16. sistema reprodutor masculino
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Rita Luz – 2004/2005
Sistema ReprodutorSistema Reprodutor MasculinoMasculino
Introdução
O sistema reprodutor masculino pode ser dividido em 4 componentes funcionais principais:
1. Testículos2. Sistema de ductos (que colecta, armazena e conduz os
espermatozoides a partir de cada testículo), constituído por: Canais eferentes Epidídimo Canal deferente Canal ejaculador Os canais ejaculadores convergem para a uretra, a partir da qual
os espermatozoides são expelidos para dentro do tracto reprodutor feminino durante a copulação
3. Duas glândulas exócrinas: Vesículas seminais Glândula da próstata Secretam um meio líquido nutritivo e lubrificante – líquido seminal – no qual os espermatozoides são conduzidos para o tracto reprodutor feminino. O sémen (líquido expelido durante a ejaculação) é constituído por líquido seminal e espermatozoides, e também algumas células descamadas do revestimento do ducto.
4. Pénis: orgão da copulação. Contém 1 par de pequenas glândulas acessórias – glândulas bulbo-uretrais de Cowper – secreta 1 líquido que lubrifica a uretra para a passagem do sémen durante a ejaculação.
Gametogénese
Baseado em:Histologia e Biologia Celular de A. Kierszenbaum (capitulos 20 e 21)Wheater Histologia Funcional de B. Young e J.W. Heath (capitulo 18)
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A meiose é a única forma de divisão celular que permite a produção de células haploides, pelo que também é designada gametogénese.
Ocorre apenas nas células germinativas das gónadas durante a formação dos gâmetas.
A meiose envolve 2 ciclos de divisão celular, dos quais apenas o 1º é precedido pela duplicação dos cromossomas.
Assim, a divisão celular meiótica de uma única célula germinativa diplóide dá origem a 4 gâmetas haplóides
No sexo masculino, cada 1 dos 4 gâmetas sofre um desenvolvimento morfológico para se tornar um espermatozóide maduro
No sexo feminino, a distribuição desigual do citoplasma durante a meiose resulta num gâmeta que adquire quase todo o citoplasma da célula-mãe (o qual amadurece para formar o oócito), enquanto os outros 3 quase não têm citoplasma e degeneram (corpúsculos polares).
As células germinativas primitivas no sexo masculino – espermatogónias – estão presentes apenas em pequenas quantidades nas gónadas masculinas antes da maturidade sexual.
Após a puberdade, as espermatogónias multiplicam-se continuamente por mitose para fornecer 1 suprimento de células, que então sofrem meiose para formar os gâmetas masculinos.
Espermatogénese: produção dos gâmetas masculinos.Espermiogénese: desenvolvimento subsequente do gâmeta masculino num espermatozóide móvel.
A totalidade do processo leva aproximadamente 70 dias. Esses processos ocorrem dentro do testículo, apesar de a maturação
final dos espermatozóides ocorrer no epidídimo.
Pelo contrário, as células germinativas do sexo feminino – oogónias – multiplicam-se por mitose apenas durante o desenvolvimento fetal inicial, produzindo desse modo um complemento fixo de células com o potencial de sofrer gametogénese.
Testículo
Gónadas masculinas Orgãos pares localizados dentro da bolsa escrotal, fora da cavidade
abdominal.
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Esta localização permite a manutenção dos testiculos 2 a 3ºC abaixo da temperatura corporal, essencial para a espermatogénese normal.
Função Produção de
gâmetas masculinos – espermatozóides. Produção de
hormonas sexuais masculinas
Durante o desenvolvimento embrionário, cada testículo, com a 1ª parte do seu sistema de ductos, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, desce ao longo de um trajecto tortuoso a partir da parede posterior da cavidade peritoneal para a bolsa escrotal.
Essa descida ocorre em 2 fases:1. descida transabdominal, provavelmente controlada pela
substância inibidora mülleriana, produzida pelas células de Sertoli fetais.
2. descida inguinal-escrotal, provavelmente controlada pela secreção de androgéneos induzida pelo peptido relacionado com o gene da calcitonina transportado pelo nervo genito-crural.
