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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ESCRITA PARA
OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE
HOSPITALAR
Grace Nascimento Thompson
Orientadora: Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ESCRITA PARA
OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE
HOSPITALAR
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior, da Universidade Cândido Mendes, como requisito para obtenção do certificado. Por: Grace Nascimento Thompson.
3
À Deus, pela luz que sempre iluminou os meus passos
em todos os momentos, principalmente naqueles que
pensei que não iria conseguir.
Às amigas Maria Clara Gomes e Thaís Regina, por
terem me auxiliado e feito entender o verdadeiro sentido
da palavra solidariedade.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o
sucesso desta pesquisa.
4
Ao meu filho, Edmilson Thompson, pela paciência e
compreensão. Esta vitória dedico a você, que está ao
meu lado em todos os momentos.
5
RESUMO
Este estudo monográfico apresenta como objeto de estudo a
comunicação escrita exercida pelos profissionais de enfermagem no ambiente
hospitalar. O objetivo é mostrar a importância do uso de uma informação clara,
para a orientação da equipe multidisciplinar da área de enfermagem, visando a
melhoria da qualidade da assistência. Na prática de enfermagem a
comunicação exerce um papel ainda mais importante. A comunicação é “a
mola mestra que leva a equipe de enfermagem a compreender o valor da
enfermagem planejada”. O prontuário do paciente, por exemplo, representa um
mecanismo de troca de informações entre os membros da equipe e, quando
bem utilizado, possibilita o cuidado contínuo, a avaliação e a qualificação da
assistência. Dessa maneira, a comunicação tem como finalidade proporcionar
meios para que uma pessoa compreenda a outra, transmita e receba
informações, forneça e receba orientação, ensine e aprenda. Assim, esta
pesquisa se justifica, à medida que verifica que a comunicação escrita interfere
diretamente nos serviços prestados pelos profissionais de saúde e muitas
vezes tem sido negligenciada.
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METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo, realizado em torno da revisão de
literatura dos especialistas que abordam a questão da importância da
comunicação escrita para os profissionais de enfermagem no ambiente
hospitalar.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
A ENFERMAGEM FRENTE AOS AVANÇOS DA TECNOLOGIA
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO ORDENADA DO PENSAMENTO
NAS ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM
CAPÍTULO III
A CAPACITAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ATIVIDADES CULTURAIS
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS
FOLHA DE AVALIAÇÃO
08
14
28
39
47
50
54
55
56
57
8
INTRODUÇÃO
O homem é um ser social que necessita do relacionamento com os
demais para melhor viver. Assim, visando uma melhor convivência, ao longo da
história da humanidade, o homem avançou e transformou seu presente em um
constante processo evolutivo. Dentre um desses avanços conquistados está a
comunicação.
Etimologicamente a palavra comunicar vem do latim comunicare que
significa tornar comum. Desta forma, a comunicação é entendida como o
processo de compreender e compartilhar mensagens enviadas e recebidas, no
qual as próprias mensagens, e o modo como se dá seu intercâmbio, exercem
influência no comportamento das pessoas nele envolvidas, a curto, médio e
longo prazo, no local onde ocorreu a comunicação ou mesmo à distância
(DORNELLES apud STEFANELLI, 1999).
No entanto, o caminho percorrido até se chegar ao total desenvolvimento
da comunicação, em particular a escrita, foi longo. Nos primórdios da
comunicação o homem se expressava por gestos, imagens e sons. Só muito
mais tarde é que aprendeu a utilizar sinais gráficos para se referir aos objetos
que conhecia pelos sentidos e que comunicava através dos gestos. Segundo
arqueólogos, o surgimento dos primeiros indícios de utilização de um sistema
linear de escrita remonta ao ano 3500 a.C., na região da Mesopotâmia. Já a
escrita alfabética apareceu entre os gregos em torno do século VIII a.C.
(BORDENAVE, 1985).
A comunicação humana é um processo complexo que envolve
comportamentos e relacionamentos, permitindo que os indivíduos se associem
uns aos outros e com o mundo ao se redor. Segundo Katz et al. (1987), a
comunicação é o intercâmbio de informações e a transmissão de significados.
Outros autores, como Minicucci (1983) e Megginson (1986), definem
comunicação como o fornecimento ou a troca de informações, idéias e
sentimentos através da palavra escrita ou oral, sinais e gestos.
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A comunicação envolve tanto o envio quanto o recebimento de uma
mensagem. Caso a mensagem não seja recebida, não ocorre a comunicação.
Os elementos essenciais do processo de comunicação são: 1) Fonte de
informação ou emissor: é a pessoa que tem a idéia, o pensamento, a
informação que necessita ser enviada (por exemplo, a equipe de enfermagem);
2) Mensagem: é o conteúdo da informação; 3) Receptor: é a pessoa que
recebe a informação; 4) Decodificação da mensagem: é a tradução dos
símbolos para a compreensão da mensagem; 5) Feedback ou
retroalimentação: é o retorno à fonte, demonstrando a resposta ao estímulo
recebido e provocando novos estímulos.
Na prática de enfermagem a comunicação exerce um papel ainda mais
importante. A comunicação é “a mola mestra que leva a equipe de enfermagem
a compreender o valor da enfermagem planejada” (DANIEL, 2003). A
comunicação em enfermagem é o processo pelo qual a equipe de enfermagem
oferece e recebe informações do indivíduo cliente/paciente, para planejar,
executar, avaliar e participar, com os demais membros da equipe de saúde, da
assistência prestada no processo saúde/doença.
Um profissional se utiliza de técnicas variadas para melhor se comunicar
com os pacientes e os demais membros da equipe de saúde. É pelo processo
de comunicação que o profissional de enfermagem estabelece um
Figura 1. Escrita hieroglífica
Fonte: http://www.revista-temas.com
Figura 2. Escrita cuneiforme
Fonte: http://www.revista-temas.com
10
relacionamento de trabalho com a equipe e tenta ajudar os pacientes a suprir
suas necessidades em relação à saúde.
Por sua vez, pode-se dizer que a comunicação escrita, objeto desta
pesquisa, consiste no uso da palavra para transmitir significados específicos.
No entanto, ela só será efetiva quando o remetente e o receptor entenderem
claramente a mensagem.
Frente ao exposto, pode-se definir a comunicação escrita como o registro
de pensamentos, informações, dúvidas e sentimentos, do qual dispõe a equipe
de enfermagem. O prontuário do paciente, por exemplo, representa um
mecanismo de troca de informações entre os membros da equipe e, quando
bem utilizado, possibilita o cuidado contínuo, a avaliação e a qualificação da
assistência. Sendo assim, a comunicação tem como finalidade proporcionar
meios para que uma pessoa compreenda a outra, transmita e receba
informações, forneça e receba orientação, ensine e aprenda.
Então, por mais elementar que as ações de enfermagem possam parecer,
sejam elas de caráter assistencial ou organizativo, a comunicação é o elemento
Figura 3. Esquema de um processo de comunicação
Fonte: KURCGANT, P. Administração em Enfermagem. São Paulo: EPU, 1991.
FONTE DE INFORMAÇÃO
TRANSMISSOR
RECEPTOR DESTINO
MENSAGEM
M E I O
F E E D B A C K
FONTE DE RUÍDO
BLOQUEIO
FILTRAGEM
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que por elas perpassa, influenciando decisivamente na qualidade da
assistência prestada pela equipe de enfermagem.
Sendo a enfermagem uma profissão que cuida do ser humano, tentando
atender/suprir suas necessidades, ela deve considerar o processo
comunicacional de vital importância para o bom relacionamento entre
enfermeiros, equipe, pacientes e familiares (DU GAS, 1988). Vale dizer ainda
que a competência de um profissional depende de sua habilidade em transmitir
mensagens com significado, na hora adequada e de modo correto, conforme
as necessidades do paciente, e da habilidade de compreender suas
comunicações.
Dentre os benefícios para a relação interpessoal enfermagem e paciente,
pode-se afirmar que a partir do momento que a comunicação escrita se dá de
uma maneira adequada, os profissionais sentem-se mais preparados para a
realização dos procedimentos. Além disso, a comunicação unifica as
contribuições dos vários profissionais de saúde, o que beneficia o paciente.
Todavia, para uma efetiva comunicação escrita, os registros devem ser
objetivos, completos, desprovidos de impressões pessoais generalizadas,
compreensíveis por todos a que se destinam e sem rasuras.
Segundo Potter (2002), em um hospital, como há várias pessoas
envolvidas no cuidado com o paciente, para que todos os membros da equipe
de saúde estejam cientes das ações e decisões sobre os cuidados prestados
pelos outros membros, utilizam-se os registros e os relatórios. Eles contêm
informações específicas relacionadas ao atendimento de saúde de um
paciente.
O relatório possui uma troca de informações orais ou escritas quanto as
condições gerais do paciente e sua reação à terapia, com a finalidade de
manter informado outro profissional designado para cuidar daquele paciente.
Já o registro, de acordo com Du Gas (1983), representa a comunicação
escrita dos fatos essenciais, de forma a manter uma história contínua dos
acontecimentos ocorridos durante um período de tempo.
12
Registrar é, além de documentar, uma forma de comunicar, consignando
por escrito as ocorrências clínicas do paciente, as ações assistenciais
executadas, os problemas reais e potenciais identificados, bem como as
medidas implementadas. Assim, tais anotações estão imbuídas de
autenticidade e de significado legal.
Conforme Suarez et al. (2000) “a anotação é uma dentre as formas mais
importantes de comunicação em enfermagem”. Constitui-se num meio básico e
imprescindível de comunicar entre toda a equipe multiprofissional, promovendo
uma assistência integral e qualificada.
