acompanhamento conjuntural - dezembro 2011
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Diretoria Executiva Superintendência de Desenvolvimento Industrial
Data de fechamento: 16 /12/2011
PIB
O IBGE divulgou que o PIB brasileiro registrou estagnação no 3º trimestre do ano, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Tal resultado evidencia a desaceleração econômica previamente detectada pelo Banco Central, quando deu início ao atual processo de flexibilização da Política Monetária. Em termos anualizados, a taxa de crescimento da economia também caiu de 4,9% no 2º trimestre, para 3,7% no 3º trimestre, sinalizando um crescimento da ordem de 3% para este ano, o que não deixa de ser um resultado positivo, diante da crise internacional que abate mais fortemente as economias avançadas. O setor industrial apresentou crescimento anualizado de 2,9%, contra 3,6% do setor de serviços e 2,7% da agropecuária.
Política Monetária
O Copom cortou novamente os juros na reunião do final de novembro, passando a taxa básica de juros da economia para 11%. O Comitê prevê uma deterioração do cenário externo e um recuo da inflação brasileira no último trimestre deste ano, após o pico registrado entre julho e setembro. A expectativa do Copom é de que a inflação convirja para o centro da meta em 2012.
Diante do esfriamento da economia brasileira, o Copom sinalizou que deverá continuar a realizar ajustes moderados na Selic, pois pretende tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo. As expectativas do mercado são de que o
Copom promova cortes, totalizando 1,5 p.p, ao longo do ano de 2012.
A inflação medida pelo IPCA acelerou em novembro, apresentando alta de 0,52% ante 0,43% em outubro. No acumulado dos primeiros onze meses deste ano, o IPCA contabiliza elevação de 5,97%, ficando acima dos 5,25% registrados em igual período de 2010. Em 12 meses o IPCA atingiu 6,64%. A expectativa do mercado é que o IPCA alcance 6,50% no final ano, situando-se no limite superior do intervalo da meta inflacionária.
Política Fiscal
Os resultados das contas públicas nos primeiros dez meses deste ano indicam que o Governo cumprirá com folga a meta de superávit primário fixada para 2011. Embora a situação fiscal esteja controlada, o agravamento da crise mundial preocupa. Seus efeitos já foram sentidos no 3º trimestre deste ano, quando o PIB registrou crescimento nulo.
O Governo Federal anunciou, no início de dezembro, novas medidas para estimular o consumo e o crédito, como o corte do IPI na linha branca de eletrodomésticos, redução/isenção do PIS/Cofins sobre o trigo, farinha de trigo, pão francês e massas, o corte do IOF sobre o crédito ao consumidor e o fim do IOF sobre aplicações de estrangeiros na Bolsa. Analistas consideram que as medidas terão um impacto positivo sobre o consumo do final do ano. No entanto, dificilmente levarão a economia para o crescimento esperado pelo Governo Federal, que trabalha com metas de crescimento fixadas no Plano Plurianual (2012-2015), de aumento de 4,5% do PIB em 2011 e 5,0% em 2012.
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
Contas Externas
No acumulado dos primeiros dez meses deste ano, o saldo em conta
corrente, que compreende os resultados da balança comercial e das
contas serviços, rendas e transferências unilaterais, foi deficitário em
US$ 39,1 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit
alcançou US$ 47,3 bilhões (2% do PIB), confirmando a tendência de
deterioração das contas externas após a crise de 2008, porém em um
ritmo menos intenso nos últimos meses. O déficit nas contas serviços e
rendas, em função, principalmente, das despesas com viagens
internacionais e das remessas de lucros e dividendos, explica o saldo
negativo em conta corrente. A expectativa do mercado é de aumento
do déficit em conta corrente nos próximos meses, alcançando US$
54,5 bilhões no final do ano.
As reservas internacionais em outubro totalizaram US$ 352,9 bilhões,
registrando elevação de US$ 3,2 bilhões em relação ao verificado em
setembro. O Banco Central não realizou operações no mercado
doméstico de câmbio em outubro. Com o agravamento da crise
internacional, o mercado agora projeta que dólar alcançará R$1,80 no
final do ano, valor acima do projetado no mês anterior (R$ 1,75).
