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INTRODUÇÃO

Querido equipista, que bom que é aceitares este desafio de usares algum

tempo das tuas férias para estares com Maria. Não aches que Lhe estás a fazer um

favor, na verdade é Ela que te faz companhia, são os filhos que precisam da Mãe e

não vice-versa, no entanto, a Nossa Mãe valoriza muito a fidelidade dos seus filhos

que fazem um esforço contínuo para se aproximarem d’Ela.

Atenção! É muito importante ler, com atenção, esta “pequena” introdução

até ao fim para viver esta proposta como deve ser.

Bem sabemos que, nestes meses é sempre mais difícil manter uma vida

de oração frequente e profunda. Não temos rotina, deitamo-nos tarde, bebemos,

dançamos e cansamo-nos. Temos todo o tempo livre, mas acabamos por nos

desleixar e nem sequer rezamos ou rezamos pouco. Portanto, começa por escolher

um bom sítio, uma boa posição (não te deites, senão adormeces!) e uma boa hora

para todos os dias rezares este caderno.

Nem sempre estamos bem com Deus. Quer dizer, com Deu está-se sempre

bem! Recomecemos esta frase. Nem sempre estamos com Deus, por isso a nossa

fé pode estar frouxa e abalada. Muitas vezes, achamos que com falinhas mansas

podemos voltar a uma fé firme e enraizada. Este caderno não é feito de falinhas

mansas! Aqui, vais encontrar a Ternura de Deus e o Carinho de Nossa Senhora - mas

estes não significam que Eles não sejam exigentes connosco. Aliás, qualquer bom

pai tem de ser exigente com o seu filho, conhecendo, obviamente, os seus limites e

fragilidades. Ora, ninguém nos conhece como a Mãe e o Pai do Céu, por isso vivam

esta exigência como a que está precisamente pensada para vocês. Deus é bom –

mas dizer que Deus é bom sabe a pouco. Como descrevê-lo então? Já sei! Deus é

um Terramoto! Isso mesmo, um Terramoto! Vem com força, muda tudo e faz-nos

recomeçar! Chega de falinhas mansas! Queremos Deus, com tudo o que isso implica!

Vamos a isso?

Maria guiar-te-á. Andas meio perdido e sem fé? Ou estás a fazer um

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percurso consistente e maturo de fé? É completamente indiferente!

Esta proposta de verão das Equipas de jovens de Nossa Senhora é para ti!

Se andas perdido este caderno é o ideal! Acabaram-se as meias medidas,

as tentativas falhadas e a falta de vontade. Como ferro duro nas mãos do Ferreiro,

deixa-te amolecer pelo fogo do amor materno de Nossa Senhora e, assim que

estiveres incandescente de amor, estarás pronto a ser martelado! Com o martelo

do Seu Amor (que grande é este martelo!) Jesus moldará a tua alma! Se O deixares,

forjar-te-á com força e determinação. A linguagem deste caderno não é fácil, os

temas são duros, mas o cristão que quer ser Santo, aquele que quer ser eternamente

feliz, tem de se examinar com verdade, olhar para a sua vida sem desculpas, nem

relativismos. Cada martelada de Jesus dá forma à alma. No fim deste caderno, se

o rezares com verdade, verás que Ele fez de ti uma bela peça! Para Cristo, nenhum

pedaço de ferro é mau, todos se podem tornar obras-primas. Mas é preciso que

entres no fogo amoroso de Maria e que não tenhas medo do martelo de Cristo.

Se já há algum tempo que estás a fazer um percurso sério de fé, este

caderno era mesmo o que estavas a precisar. A quem muito foi dado, muito será

pedido! Tens uma grande responsabilidade de ajudar o teu próximo, quem quer que

ele seja, a chegar a Cristo! Esta proposta não é para meninos! Vai pôr a tua fé à

prova. Na oficina de Cristo, também se limam arestas, e as tuas estão a precisar! Com

esforço heróico, próprio dos que aspiram à Santidade, vive este caderno sem medo

e sem hesitação! Sem medo, deixa-te moldar por Cristo, pede à Mãe do Céu que te

torne mais cheio d’Ele!

As meditações deste caderno de verão são adaptadas do livro “Um mês

com Maria”, do padre Stefano Maria Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido

em 1933. O caderno consiste em meditações para cada dia, baseadas em escritos e

histórias de santos, com pequenos pontos de esforço no final de cada uma. No fim

do caderno tens algumas folhas em branco para as tuas notas.

Os dias ficam mais leves de serem vividos quando entregamos tudo a Ela,

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pois Ela entrega tudo a Cristo, como São Luís Maria Grignon de Montfort escreveu

no seu Tratado da Verdadeira Devoção: Maria, conhecendo o Seu Filho, sabe qual a

melhor maneira de entregar os nossos pedidos e agradecimentos a Cristo.

Não há melhor maneira de chegar a Jesus do que por Maria!

Boas férias!

Um amigo de Jesus por Maria

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1º DIAUM VERÃO COM MARIA

Um jovem hebreu, Hermano Cohen, encontrando-se em Paris para estudar

música, tinha-se dado ao jogo e à dissipação. Precisando de dinheiro para satisfazer

as suas brutas paixões, encontrou um emprego de tocador de órgão na Igreja de

Santa Valéria, durante um mês. Nas primeiras vezes, tocava com total indiferença,

como simples trabalhador. Mas, sem querer, estando ali, tinha de escutar os sermões

que se faziam sobre Nossa Senhora. Dia após dia ia ouvindo, e o seu espírito começou

a perturbar-se e o seu coração a comover-se. No fim do mês, pensou seriamente em

preparar-se para o baptismo e em tornar-se Católico. E, não muito tempo depois,

fez-se baptizar naquela mesma Igreja. Junto recebeu o dom da vocação religiosa;

transformou-se num religioso carmelitano e morreu com fama de santidade. Quantas

graças não recebeu ele por aquele mês, feito por acaso!

Fazer este mês do verão com Maria é, então, acumular graças, é resolver

problemas ou situações dolorosas, é obter o patrocínio da Mãe divina. Façamo-lo

bem. Não percamos esta grande ocasião de Graça! E procuremos fazer com que

ninguém a perca. Convidemos os nossos amigos a rezar este caderno! Maria não

despedirá ninguém de mãos vazias.

Aos pés de Maria, encontramos a fonte de todas as graças e da santidade.

Pontos de esforço:

• Empenha-te para ajudares alguém a aproximar-se de Jesus, durante este

verão;

• Reza o Terço durante este Verão, para te dedicares à oração com Maria;

• Reza a São José, para que te ensine, neste Verão, a amar Nossa Senhora.

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2º DIAA SALVAÇÃO DA ALMA

Maria apareceu em Fátima para nos lembrar, sobretudo, da necessidade da

salvação das almas. Por isso é que ela recomendou, com insistência, aos 3 pastorinhos

para se rezar e fazer penitência pela conversão dos pecadores: “Muitas almas vão

para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas!”. Antes de tudo

o resto, Maria preocupa-se em salvar as nossas almas. Na verdade, Ela preocupa-

se também com as nossas necessidades temporais, mas a Graça que Ela nos quer

conceder antes de todas as outras é certamente a de irmos para o Céu. Essa é,

certamente, a Graça das Graças.

Um dia, o Padre Pio passava lentamente entre uma multidão de homens.

Um jovem gritou-lhe de longe: “Padre, diga-me uma palavra decisiva. O que devo

fazer?” O Padre Pio olhou-o com profundidade e disse-lhe: “Salva a tua alma!” Eis

o essencial, tudo o resto passa! A salvação da alma dura eternamente. E Nossa

Senhora quer-nos assegurar a salvação com a nossa colaboração no uso dos meios

da salvação: a oração, os sacramentos, a penitência, as boas obras e em especial, a

devoção mariana.

Pontos de esforço:

• Faz, diariamente, um exame de consciência (examina a tua alma);

• Pergunta-te sempre: “Faz bem à minha alma esta acção/ este programa/

estas pessoas, este pensamento?”;

• Fala com alguém sobre o Céu.

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3º DIAO TEMPO PARA SALVAR-ME!

Na Terra, Deus dá-nos o tempo de que precisamos para nos salvarmos e nos

santificarmos. “Ele quer-nos a todos salvos” (I Tim 2,4), quer a nossa “Santificação” (I

Ts 4,3).