O registro de uma pessoa ou prontuário constitui uma anotação escrita da
história de sua saúde, seus problemas de saúde, das medidas preventivas,
diagnósticas e terapêuticas criadas para ajudá-lo na atenção a suas
necessidades de saúde e em sua resposta a essas medidas, enquanto
permanecer como paciente neste serviço. Ou seja, constitui um registro de
acontecimentos que ocorrem durante o período de tempo em que esteja sendo
assistido em um serviço (DU GAS, 1983).
O principal objetivo do prontuário do paciente é proporcionar uma
anotação escrita de todos os dados acerca do paciente. Serve, assim, como
forma de comunicação entre aqueles cujos talentos profissionais são dirigidos
no sentido da sua assistência ao paciente. Este importante registro de dados
serve como embasamento sobre o qual a equipe de saúde planeja a
abordagem diagnóstica e terapêutica, e a assistência do paciente.
Ao longo de minha trajetória hospitalar foi possível verificar que alguns
profissionais preocupavam-se somente em proceder a comunicação verbal
alertando aos outros sobre as intercorrências no plantão e até mesmo no
próprio cuidar com o paciente. Devido a isto, esta pesquisa tem como objetivo
mostrar a importância do uso de uma informação clara, para a orientação da
equipe multidisciplinar da área de enfermagem, visando a melhoria da
qualidade da assistência.
O presente estudo propõe uma abordagem qualitativa à luz da concepção
de diversos autores que abordam a temática, procedendo uma articulação com
13
a prática hospitalar. Através da identificação dos focos geradores das falhas na
comunicação entre os profissionais de saúde poderá ser situado o papel que
estes exercem junto aos demais membros de sua equipe para minimizar a
ocorrência de erros na transmissão e entendimento da mensagem escrita.
Portanto, esta pesquisa se justifica, à medida que verifica que a comunicação
escrita interfere diretamente nos serviços prestados pelos profissionais de
saúde e muitas vezes tem sido negligenciada.
Para tanto, é válido ressaltar que, a contribuição deste trabalho, situa-se
na possibilidade de reflexão sobre a valorização do hábito de leitura perante os
profissionais de enfermagem, no sentido de ampliar o conhecimento científico
para uma base conceitual e fidedigna de um relato condizente com a realidade
observada.
14
CAPÍTULO I
A ENFERMAGEM FRENTE AOS AVANÇOS DA
TECNOLOGIA
1.1. Os recursos da Informática na Enfermagem
Atualmente, as mudanças advindas da globalização estão afetando todos
os campos da economia e da sociedade, e com a Enfermagem não é diferente.
Com a evolução da tecnologia vem ocorrendo a revolução da informação.
A utilização do computador apresenta uma amplitude crescente nos
últimos anos e vem sendo um recurso disponível na prática e no ensino de
enfermagem. Segundo Marin (1995), não se deve relegar a um segundo plano
a importância que o mesmo pode conferir, auxiliando no desempenho,
colaborando nas tarefas e incrementando a qualidade da assistência aos
pacientes. Conseqüentemente, está havendo maior procura de
aperfeiçoamento por parte dos enfermeiros com vistas à utilização desta
tecnologia em sua interface com o cliente, com o sistema de saúde exercido e
em relação a seu próprio desenvolvimento pessoal (MORAIS, 1981).
Alguns autores consideram que a informática, como fruto da criatividade
humana, é uma conquista definitiva e irreversível, pois, assim como não
podemos aceitar viver sem água potável, luz elétrica e telefone, não
poderemos mais pensar em viver sem as facilidades que o computador nos
proporciona (RIBEIRO, 1982).
Esta preocupação também foi reforçada por Scoochi et al. (1991) quando
comentam que em relação à utilização do computador, como elemento de
suporte da informática, os enfermeiros brasileiros estão muito aquém dos
norte-americanos e necessitam adquirir mais conhecimento e domínio sobre os
recursos oferecidos por esta nova tecnologia. Segundo Andrioli (1985), para os
enfermeiros promoverem a qualidade do cuidado de enfermagem agora e no
15
futuro, eles devem ser capazes de ver o computador como uma ferramenta de
trabalho.
Guimarães et al. (1989) referem que o desenvolvimento da tecnologia da
informática tem sido introduzido nas ciências com o objetivo de viabilizar o
registro das informações desejadas com o mínimo de tempo despendido.
Como principal elemento da informática, o computador, segundo Scoochi et al.
(1991), auxilia na organização de uma gama de informações, tendo como
vantagem sua capacidade de extensão da memória, a rapidez nos serviços que
prestam e a confiabilidade de seus cálculos. O uso do computador facilita a
aquisição do conhecimento científico, sobre o qual se assentam a teoria, a
prática e o ensino da enfermagem.
Desta forma, a disciplina de enfermagem deve governar a prática do
enfermeiro direcionando o cuidado ao ser humano nos seus mais diversos
contextos. Ela deve englobar a tecnologia da informática como um instrumento
para o desenvolvimento, difusão e administração do saber, para a melhoria na
prestação do cuidado de enfermagem, para a mobilização do potencial artístico
de cada profissional, e para o estabelecimento de prioridades de pesquisa
(MARIN, 1995).
A tecnologia deve ser entendida como um sistema sócio-técnico que visa
a aplicação sistemática do conhecimento através da pesquisa e
desenvolvimento, podendo ajudar a enfermagem a definir melhor sua estrutura
e fronteiras e, conseqüentemente, contribuir ao crescimento e desenvolvimento
da disciplina (MORAIS, 1981).
Conforme o autor supracitado, neste momento em que a enfermagem
começa a redefinir e reconstruir sua profissão para além da ciência e da arte,
consolidando-se como uma disciplina prática, faz-se necessário
instrumentalizar os enfermeiros sobre esta nova visão como uma possibilidade
de diminuir as lacunas e dicotomias na enfermagem em relação à
teoria/prática, pesquisa/teoria, prática/educação, educação/pesquisa,
serviço/pesquisa.
16
A informática em enfermagem pode ser definida como a área de
conhecimento que diz respeito ao acesso e uso de dados, informação e
conhecimento, para padronizar a documentação, melhorar a comunicação,
apoiar o processo de tomada de decisão, desenvolver e disseminar novos
conhecimentos, aumentar a qualidade, a efetividade e a eficiência do cuidado
em saúde, fornecendo maior poder de escolha aos clientes e fazer avançar a
ciência de enfermagem (SCOOCHI, 1991).
A informática em enfermagem é considerada uma parte integral da
ciência de enfermagem e não apenas um ramo da ciência da computação ou
ciência da informação aplicada à enfermagem. Tal premissa fundamenta-se no
fato de que os dados e as informações são representações simbólicas do
fenômeno para o qual a enfermagem está preocupada, são peculiares à
enfermagem, à perícia na estruturação dos problemas e as concepções
algorítmicas e heurísticas utilizadas no domínio da resolução de problemas
(SCOOCHI, 1991).
A tecnologia tem historicamente ajudado as pessoas no trabalho penoso
e na monotonia rotineira e fatigante e, deste modo, libertá-las para prestar um
cuidado mais humanizado, desenvolver melhores relações pessoais e
atividades criativas em suas vidas. Assim, dentre as aplicações da informática
no cuidado de enfermagem, destacam-se, de acordo com Teixeira (1990),
prioritariamente, duas categorias:
1. No cuidado direto ao cliente através de sistemas que documentem as
atividades do cuidado de enfermagem, como por exemplo, através do processo
de enfermagem. O Enfermeiro informaria o sistema diariamente com as
informações sobre os cuidados prestados ao cliente e, diariamente teria mais
condições de reavaliá-lo, fornecendo novas informações ao sistema, retirando
outras a partir das perspectivas do cliente.
Isto somente é possível a partir do momento que o Enfermeiro
permanecer mais tempo junto ao cliente, aproximar-se mais de suas
expectativas e necessidades e percebê-lo em sua totalidade, pois as
informações que alimentam o Sistema crescem em complexidade e
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profundidade a partir da interação com o cliente, os detalhes específicos do
cuidar são revelados; profissional/cliente interagem mutuamente buscando
melhores condições do viver, os erros podem ser percebidos com mais rapidez
impedindo, assim, prejuízos à saúde do cliente; as informações do cuidado em
saúde são compartilhadas pela equipe de saúde direcionando o escopo do
cliente; os problemas de pesquisa podem ser vislumbrados mais claramente a
partir de atividades desenvolvidas com os clientes e, assim, obtermos, através
de um discurso dialógico, a direção conjunta da disciplina de enfermagem.
2. Nas atividades administrativas: Dentre os componentes essenciais de
um Sistema de Informações em Administração dos Serviços de Enfermagem,
segundo Saba et al. (1986), destacam-se: a garantia da qualidade, arquivos
pessoais, planejamento pessoal e análise de produtividade, redes de
comunicação, orçamento e folhas de pagamento, censo, relatórios resumidos,
previsão e planejamento.
Com isso, o enfermeiro organizaria melhor suas atividades, melhorando a
comunicação, a integração das atividades, a participação da equipe, a
quantidade e a qualidade dos profissionais na prestação do cuidado, o custo e
o benefício das atividades. Na visão tecnológica administrativa serviria de
suporte à prestação de um cuidado mais envolvente e significante com o
cliente.