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
PIB
O IBGE divulgou que o PIB brasileiro registrou estagnação no 3º trimestre
do ano, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Tal resultado
evidencia a desaceleração econômica previamente detectada pelo Banco
Central, que deu início à mudança de rumo na condução da Política
Monetária. Em termos anualizados, a taxa de crescimento da economia
também caiu de 4,9% no 2º trimestre, para 3,7% no 3º trimestre, sinalizando
um crescimento da ordem de 3% para este ano, o que não deixa de ser um
resultado positivo, diante da crise internacional que abate mais fortemente
os países desenvolvidos.
Sob a ótica da demanda (ver gráfico em anexo), a análise da taxa
anualizada mostra que, no 3º trimestre deste ano, o Consumo das Famílias
cresceu 5,4%, ante 7% no mesmo trimestre do ano anterior, ainda refletindo
a elevação da massa salarial real e a expansão do crédito com recursos
livres para as pessoas físicas. O Consumo do Governo (Despesa de
Consumo da Administração Pública) também cresceu a uma taxa inferior à
verificada no ano anterior (2,3%, contra 5,1%). A Formação Bruta de Capital
Fixo (FBCF) foi a que sofreu maior desaceleração ao registrar alta de 7,0%
no 3º trimestre de 2011, contra 21,2% em igual período de 2010. Vale
destacar que o crescimento da FBCF (taxa de investimento da economia) é
bastante relevante no contexto atual de crise e refletiu a maior importação
de máquinas e equipamentos. As Exportações de Bens e Serviços
cresceram 6,8% enquanto as Importações de Bens e Serviços aumentaram
14,5%, contra 30,8% em igual período do ano passado, mostrando que a
desaceleração econômica provocou redução no ritmo das importações,
além da influência da desvalorização cambial ocorrida em decorrência da
crise internacional.
Do lado da oferta, o resultado da taxa anualizada no 3º trimestre de 2011
reflete o desempenho positivo dos setores Serviços (3,6%), Indústria (2,9%)
e Agropecuária (2,7%). Todas as atividades industriais registraram
expansão: Extrativa Mineral (5,4%), Construção Civil (4,4%), Eletricidade,
Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana (4,4%), e a Indústria de
Transformação (1,7%). No setor de Serviços, as maiores elevações
ocorreram nas atividades de Intermediação Financeira, Seguros,
Previdência Complementar e Serviços Correlatos (6,3%), Comércio (5%) e
Serviços de Informação (4,9%). Ver gráfico em anexo.
O PIB do setor industrial registrou queda em relação ao trimestre anterior,
em função da queda de 1,4% da indústria de transformação, que mais do
que compensou os resultados positivos da Indústria Extrativa Mineral
(0,9%), Eletricidade, Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana (0,8%) e
Construção Civil (0,2%). A desaceleração no consumo das famílias, o
agravamento da crise externa e a maior penetração dos importados em
função da valorização cambial prejudicaram o setor industrial brasileiro, que
deverá registrar expansão de 1,8% em 2011. Segundo projeções da CNI, o
PIB industrial crescerá 2,3% em 2012.
O PIB medido a preços de mercado alcançou R$ 1,04 trilhão no 3º trimestre
deste ano, sendo R$ 891,1 bilhões referentes ao valor adicionado a preços
básicos e R$ 155,6 bilhões aos impostos sobre produtos líquidos de
subsídios. Considerando o valor adicionado, nota-se que a Agropecuária
reduziu pouco sua participação no PIB, passando de 5,3% no 3º trimestre
de 2010 para 5,2% em igual período deste ano. A Indústria respondeu por
28,4% do PIB no 3º trimestre de 2011, contra 29,5% no 3º trimestre do ano
anterior, enquanto o setor de Serviços incrementou sua participação no PIB
de 65,3% para 66,4%, na mesma comparação intertemporal. Quanto ao
desdobramento do PIB pelos componentes da demanda a preços de
mercado (inclusive impostos), o Consumo das Famílias totalizou R$ 631,2
bilhões, o Consumo do Governo R$ 201,8 bilhões e a FBCF R$ 209,6
bilhões (20% do PIB, contra 20,4% no 3º trimestre de 2010). As
Exportações e as Importações de Bens e Serviços alcançaram R$ 133,3
bilhões e R$ 136,9 bilhões, respectivamente, enquanto a Variação de
Estoques foi positiva em R$ 7,8 bilhões.
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
Os dados do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), apontam uma geração líquida de 126,1 mil empregos formais em
outubro, contra 209,1 mil no mês anterior. Os setores responsáveis pelo
desempenho no mês foram: Serviços (77,2 mil), Comércio (60,9 mil) e
Construção Civil (10,3 mil). Nos primeiros dez meses do ano, o País gerou
um saldo de 2,2 milhões de postos de trabalho. No acumulado de 12
meses, o saldo registrado foi de 1,97 milhões de empregos gerados. Os
dados apontam para uma geração de empregos inferior à registrada no ano
passado, refletindo a desaceleração da economia.
