1 ano ensino médio unidade ii
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O QUE É ESPORTE? Desporto (português europeu) ou Esporte (português brasileiro) é uma atividade física sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para ser esporte tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por uma confederação regente e competitividade entre opostos.
Algumas modalidades desportivas se praticam mediante veículos ou outras máquinas que não requerem realizar esforço, em cujo caso é mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico. Idealmente o esporte diverte e entretém, e constitui uma forma metódica e intensa de um jogo que tende à perfeição e à coordenação do esforço muscular tendo em vista uma melhora física e espiritual do ser humano. As modalidades desportivas podem ser coletivas, duplas ou individuais, mas sempre com um adversário. Também podemos definir esporte como um fenômeno sociocultural, que envolve a prática voluntária de atividade predominantemente física competitiva, com finalidade recreativa ou profissional, ou predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e/ou aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e espectadores. Além de ser uma forma de criar uma identidade desportiva para uma inclusão social. A atividade desportiva pode ser aplicada ainda na promoção da saúde em âmbito educacional, pela aplicação de conhecimento especializado em complementação a interesses voluntários de uma comunidade não especializada. Antonelli (1963) apud Tubino (2001), identificar no conceito de esporte os elementos jogo, movimento e competição, observou a existência de
quatro aspectos característicos: o ético‐social, o psicopedagógico e o psicoprofilático.
SURGIMENTO DO ESPORTE Segundo Stigger existem duas formas de pensamento que tentam explicar a história do surgimento do esporte: a da continuidade e a da descontinuidade. A da continuidade entende que a origem do esporte está ligada à prática de jogos primitivos em diversas culturas, ao longo do tempo. Há registros de jogos que remontam a povos da Antiguidade, como os chineses (em 220 a.C.), os gregos (por volta de 700 a.C.) e os indígenas do Amazonas e da América Central (1500 a.C.). Nessa visão, o esporte, em sua essência, sempre existiu em todas as culturas, sendo atualizado em diferentes contextos. A forma de pensamento que tenta explicar o surgimento do esporte como descontinuidade o trata como um fenômeno que tem uma data de surgimento. Ou seja, ele tem o seu caráter ligado à história das sociedades modernas, à visão que apresenta a cultura como resultado também do modo de produção e distribuição de bens nessas sociedades. Para nós, essas duas formas de pensamento se complementam, enriquecendo nosso entendimento a respeito desse fenômeno que mobiliza milhões e milhões de pessoas em todo o planeta.
Desporto Moderno O desporto conhecido como é hoje, ou o Desporto Moderno, toma forma nas escolas da Inglaterra do século XVIII, berço do capitalismo, pode ser considerado um fenômeno da modernidade, uma vez que a sua criação relaciona‐se diretamente com a industrialização, a urbanização e o desenvolvimento da ciência ‐ todos os acontecimentos do século XIX, na Europa. Cercados pela ideologia capitalista, a qual prega a ordem, o racionalismo, a competição e a iniciativa individual, os alunos das escolas inglesas desenvolvem um novo formato para os jogos populares de então, dando origem ao Esporte. Surgem os campeonatos entre as escolas, os clubes e depois as
1° Ano – Ensino Médio ‐ Esportes Unidade: 02
Prof.º Leonardo Delgado
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confederações, instrumentos que paulatinamente vão legitimando a prática desportiva. Após a consolidação do capitalismo e sua dispersão por todo o mundo, a instituição desportiva, antes restrita ao mundo europeu, vai ganhando espaço nos outros continentes. Seguindo a mesma lógica da voracidade capitalista, o Esporte imiscui‐se às culturas e toma o espaço de práticas populares, veiculando a ideologia capitalista mundialmente. Um exemplo é a história do Futebol, que era muito jogado nas escolas públicas inglesas, mas sem possibilidades de intercâmbio entre os alunos porque em cada escola era jogado de uma forma, com regras diferentes. Uma das características mais marcantes era a violência nesses jogos. O professor Thomas Arnold, diretor de uma escola pública inglesa, propôs que os jogos fossem realizados de modo que eles tivessem um caráter mais educativo, com regras que eliminariam as formas mais violentas de jogar e criariam possibilidades de intercâmbio entre as diferentes escolas. Assim, ao definirem as regras do Futebol, houve um impasse: algumas pessoas queriam que ele pudesse ser jogado com as mãos e com os pés e outras pessoas preferiam que fosse jogado apenas com os pés. Como não houve um consenso, o Futebol primitivo inglês deu origem a dois esportes: o Futebol, jogado com os pés e menos violento, e o Rugby, jogado com pés e mãos e mais violento. Naquele tempo, o domínio político e econômico da Inglaterra contribuiu para a difusão internacional do esporte a partir do comércio, da indústria, do transporte ferroviário e marítimo. Esse jeito novo de tratar os jogos foi o que deu origem ao chamado “esporte moderno”. O processo de transição de jogos e passatempos para esportes ocorreu no mesmo contexto da formação do parlamento inglês, no qual a sociedade expressava seu descontentamento com a violência naqueles dias, na Inglaterra. O esporte passou a ser valorizado como uma alternativa para a população dominar suas emoções. Apesar disso, nem tudo passou a acontecer em harmonia entre as pessoas no esporte. Sua prática gerou outros tipos de violência, não somente a física, mas também a exclusão dos mais fracos e os privilégios dos mais habilidosos. A capacidade, creditada ao esporte, de desenvolver normas de comportamento em seus praticantes e valores adequados ao exercício da civilidade, própria para a vivência da ordem social que se desenvolvia e consolidava naquele momento, foi o que legitimou socialmente, em um primeiro momento, a sua prática na sociedade inglesa e nos outros países onde se difundiu.
O conceito de civilidade1 acompanha o esporte desde o seu surgimento. A civilidade no esporte diz respeito à maneira como comportamos frente às outras pessoas e à própria sociedade, quando vivenciamos, praticamos ou assistimos ao esporte. Alguns exemplos de falta de civilidade no esporte são a agressão aos atletas e árbitros, a invasão do campo pela torcida e a briga entre torcedores de times diferentes. Mesmo que o esporte tenha como uma das suas principais características a adoção de regras aceitas por todos, as formas como as pessoas jogam podem variar de lugar para lugar e de grupo para grupo. Apesar de as regras definirem que as pessoas têm que jogar com as mesmas normas, elas abrem possibilidades de cada um escolher como alcançar os objetivos e enfrentar os desafios de cada modalidade esportiva. Por exemplo, os brasileiros são conhecidos por jogarem Futebol com muita descontração, alegria e arte. Os alemães, por sua vez, são muitas vezes destacados por jogarem esse mesmo esporte com sisudez e maior rigidez nas regras e técnicas.
Expansão do Esporte Contemporâneo Podem‐se notar duas ações associadas a expansão do esporte contemporâneo, a massificação e a democratização do esporte. Com a massificação, o esporte, que tem origem nos jogos produzidos pelo povo e no lazer voluntário, retorna ao povo como espetáculo para consumo. O sentido da massificação é direcionado ao crescimento de espectadores e consumidores num mercado de bens, serviços e entretenimento (MARCHI JR, 2006). A democratização surge a partir da preocupação em disponibilizar a prática esportiva para o maior número de pessoas possível, seja através de políticas públicas ou de ações privadas. (MARQUES, GUITIERREZ, ALMEIDA, 2008) Surge nesse panorama o esporte‐espetáculo comercial, que é o resultado da descoberta de que o esporte pode ser um produto rentável, a partir da relação deste com os meios de comunicação (TUBINO, 1992). O esporte‐espetáculo tem três traços mais elementares (PRONI, 1998): ‐ Competições esportivas organizadas por ligas ou federações que reúnem atletas submetidos a esquemas intensivos de treinamento (no caso de
1 Civilidade é o respeito pelas normas de convívio entre os membros de uma sociedade organizada. "Normas de convívio" essas que se trata de regras interiorizadas e maioritariamente aceites como requisitos da vida social, integrando não só os valores, princípios que orientam o comportamento dos indivíduos, mas também as normas de conduta que disciplinam a atividade desses indivíduos.