A partir desta visão, vê-se que a tecnologia da informática pode ser um
dos caminhos de oportunização dos saberes, reflexões coletivas, construção e
desenvolvimento do conhecimento da enfermagem e conseqüente melhoria da
prestação do cuidado ao cliente (RIBEIRO, 1982).
1.2. A utilização do Prontuário Eletrônico
O prontuário do paciente ou mais freqüentemente chamado prontuário
médico, é um elemento crucial no atendimento à saúde dos indivíduos,
18
devendo reunir a informação necessária para garantir a continuidade dos
tratamentos prestados ao cliente/paciente (SLEE et al., 2000).
O prontuário do paciente foi desenvolvido por médicos e enfermeiros para
garantir que se lembre de forma sistemática dos fatos e eventos clínicos sobre
cada indivíduo de forma que todos os demais profissionais envolvidos no
processo de atenção de saúde possam também ter as mesmas informações
(SLEE et al., 2000). Desta forma, localmente, ou seja, na instituição onde o
paciente está recebendo cuidados, o prontuário representa o mais importante
veículo de comunicação entre os membros da equipe de saúde responsável
pelo atendimento.
As informações registradas no prontuário médico vão subsidiar a
continuidade e a verificação do estado evolutivo dos cuidados de saúde, quais
procedimentos resultam em melhoria ou não do problema que originou a busca
pelo atendimento, a identificação de novos problemas de saúde e as condutas
diagnósticas e terapêuticas associadas. Em termos mais gerais, pode-se
afirmar que o sistema de saúde de um país, é estabelecido graças ao que se
tem documentado em um prontuário, uma vez que dele são extraídas as
informações sobre a saúde dos indivíduos que formam uma comunidade e uma
nação (DU GAS, 1988).
Segundo Van Bemmel (1997), o prontuário em papel vem sendo usado há
muitos anos. Hipócrates, no século V a.C., estimulou os médicos a fazerem
registros escritos, dizendo que o prontuário tinha dois propósitos: refletir de
forma exata o curso da doença e indicar as possíveis causas das doenças. Até
o início do século XIX, os médicos baseavam suas observações e
conseqüentemente suas anotações, no que ouviam, sentiam e viam, e as
observações eram registradas em ordem cronológica, estabelecendo assim o
chamado prontuário orientado pelo tempo em uso desde então.
Florence Nightingale (1820-1910), precursora da Enfermagem Moderna,
quando tratava feridos na Guerra da Criméia (1853-1856) já relatava que a
documentação das informações relativas aos doentes é de fundamental
19
importância para a continuidade dos cuidados ao paciente, principalmente no
que se refere a assistência de enfermagem.
Em 1880, William Mayo, que com seu grupo de colegas formou a Clínica
Mayo em Minnesota nos Estados Unidos, observou que a maioria dos médicos
mantinham o registro de anotações das consultas de todos os pacientes em
forma cronológica em um documento único. O conjunto de anotações trazia
dificuldade para localizar informações específicas sobre um determinado
paciente. Assim, em 1907, a Clínica Mayo passou a adotar um registro
individual das informações de cada paciente que passaram a ser arquivadas
separadamente. Isto deu origem ao prontuário médico centrado no paciente e
orientado ainda de forma cronológica (DU GAS, 1988).
Em 1920, ainda na Clínica Mayo houve um movimento para padronizar o
conteúdo dos prontuários através da definição de um conjunto mínimo de
dados que deveriam ser registrados. Este conjunto mínimo de dados criou uma
estrutura mais sistematizada de apresentação da informação médica, tal como
é o prontuário do paciente de hoje. Entretanto, apesar de todos os esforços de
padronização, o prontuário ainda contém uma mistura de queixas, resultados
de exames, considerações, planos terapêuticos e achados clínicos de forma
muitas vezes desordenada e nem sempre é fácil obter uma clara informação
sobre a evolução do paciente, principalmente daqueles que possuem mais de
uma enfermidade ou múltiplos problemas de saúde (DU GAS, 1988).
Ao considerar o conteúdo do prontuário do paciente, vale destacar que
todo e qualquer atendimento em saúde pressupõe o envolvimento e a
participação de múltiplos profissionais: médicos, enfermeiros, nutricionistas,
psicólogos, fisioterapeutas e outros. Além disso, freqüentemente as atividades
de atendimento ao paciente acontecem em diferentes locais, tais como: sala de
cirurgia, enfermarias, ambulatórios, Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e casa
de repouso (SLEE et al., 2000).
Para realização destas atividades, são necessárias múltiplas informações
de diferentes fontes. Por outro lado, os procedimentos realizados pelos
profissionais individualmente também geram outras tantas informações, que
20
vão garantir a continuidade do processo de cuidado. São fontes diferentes de
dados, gerando consequentemente uma grande variedade de informações.
Tais dados precisam ser agregados e organizados de modo a produzir um
contexto que servirá de apoio para tomada de decisão sobre o tipo de
tratamento ao qual o paciente deverá ser submetido, orientando todo o
processo de atendimento à saúde de um indivíduo ou de uma população
(SLEE et al., 2000).
Vale ressaltar que o dado clínico é muito heterogêneo para ser
introduzido em sistemas tradicionais de informação. Por exemplo, os dados
referentes ao controle de sinais vitais precisam ser verificados, dependendo de
cada caso, em intervalos muito próximos, e apresentados em planilhas e
gráficos; os resultados de exames laboratoriais são disponibilizados em forma
de tabelas; os exames de tomografia computadorizada, radiologia e ultra-
sonografia apresentam imagens como parte do prontuário do paciente;
observações clínicas podem estar presentes em intervalos regulares e sob a
forma de texto livre, sem qualquer estrutura de conteúdo e formato; alguns
dados de anamnese são freqüentemente registrados através de uma lista de
checagem; o registro de medicação contém a listagem das prescrições
médicas, a checagem de administração fornecido ao paciente pela enfermeira
e a reação do paciente ao medicamento; as observações feitas por psicólogos
geralmente são também registradas em texto livre e, muitos outros exemplos
poderiam ser ainda incluídos, confirmando a diversidade dos dados e
informações que usamos para viabilizar o cuidado.
Com base nesta situação, em 1969, Lawrence Weed introduziu a idéia de
um prontuário orientado pelo problema, onde se identificam os problemas de
saúde do paciente e as anotações são registradas e seguidos de acordo com
uma estrutura sistemática de registro de dados denominada SOAP pelo seu
acrônimo em inglês (S = queixas; O = achados; A = testes e conclusões; P =
plano de cuidado). Embora esta estratégia de registro seja aceita e seguida por
muitos, ela requer treinamento e disciplina para aderir ao método.
21
Feitas essas considerações acerca da função e utilização do prontuário,
vale dizer que o Institute of Medicine (1997, p.25), entende que:
“O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é um registro eletrônico que reside em um sistema especificamente projetado para apoiar os usuários fornecendo acesso a um completo conjunto de dados corretos, alertas, sistemas de apoio à decisão e outros recursos, como links para bases de conhecimento médico.”
Por sua vez, o Computer-based Patient Record Institute define o
prontuário eletrônico ressaltando que “um registro computadorizado de
paciente é informação mantida eletronicamente sobre o estado de saúde e os
cuidados que um indivíduo recebeu durante toda sua vida”.
O registro eletrônico do paciente consiste em um repositório de
informação mantida de forma eletrônica sobre o estado de saúde e de cuidados
de saúde de um indivíduo, durante toda sua vida, armazenado de modo a
servir a múltiplos usuários legítimos.
Além das várias definições mencionadas, o PEP também recebe
diferentes denominações, que embora sendo usadas como sinônimos,
possuem algumas diferenças, por exemplo: registro eletrônico do paciente,
registro do paciente baseado em computador e registro eletrônico de saúde.
Conforme ressalta Leão (1997), a digitalização de documentos não pode ser
considerada como um prontuário eletrônico, uma vez que não traz mudanças
de comportamento e não possibilita a estruturação da informação.
De acordo com Van Bemmel (1997) as vantagens do prontuário em papel
e do registro eletrônico podem ser delimitadas da seguinte forma:
Prontuário em papel: pode ser facilmente carregado; maior
liberdade de estilo ao fazer um relatório, facilidade para buscar um
dado; não requer treino especial, não “sai do ar” como ocorre com os
computadores.
Prontuário eletrônico: simultâneo acesso em locais distintos;
legibilidade; variedade na visão do dado; suporte de entrada de
22
dado estruturada; oferece apoio à decisão; apoio a análise de
dados; troca eletrônica de dados e compartilha o suporte ao
cuidado.
O prontuário eletrônico é um meio físico, um repositório onde todas as
informações de saúde, clínicas e administrativas, ao longo da vida de um
indivíduo estão armazenadas, e muitos benefícios podem ser obtidos deste
formato de armazenamento. Segundo Sittig (1999) as vantagens do prontuário
em formato eletrônico são:
Figura 4. Modelo de prontuário de eletrônico
Fonte: http://www.weblabs.com.br
23
Acesso remoto e simultâneo: vários profissionais podem acessar
um mesmo prontuário simultaneamente e de forma remota. Com a
possibilidade de transmissão via web, os médicos podem rever e
editar os prontuários de seus pacientes a partir de qualquer lugar do
mundo.
Legibilidade: registros feitos à mão são difíceis de ler, na maioria
das vezes. Os dados na tela ou mesmo impressos são muito mais
fáceis de ler.
Segurança de dados: a preocupação com os dados é freqüente,
principalmente no que se refere a perda destes dados por mau
funcionamento do sistema. Porém, um sistema bem projetado com
recursos de backup seguros e planos de desastres, pode garantir
melhor e de forma mais confiável os dados contra danos e perdas.