Política Monetária
Na reunião dos dias 29 e 30 de novembro, o Copom manteve a tendência de corte dos juros das últimas duas reuniões e reduziu a Selic em 0,5 p.p, para 11% (totalizando, neste período, corte de 1,5 p.p.). De acordo com a ata da reunião, o Comitê considerou que os riscos para a estabilidade financeira mundial cresceram desde a última reunião em 19/10, contribuindo para a continuidade do processo de deterioração do cenário internacional. As projeções apontam para reduções generalizadas e de grande magnitude nas taxas de crescimento dos principais blocos econômicos. Dessa forma, para o Banco Central, o cenário internacional apresenta viés desinflacionário no horizonte relevante, justificando as ações tomadas neste momento.
No cenário doméstico, o Copom considerou que a inflação acumulada em doze meses já alcançou o seu pico e começa a recuar no trimestre corrente em direção à trajetória de metas. O Comitê avalia que, por si só, essa inversão de tendência contribuirá para melhorar as expectativas dos agentes econômicos, em especial dos formadores de preços, sobre a dinâmica da inflação nos próximos trimestres. O cenário central com o qual trabalha o Copom indica que os riscos são decrescentes e que a inflação deverá convergir para o valor central da meta em 2012.
Novos ajustes moderados deverão ser realizados, pois o Copom pretende tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo. A redução do nível da taxa básica neste momento é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.
A inflação medida pelo IPCA acelerou em novembro, apresentando alta de 0,52% ante 0,43% em outubro. De acordo com o IBGE, os preços dos alimentos foram responsáveis por quase metade da alta do IPCA no mês, com impacto de 0,25 p.p, contra 0,13 p.p no mês anterior. O item carnes foi o que apresentou maior impacto em novembro (0,06 p.p, com alta de 2,63%), acompanhado por altas significativas nos itens: tomate (+10,37%), palpa de açaí (+6,53%) e batata-inglesa (+4,94%).O IPCA de novembro também foi impactado pelos grupos Despesas Pessoais, que registrou alta de 0,88%, com destaque para o item empregados domésticos (+1,36%), Habitação (+0,47%) e Vestuário (+0,58%). No acumulado dos primeiros onze meses deste ano, o IPCA contabiliza elevação de 5,97%, ficando acima dos 5,25% registrados em igual período de 2010. Em 12 meses o IPCA alcançou 6,64%, situando-se acima do intervalo superior da meta de inflação. Cumpre registrar que, a partir de janeiro de 2012, o IBGE irá mudar a metodologia de cálculo do IPCA, utilizando a nova base de estruturas de gastos de consumo.
A partir de abril deste ano, o IBGE passou a divulgar mensalmente o Índice de Preço ao Produtor (IPP), que mede a evolução dos preços de produtos “na porta da fábrica”, sem impostos e sem frete, de 23 setores da indústria de transformação. O período de divulgação tem defasagem de dois meses. Em outubro de 2011, o IPP registrou alta de 0,85%, ante alta de 1,23% em setembro. As maiores variações observadas em outubro se deram entre os produtos compreendidos nas seguintes atividades industriais: bebidas (+3,62%), produtos de metal (+3,46%), e outros produtos químicos (+2,74%). No ano, o IPP registra alta de 2,86% e no acumulado de 12 meses até outubro, 4,77%.
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
Política Fiscal
O superávit primário do setor público em outubro alcançou R$ 14 bilhões,
valor superior ao registrado em igual mês do ano passado, que foi de R$ 9,7
bilhões. O pagamento de juros no mês somou R$ 20,3 bilhões, contra R$
16,1 bilhões em igual mês do ano passado. Por conta do elevado superávit
primário no mês, o déficit nominal caiu para 1,8% do PIB. A dívida líquida do
setor público em outubro alcançou R$ 1,54 trilhão, equivalente a 38,2% do
PIB, com elevação de 1,1 p.p. em relação ao mês anterior. A dívida bruta,
variável utilizada nas comparações internacionais, alcançou R$ 2,23 trilhões
em outubro de 2011, o equivalente a 55,4% do PIB, com queda de 0,4 p.p
em relação a setembro.
