a leitura profissional do assistente social diante de sua demanda na atualidade
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ELZA RODRIGUES
A LEITURA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DE SUA DEMANDA NA ATUALIDADE
RESUMO
Ao pretendermos a abordagem do tema “A leitura profissional do Assistente Social
diante de sua demanda na atualidade”, inicialmente, realizamos uma abordagem
teórico-crítica levando em consideração a complexidade do assunto, bem como
os pressupostos da atualidade para o cotidiano da atuação profissional do
Assistente Social. Este artigo1 propõe contribuir no desvelamento desta
fenomenalidade, esclarecendo a criação de sentidos que o profissional de Serviço
Social tem realizado em seu processo de trabalho no atual contexto das políticas
sociais de foco neoliberal.
Palavras-chave: Serviço Social, Atuação Profissional,Demanda Realidade.
ABSTRACT
When we want to approach the topic "The Professional Reading Social Worker
before your demand nowadays" Initially, we conducted a theoretical and critical
approach taking into account the complexity of the subject, as well as the
assumptions of today for the everyday professional work of Social Worker. This
project proposes to contribute to the unveiling of this phenomenality, explaining the
creation of meanings the professional Social Work is performed in their work
process in the current context of neoliberal social policies focus.
Keywords: Social Service,Professional performance,Demand, Reality.
1 Artigo apresentado para a plataforma Brasil –PIC- CNPqProf. Esp. Elza Rodrigues; Unicesumar.Orientador da pesquisa: Prof. Mc. Marcelo Nascimento de OliveiraCentro Universitário de Maringá -Maringá - PR
ELZA RODRIGUES
INTRODUÇÃO
Conceituar a leitura profissional no social há de se ajuizar, de maneira
rígida, o objetivo de levantar possibilidades de reflexão, apontando aspectos a
serem investigados dentro do tema, buscando compreender a criação de sentidos
realizada nos processos de trabalho do Assistente Social.
Para tanto, ao proceder nosso processo de pesquisa recorremos a
profissionais e docentes na perspectiva de compreender suas posições analíticas
ao que se refere sua atuação frente às demandas no cotidiano de atuação
profissional. Neste caso, a leitura profissional frente às demandas seria um
conceito redefinido na história do Serviço Social reconstruindo a autoimagem da
profissão na atualidade.
O presente trabalho é resultado de esforço de produção da pesquisadora, a
qual se orientou por questões norteadoras neste processo. As interpretações dos
profissionais que constituem o Serviço Social referem-se a diferentes campos de
atuação no Município de Maringá e região-PR. Tais interpretações, tais
perspectivas, foram abrangidas a partir do apoio de um questionário o qual foi
preenchido pelos profissionais elencados aleatoriamente de acordo com os
campos profissionais levantados.
A elaboração do questionário teve como base o conteúdo abordado, bem
como se pautou nas seguintes perspectivas de análise: a) Compreensão do
projeto ético-político do Serviço Social; b) dificuldades e desafios frente à atuação
profissional na garantia de direitos; c) Relação teórica prática e técnico operativo
para atuação profissional.
Debruçamo-nos no importante papel de desvincular o aparente da
essência, transitando na linearidade do real, para compreender o esforço
individual e coletivo dos profissionais, vislumbrando o fortalecimento das políticas
sociais. Ocupando-nos deste interesse pela leitura do profissional, buscamos
sintetizar a análise sobre a interpretação destes frente às desafios, que determina
ao profissional a capacidade crítica e analítica como formas do não
contentamento com o senso comum que permeia este cotidiano.
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Neste sentido, concluímos o que Iamamoto (2012, p.151) já havia apontado
que a profissão tem olhado menos para a sociedade e mais para o Estado. Por
esta e outras afirmações destacamos que a leitura profissional deve ser
comprometida com valores ético e humanista, pressupondo também os valores de
liberdade e justiça social, como pressupostos e condição para autoconstrução do
sujeito individual e coletivo, participantes e constituintes do processo histórico de
afirmação e legitimidade profissional.
O problema de pesquisa adotado pautou-se a investigar a leitura que o
profissional Assistente social faz no contexto do seu trabalho no dia-a-dia. Deve
se portar diante a tantas leituras contrastante que o torna um profissional
diferente, pois a atual realidade do mundo moderno sugere mudanças e leituras
sociais rápidas na sociedade, no que diz respeito ao mercado de trabalho, tão
somente que a sociedade não está acompanhando o ritmo dessas mudanças.
Percebermos que há diferentes ramificações nas atuações da profissão do
Assistente Social, pois além do seu verdadeiro papel na sociedade estão surgindo
outras demarcações na sociedade que, além da questão social marcante para
seu olhar preocupante, há também a industrialização que está cada vez mais
potente, a concentração de renda aumenta e a economia está se globalizando.
Portanto o Serviço Social enquanto profissão inserida neste contexto,
também tem sua demanda ampliada. As ações profissionais do Assistente Social,
que no âmbito da totalidade social, sempre estiveram direcionadas à execução de
políticas que, permanecem hoje com desdobramentos para muita área de
planejamento e consolidação profissional, principalmente, no que se refere ao
enfrentamento de uma leitura habitual, situacional e transformadora para a
sociedade.
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1. GÊNESE E ONTOGÊNESE NO SERVIÇO SOCIAL: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
O Serviço Social no Brasil nos meados de 1930 surge a partir da
concepção positivistas/neotomista2, sofrendo influências dos pensamentos da
igreja católica que tinha como base para a sua implantação defendida na teoria e
em seus princípios nas tensões sociais, nascidas a partir da industrialização, uma
inquietação da Igreja na luta do liberalismo e o comunismo. Inicialmente era de
caráter filantrópico, possuía uma característica assistencial, assumidos pelos
católicos, sendo a Igreja a controladora do processo de assistência ao próximo,
aos carentes, como uma necessidade de ação mais rápida consequentemente
planejada (Vasconcelos, 1998, p.114).
Manifestando com atos de conciliar a plenitude da intervenção profissional
do Serviço Social, com o atendimento em caridade, atenua-se a questão em que,
o Serviço Social como uma profissão passa a adentrar nas políticas públicas
como uma atividade de extrema relevância no contexto social.
Segundo Iamamoto e Carvalho (2005, p166), “as protoformas da profissão
se vinculavam ao progresso da Ação Social, exercida pela Igreja Católica. Esta,
com o objetivo de recristianizar a classe trabalhadora, confrontando-se com os
problemas sociais”. Nesta ocasião, no Serviço Social não existia a expressão da
questão social, mas as expressões concretas desta “questão”, ou melhor,
dizendo, o conceito de problema social considerado uma desavença da
moralidade social de que a situação era insuficiente para o proletariado, fosse
decorrente não da dinâmica do processo industrial, mais uma questão de escolha,
havia uma culpabilização do sujeito pelo seu problema social, sem relacioná-la à
luta de classes, que é, na verdade, a base de sua existência.
Não se contradiz a história, pois o individuo atualmente sente-se impotente
no que se diz conhecer a sua história, o seu contexto sociedade e sua vivência
como cidadão. Portanto, questão social está vinculada a introdução tecnológica
2Positivismoé uma corrente filosófica surgida na primeira metade do século XIX, fundado por Augusto Comte, em contraposição às ideias que nortearam a Revolução Francesa no século XVIII.Neotomismo é uma corrente filosófica surgida no século XIX com o objetivo de reviver a filosofia de Santo Tomás de Aquino do século XIII.AGUIAR, A. G. Serviço social e filosofia: das origens a Araxá. 4. ed. São Paulo: Cortez; Unimep, 1989.