O nosso tempo na Terra pode ser mais ou menos longo. São Domingos

Sávio santificou-se vivendo apenas 15 anos. Santo Afonso Maria de Ligório, vivendo

91 anos. A medida do tempo está nas mãos de Deus, “patrão da vida e da morte” (Sb

16,13). Nós devemos só utilizar o nosso tempo segundo a finalidade para a qual Deus

nos criou, ou seja: “para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo

no Paraíso”. Segundo o catecismo de S. Pio X, isto significa: “Operar o bem enquanto

tivermos tempo”. Como recomendava S. Paulo (Gl 6,10). Tudo me deve servir para

conseguir o gozo eterno do Paraíso, que consiste na visão beatífica de Deus.

Se quiséssemos examinar o uso do nosso tempo e a finalidade das nossas

acções, não é verdade que quase de certeza íamos pôr as mãos na cabeça? Quanto

tempo perdido! Mas estamos sempre prontos para dizer que não temos tempo. Nem

um minuto de manhã ou à noite, ou para rezar um Terço, ou para fazer uma boa

obra... Estamos sempre sem tempo… É tempo!

Pontos de esforço:

• Começa e acaba o dia com oração, de manhã e à noite;

• Está atento para não perder tempo em curiosidades e conversas inúteis;

• Aproveita para rezar quando identificares um momento em que não estás

a fazer nada de útil.

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4° DIAA MORTE

Somos capazes de preencher os nossos dias com trabalho, com

divertimentos, com política, com desporto, com fumo, com televisão e com internet.

Vivemos desorientados pelas tensões do lucro, do prazer, do sucesso. E nem nos

preocupamos se caminhamos para a eternidade. E as realidades terrenas, os afazeres

temporais, a saúde do corpo, as coisas materiais adormecem-nos e põe-nos num

estado de preguiça espiritual. Jesus recomendou-nos muitas vezes no evangelho

para termos o cuidado de nos encontrarem sempre acordados espiritualmente:

“bem-aventurados aqueles servos que o patrão, ao chegar, encontra acordados!” (Lc

12,37).

Estar “acordados”, estar “prontos”, significa sobretudo viver sempre na

graça de Deus, evitando o pecado ou pedindo imediatamente perdão e confessando-

se o mais cedo possível, se se tiver pecado. São João Bosco dizia aos seus jovens

que acordassem até mesmo às duas da manhã para se confessarem, se tivessem

caído em pecado mortal. Deve ser esta a primeira e absoluta preocupação de todo o

cristão: encontrar-se na graça de Deus.

De Nossa Senhora obteremos a graça de uma boa morte. Esta graça é

tão importante que a Igreja nos ensina a pedi-la a cada Ave Maria: “rogai por nós

pecadores, agora e na hora da nossa morte”. Feliz a morte de quem amou Maria, de

quem invocou Maria! Santa Maria Madalena Sofia Barat dizia que “a morte de um

verdadeiro devoto de Maria é um salto de um menino entre os braços da mãe”.

Quando São João Bosco teve a aparição de São Domingos Sávio poucos

dias depois deste ter morrido, quis fazer-lhe esta pergunta:

- Diga-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para si, na hora da morte?

- Dom Bosco, adivinhe?

- Talvez o pensamento de ter bem guardado o lírio da pureza?

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- Não.

- Talvez o pensamento das penitências feitas durante a vida?

- Nem mesmo isso.

- Então terá sido a consciência tranquila... livre de todo o pecado?

- Esse pensamento fez-me bem; mas a coisa mais consoladora para mim na hora da

morte foi pensar que tinha sido devoto de Nossa Senhora! Diga-o aos seus jovens e

recomende com insistência a devoção a Nossa Senhora.

Pontos de esforço:

• Oferece aquilo que te custar durante o dia pelos que estão moribundos e

doentes;

• Vive o teu dia como se fosse o teu último dia de vida;

• Lê e medita a parábola das 10 virgens (Mt 25,113).

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5º DiaO JUÍZO DE DEUS

O juízo de Deus somos nós mesmos a prepará-lo com a nossa vida. “Cada

um será réu segundo a própria obra”, diz-nos Jesus (Mt 16,17). Mas se a vossa obra

não tiver sido conforme o Evangelho, ou seja, tudo por amor a Jesus e aos irmãos

(Mt 25,31-46) a quem poderemos recorrer naquele momento que será fulminante

como um “piscar de olhos”? (I Cor 15,52). Enquanto vivemos, podemos obter a

abundância de misericórdia, recorrendo a Nossa Senhora. “Mãe de Misericórdia”,

como a invocamos na Salve-Rainha. São Camilo Léllis, no leito da sua morte, foi

assaltado pela lembrança de culpas cometidas na sua desordenada juventude. O

Santo mandou trazer um quadro com Nossa Senhora das Dores aos pés da Cruz

de Jesus e, com ardente paixão, rezou à Virgem das Dores, pedindo a Maria que o

chamasse para o céu. Morreu em paz, sabendo-se perdoado, porque o nosso Deus é

Deus de misericórdia e bondade, e ama-nos sempre, mesmo quando mais falhamos.

Pontos de esforço:

• Pergunta-te: “Como gostaria de estar diante de Deus?”;

• Reza a Nossa Senhora, pedindo que te ajude constantemente a estares

preparado para o Juízo de Deus;

• Medita Mateus 25,31-46 e faz actos de caridade.

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6° DIAO INFERNO

“Estes irão para o eterno suplício” (Mt25,46). “Irão”, ou seja, só vai para o

inferno quem quiser! Deus cria-nos a todos para o Paraíso, e dá-nos os meios para lá

chegar, mas deixa-nos livres para aceitar ou não. O homem que recusa, então, sabe

que está a perder o Paraíso e a escolher o Inferno. Ele quer ir para o Inferno de livre

vontade. Deus respeita a liberdade do homem. Mas que loucura renunciar a Deus,

perder o Paraíso, cair naquele abismo de horrores que é a morada dos demónios.

A visão de Deus, a união a Jesus e a Nossa Senhora, a companhia dos Anjos e dos

Santos... A perda destes bens infinitos constitui a punição dos condenados, ou seja, a

punição mais horrível que possamos pensar.

São Clemente Hofbauer, apóstolo de Viena, foi visitar um moribundo não

crente e foi recebido com insultos: “Vai para o diabo, frade! Vai-te embora!”. “Fico

aqui porque quero ver como morre um homem em pecado mortal!” disse o frade.

Com estas palavras o moribundo pôs-se a pensar e ficou mudo. São Clemente

começou a rezar a Maria com ardor. O moribundo começou a chorar e exclamou:

“Padre, perdoai-me. Aproximai-vos!”. Confessou-se em lágrimas e morreu invocando

a Nossa Senhora. Confiemos n’Ela, então, com toda a confiança.

Pontos de esforço:

• Diz algumas vezes, ao longo do teu dia: “Minha mãe, eu confio em Ti”;

• Oferece o dia pelos pecadores moribundos, para que as nossas orações os

ajudem a encontrar a Deus;

• Ler e meditar a parábola do rico Epulão e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31).

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7° DIAO PURGATÓRIO

Todos os que morrem na amizade com Deus, mas que ainda não são dignos

do Paraíso, vão para aquele lugar de purificação durante o tempo necessário. Por

isso é que se rezam Missas e orações pelos defuntos que estão no Purgatório, a fim

de que seja apressada a passagem deles daquele lugar de purificação para o Céu.

São Bernardino chamou Nossa Senhora ‘Plenipotenciária’ pois tem as

graças para livrar quem quiser do Purgatório. Ser devoto de Maria e a Ela recorrer

para obter o alívio e a libertação das almas do purgatório, é isto o que devemos fazer

com todo o coração. Disse a própria Maria que o Terço é de especial eficácia. Santo

Afonso Maria de Ligório ensina que “se queremos ajudar as almas do purgatório,

recitamos por elas o Terço que lhes dá grande alívio.” Que também nas nossas mãos

o Terço seja uma coroa de caridade pelas queridas almas do Purgatório.

Pontos de esforço:

• Durante o dia de hoje faz um esforço e lembra-te de que, entregando-o,

podes ajudar alguém que esteja no purgatório;

• Escolhe um defeito que tenhas e tenta trabalhá-lo durante os próximos dias;

• Escreve as dúvidas que tens sobre este assunto e comenta-as com um

padre.

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8° DIAO PARAÍSO

“Aquilo que o olho nunca viu, nem o ouvido escutou, nem nunca o coração

do homem pôde saborear, isto Deus preparou para os que O amam”. (I Cor 2,9). O

Paraíso é uma realidade inimaginável, é a plenitude de todos os bens desejáveis. “Para

o Céu vai quem amou a Deus e aos irmãos. Só o cristão que é um herói de bondade,

de fé, de humildade, de pureza, de obediência, de paciência, de mortificação, pode

esperar ouvir um dia: “Vem, servo bom e fiel: entra na alegria do Teu Senhor.” (Mt

25,21). Infelizmente para nós, é tão fácil deixarmo-nos atrair e dominar pelos bens

terrenos... Se pensarmos bem, é uma loucura perder os bens do Céu, verdadeiramente

bons, apenas por alguns prazeres terrenos e momentâneos.

