aborto: questões éticas e legais

Post on 29-Jun-2015

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ABORTO: ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

Ética e moral não se confundem. A ética engloba a moral, e a moral é apenas um aspecto da ética. Ética vem do grego Ethos, o modo de ser no mundo, a individualidade do ser humano. A moral, do latim mores, usos e costumes, modos de agir conforme o tempo e a cultura, a moral estabelecida em função do contexto histórico e da sociedade.

Para que uma atitude seja considerada ética é

necessário que seja aceita como valor assumido de uma

sociedade e ao mesmo tempo respeite a

individualidade do sujeito, objeto de uma

ação.

Seria ético o direito da mulher de decidir sobre

seu próprio corpo?

O que seria “moral” em termos de aborto para a

nossa sociedade?

Um aborto pode ser legal e até moral,

mas nunca será ético.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o aborto é classificado como a morte embrionária ou fetal, seja ele induzido ou espontâneo, antes de completar 20 semanas ou com peso fetal inferior a 500 kg.

Classificação jurídica do aborto legal

• Caracteriza-se como aborto eugênico aquele praticado em função de malformação ou comprometimento fetal incompatível com a vida.

• Aborto sentimental ou moral é aquele que ocorre quando a gravidez é resultado de um estupro.

• Aborto terapêutico é quando a mulher corre risco de vida.

No Brasil, segundo o artigo 124 do Código Penal Brasileiro, é crime a prática de aborto em si mesma, ou consentir que outrem lhe provoque, levando a pena de detenção de um a três anos.

Não constitui crime a prática do aborto quando:

- Não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante.

- Se a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego, não consentido de técnica de reprodução assistida.

- Fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais.  (Código penal)

Aborto provocado é aquele que leva a expulsão do concepto de maneira intencional, seja por ingestão de medicamentos ou até mesmo pela introdução de objetos que facilitem a dilatação e esvaziamento da cavidade uterina.

Números do Aborto no Brasil

- Uma em cada sete brasileiras entre 18 e 39 anos já abortou.

- Cerca de 80% delas têm religião, 64% são casadas e 81% são mães.

- O aborto ocorre em todas as classes sociais - aproximadamente 35% dos casos - a mulher recebe entre dois e cinco salários mínimos. 

- Faixa etária em que há mais abortos: de 20 a 24 anos.

Dado alarmante: 55% das mulheres são internadas logo após o aborto.

Significa que essas mulheres não apenas precisaram ir a um hospital, mas que tiveram complicações de saúde

O código de ética dos profissionais de enfermagem

garante ao profissional, o direito de recusar sua

participação no aborto legal. (Art. 45 parágrafo único)

Situações nas quais o aborto é permitido no

Brasil.• Gestações resultantes de

estupro.

• Risco de morte para a mulher.

• Fetos anencéfalos.

A antecipação do parto em casos de anencefalia

passou a ser voluntária e pode ser executada pelo

SUS, sem a necessidade de autorização judicial.

(Decisão do STF de12 de Abril de 2012)

No Congresso, deve ser votado o Estatuto do Nascituro (PL 478/2007), lei que garante proteção jurídica aos embriões, o que eliminaria a possibilidade de aborto legal em qualquer caso, inclusive no de estupro.

ObjetivosAbordar as principais implicações éticas e legais envolvidas na problemática do aborto no contexto da saúde. Dados referentes ao aborto em outras nações também serão apresentados.

Material e MétodosTrata-se de um trabalho baseado em revisão bibliográfica sobre questões éticas e legais envolvendo o aborto legal e provocado, proposto como atividade complementar a ser apresentada a alunos do curso de graduação em enfermagem*. Foram utilizados periódicos, publicações científicas e notícias recentes relacionadas ao tema.

Dados e questões pontuais sobre as reações da equipe de enfermagem frente a participação em casos de aborto legal também foram utilizados.

ResultadosAtravés das evidências apresentadas neste trabalho foi possível chegar aos seguintes resultados:

● A criminalização do aborto não impede sua prática, apenas o torna elemento de forte segregação social, uma vez que os casos de mortes em decorrência de abortos praticados de forma insegura atingem, sobretudo, mulheres de baixa renda.

● Apesar de o aborto ser legal em casos de estupro, risco de morte para a mãe e anencefalia, ainda há poucos centros especializados para atendimento de mulheres que buscam o aborto amparado pela lei disponíveis no SUS.

● A mulher que busca atendimento após um abortamento incompleto é, muitas vezes, vítima de maus-tratos e negligência por parte da equipe de saúde .● O conflito é um elemento presente nos profissionais de enfermagem que se deparam entre atuar nos programas de atenção às mulheres, o compromisso com a assistência, a pressão externa e o peso das influências religiosa e moral.

O aborto no mundo

ConclusãoA maioria das mulheres necessita de hospitalização para o tratamento das complicações resultantes de aborto provocado de forma insegura. As equipes de saúde, sobretudo as que atuam nos setores públicos, não estão capacitadas para gerenciar situações que envolvem tanto complicações decorrentes de abortamento quanto as relacionadas com o aborto legal.

A grande maioria dos abortos inseguros acontecem em países onde as leis sobre interrupção da gravidez são muito restritivas. São países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos onde políticas de planejamento familar são precárias e pautadas na simples distribuição de contraceptivos.

A questão do aborto ainda é um tabu em nossa sociedade que necessita de uma reflexão mais profunda e livre de moralismos.

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