No ano, o superávit primário alcança 3,54% do PIB, resultado do esforço
das instâncias de governo (central e regional) e das estatais (ver tabela 2 no
anexo). Cumpre registrar a redução de 13,6% do déficit da Previdência na
comparação dos primeiros dez meses do ano de 2011 com igual período de
2010.
Em 12 meses, o superávit primário subiu para 3,3%, ante 3,2% do PIB do mês passado, ficando 0,2 p.p. acima da meta fixada para este ano. O déficit nominal em 12 meses caiu para 2,5% do PIB, com queda de 0,1 p.p em relação ao mês anterior (ver tabela 3 no anexo).
Os resultados consolidados das contas públicas nos primeiros dez meses
indicam que o Governo cumprirá com folga o superávit primário fixado para
este ano, na medida em que a economia realizada até outubro já alcança
93% da meta e, em 12 meses, supera em 4,6% a meta de superávit
primário, que foi ampliada para R$ 127,8 bilhões. O bom desempenho das
contas neste ano resulta do aumento da arrecadação do Governo Federal,
que cresceu mais de 12% em termos reais na comparação de janeiro a
outubro de 2011 com igual período do ano passado. Praticamente todos os
impostos federais aumentaram sua arrecadação muito acima da inflação no
período, com destaque para: CSLL, Imposto de Importação, Imposto de
Renda, CIDE, IPI, IOF, PIS/PASEP, Cofins, Receitas Tributárias e Outros
Impostos. A Receita federal projeta que a arrecadação terá uma expansão
real entre 11% e 11,5% neste ano, fazendo com que se contabilize o maior
crescimento das receitas em relação ao crescimento do PIB desde 2003
(cerca de quatro vezes superior ao crescimento do PIB).
Embora a situação fiscal esteja controlada, o agravamento da crise mundial
preocupa e seus efeitos já foram sentidos no terceiro trimestre deste ano,
quando o PIB registrou crescimento nulo. Por conta disso, o Governo
Federal anunciou, no início de dezembro, novas medidas para estimular o
consumo. As principais medidas foram a redução/isenção do IPI para linha
branca de eletrodomésticos (fogões, tanquinhos, máquinas de lavar e
geladeiras), redução/isenção do PIS/Cofins sobre o trigo, farinha de trigo,
pão francês e massas. Também foram anunciadas medidas de estímulo ao
crédito, como o corte do IOF sobre crédito ao consumidor de 3% para 2,5%,
e o fim do IOF de 2% em aplicações de estrangeiros na Bolsa. Ademais, o
Governo reduziu tributos do Minha Casa, Minha Vida, de 6% para 1% em
imóveis de até R$ 85 mil. Analistas consideram que as medidas terão
impacto positivo sobre o consumo ainda neste ano. Em 2009, medidas
semelhantes foram adotadas e, naquela época, o efeito foi bastante
positivo, a exemplo das vendas de geladeiras, que aumentaram de 5,2
milhões de unidades para 6,4 milhões. O Ministro da Fazenda, Guido
Mantega, declarou que novas medidas poderão ser adotadas para levar o
crescimento do PIB para 5% em 2012, dadas as metas de crescimento
fixadas no Plano Plurianual (2012-2015), que estima aumento de 4,5% do
PIB em 2011, 5,0% em 2012 e 5,5% ao ano para 2013, 2014 e 2015.
Contas Externas
O déficit em conta corrente de US$ 39,1 bilhões no acumulado dos
primeiros dez meses deste ano pode ser explicado pelo saldo negativo do
agregado serviços e rendas, que passou de -US$ 55,9 bilhões em 2010
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
para -US$ 66,9 bilhões em igual período de 2011, em virtude das maiores
remessas de lucros e dividendos, despesas com viagens internacionais,
aluguel de equipamentos, transporte, dentre outros. A balança comercial
apresentou superávit de US$ 25,4 bilhões e o saldo das transferências
unilaterais alcançou US$ 2,5 bilhões.
A entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País alcançou US$
56 bilhões, contra US$ 29,3 bilhões no acumulado entre janeiro e outubro
de 2010, destinados principalmente para as seguintes atividades:
telecomunicações; metalurgia; extração de petróleo e gás natural; comércio,
exceto veículos; bebidas; eletricidade, gás e outras utilidades; serviços
financeiros e atividades auxiliares; seguros, resseguros, previdência,
complementar e planos de saúde, produtos alimentícios; e extração de
minerais metálicos. Em novembro, a agência de classificação de risco
Standard & Poor’s (S&P) elevou a nota do Brasil, motivada pelo
compromisso do País com as metas fiscais. Tal decisão deverá ter pouco
impacto no curto prazo, em função da maior aversão global ao risco
associada ao agravamento da crise das dívidas soberanas na Europa.