Um Bispo foi ter com o Padre Pio e levou-lhe um amigo que não era

santinho nenhum. Apresentou-o, dizendo: “Padre, este amigo gostaria de assegurar

um bilhete de ingresso para o Céu. A coisa não é fácil. O que aconselharia, Padre?”

O Padre Pio baixou e abanou a cabeça, e respondeu docemente: “Pois... Precisamos

de Nossa Senhora!” Precisamos de Nossa Senhora. E isto deve consolar-nos: para ir

através de um caminho mais seguro e até mais fácil, vamos com Ela.

Se amarmos muito Maria, Ela doar-nos-á todos os dias as graças necessárias

para viver de modo cristão, preparando-nos para o Céu. É necessário, porém, que

amemos Maria, empenhando-nos em fazer bem os nossos deveres de cada dia.

Esforcemo-nos por viver com os olhos sempre fixos em Deus, com as mãos em

acção para fazer sempre todos os nossos deveres, com o coração cheio de amor e

confiança na nossa doce Mãe que nos quer a todos no Paraíso.

Pontos de esforço:

• Conversa com alguém sobre como achas que será o Céu;

• Reza o Terço com alguém (pode ser na praia);

• Dá esmola ou ajuda um pobre que encontres.

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9° DIAA VIDA NA GRAÇA

O que é a graça? É a vida divina da alma. Quando uma alma está cheia da

graça de Deus “participa da natureza divina” (2 Pd 1,4). Fica imersa em Deus - como

uma esponja imersa na água, que absorve.

Mas quem é a Mãe da Divina Graça? Nós sabemos perfeitamente: é Nossa

Senhora. É Ela que nos gera à vida divina. Dela vem, até nós, a graça da regeneração,

que é indispensável. É precisa para todos nós que precisamos de nos transformar de

pecadores em Santos.

Lembremos, por exemplo, São João de Deus, jovem solteiro, que passava de

uma asneira para outra, sem nunca ter juízo. Nossa Senhora livrou-o milagrosamente

de um grave perigo, aparecendo-lhe e chamando-o à conversão. Disse-lhe: “Torna a

amar-me e a ter devoção. Converte-te a Deus”. O jovem fez exactamente isso com

seriedade e foi Santo. Será que nós também vamos fazer isso com seriedade? Para

fazê-lo com seriedade, temos de nos afastar daquilo que nos faz mal. A experiência

de todos os convertidos confirma plenamente esta triste realidade do mundo

sem a graça de Deus, tudo é engano e pecado. Sobretudo, os grandes convertidos

asseguram-nos que a vida não tem sentido, se não é vivida para Deus e para a

eternidade.

Pontos de esforço:

• Faz um acto de arrependimento verdadeiro por alguma falha grave que

tenhamos cometido;

• Pede desculpa a alguém a quem devas um pedido de desculpa;

• Vive o dia de hoje estando muito atento e evitando fazer coisas que façam

mal à tua relação com Deus.

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10° DIAO PECADO

O que é o pecado? É uma ofensa a Deus. Se se desobedece aos desejos

de Deus, e se obedece a outras vontades menos boas, pecamos. O pecado traz

desordem, desequilíbrio, ruína, ao homem e às coisas, embora o pecador se iluda

ao achar que o pecado é um bem. O pecado é mortal, se a ofensa a Deus é grave; é

venial, se a ofensa a Deus é leve.

A pequena Jacinta, a menor dos três pastorinhos de Fátima, rezou

muito sobre isto. Tornou-se para ela uma missão: salvar os pecadores do inferno,

oferecendo sacrifícios de todas as espécies. Encontrava pelas ruas os pobres e dava-

lhes a sua merenda, ficando de jejum até a noite; tinha uma sede ardente no mês

de Agosto, e renunciava a beber a todos os custos; o irmão Francisco recolhia as

bolotas mais doces de uma árvore e ela pedia-lhe as mais amargas para oferecer um

sacrifício; tinha dor de cabeça e o barulho das rãs incomodava-a, mas ela impedia o

irmão de afugentá-las, para oferecer mais um sacrifício. Devemos aprender desta

menina a escutar os pedidos de Nossa Senhora sobre a necessidade de salvar os

pecadores, colaborando na sua conversão, com a oração e a penitência.

Pontos de esforço:

• Tal como Jacinta, hoje faz um sacrifício pela conversão dos pecadores, sem

que ninguém note;

• Faz um exame de consciência durante o dia;

• Antes de te deitares reza o acto de contrição.

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11° DIAO GRANDE INIMIGO

O Demónio “é o inimigo número um”, dizia o Papa Paulo VI. A sua táctica é

alegrar os sentidos e a imaginação do homem para que perca a sua alma. Uma das

obras-primas de Satanás é convencer os homens de que não existe. Conseguindo

isso, trata os homens como bonecos, faz deles o que lhe apetece.

Jesus preveniu-nos contra as armadilhas do diabo. Ele ensinou-nos

através do Pai-Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação” (Mc 14,38). A atenção e

a oração são as duas maiores forças do homem. Façamos nossa a recomendação

do Padre Pio: “Filho, o inimigo não dorme! Tens de estar alerta e em oração. Com

a 1ª avistaremos; com a 2ª teremos uma arma para nos defender”. A atenção faz-

nos avistar as ocasiões perigosas (uma leitura, um programa, uma pessoa, um lugar,

uma vontade...). A oração dá-nos força para evitar os perigos, para fugir às ocasiões.

Temos de ter a valentia de sermos cobardes diante das tentações e fugir delas. S.

Agostinho ensina que o demónio é só um cão amarrado, e só pode morder quem se

aproxima dele. Vão para longe dele então!

Pontos de esforço:

• Anda com o Terço no bolso. Quando estiveres diante de uma tentação põe

a mão no bolso e reza uma Avé Maria;

• Reza uma Avé Maria bem rezada, devagar e com tempo;

• Lê e medita a página do Evangelho sobre as tentações de Jesus no deserto.

(Mt 4,1-11)

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12° DIAO ÓDIO

S. Inácio de Loyola recebeu um bilhete com a seguinte mensagem: “Eu vos

odeio tanto que gostaria de vos queimar!” Prontamente respondeu: “Eu também

gostaria de vos queimar, só que com o Amor Divino”. Eis o ódio e o amor. O ódio

é contrário ao amor. Odiar é querer mal. Quem odeia uma pessoa quer-lhe mal.

Tendemos a odiar o pecador quando, na verdade, só é justificável que se odeie o

pecado. Mesmo a quem peca, devemos amar. E é preciso perdoar sempre! Não

só precisamos de perdoar, como precisamos de pagar o mal com o bem. “Não te

deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12,21) Assim faz Deus, que

continua a doar a vida a quem O ofende. Assim faz Maria que continua a amar quem

A faz chorar. Os santos deixaram-nos exemplos admiráveis de vitória do amor sobre

o ódio. Quando o assassino de Maria Goretti se apresentou à mãe da Santa para lhe

pedir perdão, ouviu-a responder: “Como não o havia de perdoar se a minha Marieta

já o fez?” A heroica virgem e mártir, antes de morrer, perdoou com todo o coração o

seu assassino, e aparecendo-lhe depois da morte, disse-lhe que o queria consigo no

Paraíso. Esta é a “vingança” dos santos. Que lição para nós que somos, tantas vezes,

incapazes de voltar a olhar para a cara de quem nos ofendeu com uma insignificância

qualquer. S. Maximiliano Maria Kolbe, no campo de ódio de Auschwitz, exortava os

irmãos que iam ser martirizados com ele a vencer o ódio aos nazis com o amor,

porque, dizia ele, “Só o amor é que cria, tudo o resto destrói”. Ele recebia este amor

da Imaculada, a “Mãe do belo Amor” (cf. Eclo 24,24).

Pontos de esforço:

• Lê e medita a parábola sobre o servo mau (Mt 18,21-35);

• Oferece as dores do teu dia por todos aqueles que provocam abortos;

• Reza um Terço por alguém que é teu inimigo ou que te magoou muito.

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13° DIAO ESCÂNDALO

Um cristão não deve ser motivo de escândalo - não traz nada de bom, nem

para quem escandaliza, nem para quem se deixa escandalizar. Jesus disse palavras

duras quanto a isto – porque o escândalo é verdadeiramente grave! Não atinge o

corpo, mas a alma do homem, deturpando-a.

