolaridade e faixa etária, também não foi encontrado diferencial estatisticamente significante
nos três momentos avaliados, exceto nas mulheres com mais de oito anos de estudo em que a
frequência de excesso de peso no atendimento inicial foi de 73,1% contra 88,1% das mulheres
com menor grau de escolaridade (p= 0,009). No entanto, na 2ª e 3ª consultas não foi
encontrado diferencial estatisticamente significante entre a ocorrência de excesso de peso e o
grau de escolaridade.
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SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
Por outro lado, no estudo comparativo entre as médias de peso de homens e mulheres
nas três consultas avaliadas, verifica-se que entre os homens a média ponderal inicial foi de
90,9 Kg + 27,5 reduzindo-se para 82,9 Kg + 27,3 na segunda consulta, uma perda de 8 Kg em
30 dias (p= 0,302). Contudo, no terceiro momento de avaliação, o peso havia retornado para
89,2 Kg + 31,1. Quanto às mulheres que iniciaram atendimento nutricional com uma média
ponderal de 75,8 Kg + 16,07 a perda foi de 4,5 Kg entre o primeiro e segundo momento
avaliado (p= 0,098) e de forma semelhante aos homens, houve ganho de peso na terceira
consulta com média de 73,9 Kg + 15,6.
Avaliando a adesão dos pacientes ao tratamento nutricional proposto, verifica-se que dos
550 pacientes que iniciaram o tratamento, menos de 50% compareceram à segunda consulta e
apenas aproximadamente 20% prosseguiram com o tratamento até o terceiro mês.
DISCUSSÃO
A alta prevalência do sexo feminino em nosso estudo provavelmente está relacionada à
preocupação que as mulheres têm com a sua saúde, fato este que torna a procura aos serviços
de saúde maior neste gênero12, 13
. No que se refere à idade, observou-se que os pacientes de
ambos os sexos apresentaram idade média superior a 45 anos, podendo este fato ser explicado
pelo crescente aumento da longevidade e consequente elevação na prevalência de DCNT em
níveis epidêmicos, como a obesidade, as doenças cardiovasculares, DM tipo 2, HAS, entre
outras14
, algumas destas, motivo da procura ao atendimento nutricional. Nesta casuística
verificou-se baixa escolaridade em ambos os sexos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2010)15
o acesso à educação ainda está diretamente
relacionada com a renda familiar e no sexo masculino ocorreu uma queda mais acentuada dos
percentuais de analfabetos entre os anos de 1999 a 2009. Este achado corrobora o diferencial
em anos de estudo que encontramos a favor do gênero masculino.
Na avaliação dos resultados encontrados quanto ao estilo de vida, verifica-se que o
consumo de bebidas por ambos os sexos é maior do que o encontrado na pesquisa realizada
pelo Ministério da Saúde (MS,2011)16
com 54 mil pessoas nas 27 capitais do País, onde se
constatou que cerca de 27% dos homens e pouco menos de 10% das mulheres entrevistados
declararam ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa. De forma semelhante aos
resultados do MS, neste estudo, o consumo de álcool foi bem superior no sexo masculino,
dado evidenciado por outros autores17, 18
.
58
ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
Em relação ao tabagismo, segundo esta mesma pesquisa do MS16
, houve uma redução
no hábito de fumar, principalmente para o sexo masculino, que passou de 20,2% para 17,9%,
e para as mulheres o percentual não se alterou, continuando em torno de 12,7%, resultados
bem acima dos encontrados neste estudo. O tabagismo é considerado o principal fator de risco
passível de prevenção para várias doenças crônicas e é responsável por um grande número de
mortes prematuras no mundo19
.
Analisando as variáveis antropométricas, foi observado excesso de peso em mais de
80% dos pacientes. Prevalências bem elevadas também foram encontradas por outros autores
nas regiões sudeste e nordeste do país, avaliando indivíduos atendidos em unidades básicas de
saúde12, 20
. Esses valores são preocupantes visto que o excesso de peso é um importante fator
de risco para outras doenças crônicas, como HAS, DM tipo II, aumentando o risco
cardiovascular21
e pode ter relação com a faixa etária, fato verificado por Gigante (1997)22
que observou uma proporção de obesidade quatro vezes mais elevada acima dos quarenta
anos, faixa etária similar à desse estudo.