Durante a migração, o testículo leva consigo uma camada de revestimento do peritoneu, de modo que na bolsa escrotal o testículo é quase completamente revestido por uma dupla camada de mesotélio que contém um espaço potencial - túnica vaginal
Túnica vaginal Camada
visceral Camada
parietal Espaço que
separa as camadas, preenchido por 1 líquido seroso, que é secretado pelas células mesoteliais e actua como 1 lubrificante, permitindo que o testículo se desloque livremente dentro da bolsa escrotal.
A camada visceral da túnica vaginal repousa sobre a cápsula do testículo - a túnica albugínea:
Túnica albúginea Cápsula de tecido fibroso Macroscopicamente é branca Contém fibroblastos e miofibroblastos, particularmente na
superfície posterior, que submetem o tecido seminífero a contracções rítmicas
A camada mais profunda da túnica albugínea é constituída por tecido conjuntivo laxo contendo vasos sanguíneos e linfáticos – túnica vasculosa
A partir dela irradiam numerosos septos colagénicos incompletos, que dividem o orgão em vários lobos mal definidos (cerca de 250)
Cada um dos lobos é preenchido pelos túbulos seminíferos (cerca de 4 por cada lobo).
Túbulos seminíferos
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Num corte de testículo encontram-se túbulos seminíferos seccionados segundo diferentes planos.
Têm 1 trajecto muito tortuoso (são muito enovelados). Local de produção dos espermatozóides. Terminam na rete testis (plexo de canais para onde convergem os
túbulos seminíferos), de onde partem os canalículos eferentes (15-20; no pólo postero-superior do testículo) que se unem ao epidídimo.
São revestidos pelo epitélio seminífero ou germinativo, epitélio estratificado complexo, constituído por células de 2 tipos:
1. Células da linhagem espermática2. Células de Sertoli
1. Células da linhagem espermática: Células em vários estágios da espermatogénese e da espermiogénese. Os processos da espermatogénese e da espermiogénese são
sincronizados, com ondas de actividade ocorrendo sequencialmente ao longo do comprimento de cada túbulo.
Assim, num único corte transversal de 1 túbulo, nem todas as fases do desenvolvimento estarão representadas.
1.1. Espermatogónias do tipo A: São células germinativas indiferenciadas (células estaminais da
linhagem espermática). Encontram-se no compartimento basal do túbulo seminífero, para
baixo das junções oclusivas, ou seja, para fora da barreira hemato-testicular
Menor tamanho do que as células de Sertoli. Núcleo grande redondo/oval com cromatina condensada; nucléolos
periféricos e 1 vacúolo nuclear podem ser proeminentes. O citoplasma é escasso e mal corado. Passam por vários ciclos de mitose para produzir:
o Mais espermatogónias do tipo A, que mantêm o fundo comum de células germinativas.
o Espermatogónias tipo B
1.2. Espermatogónias do tipo B: Têm a cromatina dispersa, nucléolos centrais e nenhum vacúolo
nuclear. O citoplasma é escasso e mal corado. Sofrem divisões mitóticas adicionais para produzir espermatócitos
primários.
1.3. Espermatócitos primários/de 1ª ordem: Param de se dividir, aumentando de tamanho. Migram para o compartimento adluminal do túbulo seminífero antes
de começar a primeira divisão meiótica. Citoplasma copioso. Núcleos grandes contendo aglomerados grosseiros ou filamentos
delgados de cromatina. Podem ser vistas células em divisão. No homem, o ciclo da primeira divisão meiótica leva
aproximadamente 3 semanas para se completar, e após esse
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tempo as células-filhas tornam-se conhecidas como espermatócitos secundários.
1.4. Espermatócitos secundários: São menores Sofrem rapidamente a 2ª divisão meiótica, pelo que raramente são
vistos
1.5. Espermatídeos: Os núcleos dos espermatídeos vão assumindo a forma pequena e
pontuada dos espermatozóides. Localizam-se muito próximas do lúmen do túbulo seminífero. O exame de cortes diferentes dos túbulos de um testículo normal
mostra cerca da metade das células espermatogénicas no estágio tardio de espermatídeo.
