1 "os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob...
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"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado."
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AS CLASSES SOCIAIS
Sociedade capitalista – as classes sociais – expressam as desigualdades sociais.
A complexidade da sociedade capitalista define relações que aparecem para os indivíduos de forma nebulosa. Só são visíveis e palpáveis as desigualdades gritantes.
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AS CLASSES SOCIAISAs relações que produzem as
desigualdades permanecem obscuras – isto é, os fundamentos de sua existência e as formas como elas se reproduzem.
Aparentemente, as desigualdades são concebidas como naturais, ou seja, como algo sem relação com a produção da vida social.
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AS CLASSES SOCIAISAs diferenças sociais, os privilégios, enfim
as desigualdades são produzidas socialmente.
A forma como o indivíduo se insere no conjunto de relações que ele estabelece no plano econômico e sócio-político é que pode explicar a
divisão da sociedade em classes sociais.
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AS CLASSES SOCIAIS
No processo de produção capitalista, a apropriação e a expropriação são elementos básicos que, juntamente com outros, vão delinear o traçado de uma estruturação social desigual.
O expropriado (operário) é aquele que produz, que cria as mercadorias num processo de produção que é social. Mas o capitalista apropria-se do resultado dessa produção de forma privada.
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AS CLASSES SOCIAIS
O operário é expropriado, uma vez que produz riqueza para o capitalista e a única coisa que produz para si é o salário.
A expropriação, todavia, não é apenas econômica, mas também intelectual.
O operário é expropriado dia a dia da possibilidade de desenvolver sua capacidade de criar, de pensar etc...
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AS CLASSES SOCIAIS
Na sociedade burguesa, o processo de reprodução social leva progressivamente à produção de interesses opostos, antagônicos, como parte do próprio movimento interno da estrutura social capitalista.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
As classes sociais se constituíram de maneira oposta, fato que elimina qualquer ideia de que elas se tornaram antagônicas num segundo momento.
Burguesia e operariado se definem como classes antagônicas desde os primórdios da sociedade capitalista.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
Classes antagônicas, tanto no plano econômico – no nível da apropriação / expropriação,
como no plano político – no nível da dominação que a classe burguesa estabelece sobre as demais.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
A divisão da sociedade em classes sociais não é um dado acidental, casual, mas produzido pelas relações entre os homens;
da mesma maneira que não se trata de escolha individual situar-se em uma ou em outra classe, ou seja, os indivíduos não participam de uma determinada classe por opção.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
A sociedade capitalista é estruturada em classes sociais, sendo a burguesia (personificação do capital)
e o operariado (personificação do trabalho assalariado) as duas classes fundamentais.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
Na atualidade, existem diferenças e especificidades próprias para cada organização social capitalista, mas o seu fundamento é mantido.
A organização social burguesa corresponde a uma determinada forma de produção social, que é a capitalista.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
Esse modo de produção capitalista organiza o processo de trabalho de maneira própria, com um tipo de divisão do trabalho particular - livre ou assalariado, e com uma forma de propriedade – a propriedade privada.
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A PRODUÇÃO DAS CLASSES
A definição das classes sociais ocorre conforme o modo como os indivíduos se inserem nas relações de produção e reprodução social.
O lugar que as pessoas ocupam na divisão do trabalho vai defini-las como pertencentes a uma dada classe social.
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AS CLASSES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA
As classes sociais se constituem em relação umas com as outras. A classe operária se constitui em relação com a classe burguesa e vice-versa.
Não é em si mesmas que elas se definem, mas no reconhecimento do seu oposto.
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A classe burguesa e a classe operária estão ligadas por uma relação de antagonismo, de contradição,
que se baseia no processo de apropriação econômica e de dominação política.
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AS CLASSES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA
O processo de desenvolvimento capitalista trouxe no seu bojo a criação de outras classes intermediárias, como, por exemplo, os pequenos comerciantes e os pequenos proprietários rurais.