O último Relatório de Mercado do BC apresenta as seguintes projeções
para o ano de 2011: saldo de US$ 28,8 bilhões na balança comercial, déficit
de US$ 54,3 bilhões na conta corrente e fluxo de US$ 60,1 bilhões em
investimentos estrangeiros diretos.
Após a forte entrada de dólares registrada nos meses de julho (US$ 15,8
bilhões), agosto (US$ 4,2 bilhões) e setembro (US$ 8,5 bilhões), o fluxo de
capitais inverteu o sinal em outubro (-US$ 134 milhões), alcançando -US$
942 milhões em novembro. No acumulado dos primeiros onze meses do
ano, o fluxo de entrada de dólares superou o de saída em US$ 67,2 bilhões,
contra US$ 26,3 bilhões em igual período de 2010, reflexo da entrada de
US$ 25 bilhões no mercado financeiro e de US$ 42,3 bilhões no mercado
comercial. A cotação do dólar reflete a especulação dos bancos no mercado
de câmbio, cuja posição em dólar passou de vendida para comprada
(aposta na desvalorização do Real), alcançando US$ 1,3 bilhão em
setembro, US$ 3,7 bilhões em outubro e US$ 1 bilhão em novembro. Após
oscilar entre 1,53 e 1,69 nos primeiros oito meses deste ano, a taxa de
câmbio R$/US$ comercial (compra) apresentou forte volatilidade (com
tendência de alta) em setembro, outubro e novembro, refletindo a
deterioração do cenário externo, a redução da taxa Selic e as medidas
governamentais para conter o câmbio. Após atingir o pico de R$ 1,90 em
22/09, com a atuação do BC, através da venda de swaps cambiais
tradicionais, o dólar seguiu em patamar elevado, encerrando o mês de
novembro cotado em R$ 1,81. A expectativa é que a cotação da moeda
norte-americana alcance R$ 1,80 no final de 2011.
A dívida externa total brasileira alcançou US$ 297,6 bilhões em outubro,
tendo a dívida de longo prazo atingido US$ 250,7 bilhões e a de curto prazo
totalizado US$ 46,8 bilhões. Com o aumento da aversão ao risco associado
ao agravamento da crise global, a expectativa é que as empresas e bancos
brasileiros enfrentem maiores dificuldades para captar recursos externos e
rolar as suas dívidas.
O valor das exportações brasileiras alcançou US$ 21,8 bilhões em
novembro, contra importações de US$ 21,2 bilhões, gerando um saldo
comercial de US$ 583 milhões, contra US$ 2,4 bilhões no mês anterior. O
resultado mais modesto da balança comercial em novembro reflete a
redução no ritmo de crescimento mundial e, consequentemente, da
demanda internacional. No acumulado dos primeiros onze meses deste ano,
as exportações alcançaram US$ 233,9 bilhões, um aumento de 29,2% em
relação ao mesmo período do ano anterior, e as importações, US$ 207,9
bilhões, uma alta de 25,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O superávit comercial no acumulado do ano foi da ordem de US$ 26
bilhões, valor US$ 11,2 bilhões superior ao de igual período do ano
passado. No período acumulado de 12 meses até novembro, as
exportações alcançaram US$ 254,8 bilhões e as importações US$ 223,5
bilhões. Tanto as exportações, quanto as importações registraram recorde
para o período de 12 meses.
No início de dezembro, o Governo anunciou a regulamentação do Regime
Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas
Exportadores (Reintegra) que prevê a desoneração de resíduos de tributos
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
indiretos (Cide, IOF, PIS, Cofins etc.) sobre os produtos industrializados
brasileiros exportados. O Reintegra é uma das principais medidas do Plano
Brasil Maior, lançado em agosto, e vigorará até o final de 2012. As
empresas beneficiadas terão o ressarcimento equivalente a até 3% da
receita de exportação. Segundo o MDIC, poderão ser beneficiados os
produtos cujos custos dos insumos importados não sejam superiores a 40%
do preço de exportação (para os produtos de alta tecnologia, o limite é de
65%). Os exportadores poderão utilizar os valores do Reintegra para
compensar débitos próprios, vencidos ou vincendos, referentes a tributos da
Receita ou solicitar a quantia em espécie.