O mundo/ a sociedade gosta tanto de ser fonte de escândalos! Tantas

vezes parece que não há critérios para o que se diz, expõe, celebra. Nas ruas, há os

cartazes, frequentemente inadequados; junto das celebridades, tanto espectáculo

desnecessário; nos jornais, os títulos com ilustrações vergonhosas ou ironias negras

e más; por todo o lado, podemos encontrar tanta vulgaridade, lutas frequentes,

ensinamentos falsos, teorias absurdas, erros escandalosos. Há os escândalos gritantes

na administração pública, na suposta justiça e na luta contra a criminalidade. Todas

estas coisas poderiam ser usadas de uma maneira melhor, mas a sociedade parece

querer corromper a sua utilização, de maneira a que se tornam fonte de tantos maus

exemplos! E estes maus exemplos vão perpetuando em nós uma indiferença perante

coisas menos boas, e às vezes diminuindo o amor às coisas melhores, que tendem a

ser mais difíceis.

S. Domingos Sávio desviava o seu olhar de coisas escandalosas. Quando

lhe perguntavam porque é que às vezes baixava a cabeça, respondia: “Porque quero

conservar os meus olhos puros para melhor contemplar Nossa Senhora”! Tentemos

fazê-lo também – não deixar que os escândalos se instalem em nós, mas olhá-los

com um olhar que trabalhamos para que seja cada vez mais puro.

Pontos de esforço:

• Examina o teu dia ou o teu verão, até hoje. Foste motivo de escândalo?

Quando? Porquê?

• Reza por quem escandaliza ou se deixa escandalizar.

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14° DIAA BLASFÉMIA

Quantos mártires aceitaram morrer para não blasfemar? E tudo para glória

de Deus! Quando S. Policarpo, nobre ancião, Bispo de Esmirna, foi levado ao suplício,

ouviu o procônsul Romano dizer: “Maldiz o teu Cristo e eu te livrarei!” Olhando para o

Céu, respondeu: “Já lá vão 80 anos que sirvo ao meu Senhor, e em todo este tempo

Ele não me fez mais que bem. Deveria eu agora blasfemar? Ele é o meu Deus, o meu

Salvador.” Aceitou, então, com coragem, a morte.

S. Maximiliano passeava quando ouviu um homem a gritar uma terrível

blasfémia contra Nossa Senhora. Aproximou-se dele e disse-lhe, entre lágrimas:

“Por que blasfemas contra Nossa Senhora? Blasfemarias contra a tua própria mãe?”

Àquelas lágrimas e palavras, o blasfemo arrependeu-se e pediu perdão. Se amamos

verdadeiramente Maria, temos que respeitá-la e torna-la respeitada. É nossa Mãe. E

se não conseguimos corrigir quem blasfema, podemos rezar por essa pessoa! Com

os santos aprendemos a reparar as blasfémias que ouvimos, pelo menos com uma

oração dita com amor.

Pontos de esforço:

• Reza o Magnificat com amor “A minha alma glorifica o Senhor!” (Lc 1,46).

• Reza sempre que blasfemares;

• Reza por quem blasfema sem saber e por quem o faz conscientemente.

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15° DIAA MENTIRA

Quem não sabe que a mentira é um dos pecados mais comuns entre os

homens? “O diabo é mentiroso e pai da mentira”. (Jo 8,44). Eis a verdadeira razão

das nossas mentiras. É ele que nos oferece todas as mentiras que contamos aqui e

ali, com tanta simplicidade. Pobres de nós! Se nos déssemos conta desta realidade,

compreenderíamos a convicção dos santos ao opor-se com todas as forças a todas

as mentiras, para não serem cúmplices com o pai dela. Eles sabiam que é melhor

sofrer pela verdade do que ficar contente com a mentira.

Mentir é dizer o contrário do que se pensa com intenção de enganar. “Não

levantar falsos testemunhos” (Lc 18,20) é o mandamento de Deus que nos coloca

numa luta contra isto. Devemos dizer sempre a verdade a qualquer custo. S. João

Câncio, padre polaco, foi assaltado. Roubaram-lhe tudo o que tinha nos bolsos e

perguntaram-lhe: “Tens mais alguma coisa?” “Não”, respondeu. Os ladrões foram

embora. Mas S. João lembrou-se de ter costurado uma bolsa com algumas moedas

no hábito. Correu até aos assaltantes e ofereceu-lhes as moedas. Eles ficaram tão

surpresos que não só recusaram como devolveram tudo o que tinham roubado.

Pontos de esforço:

• Lê e medita o capítulo 3 de São Tiago (1-12);

• Pede a Maria que te ajude a dizer sempre a verdade ou, quando necessário,

a ficar calado.

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16° DIAA GANÂNCIA

A fonte infinita da verdadeira felicidade é Deus, que se doou a nós em Cristo.

Procurar a felicidade nas alegrias deste mundo é ilusório, porque as alegrias terrenas

não trazem nem provocam amor, mas apenas fazem crescer em nós a ganância que

envenena o amor, como ensina S. Tomás de Aquino. Também S. Bernardo afirma:

“Não conheço uma doença espiritual mais difícil de suportar que a febre das coisas

terrenos.” O que pode curar esta febre? Apenas outra febre: a do amor Divino. À

medida que nos separamos das coisas terrenas, aproximamo-nos do amor de Deus.

Pontos de esforço:

• Poupa algum dinheiro, não comendo um gelado ou não bebendo uma

cerveja para dar, com esse dinheiro, um presente a alguém;

• Medita: Jo 2,15-17 e Tg 4, 1-4;

• Faz um exame de consciência e, depois, pede a Maria que te ajude a trabalhar

os teus vícios.

-23-

17° DIAOS RESPEITOS HUMANOS

Na luta contra o Protestantismo, S. Carlos Borromeu quis instruir grandes

escolas de Catecismo e de instrução religiosa para o povo. Precisou de cristãos

e leigos corajosos. Encontrou homens e mulheres. Dividiu-os em grupos de

‘pescadores’ e ‘pescadoras’ e organizou missões apostólicas pelas casas, pelas ruas,

pelos campos. Era um espectáculo de verdadeira fé, ver estes cristãos corajosos a

pôr mãos à obra para testemunhar Jesus e anunciar o seu Evangelho puro, sem erros.

Cada cristão deveria fazer seu, com orgulho, o grito de S. Paulo: “Não me envergonho

do Evangelho” (Rm 1,16). Em qualquer lugar: em casa ou fora, nos escritórios e nas

escolas.

Muitos cristãos, por respeitos humanos, faltam até aos deveres

fundamentais. Envergonham-se de fazer o sinal-da-cruz e de rezar uma oração

de manhã e à noite, ou antes das refeições. Envergonham-se de entrar numa

Igreja para rezar, envergonham-se de ir à Missa, de se confessarem, de receber a

Eucaristia. Envergonham-se de defender a fé dos ataques e insultos dos inimigos

e envergonham-se de serem ainda considerados cristãos. Não há vergonha em ser

cristão, só orgulho!

“Fazei-me digno de te louvar, ó Virgem Santa!” Contra todos os respeitos

humanos, contra todos os medos ou cobardias, devo e quero louvar Maria, que é

minha Mãe. Não só não me envergonharei dela, como quero defendê-la e glorificá-la,

quero amá-la, onde quer que seja, com paixão filial sempre ardente.

Pontos de esforço:

• Se vires uma imagem de Nossa Senhora, fazer uma pequena inclinação ou

algum sinal de respeito e aproveita para reza!

• Fala da tua Fé (sem cair na presunção de que sozinho podes e vais converter

o mundo! Saber quando faz sentido falar e, se não fizer, “apenas” dar exemplo

com a minha vida.);

• Reza às refeições, e toda a gente, se achares apropriado, a fazê-lo contigo.

-24-

18° DIAERROS E DESVIOS

A Igreja sempre teve de combater contra erros e desvios, pois não existiu

período da história em que não tenha sido perturbada pelos assaltos de quem a

queria arrastar na desordem doutrinal e moral.

Temos de estar sempre com a Igreja. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e

sempre. Não podemos desviar-nos por doutrinas diversas e estranhas. No meio das

“tempestades” dos erros que circulam, fiquemos bem unidos à Igreja. Esta e só esta

é a Igreja, nossa Mãe. Só esta é a defesa certa contra erros e perigos. Nós queremos

estar com a Igreja! E queremos estar com Maria!

