-3- - ejns.pt£o_2017_ejns.pdf · pois ela entrega tudo a cristo, como são luís maria grignon de...
Post on 09-Nov-2018
215 Views
Preview:
TRANSCRIPT
-3-
INTRODUÇÃO
Querido equipista, que bom que é aceitares este desafio de usares algum
tempo das tuas férias para estares com Maria. Não aches que Lhe estás a fazer um
favor, na verdade é Ela que te faz companhia, são os filhos que precisam da Mãe e
não vice-versa, no entanto, a Nossa Mãe valoriza muito a fidelidade dos seus filhos
que fazem um esforço contínuo para se aproximarem d’Ela.
Atenção! É muito importante ler, com atenção, esta “pequena” introdução
até ao fim para viver esta proposta como deve ser.
Bem sabemos que, nestes meses é sempre mais difícil manter uma vida
de oração frequente e profunda. Não temos rotina, deitamo-nos tarde, bebemos,
dançamos e cansamo-nos. Temos todo o tempo livre, mas acabamos por nos
desleixar e nem sequer rezamos ou rezamos pouco. Portanto, começa por escolher
um bom sítio, uma boa posição (não te deites, senão adormeces!) e uma boa hora
para todos os dias rezares este caderno.
Nem sempre estamos bem com Deus. Quer dizer, com Deu está-se sempre
bem! Recomecemos esta frase. Nem sempre estamos com Deus, por isso a nossa
fé pode estar frouxa e abalada. Muitas vezes, achamos que com falinhas mansas
podemos voltar a uma fé firme e enraizada. Este caderno não é feito de falinhas
mansas! Aqui, vais encontrar a Ternura de Deus e o Carinho de Nossa Senhora - mas
estes não significam que Eles não sejam exigentes connosco. Aliás, qualquer bom
pai tem de ser exigente com o seu filho, conhecendo, obviamente, os seus limites e
fragilidades. Ora, ninguém nos conhece como a Mãe e o Pai do Céu, por isso vivam
esta exigência como a que está precisamente pensada para vocês. Deus é bom –
mas dizer que Deus é bom sabe a pouco. Como descrevê-lo então? Já sei! Deus é
um Terramoto! Isso mesmo, um Terramoto! Vem com força, muda tudo e faz-nos
recomeçar! Chega de falinhas mansas! Queremos Deus, com tudo o que isso implica!
Vamos a isso?
Maria guiar-te-á. Andas meio perdido e sem fé? Ou estás a fazer um
-4-
percurso consistente e maturo de fé? É completamente indiferente!
Esta proposta de verão das Equipas de jovens de Nossa Senhora é para ti!
Se andas perdido este caderno é o ideal! Acabaram-se as meias medidas,
as tentativas falhadas e a falta de vontade. Como ferro duro nas mãos do Ferreiro,
deixa-te amolecer pelo fogo do amor materno de Nossa Senhora e, assim que
estiveres incandescente de amor, estarás pronto a ser martelado! Com o martelo
do Seu Amor (que grande é este martelo!) Jesus moldará a tua alma! Se O deixares,
forjar-te-á com força e determinação. A linguagem deste caderno não é fácil, os
temas são duros, mas o cristão que quer ser Santo, aquele que quer ser eternamente
feliz, tem de se examinar com verdade, olhar para a sua vida sem desculpas, nem
relativismos. Cada martelada de Jesus dá forma à alma. No fim deste caderno, se
o rezares com verdade, verás que Ele fez de ti uma bela peça! Para Cristo, nenhum
pedaço de ferro é mau, todos se podem tornar obras-primas. Mas é preciso que
entres no fogo amoroso de Maria e que não tenhas medo do martelo de Cristo.
Se já há algum tempo que estás a fazer um percurso sério de fé, este
caderno era mesmo o que estavas a precisar. A quem muito foi dado, muito será
pedido! Tens uma grande responsabilidade de ajudar o teu próximo, quem quer que
ele seja, a chegar a Cristo! Esta proposta não é para meninos! Vai pôr a tua fé à
prova. Na oficina de Cristo, também se limam arestas, e as tuas estão a precisar! Com
esforço heróico, próprio dos que aspiram à Santidade, vive este caderno sem medo
e sem hesitação! Sem medo, deixa-te moldar por Cristo, pede à Mãe do Céu que te
torne mais cheio d’Ele!
As meditações deste caderno de verão são adaptadas do livro “Um mês
com Maria”, do padre Stefano Maria Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido
em 1933. O caderno consiste em meditações para cada dia, baseadas em escritos e
histórias de santos, com pequenos pontos de esforço no final de cada uma. No fim
do caderno tens algumas folhas em branco para as tuas notas.
Os dias ficam mais leves de serem vividos quando entregamos tudo a Ela,
-5-
pois Ela entrega tudo a Cristo, como São Luís Maria Grignon de Montfort escreveu
no seu Tratado da Verdadeira Devoção: Maria, conhecendo o Seu Filho, sabe qual a
melhor maneira de entregar os nossos pedidos e agradecimentos a Cristo.
Não há melhor maneira de chegar a Jesus do que por Maria!
Boas férias!
Um amigo de Jesus por Maria
-6-
1º DIAUM VERÃO COM MARIA
Um jovem hebreu, Hermano Cohen, encontrando-se em Paris para estudar
música, tinha-se dado ao jogo e à dissipação. Precisando de dinheiro para satisfazer
as suas brutas paixões, encontrou um emprego de tocador de órgão na Igreja de
Santa Valéria, durante um mês. Nas primeiras vezes, tocava com total indiferença,
como simples trabalhador. Mas, sem querer, estando ali, tinha de escutar os sermões
que se faziam sobre Nossa Senhora. Dia após dia ia ouvindo, e o seu espírito começou
a perturbar-se e o seu coração a comover-se. No fim do mês, pensou seriamente em
preparar-se para o baptismo e em tornar-se Católico. E, não muito tempo depois,
fez-se baptizar naquela mesma Igreja. Junto recebeu o dom da vocação religiosa;
transformou-se num religioso carmelitano e morreu com fama de santidade. Quantas
graças não recebeu ele por aquele mês, feito por acaso!
Fazer este mês do verão com Maria é, então, acumular graças, é resolver
problemas ou situações dolorosas, é obter o patrocínio da Mãe divina. Façamo-lo
bem. Não percamos esta grande ocasião de Graça! E procuremos fazer com que
ninguém a perca. Convidemos os nossos amigos a rezar este caderno! Maria não
despedirá ninguém de mãos vazias.
Aos pés de Maria, encontramos a fonte de todas as graças e da santidade.
Pontos de esforço:
• Empenha-te para ajudares alguém a aproximar-se de Jesus, durante este
verão;
• Reza o Terço durante este Verão, para te dedicares à oração com Maria;
• Reza a São José, para que te ensine, neste Verão, a amar Nossa Senhora.
-7-
2º DIAA SALVAÇÃO DA ALMA
Maria apareceu em Fátima para nos lembrar, sobretudo, da necessidade da
salvação das almas. Por isso é que ela recomendou, com insistência, aos 3 pastorinhos
para se rezar e fazer penitência pela conversão dos pecadores: “Muitas almas vão
para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas!”. Antes de tudo
o resto, Maria preocupa-se em salvar as nossas almas. Na verdade, Ela preocupa-
se também com as nossas necessidades temporais, mas a Graça que Ela nos quer
conceder antes de todas as outras é certamente a de irmos para o Céu. Essa é,
certamente, a Graça das Graças.
Um dia, o Padre Pio passava lentamente entre uma multidão de homens.
Um jovem gritou-lhe de longe: “Padre, diga-me uma palavra decisiva. O que devo
fazer?” O Padre Pio olhou-o com profundidade e disse-lhe: “Salva a tua alma!” Eis
o essencial, tudo o resto passa! A salvação da alma dura eternamente. E Nossa
Senhora quer-nos assegurar a salvação com a nossa colaboração no uso dos meios
da salvação: a oração, os sacramentos, a penitência, as boas obras e em especial, a
devoção mariana.
Pontos de esforço:
• Faz, diariamente, um exame de consciência (examina a tua alma);
• Pergunta-te sempre: “Faz bem à minha alma esta acção/ este programa/
estas pessoas, este pensamento?”;
• Fala com alguém sobre o Céu.
-8-
3º DIAO TEMPO PARA SALVAR-ME!
Na Terra, Deus dá-nos o tempo de que precisamos para nos salvarmos e nos
santificarmos. “Ele quer-nos a todos salvos” (I Tim 2,4), quer a nossa “Santificação” (I
Ts 4,3).
