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A SERRA E O RIO
José Isidio da Silva
A SERRA E O RIO
1ª Edição
São Paulo
2014
Digitação e diagramação: José Isidio. Capa: Foto serra da Juliana e lago do rio S. Francisco.
Aos que me trouxeram à existência, e a todos que fizeram ou ainda fazem parte dela.
PREFÁCIO
Do pé de uma serra, onde fontes de água jorram formando brejos,
ao Rio São Francisco, que margeia a cidade de Petrolândia–PE,
encontra-se o cenário de A Serra e o Rio, lugares por onde o autor
passou parte de sua vida.
Não se trata de uma autobiografia, porque não apresenta toda a sua
vida, apenas parte dela, principalmente da infância à adolescência e
juventude. São relatos de fatos onde esteve presente em quase todos,
e histórias de pessoas que fizeram parte da trajetória da sua existência
nesses lugares.
É um livro gostoso de ler. Os personagens são pessoas reais que
viveram e outros que ainda vivem. Quem conheceu, ou conhece
alguns deles, pode se divertir com a leitura, porque são fatos reais,
engraçados e, também, emocionantes; quem não conhece, também
pode se deliciar com as histórias recheadas de humor.
Algumas pessoas são homenageadas por sua presença marcante,
como é o caso do tio Zequinha, entre outros.
José Isidio, Zé, meu irmão e companheiro de estudos e brincadeiras
na infância, é o terceiro de 8 irmãos. Sempre foi muito inteligente, o
melhor na escola, mas muito fechado em si mesmo. Lendo o livro
percebi que muitas coisas me fugiram do conhecimento, porque
mesmo convivendo tanto tempo juntos não foi possível conhecer
totalmente o que se passava no seu íntimo: suas ansiedades, angústias
e necessidades. Coisas que se passam na alma humana, principalmente
numa fase da vida, que é a adolescência e juventude, às vezes não são
percebidas nem mesmo pelos mais íntimos. Só lendo essas histórias
aqui se pode ter um vislumbre melhor.
Este é um livro que recomendo.
Isaura M. Silva Leite
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Introdução
SERRA DA JULIANA – a serra do Brejinho – atual Brejinho da
Serra, depois de ser chamado Brejo das Taboas, tem os seus habitantes
originários de índios e portugueses. Mas, sem sombra de dúvida,
índios em primeiro lugar.
Hoje são denominados Pancararus, talvez uma designação
imprópria, arranjada. O certo é que esses nativos, verdadeiros
brasileiros, habitaram no pé da serra, conhecida como Serra da
Juliana, estendendo o seu domínio até a beira do rio São Francisco.
Nas pedras lisas do rio, no lugar chamado letreiro – agora,
infelizmente, coberto pelas águas, depois da barragem de Itaparica –
foi deixado o registro histórico, em símbolos, dessa civilização antiga,
cuja existência remonta a tempos de antes do descobrimento do Brasil.
O Brejinho da Serra nunca foi reconhecido como uma aldeia,
uma reserva indígena, porque a civilização, a miscigenação, se
encarregou de apagar os costumes, dialetos e tradições de seus
primitivos habitantes. Mas as características da maioria dos que ali
viveram, e ainda vivem, não negam sua verdadeira origem. A maioria
dos filhos do Brejinho da Serra não é branca nem negra. A cor parda e
o nariz largo denunciam que não são puros descendentes de europeus.
Entretanto, resgatar uma cultura que está no passado há várias
gerações, cujos vestígios foram apagados e esquecidos, é uma tarefa
difícil e, talvez, não compensadora. Esse não é meu objetivo aqui,
mesmo porque não tenho os recursos para fazer isso. Desejo apenas
registrar lembranças, acontecimentos da família, ocorridos no
Brejinho da Serra e Petrolândia, envolvendo o Rio São Francisco, que
faz parte de nossa vida, de nossa história.
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Capítulo 1
A Índia Juliana (descrição romanesca).