Cada espermatídeo vai então atravessar um conjunto de modificações complexas - espermiogénese - diferenciando-se finalmente num espermatozóide.
2. Células de Sertoli São alongadas, de forma piramidal Apoiam-se sobre a membrana basal do túbulo e estendem-se até ao
lumen do túbulo. Constituem 10% do epitélio seminifero, sendo a percentagem maior
antes da puberdade e depois da andropausa senil
Citoplasma É claro É extenso e ramifica-se por todo o epitélio germinativo,
englobando todas as células da série espermatogénica O contorno citoplasmático da célula de Sertoli é portanto muito
irregular e muda constantemente para permitir o movimento progressivo dos espermatozóides em desenvolvimento em direcção à superfície luminal
Contém 1 nº moderado de mitocôndrias, gotículas de lípidos e uma pequena quantidade de RER
REL é abundante Contém um rico citoesqueleto: vimentina, actina e microtúbulos Contém arranjos de proteína lamelar conhecidos como cristais de
Charcot-BottcherNúcleo
Forma alongada (oval ou triangular) É característicamente orientado em ângulo recto com a membrana
basal e frequentemente exibe uma endentação profunda É muito visível o nucléolo, podendo ainda observar-se cromatina
dispersa Corpos densos de cromatina estão frequentemente associados ao
nucléolo As células de Sertoli estão
ligadas umas às outras por complexos juncionais contendo extensas junções oclusivas (formando também junções oclusivas com as células germinativas em desenvolvimento).
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O complexo juncional fica localizado em direcção à camada basal do epitélio seminífero, dividindo o tubo em 2 compartimentos:
1. Compartimento basal2. Compartimento adluminal
Contém os espermatídeos Os espermatídeos estão, assim, isolados por uma barreira
hemato-testicular. As células de Sertoli são as mediadoras de todas as trocas
metabólicas com o compartimento sistémico. A função dessa barreira é impedir a exposição dos gâmetas,
que são antigenicamente diferentes das células somáticas, ao sistema imunitário, impedindo assim uma resposta auto-imune.
Múltiplas funções: Sustentam e nutrem os espermatozóides em desenvolvimento. Secreção de factores que regulam a espermatogénese e a
espermiogénese:o Altas concentrações de hormonas androgénicas secretadas
pelas células de Leydig do interstício testicular são essenciais à produção e à maturação das células espermatogénicas.
o Essas hormonas são também necessárias à função do epitélio da rete testis e do epidídimo.
o As células de Sertoli secretam uma proteína transportadora de androgénio (ABP), que transporta a testosterona e a diidrotestosterona para o lúmen do túbulo seminífero.
o A produção dessa proteína é dependente da FSH. Secreção de factores que regulam a função das células de Leydig e
das células peritubulares. Secreção de inibina, que regula a produção de hormonas. Secreção do líquido tubular. Fagocitose dos corpos residuais, excesso de porções de células
libertados pelas espermátides no final da espermiogénese Facilitar a libertação dos espermatídeos maduros por contracções
mediadas pela actina – espermiação.
A camada basal das células germinativas é sustentada por uma membrana basal, que é circundada por uma lâmina própria contendo várias camadas de miofibroblastos e fibroblastos fusiformes. Os miofibroblastos são responsáveis pela actividade contráctil ritmica que impulsiona os espermatozóides imóveis para a rede testicular.
Interstício testicular
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Células de Leydig
Principal tipo celular encontrado no tecido de sustentação intersticial entre os túbulos seminíferos.
São células endócrinas, que sintetizam e secretam as hormonas sexuais masculinas e outras substâncias não-esteróides.
A actividade secretora das células de Leydig é controlada pela LH, por vezes chamada de hormona estimulante das células intersticiais (ICSH) no sexo masculino.
Forma arredondada ou poligonal. Núcleo central e redondo com 1 ou 2 nucléolos à periferia. Citoplasma eosinófilo extenso com vacúolos lipídicos (vistos à
microscopia electrónica assemelham-se às células secretoras de esteróides do córtex adrenal).