O nosso tempo na Terra pode ser mais ou menos longo. São Domingos
Sávio santificou-se vivendo apenas 15 anos. Santo Afonso Maria de Ligório, vivendo
91 anos. A medida do tempo está nas mãos de Deus, “patrão da vida e da morte” (Sb
16,13). Nós devemos só utilizar o nosso tempo segundo a finalidade para a qual Deus
nos criou, ou seja: “para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo
no Paraíso”. Segundo o catecismo de S. Pio X, isto significa: “Operar o bem enquanto
tivermos tempo”. Como recomendava S. Paulo (Gl 6,10). Tudo me deve servir para
conseguir o gozo eterno do Paraíso, que consiste na visão beatífica de Deus.
Se quiséssemos examinar o uso do nosso tempo e a finalidade das nossas
acções, não é verdade que quase de certeza íamos pôr as mãos na cabeça? Quanto
tempo perdido! Mas estamos sempre prontos para dizer que não temos tempo. Nem
um minuto de manhã ou à noite, ou para rezar um Terço, ou para fazer uma boa
obra... Estamos sempre sem tempo… É tempo!
Pontos de esforço:
• Começa e acaba o dia com oração, de manhã e à noite;
• Está atento para não perder tempo em curiosidades e conversas inúteis;
• Aproveita para rezar quando identificares um momento em que não estás
a fazer nada de útil.
-9-
4° DIAA MORTE
Somos capazes de preencher os nossos dias com trabalho, com
divertimentos, com política, com desporto, com fumo, com televisão e com internet.
Vivemos desorientados pelas tensões do lucro, do prazer, do sucesso. E nem nos
preocupamos se caminhamos para a eternidade. E as realidades terrenas, os afazeres
temporais, a saúde do corpo, as coisas materiais adormecem-nos e põe-nos num
estado de preguiça espiritual. Jesus recomendou-nos muitas vezes no evangelho
para termos o cuidado de nos encontrarem sempre acordados espiritualmente:
“bem-aventurados aqueles servos que o patrão, ao chegar, encontra acordados!” (Lc
12,37).
Estar “acordados”, estar “prontos”, significa sobretudo viver sempre na
graça de Deus, evitando o pecado ou pedindo imediatamente perdão e confessando-
se o mais cedo possível, se se tiver pecado. São João Bosco dizia aos seus jovens
que acordassem até mesmo às duas da manhã para se confessarem, se tivessem
caído em pecado mortal. Deve ser esta a primeira e absoluta preocupação de todo o
cristão: encontrar-se na graça de Deus.
De Nossa Senhora obteremos a graça de uma boa morte. Esta graça é
tão importante que a Igreja nos ensina a pedi-la a cada Ave Maria: “rogai por nós
pecadores, agora e na hora da nossa morte”. Feliz a morte de quem amou Maria, de
quem invocou Maria! Santa Maria Madalena Sofia Barat dizia que “a morte de um
verdadeiro devoto de Maria é um salto de um menino entre os braços da mãe”.
Quando São João Bosco teve a aparição de São Domingos Sávio poucos
dias depois deste ter morrido, quis fazer-lhe esta pergunta:
- Diga-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para si, na hora da morte?
- Dom Bosco, adivinhe?
- Talvez o pensamento de ter bem guardado o lírio da pureza?
-10-
- Não.
- Talvez o pensamento das penitências feitas durante a vida?
- Nem mesmo isso.
- Então terá sido a consciência tranquila... livre de todo o pecado?
- Esse pensamento fez-me bem; mas a coisa mais consoladora para mim na hora da
morte foi pensar que tinha sido devoto de Nossa Senhora! Diga-o aos seus jovens e
recomende com insistência a devoção a Nossa Senhora.
Pontos de esforço:
• Oferece aquilo que te custar durante o dia pelos que estão moribundos e
doentes;
• Vive o teu dia como se fosse o teu último dia de vida;
• Lê e medita a parábola das 10 virgens (Mt 25,113).
-11-
5º DiaO JUÍZO DE DEUS
O juízo de Deus somos nós mesmos a prepará-lo com a nossa vida. “Cada
um será réu segundo a própria obra”, diz-nos Jesus (Mt 16,17). Mas se a vossa obra
não tiver sido conforme o Evangelho, ou seja, tudo por amor a Jesus e aos irmãos
(Mt 25,31-46) a quem poderemos recorrer naquele momento que será fulminante
como um “piscar de olhos”? (I Cor 15,52). Enquanto vivemos, podemos obter a
abundância de misericórdia, recorrendo a Nossa Senhora. “Mãe de Misericórdia”,
como a invocamos na Salve-Rainha. São Camilo Léllis, no leito da sua morte, foi
assaltado pela lembrança de culpas cometidas na sua desordenada juventude. O
Santo mandou trazer um quadro com Nossa Senhora das Dores aos pés da Cruz
de Jesus e, com ardente paixão, rezou à Virgem das Dores, pedindo a Maria que o
chamasse para o céu. Morreu em paz, sabendo-se perdoado, porque o nosso Deus é
Deus de misericórdia e bondade, e ama-nos sempre, mesmo quando mais falhamos.
Pontos de esforço:
• Pergunta-te: “Como gostaria de estar diante de Deus?”;
• Reza a Nossa Senhora, pedindo que te ajude constantemente a estares
preparado para o Juízo de Deus;
• Medita Mateus 25,31-46 e faz actos de caridade.
-12-
6° DIAO INFERNO
“Estes irão para o eterno suplício” (Mt25,46). “Irão”, ou seja, só vai para o
inferno quem quiser! Deus cria-nos a todos para o Paraíso, e dá-nos os meios para lá
chegar, mas deixa-nos livres para aceitar ou não. O homem que recusa, então, sabe
que está a perder o Paraíso e a escolher o Inferno. Ele quer ir para o Inferno de livre
vontade. Deus respeita a liberdade do homem. Mas que loucura renunciar a Deus,
perder o Paraíso, cair naquele abismo de horrores que é a morada dos demónios.
A visão de Deus, a união a Jesus e a Nossa Senhora, a companhia dos Anjos e dos
Santos... A perda destes bens infinitos constitui a punição dos condenados, ou seja, a
punição mais horrível que possamos pensar.
São Clemente Hofbauer, apóstolo de Viena, foi visitar um moribundo não
crente e foi recebido com insultos: “Vai para o diabo, frade! Vai-te embora!”. “Fico
aqui porque quero ver como morre um homem em pecado mortal!” disse o frade.
Com estas palavras o moribundo pôs-se a pensar e ficou mudo. São Clemente
começou a rezar a Maria com ardor. O moribundo começou a chorar e exclamou:
“Padre, perdoai-me. Aproximai-vos!”. Confessou-se em lágrimas e morreu invocando
a Nossa Senhora. Confiemos n’Ela, então, com toda a confiança.
Pontos de esforço:
• Diz algumas vezes, ao longo do teu dia: “Minha mãe, eu confio em Ti”;
• Oferece o dia pelos pecadores moribundos, para que as nossas orações os
ajudem a encontrar a Deus;
• Ler e meditar a parábola do rico Epulão e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31).
-13-
7° DIAO PURGATÓRIO
Todos os que morrem na amizade com Deus, mas que ainda não são dignos
do Paraíso, vão para aquele lugar de purificação durante o tempo necessário. Por
isso é que se rezam Missas e orações pelos defuntos que estão no Purgatório, a fim
de que seja apressada a passagem deles daquele lugar de purificação para o Céu.
São Bernardino chamou Nossa Senhora ‘Plenipotenciária’ pois tem as
graças para livrar quem quiser do Purgatório. Ser devoto de Maria e a Ela recorrer
para obter o alívio e a libertação das almas do purgatório, é isto o que devemos fazer
com todo o coração. Disse a própria Maria que o Terço é de especial eficácia. Santo
Afonso Maria de Ligório ensina que “se queremos ajudar as almas do purgatório,
recitamos por elas o Terço que lhes dá grande alívio.” Que também nas nossas mãos
o Terço seja uma coroa de caridade pelas queridas almas do Purgatório.
Pontos de esforço:
• Durante o dia de hoje faz um esforço e lembra-te de que, entregando-o,
podes ajudar alguém que esteja no purgatório;
• Escolhe um defeito que tenhas e tenta trabalhá-lo durante os próximos dias;
• Escreve as dúvidas que tens sobre este assunto e comenta-as com um
padre.