Confidencialidade dos dados do paciente: o acesso ao prontuário
pode ser dado por níveis de direitos dos usuários e este acesso ser
monitorado continuamente.
Integração com outros sistemas de informação: uma vez em
formato eletrônico, os dados do paciente podem ser integrados a
outros sistemas de informação e bases de conhecimento, sendo
armazenados localmente ou a distância.
Captura automática de dados: dados fisiológicos podem ser
automaticamente capturados dos monitores, equipamentos de
imagens e resultados laboratoriais, evitando erros de transcrição.
Processamento contínuo dos dados: os dados devem ser
estruturados de forma não ambígua; os programas podem checar
continuamente consistência e erros de dados, emitindo alertas e
avisos aos profissionais.
Assistência à pesquisa: o dado estruturado pode facilitar os
estudos epidemiológicos. Os dados em texto-livre podem ser
estudados por meio de uso de palavras-chave.
24
Saídas de dados diferentes: o dado processado pode ser
apresentado ao usuário em diferentes formatos: voz, imagem,
gráfico, impresso, e-mail, alarmes e outros.
Relatórios: os dados podem ser impressos de diversas fontes e em
diferentes formatos, de acordo com o objetivo de apresentação –
gráficos, listas, tabelas, imagens isoladas, imagens sobrepostas, etc.
Dados atualizados: por ser integrado, o PEP possui os dados
atualizados – um dado que entra no sistema em um ponto,
automaticamente atualiza e compartilha a informação nos outros
pontos do sistema.
Para McDonald et al. (1990) constituem desvantagens do prontuário
eletrônico:
Necessidade de grande investimento de hardware e software e
treinamento.
Os usuários podem não se acostumar com os procedimentos
informatizados.
Estar atento a resistências e sabotagens.
Demora para ver os resultados do investimento.
Sujeito a falhas tanto de hardware quanto de software; sistema
inoperante por minutos, horas ou dias que se traduzem em
informações não disponíveis.
Dificuldades para a completa e abrangente coleta de dados.
Em conclusão, vale mais uma vez destacar que a tendência na
informática em saúde para a construção do prontuário eletrônico é cada vez
mais uma realidade. Porém, o investimento é grande, tanto do ponto de vista
humano como financeiro e organizacional. O processo é longo e a integração
dos profissionais mandatória. Porém, se o interesse é a busca da qualidade
25
cada vez maior no atendimento à saúde da população, este investimento e os
recursos necessários, já estão justificados.
1.3. A Microfilmagem na Enfermagem
Utilizada em grande escala no mundo, a microfilmagem é um sistema de
gerenciamento e preservação de informações mediante a captação das
imagens de documentos por processo fotográfico, sendo juridicamente
amparada, tendo o mesmo valor legal do documento original. Ela reduz
drasticamente o volume ocupado dos arquivos em papel, proporcionando
acesso eficiente, limpo e seguro às informações arquivadas a um custo muito
competitivo (DORFMAN, 1977).
Foi um francês, chamado René Dragon, o inventor do microfilme. Sua
primeira aplicação prática e comercial aconteceu nos Estados Unidos em 1927,
quando a Kodak lançou a primeira microfilmadora de cheques, a Recordak. Os
bancos americanos imediatamente perceberam que estavam diante de um
produto capaz de resolver definitivamente o problema criado pelo grande
volume de cheques e outros documentos que deviam ser armazenados por
longo tempo. E é claro que George Eastman, homem de grande visão
empresarial, também percebeu que tinha lançado um produto capaz de
alavancar grandes negócios (LUTHER, 1979).
De acordo com o autor supracitado, daquele momento em diante estava
criada uma indústria capaz de faturar milhões de dólares anualmente,
satisfazer plenamente seus clientes e empregar muitas pessoas. Alguns anos
se passaram até que esta nova tecnologia chegasse ao Brasil, trazida pela
própria Kodak. A medida em que novas aplicações iam surgindo, aumentava a
procura por mão-de-obra especializada, novas empresas entravam no mercado
e as aplicações iam aumentando.
A microfilmagem convencional era uma realidade. Bancos, governo,
comércio e indústria beneficiaram-se desta tecnologia para reduzir custos,
26
preservar documentos e a memória nacional. Paralelamente ao
desenvolvimento da informática, o microfilme evoluiu para o chamado sistema
C.O.M. (saída de computador em microfilme). Grandes volumes de relatórios
que até então eram impressos em papéis passaram a ser impressos em
microfilmes, com grande redução de custos (BERTOLOTTI, 1994).
Na década de 90, o microfilme foi colocado em xeque pelo surgimento
dos sistemas digitais. O mundo exigia maior rapidez no tráfego de informações,
coisa que só a informática poderia propiciar. Tudo indicava que a tecnologia
que insistia em sobreviver desde a guerra franco-prussiana estava com seus
dias contados. Os sistemas digitais prometiam resolver todos os problemas que
o velho e arcaico microfilme não tinha solucionado. Entretanto, com o passar
dos tempos verificou-se que a nova e extraordinária tecnologia chamada
“digital” também tinha os seus inconvenientes, tais como obsolescência rápida
das mídias, mudanças nos sistemas operacionais e, principalmente, o curto
espaço de tempo em que as informações permanecem armazenadas nos
sistemas ópticos/magnéticos (LUTHER, 1979).
Foi desenvolvida, então, uma microfilmadora digital, chamada Digital
Archive Writer (D.A.W.). O D.A.W é capaz de microfilmar documentos após
digitalizados, perfeitamente indexados e integrados ao computador através do
driver de microfilmes Intelligent Microfilm Scanner (IMS), com isso surgiu o
chamado sistema híbrido, conjugando as tecnologias de informática, digital e
de microfilmagem.
Tendo por base que o prontuário médico é o conjunto de documentos
padronizados e ordenados, destinados ao registro dos cuidados profissionais
prestados ao paciente pelos serviços de saúde pública ou privado, visando a
não deteriorização deste e de outros documentos importantes para os
profissionais de saúde, vem sendo utilizada a técnica de microfilmagem como
método de arquivamento.
Baseado nos pareceres do Conselho Federal de Medicina nº. 493/87 e
16/90, bem como na Resolução nº. 1331/89, depois de decorrido prazo não
inferior a 10 (dez) anos, a fluir da data do último registro de atendimento do
27
paciente, o prontuário pode ser substituído por métodos de registro, capazes
de assegurar a restauração plena das informações nele contidas. Ou seja,
sendo o prontuário médico um documento de manutenção permanente pelos
estabelecimentos de saúde, pode este ser armazenado em forma de
microfilme, desde que sejam mantidos os originais.
Figura 5. Microfilmagem de documentos
Fonte: http://www.asbace.com.br
28
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO ORDENADA DO
PENSAMENTO NAS ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM
2.1. A redação como fonte de validação dos dados
Utiliza-se a fala e a escrita para se expressar a vida, para comunicar o
vivido, com todas as marcas no corpo e na memória, assim como para projetar
possibilidades, fecundar o presente, gestar o futuro (FILHO, 1983).
De acordo com o autor supracitado, pensa-se para falar e fala-se para
pensar. A linguagem é inseparável do pensamento e da história concreta dos
nossos dias. Da vida com os outros. Da participação no mundo. Das
comunicações com que fazemos a existência.
As palavras atravessam praticamente todas as dimensões de nossa
realidade, que estamos sempre construindo. Assim, somos todos capazes de
linguagem, capazes de expressão com as palavras, apesar de todos os
esmagamentos e de todas as manipulações. Apesar de tudo, falamos e
pensamos. No entanto, há muitas distâncias entre o falar e o escrever, entre o
que pensamos e o que escrevemos, assim como há muitas distâncias entre o
que temos realizado com as palavras e com as idéias e o que poderíamos
realizar (VALENTE, 1997).
Tendo em vista que a linguagem e o pensamento estão relacionados e
ambos se nutrem de nossa imaginação criadora, o primeiro passo para
produzirmos um texto que realmente expresse nossa linguagem, nosso
pensamento, nossa imaginação criadora, deve ser no sentido de liberá-los de
toda a sorte de condicionamentos que os tornam padronizados e mecânicos
(BARBOSA, 1988). Desta forma, pode-se questionar o que é linguagem e em
que consiste o pensamento.
A linguagem diz respeito a um sistema constituído por elementos que
podem ser gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, que são usados para
29
representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos.
Nesta acepção, linguagem aproxima-se do conceito de língua. Numa outra
acepção, linguagem refere-se à função cerebral que permite a qualquer ser
humano adquirir e utilizar uma língua (VALENTE, 1997).
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que mais
profundamente distingue o homem dos outros animais. Podemos considerar
que o desenvolvimento desta função cerebral ocorre em estreita ligação com a
bipedia e a libertação da mão, que permitiram o aumento do volume do
cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica facial
(LINDZEY, 1977).
Para o autor, devido a estas capacidades, para além da linguagem falda e
escrita, o homem – aprendendo pela observação de animais – desenvolveu as
linguagens de sinais, não só para melhorar a comunicação entre surdos e
mudos, mas também para utilizar em situações especiais, como no teatro e
entre navios ou pessoas que se encontram fora do alcance do ouvido, mas que
se podem observar entre si.