Nesta população, no que se refere a CC, as mulheres apresentaram frequência de risco
muito elevado bem superior a encontrada para os homens. Resultados semelhantes foram
encontrados por Geraldo et al (2008)23
no seu estudo com diabéticos onde a prevalência de
CC na faixa de risco muito elevada ficou em torno de 80,0%. Sendo a CC um parâmetro
utilizado como referência para avaliar o acúmulo de gordura na região central24
, e
frequentemente está mais associada que o IMC à presença de dislipidemia, resistência à
insulina e principalmente HAS, fatores que aumentam a chance para a ocorrência de
complicações cardiovasculares25
, estes achados nos mostra a urgência no controle desta
medida antropométrica. Por outro lado, vale ressaltar que apesar desta prevalência de CC
apresentar-se maior no sexo feminino, Sánchez et al (2010)26
encontraram em seu estudo que
de uma maneira geral as mulheres acumulam mais gordura subcutânea na região abdominal, e
nos homens ocorre mais tecido adiposo visceral o que possibilita um maior risco para as
DCNT entre eles, visto que a gordura visceral tem mais características pró inflamatórias
quando comparada a gordura subcutânea27
.
A alta ocorrência de HAS e DM tipo 2 presente neste estudo está de acordo com os
dados da III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (III PESN)28
que avaliando adultos acima
de 25 anos no estado de Pernambuco, encontraram 34% e 16% de hipertensos e diabéticos
respectivamente. As prevalências um pouco mais elevadas deste estudo podem ser explicadas
59
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por ter sido esta casuística composta por pacientes em busca de tratamento clínico-
nutricional.
Quanto aos parâmetros bioquímicos, a prevalência de alterações no perfil lipídico dos
pacientes avaliados ficou próximo a 50%, resultados acima dos encontrados pela III PESN28
onde a prevalência de CT e TG achavam-se alterados em 36% e 19% dos indivíduos
respectivamente. Diferentemente desta casuística, o estudo desenvolvido por Souza et al
(2003)25
, apresentou maior prevalência de alteração de LDL-c para o sexo feminino em
qualquer faixa etária. Contudo, neste mesmo estudo os autores verificaram que os homens
apresentaram índices muito mais significativos em relação às dislipidemias quando
comparados às mulheres, podendo explicar a maior incidência de distúrbios ateroscleróticos
nos homens25
, resultados não evidenciados nesta amostra. Avaliando os resultados
encontrados nesta população para o HDL-c, verificou-se uma prevalência bem menor (27,1%)
de alteração nos achados de Marcopito et al (2005)29
, estudo com indivíduos de 15-59 anos,
com prevalência de obesidade em 13,7% da amostra. Reforçando a hipótese de que o excesso
de peso geralmente está associado a alterações lipídicas30
e que seu tratamento pode ser
decisivo na redução das DCNT.
A avaliação do estado nutricional através do IMC e da CC é um parâmetro de
acompanhamento da intervenção nutricional. Nesta amostra, não foi evidenciado diferencial
estatisticamente significante nos parâmetros antropométricos entre os três momentos
avaliados (1ª, 2ª e 3ª consultas). Estes resultados podem nos levar a supor que o curto tempo
de acompanhamento neste estudo pode não ter sido suficiente para que se evidenciasse
mudança significativa no peso e na composição corporal. Contudo, ao avaliarmos um estudo
de intervenção com duração de 12 meses20
e taxa de adesão acima de 90%, apenas as medidas
da CC tiveram redução significante.
Entre os pacientes da amostra estudada não foi encontrado diferencial estatisticamente
significante para o estado nutricional nos três momentos avaliados e o grau de escolaridade.
Entretanto, vale ressaltar que no atendimento inicial, as mulheres com mais de oito anos de
estudo apresentaram frequência inferior de excesso de peso, o que pode está refletindo o
status sócio-econômico, pois a busca por um corpo magro é muito comum entre as mulheres
de melhor grau de instrução31
.
Fato interessante é que apesar de não ter ocorrido diferencial estatisticamente
significante na classificação nutricional entre os três momentos avaliados, a média da perda
60
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ponderal nos homens entre a 1ª e 2ª consulta foi de 8 Kg o que apesar de não ter sido
estatisticamente significante, foi bastante significativo do ponto de vista clínico o que pode
sugerir a motivação no início do tratamento, e a maior facilidade da perda ponderal nessa fase.
Entre as mulheres este valor também foi bom com uma média de 4,5 Kg. No entanto, em
ambos os sexos houve ganho ponderal entre a 2ª e 3ª consultas, demonstrando a necessidade
de se rever a estratégia de intervenção proposta para esses indivíduos.
O tratamento dietoterápico inclui a associação de mudanças no estilo de vida, com
intervenção dietética e prática de atividade física regular32
. Assim, as alterações nos
parâmetros antropométricos dependem da adesão ao tratamento proposto, que compreendem a
frequência dos atendimentos, reconhecimento da sua condição de saúde e identificação de
hábitos de risco33
. Doentes crônicos tem menor adesão ao tratamento visto que exige grande
empenho do paciente e deve ser seguido por toda a vida34
.
