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OPINIÃOSALVADOR SEGUNDA-FEIRA 9/1/2017A2

opiniao@grupoatarde.com.br

Os artigos assinados publicados nas páginas A2 e A3 não expressam necessariamente a opinião de A TARDE.Participe desta página: e-mail: opiniao@grupoatarde.com.brCartas: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900

Mário Soares deixa olegado de um modelode comportamentoético a ser seguido e aconstatação de que aideologia não deve sesobrepor ao Estadoe à democracia

ESPAÇO DO LEITOR

A lição de Mário SoaresNo dia 07/01/17 morreu o ativista político,ex-primeiro ministro e ex-presidente pordois mandatos de Portugal, Mário Soares,considerado a pessoa mas querida do seupaís, à frente até de Cristiano Ronaldo, se-gundo pesquisas de opinião. Soares teveuma vida honesta e de luta pelos ideaisdemocráticos. Foi preso e depois exilado naFrança, onde não deixou de lutar pelo pen-samento progressista e contra o ditador erecluso Salazar. Voltou para o seu país, em1974, após a Revolução dos Cravos e apesarde ter pertencido ao PCP (Partido ComunistaPortuguês) e ao PS (Partido Socialista), oex-presidente nunca foi um sectário-leni-nista, e logo foi de encontro ao radical co-munista Álvaro Cunhal. Este tinha a ideia detransformar Portugal em uma Cuba euro-peia. Já Soares, mesmo sendo um socialista,nãoseidentificavacomaquelepensamento,mesmo porque visitara Cuba e tivera pro-blemas com Fidel Castro devido a não con-cordar com seus princípios e métodos. Parao nosso país, Mário Soares deixa o legado deum modelo de comportamento ético a serseguido e a constatação de que a ideologianão deve se sobrepor ao Estado e muitomenos à democracia. LUCIANO PEIXOTO, LU-CIANOPEIXOTOS@GMAIL.COM

EsbulhoOs meios de comunicação não demons-traram interesse na defesa do povo e re-bater a maliciosa informação dos senho-res do Poder Municipal, o prefeito ACM

Neto, talvez secundado pelo seu secre-tário de Mobilidade Fábio Mota, que ape-sar dos tempos bicudos autorizou pelamadrugada o reajuste dos transportes co-letivos em 6,5%, com base no IPCA, con-forme o contrato de concessão. O reajustena realidade foi de 9,09%, que gerou umaumento a maior de 0,10 centavos em cadapassagem. Se levarmos em consideração aestimativa atual da população em 3 mi-lhões, e em 30% deste total de usuários dotransporte coletivo teríamos uma arre-cadação de noventa mil reais diariamente,2,7 milhões de reais mensalmente e 32,4milhões de reais anualmente, que irãoencher os bolsos dos avarentos donos dostransportes coletivos. Aproveitando a dei-xa, o Excelentíssimo Governador Rui Cos-ta aplicou o mesmo remédio amargo napassagem do metrô. Imaginem se não es-

opiniao@grupoatarde.com.br

Anilton SantosArquiteto / Urbanistaanilton.ssilva@gmail.com

A sombra do amanhã

O presente é uma sombra que rondao ontem e o amanhã, nisso re-pousa a nossa esperança e a nossa

agonia. O que somos hoje é fruto do queconstruímos no passado, amanhã sere-mos fruto do que construímos no pre-sente.

Manifesto isso num momento em queo país é alarmado por delações que atin-gem a um amplo espectro da classe po-lítica e os governos, em diversos níveis,

elegem o povo como escape para corrigiros seus erros do passado recente. A po-lítica é de entrega ao mundo empresarialsob o manto de gerar emprego e recu-perar o crescimento econômico. O custosocial será alto e não temos garantia derecuperação do crescimento, diante do

campo de incerteza que norteia a eco-nomia global.

Ignora-se que há uma crise mundial docapitalismo que não é somente uma crise:é uma implosão, no sentido de que estesistema não é capaz de se reproduzir des-de suas próprias bases, ou seja, é vítimade suas próprias contradições internas. Osistema capitalista implode, mas por cau-sa de seu êxito, o êxito de se impor aomundo dos negócios, o que o leva a pro-vocar um crescimento vertiginoso das de-sigualdades, inaceitável socialmente, to-davia a causa da implosão é o fato de queele não pode se reproduzir. Não podeelevar sua capacidade produtiva, que osavanços tecnológicos permitem sem re-

distribuir a renda e reduzir as desigual-dades para ampliar a capacidade de con-sumo. Além disso, desgasta o capital na-tural/ambiental impondo riscos ao futu-ro da humanidade.