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modalidades coletivas, a disputa envolve equipes formalmente constituídas); ‐ As competições esportivas tornaram‐se espetáculos veiculados e reportados pelos meios de comunicação de massa e são apreciados no tempo de lazer do espectador; ‐ A espetacularização motivou a introdução de relações mercantis no campo esportivo, seja porque conduziu ao assalariamento de atletas, seja em razão dos eventos esportivos apresentados como entretenimento de massa passaram a ser financiados através da comercialização do
espetáculo. Amadorismo X Profissionalismo no Esporte Segundo Sttiger (2005), o AMADORISMO (visto ideário olímpico, tinha como critério a dedicação e empenho dos competidores apenas pelo "prazer da competir", isto é, com um fim em si mesmo, sem interesse econômico) contra o PROFISSIONALISMO (considerado o esporte das classes baixas, que necessitavam compensar o que deixavam de ganhar quando a ele se dedicavam). Amadorismo (classe alta) x Profissionalismo (proletariado) Apesar dessa clara distinção entre atleta profissional e amador, muitas entidades diretivas repudiavam a prática do esporte de maneira profissional, colocando em seus regulamentos esse impedimento, como no caso da Amateur Athletic Association (Associação Amadora de Atletismo ‐A.A.A.), fundada em 1880.
Obs.: Recomenda‐se assistir o filme carruagem de fogo, 1981, que conta a história de dois corredores Eric Liddell e Harold Abrahams. Liddell é um missionário escocês que corre em devoção a Deus. Já Abrahams é filho de um judeu que enriqueceu recentemente e deseja provar sua capacidade para a sociedade de Cambridge.
Bernett e as suas “5” (cinco) críticas ao esporte Segundo Bernett (Bernett, 1982) citado por Bracht (1997), resumiu em cinco pontos as críticas ao esporte: ‐ Emancipação do “esporte dos senhores”. Era
destaca a necessidade de quebrar a exclusividade do esporte dos senhores (dos dominantes).
‐ Os princípios da competição, do rendimento e do recorde. A negação do princípio da competição é entendida como decisivo para uma cultura corporal proletária. O esporte competitivo burguês é atacado genericamente como um espelho e instrumento da economia capitalista. Nesta visão, a racionalização das técnicas esportivas aparece como paralela ao sistema capitalista taylorizado.
‐ Mentalidade esportiva capitalista. As organizações ginásticas e esportivas de trabalhadores buscavam se distancia da mentalidade esportiva burguesa, na medida em que colocavam como princípio orientador a solidariedade de todos os trabalhadores.
‐ O esporte como arma dos dominantes. O esporte espetáculo é utilizado como meio para desviar a atenção das massas da luta de classes e como fuga da realidade política. Com relação ao esporte nas fábricas, alertava‐se contra a introdução de uma nova “arma” para disciplinar os trabalhadores.
‐ Esporte “burguês” a serviço do militarismo e do fascismo. O esporte burguês é dominado pelo capitalismo que fomenta o militarismo e o fascismo
As sete características básicas do esporte segundo Guttmann Guttmann (1979) identificou sete características básicas ao esporte: 1. Secularização; 2. Igualdade de chances; 3. Especialização dos papéis; 4. Racionalização; 5. Burocratização; 6. Quantificação; 7. Busca do recorde.
A CHEGADA DO ESPORTE NO BRASIL O Brasil é reconhecido no mundo, especialmente, por sua paixão pelo esporte. Nosso País é sempre lembrado no exterior por nosso entusiasmo nas competições esportivas. O jeito de ser brasileiro está muito relacionado ao esporte. Podemos ver isso em tempos de Copa do Mundo de Futebol, Olimpíadas, Jogos Pan‐americanos e grandes vitórias do Voleibol, Basquetebol e outras modalidades. O País, muitas vezes, se esquece de suas dificuldades para festejar grandes vitórias ou chorar derrotas inesperadas. Os jornais, rádios, revistas e a televisão reservam enormes espaços para a cobertura dos eventos esportivos. Muitas músicas tratam do esporte. Até a nossa língua nos dá um testemunho da importância do esporte para o nosso povo: quantas palavras e expressões que usamos no dia a dia que foram trazidas do esporte? Por exemplo: “pisar na bola”, quando alguém comete algum erro, “bater na
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trave”, quando alguém quase atinge o seu objetivo; “passar a bola”, quando alguém chama outra pessoa para ajudar em alguma tarefa; “não deixar a peteca cair”, quando pedimos a alguém para não desistir de seus objetivos; “fazer um golaço”, quando alguém consegue realizar muito bem alguma coisa. Como o esporte chegou ao Brasil? Como se deu essa paixão do brasileiro por ele? Existem registros de jogos e passatempos dos índios de antes mesmo da chegada dos portugueses em 1500. Apesar deles, o esporte, como acabamos de ver, não foi desenvolvido no Brasil. Ele entrou no País no século XIX. Nessa época, o Brasil era considerado um País “atrasado”, em comparação com as nações europeias. Um forte desejo por desenvolvimento e modernidade tomava conta do nosso povo. Após a independência, cresceu a busca por desenvolvimento a fim de transformar o Brasil em uma grande nação. Nossas referências de países desenvolvidos eram especialmente inglesas e francesas. Chegavam visitantes de outros países. Jornais, revistas, novos hábitos e tradições eram importados; novas atitudes e ideias surgiam. Éramos ainda império, quando começaram as discussões sobre a necessidade de sistema público de ensino. Alguns fatores ligados à educação favoreceram a chegada e o desenvolvimento do esporte no País. O movimento republicano pelo desenvolvimento de uma escola pública afirmou a necessidade da educação corporal do brasileiro, com objetivo de civilizar a população. Para isso, os métodos indicados tinham a referência, mais uma vez, dos países europeus. O envio dos filhos da elite brasileira à países da Europa para completarem os estudos foi outro fator importante. Nas escolas desses países, tomaram contato com a educação física e, ao voltarem ao Brasil, continuavam a praticá‐la aqui. Na França estavam sendo muito utilizados os métodos de ginástica e na Inglaterra o esporte. Um exemplo disso foi a experiência de Charles Miller, jovem da elite paulista que foi estudar na Inglaterra e que, quando voltou, trouxe bolas de futebol para ensinar aos seus colegas dos clubes sociais de São Paulo.