No homem e no rato-do-campo (mas não noutras espécies), as células de Leydig contêm cristais de Reinke citoplasmáticos alongados muito grandes. Esses cristais são encontrados apenas nos adultos, mas a sua função é desconhecida.
Encontram-se isoladamente ou em grupos no tecido de sustentação. Estão incluídas no rico plexo de capilares sanguíneos e linfáticos que
circunda os túbulos seminíferos.
Rete Testis
Os túbulos seminíferos convergem para o mediastinum testis, constituido por:
Tubulos rectos, revestidos por células epiteliais cubicas simples, semelhantes às células de Sertoli, mas com junções de oclusão no dominio apical.
1 arranjo plexiforme de canais – rete testis: É revestida por uma única camada de células
epiteliais cubóides com microvilosidades superficiais e 1 único cílio.
O epitélio de revestimento absorve proteína e potássio do líquido seminal.
Presume-se que a actividade ciliar ajude a progressão dos espermatozóides, que só se tornam móveis após a maturação ser completada no epidídimo.
Tecido de sustentação colagénico: Circunda a rete testis Altamente vascular Contem células mióides A contracção das células mióides ajuda a misturar os
espermatozóides e a deslocá-los em direcção ao epidídimo
Canais eferentes
A rete testis drena para dentro da cabeça do epidídimo por meio de 15 a 20 ductos tortuosos – canais eferentes.
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São revestidos por uma única camada de células epiteliais, cujas células podem ser de 3 tipos:
Cilíndricas altas e ciliadas: a acção ciliar nos canais impulsiona os espermatozóides ainda imóveis em direcção ao epidídimo.
Curtas e não-ciliadas (estereocilios): reabsorvem parte do líquido produzido pelo testículo.
Células basais: não atingem o lúmen, provavelmente actuam como células de reserva.
Ambos os tipos celulares frequentemente contêm um pigmento castanho de composição desconhecida.
Uma faixa delgada de músculo liso, disposta circularmente, circunda cada canal e ajuda a propulsão dos espermatozóides em direcção ao epidídimo.
Espermiogénese
Processo pelo qual os espermatídeos (gâmetas produzidos por divisão meiótica) são transformados em espermatozóides móveis maduros.Etapas:
1. O aparelho de Golgi do espermatídeo produz uma grande vesícula – vesícula acrossómica – que acumula glícidos e enzimas hidrolíticas.
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2. A vesícula acrossómica aplica-se a 1 pólo do núcleo que se alonga progressivamente para formar uma estrutura – capuz acrossómico.
3. Entretanto, ambos os centríolos (forma de axonema) migram para a extremidade da célula oposta à do capuz acrossómico.
4. O centríolo alinhado paralelamente ao eixo longo do núcleo alonga-se para formar um flagelo que tem uma estrutura básica semelhante à de 1 cílio.
5. À medida que o flagelo se alonga, 9 fibrilhas grosseiras (que podem conter proteínas contrácteis) dispõem-se longitudinalmente em torno do cerne do flagelo. Outras fibrilhas semelhantes a costelas dispõem-se, então, circunferencialmente em torno de todo o flagelo.
6. O citoplasma migra para circundar a 1ª parte do flagelo. O resto do flagelo parece projectar-se a partir da célula, mas na realidade permanece circundado pela membrana plasmática. Essa migração do citoplasma concentra, então, as mitocôndrias na região flagelar.
7. À medida que o flagelo se alonga, o excesso de citoplasma é fagocitado pela célula de Sertoli envolvente, antes de libertar o espermatídeo dentro do lúmen.
8. As mitocôndrias dispõem-se de modo helicoidal em torno das fibrilhas, que circundam a 1ª parte do flagelo.
9. Também ocorre a condensação nuclear, em que as histonas somáticas são substituidas por protaminas ricas e lisina e arginina. Assim, os nucleossomos desaparecem e as fibras de cromatina lisas se associam, lado a lado, para condensar o material nuclear.