Petróleo
Nos últimos trinta dias, o mercado internacional do petróleo registrou
elevação nos preços do mercado spot, com o final dos conflitos na Líbia. A
tendência de médio prazo, no entanto, é de contenção nos preços. Por um
lado, a oferta está aumentando com o retorno da produção líbia, além do
crescimento da produção não-Opep nos Estados Unidos, Canadá e Mar do
Norte. Por outro lado, a demanda se encontra deprimida na Europa e nos
Estados Unidos, por conta da crise econômica internacional provocada pela
dificuldade de gerenciamento das dívidas na Europa, que se iniciou na
Grécia, atingiu também Portugal e agora afeta Itália e Espanha. Os Estados
Unidos, maiores consumidores do mundo, ainda apresentam sinais tênues
de recuperação, mas, do lado positivo, apresentam um nível de produção
de petróleo cada vez maior, reduzindo a sua dependência das importações
do Oriente Médio. Desse modo, a maior pressão sobre a demanda da
commodity surge dos países em desenvolvimento, especialmente China e
Índia. Em termos de cenário de curto e médio prazos, por um lado, a época
de petróleo a preços baixos acabou (em 2002, por exemplo, o petróleo WTI
no mercado spot era comercializado em média por US$ 26/barril). Por outro
lado, a perspectiva de haver grandes elevações nos preços do petróleo é
baixa, dado os limites na oferta e as restrições na demanda já mencionadas.
Na segunda semana de dezembro, o petróleo WTI (mercado spot) alcançou
US$ 101/barril (contra US$ 95/barril, em igual período do mês anterior),
enquanto a cesta OPEP foi cotada a US$ 109/barril (contra US$ 111/barril,
em igual período do mês anterior).
Front Externo
A União Europeia aprovou em reunião de cúpula um plano de austeridade
que deverá impactar significativamente a vida da população daquele
continente por vários anos. As medidas aprovadas devem dar lugar a mais
uma onda de protestos e, segundo analistas, com mudanças nos governos
nas próximas eleições.
De acordo com o pacote de reformas aprovado, os governos terão de
promover uma série de ajustes em suas contas e qualquer déficit acima de
3% do PIB será punido. O teto da dívida pública será de 60% do PIB. Na
prática, para chegar ao que a UE propõe, os países membro precisarão
reduzir gastos num valor equivalente a US$ 3,6 trilhões. O pacto inclui a
antecipação, para julho de 2012, de um Mecanismo Europeu de
Estabilidade (fundo permanente de resgate para os países da região) e um
financiamento de 200 bilhões de euros a países endividados, provido pelo
FMI. As medidas negociadas durante a cúpula da UE em Bruxelas
começariam a valer em março de 2012.
Nas discussões da UE não houve consenso em torno das medidas
propostas. A principal objeção veio da Grã-Bretanha, que exigiu ser eximida
de algumas regulamentações orçamentárias e financeiras, as quais,
segundo o Premiê David Cameron, influenciariam negativamente o setor
financeiro do país. Como a exigência britânica foi vetada, o país não firmou
o pacto. Suécia, Hungria e República Tcheca ficaram de consultar seus
Parlamentos antes de tomarem uma decisão. Há dúvidas também se a
Dinamarca passará o pacto pelo crivo parlamentar antes de assiná-lo.
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
Apesar das declarações positivas dos principais lideres europeus, o pacto
ainda não entusiasmou o mercado financeiro, que esperava a aprovação de
medidas que dessem maior poder de ação ao BCE.
Não há dúvidas de que os impactos dessas medidas serão bastante duros.
Os cortes, que já começaram a ocorrer por toda a Europa, dão uma ideia da
magnitude do impacto na atividade econômica na zona do euro. Em
Portugal, o PIB no terceiro trimestre voltou a cair 5%, depois que o governo
adotou o pacote de austeridade no modelo exigido por Bruxelas. Na Irlanda
os cortes no orçamento de 2012 terão maior impacto na camada mais
pobre, que irá perder 500 milhões de euros em benefícios sociais. Na
Grécia, o pacote de austeridade exigirá em 2012 o corte de 15% no salário
dos funcionários públicos e a demissão de 20% deles. Duas mil escolas
fecharão as portas. Segundo a consultoria Deloitte, as vendas de Natal na
Grécia vão cair 25% ante ao fraco ano de 2010.
Em meio às discussões sobre a crise, a UE aprovou a adesão de seu 28º
membro, a Croácia, que se tornará parte efetiva do bloco a partir de julho de
2013.