Não existe uma política no país paraenfrentar a crise externa. Quando ela es-tourou alguns anos atrás o país ignorou,agora a marolinha virou um tsunami e ogoverno atual ressuscita a política neo-liberal já falida, jogando o peso da crisenas costas do trabalhador. A história e otempo farão justiça aos inimigos do povo.Os atos dos governantes no presente se-rão semelhantes a uma sombra a rondaro seu futuro. O amanhã não apaga osrastros de hoje.

Os atos dos governantesno presente serãosemelhantes auma sombra arondar o seu futuro

tivéssemos em crise? A população seriaainda mais escorchada e esbulhada. JOSÉHOLLY MENDES VIEIRA, JHMVIEIRA@GMAIL.COM

Exame de PaternidadeEm relação à informação do leitor CarlosAlberto S. Quintela sobre a oferta de examegratuito de DNA, custeado pela DefensoriaPública, informamos que esse serviço se dáatravés da Ação Cidadã Sou Pai Responsável,que já beneficiou mais de 13 mil famíliasdesde 2007. O projeto tem como objetivoenfrentar o triste problema das crianças quesofrem por não possuírem o nome do painos seus registros. Estimula-se, através deatendimento multidisciplinar, a paternida-de responsável, que inclui alimentos, edu-cação e, principalmente, presença na vidado filho. Aquelas pessoas que, após a cer-tidão de nascimento já formalizado, ali-mentem alguma suspeita sobre a veraci-dade da paternidade ali posta também re-cebem atendimento jurídico integral e gra-tuito pela Defensoria Pública, mas não seinserem naquele projeto, voltado exclusi-vamente para jovens sem o registro paterno.ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO - DPE/BA, AS-COM@DEFENSORIA.BA.DEF.BR

Registro de assaltoDia 07/01/2017, sábado, a mãe de minhafilha foi assaltada no estacionamento dosupermercado Bompreço Imbuí, e fez oBoletim de Ocorrência na delegacia deFurtos e Roubos de Veículos, já que os

bandidos levaram o Honda HRV branco deplaca PAX 2020, com todos os pertences ecompras realizadas naquele mercado.Ocorre que mais de 24 horas depois, aDelegacia não fez o registro no Sinesp -Sistema Nacional de Informações de Se-gurança Pública, o que significa que osbandidos podem transitar livremente quenão serão importunados por qualquer for-ça policial. Retornando à Furtos Roubos,obtivemos a informação de que, como aplaca era de outro estado, o registro nosistema somente poderia ser realizado noprimeiro dia útil, ou seja, pelo menos 48horas depois, tempo suficiente para osbandidos fazerem o que quiserem, mes-mo tendo de imediato acionado o 190. ASSP dá Bahia precisa corrigir isso, na ten-tativa de possibilitar a recuperação dosveículos roubados, assim entendo. EDIL-SON BARTOLOMEU, EBARTOLOMEU@UOL.COM.BR

O voto como armaA democracia no Brasil é fortemente con-substanciada pelas nocivas ações: do PCC, doPMDB, do PT, do PDT, do PSDB, do FDN, doPP, do PCdoB, PTB; coadjuvados por inte-grantes dos demais poderes desta Repúblicado compadrio. Portanto urge reação do povobrasileiro. Vamos usar a nossa arma, o voto,para desmantelar todo esse sistema maquia-vélico que quebrou o país e vitimou im-piedosamente a nossa população. Lamen-tavelmente. Rumo a 2018. MATHEUS VER-NECK, MATHEUSVERNECK@YAHOO.COM.BR

Memóriada Bahia

Nelson PrettoProfessor da Faculdade de Educação da UFBAnelson@pretto.pro.br

A passagem de um ano para outro ésempre oportunidade para acionara memória, lembrar de cenas fa-

miliares e momentos significativos denossas vidas. A memória pessoal, fami-liar, é um elemento fundamental na cons-trução da história das civilizações. Essahistória não é escrita apenas por meiodessas ações individuais, que dependemdo cuidado que devemos ter com o nossopassado. São necessárias políticas públi-cas bem consolidadas para a garantia deque nossos arquivos e nossas memóriasmais coletivas possam ser preservadas.

Saber do registro do quarto conjuntodocumental do Arquivo Público do Estadoda Bahia no Programa Memória do Mun-do da Unesco é, sem dúvida, uma notíciaalvissareira. Mas ainda é muito poucopara uma terra com tão rica história. Pre-cisamos de muito mais, pois sabemos dasatuais condições do nosso Arquivo Pú-blico. Na esfera privada, o Mosteiro de SãoBento, que tem uma rica e impressio-nante biblioteca, fez um belo trabalhopara a preservação de seu acervo, dis-ponibilizando, em acesso aberto, uma co-leção de cinco Livros do Tombo que do-cumentam importantes fatos da históriada Bahia e do Brasil desde o século XVI(http://bit.ly/2hC3V82). Mas essas boasnotícias são sempre acompanhadas deoutras não tão boas.