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que, avançada onde o sujeito vive em decorrência de fatos que ele próprio se
agusta, mas por consentimento magnífico, ou seja, não há aproveitamento do seu
eu, da sua vontade, acontece assim, dentre muitos fatores a questão social.
Acontecimentos entre as pessoas, burguesia e proletariados se
organizaram a partir da comunhão da Igreja, pautando-se na compreensão da
pessoa humana. Na gênese do serviço social no Brasil meditada com a estreita
relação entre as proformas do Serviço Social e a Igreja fez com que prevalecesse
a oficialização sobre o modo de pensar orientado pela tendência neotomista.
Nesse contexto, as bases estruturadoras do Serviço Social, durante muito tempo,
estiveram a serviço da burguesia, recebendo forte influência da doutrina social,
desenvolvida pela Igreja Católica. Abordando esse período do processo histórico
do Serviço Social.
Deste modo, a burguesia abarrotava-se da história social dentro dos
paradigmas no atendimento como ajuda aos necessitados, justificava a prática
como um socorro a quem necessitava, porém, fatos significativos marcaram a
união do afeicismo e do profissionalismo, dando inicio a um trabalho mais
dinamizado na sociedade.
Assim, categoricamente foram abertas as primeiras escolas de Serviço
Social, uma em São Paulo no ano de 1936 e outra no Rio de Janeiro em 1937,
estas no Brasil e organizadas sob forte influência europeia, países nos quais
foram formadas as pioneiras do Serviço Social. Com o impetuoso processo de
industrialização o Estado passa a financiar bolsas de estudo para pessoas de
classe subalternas e enviá-las para os Estados Unidos. A Instituição que possuía
a responsabilidade pelo processo de currículo do curso era a ABESS- Associação
Brasileira de Ensino em Serviço Social. Desta forma, começa a se ter certa
uniformização, e nesse currículo mínimo estava o estudo de caso, grupo e
comunidade. Daí, vinculadas à igreja católica, surgiram às escolas de trabalho
social e as proformas da profissão. Iamamoto e Carvalho (2005, p.229),
A discussão sobre os problemas sociais passavam na comunidade e esta a
impor o Estado, uma parte influenciava a igreja para se posicionarem diante dela.
Portanto a sua origem, corresponde à conjuntura vivenciada no país neste
período, em função da industrialização e das grandes mobilizações da classe
operária que tinha como objetivo, que o Estado se posicionasse diante dela, que
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crescia cada vez mais e em condições precárias de higiene, saúde e habitação,
tomando proporções gigantescas, voltando à atenção social aos mesmos, que
passam a reivindicar seus direitos, melhores condições de vida e de trabalho.
Porém, por um lado fosse reconhecida a existência desse antagonismo do
capital e suas negociações, do outro, um processo a ser comparável excessiva e
o egoísmo, o proletariado também é responsabilizado pela sua condição de vida
precária, sendo visto como um grosseiro natural, de pouca cultura e fraca
formação moral, que somada a sua baixa condição econômica o deixa vulnerável
aos capitalistas, e por sua deficiência individual o impede de alcançar uma maior
ascensão social, ou seja, um cenário em que a pobreza é naturalizada, passando
por cima da contradição do modo de produção capitalista, causas e efeitos são
invertidos e reinvestidos.
Com esse pensamento os assistentes sociais viam a necessidade de
intervir na crise de formação moral, intelectual e social da família, para que assim,
obtivesse um padrão de vida que lhe ofereça um mínimo de bem-estar material.
O Serviço Social surgiu com o objetivo de minimizar as desigualdades
sociais, juntamente com as demais políticas públicas, com estratégia para
enfrentar a questão social. Dessa forma, a classe dominante exerceria certo
"domínio" sobre os proletários, e a hierarquia católica recupera e reafirma sua
presença na sociedade civil enquanto principal agente de controle ideológico da
sociedade burguesa, capaz de incluir o proletariado num sistema consensual.
Tais ações eram pautadas com base nas concepções determinavam modo
de atuação. O assistente social atuava sob uma dimensão do
desenvolvimentismo do Estado, à medida que o Estado brasileiro avançava no
mundo capitalista, o serviço social era requisitado para atender a classe
trabalhadora, mas, ao mesmo tempo devia defender os interesses dos
empresários.
Manrique (1984, p.44) retoma a discussão sobre a gênese da profissão,
salientando que no período que o Serviço Social transitava para a
profissionalização, duas encíclicas papais tiveram um papel importante para seu
desenvolvimento a Rerun Novarum (1891) e o Quadragésimo Anno (1931).
Manrique (1984, p. 44) assinala:
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A Igreja conta com um discurso doutrinário centralizado (romano ou vaticano) que elabora as diretrizes gerais de compreensão dos problemas, estabelecendo normas genéricas para o exercício da fé católica. Entre seus instrumentos mais importantes destacam-se as encíclicas papais, que em mais de uma ocasião, representaram modificações substantivas na orientação doutrinária e na ação política da Igreja católica.
A encíclica é um dos instrumentos utilizados pela igreja para veicular sua
interpretação sobre as mudanças ocorridas em cada momento histórico e que
possam contribuir para um reordenamento da sociedade. Ela também divulga os
princípios e os dogmas católicos, influencia o comportamento da população e
apresenta as diretrizes para o trabalho do clero e do laicato, os principais ideais
expressas nesses documentos foram à solução proposta pelo Socialismo e a
solução proposta pela igreja.
A encíclica Rerum Novarum trata sobre as causas do conflito entre as
categorias sociais. Os progressos recentes da indústria e os novos caminhos
trilhados pelos ofícios, a mudança operada nas relações entre patrões e
trabalhadores, o enriquecimento de uns poucos e o empobrecimento da multidão,
a maior confiança dos operários em si mesmos e a união com que se juntaram
entre si e, enfim, a corrupção de costumes fez eclodir a desequilíbrios sociais.
Ainda com base no referido documento, a concepção da Igreja Católica
sobre a propriedade privada reconhece a desigualdade quando prevê que,
mesmo depois de dividida a terra, ela continua servindo à utilidade comum,
porque não há nenhum mortal que não viva do que a terra produz. Os que
carecem de capital têm seu trabalho. Era um direito natural outorgado e
reconhecido pela divindade, a organização do Estado e da sociedade está sujeito
à vontade de Deus- por isto, quando os socialistas lutam contra o Estado operam
contra a justiça instintiva. A diferença não é apenas natural; é conveniente à
coletividade, já que é necessária a variedade de talentos e missões.
O que determinava a Rerum Novarum discutia sobre o conflito de classes,
e as relações conflitosas entre o capital e o trabalho, fazendo com que por fim a
sociedade acabasse acatando a força da religião cristã, por que só ela poderia,
aos olhos da igreja, trazer acordo e a união entre ricos e as classes dos
proletários.
Entre as regras de convivência deste acordo, para que a harmonia pudesse
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tornar-se uma realidade palpável, cabia ao operário cumprir íntegra e fielmente o
trabalho que livre e equitativamente se lhe contratou, sem jamais prejudicar o
capital, nem exercer violência pessoal contra seus patrões; quando defender seus
próprios direitos, abstivera-se do uso da força; nunca preparar sediações, nem
participar daquelas dos homens malvados que, enganosamente, prometem muito
despertam esperanças exageradas, e a que quase sempre se seguem um
arrependimento inútil e a desgraça.