O Banco Central Europeu cortou em 0,25 ponto percentual - para 1% - a
taxa de juros dos países que utilizam o euro. A medida, que volta a colocar
a taxa de juros europeia no seu mais baixo nível histórico, visa evitar que a
recessão volte a se alastrar pelas economias do euro.
A autoridade monetária manteve em 1,6% a previsão de crescimento neste
ano para os países que utilizam a moeda comum, mas revisou para baixo,
de 1,3% para 0,3%, a projeção para 2012.
O índice de preços ao consumidor da zona do euro registrou variação de
3% em novembro, enquanto a taxa de desemprego manteve-se em 10,3%
em outubro.
De acordo com a segunda estimativa do Bureau of Economic Analysis
(BEA), o PIB norte-americano cresceu 2% no 3º trimestre de 2011, contra
uma expansão de 1,3% no 2º trimestre de 2011, em termos anualizados.
Segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio, o déficit
comercial dos Estados Unidos atingiu US$ 43,5 bilhões em outubro, frente à
previsão dos analistas de saldo negativo de US$ 44 bilhões. No mês, as
exportações somaram US$ 179,2 bilhões e as importações atingiram US$
222,6 bilhões.
A economia dos Estados Unidos criou 120 mil empregos em novembro, com
os empregadores privados abrindo 140 mil novas vagas, segundo dados
divulgados pelo Departamento de Trabalho. O avanço, porém, ficou um
pouco abaixo da previsão dos analistas do mercado, que previam a criação
de 125 mil vagas.
Segundo dados divulgados pelo National Bureau of Statistics of China, a
produção industrial da China apresentou, em outubro, expansão de 13,2%
em relação ao registrado em igual mês do ano anterior e de 14,1% no
acumulado dos últimos 12 meses. A formação bruta de capital fixo – taxa de
investimento – manteve-se alta de 24,9% no período de janeiro a outubro
sobre o mesmo período do ano passado.
O Índice de Preços ao Consumidor da China, principal indicador da inflação
no país, foi de 5,5% em outubro, permanecendo inalterado em relação ao
registrado em setembro. Há sinais de que os esforços do governo chinês
para conter os altos preços de 2011, principalmente nos setores de
alimentos e moradia, vêm atingindo os objetivos estabelecidos, mas a
inflação ainda está longe da meta de 4%.
Segundo dados divulgados pelo METI (Ministério da Economia, Comércio e
Indústria), em outubro, a produção industrial japonesa cresceu 2,4% em
relação ao registrado no mês anterior e 0,4% em relação ao verificado em
igual mês de 2010. Os segmentos industriais que mais contribuíram para a
alta foram: equipamentos de transporte, maquinário em geral e produtos
químicos. Em outubro, a taxa de desemprego ficou em 4,5% e o índice de
preços ao consumidor registrou deflação de 0,2%.
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Acompanhamento Conjuntural –12/2011
Economia em desaceleração
As medidas restritivas adotadas pelo Governo Federal no início do ano,
acrescidas a um ambiente econômico internacional adverso, provocaram
uma desaceleração mais forte do que a anteriormente prevista na economia
brasileira. Esse quadro acaba de ser confirmado estatisticamente, com a
divulgação das contas nacionais trimestrais do 3º trimestre, que
contabilizaram crescimento nulo, na comparação com o trimestre
imediatamente anterior. A previsão é que o PIB de 2011 tenha crescimento
próximo a 3%. Desse modo, fica patente que o processo de redução da taxa
Selic promovido pelo Banco Central foi acertado, no sentido de minimizar o
freio da atividade econômica e ao colocar o controle da inflação pela via
monetária num plano secundário, já que a própria redução da atividade
econômica tende a conter as pressões inflacionárias. No atual cenário, a
atividade industrial deverá permanecer em ritmo lento.
Em realidade, mesmo o nível de crescimento esperado pelo governo para
2012 (5%) já pode estar comprometido, tendo em conta o baixo
carregamento estatístico deste ano para 2012, o crescimento inferior da
demanda, a reduzida confiança empresarial e a desaceleração da
construção civil e do consumo de máquinas e equipamentos (nível de
investimentos).
