a força de "os cantos de maldoror" sobre o projeto surrealista

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Apresentação feita para o I Colóquio Internacional em homenagem a Federico Garcia Lorca, ocorrido na Universidade Federal de Uberlandia em novembro de 2011

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Miriane Pereira Dayrell Souto/ Tatiele da Cunha Freitas

Leyla Perrone-Moisés: “A descoberta de Lautréamont por Breton foi um dos eventos mais ricos de repercussões na literatura.”;

Publicado em 1869, os Cantos de Maldoror e Poesias teve pouca e atônita

recepção;

A crítica da época oscilava entre a razão e a loucura, a originalidade e o mau-gosto.

Nas vésperas dos anos 20, o livro cai nas mãos de doismédicos auxiliares internos de um hospital em Paris: André Breton e Louis Aragon.

“Essa leitura [de Lautréamont] teve sobre nós o efeito de um terremoto” – André Breton;

“Permaneço com Lautréamont, belo como o mundo – Breton em carta a Aragon;

Em 1919, Breton, Aragon e Soupault publicaram na revista Littérature, Poesias I e II. E desde então Ducasse se tornou o maior inspirador dos surrealistas;

“É a este homem, do qual só se possuem, como do Marquês de Sade, retratos apócrifos, que incumbe talvez a maior parte da responsabilidade pela situação atual da poesia” (Breton 1924, Les pas perdu)

Surrealistas

Ultrapassavam a estética, queriam mudar o homem e a vida;

A vida civilizada fez com que o homem perdesse a capacidade de apreender o sentido profundo do universo, sua surrealidade;

Desconfiança na razão, no progresso material e no próprio homem Consequência do horror da I Guerra e da falta de perspectiva de seu fim;

Isidore Ducasse Rebeldia, resultado da

experiência do irracionalismo Guerra do Prata/ Guerra Franco-Prussiana;

Libertação do inconsciente Cantos de Maldoror considerados como obra de um louco por contrariarem a razão, o bom senso e a moral.

Muitos trechos da obra, incompreensíveis, parecem frutos da escrita automática;

Acaso objetivo: “[belo como] a retratibilidade das garras da ave de rapina [...].” (Canto VI).

No 1º Manifesto os surrealistas exigem a “deificação pura e

simples” de Lautréamont, colocado por eles acima de Rimbaud;

Sentimento que se transformaria em ciúme feroz:O que é que vocês pretendem,

entregando aquilo que foi protegido de toda mácula, durante tanto tempo, aos

porcos?

Nós nos opomos e continuamos a nos opor a que Lautréamont entre na História, a que lhe

designem um lugar entre fulano e sicrano.

Leyla Perrone-Moisés: “A descoberta de Lautréamont por Breton foi um dos eventos mais ricos de repercussões na literatura.”;

Publicado em 1869, os Cantos de Maldoror e Poesias teve pouca e atônita

recepção;

A crítica da época oscilava entre a razão e a loucura, a originalidade e o mau-gosto.

Nas vésperas dos anos 20, o livro cai nas mãos de doismédicos auxiliares internos de um hospital em Paris: André Breton e Louis Aragon.

“Essa leitura [de Lautréamont] teve sobre nós o efeito de um terremoto” – André Breton;

“Permaneço com Lautréamont, belo como o mundo – Breton em carta a Aragon;

Em 1919, Breton, Aragon e Soupault publicaram na revista Littérature, Poesias I e II. E desde então Ducasse se tornou o maior inspirador dos surrealistas;

“É a este homem, do qual só se possuem, como do Marquês de Sade, retratos apócrifos, que incumbe talvez a maior parte da responsabilidade pela situação atual da poesia” (Breton 1924, Les pas perdu)

Surrealistas

Ultrapassavam a estética, queriam mudar o homem e a vida;

A vida civilizada fez com que o homem perdesse a capacidade de apreender o sentido profundo do universo, sua surrealidade;

Desconfiança na razão, no progresso material e no próprio homem Consequência do horror da I Guerra e da falta de perspectiva de seu fim;

Isidore Ducasse Rebeldia, resultado da

experiência do irracionalismo Guerra do Prata/ Guerra Franco-Prussiana;

Libertação do inconsciente Cantos de Maldoror considerados como obra de um louco por contrariarem a razão, o bom senso e a moral.