É nossa ancestral mais famosa, de quem, talvez, pelo lado indígena,
temos raízes mais aproximadas.
Cabelos longos e lisos, olhos negros como noite de tempestade;
nariz pequeno, boca de lábios carnudos, testa larga – Juliana, de
pequena estatura, tinha o corpo em perfeitas proporções, pernas fortes
e pés ligeiros. Sua beleza física e selvagem excedia a qualquer padrão
de beleza até hoje estabelecido. Sônia Braga em sua melhor fase,
interpretando Gabriela; Camila Pitanga, Juliana Paes – sua homônima
– se curvariam diante dela. Não, não é exagero. Estas são mais o
produto de transformações que se podem alcançar por meios
modernos. A índia Juliana tinha tudo por dote natural. Não sabia o que
era academia, salão de beleza, cosméticos, ou qualquer outra coisa que
lhe produzisse refinamento. Suas pernas eram exercitadas subindo e
descendo a Serra. Seus braços eram rijos no uso do arco e flecha. Os
seios pequenos e firmes não impediam seus ágeis movimentos, nem
eram motivos de sua atenção. Juliana era inconsciente de si mesma.
Mas nada escapava ao que estava à sua volta. Desconfiada, arisca,
percebeu a chegada de homens brancos. Fugiu. Escondeu-se nas
brenhas da serra.
Jesuítas e posseiros queriam civilizar os índios. Escravizá-los às suas
ideias, religião, costumes, doenças. Juliana não aceitou. Não foi
levada para onde eles queriam. Era rainha de seu próprio reino – a
Serra; e, não muito distante – o Rio. Aprendeu a plantar mandioca,
milho e feijão, e com ela originou-se a cultura de subsistência do
Brejinho da Serra, predominando nas gerações futuras.
Um dia apareceu um índio guerreiro. Juliana em pé, à porta de
sua oca, o contemplou. Não precisava conhecer o seu nome. Era ele. O
guerreiro esperado. Virou-se e entrou. O guerreiro também entrou.
Juliana não contou quantas luas se passaram. E um dia, tão de
repente como chegou, o guerreiro foi embora. A guerreira não chorou,
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não lamentou, não sofreu. Sua descendência estava garantida.
Jurassema e Jussara cresciam fortes e saudáveis. Traziam os mesmos
traços de beleza da mãe.
Serra da Juliana – atual Brejinho da Serra
Final do século XVIII. Aventureiros continuavam chegando de
Portugal, buscando fazer fortuna em terras brasileiras. A ambição não
era apenas encontrar ouro ou pedras preciosas. Estabelecer-se,
tomando posse de grandes áreas de terra, era o objetivo principal. E
não importava se na terra já existiam habitantes nativos.
Por esse tempo chegaram a esta região – sul de Pernambuco –
três irmãos: José Correia Maurício, Joaquim Rodrigues e Joaquim de
Almeida Leal.
Os dois últimos consideravam que ficar mais próximo do rio
São Francisco era o ideal para a criação de gado. Maurício encantou-
se com a serra. Queria ficar mais perto dela. Para lá subiu, levando
toda a sua companhia subalterna.
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No sopé a mata era fechada e viçosa. Tudo indicava que ali
havia nascente de água. Depois de fixar o acampamento resolveu fazer
uma exploração na redondeza, principalmente mais para o pé da serra.
Foi subindo, cortando com facão galhos de pau, abrindo caminho.
Pássaros assustados faziam revoadas na copa das árvores. Encontrou
uma vereda, um caminho antigo. Ficou a pensar: Quem poderia
passar por ali? Achava melhor averiguar. Decidiu seguir pela trilha,
que mal cabiam os seus pés, e que em alguns locais quase não era
visto, porque o mato se fechava. Virando para a esquerda, agora
andava em terreno plano. E então, como uma cortina que se abre de
repente, lá estava: a fonte. Maurício parou, extasiado. A fonte era
grande, e a água cristalina. Dali se escoava, formando um pequeno
riacho, serpenteando entre troncos e pedras. Um lado, a chegada do
caminho, estava limpo, sinal de ser frequentada por pessoas.
