amostragem, preservação e caracterização físico-química e

92
Guia do profissional em treinamento Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA Amostragem, preservação e caracterização físico-química e microbiológica de águas de abastecimento Abastecimento de água Nível 2

Upload: trinhkien

Post on 07-Jan-2017

228 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento

Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA

Amostragem, preservação e caracterização

físico-química e microbiológica de águas de abastecimento

Abas

tecim

ento

de ág

ua

Nível 2

26-AA-APCF-2 capa 2.indd 126-AA-APCF-2 capa 2.indd 1 4/6/2008 11:18:034/6/2008 11:18:03

Page 2: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

26-AA-APCF-2 capa 2.indd 226-AA-APCF-2 capa 2.indd 2 4/6/2008 11:18:084/6/2008 11:18:08

Page 3: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento

Amostragem, preservação e caracterização

físico-química e microbiológica de águas de abastecimento

Abas

tecim

ento

de ág

ua

Nível 2

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1 4/6/2008 11:13:184/6/2008 11:13:18

Page 4: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA

Realização Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - NUCASE

Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo | Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas

Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do Ministério da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades

Apoio organizacional Programa de Modernização do Setor Saneamento-PMSS

Comitê consultivo da ReCESA

· Associação Brasileira de Captação E Manejo de Água de Chuva – ABCMAC · Associação Brasileira de Engenharia Sanitária E Ambiental – ABES · Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH · Associação Brasileira de Resíduos Sólidos E Limpeza Pública – ABLP · Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – AESBE · Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE · Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – Concefet · Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura E Agronomia – CONFEA · Federação de Órgão Para A Assistência Social E Educacional – FASE · Federação Nacional dos Urbanitários – FNU · Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográfi cas – Fncbhs · Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras

– Forproex · Fórum Nacional Lixo E Cidadania – L&C · Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental – FNSA · Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM · Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS · Programa Nacional de Conservação de Energia – Procel · Rede Brasileira de Capacitação Em Recursos Hídricos – Cap-Net Brasil

Comitê gestor da ReCESA

· Ministério das Cidades; · Ministério da Ciência e Tecnologia; · Ministério do Meio Ambiente · Ministério da Educação; · Ministério da Integração Nacional; · Ministério da Saúde; · Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico Social (BNDES); · Caixa Econômica Federal (CAIXA);

Parceiros do Nucase

· Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro · Cesan/ES - A Companhia Espírito Santense de Saneamento · Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana · Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais · DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo · DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas · Fundação Rio-Águas · Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural · IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo · PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí · SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG. · SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo · SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. · SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte · Sudecap/PBH - Superintendência de desenvolvimento da capital da prefeitura de Belo Horizonte · UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto · UFSCar - Universidade Federal de São Carlos · UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2 4/6/2008 11:13:394/6/2008 11:13:39

Page 5: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Abas

tecim

ento

de ág

ua

Nível 2Guia do profi ssional em treinamento

Amostragem, preservação e caracterização

físico-química e microbiológica de águas de abastecimento

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3 4/6/2008 11:13:404/6/2008 11:13:40

Page 6: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Conselho Editorial Temático

Valter Lúcio de Pádua | UFMGBernardo Nascimento Teixeira | UFSCar

Edumar Coelho | UFESIene Christie Figueiredo | UFRJ

Profi ssionais que participaram da elaboração deste guia

Professores Valter Lúcio de Pádua | Cristina Célia Silveira BrandãoEliane Prado C. C. Santos (conteudista) | Izabel Chiodi Freitas (validadora)

Créditos

Consultoria pedagógica

Cátedra da Unesco de Educação a Distância - FaE/UFMGJuliane Correa | Sara Shirley Belo Lança

Projeto Gráfi co e Diagramação Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi

Impressão Sigma

É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.

A118 Abastecimento de água : amostragem, preservação e caracterização físico-química e microbiológica de águas de abastecimento : guia do profi ssional em treinamento : nível 2 / Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). – Belo Horizonte : ReCESA, 2008. 88 p.

Nota: Realização do NUCASE – Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental e coordenação de Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, Emília Wanda Rutkowski, Isaac Volschan Junior e Sérvio Túlio Alves Cassini.

1. Abastecimento de água. 2. Água - Qualidade. 3. Tratamento de água. I. Brasil. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. II. Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental. CDD – 628.1

Catalogação da Fonte : Ricardo Miranda – CRB/6-1598

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4 4/6/2008 11:13:404/6/2008 11:13:40

Page 7: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Apresentação da ReCESA

A criação do Ministério das Cidades no Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, permitiu que os imensos desafi os urbanos passassem a ser encarados como política de Estado. Nesse contexto, a Secretaria Nacional de Saneamento

Ambiental (SNSA) inaugurou um paradigma que inscreve o saneamento como política pública, com dimensão urbana e ambiental, promotora de desenvolvimento e da redução das desigualdades sociais. Trata-se de uma concepção de saneamento em que a técnica e a tecnologia são colocadas a favor da prestação de um serviço público e essencial.

A missão da SNSA ganhou maior relevância e efetividade com a agenda do saneamento para o quadriênio 2007–2010, haja vista a decisão do Governo Federal de destinar, dos recursos reservados ao Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, 40 bilhões de reais para investimentos em saneamento.

Nesse novo cenário, a SNSA conduz ações em capacitação como um dos instrumentos estratégicos para a modifi cação de paradig-mas, o alcance de melhorias de desempenho e da qualidade na prestação dos serviços e

a integração de políticas setoriais. O projeto de estruturação da Rede de Capacitação e

Extensão Tecnológica em Saneamento

Ambiental – ReCESA constitui importante iniciativa nesta direção.

A ReCESA tem o propósito de reunir um conjunto de instituições e entidades com o objetivo de coordenar o desenvolvimento de propostas pedagógicas e de material didático, bem como promover ações de intercâmbio e de exten-são tecnológica que levem em consideração as peculiaridades regionais e as diferentes políticas, técnicas e tecnologias, visando capacitar profi s-sionais para a operação, manutenção e gestão dos sistemas de saneamento. Para a estruturação da ReCESA, foram formados núcleos regionais e um comitê gestor, em nível nacional.

Por fi m, cabe destacar que o projeto ReCESA tem sido bastante desafi ador para todos nós, que constituímos um grupo predomi-nantemente formado por profi ssionais da engenharia, que compreendeu a necessi-dade de agregar outros olhares e saberes, ainda que para isso tenha sido necessário “contornar todos os meandros do rio, antes de chegar ao seu curso principal”.

Comitê Gestor da ReCESA

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5 4/6/2008 11:13:404/6/2008 11:13:40

Page 8: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Apresentação do Nucase

O Núcleo Sudeste de Capacitação e

Extensão Tecnológica em Saneamento

Ambiental – Nucase tem por objetivo o desenvolvimento de atividades de capacitação de profi ssionais da área de saneamento, nos quatro estados da Região Sudeste do Brasil.

O Nucase é coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, tendo como instituições co-executoras a Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Atendendo aos requisitos de abrangência temática e de capilaridade regional, as universidades que integram o Nucase têm como parceiros, em seus estados, prestadores de serviços de sane-amento e entidades específi cas do setor.

Coordenadores institucionais do Nucase

O NuReCO

O NuReCO – Núcleo Regional Centro-Oeste

de Capacitação e Extensão Tecnológica

em Saneamento Ambiental – tem por objetivo o desenvolvimento de atividades de capacitação de profi ssionais da área de saneamento nas unidades da federação que compõe a Região Centro-Oeste do Brasil.

O NuReCO é coordenado pela Universidade de Brasília – UnB – tendo como instituições co-executoras a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal de Goiás. Atendendo os quesitos de abrangência temática e de capilaridade regional, as univer-sidades que integram o NuReCO têm como parceiros prestadores de serviços de sanea-mento e entidades específi cas do setor.

Coordenação Institucional do NuReCO

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6 4/6/2008 11:13:404/6/2008 11:13:40

Page 9: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Apresentação da coletânea de guias

A coletânea de materiais didáticos produ-zidos pelo Nucase é composta de 42 guias que serão utilizados em ofi cinas de capaci-tação para profi ssionais que atuam na área do saneamento. São seis guias que versam sobre o manejo de águas pluviais urbanas, doze relacionados aos sistemas de abaste-cimento de água, doze sobre sistemas de esgotamento sanitário, nove que contem-plam os resíduos sólidos urbanos e três que terão por objeto temas que perpassam todas as dimensões do saneamento, denominados temas transversais.

Dentre as diversas metas estabelecidas pelo Nucase, merece destaque a produção dos Guias dos profi ssionais em treinamento, que servirão de apoio às ofi cinas de capa-citação de operadores em saneamento que possuem grau de escolaridade variando do semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os guias têm uma identidade visual e uma abordagem pedagógica que visa estabelecer um diálogo e a troca de conhecimentos entre os profi s-sionais em treinamento e os instrutores. Para isso, foram tomados cuidados especiais com a forma de abordagem dos conteúdos, tipos de linguagem e recursos de interatividade.

Equipe da central de produção de material didático - CPMD

Apresentação da área temática: Abastecimento de água

A série de guias relacionada ao abastecimento de água resultou do trabalho coletivo que envolveu a participação de dezenas de profi ssionais. Os temas que compõem esta série foram defi ni-dos por meio de uma consulta a companhias de saneamento, prefeituras, serviços autôno-mos de água e esgoto, instituições de ensino e pesquisa e profi ssionais da área, com o objetivo de se defi nirem os temas que a comunidade técnica e científi ca da Região Sudeste considera, no momento, os mais relevantes para o desen-volvimento do projeto Nucase.

Os temas abordados nesta série dedicada ao abastecimento de água incluem: Qualidade de água e padrão de potabilidade; Construção, operação e manutenção de redes de distribuição de água; Operação e manutenção de estações elevatórias de água; Operação e manutenção de estações de tratamento de água; Gerenciamento de perdas de água e de energia elétrica em siste-mas de abastecimento de água; Amostragem, preservação e caracterização físico-química e microbiológica de águas de abastecimento; Gerenciamento, tratamento e disposição fi nal de lodos gerados em ETAs. Certamente há muitos outros temas importantes a serem abordados, mas considera-se que este é um primeiro e importante passo para que se tenha material didático, produzido no Brasil, destinado a profi s-sionais da área de saneamento que raramente têm oportunidade de receber treinamento e atualização profi ssional.

Coordenadores da área temática de abastecimento de

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7 4/6/2008 11:13:414/6/2008 11:13:41

Page 10: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8 4/6/2008 11:13:414/6/2008 11:13:41

Page 11: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Sumário

1. Introdução .............................................................................. 112. Qualidade da água ..................................................................13 2.1. Saneamento e saúde pública........................................14 2.2. - Bacia hidrográfi ca .....................................................17 2.3. – Mananciais de onde se coleta a água para tratar .......18 2.4. – Impurezas contidas na água .....................................19 2.5. – Parâmetros de qualidade de água ............................ ??? 2.6. – Portaria n° 518/2004 do MS ......................................223. Conceitos básicos de química .................................................24 3.1. – Conceitos básicos .....................................................24 3.2. – Soluções ...................................................................314. Amostragem ...........................................................................45 4.1. – Métodos de amostragem ...........................................47 4.2. – Amostras ..................................................................50 4.3. – Quantidade de amostras e freqüência segundo a Portaria n° 518/2004 MS ..................................................51 4.4. – Cuidados com os materiais e reagentes utilizados para coleta e análises das amostras ...58 4.5. – Armazenamento e preservação de amostras .............63 4.6. – Cuidados gerais no laboratório .................................70 4.7. – Disposição de resíduos de laboratório .......................73 4.8. – Análises para medição dos parâmetros físicos, químicos e biológicos .............................................73 4.9. – Interpretação de resultados laboratoriais ..................865. Prática de laboratório ..............................................................866. Para você saber mais!..............................................................88

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 9 4/6/2008 11:13:414/6/2008 11:13:41

Page 12: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 10 4/6/2008 11:13:414/6/2008 11:13:41

Page 13: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Introdução

Caro profi ssional,

O tema desta nossa ofi cina é “Amostragem, Preservação e Caracterização Físico-Química e Microbiológica de Águas de Abastecimento”. Nesses quatro dias, vamos discutir diversos assuntos relacionados ao seu trabalho. Vamos trocar experiências, esclarecer dúvidas, relem-brar o que já foi esquecido, aprender coisas novas e conhecer outras pessoas que fazem trabalhos semelhantes ao seu. Enfi m, estaremos reunidos para ensinar e aprender, e, por isso, a sua participação é muito importante.

Discutiremos os seguintes conceitos-chave:Qualidade da água; Conceitos básicos de química; Amostragem; Prática de laboratório.

Nesses dias em que estaremos reunidos, queremos discutir mais do que a rotina do seu trabalho. Queremos discutir o quanto o seu trabalho é importante para a sociedade. Vamos falar sobre instituições que podem ser consultadas para ajudar na realização do seu trabalho, já que ele exige tanta respon-

sabilidade. Afi nal, você e seus colegas têm a nobre missão de coletar, caracterizar e anali-sar amostras da água que vai ser consumida por milhares de pessoas e, por isso, têm de se esforçar ao máximo para garantir que as análises sejam realizadas corretamente, a fi m de garantir resultados confi áveis. Os resultados gerados por vocês serão utiliza-dos para tomada de decisões, no intuito de proteger a saúde da população. É para isso que estamos reunidos, e é com essa fi nali-dade que foi produzido este Guia.

O Guia contém textos, atividades e infor-mações que serão utilizadas durante toda a ofi cina. Esperamos que ele seja útil a você como profi ssional responsável por coletas e análises de amostras de água e como cidadão preocupado com a preservação do meio ambiente e com a saúde da população.

Nossa primeira atividade será realizar um exer-cício individual relacionado ao seu trabalho. Procure participar!

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 11 4/6/2008 11:13:414/6/2008 11:13:41

Page 14: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

12 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Situação do dia-a-dia

Houve um surto de diarréia na sua cidade, resultando em várias internações. Diante disso, no laboratório onde você trabalha, foram realizadas, duas análises de coliformes em amostras de água cole-tadas na saída da estação de tratamento de água da cidade. Em uma das amostras, foi detectada a presença de coliformes. A partir desse relato, responda às perguntas a seguir.

a) Por que você acha que houve diferença nos resultados das amos-tras? Diante do fato ocorrido, que providências você acha que devem ser tomadas?

b) Comente como o trabalho realizado por você pode contribuir para diminuir o número de internações hospitalares.

c) A presença de coliformes na água está sempre associada à ocor-rência de eventos com diarréia?

Esta questão será reelaborada no fi nal da ofi cina. Aproveite a ofi cina!

Vamos iniciar, agora, discussões relacionadas à amostragem, à preservação e à caracterização físico-química e microbiológica de águas de abastecimento. Para começar, vamos responder, individualmente, às questões a seguir. Anote as respostas no seu Guia.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 12 4/6/2008 11:13:424/6/2008 11:13:42

Page 15: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 13

Qualidade da água

Cada vez mais, ouve-se falar sobre a água. Questões sobre preservação e poluição das fontes de água e escassez vêm sendo largamente discutidas.

Não há dúvida de que, quando as pessoas têm acesso a uma água com quali-dade e em quantidade adequadas, isso refl ete positivamente na saúde delas. Infelizmente, o fornecimento da água no mundo é muito desigual. Muitas pessoas têm água de qualidade, em abundância, e até a desperdiçam, mas a maioria não tem acesso à água com qualidade e em quantidade adequadas, o que provoca doenças e mortes.

Durante esta ofi cina, vamos discutir um pouco mais a qualidade da água e a importância do seu trabalho, para que a água tenha qualidade adequada para o consumo. Leia quais são os objetivos da atividade que iniciaremos.

- Discutir e refor-mular os conheci-mentos prévios dos profi ssionais sobre qualidade da água.

- Reformular e ampliar conceitos sobre o saneamento e como ele contribui para a saúde pública.

- Apresentar o con-ceito de bacia hi-drográfi ca e discutir como sua ocupação pode interferir na qualidade da água.

- Discutir os tipos de mananciais de onde se coleta água para tratar e a importân-cia de preservá-los.

- Ampliar e refor-mular os conceitos sobre impurezas contidas na água e sobre como são classifi cadas as águas doces.

- Discutir em que condições uma água pode ser con-siderada adequada para consumo, o conceito e a fi nali-dade do padrão de potabilidade (Portaria

518/2004 do Ministério

da Saúde).