Segundo Bautista-Castaño (2004)6 existe uma grande dificuldade em definir critérios
que determinem a adesão a um tratamento, em geral uma taxa de adesão de 20 a 45% é
considerada satisfatória. No entanto, na população estudada com taxa de adesão de 20%, dos
550 pacientes que iniciaram o tratamento, apenas 235 retornaram para a 2ª consulta e 94 para
terceiro momento avaliado. Desse modo, 20% de adesão nesse estudo não pode ser
considerado adequado. Contrariamente ao presente estudo, Rickheim et al (2002)35
relataram
uma adesão de 72% após três meses de acompanhamento com pacientes DM tipo 2. Inelmen
et al (2005)36
, em pesquisa com 383 pacientes em tratamento ambulatorial para obesidade,
encontraram uma taxa de adesão próxima dos 30% e Guimarães et al (2010)5, em sua
pesquisa de intervenção controlada e aberta com duração de três meses encontraram uma taxa
de adesão abaixo de 40%.
Neste contexto, alguns autores 20,36,37
destacaram entre os fatores que podem dificultar
esta adesão, problemas pessoais, ausência de apoio familiar, falta de motivação, sedentarismo,
idade avançada, ausência de tratamentos anteriores. E também uma melhor adesão quando o
acompanhamento terapêutico é realizado pelo mesmo profissional, com um menor tempo de
espera pela consulta e menor número de atendimentos por turno do ambulatório. Neste estudo,
nenhum dos fatores acima citados esteve presente, o que pode justificar a baixa taxa de adesão
encontrada.
61
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Em ambulatórios públicos, sempre a demanda é muito maior que a oferta, obrigando o
profissional a atender um número de paciente sempre maior do que o preconizado, o que
diminui a qualidade no atendimento e consequentemente as chances de sucesso no tratamento.
Esta pesquisa deve ser analisada diante de limitações tais como a ausência de avaliação
da atividade física dos pacientes, coadjuvante no tratamento dos indivíduos com excesso de
peso e a falta na análise dos hábitos alimentares, importante na determinação das alterações
do perfil lipídico.
CONCLUSÃO
Os resultados encontrados nesta população demonstraram alta prevalência de alterações
no perfil lipídico, falta de impacto na redução das medidas antropométricas após o
acompanhamento nutricional de dois meses, e uma baixa taxa de adesão ao tratamento. Diante
do quadro epidemiológico da obesidade, estes achados demonstram a necessidade de
mudanças na estrutura do atendimento atualmente utilizada pelo serviço público para os casos
de excesso de peso e obesidade.
62
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Tabela 1 – Características sociodemográficas e do estilo de vida por sexo de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009.
VARIÁVEIS PACIENTES
MASCULINO FEMININO
N % IC95%* N % IC95%* p-valor**
Idade 0-44 53 40,8 32,34-49,75 134 31,9 27,51-36,63 45-59 48 36,9 28,63-45,83 193 46,0 41,12-50,85 0,126 >60 29 22,3 15,67-30,61 93 22,1 18,32-26,48 Total 130 100,0 420 100,0
Escolaridade (anos de estudo) < 8 anos 52 59,1 48,08-69,29 233 71,9 66,62-76,67 0,029
> 8 anos 36 40,9 30,70-51,91 91 28,1 23,32-33,37
Total 88 100,0 324 100,0 Ingestão de álcool Sim 42 36,5 27,89-46,07 62 16,7 13,10-20,93 0,000 Não 73 63,5 53,93-72,11 310 83,3 79,06-86,89 Total 115 100,0 372 100,0 Tabagismo Sim 11 9,6 5,10-16,84 16 4,3 2,54-6,98 Não 98 85,2 77,10-90,91 351 93,6 90,5-95,77 0,017 Ex-fumante 06 5,2 2,14-11,48 08 2,1 0,99-4,33 Total 115 100,0 375 100,0
Obs.: O número total de indivíduos em cada variável é diferente em razão do número de respondentes. * IC = Intervalo de confiança ** teste de qui-quadrado
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Tabela 2 - Características antropométricas, clínicas e laboratoriais de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009.