José Maurício estava convicto de que aquele local onde ele
pretendia se estabelecer não era totalmente desabitado.
Não estava enganado. Alguns dias depois teve a certeza de que
não estava só naquela localidade. Havia sinais de outros moradores.
Não os procurou de imediato. Não queria incomodá-los.
Achou outra fonte mais embaixo do local onde encontrara a
primeira. Abriu um caminho e limpou os arredores. Aquela era a sua
fonte. Ficava mais perto de onde morava. Um dia, porém, andava
próximo da primeira fonte quando ouviu um leve ruído. Esgueirou-se
pelo mato procurando ver o que era. Quase sai encima da fonte, mas
conteve-se a tempo e parou, agachando-se, procurando não ser visto.
Uma nativa estava apanhando água. Maurício ficou olhando. Era de
uma formosura fora do comum. Um rosto perfeito. Uma cor de pele
incomparável. Cabelos negros e lisos, bastante longos, caíam para
frente quando ela se abaixava. Ficou como quê hipnotizado com
aquela visão. Que rosto!... Que braços!... Que seios!... Que ventre!...
Que coxas! O traje era rústico e sumário, mas nenhuma donzela de
Portugal, com seus vistosos trajes e pele alva, chegava aos pés daquela
que estava ali poucos metros à sua frente.
Em dado momento ela levantou a cabeça, como uma gazela
assustada. Parecia que tinha pressentido alguma coisa. Maurício
agachou-se mais ainda, prendendo a respiração. Tornou a olhar por
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entre as folhagens. A linda selvagem já sumia pelo caminho levando
na cabeça o seu pote de água.
Maurício não tinha companheiros com quem confidenciar além
de seus irmãos, mas estes agora estavam distantes dele. Gostaria de
contar a alguém o que tinha visto, mas guardou para si mesmo.
A visão da bela índia não saia de sua cabeça. Desejava vê-la de
novo. No outro dia voltou à fonte, ficando escondido por várias horas,
mas não apareceu ninguém. Voltou, desapontado e triste, achando que
estava fazendo um papel ridículo. Ainda bem que ninguém sabia. Era
melhor acabar com isso. Que tolice estava fazendo! Não iria mais
àquela fonte.
No dia seguinte foi novamente. Era irresistível. Como da outra
vez, esperou longo tempo, não aparecendo ninguém. Chegou a pensar
que tudo aquilo não tinha passado de um sonho. No entanto, sabia que
se procurasse nas redondezas encontraria sua morada. Mas não queria
fazer isso. Queria contemplar a beleza daquela jovem sem ser visto.
Não queria desfazer o encanto com sua presença de homem branco,
civilizado, superior.
Passou a ir à fonte quase todos os dias. E, por fim, um dia, foi
coroado de êxito. Lá estava ela. Escondido no lugar de sempre,
observou-a com mais atenção. Parecia mais bonita do que antes. Era
encantadora. Não sabia como uma jovem vivendo em meio tão
selvagem podia conservar tanta beleza. Talvez, por isso mesmo.
Numa repetição da cena anterior, novamente ela ergueu a
cabeça e olhou nos arredores, meio assustada. Estaria consciente da
presença de alguém? Encheu o pote e foi embora. Antes que
desaparecesse no caminho, parou e olhou para trás. Maurício estava
em pé do outro lado da fonte.
Ficou preocupado. Fora visto por ela. Deve ter ficado assustada,
e talvez nunca mais voltasse. Que imprudência sua! Por que se
intrometer na vida pacata e tranquila daquela gente, que era o
verdadeiro dono daquelas terras? Mas sua intenção não era fazer
nenhum mal. Esperava que ela não entendesse dessa forma.
Resolveu não procurar mais vê-la. E por vários dias dedicou-se
incansavelmente ao trabalho de sua fazenda, cuidando do gado,
fazendo cercas e currais. Parecia que estava curado de sua obsessão.