OBJETIVOS:

A partir deste momento, vamos discutir saneamento e saúde pública; as impure-zas presentes na água; como essas impurezas são classifi cadas e quantifi cadas; e o que é uma água potável. Para entender melhor tudo isso, nosso primeiro as-sunto será “saneamento e saúde pública”.

O que é saneamento para você? Você acha que saneamento tem alguma relação com saúde pública? Comente esse assunto.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 13 4/6/2008 11:13:424/6/2008 11:13:42

Page 16: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

14 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Agora será feita uma exposição oral sobre o tema “qualidade da água”. Procure participar durante a exposição: relate suas experiências, faça perguntas, esclareça as dúvidas e procu-re identifi car o que complementa as respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

Saneamento e saúde pública

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre seu bem-estar físico, mental e social.

Saúde Pública: é a ciência e a arte de prevenir doenças, prolongar a vida e promover a saúde e a efi ciência física e mental, através de esforços organizados da comunidade, no sentido de realizar o saneamento do meio e o controle de doenças infecto-contagiosas; promover a educação do indivíduo baseada em princípios de higiene pessoal; organizar serviços médicos e de enfermagem para diagnóstico precoce e tratamento preventivo de doenças; desenvolver a maquinaria social, de modo a assegurar a cada indivíduo da comu-nidade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde.

Água com qualidade e em quantidade adequadas proporciona melhores condições de vida às pessoas, o que faz uma grande diferença para evitar diversos tipos de doenças.

Ainda hoje, milhares de pessoas adoecem e até morrem por causa de doenças relacionadas com a água. Essas doenças podem ocorrer: a) por veiculação hídrica, quando se ingere água que contenha algum contaminante ou organismo patogênico; b) por higiene inadequada, quando não há água com qualidade e em quantidade sufi ciente para a população; c) por proliferação de vetores que têm seu ciclo, ou parte dele, na água e que, de alguma forma, contaminam o homem ou outros animais.

Que doenças relacionadas com a água você conhece? Liste-as no quadro a seguir e depois confi ra suas respostas com os colegas e com o instrutor.

Doenças de veiculação hídrica

Doenças causa-das por falta de

higiene

Doenças causadas por vetores que têm o seu

ciclo na água

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 14 4/6/2008 11:13:434/6/2008 11:13:43

Page 17: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 15

Patogênico: que provoca ou pode provocar doenças.

De acordo com dados da OMS, aproximadamente 2,2 milhões de pessoas morrem de diarréia todos os anos, sendo a maioria delas crianças menores de cinco anos.

Um estudo estimou o impacto de várias ações para diminuir a mortalidade por diarréia. Veja na próxima tabela!

Ações para diminuir a mortalidade por diarréia

(%) de diminuição da mortali-dade por diarréia

Melhoria do esgotamento sanitário 32%

Melhoria do fornecimento de água 25%

Intervenções na higiene, como educação sanitária e adoção do hábito de lavar as mãos

45%

Melhoria na qualidade da água de beber por meio de tratamento caseiro, como o uso do cloro e estocagem adequada da água

39%

De acordo com o quadro Ações para diminuir a mortalidade por

diarréia, que ações você julga prioritárias e o que poderia comple-mentá-las? Como você trabalharia essas ações em seu município ou em sua comunidade?

No Brasil, a quantidade e a qualidade da água, muitas vezes, são insufi cientes para as necessidades básicas e não atendem ao padrão de potabilidade, o que possibilita a propagação de doenças.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 15 4/6/2008 11:13:434/6/2008 11:13:43

Page 18: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

16 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

A tabela a seguir apresenta dados do Censo Demográfi co de 2000 sobre porcentagens de pessoas com diferentes formas de acesso à água no Brasil.

Água Pop. urbana (%) Pop. rural (%)

Canalizada em pelo menos um cômodo 83,6 12,4

Canalizada só na propriedade ou terreno 5,5 5,4

Poço/fonte, canalizada em pelo menos um ponto do cômodo

4,9 26,3

Poço/fonte, canalizada só na propriedade ou terreno

0,6 4,7

Poço/fonte, não canalizada 2,1 25,4

Outras fontes 3,3 25,8

Observando a tabela anterior, como é realizado o abastecimento de água de seu município, bairro ou comunidade? Você acha que pode ser melhorado? Dê sugestões.

Observa-se que a maioria da população urbana possui água canali-zada em pelo menos um cômodo da casa. Já para a população rural, essa porcentagem não chega a 40%, o que demonstra a necessidade de investimento para melhoria dessa situação. A água com qualidade e em quantidade adequada é um direito de todos.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 16 4/6/2008 11:13:444/6/2008 11:13:44

Page 19: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 17

Você sabia? O Capítulo II da Constituição Federal trata sobre os DIREITOS SOCIAIS. O artigo 6° desse Capítulo diz: “Art. 6° São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Conforme pode ser observado, a água é essencial à qualidade de vida. Vamos ver como a ocupação da bacia hidrográfi ca pode infl uenciar a qualidade da água!

Vamos pensar juntos! Você sabe o que é bacia hidrográfi ca?

Bacia hidrográfi ca

É uma área natural cujos limites são defi nidos pelos pontos mais altos do relevo (divisores de águas ou espigões dos montes ou montanhas) e dentro da qual a água das chuvas é drenada superfi -cialmente por um curso de água principal até sua saída da bacia, no local mais baixo do relevo.

A importância das bacias hidrográfi cas para a garantia do desenvolvimento e da qualidade de vida das popula-ções é tão grande que, modernamente, o planejamento governamental e a atuação das comunidades tendem a ser feitos considerando-se as bacias hidrográfi cas.

Na bacia hidrográfi ca, as áreas que se situam tanto acima (a montante) quanto abaixo (a jusante) do ponto de captação merecem atenção especial de todos para impedir ações e atividades que possam prejudicar a qualidade e a quantidade da água do manancial que abastece a população.

A ocupação de uma bacia hidrográfi ca deve ser sempre plane-jada. Devem-se proteger os mananciais, avaliar a infl uência da impermeabilização do solo sobre os corpos d’água na bacia, destinar os esgotos e o lixo adequadamente, evitar o uso de agrotóxicos e cuidar para que as indústrias não lancem poluentes que prejudiquem a qualidade da água e do meio ambiente. O não-planejamento da ocupação da bacia pode trazer diversas conseqüências para o meio ambiente e a saúde pública, como surtos de diarréia, malária, dengue, esquistossomose, etc.

Fonte: w

ww

.manage.u

ff.br

Vista aérea de uma bacia hidrográfi ca

Vista aérea de uma bacia hidrográfi ca ocupada

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 17 4/6/2008 11:13:444/6/2008 11:13:44

Page 20: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

18 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Vamos percorrer a bacia virtual?

Em seu município há um comitê de bacia? Você sabe quem participa dele? Qual é a atuação do comitê?

Mananciais de onde se coleta a água para tratar

A água a ser tratada na ETA pode ser tanto de origem superfi cial (manancial superfi cial) quanto de origem subterrânea (manancial subterrâneo).

Você sabia? O artigo 20 da Constituição Federal, que trata sobre os bens da União, em seu inciso III, diz que são bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fl uviais.E o artigo 26, inciso I, diz que se incluem entre os bens dos estados as águas superfi ciais ou subterrâneas, fl uentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União.

Para utilizar a água, é necessário adquirir a outorga. A outorga é o instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos. Ela não dá ao usuário a proprie-dade da água, mas o direito de usá-la.

Para o uso de águas de mananciais de domínio da União, a autorga deve ser solicitada à Agência Nacional de Águas (ANA). Já o órgão que concede a outorga de águas de domínio do estado varia de estado para estado. Você sabe onde pedir a outorga em seu estado?

O endereço (site) na internet da Agência Nacional de Águas é: http://www.ana.gov.br/

A qualidade e a quantidade da água do manancial podem variar, dependendo da época do ano. Quando o local de onde se coleta água para tratar (captação) fi ca afastado da ETA, deve haver uma forma de o operador da ETA e o da captação comunicarem-se entre si. Ao perceber alterações na qualidade da água, o operador da captação deve avisar ao operador da ETA, que poderá fazer as alterações necessárias para o tratamento.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 18 4/6/2008 11:13:504/6/2008 11:13:50

Page 21: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 19

Deve-se procurar proteger os mananciais, de forma a evitar que a água seja contaminada. O manancial desprotegido tem a qualidade da água comprometida de tal forma, que seu tratamento começa a fi car muito caro.

Agora que já discutimos o que é uma bacia hidrográfi ca e que você viu a importância de se planejar sua ocupação de forma a não prejudicar a qualidade da água do manancial, o instrutor vai continuar a exposição, falando de modo um pouco mais detalhado sobre como a água pode ser contaminada.

Impurezas na água

As impurezas presentes na água são constituídas de gases, líquidos e partículas sólidas, que podem ou não ser percebidas a olho nu. A identifi cação da natureza dessas impurezas pode ser feita por meio de suas características físicas, químicas e biológicas.

O tratamento da água visa retirar as impurezas, total ou parcialmente, e torná-la potável, ou seja, transformar a água bruta em uma água que possa ser consumida sem causar danos à saúde humana.

A Resolução CONAMA 357/2005 dispõe sobre a classifi cação dos corpos de água e estabelece diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como condições e padrões de lançamento de efl uentes. Ela classifi ca a água doce em cinco classes: classe especial, classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4, segundo a qualidade requerida para os seus usos. A classe especial é considerada uma água de melhor qualidade. Já a classe 4 não é recomendada para tratamento.

Água com impurezasFon

te: http://

ww

w.fl ickr.

com/

photos/

bobkh/419

37179

6/

A Resolução CONAMA 357/2005 pode ser encontrada na internet no endereço (site) do Ministério do Meio Ambiente – http://www.mma.gov.br

Você sabe a classe do principal manancial da sua cidade e quais as principais impurezas encontradas nele?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 1926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 19 4/6/2008 11:13:504/6/2008 11:13:50

Page 22: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

20 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Vamos conferir!

Parâmetro Classifi cação Método de quantifi cação

Manganês

Coliformes

Cor

PH

Endrin

Atrazina

Turbidez

Mercúrio

Nitrato

Fósforo

A seguir, são apresentados alguns parâmetros de qualidade de água, contidos na Resolução CONAMA 357/2005, que são monitorados periodicamente pelo Poder Público para subsidiar a proposta de enquadramento dos corpos d’água. Preencha os espaços em branco, classi-fi cando-os como físicos, químicos ou biológicos e qual o método de quantifi cação.

físico químico biológico

Agora que os parâmetros foram classifi cados, comente a importância sanitária deles.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 20 4/6/2008 11:13:514/6/2008 11:13:51

Page 23: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 21

A água pode conter uma grande variedade de organismos que podem fazer mal à saúde e que não são vistos a olho nu. Fazer testes para identifi car cada tipo desses organismos seria demorado e caro. Por isso, é comum utilizar os organismos indicadores de contaminação como parâmetro biológico. Os organismos indicadores mais comuns de serem utilizados são as bactérias do grupo coliformes: coliformes totais (CT), coliformes termotolerantes (CT) e Escherichia coli (EC).

Vamos completar os espaços em branco com o grupo de bactérias correspondente?

Principais indicadores de contaminação fecal

Grupos de bactérias encontradas no solo, água, fezes humanas e de animais. Também podem ser chamados de coliformes ambientais.

Grupo de bactérias indicadoras de contaminação de animais de sangue quente.

Bactéria abundante em fezes humanas e de animais, dando garantia de contaminação fecal.

Como é feita a análise desses parâmetros biológicos no laboratório onde você trabalha? Qual o signifi cado sanitário deles?

A água pode ser contaminada de várias formas. Estas contaminações pode ser física, química ou biológica. Muitos compostos químicos utilizados na indústria e na agricultura acabam contaminando os corpos d’água de alguma forma. No caso da agricultura, essas substâncias podem ser carreadas pelas chuvas, sendo então conduzidas para os corpos d’água. Outra situação é quando esgotos domésticos ou industriais são lançados nos corpos d’água.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 21 4/6/2008 11:13:514/6/2008 11:13:51

Page 24: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

22 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Alguns pesticidas são difíceis de ser quantifi cados e também de ser retirados durante o tratamento de água. Muitas vezes só se consegue retirá-los por meio de trata-mentos complexos e caros.

fonte: h

ttp://w

ww

.cpaphils.org/gallery/

farm/

pesticide_spray1a.jpg

Em seu local de trabalho você costuma medir alguma substância química? Quais são as mais comuns?

Há, também, substâncias químicas que são utilizadas durante o tratamento de água e que devem ser quantifi cadas para verifi car se fi cou a quantidade mínima ou máxima permitida ou necessária na água.

Você sabe quais são essas substâncias e qual o valor máximo permitido delas na água distribuída à população? Qual a importância sanitária delas?

Vamos visitar o laboratório e acompanhar as medições de alguns parâmetros físicos, químicos e biológicos.

Por enquanto, foram discutidas diversas questões relacionadas ao saneamento e à saúde pública, à bacia hidrográfi ca, aos mananciais de onde se faz a captação e aos parâmetros de caracterização da água bruta. Vamos começar agora a discutir a água tratada, a água que, depois de passar pela ETA, é distribuída à população.

Como saber se a água é potável, se ela não vai causar danos à saúde de quem a consome? Será que existe alguma legislação que defi na as características da água que será distribuída? Esse é o assunto das próximas páginas.

Você já ouviu falar da Portaria MS nº 518/2004? Em seu local de trabalho há uma cópia dessa Portaria? Que parâmetros citados na Por-taria MS nº 518/2004 você analisa em seu local de trabalho?

Para ser considerada potável, a água, após o tratamento, deve ter, pelo menos, uma quali-dade mínima, que é determinada por meio da Portaria MS nº 518/2004. Essa Portaria é um

Portaria MS nº 518/2004

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 22 4/6/2008 11:13:514/6/2008 11:13:51

Page 25: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 23

Veja o signifi cado de vigilância e controle, segundo a Portaria 518/2004.

Vigilância: é um conjunto de ações adotadas, continuamente, pela autoridade de saúde pública, para verifi car se a água consumida pela população atende à Portaria nº518/2004 e para avaliar os riscos que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de água representam à saúde humana.

Controle: conjunto de atividades exercidas de forma contínua pelos responsáveis pela opera-ção de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, destinadas a verifi car se a água fornecida à população é potável, assegurando-se a manutenção dessa potabilidade.

Para controle da qualidade da água, devem ser utiliza-das planilhas, registrando-se os valores dos parâmetros monitorados na estação de tratamento de água e na rede de distribuição.

O operador e o técnico de laboratório devem avaliar, de forma crítica, os resultados medidos, pois alterações nesses resultados podem signifi car que alguma coisa está errada.

O não-monitoramento de forma adequada pode ter conseqüências graves para a saúde pública, como surtos de doenças, entre as quais a cólera, a diarréia e a hepatite.

Vimos que a água distribuída à população deve atender ao padrão de potabilidade brasi-leiro. Você deve estar pensando: “Como os cuidados na hora da coleta das amostras podem infl uenciar os resultados das análises? Qual a conseqüência de se fazer uma análise errada?” Vamos falar sobre tudo isso; mas, antes, vamos discutir alguns conceitos de Química que vão nos ajudar a entender melhor o assunto.

documento criado pelo Ministério da Saúde e revisado periodicamente. Nele estão regula-mentados procedimentos e padrões para vigilância e controle da qualidade da água.

Você sabe qual a diferença entre controle e vigilância? Qual deles é realizado em seu local de trabalho?

A Portaria MS nº 518/2004 pode ser encontrada na internet no endereço (site) do Ministério da Saúde – www.saude.gov.br – ou na Secretaria de Saúde do município.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 23 4/6/2008 11:13:524/6/2008 11:13:52

Page 26: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

24 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Conceitos básicos de química

O técnico de laboratório pode realizar diversas tarefas, tais como preparar material para fazer coleta de amostras, coletar amostras, preparar soluções e vidrarias para fazer análises, quantifi car parâmetros de qualidade de água, lavar vidrarias que são utilizadas durante as análises, armazenar dados obtidos e avaliá-los de forma crítica.

Para realização dessas tarefas, alguns conceitos básicos de Química são impor-tantes. Um exemplo são as especifi cações contidas nos produtos utilizados para o preparo de soluções. Essas especifi cações fornecem as características do produto, como sua composição e teor de pureza. A interpretação incorreta desses dados pode levar a erros no preparo das soluções e, conseqüentemente, a erros de análise e de interpretação.

Neste momento, vamos relembrar um pouco sobre átomos, moléculas, cátions, ânions, concentrações das soluções e outros conceitos mais. Leia quais são os objetivos da atividade que iniciaremos.

