04 descritivo

Post on 16-Dec-2014

759 Views

Category:

Documents

4 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Prof: Marcelo Deusdedit

Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem.

Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto uma impressão dominante e singular. Dependendo da intenção do autor, varia o grau de exatidão e minúcia na descrição.

O texto de base descritiva tem como objetivo oferecer ao leitor /ouvinte a oportunidade de visualizar o cenário onde uma ação se desenvolve e as personagens que dela participam;

A descrição está presente no nosso dia-a-dia, tanto na ficção (nos romances, nas novelas, nos contos, nos poemas) como em outros tipos de textos (nas obras técnico-científicas, nas enciclopédias, nas propagandas, nos textos de jornais e revistas);

A descrição pode ter uma finalidade subsidiária na construção de outros tipos de texto, funcionando como um plano de fundo, o que explica e situa a ação (na narração) ou que comenta e justifica a argumentação;

Físico É a perspectiva que o observador tem do

objeto; pode determinar a ordem na enumeração dos pormenores significativos. Enquanto uma fotografia ou uma tela apresentam o objeto de uma só vez, a descrição apresenta-o progressivamente, detalhe por detalhe, levando o leitor a combinar impressões isoladas para formar uma imagem unificada. Por esse motivo, os detalhes não são todos apresentados num único período, mas pouco a pouco, para que o leitor, associando-os, interligando-os, possa compor a imagem do objeto da descrição.

PsicológicoA descrição pode ser apresentada de

modo a manifestar uma impressão pessoal, uma interpretação do objeto. A simpatia ou antipatia do observador pode resultar em imagens bastante diferenciadas do mesmo objecto. Deste ponto de vista, dois tipos de descrição podem ocorrer: a objectiva e a subjectiva.

Na descrição objetiva, como literalmente ela traduz, o objetivo principal é relatar as características do “objeto” de modo preciso, isentando-se de comentários pessoais ou atribuições de quaisquer termos que possibilitem a múltiplas interpretações.

Enfoque objetivoNa descrição objetiva , o autor reproduz a realidade como a vê. Exemplo: Ele tem uma estrutura de madeira, recoberta de espuma. Sobre a espuma há um tecido grosso. Tem assento para 4 pessoas, encosto e dois braços. É o sofá da minha sala.

A subjetiva perfaz-se de uma linguagem mais pessoal, na qual são permitidas opiniões, expressão de sentimentos e emoções e o emprego de construções livres em que revelem um “toque” de individualismo por parte de quem a descreve.

Enfoque subjetivoA realidade descrita não é apenas observada pelo autor, é também sentida. O objeto descrito apresenta-se transfigurado de acordo com a sensibilidade de quem o descreve. O autor procura transmitir a impressão, a emoção que a realidade lhe causa. Exemplo : O sujeitão, que parecia um carro de boi cruzando com trem de ferro, já entrou soltando fogo pela folga do dente de ouro. (José Cândido de Carvalho

Os aventureirosCenário

De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu

curso de dez léguas, torna-se rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se

espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, ...

curva-se humildemente aos pés do suserano. (...) Aí, o Paquequer lança-se rápido sobre o seu leito, e atravessa as florestas como o tapir,

espumando, ... enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. (...) se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza

formou, ... sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. (...) florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das

arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras. (...) No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de descrever estava

deserto e inculto; (..) O Guarani de José de Alencar

"Era alto , magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crânio.”

(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)

top related