Na Encíclica Quadragésima Anno3 reafirma-se a importância da ação
orientada para responder ao grande desafio do paganismo e da secularização. Os
núcleos católicos mais consequentes com as propostas da encíclica entre os
quais a ação católica desempenha um importante papel dirigiam os seus esforços
guiados pelo documento papal.
É sobre este método social que o serviço social se insere como a
institucionalização da profissão dentro da divisão capitalista do trabalho no
conservadorismo. O Serviço Social passa a atuar com o objetivo de assistência,
de benesse, desenvolvido pelas classes dominantes. Porém, é neste campo que
o profissional do Serviço Social ampliou gradativamente o campo de atuação do
exercício profissional, atuando sobre diversas áreas.
Desta forma, o Serviço Social historicamente é legalizado e inicialmente
controlado pelo catolicismo na perspectiva de regulação social, sobretudo a partir
da década de 1930, quando há grande revelação dos problemas sociais. Logo o
profissional assistente social evidencia seu aspecto político interventivo,
compreendido pela sociedade. Tem seu surgimento marcado pela consolidação
do sistema capitalista no momento de sua manifestação da fase monopólica
marcado pelo afloramento da questão social.
O Serviço Social ao ser inserido no processo de atividade profissional
torna-se assim para o Estado um dos maiores empregadores de profissionais
assistentes sociais, uma profissão declarada como a profissão que ajuda que dá
auxilia, da assistência, da caridade e da filantropia. Segue-se separadamente esta
atividade assistencial devido à filantropia. A institucionalização e legitimação do
3Quadragésimo anno é uma carta encíclica do Papa Pio XI, de 15 de maio de 1931, sobre a restauração e aperfeiçoamento da ordem social, em conformidade com a Lei Evangélica, no 40º aniversário da encíclica de Leão XIII, Rerum Novarum.Manrique, Manuel castro, História do Serviço Social na América Latina-Gelats, ed. Cortes1984.
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Serviço Social como profissão no Brasil têm como fundamento os processos de
reprodução social da vida e do trabalho.
Com base em Iamamoto e Carvalho (2001, P.188), os assistentes sociais
foram destacados como profissionais no momento da legitimidade como
reconhecimento profissional condescendente na gênese e institucionalização no
Serviço Social no Brasil, em uma conjuntura peculiar do desenvolvimento
capitalista, marcada por conflitos de classe, pelo crescimento numérico e da
classe operária urbana e pelas lutas sociais. Esta se desencadeia contra a
exploração do trabalho e pela defesa dos direitos sociais quando crescem as lutas
sociais dos trabalhadores e dos segmentos mais empobrecidos da população, e
as ações de caráter assistencial, religioso e filantrópico desenvolvidos pela
solidariedade social mostram-se insuficientes para dar conta das necessidades
sociais. Tal contexto sociopolítico, de centralização e intervenção do Estado na
condução de políticas econômicas e sociais, coloca as expressões da questão
social como matéria prima da profissão.
Buscando os instrumentos e técnicas necessários para o exercício
profissional, a validação teórica consiste na incorporação de uma matriz teórico
metodológico que norteia a compreensão sobre a realidade e a intervenção
profissional.
A categoria se mobiliza em busca de mudanças, portanto, a renovação do
Serviço Social Brasileiro foi no sentido de se incorporar na lógica
desenvolvimentista. Somente com a crise da ditadura, na década de 1970, o
Serviço social do Brasil se direciona para uma ruptura radical com o
tradicionalismo, tendo assim na década de 60 tentativas de avanços que só vão
se concretizar anos depois. No Serviço Social brasileiro ocorreu a reconceituação
em três vertentes: Modernizadora; Reatualização do Conservadorismo; Intenção
de Rupturafoi com base nas vertentes que o serviço social se reorganizou, em
conformidade com Netto (2011, p.264), momentos constitutivos de um processo
com estas vertentes.
O Serviço Social consolidando-se como uma profissão, passou e passa por
diversas transformações ao longo de sua história, ser fortalecendo como uma
ciência, que precisa de métodos sistematizados e trabalhos de análises para
atuar no campo social. Nos medos de 1965 foi necessário esse movimento, de
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caráter mundial, para que o Serviço Social passasse por uma transformação,
abandonando práticas antigas, voltadas para uma ética profissional
burguesa,tenta efetivar-se por um método de organização, portanto, as
indagações e observações contidas no conteúdo teórico metodológico do
exercício profissional no qual este estava inserido.
Houve grandes movimentos influenciando a ação profissional no Brasil,
principalmente o movimento da América Latina, no qual foi instrumentalizado e
questionando a desigualdade social existente, com isso buscou métodos, e
teorias e como estes funcionariam a partir da realidade com base nas questões
sociais. No movimento de reconceituação constituiu-se o centro da inquietude do
Serviço Social devido à complexidade da interação e intervenção desenvolvida
pelos assistentes sociais.
Desta forma, Netto (2011, p.146), retrata a dimensão do movimento de
reconceituaçãoque envolveram reelaborações por parte de um grande número de
profissionais no esforço de grandes experiências, tendo em vista a concepção de
humanidade para adequar esta ação com um novo posicionamento.
Para o Serviço Social brasileiro o movimento foi de fundamental
importância, pois contribuiu para transformação, a renovação dos conceitos e do
agir profissional, que buscava uma formação qualificada, com técnicas precisas,
fundamentação teórica e cientificidade para profissão. Isso tudo resulta na
reforma curricular e na condução dos destinos das organizações e intervenção
profissionais impressas no código de ética profissional.
Na Perspectiva Modernizadora trabalhou – se no esforço para adequar a
ação profissional à proposta de desenvolvimento capitalista no Brasil, pós 1964.
Esta perspectiva se compôs de dois seminários: Araxá (MG) e Teresópolis (RJ),
que envolveu densamente a categoria profissional em sua proposta, continuando
o acúmulo dos anos 50 e 60. Para abranger esta teoria filosófica, exclui-se a
crítica e a tendência da mudança na ordem estabelecida, estende-se a
estabilidade social onde, a funcionalidade americana imprime no Serviço Social
um aspecto tecnocrático. Mantém-se a supremacia no inicio da ditadura, porém,
se perde por que seus elementos mais conservadores, ligados à condição
catolicista não tem expectativa nesta proposição de reforma.
Propõe–se o conservadorismo da profissão e que surgiu do rompimento
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dosmodelos tradicionalmente do Serviço Social, tende-se a repô-lo sobre o apoio
teórico metodológico novo que repudia os modelos marxistas. Este se deriva do
deslocamento catolicista da profissão, intentando para os renovos do
conservadorismo a partir de um esforço teórico mais sofisticado, de inspiração da
fenomenologia existente. Existe uma distância das propostas da profissão para a
ditadura, destacando a conceituação absorvida. Entendemos que exista uma ética
relacionada à humanização cristã psicológica, da especificidade só Serviço
Social, que está presente na profissão desde a metade dos anos 70, mas não
atende na profissão.
A tendência conservadora presente nestas proposições, embora não seja
predominante em reproduzir teoricamente do Serviço Social atualizado, tendo em
vista o revigorante exercício social tendo como fortalecimento de indivíduos,
famílias ou grupo.