- Discutir os conhecimentos

prévios de Química e reformular os

conceitos básicos.

- Reformular e ampliar as formas de expressar e de calcular soluções.

- Reforçar a importância de se

conhecerem os dados do produto

com o qual se trabalhará.

OBJETIVOS:

Conceitos básicos

Você se lembra do que são os elementos químicos? De que são constituídos? Como esses são classifi cados na tabela periódica? Vamos relembrar agora esses conceitos e procurar associá-los ao seu dia-a-dia.

O técnico de laboratório costuma utilizar diferentes tipos de ácido para abaixar o pH. Entre esses, pode-se citar o ácido clorídrico, cuja fórmula é (HCl). Observe que ele é composto de um átomo de hidrogênio e outro de cloro.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 24 4/6/2008 11:13:524/6/2008 11:13:52

Page 27: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 25

Você se lembra do que é átomo? O átomo é a menor parte da matéria que caracteriza um elemento químico. Ele é constituído por prótons, nêutrons e elétrons. A quanti-dade de prótons (que possuem carga positiva) é igual à quantidade de elétrons (que possuem carga negativa). Observe, na tabela, que as partículas constituintes do átomo possuem cargas e massa.

Esquema geral do átomo

Fonte: h

ttp_ww

w.kirlian.com

.br_info_por_0

078

_2

o.aspesquema_a

tomo.gif

Elemento: é uma substância que não pode ser decomposta em algo simples por uma reação química. Cada elemento recebe um nome e um símbolo. Você pode observá-los na tabela periódica.

Partículas Localização Carga elétrica Massa

Prótons No núcleo Positiva ( + ) 1

Nêutrons No núcleo Zero (0) 1 + 1/1.840

Elétrons Na eletrosfera ou orbital

Negativa (-) 1/1.840

O número de prótons existentes no núcleo do átomo, também chamado de número atômico, é representado pela letra Z.

Quando somamos a quantidade de prótons e de nêutrons existentes no núcleo do átomo, temos a massa atômica, a qual é representada pela letra A.

Na tabela periódica, estão listados os elementos conhecidos na natureza e os artifi ciais. Algumas tabelas também contêm o número e a massa atômica dos elementos.

Vamos, utilizando a tabela periódica, achar qual o número atômico e a massa atômica do cloro e do alumínio.

Os elétrons giram em torno do núcleo do átomo em locais diversos, que recebem o nome de orbitais, e se localizam em camadas formadas por níveis, que, por sua vez, são formados por subníveis. O nível é representado pela letra n, e o subnível é representado pelas letras s, p, d, f, g h e i. O número máximo de elétrons em cada camada é 2 n2. Se essas informações

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 25 4/6/2008 11:13:534/6/2008 11:13:53

Page 28: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

26 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

são novas para você e parecem confusas, um exemplo pode ajudar a esclarecer algumas dúvidas e a mostrar a importância desses conceitos para o seu trabalho.

Na próxima tabela, apresentam-se as diversas camadas que os elétrons de um átomo podem ocupar. Não se preocupe em decorá-la, basta consultá-la quando você precisar.

Camada Nível (n) Número de elétrons = 2 × n2 Subnível

K 1 2 × 12 = 2 s

L 2 2 × 22 = 8 s p

M 3 2 × 32 = 18 s p d

N 4 2 × 42 = 32 s p d f

O 5 2 × 52 = 50 s p d f g

P 6 2 × 62 = 72 s p d f g h

Q 7 2 × 72 = 98 s p d f g h i

Para distribuir os elétrons nas camadas, pode-se utilizar o diagrama de Pauling, o que facilita bastante.

Vacê sabia? Linus Pauling nasceu nos Estados Unidos da América, em de fevereiro de 1901, e morreu aos 93 anos, em agosto de 1994. Ele foi um dos maiores quími-cos de todos os tempos e certamente um cidadão muito importante do século XX. Recebeu o Prêmio Nobel por duas vezes, por motivos completamente diferentes. Em 1954, ele recebeu o Prêmio Nobel de Química e, em 1962, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, por participar ativamente de manifestações contra testes nucleares, contra o uso de bombas atômicas como armas de guerra e contra a construção de usinas nucleares.

Linus Pauling

fonte: h

ttp://cdcc.sc.usp.br/

quimica/

galeria/pauling.h

tml

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 26 4/6/2008 11:13:534/6/2008 11:13:53

Page 29: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 27

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 27 4/6/2008 11:13:544/6/2008 11:13:54

Page 30: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

28 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Você acha que há alguma vantagem em o átomo ser instável? Comente sua resposta?

Vamos, juntos, distribuir os elétrons do átomo de sódio (Na) nas camadas, completando os espaços em branco. Primeiramente, deve-se consultar a tabela periódica, para se saber o número de elétrons do átomo de sódio (Na).

Como o número de prótons é igual o número de elétrons, o Na tem 11 prótons. Então, teremos 11 elétrons. A distribuição dos elétrons nas camadas é feita seguindo-se as setas do diagrama de Pauling. Observe também a tabela anterior.

Camada Subnível

K 1 s

L 2 s 2 p

M 3 s

Vamos somar os números de elétrons colocados nos subníveis, para conferir!

=

A última camada de um átomo é chamada de camada de valência. No exemplo, a camada de valência é a M, que possui apenas um elétron no subnível s

Um átomo é considerado estável, quando tem, na última camada, oito elétrons; a não ser que a última camada seja a K. Nesse caso, o átomo terá dois elétrons na última camada.

Agora que os elétrons do átomo de Sódio já estão distribuídos nas camadas, você acha que ele está estável? Por quê?

1s

2s

3s

4s

5s

6s

7s

2p

3p

4p

5p

6p

3d

4d

5d

6d

4f

5f

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 28 4/6/2008 11:13:594/6/2008 11:13:59

Page 31: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 29

Quando o átomo não é estável, pode ganhar ou perder elétrons. Essa capacidade é chamada de capacidade de ionizar. Quando perde elétrons, o átomo se torna um íon positivo, pois o número de prótons fi ca maior do que o número de elétrons. O íon positivo é chamado de cátion. Já quando ganha elétrons, o átomo se torna um íon negativo, e o número de prótons fi ca menor do que o número de elétrons.

Vamos entender melhor!

O Cálcio (Ca) possui 20 prótons e 20 elétrons (confi ra na tabela periódica). Quando o Ca perde 2 elétrons, torna-se um cátion Ca2+ e passa a ter quantos elétrons?

A propriedade pela qual um átomo apresenta maior ou menor tendência de atrair elétrons para si é chamada de eletronegatividade. Um átomo pode adquirir estabilidade pela união com outros átomos, formando assim diversas substâncias, que podem ser simples ou compostas.

Substância simples É formada pelo mesmo elemento.

Sustância composta (composto) É formada pela combinação de dois ou mais elemen-tos diferentes em proporções específi cas.

Vamos pensar juntos! Você se lembra do nome de algumas substân-cias simples ou compostas?

A combinação de um elemento químico com outro para formar uma substância pode acon-tecer por meio de ligações químicas classifi cadas como iônicas, covalentes ou metálicas.

Ligações iônicas São ligações formadas por íons. O cátion e o ânion se associam por atração eletrostática. O Sódio, por exemplo, tem um elétron na última camada, e o Cloro tem sete. Quando os dois se combinam, formando o Cloreto de Sódio (NaCl), o Sódio cede um elétron para o Cloro, tornando-se um cátion, e o Cloro recebe o elétron do Sódio, tornando-se um ânion (cloreto).

Você sabia? A solução cloreto de sódio contendo 0,92%, também conhecida como soro fi siológico, pode ser usada no combate à desidratação.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 2926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 29 4/6/2008 11:14:004/6/2008 11:14:00

Page 32: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

30 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Ligações covalentes Nessas ligações os átomos se asso-ciam e há um compartilhamento de elétrons. O átomo de cloro, por exemplo, possui sete elétrons na última camada. Quando o átomo de cloro combina com outro átomo de cloro – que também possui sete elétrons na última camada, ele compartilha um elétron, fi cando estável.

Cl Cl

Compartilhamento de Elétrons

Assim se forma o Cl2, que é a forma gasosa do cloro utilizada na desinfecção da água em algumas ETAs.

Ligações metálicas Os metais podem se unir entre si ou a outros elementos e formar ligas metálicas (misturas sólidas). A interação entre os elétrons livres e os cátions determina a estrutura cristalina dos metais e uma série de propriedades. Você sabe quais são estas propriedades?

As substâncias formadas por meio de ligações químicas podem ainda se transformar em outras substâncias por meio de reações químicas. Diversas substâncias químicas utilizadas em análises de laboratório, quando misturadas com outras, podem reagir e liberar calor e substâncias tóxicas quase sempre perigosas. O técnico de laboratório deve conhecer bem as substâncias que irá manusear.

No laboratório, é comum utilizarem-se ácidos e bases para alterar o valor do pH durante algumas análises.

Quais são os ácidos e bases utilizados no laboratório onde você trabalha?Você se lembra do conceito de ácido e do de base?

Ácidos São substâncias que, dissolvidas em água, se ionizam, liberando, na forma de cátions, íons de H+.

Bases São substâncias que, dissolvidas em água, sofrem dissociação iônica, liberando, na forma de ânions, íons de OH-.

A formação de ácidos e bases ocorre por meio de reações químicas. Sempre que se fala de reações químicas, é comum ouvir falar sobre número de oxidação ou Nox.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 30 4/6/2008 11:14:004/6/2008 11:14:00

Page 33: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 31

Você acha importante, na especifi cação de uma solução, haver o número de oxidação ou Nox? Por quê?

Nox É o número que designa a carga elétrica de um átomo em função da eletronegativi-dade entre ele e o átomo ao qual se ligará, ou seja, está associado à perda ou ao ganho de elétrons por um átomo numa ligação química. A tabela periódica, normalmente, apresenta o número do nox de cada elemento.

Vimos que o átomo pode adquirir estabilidade por meio da união com outros átomos, formando diversas substâncias, que, por sua vez, podem reagir e se transformar em outras substâncias. Vamos falar agora sobre solução e as diversas medidas utilizadas em sua quantifi cação.

Que tipo de solução você prepara no lugar onde trabalha? Quais unidades de medida você utiliza normalmente?

Soluções

Quando se prepara uma solução para fazer uma determinada análise, é importante ter em mãos as especifi cações dos produtos que serão utilizados, pois, se o teor de pureza de uma substância varia, a quantidade necessária da substância no preparo de uma solução também irá variar.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 31 4/6/2008 11:14:014/6/2008 11:14:01

Page 34: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

32 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Vamos relembrar alguns conceitos que irão contribuir para o entendimento das especifi ca-ções dos produtos químicos como também vão auxiliar você no preparo de uma solução.

Ao preparar uma solução, deve-se saber o que é soluto e o que é solvente

Em uma solução, o produto que será dissolvido recebe o nome de soluto. O meio onde esse produto será dissolvido recebe o nome de solvente.

Soluto É geralmente o componente em menor quantidade. Solvente É geralmente o componente em maior quantidade.

Para trabalhar com soluções, utilizam-se medidas em porcentagem e em concentração.

Medidas Prcentagem em peso (w/w), porcentagem em volume de porcentagem (v/v) e porcentagem em peso por volume (w/v).

Medidas em Concentração em gramas por litro (g/L), concentração concentração em molalidade (w), concentração em molaridade (M) e concentração

em normalidade (N), conforme será apresentado a seguir.

Medidas em porcentagem

Porcentagem em peso A medida de porcentagem em peso indica a massa em gramas do soluto contida em cada 100 gramas de solução.

Vamos ver o exemplo explicativo?

Se você dissolver 50 g de hidróxido de sódio (NaOH) (soluto) em 200 g de água (H20) (solvente), qual será a porcentagem em peso do soluto?

Resolvendo

Para obter a massa da solução fi nal (H20 + NaOH), soma-se a massa do soluto (50 g) com a massa do solvente (200 g), obtendo-se, assim, uma massa total de 250 g.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 32 4/6/2008 11:14:014/6/2008 11:14:01

Page 35: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 33

Para saber a porcentagem em peso de soluto, deve-se fazer uma regra de três para achar.

Como a medida de porcentagem em peso indica a massa de soluto em 100 g de solução, tem-se:

em 250 g de solução fi nal, tenho 50 g de soluto;em 100 g de solução, tem-se um valor que será chamado de X.

Então:

250 g 50 g 100 g Xg 250 × X = 100 × 50 X = 5.000/250 X = 20 g

Resumindo, neste caso têm-se 20 g de soluto para 100 g de solução, ou seja, 20%.

∙∙

Você sabia? Partes por milhão ou, abreviadamente, ppm é a medida de concentração que se utiliza quando as soluções são muito diluídas.A concentração ppm em massa expressa a massa de soluto (disperso), em µg (micrograma), existente em 1 g (1 milhão de µg) de solução.

Porcentagem em volume: A medida de porcentagem de volume indica a massa em gramas do soluto contida em cada 100 mililitros de solução.

Veja o exemplo explicativo?

Se você dissolver 50 g de hidróxido de sódio (NaOH) (soluto) em água (H20) (solvente) para obter 200 mL de solução, qual será a porcenta-gem em massa do soluto por volume da solução?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 33 4/6/2008 11:14:014/6/2008 11:14:01

Page 36: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

34 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Resolvendo

Para saber a porcentagem de soluto, deve-se fazer uma regra de três.

Como a medida de porcentagem em volume indica a massa de soluto em 100 mL de solução, tem-se:

em 200 mL da solução fi nal, temos 50 g de soluto;em 100 mL de solução, teremos um valor que será chamado de X.

Então: 200 mL 50 g 100 mL Xg 200 × X = 100 × 50 X = 5.000/200 X = 25 g

Resumindo, neste caso têm-se 25 g de soluto para 100 mL de solução, ou seja, 25%.

∙∙

Vimos medidas de soluções em porcentagem; agora vamos trabalhar com soluções em concentração. Não se preocupe em decorar. Em caso de dúvidas, consulte o guia.

Concentração gramas por litro (g/L) Esse tipo de concentração indica a massa em gramas de soluto contida em cada litro de solução.

Vamos ver o exemplo explicativo?

Se você dissolver 50 g de Hidróxido de sódio (NaOH) (soluto) em 200 mL de água (solvente), qual será a concentração da solução?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 34 4/6/2008 11:14:084/6/2008 11:14:08

Page 37: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 35

Resolvendo

Para saber a concentração da solução, deve-se dividir a massa do soluto (50 g) pelo volume da solução em litros.

Então: 50 g 200 mL Xg 1.000 mL 200 × X = 50 × 1000 X = 50.000/200 X = 250 g

Resumindo, neste caso têm-se 250 g de soluto para cada 1 litro de solução.

O que pode acontecer se a solução não for calculada corretamente?

Quando vamos preparar uma solução, muitas vezes se acha a massa molecular da substância primeiro. Neste próximo exemplo explicativo, acharemos a massa molecular da água (H2O), que é a soma das massas atômicas de cada elemento que a compõe. Consultando a tabela periódica, acharemos a massa molecular de cada elemento.

A massa atômica de um H = 1. Como são dois átomos de H, teremos 2 × 1 = 2.A massa atômica do O = 16.A massa molecular da água será 2 + 16 = 18.No caso, temos apenas um mol de H2O.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 35 4/6/2008 11:14:114/6/2008 11:14:11

Page 38: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

36 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Chegou a sua vez de praticar!

Qual a massa molecular do cloro (Cl2) e do sulfato de alumínio (Al2(SO4)318H20)?

Concentração expressa em molalidade (w) Representa o número de moles de soluto dissolvido em massa (1.000 gramas) de solvente. Uma solução “X” molal de uma substância qual-quer é aquela que representa x moles de substâncias dissolvidos em 1.000 g de solvente.

Dissolvendo 6,0 g de H2SO4 em 90 g de H2O, qual será a molalidade?

Antes de falarmos de concentração expressa em molaridade, vamos discutir o que é massa molar de um material.

Massa molar de um material É a massa desse material por unidade de quantidade de matéria, cuja unidade é g/mol.

Mol É a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares (átomos, moléculas, íons, prótons, elétrons, etc.) quantos são os átomos contidos em 12 g de carbono 12.

Por meio de experimentos, concluiu-se que a massa de 6,02 × 1023 unidades de massa atômica (u) equivale a um grama

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 36 4/6/2008 11:14:114/6/2008 11:14:11

Page 39: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 37

A massa de 12 g de Carbono 12 contém 6,02 × 1023 átomos. Logo, 1 mol é a quantidade de matéria de um sistema que contém 6,02 × 1023 entidades elementares.