VARIÁVEIS PACIENTES
MASCULINO FEMININO
Excesso de peso IMC1
N % IC95%* N % IC95%* p-valor**
Sim 117 90,7 83,98-94,88 354 85,5 81,66-88,68 0,171 Não 12 9,3 5,11-16,02 60 14,5 11,32-18,34
CC – risco muito elevado2
Sim 61 52,1 42,74-61,38 293 80,9 76,42-84,77 0,000 Não 56 47,9 38,61-57,25 69 19,1 15,22-23,57
HAS3 Sim 55 42,6 34,07-51,65 197 47,5 42,59-52,40 0,389 Não 74 57,4 48,35-65,93 218 52,5 47,60-57,41
DM4 Sim 38 30,2 22,47-39,07 113 27,5 23,29-32,13 0,639 Não 88 69,8 60,92-77,53 298 72,5 67,87-76,71
Colesterol total5 Alterado 32 43,2 31,94-55,25 143 54,8 48,53-60,90 0,104 Normal 42 56,8 44,74-68,06 118 45,2 39,10-51,47
Triglicerídeos6 Alterado 33 48,5 36,36-60,86 110 41,8 35,84-48,05 0,391 Normal 35 51,5 39,13-63,64 153 58,2 51,95-64,16
LDL-c7 Alterado 32 66,7 51,49-79,19 89 42,4 35,66-49,38 0,004 Normal 16 33,3 20,81-48,51 121 57,6 50,62-64,33
HDL-c8 Alterado 29 52,7 38,93-66,14 108 45,4 38,97-51,03 0,403 Normal 26 47,3 33,85-61,06 130 54,6 48,06-61,02 Obs.: O número total de indivíduos em cada variável é diferente em razão do número de respondente. *IC- intervalo de confiança. 1- Excesso de peso – IMC>25Kg/m²; 2- CC- circunferência da cintura – risco muito elevado > 102cm (homem) > 88cm (mulher); 3-HAS-hipertensão arterial sistêmica 4-DM-diabetes melitus tipo II; 5-CT-colesterol total, alterado > 200mg/dl; 6-TG-triglicerído alterado > 150mg/dl; 7-LDL-c alterado > 130mg/dl; 8-HDL-c alterado <50mg/dl-mulheres e <40mg/dl-homens ** teste de qui-quadrado
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Tabela 3 - Evolução de parâmetros antropométricos por sexo no período de acompanhamento de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2011.
Inicial 2ª consulta 3ª consulta
N % N % N %
Sexo masculino
IMC1
Eutrófico 12 9,4 12 17,4 06 23,1
Sobrepeso 51 39,8 25 36,2 08 30,8
Obesidade 65 50,8 32 46,4 12 46,1
Total 128 100,0 69 100,0 26 100,0
CC2
Risco muito elevado 61 52,1 20 51,3 10 43,5
s/ risco muito elevado 56 47,9 19 48,7 13 56,5
Total 117 100,0 39 100,0 23 100,0
Sexo feminino
IMC1
Eutrófico 59 14,4 24 12,1 13 15,3
Sobrepeso 136 33.3 72 36,1 26 30,6
Obesidade 214 52,3 103 51,8 46 54,1
Total 409 100,0 199 100,0 85 100,0
CC2
Risco muito elevado 293 80,9 106 87,6 69 85,2
s/ risco muito elevado 69 19,1 15 12,4 12 14,8
Total 362 100,0 121 100,0 81 100,0 1
- IMC - Índice de massa corporal; 2- CC - Circunferência da cintura. Não foram encontrados
diferenciais estatisticamente significantes entre os valores da consulta inicial x 2ª consulta (1 mês de intervalo) nem da consulta inicial x 3ª consulta (2 meses de intervalo) pelo teste de qui-quadrado.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Os resultados do presente estudo indicam a necessidade do melhor registro das
informações adquiridas durante a realização da consulta nutricional, quer sejam as medidas
antropométricas, dados bioquímicos ou outros de relevância para a avaliação inicial do
paciente e planejamento do tratamento.
Os fatores envolvidos na baixa taxa de adesão ao tratamento devem ser investigados,
a fim de que as modificações esperadas tanto nas medidas antropométricas como no controle
do perfil metabólico após a conduta nutricional sejam alcançadas.
Sugere-se ainda que a RCEst, diante da sua boa relação com as variáveis lipídicas e
por se tratar de um indicador de fácil obtenção e interpretação, pode vir a ser utilizada para
discriminar dislipidemia e alterações do perfil glicídico. Diante deste fato, mais estudos com
adultos são necessários a fim de que se possa observar o poder discriminatório deste indicador
para dislipidemias e hiperglicemia, bem como para outros fatores de risco das doenças
cardiovasculares neste grupo.
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APÊNDICES
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SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA COLETA DOS DADOS
Nome:__________________________________________Prontuário: __________________
Sexo: ______ Data de Nascimento: ___/___/_____ Altura: ___________
Grau de instrução:____________________
Antecedentes clínicos:: 1. HAS 2. DM 3. DCV 4. Outro: Qual ? _____________________
Fuma 1. Sim 2. Não 3. Ex-fumante Se sim, quantos cigarros/dia: ______________________
Se ex-fumante, quanto tempo fumou: __________ Há quanto tempo parou? ______________
Bebe: 1. todo dia 2. Todo final de semana 3. Em ocasiões especiais 4. Não bebe
Avaliação antropométrica e bioquímica:
Variáveis 1ª consulta
Data:
2ª consulta
Data:
3ª consulta
Data:
Peso
Circ. Cintura
IMC
Colesterol total
Triglicerídeos
Glicose
LDL-c
HDL-c
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ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
ANEXOS
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ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE
SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011
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