Na Intenção de Ruptura, a ruptura parte da critica aos seguimentos
“tradicionais” na profissão, quer romper com o pensamento conservador
positivista na profissão e com intervenção conservadora. Tem dificuldades de se
colocar na ditadura, recebe influência dos Serviços Social reconceituado latino-
americano.
Manifestam-se incredulidade na corrente modernizadora, da eminência que
os profissionais assistentes sociais fazem dos operários que, categoria que
nascem as novas concebidas assistentes sociais. Existe um antagonismo ao
Serviço Social tradicional, porém não bem sucedidos na organização das
propostas de intervenções.
As principais características desse processo de renovação foram à
instauração do pluralismo teórico, ideológico e político no cotidiano profissional;
desigualmente concebida quanto aos profissionais – qualidade de uma boa
formação, exercício prático como alvo no Serviço Social e a constituição de
segmentos de militância, principalmente os que estão incluídos na vida
universitária, voltados para a investigação e pesquisa entre outros.
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2 . SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
Conclui-se então que, o Serviço Social emergiu-se como profissão a partir
da prerrogativa de se consolidar enquanto ciência, extinguindo a sua
característica de profissão de ajuda, de caridade. Ela dependia de uma
progressiva ação do Estado na regulação no socialismo, na ocasião governada e
gerenciando as divergências de classe. É quando o Estado se ampliava,
passando a tratar o problema social não só pela coação, mas recorrendo a
opiniões da sociedade, que eram criadas nas bases históricas da nossa demanda
profissional. A burguesia, mas precisamente as damas de caridade praticavam o
bem e resolveriam os problemas sociais através da reforma dos costumes de
cada um. Para tanto, estas acreditavam que a situação da pobreza era motivada
por eles mesmos e que só uns bons conselhos e uma ajuda inicial seriam o
suficiente para melhorar sua vida.
Inicialmente foram dadas as igrejas e posteriormente se difundido por
pequenos bairros até conquistar um espaço na cidade completamente. Partindo
deste instante, as nobrezas femininas passaram a ter conhecimento da indigência
de cada pessoa, observando atentamente cada necessidade. O Serviço Social
tinha nos seus problemas sociais o alicerce como a especificidade, o trabalho.
Os problemas limitavam-se na discussão social e reproduziam numa
perspectiva em outro marcos, poucos analisavam e subsistiam a um acordo entre
capital e trabalho.
Ao aproveitarmos, a classe do estudo social realizava uma análise na
perspectiva da situação em que se encontravam a maioria da população – aquela
que só tinha a venda da sua força de trabalho as condições de conferência para a
sua sobrevivência de trabalho garantindo assim a sua existência. Diferentemente
os trabalhadores no âmbito do capitalismo, a acessibilidade nos direitos, nas
situações de vida, analisavam as desigualdades e buscavam a forma de superá-
las. É entender as causas das desigualdades, e o que essas desigualdades
produziam, na sociedade e na subjetividade dos homens.
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Três pressuposições baseadas no empenho para corroborar novos pilares
aconteceram: 1) A apropriação teórico-metodológica no campo das grandes
matrizes de pensamento social; 2) Empenho político nos deslocamentos da
sociedade e 3) Aperfeiçoamento técnico-operativo. Esses elementos foram
complementares entre si, mas, aprisionados em si resultam nas três armadilhas
vividas naquela época conforme Iamamoto (2012, p.53).
Com base nos dois elementos do projeto proposto em 1996 reproduziu-se
um rompimento com a concepção de 1980: 1) Considerar a questão social como
base de fundação sócio histórica do Serviço Social; e, 2) Aprenderem a prática
profissional como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo de
trabalho, segundo Iamamoto (2012, p.57). O conhecimento deve ser encarado
como um meio de trabalho do assistente social. O Serviço Social não é uma
profissão liberal, e sim trabalhadores assalariados, visto que, parte dos meios ou
recursos materiais, financeiros e organizacionais necessários ao exercício
profissional é disponibilizada pelas entidades empregadoras.
Ao pensarmos que, na ocasião da origem do Serviço Social como uma
profissão registrada na divisão social do trabalho, sucedeu-se apenas a sua
dimensão técnica que lhe garantia na sociedade eficácia e competência
profissional. Com os movimentos sociais buscou-se intensificar essa visão
unilateral. Os profissionais assistentes sociais da classe trabalhadora tem um
ponto de vista crítico, e estão ponderando muito mais do que uma questão
operativa, instrumental ou de identidade profissional. Segundo Iamamoto (2012,
p.58),
O assistente social é o profissional que trabalha com políticas sociais, de corte público ou privado e não resta dúvida ser essa uma determinação fundamental na constituição da profissão, impensável mais além da interferência do Estado nesse campo.
Tencionando sem negar que tais aspectos estão pontualmente avistados
podem ser a inquietação mais direta de um ou outro assistente social mesmo
nestes casos, e independente das intenções imediatas, há muito mais em jogo
que a habilidade profissional de uma dada prática perceptiva4. Em qualquer
4 Sobre essa discussão, no âmbito do Serviço Social, consultar Manrique, Manuel Castro, História do Serviço Social.
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espaço profissional, o Assistente Social poderá agir numa perspectiva mais crítica
e segundo o projeto ético-politico da categoria observar a necessidade de cada
usuário que procura a rede pública para suprir suas necessidades, a ação
profissional tem como funcionalidade reconhecer a necessidade de pensar a
prática, segundo elementos teóricos que darão fundamentos e suporte a sua
atuação.
O projetar de uma ruptura teórico-prática com um fazer profissional tradicional, conservador, contribui prioritariamente na mera e simples reprodução do existente, realmente não efetivará sem que espaços de formação e de prática enfrentem a questão nefrônica no Serviço Social – a relação entre teoria/realidade, o que depende do resgate da unidade entre científica e meio profissional. Não há projeto de formação profissional, nessa direção, que tenha sustentação, sem enfrentar a questão do fazer profissional, assim como não é possível um projeto de profissão sem o enfrentamento da relação teoria/prática (VASCONCELLOS, 1998: p. 122).
Segundo Vasconcellos (2007, p.101), a profissão dos Assistentes Sociais,
mesmo tendo sido regulamentada como uma profissão autônoma na sociedade
brasileira, não outorga ao profissional autonomia suficiente para conduzir seu
atendimento aos usuários, sejam indivíduos ou grupos. O fato de que o assistente
social tenha que vender sua força de trabalho por um salário, especifica a sua
relação de subordinação em face às exigências do empregador.
Assim, a atividade profissional muitas vezes não é direcionada e executada
de acordo com sua vontade, com a ressalva de possuir, mesmo que
minimamente, a iniciativa e independência de realizar seus atendimentos. O
assistente social, ao incluir-se no processo de trabalho, não está aprofundando-se
num terreno exclusivamente seu. Está, na verdade, muitas vezes no âmbito de
um processo de trabalho coletivo que não foi por ele organizado, mas isso não
demanda na perda da autonomia ética e técnica que o profissional possui.
No entanto, essa abordagem, na qual o Serviço Social é introduzido em
processos de trabalho coletivos, remete-nos respondercomo isso pode acontecer
sem que a profissão perca sua singularidade. A totalidade que nos faz detectar as
particularidades do trabalho do assistente social, ou seja, mesmo compartilhando
um único processo de trabalho com outros profissionais, o assistente social se
diferencia destes por ser possuidor de elementos como matéria-prima,
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instrumentos de trabalho e força de trabalho, criadores da história (Iamamoto,
2012, p.185).