Pontos de esforço:

• Durante o dia, pede pelas necessidades da Igreja e pelas intenções do Papa;

• Reza um Terço pelos que se deixam levar por falsas teorias;

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19° DIAO PAPA

O primeiro filho de Maria, depois de Jesus, é o Papa. Ninguém pode tirar-lhe

este lugar no Coração de Maria, porque está tão perto dela! E que graça! O Papa é

a nossa rocha, uma rocha evangélica, divina, criada pela palavra Viva de Jesus: “Tu

és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, (cf. Mt 16,18). S. Francisco

de Sales dizia que Jesus, a Igreja e o Papa são um só. É impossível dividi-los. Eles

são a pedra angular (cf. Lc 20,17) da humanidade, do mundo, do universo. Por isso

é que existe tanta superficialidade nas palavras de quem diz que aceita Jesus Cristo

e a Igreja, mas não o Papa. Quando Napoleão prendeu o Papa Pio VII para decidir

algumas questões sobre a Igreja, reuniu ele mesmo em Paris, muitos Bispos - o da

França e da Itália - e queria que deliberassem sobre vários assuntos. Mas os Bispos

ficaram em absoluto silêncio. Napoleão insistiu e fez fortes pressões. Nada. Então

começou a perder a paciência e a ameaçar. Nesta altura, o mais ancião dos Bispos

levantou-se e disse calmamente: “Senhor, esperamos pelo Papa. A Igreja sem o Papa

não é Igreja”. Também nós temos de ouvi-lo e rezar por ele.

Ponto de esforço:

• Reza um terço pelo Papa;

-26-

20° DIASANTIFICAR AS FESTAS DE PRECEITO E DOMINGOS

O domingo recarrega as energias da alma e do corpo. É um dom de Deus. É

dia de graça. “Este é o dia que o Senhor fez para nós” (Sl 117,24). É verdadeiramente

uma sorte podermos ir à Missa. A participação na Missa não consiste em estar

presente na Igreja durante a celebração, porque os bancos e as paredes também

estão, mas em participar activa e sentidamente. De maneira activa, seguindo ponto

por ponto o desenrolar dela; de maneira sentida, ao unir-se vivamente a Jesus

que se sacrifica no Altar entre as mãos do sacerdote. A participação é plena se se

recebe também a Comunhão, depois de se ter devidamente purificado a alma com

o Sacramento da Confissão. É esta a graça do Domingo do cristão: Confissão, Santa

Missa e Comunhão.

É tão importante ir à Igreja, aproximar-se dos Sacramentos, participar na

Missa, ouvir a Palavra de Deus. Estes são alimentos vitais da vida cristã. Privar-se

significa condenar-se à ruína, ao sofrimento eterno. Maria, Mãe de Jesus e nossa

Mãe, quer ver-nos todos os domingos, reunidos à volta do Altar, à volta de Jesus.

Pontos de esforço:

• Ajuda algum familiar ou amigo a não se esquecer de ir à missa durante o

verão. Vai com ele!

• Medita atentamente as leituras deste Domingo.

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21° DIAA CONFISSÃO

O Sacramento da Confissão está tão bem ilustrado na parábola do Filho

Pródigo (Lc 15,11-24). O pecado, o arrependimento, o perdão: o homem peca, o

pecador arrepende-se, Deus perdoa. São 3 realidades unidas pela misericórdia de

Deus. A confissão é o remédio do pecado, é o conforto do pecador, é o abraço de

Deus ao filho que volta. Não existe sacramento mais humano, porque acompanha

o homem e ampara-o nas fraquezas de cada dia, apresentando-lhe a felicidade de

Deus em perdoar os filhos, porque os quer salvar.

O perdão dos pecados vem de Deus, mas só através dos seus ministros sobre

a Terra: os Sacerdotes. Foi a eles que Jesus deixou esta tarefa: “A quem perdoardes

os pecados, serão perdoados”. (Jo 20,33). Quantas vezes? Sempre que eles estejam

dispostos. A misericórdia de Deus não tem limite (cf. Mt 18,22). S. Isidoro afirmou que

“não existe nenhuma asneira tão grande que não possa ser perdoado na confissão”.

Seja glorificado, Deus, na sua infinita misericórdia!

Parece incrível, mas são muitos os cristãos que fogem da Confissão. Estão

sempre prontos para ir ao médico pelo menor mal-estar do corpo, mas esquecem-se

da saúde da alma! Talvez ignoremos os grandes benefícios do sacramento, ou talvez

o vejamos como a acusação das próprias misérias. É importante lembrar os frutos

que a Confissão nos dá. Conta-se que, um dia, um grande pecador foi confessar-se a

Santo António de Lisboa, depois de ter ouvido um sermão dele. O arrependimento do

pecador era tão vivo que só soluçava e não conseguia falar. Então, S. António disse-

lhe: “Vai, filho, escreve os teus pecados e depois volta”. O penitente foi, escreveu

os pecados numa página, voltou ao Santo e leu a lista das culpas. Qual não foi a

surpresa, quando no fim da leitura, viu que a página tinha voltado a ser branca, sem

um único traço de escrita. É assim que a alma volta da confissão.

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Pontos de esforço:

• Faz o propósito de te confessar mais frequentemente. (Ajuda escolher um

dia e confessares-te nesse mesmo dia, de 4/4 meses, depois de 3/3…)

• Medita a parábola do Filho pródigo (Lc 15,11-32).

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22° DIAA EUCARISTIA

A Eucaristia é Jesus presente entre nós e por nós. Na Eucaristia, está

realmente presente Jesus com o Seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade. Com a

Eucaristia, temos verdadeiramente o Emanuel, ou seja, “Deus Connosco” (Mt 1,23).

Justamente, S. Tomás de Aquino exorta-nos a reflectir que não existe nenhuma

religião na Terra, que tenha o seu Deus tão perto e tão familiar como a religião cristã,

com a Eucaristia. Coisa ainda maior é que o Verbo Encarnado, Jesus, não só vive

entre nós, mas quer-Se doar, entrar no nosso coração e fazer-Se um com cada um de

nós. “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue, vive em mim e Eu nele” (Jo

6,57). Jesus quer isto a cada dia. Por isso é que se fez Pão, porque o pão é o alimento

quotidiano, é o que nos dá força cada dia, alimento sem o qual enfraquecemos e

morremos.

Onde e quando Jesus Se faz Eucaristia? Na Santa Missa. Quando o Sacerdote

consagra o pão e o vinho, temos o sacrifício supremo, incruento de Jesus, presente

realmente no Altar no estado de vítima. Oh! Que Divino prodígio é a Santa Missa, que

renova o Sacrifício da Cruz e opera o milagre da transubstanciação do pão e do vinho

no Corpo e no Sangue de Jesus oferecido por nós. O Padre Pio dizia que a Santa

Missa é infinita como Jesus. Por isso é que os santos amavam a Santa Missa com uma

paixão ardente.

E nós? Não é verdade que tantos cristãos arranjam desculpas para não irem

à Santa Missa aos domingos? Quão pouco se compreende deste Mistério divino que

é a riqueza infinita da Igreja. Se quisermos amar Maria não podemos esquecer que

nunca estamos tão perto dela como quando estamos juntos do altar onde se renova

o sacrifício do Calvário (cf. Jo 19,25) Perguntaram ao Padre Pio se Maria estava

presente durante a Santa Missa. Respondeu em tom de surpresa: “Mas não A vêem?”

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Pontos de esforço:

• Participa na Santa Missa e recebe a Comunhão com Maria, rezando a Nossa

Senhora para que te ajude a receber Jesus;

• Procura ler um bom livro sobre a Eucaristia;

• Faz uma visita Eucarística (rezar em frente ao sacrário).

23° DIA

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A ORAÇÃO

As duas últimas maiores aparições de Maria sobre a Terra foram em

Lourdes e em Fátima. Ambas nos trouxeram uma mensagem idêntica e forte: Oração

e Penitência. Maria vai logo ao essencial: antes de mais nada, a oração. Ela pede,

recomenda e insiste sempre sobre este ponto, seja em Lourdes ou em Fátima.

Rezar de manhã e à noite deve fazer parte da nossa rotina diária. Mas quantas

vezes os nossos dias começam e acabam sem um sinal claro que nos recorde que

somos filhos muito amados de Deus? Será que se pode salvar a alma esquecendo

a oração, mas arranjando sempre tempo para ver televisão, ler jornais e livros, ir

ao bar e ao campo de futebol? Maria, nossa mãe, adverte-nos: “Rezai, rezai muito”.

Por isso é que nunca deve faltar a oração da manhã e da noite. Poucos minutos de

oração todas as manhãs e todas as noites devia ser um dever natural para todos

os cristãos. Assim era para o Beato Contado Ferrini, professor da Universidade de

Milão, que escrevia: “Eu não sabia conceber uma vida sem oração, acordar de manhã

sem encontrar o sorriso de Deus, um reclinar a cabeça no peito de Cristo”.