Qual a massa de 1 mol de átomo de Ferro? Vamos encontrar a massa de um material cuja quantidade de matéria seja 1 mol de entidades.

Consultando a tabela periódica, tem-se que a massa de um átomo de Ferro é igual a 56 u.

Logo, a massa 6,02 × 1023 átomos de Ferro será: 6,02 × 1023 x 56 u

Como 6,02 × 1023 u = 1 g, tem-se: 1 g × 56 = 56 g

Resumindo, a massa de 1 mol de átomos de Ferro (quantidade de matéria) é igual a 56 g.

Agora chegou a sua vez de praticar!

Qual a massa de 1 mol de molécula de água (H2O)?

Concentração expressa em molaridade (M) Representa o número de moles de soluto em 1L de solução. Uma solução “X” molar é aquela que contém x moles de soluto por litro de solução. Observe a próxima equação:

M = m/(PM × V)

onde: M = molaridade (M) m = massa do soluto (g) PM = massa molecular (g) V = volume da solução (L)

Vamos entender melhor!

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 37 4/6/2008 11:14:124/6/2008 11:14:12

Page 40: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

38 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Vamos fazer o exemplo explicativo!

Quantos gramas de H2SO4 são necessários para se fazerem 100 mL de solução 1M.

Concentração expressa em normalidade (N) Representa o número de equiva-lente-grama (eq-g) do soluto contido em um litro de solução.

Uma solução 1 normal (1N) é aquela que contém 1 equivalente-grama de soluto em 1 litro da solução, ou seja:

1N 1eq. 1.000 mL solução N = n eq./V(L)

onde: N = normalidade n eq. = número de equivalente-grama (g) V = volume (L) ou N = v x M

onde: N = normalidade v = número de oxidação M = molaridade

Equivalente-grama É igual ao quociente entre o átomo-grama e a valência do elemento.

E = A/v E = equivalente-grama (g) A = átomo-grama (g) v = Valência do elemento (veja o diagrama de Pauling)

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 38 4/6/2008 11:14:124/6/2008 11:14:12

Page 41: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 39

Sempre que tiver dúvidas com relação aos cálculos de soluções, consulte o Guia ou ou-tros livros, peça ajuda ao colega, mas não faça nada com dúvidas.

Fração molar de um componente (fm) É o número de moles deste componente dividido pela soma de número de moles de todos os componentes da solução. A concentração pode ser expressa pela relação entre o número de moles de soluto e o número de moles da solução.

Fração molar do soluto= n1/(n1+n2)

onde: n1= número de moles de soluto n2= número de moles do solvente

Não se esqueça de que n = m/PM, ou seja, número de moles de um componente (n) é a sua massa (m) dividida pela massa molecular (PM).

A fração molar não tem unidade, e a soma das frações molares de todos os componentes de uma solução é igual a 1.

Uma solução contém 196 g de H2SO4 em 144 g de água. Quais as frações molares dos componentes da solução? A massa molecular do H2SO4 é 98 g, e da água é 18 g.

n H2SO4 = 196/98 = 2 moles de H2SO4

n H2O = 144/18 = 8 moles de H2Ofm H2SO4 = 2/(8 +2) = 0,2fm H2O = 8/(8+2) = 0,8soma = 0,2 + 0,8 = 1

Quando se prepara uma solução em que se está utilizando a concentração expressa em normalidade, deve-se verifi car a valên-cia na especifi cação do produto que está sendo utilizado.

Vamos ver o exemplo!

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 3926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 39 4/6/2008 11:14:124/6/2008 11:14:12

Page 42: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

40 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Segundo a União Internacional de Química Pura e Aplicada – IUPAC, as expressões “concentração em molar” ou “molaridade” não são recomendadas. Sugere-se usar as expressões “concentração” e “fração em mol” para não ocasionar dúvidas. Isso se deve ao fato de que, muitas vezes, o fornecedor do produto deixa de informar alguns dados da solução, gerando dúvidas no profi ssional, o que pode ocasionar erros durante o preparo das soluções. Comentou-se anteriormente sobre molaridade e normalidade, porque ainda há muitas orientações, quanto ao preparo de soluções, nessas concentrações.

O título (T) de uma solução é a razão entre a massa de soluto (m1) e a massa da solução (m = m1 + m2), ambas medidas na mesma unidade.

T = m1 / (m1 + m2)

Pode-se conhecer a porcentagem em massa de soluto na solução, multiplicando-se o título por 100, ou seja, P = 100 × T.

Por exemplo: Para T = 0,2 P = 100 × 0,2 P = 20%,

ou seja, a solução apresenta 20% em massa de soluto, e o restante, em massa de solvente (80%).

Há ainda situações em que, para se calcular uma solução, há necessidade de se saber a densidade da solução. Você se lembra do que é densidade?

A densidade (d) de uma substância é a sua massa dividida pelo seu volume. Pode ser medida, por exemplo, em gramas por centímetros cúbicos (g/cm3) ou em gramas por mili-litro (g/mL).

d = m/V

onde: m = masssa V = volume

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 40 4/6/2008 11:14:124/6/2008 11:14:12

Page 43: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 41

Vamos fazer um exemplo de cálculo de solução em que é necessário utilizar a densidade?

Neste exemplo, será calculado o volume necessário de uma solução comercial de um ácido comprada para fazer uma solução que será utilizada durante um ensaio de jar test para abaixar o valor do pH da água que será analisada.

Vamos preparar uma solução de ácido sulfúrico H2SO4 com uma concentração de 0,5 mol/L, utilizando uma solução que foi comprada com 40% de pureza e densidade d = 1,2 g/mL.

Primeiro, deve-se calcular o massa molecular do H2SO4.

2H = 2 × 1 = 2 S = 32 4O = 4 × 16 = 64 massa molecular total = 98 g

Como temos apenas um mol de H2SO4, com uma regra três podemos achar a massa de 0,5 mol.

1 mol 98 g 0,5 mol X X = 49 gramas

Resumindo: para 0,5, mol temos 49 gramas de H2SO4.

Como foi fornecida a densidade da substância, há como achar o volume necessário da substância para fazer a solução com a concen-tração de 0,5 mol.

d = m/v V = 49 g/1,2 g/mL V = 40,83 mL

Seria necessário um volume de 40,83 mL, caso a solução tivesse 100% de pureza.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 41 4/6/2008 11:14:134/6/2008 11:14:13

Page 44: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

42 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Como nossa solução tem pureza de 40%, teremos que calcular o novo volume para a solução que estamos fazendo. Para isso, faremos uma regra de três inversa, pois a solução usada é menos concentrada.

40,83 mL 100% X 40% X = (40,83 × 100%) / 40%

X = 102,08 mL. Vamos precisar de 102,08 mL da solução original (comprada) para fazer a nossa solução de 0,5 mol/L.

Agora utilizaremos essa solução, que foi preparada, para fazer uma outra solução a 2% (w/v). Que volume será necessário para fazer essa solução?2% é o mesmo que 2 g em 100 mL

Resolveremos com uma regra de três:

49 g 1.000 mL X 100 mL X = 4,9 g

4,9% (w/v) é equivalente a uma solução 0,5 mol/L.

Para acharmos o novo volume, utilizaremos a seguinte relação:

Ci × Vi = Cf × Vf

onde:Ci = concentração inicial Vi = volume inicialCf = concentração fi nal Vf = volume fi nal

Substituindo:2% × 100 mL = 4,9% × VfVf = 408 mL

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 42 4/6/2008 11:14:134/6/2008 11:14:13

Page 45: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 43

Teremos de usar 408 mL da solução que preparamos anteriormente para fazer a solução a 2%, ou seja, 408 mL serão completados para 1 litro de solução, obtendo-se a solução 2%(w/v).

Neste exemplo, será calculada a quantidade necessária de uma solução comercial de um composto hidratado de Fe2Cl3 x 6H20 (cloreto férrico hexa-hidratado), para fazer uma solução de Fe2Cl3 a 1%.

Primeiro, deve-se calcular a massa molecular do Fe2Cl3 x 6H20 e do Fe2Cl3.

Fe2 = 56 x 2=112Cl3 = 35,5 x 3 = 106,56H2 = 6 x 1 x = 126O = 6 x 16 = 96

massa do composto total hidratado = 326,5gmassa Fe2Cl3 = 112 + 106,5 = 218,5

A solução a ser preparada é a 1%, ou seja, tenho 10g em 1000mL.

Para achar quanto da solução comercial será necessário para preparar a solução a 1% de Fe2Cl3, faremos uma regra de três.

326,5 g Fe2Cl3 x 6H20 218,5g Fe2Cl3 X 10 g X = 14,9 g

Neste caso precisaremos de 14,9g da solução comercial para preparar a solução a 1%

Agora que já vimos os conceitos básicos de química, como as solu-ções podem ser expressas e como calcular soluções, falaremos um pouco sobre amostragem e sobre os cuidados que se deve tomar antes, durante e após a coleta de amostras.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 43 4/6/2008 11:14:134/6/2008 11:14:13

Page 46: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

44 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Para começar, cada grupo deverá escolher um parâmetro físico, um químico e um biológico e descrever o que será necessário para se fazer a coleta e como esta deverá ser realizada.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 44 4/6/2008 11:14:134/6/2008 11:14:13

Page 47: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 45

Amostragem

Nas próximas páginas, discutiremos as diferentes maneiras de se coletarem, preservarem e analisarem amostras de água. Você vai perceber que cuidados simples são fundamentais para a obtenção de resultados confi áveis. Para começar, leia quais são os objetivos desta atividade que iniciaremos.

- Discutir e reformular os conceitos de amostragem.

- Reformular e ampliar conceitos sobre tipos de amostras e métodos e freqüência de amostragem.

- Reforçar a importância dos cuidados que devemos ter antes da coleta de amostras, bem como durante, após e também no laboratório.

- Ampliar os conceitos de análises para medição de diferentes parâmetros de qualidade da água.

OBJETIVOS:

Responda à próxima questão, relacionada à coleta e ao armazena-mento de amostras e a práticas de laboratório.

Descreva os procedimentos de coleta em um corpo d’água (manancial) bem como de armazenamento e análise das amostras dos seguintes parâmetros: turbidez, coliformes e alumínio.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 45 4/6/2008 11:14:144/6/2008 11:14:14

Page 48: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

46 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

A caracterização da qualidade da água é fundamental antes do tratamento, assim como durante e após. Antes do tratamento, porque o conhecimento das características físicas, químicas, biológicas e radiológicas da água a ser tratada contribui para a defi nição da tecnologia de tratamento mais adequada e para o monitoramento da qualidade da água do manancial.

Durante (ao longo das etapas de tratamento), para verifi car se cada etapa está cumprindo adequadamente o seu papel. Depois do tratamento, por fi m, porque é importante verifi car se a água foi tratada adequa-damente e se atende ao padrão de potabilidade, de forma a assegurar uma água com qualidade para ser distribuída à população.

http://

ww

w.fl ickr.com

/pho

to_zoom.gne?id

=4

35

6979

00

&size

=o

Como é realizado o monitoramento da qualidade da água no local onde você trabalha?

O monitoramento da qualidade da água deve ser realizado fazendo-se coletas de amostras, nas quais são analisados os parâmetros de qualidade desejados. A freqüência da coleta varia em função do plano de amostragem, devendo obedecer à Portaria MS nº 518/2004.

O objetivo da amostragem é coletar uma porção pequena do material que se deseja analisar, em volume sufi ciente e representativo, de forma que a amostra analisada possa fornecer resultados consistentes.

A proporção e a concentração de todos os componentes da amostra devem ser as mesmas do material de onde ela foi retirada. Deve-se manusear a amostra de forma que ela não sofra mudança signifi cativa em sua composição antes de as análises serem realizadas.

Que cuidados você tem ao manusear as amostras em seu local de trabalho?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 46 4/6/2008 11:14:144/6/2008 11:14:14

Page 49: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 47

A coleta de amostras pode ser realizada de diferentes formas. Contudo, independentemente do método de amostragem escolhido, o técnico deve estar sempre ciente da importância de se utilizarem os procedimentos corretos.

Quais procedimentos (métodos) de amostragem são comumente utilizados em seu local de trabalho?

Métodos de amostragem

Existem diferentes métodos para amostragem, podendo-se citar o manual, o automatizado e o adsorvido. A escolha do método está relacionada ao que será analisado, aos resultados que se deseja obter e aos custos envolvidos.

Método de amostragem manual: a amostra é coletada manualmente por um técnico que deverá saber com clareza os procedimentos corretos para coleta, de forma a evitar erros durante sua realização. Vale lembrar que cuidados como observar as melhores condições de higiene, não encher o recipiente até o limite, deixando um espaço livre no frasco, de forma a permitir homogeneização da amostra coletada – se o que for coletado for líquido, são importantes para a qualidade e a confiabilidade da amostra.

Para amostras de oxigênio dissolvido e outros gases e voláteis, devem-se preencher os frasco de coleta até o limite.

Amostra de água sendo coletada

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 47 4/6/2008 11:14:144/6/2008 11:14:14

Page 50: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

48 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

É importante relembrar que o responsável pela coleta de amostra deve ter em mente que a amostra coletada por ele fornecerá resultados que servirão para dar informação e até para tomar decisões.

Para coleta manual de amostras “superfi ciais” em rios, córregos e lagos, deve-se, com uma das mãos, segurar o frasco pela base, mergulhando-o rapidamente com a boca para baixo, de 15 a 30 cm em sentido contrário à correnteza da água. Para coleta de amostras em lagos onde não há correnteza, deve-se criar uma correnteza artifi cial girando horizontalmente o frasco.

Quando se coletam amostras diretamente de um corpo d’água receptor (que recebe efl uentes), devem-se selecionar pontos de amostragem bem representativos, evitando-se amostras estagnadas ou em locais próximos à margem ou a zonas de mistura.

Muitas vezes, para se coletar amostras, é necessário o uso de equi-pamentos de coleta. Quais equipamentos utilizados para coleta de amostra em corpo d’água você conhece?

Entre os equipamentos utilizados para coleta de amostra em corpo d’água, podemos citar a garrafa de Van Dorn, a garrafa de OD, o conjunto de peneiras, as redes de plâncton e o amostrador do tipo cesto.

A garrafa de Van Dorn é utilizada para coletar amostras de qual-quer profundidade. Ela pode ser tanto vertical, quanto horizontal. A garrafa vertical é recomendada para estudos de estratifi cação com amostradores múltiplos ou simples suspensos por cabos.

Garrafa de VanDorn vertical

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 48 4/6/2008 11:14:154/6/2008 11:14:15

Page 51: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 49

Já a garrafa horizontal, normalmente é utilizada para amostras de pontos específi cos em uma dada profundi-dade. Ambas podem ser usadas para coleta de amostras físicas, químicas e biológicas.

O amostrador tipo cesto é utilizado para coleta de macroinvertebrados em lagos e grandes rios.

O conjunto de peneiras é utilizado para a lavagem e triagem de amostras de bentos.

As redes de plâncton são utilizadas para coleta de orga-nismos planctônicos.

http://

ww

w.w

ildco.com

/pctr/

19

00

H.jpg

Rede de plâncton

ww

w.m

acrofi tas.com.br/

pd10

6_

arquivos/im

age04

3.jpg

Bento: conjunto de seres vivos que habitam regiões bentônicas (leito do curso d’água).

O recipiente a ser utilizado para coleta de amostras é selecionado em função do parâ-metro que será analisado. Podendo ser de plástico, inox, vidros claros ou escuros e ou tefl on. Procure sempre utilizar o recipiente correto durante a coleta de amostras.

Método em que as amostras são adsorvidas Para coletar a amostra, utiliza-se, por exemplo, um disco ou cartucho para adsorver as substâncias contidas na água e que serão analisadas. Esse método oferece rapidez, se o que for analisado puder ser adsorvido e posteriormente liberado de forma efi ciente. Quando se utiliza esse método, a amostra de água que está sendo analisada deve estar livre de partículas que colmatem (entupam) a membrana.

Cartucho C18

Adsorção: processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de sólidos através de interações de natureza química ou física.

Vimos que as amostras devem ser as mais representativas possíveis e que há diferentes métodos de amostragem. Além disso, as amostras podem ser divididas em simples e compostas.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 4926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 49 4/6/2008 11:14:154/6/2008 11:14:15

Page 52: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

50 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Você sabe a diferença entre amostra simples e amostra composta? Tanto a amostra simples quanto a composta podem ser utilizadas para qualquer parâmetro?