-14-
8° DIAO PARAÍSO
“Aquilo que o olho nunca viu, nem o ouvido escutou, nem nunca o coração
do homem pôde saborear, isto Deus preparou para os que O amam”. (I Cor 2,9). O
Paraíso é uma realidade inimaginável, é a plenitude de todos os bens desejáveis. “Para
o Céu vai quem amou a Deus e aos irmãos. Só o cristão que é um herói de bondade,
de fé, de humildade, de pureza, de obediência, de paciência, de mortificação, pode
esperar ouvir um dia: “Vem, servo bom e fiel: entra na alegria do Teu Senhor.” (Mt
25,21). Infelizmente para nós, é tão fácil deixarmo-nos atrair e dominar pelos bens
terrenos... Se pensarmos bem, é uma loucura perder os bens do Céu, verdadeiramente
bons, apenas por alguns prazeres terrenos e momentâneos.
Um Bispo foi ter com o Padre Pio e levou-lhe um amigo que não era
santinho nenhum. Apresentou-o, dizendo: “Padre, este amigo gostaria de assegurar
um bilhete de ingresso para o Céu. A coisa não é fácil. O que aconselharia, Padre?”
O Padre Pio baixou e abanou a cabeça, e respondeu docemente: “Pois... Precisamos
de Nossa Senhora!” Precisamos de Nossa Senhora. E isto deve consolar-nos: para ir
através de um caminho mais seguro e até mais fácil, vamos com Ela.
Se amarmos muito Maria, Ela doar-nos-á todos os dias as graças necessárias
para viver de modo cristão, preparando-nos para o Céu. É necessário, porém, que
amemos Maria, empenhando-nos em fazer bem os nossos deveres de cada dia.
Esforcemo-nos por viver com os olhos sempre fixos em Deus, com as mãos em
acção para fazer sempre todos os nossos deveres, com o coração cheio de amor e
confiança na nossa doce Mãe que nos quer a todos no Paraíso.
Pontos de esforço:
• Conversa com alguém sobre como achas que será o Céu;
• Reza o Terço com alguém (pode ser na praia);
• Dá esmola ou ajuda um pobre que encontres.
-15-
9° DIAA VIDA NA GRAÇA
O que é a graça? É a vida divina da alma. Quando uma alma está cheia da
graça de Deus “participa da natureza divina” (2 Pd 1,4). Fica imersa em Deus - como
uma esponja imersa na água, que absorve.
Mas quem é a Mãe da Divina Graça? Nós sabemos perfeitamente: é Nossa
Senhora. É Ela que nos gera à vida divina. Dela vem, até nós, a graça da regeneração,
que é indispensável. É precisa para todos nós que precisamos de nos transformar de
pecadores em Santos.
Lembremos, por exemplo, São João de Deus, jovem solteiro, que passava de
uma asneira para outra, sem nunca ter juízo. Nossa Senhora livrou-o milagrosamente
de um grave perigo, aparecendo-lhe e chamando-o à conversão. Disse-lhe: “Torna a
amar-me e a ter devoção. Converte-te a Deus”. O jovem fez exactamente isso com
seriedade e foi Santo. Será que nós também vamos fazer isso com seriedade? Para
fazê-lo com seriedade, temos de nos afastar daquilo que nos faz mal. A experiência
de todos os convertidos confirma plenamente esta triste realidade do mundo
sem a graça de Deus, tudo é engano e pecado. Sobretudo, os grandes convertidos
asseguram-nos que a vida não tem sentido, se não é vivida para Deus e para a
eternidade.
Pontos de esforço:
• Faz um acto de arrependimento verdadeiro por alguma falha grave que
tenhamos cometido;
• Pede desculpa a alguém a quem devas um pedido de desculpa;
• Vive o dia de hoje estando muito atento e evitando fazer coisas que façam
mal à tua relação com Deus.
-16-
10° DIAO PECADO
O que é o pecado? É uma ofensa a Deus. Se se desobedece aos desejos
de Deus, e se obedece a outras vontades menos boas, pecamos. O pecado traz
desordem, desequilíbrio, ruína, ao homem e às coisas, embora o pecador se iluda
ao achar que o pecado é um bem. O pecado é mortal, se a ofensa a Deus é grave; é
venial, se a ofensa a Deus é leve.
A pequena Jacinta, a menor dos três pastorinhos de Fátima, rezou
muito sobre isto. Tornou-se para ela uma missão: salvar os pecadores do inferno,
oferecendo sacrifícios de todas as espécies. Encontrava pelas ruas os pobres e dava-
lhes a sua merenda, ficando de jejum até a noite; tinha uma sede ardente no mês
de Agosto, e renunciava a beber a todos os custos; o irmão Francisco recolhia as
bolotas mais doces de uma árvore e ela pedia-lhe as mais amargas para oferecer um
sacrifício; tinha dor de cabeça e o barulho das rãs incomodava-a, mas ela impedia o
irmão de afugentá-las, para oferecer mais um sacrifício. Devemos aprender desta
menina a escutar os pedidos de Nossa Senhora sobre a necessidade de salvar os
pecadores, colaborando na sua conversão, com a oração e a penitência.
Pontos de esforço:
• Tal como Jacinta, hoje faz um sacrifício pela conversão dos pecadores, sem
que ninguém note;
• Faz um exame de consciência durante o dia;
• Antes de te deitares reza o acto de contrição.
-17-
11° DIAO GRANDE INIMIGO
O Demónio “é o inimigo número um”, dizia o Papa Paulo VI. A sua táctica é
alegrar os sentidos e a imaginação do homem para que perca a sua alma. Uma das
obras-primas de Satanás é convencer os homens de que não existe. Conseguindo
isso, trata os homens como bonecos, faz deles o que lhe apetece.
Jesus preveniu-nos contra as armadilhas do diabo. Ele ensinou-nos
através do Pai-Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação” (Mc 14,38). A atenção e
a oração são as duas maiores forças do homem. Façamos nossa a recomendação
do Padre Pio: “Filho, o inimigo não dorme! Tens de estar alerta e em oração. Com
a 1ª avistaremos; com a 2ª teremos uma arma para nos defender”. A atenção faz-
nos avistar as ocasiões perigosas (uma leitura, um programa, uma pessoa, um lugar,
uma vontade...). A oração dá-nos força para evitar os perigos, para fugir às ocasiões.
Temos de ter a valentia de sermos cobardes diante das tentações e fugir delas. S.
Agostinho ensina que o demónio é só um cão amarrado, e só pode morder quem se
aproxima dele. Vão para longe dele então!
Pontos de esforço:
• Anda com o Terço no bolso. Quando estiveres diante de uma tentação põe
a mão no bolso e reza uma Avé Maria;
• Reza uma Avé Maria bem rezada, devagar e com tempo;
• Lê e medita a página do Evangelho sobre as tentações de Jesus no deserto.
(Mt 4,1-11)
-18-
12° DIAO ÓDIO
S. Inácio de Loyola recebeu um bilhete com a seguinte mensagem: “Eu vos
odeio tanto que gostaria de vos queimar!” Prontamente respondeu: “Eu também
gostaria de vos queimar, só que com o Amor Divino”. Eis o ódio e o amor. O ódio
é contrário ao amor. Odiar é querer mal. Quem odeia uma pessoa quer-lhe mal.
Tendemos a odiar o pecador quando, na verdade, só é justificável que se odeie o
pecado. Mesmo a quem peca, devemos amar. E é preciso perdoar sempre! Não
só precisamos de perdoar, como precisamos de pagar o mal com o bem. “Não te
deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12,21) Assim faz Deus, que
continua a doar a vida a quem O ofende. Assim faz Maria que continua a amar quem
A faz chorar. Os santos deixaram-nos exemplos admiráveis de vitória do amor sobre
o ódio. Quando o assassino de Maria Goretti se apresentou à mãe da Santa para lhe
pedir perdão, ouviu-a responder: “Como não o havia de perdoar se a minha Marieta
já o fez?” A heroica virgem e mártir, antes de morrer, perdoou com todo o coração o
seu assassino, e aparecendo-lhe depois da morte, disse-lhe que o queria consigo no
Paraíso. Esta é a “vingança” dos santos. Que lição para nós que somos, tantas vezes,
incapazes de voltar a olhar para a cara de quem nos ofendeu com uma insignificância
qualquer. S. Maximiliano Maria Kolbe, no campo de ódio de Auschwitz, exortava os
irmãos que iam ser martirizados com ele a vencer o ódio aos nazis com o amor,
porque, dizia ele, “Só o amor é que cria, tudo o resto destrói”. Ele recebia este amor
da Imaculada, a “Mãe do belo Amor” (cf. Eclo 24,24).
Pontos de esforço:
• Lê e medita a parábola sobre o servo mau (Mt 18,21-35);
• Oferece as dores do teu dia por todos aqueles que provocam abortos;
• Reza um Terço por alguém que é teu inimigo ou que te magoou muito.
-19-
13° DIAO ESCÂNDALO
Um cristão não deve ser motivo de escândalo - não traz nada de bom, nem
para quem escandaliza, nem para quem se deixa escandalizar. Jesus disse palavras
duras quanto a isto – porque o escândalo é verdadeiramente grave! Não atinge o
corpo, mas a alma do homem, deturpando-a.