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Uma noite, porém, sonhou com a linda moça selvagem.
Estavam os dois montados a cavalo. O cavalo dele estava com sela, e
o dela, em pelo. Mas ela passou-lhe à dianteira, e cavalgava como o
vento. Os dois corriam numa planície de relva verde. Ela olhava para
trás, sorria, e lhe chamava, mas por mais que se esforçasse não a
alcançava. De repente ele não estava mais em seu cavalo, mas no dela.
Abraçava-a pela cintura para não cair, enquanto ela fustigava mais
ainda o seu cavalo. Sentia no rosto os cabelos dela, e o cheiro do seu
corpo era como o perfume das flores silvestres.
Quando acordou ainda sentia o perfume, e a deliciosa sensação
do contato com o corpo da índia. O coração batia acelerado.
Na manhã seguinte quebrou a promessa de não mais voltar à
fonte, ao recanto de suas fantasias. O sonho tinha espicaçado o desejo
de rever a bela selvagem.
Ao passar próximo à fonte avistou a linda jovem; e tão
embevecido estava, e distraído com os olhos nela, que pisou em falso,
torceu o pé e caiu, soltando um grito de dor.
Jurassema, como um animal selvagem, virou-se assustada e viu
o homem branco tombando. Supôs que fosse tão grave que houvesse
perigo de morte, e num impulso instintivo correu a socorrê-lo. Quando
ela se aproximou Maurício viu a aflição em seus negros olhos. Fingiu
estar gravemente ferido, simulando um desmaio.
-- Qui foi? Cobra mordeu? – O sotaque era cantante. Soou como
música aos ouvidos de Maurício.
-- Me ajude chegar até a fonte!
A jovem índia colocou o braço do homem branco em volta de
seu pescoço, segurou-o pela cintura, ajudando-o a erguer-se.
Maurício fez uma careta quando apoiou o pé no chão, e,
mancando, apoiado em Jurassema, seguiu andando até a fonte. Tirou a
bota e começou a esfregar a mão jogando água no lugar afetado. A
índia agachada ao lado, olhava curiosa. Ainda não sabia o que tinha
acontecido com o homem branco. Maurício percebendo o interesse
dela, explicou como pode que havia torcido o pé. Então ela se
levantou e correu, entrando rápida no mato.
Maurício ficou olhando, triste, enquanto a via desaparecer.
Certamente ela tinha percebido que havia sido enganada e fugira.
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Alguns minutos depois ela reaparece trazendo nas mãos um
punhado de folhas. Sem dizer nada esmaga as folhas com uma pedra
sobre um lajedo, formando uma papa uniforme. Coloca o unguento no
tornozelo de Maurício, cobre com folha de bananeira e amarra com
tiras finas de casca de pau.
Terminada a operação nada mais havia a fazer. Só então ela olha
para o rosto de Maurício e os olhos de ambos se encontram. Ela
estremece.
Maurício pergunta:
-- Quer ser minha esposa?
Ela não entende e franze a testa.
-- Casar comigo! – Maurício explica juntando os dois dedos
indicadores.
-- Pedir a mãe Juliana. Ela dizer!
-- Como é o seu nome? Como se chama?
-- Jurassema!
-- Eu sou Maurício! E gosto de você!
Jurassema abaixa a cabeça e sorri.
E foi assim que começou o romance entre José Correia Maurício
e Jurassema, filha de Juliana, a índia mais bonita de todo o nordeste
brasileiro, e, quem sabe, de todo o Brasil. Quem duvidar explique
porque em Pernambuco tem tanta mulher bonita.
Mauricio passou a frequentar a cabana de Juliana, que, arisca,
desconfiava daquele homem branco, civilizado, cortejando Jurassema.
Com poucas palavras, falando rudemente, deixou bem claro que não
permitiria que ninguém fizesse mal a sua filha. Demonstrava atitude
belicosa quando se tratava de defender sua honra e independência. Era
a rainha Juliana, defendendo o seu reino e sua princesa.