Amostras

As amostras simples são coletadas em lugares específi cos e são instantâneas no espaço e no tempo. Já as amostras compostas podem fornecer uma amostragem mais representativa (mais heterogênea) dentro da concentração do material que será analisado, podendo variar sobre curtos períodos de espaço ou tempo, e ser obtidas de múltiplas amostras simples.

Tanto as amostras simples, quanto as amostras compostas podem ser coletadas fazendo-se uso de aparelhos de amostragem automáticos, bastando que eles sejam programados para isso.

Apresenta-se, a seguir, um exemplo de amostra que será coletada por amostrador automático. Você acha que neste exemplo a amostra é simples ou composta? Por quê?

Um amostrador automático foi programado para coletar amostras de 83,33 mL, de duas em duas horas, durante todo o dia. Cada vez que o aparelho coleta uma amostra, ela é armazenada em um recipiente fi xado ao amostrador, até que ela contenha 1,0 L, para, só assim, se fazer a medição do parâmetro desejado.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 50 4/6/2008 11:14:174/6/2008 11:14:17

Page 53: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 51

Não se deve fazer amostras compostas para análise microbiológica, pois pode ocorrer alguma interferência durante a coleta. A coleta de amostra para análise microbiológica deve ser realizada sempre antes da coleta de qualquer outra coleta, a fi m de se evitar contaminação do local de amostragem com frascos ou amostradores não estéreis.

Vimos que as amostras podem ser simples e compostas e que há diferentes métodos de amostragem. Você deve estar se perguntando como defi nir a quantidade e freqüência de amostragem. É isso que vamos discutir agora. Para começar responda: como é realizado o plano de amostragem no local onde você trabalha?

Quantidade e freqüência de amostras segundo a Portaria n° 518/2004 do Ministério da SaúdeSegundo a Portaria n° 518/2004, os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistema de abastecimento de água ou de solução alternativa de abastecimento de água devem elaborar e aprovar o plano de amostragem, junto à autoridade de Saúde Pública.

Sistema de abastecimento de água para consumo humano – instalação composta por conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinada à produção e à distribuição canalizada de água potável para populações, sob a responsabilidade do poder público, mesmo que administrada em regime de concessão ou permissão.

Solução alternativa de abastecimento de água para consumo humano – toda modalidade de abastecimento coletivo de água distinta do sistema de abastecimento de água, incluindo, entre outras, fonte, poço comunitário, distribuição por veículo transportador.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 51 4/6/2008 11:14:174/6/2008 11:14:17

Page 54: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

52 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

O plano de amostragem de cada sistema deve respeitar os planos mínimos estabelecidos na Portaria nº 518/2004, conforme estão apresentados nas próximas tabelas.

Número de amostras em função do tipo de manancial e população atendida segundo a Portaria MS nº 518/2004

Parâmetro Tipo de

manancial

Saída do

tratamento (número de

amostras por unidade

de tratamento)

Sistema de distribuição (reservatórios e rede)

População abastecida

< 50.000 hab. 50.000 a 250.000 hab. > 250.000 hab.

CorTurbidezpH

Superfi cial 1 101 para cada 5.000 hab.

40+ (1 para cada 5.000 hab.

Subterrâneo 1 51 para cada 10.000 hab.

20+ (1 para cada 50.000 hab.

CRL (1)Superfi cial 1

(Conforme § 30 do artigo 18).Subterrâneo 1

FluoretoSuperfi cial ou Subterrâneo

1 51 para cada 10.000 hab.

20 + (1 para cada 50.000

hab.)

Cianotoxinas Superfi cial1(Conforme§ 5º do

artigo 18___ ___ ___

TrihalometanosSuperfi cial 1 1 (2) 4 (2) 4 (2)

Subterrâneo ___ 1 (2) 1 (2) 1 (2)

Demais parâmetros(3)

Superfi cial ou Subterrâneo

1 1 (4) 1 (4) 1 (4)

( * )NOTAS:

(1) Cloro residual livre.(2) As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior tempo de detenção da água no

sistema de distribuição.(3) Apenas será exigida obrigatoriedade de investigação dos parâmetros radioativos quando da evidência de

causas de radiação natural ou artifi cial.(4) Dispensa-se análise na rede de distribuição, quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e

ou no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 52 4/6/2008 11:14:174/6/2008 11:14:17

Page 55: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 53

Parâmetro Tipo de

manancial

Saída do

tratamento (número de

amostras por unidade

de tratamento)

Sistema de distribuição (reservatórios e rede)

População abastecida

< 50.000 hab. 50.000 a 250.000 hab. > 250.000 hab.

CorTurbidezpH

Superfi cial A cada 2 horasMensal Mensal Mensal

Subterrâneo Diária

CRL (1)Superfi cial A cada 2 horas

(Conforme § 30 do artigo 18).Subterrâneo Diária

Cianotoxinas Superfi cial1(Conforme§ 5º do

artigo 18___ ___ ___

TrihalometanosSuperfi cial Trimestral Trimestral Trimestral Trimestral

Subterrâneo ___ Anual Semestral Semestral

Demais parâmetros(2)

Superfi cial ou Subterrâneo

semestral Semestral(3) Semestral(3) Semestral(3)

( * )NOTAS:

(1) Cloro residual livre.(2) Apenas será exigida obrigatoriedade de investigação dos parâmetros radioativos quando da evidência de causas de

radiação natural ou artifi cial.(3) Dispensa-se análise na rede de distribuição, quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e ou

no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição.

Freqüência mínima de amostragem para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fi ns de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de manancial segundo a Portaria MS nº 518/2004.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 53 4/6/2008 11:14:174/6/2008 11:14:17

Page 56: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

54 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Na próxima tabela, apresenta-se o número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fi ns de análises microbiológicas, em função da população abastecida, segundo a Portaria MS nº 518/2004.

Parâmetro Sistema de distribuição (reservatórios e rede)

População abastecida

< 5.000 hab. 5.000 a 20.000 hab. 20.000 a 250.000 hab. > 250.000 hab.

Coliformes totais 10 1 para cada 500 hab.

30 + (1 para cada 2.000 hab.)

105 + (1 para cada 5.000 hab.); máximo de 1.000

NOTA: na saída de cada unidade de tratamento, devem ser coletadas, no mínimo, 2 (duas) amostra semanais, recomendando-se a coleta de, pelo menos, 4 (quatro) amostras semanais.

Número mínimo de amostras e freqüência mínima de amostragem para o controle da qualidade da água de solução alternativa, para fi ns de análises físicas, químicas e microbiológicas, em função do tipo de manancial e do ponto de amostragem segundo a Portaria MS nº 518/2004.

Parâmetro Tipo de manancial

saída do trata-

mento (para água

canalizada)

Número de amos-

tras retiradas No

ponto de consumo(1)

(para cada 500 hab.)

Freqüência de

amostragem

Cor, turbidez, pH e coliformes totais (2)

Superfi cial 1 1 Semanal

Subterrâneo 1 1 Mensal

CRL (2) (3) Superfi cial ou Subterrâneo

1 1 Diário

NOTAS:

(1) Devem ser retiradas amostras em, no mínimo, 3 pontos de consumo de água.(2) Para veículos transportadores de água para consumo humano, deve ser realizada 1 (uma) análise de CRL

em cada carga e 1 (uma) análise, na fonte de fornecimento, de cor, turbidez, pH e coliformes totais, com freqüência mensal, ou outra amostragem determinada pela autoridade de saúde pública.

(3) Cloro residual livre (CRL).

Você sabe os locais onde são coletadas amostras para análise da qualidade de água na sua cidade? Você acha que os pontos de coleta são representativos e adequados?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 54 4/6/2008 11:14:184/6/2008 11:14:18

Page 57: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 55

Vamos ler e discutir, juntos, os próximos parágrafos, do artigo 18, que tratam de reco-mendações da Portaria MS nº 518/2004 quanto aos requisitos que se deve obedecer para amostragem. Procure participar e esclarecer suas dúvidas.

De acordo com a portaria, a amostragem deve obedecer aos seguintes requisitos:

I. distribuição uniforme das coletas ao longo do período;

II. representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como aqueles próximos a locais onde há grande circulação de pessoas (terminais rodoviários, terminais ferroviários, etc.) ou edifícios que alberguem grupos populacionais de risco (hospitais, creches, asilos, etc.), aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição (pontas de rede, pontos de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento, reservatórios, etc.) e locais com sistemáticas notifi cações de agravos à saúde, tendo como possíveis causas agentes de veiculação hídrica.

§ 2º No número mínimo de amostras coletadas na rede de distribuição, previsto na tabela Sistema

de distribuição (reservatórios e rede), não se incluem as amostras extras (recoletas).

§. 3º Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas, deve ser efetuada, no momento da coleta, medição de cloro residual livre ou de outro composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado não seja o cloro.

§ 4º Para uma melhor avaliação da qualidade da água distribuída, recomenda-se que, em todas as amostras referidas no § 3º deste artigo, seja efetuada a determinação de turbidez.

§ 5º Sempre que o número de cianobactérias na água do manancial, no ponto de captação, exceder 20.000 células/mL (2 mm3/L de biovolume), durante o monitoramento de que trata o § 3º do artigo 19, será exigida a análise semanal de cianotoxinas na água, na saída do tratamento e nas entradas (hidrômetros) das clínicas de hemodiálise e indústrias de injetáveis, sendo que essa análise pode ser dispensada quando não houver comprovação de toxicidade na água bruta por meio da realização semanal de bioensaios em camundongos.

Cianobactérias: também conhecidas como cianofíceas (algas azuis), elas são organismos capa-zes de ocorrer em qualquer manancial superfi cial, especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos à saúde

Cianotoxinas: toxinas produzidas por cianobactérias que apresentam efeitos adversos à saúde por ingestão oral e outras formas de contaminação.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 55 4/6/2008 11:14:184/6/2008 11:14:18

Page 58: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

56 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Art. 19. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistemas e de soluções alternativas de abastecimento supridos por manancial superfi cial devem coletar amos-tras semestrais da água bruta, junto do ponto de captação, para análise de acordo com os parâmetros exigidos na legislação vigente de classifi cação e enquadramento de águas superfi ciais, avaliando a compatibilidade entre as características da água bruta e o tipo de tratamento existente.

§ 1º O monitoramento de cianobactérias na água do manancial, no ponto de captação, deve obedecer a freqüência mensal, quando o número de cianobactérias não exceder 10.000 células/mL (ou 1 mm3/L de biovolume), e semanal, quando o número de cianobactérias exceder esse valor.

§ 2º É vedado o uso de algicidas para o controle do crescimento de cianobactérias ou qualquer intervenção no manancial que provoque a lise das células desses microrganismos, quando a densidade das cianobactérias exceder 20.000 células/mL (ou 2 mm3/L de biovolume), sob pena de comprometimento da avaliação de riscos à saúde associados às cianotoxinas.

Algicida: Substância utilizada para eliminar algas como, por exemplo, sulfato de cobre.

Lise: desintegração ou dissolução de elementos orgânicos (tecidos, células, bactérias, microrga-nismos) por agentes físicos, químicos ou enzimáticos.

Art. 20. A autoridade de Saúde Pública, no exercício das atividades de vigilância da quali-dade da água, deve implementar um plano próprio de amostragem, consoante diretrizes específi cas elaboradas no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.

Agora que já vimos que um plano de amostragem deve ser representativo e obedecer a crité-rios mínimos estabelecidos na Portaria MS nº 518/2004 (como tipo de manancial, população atendida, ponto e freqüência de amostragem), vamos elaborar um plano de amostragem.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 56 4/6/2008 11:14:184/6/2008 11:14:18

Page 59: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 57

Você deverá elaborar um plano de amostragem anual para um sistema de abastecimento de água de uma cidade cuja população abastecida é de 80.000 habitantes. Nessa cidade, há dois hospitais, três creches, uma rodoviária e dois asilos. A estação de tratamento de água capta água de um manancial superfi cial, no qual não há evidências de radiação. O processo de desinfecção utilizado durante o tratamento da água é a cloração.

ParâmetroCálculo do número

de amostrasTotal de amostras

anual

Agora que já elaboramos o plano de amostragem, vamos relembrar os cuidados que devemos ter com os materiais e reagentes que são realizados antes dos procedimentos de análises e durante os procedimentos de análise.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 57 4/6/2008 11:14:194/6/2008 11:14:19

Page 60: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

58 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Cuidados com os materiais e reagentes utilizados para coleta e análises de amostras

A seguir, foram listados alguns parâmetros utilizados para caracte-rizar a água. Vamos completar os espaços em branco com o tipo de recipiente recomendado para armazenamento e o reagente que deve ser utilizado para preservação, quando houver necessidade.

Parâmetros Recipiente para coleta

Conservante recomendado

Cor

Odor

Flúor

Cloro

Clorofi la

Pesticidas

Bases e ácidos

Coliformes

Os recipientes utilizados para colocar as amostras, conforme já mencionado, podem ser de mate-riais diferentes. Sua escolha dependerá do parâmetro da amostra que será analisado. Deve-se certifi car se os recipientes estão limpos e sem nenhum resíduo do que será analisado.

O tipo e a limpeza do recipiente usado para coletar e armazenar a amostra são de extrema importância para a confi abilidade dos resultados das análises. Recomenda-se o uso de recipientes de vidro para todos os compostos orgâni-cos voláteis e semivoláteis, pesticidas, óleo e graxa e outros, pois algumas substâncias podem ser adsorvidas na parede do recipiente, se ele for de plástico; e substâncias do próprio do frasco também podem contaminar a amostra.

Recipientes para amostras

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 58 4/6/2008 11:14:194/6/2008 11:14:19

Page 61: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 59

Certas substâncias, como alguns pesticidas e fi toplânctons, são sensíveis à luz, devendo-se usar frascos âmbar para minimizar a degradação causada pela luz e não prejudicar a análise.

Toda a vidraria e recipientes utilizados para coleta, amostra e análises devem ser lavados com detergente apropriado e enxaguados em água corrente.

Para amostras de fósforo, deve-se tomar cuidado com o detergente que será utilizado, para evitar qualquer tipo de contaminação da amostra.

Dependendo do parâmetro que será analisado (como micropoluentes e alguns metais), devem-se ter alguns cuidados especiais com o material que será utilizado para a coleta, tais como enxaguá-lo com água deionizada; usar ácido nítrico 1:1 ou solução sulfocrômica 3%, ou ácido clorídrico 1:1, para remover, das vidrarias, resíduos de substâncias que não foram retiradas durante a lavagem com detergente e/ou resíduos do próprio detergente. Neste caso, deve-se encher o frasco de ácido, deixar um tempo e depois esvaziá-lo.

Estufa para secar as vidrarias

Sempre que se usar o ácido ou solução para a limpeza das vidrarias, deve-se enxaguar com água deionizada. Após lavar os materiais, deixe escorrer a água e, depois, coloque na estufa a 104° C para secar.

Algumas vidrarias volumétricas não devem ir para estufa, pois alteram o volume. Procure sempre fazer a calibração das vidrarias que você utiliza onde você trabalha

Autoclave

Os frascos onde serão armazenadas amostras para análises de coli-formes devem ser esterilizados em autoclaves. Para isso, deve-se verifi car se o nível da água dentro da autoclave está acima das resis-tências. Entao colocar todo o material dentro do depósito metálico, tampar a autoclave adequadamente e ligá-la até que atinja a tempe-ratura de 121 ºC por quinze minutos.

Fonte: h

ttp://w

ww

.ufpa.br/

ccen/quim

ica/coliform

es_arquivos/im

age011.jpg

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 5926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 59 4/6/2008 11:14:244/6/2008 11:14:24

Page 62: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

60 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

A seguir, são apresentadas vidrarias que são usadas em laboratório. Correlacione a vidraria com o nome correspondente.

(1) Erlenmeyer (2) Kitazato (3) Matraz (4) Funil de separação(5) Prato de Petri (6) Bequer (7) Pipeta graduada (8) Tubos de ensaios(9) Funil (10) Bastão (11) Balão volumétrico (12) Bureta(13) Pisseta (14) Almofariz (15) Proveta (16) Funil de Büchner

Agora que você já identifi cou as vidrarias, comente quando e para que elas são utilizadas.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 60 4/6/2008 11:14:294/6/2008 11:14:29

Page 63: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 61

Durante o preparo de soluções e execução das análises, podem ocorrer falhas que preju-dicam os resultados fi nais dessas análises. Algumas delas fogem ao controle do técnico de laboratório, como o comportamento químico ou físico não desejado dos reagentes, reações que são muito lentas, reações que não se completam, instabilidade de alguns reagentes e ocorrência de reações laterais que interferem no processo de medida.