10. Não ocorre síntese significativa de RNA após a fase de maturação na espermiogénese.
Ao longo de todo o processo do desenvolvimento de espermatogónia a espermatozóide, centenas de espermatídeos permanecem conectados uns aos outros por estreitas pontes citoplasmáticas que se rompem apenas quando os espermatozóides são libertados dentro do lúmen do túbulo seminífero. Isso explica o desenvolvimento sincronizado dos espermatozóides em qualquer parte do túbulo.
Espermatozóide
1. Cabeça É a estrutura mais variável entre as diferentes espécies
de mamíferos. No homem mede cerca de 7 m de comprimento e tem
a forma de uma pêra achatada. O núcleo ocupa a maior parte da cabeça e é composto
por cromatina muito condensada.
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No homem a cromatina tem 1 nº variável de áreas de cromatina dispersa – vacúolos nucleares.
A membrana plasmática da cabeça contém:1. receptores de espermatozoide, com afinidade de
ligação para a zona pelúcida2. fertilina, um heterodímero membro da família das
desintegrinas, consistindo em 3 domínios específicos (domínio metaloprotease, domínio fusão peptídica e um domínio desintegrina)
Circundando os 2/3 anteriores do núcleo está o capuz acrossómico, uma vesícula achatada limitada por membrana, contendo:
Glicoproteínas Uma variedade de
enzimas hidrolíticas (hialuronidase, acrosina fosfatase ácida, proteases, neuroaminidases). As enzimas desagregam as células da corona radiata e dissolvem a zona pelúcida durante a fertilização
2. Colo É 1 segmento mt curto que conecta a cabeça com a cauda. Contém vestígios dos centríolos, um dos quais dá origem ao
axonema. O axonema tem o arranjo padrão de 9+2 das duplas de microtúbulos
vistos nos cílios. O axonema do colo é circundado por vários anéis fibrosos
condensados. Nos espermatozóides humanos uma quantidade significativa de
citoplasma permanece frequentemente na região do colo.
3. CaudaÉ subdividida em 3 segmentos:
3.1. Peça média Esta 1ª parte da cauda tem quase o mesmo comprimento da cabeça. É constituída pelo axonema flagelar circundado por 9 fibras
grosseiras (densas externas) dispostas longitudinalmente. Externamente a esse cerne, encontram-se mitocôndrias que fornecem
a energia necessária ao movimento flagelar. Um espessamento fibroso abaixo da membrana plasmática – ânulo –
impede as mitocôndrias de escorregarem para dentro da peça principal.
3.2. Peça principal Constitui a maior parte do comprimento da cauda. É composta por 1 cerne central, compreendendo o axonema
envolvido por 7 fibras grosseiras (densas externas) que se continuam da peça média, e uma bainha fibrosa.
A bainha fibrosa é formada por feixes circunferenciais Duas das fibrilhas longitudinais da região central estão fundidas aos
feixes circunferenciais, de modo a formar as colunas dorsal e ventral A bainha fibrosa e as fibras densas externas contém queratina. Estas estendem-se por todo o comprimento da peça principal.
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Esse arranjo divide a peça principal longitudinalmente em 2 compartimentos funcionais, 1 contendo 3 fibras densas externas e o outro contendo 4.
Pouco se sabe acerca do movimento flagelar, mas essa assimetria pode explicar a batida mais poderosa da cauda numa direcção, chamada “batida de força”.
3.3. Peça terminal: curta e afilada, contendo apenas o axonema.
Epidídimo
Localiza-se na superfície posterior do testículo, dirigindo-se para baixo. Canal longo e muito enovelado sobre si mesmo. É onde terminam os canalículos eferentes, no bordo postero-superior
do testículo. No pólo inferior do testículo, o epidídimo continua-se com o canal
deferente. Tem a função de acumulação, armazenamento e maturação dos
espermatozóides, sendo também aqui que eles adquirem mobilidade. É constituído por 3 porções:
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Cabeça (mais proximal), no pólo superior do testículo. Corpo, na margem posterior do testículo. Cauda (mais distal), no pólo inferior do testículo.