Figura 6. Visualização do cérebro humano
Fonte: http://www.msd-brazil.com
30
Já o pensamento pode ser caracterizado por exigir períodos de latência,
nestes, as atividades internas são suspensas ou interrompidas, portanto, pode
ser definido como a somatória de atividades incluídas na elaboração dos
estudos de processos superiores da formação de conceitos, também
chamados de cognitivos, da solução de problemas, do planejamento, do
raciocínio e da imaginação. O período de latência do pensamento pode ser
caracterizado no momento em que o indivíduo se vê em situações novas, cuja
complexidade pode ser variável, não encontrando esquemas de resposta pré
montados ou estruturados por aprendizagem prévia, cuja resposta não é
institiva e sim raciocinada, ou processada. Num sentido mais coloquial, pode se
definir o pensamento como o poder de formular conceitos onde a atividade
psíquica elabora os fenômenos cognitivos ou a imaginação e o planejamento,
distinguindo-se do sentimento e da vontade (RUESCH, 1968).
O cérebro humano tem uma notável plasticidade, a habilidade em ser
modelado e modificado pelo crescimento de novas e mais complexas conexões
entre células. Alguns neurônios desenvolvem até 50.000 conexões, um número
espantoso quando consideramos que existe bilhões de neurônios no cérebro. A
propriedade básica do córtex cerebral (as camadas externas nas convoluções
cerebrais) é armazenar informação. Embora não entenda-se exatamente como
ocorre tal armazenamento, está claro que segundo o autor, ele ocorre em
múltiplas áreas corticais devotadas a diferentes tipos de memória. Algumas
áreas se desenvolvem em sistemas de conhecimento que surgem das
memórias lingüísticas, visuo-espaciais ou motoras. Outras regiões do cérebro
armazenam informações a respeito de experiências emocionais, e, para
unidades de memória maiores, tais como completar um trabalho de casa, ou
conseguir um emprego de professor. Portanto, aprendizado e memória não
estão limitados a um único sistema neural ou processo. Existem múltiplos
sistemas de memória, espalhados por diferentes áreas cerebrais, com
conexões e vias que podem interconectá-las em distintos meios, variando até
mesmo de individuo para individuo (LINDZEY, 1977).
Para a autora supracitada, como as habilidades de aprendizado e
memória não estão geralmente desenvolvidas por completo em todas essas
31
áreas, as abordagens educacionais que usam o conceito de sistemas de
memória múltipla podem levar a um conhecimento mais profundo e com maior
retenção. Por exemplo, materiais didáticos que usam analogias visuais e
pessoais, esquemas visuais que mostram como conceitos verbais se
relacionam espacialmente uns com os outros, e atividades que implementam
passos de resolução de problemas, oferecem oportunidades para o
envolvimento de sistemas múltiplos de memória. Estudantes que se
demonstram fracos em um fluxo de processamento de memória, podem
facilmente compensar isso quando outros modos de processamento estão
disponíveis.
Frente ao exposto, percebe-se que a memória e linguagem são
fundamentais para o desenvolvimento das anotações, em especial a de
enfermagem. Mediante esta situação, se as anotações de enfermagem são
definidas por Cianciarullo (1997) como “o registro sistematizado elaborado pela
equipe de enfermagem no prontuário do paciente do tratamento, das alterações
subjetivas ou objetivas observadas, ou referidas pelo paciente, ou
acompanhante”, há que se refletir seriamente, com o grupo de enfermeiros a
tomada de decisões sobre a prática destas no ambiente hospitalar, visando as
mudanças urgentes nesta documentação legal e técnica comprobatória dos
cuidados prestados pela equipe de enfermagem.
As escassas anotações de enfermagem dificultam o desenvolvimento da
análise de conteúdo das mesmas, tanto no aspecto quantitativo como no
qualitativo. Isto faz com que nos sintamos ainda mais comprometidos a
investigar um problema que, atualmente, transcende os interesses apenas da
enfermagem.
Diante do cenário frágil e desalentador que se consta das anotações de
enfermagem, visualiza-se a necessidade de se ter em vista que a ortografia e
logicidade são fundamentais para uma anotação coerente, seja ela de
enfermagem ou não.
A ortografia brasileira é o conjunto de regras oficiais que determina nossa
escrita. Nossa ortografia tem um vínculo histórico e social profundo com a
32
variante culta do idioma. Tradicionalmente, as regras ortográficas consideram
apenas a variante culta e podemos dizer que não existe nenhuma ortografia
oficial para as demais variantes da nossa língua. O sistema lógico (ou
simplesmente a lógica) é um conjunto de regras para raciocínio sobre um
determinado assunto. Muitos sistemas diferentes de lógica foram construídos
ao longo do tempo. Esses sistemas artificiais de raciocínio têm encontrado
atualmente muitas aplicações práticas na computação, como por exemplo nas
aplicações de inteligência artificial (PINTO, 2002).
De forma superficial, lógica é o estudo de sistemas prescritivos de
raciocínio, ou seja, sistemas que definem como se deveria realmente pensar
para não errar, usando a razão, dedutivamente e indutivamente. A forma como
as pessoas realmente raciocinam é estudado noutras áreas, como na
psicologia cognitiva (MAINGUENEAU, 2001).
2.2. Fundamentação científica nas anotações
A anotação consiste no pensamento e organização de idéias em um
texto. Para tanto, é preciso que o profissional de enfermagem busque a
ampliação do olhar em dicionários de termos técnicos, livros, revistas, jornais,
sites de internet e procure debater com outros membros da equipe de
enfermagem caminhos percorridos no cuidar.
Assim, por atuar na área de saúde e para ter maior desenvoltura e
propriedade nas anotações, torna-se valioso que o profissional seja um
pesquisador no cotidiano da prática hospitalar, a ponto de estar refletindo na
importância do que escreve, para quem escreve e que tipo de repercussão terá
a anotação de enfermagem caso haja alguma lacuna na expressão das idéias.
O fato é que não se pode negligenciar o exercício da escrita do dia-a-dia
na unidade hospitalar, porque a anotação só é válida e pertinente quando
apresenta organização, coerência e explica, com termos técnicos, o que o
paciente sente e como passa o período no hospital.
33
Por ficar registrada e arquivada no arquivo médico do hospital, a anotação
de enfermagem vale como um documento, e como tal, deve-se evitar a
utilização de palavras prolixas, desordenadas e sem contextualização de todo o
processo vivenciado pelo paciente nas diferentes fases que percorre o
tratamento e recuperação.
Com Florence Nightingale a enfermagem iniciou sua caminhada para a
adoção de uma prática baseada em conhecimentos científicos, abandonando
gradativamente a postura de atividade caritativa, intuitiva e empírica. Com esse
intuito, diversos conceitos, teorias e modelos específicos à enfermagem foram
e estão sendo desenvolvidos, com a finalidade de prestar uma assistência, ou
seja, planejar as ações, determinar e gerenciar o cuidado, registrar tudo o que
foi planejado e executado e, finalmente, avaliar estas condições, permitindo
assim gerar conhecimentos a partir da prática, realizando assim o processo de
enfermagem (FRIEDLANDER, 1981).
Para Fernandes et al. (1981), a anotação é um instrumento valorativo de
grande significado na assistência de enfermagem e na sua continuidade,
tornando-se, pois, indispensável na aplicação do processo de enfermagem,
pois está presente em todas as fases do processo.
No entendimento dos autores supracitados, a quantidade e principalmente
a qualidade das anotações de enfermagem, desperta em outros profissionais
da equipe multiprofissional o interesse e necessidade de consultá-las. Para a
equipe médica, as anotações são meios valiosos de informações, fornecem
bases para direcionar a terapêutica, os cuidados, a realização de novos
diagnósticos.
De acordo com Fernandes et al. (1981), os profissionais devem obedecer
a determinadas normas na realização das anotações de enfermagem. São
elas:
Preceder toda anotação de horário e preencher a data na página
anotação do dia.
34
Anotar informações completas, de forma objetiva, para evitar a
possibilidade de dupla interpretação: não usar termos que dêem
conotação de valor (bem, mal, muito, bastante, entre outros).
Utilizar frases curtas e exprimir cada observação em uma frase.
Anotar imediatamente após a prestação do cuidado, recebimento de
informação ou observação de intercorrência.
Nunca rasurar a anotação por ter esse valor legal; no caso de
engano, usar “digo”, entre vírgulas.
Não utilizar termo “o paciente”, no inicio de cada frase, já que a folha
de anotação é individual.
Deixar claro na anotação se a observação foi feita pela pessoa que
anota ou se é informação transmitida pelo paciente, familiar ou outro
membro da equipe de saúde.
Evitar o uso de abreviaturas que impeçam a compreensão do que foi
anotado.
Assinar imediatamente após o final da última frase e escrever o
nome e COREN. Não deixar espaço entre a anotação e a
assinatura.
A partir desta premissa constata-se que devem-se anotar apenas as
informações subjetivas e objetivas, problemas/preocupações do cliente,
sinais/sintomas, eventos ou mudanças significativas do estado de saúde,
cuidados prestados, ação e efeito das intervenções de Enfermagem baseadas
no plano de cuidados e respostas apresentadas (CAMPEDELLI, 1989).
Sob o olhar do referido autor, sempre que ações de assistência forem
executadas se faz necessária a anotação, para que se mantenha o
planejamento de enfermagem atualizado. Por sua vez, essa anotação deve ser
feita em impressos próprios, segundo modelo adotado pelo serviço de
enfermagem da instituição.
35
Portanto, os profissionais devem se utilizar das anotações para historiar e
mapear o cuidado prestado; facilitar o rastreamento das ocorrências com o
cliente a qualquer momento e reforçar a responsabilidade do profissional
envolvido no processo de assistência de Enfermagem (CAMPEDELLI, 1989).