Charles Miller nasceu em São Paulo em 1874 e morreu em 1953. Foi jogador, dirigente e árbitro de Futebol, mas também participou da
iniciação de outras modalidades esportivas no Brasil, como o Tênis. Outro fator importante para a história do esporte entre nós foi a chegada de escolas estrangeiras em nosso País. As escolas europeias e norte‐americanas que aqui se instalavam buscavam oferecer à população opções de práticas educativas modernas, conforme acontecia na Europa e EUA. Entre elas encontravam‐se o Voleibol, o Tênis, o Ciclismo, a Ginástica e outros esportes que chegaram ao Brasil no final do século XIX e início do século XX. Outros dois fatores contribuíram para aumentar a influência cultural europeia em nosso meio, colaborando para que o esporte ganhasse adeptos no País. Por não considerar o povo brasileiro qualificado para o trabalho, o governo passou a incentivar o processo de imigração de europeus, especialmente portugueses, alemães e italianos, buscando qualificar a mão de obra que trabalharia no campo e nas indústrias. Na época, eram dados os primeiros passos mais seguros de nossa industrialização, especialmente com a chegada de empresas e indústrias inglesas, que se estabeleciam aqui com seus funcionários vindos da Inglaterra. Esses ingleses eram considerados pela população como pessoas refinadas, educadas, civilizadas. Os brasileiros que conviviam com eles logo aprenderam seus jogos e passatempos, especialmente os esportes. A influência das empresas inglesas de transportes ferroviários foi muito importante no surgimento dos clubes de futebol, principalmente em São Paulo. Esse foi o caso da Ponte Preta, de Campinas, que surgiu em 1900 e se destacou por ter sido o primeiro clube de futebol onde brancos, mulatos e negros puderam jogar juntos. Outra história interessante, está em Nova Lima, cidade próxima à Belo Horizonte. Ela se desenvolveu em torno de uma empresa de mineração inglesa, que trouxe para o lugar hábitos de práticas esportivas vividas na Inglaterra do início do século XX, surgindo, assim, o Vila Nova. Até a segunda década de século XX, o esporte se desenvolvia no País de forma livre, sem a preocupação das autoridades quanto à necessidade de políticas públicas que norteassem o seu percurso. Sua prática estava ligada ao agrupamento de pessoas em clubes de elite ou associações de empregados de empresas, especialmente as inglesas. Nas escolas, o conteúdo escolhido por nossas autoridades como responsável pela Educação Física das novas gerações era a ginástica, principalmente por ser considerada uma atividade que fazia com que as pessoas dominassem seu corpo, inclusive emoções e desejos. Nas escolas, o esporte já aparecia nos horários livres e recreios, mas havia uma resistência forte de setores da sociedade contra a sua adoção como conteúdo escolar.
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VIOLÊNCIA NO ESPORTE Atualmente é comum ouvir‐se falar, através dos meios de comunicação social de casos de violência no desporto. Por inúmeras razões o desporto, que deveria ser uma forma de divertimento e competição justa, perde esse estatuto e atinge outro patamar: a violência, a agressividade, a indignação, a raiva, etc.
Mas porque será que o desporto tem de ser violento? Será que é pela falta de desportivismo dos jogadores? Será pela pressão que os fãs, os adeptos e os treinadores exercem sobre estes? Será pela falta de controle que o Homem tem sobre si, transformando a ira e a fúria em violência? A verdade é que cada vez mais o desporto é violento e estima‐se que há violência no desporto desde a Antiguidade (nomeadamente nos Jogos Olímpicos originais na Grécia Antiga). Uma das coisas que, infelizmente, é comum a praticamente todas as modalidades é a violência. Desporto e violência são conceitos totalmente opostos que, contudo, estão interligados até de mais. No extremo oposto da violência desportiva temos o espírito desportivo, do inglês fair‐play. Será que, apesar do que foi referido, ainda há desportivismo entre os jogadores? Ainda podemos presenciar jogos justos? Ainda há espírito desportivo ou será que este foi transformado em violência? Segundo Bredemeier (1983) violento significa qualquer ofensa física, verbal ou não verbal, enquanto “comportamento para causar dano”, quer dizer, qualquer intenção ou ação prejudicial. A violência é um instinto natural do ser humano que causa intencionalmente danos morais ou físicos noutro indivíduo. A violência pode ser física (agressão física), verbal ou moral (insultos), gestual (gestos obscenos) ou psicológica (intimidação e humilhação). No esporte pode ser considerada toda ação fora das regras esportivas que causam dano físico, psicológico ou social ao atleta. Existe uma lista infindável das causas da violência no desporto. Esta pode ser causada pela indignação, pela frustração, pelas rivalidades entre as equipas, pelos problemas pessoais dos jogadores (que
“descarregam” toda a sua raiva em campo), pela pressão dos treinadores, etc. Muitas vezes, são os fãs e os adeptos que começam a violência. São estes que, por uma paixão cega à sua equipa ou clube ou por ódio puro à equipa adversária, cometem atos de violência, perturbando o equilíbrio dos jogos. Nos piores casos, estes atos de violência podem causar mortes. De salientar os hooligans, grupos com ideias neo‐nazis nascidos nos anos 70 e 80 na Grã‐Bretanha e que dedicam‐se a sujar a reputação do desporto, nomeadamente do futebol e dos desportos universitários, de forma a afastar o público dos recintos desportivos. Embora muitas pessoas associem violência desportiva a futebol, a realidade é que há violência em todos os desportos. O futebol foi frequentemente definido como um desporto violento, especialmente por ser um desporto muito praticado. Contudo há desportos piores nesse aspeto, como o hóquei e o Rugby, desportos com número de casos de violência muito maior.
Divisões da Violência ‐ Real ou Simbólica: Apresenta a forma de uma
agressão física direta ou envolve simplesmente atitudes verbais e/ou atitudes não verbais;
‐ Ritual ou Não Ritual: Quando o esporte possui ou não conteúdo violento;
‐ Armadas: Se uma arma ou mais armas são utilizadas, e se utilizadas os atacantes chegam a estabelecer contato;
‐ Intencional ou Consequência Acidental: Uma sequência de ações que, no inicio, não tinha a intenção de ser violenta;
‐ Sem Provocação ou Respostas: Retaliação a um ato intencionalmente violento, ou sem a intenção de o ser;
‐ Legitima ou Ilegítima: De acordo com as regras, normas e valores socialmente prescritos ou se não é normativa no sentido de envolver uma infração dos padrões sociais aceitos;
‐ Racional ou Afetiva: quando ação premeditada visando um objetivo, ou subordinada emocionalmente para satisfação pessoal, ação agradável ao praticante.
Possibilidades para diminuir agressões ‐ Diminuir estímulos agressivos; ‐ Reavaliar os estímulos agressivos; ‐ Evitar condutas agressivas; ‐ Aprender formas alternativas de
comportamento.
Fair‐Play/ Espírito Desportivo Numa tradução linear para o português, podemos definir fair‐play como o termo inglês para designar jogo limpo. Em português também temos
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outros termos com o mesmo significado, como por exemplo espírito desportivo e desportivismo.
Espírito desportivo é o oposto à violência desportiva. Este termo abrange inúmeros significados e não se limita apenas ao cumprimento das regras ou à aceitação dos resultados. Espírito desportivo é: cumprir todas as regras do desporto em causa; respeitar o árbitro ou júri e não contestar as suas decisões; demonstrar a vontade de ganhar, mas reconhecendo a derrota com dignidade; reconhecer a vitória modestamente, sem inferiorizar o adversário; reconhecer o bom desempenho ou as boas estratégias do adversário; competir com igualdade e conseguir a vitória apenas com esforço e habilidade; recusar o uso da batota e da violência ou outras práticas desonestas para conseguir a vitória; dar a mostrar o lado positivo de um erro, encorajando os jogadores após uma derrota; esforçar‐se ao máximo em cada partida; demonstrar desportivismo para com os outros, independentemente de serem da mesma equipa ou adversários; Ter espírito desportivo é gratificar‐se com o esforço e com a tentativa, não apenas com ganhar ou perder. Se todos os desportistas cumprissem estas simples, mas muito importantes práticas, melhorava‐se imenso o estatuto do desporto e erradicava‐se a violência e a corrupção desportiva, promovendo um ambiente de paz e divertimento, transformando o desporto no que este deve ser de verdade.