Histologicamente, o canal epididimário é revestido internamente por um epitélio pseudo-estratificado cilindrico constituído por:
Células basais com formato piramidal, são conseideradas percursores das células prismáticas.
Células prismáticas ou principais: Apresentam estereocílios Estendem-se lúmen até à lâmina basal. Acredita-se que os estereocílios estão implicados na absorção de
1 excesso de líquido que acompanha os espermatozóides desde o testículo.
A ultra-estrutura das células sugere fortemente uma função secretora adicional, mas a natureza dos produtos de secreção do epidídimo, se é que existem, permanece desconhecida.
Células apicais, ricas em mitocôndrias que predominam na cabeça do epididimo.
Células clara predominantes na cauda do epididimo. Linfócitos intraepiteliais distribuidos por todo o
epididimo, sendo um importante constituinte da barreria imunológica.
Este epitélio assenta numa membrana basal, que se encontra envolvida por fibras musculares lisas:
Proximalmente o músculo liso exibe uma contractilidade rítmica lenta que desloca suavemente os espermatozóides em direcção ao canal deferente.
Distalmente, o músculo liso é ricamente inervado pelo SNS, que produz contracções intensas da parte inferior do epidídimo durante a ejaculação.
Mais externamente, encontramos tecido conjuntivo laxo, rico em vasos sanguíneos.
No lúmen é possível observar esparmatozóides. Da cabeça para a cauda, verifica-se:
Diminuição da altura do epitélio pseudo-estratificado. Aumento da espessura da camada muscular (passa de
uma única camada circular para as 3 observadas no canal deferente).
Canal deferente
Canal que conduz os espermatozóides do epidídimo (continua a sua cauda) até à uretra.
A porção distal dilatada de cada canal deferente – ampola – recebe 1 ducto curto que drena a vesícula seminal, formando assim o curto canal ejaculador.
Os canais ejaculadores de cada lado convergem para se unirem à uretra quando esta passa pela glândula da próstata.
Continua a cauda do epidídimo e termina na união da vesícula seminal com o canal ejaculador.
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É relativamente recto.
Histologicamente Orgão oco É um tubo muscular de parede espessa Tem 1 lúmen estreito e diferentes camadas concêntricas, que são, do
interior para a periferia: Epitélio pseudoestratificado cilíndrico semelhante ao
da porção distal do epidídimo. Lâmina própria, constituída por tecido conjuntivo rico
em fibras elásticas. O revestimento epitelial e a sua lâmina própria de
sustentação são mantidos num pregueamento longitudinal, permitindo a expansão do canal durante a ejaculação.
3 camadas de tecido muscular liso:o Interna: fibras longitudinais.o Média: fibras circulares.o Externa: fibras longitudinais.
Camada de tecido conjuntivo laxo.
Tal como a parte distal do epidídimo, o canal deferente é inervado pelo SNS, produzindo fortes contracções peristálticas para expelir o seu conteúdo para dentro da uretra durante a ejaculação.
Próstata
A próstata é uma glândula que rodeia o colo da bexiga e a porção inicial da uretra (uretra prostática), onde terminam os canais ejaculadores.
A uretra atravessa o centro da próstata (circundada por um estroma fibroso) para se tornar a uretra membranosa, no ápice da próstata.
Os canais ejaculadores também ficam neste estroma central quando cursam em direcção à junção com a uretra prostática.
Dentro da substância da glândula, a uretra une-se aos canais ejaculadores e, nesse ponto, inclina-se para a frente.
Nos adultos jovens tem o tamanho de uma noz.
Produto de secreção
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Constitui cerca de metade do volume do líquido seminal. É fino e leitoso. Rico em ácido cítrico e enzimas hidrolíticas, em especial
fibrolisina que liquidifica o sémen coagulado depois deste ter sido depositado no tracto genital feminino.
Há uma cápsula parcial que recobre as superfícies posterior e laterais da próstata
No entanto, as superfícies anterior e apical são limitadas pelo estroma fibromuscular anterior (parte da glândula que é constituída, como o nome indica, apenas por estroma colagénico e fibras musculares).