Portanto, Iamamoto (2012, p. 42-44) afirma que é possível pensarmos a
formação da categoria dos assistentes sociais enquanto força de trabalho inserido
na divisão de serviços, o profissional tem que atuar sem qualquer individualidade,
ou seja, sempre trabalhar não com retração do Estado, mas num coletivo, do qual
se situa no campo das políticas sociais públicas e privadas. Do mesmo modo,
podemos refletir sobre alguns elementos subjetivos que delineiam não só essa
força de trabalho como o próprio processo de trabalho, seus objetos, meios e
produtos, além das formas de administração e organização. Os trabalhadores que
atuam no setor de serviços, entre eles o assistente social, são possuidores e
propagadores de saberes e exercícios diferentes que se interligam.
A constituição e expansão do Serviço Social como força de trabalho
atuante no setor de serviços e, em particular, no âmbito das políticas sociais e de
assistência, como parte de uma estratégia de enfrentamento da questão social
em várias de suas expressões, envolve também certos processos socioculturais.
Por exemplo, a condição de gênero, que determina uma posição de
subalternidade própria da condição da mulher no interior da nossa sociedade,
imputando marcas indeléveis ao processo de proletarização da profissão.
Considerando que, o Assistente Social tenha um olhar voltado para a
atualidade no exercício da saúde, da habitação, do terceiro setor e afins, divulga-
se a possibilidade de como executar sua profissão numa sociedade capitalista,
uma sociedade desigual, dividida em classes e que essa desigualdade marca
qualquer acesso à propriedade de produção num contexto de política social
desestabilizadas.
Iamamoto e Carvalho (2005, p.98) relatam,
A sobrevivência e a reprodução da classe trabalhadora na sociedade capitalista dependem fundamentalmente do salário que o trabalhador recebe em troca da venda de sua força de trabalho no mercado; isto porque se trata de trabalhadores assalariados, despojados dos meios de produção e dos meios de vida, os quais se encontram monopolizados pelos proprietários do capital e da terra.
Neste sentido, a aptidão política e teórico-metodológica ampara o
assistente social a demarcar os alcances da sua prática profissional que envolve
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desde a especificação do terreno da atuação do Serviço Social e suas
implicações político-ocupacionais até a posse dos recursos técnico-instrumentais
para analisar e intervir sobre alguma faceta da realidade, bem como para ordenar
e refletir sobre sua própria prática.
Trata-se de uma profissão ultrapassando relações de classe, ao passo que
se tem uma composição social, predominante feminina, o que abate a sua
imagem na sociedade e as probabilidades sociais vigentes diante da mesma. Este
feitio de classe esclarece, em parte, os traços de subalternidade que a profissão
impregna-se diante da grandeza da autoridade e reconhecimento secular
predominante e acadêmico. O envolvimento com os valores humanistas atual na
cultura profissional vem sendo, ao longo de sua historia, depurado de um
humanismo abstrato para um humanismo concreto, regresso à criação de
condições para que o isente crescimento de cada um, seja condição para o
desinteresse primoso de todos o que passa pela afirmação de valores de
democracia, dos direitos humanos e de cidadania para todos. O que se confirma
em Netto (1999, p.95).
Diz que os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas de sua relação com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais.
Esta sociedade com seus componentes essenciais, assim como o método
de trabalho da mesma forma que o seu produto não são apenas alvo, são
também valores de permuta. Vive-se na sociedade a predominância do interesse
universal, onde toda atividade tende a ingressar no contorno do valor, passível de
ser comprado e vendido.
O desenvolvimento da análise do Serviço Social possui um efeito nas
condições materiais e sociais daqueles cuja intensidade depende do trabalho. Em
outros processos, tem um efeito de reprodução da influência de atividades, único
comércio de reprodução que ao ser colocado em ação, ao realizar trabalho é
fonte de valor, ou seja, cria mais valor que ela custou. Ela está no meio
confidencial da formação em abundância social na sociedade capitalista. E o
ELZA RODRIGUES
Serviço Social tem grande participação na reprodução da força de trabalho
através dos serviços de cunho social previstos em programas, a partir dos quais
se trabalham nas áreas de saúde pública, habitação e outras.
Assim, o Serviço Social é socialmente necessário porque ele atua como
referência a sobrevivência social e material dos setores com a maioria da classe
trabalhadora. Torna-se possível o acesso não só a recursos materiais, mas as
ações executadas incidindo sobre as condições de sobrevivência social destes
cidadãos. Portanto, é nítido que o Serviço Social tem um papel no processo de
procriação como o movimento da produção na sua persistência.
Tem-se conhecimento de que a visualização do profissional assistente
social também tem efeitos na sociedade enquanto um profissional que incide no
campo da competência, dos princípios, das condutas, tendo como consequência
real a intervenção à vida das pessoas.
Nenhuma sociedade resiste apenas à base da coação, mas para
sobreviver tem que origina consenso de classes, base para construir uma
hegemonia5 na vida social. De outro teor, o assistente social é chamado hoje a
atuar no âmbito dos Conselhos nos atuando mais diversos campos da profissão.
Deste modo, questiona-se, de formas os profissionais poderão efetivamente
contribuir para o acesso a direitos e políticas públicas, e na emancipação da
população.
Reforçam-se os interesses de segmentos destes profissionais na
coletividade. Evoluem nesta direção ao socializarem instruções que subsidiem a
formulação e ou gestão de políticas tendo como informações dos recursos
disponíveis se beneficiando destes direitos, ao viabilizarem o uso de recurso legal
em prol dos interesses da sociedade civil organizada; ao interferirem na gestão e
avaliação daquelas políticas, ampliando o impulso às informações para os
indivíduos sociais onde possam lutar e ter poder de decisão nos rumos das suas
vidas em sociedade (IAMAMOTO e CARVALHO 2001, p.76).
Não se extenuam a análise do produto do trabalho desenvolvido pelo
assistente social, como leitura espontânea, ele tem um efeito na sociedade do
ponto de vista da produção de valores ou da riqueza social, ao fazer parte da
classe coletiva de trabalhadores. Assim, caso esta especificação do trabalho não 5 Hegemonia - usado como influência, domínio, pautando-se na definição utilizada por Iamamoto (2012, p.18).
ELZA RODRIGUES
tivesse alguma função a executar no processo de produção, na ótica dos
interesses capitalistas, não seria contratado pelas camadas sociais.
Atualmente o Serviço Social vem se caracterizando com atenção
fortalecida como profissão intervencionista e propositiva que luta pela defesa
intransigente dos direitos sociais, utilizada dentro das políticas públicas e políticas
sociais recusando inferências governamentais, sociais e políticas, garantindo e
efetivando os direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras.
Enquanto profissão, vivência, e discute a questão dos direitos sociais na
sociedade capitalista no qual entendemos como uma sociedade desigual e
excludente onde, o profissional assistente social vê este paradigma da injustiça
social, remetendo esta luta como um direito e não como um bem a ser adquirido,
sistemático ere-filantrópico.
Desta forma, tomamos como base o estudo apresentado por Iamamoto
(2012: p28), para confirmar que:
É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movidos por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade.
Diante dos fatos, contidos na sociedade capitalista que circundam a
população da classe trabalhadora6 faz-se desocultar, muitas dessas contradições
no intuito de instigar o fortalecimento dos sujeitos sociais pelas lutas da
ressocialização, manutenção e ampliação dos direitos, abrindo caminho para
diversos leques de possibilidades de trabalho do Serviço Social onde estes
contribuam no fortalecimento da classe menos favorecida.