Corrupção Desportiva A corrupção desportiva não é um fenómeno recente, o primeiro caso desta, remonta aos jogos pan‐helénicos da Grécia antiga.
Para haver corrupção, existe sempre um comportamento, verificado ou prometido, ou a
ausência deste, que, numa dada circunstância, constitui um crime. Existem diversas formas de corrupção desportiva, mas principalmente esta divide‐se em duas grandes áreas: ‐ Corrupção ao nível dos resultados desportivos,
manifestando‐se sob a forma de suborno dos intervenientes diretos (árbitros, atletas, treinadores, etc.);
‐ Corrupção extra‐competições, manifesta‐se sob a forma de subornos aos intervenientes indiretos do fenômeno desportivo (agentes de jogadores, desempenham cargos em comissões que avaliam desempenhos).
Entre os desportos e organizações onde os casos de corrupção se têm manifestado com maior frequência destacam‐se as modalidades como o futebol, o boxe, as corridas de cavalos, o basebol e o ciclismo; Nas organizações desportivas destacam‐se principalmente a entidade que tutela os Jogos Olímpicos, diversas ligas e clubes de futebol e diversas ligas que organizam competições de boxe. É importante perceber por parte de todos os intervenientes no fenômeno desportivo que a corrupção só leva há perda de credibilidade do próprio desporto, assim sendo “passará a estar em jogo” o futuro e sobrevivência do mesmo;
Prevenir a corrupção pressupõe uma cultura de confiança de transparência, mas esta, exige, uma capacidade repressiva eficaz. Se cada um dos cidadãos for capaz de denunciar e não tomar por vulgar uma prática ilegal, tudo será mais fácil. Se os responsáveis, forem capazes de assumir na sua plenitude os deveres que lhes cabem, ter‐se‐á um sociedade e uma Administração Pública mais sensíveis a este fenômeno.
DIMENSÕES SOCIAIS DO ESPORTE Tubino (1993) propôs três dimensões para o esporte a partir do seu significado social, conferindo uma revolução conceitual. As dimensões do esporte são as seguintes:
a) o esporte‐educação; b) o esporte‐participação ou esporte popular; c) esporte‐performance ou de rendimento.
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Esporte – Educação ‐ É um processo educativo ‐ Preparação para a cidadania ‐ Baseado nos princípios educacionais (participação/
cooperação/ integração/ responsabilidade) ‐ Oferecido na infância e na adolescência ‐ Oferecido na escola e fora dela ‐ Não é extensão do esporte‐performance Para Teotonio Lima (apud TUBINO 2001), uma orientação educativa no esporte terá que vincular‐se obrigatoriamente a três áreas de atuação pedagógica: a de integração social, a de desenvolvimento psicomotor e a das atividades físicas educativas.
Esporte – Participação ‐ Esporte popular ‐ Apoiado nos princípios: ‐ Do prazer lúdico (divertimento) ‐ Do lazer (descanso ativo) ‐ Do tempo livre ‐ Sem regras institucionalizadas ‐ Principais objetivos: participação voluntária e irrestrita, promoção da saúde, socialização, etc.
Esporte – Performance ‐ Esporte de rendimento ou esporte de alto‐nível ‐ Esporte institucionalizado (regras rígidas,
entidades diretoras) Aspectos negativos:
‐ Necessidade de grande preparação ‐ Não democrático ‐ Capitalismo exacerbado ‐ Desonra ética‐moral: violência, doping,
utilização dos atletas como produtos e subornos (dirigentes/atletas/árbitros)
Aspectos Positivos: ‐ Gera turismo, colabora na manutenção
do meio‐ambiente, efeito‐imitação favorece a prática popular, proporciona uma indústria do esporte (avanço da tecnologia).
É no esporte rendimento que se encontra a crítica aguda ao esporte, principalmente pelos autores que combatem o capitalismo, que consideram parte da competição e suas vinculações
com negócios financeiras sintomas evidentes de um capitalismo exacerbado. As paixões e interesses que envolvem o esporte‐rendimento, somada as aspirações dos praticantes, explicam em parte os desvios e as violências identificadas nas disputas. Pode‐se citar como violências mais identificadas do esporte rendimento: a violência nos espetáculos esportivos; doping, suborno, limite biológico dos atletas, encerramento prematuro da carreira e a força de trabalho escravizada nas possibilidades de mobilidade social. Colocações de Kunz (1994), que vem ao encontro ao pensamento de que há necessidade de clarear várias problemáticas no esporte, como por exemplo a especialização precoce e o doping para que se encontrem maneiras de conhecer e denunciar as causas que levam aos abusos no esporte de rendimento, bem como, o de Verenger (1989), que aponta para não considerar o Esporte apenas como fenômeno motor, mas, também, observá‐lo como produto das relações sociais atuais aos diversos níveis de envolvimento.
ESPORTE NA ESCOLA X ESPORTE DA ESCOLA O Esporte Escolar é ainda restrito a crianças e adolescentes consideradas talentos esportivos, sendo dominantemente compreendido como base para o esporte de rendimento e desenvolvido a partir desta compreensão. Esta é uma realidade que distancia a prática do Esporte da perspectiva educacional, gerando exclusão nas práticas escolares e desigualdade de oportunidades, pois é um processo que já se inicia sendo oferecido para poucos. Sabendo que no decorrer dos anos haverá exclusão e desistência por uma série de fatores chega‐se ao esporte de rendimento com um número baixo de talentos esportivos. O esporte educacional e escolar deve ser o esporte da escola e não o esporte na escola. Da escola, por ser próprio de cada manifestação individual e coletiva, por ser próprio de cada localidade e principalmente, por carregar a perspectiva da autonomia. Não deve ser um esporte na escola, isto é, um esporte de rendimento, olímpico e de treinamento, injetado na escola por determinação de uma dada cultura dominante, televisiva e mercadológica.
Relação entre Esporte e Educação ‐ O esporte pode cooperar no desenvolvimento da
capacidade de ação. ‐ O esporte pode ser importante para a atividade
motora cotidiana. ‐ O esporte contribui para a dimensão social da
capacidade de ação. ‐ O esporte pode ser importante para a relação
com a saúde e o bem estar.
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‐ O esporte pode oferecer um modelo compreensível da realidade social.
‐ O esporte adquire um significado crescente na configuração da vida dos indivíduos.
‐ O esporte oferece inúmeras possibilidades de movimentos significativos, oportunidades de recreação e realizações estéticas.