Estroma
Constituído por colagénio denso, fibroblastos e fibras musculares lisas dispostas aleatoriamente que, como as das vesículas seminais e do resto do tracto, são inervadas pelo SNS, que estimula contracções poderosas durante a ejaculação.
Em direcção ao ápice da glândula, o estroma fibromuscular anterior também contém fibras musculares esqueléticas.
A cápsula fibroelástica que reveste a próstata emite septos incompletos em direcção ao estroma central, dividindo-o em cerca de 50 lóbulos.
Os lóbulos são constituídos por glândulas tubulo-acinares que convergem para a uretra onde lançam, juntamente com as vesículas seminais, o líquido seminal.
As glândulas tubulo-acinares ramificadas estão incluídas num estroma fibromuscular.
E pitélio glandular
Pseudo-estratificado prismático ou cúbico. Os núcleos localizam-se na porção basal das células. A camada luminal é de células secretoras cilíndricas altas. Camada de células basais:
Células basais são achatadas. Provavelmente actuam como células de reserva, substituindo
as células secretoras mortas. Esta camada é frequentemente incompleta e pode ser dificil de
detectar nos cortes rotineiros por H&E. No entanto, estas células produzem um tipo de queratina de
alto peso molecular que não é encontrado nas células secretoras (que pode ser detectada pela técnica da imunoperoxidase).
Forma pregas que conferem uma forma irregular às glândulas, e que permitem a expansão das glândulas pelas secreções. Isso confere ao epitélio um aspecto papilar.
Entre as glândulas encontramos tecido conjuntivo e fibras de tecido muscular liso, responsável pela expulsão de fluído seminal para a uretra durante a ejaculação.
No lúmen glandular é frequente observarem-se pequenos corpos esféricos de natureza glicoproteica (corpos amiláceos)
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Estas massas lamelares de glicoproteína são uma característica do avanço da idade, tornando-se progressivamente calcificadas para formar concreções prostáticas.
Este conjunto de glândulas pode ser dividido em 3 grupos: 1. Glândulas prostáticas principais ou glândulas compostas
periféricas: com epitélio simples cilíndrico, sendo as mais exteriores.2. Glândulas submucosas (periuretrais externas).3. Glândulas mucosas (periuretrais internas), mais próximas da
uretra.
Esta divisão tem importância histopatológica porque as porções submucosa e mucosa tendem a originar hiperplasia, enquanto os adenocarcinomas surgem na porção principal.
4 zonas prostáticas de tamanho desigual:1. Zona de transição:
Circunda a uretra prostática proximal Compreende cerca de 5% do tecido glandular
2. Zona central É post à zona de transição. Circunda os canais ejaculadores. 20%.
3. Zona periférica: Perfaz a maioria da glândula (70%). Os ductos das glândulas da zona periférica esvaziam-se dentro
dos recessos post-laterais da uretra, de cada lado do verumontanum (crista uretral)
4. Estroma fibromuscular ant: Não contém tecido glandular. Fica situado anteriormente.
As diferentes zonas da próstata são importantes porque tendem a ser os sítios de diferentes processos patológicos.A maioria dos casos de carcinoma da próstata surge na zona periférica.A zona de transição apresenta quase todos os casos de hiperplasia nodular benigna.
Vesícula Seminal
As vesículas seminais são 2 reservatórios glandulares nos quais se produz e acumula o líquido seminal entre cada ejaculação.
Juntas, secretam até 85% do volume total do líquido seminal, e a maior parte do restante é secretada pela próstata.
Produzem um líquido amarelado que contém uma ampla variedade de substâncias, incluindo frutose, fibrinogénio, vitamina C e prostaglandinas.
Comunicam com os canais deferentes para formar o canal ejaculador que se lança na uretra prostática.
Constituem um divertículo do canal deferente sendo formadas por um tubo enrolado sobre si mesmo.
O seu lúmen é muito irregular, com um aspecto pregueado (aspecto de colmeia em pequeno aumento).