O pensamento de Jesus é claro: o cristão deve-se esforçar por rezar

continuamente, por oferecer constantemente a Deus tudo o que é e tudo o que faz:

“Rezar sempre, sem desfalecer”; “Vigiai e rezai para não cair em tentação” (cf. Lc

18,1; Mc 14,38). Qual tentação? A tentação de agir por egoísmo ou fazer obras por

cálculo ou interesse e não por amor a Deus e ao próximo. A oração é indispensável

para que possamos discernir o caminho que, em cada momento, nos leva a Deus.

Quando não é possível rezar com calma, façamos uma oração rápida. É a oração dos

rápidos actos de amor, das piedosas ofertas. O Papa Paulo VI chamava a este tipo de

orações: “oração faísca”. S. Maximiliano Maria Kolbe recomendava muito esta oração

faísca para crescer no amor à Imaculada.

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Pontos de esforço:

• Reza, sempre e bem, de manhã e à noite;

• Faz o sinal da cruz e reza uma Ave-Maria à mesa antes das refeições. Procura

também dessa forma promover a oração em família;

• Empenha-te em rezar várias “orações faísca” ao longo do dia, por exemplo:

“Jesus Vós que sois Manso e Humilde de coração, Fazei o meu coração

semelhante ao Vosso”.

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24° DIAA PENITÊNCIA

Quando S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi submetido a uma

sangria (procedimento médico que consistia em sangrar o paciente para baixar a sua

temperatura corporal). Antes de começar, o médico disse-lhe: “Olha para o outro

lado, Domingos, assim não verás o teu Sangue a escorrer “. “Ah, não - respondeu -

furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e Ele não disse

nada...” Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos cortes que lhe fizeram.

Eis a lei do amor: quando se ama verdadeiramente uma pessoa, quer-se viver e dividir

a dor com ela, para que, dividindo a dor, o sofrimento se torne mais suportável. Não

se pode renunciar! Quem ama Jesus e conhece a sua vida de humildade e sacrifício,

culminada na dolorosa Crucificação e Morte, não pode deixar de querer participar

em toda aquela dor desejada pelo amor. Mas, em todos os santos, a Penitência era

sempre uma exigência do amor. Eles chegavam ao ponto de não desejar nada além

de sofrer. Recordemos alguns exemplos: S. Francisco Xavier, embora oprimido por

dores muito fortes, rezava com transporte, dizendo: “Ainda, Senhor, ainda mais.” E à

ilha onde sofreu as mais graves tribulações, quis pôr o nome de Ilha das Consolações.

Assim raciocina quem ama.

A primeira e mais importante Penitência do cristão é: cumprir fielmente

e perfeitamente os próprios deveres quotidianos. Fazer outras penitências

esquecendo estas significa fazer o secundário, ignorando o principal. Em primeiro

lugar, lembremo-nos bem: antes de tudo mais, o cumprimento dos deveres. Esta

deve ser a nossa pricipal penitência: cumprir os nossos deveres, especialmente

aqueles que mais nos custam - o trabalho repetitivo, o estudo de uma matéria

desinteressante, fazer a cama, levantar a horas...

Nossa Senhora em Fátima disse uma coisa que nos deveria comover:

“Muitas almas vão para o Inferno porque não têm quem se sacrifique por elas.”

Aquelas palavras da “Bela Senhora” tocaram muito a pequena Jacinta, a florzinha

de Maria.. Atingida pela gripe espanhola e por uma pneumonia, com uma infecção

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progressiva, transportada para o Hospital, longe de casa, submetida a uma operação

para remover as suas costelas, sem anestesia. Pobre menina! Mas foi heroicamente

corajosa e não perdeu nenhuma ocasião de sacrifício pelos pecadores. O seu Celeste

conforto era a assistência materna de Nossa Senhora. Morreu consumada pela febre

e pelas dores, sozinha sobre o Coração da Imaculada, vinda do céu para apanhar a

inocente vítima pelos pecadores. Que exemplo de heróica penitência. Tinha 9 anos.

Pontos de esforço:

• Medita a paixão e morte de Jesus (Mt 26 e 27);

• Procura dar um sentido a todos os pequenos e grandes sacrifícios da nossa

vida, oferecendo-os a Nossa Senhora das Dores;

• Reza os mistérios dolorosos do Terço com alguém, dedicando algum tempo

de silêncio a contemplar cada mistério.

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25° DIAA PACIÊNCIA

Estamos todos de acordo: Não existe uma virtude prática que seja tão

necessária na vida cristã como a paciência. Não há dúvidas. Esta virtude faz com que

saibamos suportar tranquilamente os incómodos e os sofrimentos da vida. De facto,

quem é que não tem problemas e tribulações na vida? Quem é que pode fugir dos

incómodos e do peso quotidiano dos desafios e confrontos? É preciso paciência em

casa e fora dela; no trabalho, na escola e na universidade; com patrões, empregados,

colegas, professores... Quantas ocasiões, todos os dias… Maria é o melhor exemplo

que podemos imitar, sempre doce, forte e serena no meio das provas e das maiores

fadigas. Em Belém, à procura de um lugar, no Egipto onde chegou com Jesus menino,

e S. José, fugitivos entre gente desconhecida; nos três dias da procura de Jesus no

Templo, com aquela amargura no coração, na separação de Jesus ao início da sua

vida pública com os choques inevitáveis com os fariseus, nas sequências duras do

Calvário aos pés da Cruz de seu Jesus adorado. A paciência de Maria! Veremos no

Paraíso como a sua paciência superou a paciência de todos os homens juntos.

Jesus disse que com a paciência salvaríamos as nossas almas (cf. Lc 21,19)

E mais, com a paciência se conquistam e salvam até as almas dos outros, porque o

homem paciente vale mais do que o homem forte e quem domina o carácter vale

mais do que “um conquistador de cidades” (Pr 16,32). S. José Cafasso era capelão

dos condenados à morte, podendo entrar nas celas e estar com os presos à vontade.

Parecia um anjo de serenidade e de paciência naquele ambiente fedorento e

repugnante, levando-lhes sempre alguma coisa de presente. Um dia, foi um cesto

com cerejas. Após comerem as cerejas, os encarcerados divertiam-se a atirar-lhes

os caroços. “Deixai-os. É a única distracção que eles têm” - disse o santo. Com esta

doce paciência, ele podia penetrar nos corações deles e prepará-los para enfrentar a

morte, beijando o Crucifixo e invocando Maria.

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Pontos de esforço:

• Faz um esforço por ter gestos sinceros de paciência, especialmente para

com quem mais nos custa;

• Procura ajudar quem nos está mais próximo a não falhar na virtude da

paciência, evitando ser causa de irritações ou zangas;

• Enfrenta as situações típicas que te impacientam, imaginando Maria a pedir-

te, como pede uma mãe: “Sê paciente!”.

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26° DIAA OBEDIÊNCIA

A obediência é a virtude que nos leva a submeter a nossa vontade à de Deus

e à dos nossos Superiores que representam Deus. A primeira obediência devemo-la

a Deus, que é o nosso Pai e Criador. “Do Senhor é a terra e tudo quanto contém” (Sl

23,1). Como seus filhos muito amados, devemos-Lhe obediência filial. A obediência

a Jesus é inseparável da Redenção. Ele resgatou-nos com o Seu Sangue e por isso

pertencemos-Lhe e somos seus. O mandamento de obediência aos nossos superiores

vem do facto de eles serem representantes de Deus. Sabemos bem que Deus não

nos governa directamente, mas através dos Seus delegados que Ele faz participantes

da Sua autoridade. “Não existe autoridade que não venha de Deus” (Rm 13,2).

Maria dá-nos um grande exemplo de obediência. As primeiras páginas do

Evangelho de S. Lucas abrem-se com o “Fiat” de Maria ao Anjo Gabriel (cf. Lc 1,38).

Ela obedeceu humildemente ao enviado, ao representante de Deus, aceitando coisas

humanamente inconcebíveis - como a Concepção Virginal do Verbo, Filho de Deus e

a Maternidade divina - e as coisas dolorosas até à pior tragédia de uma mãe: oferecer

o próprio filho para ser crucificado. Maria foi obediente à ordem de Augusto para

o recenseamento, à lei da Apresentação e Purificação; obedeceu ao fugir para o

Egipto e obedeceu ao voltar do Egipto para Nazaré. No Calvário, encontramos Maria

obediente, onde se cumpriu propriamente: “espada que lhe trespassou a alma” (Lc

2,35, Lc 5,1-15, 21-24,Mt 2,13-15, 19-23). A obediência à vontade, sem reservas: “Faço

sempre o que é do seu agrado”. (Jo 8,29) Esta é a atitude do verdadeiro obediente:

“não a minha, mas a tua vontade”. (Lc 22,12).