Muitos trechos da obra, incompreensíveis, parecem frutos da escrita automática;

Acaso objetivo: “[belo como] a retratibilidade das garras da ave de rapina [...].” (Canto VI).

No 1º Manifesto os surrealistas exigem a “deificação pura e

simples” de Lautréamont, colocado por eles acima de Rimbaud;

Sentimento que se transformaria em ciúme feroz:O que é que vocês pretendem,

entregando aquilo que foi protegido de toda mácula, durante tanto tempo, aos

porcos?

Nós nos opomos e continuamos a nos opor a que Lautréamont entre na História, a que lhe

designem um lugar entre fulano e sicrano.

André Breton – 1924 Apresentar publicamente

as propostas estéticas do surrealismo

Oposição entre realidade e imaginação

isenção da lógica a adoção de uma

realidade superior

Construção do personagem

Crítica à tipificação

Representação psicológica – consciência narrativa

Universo onírico

Livre associação de imagens

Fragmentação automatização

Composição é livre de reflexão

Imagens associadas sem mediação

Leis próprias de organização de um real- imaginário

abstração

1ª PARTE 2ª PARTE 3ª PARTECrítica ao

Realismo e aos modos de

composição do romance realista

Apresentação das proposições de

Freud

Apresentação das propostas estéticas

“A mania incurável de reduzir o desconhecido ao conhecido, ao classificável, só serve para entorpecer cérebros.”

“A mente que mergulha no surrealismo revive, com exaltação, a melhor parte de sua infância.”

“Oxalá chegue o dia em que a poesia decrete o fim do dinheiro e rompa sozinha o pão do céu na terra.”

publicado pelo mesmo escritor em 1930

tratava mais diretamente aos acontecimentos procedidos depois da publicação do primeiro manifesto, e do esclarecimento da posição política e dos princípios surrealistas. 

“E como o vôo seguro de espírito depende do grau de resistência oposta a essa idéia, não é difícil compreender que o surrealismo não tenha hesitado em adotar a revolta absoluta, a insubmissão total, a sabotagem consoante às regras que de não espere nada e coisa alguma que não seja a violência.”“Nós combatemos sob todas as formas, a indiferença poética, a distração artística, a pesquisa erudita, a especulação pura, e não queremos ter nada em comum com os economizadores de espírito.”

1846 – 1870 Considerado o precursor do

Surrealismo Conde de Lautréamont  Os Cantos de Maldoror

André Breton considerava-o uma "revelação total que parece exceder as possibilidades humanas“

'belo como o encontro casual entre uma máquina de costura e um guarda-chuva numa mesa de dissecação'. 

“A história da poesia moderna é a de um descomedimento.(...) O astro negro de Lautréamont preside o destino de nossos maiores poetas.” Octavio Paz

“Os Cantos de Maldoror e Poesias brilham com um fulgor incomparável: são a expressão de uma revelação total, que parece exceder as possibilidades humanas. Com ele o famoso “tudo é permitido” de Nietzsche não pareceu platônico, pretendendo significar que a melhor regra aplicável ao espírito ainda é a orgia.” André Breton

“Abram Lautréamont! E aí está toda a literatura virada pelo avesso como um guarda-chuva! Fechem Lautréamont! E tudo, imediatamente, volta ao lugar...” Francis Ponge

“Ele era sem dúvida, um gênio irredutível para o mundo, e não mais desejável para o mundo do que Edgar Poe, Baudelaire, Gérard de Nerval ou Arthur Rimbaud.” Antonin Artaud

Espécie de poema em prosa,

composto de seis cantos, em que os elementos da lírica, da narrativa e da épica se entrelaçam

Maldoror Herói Mal d’aurore ( francês) Mal de horror (espanhol)

Procedimentos narrativos:

Canto II, estrofe IV

Entretanto a ação narrativa dos cantos carecem de qualquer tipo de desennvolvimento, ela é apresentada como uma sucessão de atos puros, sem explicações morais ou psicologicas. O movimento da ação fica, então, acelerado, e parece que nos encontramos diante de uma sucessão de fragmentos narrativos sem ligação alguma diante da autentica novela.

