10 temas sobre confissão
Post on 15-Dec-2015
6 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
CONFISSÃO
A confissão espontânea é atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do CP:
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
Como se trata de atenuante, a confissão serve para diminuir a pena do
condenado, o que é feito na 2ª fase da dosimetria da pena.
Veja abaixo aqui as 10 perguntas mais comuns que são feitas em concursos
públicos sobre a confissão:
1) A confissão espontânea pode servir de fundamento para a redução
da pena-base abaixo do grau mínimo previsto em lei (Juiz Federal TRF2
2013)?
NÃO. A confissão é uma atenuante (art. 65, III, “d”, do CP) e, segundo
entendimento sumulado do STJ, as atenuantes não podem reduzir a pena do
réu abaixo do mínimo legal:
Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal.
2) O que é a confissão qualificada? Ela pode ser utilizada como
atenuante genérica?
A confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática do fato, no
entanto, alega, em sua defesa, um motivo que excluiria o crime ou o isentaria
de pena (ex: eu matei sim, mas foi em legítima defesa).
Ela pode ser utilizada como atenuante genérica?
1ª) SIM. Posição do STJ 2ª) NÃO. Posição da 1ª Turma do STF.
A confissão qualificada (aquela na qual o agente
agrega teses defensivas discriminantes ou
exculpantes), quando efetivamente utilizada como
elemento de convicção, enseja a aplicação da
atenuante prevista na alínea “d” do inciso III do art. 65
do CP (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.198.354-ES, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 16/10/2014).
A aplicação da atenuante da confissão espontânea
prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal NÃO
incide quando o agente reconhece sua participação no
fato, contudo, alega tese de exclusão da ilicitude (STF.
1ª Turma. HC 119671, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
05/11/2013).
3) Se a confissão foi parcial e o juiz a considerou no momento da
condenação, este magistrado deverá fazer incidir a atenuante na fase
da dosimetria da pena?
SIM. Se a confissão, ainda que parcial, serviu de suporte para a condenação, ela
deverá ser utilizada como atenuante (art. 65, III, “d”, do CP) no momento de
dosimetria da pena (HC 217.683/SP, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma,
julgado em 25/06/2013).
4) O agente confessa na fase do inquérito policial e, em juízo se
retrata, negando a autoria. O juiz condena o réu fundamentando sua
sentença, dentre outros argumentos, na confissão extrajudicial.
Deverá incidir a atenuante?
SIM. Se a confissão do agente é utilizada pelo magistrado como fundamento
para embasar a condenação, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea
“d”, do CP deve ser aplicada em favor do réu, não importando que, em juízo,
ele tenha se retratado (voltado atrás) e negado o crime (HC 176.405/RO, Rel.
Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 23/04/2013, DJe 03/05/2013).
5) A confissão atenua a pena mesmo que já existissem nos autos
outras provas contra o réu?
SIM. O STJ decidiu neste sentido recentemente.
Exemplo: João, em seu interrogatório judicial, confessou a prática do crime. Na
sentença, o juiz condenou o réu, mencionando a sua confissão e aplicando a
atenuante. Ocorre que o Ministério Público apelou, pedindo que fosse reformada
a sentença para retirar a redução da atenuante, sob o argumento de que as
demais provas colhidas já eram suficientes para uma condenação e que a
atitude do réu de confessar não tinha o propósito de colaborar para a apuração
da verdade. Essa tese do MP não é acolhida pela jurisprudência.
A afirmação de que as demais provas seriam suficientes para condenar o
recorrente, a despeito da confissão espontânea, não autoriza a exclusão da
atenuante se esta efetivamente ocorreu e foi utilizada na formação do
convencimento do julgador (STJ. 6ª Turma. REsp 1.183.157-SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/10/2012).
6) Se a pessoa é acusada de tráfico de drogas e, durante seu
interrogatório, nega que seja traficante, mas admite que é usuário,
isto poderá ser utilizado como confissão (atenuante) caso ela seja
condenada por tráfico?
NÃO. Segundo a jurisprudência do STJ, não deve incidir a circunstância
atenuante da confissão espontânea caso o acusado por tráfico de drogas
confesse ser apenas usuário (Juiz TJPB 2011).