Objetivos do Conteúdo Esporte na Educação Física Escolar ‐ Conhecer a origem cultural e a histórica de cada
modalidade esportiva; ‐ Identificar, reconhecer e respeitar uma atividade
enquanto memória e preservação de uma cultura;
‐ Identificar, reconhecer e diferenciar as várias dimensões das práticas esportivas;
‐ Aprender as regras, os mecanismos de organização e administração de cada atividade;
‐ Identificar, descrever, experimentar e demonstrar suas variadas manifestações;
‐ Reconhecer e compreender a relação que a sociedade faz entre gênero e práticas esportivas;
‐ Discutir as implicações sociais e culturais do fenômeno esportivo;
‐ Discutir as implicações sobre questões de segurança e riscos da modalidade esportiva;
Mudança necessária na Educação Física O estudo de doutoramento de Elenor Kunz contribuiu para processar as mudanças na Educação Física através do tema esporte. Em sua concepção, haveria uma transformação didática do esporte na prática do professor de Educação Física.
“É uma irresponsabilidade pedagógica trabalhar o esporte na escola que tem por consequências provocar vivências de sucesso para uma minoria e vivência de insucesso ou de fracasso para a maioria”.
Características negativas na prática do esporte escolar ‐ Desenvolve as modalidades esportivas mais
conhecidas e que desfrutam de prestígio social, como o futebol e o voleibol;
‐ Privilegia como conhecimento de determinadas modalidades esportivas, exclusivamente a execução técnica e tática dos seus fundamentos como o passe, o drible, a cortada etc.;
‐ Reforça a ideia de ascenção social através do esporte;
‐ Reforça os valores da competição em detrimento dos valores da cooperação;
‐ Reforça o individualismo em detrimento da solidariedade;
‐ Privilegia atividades repetitivas e mecânicas em detrimento da liberdade de movimento, da criatividade e da ludicidade;
‐ Privilegia a ação exclusivamente diretiva do professor em detrimento do diálogo e da liberdade de expressão.
O Esporte Escolar Pode ‐ Reforçar a cooperação através da educação da
sensibilidade, da ética, da estética e dos conhecimentos pertinentes à bagagem dos alunos bem como à criatividade crítica do professor;
‐ Reforçar o coletivismo ensinando que dependemos dos outros para poder atuar com mais inteligência, mais estratégia e superação na atividade desenvolvida;
‐ Encaminhar crianças e jovens para práticas prazerosas sem se furtar às competições pedagógicas. O prazer pode se aliar à técnica, à disciplina e ao estudo rigoroso sobre determinada atividade;
‐ Desmistificar a ascensão social de alguns atletas e disseminar um discurso democrático de que sua existência deve ser baseada na possibilidade de ensino para todos.
ESPORTE E SOCIEDADE O esporte como campo de ação social concreto que institucionaliza temas lúdicos da cultura desportiva, deve ser analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como o esporte “na” escola. ‐ O esporte como algo socialmente regulamentado. ‐ O esporte como algo a ser aprendido. ‐ O esporte como algo a ser assistido. ‐ O esporte como algo a ser refletido. ‐ O esporte como algo a ser modificado.
O esporte como algo socialmente regulamentado O esporte é oferecido aos alunos no sistema de regras das modalidades desportivas, das diretrizes institucionalizadas, de formas de ação e instrumentos de avaliação que se desenvolvem historicamente no campo desportivo fora da escola (corrida, basquete, natação e outras). O esporte é trazido às escolas como um sistema já existente em suas formas de ação e regras, isto é, cuja existência é partilhada intersubjetivamente por todos. Nesta base, o esporte é encarado na escola como um campo de ação no qual os indivíduos interagem e se comunicam sem problemas e sem obstáculos.
O esporte como algo a ser aprendido Nessa perspectiva, o esporte aparece como campo de ação social regulamentado, que somente através do saber pode ser vivenciado, isto é,
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os alunos somente podem dele participar quando conhecem as formas de ação institucionalizadas. Em primeiro plano, na ação desportiva, está sempre a aprendizagem do esporte (por exemplo, jogar basquete), com isso facilitando a sua participação no esporte fora da escola.
O esporte como algo a ser assistido O esporte fora do âmbito escolar é um espetáculo para ser assistido. O assistir e consumir espetáculos desportivos em estádios ou na televisão, separado da ação desportiva própria, é uma dimensão essencial para a compreensão do esporte. Desenvolvimento para a capacidade de ação significa, deste modo, também, possibilitar aos alunos uma participação crítica no esporte passivo.
O esporte como algo a ser refletido Nessa perspectiva, o esporte aparece como um campo que se revela como produto social e, por isso, é constituído de múltiplas interpretações. A função das modalidades esportivas em possibilitar várias ações, mas ao mesmo tempo limitando‐as, deve ser refletida. A possibilidade de atender interesses e necessidades contraditórias dos indivíduos e as diferentes significações das ações desportivas devem ser conscientizadas pelos alunos em relação a ações concretas. Trata‐se aqui de refletir e compreender os pré‐requisitos, dificuldades e consequências das ações práticas.
O esporte como algo a ser modificado Sob essa perspectiva o esporte aparece como um campo de ação aberto, cuja construção social não pode exigir validade absoluta e cujas possibilidades não se esgotam com as formas de ação institucionalizadas. Os alunos devem compreender, através de experiências práticas, o esporte como um campo de ação aberto. Aqui, ele é visto como um objeto construído socialmente, que não tem validade absoluta. O esporte, assim, é pensado e deve ser considerado, na escola, como algo que pode ser criado com formas de ação não institucionalizadas.
A PEDAGOGIA DO ESPORTE A pedagogia do esporte, enquanto área de intervenção investiga as práticas esportivas corporais e os sujeitos condicionantes de sua existencialidade, revela um panorama atual propenso a grandes discussões, por ser uma disciplina nova na ciência do esporte, que ainda detém significativos problemas advindos da lacuna existente entre a teoria e a prática pedagógica. Segundo Jorge Olimpio Bento (1991), para início de nossa reflexão, o esporte é pedagógico e por consequência educativo, quando, entre outras coisas:
‐ Proporciona obstáculos, exigências, desafios para se experimentar, observando regras e lidando com o próximo;
‐ Cada um rende mais, esforçando‐se muito, sem nunca sentir isso como uma obrigação imposta exteriormente.
Bento (1991) também se preocupa em salvaguardar os valores educativos do esporte, e para isso acredita na necessidade de se lançar uma ofensiva pedagógica que requer ainda que técnicos e professores não se deixem cair no papel de meros animadores ou reprodutores do modelo do esporte de alto rendimento, que os praticantes e os espectadores não se sintam apenas fregueses e consumidores passivos, que os dirigentes não vejam no desporto uma mercadoria que se compra ou vende a qualquer preço. Sendo assim, a todo momento em que uma prática pedagógica estiver promovendo o desenvolvimento esportivo, que contemple a generosidade e o respeito às regras e adversários, além da tomada de consciência sobre a prática do esporte e sua ideologia, o esporte mostrar‐se‐á educativo. Não obstante, uma prática excludente e seletiva, que impede crianças, adolescentes e jovens de serem livres e de desenvolver sua autonomia e criticidade, contradiz os atributos educativos, ressaltados por vários autores.