O mesmo título elegido (Cantos de Maldoror) supõe a referencia a uma linguagem poética;

* Canto ao oceano - Uso constante de refrões - Estilo enfático e retórico semelhante a certa poesia romantica.

No entanto o elemento poético mais original é a utilização de metáforas e comparações nas quais coloca em relação dois elementos sem conexão lógica aparente, o que o coloca, como precussor do surrealismo, como o mais próximo de seus adeptos.

O exemplo mais destacado da imagem surrealista em Maldoror é a famosa descrição de Mervyn, jovem ingles, vítima de maldoror, no canto sexto.

Santiago Mateos Mejorada: A combinação, ao longo do texto, dos elementos narrativos e líricos não se deve a uma arbitrariedade nem a um merro jogo literario. Existe um denominador comum que permite unificar esta mistura generica: a vontade paródica.

5 hipotextos mais destacados: 1) A biblia *** 2) Buffon – descrições

pseudocientificas ***3) Os grandes classicos *** 4) O folhetim *** 5) A poesia romantica

A maiora se encontra no canto I

Em efeito, apesar da aparencia de dispersao na obra, existem vários elementos unificadores que impedem a desagregaçãao total, esses são 4 prrincipais:

A onipresença de Maldoror O complexo da agressão A paródia como forma de escritura A vivência na cidade.

Se observamos os elementos unificadores estudado, vemos que os 4 possuem denominador comum que os unifica: a destruição – dinamica textual da obra.

Velho oceano, tu és o símbolo da identidade: sempre igual a ti mesmo. Tu não varias de uma maneira essencial, esse tuas ondas estão em fúria em algum lugar, mais longe, em outra zona, estão na mais completa calma. Não é homem, que pára nas ruas para ver dois buldogues avançando um sobre o pescoço do outro, mas que não pára ao passar um enterro: que está acessível pela manhã e de mau humor à noite; que ri hoje e chora amanhã. Eu te saúdo, velho oceano. (p. 86)

LIVRE ASSOCIAÇÃO DE IMAGENS

LIVRE ASSOCIAÇÃO DE IMAGENS

Vladimir Kush

Dei por assentado, em poucas linhas, que Maldoror foi bom durante os seus primeiros de vida, em que viveu feliz; pronto. Logo reparou que havia nascido mau: fatalidade extraordinária! [...] Não era mentiroso, confessava verdade e dizia que era cruel. Humanos, ouvistes? ele ousa repeti-lo com esta pluma que teme! (p. 75)

NÃO CONFORMISMONÃO CONFORMISMO

Eu vi, durante toda a minha vida, sem executar um só, os homens de ombros estreitos praticarem atos estúpidos e numerosos, embrutecerem seus semelhantes, enfiarem o dinheiro dos outros no bolso, e perverterem as almas por todos os meios. Assim chamam eles o motivo de suas ações: a glória. (p.76)

A CONDIÇÃO HUMANA

A CONDIÇÃO HUMANA

Nos olhos de alguns poetas de hoje, os Cantos de Maldoror e Poesias brilham em esplendor irresistível: são a expressão de uma revelação total que parece exceder as possibilidades humanas. Toda a vida moderna, no que se tem de específico, se encontra subitamente sublimada... Tudo o que de mais audaz, durante séculos, de pensar ou empreender, encontrou de antemão a sua própria fórmula aqui, a tua lei mágica. O verso, e já não o estilo, sofre com Lautreamont uma crise fundamental, assinala com um novo início.

André Breton

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