Mas Maurício, com paciência e humildade, ganhou a confiança
e simpatia de Juliana.
Por esse tempo, inesperadamente, reapareceu o guerreiro, pai de
Jurassema. Juliana não fez festa, mas o aceitou de novo, como se
tivesse sido ontem o dia de sua partida. Vinha de terras distantes e
trazia notícias da civilização. Parecia um homem sábio, com as
histórias que contava. Juliana era senhora de si. Não se empolgava
com nada, nem desdenhava do que ouvia. E como para ficar mais
distante do modernismo que avançava, exigiu que se lhe construísse
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uma casa no topo da serra que foi batizada com o seu nome. E
Maurício com o índio, pai de Jurassema, construíram o palácio da
rainha Juliana no alto da serra.
Entretanto, a família de Maurício não aprovava a união dele
com uma índia, exceto o seu irmão mais novo – Joaquim de Almeida
Leal, que depois se casou com Jussara.
O preconceito europeu e o racismo arraigado faziam com que
índios e negros fossem considerados pessoas de classe baixa, ou talvez
pior: alguns até diziam que não eram seres humanos, que não tinham
“alma”. Daí a designação de “peças” aos negros escravizados.
Se em pleno século vinte e um ainda existe preconceito e
racismo contra índios e negros, imagine dois séculos atrás!
Maurício, porém, não deu atenção aos argumentos dos brancos.
Amava Jurassema e casou-se com ela.
Se houve alguma cerimônia religiosa em alguma igreja,
ninguém tem notícia disso. Mas o que se sabe é que Juliana e o seu
guerreiro uniram os dois em ritual indígena. Foi o casamento mais
perfeito, histórico, dessa região; e desse casal, ou melhor, dos dois
casais, surgiram gerações que povoaram o Brejinho da Serra e
adjacências, destacando-se duas famílias: a do patriarca Aureliano de
Moraes e a do patriarca Antonio Felipe – ambos com esposas
descendentes da índia Juliana.
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Capítulo 2
Duas Famílias Entrelaçadas
-- NÃO VEJO futuro nesse rapaz!
-- Maria devia pensar melhor!
-- O melhor mesmo era esquecer esse rapaz. Não tem uma roça
plantada, não tem uma casa. A vida é na rua tocando sanfona e
jogando futebol. – Os irmãos Moraes não aceitavam o namorado da
irmã.
-- Vocês não têm que se intrometer nesse assunto – interferiu o
velho Aureliano – se ela gosta dele, ninguém tem que dizer nada.
Maria, calada a um canto, apenas ouvia.
-- Mas pai...
-- Antonio Filipe é um homem de bem. Não posso negar Maria
ao filho dele, uma vez que não neguei Bela a Zequinha.
-- Mas Zequinha é diferente, é trabalhador!
-- Não se metam nisso! Quem decide sou eu! O assunto está
encerrado!
Os rapazes olharam para a irmã. Em obediência ao pai cessaram
os comentários.
As duas famílias se fundiram com os casamentos de dois filhos de
Antonio Felipe com duas filhas de Aureliano: Isabel Maria de Moraes
– a tia Bela – casou-se com José Antonio da Silva – o tio Zequinha; e
Maria Aureliana de Moraes, com Isidio Antonio da Silva – meu pai.
A indisposição em aceitar o casamento de Maria com Isidio era
devida, talvez, ao seu comportamento, por assim dizer,
demasiadamente boêmio para aquela época. A qualidade mais
apreciada em um rapaz, que o qualificava para casar, era ser
trabalhador. Tocar sanfona e jogar futebol não tinha futuro. Era
diversão de desocupado. Mas Isidio, ainda que festeiro e jogador de
bola, tinha caráter e brio. Ao casar-se – em 2 de fevereiro de 1942 –
assumiu com toda a seriedade o papel de chefe de família. Dedicou-se
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