Desafios atuais para o esporte no Brasil O que discutimos até aqui aponta um grande desafio que se impõe à sociedade brasileira, no sentido de assegurar a possibilidade de acesso do esporte aos cidadãos que se interessem por vivenciá‐lo. Desafio que parece ser a ampliação do conceito de esporte que norteia as políticas públicas, ações do governo e da sociedade civil. Precisamos entender o que está escrito na Constituição Federal: o que significam o esporte educacional, o esporte de participação e o esporte de rendimento? Independentemente de a pessoa poder ou não ser um grande atleta no futuro, ela tem o direito de vivenciar o esporte enquanto uma experiência de lazer, educação ou rendimento. Desafios: entender a prática esportiva no cotidiano. É muito importante que o Brasil seja representado por grandes atletas, mas que isso seja consequência de um grande número de praticantes de esporte diariamente. Outro desafio importante é superar o entendimento de que apenas os jovens merecem o esporte. Ele pode ser fator de desenvolvimento, formação e cidadania para crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência, mulheres e homens, baixos e altos, gordos e magros. As diferenças entre elas devem representar possibilidades do esporte humanizado. Como é emocionante uma prova de Atletismo com cadeirantes, o Voleibol assentado para pessoas com dificuldades de locomoção, o Futebol para cegos!
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O Brasil caminha para ser, nas próximas décadas, um dos países com maior número de idosos do planeta. Essa importante parcela da população precisa ter acesso à prática de esportes garantida também como uma possibilidade de realização pessoal, de qualidade de vida, de convivência. Mais um desafio a ser superado é o próprio tratamento pedagógico dado ao esporte, onde quer que ele seja ensinado. Muitas pessoas perguntam se as aulas e treinamentos esportivos têm o que ensinar. Muitas vezes o que acontece é apenas a repetição dos exercícios dados pelo professor, jogando sempre da mesma forma. A busca da eficiência é a forma que garante a vitória. Entretanto, o esporte pode e deve ser mais que isso. Ele também é momento de construção de novos conhecimentos, de aprendizagens de variadas formas de jogar cada modalidade, de aprimorar e ir além das técnicas esportivas. Precisamos ajudar as pessoas a saber mais sobre o jogo, a ponto de serem capazes de entendê‐lo e de nele intervir. O Voleibol, como outros esportes, foi sendo (re)inventado ao longo do tempo. Suas regras se alteram de acordo com as circunstâncias. Assim, no início de sua história, era jogado de forma muito mais parecida com esse nosso exercício do que como ele é jogado atualmente pelos atletas de alto rendimento. O esporte também precisa ser estudado, além de ser praticado. Precisamos conhecer histórias e contextos de surgimento das modalidades; as relações do esporte com a própria sociedade; as formas de organização de cada modalidade, na sua cidade, estado, país e no mundo. Entender porque uma determinada modalidade é mais praticada do que outra. Aprender que o esporte é direito de todo cidadão, cuja promoção deve ser cobrada das autoridades e garantido por toda sociedade. É importante que as pessoas conheçam os riscos e benefícios da vivência esportiva e o papel do esportista, espectador e outros consumidores do esporte. As questões éticas também se colocam como reflexão urgente. Além de aprender a jogar, as pessoas precisam aprender a lidar com as próprias limitações e com a vitória e derrota no jogo. É preciso que discutam sobre o esporte e valores presentes em sua prática. Qual a finalidade do esporte? A grande meta é a medalha, troféu ou a cidadania, a construção de uma sociedade mais justa, fraterna, plural, que tenha a paz como um grande valor de todos? O ganhar a todo custo pode ser encarado como uma derrota, para quem ganha e para quem perde. Até onde vale a pena buscar a vitória? Ganhar utilizando‐se de substâncias ilícitas, drogas e remédios que alteram o organismo, causando riscos à saúde do atleta, é afirmar que a vitória vale mais que a vida.
Temos vivenciado também discussões éticas no esporte relacionadas à corrupção de árbitros, à violência dentro e fora dos campos e quadras. O ensino do esporte precisa discutir esses temas para que as pessoas se apropriem desse direito. Apropriação com condições de sugerir, criar, planejar, cobrar dos políticos o apoio necessário. Às pessoas, enquanto titulares do direito ao esporte, deve ser garantida a possibilidade da vivência esportiva com autonomia. Para isso, um aspecto importante é a ação pública para garantia de espaços de práticas do esporte e lazer nas comunidades. Quadras, pistas de caminhada e corrida, ginásios poliesportivos, ciclovias, espaços para ginástica, danças, e lutas. Enfim, a realização do direito ao esporte implica acesso a estruturas físicas específicas. Outra questão importante é a educação para a autonomia, fundamental para a garantia desse direito. Acesso a conhecimentos, espaços e equipamentos esportivos são requisitos para a realização da autonomia no contexto do esporte. Nesse sentido, é central a discussão sobre o poder de decisão de quem quer ter acesso a esse direito. Decidir sobre o que se quer fazer, com quem praticar e como jogar é fundamental. A autonomia para a vivência do esporte passa a ser uma finalidade e também um exercício diário de conhecimento, convivência e negociação. Na medida em que esses desafios forem aceitos e encarados pela sociedade brasileira, o esporte, como direito de todo cidadão, passará a fazer parte da vida diária de nossas comunidades e cidades. As pessoas passarão a vivenciar os benefícios que ele pode realmente propiciar às suas vidas. O Brasil será um campeão de cidadania e de paz e não apenas de torneios internacionais.
ESPORTE E SAÚDE Nos cursos de Educação Física está ocorrendo uma revolução, que vem provocando questionamentos sobre alguns conceitos: o que se tenta expor criticamente hoje é a relação entre “Esporte e Saúde”. A luz do que já foi estudado até agora, no remete a frase popular “Esporte é Saúde”, que merece maiores esclarecimentos.
Os novos conceitos trabalhados relacionam Esporte, Saúde e Qualidade de Vida, de
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maneira a levantar o debate para refletirmos sobre os mesmos. Como já vimos, o conceito de esporte está relacionado a três dimensões sociais a educacional, popular e de alto rendimento. Já a Saúde, enquanto conceito, é sentir‐se bem em todos os seus aspectos: físicos, motores, sociais, mentais e afetivos. Isto acaba tornando muito difícil ter uma saúde perfeita e praticamente impossível um conjunto de profissionais completamente saudáveis. Associado à Saúde está o conceito de Qualidade de Vida, definido como a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e sócio‐ambientais (modificáveis ou não) que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Para se definir como boa qualidade de vida, deve‐se levar em consideração a satisfação das necessidades básicas de sobrevivência: alimentação, vestuário, trabalho, moradia e relações sociais e afetivas (as quais, no mundo capitalista de hoje, sempre se subordinam à outra: a econômica). Analisando agora a relação do conhecimento popular “Esporte é Saúde”, esta se difunde como contrapartida ao mundo atual, que promove em suas práticas o sedentarismo, como consequente, a obesidade – tida como o mal do século. Assim, em combate à obesidade, o Esporte promove Saúde. O Esporte também é promotor de Saúde por ser um incentivo às relações sociais, tais como coleguismo, amizade e paixões. Outras inverdades são disseminadas pelo conhecimento popular. Algumas pessoas dizem que ao caminhar uma hora por dia mantêm seu nível de colesterol reduzido, com chances reduzidas de obter problemas cárdio‐respiratórios, ou ainda possibilidades de emagrecimento. Mas, em seguida, comem chocolate, "churrasquinho", "leitão à pururuca", "torresminho", doces, refrigerantes, etc. – alimentos que invalidam qualquer atividade saudável. Além disto, caminham em locais inadequados e usam calçados impróprios para a atividade exercida. Logo, o corpo não descansa como ainda pode sofrer lesões por exercícios praticados de maneira errada. Também existem aqueles que caminham em excesso, acima de quatro horas ao dia, todos os dias da semana, sem um descanso mínimo. As estruturas corpóreas e seus respectivos ligamentos não aguentam e acabam por “inchar”, inflamar ou até romper. Está comprovado que qualquer treinamento físico, principalmente os de altíssimo nível, deve ser praticado com o necessário descanso para que o organismo possa se recuperar da atividade e da perda de líquidos e sais minerais. Outros praticam esforços aos finais de semana como maneira de compensar uma vida sedentária de segunda à sexta‐feira, sem qualquer sistemática apropriada. Deve‐se praticar atividades periódica e cotidianamente, com pausas corretas de descanso.