2.3. O hábito de leitura como forma de ampliar o pensamento
A sociedade moderna pode ser caracterizada como grafocêntrica, ou seja,
grande parte das interações sociais e atividades produtivas, especialmente do
ponto de vista profissional, acadêmico e científico-tecnológico, giram em torno
da língua escrita. O letramento, mais do que a simples alfabetização, é,
portanto, condição para o exercício pleno da cidadania. Sem o domínio da
habilidade da leitura, de forma minimamente proficiente, o indivíduo permanece
marginalizado, no acesso aos bens culturais que lhes assegurem a inclusão
social, a dignidade e a auto-realização (MAINGUENEAU, 2001).
Com efeito, a leitura, além de proporcionar ao indivíduo a oportunidade de
alargamento dos horizontes pessoais, culturais e profissionais, constitui-se num
eficiente meio para o exercício das atividades lúdicas e pragmáticas. Assim
sendo, pode-se afirmar que a leitura assume verdadeiras funções na vida
social moderna. As principais funções sociais da leitura são: a leitura para
fruição, deleite ou prazer; a leitura para a aquisição de informações de cultura
geral, de atualização sobre o que ocorre na comunidade e no mundo; a leitura
para fins de estudo e trabalho e a leitura para fins religiosos e de auto-ajuda
(MILANESI, 1990).
Evidentemente, cada uma dessas funções se realiza através de uma
grande diversidade de textos. Desse modo, temos textos de ficção, textos
referenciais ou informativos, textos institucionais, textos políticos, publicitários,
propagandísticos; textos religiosos, textos de auto-ajuda, além de muitos outros
de uso corrente na sociedade. Obviamente, o leitor, diante dessa imensa
variedade de textos não pode ter um comportamento único. Em outras
36
palavras, nossas leituras variam conforme o nosso objetivo, o contexto ou
situação, o tipo e a função do texto, além de outros fatores intervenientes, não
existindo, portanto, uma única forma de ler (PÉCORA, 1983).
A leitura é problematizadora, induz a reflexão, suscita hipóteses, faz
pensar. Já a comunicação pela imagem, ao ser utilizada como ferramenta de
controle da opinião pública, é a negação do pensamento. Não passa de show
visual cheio de efeitos especiais que despertam a sensação do fantástico, do
extraordinário, do instantâneo e promovem a preguiça mental do expectador
por meio do deslumbramento programado. E o deslumbrado não pensa,
admira. Não critica, assimila. Não forma sua opinião, repete a que recebe. Não
reage, absorve. Não cria, consome. Não se afirma, submete-se (MIRANDA,
1999).
Não por acaso, as sociedades menos desenvolvidas e mais dominadas
são justamente as que menos lêem. São aquelas que admitem o analfabetismo
com naturalidade, se é que suas elites não o perpetuam deliberadamente
(PINTO, 2002).
Segundo o pensamento do autor, a leitura é um ato de percepção,
tradução, decifração e compreensão. Percepção de signos visuais, de uma
ordem espacial e da diagramação. Tradução, pois na leitura é feita a permuta
de um código visual para um código lingüístico. Decifração porque envolve o
reconhecimento do signo. Compreensão porque, uma vez decifrado o signo,
extrai-se dele a mensagem.
Para Miranda (1999), a leitura produtiva é rápida, com boa compreensão,
dispensa releituras. Para isto acontecer há fatores relacionados à leitura e
fatores externos a ele. Começaremos com os inerentes ao ato. Fatores que
influenciam a produtividade da leitura: fisiológicos (acuidade visual),
psicológicos (atenção, motivação, estado emocional, tendência à réplica,
bloqueios psicológicos), intelectuais (divagação, preconceitos, egocentrismo,
atitude crítica), ambientais (iluminação, conforto, ausência de ruídos),
metodológicos (abrangência da zona nítida, automatismo, mentalização, leitura
visual, leitura seletiva).
37
A zona nítida corresponde à região do campo visual captada pela fóvea
do olho. Embora muito pequena em relação ao campo total da visão, é a região
mais nítida do campo visual. Certos leitores conseguem enquadrar mais
grafemas na zona nítida, numa mesma fixação dos olhos, que outros. Esses
leitores obtêm velocidades de leitura maior. Se eles chegam a isto pelo
treinamento ou pela natureza da visão que possuem é matéria para a fisiologia
da visão (PINTO, 2002).
Seguindo esta linha de ação, um maior automatismo aumenta a
velocidade da leitura. Primeiro porque não se perde tempo com a decifração
consciente, depois porque a atenção não se dissipa diante da lentidão da
entrada de signos. O automatismo melhora com o treinamento e com a
competência lingüística. É de se cogitar se depende de fatores como a
inteligência verbal ou outras aptidões pessoais.
A leitura mentalizada tende a ser mais veloz que a vocal porque nela é
possível ignorar apuros de entoação, abstraindo tudo o que na entoação reduz
a velocidade. Já a leitura visual é mais rápida que a fonológica. Em princípio, a
interiorização de um signo visual é mais rápida que o tempo para a elocução da
palavra que o designa (MIRANDA, 1999).
Por conseguinte, a leitura seletiva é mais rápida que a integral, óbvio.
Desde que se aceite uma pela outra, com a conseqüente perda de
compreensão envolvida, a leitura seletiva é mais produtiva.
Sob o foco de Miranda (1999), a leitura mais produtiva ocorre quando os
fatores externos que influenciam a leitura estão otimizados, quando o leitor é
qualificado para o nível do texto, sua acuidade visual é boa, está atento,
motivado, tranqüilo, sem tendência à réplica, sem bloqueio psicológico contra a
leitura em si ou ao assunto do texto, não divaga, não se fecha em si, controla o
ímpeto à crítica, a abrangência da zona nítida é máxima, sua leitura é
automática, mentalizada, tende para o visual, é seletiva.
No que tange a assistência de enfermagem, a valorização e
aperfeiçoamento da habilidade de comunicação assumem proporções ainda
mais relevantes, pois o cultivo e a utilização da mesma são indispensáveis para
38
a execução até de mínimas ações. Assim, a importância da comunicabilidade
na enfermagem assume maiores proporções quando se leva em conta que o
escopo desta é saber lidar com gente, é contribuir para a preservação e
restauração da saúde, e é ter o devido respeito à vida na promoção de ações
necessárias para mantê-la (DANIEL, 2003).
Uma comunicação clara e aberta entre os membros da equipe de saúde
contribui para a equipe de saúde não estão se comunicando uns com os
outros, eles provavelmente não estão trabalhando em conjunto e podem, até
mesmo, estar trabalhando uns contra os outros (ATKINSON et al., 1985).
O enfermeiro precisa agir como educador, criando o hábito de escrever as
ordens e recomendações e depois fazendo seguimento de sua equipe. Os
contra-argumentos de “falta de tempo” e “falta de pessoal” precisam ser
avaliados honestamente para se verificar se não são meras racionalizações
para eximir-se dessa responsabilidade direta e inalienável (DANIEL, 2003).
Além disso, para que ele possa desenvolver o hábito da escrita é necessário
que leia bastante, sejam jornais ou livros técnicos.
39
CAPÍTULO III
A CAPACITAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
3.1. A educação permanente
No contexto da enfermagem, nas instituições de saúde, a Educação
Continuada é utilizada como mecanismo para o desenvolvimento de recursos
humanos e da instituição. Assim, para Kurcgant (1993), a educação continuada
pode ter significado de desenvolver o indivíduo para fazer melhor aquilo que
ele já faz, enfocando especificamente o “como fazer” e referendando o “status
inicial” ou de preparar indivíduo para atuar na realidade do momento, mas
principalmente para o futuro. A autora salienta que este último significado seria
o mais apropriado, uma vez que capacitaria o indivíduo para as mudanças
cada vez mais rápidas e complexas, dentre elas, pode-se ressaltar o
surgimento de novas tecnologias.
Ao passo que Pimentel (1991) enfatiza a educação continuada quando
permite enfrentar e resolver corretamente os problemas, verifica-se que esta
proporciona serviços eficientes e eficazes. Mas para que tal ação seja
desenvolvida, precisa-se refletir nas palavras de Freire (2003, p.28) quando
alega que:
“O que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente a de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador.”
Tal reflexão combina com a de Libâneo apud Gadotti (1990) quando
afirma que “o domínio dos conhecimentos escolares é requisito essencial para
a compreensão da prática social, ou seja, do movimento de desenvolvimento
histórico do povo”.
40
3.2. Ferramentas utilizadas no processo de redação
Primeiramente, para que se possa compreender as ferramentas utilizadas
no processo de redação vale tecer algumas idéias quanto a leitura e a escrita,
uma vez que os especialistas contemporâneos vêm voltando parte de suas
atenções em direção à importância de ambas (ORLANDI, 1989).
Em verdade, a preocupação com a leitura, e evidentemente com a escrita,
esteve sempre muito presente na história. O advento da imprensa e a
expansão da indústria cultural tornaram ainda mais significantes os
questionamentos sobre esta temática. Assim, a leitura e a escrita vêm sendo
quase sempre focalizadas como concernentes exclusivamente à escola e
vistas como operações básicas, cuja pertinência seria antes da área
pedagógica (COSTA, 1991).
Contudo, o autor supracitado focaliza que, detendo-se a examinar a
natureza das abordagens teóricas por onde passaram e ainda passam a leitura
e a escrita, vê-se como se alteram os enfoques, ante as mudanças sociais,
históricas e intelectuais que têm marcando a humanidade.