Já outras falhas estão diretamente ligadas à atenção e ao cuidado do técnico, como medição correta do volume do reagente necessário para provocar a mudança de cor do indicador que acusa o fi nal da reação, limpeza do material utilizado durante as análises, cálculo e preparo de reagentes e calibração dos equipamentos utilizados.

Outro aspecto importante das análises é a preparação da água que será utilizada para dilui-ção dos reagentes e para análise do branco. Essa água deverá ser livre de substâncias que possam interferir com as análises. A qualidade que se requer da água está relacionada com a análise que será realizada. Entre os métodos de purifi cação utilizados para o preparo da água, pode-se citar a destilação, a deionização e a ultrafi ltração. A destilação e a ultrafi ltra-ção são excelentes para remoção de partículas e bactérias. A deionização é excelente para remoção de sólidos dissolvidos ionizados.

Branco de uma amostra é uma amostra matriz igual à da amostra que está sendo analisada, mas sem as substâncias que você quer analisar. Serve para verifi car se existem interferências no procedimento analítico.

Analito: substância ou constituinte químico que está passando por análise.

Água deionizada é a água sem íons, tais como cátion de sódio, cálcio, ferro e cobre e ânions de cloreto e brometo. Isso signifi ca que ela é purifi cada de todos os íons, exceto H3O+ e OH−. Mas ela ainda contém outros tipos não iônicos de impurezas, tais como compostos orgânicos. Esse tipo de água é produzido usando-se o processo de troca iônica.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 61 4/6/2008 11:14:314/6/2008 11:14:31

Page 64: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

62 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Quando se passa a água por um alimentador com várias resinas de cátions e ânions fortes, obtém-se água deionizada.

A destilação da água pode ser alcançada aquecendo-se a água até que ela se torne vapor, resfriando-a em seguida, resultando, assim, na condensação.

A água ultrapura é obtida por meio da ultrafi ltração e pode ser realizada por fi ltração em membranas. Nesse processo, a água é fi ltrada, passando por membranas com poros pequenos – na quais se consegue reter micromo-léculas – pressões elevadas.

Destilador

Deionizador

Procure se lembrar do nome de algumas análises em que você utiliza da água deionizada, destilada e ultrapura, listando-as no quadro apresentado a seguir.

Água deionizada Água destilada Água ultrapura

Vimos os cuidados que se deve ter com as vidrarias e com os reagentes utilizados nas coletas e análises das amostras. Agora, vamos falar sobre armazenamento e preservação de amostras.

Como é realizado o armazenamento e a preservação de amostras de três parâmetros que você costuma analisar no seu local de trabalho?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 62 4/6/2008 11:14:334/6/2008 11:14:33

Page 65: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 63

Armazenamento e preservação da amostra

Os métodos para preservação de amostras têm o objetivo de retardar a ação biológica, as reações químicas em geral, a hidrólise dos compostos químicos em particular e também de reduzir a volatilidade dos constituintes das amostras que serão quantifi cadas.

Hidrólise: reação de decomposição ou alteração de uma substância pela água.

Volátil: qualidade da substância que vapori-

za a pressão e a temperatura ambientes.

O que pode ocorrer quando as amostras não são armazenadas corretamente?

A maneira como as amostras são armazenadas afeta mais algumas espécies em análise do que outras. Certos cátions, por exemplo, se perdem por adsorção ou troca iônica com a parede do recipiente de vidro. Neste caso, para minimizar a precipitação e a adsorção sobre as paredes dos recipientes de vidro, deve-se acidifi car a amostra com ácido nítrico, para abaixar o valor do pH para 2,0.

Quando se acidifi ca uma amostra para uma análise, essa mesma amostra não deve ser usada para análises de outros elementos ou componentes.

Em amostras de quais parâmetros você costuma abaixar o pH ao fazer a coleta?

Quanto mais curto o período de tempo entre a coleta e a análise da amostra, maior a confi abili-dade dos resultados, pois nenhum método de preservação é inteiramente satisfatório.

Muitos compostos orgânicos são sensíveis a mudanças de pH e de temperatura, resultando na alteração das concentrações após o armazenamento. Por isso, possíveis mudanças nas propriedades da qualidade da água, em curto período de tempo, podem ocorrer, devendo-se determinar a temperatura, os gases dissolvidos, o pH e a alcalinidade imediatamente após a coleta de amostra, evitando, assim, distorções nos resultados.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 63 4/6/2008 11:14:334/6/2008 11:14:33

Page 66: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

64 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Para minimizar o potencial de volatilização ou biodegradação das amostras até que a análise seja realizada, o técnico deverá guardá-las na temperatura mais fria possível, sem congelá-las. Evite usar gelo seco para a conservação, pois ele pode congelar a amostra ou alterar o pH. Analise as amostras o mais rápido possível quando chegar ao laboratório. Caso não seja possível, armazene-as preferencialmente na temperatura de 4°C. Lembre-se de que toda amostra tem um prazo máximo de armazenamento.

Vamos completar, juntos, o prazo máximo de armazenamento de amostras de alguns parâmetros!

Parâmetro Prazo máximo de armazenamento

PH

Alcalinidade

Cloro

Ácidos e bases

As substâncias químicas para preservação das amostras devem ser utilizadas apenas quando elas não interferirem na análise. Procure sempre colocá-las dentro do recipiente de amos-tragem antes da coleta. Dessa maneira, todas as amostras serão preservadas após a coleta. Amostras para múltiplas determinações devem ser divididas e preservadas separadamente, para não haver interferências nas análises.

A amostra deve ser obtida respeitando-se o que é requerido no programa de amostra-gem. Ela não pode ser deteriorada, contaminada ou comprometida antes de ser analisa-da. Seja cuidadoso ao coletar amostras.

Você sabe qual é a importância de se fazer a ambientalização das amostras? Como se faz?

Quando não houver nenhum conservante dentro do recipiente, deve-se fazer a ambientalização da amostra. A ambientalização consiste em coletar um pouco da água que será amostrada e enxaguar o recipiente com essa água, para só depois colocar a amostra no recipiente.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 64 4/6/2008 11:14:344/6/2008 11:14:34

Page 67: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 65

iQue cuidados e procedimentos você realiza em seu trabalho para que as amostras sejam coletadas e armazenadas corretamente?

Todo o material que será utilizado durante a coleta deve estar limpo, de forma a evitar qual-quer tipo de contaminação. Em relação ao preparo do material necessário à coleta, o técnico deve observar os seguintes itens:

Conferir se o número de recipientes é sufi ciente para o número de amostras que serão coletadas.Testar e/ou calibrar todos os equipamentos que serão utilizados.O reagente ou solução que será utilizado para preservação ou fi xação da amostra deve estar dentro do prazo de validade e ser transportado na posição vertical, para não derramar ou quebrar.Vidrarias como pipeta, proveta e béquer devem estar limpas e armazenadas adequadamente, para não quebrar.Verifi car se há gelo sufi ciente para manter a amostra preservada até chegar ao laboratório.Selecionar os frascos adequados para armazenamento de amostras.Levar água destilada, caso tenha de lavar algum material no campo.Levar bolsa de primeiros socorros devidamente identifi cada.Levar reagentes neutralizantes das soluções de preservação e fi xação para casos de derramamento.Identifi car, com etiquetas apropriadas, os recipientes das amostras.Levar um caderno de registros (fi cha de coleta) e anotar o maior número possível de dados sobre a coleta.

∙∙

∙∙∙∙

∙∙

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 65 4/6/2008 11:14:344/6/2008 11:14:34

Page 68: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

66 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Já após a coleta, devem-se ter os seguintes cuidados com as amostras:

Coloque rótulos nas amostras, para evitar que se misturem com outras. Dados como número da amostra, tipo de amostra, nome do coletor, data da coleta e lugar da coleta contribuem para a melhor identifi cação.Procure selar as amostras de forma que elas não sejam abertas sem autori-zação, antes da análise.

O que você considera que deveria ser escrito na etiqueta de identi-fi cação das amostras?

Preencha o livro de campo com todas as informações pertinentes à amostra, tais como o propósito da amostra ou parâmetro a ser analisado, os locais de coleta, a data, a hora, o nome e o endereço do contato no campo e outros dados importantes.Deve fi car claro o nome de quem coletou as amostras.Ter sempre alguém no laboratório para receber as amostras coletadas.

∙∙

A próxima tabela apresenta diversas substâncias, o tipo de recipientes onde podem ser arma-zenadas e alguns dados sobre preservação. É bom tê-la à mão no laboratório. Ela foi retirada do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2005), que contém todos os procedimentos que o técnico necessita saber quando trabalha no laboratório.

O livro de referência mais recomendado é o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2005)

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 66 4/6/2008 11:14:344/6/2008 11:14:34

Page 69: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 67

Sumário de exigências especiais de amostragem e manuseio1

Parâmetro Reci

pie

nte

2

Tam

an

ho m

ínim

o d

a

am

ostr

a –

mL

Tip

o d

e A

mostr

a 3

Conservação 4 Arm

azen

am

en

to

máxi

mo

reco

men

dad

o

Arm

azen

am

en

to

máxi

mo

reg

ula

tóri

o 5

Acidez P, V (B) 100 s Refrigerar 24 h 14 d

Alcalinidade P, V 200 s Refrigerar 24 h 14 d

DBO P, V 1.000 s, c Refrigerar 6 h 48 h

Boro P (PTFE7) ou quartzo

1.000 s, c HNO3 no pH < 2 28 d 6 meses

Bromido P, V 100 s, c Desnecessária 28 d 28 d

Carbono, orgânico, total P, V 100 s, c Analisar imediatamente; ou refrigerar e adicionar HCl, H3PO4, ou H2SO4 no pH < 2

Dióxido de carbono P, V 100 s Analisar imediatamente 15 min N.D.

DQO P, V 100 s, c Analisar assim que possível, ou adicionar H2SO4 no pH < 2; refrigerar

7 d 28 d

Cloreto P, V 50 s, c Desnecessária N.D. 28 d

Cloro, total, residual P, V 500 s Analisar imediatamente 15 min 15 min

Dióxido de cloro P, V 500 s Analisar imediatamente 15 min N.D.

Clorofi la P, V 500 s Não fi ltrado, escuro, 4° C 24 – 48 h

Filtrado, escuro, -20° C(Não mantenha em freezer de degelo automático)

28 d

Cor P, V 500 s, c Refrigerar 48 h 48 h

Condutância específi ca P, V 500 s, c Refrigerar 28 d 28 d

Cianeto

Total P, V 1.000 s, c Adicionar NaOH no pH > 12, refrigerar no escuro6

24 h 14 d; 24 h se houver sulfeto

Suscetível a clorinação P, V 1.000 s, c Adicionar 0.6 g de ácido ascórbico, se houver cloro, e refrigerar

N.A. 14 d; 24 h se houver sulfeto

Flúor P 100 s, c Desnecessária 28 d 28 d

Dureza P, V 100 s, c Adicionar HNO3 ou H2SO4 no pH < 2

6 meses 6 meses

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 67 4/6/2008 11:14:354/6/2008 11:14:35

Page 70: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

68 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Sumário de exigências especiais de amostragem e manuseio1

Parâmetro Reci

pie

nte

2

Tam

an

ho m

ínim

o d

a

am

ostr

a –

mL

Tip

o d

e A

mostr

a 3

Conservação 4 Arm

azen

am

en

to

máxi

mo

reco

men

dad

o

Arm

azen

am

en

to

máxi

mo

reg

ula

tóri

o 5

Iodo P, V 500 s Analisar imediatamente 0.25 h N.D.

Metais em geral P(A), V(A) 1.000 s, c Para metais dissolvidos, fi ltrar imediatamente; adicionar HNO3 no pH < 2

6 meses 6 meses

Cromo VI P(A), V(A) 1.000 s Refrigerar 24 h 24 h

Cobre por colorimetria1

s, c

Mercúrio P(A), V(A) 1.000 s, c Adicionar HNO3 no pH < 2, a

,4° C; refrigerar

28 d 28 d

Nitrogênio

Amônia P, V 500 s, c Analisar assim que possível, ou adicionar H2SO4 no pH < 2; refrigerar

7 d 28

Nitrato P, V 100 s, c Analisar assim que possível; refrigerar

48 h 48 h (28 d para amos tras clo ri na das

Nitrato + nitrito P, V 200 s, c Adicionar H2SO4 no pH < 2; refrigerar

1 – 2 d 28 d

Nitrito P, V 100 s, c Analisar assim que possível; refrigerar

nenhum 48 h

NTK - Nitrogênio total Kjeldahl1

P, V 500 s, c Refrigerar; adicionar H2SO4 no pH < 2

7 d 28 d

Odor V 500 s Analisar assim que possível; refrigerar

6 h N.D.

Compostos orgânicos

MBAs8 P, V 250 s, c Refrigerar 48 h N.D.

Pesticidas V(S), tam pa revestida de PTFE7

1.000 s, c Refrigerar; adicionar 1.000 mg de ácido ascórbico/L se houver cloro residual

7 d 7 d até a extração; 40 após a extração

Fenóis P, V, tam pa revestida de PTFE7

500 s, c Refrigerar; adicionar H2SO4 no pH < 2

1 d 28 d até a extração

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 68 4/6/2008 11:14:354/6/2008 11:14:35

Page 71: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 69

Sumário de exigências especiais de amostragem e manuseio1

Parâmetro Reci

pie

nte

2

Tam

an

ho m

ínim

o d

a

am

ostr

a –

mL

Tip

o d

e A

mostr

a 3

Conservação 4 Arm

azen

am

en

to

máxi

mo

reco

men

dad

o

Arm

azen

am

en

to

máxi

mo

reg

ula

tóri

o 5

Purgáveis V, tam pa revesti-da de PTFE7

2 × 40 s Refrigerar, adicionar HCl no pH < 2; adicionar 1.000 mg ácido ascórbico/L se houver cloro residual

7 d 14 d

Bases, neutros e ácidos V(S) de cor âmbar

1.000 s, c Refrigerar 7 d

Oxigênio dissolvido V, frasco de DBO

300 s

Eletrodo Analisar imediatamente 15 min 15 min

Winkler Após a acidifi cação, a titulação não precisa ser feita imediatamente

8 h 8 h

Ozônio V 1.000 s Analisar imediatamente 15 min N.D.

pH P, V 50 s Analisar imediatamente 15 min 0,25 h

Fosfato V(A) 100 s Para fosfato dissolvido, fi ltrar imediatamente; refrigerar

48 h N.D.

Fósforo, total P, V 100 s, c Adicionar H2SO4 no pH < 2 e refrigerar

28 d

Salinidade V, lacre de cera

240 s Analisar imediatamente ou usar lacre de cera

6 meses N.D.

Sílica P (PTFE7) ou quartzo

200 s, c Refrigerar, não congelar 28 d 28 d

Gás de digestor de esgoto

V, frasco para gás

— s — N.D.

Sólidos9 P, V 200 s, c Refrigerar 7 d 2 – 7 d; ver re fe rên cia indicada

Sulfato P, V 100 s, c Refrigerar 28 d 28 d

Sulfeto P, V 100 s, c Refrigerar; adicionar 4 gotas 2 N de acetato de zinco/100 mL; adicionar NaOH no pH > 9

28 d 7 d

Temperatura P, V — s Analisar imediatamente 15 min 15 min

Turbidez P, V 100 s, c Analisar no mesmo dia; armaze nar no escuro por até 24 h; refrigerar

24 h 48 h

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 6926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 69 4/6/2008 11:14:354/6/2008 11:14:35

Page 72: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

70 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Notas:1. Para parâmetros não listados, podem-se utilizar recipientes de vidro ou plástico; preferencialmente, refrigere

durante o armazenamento e analise assim que possível. Contudo, o técnico deve sempre procurar se informar.

2. P = plástico (polietileno ou equivalente); V = vidro; V(A) ou P(A) = enxaguado com 1 + 1 HNO3; V(B) = vidro, boro-silicato; V(S) = vidro enxaguado com solventes orgânicos ou levado ao forno.,

3. s = amostra simples; c = amostra composta.4. Refrigerar = estocar a 4° C ± 2° C; no escuro; analisar imediatamente = analisar no prazo de, no máximo, 15

min desde a coleta.5. Veja fonte citada** para possíveis diferenças relativas aos cuidados com o recipiente e com a preservação.