O mundo/ a sociedade gosta tanto de ser fonte de escândalos! Tantas
vezes parece que não há critérios para o que se diz, expõe, celebra. Nas ruas, há os
cartazes, frequentemente inadequados; junto das celebridades, tanto espectáculo
desnecessário; nos jornais, os títulos com ilustrações vergonhosas ou ironias negras
e más; por todo o lado, podemos encontrar tanta vulgaridade, lutas frequentes,
ensinamentos falsos, teorias absurdas, erros escandalosos. Há os escândalos gritantes
na administração pública, na suposta justiça e na luta contra a criminalidade. Todas
estas coisas poderiam ser usadas de uma maneira melhor, mas a sociedade parece
querer corromper a sua utilização, de maneira a que se tornam fonte de tantos maus
exemplos! E estes maus exemplos vão perpetuando em nós uma indiferença perante
coisas menos boas, e às vezes diminuindo o amor às coisas melhores, que tendem a
ser mais difíceis.
S. Domingos Sávio desviava o seu olhar de coisas escandalosas. Quando
lhe perguntavam porque é que às vezes baixava a cabeça, respondia: “Porque quero
conservar os meus olhos puros para melhor contemplar Nossa Senhora”! Tentemos
fazê-lo também – não deixar que os escândalos se instalem em nós, mas olhá-los
com um olhar que trabalhamos para que seja cada vez mais puro.
Pontos de esforço:
• Examina o teu dia ou o teu verão, até hoje. Foste motivo de escândalo?
Quando? Porquê?
• Reza por quem escandaliza ou se deixa escandalizar.
-20-
14° DIAA BLASFÉMIA
Quantos mártires aceitaram morrer para não blasfemar? E tudo para glória
de Deus! Quando S. Policarpo, nobre ancião, Bispo de Esmirna, foi levado ao suplício,
ouviu o procônsul Romano dizer: “Maldiz o teu Cristo e eu te livrarei!” Olhando para o
Céu, respondeu: “Já lá vão 80 anos que sirvo ao meu Senhor, e em todo este tempo
Ele não me fez mais que bem. Deveria eu agora blasfemar? Ele é o meu Deus, o meu
Salvador.” Aceitou, então, com coragem, a morte.
S. Maximiliano passeava quando ouviu um homem a gritar uma terrível
blasfémia contra Nossa Senhora. Aproximou-se dele e disse-lhe, entre lágrimas:
“Por que blasfemas contra Nossa Senhora? Blasfemarias contra a tua própria mãe?”
Àquelas lágrimas e palavras, o blasfemo arrependeu-se e pediu perdão. Se amamos
verdadeiramente Maria, temos que respeitá-la e torna-la respeitada. É nossa Mãe. E
se não conseguimos corrigir quem blasfema, podemos rezar por essa pessoa! Com
os santos aprendemos a reparar as blasfémias que ouvimos, pelo menos com uma
oração dita com amor.
Pontos de esforço:
• Reza o Magnificat com amor “A minha alma glorifica o Senhor!” (Lc 1,46).
• Reza sempre que blasfemares;
• Reza por quem blasfema sem saber e por quem o faz conscientemente.
-21-
15° DIAA MENTIRA
Quem não sabe que a mentira é um dos pecados mais comuns entre os
homens? “O diabo é mentiroso e pai da mentira”. (Jo 8,44). Eis a verdadeira razão
das nossas mentiras. É ele que nos oferece todas as mentiras que contamos aqui e
ali, com tanta simplicidade. Pobres de nós! Se nos déssemos conta desta realidade,
compreenderíamos a convicção dos santos ao opor-se com todas as forças a todas
as mentiras, para não serem cúmplices com o pai dela. Eles sabiam que é melhor
sofrer pela verdade do que ficar contente com a mentira.
Mentir é dizer o contrário do que se pensa com intenção de enganar. “Não
levantar falsos testemunhos” (Lc 18,20) é o mandamento de Deus que nos coloca
numa luta contra isto. Devemos dizer sempre a verdade a qualquer custo. S. João
Câncio, padre polaco, foi assaltado. Roubaram-lhe tudo o que tinha nos bolsos e
perguntaram-lhe: “Tens mais alguma coisa?” “Não”, respondeu. Os ladrões foram
embora. Mas S. João lembrou-se de ter costurado uma bolsa com algumas moedas
no hábito. Correu até aos assaltantes e ofereceu-lhes as moedas. Eles ficaram tão
surpresos que não só recusaram como devolveram tudo o que tinham roubado.
Pontos de esforço:
• Lê e medita o capítulo 3 de São Tiago (1-12);
• Pede a Maria que te ajude a dizer sempre a verdade ou, quando necessário,
a ficar calado.
-22-
16° DIAA GANÂNCIA
A fonte infinita da verdadeira felicidade é Deus, que se doou a nós em Cristo.
Procurar a felicidade nas alegrias deste mundo é ilusório, porque as alegrias terrenas
não trazem nem provocam amor, mas apenas fazem crescer em nós a ganância que
envenena o amor, como ensina S. Tomás de Aquino. Também S. Bernardo afirma:
“Não conheço uma doença espiritual mais difícil de suportar que a febre das coisas
terrenos.” O que pode curar esta febre? Apenas outra febre: a do amor Divino. À
medida que nos separamos das coisas terrenas, aproximamo-nos do amor de Deus.
Pontos de esforço:
• Poupa algum dinheiro, não comendo um gelado ou não bebendo uma
cerveja para dar, com esse dinheiro, um presente a alguém;
• Medita: Jo 2,15-17 e Tg 4, 1-4;
• Faz um exame de consciência e, depois, pede a Maria que te ajude a trabalhar
os teus vícios.
-23-
17° DIAOS RESPEITOS HUMANOS
Na luta contra o Protestantismo, S. Carlos Borromeu quis instruir grandes
escolas de Catecismo e de instrução religiosa para o povo. Precisou de cristãos
e leigos corajosos. Encontrou homens e mulheres. Dividiu-os em grupos de
‘pescadores’ e ‘pescadoras’ e organizou missões apostólicas pelas casas, pelas ruas,
pelos campos. Era um espectáculo de verdadeira fé, ver estes cristãos corajosos a
pôr mãos à obra para testemunhar Jesus e anunciar o seu Evangelho puro, sem erros.
Cada cristão deveria fazer seu, com orgulho, o grito de S. Paulo: “Não me envergonho
do Evangelho” (Rm 1,16). Em qualquer lugar: em casa ou fora, nos escritórios e nas
escolas.
Muitos cristãos, por respeitos humanos, faltam até aos deveres
fundamentais. Envergonham-se de fazer o sinal-da-cruz e de rezar uma oração
de manhã e à noite, ou antes das refeições. Envergonham-se de entrar numa
Igreja para rezar, envergonham-se de ir à Missa, de se confessarem, de receber a
Eucaristia. Envergonham-se de defender a fé dos ataques e insultos dos inimigos
e envergonham-se de serem ainda considerados cristãos. Não há vergonha em ser
cristão, só orgulho!
“Fazei-me digno de te louvar, ó Virgem Santa!” Contra todos os respeitos
humanos, contra todos os medos ou cobardias, devo e quero louvar Maria, que é
minha Mãe. Não só não me envergonharei dela, como quero defendê-la e glorificá-la,
quero amá-la, onde quer que seja, com paixão filial sempre ardente.
Pontos de esforço:
• Se vires uma imagem de Nossa Senhora, fazer uma pequena inclinação ou
algum sinal de respeito e aproveita para reza!
• Fala da tua Fé (sem cair na presunção de que sozinho podes e vais converter
o mundo! Saber quando faz sentido falar e, se não fizer, “apenas” dar exemplo
com a minha vida.);
• Reza às refeições, e toda a gente, se achares apropriado, a fazê-lo contigo.
-24-
18° DIAERROS E DESVIOS
A Igreja sempre teve de combater contra erros e desvios, pois não existiu
período da história em que não tenha sido perturbada pelos assaltos de quem a
queria arrastar na desordem doutrinal e moral.
Temos de estar sempre com a Igreja. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e
sempre. Não podemos desviar-nos por doutrinas diversas e estranhas. No meio das
“tempestades” dos erros que circulam, fiquemos bem unidos à Igreja. Esta e só esta
é a Igreja, nossa Mãe. Só esta é a defesa certa contra erros e perigos. Nós queremos
estar com a Igreja! E queremos estar com Maria!