Ainda em Iamamoto (2012, p.70), temos que, “A análise das características
assumidas pelo trabalho do assistente social e de seu produto depende das
características particulares dos processos de trabalho que se inscreve”,
confirmando que trabalho e formação profissional situam-se nas respostas que
cada profissionaldo Serviço Social designa um desafio, indicando que o
desempenho dos profissionais assistentes sociais deverá estar adequado ao 6Taisfatos permitem que seja criado um monopólio jurídico no Estado. Portanto, na sociedade burguesa, conceito de democracia se transforma que o problema da representatividade e participação política se faz presente. (GUIMARÃES, G. T. D. Mercado de Trabalho dos Assistentes Sociais. Porto Alegre, 2002)..
ELZA RODRIGUES
projeto ético-político, que estejam compromissados com a construção da
cidadania, cultivado na democracia, fazendo parceria com a equidade e a
liberdade.
Essa prática solicita uma articulação profissional do Serviço Social nos
interesses e necessidades dos usuários no contexto das diversas demandas com
um atendimento mais humanizado nos tempos atuais. E isto se reflete no
atendimento que deve ser prestado no âmbito das políticas de saúde.
ELZA RODRIGUES
3. ANÁLISES DA COLETA DE DADOS
Refletir sobre “A leitura profissional do assistente social diante de sua
demanda na atualidade” como uma prática profissional do serviço Social nos
trabalhos que são atribuídos á categoria, são elementos decorrentes das
complexas dimensões que perpassam pelas questões da demanda na atualidade,
vemos as desigualdades na distribuição de renda, escassez de políticas e a
crescente precariedade das condições de vida da população que são visíveis em
toda parte.
Diante disso, foram entrevistados profissionais de diferentes áreas para
que pudéssemos avistar a eficácia deste processo.
Dentre essas áreas elegemos profissionais que apresentaram disposição
em seus relatos, como: Saúde, Terceiro Setor, Setor Privado, Empresa, Habitação
e Educação.
3.1 Compreensão do projeto ético-político do Serviço Social
a) O projeto ético político do Serviço Social na saúde, a falta de
aprimoramento profissional, desqualificação dos serviços prestados à
população/paciente, condições inadequadas de trabalho dificultando a efetivação
instrumental da profissão, entretanto é necessário que o profissional tenha uma
postura critica diante de mudanças significativas da realidade social capaz de
compreender, identificar e analisar para que execute as ações de forma a
consolidação da igualdade de direitos e da equidade social.
(b) O profissional Assistente Social do Terceironos relatou que, os principais
desafios referentes o projeto ético-político se encontram alojados na dimensão da
produção de conhecimento no interior do Serviço Social, onde se apresentam as
dificuldades dos registros e os processos reflexivos do fazer profissional. Na
dimensão político-organizativo da profissão a democratização dos serviços e a
efetivação da participação social. Na dimensão jurídico-política da profissão o
aparato legal encontra-se ínfero e não obtendo seu devido destaque, isso se dá
ELZA RODRIGUES
pela própria dificuldade de consolidar o conjunto das leis advindas do capítulo da
Ordem Social da Constituição Federal de 1988.
c) No relato do Setor Privado é preciso que os profissionais compreendam
o projeto ético-político da profissão, vejo ainda, poucos profissionais envolvidos
neste debate, como se já soubéssemos tudo a respeito, isso é uma inverdade. A
perspectiva de garantia de direitos é o que nos move, portanto não entendo que
seja um processo de ampliação, pois se em algum espaço não há esta
perspectiva não é serviço social.
(d) Os profissionais Assistentes Sociais atuantes nas empresas, referente
o projeto ético-político se encontram alojados na dimensão da produção de
conhecimento no interior do Serviço Social, onde se apresentam as dificuldades
dos registros e os processos reflexivos do fazer profissional. Na dimensão
político-organizativo da profissão a democratização dos serviços e a efetivação da
participação social. Na dimensão jurídica - política da profissão o aparato legal
encontra-se ínfero e não obtendo seu devido destaque, isso se dá pela própria
dificuldade de consolidar o conjunto das leis advindas do capítulo da Ordem
Social da Constituição Federal de 1988.
e) A atuação do profissional Assistente Social na habitação vem fortalecer
esta profissão que possui um Código de Ética Profissional, apresenta caráter
jurídico e normativo. Ou seja, é através dele que o assistente social é norteado
para desempenhar seu trabalho. O Código de Ética representa o compromisso
ético-político dentro da compreensão que define os direitos e deveres dos
assistentes sociais dentro do projeto.
O Serviço Social é uma profissão que trabalha com as diversas expressões
da questão social. Esta, por sua vez, refere-se às manifestações que são
estabelecidas através do sistema capitalista (no qual os resultados obtidos no
trabalho não são distribuídos de maneira igualitária). Essas desigualdades são
comuns em muitas áreas, como é o caso da habitação, possibilita que a
população beneficiada não seja apenas contemplada com uma unidade
habitacional, mas sim que essa população tenha condições de exercer sua
cidadania de modo a promover sua autonomia e inclusão social.
O início do trabalho social se dá através do diagnóstico social da localidade em
que o projeto será desenvolvido. O assistente social deve fazer a leitura da
ELZA RODRIGUES
realidade na comunidade. Porém, essa leitura não deve ser feita apenas com
base nos dados estatísticos e informações objetivas. O assistente social deve
estar preparado para ver a realidade social como ela é, não apenas como ele
quer que ela seja. Ele não deve fazer juízo de valor e ver somente o que sua
razão permita que ele veja.
f) Enquanto que na educação, a partir do projeto ético-político profissional,
os desafios se colocam na ampliação da inserção de Assistente Social, como
profissional que atua na ampliação e na garantia de direitos tenho uma posição
política que não me permite atuar a partir do chamado projeto ético-político
profissional por discordar da sua linha de pensamento. O projeto do qual nós
abraçamos é o projeto da classe trabalhadora e, portanto, é um projeto classista e
claramente a favor do proletariado.
Nesses últimos anos, lamentavelmente o serviço social tem se pautado
num projeto corporativista que foi denominado de projeto ético-político e que
acabou sendo “cooptado” pelo governo petista. Ao se atrelar ao governo federal, o
projeto ético-político tornou-se um projeto governista e não projeto da classe
trabalhadora.
Evidentemente, por essa lógica, a luta pela ampliação e garantia de direitos
tornou-se o grande desafio do projeto ético-político, realizada, especialmente, por
intermédio de reformas de governo. De reforma em reforma, vai-se
“humanizando” o capitalismo, como se isso fosse possível. Ora, o Marx foi o
primeiro a apontar que o capitalismo é incorrigível e a história é a maior prova
disso. A questão, entretanto, não é negar a luta pelos direitos, mas de ampliar o
horizonte dessa luta na perspectiva de emancipação humana que pressupõe a
destruição e superação do capitalismo.
A luta pelos direitos se limita à conquista da emancipação política que, de
certa forma, o capitalismo garante. O horizonte marxista aponta a luta pela
emancipação humana que significa a conquista da liberdade plena do ser
humano. Isto sim é um grande desafio e só é possível numa sociedade
comunista.
O resto é reformismo pautado no positivismo para perpetuar o capitalismo
com seu estado burguês, responsável pela eterna reforma realizada de acordo
com seus interesses e suas conveniências.