Nosso projeto Memória da Educação naBahia produz vídeos-depoimentos compessoas que marcaram a educação emnosso Estado, e todo o material fica dis-ponível na internet para ser usado livre-mente (http://bit.ly/MemoEd). Como con-sideramos importante para a educação

resgatar a história do IRDEB (Instituto deRadiodifusão Educativa da Bahia), come-çamos a localizar educadores para, comeles, realizar gravações. Precisávamos,desse modo, de imagens e entrevistas daprofessora Aristocléa Macedo, fundadorado IRDEB, na década de 1970. Nada foiencontrado nas mais de 7.500 horas-fitasdo acervo da TVEBahia. Ficamos sabendoque esse rico arquivo é composto de fitasque, em alguns casos, já não são maislidas pelos equipamentos disponíveis nomercado. Urgente se faz, portanto, querecursos sejam destinados para a ime-diata digitalização desse pedaço de nossahistória. Fui informado que, entre tantasoutras preciosidades ali guardadas e comrisco de serem definitivamente perdidas,estão as imagens da posse de todos osgovernadores da Bahia, desde a criação daTVE, nos anos 70 do século passado.

O IRDEB é hoje integrante da Secretariade Educação, de modo que nada maispertinente para essa pasta do que cuidarda sua própria memória. O secretárioWalter Pinheiro e o governador Rui Costadeixariam uma significativa marca emsuas gestões se, de forma imediata, pro-videnciassem que todo esse material fos-se digitalizado e colocado na internet,disponível para todos. Cuidar da memóriaé uma das nobres tarefas de um país quealmeja ser uma Nação.

A memória pessoal,familiar, é umelemento fundamentalna construçãoda históriadas civilizações

Violência: quandoa palavra falta

Claudio Souza de CarvalhoPsicanalistaccarvalho19_23@hotmail.com

A recente tragédia de Campinas nanoite do Réveillon, quando um paiinvadiu a residência da família de

sua ex-mulher e executou pessoas ino-centes, dentre elas a mãe do seu filho ea própria criança, e em seguida se sui-cidou, traz elementos que exigem umareflexão mais profunda e distante da su-perfície dos acalorados debates de calou-ros das redes sociais.

O assassino deixou mensagens carre-gadas de ódio misógino em cartas e áu-dios atribuindo a insanidade do seu atoàs injustiças sofridas numa disputa deguarda com a sua ex-companheira. A mi-soginia e a insana passagem ao ato nãoencontrarão justificativa, por elas nãoexistirem. Uma passagem ao ato é umaação desprovida de qualquer sentido.

Tentar dar sentido à violência e ao ódioé o que a sociedade busca quando de-manda justiça. Ao bater às portas do ju-diciário, os jurisdicionados esperam amediação de um terceiro, investido depoder pelo Estado como árbitro, para so-lucionar conflitos. A produção do ato ju-risdicional deve ter o alcance de restauraro poder civilizatório de regenerar o valorda palavra desidratada pelo litígio. O pa-pel atribuído aos operadores do direito éo de reconstituir o frágil tecido do vínculosocial esgarçado pelas animosidades.

Nos litígios nas varas de família, so-bretudo, quando envolvem crianças eadolescentes, o trabalho exigido do ma-gistrado e do representante do ministériopúblico é maior por envolver menoresincapazes de responder imediatamentepelos seus atos, impossibilitados que es-tão, pela idade da vida e pela disputa

entre os pais, de encontrar um lugar euma palavra justa no redemoinho de afe-tos intensos e misturados.

A alienação parental é uma impossi-bilidade de se fazer o luto de uma históriade amor que chegou ao fim. Os atos dealienação são tentativas de dar sequênciaa uma história de amor ao avesso, pela viado ódio e da violência covarde pelo usoperverso de menor vulnerável. Mas o ins-tituto da alienação parental só se fechaquando o complexo alienante encontra aausência do ato jurisdicional por partedos representantes do Estado. Quando is-so ocorre, toda a rede protetiva em tornoda infância e juventude fica comprome-tida e os ódios são intensificados.

A chacina de Campinas nos convoca auma reflexão para além do óbvio. Os inú-meros casos que se arrastam nas varas defamília não encontram a celeridade e efe-tividade necessárias. Cabe ao poder ju-diciário e à sociedade civil organizadaarticular interesses com humildade aoempenhar esforços no sentido de buscarauxílio mútuo no trabalho interdiscipli-nar para lidar com as questões da sub-jetividade. Porque quando a palavra faltaé a violência com suas várias faces mons-truosas que se faz presente.

A alienação parental éuma impossibilidade dese fazer o luto de umahistória de amor quechegou ao fim. Étentativa de darsequência à história deamor pela via do ódio

Devido às férias do colunista Levi Vasconcelos, a coluna Tempo Presente não será veiculada às segundas-feiras do mês de janeiro.

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