Se hoje ler e escrever são entendidos como operações essenciais em
nossa sociedade, decorrendo daí o vigor das preocupações em torno do tema,
no passado, no entanto, nem sempre isso ocorreu. Pensando-se, por exemplo,
na escrita e evidentemente na leitura, observa-se que, por entre os meados da
história, ambas foram motivo não de prestígio, mas, algumas vezes, de
ataques muito veementes (ORLANDI, 1989).
Um breve retrospecto mostra que o papel representado pelo livro, pela
leitura, pela escrita, mesmo em épocas nas quais a divulgação de textos era
bastante pequena e difícil, ficava mais reservada a alguns poucos iniciados. O
livro, por exemplo, foi muitas vezes mitificado e visto como objeto quase
litúrgico (COSTA, 1991).
Feitas estas considerações, pode-se definir a leitura, em um sentido
amplo, como atividade intelectual emitentemente humana. Diferentemente do
que até há algum tempo se pensava, a leitura não se constitui em um ato
41
solitário, pois este indivíduo, ao ler um texto, interage não propriamente com o
texto, mas com os leitores virtuais criados pelo autor e também com esse
próprio autor. Leitor e leitura se constituem, pois, como elementos vitais desse
jogo de interlocução contínua, a alargar indefinidamente as possibilidades de
atribuição de sentidos (PROUST, 1990).
Para o autor, desse modo, leitor e leitura atuam na construção de um
processo social de mão dupla, desenvolvendo um tipo de ação que se dá em
espaço muito amplo, pois os inumeráveis sentidos atribuídos a um texto e dele
também absorvidos entram em consonância com a história de vida de cada um
e, ainda, em conformidade com o imaginário pessoal e coletivo dos indivíduos.
A leitura reveste-se de um caráter formativo e de um caráter instrumental,
isto é, ela serve para o aprimoramento enquanto pessoas e serve também
como instrumento para melhorar o desempenho dos indivíduos em inúmeras
atividades que realizam na vida social, acadêmica e profissional (PÉCORA,
1983).
Por outro lado, para que o indivíduo entenda o texto que está lendo é
necessária uma análise, ou seja, uma interpretação do que ele se propõe a ler.
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decompô-lo, após uma
primeira leitura, em suas idéias básicas ou idéias núcleo, ou seja, um trabalho
analítico buscando os conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor.
Esta operação faz com que o significado do texto salte aos olhos do leitor.
Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido é a
resposta a três questões básicas: 1) Qual é a questão de que o texto está
tratando?; 2) Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão?;
3) Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião
dada? (PROUST, 1990).
A leitura é um processo muito mais amplo do que se pode imaginar. Ler
não é unicamente interpretar os símbolos gráficos, mas interpretar o mundo em
que vivemos. A leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da
civilização. Ela é uma atividade ampla e livre. Quando se lê, associam-se as
informações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que cada um tem
42
armazenado em seu cérebro e então cada um é capaz de criar, imaginar e
sonhar.
Segundo Proust (1990), ao ler o indivíduo realiza as seguintes operações:
Capta o estímulo, ou seja, por meio da visão, encaminha o material
a ser lido para o cérebro.
Passa, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial (palavras,
números, etc.) e a organizá-lo segundo a bagagem de
conhecimentos anteriores.
Assimila o conteúdo lido integrando-o ao arquivo mental e aplicando
o conhecimento ao cotidiano.
Diante destas informações, pode-se verificar que tanto o hábito da leitura
como da escrita, quanto a interpretação do texto são ferramentas de suma
importância no processo de redação. Com isso, não se pode deixar de citar a
necessidade de uma boa comunicação em grupo, uma vez que é por meio dela
que a equipe multiprofissional pode trocar informações e torna-se capaz de
fazer anotações que atendam a sua finalidade, ou seja, transmitir a mensagem
de maneira adequada.
3.3. A auto-avaliação da equipe multidisciplinar
Um dos atributos mais notáveis do homem é o da comunicação,
necessidade inata que torna possível manifestar ou exteriorizar o que se passa
na vida interior. E, através de atividades gregárias, permite o desenvolvimento
da perceptibilidade, por maturação e aprendizagem, para captar e interpretar
as reações de si próprio e dos outros, e ainda transmitir e receber impressões
comuns (DANIEL, 2003).
Para a autora, a comunicação é um processo que mobiliza todas as
ações humanas. Fundamenta a organização e funcionamento de todos os
43
grupos sociais. Graças à habilidade de perceber e comunicar, o homem
enriquece o seu referencial de conhecimentos, obtém satisfação das suas
necessidades, transmite sentimentos e pensamentos, esclarece, interage e
conhece o que os outros pensam e sentem.
Para melhor compreender o processo comunicacional, necessita-se
reconhecer os elementos nele envolvidos, o conteúdo que se refere, o que se
querer dizer ou transmitir, independente da forma como será feito e, também, o
tipo de relacionamento, que se deseja manter entre os interlocutores
(WATZLAWICK, 1967).
Segundo Berlo (1999), as situações ocorridas no processo
comunicacional diferem uma das outras, e para decifrá-las, é preciso paralisar
sua dinâmica, a fim de se poder analisá-la como um todo, devido à sua
complexidade e multidimensionalidade. Nesta análise, defronta-se com um
paradoxo onde, para descrever o processo, tem-se necessidade do emprego
da linguagem, e aí se reinicia o movimento e a interação simbólica, onde não
se deve levar em conta somente a linguagem escrita e falada, mas também a
linguagem não-verbal. Deve-se considerar a comunicação como algo lógico,
não contraditório ou incoerente, que está intimamente ligado ao
comportamento humano, que sofre e exerce influências no processo de
interação do ser humano com seu mundo.
Para obter êxito em um processo comunicacional, faz-se necessário que
exista uma fidelidade da mensagem, tanto na emissão quanto na recepção.
Para isto, é preciso que se determinem os fatores que interferem na fidelidade
da mensagem, tais como a efetividade e as barreiras e/ou ruídos, os quais
podem distorcer o conteúdo da comunicação. Eles interferem na fidelidade da
emissão e recepção de mensagens, causando os distúrbios comunicacionais,
sejam causados por falhas de interpretação, ambigüidade, excesso de
informação, falta de clareza ou alguma das habilidades comunicativas
prejudicadas. Por outro lado, a habilidade comunicativa, o nível de
conhecimento, a interação com os meios sócio-culturais, são fatores que
produzem uma comunicação efetiva (WATZLAWICK, 1967).
44
Para este autor, as habilidades comunicativas são a escrita, a palavra, a
leitura, a audição e o raciocínio. Há obviamente outras habilidades que são as
não verbais, onde incluímos os gestos, as atitudes, as expressões, o toque,
entre outros. O nível de conhecimento, por sua vez, se dá quando o emissor
tem conhecimento sobre o assunto, e, obviamente, comunica-se com a máxima
efetividade. Ninguém pode comunicar-se, explanar sobre um determinado
assunto sem conhecimento prévio.
De acordo com Ruesch et al. (1968), existem quatro níveis de
comunicação onde o conhecimento torna-se imprescindível para que a pessoa
possa perceber e interagir com o mundo. Para estes autores, os quatro níveis
de comunicação são: intrapessoal, com seu eu íntimo; interpessoal, de uma
pessoa para outra; em grupo; e cultural.
Outro aspecto importante do processo comunicacional é o
estabelecimento de relações, ou seja, a interação desenvolvida entre duas ou
mais pessoas, baseada em reciprocidade, tentando aprender o significado das
coisas, influenciando e sendo influenciado pelo meio sócio-cultural (RUESCH
et al., 1968).
Sendo a enfermagem uma profissão que cuida do ser humano tentando
atender/suprir suas necessidades, ela deve considerar o processo
comunicacional de vital importância para o bom relacionamento entre
enfermeiros, equipe, pacientes e familiares. Assim, para Stefanelli (1993, p.65):
“A comunicação já não pode ser considerada apenas como um dos instrumentos básicos da Enfermagem ou do desenvolvimento do relacionamento terapêutico. Ela tem de ser considerada como capacidade ou competência interpessoal a ser adquirida pelo enfermeiro, não importando sua área de atuação.”
Na Enfermagem, a comunicação deve estar inserida em seu contexto em
todos os momentos de suas ações, quer com indivíduos, família e/ou
sociedade, pois é por meio dela que o profissional socializa-se e desenvolve
45
sua capacidade de interagir e enfrentar novas de situações (STEFANELLI,
1993).
A Teoria das Relações Interpessoais (PEPLAU, 1988), enfoca a
interação enfermeiro-paciente, tendo como base o interacionismo simbólico, a
fenomenologia e o humanismo, como propulsores de relações interpessoais e
da comunicação.
Peplau (1988) enfoca os seguintes conceitos fundamentais para o
estabelecimento de relações interpessoais:
1. Pessoa: é definida como “homem”, que possui um organismo que
luta, a seu modo, para reduzir a tensão gerada pelas necessidades
sentidas. Considerando o ser humano um organismo vivo em estado
de equilíbrio instável, que busca atingir um estado de equilíbrio
perfeito, prevê-se que ele necessita de cuidados de saúde.
2. Ambiente: são forças fora do organismo que interferem no processo
de viver do ser humano, estimulando os profissionais de
Enfermagem à valorizarem a cultura e os costumes de seus clientes.
3. Saúde: é um símbolo vocabular que implica movimento diante da
personalidade e outros processos humanos em curso, na direção de
uma vida criativa, construtiva, produtiva, pessoal e comunitária.