Tudo que é feito ininterruptamente cansa, desgasta e não promove os benefícios almejados. O Esporte é uma atividade física e, como tal, promove desgaste energético, emagrecendo o organismo. Mas, sem respeitar os parâmetros físicos limitantes de cada indivíduo, ou ainda, um controle alimentar adequado, ao invés de benefícios, a atividade pode promover malefícios. O controle alimentar é muito importante no que se refere à relação entre ingestão e gasto de energia, ou seja, o quanto (e o que) se come e o quanto se trabalha. Neste parâmetro, podemos entender que é perigoso pessoas obesas e despreparadas praticarem Esportes como triathlon, uma competição onde se nada, pedala e corre longas distâncias exaustivamente. Até que ponto é saudável praticar triathlon, ou ainda malhar de duas a quatro horas numa academia? São associações equivocadas relacionar alto rendimento e esforço excessivo. Para que o Esporte fazer bem, tem que suar muito e deixar o indivíduo cansado. Esporte não é Saúde. Pode vir a ser um promotor de Saúde, mas nem sempre irá produzir Saúde, como uma regra. Inclusive temos recentemente dois casos de jogadores de futebol que faleceram enquanto praticavam a atividade física. Percebemos também, que existem vários desportistas que fazem uso de substâncias – questionáveis – para obter melhores desempenhos nas atividades, o que corrompe a noção de que Esporte faz bem. Esporte só faz bem dentro de seus fatores limitantes: bem empregado, bem trabalhado e sob uma perspectiva que esteja além do alto rendimento. Isso não quer dizer que muitos que praticam Esportes de alto rendimento não são pessoas saudáveis. Serão na medida em que o treinamento lhes provocar bem‐estar físico e uma boa relação para com os outros. Mas ao exagerar na atividade (em nome da relação “Esporte é Saúde), acaba‐se promovendo um malefício ao corpo”.
REFERENCIAL ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio. Reinventando o esporte: possibilidades da prática pedagógica. Campinas: Autores Associados, chancela editorial CBCE, 2001 BETTI, Mauro. Educação física, esporte e cidadania. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 1999, 20 (2 e 3), p.84‐92. DAOLIO, Jocimar. Cultura, educação física e futebol. 3.ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2006. GIULIANOTTI, Richard. Sociologia do futebol: dimensões históricas e socioculturais do esporte das multidões. São Paulo: Nova Alexandria, 2002. GONDRA, José Gonçalves (Org.) História, infância e escolarização. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2002. GONÇALVES, M. A. S. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. Campinas: Papirus, 1994. KUNZ, Elenor. A transformação didático‐pedagógica do esporte. Ijuí: Editora Unijuí, 1994.
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Questionário 01. De acordo com Antonelli (apud Tubino, 2001), os elementos constitutivos do esporte são: a) o fair‐play, a competição e o movimento; b) o bem‐estar, a ludicidade e o fair‐play; c) o jogo, a inércia e o bem‐estar; d) o movimento, o jogo e a competição; 02. Stigger apresenta duas teses que pretendem explicar a origem do que hoje conhecemos por esporte. Essas teses são divergentes nos seguintes aspectos: a) ruptura X continuidade b) modernidade X tradição c) competição X cooperação d) similaridade X especialização 03. Alguns autores afirmam que o esporte pode ser assim denominado desde as remotas e diversas manifestações e práticas, em diferentes momentos históricos e em distantes locais. Tal posição tem sustentação nas semelhanças que essas práticas apresentam entre si. As semelhanças se caracterizam por: a) competição acirrada e lazer ativo b) alcance de objetivos e ludicidade c) estrutura da atividade e esforço físico d) jogo de regras e desenvolvimento motor 04. Assegurar a igualdade de acesso à prática esportiva para todas às pessoas é uma meta conceitual do (a): a) do associativismo no esporte. b) da interdependência do bem‐estar social com relação ao estado sociedade‐esporte.
c) do envolvimento social do esporte. d) do esporte como meio de democratização. 05. De maneira geral, os esportes acompanharam o processo de globalização econômica vivido no mundo contemporâneo e passaram a se constituir também em importante negócio, que envolve volumosos recursos financeiros. a) Certo b) Errado 06. Ao contrário do previsto com o advento da globalização, ainda não há um idioma que sirva de referência para múltiplas atividades, desde as relativas ao mundo dos negócios até as que envolvam, por exemplo, a música, o cinema e os esportes. a) Certo b) Errado 07. Nos dias atuais, os esportes de massa ‐ como o futebol ‐ ainda conseguem ficar à margem do consumismo e do mundo dos negócios, provavelmente graças à paixão genuína que suscitam. a) Certo b) Errado 08. O esporte na escola tem como base aqueles esportes que já são institucionalizados e o esporte da escola é aquele que se aproxima dos valores e interesses desse espaço educativo. a) Certo b) Errado 09. Orientados pelo professor, os adolescentes devem escolher esportes nos quais ainda não tiveram experiências anteriores, a fim de aumentar seu repertório esportivo e de sociabilização. a) Certo b) Errado 10. Um pesquisador da área de medicina desportiva tem defendido mudanças radicais nas regras do futebol, por considerá‐lo o mais violento dentre todos os esportes. Ele afirma que esportes como o rugby ou o hóquei sobre o gelo impressionam o público, pois os choques que ocorrem durante os jogos aparentam ser muito violentos. Mas, em geral, eles não provocam lesões tão graves. No caso do futebol, as lesões típicas levam meses para serem curadas e, muitas vezes, são responsáveis por encerrar prematuramente a carreira dos atletas. Seu principal argumento é uma estatística que, realmente, assusta: 35% das lesões graves de atletas profissionais em todo o mundo ocorrem em partidas de futebol. O pesquisador afirma que em nenhum outro esporte essa porcentagem é tão alta. O argumento do pesquisador a respeito do risco de lesões em jogadores de futebol a) é incontestável, já que os jogadores de futebol não utilizam equipamentos de proteção tão sofisticados quanto os dos atletas de rugby ou de hóquei sobre o gelo, tornando o futebol muito mais arriscado que os demais esportes.