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A mucosa apresenta um epitélio simples, ou mais frequentemente pseudo-estratificado cilíndrico, cujas células apresentam:
Grânulos de secreção (líquido espermático) Gotículas de lípido no citoplasma, o que lhes confere um aspecto
espumoso Grânulos castanhos de lipofuscina (frequentemente) Núcleos de forma e tamanho variáveis
A lâmina própria contém fibras elásticas e outros elementos conjuntivos, circunscritos por duas camadas de tecido muscular liso - circular (interna) e longitudinal (externa) - enervadas pelo SNS.
Durante a ejaculação, a contracção muscular força as secreções das vesículas seminais para dentro da uretra, através da ampola.
Apesar de se acreditar que não armazenem espermatozóides, vêem-se frequentemente contendo esses gâmetas, que provavelmente entraram por refluxo a partir da ampola.
Sémen
É o produto da ejaculação. É constituído por espermatozóides e líquido seminal q deriva
principalmente das vesículas seminais e da glândula prostática. Células descamadas, concreções prostáticas e outros detritos do tracto
urinário são constituintes normais do sémen. O volume de cada ejaculado humano é de cerca de 3,5 ml, contendo de
50 a 150 milhões de espermatozóides. Nos adultos humanos férteis normais, até 25% dos espermatozóides
humanos são anormais ou de formas degeneradas. Por ocasião da ejaculação, os espermatozóides já amadureceram e
adquiriram a propriedade da motilidade. Os metabolitos para a motilidade são fornecidos sob a forma de
frutose e de citrato no líquido seminal. Contudo, os espermatozóides permanecem incapazes de fertilizar um
oócito até dp de serem submetidos a 1 processo chamado de capacitação dentro do tracto genital feminino.
Pénis
O tecido eréctil do pénis é constituído por amplas lacunas vasculares / seios cavernosos, sustentados por trabéculas de tecido fibroelástico contendo fibras musculares lisas.
As lacunas são revestidas por endotélio vascular não-fenestrado. Os seios vasculares dos corpos cavernosos do pénis são supridos por
numerosas artérias e arteríolas anastomóticas de paredes espessas – artérias helicinas (já que no estado flácido seguem um trajecto espiralado).
O sangue é drenado dos seios por veias que ficam imediatamente abaixo do tecido fibroelástico denso que reveste os corpos cavernosos.
Durante a erecção, a dilatação das artérias helicinas, mediada pelo SNP, resulta no ingurgitamento dos seios vasculares, que aumentam, comprimindo e restringindo a drenagem venosa.
O processo é acentuado pelo relaxamento das células musculares lisas nas trabéculas dos corpos cavernosos.
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Histologia&Embriologia Sistema Reprodutor Masculino
Uretra peniana A uretra peninana tem 1 contorno irregular, devido à presença de
evaginações profundas, que são contínuas com os ductos de glândulas acinares simples – as glândulas para-uretrais ou bulbo-uretrais de Cowper
Pelo, contrário a uretra prostática é revestida por epitélio cilíndrico estratificado ou pseudo-estratificado, apesar de pequenas áreas de epitélio pavimentoso estratificado também poderem ser encontradas nos adultos humanos.
A abertura externa (meato uretral) é revestida por epitélio pavimentoso estratificado, q se torna contínuo com o epitélio da glande.
A uretra é lubrificada por secreções mucoides (com galactose e ácido siálico) das glândulas para-uretrais de Cowper, que têm uma organização semelhante, porém + separada.
Tecido eréctil do pénis
1. Corpos cavernosos do pénis (2): Na zona dorsal. São revestidos por 1 tecido fibroelástico condensado –
túnica albugínea: Essa túnica é + espessa em torno dos corpos cavernosos do
pénis, q são separados incompletamente por 1 septo na linha média.
Esse tecido colagénico denso é contínuo com a hipoderme mt laxa q permite q a pele delgada do pénis se desloque livremente sobre as estruturas subjacentes. A hipoderme é rica em vasos sanguíneos.
2. Corpo esponjoso (às vezes chamado de corpo cavernoso da uretra): Circunda e sustenta a uretra peniana. Forma, distalmente, a glande do pénis.
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