Pontos de esforço:
• Durante o dia, pede pelas necessidades da Igreja e pelas intenções do Papa;
• Reza um Terço pelos que se deixam levar por falsas teorias;
-25-
19° DIAO PAPA
O primeiro filho de Maria, depois de Jesus, é o Papa. Ninguém pode tirar-lhe
este lugar no Coração de Maria, porque está tão perto dela! E que graça! O Papa é
a nossa rocha, uma rocha evangélica, divina, criada pela palavra Viva de Jesus: “Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, (cf. Mt 16,18). S. Francisco
de Sales dizia que Jesus, a Igreja e o Papa são um só. É impossível dividi-los. Eles
são a pedra angular (cf. Lc 20,17) da humanidade, do mundo, do universo. Por isso
é que existe tanta superficialidade nas palavras de quem diz que aceita Jesus Cristo
e a Igreja, mas não o Papa. Quando Napoleão prendeu o Papa Pio VII para decidir
algumas questões sobre a Igreja, reuniu ele mesmo em Paris, muitos Bispos - o da
França e da Itália - e queria que deliberassem sobre vários assuntos. Mas os Bispos
ficaram em absoluto silêncio. Napoleão insistiu e fez fortes pressões. Nada. Então
começou a perder a paciência e a ameaçar. Nesta altura, o mais ancião dos Bispos
levantou-se e disse calmamente: “Senhor, esperamos pelo Papa. A Igreja sem o Papa
não é Igreja”. Também nós temos de ouvi-lo e rezar por ele.
Ponto de esforço:
• Reza um terço pelo Papa;
-26-
20° DIASANTIFICAR AS FESTAS DE PRECEITO E DOMINGOS
O domingo recarrega as energias da alma e do corpo. É um dom de Deus. É
dia de graça. “Este é o dia que o Senhor fez para nós” (Sl 117,24). É verdadeiramente
uma sorte podermos ir à Missa. A participação na Missa não consiste em estar
presente na Igreja durante a celebração, porque os bancos e as paredes também
estão, mas em participar activa e sentidamente. De maneira activa, seguindo ponto
por ponto o desenrolar dela; de maneira sentida, ao unir-se vivamente a Jesus
que se sacrifica no Altar entre as mãos do sacerdote. A participação é plena se se
recebe também a Comunhão, depois de se ter devidamente purificado a alma com
o Sacramento da Confissão. É esta a graça do Domingo do cristão: Confissão, Santa
Missa e Comunhão.
É tão importante ir à Igreja, aproximar-se dos Sacramentos, participar na
Missa, ouvir a Palavra de Deus. Estes são alimentos vitais da vida cristã. Privar-se
significa condenar-se à ruína, ao sofrimento eterno. Maria, Mãe de Jesus e nossa
Mãe, quer ver-nos todos os domingos, reunidos à volta do Altar, à volta de Jesus.
Pontos de esforço:
• Ajuda algum familiar ou amigo a não se esquecer de ir à missa durante o
verão. Vai com ele!
• Medita atentamente as leituras deste Domingo.
-27-
21° DIAA CONFISSÃO
O Sacramento da Confissão está tão bem ilustrado na parábola do Filho
Pródigo (Lc 15,11-24). O pecado, o arrependimento, o perdão: o homem peca, o
pecador arrepende-se, Deus perdoa. São 3 realidades unidas pela misericórdia de
Deus. A confissão é o remédio do pecado, é o conforto do pecador, é o abraço de
Deus ao filho que volta. Não existe sacramento mais humano, porque acompanha
o homem e ampara-o nas fraquezas de cada dia, apresentando-lhe a felicidade de
Deus em perdoar os filhos, porque os quer salvar.
O perdão dos pecados vem de Deus, mas só através dos seus ministros sobre
a Terra: os Sacerdotes. Foi a eles que Jesus deixou esta tarefa: “A quem perdoardes
os pecados, serão perdoados”. (Jo 20,33). Quantas vezes? Sempre que eles estejam
dispostos. A misericórdia de Deus não tem limite (cf. Mt 18,22). S. Isidoro afirmou que
“não existe nenhuma asneira tão grande que não possa ser perdoado na confissão”.
Seja glorificado, Deus, na sua infinita misericórdia!
Parece incrível, mas são muitos os cristãos que fogem da Confissão. Estão
sempre prontos para ir ao médico pelo menor mal-estar do corpo, mas esquecem-se
da saúde da alma! Talvez ignoremos os grandes benefícios do sacramento, ou talvez
o vejamos como a acusação das próprias misérias. É importante lembrar os frutos
que a Confissão nos dá. Conta-se que, um dia, um grande pecador foi confessar-se a
Santo António de Lisboa, depois de ter ouvido um sermão dele. O arrependimento do
pecador era tão vivo que só soluçava e não conseguia falar. Então, S. António disse-
lhe: “Vai, filho, escreve os teus pecados e depois volta”. O penitente foi, escreveu
os pecados numa página, voltou ao Santo e leu a lista das culpas. Qual não foi a
surpresa, quando no fim da leitura, viu que a página tinha voltado a ser branca, sem
um único traço de escrita. É assim que a alma volta da confissão.
-28-
Pontos de esforço:
• Faz o propósito de te confessar mais frequentemente. (Ajuda escolher um
dia e confessares-te nesse mesmo dia, de 4/4 meses, depois de 3/3…)
• Medita a parábola do Filho pródigo (Lc 15,11-32).
-29-
22° DIAA EUCARISTIA
A Eucaristia é Jesus presente entre nós e por nós. Na Eucaristia, está
realmente presente Jesus com o Seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade. Com a
Eucaristia, temos verdadeiramente o Emanuel, ou seja, “Deus Connosco” (Mt 1,23).
Justamente, S. Tomás de Aquino exorta-nos a reflectir que não existe nenhuma
religião na Terra, que tenha o seu Deus tão perto e tão familiar como a religião cristã,
com a Eucaristia. Coisa ainda maior é que o Verbo Encarnado, Jesus, não só vive
entre nós, mas quer-Se doar, entrar no nosso coração e fazer-Se um com cada um de
nós. “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue, vive em mim e Eu nele” (Jo
6,57). Jesus quer isto a cada dia. Por isso é que se fez Pão, porque o pão é o alimento
quotidiano, é o que nos dá força cada dia, alimento sem o qual enfraquecemos e
morremos.
Onde e quando Jesus Se faz Eucaristia? Na Santa Missa. Quando o Sacerdote
consagra o pão e o vinho, temos o sacrifício supremo, incruento de Jesus, presente
realmente no Altar no estado de vítima. Oh! Que Divino prodígio é a Santa Missa, que
renova o Sacrifício da Cruz e opera o milagre da transubstanciação do pão e do vinho
no Corpo e no Sangue de Jesus oferecido por nós. O Padre Pio dizia que a Santa
Missa é infinita como Jesus. Por isso é que os santos amavam a Santa Missa com uma
paixão ardente.
E nós? Não é verdade que tantos cristãos arranjam desculpas para não irem
à Santa Missa aos domingos? Quão pouco se compreende deste Mistério divino que
é a riqueza infinita da Igreja. Se quisermos amar Maria não podemos esquecer que
nunca estamos tão perto dela como quando estamos juntos do altar onde se renova
o sacrifício do Calvário (cf. Jo 19,25) Perguntaram ao Padre Pio se Maria estava
presente durante a Santa Missa. Respondeu em tom de surpresa: “Mas não A vêem?”
-30-
Pontos de esforço:
• Participa na Santa Missa e recebe a Comunhão com Maria, rezando a Nossa
Senhora para que te ajude a receber Jesus;
• Procura ler um bom livro sobre a Eucaristia;
• Faz uma visita Eucarística (rezar em frente ao sacrário).
23° DIA
-31-
A ORAÇÃO
As duas últimas maiores aparições de Maria sobre a Terra foram em
Lourdes e em Fátima. Ambas nos trouxeram uma mensagem idêntica e forte: Oração
e Penitência. Maria vai logo ao essencial: antes de mais nada, a oração. Ela pede,
recomenda e insiste sempre sobre este ponto, seja em Lourdes ou em Fátima.
Rezar de manhã e à noite deve fazer parte da nossa rotina diária. Mas quantas
vezes os nossos dias começam e acabam sem um sinal claro que nos recorde que
somos filhos muito amados de Deus? Será que se pode salvar a alma esquecendo
a oração, mas arranjando sempre tempo para ver televisão, ler jornais e livros, ir
ao bar e ao campo de futebol? Maria, nossa mãe, adverte-nos: “Rezai, rezai muito”.
Por isso é que nunca deve faltar a oração da manhã e da noite. Poucos minutos de
oração todas as manhãs e todas as noites devia ser um dever natural para todos
os cristãos. Assim era para o Beato Contado Ferrini, professor da Universidade de
Milão, que escrevia: “Eu não sabia conceber uma vida sem oração, acordar de manhã
sem encontrar o sorriso de Deus, um reclinar a cabeça no peito de Cristo”.