4. Enfermagem: é um processo interpessoal, onde cada indivíduo é
visto como um ser bio-psico-sócio-espiritual, dotado de crenças,
costumes, usos e modos de vida voltados para determinada cultura
e ambiente diversificado. Para a autora, a Enfermagem é uma
relação entre um indivíduo que está doente ou necessitado de
serviços de saúde e um enfermeiro preparado para reconhecer e
para responder às necessidades de ajuda do paciente.
Segundo Stefanelli (1987), Peplau considera como elementos básicos ou
variáveis, das situações de Enfermagem, as necessidades humanas básicas, a
frustração, o conflito e a ansiedade, que devem ser tratados no relacionamento
46
enfermeiro-paciente de modo a favorecer o crescimento, ou seja, o
desenvolvimento saudável da personalidade.
Peplau (1988), inclui outros conceitos em sua teoria, como crescimento,
desenvolvimento e comunicação, os quais estabelecem entre si relações, quer
estejam elas ligadas direta ou indiretamente ao profissional enfermeiro, sendo
que o conceito de maior relevância é a comunicação. Ela considera que ao
assumir o atendimento ao paciente, o profissional enfermeiro assume um papel
muito importante para o crescimento e desenvolvimento do mesmo, ou seja, a
assistência de enfermagem é um processo colaborativo, flexível e embasado
nos princípios científicos.
Observa-se que dentre uma das tarefas mais negligenciadas na
enfermagem encontra-se a documentação insuficiente das experiências
ocorridas no decorrer do trabalho. A maior parte do que se diz e se faz na
enfermagem fica fora de qualquer documentação escrita, e, portanto, no
esquecimento. O registro das ocorrências com o cliente e o paciente, bem
como o planejamento, ordens e resultados precisam ser documentados
(DANIEL, 2003).
Assim, a autora cita que os enganos ocorridos freqüentemente por ordens
verbais transmitidas e entendidas inadequadamente podem até comprometer a
vida das pessoas atendidas. É por isso que se deveria dar muito mais valor à
comunicação escrita do que realmente se tem dado.
A comunicação deve ser considerada como capacidade ou competência
interpessoal a ser adquirida pelos profissionais de saúde, não importando sua
área de atuação, e as instituições de saúde a que pertencem. Para desenvolver
o processo comunicacional adequado e eficiente, os profissionais de saúde
devem atualizar seus conhecimentos, relacionados ao comportamento
humano, suas ações e interações e relacionamentos interpessoais, adquirir
técnicas comunicacionais adequadas para poder assistir/cuidar melhor dos
pacientes.
47
CONCLUSÃO
Este estudo monográfico demonstrou que a comunicação escrita é tão
significativa quanto a oral, no sentido de registrar os pensamentos,
informações, dúvidas e sentimentos do qual dispõe a equipe de enfermagem,
porém, para que haja êxito no processo deste tipo de comunicação, é
primordial que a mensagem seja preenchida por um conteúdo adequado às
necessidades do receptor, evitando assim, fontes de ruído, bloqueio e
filtragem, por parte do transmissor. Então em uma fase final, torna-se de vital
importância proceder o feedback, que é o retorno à fonte que demonstra a
resposta ao estímulo recebido. No entanto, para o ser humano apropriar-se dos
conteúdos instalados no mundo moderno, foi preciso iniciar, através da história,
um longo processo de escrita em pedras, na região da Mesopotâmia, cujo
sistema era voltado para desenhos de pessoas, animais, transportes e
símbolos que caracterizavam momentos relacionados ao cotidiano, o que foi
observado também nas letras do alfabeto que apareceram entre os gregos.
Com a evolução dos tempos, houve o avanço da tecnologia para a
revolução da informação, minimizando o tempo desenvolvido nas tarefas
diárias. Assim, surgiu o computador como recurso disponível na prática e no
ensino; um instrumento difundido para a administração do saber, refletindo na
melhoria de prestação de cuidados.
Quanto à concepção dos autores sobre a comunicação, nota-se que
Dornelles (1999), Katz et al. (1987), Daniel (2003), Du Gas (1988), Potter
(2002) e Suarez et al. (2000), valorizam a comunicação como um processo de
interação multidisciplinar, no qual fornece informações que auxiliam o cuidar do
paciente que abrange o ciclo saúde-doença.
No que concerne à utilização do computador para o registro das
anotações de enfermagem Marin (1995), Andrioli (1985), Guimarães et al.
(1989), Saba et al. (1986), Slee et al. (2000), Du Gas (1988), descrevem a
qualidade de assistência prestada aos pacientes como produto de
48
conhecimento e domínio dos enfermeiros, quando estes profissionais procuram
o aperfeiçoamento da tecnologia que reforça o sistema de saúde.
Concatenadamente, um outro recurso valorizado pelos teóricos como
Slee et al. (2000), Dorfman (1977), Luther (1979), é o prontuário eletrônico e a
microfilmagem, o primeiro é citado como arquivo que possibilita consultas
periódicas sobre o estado do paciente, quando há necessidade de validar
alguma informação, no segundo tipo de recurso há a preocupação com o
armazenamento de informação segura permanente nos sistemas ópticos/
magnéticos economizando o espaço físico.
Assim como no relato manual das anotações de enfermagem, na prática
diária com o prontuário eletrônico e a microfilmagem, torna-se necessário
selecionar os dados que vão ser processados no sistema, a fim de que se
possa ter acesso em uma auditoria ou um retorno dest paciente na unidade
hospitalar.
Em virtude deste fato, é válido ressaltar que Filho (1983), Valente (1997),
Barbosa (1988) encaminham o pensamento para a longa distância entre o falar
e o escrever, ação comprovada pelas entrevistas, quando direcionam as
anotações que devem ser entendidas pelos profissionais.
No que diz respeito à Kurcgant (1993), Pimentel (1991), Freire (2003), a
educação continuada é vista como o aprender e o apreender de forma
permanente, para resolver de maneira correta os problemas é preciso estar
ligado à essência das situações do cotidiano, porque não basta somente
instrumentalizar o conhecimento, mas sim refletir e inferir no processo de
buscar educação e aprimoramento ao longo da vida. Conseqüentemente, nas
entrevistas, observou-se a questão de valorizar a educação permanente na
equipe, a fim de evitar erros e minimizar as dificuldades.
Neste patamar, na prática dos profissionais de enfermagem, a educação
permanente é importante para a reciclagem dos saberes, que envolve o
atendimento de qualidade e que capacita o profissional a agir com
competência, em uma esfera que transcende a visão de somente saber fazer
49
determinado tipo de procedimento, quando procura cuidar do paciente como
um ser global, nos aspectos físicos, mentais, sociais e espirituais.
Na maneira de pensar de Libâneo apud Gadotti (1990), Orlandi (1989),
Costa (1991), Proust (1990), Pécora (1983), Daniel (2003), Watzlawick (1967),
Berlo (1999), Ruesch et al. (1968), Peplau (1988), a interação exercida na
comunicação escrita e verbalizada, faz com que haja um alargamento
indefinido de possibilidades com atribuição de sentidos, assim a comunicação
como processo mobiliza o relacionamento entre os interlocutores com o
mundo, onde o conhecimento torna-se imprescindível para a percepção da
realidade dos fatos e há ênfase na interação do contato enfermagem e
paciente, no intuito de contribuir para a recuperação deste na unidade de
internação.
Embora ainda haja dificuldades para desenvolver uma evolução de
enfermagem ordenadamente, percebe-se no cotidiano hospitalar que, a maioria
dos profissionais envolvidos na assistência, têm como meta, trabalhar com
mais freqüência os dados pertinentes à um relato das condições específicas do
paciente.
50
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55
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A ENFERMAGEM FRENTE AOS AVANÇOS DA TECNOLOGIA 14
1.1. Os recursos da Informática na Enfermagem 14
1.2. A utilização do Prontuário Eletrônico 17
1.3. A Microfilmagem na Enfermagem 25
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO ORDENADA DO PENSAMENTO NAS
ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM 28
2.1. A redação como fonte de validação dos dados 28
2.2. Fundamentação científica nas anotações 32
2.3. O hábito da leitura como forma de ampliar o pensamento 35
CAPÍTULO III
A CAPACITAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM 39
3.1. A educação permanente 39
3.2. Ferramentas utilizadas no processo de redação 40
3.3. A auto-avaliação da equipe multidisciplinar 42
CONCLUSÃO 47
REFERÊNCIAS 50
ATIVIDADES CULTURAIS 54
ÍNDICE 55
ÍNDICE DE FIGURAS 56
FOLHA DE AVALIAÇÃO 57
56
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1. ESCRITA HIEROGLÍFICA
FIGURA 2. ESCRITA CUNEIFORME
FIGURA 3. ESQUEMA DE UM PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
FIGURA 4. MODELO DE PRONTUÁRIO DE ELETRÔNICO
FIGURA 5. MICROFILMAGEM DE DOCUMENTOS
FIGURA 6. VISUALIZAÇÃO DO CÉREBRO HUMANO
09
09
10
22
27
29
57
FOLHA DE APROVAÇÃO
INSTITUIÇÃO: Universidade Cândido Mendes
CURSO: Pós-graduação “Lato Sensu” em Docência do Nível Superior
TÍTULO DA MONOGRAFIA: “A importância da comunicação escrita para
os profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar”
AUTOR: Grace Nascimento Thompson
ORIENTADOR: Mary Sue
Data de Entrega: ____/_____/_____
AVALIADO POR: ________________________________ CONCEITO: ______
AVALIADO POR: ________________________________ CONCEITO: ______
AVALIADO POR: ________________________________ CONCEITO: ______
CONCEITO FINAL: ______
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