N.D. = não disponível na referência citada; N.A. = não armazenar; analisar imediatamente.** Fonte: Regras e regulamentações da Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos. (U.S.

Environmental Protection Agency. 1992. Rules and Regulations. 40 CFR Parts 100-149).6. Deve-se ter atenção especial para amostra clorinada.7. PTFE: Politetrafl uoretileno (tefl on).8. MBA: ácido monobromocético.

Agora, iremos sortear um parâmetro de qualidade de água, e você será responsável tanto pelo preparo de todo o material necessário para a coleta quanto pela coleta e pelo armazenamento da amostra. Fique atento para não se esquecer de nada!

No laboratório, a organização, a limpeza, as vidrarias e os equipamentos adequados para se fazerem as análises, de forma a garantir a maior confi abilidade dos resultados obtidos, são essenciais. Um programa de controle de qualidade contribui para que esse fi m seja atingido.

Como você contribui para a organização do laboratório em seu local de trabalho?

Vimos tipos de amostras e cuidados que se devem ter em todo o processo de coleta. Agora, vamos discutir as atitudes e precauções que devemos ter no laboratório durante a análise. Além de contribuírem para prevenir acidentes, elas também são úteis na obtenção de dados confi áveis das análises realizadas.

Quando as amostras chegam ao laboratório, devem ser analisadas imediatamente. Caso isso não seja possível, devem ser armazenadas adequadamente até que se façam as análises.

Cuidados gerais no laboratório

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 70 4/6/2008 11:14:364/6/2008 11:14:36

Page 73: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 71

Você sabia que a norma NBR 13035 – Planejamento e instalação de laboratórios para análises e controle de água – estabelece as condições para planejamento e instalação de laboratórios para análises e controle de águas?

Todos os equipamentos do laboratório devem ser cadas-trados. A manutenção e a calibração deles devem ser realizadas de acordo com a recomendação do fabricante ou sempre que necessárias, sempre se documentando tudo, para que se tenha um controle adequado.

http://

ww

w.an

faco.es/w

ebs/w

ebAnfaco/

portales/cecopesca/

laboratorios/

images/

fi sico.jpg

Deve-se ter controle de todos os reagentes e produtos necessários para as análises, de forma a garantir que eles nunca faltem. Devem-se respeitar as recomendações do fabricante com relação ao manuseio e armazenamento desses produtos. Para isso, é necessário ler atenta-mente os formulários informativos que os acompanham.

O técnico que trabalha no laboratório deve ser paciente, cuidadoso e responsável, pois, além do risco a que é exposto no próprio laboratório, os dados por ele obtidos servirão para controle e tomada de decisões muito importantes. Dados incorretos poderão colocar em risco toda uma comunidade.

Faça uma lista dos procedimentos de segurança que devem ser tomados no laboratório onde você trabalha. Você costuma realizá-los.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 71 4/6/2008 11:14:364/6/2008 11:14:36

Page 74: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

72 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Para evitar acidentes no laboratório, alguns procedimentos são recomendados.

Use sapatos fechados, sem saltos, com solado an-tiderrapante, e avental. Cabelos compridos devem ser amarrados.Use os óculos de proteção sempre que necessários.Nunca sugue com a boca qualquer material contido na pipeta ou para iniciar a sifonação.Evite piadas ou outros comportamentos que possam distrair você e os outros usuários ao lado.Nunca beba ou coma dentro do laboratório.Quando usar substâncias corrosivas, use luvas de borracha e óculos de proteção.Tenha cuidado ao lidar com gases, pois alguns de-les, ao se misturarem com o oxigênio do ar, podem se tornar tóxicos ou explodir.Não trabalhe com substâncias cujas propriedades sejam desconhecidas.

∙∙∙

∙∙

Capelas

Teste os seus conhecimentos com o jogo “Procedimentos e cuidados necessários para coleta de amostra e dentro do laboratório!”

Limpe o que derramou imediatamente com produtos adequados. Evite trabalhar sozinho no laboratório.Sempre lave as mãos ao sair do laboratório.Use sempre a capela para manusear substâncias químicas que liberam gases.Use máscaras com fi ltro de carvão ativado para substâncias voláteis.

∙∙∙

Procure ventilar qualquer aparato que possa ter des-carga de substância química.Evite contato de produtos químicos com a pele; caso isso ocorra, lave imediatamente a região, com água corrente, desde que o produto não reaja com a água. Quando o produto reage com a água, devem-se seguir as instruções recomendadas pelo fabricante.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 72 4/6/2008 11:14:374/6/2008 11:14:37

Page 75: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 73

Além dos cuidados que o técnico deve ter no laboratório, ele também deve preocupar-se com o destino dos resíduos gerados.

O laboratório onde você trabalha dá destino adequado para os resíduos gerados?

Disposição dos resíduos de laboratório

Os resíduos gerados no laboratório devem ser identifi cados, armazenados em recipientes apropriados e ter destinação adequada. Não se devem descartar, na rede de esgoto domés-tico, ácidos e bases, solventes orgânicos, substâncias tóxicas que causem maus odores, substâncias que possam interferir na atividade biológica do esgoto doméstico e substâncias que possam pegar fogo ou explodir.

A caracterização e a classifi cação dos resíduos devem ser feitas segundo a norma NBR 10004 ABNT – Resíduos sólidos – Classifi cação. Ela classifi ca os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que esses resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.

Falamos dos cuidados que devemos ter no laboratório e com os resíduos gerados no labo-ratório. Agora, vamos discutir as análises para medição de diferentes parâmetros.

Análises para medição de parâmetros físicos, químicos e biológicos

As análises podem ser divididas em qualitativas e quantitativas. A análise qualitativa deter-mina a identidade do elemento. Já a análise quantitativa determina a quantidade de cada substância química que será analisada.

Dê um exemplo de análise quantitativa e outra de análise qualitativa que você costuma realizar no seu local de trabalho.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 73 4/6/2008 11:14:424/6/2008 11:14:42

Page 76: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

74 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Uma análise quantitativa pode ser feita por meio do volume ou da massa da amostra que esteja sendo analisada ou de alguma grandeza que seja proporcional à quantidade do analito presente na amostra.

Essas análises podem ser realizadas por métodos gravimétri-cos, volumétricos, eletroanalíticos, espectroscóspicos, etc.

Por métodos gravimétricos, determina-se a massa do analito ou de algum composto quimicamente a ele relacionado.

Por métodos volumétricos, mede-se o volume da solução contendo o reagente em quantidade sufi ciente para reagir com todo analito presente.

Por métodos eletroanalíticos, mede-se alguma propriedade elétrica, como corrente, resis-tência e carga elétrica.

Por métodos espectroscóspicos, mede-se a interação entre a radiação eletromagnética dos átomos ou das moléculas do analito, ou ainda a produção de radiação pelo analito.

Há outros métodos variados, que incluem medida de grandezas como razão de massa–carga de moléculas por espectrometria de massas, calor de reação, condutividade térmica de amostra, atividade óptica e índice de refração.

Eletromagnetismo: conjunto de fenômenos que dizem respeito à interação entre campos elétricos e magnéticos e sua inter-relação.

Condutividade: propriedade de certos corpos de transmitirem ou propagarem energia

A escolha do método a ser utilizado não é fácil e exige experiência com relação ao assunto. Nunca faça análises com dúvidas, procure esclarecê-las com alguém antes.

Os métodos gravimétricos e volumétricos são bastante rotineiros na maioria dos laboratórios. Ensaios para medir a alcalinidade, por exemplo, podem ser realizados por titulação.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 74 4/6/2008 11:14:424/6/2008 11:14:42

Page 77: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 75

Fator de correção Quando se fazem análises titulométricas, é comum fazer a correção das soluções titulantes, de forma a aferir as concentrações das soluções padronizadas. Esta correção é realizada por meio de um multiplicador chamado de fator de correção. O fator de correção pode ser obtido, por exemplo, por meio de análise volumétrica.

Nessa análise, faz-se reagir um volume conhecido de uma solução que se deseja analisar (titulante) com uma solução padrão (titulado). Determina-se com o volume da solução titu-lante, usada para titular, que deve ser exatamente o necessário para reagir com o volume conhecido da solução que será titulada.

A próxima tabela apresenta um exemplo de cálculo de fator de correção considerando um padrão primário de Na2CO3 (carbonato de sódio) 0,10 mol/L (titulado) e HCl (ácido clorídrico) 0,10 mol/L (titulante).

Observe que em função do volume consumido pelo HCl e do padrão primário, acharemos o fator de correção.

http://

ww

w.pucrs.br/

quimica/

mateus/

g3.bm

p

Para padronização da solução deve-se utilizar um padrão primário com as seguintes propriedades:

a) não pode alterar-se ao contato com ar (não pode ser higroscópico), ou seja, não deve oxidar-se nem reagir com o CO2 atmosférico;

b) deve possuir elevada massa molar, pois assim os erros na pesagem diminuem; c) deve ser solúvel; d) deve ser encontrado no comércio com grande pureza e pode ser secado facilmente; e) deve manter sua pureza por longo tempo; e f) deve dar reações estequiométricas com a substância a ser titulada.

HCl (mL) Na2CO3

(padrão primário)Fator de correção

(mL)Solução (titulante)

10 10 1 ok

8 10 < 1 diluída

12 10 > 1 concentrada

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 75 4/6/2008 11:14:444/6/2008 11:14:44

Page 78: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

76 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Há métodos de análises mais sofi sticados para identifi cação de componentes muito semelhantes de misturas complexas. Podem-se citar a cromatografi a e a espectroscopia atômica. A Portaria nº 518/2004 lista diversos parâmetros recomendando alguns desses métodos para análises.

Vamos completar, nos espaços em branco, entre os métodos de análi-ses citados, o mais recomendado para os parâmetros de qualidade da água listados na próxima tabela e citados na Portaria 518/2004.

Métodos

Cromatografi a gasosa (CG) Cromatografi a líquida (CL)

Espectrometria de chama (EC) Espectrometria de massa (Em)

Parâmetro Método recomendado

Microcistina

Alumínio

Sódio

Aldrin

Metoxicloro

Arsênio

Tri-halometanos

Agora, comente o aspecto sanitário deles.

Agora que já identifi camos qual método que deve ser utilizado para alguns parâmetros, falaremos um pouco mais detalhadamente sobre eles.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 76 4/6/2008 11:14:444/6/2008 11:14:44

Page 79: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 77

Espectroscopia atômica

Os métodos espectroscópicos atômicos podem ser divididos em espectrometria atômica óptica e de massas atômicas. Esses métodos são empregados para determinação qualitativa e quantitativa de vários elementos. Eles conseguem detectar quantidades de parte por milhão a partes por bilhão e até concentrações menores. A primeira etapa de todos os procedimen-tos de espectroscopia atômica é a atomização, pois a determinação de espécies atômicas somente é feita em meio gasoso no qual os átomos individuais ou íons elementares, como Fe+, Mg+ ou Al+ , se encontram muito bem separados uns dos outros.

Atomização: é um processo no qual a amostra é volatilizadae decom-posta de forma que produza uma fase gasosa de átomos e íons.

A classifi cação dos métodos espectroscópicos atômicos é realizada em função dos métodos de atomização, temperatura e tipos de espectroscopia. A tabela a seguir apresenta a clas-sifi cação de alguns dos métodos espectroscópicos atômicos.

Classifi cação dos métodos espectroscópicos atômicos

Métodos de

atomização

Temperatura

típica de

atomização, °C

Tipos de

espectroscopia

Nome

Plasma acoplado indutivamente 6.000–8.000

Emissão massaEspectroscopia de emissão em plasma acoplado indutivamente (ICPAES)

MassaEspectrometria de massa com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS)

Chama 1.700–3.500

Absorção Espectroscopia de absorção atômica (EAA)

Emissão Espectroscopia de emissão atômica (EEA)

Fluorescência Espectroscopia de fl uorescência atômica (EFA)

Massa Espectroscopia de massa com fonte de centelha

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 77 4/6/2008 11:14:444/6/2008 11:14:44

Page 80: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

78 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

A fase estacionária na cromatografi a é mantida em uma coluna ou sobre uma superfície plana, dependendo do tipo de equipamento. Ela é constituída por um material que varia em função do que vai ser analisado.

O material a ser analisado deve ter afi nidade com o da fase estacionária.

Cromatografi a

A cromatografi a permite separar, identifi car e determinar componentes muito semelhantes de misturas complexas. Podem-se dividir os métodos cromatográfi cos em cromatografi a líquida, gasosa ou com fl uido supercrítico. Esses métodos apresentam uma fase estacionária e uma fase móvel.

Local onde é inserida a coluna com a fase

estacionáira

Local onde é inserida a amostra

A fase móvel movimenta-se através da fase estacionária, transportando a mistura dos anali-tos. A fase móvel pode ser um gás, um líquido ou um fl uido supercrítico. Em função do tipo da fase móvel, a cromatografi a será a gás, líquida ou com fl uido supercrítico.

Fluido supercrítico: São fl uidos produzidos pelo aquecimento de um gás, acima de sua temperatura crítica ou pela compressão do líquido acima de sua pressão crítica.

A temperatura crítica de uma substância é a temperatura acima da qual a fase líquida não pode existir, independentemente da pressão.

Na cromatografi a, os componentes que serão analisa-dos podem ser fortemente retidos na fase estacionária (quando têm grande afi nidade com essa fase), movi-mentando-se lentamente diante do fl uxo da fase móvel, ou movem-se mais rapidamente, quando a afi nidade com a fase estacionária não é tão forte. Dessa forma, os compostos podem ser separados, podendo ser identifi cados logo que chegam ao detector, e, então, quantifi cados.

Cromatógrafo a gás

Um tipo de coluna onde émantida a fase estacionária

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 78 4/6/2008 11:14:454/6/2008 11:14:45

Page 81: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 79

Na cromatografi a a gás, a amostra que será analisada é aquecida até se transformar em vapor dentro do equipamento, e então é injetado o gás, que deve ser inerte (fase móvel) para fazer o arraste dos compostos até o detector onde a substância é identifi cada.

Cromatograma é o nome dado ao gráfi co gerado com os dados fornecidos pelo cromatógrafo por meio de equipamentos específi cos para esse fi m. O gráfi co a seguir é um cromatograma.

Técnicas de análise de parâmetros microbiológicos

Entre os métodos utilizados para detecção e contagem de coliformes, podem-se citar técnicas de tubos múltiplos, teste de presença/ausência (P/A) e técnica de membrana de fi ltração.

httpw

ww

[1].scielo.brim

grevistasctav26

n128

875

f1.gif

Figura 1 - Cromatograma por CLAE referente à sulução-padrão de HPAs. Coluna C18 (Vydac 201 TP); fase móvel aceronitrila-água (75:25. v/v); vazão: 1 mÇ/min; volume injetado: 30µl, detecção por fl uorescência (excitação: 290 nm, emissão: 430nm)

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 7926-AA-APCF-2 miolo 3.indd 79 4/6/2008 11:14:494/6/2008 11:14:49

Page 82: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

80 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Tubos múltiplos Essa técnica pode ser aplicada para diferentes tipos de água, variando-se o volume das alíquotas distribuídas nos tubos múltiplos. O método de análise permite quantifi car o número mais provável (NMP) dos organismos-alvo na amostra, por meio da distribuição de alíquotas em uma série de tubos contendo um meio de cultura diferencial para o crescimento dos microrganismos-alvo. Essa técnica pode ser realizada para organismos como pseudomonas, closdrium, ente-rococos, além de coliformes. O que determina o tipo de

Tubos múltiplos

fonte: fi lebox.vt.edu/.../

chagedor/biol_4

68

4/

tubes2.jpg

microrganismo a ser contado é o meio de cultura. No caso de coliformes, pode-se utili-zar Caldo Lactosado, Caldo Lactosado com Púrpura de Bromocresol, Caldo Lauríl Sulfato Triptose, Caldo Lauril Sulfato Triptose com Púrpura de Bromocresol, Substrato Cromogênico e Fluorogênico Colilert, Meio A1.

Teste de presença/ausência (P/A) Essa técnica é uma simplifi cação da técnica dos tubos múltiplos e tem como objetivo verifi car se há presença de coliformes em um deter-minado volume. Essa técnica é mais simples e barata do que a técnica de tubos múltiplos, por utilizar apenas um frasco de cultura para todo o volume a ser analisado.