O pensamento de Jesus é claro: o cristão deve-se esforçar por rezar
continuamente, por oferecer constantemente a Deus tudo o que é e tudo o que faz:
“Rezar sempre, sem desfalecer”; “Vigiai e rezai para não cair em tentação” (cf. Lc
18,1; Mc 14,38). Qual tentação? A tentação de agir por egoísmo ou fazer obras por
cálculo ou interesse e não por amor a Deus e ao próximo. A oração é indispensável
para que possamos discernir o caminho que, em cada momento, nos leva a Deus.
Quando não é possível rezar com calma, façamos uma oração rápida. É a oração dos
rápidos actos de amor, das piedosas ofertas. O Papa Paulo VI chamava a este tipo de
orações: “oração faísca”. S. Maximiliano Maria Kolbe recomendava muito esta oração
faísca para crescer no amor à Imaculada.
-32-
Pontos de esforço:
• Reza, sempre e bem, de manhã e à noite;
• Faz o sinal da cruz e reza uma Ave-Maria à mesa antes das refeições. Procura
também dessa forma promover a oração em família;
• Empenha-te em rezar várias “orações faísca” ao longo do dia, por exemplo:
“Jesus Vós que sois Manso e Humilde de coração, Fazei o meu coração
semelhante ao Vosso”.
-33-
24° DIAA PENITÊNCIA
Quando S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi submetido a uma
sangria (procedimento médico que consistia em sangrar o paciente para baixar a sua
temperatura corporal). Antes de começar, o médico disse-lhe: “Olha para o outro
lado, Domingos, assim não verás o teu Sangue a escorrer “. “Ah, não - respondeu -
furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e Ele não disse
nada...” Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos cortes que lhe fizeram.
Eis a lei do amor: quando se ama verdadeiramente uma pessoa, quer-se viver e dividir
a dor com ela, para que, dividindo a dor, o sofrimento se torne mais suportável. Não
se pode renunciar! Quem ama Jesus e conhece a sua vida de humildade e sacrifício,
culminada na dolorosa Crucificação e Morte, não pode deixar de querer participar
em toda aquela dor desejada pelo amor. Mas, em todos os santos, a Penitência era
sempre uma exigência do amor. Eles chegavam ao ponto de não desejar nada além
de sofrer. Recordemos alguns exemplos: S. Francisco Xavier, embora oprimido por
dores muito fortes, rezava com transporte, dizendo: “Ainda, Senhor, ainda mais.” E à
ilha onde sofreu as mais graves tribulações, quis pôr o nome de Ilha das Consolações.
Assim raciocina quem ama.
A primeira e mais importante Penitência do cristão é: cumprir fielmente
e perfeitamente os próprios deveres quotidianos. Fazer outras penitências
esquecendo estas significa fazer o secundário, ignorando o principal. Em primeiro
lugar, lembremo-nos bem: antes de tudo mais, o cumprimento dos deveres. Esta
deve ser a nossa pricipal penitência: cumprir os nossos deveres, especialmente
aqueles que mais nos custam - o trabalho repetitivo, o estudo de uma matéria
desinteressante, fazer a cama, levantar a horas...
Nossa Senhora em Fátima disse uma coisa que nos deveria comover:
“Muitas almas vão para o Inferno porque não têm quem se sacrifique por elas.”
Aquelas palavras da “Bela Senhora” tocaram muito a pequena Jacinta, a florzinha
de Maria.. Atingida pela gripe espanhola e por uma pneumonia, com uma infecção
-34-
progressiva, transportada para o Hospital, longe de casa, submetida a uma operação
para remover as suas costelas, sem anestesia. Pobre menina! Mas foi heroicamente
corajosa e não perdeu nenhuma ocasião de sacrifício pelos pecadores. O seu Celeste
conforto era a assistência materna de Nossa Senhora. Morreu consumada pela febre
e pelas dores, sozinha sobre o Coração da Imaculada, vinda do céu para apanhar a
inocente vítima pelos pecadores. Que exemplo de heróica penitência. Tinha 9 anos.
Pontos de esforço:
• Medita a paixão e morte de Jesus (Mt 26 e 27);
• Procura dar um sentido a todos os pequenos e grandes sacrifícios da nossa
vida, oferecendo-os a Nossa Senhora das Dores;
• Reza os mistérios dolorosos do Terço com alguém, dedicando algum tempo
de silêncio a contemplar cada mistério.
-35-
25° DIAA PACIÊNCIA
Estamos todos de acordo: Não existe uma virtude prática que seja tão
necessária na vida cristã como a paciência. Não há dúvidas. Esta virtude faz com que
saibamos suportar tranquilamente os incómodos e os sofrimentos da vida. De facto,
quem é que não tem problemas e tribulações na vida? Quem é que pode fugir dos
incómodos e do peso quotidiano dos desafios e confrontos? É preciso paciência em
casa e fora dela; no trabalho, na escola e na universidade; com patrões, empregados,
colegas, professores... Quantas ocasiões, todos os dias… Maria é o melhor exemplo
que podemos imitar, sempre doce, forte e serena no meio das provas e das maiores
fadigas. Em Belém, à procura de um lugar, no Egipto onde chegou com Jesus menino,
e S. José, fugitivos entre gente desconhecida; nos três dias da procura de Jesus no
Templo, com aquela amargura no coração, na separação de Jesus ao início da sua
vida pública com os choques inevitáveis com os fariseus, nas sequências duras do
Calvário aos pés da Cruz de seu Jesus adorado. A paciência de Maria! Veremos no
Paraíso como a sua paciência superou a paciência de todos os homens juntos.
Jesus disse que com a paciência salvaríamos as nossas almas (cf. Lc 21,19)
E mais, com a paciência se conquistam e salvam até as almas dos outros, porque o
homem paciente vale mais do que o homem forte e quem domina o carácter vale
mais do que “um conquistador de cidades” (Pr 16,32). S. José Cafasso era capelão
dos condenados à morte, podendo entrar nas celas e estar com os presos à vontade.
Parecia um anjo de serenidade e de paciência naquele ambiente fedorento e
repugnante, levando-lhes sempre alguma coisa de presente. Um dia, foi um cesto
com cerejas. Após comerem as cerejas, os encarcerados divertiam-se a atirar-lhes
os caroços. “Deixai-os. É a única distracção que eles têm” - disse o santo. Com esta
doce paciência, ele podia penetrar nos corações deles e prepará-los para enfrentar a
morte, beijando o Crucifixo e invocando Maria.
-36-
Pontos de esforço:
• Faz um esforço por ter gestos sinceros de paciência, especialmente para
com quem mais nos custa;
• Procura ajudar quem nos está mais próximo a não falhar na virtude da
paciência, evitando ser causa de irritações ou zangas;
• Enfrenta as situações típicas que te impacientam, imaginando Maria a pedir-
te, como pede uma mãe: “Sê paciente!”.
-37-
26° DIAA OBEDIÊNCIA
A obediência é a virtude que nos leva a submeter a nossa vontade à de Deus
e à dos nossos Superiores que representam Deus. A primeira obediência devemo-la
a Deus, que é o nosso Pai e Criador. “Do Senhor é a terra e tudo quanto contém” (Sl
23,1). Como seus filhos muito amados, devemos-Lhe obediência filial. A obediência
a Jesus é inseparável da Redenção. Ele resgatou-nos com o Seu Sangue e por isso
pertencemos-Lhe e somos seus. O mandamento de obediência aos nossos superiores
vem do facto de eles serem representantes de Deus. Sabemos bem que Deus não
nos governa directamente, mas através dos Seus delegados que Ele faz participantes
da Sua autoridade. “Não existe autoridade que não venha de Deus” (Rm 13,2).
Maria dá-nos um grande exemplo de obediência. As primeiras páginas do
Evangelho de S. Lucas abrem-se com o “Fiat” de Maria ao Anjo Gabriel (cf. Lc 1,38).
Ela obedeceu humildemente ao enviado, ao representante de Deus, aceitando coisas
humanamente inconcebíveis - como a Concepção Virginal do Verbo, Filho de Deus e
a Maternidade divina - e as coisas dolorosas até à pior tragédia de uma mãe: oferecer
o próprio filho para ser crucificado. Maria foi obediente à ordem de Augusto para
o recenseamento, à lei da Apresentação e Purificação; obedeceu ao fugir para o
Egipto e obedeceu ao voltar do Egipto para Nazaré. No Calvário, encontramos Maria
obediente, onde se cumpriu propriamente: “espada que lhe trespassou a alma” (Lc
2,35, Lc 5,1-15, 21-24,Mt 2,13-15, 19-23). A obediência à vontade, sem reservas: “Faço
sempre o que é do seu agrado”. (Jo 8,29) Esta é a atitude do verdadeiro obediente:
“não a minha, mas a tua vontade”. (Lc 22,12).