ELZA RODRIGUES
3.2 Dificuldades e desafios frente à atuação profissional
a) Segundo os Profissionais da Saúde, disseram que as dificuldades se dão
na redução da efetivação, de políticas sociais com precários investimentos por
parte do Estado contribui para desestruturação das condições de vida do
paciente\ usuário, das políticas publicas de saúde, também a correlação de força
institucional criando assim, entraves no desenvolvimento da pratica do Assistente
Social. Desse modo, nos deparamos com profissionais não capacitados pelo
cargo que ocupam, deixando de atender adequadamente a demanda existente,
temos assim o desafio de criar estratégias de intervenção para atender a
população solicitante.
b) No Terceiro Setor, as dificuldades e desafios se encontram em situações
de urgência e de emergência, de extrema pobreza e de vulnerabilidade de
pessoas e grupos sociais, além de assegurar os direitos e contribuir para que as
pessoas tenham acessos aos direitos constitucionais. Outra dificuldade é a
questão salarial, que em muitos casos, não são satisfatório.
c) No Setor Privado, os profissionais Assistentes Sociais relataram que, os
obstáculos e os desafios da atuação profissional no seu campo de trabalho se dá
no contexto do conhecimento que é à base de toda profissão, desafios existem
em qualquer campo de atuação, neste especificamente é envolver-se de forma
intersetorial em outras áreas: administrativas, industriais, agrícolas, pois só
conseguimos realizar gestão de trabalho, se compreender o todo do trabalho
desenvolvido e assim, defendermos a classe trabalhadora.
d) Na Empresa, profissionais expressaram que, permeia-se um diferencial
no qual o profissional Assistente social está sempre se reciclando para melhor
desenvolver as suas funções. O desafio é fazer com que a responsabilidade
social esteja presente no cotidiano das empresas.
e) Já na habitação, o longo do processo de desenvolvimento urbano, as
políticas públicas defasadas e desengonçadas, destilou o trabalho do Assistente
Social no contexto profissional denotando de notando as desigualdades
socioeconômicas que foram reafirmadas e reproduzidas por políticas públicas e
ELZA RODRIGUES
legislações em grande parte elitistas e excludentes. Aterrar cursos d’água e
alagados, habitar precariamente em palafitas e cortar encostas vêm sendo as
formas mais efetivas de “acesso” à moradia para parte significativa dessa
população nas grandes cidades brasileiras, mesmo que isso signifique viver em
situação de extremo risco.
f) As dificuldades e desafios na Educação são enormes e elas são
provocadas, em primeiro lugar, pelo próprio sistema capitalista, ou seja, enquanto
existir o capitalismo irá persistir, por exemplo, a alienação da relação social
estabelecida;
A dificuldade provém também da prática autoritária do estado burguês e
que se reproduz nos campus universitário como também na sociedade mais
ampla, refletindo diretamente no nosso trabalho profissional. A incompreensão
vinda de responsáveis por uma educação de valor sempre foi um resultado de
aluno psicologicamente afetado, juridicamente prejudicado e politicamente
encurralado o que não é nada interessante para a luta coletiva. Como assistente
social, vemos que a educação sempre esteve em mãos não adequadas para
exercer tamanha responsabilidade.
Tudo isso gera um grande desafio a enfrentar e superar no nosso trabalho
profissional, tais como: provocar o despertar da consciência crítica e coletiva que
canalize para a luta de classes; tirar o trabalhador da “zona” de conforto, da
acomodação e da passividade; promover o sentimento de pertencimento à coisa
pública; estabelecer uma política em diversas áreas; construir a transversalidade;
assegurar trabalho profissional e não amadorismo; superar ações fragmentadas;
desconstruir a cultura da politicagem na educação.
3.3 Relações teóricas, prática e técnico operativos para atuação profissional.
a) Na Saúde, o profissional relatou-nos que a relação teórica, prática e
técnicas operativas para atuação é por meio de articulação entre mecanismos ou
instrumentos para estruturação e fortalecimento de espaços na execução de
políticas sociais que possibilite a viabilização na defesa e garantia dos direitos
sociais.
ELZA RODRIGUES
Acreditamos que a forma mais concreta de fortalecermos nossa atuação consiste
na conscientização e informação de quem somos e para o que trabalhamos. Isto
se faz no diálogo cotidiano com os usuários atendidos, com a equipe
multiprofissional, com a rede de atendimento. E também com a reflexão crítica da
forma que trabalhamos, acredito que a continuidade e atualização acadêmica e a
reflexão da atuação profissional são instrumentos valiosos para fortalecimento da
atuação do assistente social dentro das Políticas Sociais.
(b) Para o profissional do Terceiro Setor, estes expressaramque o aspecto
preponderante para o fortalecimento do espaço ocupacional está no combate das
formas de mercantilização da força de trabalho, no processo de construção das
identidades individual e coletivas, na organização e das condições de trabalho,
melhorar as condições de representação profissional além de consolidar os
direitos sociais.
(c) No Setor Privado, o profissional Assistente Social disse que é necessário
ampliar dentro da categoria a discussão da atuação do Serviço Social no setor
privado, pautado no compromisso ético político da profissão. O processo de
trabalho necessita fomentar pesquisas que possam avaliar os impactos das ações
de responsabilidade social na sociedade.
(d) O profissional Assistente Social na empresa, considerou que, de um
lado o poder econômico e de outro a classe trabalhadora, o serviço social está
inserido como trabalhador, mas na defesa incondicional dos direitos dessa classe
(que é dele mesmo), acredito que as empresas contribuem com o fortalecimento
das políticas sociais sim, através principalmente dos benefícios oferecidos: plano
de saúde, alimentação saudável, qualidade de vida, entre outros,
desresponsabilizando o setor público, deixo claro, que não entendo que as
empresas não os oferecem por caridade, mas por que o próprio mercado exige e
hoje a demanda de profissionais está cada vez mais difícil para seu recrutamento.
e) Profissional da habitaçãoO assistente social não pode ter um olhar
reduzido e simples, mas sim um olhar profissional crítico. Ele também deve estar
atento ao que não vê, como sons e ruídos, por exemplo, dentro da relação
teórica, prática e técnicas operativas, esta é a maneira mais comum de conhecer
a realidade local e das famílias de uma comunidade. Na realização de seu
trabalho operacional é possível conhecer as necessidades e demandas de cada
ELZA RODRIGUES
família. No momento em que se inicia o levantamento de dados, cria-se a
possibilidade de uma relação de confiança entre o assistente social e o
beneficiado.
É através desses relatos e depoimentos que, muitas vezes, o assistente social
toma conhecimento da real situação da família. As informações obtidas durante o
seu trabalho devem ser respeitadas para manter a privacidade do beneficiado,
como consta no Código de Ética Profissional do Serviço Social.
(f) Com os profissionais da educação relataram, os aspectos
preponderantes para o fortalecimento do espaço ocupacional na reconstrução do
sentido teórico-prático e técnico operativo, como lócus privilegiado da ação
profissional seguramente há uma contribuição no processo organizativo dos
trabalhadores de base. Sem esse elemento não há mudança almejada e
planejada no espaço profissional. Sem isso não há a emancipação humana.
