a criatividade na empresa - parte 1

Post on 18-Jul-2015

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A CRIATIVIDADE NA EMPRESA I

O assunto criatividade nas empresas tem sido objeto de inúmeras pesquisas. No

início, estas pesquisas estavam atreladas às pesquisas sobre inteligência, já que se

acreditava que a criatividade aumentaria com o aumento da inteligência. Segundo

o famoso psicólogo americano J.P. Guilford “o exame do conteúdo dos testes de

inteligência revelaram muito pouco de que existia algo de natureza criativa;

muitas pessoas acreditam que o talento criativo deve ser creditado à inteligência

elevada ou alto QI. Esta concepção não só é inadequada como também foi a

responsável pela falta de progresso no entendimento do que seja uma pessoa

criativa”.

Com o aprofundamento das pesquisas na área da neurociência, foi revelado que

o cérebro humano tem suas áreas especializadas interligadas e interdependentes

e que havia total possibilidade da criatividade estar umbilicalmente ligada às

inteligências. Para nós leigos da neurociência, só entendíamos a palavra

inteligência como sendo sinônimo de intelecto, racionalidade. Mas começamos a

entender os vários significados dela a partir das pesquisas publicadas por Howard

Gardner, da Universidade de Harvard, que revelaram possuirmos sete

inteligências. Mais tarde, com a publicação do livro “A inteligência emocional”, de

Daniel Goleman, ficamos familiarizados, pelo menos, com duas: a inteligência

racional e a inteligência emocional.

Bem, vou voltar ao tema do artigo. Assim como existem essas duas inteligências,

podemos dizer que também existem duas criatividades: a criatividade racional e a

criatividade emocional.

Os processos criativos: “Pensamento lateral”, desenvolvido por Edward de Bono;

O Brainstorming, por Alex Osborn; e o Synectics, por Prince e Gordon, e todos os

outros processos atualmente em uso nas empresas, têm base na inteligência

racional, buscando a criatividade ou por meio de conexões analógicas ou

provocando reestruturação de algum modelo existente através de

questionamento.

As pesquisas do neurocientista Paul McLean já tinham mostrado ao mundo a

teoria do cérebro triuno, que revelou os potenciais humanos latentes no sistema

límbico (alguns autores chamam de “mamelian” por ter surgido com os

mamíferos), que veio a ser conhecido como “a sede das emoções”. Em 1982,

realizei uma consultoria para a Petrobras, na área de engenharia, onde as

emoções positivas eram estimuladas para melhorar o resultado de um projeto.

Naquela época, no entanto, não se cogitava que a melhoria pudesse ser

proveniente de outra inteligência que não fosse a racional.

Eu creio que a maioria que fala da inteligência emocional tem dificuldade de

explicar o mecanismo de seu funcionamento, pois é um assunto ainda em

discussão na área da neurociência. Por exemplo: qual a sua origem e seu

processamento dentro do mecanismo cerebral? Sua exteriorização se dá pela

linguagem humana (racional)? Ou somente demonstrada pelas reações do corpo

(“O corpo fala”)?

Uma coisa é certa, e que interessa a este texto no momento: a criatividade

emocional é pouco aplicada nas empresas, o que é uma pena!

Desde 1982 tenho tido trabalhos aplicando a criatividade emocional, usando os

potenciais latentes, revelados por McLean, com a finalidade de melhorar

planejamentos, processos e projetos. Há pouco tempo, tivemos resultados

bastante significativos com a aplicação da criatividade emocional em um projeto

petroquímico, mas anteriormente já aplicávamos na gestão, seja no processo

decisório seja no planejamento estratégico.

Os resultados que tenho conseguido com a criatividade emocional, ou seja, com

uso das emoções positivas (emoções produtivas, para alguns), são bem melhores

do que os resultados provenientes da criatividade racional. E os resultados não

são pouco melhores, são muito melhores! Se você estiver interessado em mais

detalhes peço se reportar ao site www.embrascon.com porque lá você vai

encontrar resultados da prática das emoções nos negócios.

Um detalhe: tanto a inteligência emocional quanto a criatividade emocional

quando se comunicam com o exterior o fazem pela linguagem, que é um atributo

da inteligência racional. Assim sendo, me parece que o único canal de saída, ou de

comunicação, da inteligência/criatividade emocional, pela linguagem, é através

do lóbulo frontal esquerdo do neocortex, esse como sabemos é a última camada

evolutiva do cérebro humano, que é a sede da razão.

Minha interpretação deste fato é que as emoções são o combustível para

dinamizar a inteligência/criatividade racional, resultando por isso um produto

quantitativamente maior. Este produto então foi rotulado de inteligência

emocional ou, em se tratando de criatividade, de criatividade emocional.

Mas todo cuidado é pouco quando se trabalha com emoções porque o resultado

vai depender do estímulo: se positivo (produtivo) ou se negativo (destrutivo). Se o

estímulo for positivo o produto pode resultar quantitativamente e

qualitativamente melhor (mais alegria, felicidade, amizade, amor, cooperação,

altruísmo, humildade, simpatia, gratidão, admiração, etc.), mas se o estímulo for

negativo o produto dará resultado inverso (mais tristeza, vergonha, culpa,

embaraço, indignação, desprezo, medo, inveja, revanche, repulsa, etc.).

Todo aquele que quiser desenvolver inteligência/criatividade emocional na

empresa deve cuidar para que o seu foco esteja nos estímulos, do contrário pode

dar o resultado inverso, como dito acima. A psicologia organizacional tem as

ferramentas necessárias para desenvolver nas pessoas, no trabalho, os estímulos

adequados.

Existem outros aspectos quando se escreve sobre criatividade, como por

exemplo: a influência da idade, a influência da especialidade, o valor do grupo

integrado, a influência da hierarquia, etc. São aspectos que abordarei em próximo

artigo.

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