Em relação ao câmbio, o mercado enfrentou um período de volatilidade com
o agravamento da crise europeia, chegando a trabalhar com o patamar de
R$1,90/US$. No entanto, o BC interveio promovendo leilões de "swap"
cambial, o equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro, e
conseguiu controlar o processo de alta, à medida que os mercados
internacionais também se acalmavam. Atualmente o dólar está cotado em
cerca de R$ 1,80. Apesar da expressiva oscilação ocorrida, num cenário de
médio prazo, permanece a tendência de sobrevalorização do Real, em
decorrência do enfraquecimento das economias avançadas. O processo de
valorização do Real no período recente provocou uma concorrência desleal
para a indústria nacional, em face à entrada facilitada de produtos
importados e ao encolhimento das margens, pela dificuldade de repasse do
aumento dos custos de seus insumos. Nesse sentido, a elevação
temporária da cotação do dólar foi positiva para o setor industrial.
Analisando a conjuntura econômica com foco no setor industrial, observam-
se efeitos diferenciados de acordo com o perfil setorial. Os fabricantes de
bens de consumo, a exemplo de calçados, têxteis e alimentos e bebidas,
sofreram com o processo de valorização cambial que, juntamente ao
problema dos elevados encargos trabalhistas, reduz significativamente a
competitividade das empresas locais em relação aos concorrentes externos.
Os setores industriais capital-intensivos e produtores de bens tradable ainda
se beneficiam dos preços das commodities, que impulsionam as receitas de
segmentos como refino, petroquímico, metalurgia e celulose. As empresas
que possuem dívidas denominadas em dólares ou que possuem elevados
coeficientes de importação se beneficiaram da trajetória de valorização do
Real, mas, podem ser bastante afetadas caso o agravamento da crise
global provoque novos repiques do Dólar.
No âmbito local, o impacto negativo da retração da demanda de resinas de terceira geração motivou a antecipação da parada de manutenção em unidades da Braskem. As indústrias químicas baianas devem ficar atentas ao processo de reestruturação da petroquímica mundial, com a maior presença de países do Oriente Médio no mercado. No dia 5/12, a Shell assinou com a Qatar Petroleum acordo para investir US$ 6,4 bilhões na produção de 1,5 milhão de toneladas/ano de monoetilglicol e 300 mil toneladas/ano de alfaolefinas. Outros projetos semelhantes foram anunciados em países como o Iraque e Arábia Saudita.
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Compõem o presente Anexo os seguintes documentos:
(i) Gráficos do PIB no 3º trimestre de 2011 (págs. 11 a 13);
(ii) Brasil: Representatividade da Indústria de Transformação (% PIB)
(pág.14);
(iii) Brasil: Composição das Exportações (pág.15);
(iv) Tabelas de Política Fiscal (págs. 16 a 18);
(v) Brasil e Bahia: Evolução Mensal dos Saldos das Admissões menos
Desligamentos de Trabalhadores regidos pela CLT, no período
janeiro a outubro 2011 (págs. 19 e 20);
(vi) Indicadores de Economias Avançadas (pág. 21);
(vii) Indicadores Econômicos de Países Emergentes (pág. 22); e
(viii) Relatório de Mercado do Banco Central - Expectativas de Mercado
(págs. 23 e 24).
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Fonte: Ipeadata; elaboração FIEB/SDI. Previsão para o ano de 2010.
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Nota: 2011 de janeiro a setembro
Fonte: Ipeadata (09-11-2011); elaboração FIEB/SDI. Nota: 2011 de janeiro a outubro
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Relatório de Mercado do Banco Central: Expectativas de Mercado (09/12/2011)
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Acompanhamento Conjuntural – 12/2011
Acompanhamento Conjuntural (AC) é uma publicação mensal da
Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), produzida pela
Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI).
Presidente: José de F. Mascarenhas
Diretor Executivo: Roberto de Miranda Musser
Superintendente:
João Marcelo Alves
(Economista, Mestre em Administração pela UFBA/ISEG-UTL,
Especialista em Finanças Corporativas pela New York University)
Equipe Técnica:
Marcus Emerson Verhine
(Mestre em Economia e Finanças pela Universidade da Califórnia)
Carlos Danilo Peres Almeida
(Mestre em Economia pela UFBA)
Ricardo Menezes Kawabe
(Mestre em Administração Pública pela UFBA)
Mauricio West Pedrão
(Mestre em Análise Regional pela UNIFACS)
Everaldo Guedes
(Bacharel em Ciências Estatísticas – ESEB)
Críticas e sugestões serão bem recebidas.
Endereço Internet: http://www.fieb.org.br
E-mail: sdi@fieb.org.br
Reprodução permitida, desde que citada a fonte.
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