3.4 Satisfações profissionais no campo de trabalho em que está inserido/a e qual a perspectiva de formação profissional para atuação neste espaço.
a) Na área da saúde nos deparou com situações adversas, porém, o foco
principal é o respeito ao próximo a fim de construir ações com objetivo de atender
as necessidades apresentadas pela população usuária, utilizando-se de
mecanismo próprio para execução do serviço desenvolvido não somente dentro
da instituição, mas atingindo uma totalidade no acompanhamento por
profissionais capacitados, a fim de continuar o processo de recuperação e
reabilitação domiciliar junto ao paciente após alta hospitalar. E, para que ocorra
tal processo é necessário que tenhamos profissionais com capacitação teórica,
regido pelo código de ética profissional dos assistentes Sociais, com o
compromisso de defesa e garantia dos direitos sociais, tendo maior flexibilidade e
enfatizando o fortalecimento da classe com os demais profissionais.
b) O terceiro setor, consideramos de forma efetiva e preferencial nesta área
que nos estimula a profissionalização do setor a fim de romper com os estigmas
caritativos, o enquadramento dos serviços, programas e projetos dentro da
política de assistência social, contribuir para a subsistência financeira e o
ELZA RODRIGUES
fortalecimento institucional em seu território. A formação para atuação no terceiro
setor confere com o arcabouço teórico/metodológico da formação do assistente
social.
c) No Setor Privado a responsabilidade social prevê ética em toda a cadeia
produtiva, desde a compra de matéria prima de fornecedores conscientes com as
questões ambientais, no descarte correto ou reaproveitamento dos seus resíduos,
na justa remuneração dos seus funcionários, na valorização da mulher e nos
projetos sociais voltados para a área do seu entorno. Além de ser reconhecida, na
minha profissão sou reconhecida e muito requisitada para, ir mais que além de
uma profissão fazer valer os direitos dos usuários.
d) Profissional na empresa eu acredito que a satisfação profissional não
está limitada ao que o campo proporciona de oportunidade, mas ao profissional,
porém não exclusivamente, o que pretendo dizer é que o desenvolvimento do
trabalho, sua satisfação tem haver com os aspectos pessoais do ser humano, nas
suas potencialidades, sem descartar é claro, as limitações institucionais, que nos
impõem muitas vezes demandas e restrições que nos afligem, mas temos que ter
o poder de resolutividade, de pró-atividade, que reflita e argumente para que
possamos desenvolver a proposta profissional.
Como esta primeira questão na verdade é duas, a segunda questiona sobre a
perspectiva da atuação profissional nesta área, é ampla, existe o campo, mas
poucos profissionais habilitados precisamos nos capacitar em gestão de RH, em
Responsabilidade Social, deixar nossa visão umbilical quanto à atuação
profissional, pois empresas requerem profissionais que tenham competência,
habilidade e atitudes, porém poucos profissionais se desenvolvem nesta
perspectiva.
e) Na Habitação é um privilégio desempenhar este papel, pois acredito que
o profissional diante a sua demanda deva prevalecer o usuário, pois nada mais
justo é fortalecer o sistema de cidadania plena dele, pois este a já possui.
Observando todos os aspectos positivos e negativo berrantes na habitação é
importante que tenhamos a dignidade de ser e ter o compromisso ético para
exercer este papel que é fundamental para a população carente.
f) Profissional da educação, nesta perspectiva, não há como não
mencionar a satisfação profissional, pois a criação do conhecimento científico
ELZA RODRIGUES
caracteriza um caminho para que o profissional atue na direção de provocar a
organização coletiva tanto dos estudantes quanto dos trabalhadores, a partir da
sua efetiva inserção nos vários projetos sociais. Em outras palavras, essa é uma
forma de evitar o assistencialismo à medida que não adotamos qualquer prática
ou ação isolada. E tudo isso tem um horizonte maior que é conquistar a
emancipação humana, via transformação social.
Ora, com esse horizonte não há como se pensar em trabalho profissional que não
assegure uma perspectiva de formação profissional ou, mais do que isso, falamos
de formação humana. E como a minha área de atuação é educação, além de
contar com a presença frequente de acadêmicos bolsistas ou não, conto com a
diversidade de áreas de formação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que, na atualidade a diversidade de atuação no campo
profissional do Assistente Social é de se pensar que na realidade a multiseriedade
é apropriada pela leitura, pois a cada situação é um contexto de construção para
o seu exercício profissional.
Há de se pensar que, na atualidade o profissional Assistente Social aduz
sua profissão no contexto histórico onde a política social está amplamente
desestabilizada devido a sua complexidade em cada área.
Poder-se-á, situar que em todo campo profissional é orientado na teoria e
na prática, pois estão subsumidas no processo das objetivações humanas, isto é,
a teoria é o que factível a explicar, interpretar, examinar o objeto o qual é
resultado de uma prática social. Portanto, há uma relação teoria/prática e vice e
versa. É dessa forma que se pode inferir a relação de unidade entre um
movimento de apoderar-se do mundo pelo ideal e a intervenção material, entre
teoria e prática.
Toda prática tem um significado social conduzindo ao elo da cidadania
questionada a socialização do indivíduo a sua complexa atuação, ela é
constituída por determinações que tem uma legalidade interna e, portanto,
ELZA RODRIGUES
inteligível à razão. Portanto, essa legalidade não é aparente, é necessário um
movimento que gere um conhecimento teórico sobre esse fenômeno.
Surpreendemo-nos nas questões das demandas contundentes na
portabilidade das ações que norteia a profissão, pois a mesma adquire a
inteligibilidade no sentido da história sobre sua expressão nas presentes épocas
da cotidianidade. Somente o conhecimento teórico sobre os fenômenos – que são
objetos de intervenção dos assistentes sociais e, ao mesmo tempo, processos
sociais – é que pode oferecer o significado social de sua ação.
Portanto a relação teoria/prática encontra-se em uma apreensão teórica
que possibilita a compreensão das práticas profissionais e a estrutura de seus
objetos. Ela explicita as tendências presentes no movimento da realidade, bem
como as manifestações particulares no campo sobre o qual incide a intervenção
profissional. Conforme Iamamoto (1992: p.179), a recessividade é normal dentro
de todas as profissões da atualidade, a prática e a teoria são embasadas na real
confirmação do papel do Assistente Social.
Não se pode negar que, a análise crítica das demandas e das respostas
dos profissionais possa estar deslumbrada no principio da igualdade, pois se
integra premissa da história.
As leituras necessárias a essa investigação nos indicaram que o real
significado desses mitos ou equívocos da profissão perpassa por três questões, o
compromisso para com os usuários, o conhecimento do código de ética e o infiltra
mento da cidadania na conduta social. No que concerne ao primeiro aspecto,
quando a categoria profissional afirma que na prática a teoria é outra, parece
estar utilizando a palavra práticasinônimo de mercado de trabalho ou instituições
empregadoras e a palavra teoria como sinônimo de formação profissional ou de
conhecimentos.Isto comprova que a equivalência é fundamental para não afligir a
sociedade.
A distância mercado de trabalho e formação profissional aumenta ou a
pensar que formalmente estamos a integrados num mundo, partindo do momento
em que são poucos os canais de socialização de informações entre o diverso
órgão formador e profissional consciente da leitura que o Assistente Social
compete.
Ao desafiar a profissão devem estar situados nos instrumentos e técnicas
ELZA RODRIGUES
que o Serviço Social e suas demandas inferem na sociedade na atualidade de
seu propósito.
É preciso entender que na profissão do Assistente Social é importante
investir em aperfeiçoamento, pois só assim estará apto para trabalhar com as
novas situações postas no cotidiano, para que possa legitimar sua prática
profissional e preservar seus espaços de atuação.
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