Pontos de esforço:
• Procura obedecer com a “atitude” certa aos teus mais óbvios superiores,
os teus pais – tenta obedecer-lhes convictamente, como fazia Maria, e não
resignadamente;
• Está alguns minutos ajoelhado em frente a um sacrário e pedir-lhe de
-38-
coração sincero: “Pai, faz com que a minha vontade seja só a Tua vontade!”;
• Tenta conhecer melhor (dentro do possível) os teus superiores, seja no
trabalho, na faculdade, nos movimentos, etc. Pode ser mais fácil obedecer com
convicção, quando conhecemos e confiamos em quem nos dirige.
-39-
27° DIAA HUMILDADE
“Patife! - gritou o demónio ao Cura d’Ars, empurrando-o contra a parede do
quarto - Já me roubaste oitenta mil almas este ano! Se existissem quatro sacerdotes
como tu, estaria logo acabado o meu reino no mundo.” Santo Cura d’Ars era, talvez,
o sacerdote menos capaz e mais desprevenido de França. Entrou no seminário por
uma Graça especial de Nossa Senhora: sabia rezar bem o Terço. Manteve-se sempre
na sua humildade, consciente de que era pouco capaz. Mas Deus, com a Sua Graça,
fez o resto. O Inferno inteiro nada pôde frente a este sacerdote humilde. É a verdade
da Palavra de Deus: “Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado”.
(Lc 14,11).
A humildade de Maria é-nos apresentada nas primeiras páginas do Evangelho:
“Eis aqui a escrava do Senhor”. Manifesta-se na Visitação a Santa Isabel, que lhe grita
justamente: “A que devo a honra de que venha a mim a Mãe do meu Senhor?”. A
Humildade de Maria brilha no nascimento de Jesus numa pobre gruta, porque não
havia lugar para eles na hospedaria (cf. Lc 1,38; 43;2,7). Mantém-se silenciosa e
discreta durante os 30 anos que viveu com Jesus em Nazaré. E no Calvário onde
Maria está presente como Mãe do Condenado. Como sempre, não há melhor escola
de humildade que a vida de Nossa Senhora.
Santo Ambrósio dizia que a humildade é o trono da sabedoria. Devemos
pedir a Maria esta sabedoria. E queira Ela que nós a tenhamos, porque as outras
virtudes - diz Santo Agostinho - batem à porta do coração de Deus: a humildade abre!
Inspiremo-nos nos três episódios do evangelho mais expressivos sobre
a humildade. Depois da pesca milagrosa, S. Pedro é transformado pelo prodígio
operado por Jesus e não pode controlar-se e ajoelha-se a dizer: “Afasta-te de mim,
Senhor, porque sou um homem pecador”. “Tu serás pescador de homens!” (cf. Lc
5,8-10). Um pobre publicano está no fundo do Templo e não ousa nem levantar o
olhar, mas geme humildemente: “Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”. Jesus
-40-
assegura-nos que ele saiu do Templo purificado, diferente do Fariseu orgulhoso (cf.
Lc 18 9-14). No Calvário, o bom ladrão confia-se humildemente ao Inocente: “Jesus,
lembra-te de mim quando entrares no Teu Reino”. Ainda nesse dia, entrou no Reino
dos Céus (cf. Lc 23,43). Somos quase tentados a dizer que até Jesus cede diante da
humildade. Esta é verdadeiramente uma chave que abre o Coração de Deus. Pedimos
à Virgem Maria que nos queira dar esta “chave” do coração de Deus.
Pontos de esforço:
• Lê e medita os três episódios de profunda humildade presentes no
evangelho e citados neste texto;
• Escolhe uma situação típica do teu dia-a-dia em que me deixo levar demasiado
pelo orgulho e procurar “humilhar-me” propositadamente, colocando-me em
segundo plano;
• Reza na natureza, contemplando a grandeza de tudo aquilo que Deus criou
e compreendendo a nossa tão grande e humilde pequenez.
-41-
28° DIAA PUREZA
A pureza é a virtude mais clara e luminosa de Nossa Senhora. O esplendor
da sua Virgindade sempre intacta faz d’Ela a criatura mais radiosa que se possa
imaginar. O dogma de fé na Virgindade Perpétua de Maria Santíssima, o dogma
de fé na Concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, o dogma de fé
na Maternidade Virginal de Maria: estes três dogmas investem a Imaculada de um
esplendor virginal que “os céus dos céus não podem conter”. (I Re 8,27)
Que grande desafio é aquele com que estamos confrontados no mundo de
hoje! Como conjugar esta imagem tão bonita da pureza de Nossa Senhora com uma
sociedade que nos oferece cada vez mais imagens e actos de impureza, de uma visão
desordenada da sexualidade? Como viver com um coração puro e recto num mundo
em que tudo é relativo e em que sobram muito poucos valores absolutos? Maria
disse pela pequena e inocente Jacinta (que ignorava o verdadeiro significado daquilo
que dizia) que os pecados que mais desviam almas do Céu são os pecados da carne.
Quem poderia desmentir esta afirmação ao observar o que o mundo nos mostra
todos os dias? A verdade é que os pecados da carne, não sendo os piores nem os
mais graves, são os mais frequentes. Nós conhecemos o valor da pureza proclamada
por Jesus: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (cf. Mt 5,8);
conhecemos os dois mandamentos de Deus que nos resguardam da impureza: sexto
e nono. E, de facto, mesmo conhecendo todas estas preciosas orientações que nos
indicam o caminho para uma vida de pureza, deixamo-nos demasiadas vezes levar
pelos prazeres mais momentâneos, que acabam sempre por se revelar incapazes de
preencher a necessidade de amor que temos inscrita no nosso coração.
Quais são, então, os remédios? Fugir das ocasiões de pecado, a oração e os
sacramentos. Parece evidente que a vida do homem na terra é uma batalha (cf. Jo 71)
e que é necessária a contínua vigilância com a ajuda de Deus (oração e sacramentos)
para que não se deixe dominar pela concupiscência (cf. I Ts 4,5). São muitos os
exemplos dos santos que nos ajudam a viver mais intensamente o propósito de
-42-
ter um coração puro, defendendo os nossos sentidos com inúmeras estratégias:
S. Domingos Sávio recusava ler certas revistas que recebia dos companheiros,
rasgando-as; S. Afonso Maria de Ligório tirava os óculos quando o pai o levava ao
teatro para ver espectáculos menos próprios... Acima de tudo, importa ter presente
que somos nós quem melhor conhece as nossas fraquezas e as tentações que nos
são mais difíceis de resistir. Por isso, temos de saber defender a pureza do nosso
coração, sem extremismos, mas com muita prudência.
Pontos de esforço:
• Reza, hoje com ainda mais significado, três Ave Marias em honra e glória da
pureza de Nossa Senhora;
• Deita fora qualquer coisa que tenhas que não te ajuda a viver a modéstia;
-43-
29° DIAA CARIDADE
A Caridade é a Rainha das virtudes. A Caridade é a perfeição do homem.
A Caridade é a plenitude da vida cristã. Por quê? Porque Deus é Caridade e quem
está na Caridade está em Deus e Deus nele (cf. I Jo 4,16). A substância principal da
caridade é a Graça de Deus na alma, é o amor de Deus no coração e nas intenções.
O amor de Jesus empurra. Quando existe o amor de Deus no coração, a
Caridade pelo próximo é elevada até ao heroísmo mais puro, e são tantos os exemplos
que temos no passado e no presente da Igreja. S. Francisco de Assis, que não só
não fugiu, mas aproximou-se e beijou o leproso; Santa Isabel da Hungria que pôs
na própria cama um leproso abandonado na rua; os missionários que enfrentaram
e enfrentam riscos e dores mortais por aqueles que evangelizam; e tantos outros
santos... Quantos gestos de enorme caridade material e espiritual não fizeram eles
empurrados pelo Amor de Jesus? Dizia S. Paulo: “O Amor de Cristo nos impele”
(cf. II Cor 5,14). Não um amor comum, mas um Amor que os inspirava a amar sem
medida, mesmo que para isso tivessem que entregar, num acto de amor supremo,
a sua vida. Quando o S. Cura d’Ars converteu (isto é, ajudou à conversão) a mulher
de um homem rico, este deslocou-se furioso a Ars. Apresentando-se ao Santo, diz-
lhe brutalmente: “Pela paz que destruíste em minha casa, eu vim arrancar um dos
teus olhos.” “Qual dos dois?” Desconcertado, o homem rico respondeu: “O direito!”