7) A reincidência e a confissão espontânea se compensam ou
prepondera a reincidência?
Caso o réu tenha confessado a prática do crime (o que é uma atenuante), mas
seja reincidente (o que configura uma agravante), qual dessas circunstâncias
irá prevalecer?
1ª) Reincidência e confissão se COMPENSAM.
Posição do STJ
1ª) A agravante da REINCIDÊNCIA PREVALECE.
Posição do STF
A Terceira Seção do STJ, no julgamento do EREsp
1.154.752/RS, pacificou o entendimento no sentido de
que a agravante da reincidência e a atenuante da
confissão espontânea - que envolve a personalidade
do agente - são igualmente preponderantes, razão
pela qual devem ser compensadas (STJ. 6ª Turma. HC
301.693/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 04/12/2014).
A teor do disposto no art. 67 do Código Penal, a
circunstância agravante da reincidência, como
preponderante, prevalece sobre a confissão.
(STF. 2ª Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 18/03/2014)
Veja como este tema foi cobrado no concurso da Defensoria Pública de Roraima
em 2013:
O recente pronunciamento dos tribunais superiores consolidou-se no sentido da
impossibilidade de o julgador, na aplicação da pena, compensar a agravante da
reincidência com a atenuante da confissão espontânea (alternativa ERRADA).
A assertiva acima está incorreta porque afirma que o entendimento dos
tribunais superiores consolidou-se em um dos sentidos. Ocorre que, como
vimos, existe ainda divergência entre o STJ e o STF. Logo, não há posição
consolidada.
8) Em que consiste a confissão judicial imprópria?
Caracteriza-se como imprópria a confissão judicial produzida perante
autoridade judicial incompetente para o deslinde do processo criminal em curso
(DPE/ES CESPE 2012).
Se a confissão é feita perante a autoridade judicial competente, ela é chamada
de “confissão judicial própria”.
Se a confissão é feita perante a autoridade policiais, administrativas,
parlamentares etc, trata-se da chamada “confissão extrajudicial”.
9) Quando a infração deixar vestígios o fato do réu ter confessado
servirá para suprir a falta do exame de corpo de delito (Juiz TJPR
2012)?
NÃO. Segundo texto expresso do CPP, quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado (art. 158).
10) De acordo com o STF, o juiz-presidente do Tribunal do Júri, ao
elaborar a sentença, pode reconhecer a atenuante da confissão ainda
que esta não tenha sido debatida no Plenário (o réu confessou, mas
nem a defesa nem a acusação pediram que fosse reconhecida esta
circunstância)?
SIM.
Veja o que diz o art. 492:
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:
I – no caso de condenação:
b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos
debates;
Apesar do texto da lei, o STF e o STJ possuem julgados aceitando que o juiz-
presidente reconheça e aplique a confissão espontânea mesmo sem que a defesa
ou o MP tenha pedido isso expressamente no Plenário:
(...) Pode o Juiz Presidente do Tribunal do Júri reconhecer a atenuante genérica
atinente à confissão espontânea, ainda que não tenha sido debatida no
plenário, quer em razão da sua natureza objetiva, quer em homenagem ao
predicado da amplitude de defesa, consagrado no art. 5º, XXXVIII, “a”, da
Constituição da República.
2. É direito público subjetivo do réu ter a pena reduzida, quando confessa
espontaneamente o envolvimento no crime.
3. A regra contida no art. 492, I, do Código de Processo Penal, deve ser
interpretada em harmonia aos princípios constitucionais da individualização da
pena e da proporcionalidade. (...)
(HC 106376, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado em 01/03/2011)
(...) Esta Corte possui o entendimento de que a Lei 11.689/2008, alterando a
redação do art. 492 do CPP, conferiu ao juiz presidente do Tribunal do Júri a
atribuição de aplicar as atenuantes e agravantes alegadas nos debates.
3. O juiz presidente deve considerar como "alegada nos debates" ou "debatidas
em Plenário" tanto a defesa técnica quanto a autodefesa realizada pelo acusado
no momento do interrogatório, de forma que ambas são legítimas para ensejar
o reconhecimento de atenuantes e agravantes. (...)
(STJ. 5ª Turma. HC 161.602/PB, Rel. Min. Gurgel De Faria, julgado em
18/11/2014).
top related