Pontos de esforço:

• Procura obedecer com a “atitude” certa aos teus mais óbvios superiores,

os teus pais – tenta obedecer-lhes convictamente, como fazia Maria, e não

resignadamente;

• Está alguns minutos ajoelhado em frente a um sacrário e pedir-lhe de

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coração sincero: “Pai, faz com que a minha vontade seja só a Tua vontade!”;

• Tenta conhecer melhor (dentro do possível) os teus superiores, seja no

trabalho, na faculdade, nos movimentos, etc. Pode ser mais fácil obedecer com

convicção, quando conhecemos e confiamos em quem nos dirige.

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27° DIAA HUMILDADE

“Patife! - gritou o demónio ao Cura d’Ars, empurrando-o contra a parede do

quarto - Já me roubaste oitenta mil almas este ano! Se existissem quatro sacerdotes

como tu, estaria logo acabado o meu reino no mundo.” Santo Cura d’Ars era, talvez,

o sacerdote menos capaz e mais desprevenido de França. Entrou no seminário por

uma Graça especial de Nossa Senhora: sabia rezar bem o Terço. Manteve-se sempre

na sua humildade, consciente de que era pouco capaz. Mas Deus, com a Sua Graça,

fez o resto. O Inferno inteiro nada pôde frente a este sacerdote humilde. É a verdade

da Palavra de Deus: “Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado”.

(Lc 14,11).

A humildade de Maria é-nos apresentada nas primeiras páginas do Evangelho:

“Eis aqui a escrava do Senhor”. Manifesta-se na Visitação a Santa Isabel, que lhe grita

justamente: “A que devo a honra de que venha a mim a Mãe do meu Senhor?”. A

Humildade de Maria brilha no nascimento de Jesus numa pobre gruta, porque não

havia lugar para eles na hospedaria (cf. Lc 1,38; 43;2,7). Mantém-se silenciosa e

discreta durante os 30 anos que viveu com Jesus em Nazaré. E no Calvário onde

Maria está presente como Mãe do Condenado. Como sempre, não há melhor escola

de humildade que a vida de Nossa Senhora.

Santo Ambrósio dizia que a humildade é o trono da sabedoria. Devemos

pedir a Maria esta sabedoria. E queira Ela que nós a tenhamos, porque as outras

virtudes - diz Santo Agostinho - batem à porta do coração de Deus: a humildade abre!

Inspiremo-nos nos três episódios do evangelho mais expressivos sobre

a humildade. Depois da pesca milagrosa, S. Pedro é transformado pelo prodígio

operado por Jesus e não pode controlar-se e ajoelha-se a dizer: “Afasta-te de mim,

Senhor, porque sou um homem pecador”. “Tu serás pescador de homens!” (cf. Lc

5,8-10). Um pobre publicano está no fundo do Templo e não ousa nem levantar o

olhar, mas geme humildemente: “Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”. Jesus

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assegura-nos que ele saiu do Templo purificado, diferente do Fariseu orgulhoso (cf.

Lc 18 9-14). No Calvário, o bom ladrão confia-se humildemente ao Inocente: “Jesus,

lembra-te de mim quando entrares no Teu Reino”. Ainda nesse dia, entrou no Reino

dos Céus (cf. Lc 23,43). Somos quase tentados a dizer que até Jesus cede diante da

humildade. Esta é verdadeiramente uma chave que abre o Coração de Deus. Pedimos

à Virgem Maria que nos queira dar esta “chave” do coração de Deus.

Pontos de esforço:

• Lê e medita os três episódios de profunda humildade presentes no

evangelho e citados neste texto;

• Escolhe uma situação típica do teu dia-a-dia em que me deixo levar demasiado

pelo orgulho e procurar “humilhar-me” propositadamente, colocando-me em

segundo plano;

• Reza na natureza, contemplando a grandeza de tudo aquilo que Deus criou

e compreendendo a nossa tão grande e humilde pequenez.

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28° DIAA PUREZA

A pureza é a virtude mais clara e luminosa de Nossa Senhora. O esplendor

da sua Virgindade sempre intacta faz d’Ela a criatura mais radiosa que se possa

imaginar. O dogma de fé na Virgindade Perpétua de Maria Santíssima, o dogma

de fé na Concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, o dogma de fé

na Maternidade Virginal de Maria: estes três dogmas investem a Imaculada de um

esplendor virginal que “os céus dos céus não podem conter”. (I Re 8,27)

Que grande desafio é aquele com que estamos confrontados no mundo de

hoje! Como conjugar esta imagem tão bonita da pureza de Nossa Senhora com uma

sociedade que nos oferece cada vez mais imagens e actos de impureza, de uma visão

desordenada da sexualidade? Como viver com um coração puro e recto num mundo

em que tudo é relativo e em que sobram muito poucos valores absolutos? Maria

disse pela pequena e inocente Jacinta (que ignorava o verdadeiro significado daquilo

que dizia) que os pecados que mais desviam almas do Céu são os pecados da carne.

Quem poderia desmentir esta afirmação ao observar o que o mundo nos mostra

todos os dias? A verdade é que os pecados da carne, não sendo os piores nem os

mais graves, são os mais frequentes. Nós conhecemos o valor da pureza proclamada

por Jesus: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (cf. Mt 5,8);

conhecemos os dois mandamentos de Deus que nos resguardam da impureza: sexto

e nono. E, de facto, mesmo conhecendo todas estas preciosas orientações que nos

indicam o caminho para uma vida de pureza, deixamo-nos demasiadas vezes levar

pelos prazeres mais momentâneos, que acabam sempre por se revelar incapazes de

preencher a necessidade de amor que temos inscrita no nosso coração.

Quais são, então, os remédios? Fugir das ocasiões de pecado, a oração e os

sacramentos. Parece evidente que a vida do homem na terra é uma batalha (cf. Jo 71)

e que é necessária a contínua vigilância com a ajuda de Deus (oração e sacramentos)

para que não se deixe dominar pela concupiscência (cf. I Ts 4,5). São muitos os

exemplos dos santos que nos ajudam a viver mais intensamente o propósito de

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ter um coração puro, defendendo os nossos sentidos com inúmeras estratégias:

S. Domingos Sávio recusava ler certas revistas que recebia dos companheiros,

rasgando-as; S. Afonso Maria de Ligório tirava os óculos quando o pai o levava ao

teatro para ver espectáculos menos próprios... Acima de tudo, importa ter presente

que somos nós quem melhor conhece as nossas fraquezas e as tentações que nos

são mais difíceis de resistir. Por isso, temos de saber defender a pureza do nosso

coração, sem extremismos, mas com muita prudência.

Pontos de esforço:

• Reza, hoje com ainda mais significado, três Ave Marias em honra e glória da

pureza de Nossa Senhora;

• Deita fora qualquer coisa que tenhas que não te ajuda a viver a modéstia;

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29° DIAA CARIDADE

A Caridade é a Rainha das virtudes. A Caridade é a perfeição do homem.

A Caridade é a plenitude da vida cristã. Por quê? Porque Deus é Caridade e quem

está na Caridade está em Deus e Deus nele (cf. I Jo 4,16). A substância principal da

caridade é a Graça de Deus na alma, é o amor de Deus no coração e nas intenções.

O amor de Jesus empurra. Quando existe o amor de Deus no coração, a

Caridade pelo próximo é elevada até ao heroísmo mais puro, e são tantos os exemplos

que temos no passado e no presente da Igreja. S. Francisco de Assis, que não só

não fugiu, mas aproximou-se e beijou o leproso; Santa Isabel da Hungria que pôs

na própria cama um leproso abandonado na rua; os missionários que enfrentaram

e enfrentam riscos e dores mortais por aqueles que evangelizam; e tantos outros

santos... Quantos gestos de enorme caridade material e espiritual não fizeram eles

empurrados pelo Amor de Jesus? Dizia S. Paulo: “O Amor de Cristo nos impele”

(cf. II Cor 5,14). Não um amor comum, mas um Amor que os inspirava a amar sem

medida, mesmo que para isso tivessem que entregar, num acto de amor supremo,

a sua vida. Quando o S. Cura d’Ars converteu (isto é, ajudou à conversão) a mulher

de um homem rico, este deslocou-se furioso a Ars. Apresentando-se ao Santo, diz-

lhe brutalmente: “Pela paz que destruíste em minha casa, eu vim arrancar um dos

teus olhos.” “Qual dos dois?” Desconcertado, o homem rico respondeu: “O direito!”

“Bem, ficará o esquerdo para vos olhar e amar”. “E se eu arrancar os dois?” “Ficará o

meu coração para vos olhar e amar”. Transformado, o homem rico caiu de joelhos e

chorou, convertido. Eis a potência do amor de Jesus.