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AS CLASSES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA
A burguesia e o proletariado existem em todas as sociedades capitalistas. Há, porém, especificidades na constituição, formação e atuação dessas classes em cada sociedade.
Para se compreender a divisão da sociedade em classes, é preciso refletir demoradamente sobre cada estrutura social.
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AS CLASSES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA
Deve-se fazer um exame acurado de cada sociedade para captar as suas particularidades com relação à divisão em classes.
Pensar as classes sociais no Brasil é uma coisa, e outra bem diferente quando se consideram os EUA, a Argentina, a França, o Japão.
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AS CLASSES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA
A sociedade brasileira desenvolveu uma classe média, bem como uma classe burguesa e uma classe operária com características que são específicas do Brasil, e não há como generalizá-las nem mesmo para os demais países latino-americanos.
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AS CLASSES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO ANTAGÔNICA
A LUTA DE CLASSES
Se as classes se constituem numa relação antagônica, elas se definem como politicamente opostas e em luta.
As greves, as reivindicações por melhores condições de existência, são formas de expressão da impossibilidade de conciliar os interesses de classes.
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A LUTA DE CLASSES
Por que os interesses são inconciliáveis ?
A resposta a essa questão nos remete sempre à esfera política, uma vez que os interesses de classes são políticos e se definem pelas próprias práticas sociais.
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A LUTA DE CLASSES
As relações sociais estabelecidas na sociedade capitalista alicerçam o processo de dominação
econômica,
política,
ideológica,
cultural.
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A LUTA DE CLASSES
Fica evidenciado, dessa forma, o embate constante para a manutenção de posições de mando e de poder.
Todas as esferas da vida social estão impregnadas dessa luta.
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A LUTA DE CLASSES
No âmbito cultural todas as manifestações artísticas – a literatura, o cinema, a música, a telenovela –
expressam o processo de dominação ideológica, que é garantida pela construção de uma determinada concepção de mundo.
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A LUTA DE CLASSES
A luta de classes perpassa todos os momentos da vida social, não se manifestando apenas na esfera econômica através de greves, por exemplo.
Há formas sutis, disfarçadas, de a luta de classes se manifestar no cotidiano dos indivíduos. Por ex:
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A LUTA DE CLASSES
TELENOVELA – uma forma de expressão da luta política e ideológica que se estabelece entre as classes, uma vez que difunde uma maneira de ver o mundo na qual tudo pode acontecer, todos podem ser ricos, há sempre um príncipe encantado que resolve todos os problemas da moça pobre e sem perspectivas, e assim por diante.
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A LUTA DE CLASSES
Tem-se aí a forma como se constrói e expressa uma concepção de mundo que vai dissimular as contradições nas quais os indivíduos estão envolvidos.
Isso também é luta de classes.
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A LUTA DE CLASSES
Outro exemplo: a propaganda. A quem se dirige a propaganda de um
carro completamente sofisticado ?De imediato pensamos: àquele que pode
comprá-lo. É também mas não só a ele. Por quê?
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A LUTA DE CLASSES
A propaganda é capaz de criar nos indivíduos, mesmo naqueles que nunca poderão comprar o carro em questão, uma fantasia,
uma perspectiva que os remeta a uma situação em que eles acreditam ser possível,
algum dia, obter aquele produto.
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A LUTA DE CLASSES
Nas propagandas em geral aparecem homens que “venceram na vida”,
ou que tiveram sucesso, o que faz com que os indivíduos
construam uma concepção de mundo pautada em elementos que encobrem a sua condição real de existência.
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A LUTA DE CLASSES
A dominação ideológica é fundamental para a manutenção e reprodução da organização social pautada nas classes
e um de seus papéis é o encobrimento do caráter extremamente contraditório do sistema capitalista,
uma vez que mistifica o real caráter das relações estabelecidas pelos indivíduos na sociedade.
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