Técnica da membrana fi ltrante Essa técnica concen-tra os microrganismos e é recomendada quando se espera ausência ou contagens baixas do microrganismo-alvo. O método baseia-se na fi ltração de um determinado volume de amostra através de um fi ltro de membrana com poro de 0,45 μm. O método de análise permite achar o número de colônias dos microrganismos-alvo na amostra. As bactérias que têm a dimensão maior do que os poros da membrana fi cam retidas e são então transferidas para uma placa de Petri contendo o meio de cultura seletivo e diferencial, para visualização de colônias típicas. Essa técnica também pode ser realizada para outros micror-ganismos. O que determina o tipo de microrganismo a ser contado é o meio de cultura. No caso de coliformes, pode-se utitizar Ágar m-Endo ou Ágar m-Endo LES, Ágar m-TEC, Ágar m-TEC Indoxil.

Material utilizado para a técnica de fi ltração em membrana fi ltrante

fonte: w

ww

.e-escola.p

t/m

gallery/default.asp?obj=

3178

Colônias de bactérias

http://

water.m

e.vccs.edu/courses/

ENV211/

lab15

b.htm

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8026-AA-APCF-2 miolo 3.indd 80 4/6/2008 11:14:504/6/2008 11:14:50

Page 83: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 81

A Portaria 518/2004 diz que, em 20 % das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição, deve ser efetuada a contagem de bactérias heterotró-fi cas. Essa Portaria recomenda a inclusão de pesquisa de organismos patogênicos, com o objetivo de atingir um padrão de ausência de, dentre outros, enterovírus, cistos de Giárdia spp e oocistos de Criptosporidium sp.

Segundo o artigo 17º da Portaria 518/2004, as metodologias analíticas para determinação dos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e de radioatividade devem atender às especifi -cações das normas nacionais que disciplinem a matéria, da edição mais recente da publicação Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, de autoria das instituições American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF), ou das normas publicadas pela ISO (International Standartization Organization).

Nas tabelas a seguir, são apresentados os parâmetros físico-químicos previstos na Portaria n°518/2004 e os respectivos métodos analíticos recomendados para sua quantifi cação.

Químicos inorgânicos que representam riscos à saúde

Parâmetros Princípio analítico/Equipamento

Antimônio, Arsênio Espectofotometria de absorção atômica, espectometria de massa

Bário, Cádmio, Chumbo, Cobre, Cromo, Mercúrio, Selênio

Espectofotometria de luz visível, espectofotometria de absorção atômica

Cianeto, Nitrato Espectofotometria de luz visível,potenciometria – eletrodo seletivo

Fluoreto Potenciometria – eletrodo seletivo, espectofotometria de luz visível,

Nitrito Espectofotometria de luz visível,

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8126-AA-APCF-2 miolo 3.indd 81 4/6/2008 11:14:514/6/2008 11:14:51

Page 84: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

82 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Químicos orgânicos que representam riscos à saúde

Parâmetros Princípio analítico/Equipamento

Benzeno Benzo[a]pireno, Cloreto de Vinila, 1,2 Dicloroetano, 1,1 Dicloroeteno, Diclorometano, Estireno, Tetracloreto de Carbono, Tetracloroeteno, Triclorobenzenos, Tricloroeteno

Cromatografi a gasosa/espectometria de massa

Agrotóxicos

Parâmetros Princípio analítico/Equipamento

Aldrin e Dieldrin, Bentazona, Clordano (isômeros), 2,4 D, DDT (isômeros), Endossulfan, Endrin, Heptacloro e Heptacloro epóxido, Hexaclorobenzeno, Lindano (γ-BHC), Metoxicloro, Pentaclorofenol, Trifl uralina

Cromatografi a gasosa/espectrometria de massa

Glifosato Cromatografi a líquida

As tabelas a seguir apresentam os métodos analíticos empregados na aplicação da Portaria 518/2004 para parâmetros microbiológicos.

Organismos indicadores

Parâmetros Princípio analítico

Coliformes (totais)Tubos múltiplos – fermentação da lactose, membrana fi ltrante, técnica do substrato defi nido – métodos cromogênicos

Coliformes termotolerantes Tubos múltiplos – fermentação da lactose, membrana fi ltrante

E. coli Tubos múltiplos – fermentação da lactose, membrana fi ltrante, técnica do substrato defi nido – métodos cromogênicos

Contagem de bactérias heterotrófi cas Contagem em placas

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8226-AA-APCF-2 miolo 3.indd 82 4/6/2008 11:14:514/6/2008 11:14:51

Page 85: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 83

Cianotoxina

Parâmetros Princípio analítico/equipamentos

Microcistinas Cromatografi a líquida ; imunoensaio (ELISA – kits comerciais.

Desinfetantes e produtos secundários da desinfecção

Parâmetros Princípio analítico/equipamentos

Clorito, Cloro livre, Monocloramina, Amperometria , titulometria, colorimetria (DPD)

2,4,6 Triclorofenol, Trihalometanos Total Cromatografi a gasosa/espectrometria de massa

Químicos inorgânicos – padrão de aceitação para consumo

Parâmetros Princípio analítico/equipamentos

Alumínio Espectofotometria de luz visível, espectofotometria de absorção atômica, espectometria de massa

Amônia Espectofotometria de luz visível, potenciometria – eletrodo seletivo

Cloreto Titulometria, espectofotometria de luz visível

Dureza Titulometria

Ferro, Manganês, Zinco Espectofotometria de luz visível espectofotometria de absorção atômica

Sódio Espectometria de chama

Sulfato Turbidimetria, gravimetria, cromatografi a iônica

Sulfeto de Hidrogênio Potenciometria – eletrodo seletivo

Surfactantes Espectofotometria de luz visível

Etilbenzeno, Monoclorobenzeno, Tolueno, Xileno Cromatografi a gasosa/espectometria de massa

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8326-AA-APCF-2 miolo 3.indd 83 4/6/2008 11:14:524/6/2008 11:14:52

Page 86: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

84 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Físicos – padrão de aceitação para consumo

Parâmetros Princípio analítico/equipamentos

Cor verdadeira Comparação visual com padrões de Pt – Co, espectrofotômetro

Sólidos dissolvidos totais Método gravimétrico com secagem a 180 °C

Turbidez Método nefelométrico

Nessas tabelas, foram abordados vários métodos e princípios de análises; contudo não foram citados todos os possíveis. Cada vez mais estão se realizando pesquisas em busca de novos métodos de análises, tanto para aperfeiçoar quanto para detectar e quantifi car outros parâmetros a custo mais acessíveis. Veja um artigo retirado do jornal Folha de S. Paulo cujo título é Técnica da USP identifi ca vírus na Água.

São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2000

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um método para detectar a presença de vírus na água que pode fazer com que a tecnologia de saneamento básico do Brasil se equipare à de países como EUA, França, Austrália e Canadá.

Com a metodologia do ICB, que avalia simultaneamente a presença de rotavírus e adeno-vírus (principais agentes causadores de diarréia viral) e do vírus da hepatite A, a qualidade da água poderá ser melhor avaliada.

Hoje, bactérias como coliformes fecais são investigadas por serem consideradas indicadoras da qualidade da água. Mas os vírus, na verdade, são melhores indicadores, pois são mais resisten-tes a variações de temperatura e a outras substâncias presentes na água. A procura por vírus, no entanto, não é feita por causa de uma metodologia efi ciente para aplicação rotineira. Os vírus entéricos (presentes no intestino) são lançados no meio ambiente entre fezes de pessoas infectadas, contaminando rios, córregos e represas, e acabam chegando a alimentos, como hortaliças e frutos do mar, que tenham sido expostos à água infectada, seja pela irrigação, seja pelo lançamento de esgotos no oceano. Os vírus também podem ser transmitidos de pessoa para pessoa. Embora as águas oriundas de mananciais sejam tratadas, a contaminação ao longo da rede de distribuição é possível. E, em regiões com saneamento básico precário, as pessoas entram facilmente em contato com água não tratada ou contaminada.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8426-AA-APCF-2 miolo 3.indd 84 4/6/2008 11:14:524/6/2008 11:14:52

Page 87: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 85

A nova metodologia, proposta por Dolores Ursula Mehnert, professora do departamento de Microbiologia do ICB, e sua equipe, utiliza recursos de biologia molecular. Ela permite que mesmo uma pequena quantidade do vírus seja identifi cada na água. “Nunca teremos 100% de certeza”, afi rma Mahnert. “Se o vírus não for encontrado, ele pode estar em quantidades menores que a taxa de detecção, mas a metodologia aplicada é a mais sensível disponível no presente.”. A análise começa com a coleta de 4 litros de água que é fi ltrada repetidamente, para obter uma amostra com uma concentração de vírus até 8.000 vezes maior. A intenção é acumular as partículas do vírus e remover substâncias que podem “esconder” a sua presença. A amostra fi nal tem 0,5 ml. A próxima etapa é detectar o material genético dos vírus, aumentando o número de cópias por meio de uma técnica chamada PCR (reação de polimerase em cadeia, sigla em inglês). O PCR é uma espécie de amplifi cador de DNA capaz de produzir milhões de cópias idênticas de um trecho. A vantagem desse método é que, além de quantifi car os vírus, ele também identifi ca o subtipo de cada um. Dispondo de uma quantidade manipulável de DNA, o pesquisador pode analisar a seqüência de letras químicas que o compõe e, assim, determinar a identidade do vírus. Mehnert criou uma metodologia parecida há dez (10) anos. Com o avanço da biologia molecular, foi possível aprimorar a técnica. “Criamos uma metodologia simples e efi ciente “, diz. O procedimento custará cerca de R$ 7 a R$ 10 por amostra. A pesquisadora afi rma que a tecnologia seria importante para a Sabesp, “para o controle de qualidade de abastecimento de água”, diz. O próximo passo de sua pesquisa, que é fi nanciada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é analisar água de abastecimento. “Com essa metodolodia, será possível conduzir pesquisas epide-miológicas para detectar quais os vírus circulantes na água que podem representar risco à saúde da população. No Brasil, a pesquisa de vírus no meio ambiente ainda é muito restrita.”

Para testar a nova metodologia de detecção de vírus na água, Dolores Ursula Mehnert, da USP, realizou uma pesquisa em córregos e esgotos de São Paulo. Ao longo de um ano, ela recolheu amostras de uma tubulação de efl uentes na Zona Norte (no Parque Edu Chaves) e de um córrego na Zona Sul (Córrego Pirajussara). No total, 43 amostras entre julho de 1998 e junho de 1999 foram avaliadas. “Os vírus estão presentes o ano todo, o que possibilitou, inclusive, a detecção de um surto de rotavírus em setembro de 1998”, diz Mehnert. Os três vírus (o da hepatite A, o adenovírus e o rotavírus) foram identifi cados na mesma amostra em 11 casos. Rotavírus foram detectados em 53,5% das amostras, e o adenovírus, em 83,7%. O vírus da hepatite A estava presente em 53,5% das amostras analisadas. O rotavírus e o adenovírus são os principais responsáveis pela diarréia viral. Até agora, surtos de diarréia ou de hepatite A desencadeados pela ingestão de água contaminada só eram identifi cados por meio de relatos clínicos, após os pacientes terem os sinais da doença. Não havia como identifi car o vírus na água. Com a metodologia, será possível antecipar o surto antes de as pessoas começarem a apresentar os sintomas e, dessa forma, evitar a contaminação com medidas preventivas.

SCHEINBERG, Gabriela. Técnica da USP identifi ca vírus na Água. Folha de S. Paulo, São Paulo, 10 maio 2000.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8526-AA-APCF-2 miolo 3.indd 85 4/6/2008 11:14:524/6/2008 11:14:52

Page 88: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

86 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Interpretação de resultados laboratoriais

Vamos ao laboratório acompanhar as análises de absorção atômica e de cromatografi a?

Os resultados obtidos durante as análises devem ser avaliados e interpretados sempre de forma crítica. O emprego de cálculos estatísticos pode contribuir para melhor avaliação dos resultados obtidos. O laudo com os resultados das análises deve conter: o responsável pela coleta; o labo-ratório e o técnico responsável pela análise; a data e o horário de coleta e de processamento da amostra; a descrição da amostra e do ponto de coleta; o método analítico empregado; o limite de detecção do método e tudo o que for relevante relacionado à amostragem.

Os resultados obtidos durante as análises servirão para controle e tomadas de decisão. Portanto, resultados não confi áveis podem levar a sérios problemas e até a mortes, no caso de distribuição de água inadequada para consumo humano. Por isso, sempre que houver dúvidas com relação aos resultados obtidos, estes devem ser reavaliados, e as análises refeitas, se for necessário.

Prática de laboratório

Agora, vamos fazer algumas análises utilizando os seguintes métodos: titulométrico, colo-rimétrico, gravimétrico e eletroanalítico. Procure participar!

Reformulação da situação do dia-a-dia

Estamos quase terminando a ofi cina. Como última atividade, vamos rediscutir a questão que foi apresentada no primeiro dia. Será que as respostas de hoje serão diferentes das respostas do início da ofi cina?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8626-AA-APCF-2 miolo 3.indd 86 4/6/2008 11:14:524/6/2008 11:14:52

Page 89: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 87

Houve um surto de diarréia na sua cidade, resultando em várias internações. Diante disso, no laboratório onde você trabalha, foram realizadas duas análises de coliformes em amostras de água coleta-das na saída da estação de tratamento de água da cidade. Em uma das amostras, foi detectada a presença de coliformes. A partir desse relato, responda às perguntas a seguir.

a) Por que você acha que houve diferença nos resultados das amos-tras? Diante do fato ocorrido, que providências você acha que devem ser tomadas?

b) Comente como o trabalho realizado por você pode contribuir para diminuir o número de internações hospitalares.

c) A presença de coliformes na água está sempre associada à ocorrência de eventos com diarréia?

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8726-AA-APCF-2 miolo 3.indd 87 4/6/2008 11:14:534/6/2008 11:14:53

Page 90: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

88 Abastecimento de água - Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

microbiológica de águas de abastecimento - Nível 2

Para você saber mais...

HELLER, Léo; PÁDUA, Valter Lúcio de. (Organizadores) Abastecimento de água para consumo humano.. Belo Horizonte: UFMG, 2006. 859 p.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Comentários sobre a Portaria MS n°518/2004 Subsídios para implementação. Série E. Legislação de Saúde. Brasília-DF 2005. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental.

Manual de boas práticas no abastecimento de água – procedimentos para minimização de riscos. Seção II: boas práticas no abastecimento de água sob a perspectiva dos riscos à saúde humana. CGVAM/SVS/MS, 2007.

Manual para Operação de Estação de Tratamento de Água. Belo Horizonte: Diretoria Regional de Engenharia Sanitária de Minas Gerais da FSESP em convênio com a USAID, 1965. 261 p.

Manual Prático de análise de água. Manual de Bolso Engenharia de Saúde Pública. Fundação nacional de Saúde – FUNASA Ministério da Saúde. 408 p.

Manual Prático do Analista de Água. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental: Banco Nacional de Habitação, 1979. (Série Manuais Técnicos)

Manual de capacitación para operadores. Operatión y mantenimiento de plantas de tratamiento de água. Lima, 2002. Disponível em <http://www.cepis.ops-oms.org> Acesso em: 18 maio 2007.

SARDELLA, Antônio. Química. São Paulo: Ática, 2003. 416 p.

Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21th ed., 2005.

PROSAB.Tratamento de Águas de Abastecimento por Filtração em Múltiplas Etapas, 1999. 114p.

FEWTRELL, L. et al. Water, sanitation, and hygiene interventions to reduce diarrhoea in less developed countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infectious Diseases, 2005, 5(1):42-52. http://www.wssinfo.org/pdf/JMP_05_text.pdf

SKOOG et al. Fundamento de química analítica. Trad. Marco Grassi; revisão técnica Célio Pasquini. São Paulo: Pioneira Thomson Learnizn. (Tradução da 8ª edição)

GUIA de coleta e preservação de amostras de água. Coord. Edmundo Gracia Aguado et al São Paulo: Cetesb. 1988. 150 p.

26-AA-APCF-2 miolo 3.indd 8826-AA-APCF-2 miolo 3.indd 88 4/6/2008 11:14:534/6/2008 11:14:53

Page 91: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

445555

ff33

9900

//00

26-AA-APCF-2 capa 2.indd 326-AA-APCF-2 capa 2.indd 3 4/6/2008 11:18:234/6/2008 11:18:23

Page 92: Amostragem, preservação e caracterização físico-química e

26-AA-APCF-2

PromoçãoOrganização

FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOSMINIST…RIO DA CI�NCIA E TECNOLOGIA

Realização

UFMS

26-AA-APCF-2 capa 2.indd 426-AA-APCF-2 capa 2.indd 4 4/6/2008 11:18:394/6/2008 11:18:39