A Caridade fraterna mais alta e perfeita é aquela que nos faz amar o

próximo com o mesmo coração que Jesus. “Tendes em vós os mesmos sentimentos

que Cristo” (cf. Fp 2,5): É este o mandamento novo e sublime de Jesus: “Amai-vos

como eu vos amei, porque assim reconhecerão que sois meus discípulos” (cf. Jo

13,35). O Santo é aquele que amando de tal forma Jesus, acaba por ser capaz de

amar como Ele.. Ele sabe encontrá-lO, vê-lO e abraçá-lO, onde quer que Jesus esteja:

-44-

na Eucaristia, no Evangelho, no Papa, nos pobres e doentes, miseráveis e rejeitados,

com os quais Jesus se identificou (cf. Mt 25,31-45).

Quem ama verdadeiramente a Mãe de Deus chega à semelhança com Ela e

produz frutos maravilhosos de Graça e virtude, sobretudo no exercício da Caridade.

São Maximiliano tornou-se semelhante a Maria no sacrifício, tão grande era o seu

amor: oferecer a sua vida de sacerdote, apóstolo, fundador das cidades da Imaculada,

escolhendo morrer dolorosamente numa cave de Auschwitz para assim salvar a vida

de um pai de família. Ele, amando profundamente Maria, fez conforme o seu filho (cf.

Rm 8,29), na medida máxima do amor proclamado por Jesus: “Ninguém tem maior

amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (cf. Jo 15,13).

Pontos de esforço:

• Examina, em consciência, a tua vida e reconhece todas as vezes em que,

quando fazes o Bem, te sentes “empurrado” pelo Amor de Jesus;

• Procura ter um gesto concreto de caridade para com aqueles que, à tua

volta, mais sofrem;

• Faz uma visita a uma capela ou Igreja dedicada a Nossa Senhora, e aproveitar

para dar graças por todos aqueles que te amam, e que fazem crescer em ti a

vontade de amar cada vez mais perfeitamente como Jesus amava.

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30° DIAA DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA

“Se Deus nos predestinou para nos conformarmos com o seu Filho (cf. Rm

8,29), Maria - diz S. Luís Maria Grignion de Montfort - foi a forma que formou Jesus

e que continuou a formar Jesus em todos os que a Ela se entregam”. Esculpir uma

estátua exige um grande trabalho; servir-se de uma forma pré-esculpida é muito

mais simples. Por isso é que os devotos de Maria podem conformar-se com Jesus

da maneira mais rápida, mais fácil e mais agradável, dizia S. Maximiliano Maria Kolbe.

Quem acha que a Devoção a Maria compromete a plenitude da vida cristã está

profundamente errado e é a própria Igreja que assim ensina! S. Pio X, numa encíclica

mariana, recolhendo a voz dos padres e dos santos, escreve: “Ninguém no mundo

conheceu tão profundamente Jesus como Maria. Ninguém é maior mestre e melhor

guia para nos ajudar a conhecer Cristo. Por consequência, ninguém é mais eficaz do

que a Virgem para unir os homens a Jesus.”

Dizia-nos também São Boaventura: “Por intermédio d’Ela, Deus desceu

até nós e assim nós podemos ascender até Deus, ninguém pode entrar no Paraíso

senão passa por Maria que é a porta do Céu”. Portanto, quando S. Carlos Borromeu

mandava pôr a imagem de Nossa Senhora em todas as portas das Igrejas, queria

mostrar aos cristãos que não se pode entrar no Templo do Paraíso sem passar pela

“Porta do Céu”. Como conclusão, se temos devoção a Maria, devemos guardá-la e

cultivá-la com grande amor. Se não a temos, peçamo-la com todas as nossas forças

como dom de Graça principal deste verão. . Tinha razão S. Padre Pio, ao dizer que a

devoção a Maria vale mais que a teologia e a filosofia, e tinha razão S. Maximiliano ao

dizer que o amor a Maria faz-nos viver e morrer felizes.

Pontos de esforço:

• Reza, com especial significado, 3 Ave Marias de manhã e à noite, como sinal

da entrega de toda a tua vida a Maria;

• Fala com algum amigo ou familiar sobre Maria e sobre qual o papel que

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Nossa Senhora ocupa no caminho de fé de cada um;

• A partir de hoje, leva sempre contigo ou tem sempre ao alcance do teu olhar

alguma coisa que te lembre de Maria, Tua Querida e Santa Mãe.

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31° DIAO TERÇO

Em Fátima, a cada aparição, Maria recomendava a recitação do Santo Terço.

Ainda mais na última aparição, na qual Ela se apresentou como Nossa Senhora do

Rosário. É verdadeiramente grande a importância que Nossa Senhora deu ao Terço.

Lúcia afirmou que “desde que a Virgem Santíssima deu uma grande eficácia ao Santo

Terço, não existe problema material, espiritual, nacional ou internacional que não se

possa resolver com o Santo Terço e com os nossos sacrifícios.”

O Terço purifica a nossa alma das culpas e enche-a com a Graça. S.

Maximiliano escrevia na sua agendazinha: “Que quantidade de contas tem o Terço

e que quantidade de almas salva!” Será que acreditamos no poder de converter

corações afastados do Amor de Deus que rezar o Terço pode ter?

Sobretudo os santos demonstraram a eficácia da graça do Terço. Estes

foram verdadeiros apóstolos do Rosário: S. Pedro Canísio, S. Carlos Borromeu, S.

Camilo Lélis, S. António Maria Gianelli, S. João Bosco... Entre os maiores, talvez,

se sobressaia S. Padre Pio. No seu exemplo, existe um prestigioso grau de sobre-

humano, pois ele chegou a rezar mais de cem Terços, todos os dias, durante muitos

anos. Um modelo gigante que garantiu a fecundidade do Terço para a sua santificação

e para a salvação das almas. Quantos milhões de almas não foram misteriosamente

atraídas por aquele frade que durante horas e horas, dia e noite, contava as contas

do Terço aos pés de Nossa Senhora com as suas mãos ensanguentadas pelas chagas

de Cristo que tinha nas mãos? Ele demonstrou verdadeiramente que “o Terço é a

corrente de salvação pendurada nas mãos do Salvador e da sua Ditosa Mãe e que

indica de onde descem até nós as graças”.

As Ave Marias transportam-nos para os mistérios do Terço, para os

mistérios da nossa salvação, pois ao rezar entramos numa meditação profunda do

Amor de Deus. O espaço não é nunca um obstáculo para o Terço, pois podemos

rezá-lo aos pés do altar ou pela rua. Quando o nosso coração e a nossa cabeça se

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dirigem verdadeiramente a Maria, pouco ou nada importa se estamos na Igreja, no

comboio, a caminhar ou a voar de avião. Esta facilidade que o Terço oferece a quem

quiser rezá-lo, aumenta a nossa responsabilidade. Um quarto de hora do nosso dia,

em qualquer lugar, a qualquer hora, com qualquer pessoa, sem livros nem grandes

cerimónias, num tom de voz alto ou sussurrando...

Não desperdicemos tempo com coisas que não nos ajudam a crescer e que

não nos fazem bem quando temos um tesouro para valorizar como o Terço. Digamos

e prometamos a Maria como conclusão deste verão mariano:

De hoje em diante, todos os dias da minha vida, rezarei um Terço para Ti,

ó Maria, como se vos entregasse todos os dias um ramo de bonitas flores!

Pontos de esforço:

• Reza um Terço em agradecimento pelo teu verão, aproveitando para meditar

no que de bom te aconteceu e naquilo que, sendo mau, te ensinou alguma coisa;

• Procura ler um bom livro sobre o Terço e sobre as graças que ele traz a

quem o reza diariamente;

• Consagra-te ao Coração Imaculado de Maria, passando a rezar todos os dias

ao acordar a Consagração a Nossa Senhora.

Bom começo de aulas e de trabalho equipista!

Lembra-te que és filho de Maria!

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NOTA DE EQUIPISTAS

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NOTA DE EQUIPISTAS

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MAGNIFICAT

A minha alma glorifica o SenhorE o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.

Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.De hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.

O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.Santo é o seu nome.

A sua misericórdia se estende de geração em geraçãoSobre aqueles que o temem.

Manifestou o seu braço e dispersou os soberbos.Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.

Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.Acolheu a Israel seu servo,

Lembrado da sua misericórdia,Como tinha prometido a nossos pais

A Abraão e à sua descendência para sempre.Glória ao Pai e ao Filho

E ao Espírito Santo.

Ámen.

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“Queridos peregrinos, temos Mãe, temos Mãe! Agarrados a ela como filhos, vivamos da

esperança que assenta em Jesus.”

Papa FranciscoFátima 2017