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b) é incontestável, uma vez que a imprensa tem noticiado um número cada vez maior de jogadores de futebol que sofreram infartos durante uma partida ou treinamento, fruto do aumento do número de jogos realizados ao longo de um ano. c) é incontestável, uma vez que o futebol lidera o ranking de atletas lesionados em todo o mundo, com 35%, número bem mais elevado do que aqueles observados em esportes tidos como violentos, como o rugby ou o hóquei sobre o gelo. d) deve ser contestado, uma vez que, caso as regras do futebol fossem alteradas radicalmente, as partidas perderiam muito em emoção, fazendo com que o futebol deixasse de ser o esporte mais popular do planeta. e) deve ser contestado, uma vez que não foi apresentada a porcentagem de ocorrência de lesões graves por esporte, havendo a possibilidade de o percentual 35% ser o mais alto devido ao fato de o futebol ser o esporte mais praticado no mundo. 11. O processo de “esportivização” dos passatempos populares teve origem na Inglaterra do século XVIII. Esse processo atendeu à necessidade de uma mudança no padrão de comportamento da sociedade presente nessas atividades. Essa necessidade era decorrente do seguinte fator: a) uso de improviso b) ausência de regras c) exagero no esforço d) excesso de violência 12. Tubino (1992) propôs três dimensões para o esporte a partir do seu significado social, conferindo uma revolução conceitual. As dimensões do esporte são as seguintes: a) esporte higienista, esporte competitivista, e esporte popular; b) esporte‐educação, esporte‐ participação e esporte –performance; c) esporte‐lazer, esporte‐educativo e esporte‐ auto rendimento; d) esporte‐coletivo, esporte‐individual ,e esporte‐popular; 13. Ao tratar do esporte‐educação, Tubino (2001) lembra que as competições escolares deveriam ter um sentido educativo e, não, simplesmente reproduzirem o esporte de rendimento com seus vícios. Citando Teotônio Lima, Tubino diz que uma orientação educativa do esporte vincular‐se‐ia obrigatoriamente a três áreas de atuação pedagógica. São elas: a) desenvolvimento das capacidades físicas, integração social laissez faire. b) integração social, desenvolvimento psicomotor e atividades físicas educativas. c) laissez faire, atividades físicas educativas e desenvolvimento social.
d) desenvolvimento social, capacidades físicas e performance esportiva. 14. O esporte, como conquista cultural e patrimônio da humanidade, deve ser transmitido, na escola, como conteúdo nas aulas de Educação Física, numa perspectiva a) Transformadora fundamentada em valores educativos. b) Afetiva, fundada em valores midiáticos. c) Participativa e reprodutiva dos valores técnicos. d) Privilegiada nos princípios e valores de sobrepujar. 15. O Esporte é considerado pedagógico e, por consequência, educativo. Sobre isso, assinale a alternativa que justifica essa afirmação. a) Não proporciona obstáculos, exigências, desafios a serem experimentados, observando‐se regras e lidando corretamente com os outros. b) Socializa, apenas, as crianças num modelo de pensamento e vida. c) Ensina que o sucesso é o objetivo e não apenas, um meio de visar além. d) Cada um rende mais, esforçando‐se muito, sem nunca sentir isso como obrigação imposta exteriormente. e) Consideramos o esporte como um fenômeno motor que permite ao aluno vivenciar o sucesso. 16. Assis, Sávio (2001) discute em seus estudos uma possibilidade concreta do esporte ser olhado, percebido e vivido na escola. Nessa perspectiva o autor afirma que: a) para o esporte ser desenvolvido na escola, e ser uma possibilidade de ascensão social, o professor deverá deixar claro para os alunos que todos podem alcançar o topo do sucesso, basta treinar. b) O esporte não precisa ser analisado criticamente pela escola, basta reproduzi‐lo que o resultado será benéfico para todos, pois o esporte é algo maior que a escola. c) O esporte apresenta uma característica própria do ser humano, que é a competição, por isso, não deverá ser modificado em sua estrutura para atender a objetivos alheios ao seu propósito. d) para o esporte ser modificado, é necessário enxergá‐lo como instituição social que produz um sistema de valores, mas é imprescindível afirmar a sua condição de produção humana, algo passível de transformação, inclusive pela prática pedagógica. 17. Analisando a relação pedagógica, na Escola, entre esporte e educação, ressalta‐se a possibilidade de desenvolvimento do esporte e para o esporte. Na capacidade de ação por meio do esporte, destacam se as possibilidades de: a) Atividade motora, saúde, dimensão social, compreensão da realidade e experiência da corporalidade.
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b) Superar a pobreza, significado crescente, dimensão social, repressão do movimento e corporalidade. c) Instalações de aparelhos, competição, dimensão subjetiva, representação do movimento e ambiente natural. d) Companhia do outro, corporalidade, competição, supera a pobreza, vivências e movimentos na sociedade. 18. De acordo com a publicação do Instituto Ayrton Senna (2004), o esporte, em sua vertente educacional, deve valorizar: a) a sistematização b) a competição c) a comunicação d) a cooperação 19. No que diz respeito à educação para o desenvolvimento humano pelo esporte, a publicação do Instituto Ayrton Senna (2004) aponta para o fato de a relação entre Educador Mediador e Educando ser uma relação de poder e de que o grande desafio seria não fazer dela uma relação de poder‐dominação, mas, sim, uma relação de poder‐serviço. Essa afirmativa se relaciona com o mito da: a) suavidade b) naturalidade c) horizontalidade d) dominação 20. De acordo com Gonçalves (1994), a Educação Física tem servido à sociedade como um veículo de transmissão ideológica do sistema dominante, impondo a produtividade como objetivo prioritário. A autora faz essa afirmativa baseada nas seguintes ações da Educação Física no cotidiano escolar: a) a valorização excessiva do rendimento e o privilégio aos alunos que possuem melhor aptidão desportiva, incentivando a formação de elites nas turmas. b) a ação crítica da utilização do corpo através da mídia, sobre a padronização corporal e a consequente comparação no processo de avaliação. c) o descaso com o planejamento participativo, elegendo os seus próprios conteúdos e metodologias, sem a participação dos alunos. d) a organização de jogos escolares, com objetivo de integração entre as séries e de descaracterização de equipes por turmas. 21. Segundo Betti(1998), os meios de comunicação de massa são responsáveis por significativas mudanças no âmbito da Educação Física. Partindo dessa perspectiva, assinale a alternativa abaixo que NÃO representa o pensamento do autor.
a) As crianças acabam por estabelecer um contato precoce com práticas esportivas e culturais do mundo adulto. b) Acabamos nos tornando consumidores em potencial do esporte‐espetáculo como telespectadores ou torcedores nos estádios e quadras. c) Diante do evidente poder de sedução da mídia, a Educação Física deve assumir uma postura de neutralidade diante das novas possibilidades de vivência da cultura corporal. d) Os elementos da cultura corporal tornaram‐se produtos de consumo e objetos de conhecimento e informação divulgados para o grande publico, porém nem sempre com o rigor técnico‐cientifico desejável. 22. A Educação Física poderá utilizar os recursos proporcionados pelos meios de comunicação no fazer pedagógico desta área de conhecimento a) utilizando os produtos de multimídia na divulgação dos resultados esportivos da escola; utilizando os produtos da mídia como fonte de interpretação crítica do esporte espetáculo; no conhecimento de novas vivências corporais, como material de pesquisa para questionamento das matérias vinculadas pela mídia. b) utilizando os produtos da mídia como fonte de interpretação crítica do esporte espetáculo; no conhecimento de novas vivências corporais, como material de pesquisa para questionamento das matérias vinculadas pela mídia e como ferramenta pedagógica. c) entendendo os meios de comunicação de massa como elemento de neutralidade político ideológica, como ferramenta pedagógica, vislumbrando, através das experiências dos grandes atletas, a possibilidade de ascensão social e utilizando os produtos de multimídia na divulgação dos resultados esportivos da escola. d) Vislumbrando, através das experiências dos grandes atletas, a possibilidade de ascensão social, no conhecimento de novas vivências corporais, como material de pesquisa para questionamento das matérias vinculadas pela mídia e como ferramenta pedagógica.
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