“Bem, ficará o esquerdo para vos olhar e amar”. “E se eu arrancar os dois?” “Ficará o
meu coração para vos olhar e amar”. Transformado, o homem rico caiu de joelhos e
chorou, convertido. Eis a potência do amor de Jesus.
A Caridade fraterna mais alta e perfeita é aquela que nos faz amar o
próximo com o mesmo coração que Jesus. “Tendes em vós os mesmos sentimentos
que Cristo” (cf. Fp 2,5): É este o mandamento novo e sublime de Jesus: “Amai-vos
como eu vos amei, porque assim reconhecerão que sois meus discípulos” (cf. Jo
13,35). O Santo é aquele que amando de tal forma Jesus, acaba por ser capaz de
amar como Ele.. Ele sabe encontrá-lO, vê-lO e abraçá-lO, onde quer que Jesus esteja:
-44-
na Eucaristia, no Evangelho, no Papa, nos pobres e doentes, miseráveis e rejeitados,
com os quais Jesus se identificou (cf. Mt 25,31-45).
Quem ama verdadeiramente a Mãe de Deus chega à semelhança com Ela e
produz frutos maravilhosos de Graça e virtude, sobretudo no exercício da Caridade.
São Maximiliano tornou-se semelhante a Maria no sacrifício, tão grande era o seu
amor: oferecer a sua vida de sacerdote, apóstolo, fundador das cidades da Imaculada,
escolhendo morrer dolorosamente numa cave de Auschwitz para assim salvar a vida
de um pai de família. Ele, amando profundamente Maria, fez conforme o seu filho (cf.
Rm 8,29), na medida máxima do amor proclamado por Jesus: “Ninguém tem maior
amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (cf. Jo 15,13).
Pontos de esforço:
• Examina, em consciência, a tua vida e reconhece todas as vezes em que,
quando fazes o Bem, te sentes “empurrado” pelo Amor de Jesus;
• Procura ter um gesto concreto de caridade para com aqueles que, à tua
volta, mais sofrem;
• Faz uma visita a uma capela ou Igreja dedicada a Nossa Senhora, e aproveitar
para dar graças por todos aqueles que te amam, e que fazem crescer em ti a
vontade de amar cada vez mais perfeitamente como Jesus amava.
-45-
30° DIAA DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA
“Se Deus nos predestinou para nos conformarmos com o seu Filho (cf. Rm
8,29), Maria - diz S. Luís Maria Grignion de Montfort - foi a forma que formou Jesus
e que continuou a formar Jesus em todos os que a Ela se entregam”. Esculpir uma
estátua exige um grande trabalho; servir-se de uma forma pré-esculpida é muito
mais simples. Por isso é que os devotos de Maria podem conformar-se com Jesus
da maneira mais rápida, mais fácil e mais agradável, dizia S. Maximiliano Maria Kolbe.
Quem acha que a Devoção a Maria compromete a plenitude da vida cristã está
profundamente errado e é a própria Igreja que assim ensina! S. Pio X, numa encíclica
mariana, recolhendo a voz dos padres e dos santos, escreve: “Ninguém no mundo
conheceu tão profundamente Jesus como Maria. Ninguém é maior mestre e melhor
guia para nos ajudar a conhecer Cristo. Por consequência, ninguém é mais eficaz do
que a Virgem para unir os homens a Jesus.”
Dizia-nos também São Boaventura: “Por intermédio d’Ela, Deus desceu
até nós e assim nós podemos ascender até Deus, ninguém pode entrar no Paraíso
senão passa por Maria que é a porta do Céu”. Portanto, quando S. Carlos Borromeu
mandava pôr a imagem de Nossa Senhora em todas as portas das Igrejas, queria
mostrar aos cristãos que não se pode entrar no Templo do Paraíso sem passar pela
“Porta do Céu”. Como conclusão, se temos devoção a Maria, devemos guardá-la e
cultivá-la com grande amor. Se não a temos, peçamo-la com todas as nossas forças
como dom de Graça principal deste verão. . Tinha razão S. Padre Pio, ao dizer que a
devoção a Maria vale mais que a teologia e a filosofia, e tinha razão S. Maximiliano ao
dizer que o amor a Maria faz-nos viver e morrer felizes.
Pontos de esforço:
• Reza, com especial significado, 3 Ave Marias de manhã e à noite, como sinal
da entrega de toda a tua vida a Maria;
• Fala com algum amigo ou familiar sobre Maria e sobre qual o papel que
-46-
Nossa Senhora ocupa no caminho de fé de cada um;
• A partir de hoje, leva sempre contigo ou tem sempre ao alcance do teu olhar
alguma coisa que te lembre de Maria, Tua Querida e Santa Mãe.
-47-
31° DIAO TERÇO
Em Fátima, a cada aparição, Maria recomendava a recitação do Santo Terço.
Ainda mais na última aparição, na qual Ela se apresentou como Nossa Senhora do
Rosário. É verdadeiramente grande a importância que Nossa Senhora deu ao Terço.
Lúcia afirmou que “desde que a Virgem Santíssima deu uma grande eficácia ao Santo
Terço, não existe problema material, espiritual, nacional ou internacional que não se
possa resolver com o Santo Terço e com os nossos sacrifícios.”
O Terço purifica a nossa alma das culpas e enche-a com a Graça. S.
Maximiliano escrevia na sua agendazinha: “Que quantidade de contas tem o Terço
e que quantidade de almas salva!” Será que acreditamos no poder de converter
corações afastados do Amor de Deus que rezar o Terço pode ter?
Sobretudo os santos demonstraram a eficácia da graça do Terço. Estes
foram verdadeiros apóstolos do Rosário: S. Pedro Canísio, S. Carlos Borromeu, S.
Camilo Lélis, S. António Maria Gianelli, S. João Bosco... Entre os maiores, talvez,
se sobressaia S. Padre Pio. No seu exemplo, existe um prestigioso grau de sobre-
humano, pois ele chegou a rezar mais de cem Terços, todos os dias, durante muitos
anos. Um modelo gigante que garantiu a fecundidade do Terço para a sua santificação
e para a salvação das almas. Quantos milhões de almas não foram misteriosamente
atraídas por aquele frade que durante horas e horas, dia e noite, contava as contas
do Terço aos pés de Nossa Senhora com as suas mãos ensanguentadas pelas chagas
de Cristo que tinha nas mãos? Ele demonstrou verdadeiramente que “o Terço é a
corrente de salvação pendurada nas mãos do Salvador e da sua Ditosa Mãe e que
indica de onde descem até nós as graças”.
As Ave Marias transportam-nos para os mistérios do Terço, para os
mistérios da nossa salvação, pois ao rezar entramos numa meditação profunda do
Amor de Deus. O espaço não é nunca um obstáculo para o Terço, pois podemos
rezá-lo aos pés do altar ou pela rua. Quando o nosso coração e a nossa cabeça se
-48-
dirigem verdadeiramente a Maria, pouco ou nada importa se estamos na Igreja, no
comboio, a caminhar ou a voar de avião. Esta facilidade que o Terço oferece a quem
quiser rezá-lo, aumenta a nossa responsabilidade. Um quarto de hora do nosso dia,
em qualquer lugar, a qualquer hora, com qualquer pessoa, sem livros nem grandes
cerimónias, num tom de voz alto ou sussurrando...
Não desperdicemos tempo com coisas que não nos ajudam a crescer e que
não nos fazem bem quando temos um tesouro para valorizar como o Terço. Digamos
e prometamos a Maria como conclusão deste verão mariano:
De hoje em diante, todos os dias da minha vida, rezarei um Terço para Ti,
ó Maria, como se vos entregasse todos os dias um ramo de bonitas flores!
Pontos de esforço:
• Reza um Terço em agradecimento pelo teu verão, aproveitando para meditar
no que de bom te aconteceu e naquilo que, sendo mau, te ensinou alguma coisa;
• Procura ler um bom livro sobre o Terço e sobre as graças que ele traz a
quem o reza diariamente;
• Consagra-te ao Coração Imaculado de Maria, passando a rezar todos os dias
ao acordar a Consagração a Nossa Senhora.
Bom começo de aulas e de trabalho equipista!
Lembra-te que és filho de Maria!
-51-
MAGNIFICAT
A minha alma glorifica o SenhorE o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.De hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geraçãoSobre aqueles que o temem.
Manifestou o seu braço e dispersou os soberbos.Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.Acolheu a Israel seu servo,
Lembrado da sua misericórdia,Como tinha prometido a nossos pais
A Abraão e à sua descendência para sempre.Glória ao Pai e ao Filho
E ao Espírito Santo.
Ámen.
top related